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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
UIA 2 | A ESTRUTURAÇÃO DO ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 2

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SUMÁRIO

Aula 05 | O Sistema de Planejamento e Orçamento ................................................................. 4


5.1. Finalidade do Sistema de Planejamento e Orçamento ................................................................ 4
5.2. Órgãos Integrantes do Sistema de Planejamento e Orçamento ................................................. 4
5.3. Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento ...................................................................... 6

Aula 06 | Os Princípios Orçamentários ....................................................................................... 8


6.1. Princípios Orçamentários Oriundos do Decreto-Lei nº 4.320 ..................................................... 8
6.1.1. Princípio da Unidade................................................................................................................................................. 9
6.1.2. Princípio da Universalidade .................................................................................................................................... 9
6.1.3. Princípio da Anualidade......................................................................................................................................... 10
6.1.4. Princípio da Especificação ..................................................................................................................................... 10
6.1.5. Princípio do Orçamento Bruto ............................................................................................................................ 11
6.1.6. Princípio da Unidade de Tesouraria ou de Caixa .......................................................................................... 12
6.2. Princípios Orçamentários Oriundos da Constituição Federal ................................................... 12
6.2.1. Princípio da Exclusividade .................................................................................................................................... 12
6.2.2. Princípio da Publicidade ........................................................................................................................................ 13
6.2.3. Princípio da Não Vinculação da Receita ........................................................................................................... 13
6.2.4. Princípio da Legalidade ......................................................................................................................................... 14
6.3. Princípios Doutrinários ................................................................................................................ 15
Aula 07 | A Legislação Orçamentária e as Receitas Públicas .................................................. 15
7.1. As Receitas Públicas: Conceitos ................................................................................................... 15
7.2. A Natureza e a Categoria Econômica das Receitas ..................................................................... 16
7.3. Classificações de Receita Pública ................................................................................................. 19

Aula 08 | A Legislação Orçamentária e as Despesas Públicas ................................................ 20


8.1. As Despesas Públicas: Conceitos ................................................................................................. 20
8.2. Classificando as Despesas: Quanto à Natureza .......................................................................... 21
8.3. Classificando as Despesas: Quanto à Categoria Econômica ...................................................... 21
8.4. Classificando as Despesas: Quanto à Afetação Patrimonial, à Competência Institucional e à
Regularidade do Gasto ........................................................................................................................ 25

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AULA 05 | O SISTEMA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO

Olá, estudante, bem-vindo(a) à segunda Unidade de Interação e Aprendizagem (UIA). Estudaremos aqui como se
estrutura o Orçamento Público no Brasil. Nesta primeira aula, veremos sobre O Sistema de Planejamento e
Orçamento. Boa aula!

5.1. FINALIDADE DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO


Você já deve ter percebido a importância do orçamento e do planejamento para o funcionamento do governo
federal e, consequentemente, para a gestão pública. Conforme estudamos nas primeiras aulas, acredito que
também ficou claro que quando maior é a participação do governo na economia e quanto maior é a abrangência
das políticas públicas, mais interferência também essas políticas têm na vida cotidiana das pessoas.
Você também deve ter entendido que o Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal compreende as
atividades de elaboração, acompanhamento e avaliação de planos, programas e orçamentos e de realização
de estudos e pesquisas socioeconômicas. As finalidades, previstas na legislação, para o Sistema de
Planejamento e de Orçamento Federal são:

I - formular o planejamento estratégico nacional;


II - formular planos nacionais, setoriais e regionais de desenvolvimento econômico e
social;
III - formular o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais;
IV - gerenciar o processo de planejamento e orçamento federal;
V - promover a articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, visando a
compatibilização de normas e tarefas afins aos diversos Sistemas, nos planos federal,
estadual, distrital e municipal.
(BRASIL, 2001a)

Dessa forma, você pode perceber que a legislação não descuidou de estruturar um modelo sistêmico para a
efetiva implantação das disposições previstas na Constituição Federal, no que se refere ao planejamento e ao
orçamento público. Dessa forma, conheceremos, no próximo tópico, a estrutura do Sistema de Planejamento
e de Orçamento Federal.

5.2. ÓRGÃOS INTEGRANTES DO SISTEMA DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO


Diversos órgãos produzem a estrutura orgânica do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, são eles:

I - o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, como órgão central;


II - órgãos setoriais;
III - órgãos específicos.
(BRASIL, 2001a)

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O órgão setorial desempenha o papel de articulador no âmbito da sua estrutura, coordenando o processo
decisório no nível sub setorial, ou seja, a nível das Unidades Orçamentárias (UO). Sua atuação no processo
orçamentário envolve o estabelecimento de diretrizes setoriais para elaboração e alterações orçamentárias.
Os órgãos setoriais são as unidades de planejamento e orçamento dos ministérios, da Advocacia-Geral da
União, da Vice-Presidência e da Casa Civil da Presidência da República.
Os órgãos específicos são aqueles vinculados ou
subordinados ao órgão central do sistema, cuja missão
está voltada para as atividades de planejamento e
orçamento. Os órgãos setoriais e específicos ficam
sujeitos à orientação normativa e à supervisão técnica
do órgão central do sistema, sem prejuízo da
subordinação ao órgão em cuja estrutura administrativa
estiverem integrados.
As unidades de planejamento e orçamento das
entidades vinculadas ou subordinadas aos ministérios e
órgãos setoriais ficam sujeitas à orientação normativa e à supervisão técnica do órgão central e também, no
que couber, do respectivo órgão setorial. O órgão setorial da Casa Civil da Presidência da República tem
como área de atuação todos os órgãos integrantes da Presidência da República, ressalvados outros
determinados em legislação específica.
Sem prejuízo das competências constitucionais e legais de outros poderes, as unidades responsáveis pelos
seus orçamentos ficam sujeitas à orientação normativa do órgão central do sistema. Sem prejuízo das
competências constitucionais e legais de outros poderes e órgãos da Administração Pública Federal, os
órgãos integrantes do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal e as unidades responsáveis pelo
planejamento e orçamento dos demais poderes realizarão o acompanhamento e a avaliação dos planos e
programas respectivos.
Vimos que o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) é o órgão central do sistema. Essas
responsabilidades são na verdade atribuídas à Secretaria e Orçamento Federal (SOF), que pertence à
estrutura do MPOG. Dessa forma, compete à SOF:

I - coordenar, consolidar e supervisionar a elaboração da lei de diretrizes orçamentárias e


da proposta orçamentária da União, compreendendo os orçamentos fiscal e da
seguridade social;
II - estabelecer as normas necessárias à elaboração e à implementação dos orçamentos
federais sob sua responsabilidade;
III - proceder, sem prejuízo da competência atribuída a outros órgãos, ao
acompanhamento da execução orçamentária;
IV - realizar estudos e pesquisas concernentes ao desenvolvimento e ao
aperfeiçoamento do processo orçamentário federal;
V - orientar, coordenar e supervisionar tecnicamente os órgãos setoriais de orçamento;
VI - exercer a supervisão da Carreira de Analista de Planejamento e Orçamento, em
articulação com a Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos, observadas
as diretrizes emanadas do Comitê de Gestão das Carreiras do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão;
VII - estabelecer as classificações orçamentárias da receita e da despesa; e
VIII - acompanhar e avaliar o comportamento da despesa pública e de suas fontes de
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financiamento, bem como desenvolver e participar de estudos econômico-fiscais,


voltados ao aperfeiçoamento do processo de alocação de recursos.
(BRASIL, 2014)

Essa missão pressupõe uma constante articulação com os agentes envolvidos na tarefa de elaboração das
propostas orçamentárias setoriais das diversas instâncias da Administração Pública Federal e dos demais
poderes da União.

