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PUC/SP
Mestrado em Direito
São Paulo
2017
2
Mestrado em Direito
São Paulo
2017
3
Banca Examinadora
_________________________________
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_________________________________
4
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
This paper focuses on the legal control instruments of tax incentives, based on
a functional analysis of Tax Law. To achieve that, it proposes a return to the
origins of Tax Law, that is born within the Science of Finance and whose main
role is to regulate the mean to provide public requirements. Based on this
premise, it critically addresses the current legal framework of tax incentives and
the implications of applying the principle of equality in the extrafiscality.
Therefore, the intermediate chapters are devoted to the principle of equality, to
the notion of extrafiscality and to the concept of tax incentives. At last,
discusses the need to combine the legislative discretion regarding tax benefits
with the legal control instruments, especially those resulting from the application
of the principle of proportionality.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................... 12
3. EXTRAFISCALIDADE .................................................................. 50
10
INTRODUÇÃO
1
Compartilha-se do entendimento de Eros Roberto Grau no sentido de que a intervenção
expressa atuação estatal em área de outrem, in casu, do setor privado. Cf. GRAU, Eros
Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988: interpretação e crítica . 17ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2015, pp. 90-91. Entende-se que o Estado “intervém” pelo tributo
mediante interferência nas escolhas dos particulares pela concessão de vantagens ou
desvantagens de ordem econômica, isto é, desenvolvendo uma função promocional. Essa
espécie de intervenção é denominada por Eros Roberto Grau de intervenção por indução.
Sobre a função promocional do direito, cf. BOBBIO, Noberto. Da estrutura à função: novos
estudos de teoria do direito. São Paulo: Manole, 2007, p. 68.
2
Cf. BORGES, Souto Maior. Um Ensaio Interdisciplinar em Direito Tributário: Superação
da Dogmática. Revista Dialética de Direito Tributário, n.º 211, 2013, pp. 106-121.
15
3
FOLLONI, André. Ciência do direito tributário no Brasil: crítica e perspectivas a partir de
José Souto Maior Borges. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 336.
4
Contraposta à análise estrutural, no sentido exposto por Noberto Bobbio. Cf. BOBBIO,
Noberto. Da estrutura à função: novos estudos de teoria do direito. São Paulo: Manole,
2007.
16
5
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France,
pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 24º ed. São Paulo: Edições Loyola, 2014, p. 34.
6
VILANOVA, Lourival. As estruturas lógicas e o sistema do direito positivo. São Paulo:
Noeses, 2005, p. 85.
7
Para este trabalho, adota-se o conceito de princípios cunhado por Robert Alexy:
“princípios são normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível
dentro das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. Como mandamentos de
otimização, os princípios são caracterizados por poderem ser satisfeitos em graus
variados e pelo fato de que a medida devida de sua satisfação não depende somente das
possibilidades fáticas, mas também das possibilidades jurídicas”. Cf. ALEXY, Robert.
Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 90.
8
Constituição Federal, artigo 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes: [...] II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei.
17
9
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2010,
p. 27.
10
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2010,
p. 24.
11
DEODATO, Alberto. Manual de Ciência das Finanças. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 1983,
pp. 110-111.
18
12
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças. 17ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2010, p. 3.
13
Vide ATALIBA, Geraldo. Apontamentos de Ciência das Finanças, Direito Financeiro e
Tributário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969, pp. 12-13; PISCITELLI, Tathiane.
Argumentando pelas consequências no direito tributário . São Paulo: Noeses, 2011, p. 38.
14
PISCITELLI, Tathiane. Argumentando pelas consequências no direito tributário . São
Paulo: Noeses, 2011, pp. 38 -39.
15
PISCITELLI, Tathiane. Argumentando pelas consequências no direito tributário. São
Paulo: Noeses, 2011, p. 42.
16
MARTINS, Cláudio. Compêndio de Finanças Públicas. São Paulo: Bushatsky, 1980, p.
40.
19
17
PISCITELLI, Tathiane. Argumentando pelas consequências no direito tributário . São
Paulo: Noeses, 2011, p. 46.
18
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a formação do Direito Administrativo como
ramo autônomo teve início com o desenvolvimento do conceito de Estado de Direito,
estruturado sobre o princípio da legalidade e sobre o princípio da separação de podere s.
Atualmente, pode ser definido como o ramo do direito público que tem por objeto órgãos,
agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a administração Pública, a
atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a
consecução de seus fins, de natureza pública. Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito
Administrativo. 25ª ed. São Paulo: Atlas, 2012, pp. 1-48.
19
DEODATO, Alberto. Manual de Ciência das Finanças. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 1983,
pp. 16-17.
20
ATALIBA, Geraldo. Apontamentos de Ciência das Finanças, Direito Financeiro e
Tributário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969, p. 33; BORGES, José Souto Maior.
Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad, 1998, p. 63.
20
21
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad,
1998, p. 20.
22
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max Limonad,
1998, p. 27.
23
As receitas são classificadas em receita originária e receita derivada. A receita
originária é aquela que decorre da exploração do patrimônio público, enquanto que a
receita derivada é a que resulta da apropriação do patrimônio do particular. Por todos, c f.
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. 5ª ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2013, pp. 148-151.
24
Note-se que a licitude da tributação de fatos geradores praticados em circunstâncias
ilícitas, sob o fundamento do pecunia non olet, não infirma o exposto. Trata-se apenas de
uma medida de igualdade, com vistas a não privilegiar o cidadão que descumpre a lei.
21
25
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015,
pp. 192-194.
22
26
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
198.
23
Por sua vez, Cláudio Martins afirma que a Ciência das Finanças “é o
ramo das ciências morais ou do homem que se ocupa do estudo teórico da
aquisição e aplicação dos meios pecuniários de que o Estado precisa para
atender às necessidades públicas” 28.
Assim sendo, a Ciência das Finanças ficaria responsável por estudar a
atividade financeira sob um viés político, ao passo em que o Direito Financeiro,
braço do Direito Administrativo, concentrar-se-ia na regulação normativa dessa
atividade.
27
DEODATO, Alberto. Manual de Ciência das Finanças. 19ª ed. São Paulo: Saraiva, 1983,
pp. 11-12.
