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 1.

INTRODUÇÃO

Há o concurso de pessoas quando várias pessoas, com o mesmo objetivo, se reúnem para
cometer uma determinada infração penal. Já o concurso de crimes é quando uma mesma
pessoa comete vários delitos diferentes. Ainda, é possível que uma pluralidade de pessoas,
com o mesmo vínculo psicológico, cometa uma pluralidade de crimes, ocorrendo, neste caso,
o concurso de pessoas como, também, o concurso de crimes.

Assim explica MAGGIORE:

“é também um problema de concurso de penas. Assim como no concurso de várias pessoas


num mesmo delito se pergunta: Que pena deve aplicar-se a cada um dos coparticipantes?
Assim, no concurso de vários delitos cometidos por uma só pessoa se perguntará: Que pena
deverá aplicar-se a esta por todos os delitos que por ela foram praticados? É necessário
determinar, pois, qual é o regime penal a que deve ser submetido o que incorre em diversos
delitos”.

Este tema está regulado nos artigos 69, 70 e 71 do Código Penal Brasileiro.

2. CONCURSO MATERIAL OU REAL DE CRIMES

2.1. Introdução

O chamado “concurso material ou real de crimes” está previsto no art. 69 do Código Penal,
com a seguinte redação:

Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em
que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção,
executa-se primeiro aquela.

Primeiramente, temos que observar o conceito de ação. Em resumo, para os causalistas, que
adotam um conceito naturalista, ação é a conduta humana voluntária que produz uma
modificação no mundo exterior. A teoria social traduz o conceito de ação como sendo uma
conduta socialmente relevante, dominada ou dominável pela vontade humana.

A ação pode ser composta por um ou vários atos. Os atos são os componentes de uma ação e
dela fazem parte. Uma pessoa pode efetuar um ou vários disparos de arma de fogo em seu
inimigo, cada disparo é considerado um ato da ação, e a ação é única, matar alguém.

2.2. Requisitos e consequências do concurso material ou real

O art. 69 do Código Penal apresenta o rol dos requisitos e consequências em razão da adoção
da regra do concurso material. São requisitos “mais de uma ação ou omissão” ou “a pratica
de dois ou mais crimes”. Como consequência tem-se a “aplicação cumulativa das penas
privativas de liberdade em que haja incorrido”.

Se as infrações são cometidas em épocas diferentes, e são investigadas por meio de processos
diferentes e culminaram em várias condenações, não se fala em concurso material, mas, sim,
em soma ou unificação das penas aplicadas.

Segundo RÓGERIO GREGO, o concurso material acontece quando o agente, mediante mais de
uma ação o omissão, comete dois ou mais crimes que tenham entre si uma relação de
contexto, ou em que ocorra a conexão ou continência, cujos fatos criminosos poderão ser
analisados em um mesmo processo, quando, ao final, se comprovado, farão com que agente
seja condenado pelos diversos delitos que cometeu, ocasião na qual o juiz cumulará
materialmente as penas de cada infração penal por ele levada a efeito.
Se alguém adentrar em uma residência com a finalidade de cometer um roubo e ao ver uma
garota resolve estuprá-la, teremos a pratica de duas infrações penais realizadas em um
mesmo contexto (roubo e estupro). Neste caso, a regra é de julgamento simultâneo dessas
infrações e, caso o réu seja condenado em ambas, será aplicada a pena correspondente a
cada uma delas e, posteriormente, serão cumuladas materialmente. Diferentemente, se
alguém é condenado por estupro e tempos depois por latrocínio, as penas poderão ser
somadas ou unificadas, mas não se trata de concurso material, por falta de contexto entre os
crimes ou mesmo conexão ou continência.

Isoladamente, o juiz deverá encontrar a pena correspondente a cada infração penal


praticada.

2.3. Concurso material homogêneo e heterogêneo

O caput do art. 69 do Código Penal menciona “idênticos ou não”, por isso, podemos concluir
que existem dois tipos de concurso material, são eles o homogêneo e heterogêneo.
O concurso material homogêneo acontece quando o agente comete dois crimes idênticos. Já o
concurso material heterogêneo acontece quando o agente comete duas ou mais infrações
penais diversas.

2.4. Concurso material e penas restritivas de direitos

O § 1° do art. 69 do Código Penal diz:

§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de
que trata o art. 44 deste Código.