Recentemente, a estrutura da SOF passou por modificações. Caso você


deseje conhecê-la, consulte o decreto que detalha sua reestruturação.
Acesse o link disponível a seguir.
http://tinyurl.com/lg82ysa

5.3. SISTEMA INTEGRADO DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO


O Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (SIOP) é o sistema informatizado que suporta processos
de planejamento e orçamento do governo federal. Por meio do acesso à internet, os usuários dos diversos
Órgãos Setoriais, Unidades Orçamentárias e Agentes Técnicos integrantes do Sistema de Planejamento e
Orçamento da União, bem como outros sistemas automatizados, registram suas operações e efetuam suas
consultas on-line.
O SIOP é um sistema estruturante composto por módulos, desenvolvido e colocado em operação pela
Secretaria de Orçamento Federal (SOF/MP), em parceria com a Secretaria de Planejamento e Investimentos
Estratégicos (SPI/MP) e o Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (DEST/MP). Os
principais objetivos do SIOP são:
1. elaboração do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO): ferramentas para que todos os
envolvidos no processo possam propor alterações ao texto do Projeto de Lei;
2. elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA): ferramentas para estimativa de receitas,
revisão dos cadastros (Ações, Localizadores e Planos Orçamentários), fixação dos limites, captação da
proposta e formalização dos Volumes do Projeto de Lei;
3. elaboração e revisão do Projeto de Lei do Plano Plurianual (PLPPA): ferramentas para revisão dos
cadastros (Programas, Indicadores, Objetivos, Iniciativas, Medidas Institucionais e Financiamentos
Extra orçamentários), fixação dos limites plurianuais, captação da proposta plurianual e formalização
dos Anexos ao Projeto de Lei;
4. alterações orçamentárias: ferramentas para permitir os ajustes necessários ao orçamento durante a
execução: créditos suplementares, créditos especiais, créditos extraordinários e ajustes em classificações;
5. acompanhamento das Estatais: ferramentas para permitir acompanhar a execução orçamentária das
Empresas Estatais; e
6. acompanhamento orçamentário: ferramentas para permitir o registro físico das Ações Orçamentárias
da União.

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Você sabia que a Secretaria de Orçamento Federal (SOF) promove, durante


todo o ano, oficinas disponibilizadas aos Órgãos Setoriais, Unidades
Orçamentárias e Agentes Técnicos, mediante solicitação por e-mail? Acesse
o link a seguir ou o acervo da disciplina e leia a cartilha sobre o SIOP.
http://tinyurl.com/kblz2kq

O objetivo dos treinamentos oferecidos pela SOF é contribuir para a melhoria do processo de elaboração do
orçamento, além de proporcionar a utilização de instrumentos tecnológicos mais modernos e garantir a
participação de todos os entes do Sistema de Planejamento e Orçamento da União.
O Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento é constituído por módulos: SIOPLegis, SIOP Relatórios,
SIOP Gerencial-BI e SIOP Acesso Público.

Vamos entender melhor cada um?

SIOPLegis – É o sistema de consulta à legislação que reúne documentos oficiais publicados, como leis,
decretos, portarias, instrumentos normativos, regulamentos, decisões, declarações, comunicações e outros
cujo assunto seja relacionado direta ou indiretamente ao orçamento público ou sobre ele cause impacto.
Qualquer cidadão pode acessar o conteúdo, sem necessidade de cadastro prévio.
SIOP Relatórios – Disponibiliza uma série de informações sobre o orçamento da União, suas alterações e
execução no ano corrente e dados históricos de forma gerencial ou operacional, facilitando a análise e o
acompanhamento da execução orçamentária por meio de relatórios pré-formatados. Para acessar as
informações é necessário acesso identificado.
SIOP Gerencial-BI – Permite acesso amplo e facilitado às informações do SIOP, SIAFI e a outras bases de dados
sobre planos e orçamentos públicos por meio de uma única ferramenta de consulta de Business Intelligence (BI).
O módulo disponibiliza informações do orçamento da União, suas alterações, execução do ano corrente e
restos a pagar, bem como dados históricos desde 1994. Para acessar os dados é necessário acesso identificado.
SIOP Acesso Público – Tem como objetivo fornecer acesso a todos os cidadãos que tenham interesse de
acompanhar as informações sobre a Lei Orçamentária Anual (LOA), utilizando a base de dados do SIOP.
Qualquer cidadão com acesso à internet pode consultar as informações atualizadas sobre a LOA, sem
necessidade de autenticação, autorização ou mesmo um cadastro prévio.

Recomento que você navegue no módulo de acesso ao público do SIOP.


Ele é fácil e interativo. Esta é uma boa forma de você se familiarizar com
os conceitos e a nomenclatura empregada na área de Orçamento
Público. Acesse o portal por meio do link disponível a seguir.
http://tinyurl.com/k4p2wr8

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Nesta aula, tivermos a oportunidade de estudar sobre a finalidade do SIOP, os órgãos integrantes desse sistema e
o Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento. Continue estudando, pois na aula seguinte veremos os
princípios orçamentários. Até lá!

AULA 06 | OS PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

Estudantes, chegou a hora de aprofundarmos nosso conhecimento em relação aos princípios orçamentários. Os
conceitos apreendidos aqui têm grande valia para a formação nessa área. Continue estudando e boa aula!

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Acesse o material de estudo, disponível no Ambiente Virtual de


Aprendizagem (AVA), e assista à videoaula.

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6.1. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ORIUNDOS DO DECRETO-LEI Nº 4.320


Os princípios orçamentários visam estabelecer regras básicas, a fim de conferir racionalidade, eficiência e
transparência aos processos de elaboração, execução e controle do orçamento público. Válidos para todos os
poderes e para todos os entes federativos, são estabelecidos e disciplinados tanto por normas
constitucionais e infraconstitucionais quanto pela doutrina.
Para Burkhead (1971), os princípios orçamentários são úteis
como meio de se estudar alguns aspectos do processo
orçamentário. Não devem ser tratados como mandamentos,
pois, os governos, mesmo com excelentes sistemas
orçamentários, violam essas regras com bastante frequência.
Silva (1962) pensa da mesma forma, acredita que os princípios
não têm caráter dogmático. Eles constituem categorias
históricas e estão sujeitos a transformações e a modificações em
seus conceito e significação.
Entretanto, no caso brasileiro, como há muitos princípios
previstos por leis e até pela Constituição Federal, não seria
incorreto você entender os princípios orçamentários como
preceitos fundamentais e imutáveis de uma doutrina, que orientam procedimentos e que indicam a postura
a ser adotada diante de uma realidade.

