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Rio de Janeiro-RJ

2020
Autoria
Mary Arantes Sayão de Carvalho
@vidademary
vamosadorar@hotmail.com

Editoração
Jessica Manfrim

Projeto gráfico
Alexandre Rocha – @rochadesigner

Capa e foto
@junialane

Impressão e Acabamento
Juiz Forana – Gráfica e Editora
Empresarial Parksul – Rodovia BR-040
KM 801 – Galpão 19 – Matias Barbosa – MG
(32) 3273-5800 – www.juizforana.com.br

1a edição: 1 mil exemplares


2020

IMPRESSO NO BRASIL / Printed in Brazil

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Agência Brasileira do ISBN - Bibliotecária Priscila Pena Machado CRB-7/6971

C331 Carvalho, Mary Arantes Sayão de.


Como a dor me curou : às vezes a dor é a nossa melhor
amiga / Mary Arantes Sayão de Carvalho. —— 1. ed. —— Rio de
Janeiro : Edição do Autor, 2O2O.
6O p. ; 21 cm.

ISBN 978-65-9O2164-O-3

 cdd- 92O.72

Índices para catálogo sistemático:


1. Autobiografia. 2. Cristianismo. 3. Fé. I. Título.

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial,


por qualquer meio, sem prévia autorização escrita da autora.
Tipologia: Minion Pro, 11,5/14,4
Sumário

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Aileluia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Ilha da Oportunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Lembrando Promessas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Sete Vezes ao Dia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Confiança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Paz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Entre no Descanso de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Conhecer Aquele que Sabe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Os Filhos Têm Opinião! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Deus Tem o Plano B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Equipados Para o Futuro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
Não Desperdice a Dor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Prisioneiros da Esperança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Não Reclamar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Nem Sempre é do Nosso Jeito . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
Interromper os Planos do Inimigo . . . . . . . . . . . . . . . 25
Não Fale o Que Sente. Fale o Que Sabe! . . . . . . . . . . . 27
Fraqueza: Onde Deus Trabalha . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
Vivendo Com um Espinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Agora Não Temos Mais Segredos . . . . . . . . . . . . . . . 30
É Grátis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Receba Essa Troca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Para Que Espalhar Notícia Ruim? . . . . . . . . . . . . . . . 37
Duplicidade x Pureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Santidade: A Beleza Fundamental . . . . . . . . . . . . . . . 39
Temos um Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Aprenda a Dizer “Não” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Maio: Amo Você, Mãe! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Para me Sentir Bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Ele Sabe Como Você se Sente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Cresça! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Vivendo o Milagre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
Boletim Recente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
O Maior Despertar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Crer Mesmo Sem Ver . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Surpresa de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Desesperados Por Ti. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Vida Espiritual: Um Salto de Fé . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Naquela Noite Não Foi Diferente . . . . . . . . . . . . . . . 59
Introdução
Mary Carvalho é farmacêutica bioquímica, casada com Luiz Claudio,
mãe da Junia Lane e Lorena, mãe do coração de Etiene Pires e Kelwin
Ramos. Também é gerente da produtora de talentos musicais LC Produções
e Distribuições Ltda., em parceria com Luiz Claudio. Juntos, já produziram
mais de cem jovens talentos.
Aos 47 anos, Mary, trabalhando como farmacêutica e produtora, foi
surpreendida com um diagnóstico de lesão expansiva no encéfalo, em que
o prognóstico a levaria à perda do nervo facial e auditivo, do nervo hipo-
glosso que controla a língua, ao comprometimento respiratório e à incapa-
cidade de falar e engolir.
Ao saber disso, ela escreveu Eu Preciso disso e Casei e Agora? no in-
tuito de deixar registrado o cuidado de Deus e os segredos de sua longa
e empolgante vida matrimonial. Nas próximas páginas conheceremos os
caminhos que a família percorreu para que Mary Carvalho se tornasse o
que é: falante, feliz e sonhadora.
Comemorando dez anos do diagnóstico, apresentamos para você este
livro. São páginas repletas do amor de Deus mais do que qualquer outro
assunto. O objetivo é que você, caro leitor, veja o Criador por meio da his-
tória da Mary e de sua família.
“Essa é nossa jornada: abrir
mão de coisas grandes e ser
mais família. Trabalhar para
nos recompor, cuidando e
vivendo. Ganhando menos para
viver mais. Podemos nos dar
ao luxo de diminuir o padrão.
Ficar desimpedidos. Visitar
amigos e parentes.”

vidademary
Aileluia

“A
i, ai, ai, aleluia!” vem de nossas vidas. Quando nos deparamos
com uma dor dizemos: Ai, ai, ai. E por que não dizer “Aleluia”?
Aleluia tem mais sentido depois que a gente passa por um
“ai, ai, ai”. Essa tem sido a conclusão diante dos dias vividos.
Fazendo um retrospecto, nossa vida se resume à quantidade e velocida-
de. Queremos atender a todos os convites; dizer sim a todos que nos pro-
curam com sonhos de gravar; mais rádios tocando nossos cantores; mais
cantores nos programas de TV; casa em local mais seguro e maior para
acomodar família e amigos; mais coisas mais rápido, logo, já! Nós realiza-
mos, acumulamos coisas, ajudamos no sustento da família, pressionamos
todo mundo com tanta urgência em fazer algo e, de repente, apesar de todo
seu esforço, acontece um “ai, ai, ai”.
Isso nos paralisa. Temos que sentar, chorar e pensar durante um tempo
sobre o que é importante e sobre o que vamos fazer com o restante de nos-
sos preciosos dias.
Essa é nossa jornada: abrir mão de coisas grandes e ser mais família.
Trabalhar para nos recompor, cuidando e vivendo. Ganhando menos para
8 Como a dor me curou

viver mais. Podemos nos dar ao luxo de diminuir o padrão. Ficar desimpedi-
dos. Visitar amigos e parentes.
Já tem um tempo, antes do “ai, ai, ai”, que comentamos aqui em casa sobre
não possuir nada. Viver de cidade em cidade levando nosso som num carro
espaçoso. Quando acharmos um lugar, ficar mais um pouco.
Temos convites: “Vem para cá conhecer nossa casa de praia!” “Vem para o
nosso cantinho na serra, na montanha. Lugar não vai faltar.”
Ainda há coisas a fazer. Filhas se formando, pais velhinhos precisando de
nós. Nada é imediato. Há muito o que fazer. Uma das coisas mais importan-
tes é retribuir o apoio e o amor.
Queremos ser voluntários no hospital. Achamos que será assustador, mas
lá não é um lugar só de términos. Lá tem vida. Quando temos um diagnósti-
co de perda, tomamos consciência da solidão e do isolamento, e os voluntá-
rios podem dizer: “Eu estou ao seu lado!”
No processo de ajudar, nós nos curamos. Ajudando com o que achamos
tão pouco, vamos nos esquecendo de nós mesmos e chegando mais perto
da cura, que não é o objetivo do momento. O objetivo é saber exatamente a
mensagem que essa dor tem a nos ensinar. Não podemos culpar nada nem
ninguém pelo que deu errado.
A dor está nos olhando para ver o que faremos com ela. Estamos olhando
para ela de frente, dizendo: “Aprenderei o que você pode nos ensinar para
que possamos crescer.”
Existe uma vida sem “ai, ai, ai” nos aguardando. Lá “aleluia” será nossa lin-
guagem por toda a eternidade!

Ilha da oportunidade
O computador deu pane. Ai, ai, ai, ai! Ficar sem fazer nada para uma
pessoa com personalidade sanguínea é o fim.
Já tinha feito de tudo para passar o tempo. Ano bíblico e exercício; já
tinha testado novas receitas na cozinha. O que mais fazer? Não se consegue
mais trabalhar sem computador.
Hum... Que tal ... gastar o plano de saúde? Mas me conta... Como se faz
Como a dor me curou 9

check-up do corpo inteiro se o pescoço e a cabeça não entram nessa avalia-


ção? Isso tem explicação?
Não esperava mesmo que essa brincadeira nos levaria a uma ilha... Não
foi um tufão nem um naufrágio que levou Paulo à ilha de Malta. Foi a mão
poderosa de Deus, para Se revelar às pessoas que ali residiam. Essa ilha,
que parecia ser a ilha de seu fracasso, era a oportunidade de Deus. Aleluia!
Lá na ilha, o pai do prefeito estava doente. Paulo orou e impôs as mãos
sobre ele, que ficou curado. Por causa desse acontecimento, todos os enfer-
mos da ilha de Malta vieram e também receberam a cura (Atos 28:1-10).
Muitas vezes estamos onde não planejamos, olhando a tempestade que
se levanta. A tempestade pode fugir de nosso controle, mas não do contro-
le de Deus. A ilha desse naufrágio vai se transformar na terra das oportuni-
dades para a manifestação de Deus.
Precisamos aproveitar essa oportunidade única para ter uma atitude
confiante em Deus. Única para aprender a mensagem que esse momento
quer nos ensinar. Única para clamar por misericórdia. Única para olhar ao
alto dizendo: “Não estamos sozinhos, Deus está aqui!” “Senhor, tem mise-
ricórdia de nós; em Ti temos esperado; sê Tu o nosso braço manhã após
manhã e a nossa salvação no tempo da angústia” (Isaías 33:2).

Lembrando promessas
Depois de comparecer em uma clínica na Barra da Tijuca, RJ, e ficar na
lista de espera, a médica estranhou um simples sintoma e pediu uma res-
sonância magnética de cabeça e pescoço no mesmo dia. No dia seguinte,
sexta-feira, o telefone toca com a mensagem de que seria necessário repetir
o exame. Inocentemente acreditei que tinham perdido alguma imagem.
A burocracia pediu para aguardar em casa o laudo. A-G-U-A-R-D-A-R.
Ai, ai, ai!
Aguardar em Petrópolis foi a sugestão usada como escape da ansieda-
de. Mas ninguém pôde perceber essa agonia interior que ia e vinha. Lorena
e Etiene ficaram em casa porque estavam em prova final. Fim de novem-
bro. Com a Magaly, minha irmã mais velha, e com a Junia, minha filha,
10 Como a dor me curou

as horas foram valiosas, já que encontros assim só acontecem em festas


de aniversário, no Dia das Mães e Natal. Luiz Cláudio, o maridão, atendia
aos últimos compromissos do ano antes do recesso de Natal e Ano Novo.
Todos estavam com a vida bem cheia nesse momento.
Mesmo com aquela interrogação no fundinho do coração, o pensa-
mento foi ocupado com assuntos da maior preferência, que são as promes-
sas de Deus e algo que me leve a sorrir.
Promessas de Deus foram lidas e relidas. Uma comédia também foi
“bem-vinda”. Quando num estalo de dedos sobrevinha o pressentimento
que algo “mal-vindo” estava para acontecer e uma ligeira desconfiança
que uma adversidade estava a caminho, uma conversa interna com um
puxão de orelha ia solucionando: Se ajeite, criatura! Relembre essa
anotação para pensar e falar nisso: “Por isso, o Senhor espera, para
ter misericórdia de vós, e Se detém, para Se compadecer de vós,
porque o Senhor é Deus de justiça; bem-aventurados todos os que
Nele esperam” (Isaías 30:18). Felizes são os que o aguardam e que
esperam por Ele.
Conversava lá com os botões assim também: Libere sua fé dizen-
do: Aonde quer que eu vá, eu tenho o favor de Deus. Minha esperança
está Nele, e Ele é bom para os que dependem Dele. “Não temerei mal
nenhum, porque Tu estás comigo” (Salmo 23).
Continuava o discurso interior me lembrando disto: “Eu creio
que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes” (Salmo 27:13).
Esse verso não descreve a bondade do Senhor lá no paraíso. Fala da
bondade do Senhor aqui nesta Terra. Você verá a bondade do Senhor
quando depositar Nele a sua confiança. Espere pela ação do Senhor.
Encha seu coração de coragem! Tenha certeza que o Senhor espera
muito mais por nós do que nós esperamos por Ele. Ele espera a opor-
tunidade para mostrar sua bondade. Espere falando de sua confiança
no Senhor. Você atrai o que fala: “Aquilo que temo me sobrevém, e o
que receio me acontece” (Jó 3:25). Este verso é de arrepiar: “Por Minha
vida, diz o Senhor, que, como falastes aos Meus ouvidos, assim farei a
vós outros” (Números 14:28).
Saiba que o que falamos está intimamente interligado com que nos
Como a dor me curou 11

acontece. O Universo está atento para o que falamos, e todo cuidado é


pouco com qualquer comentário sobre o que desejamos e sobre o que sen-
timos. Reclame e permaneça onde está. Louve e seja levantado.