28
MARTINS, Cláudio. Compêndio de Finanças Públicas. São Paulo: Bushatsky, 1980, p.
37.
29
PISCITELLI, Tathiane. Argumentando pelas consequências no direito tributário . São
Paulo: Noeses, 2011, p. 46.
30
FONROUGE, C. M. Giuliani. Direito Financeiro: uma nova disciplina jurídica. Revista
Forense, vol. 88, ano 38, out. 1941, pp. 61-70.
24
31
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de
Educação Superior. Parecer n.º 0055/2004. Assunto: Diretrizes Curriculares Nacionais
para o curso de graduação em Direito. Relatores: José Carlos Almeida da Silva e Lauro
Ribas Zimmer. Aprovado em 18.02.2004.
32
PISCITELLI, Tathiane. Argumentando pelas consequências no direito tributário. São
Paulo: Noeses, 2011, p. 66.
33
PISCITELLI, Tathiane. Argumentando pelas consequências no direito tributário . São
Paulo: Noeses, 2011, p. 73.
25
34
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de
Educação Superior. Parecer n.º 0055/2004. Assunto: Diretrizes Curriculares Nacionais
para o curso de graduação em Direito. Relatores: José Carlos Almeida da Silva e Lauro
Ribas Zimmer. Aprovado em 18.02.2004.
35
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2010,
p. 5.
36
Cf. tópico “Autonomia de qualquer ramo do Direito é um problema falso”, em BECKER,
Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2010, pp. 32-38.
26
37
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2010,
p. 596.
38
PISCITELLI, Tathiane. Argumentando pelas consequências no direito tributário . São
Paulo: Noeses, 2011, p. 74.
27
39
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 69.
28
40
Faz-se aqui uma ampliação do título do livro “O dever fundamental de pagar impostos”
de José Casalta Nabais.
41
ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª ed. São Paulo: Malheiros, 2014,
p. 33.
29
42
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
227.
43
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 67.
30
44
PISCITELLI, Tathiane. Argumentando pelas consequências no direito tributário . São
Paulo: Noeses, 2011, p. 130.
31
45
RADBRUCH, Gustav. Filosofia do Direito. 2ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010,
pp. 51-52.
46
FERRAZ JUNIOR. Tércio Sampaio. Introdução ao Estudo do Direito: técnica, decisão,
dominação. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 235.
32
modificável se houver razões suficientes para isso 47. Partindo dessa premissa,
Humberto Ávila destaca que o princípio da igualdade possui uma hierarquia
axiológica relativa em nível abstrato, em função do status que ocupa o princípio
geral da isonomia na Constituição48. Essa hierarquia, ainda que relativa,
estabelece uma presunção de que os conflitos devem primar por uma solução
que prestigie a igualdade, a não ser que existam razões suficientes para decidir
diferentemente.
Para Regina Helena Costa, a isonomia representa a diretriz mais
importante do Direito, sobre a qual repousam e encontram fundamento todas
as demais49. O efeito dessa afirmação é justamente exigir um ônus
argumentativo maior para justificar a não prevalência do tratamento isonômico.
O enunciado geral de igualdade permite desenvolver dois enunciados
decorrentes, assim resumidos: i) a igualdade é regra, salvo se houver razão
fundada para tratar desigualmente; e ii) a desigualdade é admitida, desde que
justificada a excepcionalidade e comprovado o ganho sistêmico incomum,
capaz de demonstrar a superação da regra.
No ordenamento jurídico brasileiro e segundo a classificação de normas
desenvolvida por Humberto Ávila, a igualdade tributária pode assumir o papel
de princípio, regra ou postulado50.
Enquanto princípio, a igualdade representa um status ideal imaginado
pelo Constituinte regido pelos valores derivados da generalidade,
51
impessoalidade, equidade, objetividade, representatividade, etc. O princípio
da igualdade é um status a ser buscado pela norma constitucional, o qual
servirá de baliza para a criação de todo o sistema jurídico. Aplicando a
igualdade enquanto princípio, o Supremo Tribunal Federal declarou
inconstitucional uma lei estadual que criava incentivo fiscal ao automobilismo,
por considerar que a lei específica singularizava injustificadamente os
47
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015,
pp. 94-99.
48
ÁVILA, Humberto. Teoria da Igualdade Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros. 2015, p.
153.
49
COSTA, Regina Helena. Praticabilidade e justiça tributária: exequibilidade de lei
tributária e direitos do contribuinte. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 113.
50
ÁVILA, Humberto. Teoria da Igualdade Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros. 2015,
pp. 138-144. Cf. ainda ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição à aplicação
dos princípios jurídicos. 16ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
51
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
pp. 410-411.
33
destinatários, de tal modo que apenas uma única pessoa se beneficiaria com
mais de 75% dos incentivos. Na prática, o programa “Acelera Paraíba” previa
uma compensação no Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços –
ICMS devido por empresas que investissem na carreira de pilotos de
automobilismo nascidos no Estado da Paraíba. Ocorre que, segundo se
apurou, 75% dos benefícios da norma agraciariam apenas um único
beneficiário, piloto conhecido da região52.
Enquanto regra, a igualdade representa um dever imposto ao Estado
que diz respeito ao modo de tratamento dos seus jurisdicionados no curso do
processo de elaboração (Poder Legislativo), aplicação (Poder Executivo) e
interpretação das leis (Poder Judiciário). São ilustrativas as situações em que a
lei concede incentivos fiscais utilizando como parâmetro um critério proibido
pela Constituição, a exemplo da ocupação profissional. Aplicando a igualdade
como regra, o Supremo Tribunal Federal declarou inconstitucional a lei
estadual que previa isenção do Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores – IPVA para pessoa que realiza o transporte escolar e esteja
vinculado à cooperativa do município53.
Por fim, enquanto postulado, a igualdade é empregada para orientar o
intérprete na aplicação de outras normas de modo igual e imparcial a todos
aqueles que se submetem ao seu âmbito de aplicação54. Enquanto postulado,
a igualdade serviu de parâmetro para estender a isenção de ICMS ao produto
importado de país signatário do Acordo Geral de Tarifas e Comércio – GATT
quando seu similar nacional já é submetido à mesma carga tributária55.