Dessa forma, podemos perceber que o orçamento público é vinculado a princípios


legais específicos, capazes de lhe dar a organicidade legislativa.

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Não existe uma ordem hierárquica para os princípios orçamentários. Então, apenas para efeito didático,
separamos os princípios em: oriundos da Lei nº 4.320/64; oriundos da Constituição Federal; e estabelecidos
pela doutrina.
A Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estatui normas de direito financeiro para a elaboração e controle
dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito federal, estabeleceu, em seu
artigo 2º, os princípios de unidade, universalidade e anualidade.

Art. 2º A lei de orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a


evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo,
obedecidos os princípios da unidade, universalidade e anualidade.
(BRASIL, 1964, grifo nosso)

6.1.1. PRINCÍPIO DA UNIDADE


De acordo com o princípio da unidade, o orçamento deve ser uno, ou seja, deve
haver somente um único orçamento para o exercício financeiro, evitando
orçamentos paralelos.

Esse princípio tem sido motivo de controvérsia. A Constituição Federal de 1988


determina a proposição de três peças orçamentárias:

• PPA que é um orçamento plurianual;


• LDO que é a regulamentação do orçamento anual;
• LOA que é o orçamento propriamente dito;
Apesar da Constituição Federal prever três leis orçamentárias – PPA, LDO e LOA
– e três esferas orçamentárias – orçamento fiscal, orçamento de investimento e
orçamentos da seguridade social – a doutrina majoritária entende que o
princípio da unidade continua existindo, ainda que sob um novo conceito: o de
totalidade.
Assim, observa-se a concepção da totalidade orçamentária pela existência de múltiplos orçamentos. Embora
elaborados de forma independente, eles são consolidados, permitindo, assim, o conhecimento global do
orçamento Público. Dessa forma, hoje se considera que o princípio da unidade se refere mais às questões
metodológicas, com fundamentando no fato de que os orçamentos de todas as entidades públicas federais
são elaborados, desenvolvidos e avaliados segundo um único método e um único mecanismo operacional,
ambos relacionados ao princípio da programação, base da estrutura orçamentária atual.

6.1.2. PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE


O princípio da universalidade, além de constar no artigo 2º da Lei nº 4.320/64
como princípio orçamentário, ainda está contemplado nos artigos 3º e 4º, que
expressamente estabelecem que a lei de orçamento compreenderá todas as
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receitas, inclusive de operações de crédito autorizadas em lei, bem como todas as


despesas próprias dos órgãos do governo e da administração centralizada, ou que,
por intermédio deles se devam realizar.

A Constituição Federal também reforça esse princípio, ao orientar, no § 5º do artigo 165, que o orçamento
deve conter todas as receitas e as despesas referentes aos poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades
da Administração direta e indireta, inclusive as fundações instituídas e mantidas pelo poder público. Assim,
em atendimento ao princípio da universalidade, o orçamento deve conter todas as receitas a serem
arrecadadas e todas as despesas a serem realizadas em determinado período de tempo.

6.1.3. PRINCÍPIO DA ANUALIDADE


O princípio da anualidade ou periodicidade, previsto no artigo 2º da Lei nº
4.320/64, estabelece que, a cada ano financeiro (período de 12 meses), seja
elaborado uma nova lei orçamentária.

No Brasil, por força do artigo 34, que definiu que o exercício financeiro coincidirá com o ano civil, este
período coincide com o ano civil, ou seja, vai de 1º de janeiro a 31 de dezembro.
O princípio da periodicidade permite mais controle do Legislativo sobre os atos administrativos de natureza
financeira, além de possibilitar que os planos sejam revistos anualmente, de forma a aperfeiçoá-los. O
Decreto-Lei nº 200/67, em seu artigo 16, reforça a ideia de periodicidade anual da Lei de Orçamento ao
estabelecer que, em cada ano, será elaborado um orçamento-programa. A Constituição Federal manteve a
anualidade do orçamento quando, no inciso III, do artigo 165 e no seu §5º, faz referência aos orçamentos
anuais e a Lei Orçamentária Anual.
A exceção a esse princípio são os créditos adicionais especiais e extraordinários, que poderão ser reabertos,
nos limites dos seus saldos, e incorporados ao orçamento do exercício seguinte, conforme previsto no § 2º
do artigo 167 da Constituição Federal:

§ 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em


que forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro
meses daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão
incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente.
(BRASIL, 1988)

6.1.4. PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO


O princípio da especificação, também conhecido como princípio da discriminação ou da especialização,
visa impedir a inclusão de dotações globais na lei orçamentária para atender as despesas.
Assim, toda despesa deve ser identificada, no mínimo, por elemento, permitindo mais controle da
execução orçamentária.

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Este princípio possibilita verificar a origem e a aplicação dos recursos. Está consagrado nos artigos 5º e 15º da
Lei nº 4.320/64, conforme a seguir transcrito:

Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender


indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências
ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único. [...]
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos.
§ 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços,
obras e outros meios de que se serve a administração pública para consecução dos seus fins.
(BRASIL, 1964)

Existem duas exceções ao princípio da especificação, a primeira diz respeito aos programas especiais de
trabalho, previsto no parágrafo único do artigo 20 da Lei nº 4.320/64. A segunda exceção são as reservas de
contingências, que são uma dotação global colocada na lei orçamentária, destinada a atender passivos
contingentes e outras despesas imprevistas – prevista no artigo 91 do Decreto-Lei nº 200/67.
Esse princípio tem se apresentado nas sucessivas LOAs, garantindo que a discriminação da despesa obedeça
à classificação funcional-programática, que é a base estrutural do orçamento-programa, definindo um
mecanismo de classificação e permitindo a agregação de forma sistemática e coerente.

6.1.5. PRINCÍPIO DO ORÇAMENTO BRUTO


Segundo o princípio do orçamento bruto, as receitas e despesas devem constar
da lei orçamentária e de créditos adicionais pelos seus valores brutos, sem
nenhuma dedução, conforme preconizado no artigo 6º da Lei nº 4.320/64.

Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais,
vedadas quaisquer deduções.
(BRASIL, 1964)

Assim, todas as receitas e despesas são registradas no orçamento pelos seus valores totais. Até os tributos
arrecadados por uma esfera de governo e transferidos para outra esfera devem constar no orçamento pelo
valor total.

§ 1º - As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão,
como despesa, no orçamento da entidade obrigada à transferência e, como receita, no
orçamento da que as deva receber.
(BRASIL, 1964, Art. 6º)

Todas as receitas e despesas constarão da LOA pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções: isso significa
que a União, por exemplo, que arrecada o Imposto de Renda e o IPI, deve colocar a sua estimativa integral no
seu orçamento, no lado das receitas, e que a parte que constitucionalmente se destina a estados e
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municípios (FPE e FPM) deve constar integralmente no orçamento no lado das despesas, não sendo
permitido, por exemplo, que a União apresente apenas o valor líquido previstos para o IR e IPI.