Sete vezes ao dia


O Salmo 119:164 diz: “Sete vezes no dia, eu Te louvo”. O que você acha
que aconteceria em sua vida se sete vezes ao dia você louvasse?
E se parasse um minutinho, fechasse a porta e levantasse as mãos e
dissesse: “Deus, eu Te louvo e Te agradeço. O Senhor é muito sábio para
enganar-Se, por isso confio em Ti. Deus, eu Te adoro, és tremendo e digno
de ser louvado. Eu Te amo, Deus.”
Você não somente será fortalecido, como Deus será honrado!
Experimente isso neste momento. Mesmo estando estressado por causa de
um trabalho complicado ou convivendo com pessoas difíceis. Mesmo em
meio a uma dor insuportável.
Não importa se você tiver que louvar com lágrimas rolando. Louve, por-
que há poder no louvor. Vai ser um sacrifício de louvor, mas vai renová-lo.
O louvor é um antídoto contra o estresse.
Sei disso perfeitamente porque vejo o que acontece comigo quando es-
tou louvando. O que está me incomodando sai da minha mente. O cansaço
desaparece. A dúvida evapora, e a certeza nasce.
A segunda-feira chegou, e o telefone tocou logo cedo. “Sim, sou a Sra.
Mary. Não posso ir. Como chamar minha família? Então me aguardem.
Logo estarei aí.” Com o laudo em mãos veio a paralisante informação que
em questão de dias eu estaria surda, muda, sem engolir e com comprome-
timento respiratório. Não. NÃO. NÃOOO.
Rasguei o comunicado, de que estava ciente, que me deram para assi-
nar. Diziam ser um achado! Encaminharam a “paciente” para a neuroci-
rurgia. Eu gritei que estavam loucos. “Olhem para mim: inteira e plena.”
Solicitaram repetição do exame em outro laboratório. Pediram que meu
esposo estivesse presente para darem o novo-mesmo-igual-novamente
resultado.
12 Como a dor me curou

Confiança
Meu objetivo era não incomodar ninguém. Eu era capaz de deci-
dir meu futuro sozinha. Chamam essa fase de negação. Quando eu
conseguia dormir, não queria acordar. Em poucos dias eu estava fra-
ca, tão fraca que nem oração eu conseguia pedir. Percebia que falar
iria me desmoronar, e isso não combinava comigo.
Um grande negócio surgiu e iria demandar muita energia, o segredo
precisava ser dividido. Essa energia precisava ser poupada para... sei lá...
para viver. Viver com mais tranquilidade sem ter nada pressionando.
Já tinha se passado um mês. Parece que não foi tão difícil guardar
segredo. Para não ver a tristeza nos olhos daqueles que nos amam esse
segredo seria guardado por uma vida inteira se fosse possível.
Chegou então o momento. Isso não poderia ser adiado mais nem
um minuto. Foi gaguejando, respirando lento, entre lágrimas:
– Amor, esse negócio que surgiu é muito bom, mas e se a gente
precisar parar de produzir no próximo ano? Estamos com a reserva
financeira pequena. Isso foi de admirar porque não é normal ter bons
negócios por aqui.
– Continue!
– Essa perda auditiva não é uma simples surdez acidental nem
herdada, é uma lesão extensiva que está numa região delicada e com
crescimento para o hipoglosso. Consequentemente a capacidade de
engolir e falar será perdida. O tratamento é cirúrgico.
Seguramos fortemente nossas mãos. Solucei.
P.S.: Luizinho, sua forma de reagir quando a casa cai ou se algo
bom acontece e sua personalidade firme e sua constância me tra-
zem muita segurança. Isso é de grande valor mais uma vez. Não
foi sem razão que você foi o escolhido, enviado pelo Pai. Foi bom
dividir esse segredo porque ter você orando e ajudando a tomar
decisões ajuda a tornar o peso mais suave. Além do que o doutor
advertiu que não atende “paciente impaciente” desacompanhado
num caso assim.
Como a dor me curou 13

Paz
Era véspera de Ano Novo. As meninas nos estágios. Junia com clien-
tes para fotografar. Lorena viajando à Argentina. Etiene escolhendo re-
pertório do novo CD, se preparando para gravar. Todas elas estão indo
para um lugar tão feliz. Não tem razão para inquietar ninguém agora.
Vai que foi um engano. O natural é repetir o exame em outro lugar, ir a
outro médico, quem sabe foi um erro. Médicos são humanos, e máquinas
também falham. Isso pode esperar.
Em momento de espera o que precisamos é estar em paz. Jesus estava pronto
para ir embora e poderia ter dito qualquer coisa, mas disse: “Paz esteja convos-
co!” Você sabe o valor da paz? Dinheiro, fama e casa grande, mas sem paz. O que
você tem? Nada! Cartazes com sua atividade pela cidade, uma empresa com seu
nome em letras garrafais e um título de doutor, mas sem paz, do que vale? Nada!
Livra-nos, Senhor, da capacidade de atribular nosso coração.
Deixo em Teus ombros o governo de nossas vidas, porque Teu
nome é “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz” (Isaías 9:6). Paz que não terá fim.
Não somos inteligentes o bastante para governar a própria vida e
por isso oramos: Interfere em nossas vidas, Senhor! Aumente Teu
Governo em nosso lar, em nossas ações, pensamentos e decisões
porque sabemos que esse é o processo que nos levará a ter paz.
Recebemos Tua paz. Recebemos Tua paz. Assim seja!

Entre no descanso de Deus


“Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus
tem dito” (Hebreus 4:3). Lágrimas, lutas e agonias não lhe trarão o des-
canso que você precisa. Você não precisa de descanso do trabalho, mas
descanso no trabalho. Descanso enquanto espera as promessas de Deus
se concretizarem. Descanso enquanto investe tempo e recursos em seu
negócio ou estudo. Descanso enquanto namora, se casa e cria os filhos.
14 Como a dor me curou

As mais preciosas bênçãos estão depositadas para nós, tanto em saú-


de e sabedoria quanto em dons espirituais. Precisamos nos dedicar ao
estudo da Palavra para conhecermos a vontade divina. Ir a Cristo em
oração. Assim fazendo todas as coisas nos serão acrescentadas. Todas as
preciosas bênçãos nos alcançarão.
Nossas paixões e vontades sem domínio nos levam à desobediência.
“Resta entrarem alguns nele [no descanso] e que, por causa da desobe-
diência, não entraram” (Hebreus 4:6).
Neste novo ano não queremos dizer: Senhor, este é nosso plano,
abençoa, por favor! Queremos dizer: Senhor, qual o Teu plano?
Queremos deixar a Tua vontade prevalecer acima daquilo que dese-
jamos, só assim entraremos no indispensável descanso divino. Feliz
ano novo!

Conhecer Aquele que sabe


Janeiro chegou e nada foi conversado com as meninas. Na volta da
Lorena ao Brasil, no fim do mês, quem sabe. Ainda falta mais consistên-
cia nos dados dos novos exames...
Estávamos vendo um programa de saúde na TV, bem abraçadinhos.
Incrível como aquele assunto estava ali, como se fosse para nos direcio-
nar. E estava!
Um renomado neurocirurgião contava sua rotina de trabalho.
Doutor Paulo Niemeyer Filho atraiu instantaneamente nossa atenção.
Era um aviso! Ele foi acionado na manhã seguinte e, avaliando os exa-
mes, abriu nosso conhecimento e também as portas que estariam fecha-
das sem a assinatura dele. Sem o nome dele teríamos que esperar meses.
Direcionou-nos para o doutor Jânio Nogueira, do Inca, que é especia-
lista na área exata da base do crânio que se encontra o tumor. Estamos
agora com os dois melhores médicos do Rio de Janeiro. Precisamos
mesmo de duas ou mais opiniões.
Lá ele apresentou uma linha de pensamento que se tornou uma en-
cruzilhada para decidir o caminho a seguir. Mostrou que existe, com a
Como a dor me curou 15

cirurgia, o perigo da perda da capacidade de deglutir, de paralisia facial


e da insuficiência respiratória. Ele nos fez saber que mexer com esse tu-
mor tem consequências. E agora?
Esse é um daqueles momentos que, sinceramente, não temos con-
dições de enxergar do outro lado. Pedir oração ou guardar segredo?
Aceitar que uma intervenção imediata resolve ou aguardar meses para
ver o que acontece?
Estamos buscando ouvir opiniões diferentes sobre o que fazer,
quando fazer e como fazer. Melhor do que saber o que fazer, é conhecer
Aquele que sabe exatamente o que deve ser feito.
Aquela confiança que recomendamos a tantos e pregamos vários
anos para outros está indicada mais do que nunca para nós mesmos
agora. Vamos aprendendo a confiar em Deus enquanto não podemos
ouvir Sua voz. É bem agora que conhecê-lo é importante, pois mesmo
se Ele não falar, sabemos que vai guiar.
Suas promessas na Bíblia não nos informam que Ele nunca nos dei-
xará? Então para que pré-ocupar? Vem chegando o momento que Deus
vai nos encaminhar para decidir sobre esse impasse. Se tivéssemos res-
postas para todas as perguntas de que nos serviria a fé?
Quantas vezes repetimos essa frase para multidões: Tenham fé!
Como foi fácil cantar, anunciar e pregar aos outros: FÉ! Sem fé não so-
breviveremos. Vamos passando esse bastão de fé para os filhos com a
maneira que reagimos diante do escuro. Está chegando a hora de con-
tar para as filhas todos esses acontecimentos. Saber o que as meninas
acham. Saber com o que elas concordam e discordam. Elas são bem
“opiniosas” e gostamos que seja assim.

Os Filhos Têm Opinião!


Há ocasiões em que é possível levar em conta a preferência dos filhos?
Temos autoridade para decidir entre esperar para saber como essa neopla-
sia se comporta ou partir para cirurgia, enfrentando todas as sequelas que
vêm com o bisturi. Temos também autoridade para largar ou continuar
16 Como a dor me curou

nessa atividade empolgante que desempenhamos, mas desgastante. Viagens e


pessoas são muito prazerosas, mas envolvem doação, dedicação, energia
e longos dias distante de casa. O que temos em questão para decidir é: bisturi
ou radioterapia (que não vai fazer a neoplasia desaparecer, mas vai impedir
de crescer). Irradiação tem um problema: leva, em longo prazo, a outro tipo de
tumor. Opinião: quanto mais, melhor.
Querer ouvir a opinião dos filhos seria abrir mão do comando? Será
que Deus abriu mão do Seu comando quando deixou Ló escolher entre a
montanha e uma cidadezinha próxima? Depois de anjos conduzirem Ló,
esposa e filhas para fora de Sodoma, disseram:
– Fujam! Corram sem parar e sem olhar para trás. Não fiquem no vale.
Vão para as montanhas e só parem quando chegarem lá. Só assim escapa-
rão com vida!
– Oh, não! – choramingou Ló – Para as montanhas, não, por favor! Deixem
que eu vá para aquela cidade pequena. Não faz mal que ela não seja destruída.
É tão pequena. Eu bem que podia fugir para lá e ficar salvo.
– Está bem, disse o anjo. Aceito sua proposta e não destruirei aquela cidade.
Mas corra depressa e não farei nada enquanto você não chegar lá.
Deus levou em conta o pedido de um filho amado e decidiu mos-
trar bondade com ele nessa questão (Gênesis 19:15-22). Pais que se
acham absolutos estão se distanciando de seus filhos, que têm cérebro
pensante e inteligente. Se quisermos a amizade deles, precisamos ana-
lisar suas opiniões e levar em consideração suas ideias. É isso; coragem!
Diálogo!