Cumpre ressaltar que o princípio da igualdade está previsto na
Constituição Federal no artigo 5º56, que inaugura o Título dos Direitos e
Garantias Fundamentais57. Especificamente em matéria tributária, o inciso II do
52
STF, ADI 4259, Relator Ministro Edson Fachin, Tribunal Pleno, julgado em 03.03.2016.
53
STF, ADI 1655, Relator Ministro Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, julgado em
03.03.2004.
54
ÁVILA, Humberto. Teoria da Igualdade Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros. 2015, p.
140.
55
STF, ARE 831170 AgR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em
07.04.2015.
56
A igualdade em matéria tributária foi prevista em quase todas as Consti tuições
Brasileiras: art. 179, XV, da Constituição de 1824; art. 113, “1” e “32” da Constituição de
1934; art. 202 da Constituição de 1946; art. 21, I e III, da Constituição Federal de 1967.
57
Art. 5º.Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida,
34
60
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 5ª ed. São Paulo: Noeses,
2010, p. 82.
61
RADBRUCH, Gustav. Filosofia do Direito. 2ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010,
p. 50.
62
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 5ª ed. São Paulo: Noeses,
2010, p. 83.
36
63
Para Regina Helena Costa, as leis tributárias se orientam pelo princípio da
praticabilidade porque devem ser exequíveis, propiciando o atingimento dos fins de
interesse público por elas objetivado, quais sejam, o adequado cumprimento de seus
comandos pelos administrados, de maneira simples e eficiente, bem como a devida
arrecadação dos tributos. COSTA, Regina Helena. Praticabilidade e justiça tributária:
exequibilidade de lei tributária e direitos do contribuinte. São Paulo: Malheiros, 2007.
64
TIPKE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e o Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, p. 38.
65
BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 5ª ed. São Paulo: Noeses,
2010, p. 526.
37
66
ÁVILA, Humberto. Teoria da Igualdade Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros. 2015, p.
22.
38
67
TIKPE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 24.
68
RADBRUCH, Gustav. Filosofia do Direito. 2ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010,
p. 50-51.
69
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p.
433.
39
Por sua vez, José Arthur Lima Gonçalves nota, ainda em 1993, que
pouco se avançou na questão da materialização do princípio da isonomia.
Segundo ele, as obras que trataram do assunto limitava-se a repetir, com
outras palavras, a célebre lição de Léon Diguit, difundida no Brasil por Ruy
Barbosa: “a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente
os desiguais, na medida da sua desigualdade”.
De fato, poucos foram os esforços no sentido de uma sistematização
realmente útil, que pudesse auxiliar os operadores do Direito na tarefa de
decidir acerca da eventual ocorrência de ofensa à igualdade em determinada
situação71.
Dentre esses poucos doutrinadores, a obra de Celso Antônio Bandeira
de Mello é seguramente a mais emblemática, porque motivada pela noção de
utilidade – e de instrumentalidade – do Direito.
Celso Antônio Bandeira de Mello72 desenvolve uma espécie de teste de
constitucionalidade da norma que estabelece uma discriminação, consistente
em submetê-la a três verificações básicas73: a) qual é o discrímen instituído; b)
correlação lógica entre o discrímen e o tratamento diferenciado previsto na
norma; e c) existência de relação de pertinência entre o tratamento
diferenciado instituído e os valores prestigiados pelo texto constitucional.
O discrímen deve residir na própria pessoa, situação ou coisa
discriminada, pois nenhum objeto pode ser particularizado em relação a outros,
senão em função de características que lhes são próprias. A diferença não
pode residir em fatores neutros como, por exemplo, tempo e espaço. Em
contrapartida, o discrímen não pode singularizar o destinatário, onerando-o ou
70
CARRAZZA, Elizabeth Nazar. IPTU e Progressividade – igualdade e capacidade
contributiva. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2015, p. 41.
71
GONÇALVES, José Artur Lima. Isonomia na norma tributária. São Paulo: Malheiros
Editores, 1993, p. 41.
72
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3ª
ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
73
Elizabeth Nazar Carrazza decompõe a igualdade nos seguintes elementos: i)
razoabilidade do critério de discriminação; ii) existência de uma finalidade perseguida pela
discriminação; iii) nexo lógico entre a finalidade e o critério. CARRAZZA, Elizabeth Nazar.
IPTU e Progressividade – igualdade e capacidade contributiva. 2ª ed. São Paulo: Quartier
Latin, 2015, p. 43.
40
74
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. O conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3ª
ed. São Paulo: Malheiros, 2015, pp. 38-39.
75
GONÇALVES, José Artur Lima. Isonomia na norma tributária. São Paulo: Malheiros
Editores, 1993, p. 67.
76
GONÇALVES, José Artur Lima. Isonomia na norma tributária. São Paulo: Malheiros
Editores, 1993, p. 55.
41
77
A expressão “via de regra” está posta para lembrar que a quantidade de riqueza nem
sempre será o critério de discriminação dos tributos, como tratará detidamente o Capítulo
3.
78
COSTA, Regina Helena. Praticabilidade e justiça tributária: exequibilidade de lei
tributária e direitos do contribuinte. São Paulo: Malheiros, 2007, pp. 111-112.
79
COSTA, Regina Helena. Praticabilidade e justiça tributária: exequibilidade de lei
tributária e direitos do contribuinte. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 114.
80 CARRAZZA. Elizabeth Nazar. IPTU e progressividade – Igualdade e Capacidade
Contributiva. São Paulo: Quartier Latin, 2015, p. 72.
42
81 A igualdade pode ser observada “na lei” ou “perante a lei”. A primeira está vinculada ao
dever do legislador de estabelecer condições de igualdade no próprio texto da lei. A
perante a lei remete ao dever do aplicador de, no caso concreto, utilizar a lei de maneira
não discriminatória.
82
Constituição de 1824, art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos
Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a
propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira s eguinte. [...] XV
Ninguem será exempto de contribuir pera as despezas do Estado em proporção dos seus
haveres.
43
83
Constituição da República de 1946, art. 202. Os tributos terão caráter pessoal, sempre
que isto for possível, e serão graduados conforme a capacidade econômica do
contribuinte.
84
TIPKE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e o Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, p. 28.