6.1.6. PRINCÍPIO DA UNIDADE DE TESOURARIA OU DE CAIXA


Segundo o princípio da unidade de tesouraria ou de caixa, previsto no artigo 56
da Lei nº 4.320/64, todos os recursos arrecadados pelo Estado devem ser
centralizados numa única conta bancária.

O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio da


unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais.
(BRASIL, 1964)

Ou seja, a lei estabelece que a arrecadação de todas as receitas das entidades governamentais sujeitas a
essas normas serão centralizadas em uma só caixa, formando um todo e vedando a utilização de caixas
especiais para cada espécie de receita e, consequentemente, a sua vinculação com a despesa.
No entanto, a Constituição Federal, no que diz respeito aos impostos, foi bem mais categórica, proibindo,
ressalvadas as disposições da própria Constituição, a vinculação do produto da sua arrecadação a órgão,
fundo ou despesa (MACHADO; REIS, 2003).

6.2. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS ORIUNDOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL


6.2.1. PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE
No Brasil, durante muito tempo, por não existir o princípio da exclusividade, ocorriam as chamadas caudas
orçamentárias, que tratavam de assuntos não associadas à receita e despesa. São exemplos de temas já inseridos
na lei de orçamento: a determinação para alteração de nome de rua e alteração do processo de ação de divórcio.

De acordo com o princípio da exclusividade, a lei orçamentária deverá conter


somente matéria de natureza orçamentária, não podendo constar dispositivo
estranho à previsão da receita e a fixação da despesa.

Esse princípio está previsto na Constituição Federal, artigo 165:

§8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de
créditos suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação de receita, nos termos da lei.
(BRASIL, 1988)

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O próprio artigo 165, supracitado, traz as duas exceções a esse princípio, quais sejam: a autorização para
abertura de créditos suplementares na própria LOA e a contratação de operações de crédito, ainda que por
antecipação da receita.

6.2.2. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE


A publicidade é um princípio constitucional, previsto no artigo 37 da
Constituição Federal, que deve nortear todos os atos da administração
pública. O maior objetivo desse princípio é proporcionar divulgação
aos atos na busca da transparência dos gastos públicos.
Vários artigos da constituição reforçam a necessidade da transparência
na Administração Pública, entre os quais destacamos o artigo 165,
conforme o qual: “§ 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias
após o encerramento de cada bimestre, relatório resumido da
execução orçamentária” (BRASIL, 1988).
A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), também trouxe diversas regras cujo
objetivo é proporcionar mais transparência aos gastos públicos.
Destacamos aqui os artigos 48 e 49:

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla
divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e
leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o
Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as
versões simplificadas desses documentos. [...]
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante
todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua
elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
(BRASIL, 2000)

6.2.3. PRINCÍPIO DA NÃO VINCULAÇÃO DA RECEITA


Conforme o princípio da não vinculação da receita, também conhecido como
não afetação da receita, nenhuma parcela da receita pode ser reservada para
atender a gastos específicos. Ele evita que determinadas despesas tenham recursos
sobrando, enquanto, em outra, faltem recursos.

Para o legislador, a não vinculação dificulta acompanhar a utilização de determinados tributos, criados para
atender demandas específicas. Atente-se que esse princípio não se aplica a outras categoriais de receitas
tributárias (contribuições, taxas e emolumentos) e empréstimos.
Sua previsão constitucional está no artigo 167, que reza que nenhuma receita de impostos poderá ser vinculada
com determinada despesa pelo legislador, ressalvados os casos previstos no próprio texto constitucional.

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Art. 167. São vedados: [...]


IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a
repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159,
a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária,
como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação
de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §
8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo”.
(BRASIL, 1988)

A ressalva do artigo 158 são os impostos que pertencem aos municípios referentes à parcela do IRRF, do ITR,
impostos federais e relativos ao IPVA e ao ICMS, impostos estaduais. A ressalva do artigo 159 são as
transferências de parcelas dos impostos sobre a renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos
industrializados para os fundos de participação dos estados (FPE), de participação dos municípios (FPM) e
para os programas de financiamento ao setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
As transferências para as ações e serviços de saúde (Art. 198) e para a manutenção e desenvolvimento do
ensino (Art. 212) visam à aplicação de um mínimo constitucional nessas áreas.

6.2.4. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE

O princípio da legalidade aplicado ao orçamento possui a mesma fundamentação


legal geral, qual seja, a Administração Pública se subordina aos ditames da lei.

O princípio da legalidade, conforme definido no caput do artigo 37 da Constituição Federal, é aplicável a


toda a administração pública. Esse princípio deve ser observado não só no PPA, LDO e LOA, mas também nos
planos, programas, operações de abertura de crédito, transposição, remanejamento ou transferência de
recursos de uma programação para outra ou de um órgão para outro e a instituição de fundos (artigos 48, II e
IV, 166, 167, I, III, V, VI e IX).
O princípio da legalidade diz respeito às limitações que o Estado possui quanto ao seu de poder de tributar e
inclui as seguintes vedações:
a. exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
b. instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente;
c. cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os tenha
instituído ou aumentado;
d. cobrar tributos no mesmo exercício em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
e. utilizar tributo com efeito de confisco;
f. estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou
intermunicipais.

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 15

6.3. PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS


O princípio do equilíbrio estabelece que o total da despesa
orçamentária não pode ultrapassar o total da receita orçamentária
prevista para cada exercício financeiro, ou seja, prevê a igualdade
entre a previsão da receita e a fixação da despesa.
A adoção desse princípio representa uma ferramenta útil no controle
dos gastos públicos, ainda que, atualmente, não passe de uma
simples questão de técnica contábil, visto que possíveis excessos de
gastos podem ser cobertos por operações de crédito. Assim, o
aparente equilíbrio entre receita e despesa, pode, na verdade, esconder um déficit econômico, se for
considerado que as operações de crédito são um meio de cobrir desequilíbrios orçamentários.
Já princípio da clareza estabelece que o orçamento deve ser apresentado em linguagem transparente,
simples e inteligível, sem descuidar das exigências técnicas orçamentárias, para facilitar o manuseio e a
compreensão daqueles que, por força do ofício ou por interesse, necessitam conhecê-lo.
O princípio da uniformidade, no que ser refere ao aspecto formal, postula que o orçamento deve ser
padronizado, nos diversos exercícios em que é executado, possibilitando ser comparado ao longo do tempo.

Para sedimentar ainda mais seu conhecimento sobre os princípios


orçamentários, sugerimos que você assista à videoaula, intitulada
“Administração Financeira e Orçamentária – Princípios Orçamentários”,
disponível no link a seguir.
http://tinyurl.com/kxnc4z9

AULA 07 | A LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E AS RECEITAS PÚBLICAS

7.1. AS RECEITAS PÚBLICAS: CONCEITOS


As receitas públicas são os recursos instituídos e arrecadados pela Administração
Pública com a finalidade de atender as necessidades da sociedade. Pode-se dizer que
receita é todo recurso arrecadado pelo Estado para atender as despesas públicas.