Deus tem o plano B


(Parêntesis para ouvir o choro de um relacionamento interrompido.)
A vida continua! Três filhas entre 23 e 24 anos. É muita emoção. Ah, co-
ração. Deixe-me viver esse amor! Deixe-me ouvir esse choro de um coração
ferido pelo rompimento de um namoro. Parece até que se esgotaram todas as
possibilidades do mundo. Dispensar ou ser dispensado não é nada diver-
tido. É uma ferida dolorida.
“É impossível ter um dia
feliz hoje com a ferida de
ontem aberta. Abra mão dessa
bagagem emocional, porque
hoje é um novo dia!”

vidademary
18 Como a dor me curou

É impossível ter um dia feliz hoje com a ferida de ontem aberta. Abra
mão dessa bagagem emocional, porque hoje é um novo dia! Não pense no
tempo que gastou com essa pessoa, esperando uma reação tão diferente
da que ele(a) tomou: exatamente o oposto do combinado. Você sente que
desperdiçou horas, quem sabe dias e meses? Deus tem um plano reserva
para fazer você feliz!
Olhe este caso de um filho chorando por algo que Deus terminou, mas
que ele ainda estava agarrado, vivendo no passado: Samuel investiu muito
tempo, deu muitos conselhos ao rei Saul. Quando percebeu que ele não
estava disposto a se arrepender, sentiu pena dele. Saul entristeceu muito a
Deus e a Samuel, fazendo somente parte do que fora combinado.
Samuel estava demorando a se recuperar de sua tristeza, e como essa
pena não terminava o Senhor disse a Samuel: “Até quando você vai chorar
por Saul? Estou lhe enviando para ungir outro rei” (1 Samuel 16:1).
Todos nós ficamos assim, desapontados quando o plano original fra-
cassa. Mas assuma uma nova atitude, a posição de se ajustar e se adaptar à
nova realidade dos próximos dias. Acredite, eles virão cheios de esperança,
dirigidos por Aquele que é o Alfa e o Ômega. Aquele que vê o fim desde o
princípio. Acredite. “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos Teus planos
pode ser frustrado” (Jó 42:2).
Parece que não, mas essa filha tem noites sem dormir por causa desse
rompimento. Uma semaninha a mais se pode adiar. Não seria justo expor o
que nos espera agora, pois vai ser mais uma bomba para ser administrada.
Não podemos fazer isso agora!

Equipados para o futuro


Março de 2010. Dois eventos estavam para acontecer: a cirurgia e/
ou a gravação ao vivo do DVD Dependo de Ti, em comemoração aos
30 anos de louvor, no Centro Esportivo Miécimo da Silva.
Faltando poucos meses, não temos ainda patrocínio definido para
cenário, iluminação e outras tantas miudezas que somadas se tornam
um gigante quase intransponível. Todos os DVD que chegam até suas
Como a dor me curou 19

mãos tiveram suor, empecilhos, obstáculos enormes que, se não in-


sistíssemos, os projetos estariam engavetados e perdidos.
Se passássemos por nossas vidas sem nenhum obstáculo, não se-
ríamos tão fortes quanto poderíamos ter sido. Se você ajudar uma
borboleta a sair do casulo, ela terá suas asas encolhidas e corpo mur-
cho, de forma que não conseguirá manter o voo sustentado pelo seu
corpo. Aquela força para se desprender do casulo apertado faz com
que um fluido do seu corpo passe para as asas, possibilitando assim a
sua abertura, sua beleza e seu vôo.
Assim também acontece com a águia dentro do ovo. Ela passa dias
e dias no interior do ovo, batendo forte com seu bico, usando-o como
se fosse um afiado dente, até quebrar a casca. Algumas pessoas já ten-
taram ajudar esse rompimento, mas causaram a morte da águia. Esse
esforço é justamente o que necessitam para não ficarem aleijadas ou
morrerem.
Você tem algo a vencer. Cristo diz: “O vencedor de nenhum modo
sofrerá dano da segunda morte”, e, ao que vencer, “lhe darei uma pe-
drinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo”. Ele tam-
bém diz que, ao vencedor, dará vestiduras brancas e autoridade sobre
nações, além de sentar-se no trono (Apocalipse 2:11, 17, 26; 3:5, 21).
Muitos querem os prêmios prometidos ao vencedor, mas não querem
dar nenhum passo. Querem a glória, mas negam a cruz. Não que-
rem transformação, querem apenas transladação.
Precisamos da experiência da luta para estarmos equipados para o
futuro. Sem esforço para sair do casulo, nunca poderemos voar. Sem
persistir, o ovo não romperá.
Lá vamos nós, confiando em Deus para ultrapassar barreiras e cor-
tar obstáculos. Ele promete que nos fará “um trilho cortante e novo,
armado de lâminas duplas; os montes trilha[remos], e moer[emos], e
os outeiros reduzir[emos] a palha” (Isaías 41:15).
P.S.: Saiba que os DVDs e CDs, que chegam nas plataformas digi-
tais, são produzidos com lágrimas, suor de muito trabalho e muitas
noites em claro.
20 Como a dor me curou

Não Desperdice a Dor


Plantão à noite no hospital Silvestre. Faculdade de dia. Crianças cho-
rando. Cachorro latindo. Telefone tocando sem parar. Vizinho doente
mental gritando. Foi preciso usar um silicone para bloquear o som externo
e conseguir dormir um pouco. Assim era minha vida quando minhas fi-
lhas eram bebes até acontecer um “ai, ai, ai”. Para conseguir dormir de dia
eu precisava bloquear o som e usava silicone de piscina no ouvido. Um
dia, dividi o silicone, coloquei nos ouvidos e... entrou e não saiu... ai, ai, ai.
Inexplicável! O mais engraçado era que o Luiz Claudio me chamava de
vizinha de travesseio, de coisinha, e eu, com o ouvido tampado, entendia:
“O quê? Você vai arrumar a cozinha?”
Naquela manhã, Luiz Claudio me perguntou:
– Minha Coisinha, do que você tem medo?
– Meu maior medo é imaginar a possibilidade de incomodar algu-
ma pessoa e depender de alguém para cuidar de mim. Isso é inconcebí-
vel. Minha dor é saber que o risco da cirurgia é não mais poder engolir
nem falar. Até que não falar, não seria tão mal assim. Que sossego seria,
hein? Mas amo falar. Amo!
– Já pedi tanto para você falar menos, mas não posso imaginá-la
sem falar. O milagre vai chegar. Tenha esperança!

Prisioneiros da esperança
Não podemos mesmo escolher o que acontece em nossa vida, mas pode-
mos sim escolher como reagir a tantas situações que chegam sem aviso prévio.
Ah... como temos aprendido que Deus pode tomar essas experiên-
cias ruins e fazê-las trabalhar para nosso bem. É crendo nessa verdade
que dormimos e acordamos. Isso tem nos ajudado a atravessar e es-
quecer a dor. Não devemos desperdiçar o sofrimento ao permitir que
ele nos torne impacientes e amargurados. Tudo de bom e de ruim está
cooperando para o nosso bem.
Como a dor me curou 21

Ainda que com essa ferida, prefira escolher estar preso à alegria
e à esperança. “Voltem à sua fortaleza, ó prisioneiros da esperança”
(Zacarias 9:12, NVI). Esse prisioneiro da esperança é alguém que não
perde a expectativa de que Deus está fazendo algo mover a seu favor.
Somos nós.
Mesmo com tantas coisas decepcionantes acontecendo na vida,
quando nos recusamos a perder a esperança temos uma promessa: “A
vergonha e a desgraça que vocês passaram eram duas vezes mais do
que mereciam; mas agora vocês viverão no seu país, onde receberão
o dobro de riquezas e serão felizes para sempre” (Isaías 61:7, NTLH).
Quando nos livramos de um problema, outro vem ocupar o lugar
do anterior. Mas Deus tem duas alegrias para cada tristeza que passa-
mos. Ninguém teve mais problemas que Jó, mas ele esperou por algo
bom: “Eu, porém, esperarei por melhores tempos, até que as minhas
lutas acabem” (Jó 14:14, NTLH).
O que você está esperando? Nada? Só um pouquinho? É o que você
espera que você receberá. Não custa nada ter esperança, mas vai custar
muito caro viver sem ela. Nós vamos “ficando pra baixo”, acordando
pela manhã sem vontade de levantar e, à noite, indo para cama sem
vontade de dormir… desencorajados... só ladeira a baixo.

Não reclamar
Não teria semana melhor do que essa. Sem aulas. Sem compromissos.
Horas e mais horas para conversar sobre os últimos acontecimentos. Na
viagem, no engarrafamento. Elas estavam uma hora num cochilo tão gos-
toso, outra hora numa euforia de tanta felicidade. Carnaval no Espírito
Santo com 2 mil jovens. Praia, muita comida prontinha na hora, uma
pousada aconchegante. Sol. A travessia de uma ponta a outra no mar do
acampamento. Culto toda noite e toda manhã. Muito Louvor. Tudo tão
harmonioso. Como estragar essa festa?
Vai ser um transtorno, mas elas precisam viver essas situações. Precisam
se juntar em oração e participar desse milagre. Precisam nos acompanhar
“Teremos que passar pelo
fogo, mas ele não nos
queimará. Passaremos pelas
águas, e elas não nos
afogarão. Passaremos pelo
vale da sombra da morte, mas
não temeremos mal algum.”

vidademary
Como a dor me curou 23

na busca do caminho certo. Não podem ser privadas desse momento.


Ninguém conhece o desfecho, mas, haja o que houver, será para nossa sal-
vação e para glória de Deus.
Mesmo que tenha sido por amor, essa demora de abrir “o verbo” sobre
o que está acontecendo vai custar muita chateação. Podemos nos preparar
porque elas vão reclamar!
A sensação que temos do momento atual é que todos decidiram recla-
mar. Reclamar do governo, da violência, do trânsito. Reclamar porque o
dólar sobe muito ou porque despencou. Reclamar do emprego e do chefe.
Achar a vida uma rotina, e a comida sem graça. Reclamar dos pais: ou por-
que são muito cuidadosos ou por serem relapsos. Reclamar dos filhos por-
que são pequenos e nos ocupam ou reclamar dos filhos porque cresceram
e não nos incluem em suas vidas. Reclamar dos irmãos que incomodam
ao usar suas coisas ou reclamar porque é filho único. Reclamar da mãe que
não fala o que precisa e em contrapartida fala muito aquilo que não deve.
Reclamar e reclamar.
Foi assim que começaram um bate-boca. Não foi como planejado. Foi
numa tentativa de caminhada na praia. Lorena lamentava e se mostrava
insatisfeita com a mãe se expor tanto, falando da nossa intimidade com
amigos, tudo na brincadeira, mas que incomodou. Paciência. Foi então
que ela me ouviu dizer:
– Faço tudo direito, fiquei calada quando fulano me contava do seu
problema nas cordas vocais e do cisto no fígado. Quando fico quieta nin-
guém está lá para ver. Quando acerto falando pouco ninguém repara, mas
quando me excedo, perco um pouco o limite e falo demais, sou quase ape-
drejada. Mas isso vai ter um fim logo porque tenho um diagnóstico que
promete que em breve não falarei.
Pausa. Foi um misto de perguntas, choro e chateação ao extremo. Pela
forma como foi. Foi choro num dia e no seguinte dor de cabeça e vômitos.
O mundo estremeceu.
A conversa durou horas – Lorena e o pai. Pode imaginar as pala-
vras de confiança e apreciação pelo que Deus tem feito por nós até aqui.
Precisamos encontrar algo para expressar apreciação. Murmuração e de-
sobediência a Deus provocaram, no passado, a punição de um povo que,
24 Como a dor me curou

depois de ser liberto do Egito, seguiu insatisfeito. Estamos em nossa via-


gem rumo à Terra Prometida. Não encontramos neste deserto as delícias
que teremos ao chegar lá. Vamos nos posicionar de maneira diferente dos
nossos antepassados e trazer à memória sempre aquilo que nos dá espe-
rança. Mesmo agora.