85
TIPKE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e o Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, p. 29.
44
86
Tradução livre do autor do original: “Art. 13. Pour l'entretien de la force publique, et pour
les dépenses d'administration, une contribution commune est indispensable : elle doit être
également répartie entre tous les citoyens, en raison de leurs facultés”.
87
TIPKE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e o Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, p. 28.
88
TIPKE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e o Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, p. 22.
89
DANIEL NETO, Carlos Augusto. A provisoriedade dos incentivos fiscais – uma
abordagem pragmática da Zona Franca de Manaus. Direito Tributário Atual, v. 35, p. 53.
45
90
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p.
434.
91
A Teoria Tripartite é desenvolvida com base no artigo 145 da Constituição Federal, que
classifica os tributos em três espécies: impostos, taxas e contribuições de melhoria.
92
CARRAZZA, Elizabeth Nazar. IPTU e Progressividade – igualdade e capacidade
contributiva. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2015, pp. 77-78.
93
Pela aplicação do princípio relativamente às taxas: STF, ARE 707.948-AgR, Relator
Ministro Dias Toffoli, 2º Turma, julgado em 19.6.2015. Pela aplicação do princípio à
Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública – COSIP: STF, RE 573.675,
Relator Ministro Ricardo Lewandowski, Tribunal Pleno, julgado em 25.03.2009. Pela
aplicação do princípio aos tributos de maneira geral: STF, RE 406955 AgR,
Relator Ministro Joaquim Barbosa, Segunda Turma, julgado em 21.10. 2011.
46
94
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Saraiva,
2013, p. 209.
95
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 30ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2015, p. 128.
96
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p.435.
47
97
CARRAZZA. Elizabeth Nazar. IPTU e progressividade – Igualdade e Capacidade
Contributiva. São Paulo: Quartier Latin, 2015, p. 51.
98
CALIENDO, Paulo. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar com finalidade
extrafiscal. Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFC. Disponível em
<http://paulocaliendo.com.br/Mostrar+arquivo/34-file1-art2>. Acesso em: 16/09/2017, p. 195.
99
CALIENDO, Paulo. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar com finalidade
extrafiscal. Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFC. Disponível em
<http://paulocaliendo.com.br/Mostrar+arquivo/34-file1-art2>. Acesso em: 16/09/2017, p.
199.
48
Enquanto a primeira utiliza um critério “de dentro para fora”, a segunda utiliza
um critério “de fora para dentro” 100.
Desta maneira, a melhor forma de compreender e aplicar o princípio da
igualdade tributária dá-se a partir de uma perspectiva sistêmica pluralista, que,
sem desconsiderar a posição fundamental ocupada pelo princípio da
capacidade contributiva, considere também os demais critérios de aplicação do
princípio da igualdade, bem com os demais princípios constitucionais que
compõem o sentido teleológico da norma tributária101.
Isso ocorre de maneira emblemática nos tributos extrafiscais, para os
quais a capacidade contributiva deixa de ser o critério principal para promoção
da igualdade, haja vista que “o que se procura não é atingir o substrato
econômico dos contribuintes, mas conduzi-los de uma forma preferida pelo
102
Estado, voltada à realização de uma determinada finalidade” .
Assim, pode-se concluir que a extrafiscalidade também realiza a
igualdade quando cumpre a função de correção de desigualdades sociais,
econômicas ou regionais. Tal função é desempenhada em grande medida
através de incentivos fiscais. Observe-se, todavia, que tais incentivos não
podem estabelecer situações díspares para contribuintes identicamente
enquadrados pelo constituinte, sob pena de ofender a igualdade tributária. Por
esse motivo, Casalta Nabais resume a observância da igualdade nas normas
extrafiscais na exigência de justa seleção do círculo de beneficiários, a fim de
evitar desvios de finalidade103.
Pelo exposto, tem-se que o princípio da capacidade contributiva é o
principal critério do exercício pelo Estado da função fiscal dos tributos.
Contudo, a Constituição também confere aos Entes Federativos atribuição para
exercer a função extrafiscal, mediante utilização das ferramentas tributárias
100
PINTO, Tibério Carlos Soares Roberto. Os incentivos fiscais enquanto instrumento para
a promoção da igualdade material entre os contribuintes. In: MACHADO, Hugo de Brito
(coord.). Regime Jurídico dos Incentivos Fiscais. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 558.
101
CARRAZZA, Elizabeth Nazar. IPTU e Progressividade – igualdade e capacidade
contributiva. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2015, p. 78.
102
CARRAZZA, Elizabeth Nazar. IPTU e Progressividade – igualdade e capacidade
contributiva. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2015, p. 97.
103
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
668.
49
3. EXTRAFISCALIDADE
104
Por todos, cite-se NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar
impostos: contributo para a compreensão do estado fiscal contemporâneo . Coimbra:
Livraria Almedina, 1998 e SCHOUERI, Luís Eduardo. Normas tributárias indutoras e
intervenção econômica. Rio de Janeiro: Forense, 2005.
105
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 86.
106
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Direito Financeiro: curso de direito tributário. 3ª ed. São
Paulo: José Bushatsky, 1971, p. 37.
51
107
GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988: interpretação e
crítica. 17ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 16.
108
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
240.
52
109
GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988: interpretação e
crítica. 17ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 36.
110
CALIENDO, Paulo. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar com finalidade
extrafiscal. Revista do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFC. Disponível em
<http://paulocaliendo.com.br/Mostrar+arquivo/34-file1-art2>. Acesso em: 16/09/2017, p. 189.
111
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 30ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2015, p. 595.
53
112
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 129.
113
GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988: interpretação e
crítica. 17ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 71.
54
114
GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988: interpretação e
crítica. 17ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 20.
115
SCHOUERI, Luís Eduardo. Normas tributárias indutoras e intervenção econômica. Rio
de Janeiro: Forense, 2005, p. 73.
116
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário.
Volume V. O orçamento na Constituição. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p.19.
55
117
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário.
Volume V. O orçamento na Constituição. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p.301.
118
ATALIBA, Geraldo. Apontamentos de Ciência das Finanças, Direito Financeiro e
Tributário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969, p. 148.
119
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário.
Volume V. O orçamento na Constituição. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 300.