Vejamos a definição de Machado e Reis (2003, p. 27):

Em sentido restrito, como um conjunto de recursos financeiros obtidos de fontes


próprias e permanentes, que integram o Patrimônio na qualidade de elemento novo,
que produzem-lhe acréscimos financeiros, sem contudo gerar obrigações, reservas ou
reivindicações de terceiros. Essas receitas resultam de leis, contratos, convênios, de
tributos de lançamento direto e outros.
(MACHADO E REIS, 2003, p. 27)

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 16

Para Timbo e Piscitelli (2012), em um sentido mais amplo, as receitas podem ser caraterizadas como um
ingresso de recursos ao patrimônio público, como uma entrada de recursos financeiros que se reflete no
aumento das disponibilidades do setor público.
É necessário construir classificações para as receitas públicas. As classificações são importantes porque cada
receita possui caraterística diversa. Ou seja, não são a mesma coisa e possuem finalidades distintas. Assim, as
receitas do governo, tal qual as nossas receitas, possuem caraterísticas distintas. Vejamos um exemplo.
Suponha que você vai fazer uma viagem para Miami e sua mãe deposita um dinheiro em sua conta para que você
compre um perfume para seu irmão caçula. Esse depósito de sua mãe é uma receita na sua conta. Entretanto, essa
receita já tem um compromisso vinculado (um passivo). Ela possui uma caraterística distinta das receitas oriundas
de seu salário, que estão disponíveis para que você dê o destino que desejar durante a sua viagem.
Com as receitas públicas ocorre a mesma coisa. Entretanto, como o fluxo de entradas e saídas é bem mais
elevado que o volume de depósitos e retiradas de sua conta bancária, fazem-se necessárias diversas
classificações. Nas contas públicas, outras necessidades também se apresentam como, por exemplo, as
demandas por mecanismos de controle, fato que evidencia a necessidade de outras classificações. Veremos,
nos próximos dois itens, as principais classificações empregadas nas receitas públicas, sendo cinco as
classificações mais consagradas pela doutrina: quanto à natureza; quanto à categoria econômica; quanto à
regularidade; quanto à coercitividade; quanto ao poder de tributar.

7.2. A NATUREZA E A CATEGORIA ECONÔMICA DAS RECEITAS


Quanto à natureza, as receitas são classificadas em
orçamentárias e extra orçamentárias. As orçamentárias são
recursos arrecadados pelo Estado e que incorporam-se
definitivamente ao patrimônio, não produzindo passivos
(como o seu salário, por exemplo). Os recursos arrecadados
pelo Estado, mas que geram um passivo, ou seja, terão que
ser restituídos, posteriormente, são denominadas receitas
extra orçamentárias (como o deposito de sua mãe, por
exemplo). Ou seja, são receitas que não estão previstas no
orçamento e correspondem a uma entrada de recursos que
gera para o Estado a obrigação de posterior devolução. Ex.
depósitos diversos, restos a pagar, serviço da dívida a pagar,
antecipação de receita orçamentária (ARO).
Assim, as receitas extra orçamentárias, por serem apenas entrada de recursos com caráter devolutivo, não
são consideradas receitas stricto sensu, tendo em vista que são registradas como receitas somente para
controle e posterior devolução.
O recebimento de caução em dinheiro para garantia de contrato é um bom exemplo. O fornecedor deposita
um montante na conta bancária do governo, no entanto, esse recurso não pertence ao Estado. Assim, no
momento de contabilizar essa receita, será registrado um débito no banco e, em contrapartida, um crédito
em conta do passivo, evidenciando o caráter devolutivo do recurso.

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 17

Outro exemplo, já previsto no artigo 3º da Lei nº 4.320/64, são as receitas de ARO. Esta não é uma receita
nova, que se incorpora ao Estado, é, simplesmente, uma antecipação da receita orçamentária prevista no
orçamento e que, no entanto, ainda não se realizou. O procedimento normal é o governo esperar a receita se
realizar para depois gastá-la. Entretanto, às vezes, por problemas de indisponibilidade de caixa, o Estado não
pode esperar essa realização acontecer. Assim, o governo faz um empréstimo e se compromete a pagá-lo
com a receita orçamentária que se realizará, por isso, é preciso contabilizar a ARO como extra orçamentária,
sob pena de o Estado duplicar sua receita.
Interessante lembrar que uma receita extra orçamentária poderá se converter em receita orçamentária a
partir do momento que se constatar que essa não caracteriza mais uma obrigação a pagar. Veja o quadro
resumo a seguir.

Receita Orçamentária Receita Extra Orçamentária

Recursos Incorpora ao Estado Não incorpora ao Estado

LOA Podem ou não estar previstas Não estão previstas na LOA


na LOA

Características Custeia despesas Custeia despesas extra


orçamentárias orçamentárias

Quanto à categoria econômica, as receitas se classificam em: receitas correntes e receitas de capital. Essa
classificação é oriunda da Lei nº 4.320/64.
Receitas correntes são os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou de direito privado,
quando destinados a atender despesas classificáveis em despesas correntes. As receitas correntes se dividem
em: tributárias, de contribuições, patrimonial, agropecuárias, industrial, de serviços, de transferências
correntes e outras receitas correntes.
Receitas de capital são recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou de direito privado
destinados a atender despesas classificáveis em despesas de capital e ainda o superávit do orçamento
corrente. Exemplo: as provenientes da realização de recursos financeiros de constituição de dívidas; da
conversão em espécie, de bens e direitos.
A Lei nº 4.320, no seu artigo 11, § 4º, estabelece que a classificação da receita deve obedecer à seguinte
estrutura:
Receitas correntes: receita tributária; receita de contribuições; receita patrimonial; receita agropecuária;
receita industrial; receita de serviços; transferências correntes e outras receitas correntes.
Receitas de capital: operações de crédito; alienação de bens; amortização de capital, amortização de
empréstimos, transferências de capital e outras receitas de capital.
Vejamos o detalhamento apenas das receitas mais importantes para o governo. Nas receitas correntes,
destacamos as receitas tributárias e as de contribuições. As receitas tributárias são os ingressos provenientes da
arrecadação das receitas de impostos, taxas e contribuições de melhoria. É uma receita privativa das entidades
competentes para tributar: União, estados, Distrito Federal e os municípios. As receitas de contribuições são os

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 18

ingressos provenientes de contribuições sociais de intervenção no domínio econômico e de interesse das


categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas.
No que se refere às receitas de capital, o destaque é para as operações e crédito que são os ingressos
provenientes da colocação de títulos públicos ou da contratação de empréstimos e financiamentos obtidos
junto a entidades estatais, instituições financeiras, fundos, etc.
Com o objetivo de estabelecer uma nomenclatura das classificações econômicas, a legislação orçamentária
estabeleceu, na 4ª edição do Manual de Procedimentos da Receita Pública, aprovado pela portaria
conjunta da Secretaria do Tesouro Nacional e Secretaria de Orçamento Federal (em 2 de agosto de 2007), a
classificação econômica com a seguinte estrutura:

Figura 1: Estrutura da classificação econômica

No exemplo acima, temos, então, uma receita pública que possui a seguinte classificação: 1.1.1.2.04.10.
Desde modo, todas as receitas públicas poderão ser devidamente classificadas em um plano de contas de
receitas públicas. O quadro a seguir explica o que significa cada elemento dessa classificação, do ponto de
vista da classificação econômica.