Como precisão, ALBERTO SILVA FRANCO explica este parágrafo:

“É perfeitamente possível a ocorrência de concurso material de infrações com a aplicação


cumulativa de penas privativas de liberdade que comportem substituição por penas restritivas
de direito, em regime também cumulativo. Se, no entanto, em relação a uma delas, a pena
privativa de liberdade não tiver sido suspensa, a substituição das demais, de acordo com o
art. 44 da PG/84, torna-se inviável. Obsta tal procedimento o § 1° do art. 69 da PG/84. Por
outro lado, no caso de aplicação cumulada de penas restritivas de direitos, a execução dessas
penas poderá se simultânea (suspensão de habilitação para dirigir veículos, por um fato e
prestação de serviços a comunidade, por outro) se entre elas houver compatibilidade, ou
sucessiva (duas penas de limitação de fim de semana) se tal compatibilidade inocorrer.”

3. CONCURSO FORMAL OU IDEAL DE CRIMES

3.1. Introdução

O chamado concurso formal ou ideal de crimes está previsto no art. 70 do Código Penal
Brasileiro, com a seguinte redação:

Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

A regra do concurso formal foi criada com o intuito de beneficiar o agente que venha realizar
uma única conduta que acaba gerando dois ou mais resultados também previstos como crime.

FONTÁN BALESTRA preleciona que existem duas teorias correspondentes à natureza jurídica
do concurso formal, são elas: teoria da unidade de delito e a tese da pluralidade. O autor
preleciona que diante da teoria da unidade existe apenas um delito. Para a tese da
pluralidade, a lesão de vários tipos penais significa a existência de vários delitos. No entanto,
ao final de seu raciocínio, o renomado autor dá preferência à teoria da unidade do delito.
               
3.2. Requisitos e consequências do concurso formal ou ideal

O art. 70 do Código Penal explica o que é indispensável para à caracterização do concurso


formal e quais são as suas consequências. São requisitos para à caracterização do concurso
formal a prática de dois ou mais crimes e que haja uma só ação ou omissão. E como
consequência tem-se a aplicação da mais grave das penas, aumentada de um sexto até
metade ou a aplicação de somente uma das penas, se iguais, aumentada de um sexto até a
metade; ou, ainda, se a ação ou omissão é dolosa há a aplicação cumulativa das penas e os
crimes resultam de desígnios autônomos.

O concurso formal admite tanto a modalidade de conduta dolosa, como também a


modalidade de conduta culposa, no entanto as consequências serão diferentes para ambos os
casos. Pode acontecer do agente não ter agido com culpa, mas havia meios que poderia
impedir o resultado, por exemplo, quando o agente se embriaga e ao dirigir mata alguém,
neste caso todos os resultados poderão lhe ser atribuídos. Ainda, é possível acontecer que o
agente haja com a intenção de realizar um único crime, um único homicídio, por exemplo, no
entanto ao efetuar disparo com arma de fogo atinja um terceiro.

Com precisão, ROGÉRIO GRECO nos fornece o seguinte exemplo e explica:

“Suponhamos que A atire em direção a B com a finalidade de matá-lo. Ao acionar o gatilho de


seu fuzil, o projétil atravessa o corpo de B, matando-o, mas também acerta C, que passava
pelo local, causando-lhe a morte. A conduta contra B foi dolosa e com relação a C foi culposa.
A última possibilidade se traduz na hipótese em que o agente, querendo os resultados, pratica
uma única conduta dolosa. Imagine-se que A, querendo a morte de B e C, arremesse na
direção deles uma granada que, explodindo, produz os resultados por ele pretendidos
inicialmente. Como a finalidade da conduta de A era matar as duas vítimas, valendo-se de
uma única conduta, será aplicada a última parte do art. 70 do Código Penal, pois, in casu,
teria agido com desígnios autônomos.”

No entanto, é importante observar que as consequências para cada caso serão diferentes de
acordo com a espécie de concurso formal – homogêneo ou heterogêneo – e também se agente
agiu com desígnios autônomos.

3.3. Concurso formal homogêneo e heterogêneo

O Código Penal trás soluções diversas para cada caso, a depender se o crime é heterogêneo
ou homogêneo.