Nem sempre é do nosso jeito


Estamos em março. Dentro de seis dias será realizada a embolização.
Uma taquicardia e um silêncio tomaram conta de mim. A embolização é
o procedimento feito dias antes da cirurgia, no qual a nutrição e irrigação
que chegam ao tumor são cortadas para não haver hemorragia na hora da
cirurgia.
Senhor, nos aconselha, por favor. Faze-nos sentir certeza nessa hora.
Se o Senhor não comunicar isso dentro de nós, não poderemos permitir
essa cirurgia. Não queremos que seja do nosso jeito, sozinhos não pode-
remos decidir. Seja feita a Tua vontade.
Nossa aflição de hoje pode não ser cancelada ou removida conforme
pedimos em oração. Precisamos passar por ela, assim como Daniel passou
pela cova dos leões e seus amigos passaram pela fornalha.
A maneira como encararam a aflição foi um testemunho para aquela
geração. Foi o testemunho que o rei precisava ver. E foi o testemunho que
aqueles rapazes precisavam viver.
Teremos que passar pelo fogo, mas ele não nos queimará. Passaremos
pelas águas, e elas não nos afogarão. Passaremos pelo vale da sombra da
morte, mas não temeremos mal algum.
É certo que nós não queremos passar por esses lugares, mas é necessá-
rio que mudemos nossa maneira de ver as provações. Passar por provações
deveria ser um motivo de alegria (Tiago 1:2). Quando o caminho é áspero,
a perseverança tem oportunidade para crescer. Assim ficaremos com um
caráter forte, íntegro e perfeito.
Deus tem um plano específico para cada um de nós e trabalha de for-
mas diferentes com cada filho. Quando terminarmos de passar por esse
Como a dor me curou 25

vale e chegarmos do outro lado, teremos um testemunho para consolar


alguém.

Interromper os planos
do inimigo
Estivemos mais uma vez com o médico para saber mais detalhes so-
bre a embolização. Faltavam cinco dias para a realização do procedimento.
Tão atencioso. Explicou os pormenores. Passou muita segurança. Falamos
que ninguém entra numa cirurgia dessas sem antes buscar outro parecer e
vasculhar na internet tudo quanto for possível. Ele nos disse das vantagens
da idade, do privilégio de ter um plano de saúde com acesso ao que há
de melhor. Disse-nos da bênção de encontrar uma neoplasia no começo.
Quase nos convenceu. Fomos sinceros em dizer sobre a opinião no Inca.
Lorena chorou quando ouviu que a preferência da mãe é cuidar disso
quando ela se formar dentro de um ano. O médico nos abraçou. Ele se im-
porta! Na despedida, ele disse uma frase que teve impacto: “No lugar de
vocês, eu não esperaria.”
Oramos de dia. Acordamos à noite, oramos. Oramos enquanto esta-
mos aqui sem saber onde se encontra a sabedoria. Oramos agora, entre
uma frase e outra. Numa conversa ao telefone. Oramos. Se pudéssemos
ver o desfecho de tudo, não precisaríamos de oração. Por isso oramos. Orar
interrompe os planos do inimigo.
Experimente pedir a Deus o que você precisa sempre. Não coloque a
oração como último recurso a ser utilizado. É costume buscarmos resolver
os problemas da nossa maneira, até constatar que precisamos de Cristo em
todas as situações de nossa vida. Ele está a todo tempo pronto a nos ajudar,
de braços abertos para receber nossas súplicas. Seu interesse e cuidado por
nós duram a vida inteira.
Orar é conversar com nosso Amigo para que Ele possa suprir nossas
necessidades. É contar ao Amigo o que você deseja consagrar a Ele. Orar é
interromper os planos do inimigo.
“ Você não pode mudar sua
família. Também não pode mudar
seus filhos, tornando-os
aquilo que você sempre
sonhou. Pode somente
orar por eles. ”

vidademary
Como a dor me curou 27

Muitas vezes ficamos frustrados ao nos pegar tentando fazer algo que
só Deus pode fazer. Você não pode mudar sua família. Também não pode
mudar seus filhos, tornando-os aquilo que você sempre sonhou. Pode so-
mente orar por eles. Quando parar de dizer o que eles devem fazer e come-
çar a orar, dando um bom exemplo, as coisas vão acontecer. Se você não
ora, nada acontece. “Orai sem cessar” (1 Tessalonicenses 5:17).
Se você deseja ganhar seu cônjuge para o Senhor, vai conseguir com
uma vida amorosa em oração. Você não pode fazer ninguém amar a Deus,
mas pode orar para isso acontecer.
Não viva agoniado sobre o dia de amanhã; ore.
Não viva deprimido sem saber se vai conseguir solucionar tudo; ore.
Não viva frustrado se alguém ofendê-lo; ore por ele.
Não perca seu sono por receber uma crítica; ore por isso.
Não viva decepcionado com sua família; ore por ela.
Não passe seus dias tentando desfazer algo que só Deus pode fazer.
Tudo que você desejar, ore. Se você não receber é porque a resposta foi
“não” ou “espere”. Simplesmente creia: o que você precisa está a caminho.
Ore com fé. Repito: se pudéssemos ver o final de tudo, não precisaríamos
de fé nem de oração!

Não fale o que sente.


Fale o que sabe!
Junia Lane quase não teve tempo de respirar neste último ano. Fotos dia
e noite. Ela desembarca daqui a pouco de Recife, onde foi assaltada duran-
te uma sessão de fotos, em Boa viagem. Foi com um peso e voltou de mãos
vazias, mas viva. Glória a Deus! Chega para receber de “supetão” a notícia
que hoje está agendada a cirurgia.
Cirurgia que não estamos convictos que vá acontecer. Não agora.
Juninha chega para assimilar o que aconteceu nos últimos quatro meses e
ainda com dois pareceres diferentes dos médicos. Médico do plano de saú-
de e médico do Inca. Vai ser muita informação de uma só vez, mas “acho”
28 Como a dor me curou

que ela é mais forte do que eu “penso”.


Não passe seu dia repetindo o que você acha e sente. Se você se sente
desanimado e que suas orações não passam do teto, calma. Sua oração não
precisa passar do teto porque Deus está ao seu lado, ouvindo você!
Fale o que você sabe: sei que Deus me ouve. Sei que Ele me ama e sei
que sou forte em Cristo que me fortalece. Não é uma atitude de superio-
ridade nem de exaltação, mas uma atitude confiante de quem está além
do que sente.
Seu desânimo pode não ter motivo algum de fato, como também
pode realmente ter muitos motivos. Não sei. Mas sei que a verdade su-
pera os fatos.
E a verdade é que nenhuma dor dura para sempre. Você vai superar!
Repita: “Eu sou forte e creio que tudo de bom e de ruim que acontece
coopera para o meu bem porque amo e creio em Deus. ‘Diga o fraco: Eu
sou forte’ (Joel 3:10).”
Deus é onisciente, mas crer e falar sobre Aquele que cremos estabe-
lece para o Universo onde estamos e em Quem acreditamos (Romanos
10:10). Não saia contando suas fraquezas nem as fraquezas dos outros.
Você estará mais bem-disposto agindo assim. Fale que seu Redentor vive!

Fraqueza:
onde Deus trabalha
Hoje, às 13 horas, vai ser a embolização. Deixei meu celular esquecido
em algum lugar. Estamos no Inca, ouvindo opiniões e relatos de casos si-
milares. Ouvimos um caso de uma mulher com idade próxima à minha
que estava com indicação de cirurgia por estar sangrando. Outra mulher
não pôde ser operada por ter hipertensão e foi encaminhada para irradia-
ção. Ouvimos de outro que se alimenta por sonda por se negar a qualquer
procedimento por escolha própria. Ouvimos o meu coração pedindo para
não me deixar ir. Pelo Inca, a cirurgia deve acontecer no dia em que eu
engasgar. Esperamos que esse dia nunca chegue.
Como a dor me curou 29

Sentimos segurança nessa decisão de não comparecer à cirurgia por


hoje. Por hoje! Não se trata de covardia nem de falta de fé. Aliás, precisamos
de muita fé para deixar cirurgião, anestesista, equipe de enfermagem, UTI,
todos nos esperando. Buscamos a Terapia Gerson e, com a ajuda de uma
auxiliar de enfermagem adepta dos tratamentos naturais, conseguimos
mudar nosso estilo de vida. Voltamos para nossa vidinha. Vida! Voltamos
felizes, convictos de que fizemos o certo. Esse espinho não conseguiu nos
desmotivar. Ao contrário, valorizamos mais cada minuto aqui com vocês.
Sentimos falta de estar com vocês, mas nos perdoe se em algum minuto
faltar de nossa parte alguma atenção.
Qualquer um pode ser simpático e sorridente quando tudo está bem.
Qualquer um pode ser legal quando tudo está acontecendo normalmen-
te. Sem doença, sem ninguém o irritando, sem críticas, sem ofensas e sem
perseguições, você vai funcionar bem.
Precisamos mesmo é da capacidade para fazer trabalhos desagradáveis e
cantar durante esse processo. Precisamos da habilidade de derramar nossas vi-
das ajudando os que nunca nos dirão “muito obrigado”. Precisamos de poder
para amar os “não amáveis”. Precisamos do Poder que aperfeiçoa a fraqueza.
Cada fraqueza que temos é onde Deus pode trabalhar em nós. É certo
que precisamos nascer de novo para agir assim.

Vivendo com um espinho


Não sabemos qual era o espinho na carne de Paulo, mas sabemos que ele
implorou por três vezes para que fosse removido. A resposta foi negativa.
Um dos motivos era porque, com esse espinho, ele não correria o ris-
co de pensar que estava acima dos demais, com muitos dons. Para que ele
nunca viesse a se exaltar e pensar que não precisava de pessoa alguma.
Deus quer fazer algo por intermédio de nós, e Ele poderá parar de nos
usar se formos orgulhosos. Então Deus nos ajuda a permanecer humildes
ao nos enviar um espinho. Todos nós temos um.
Por três vezes Deus disse: “A Minha graça é o bastante para você. Não
vou remover seu espinho, mas lhe darei a ajuda para que você consiga
30 Como a dor me curou

viver se comportando como se esse espinho nem estivesse aí para feri-la


e esbofeteá-la.”
Podemos ter o poder de Deus porque temos alguma fraqueza. Nossa
fraqueza é onde Deus pode fluir com o Seu poder.
Você é abençoada mesmo que não esteja completamente saudável aos
olhos de uma tomografia no momento.
Você é abençoada com essas filhas que amam estudar e trabalhar, são
carinhosas e muito centradas no que fazem.
Mesmo que no atual emprego haja pessoas que a estressam, existem ou-
tras que você tem prazer em encontrá-las. Você é abençoada!
Somos abençoados por estar neste casamento e, mais do que nunca,
vamos expressar alegria com essa união de mais de 30 anos!
Pai, sabemos que estás aqui! Só com Tua ajuda estamos prosseguin-
do, vivendo como se esse espinho não estivesse aqui. Tua vontade é o
que mais queremos. “Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte”
(2 Coríntios 12:10).

Agora não temos mais segredos


A notícia acaba de chegar para Junia e Etiene. Ai, ai, ai! Mary estava
tão exausta que foi dormir. Só enviou essa cartinha por e-mail. Recebam
minha felicidade.

Ju, Eti e Lore,

Estou escrevendo porque se falar posso chorar.