56
120
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário. Volume
V. O orçamento na Constituição. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 208, p. 167.
58
121
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
629.
122
ATALIBA, Geraldo. Apontamentos de Ciência das Finanças, Direito Financeiro e
Tributário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969, p. 148.
59
123
ATALIBA, Geraldo. Sistema constitucional tributário brasileiro. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1968, p.150.
60
124
CARVALHO, Paulo Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Saraiva,
2013, p. 234.
125
ÁVILA, Humberto. Teoria da Igualdade Tributária. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009, p.
64.
126
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
630.
61
indutoras); e (3) normas que simplificam o sistema tributário e são regidas pelo
princípio da praticabilidade127.
Numa acepção ampla, então, normas extrafiscais (ou normas tributárias
indutoras, segundo classificação de Schoueri) são normas tributárias criadas
com a finalidade de favorecer e estimular atividades privadas consentâneas
com o interesse público, compreendendo não só as modalidades de
exoneração tributária, mas também quaisquer formas de favorecimento do
contribuinte128.
Tércio Sampaio Ferraz Júnior, por seu turno, utiliza a expressão
“extrafiscalidade” como sinônimo de regime jurídico. Esse autor traz uma
importante contribuição sobre a necessidade de atentar para a existência de
uma predisposição constitucional de determinados impostos a uma finalidade
extrafiscal. Ferraz Júnior chama a atenção para a necessidade de observar se
a disciplina constitucional de um tributo conferiu espaço à extrafiscalidade, em
que medida, e com qual finalidade, sob pena de desrespeito à ordem tributária
imposta pelo constituinte. Para o autor:
Seus ensinamentos deixam claro que cada tributo possui uma aptidão
peculiar para uma atuação extrafiscal, que varia essencialmente de acordo com
a materialidade sobre a qual o tributo incide. Cite-se o exemplo dos impostos
aduaneiros e o Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI. A extrafiscalidade
do IPI deve observar o princípio da seletividade em função da essencialidade
do produto, nos termos do artigo 153, parágrafo 3º, inciso I, da Constituição
127
SCHOUERI, Luís Eduardo. Normas tributárias indutoras e intervenção econômica. Rio
de Janeiro: Forense, 2005, p.32. Para as normas simplificadoras, o autor dá como
exemplos a tributação do imposto de renda pelo lucro presumido e do Regime Especial
Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempr esas e
Empresas de Pequeno Porte, conhecido como Simples Nacional.
128
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 132.
129
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Direito Constitucional: liberdade de fumar,
privacidade, estado, direitos humanos e outros temas. São Paulo: Manole, 2007, p. 355.
62
130
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: [...] III - renda e proventos de
qualquer natureza; [...] § 3º O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da
essencialidade do produto [...];
131
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Direito Constitucional: liberdade de fumar,
privacidade, estado, direitos humanos e outros temas. São Paulo: Manole, 2007, p. 359.
132
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Direito Constitucional: liberdade de fumar,
privacidade, estado, direitos humanos e outros temas. São Paulo: Manole, 2007, p. 364;
NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Direito Financeiro: curso de direito tributário. 3ª ed. São Paulo:
José Bushatsky, 1971, p. 151.
133
Tércio Sampaio Ferraz Junior afirma que “desvio de finalidade e inadequação finalista
são expressões apropriadas à manifestação de uma forma de inconstitucionalidade por
violação de função”. FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Direito Constitucional: liberdade
de fumar, privacidade, estado, direitos humanos e outros temas . São Paulo: Manole, 2007,
p. 362.
63
134
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Direito Constitucional: liberdade de fumar,
privacidade, estado, direitos humanos e outros temas. São Paulo: Manole, 2007, p.364.
135
ATALIBA, Geraldo. Apontamentos de Ciência das Finanças, Direito Financeiro e
Tributário. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1969, p. 149.
136
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 81.
137
CARVALHO, Paulo Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Saraiva,
2013, p. 234.
64
sem uma base fiscal a extrafiscalidade não tem espaço para se desenvolver,
especialmente a extrafiscalidade que corresponde à concessão de incentivos
fiscais. Por outro lado, não é possível conceber um tributo neutro, unicamente
voltado à finalidade arrecadatória.
Pelo exposto, sustenta-se que não existem tributos propriamente fiscais
e tributos propriamente extrafiscais, mas normas que cumprem funções
(predominantemente) fiscais ou extrafiscais. São, pois, os objetivos visados
pela lei tributária que definem a sua classificação em fiscal ou em extrafiscal.
138
BALEEIRO, Aliomar. Uma introdução à ciência das finanças. 17ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2010, p. 228.
139
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
228. O autor refere-se ainda à regra de Edimburgo (“leave them as you find them”), que
traduz o pensamento liberal da época.
65
140
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo . Coimbra: Almedina, 2015,
pp. 228-229.
141
SCHOUERI, Luís Eduardo. Normas tributárias indutoras e intervenção econômica. Rio
de Janeiro: Forense, 2005, p.1.
142
MURPHY, Lian e NAGEL, Thomas. O mito da propriedade: os impostos e a justiça.
Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 47.
66
143
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
201.
67
144
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Direito Constitucional: liberdade de fumar,
privacidade, estado, direitos humanos e outros temas. São Paulo: Manole, 2007, pp. 356-
361.
145
STF, AG no AI n.º 360.461-7/MG, Relator Ministro Celso de Mello, julgado em
6.12.2005; STF, AgR no AI 630.997-4/MG, Relator Ministro Eros Grau, julgado em
24.4.2007.
146
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 113.
68
147
______, Ministério da Fazenda. Receita Federal do Brasil. Demonstrativo de Gastos
Tributários PLOA 2017. Brasília, ago. 2017. Disponível em:
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/renuncia-fiscal/previsoes-
ploa/arquivos-e-imagens/texto-dgt-ploa-2018-arquivo-final-para-publicacao.pdf>. Acesso
em 01 de outubro de 2017.
148
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 176.
149
Segundo análise realizada por Humberto Ávila e Celso de Barros Correia Neto, a
inaptidão para alcançar a finalidade visada pode ser constatada a priori ou apenas a
posteriori. No primeiro caso, a prognose legislativa levará à invalidação da norma por vício
material. No segundo caso, a medida que se impõe é a submissão ao controle de
constitucionalidade.