Categoria Econômica 1.0.0.0.00.00 Receita Corrente

Origem 1.1.0.0.00.00 Receita Tributária

Espécie 1.1.1.0.00.00 Impostos

Rubrica 1.1.1.2.00.00 Imposto sobre o Patrimônio e a Renda

Alínea 1.1.1.2.04.00 Imposto s/ Renda e Proventos de


Qualquer Natureza

Subalínea 1.1.1.2.04.10 Pessoas Físicas

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 19

Você pode aprofundar o seu conhecimento sobre o assunto receita pública


e as classificações quanto à natureza e à categoria econômica assistindo à
videoaula do professor Mauricio Gomes. Acesse pelo link a seguir.
http://tinyurl.com/pxp5w8n

7.3. CLASSIFICAÇÕES DE RECEITA PÚBLICA


As classificações que você estudou anteriormente, são, sem dúvida, as duas classificações mais importantes.
Entretanto, outras três outras classificações merecem destaque. São elas as qualificações quanto à
coercitividade; quanto à regularidade; e quanto ao poder de tributar.
A classificação quanto à coercitividade se preocupa com a forma pela qual o Estado arrecada suas receitas.
Assim, as receitas podem ser divididas em originárias e derivadas.
Receitas originárias são aquelas recebidas pelo Estado em decorrência da exploração de bens do seu
patrimônio. Consiste na receita proveniente da exploração do patrimônio público, ou seja, são produzidas
pelos ativos do Estado. O Estado atua como particular por meio da exploração de atividades privadas,
exemplos: serviços comerciais, industriais, aluguéis. A receita originária também é classificada na categoria
receita corrente.
Receitas derivadas são aquelas provenientes de bens pertencentes ao patrimônio de particulares,
coercivamente impostas aos cidadãos, constituindo receitas obrigatórias, de direito público, correspondendo
aos tributos. Consistem nas receitas provenientes do exercício do poder de tributar os rendimentos ou o
patrimônio da coletividade. Essa receita é obtida pelo Estado em função da sua soberania, por meio de tributos,
indenizações e restituições. A receita derivada é classificada na categoria receita corrente.
A classificação quanto à regularidade preocupa-se com a periodicidade com que o recurso é arrecadado.
Assim, divide-se em receitas ordinárias e extraordinárias.
Receitas ordinárias são ingressos permanentes e estáveis do Estado, arrecadados regularmente em cada
período financeiro, ou seja, possuem caráter de continuidade, sendo fonte perene de recursos para o Estado.
Receitas extraordinárias são ingressos com caráter de não continuidade, a sua arrecadação acontece de
maneira excepcional, provenientes de calamidade pública, doações, etc.
Finalmente, a nossa última classificação se preocupa com a capacidade do poder de tributar, que compete
a cada ente da Federação, considerando e distribuindo as receitas obtidas como pertencentes aos
respectivos entes, quais sejam: federal (quando de competência da União); estadual (quando de
competência do estado) e municipal (quando de competência do município).

Terminamos esta aula! Após vermos algumas classificações das receitas, chegou a hora de passarmos para a
última aula da unidade. Continue os estudos desta disciplina e até breve!

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 20

Sugiro que você assista à videoaula do projeto Saber Direito, produzido


pelo Supremo Tribunal Federal e ministrada pelo professor Caio Bartine.
Ele faz uma interligação entre as receitas arrecadadas pelo Estado e o
cumprimento das atividades do Estado na busca do bem comum. A
aula é um pouco extensa, cinquenta minutos, mas vale a pena! Ela
acrescenta muitas informações ao conteúdo que estudamos. O vídeo
está disponível no link a seguir.
http://tinyurl.com/p4z9mog

AULA 08 | A LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E AS DESPESAS PÚBLICAS

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Acesse o material de estudo, disponível no Ambiente Virtual de


Aprendizagem (AVA), e assista à videoaula que sintetiza esta aula.

n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n

8.1. AS DESPESAS PÚBLICAS: CONCEITOS

As despesas públicas podem ser consideradas como os gastos do Estado para o


funcionamento e manutenção dos serviços que ele entrega à sociedade.

Vejamos algumas definições de estudiosos sobre o conceito de despesa pública.

Para Iudícibus (2004), a despesa pública é o conjunto


de dispêndios, do Estado ou de outra pessoa de
direito público, empregada para o funcionamento
dos serviços públicos. Nesse sentido, a despesa é
parte do orçamento, ou seja, aquela em que se
encontram classificadas todas as autorizações para
gastos com várias atribuições e funções
governamentais. As despesas públicas formam o
complexo da distribuição e do emprego das receitas,
para custeio de diferentes setores da economia.
Para Giacomoni (2013), a despesa pública caracteriza um dispêndio de recursos do patrimônio público,
representado, essencialmente, por uma saída de recursos financeiros ou com reconhecimento dessa obrigação.
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Da mesma maneira que acontece para as receitas, parece interessante classificar as receitas públicas em
algumas categorias. Iremos, assim como na receita, descrever as cinco classificações que são mais
consagradas pela doutrina, classificando, dessa maneira, as receitas quanto à: natureza; categoria econômica;
afetação patrimonial; competência institucional; e regularidade.

8.2. CLASSIFICANDO AS DESPESAS: QUANTO À NATUREZA


Na classificação quanto à natureza, a ideia é a mesma daquela empregada na classificação as receitas. Ou
seja, temos as despesas orçamentárias e as despesas extra orçamentárias. Orçamentárias são as despesas
fixadas na lei orçamentária anual ou na lei de créditos adicionais, abertos durante o exercício. Devem
obedecer as fases da despesa: fixação, empenho, liquidação1 e pagamento2.
Em atendimento ao artigo 35 da Lei nº 4.320/64, a despesa orçamentária deverá ser reconhecida no exercício
financeiro em que for realizada, independentemente do momento em que ocorrer seu pagamento, ou seja, a
despesa deve ser reconhecida pelo regime de competência, e não de caixa.

Para entender a diferença entre o regime de competência e de caixa,


assista à videoaula do professor Jorge Eduardo Scarpin, disponível no
link a seguir.
http://tinyurl.com/kvjk94f

A despesa extra orçamentária representa a saída de recursos financeiros transitórios, anteriormente registrados
como receita extra orçamentária. São as despesas que não constam na lei orçamentária anual ou em créditos
adicionais, como, por exemplo, restituição de cauções, pagamento de restos a pagar, resgate de ARO.

8.3. CLASSIFICANDO AS DESPESAS: QUANTO À CATEGORIA ECONÔMICA


Entre todas as classificações da despesa, a por categoria econômica é a mais importante. De um modo
geral, as despesas se classificam como correntes e de capital.
As despesas correntes são aquelas que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um
bem de capital. São despesas destinadas à manutenção e ao
funcionamento dos serviços públicos, esses recursos geram diminuição
no patrimônio. As despesas de capital são aquelas que contribuem,
diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital, ao
contrário das despesas correntes, geram acréscimo patrimonial.