Chorar dá ruga, né? Estou fora!
Gente, como o médico disse ontem: nem todos con-
seguem conviver com a presença de um tumor. Ele já
está ali quem sabe por quanto tempo. Mas a partir do
momento que se toma conhecimento de sua existência
um reboliço dentro de algumas pessoas acontece. O au-
tomático é querer removê-lo, atacá-lo o quanto antes.
Como a dor me curou 31

Não é assim em todos os casos. Em alguns raros casos


o aconselhável é ir monitorando sem incomodá-lo. Ele
está dormindo.
Estou feliz por estar enquadrada nessa classe. Tem
felicidade maior? Ainda vou perturbar vocês um boca-
do nesta vida!
Estou aqui ocupada tomando a direção exata que
Deus tem para mim, feliz da vida. Estou aqui ocupada
mostrando às pessoas que é possível gravar mesmo sem
condições financeiras. É o máximo. Amo. Amo.
Odeio cobrar alguns distraídos para não dizer a pa-
lavra “caloteiros”. Isso é o fim para mim.
Recebam minha felicidade.
Oro: Senhor, eu sei que Tu sabes que um tumor des-
pedaça mais o espírito do que o próprio corpo. Sei que
estás com Teus filhos durante o tratamento de um tumor
que não impedes. Então, não Te peço que me expliques
porque o evitas em uns e não o fazes em outros; o que Te
rogo é que, como tens pleno poder para remover todos os
que quiseres que, neste caso, Tu o faças, com ou sem bis-
turi, conforme a Tua vontade. Mas não quero bisturi. Ai,
ai, ai. E que durante todo o processo o Teu Espírito esteja
de plantão à porta de nossa alma, para que a confiança
no Teu cuidado produza mais fé, mais esperança, sere-
nidade e certeza que nada foge ao Teu controle. Senhor,
nos ensina a dormir sem nos lembrarmos dele e acordar
sem a expectativa que tenha desaparecido. Ensina-nos a
ver que nada escapa dos Teus olhos, e tudo converge para
nossa salvação. Jesus, ainda precisamos de Ti!
Fiquem felizes comigo. E se cometi algum erro é por-
que amo ver vocês felizes.
32 Como a dor me curou

From: etiene_music@hotmail.com
To: marycarvalho123@hotmail.com
Subject: RE: feliz mesmo / Date: Fri, 12 Mar 2010 15:31

Mamãe, minhas orações estão sendo feitas todos os


dias por você! Eu também não durmo um dia sequer
sem me lembrar disso, às vezes nem acredito... Mas
agora entendo porque você ficou triste comigo quando
eu disse que não tinha fé para acreditar numa cura ex-
traordinária. Você não sabe o quanto me sinto pequena
por ter essa fé minúscula. Só que estou em completa
oração. Você é uma boba por não ter nos contado.
Eu sabia que alguma coisa errada estava acontecen-
do, eu te conheço dona Mary!
Mas eu ainda não consigo acreditar. É verdade.
De uma coisa eu sei... Se Ele não permite que uma
folha caia sem autorização, tudo tem propósito debaixo
do céu, Deus sabe...
Tenho orado para que Ele te de confiança e grite no
seu ouvidinho o que ele quer e acha melhor que você
faça...
Estamos com você! Do seu lado e no mesmo espírito
de oração!

Amo você...
Beijo... Eti.
Como a dor me curou 33

From: lorecarvalho@hotmail.com
To: marycarvalho123@hotmail.com
Subject: RE: feliz mesmo / Date: Wed, 17 Mar 2010 18:46:21

Mãe,
estou aqui na faculdade agora, num intervalo de
aula... Fico aqui até às 23 horas! Que saco!
Estou pensando em você... E sem querer querendo,
falando com Deus. Eu tenho tentado não conversar
muito com você sobre o assunto, sabe... Não sei se tá
certo (às vezes falo até demais), mas é que eu queria
que você soubesse que Deus está cuidando de você e que
a sua vida está nas mãos Dele. Por isso que às vezes pre-
firo fingir que nada tá acontecendo... Vamos “tentar”
viver normalmente porque está tudo sob controle.
Parece balela, ou quem sabe historinha simplesmen-
te agir de forma tal que esqueçamos o que está aconte-
cendo. Eu, particularmente, não consigo. Penso nisso
várias vezes. (Isso é um desabafo... não brigue comigo!)
Às vezes me pego muito triste e preocupada com você,
e me pergunto por quê... Mas, como já falei antes, eu
não quero ficar assim porque Deus está tomando conta
de tudo.
Vamos continuar orando para que Deus nos con-
ceda a tranquilidade e a paz que só vem Dele. Eu vou
tentar...
Me perdoe se às vezes eu não sei como lidar com
tudo isso...
Eu amo você! Muito, muito! Amor tão grande que
se fosse possível, eu iria fazer a cirurgia no seu lugar!

Beijos da sua caçula.


34 Como a dor me curou

From: marycarvalho123@hotmail.com
To: lorecarvalho@hotmail.com
Subject: RE: feliz mesmo / Date: Thu, 18 Mar 2010 14:37:15

Lore,
enquanto você me escrevia isso ontem, a Junia estava
me enviando a vida do Ben Carson, “Mãos Talentosas”.
Assisti na hora. Muito bom.
Dormi e até sonhei que estava com meia cabeça ras-
pada e com tudo resolvido.
No próximo exame, você pode conferir que não vou
ter mais nada. Fui operada num sonho. Rsrs. Bem que
poderia ser verdade, hein?
Sabe o que estou aprendendo nisso tudo? Enquanto
cuido dos outros (desses talentos), eu me esqueço de mim.
Enquanto cuido do que é Deus, Deus cuida de mim.
Lore, você tem tanta coisa para estudar e cuidar; sei
bem que você me ama mesmo, e eu também te amo.
Não queria deixar a vida de vocês suspensa com esse
incidente. Deus está cuidando de nós.
Fingir que nada está acontecendo é bom, sim. Não é
fuga, mas ainda estou me acostumando e cada vez que
remexo nisso, me assusto.
Quem sabe falando, repetindo, contando vai caindo
na normalidade e nem vai sangrar mais. Acho que vai
ser assim.
No começo do mês que vem, vou refazer a RM.
Daqui a 20 dias. Eu até durmo na máquina de RM. Na
última vez, cochilei. Está vendo como a gente se acos-
tuma com tudo?
Saiba que estou melhor do que esperava. Somos
mais fortes do que imaginamos.

Beijocas, te amo, M.
Como a dor me curou 35

É Grátis
Abril. Cinco meses se passaram. Ressonância magnética mensal. A le-
são cresce de um lado e diminui do outro. Inca encaminha para 30 sessões
de radioterapia. Doutor Milton Afonso, proprietário da Golden Cross,
dá um up no meu plano de saúde, o que nos leva a acreditar que um fa-
vor imerecido chegou. Com esse up, pude fazer radioterapia no Hospital
Albert Einstein. Essa maravilha tem preço? Qual é o valor exato que temos
de pagar para receber tudo isso?
As bênçãos não estão à venda. Temos a propensão de remunerar aqueles
que nos oferecem algum favor. “Venham, os que não têm dinheiro: comprem
comida e comam! Venham e comprem leite e vinho, que tudo é de graça. Por
que vocês gastam dinheiro com o que não é comida? Por que gastam o seu
salário com coisas que não matam a fome?” (Isaías 55: 1, 2, NTLH).
Passamos a maior parte de nossos dias tentando comprar o que Deus
já nos deu. Ele nos dá porque decidiu assim. Ele é Deus, e não devemos ar-
gumentar sobre Seu amor. “Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque
quem vai a Ele precisa crer que Ele existe e que recompensa os que procu-
ram conhecê-Lo melhor” (Hebreus 11:6, NTLH).
Esse é o valor a pagar por tudo que você pode comprar sem dinhei-
ro: buscá-Lo com sinceridade, crendo que Ele existe. Não precisa de nada
mais, é simples assim.
Pai, obrigado por levar nossas dores, fraquezas, doenças, culpas e
maldições. Por Tua ferida, nós fomos curados. Aleluias!

Receba essa troca


Este ano é o ano. Sirene alertando tsunami lá. Casas abandonadas por
desistência própria do pacto com a família aqui. Luta para viver até o res-
gate chegar debaixo de escombros lá. Suicídio por overdose aqui. Vulcão
poluindo e paralisando o céu lá. Vulcão parando nossa vida completa aqui.
Terremoto lá. Deslizamento de terra, assalto e violência aqui.
“Não fique debaixo da mesa
esperando migalhas. Você deve
agir como filho do Rei! Somos
príncipes, e Ele nos fez
muito ricos.”

vidademary
Como a dor me curou 37

Algum mal foi feito a você? Está chegando o dia que Deus irá corrigir
tudo isso. Ele diz que odeia a violência e o roubo, não só dos seus pertences,
mas da sua reputação (Isaías 61:8).
Não fique debaixo da mesa esperando migalhas. Você deve agir como
filho do Rei! Somos príncipes, e Ele nos fez muito ricos. Sendo rico, Ele se
fez pobre para que eu pudesse enriquecer (2 Coríntios 8:9).
Você não precisa ficar no último banco da igreja porque cometeu um
erro. Nem pense que vai entrar pela porta dos fundos no Céu, porque Ele
troca nosso pecado em um instante quando liberamos a fé, por sua justiça,
que nada mais é do que a aprovação de Deus.
Ele troca nosso luto por uma coroa e nos dá beleza ao invés de cinzas. Ele
perfuma você com alegria, e as lágrimas de tristeza deixarão seu rosto. Ele troca
nossa vergonha do passado e nos dá honra, alegria e riqueza em dobro. Ele
nos dá roupas de festa e louvor em vez de um espírito angustiado e abatido.
Ele consola todos os que choram (Mateus 5:4).
Eu me levanto para dar glórias por tão grande amor. Quem levaria as-
sim todo nosso lixo? Ele vem e troca tudo em nós. Ele levou sobre Si nossas
fraquezas e dores. Aleluia!

Para que espalhar


notícia ruim?
“Conte-me um segredo seu que eu conto para você um segredo meu.”
Foi esse o pedido dela.
Fico feliz de ter sua confiança, ao me contar sua vida pessoal. Isso é mais
significativo porque anos antes tive o controle de não espalhar uma notícia
ruim que acontecia em sua casa e que me foi confiada a sete chaves. Mas in-
felizmente alguém lá de dentro espalhou a tal notícia.
“O amor cobre multidão de pecados” (1 Pedro 4:8). Se alguém fez algo
que julgamos ser um escândalo, por que ficar mencionando? Nós também
não gostamos que comentem nossos escorregões. “O mexeriqueiro desco-
bre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre” (Provérbios 11:13).
38 Como a dor me curou

Noé plantou uma vinha, bebeu até se embriagar e ficou nu, deitado
dentro de sua tenda. Cam, vendo a nudez de seu pai, contou a seus dois
irmãos, Sem e Jafé. Estes não olharam a falta de sabedoria do pai, apenas
viram que ele estava em situação difícil por não saber o que estava fazendo.
Então disseram: “Vamos cobrir o pecado dele”. Pegaram uma capa e andan-
do de costas, com rosto desviado, cobriram a nudez de seu pai.
Quando Noé despertou de seu vinho, soube o que o filho mais moço
fizera e disse: “Maldito seja Canaã; seja servo dos servos de seus irmãos”.
E pronunciou bênçãos para os dois filhos que o cobriram (Gênesis 9:20-27).
Se pararmos de comentar tudo de ruim que ouvimos ou vemos – que
no meu dicionário recebe o nome de “fofoca” –, em breve estaremos me-
nos inquietos e mais felizes. Em silêncio, poderemos ouvir a voz de Deus.
Precisamos aquietar nosso interior para que, quando Deus falar conosco,
não estejamos em ambiente tão barulhento a ponto de não conseguirmos
ouvi-Lo. Assim estaremos atentos para o Seu comando.
“O que encobre a transgressão adquire amor, mas o que traz o assunto à
baila separa os maiores amigos” (Provérbios 17:9).