Quando o concurso de crimes formal é homogêneo, o juiz, ao reconhecer o recurso formal,


deverá aplicar uma das penas, que serão iguais em virtude da prática de uma mesma infração
penal, devendo aumentá-la de um sexto até a metade.

Já para o concurso de crimes formal heterogêneo, o juiz deverá selecionar a mais grave das
penas e, também nesse caso, aplicar o percentual de aumento de um sexto até metade.

3.4. Concurso formal próprio (perfeito) e impróprio (imperfeito)

Tal distinção é atribuída de acordo com a existência do elemento subjetivo do agente ao


iniciar a sua conduta.

O concurso será reconhecido como próprio ou perfeito nos casos em que a conduta do agente
for culposa na sua origem, ou, também, na hipótese e que a conduta era dolosa, mas o
resultado aberrante lhe é imputado culposamente.

Ao concurso formal próprio ou perfeito é aplicado o percentual de aumento de um sexto até a


metade da pena.
O concurso será reconhecido como impróprio ou imperfeito quando o agente atua com
desígnios autônomos, almejando dolosamente a produção de todos os resultados.

No caso de concurso impróprio ou imperfeito, a regra será a do cúmulo material, a pena não
será aumentada em um percentual, mas, sim, serão cumuladas materialmente.

3.5. Concurso material benéfico

Em cada caso concreto, deverá o juiz, ao aplicar o aumento de pena correspondente ao


concurso de crimes, obsevar se, efetivamente, a regra do concurso formal está beneficiando
ou prejudicando o réu.

O juiz deve julgar o concurso de crimes de tal modo que não prejudique o réu.

3.6. Dosagem da pena

Quando se tratar de concurso formal próprio ou perfeito, aplica-se a mais grave das penas
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, devendo o juiz em qualquer caso, aplicar o
percentual de aumento de um sexto até a metade.

Quanto maior for a quantidade de infrações cometidas pelo agente, maior será o percentual
de sua pena; e quanto menor for a quantidade de infrações cometidas pelo agente, menor
será o percentual aplicado à sua pena.


4. CRIME CONTINUADO

4.1. Introdução

O crime continuado é tratado no art. 71 e parágrafo primeiro do Código Penal, com a seguinte
redação:

Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe
a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em
qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias,
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo,
observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.

Assim explica GIUSEPPE BETTIOL:

“A figura do crime continuado não é de data recente. As suas origens ‘políticas’ acham-se
sem dúvida no favor rei que impeliu os juristas da Idade Média a considerar como furto único
a pluralidade de furtos, para evitar as consequências draconianas que de modo diverso
deveriam ter lugar: a pena de morte ao autor de três furtos, mesmo que de leve importância.
Os nossos práticos insistiam particularmente na contextualidade cronológica da prática dos
vários crimes, para considerá-los como crime único, se bem que houvesse também quem se
preocupasse em encontrar a unidade do crime no uno impetu com o qual os crimes teriam
sido realizados. Da Idade Média, a figura do crime continuado foi trasladada para todas as
legislações [...]”. 
               
De todos os três tipos de concursos de crimes, o crime continuado é o que mais apresenta
divergência doutrinária e jurisprudencial.
O crime continuado deve ser aplicado de tal modo que beneficie o agente, devendo ser
desprezado sempre que ele for prejudicar o agente.

4.2. Natureza jurídica do crime continuado

Sobre a natureza jurídica do crime continuado, é importante estudar as três mais importantes
teorias, são elas: a) teoria da unidade real; b) teoria da ficção jurídica e c) teoria mista.

A teoria da unidade real entende como crime único as várias condutas que, por si sós, já se
constituiriam em infrações penais.

Já a teoria da ficção jurídica entende que as várias ações levadas a efeito pelo agente que,
analisadas individualmente, já constituíam em infrações penais, são reunidas e consideradas
fictamente como um delito único.

Por fim, a teoria mista entende que no crime continuado acontece um terceiro crime, fruto
do próprio concurso.

4.3. Requisitos e consequências do crime continuado

É no art. 71 do Código Penal Brasileiro que encontramos os requisitos necessários à


caracterização do crime continuado e, também, suas consequências.