1
Um dos estágios da despesa. É a verificação do implemento de condição, ou seja, verificação objetiva do cumprimento contratual.
2
Um dos estágios da despesa. É a emissão do cheque ou ordem bancária em favor do credor. A classificação da despesa em estágios tem
natureza teórica ou doutrinária (ainda que as etapas de empenho, liquidação e pagamento estejam bem individualizadas na Lei Federal nº
4.320, de 17 de março de 1964).
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Essa classificação foi estabelecida pela Lei nº 4.320/64, que classifica a despesa em duas categorias
econômicas:

• 1º Despesa corrente: dividida em duas subcategorias: despesa de custeio e transferências correntes.


• 2º Despesa de capital: dividida em três subcategorias: investimentos, inversões financeiras e
transferências de capital.
As despesas de custeio são as dotações destinadas à manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive
para atender obras de conservação e adaptação de bens imóveis, pagamento de serviços de terceiros,
pagamento de pessoal e encargos, material de consumo. As transferências correntes são as dotações para
despesas, as quais não correspondem contraprestação direta em bens ou serviços, tais como transferências de
assistência e previdência social, pagamento de salário família, juros da dívida, incluindo as contribuições e
subvenções destinadas a atender a manutenção de outras entidades de direito público ou privado.
Os investimentos são as dotações para o planejamento e a execução de obras. Incluem-se as destinadas
para aquisição de imóveis, considerados necessários à realização de obras, para os programas especiais de
trabalho, aquisição de instalações, equipamento e material permanente, bem como a constituição ou o
aumento de capital de empresas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.
As inversões financeiras são as dotações destinadas à aquisição de imóveis ou de bens de capital já em
utilização, à obtenção de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já
constituídas, quando a operação não importe aumento de capital; e, ainda, a constituição ou aumento de
capital de entidades ou empresas que visem objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações
bancárias ou de seguro.
As transferências de capital são as dotações destinadas a investimento ou inversões financeiras que outras
pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em
bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivam diretamente
da lei de orçamento ou de lei especial anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública.
A legislação orçamentária deu especial atenção à classificação da despesa. A Portaria Interministerial
STN/SOF nº 163, 4 de maio de 2001, define que a classificação da despesa segundo a sua natureza (aqui
usada como sinônimo de categoria econômica) compõe-se de:
• categoria econômica (dígito 3 para despesas correntes, e 4 para despesa de capital);
• grupo de natureza da despesa (dígitos de 1 a 6);
• elemento de despesa (dígitos variam de 01 a 99).
Assim, está previsto no § 1º do Art. 3º da Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001 que:

A natureza da despesa será complementada pela informação gerencial denominada


“modalidade de aplicação”, a qual tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados
diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por
outro ente da Federação e suas respectivas entidades, e objetiva, precipuamente,
possibilitar a eliminação da dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados.
(BRASIL, 2001b)

A classificação da despesa elaborada pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), por meio da portaria citada,
ficou assim definida:
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3 – Despesas Correntes (categoria econômica)


1 – Pessoal e Encargos Sociais (grupo de natureza da despesa – GND)
2 – Juros e Encargos da Dívida (GND)
3 – Outras Despesas Correntes (GND)
4 – Despesas de Capital (categoria econômica)
4 – Investimentos (GND)
5 – Inversões Financeiras (GND)
6 – Amortização da Dívida (GND)

Na figura, a seguir, apresenta-se um exemplo de uma classificação completa com uma despesa classificada
sobre o código3 3.1.90.11.00.

Figura 2: Exemplo de classificação de despesa

Para entender a codificação das despesas no orçamento é importante saber o que cada dígito da codificação
da despesa significa:

1º dígito = identifica a categoria econômica.


2º dígito = identifica o grupo de natureza de despesa.
3º e 4º dígitos = identifica a modalidade de aplicação.
5º e 6º dígitos = identifica o elemento de despesa (objeto do gasto).
7º e 8º dígitos = identifica o sub elemento de despesa (facultativo).


3
Conjunto de dígitos utilizados para individualizar órgãos, instituições, classificações, fontes de recursos etc.
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A Portaria Interministerial STN/SOF nº 163/2001 apresenta a estrutura, os conceitos e especificação da


despesa. Ela discrimina, além das categorias econômicas (despesa corrente e de capital), os grupos de
natureza da despesa, as modalidades de aplicação e os elementos de despesa.
O grupo natureza de despesa é a agregação de elementos de despesa que apresentam as mesmas
características quanto ao objeto do gasto. No exemplo da Figura 2, o grupo é: 1 – Pessoal e Encargos Sociais.
Esse grupo representa as despesas de natureza remuneratória decorrente do efetivo exercício de cargo,
emprego ou função de confiança no setor público, do pagamento dos proventos de aposentadorias,
reformas e pensões, das obrigações trabalhistas de responsabilidade do empregador, incidentes sobre a
folha de salários, contribuição a entidades fechadas de previdência, outros benefícios assistenciais
classificáveis nesse grupo de despesa, bem como soldo, gratificações, adicionais e outros direitos
remuneratórios, pertinentes a esse grupo de despesa, previstos na estrutura remuneratória dos militares.
Dessa mesma forma, são compostos outros grupos, que agregam despesas com as mesmas características
como: 2 – Juros e Encargos da Dívida; 3 – Outras Despesas Correntes; 4 – Investimentos; 5 – Inversões
Financeiras; 6 – Amortização da Dívida.
A modalidade de aplicação, segundo a Portaria nº 163/2001, é uma informação gerencial, que tem a
finalidade de indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgão ou entidade no âmbito da mesma
esfera de governo ou outro ente da Federação e suas respectivas entidades. Ela objetiva possibilitar a
eliminação de dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados. No exemplo apresentado na
Figura 2, a modalidade é: 90 – Aplicação Direta.
Essa modalidade de aplicação significa que são aplicados, pela unidade orçamentária, os créditos a ela
alocados ou oriundos de descentralização de outras entidades integrantes ou não dos Orçamentos Fiscal ou
da Seguridade Social, no âmbito da mesma esfera de governo.
A Portaria nº 163/2001 estabelece diversas outras formas de aplicação, a saber: 10 – Transferências
Intragovernamentais; 20 – Transferências à União; 30 – Transferências a Estados e ao Distrito Federal; 40 –
Transferências a Municípios e outras.
Finalmente, o elemento de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como
vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, etc. A Portaria nº 163/01 traz um rol de 96
elementos como, por exemplo:
01 – Aposentadorias e Reformas;
14 – Diárias – Civil;
30 – Material de Consumo;
61 – Aquisição de Imóveis;
91 – Sentenças Judiciais.

Seria muito interessante que você conhecesse a Portaria Interministerial


STN/SOF nº 163, 4 de maio de 2001, que estudamos aqui, para se
familiarizar com sua estrutura e ter uma ideia do volume das
classificações previstas pela legislação orçamentária. A portaria está
disponível no link a seguir e no acervo da disciplina.