150
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 178.
69
151
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
244.
70
152
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
245.
153
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
247.
71
4. INCENTIVOS FISCAIS
154
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 26.
155
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 128.
156
BOBBIO, Noberto. Da estrutura à função: novos estudos de teoria do direito. São
Paulo: Manole, 2007, pp. 3-21.
73
157
OLIVEIRA, Phelippe Toledo Pires de. O gasto tributário no direito brasileiro: o que fazer
para melhorar o seu controle? Revista Tributária e de Finanças Públicas, São Paulo, v.
133, pp. 251-266, mar/abr 2017.
158
SURREY, Stanley. Tax incentives as a device for implementing go vernment policy: a
comparison with direct government expenditures. Harvard Law Review, vol. 83, n. 4,
feb.1970, p. 70; NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos:
contributo para a compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo . Coimbra:
Almedina, 2015, p. 634.
75
159
A expressão “disciplina ordinatória” não é isenta de críticas ante a sua imprecisão. Cf.
os comentários feitos no item 4.2, supra. Também partilham desse entendimento Klaus
Tipke e Sainz de Bujanda.
160
FICHERA apud NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos:
contributo para a compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo . Coimbra:
Almedina, 2015, p. 635.
161
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina , 2015, p.
629. O Estatuto dos Benefícios Fiscais de Portugal (Decreto-Lei 198, de 3 de julho de
2001) dispõe em seu art. 1º: “Consideram-se benefícios fiscais as medidas de caráter
76
excecional instituídas para tutela de interesses públicos extrafiscais relevantes que sejam
superiores aos da própria tributação que impedem”.
162
LA ROSA apud NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos:
contributo para a compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra:
Almedina, 2015, p. 636.
163
Nesse sentido, CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e
renúncias fiscais no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 132. Para o
autor, seriam incentivos fiscais em sentido amplo as formas de pagamento mais
vantajosas e prazos de parcelamento mais dilatados ou ainda, a simplificação de deveres
instrumentais.
164
TILBERY, Henry. Base econômica e efeitos das isenções. In: DÓRIA, Antonio Roberto
Sampaio (Org.). Incentivos fiscais para o desenvolvimento. São Paulo: J. Brushatsky,
1970, p.21.
77
Sob a ótica dos efeitos produzidos, incentivo fiscal e renúncia fiscal são
faces de um mesmo objeto dinâmico. “É a mesma regra jurídica, justificada
pelo mesmo escopo, que produz os dois efeitos, incentivo e renúncia, ambos
efeitos externos no tocante à relação jurídica tributária”166.
Enquanto os incentivos fiscais são os efeitos tributários a serviço da
extrafiscalidade, a renúncia fiscal é o efeito financeiro desses instrumentos.
Há entre os dois termos uma relação de causa e consequência167. Trata-
se de uma consequência inevitável, não especialmente desejada pelo
legislador tributário: a instituição de incentivos fiscais é causa de renúncia
fiscal, ou seja, da não arrecadação “integral” de tributos (benchmark)168. Por
esse motivo, pode-se dizer que a expressão “incentivo fiscal” denota o aspecto
positivo da norma tributária, consistente numa ação que produz um resultado,
ao passo que a expressão “renúncia fiscal” denota o seu aspecto negativo, o
custo dessa ação.
165
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 182.
166
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 171.
167
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 29.
168
A respeito da expressão, vide item 4.3 deste trabalho.
78
169
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 205.
170
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I -
estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento
ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança,
ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da
União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade,
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle
interno de cada Poder;
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. (...) § 2º É vedada a destinação
de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos.
79
171
OLIVEIRA, Régis Fernandes de. Curso de Direito Financeiro. 5ª ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2013, p. 494.
172
DA SILVEIRA, Alexandre Coutinho, SCAFF, Fernando Facury. Incentivos fiscais na
federação brasileira. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Regime Jurídico dos
Incentivos Fiscais. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 35.
173
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário.
Volume V. O orçamento na Constituição. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008, p. 320.
174
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 138.
80
175
CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 30ª ed. São
Paulo: Malheiros, 2015, pp. 835-846.
81
176
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
633.
82
177
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 141.
178
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 169.
83
Interessa para este estudo a análise dos efeitos dos incentivos fiscais.
Contudo, não se dispensa uma análise conjunta das três acepções, a fim de
compreender o instituto a partir de uma visão multifocal.
179
Art. 156. Extinguem o crédito tributário: [...] IV – remissão; Art. 172. A lei pode
autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão
total ou parcial do crédito tributário, atendendo: I - à situação econômica do sujeito
passivo; II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
III - à diminuta importância do crédito tributário; IV - a considerações de eqüidade, em
relação com as características pessoais ou materiais do caso; V - a condições peculiares
a determinada região do território da entidade tributante. Parágrafo único. O despacho
referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto
no artigo 155.
84
180
Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção; II - a anistia.; Art. 176. A isenção,
ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as
condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo
caso, o prazo de sua duração.
181
BORGES, José Souto Maior. Isenções Tributárias. 2ª ed. São Paulo: Sugestões Literárias,
1980, pp. 162-164.
182
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013,
p. 450.
183
Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 30ª ed. São Paulo:
Malheiros, 2015, p. 1048.
85
184
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 171.
86
185
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 168.
186
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 165.
88
187
Não se concorda com o entendimento de Humberto Ávila de que os fins externos são
extrajurídicos, já que a finalidade extrafiscal baseia-se, como ele próprio sugere, em fins
direta ou indiretamente previstos no ordenamento constitucional. Sobre o assunto, vide
ÁVILA, Humberto. Teoria da Igualdade Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros. 2015, p.
167.
89
autor é tão somente demonstrar que alguns efeitos “externos” são relevantes
porque fornecem coerência e estabilidade ao sistema jurídico. Para ele,
“existem certos fatos extrajurídicos que ‘tocam’ o fato jurídico e, por isso, se
juridicizam”, isto é, são trazidos para dentro do ordenamento jurídico188.