São os requisitos: a) mais de uma ação ou omissão; b) prática de dois ou mais crimes, da
mesma espécie; c) condições de tempo, lugar maneira de execução e outras semelhantes; e
d) os crimes subsequentes devem se havidos como continuação do primeiro.

Já como consequências, temos: a) aplicação da pena de só um dos crimes, se idênticas,


aumentada de um sexto a dois terços; b) aplicação da mais grave das penas, se diversas,
aumentada de um sexto a dois terços; c) nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, aplicação da pena de um só dos crimes,
se idênticas, aumentadas até o triplo; e d) nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes,
cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, aplicação da mais grave das penas, se
diversas, aumentada até o triplo.

4.3.1. Crimes da mesma espécie

É possível que o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratique dois ou mais crimes
da mesma espécie.

No entanto, antes de tudo, é preciso saber qual é o real significado de crimes da mesma
espécie. Duas posições se destacam. A primeira posição considera como crimes da mesma
espécie aqueles que possuem o mesmo bem juridicamente protegido, por exemplo, furto e
roubo são das mesmas espécies. A segunda posição entende que crimes da mesma espécie são
aqueles que possuem a mesma tipificação penal.

Embora haja divergência jurisprudencial e doutrinária, a jurisprudência dos Tribunais


Superiores, em sua grande maioria, entende que crimes da mesma espécie são aqueles que
tiveram a mesma configuração típica (simples, privilegiada ou qualificada).

4.3.2. Condições de tempo, lugar, maneira de execução ou outras semelhantes

O art. 71 do Código penal exige que o agente atue em determinado tempo, para que sejam
aplicadas as regras do crime continuado. Esta regra, também, possui bastante divergência
jurisprudencial e doutrinária. Não existe uma fórmula matemática para se determinar tempo
exato, cada caso deve ser analisado de acordo com suas características.

Ainda, não é pacífica a questão da distância entre os vários lugares em que os delitos foram
realizados. Entende-se que para haver o crime continuado deve existir uma relação de
contextualidade entre os lugares. Por exemplo, é possível que uma mesma quadrilha faça
assaltos ao mesmo tempo em diferentes bairros ou cidades vizinhas, inclusive de outros
estados, a fim de confundir a ação da polícia.

A maneira como o agente agiu também é de fundamental importância pra caracterização do


crime continuado.

4.3.3. Os crimes subsequentes devem ser havidos como continuação do primeiro

As infrações penais posteriores devem se entendidas como continuação da primeira.

Existem três teorias que disputam o tratamento do crime continuado, são elas: a) teoria
objetiva; b) teoria subjetiva e c) teoria objetivo-subjetiva.

De acordo com a teoria objetiva, para o reconhecimento do crime continuado basta a


presença de requisitos objetivos que são as condições de tempo, lugar, maneira de execução
e outras semelhantes.

Para a teoria subjetiva, a relação de contexto entre as infrações penais é suficiente para que
se possa caracterizar o crime continuado.

Já para teoria objetivo-subjetiva, que possui natureza híbrida, exige-se tanto as condições
objetivas como o indispensável dado subjetivo.

A última teoria – objetivo-subjetiva – é a mais adequada para o Direito Penal brasileiro.

4.4. Crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça
à pessoa

O arts. 70 e 75 do Código Penal permitem expressamente a aplicação da ficção jurídica do


crime continuado nas infrações penais praticadas contra vítimas diferentes, cometidas com
violência ou grave ameaça à pessoa.

Por exemplo, será perfeitamente admissível a hipótese de aplicação das regras do crime
continuado àquele que, por vingança, resolve exterminar todos os homens de uma mesma
família rival a sua.

4.5. Crime continuado simples e crime continuado qualificado

Simples é o crime continuado nas hipóteses do caput do art. 71 do Código Penal: Quando o
agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma
espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes,
devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de
um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso,
de um sexto a dois terços.

Já qualificado é o crime continuado previsto no parágrafo único do art. 71: Nos crimes
dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa,
poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um
só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do
parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código.

4.6. Consequências do crime continuado

Quando se tratar de crime continuado simples, deverá ser aplicada a pena de apenas um dos
crimes se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto
a dois terços.

Já quando se tratar de crime continuado qualificado, o magistrado, após observar a


culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias, poderá aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, até o triplo.