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 25

http://tinyurl.com/oeppk46

8.4. CLASSIFICANDO AS DESPESAS: QUANTO À AFETAÇÃO PATRIMONIAL, À


COMPETÊNCIA INSTITUCIONAL E À REGULARIDADE DO GASTO
Finalizando o estudo das despesas, resta-nos apresentar as classificações quanto à afetação patrimonial, à
competência institucional e à regularidade do gasto.
A despesa, quanto à afetação patrimonial, classifica-se em: efetivas ou não efetivas (por mutações patrimoniais).
As despesas efetivas são aquelas que alteram o
patrimônio do público, já que contribuem para o
seu decréscimo. As despesas correntes, regra geral,
são despesas efetivas (pessoal, encargo sociais,
juros, aluguéis), no entanto, as despesas de capital
destinadas a auxílios e contribuições de capital,
bem como investimentos em bens de uso comum
do povo, também são despesas efetivas.
As despesas não efetivas são também conhecidas
como despesas por mutação patrimonial. Elas não
provocam alteração no patrimônio público, já que
possuem como fundamento um fato contábil permutativo, constituindo-se em alterações compensatórias
por meio de mutações nos elementos patrimoniais. Em regra, as despesas de capital são despesas não
efetivas (investimentos, inversões financeiras, amortização da dívida, outras despesas de capital).
Quanto à competência institucional, as despesas classificam-se em: federal, estadual e municipal. Despesa
federal é aquela de competência da União, visando realizar gastos para atender serviços e encargos
demandados por dispositivo constitucional. Despesa estadual é aquela de competência dos estados, ou
seja, visando realizar gastos para atender serviços e encargos demandados por dispositivo legal. Despesa do
município é aquela de competência dos municípios, visando realizar gastos para atender serviços e
encargos demandados por dispositivo legal.
Finalmente, quanto à regularidade, as despesas podem ser classificadas em ordinárias e extraordinárias.
Ordinárias são as despesas destinadas à manutenção contínua dos serviços públicos e, por isso, se repetem
em todos os exercícios, exemplo: serviços de terceiros, material de consumo, encargos. Despesas
extraordinárias são de caráter esporádico ou excepcional, provocadas por circunstâncias especiais e
inconstantes e, por isso, não aparecem todos os anos nas dotações orçamentárias, exemplo: guerra,
comoção interna, enchentes.

Finalizando esta aula, sugiro que você assista à mais uma videoaula do
projeto Saber Direito, produzido pelo Supremo Tribunal Federal e ministrada
pelo professor Caio Bartine. O vídeo está disponível no link a seguir.
http://tinyurl.com/nodalj8

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 26

Termina aqui nossa Unidade de Interação e Aprendizagem (UIA). Ficou com alguma dúvida? Retorne ao conteúdo
ou busque esclarecimentos no Fórum de Dúvidas. Senão, passe para a unidade seguinte. Até lá.

Você terminou o estudo desta unidade. Chegou o momento de verificar sua aprendizagem.
Ficou com alguma dúvida? Retome a leitura.
Quando se sentir preparado, acesse a Verificação de Aprendizagem da unidade no menu
lateral das aulas ou na sala de aula da disciplina. Fique atento, essas questões valem nota!
Você terá uma única tentativa antes de receber o feedback das suas respostas, com
comentários das questões que você acertou e errou.
Vamos lá?!

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 27

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto nº 8.189, de 21 de janeiro de 2014. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Decreto/D8189.htm>. Acesso em: 15 jan. 2015.

BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Brasília, 2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 25 set. 2014.

BRASIL. Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001. Brasília, 2001a. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10180.htm>. Acesso em: 156 jan. 2015.

BRASIL. Lei no 4.320, de 17 de março de 1964. Brasília, 1964. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm>. Acesso em: 25 set. 2014.

BRASIL. Portaria Interministerial nº 163, de 4 de maio de 2001. Brasília, 2011b Disponível em:
<http://www3.tesouro.fazenda.gov.br/legislacao/download/contabilidade/Portaria_Interm_163_2001_Atual
izada_2011_23DEZ2011.pdf>. Acesso em: 25 dez. 2014.

BURKHEAD, Jesse. Orçamento público. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1971.

GIACOMONI, James. Orçamento Público. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

IUDÍCIUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2004.

MACHADO, J.; TEIXEIRA E REIS, H. da Costa. A Lei 4.320 comentada. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de
Administração Municipal, 2003.

SILVA, Sebastião de Sant’Anna. Os princípios orçamentários. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1962.

GLOSSÁRIO

Classificação da despesa pública: Agrupamento da despesa por categorias. Esse agrupamento é utilizado
para facilitar e padronizar as informações que se deseja obter. Pela classificação é possível visualizar o
orçamento por poder, por função de governo, por subfunção, por programa e por categoria econômica.
Classificação da receita pública: Agrupamento da receita por categorias. Os modos de classificação podem
variar conforme a necessidade e o interesse de quem os estabelece. No âmbito da União, o detalhamento da
classificação da receita cabe à Secretaria de Orçamento Federal (SOF), que é feito por meio de portaria que
estabelece as classificações orçamentárias por natureza de receita e por fonte de recursos.
Classificação econômica da despesa: Agrupamento de contas de despesas públicas previstas na Lei nº
4.320, de 17 de março de 1964, com o fim de propiciar elementos para avaliação do efeito econômico das
transações do setor público. De acordo com o artigo 12 da citada lei, a despesa será classificada nas
seguintes categorias econômicas: despesa corrente e despesa de capital.

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LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 2 | 28

Classificação por categoria econômica: Classificação das receitas e despesas em operações correntes ou de
capital, objetivando propiciar elementos para uma avaliação do efeito econômico das transações do setor
público.
Classificação por natureza de despesa: Agrupamento de oito dígitos constituído pela combinação da
classificação da despesa por categoria econômica (1º dígito), grupo de natureza da despesa (2º dígito),
modalidade de aplicação (3º e 4º dígitos) e elemento de despesa (5º e 6º dígitos).
Classificação por natureza de receita: Agrupamento que identifica a origem dos recursos, se
orçamentários ou extra orçamentários. Busca identificar a origem dos recursos segundo o fato gerador.
Constituem receitas orçamentárias os valores constantes da lei orçamentária, enquanto as extra
orçamentárias são todas aquelas provenientes de qualquer arrecadação que não figure no orçamento e,
consequentemente, toda arrecadação que não constitui renda do Estado.
Código: Conjunto de dígitos utilizados para individualizar órgãos, instituições, classificações, fontes de
recursos etc.
Empenho da Despesa: Um dos estágios da despesa. Constitui o emanado de autoridade competente, que
cria para o estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição (artigo 58 da Lei
Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964). Funciona como garantia ao credor do ente público de que existe
o crédito necessário para a liquidação de um compromisso assumido.
Liquidação: Um dos estágios da despesa. É a verificação do implemento de condição, ou seja, verificação
objetiva do cumprimento contratual.
Pagamento: Um dos estágios da despesa. É a emissão do cheque ou ordem bancária em favor do credor. A
classificação da despesa em estágios tem natureza teórica ou doutrinária (ainda que as etapas de empenho,
liquidação e pagamento estejam bem individualizadas na Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964).

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