Sobre esse ponto, são úteis as lições de Eros Roberto Grau, para quem
“ordem econômica” deve ser entendida como parcela da “ordem jurídica”, e não
como “modo de ser empírico de determinada economia concreta”, justamente
porque o vocábulo “ordem” já traz ínsito a normatividade (ordem como conjunto
de normas)189.
Se não incorporada à ordem jurídica a noção de efetividade, jamais se
saberá se os efeitos produzidos estão alinhados à finalidade prevalecente. Da
mesma forma, e isto interessa em maior medida ao Direito Financeiro, não se
saberá se o efeito de incentivo está adequado ao efeito de renúncia produzido.
Estabelecer a ordem econômica (ou outra ordem constitucional parcial)
como parâmetro de eficácia da norma tributária não pode ser entendido como
algo externo ao Direito ou metajurídico. Defender a não juridicidade do
fenômeno pressupõe uma dogmática fundada exclusivamente na validade do
Direito Tributário.
Para Casalta Nabais:
188
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 123.
189
GRAU, Eros Roberto. A ordem econômica na Constituição de 1988: interpretação e
crítica. 17ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 67.
190
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
244.
90
191
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 205.
192
FERRAZ JUNIOR, Tércio Sampaio. Direito Constitucional: liberdade de fumar,
privacidade, estado, direitos humanos e outros temas . São Paulo: Manole, 2007, pp. 355-
356.
193
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max
Limonad, 1998, pp. 46-47.
194
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 185.
91
195
STF, AI 360461 AgR, Relator Ministro Celso de Mello, Segunda Turma, julgado em
06.12.2005; STF, RE 480107 AgR, Relator Ministro Eros Grau, Segunda Turma, julgado
em 03.03.2009; STF, RE 344331, Relatora Ministra Ellen Gracie, Primeira Turma, julgado
em 11.02.2003; STF, AI 142348 AgR, Relator Ministro Celso de Mello, Primeira Turma,
julgado em 02.08.1994.
92
196
MURPHY, Lian e NAGEL, Thomas. O mito da propriedade: os impostos e a justiça.
Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 227.
93
197
MURPHY, Lian e NAGEL, Thomas. O mito da propriedade: os impostos e a justiça.
Tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 226.
198
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
658.
199
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário.
Volume V. O orçamento na Constituição. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 208, p. 320.
200
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
667.
94
201
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 108.
202
______, Ministério da Fazenda. Receita Federal do Brasil. Demonstrativo de Gastos
Tributários PLOA 2017. Brasília, ago. 2017. Disponível em:
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/renuncia-fiscal/previsoes-ploa/arquivos-e-
imagens/texto-dgt-ploa-2018-arquivo-final-para-publicacao.pdf>, p. 10. Acesso em 01 de
outubro de 2017.
95
PERT, por meio da Medida Provisória n.º 783/18. Sem entrar no mérito do
descabimento de medidas provisórias sobre o assunto, o fato é que referido ato
normativo foi objeto de sucessivas prorrogações de prazo, por meio da edição
de outras duas medidas provisórias (Medida Provisória n.º 798/17 e Medida
Provisória 804/17), manobra jurídica encontrada pelo Poder Executivo para
evitar a caducidade da norma pela sua não conversão em lei (parágrafo 3º do
artigo 62 da Constituição Federal). Finalmente, o PERT foi convertido na Lei
13.496/2017, que apresentou um regulamento substancialmente distinto do
projeto original em razão das modificações impostas pelo Congresso Nacional.
Referido programa especial de parcelamento repete a experiência do
Governo Federal de criar programas de parcelamento em períodos de crise ou
instabilidade econômica, a fim de estimular o pagamento de tributos, iniciada
nos anos de 2000, quando a Lei 9.964/00 criou o primeiro programa de
parcelamento especial, denominado REFIS. Desde então, os contribuintes
federais vêm podendo aderir, com a periodicidade de 2 a 3 anos, a programas
de parcelamentos especiais capazes de remitir, em determinadas situações,
mais da metade do montante consolidado da dívida. Trata-se de um incentivo
fiscal mascarado sob a roupagem de parcelamento, com regulação
extremamente complexa e exclusivista.
O maior prejuízo, entretanto, está relacionado à falta de transparência do
incentivo. O montante de renúncia ocasionada por esses programas não é
quantificado pelo Demonstrativo de Gastos Tributários do PLOA, sob o
argumento de que tais programas “não constituem redução dos tributos
devidos, apenas um diferimento no pagamento” e apenas “representam um
benefício de fluxo de caixa para as empresas e uma perda financeira no tempo
para o governo” 203.
Soluções políticas como essa, com desastrosas consequências
orçamentárias no longo prazo, passam muitas vezes despercebidas da
população, justamente em razão da dificuldade existente em compreender
suas reais intenções e efeitos.
203
______, Ministério da Fazenda. Receita Federal do Brasil. Demonstrativo de Gastos
Tributários PLOA 2017. Brasília, ago. 2017. Disponível em:
<http://idg.receita.fazenda.gov.br/dados/receitadata/renuncia-fiscal/previsoes-ploa/arquivos-e-
imagens/texto-dgt-ploa-2018-arquivo-final-para-publicacao.pdf>, p. 10. Acesso em 01 de
outubro de 2017.
96
204
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
667.
97
205
CORREIA NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais
no direito brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, p. 31.
98
206
GONÇALVES, José Artur Lima. Isonomia na norma tributária. São Paulo: Malheiros
Editores, 1993, p.14.
207
ATALIBA, Geraldo. Sistema constitucional tributário brasileiro. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1968, p. 3.
208
ATALIBA, Geraldo. Sistema constitucional tributário brasileiro. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1968, pp. 7-10.
100
209
Por todos, cf. CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de Direito Constitucional Tributário.
30ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 836; CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de
Direito Tributário. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 181.
210
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
662.
211
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
654.
101
212
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 83.
213
MELO, Álisson José Maia. Premissas para uma abordagem jurídica dos incentivos
fiscais. In: MACHADO, Hugo de Brito (coord.). Regime Jurídico dos Incentivos Fiscais.
São Paulo: Malheiros, 2015, p. 84.
102
214
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 425.