4.7. Concurso material benéfico

Da mesma forma que devemos analisar o concurso formal, também devemos analisar o crime
continuado com o intuito de beneficiar o réu.

4.8. Dosagem da pena

Também, da mesma maneira que acontece com o concurso formal, seja simples ou
qualificado, o percentual de aumento da pena irá variar de acordo com o número de infrações
cometidas pelo agente.

4.9. Crime continuado e novatio legis in pejus

É possível que um agente cometa vários crimes em tempos diferentes, sendo alguns na
vigência de uma lei anterior e outros na vigência de uma lei mais rigorosa.

O STF tem decido reiteradamente no sentido de que a lei posterior, mesmo sendo mais
gravosa, deve ser aplicada como um todo.

Assim manda a súmula n.º 711 do STF:

A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO CRIME PERMANENTE, SE A


SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.

Este entendimento jurisprudencial não é pacífico na doutrina. Assim entende ALCIDES DA


FONSECA:

“na sucessão de leis no tempo, para o caso de crime praticado em continuidade delitiva, em
cujo lapso sobreveio lei mais severa, deve ser aplicada lei anterior – lex mitior” .


5. APLICAÇÃO DA PENA NO CONCURSO DE CRIMES

Quando o juiz reconhecer o concurso de crimes ele deve julgar, isoladamente, a pena de cada
infração penal, aplicando após as regras correspondentes a cada tipo de concurso.

É lição de ROGÉRIO GRECO:

“suponhamos que alguém tenha sido condenado por ter, culposamente, efetuado um disparo
com seu revólver, no momento em que o limpava, causando a morte de uma pessoa, bem
como produzindo lesões corporais em outra. O juiz deverá aplicar a pena de homicídio
culposo; em seguida, deverá encontrar a pena do crime de lesão corporal culposa; após
fixadas as penas, aplicará a regra do concurso formal heterogêneo, ou seja, com base na
maior das penas, que é a do delito de homicídio culposo, aplicará o percentual de aumento
de um sexto até a metade”.

6. MULTA NO CONCURSO DE CRIMES

Assim se manifesta o Código Penal Brasileiro:

Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente.

Podemos entender que este artigo quer dizer que nas hipóteses de concurso material,
concurso formal ou mesmo crime continuado, as penas de multa deverão se aplicadas
isoladamente para cada infração penal.
Este é mais um tema que não é pacífico pela doutrina. Assim explica ALBERTO SILVA FRANCO:

“Se se entender que se trata de um concurso de crimes, não há dúvida de que a solução será
igual à do concurso formal. Se, no entanto, se considerar que se cuida de uma hipótese não
de concurso de crimes, mas, sim, de unidade legal de infrações, ou melhor, de crime único, o
art. 72 da PG/84 não teria aplicabilidade e, nessa situação, a exacerbação punitiva incidiria
necessariamente na determinação do número de dias-multa, dentro do sistema de dias-multa
ora colhido na PG/84. Destarte, a divergência que já existe em nível jurisprudencial
persistiria”.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em resumo, o concurso de crimes é subdivido em concurso material, concurso formal e crime


continuado, com previsão nos artigos 69, 70 e 71 do Código Penal Brasileiro.

Há o concurso material quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes idênticos ou não.

Ainda, podemos dividir o concurso em homogêneo e heterogêneo. São chamados de


homogêneo os crimes que têm resultados idênticos, Já o heterogêneo são crimes com
resultados diferentes.

Quando há o concurso material, o agente deve ser punido pela soma das penas privativas de
liberdade.

Ocorre o concurso formal quando o agente mediante uma conduta (ação ou omissão) pratica
dois ou mais crimes idênticos ou não.

Já o crime continuado acontece quando o agente, reiteradamente, mediante mais deu uma
conduta, seja ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, sendo nas
mesmas condições de tempo, ação e lugar.


8. REFERÊNCIAS

BETTIOL, Giusepp. Direito penal. Campinas: Red Livros, 2000.


GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal – Parte Geral. Rio de janeiro: Impetus, 2012.
FRANCO, Aberto Silva. Código penal e sua interpretação jurisprudencial – Parte geral.
FONSECA NETO, Alcides da. O crime continuado. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.

http://www.euvouserconcursado.com/2014/03/direito-penal-concurso-de-crimes.html

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