Duplicidade x Pureza
Ouvi seu segredo, mas tive que contar o nosso. Ela não acreditou, mes-
mo assim ouvi que nossa vida era invejável. A dor do pecado, de trair e ser
traído, é uma dor que não conhecemos. Supliquei que ela experimentasse
a santidade no Senhor. Ainda está em tempo de levar sua casa e filhos para
viverem no temor do Senhor. Sem duplicidade. Em pureza.
“Vocês, que têm a mente dividida, purifiquem o coração” (Tiago 4:8,
NVI). Duplicidade tem a ver com inconstância, com falta de compromis-
so. Com o humor num polo hoje e em outro amanhã. Somos chamados a
pedir ao nosso Pai: “Cria em mim ó Deus, um coração puro” (Salmo 51:10).
Coração de uma face só.
A ordem para sermos puros é o caminho para termos uma mente úni-
ca. Assim alcançaremos ânimos constantes, livres dos conflitos de uma
personalidade dividida. Estaremos livres das máscaras e da hipocrisia.
Como a dor me curou 39

Quando Jesus falou: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque ve-


rão a Deus” (Mateus 5:8), Ele estava afirmando que a pureza exige remoção
de tudo que pode nos separar da presença de Deus. Assim fazendo, seremos
felizes porque veremos diariamente a face de Deus. Se você tem a esperança
de ver a Deus, “a si mesmo se purifique todo o que Nele tem esta esperança,
assim como Ele é puro” (1 João 3:3).
Jesus se deu por nós para nos fazer limpos. Sabe o que é isso? Ele nos
coloca diante do Pai como seres puros, como se nunca nossos pés tivessem
caminhado no pecado. Aleluia!
Quem será capaz de viver diante do Senhor? “O que é limpo de mãos e
puro de coração, que não entrega a sua alma à falsidade, nem faz juramen-
tos com a intenção de enganar. Este receberá do Senhor a bênção e a justiça
do Deus da sua salvação. Esta é a geração dos que O buscam” (Salmo 24:4-6,
NAA). “Aborreço a duplicidade, porém amo a Tua lei” (Salmo 119:113).

Santidade: a beleza
fundamental
Nós nos distraímos demais com nossa aparência. Quanto tempo você
gasta cuidando de sua beleza? Comprando cremes protetores para dia e
cremes antirrugas para noite; mantendo a cor do cabelo, e as unhas feitas;
usando aparelhos para alinhar os dentes; aplicando laser para minimizar
estrias, comprando roupas e sapatos da moda.
Beleza não é casual nem acidental, mas o cristianismo por vezes é.
Cristianismo casual é achar que, seja qual for o estilo de vida que queiramos
viver, Deus entenderá. É pensar que o braço estendido de Deus está à disposi-
ção todo o tempo e toda a hora, esquecendo que o derramar de seu furor existe.
A graça de Deus não é permissão para oba-oba. É para ajudá-lo a le-
vantar e seguir um cristianismo não casual. A palavra de Deus está repleta
de promessas acompanhadas de condições: “Se me ouvir”, “se guardar”, “se
fizer”, “se atender”, etc. Ele nos dá a força para sermos santos como Ele é
se pedirmos e buscarmos.
“Maior que a beleza física
passageira, que tanto se
busca neste mundo, é a beleza
espiritual. Cuidamos de nossa
beleza espiritual quando
não pisamos na
santa Lei do Senhor.

vidademary
Como a dor me curou 41

Se nos conformamos com o mundo e descemos com ele ladeira a baixo,


como seremos embaixadores de Cristo?
Maior que a beleza física passageira, que tanto se busca neste mundo, é
a beleza espiritual. Cuidamos de nossa beleza espiritual quando não pisa-
mos na santa Lei do Senhor.
Podemos manter nossa beleza ao dar atenção ao que pensamos e falamos.
Você deseja para sua vida essa beleza que não é secundária? Essa é real-
mente a fundamental! Quantos estão perdendo essa beleza, e nós somos a
voz de alerta: “Adorai o Senhor na beleza da Sua santidade” (Salmo 96:9).
Nossa santidade é nossa beleza espiritual.
Quando eu olho para você, me lembro dos vários cultos que cantamos
juntos, “momentos de amor para sempre”, e também me lembro deste trecho
no meio do hino: “Enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que
teme ao Senhor, essa será louvada” (Provérbios 31:30).
Quando vejo nossas fotos só tenho a dizer: “Existe mais em você do que
as pessoas podem ver. Valeu a pena buscar a beleza da santidade!”

Temos um limite
“Por causa da obra de Cristo, chegou ele às portas da morte” (Filipenses 2:30).
Os exames foram para avaliação nos Estados Unidos. Aqui no Rio de
Janeiro estamos com os dois melhores neurocirurgiões de pescoço e cabe-
ça. Um diz: “Vamos deixar quieto até incomodar.” O outro diz: “Cirurgia
agora!” Ai, ai, ai! Quem está certo?
Teremos novidades sobre o que eles acham lá fora. Aqui no Brasil temos
a impressão de que lá eles sabem mais. Afinal de contas nossos médicos
sempre estão em congressos lá. Pode ser ilusão, mas gostaríamos de ter esse pa-
recer. Isso vai exigir trabalho dobrado para custear. Precisamos trabalhar
para nos manter. Sem trabalho, ninguém come. Trabalho e mais trabalho
faz bem. Trabalho tira a mente de nós. Mas precisamos impor limites para
esse corpo, pois...
Excesso de trabalho sem separar o devido tempo para repouso, mesmo
que seja na obra de Deus, não nos poupará de conhecer a fadiga, o estresse
42 Como a dor me curou

e até mesmo uma doença sem cura para a medicina humana.


Temos um exemplo claro na Bíblia: Epafrodito, o cooperador e compa-
nheiro de Paulo, adoeceu mortalmente por trabalhar em excesso.
Quantas vezes acho que sou impressionante e insubstituível! Pouco a
pouco me comprometo com tantas atividades, atropelando a hora e a qua-
lidade alimentar, ingerindo fast-food, pisando na lei do descanso e dor-
mindo pouco.
Nosso trabalho, por mais empolgante que seja, não deve ultrapassar os
limites de segurança. Nosso corpo é o escritório do Espírito Santo e se o
destruirmos, como Ele irá trabalhar? Cuide de sua saúde dando ao cor-
po uma revisão e uma manutenção constantes. Isso vai ajudá-lo a ir mais
longe.
Deus se compadeceu de Epafrodito, para que Paulo não tivesse tristeza
sobre tristeza, e o curou (Filipenses 2:25-30).
Deus pode nos curar, mas também precisamos nos cuidar, aprendendo
a dizer NÃO.

Aprenda a dizer “Não”


Muitas tarefas virão para nos tirar de nosso propósito, e precisaremos
dizer não para algumas coisas. Se aceitarmos fazer tudo que nos chega,
deixaremos de lado nosso objetivo.
São as raposinhas que destroem a vinha (Cântico dos Cânticos
2:15). O que você tem feito do seu tempo?
Quando jovens pensamos: “Posso ficar sem dormir. Posso comer
besteiras. Posso ficar sem água. Posso jogar tempo fora. Sou jovem!”
Engano! Estamos semeando em cada atitude de nossa vida e vamos co-
lher o que semeamos. Somos mordomos, e isso não se refere apenas ao
dinheiro, mas ao nosso tempo também.
Pense hoje um pouco mais na maneira como anda administrando
cada minuto do seu tempo. Faça uma lista de seus compromissos e ava-
lie se realmente há necessidade de atender a todos eles. Diga não a al-
guns que você está atendendo apenas para manter as aparências.
Como a dor me curou 43

Vale a pena ter mais tempo de qualidade com Deus. Tempo com a
família enquanto a temos. Tempo com aqueles que amamos.
Não temos como voltar o tempo para tentar fazer diferente. Haverá
uma hora que a cobrança de tudo o que fizemos, pelo modo que apro-
veitamos cada minuto que nos foi oferecido, chegará. Vamos comparecer
diante do trono para dar conta de cada ato, de cada motivação e, particu-
larmente, quero ter a certeza de estar tomando a direção que Deus quer.
Não gostaria de naquele dia ter arrependimento de coisa alguma!
Hoje estamos todos presos ao sistema de nossa sociedade: ocupados
o dia inteiro. Existe uma diferença entre estar ocupado e produzir algo.
Quantas vezes perdemos de vista nosso ideal de vida e ficamos frustra-
dos simplesmente porque nosso dia termina e não produzimos nada!
Gastamos nosso tempo naquilo que atravessou nosso caminho e não
naquilo que fomos chamados para produzir: frutos.
Em Atos 6, havia uma reclamação: as viúvas de alguns estavam sendo
esquecidas na distribuição diária. E os discípulos disseram: “Não é ­razoável
que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas” (Atos 6:2).
Vamos escolher sete homens de boa reputação para fazer isso (v. 3). E as-
sim os discípulos puderam continuar sua devoção e consagração.

Maio: Amo você, mãe!


Nada parte mais o coração do que ver mãe chorando. Isso é muito
raro, mas foi à noite, antes de dormir, que ela disse assim: “Vem che-
gando o dia que vocês procurarão ouvir minha voz, mas não estarei
mais aqui. Cada filho com seu “perrengue” que mesmo a gente omi-
tindo, ela percebe algo no ar. Mamãe, ora por nós.”
Colhemos frutos da misericórdia de Deus aos pais nos filhos de
geração em geração. Há uma herança, um legado de bênçãos, que
passa aos nossos filhos quando escolhemos o certo. Toda e qualquer
escolha que você faz afeta sua família.
Haviam se passado 300 anos desde a morte de Davi, e Deus ainda
tinha misericórdia para com a sua linhagem.
44 Como a dor me curou

O novo rei do Egito, que não conhecia a José pessoalmente nem


tinha laços de agradecimento com ele, estava apavorado: esse povo
havia se tornado maior que os egípcios em número e em força!
Foi então ordenado às parteiras que matassem todos os meninos
israelitas que nascessem. Eles representavam uma ameaça militar.
Quanto mais afligidos, mais eles se multiplicavam e se espalhavam.
Não devemos ficar alarmados com o mundo, mas o mundo é que
deve ficar alarmado conosco. Com nosso crescimento, com nossa
energia e a proteção de Deus sobre nós.
As parteiras tiveram temor e pouparam a vida dos meninos.
Como fizeram o correto, Deus fez bem às parteiras, que constituí-
ram família. Elas viram que a mão de Deus estava sob os israelitas e
tiveram medo de ir contra eles (Êxodo 1:8-21).
Feliz o dia que tivermos uma vida tão consagrada que seja possí-
vel aos outros perceberem a mão de Deus sobre nós. Você pode ouvir
o coração de Deus? Se você obedecer a Deus, isso afetará seus filhos.
Hoje eu digo: “Obrigada, mãe, por me ensinar a reverenciar a
Deus! Sabe como você me ensinou? Deixando-me ver você fazendo.
Deixando-me perceber em você uma vida guiada pelos preceitos di-
vinos, que tanto ensinou. Muito obrigado, mãe!”
“Quem dera que eles tivessem tal coração, que me temessem e
guardassem em todo o tempo todos os meus mandamentos, para que
bem lhes fosse a eles e a seus filhos, para sempre!” (Deuteronômio
5:29).

Para me sentir bem


Olha o rosto de felicidade pelo convite para estar no paraíso de Fernando
de Noronha. Nesses anos de viagens pelo Brasil ainda não tinha recebido um
convite para viajar juntinho como casal. Foi um espetáculo. A beleza de lá
está literalmente debaixo da água. Tartarugas gigantes, filhotes de tubarão,
peixes de várias cores e espécies, golfinhos passando perto de nós. Foi divino.
Mais do que toda beleza natural, foi a beleza de ver tantas pessoas se
Como a dor me curou 45

entregando ao Senhor. Beleza de poder ver ao vivo o milagre que foi ter
ali uma igreja, uma universidade (a Unisa) e a TV Novo Tempo em canal
aberto. Havia tempo que não nos sentíamos tão bem como nos dias em
que estivemos ali. Não víamos o tempo passar! Queríamos nos sentir bem
assim sempre.
Quer se sentir bem? Você precisa fazer seu exercício físico sabendo
exatamente o benefício que isso pode trazer para sua vida física e mental.
E a sua alimentação? Você olha para ela e analisa se o que você está jogan-
do para dentro vai ter algum proveito? E o seu trabalho, ele lhe dá prazer?
Vários hormônios do bem-estar e endorfinas são liberados quando você
faz o que gosta.
Quer se sentir bem mesmo? Repare se você tem dormido as horas ne-
cessárias. E se recuse a ficar o tempo todo preocupado. Entregue seus pro-
blemas aos cuidados de Deus. Gratidão e louvor trazem saúde.
Você não se sentirá melhor se apenas fizer planos desejando mudar.
É preciso tomar uma atitude. Atitude de amor e paixão por você mesmo.
Cuide-se, você merece! Enxugue sua agenda. Não passe seus anos sem se
sentir bem, só pensando no que as pessoas vão pensar se você diminuir
seu ritmo.
Sinta paixão por você! Paixão por outras pessoas recebe o nome de com-
paixão. Você quer se sentir melhor ainda? Exercite a compaixão sabendo que
ela é proveitosa para tudo. Proveitosa porque vem acompanhada de promes-
sa de vida agora e de vida que há de vir (1 Timóteo 4:8).
Comece agora mesmo a se sentir bem. Comece desde já a seguir o
Espírito Santo. Não importam os comentários. Importa você estar bem!
É a graça de Deus que nos mantém bem! Obrigada, Senhor.
A vocês que nos deram esse presente: mil vezes obrigada!