215
RE 203954, Relator Ministro Ilmar Galvão, Tribunal Pleno, julgado em 20.11.1999. No
mesmo sentido: RE 203308, Relator Ministro Maurício Corrêa, Segunda Turma, julgado
em 26.11.1996; RE 199090, Relator Ministro Carlos Velloso, Segunda Turma, julgado em
26.11.1992.
103
216
ÁVILA, Humberto. Teoria da Igualdade Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros. 2015, p.
156.
217
ÁVILA, Humberto. Teoria da Igualdade Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros. 2015,
pp. 157-158
104
218
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 419.
105
219
BORGES, José Souto Maior. Introdução ao Direito Financeiro. São Paulo: Max
Limonad, 1998, p. 14.
220
FICHERA apud NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos:
contributo para a compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo . Coimbra:
Almedina, 2015, p. 669.
106
Direito Tributário e, por essa razão, submete-se a essa disciplina e aos seus
instrumentos de controle.
Nada obstante, nota-se uma deficiência na construção semântica do
princípio da igualdade tributária feita pelo Supremo Tribunal Federal, que
serviria de excelente instrumento de controle da discricionariedade. De
antemão percebe-se que a Suprema Corte não faz a necessária distinção entre
a igualdade aplicada às normas com finalidade fiscal e a aplicada às normas
extrafiscais. Segundo Humberto Ávila, não há nas decisões do Supremo uma
clara separação entre justificação com base em fins internos e fins externos221.
Entende o Supremo Tribunal Federal que, havendo diversidade de
situações, a medida de desigualação deve ser constitucionalmente
fundamentada. Para que não haja ofensa à igualdade, basta apenas
demonstrar que a medida de desigualação está atrelada a uma finalidade
constitucional. Ocorre que esse controle é suficiente tão somente para normas
tributárias com finalidade fiscal, que têm o escopo arrecadatório como uma
constante, bastando apenas aferir se os elementos de discrímen conectam-se
logicamente com a expressão da capacidade contributiva dos pagantes.
Sobre o ponto, assevera Humberto Ávila:
221
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 411.
222
ÁVILA, Humberto. Teoria da Igualdade Tributária. 3ª ed. São Paulo: Malheiros. 2015, p.
191.
107
223
No mesmo sentido também se pronuncia CARRAZZA, Elizabeth Nazar. IPTU e
Progressividade – igualdade e capacidade contributiva. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin,
2015, p. 38.
224
TIKPE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 24.
225
TIKPE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 24.
226
CARRAZZA, Elizabeth Nazar. IPTU e Progressividade – igualdade e capacidade
contributiva. 2ª ed. São Paulo: Quartier Latin, 2015, p. 30.
227
STF, RE 185802, Relator Ministro Néri da Silveira, Segunda Turma, julgado em
15.12.1994. No mesmo sentido: STF, RE 184957, Relator Ministro Néri da Silveira,
Segunda Turma, julgado em 29.11.1994; STF, RE 188.951, Segunda Turma, Relator
Ministro Maurício Corrêa, julgado em 16.5.1995; STF, ADI 1.643-1, Tribunal Pleno. Relator
Ministro Maurício Corrêa, julgado em 5.12.2002.
108
228
NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar impostos: contributo para a
compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo. Coimbra: Almedina, 2015, p.
669.
229
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015,
pp. 116-120.
230
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 472.
109
231
ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição à aplicação dos princípios
jurídicos. 16ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015, p. 175.
232
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011, pp. 277-
279.
233
BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da proporcionalidade e o controle de
constitucionalidade das leis restritivas de direitos fundamentais . Brasília: Brasília Jurídica,
1996, p. 54.
234
BARROS, Suzana de Toledo. O princípio da proporcionalidade e o controle de
constitucionalidade das leis restritivas de direitos fundamentais . Brasília: Brasília Jurídica,
1996, p. 42.
235
BARROSO, Luís Roberto. Curso de direito constitucional contemporâneo: os conceitos
fundamentais e a construção do novo modelo. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 280.
Nesse mesmo sentido, Regina Helena Costa. Para ela, ambos os conceitos significam
diretriz implícita fundamentada nas ideias de devido processo legal substantivo e de
justiça, com vista à proibição da arbitrariedade. COSTA, Regina Helena. Praticabilidade e
110
238
TIPKE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e o Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, p. 41.
112
239
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015,
pp. 588 e 593.
240
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015,
p. 590.
241
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 478.
242
TIPKE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e o Princípio da Capacidade
Contributiva. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, p. 41.
113
243
Cotejando os elementos da proporcionalidade – adequação, necessidade e
proporcionalidade em estrito senso – de Humberto Ávila (adotados neste trabalho) com os
de Casalta Nabais, observa-se que há uma inversão dos conceitos “adequação” e
“necessidade”. O que Casalta Nabais entende por necessidade é o que aqui utiliza -se
como adequação e vice-versa. Cf. NABAIS, José Casalta. O dever fundamental de pagar
impostos: contributo para a compreensão constitucional do estado fiscal contemporâneo .
Coimbra: Almedina, 2015, p. 665.
244
TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direito constitucional financeiro e tributário.
Volume V. O orçamento na Constituição. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 208, p. 191.
245
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 483.
114
246
Sobre o assunto, cf. TIPKE, Klaus e YAMASHITA, Douglas. Justiça Fiscal e o Princípio
da Capacidade Contributiva. São Paulo: Malheiros Editores, 2002, pp. 39-42; CORREIA
NETO, Celso de Barros. O avesso do tributo: incentivos e renúncias fiscais no direito
brasileiro. 2ª ed. São Paulo: Almedina, 2016, pp. 142-145.
247
ÁVILA, Humberto. Sistema Constitucional Tributário. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012,
p. 486
115
248
ALEXY, Robert. Teoria dos Direitos Fundamentais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015,
p. 593.
249
STF, ADI 1276/SP, Relatora Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgado em
29.08.2002.
116
CONCLUSÃO
ii. Página 33: ADI 1655, Relator Ministro Maurício Corrêa, Tribunal
Pleno, julgado em 03.03.2004
iii. Página 33: ARE 831170 AgR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira
Turma, julgado em 07.04.2015
ix. Página 115: ADI 1276, Relatora Ministra Ellen Gracie, Tribunal
Pleno, julgado em 29.08.2002.
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