Ele sabe como você se sente


Hoje, feriado de Tiradentes, fiquei com as meninas. Lorena entrou no
meu e-mail e quis bisbilhotar segredos que nos confiam. Desabafos e pedi-
dos de oração. Pasta de mistérios guardada a sete chaves. Foi um desespero
“Pessoas maduras ainda
cometem erros, mas sabem o
que fazer quando erram.
Arrependem-se e seguem em
frente, deixando as coisas
que para trás ficam, sem
culpa nem prostração, sem
gastar tempo em sua
própria defesa.”

vidademary
Como a dor me curou 47

para arrancar o computador dela. Enfim, ela entendeu e cedeu.


Todos nós temos um passado que preferimos que ninguém sai-
ba. Deus pode usar essa falha para ajudar outras pessoas. Jesus sabia
como Pedro estava se sentindo e por isso pediu para Maria avisar aos
discípulos (que ele havia ressuscitado) e mencionar o nome de Pedro.
Você pode imaginar a alegria de Pedro quando Maria disse: Jesus fa-
lou seu nome!
Pedro estava no auge da depressão sabendo que tinha cometido
o maior dos erros. Sentia-se o maior dos perdedores. Pensava que
nunca mais teria o seu futuro recuperado com Jesus.
Dentre os doze discípulos, três estavam mais de perto com Ele:
Pedro, Tiago e João. Pedro fazia parte da “nata” e agora estava um
completo farrapo humano por ter negado Aquele que muito amava.
Em sua misericórdia, Jesus disse: “Vai e avisa aos discípulos e a Pedro
que estou aqui.” Ele via a agonia de Pedro.
Ele sabe como você se sente. Ele vê sua agonia. Ele ainda chama
seu nome. Tem um lugar para você no ministério. Ele já apagou, dele-
tou, Se esqueceu de quando, como e por que você O negou.
Deixe seu absurdo do passado ser curado e ser seu testemunho.
Não fique sufocado nesse canto remoendo tanta coisa feia que você
fez, pois Deus pega os seus absurdos e transforma tudo isso num
milagre!
A mensagem é clara: Vá e diga a meus discípulos e a Pedro que
ressuscitei (Marcos 16:7).
P.S.: Nem todos os evangelhos contam esse detalhe do nome de
Pedro ser pronunciado na ocasião da ressurreição.

Cresça!
O que mais a incomoda em você? Isso é pergunta que se faça para
uma mãe? Nem precisou vasculhar lá no fundo do baú. Sem muito
esforço, sem sombra de dúvidas pude dizer: “O que mais me incomo-
da em mim é querer saber tudo que está acontecendo toda hora em
48 Como a dor me curou

todos os lugares. Não só saber como querer controlar e dar opiniões.


Fico pensando que o mundo vai parar se eu não der meu palpite. Isso
é muita infantilidade, e me incomoda ser assim.”
Quer saber se alguém tem maturidade espiritual? Espere um pou-
co e observe sua “prosa”. Se em pauta estiver um assunto chamado “eu
e meus problemas”, você está diante de um bebê na fé.
Crescer espiritualmente envolve mais do que não perder nenhum
culto. É bem mais do que não ouvir música secular e ficar cantarolan-
do apenas hinos. Crescer espiritualmente está além de saber recitar
Salmos e Provérbios e ter versículos bíblicos para cada situação na
ponta da língua.
Maturidade espiritual se inicia na mente, alcança o comporta-
mento e é demonstrada nas conversas. Uma pessoa madura tem uma
visão certa das lutas, ela não age como se fosse algo estranho o que
está acontecendo em sua vida. Não se espanta com a ardente pro-
va que sobreveio, pois sabe que é destinada a testar nossa fidelidade
(1 Pedro 4:12).
Pessoas maduras ainda cometem erros, mas sabem o que fazer
quando erram. Arrependem-se e seguem em frente, deixando as coi-
sas que para trás ficam, sem culpa nem prostração, sem gastar tem-
po em sua própria defesa.
Seremos uma bênção para um mundo com problemas se prosse-
guirmos e passarmos da fase elementar dos ensinamentos de Cristo
para a maturidade espiritual.
“Seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo Naquele que é
a cabeça, Cristo” (Efésios 4:15, NVI).
Como a dor me curou 49

Vivendo o milagre
From: etiene_music@hotmail.com
To: marycarvalho123@hotmail.com
Date: Mon, 10 May 2010 14:56:50

Oi, mamãe... bom dia.


Esse fim de semana passei 12 horas na igreja ouvin-
do vários testemunhos de cura... do poder de Deus, de
milagres.
Glorifiquei muito a Deus por todas as curas realiza-
das. E me perguntei: “E se Ele não quiser curar?”
Tenho orado por você todos os dias. Tenho clamado
a Deus para que Ele cure você. Meu exercício de fé está
sendo feito sempre. Mas e se Ele não quiser curar?
Então cheguei a uma conclusão. Deus permite as
coisas por dois motivos, talvez existam mais, só que eu
só consigo pensar nestes dois: 1) para que a glória Dele
seja manifestada; 2) para a nossa própria salvação, pois
talvez não estivéssemos tanto aos pés Dele se não tivés-
semos necessidade de um milagre.
Meu desejo é os dois para você. Que a glória Dele se ma-
nifeste e que você seja salva todos os dias... salva por hoje,
recebendo o milagre para hoje, tendo a graça por hoje, lu-
tando por hoje.
Amo você... Fica em paz...
Deus está agindo mesmo sem entendermos!
Você é especial para nós... Você sabe disso. Para
mim, você é uma supermãe.

Te amo, Eti.
50 Como a dor me curou

Mary Carvalho (marycarvalho123@hotmail.com)


Enviada: segunda-feira, 10 de maio de 2010 16:50:39
Para: Etiene Pires (etiene_music@hotmail.com)

Então.
Eti, onde estão as pessoas que Jesus curou? Onde es-
tão as que Ele ressuscitou? Tem visto alguma delas por
aí?
Não tem saída. A cura vem hoje, mas logo à fren-
te está o destino para onde todos nós estamos indo: a
poeira!
A diferença é que uns estão sabendo e outros estão
indo sem ter a mínima noção. Sem nenhum preparo.
Sei perfeitamente que cada instante de tudo isso que
está acontecendo é porque Deus sabe que precisávamos
passar.
Preciso para hoje de estabilidade, sabe? Preciso para
hoje de um grande sorriso para atender às pessoas que
colocam suas expectativas de realizar sonhos aqui conos-
co. Sonhos de estar com uma colocação excepcional na
vida como você. Isso me levanta. Tenho muitas alegrias
durante o dia. Estamos com um alto privilégio nessa
missão que Deus nos confiou.
Preciso para hoje de sub-missão. rsrs
Não podemos desperdiçar essa função extraordiná-
ria, você enxerga isso?
Preciso embarcar na direção que Deus quer para
mim. Não reclamar. E dar graças. Quando cada médi-
co que olha meus exames pergunta: Você está engolindo
sem engasgar? Só posso dar graças porque isso já é um
milagre! Já estou vivendo o milagre.

Beijocas
Também amo você.
“Preciso embarcar na direção
que Deus quer para mim. Não
reclamar. E dar graças.
Quando cada médico que olha
meus exames pergunta: Você
está engolindo sem engasgar?
Só posso dar graças porque
isso já é um milagre! Já
estou vivendo o milagre.”

vidademary
52 Como a dor me curou

O maior despertar
Quando surgem as dificuldades, acordamos e tomamos consciên-
cia de nossa vida. Começamos então a permitir que a vida tenha um
sentido maior todo dia. É um despertar. O maior deles. Acordar
para termos aquele senso infantil de “maravilhamento” de que esta-
mos aqui para perceber, curtir todos os momentos e pessoas.
Estranhamente isso acontece nos momentos mais difíceis da vida:
separação; doença; perda de uma pessoa querida, de um filho, de um
emprego estável; são nesses momentos que caímos de joelhos e nos
abrimos para ver o que faremos com a vida. Nosso coração pode se
abrir em oração e receber o consolo e a direção de Deus; mas, se lu-
tarmos contra esses momentos, viveremos a vida pela metade.
Deus nos permite seguir, não importando o que esteja acontecen-
do conosco. Quando estamos ligados a Ele, não importa, surgirão di-
ficuldades e desafios, pois isso faz parte da experiência humana. A
ligação com Deus nos permite saber que, apesar de tudo, ficaremos
bem.
Queremos pegar todas as decepções, seja lá o que estivermos car-
regando, e entregar ao Pai para continuar vivendo melhor. Isso tem
acontecido.
Nada tem nos dado tanta força quanto o tempo que separamos
para ficar sozinhos com Deus. Passamos por um momento difícil?
Sim, mas não vamos desperdiçar essa experiência preciosa.
No começo perguntamos a essa dor: O que você tem a nos infor-
mar? Vemos você como uma amiga que quer nos ensinar. Assim tem
sido um aprendizado constante.
Poderíamos desistir e permanecer trancados em casa de pijama
na cama, mas podemos e devemos nos levantar e agir. É uma decisão
diária, um compromisso.
Aprendemos que, quando as piores coisas acontecem, esses são
os momentos mais sagrados. É aí que você vê quem você realmen-
te é. Passamos boa parte da vida tentando ser o que pensamos que
Como a dor me curou 53

devemos ser. O que a sociedade quer que sejamos. O que nossos pais,
nosso marido ou esposa querem. Você tem que ter uma imagem boa,
apesar de tudo. Gastamos tempo construindo isso.
Então, com a profundidade da perda, você descobre que importa ser o
que Deus planejou e que você é mais forte do que pensa.
Aprendemos também que existem forças negativas dentro de nós.
Forças do medo das limitações e do caos, e essas forças dizem: “Você não
pode mais fazer isso ou aquilo.” Mentira. Você pode realizar muito com
esse espinho. E realizar feliz.
Aprendemos também que da mesma forma que existem forças negati-
vas, existem forças positivas dentro de nós que nos estimulam e impulsio-
nam a viver como se o espinho não estivesse lá.
Achamos que não somos felizes devido à situação que estamos vivendo,
mas não somos felizes devido ao que não estamos vivendo.

Crer mesmo sem ver


Quando Davi se dispôs a lutar contra um gigante, o rei Saul argu-
mentou que ele era somente um menino. Mesmo assim, Davi não de-
sistiu da ideia. Ele começou a contar como vencera um leão e um urso
que tentaram atacar os cordeiros do seu rebanho. Ele falou que os
segurara pelo queixo e os matara bravamente a pauladas. E disse: “O
Senhor que me salvou das garras do leão vai me salvar desse filisteu.”
Lembrar de vitórias, recontar as lutas travadas e vencidas fortalece
a nós e aos que nos ouvem.
Davi não esperou ver para crer. Ele foi ao encontro de Golias,
anunciando a derrota do gigante. Ele não partiu cabisbaixo com a
boca fechada. Ao contrário, ele avançou dizendo: “Hoje mesmo o
Senhor entregará você em minhas mãos. Vou ferir e tirar sua cabeça,
e os seus soldados mortos eu darei às aves do céu. Deus entregará
vocês em nossas mãos” (1 Samuel 17:31-58).
Quando falamos de acontecimentos futuros com tanta convic-
ção como se já estivessem no passado, isso é fé. Relembrar vitórias
54 Como a dor me curou

passadas e anunciar as vitórias que virão são características dos


vencedores.

Surpresa de Deus
Podemos não ter todos os diagnósticos a nosso favor, mas Deus tem
sido nosso provedor de surpresas. Somos o motivo de Ele parar tudo, dei-
xar tudo e vir até nós.
Mesmo com essa incerteza de não poder estar inteiro amanhã, tenha ­paciência
com você. Erga a cabeça e deixe-O concretizar o que falta. Não se rejeite!
Davi foi “rejeitado” desde a época da escolha, entre os filhos de Jessé, de
um novo rei para Israel. Foi pedido que todos se apresentassem e passas-
sem perante Samuel. Davi, entretanto, não foi chamado porque estava no
campo, pastoreando e compondo hinos e salmos. Para alguns, isso seria
um bom motivo para dizer: “Esqueceram de mim, me sinto rejeitado por
isso. Agora, mesmo que precisem de mim, também não vou!” Mesmo es-
quecido pelos homens, ele havia sido o escolhido do Senhor.
Você pode não ser a escolha das pessoas, mas você é a escolha de
Deus. Ele vai realizar em sua vida todos os grandes planos que têm em
mente. Aleluia! Esteja disponível!

Desesperados por Ti
Como mudamos diante de um desastre. Como nos desesperamos após
uma grande calamidade. Você viu como estavam as igrejas nos Estados Unidos
após o 11 de setembro? Abarrotadas! Víamos nas revistas, nas janelas e nos car-
ros milhares de adesivos com pedidos de oração: “Deus abençoe a América!”
Precisamos agir como desesperados sempre. Faríamos melhor assim do
que buscar a Deus somente após um problema para descartá-Lo ­quando
o livramento chegar. Deveríamos buscar a Deus com ou sem problema.
Com ou sem pecado. Com ou sem doença. Precisamos estar cheios de vi-
bração, de zelo, e apaixonados sempre. Deus é nosso esconderijo seguro.
“No começo perguntamos a
essa dor: O que você tem
a nos informar? Vemos você
como uma amiga que quer nos
ensinar. Assim tem sido um
aprendizado constante.”

vidademary
56 Como a dor me curou

Como é feliz o homem que tem sua desobediência perdoada e encoberta!


Quando tentamos esconder de nós mesmos o nosso pecado, o resultado é
fraqueza, dor e aflição o dia inteiro. O peso da mão de Deus sobre nós faz das
nossas forças o que a seca faz com um riacho. E esse sofrimento continua até
que admitamos a culpa e confessemos o pecado (Salmo 32:1-6).
Não que Deus precise disso; afinal, Ele sabe de tudo. Mas somos nós
que precisamos. A página é apagada quando confessamos. Deus apaga e
ainda nos dá uma página limpa a cada manhã. Quando confessei, ele per-
doou. Por causa dessa experiência posso dizer: quem confia no Senhor
confessa sempre seus pecados, enquanto existe tempo para receber perdão.
“Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os
pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9).
Quando sairmos de uma adversidade, outra virá. Obrigado pelas afli-
ções que são bênçãos disfarçadas. Onde estaríamos sem elas? Queremos
manter sempre aceso o nosso “desespero” para estar contigo, Pai. O Senhor
nos preserva, ensina, aconselha e vigia com olhos de amor. Devemos em
toda ocasião cuidar de nossa vida espiritual.

Vida espiritual: um salto de fé


Somos mais do que esse corpo frágil. Somos seres espirituais. Você
pode ser espiritual seja qual for sua religião. Espiritualidade é reconhecer
que estamos ligados ao Deus de toda a criação.
Espiritualidade é um instinto, uma tendência natural. Temos o instinto
de amar, dormir, comer, trabalhar e prosperar. Temos instinto de buscar o
eterno.
As religiões foram formadas para responder a esse instinto. Formadas
para ensinar que a vida tem um significado.
Espiritualidade é esse anseio por algo mais. Esse desejo que busca algo
além. Temos a semente do eterno. Esse DNA divino, semente colocada em nós
quando aceitamos a Cristo, que nos diz que somos mais que mente e corpo.
Espiritualidade é entender que tudo que está acontecendo em nos-
sa vida não é só o que parece na superfície, mas há algo maior e mais
Como a dor me curou 57

profundo que nos ajuda a crescer, a nos tornar quem devemos ser, a nos
ligar mais a Deus.
A vida está acontecendo e, em vez de relaxarmos, estamos nadando
com toda força contra a correnteza. Isso é o oposto do instinto espiritual
que é relaxar diante dos mistérios da vida.
Espiritualidade é se colocar a serviço dos outros. É quando vem genui-
namente de dentro. Quando você vivencia suas trevas e recebe luz de ou-
tro, você deseja retribuir. Quando a ajuda vem de um coração aberto e que
já passou pela dor, não há nada igual a isso.
O caminho espiritual nem sempre é o mais fácil, mas é uma escolha de
tentar ao máximo sermos amorosos.
O mais importante é aprender a amar e perdoar uns aos outros. Quando
estamos diante de uma pessoa, vejo o que há de melhor nela ou a olho jul-
gando? Demonstro a compaixão que gostaria que demonstrasse por mim?
Ser espiritual é estar atento, ser mais gentil, solidário e atencioso. Existe
uma regra pra isso: desenvolver a mente, o coração e as mãos.
Sobre a mente: toda semana aprender algo novo sobre você mesmo e
algo novo sobre as outras pessoas, ou algo novo sobre uma opinião da qual
discorda.
Para o coração: no fim de cada dia identificar coisas pelas quais ser gra-
to. Gratidão é um exercício em longo prazo.
Para as mãos: a chave é todo dia fazer um ato de bondade para alguém
mais vulnerável.
Quanto mais praticamos, melhores nos tornamos. Se você pratica es-
tar ciente e alerta, vivenciando todas as maravilhas do mundo, você tem
grandes momentos de descoberta e se espanta: “Nossa! Agora entendo um
pouco mais a vida.” Com tudo isso damos um salto de fé.

Naquela noite foi diferente


Pedi mais uma vez para Te conhecer. A dor se tornava mais próxima de
mim. Ela me levava a escrever. Eu precisava dormir e não queria acordar com
o pesadelo de viver sob a pressão da decisão. Decidir entre operar ou aguardar.
58 Como a dor me curou

A pressão vinha com o chiado na cabeça. Era tão forte que se tor-
nou insuportável. Um som de panela de pressão que chiava só para
mim. No silêncio da noite, o zumbido sobressaía mais. Eu pedia a
morte. Para aliviar e induzir ao sono, me aconselharam a colocar uma
música suave. Prestando atenção na música, eu perderia de vista o
chiado. Era assim. Uma palestra com voz calma também me ajudava
muito. Toda a atenção eu colocava na música e na mensagem, que me
embalava, enganando meu cérebro. Funciona muito bem.
– Não Te peço a cura. Eu Te peço que me deixes Te ver, me deixes
ver Teu rosto, Jesus. Quero sonhar Contigo.
Foi nessa noite. Eu estava dentro de uma UTI e só via as costas
do corpo médico diante de alguém. Eles corriam para salvar um pa-
ciente. Os jalecos eram azuis. No alto-falante chamavam: “Doutor
Branco, doutor Branco”.
Acordei para ir ao banheiro e, chateada, falei com o Céu que eu
não queria voltar ao meu local de trabalho! Nem em sonho. Aquela
cena era comum para mim. Passei minha vida dentro de hospital
dando plantão, e a chamada pelo “doutor Branco” acontecia quando
alguém estava em parada e a presença de todos os médicos era neces-
sária. ReCLAMEI. CLAMEI.
– Ei, meu Amado, me deixes ver Teu rosto. Quero sonhar Contigo.
Voltei a dormir, e o mesmo sonho retornou. Mesma sala. Mesma
correria. Mesmos aparelhos e medicamentos pendurados. Encostada
em uma quina da parede, eu só assistia. De repente vi quem era a pes-
soa que estava sendo salva. Era um menino. Ele sentou. Os olhos dele
encontraram o meu. Ele usava os braços e mãos para afastar aqueles
jalecos azuis e me olhou de propósito. Aquele olhar nos aproximou.
O olhar não era infantil. Era firme como o do dono do mundo. Ele
me olhou profundamente. Eu vi o menino Jesus. Eu vi Jesus e me ar-
repiei. Chorei. Agradeci por Ele me deixar conhecê-Lo. Vi o Mestre,
e não serei a mesma pessoa jamais. Ele estava no meu leito. No meu
lugar. Acordei, podendo senti-Lo e pedindo por um novo encontro.
Eu me preparo todo dia porque sei que ele vai se repetir. “Ele tomou
sobre Si as nossas enfermidades” (Isaías 53:4).
Como a dor me curou 59

Boletim recente
Em 2014, quando nossa última filha se casou, fomos incomodados por
Deus para deixar a cidade do Rio de Janeiro. Nossos pais, desimpedidos, se
casaram: minha mãe casou com o pai do Luiz Cláudio! Então ele e eu nos
tornamos irmãos. Ficamos só nós dois, como no começo.
Velhos sonhos de plantar, respirar ar puro, beber água de nascente e
acordar diante da natureza, que era o script de nossa adolescência, vieram
à tona novamente e com mais força.
O início de nossa união foi no interior de São Paulo, na Clínica Vida e
Saúde. Como funcionários, adquirimos uma casinha lá, e a Junia nasceu.
O banheiro de casa era do lado de fora. Tudo bem simples. Depois de uns
meses, fomos para Apucarana, Paraná, a convite de um padre.
Nunca chegamos a trabalhar na clínica do padre. Engravidei da Lorena.
Moramos uma temporada em uma Kombi abandonada e depois em um
porão de uma igreja católica. Passamos um grande perrengue com o quesi-
to banheiro. O fato é que não tínhamos banheiro em casa!
Todos os detalhes dessa história estão nos livros Casei e Agora? e Eu
Preciso Disso. O interessante é que, procurando uma permuta de nosso apar-
tamento por um imóvel no interior, encontramos um sítio com mais de 15 ba-
nheiros. Fechamos na hora! Nossa filha Junia e o esposo, Licius, vieram para o
sítio e construíram um celeiro para casamentos e mais alguns banheiros.
Essa curiosidade revela a promessa de Deus de dar o dobro de bênção
para cada tristeza sofrida. Nossa angústia nos primeiros anos de não ter
banheiro foi compensada em doses cavalares!
Estamos morando nesse sítio, em Guapimirim, nos últimos anos.
Temos nos dedicado a trabalhos de reeducação alimentar e desintoxica-
ção, como a autofagia com jejum terapêutico, um processo de regeneração
natural que ocorre em nível celular no corpo, reduzindo a probabilidade
do surgimento de algumas doenças, além de aumentar a longevidade.
Em 2016, o cientista japonês Yoshinori Ohsumi ganhou o Prêmio
Nobel de Medicina por suas descobertas sobre os mecanismos da autofa-
gia. Se você tem um estilo de vida ruim, se está sempre “beliscando” entre
60 Como a dor me curou

as refeições principais e comendo alimentos de má qualidade, seu corpo


não consegue ativar esse processo de autofagia.
Nosso sítio tem se tornado local de encontro para famílias e grupos de
igrejas. Mas nossa vida também é na estrada e em aeroportos. Sempre viajo
para dar palestras, e o Luiz Cláudio viaja como missionário e cantor da
gravadora Novo Tempo.
Sobre minha saúde? De zero a dez: nota nove! Tenho feito ressonância
anual, e o resultado é cada vez melhor.
Minha vida profissional de farmacêutica bioquímica se expandiu para
a área de epidemiologia do câncer e o mestrado em Assistência ao Paciente
Oncológico.
Etiene se casou com o André em Portugal e já tem filhos. Confira em
@etienepires.
Lorena, casada com o Diego, também tem filhos e, com a Junia, traba-
lha no @lapisdenoiva e @lapisdemae.
Espero poder abraçar vocês em algum momento aqui no Programa de
Reeducação e Desintoxicação ou em encontro de mulheres, de família, es-
tilo de vida ou em algum encontro nacional ou internacional.
Você pode acompanhar sobre Ciência e Fé comigo no @vidademary e
sobre ministério musical e estudo da Bíblia no @lc_luizclaudio.
Para casar aqui no sítio, agende: nossoceleiro.com/contato.
Para passar o dia conosco, envie um e-mail para
vamosadorar@hotmail.com.
Nós nos vemos por aí! Ou lá na nova Terra!

vidademary

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