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Se coronavírus é menos fatal que outras


epidemias, por que assusta tanto o
mercado?
Ligia Guimarães Da BBC News Brasil em São Paulo

12-14 minutos

Image copyright Getty Images

Image caption Dólar acumulou alta de 2% na semana,


fechando a R$ 4,48; coronavírus, juros baixos e instabilidade
política contribuem para aumento

O fato de os mercados em todo o mundo reagirem com


extremo mau humor a cada notícia que indique o avanço
do coronavírus não significa, necessariamente, que um
desfecho catastrófico esteja no radar dos investidores.

É justamente a incerteza — baseada no fato de que até


agora não se sabe por quanto tempo e como o vírus irá
atrapalhar a atividade das pessoas, das empresas e das
economias — a principal fonte do desagrado que leva as
bolsas a caírem no mundo todo e o dólar a subir em
muitos países.

25 perguntas e respostas para entender tudo que


importa sobre o novo coronavírus

No Brasil, empresas já começam a sentir os efeitos do


congestionamento do sistema portuário chinês, que
está praticamente parado por causa do coronavírus. A
LG Electronics do Brasil, por exemplo, informou nesta
semana que poderá suspender em março a produção de
celulares em sua fábrica de Taubaté, porque não está
recebendo muitos componentes chineses necessários à
fabricação.

Além disso, uma pesquisa realizada pela Associação


Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) com
50 empresas e divulgada no dia 21 de fevereiro apontou
que 57% das entrevistadas já apresentavam problemas
no recebimento de materiais, componentes e insumos
provenientes da China — mais do que na pesquisa
anterior, feita duas semanas antes.

"A China é o maior exportador mundial e o maior


importador mundial. Como tem uma participação
grande no comércio global, tudo que acontece com a
China tem reflexo", explica o presidente-executivo da
Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José
Augusto de Castro, em entrevista à BBC News Brasil.

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Cada vez que um exportador embarca produtos em um


navio e não consegue desembarcar a produção no país
de destino, os custos aumentam. "O custo da diária de
um navio varia entre US$ 50 mil e US$ 100 mil. Alguém
está pagando. O embarque e o desembarque para
exportar ou importar têm que ser ágeis porque isso
aumenta o custo da empresa".

Nesta semana, repercutiu negativamente entre os


investidores a notícia de que, quase dois meses depois
de atingir a China, o novo coronavírus começou a se
espalhar também pela Itália, que se tornou o novo centro
da crise ligada ao surto com mais de 400 infectados e
12 mortes — todos os mortos eram pessoas idosas, que
apresentavam quadros clínicos já muito comprometidos
por outras doenças.

É justamente o receio de que situações como essa se


espalhem ao redor do mundo — a doença já infectou
mais de 83 mil pessoas em 50 países e agora há mais
novos casos sendo descobertos fora da China do que
dentro — a principal motivação que leva investidores a
venderem ativos de risco e fugirem para opções mais
seguras, como dólar e ouro, até o cenário ficar mais
definido. Ou claro, até que a transmissão do vírus seja
contida pela ciência.

Image copyright Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência


Brasil

Image caption O risco é no preço de commodities e em um


crescimento menor do mundo. A gente tem de estar preparado
e lidar com a situação", afirmou o secretário do Tesouro
Nacional, Mansueto Almeida

Temor sobre a transmissão fora da


China
Na quinta-feira (27/02), dois anúncios desagradaram os
investidores: o de que o governador da região da
Lombardia, a mais rica da Itália, decidiu entrar em
quarentena autoimposta por duas semanas, em razão
da alta incidência de casos. E, na cena doméstica, o
Ministério da Saúde confirmou também o primeiro caso
de novo coronavírus no Brasil. No dia, o índice Ibovespa
caiu 7%, na maior queda registrada desde de 2017, e o
dólar subiu 1,08%, a R$ 4,44.

Na semana a tensão nos mercados continuou, e o dólar


acumulou alta de 2,01%, fechando a R$ 4,48 na sexta-
feira (28/02); o Ibovespa caiu mais de 9%.

O pessimismo se estendeu às autoridades. "É um


fenômeno que está todo mundo se debruçando agora. O
risco é no preço de commodities e em um crescimento
menor do mundo. A gente tem de estar preparado e lidar
com a situação", afirmou o secretário do Tesouro
Nacional, Mansueto Almeida.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, disse


que o surto de vírus provavelmente reduzirá o
crescimento econômico da China este ano para 5,6%,
0,4 ponto percentual a menos em relação ao que previa
em janeiro, e reduzirá 0,1 ponto percentual do
crescimento global.

A doença causada pelo novo coronavírus, a covid-19,


não é tão mortal quando comparada a outros
coronavírus previamente registrados, como a Síndrome
Respiratória Aguda Grave (Sars) e a Síndrome
Respiratória do Oriente Médio (Mers).
Enquanto a taxa geral de mortalidade da nova doença é
de 2,3%, de acordo com um estudo realizado pelo Centro
Chinês de Controle e Prevenção de Doenças (CCDC), o
risco de morte no caso da Sars em 2003 era de
aproximadamente 10%; já da Mers girava em torno de
20% a 40%, dependendo do local.

O que assusta sob a ótica econômica, de acordo com


economistas e especialistas ouvidos pela BBC News
Brasil, é a velocidade de transmissão e o amplo alcance
geográfico do vírus, segundo Luís Sales, analista de
mercado da Guide Investimentos.

"Por ser uma doença de transmissão de humanos para


humanos, e por ter esse alcance geográfico, causa
principalmente o medo, que gera outros fatores. Se eu ia
fazer uma viagem, não faço mais. Empresas ficam
paradas, portos recebem menos produtos, as empresas
geram menos receita. Todo o fluxo é afetado."

A reação negativa dos mercados reflete, mais do que


um cenário muito assustador, a incerteza a respeito do
que o investidor ainda não consegue precificar. "O
problema maior é a insegurança. Não se sabe muito
bem quantificar, não dá para precificar, então é melhor
ficar na segurança. Vender ativos mais arriscados, como
commodities e moedas de países emergentes, e busca
segurança em ativos como o ouro, os títulos da dívida
americana, da dívida alemã, de bancos alemães, ou
moedas fortes como o dólar, o iene e o franco suíço", diz
Silvio Campos Neto, economista e sócio da Tendências.

Para o economista, a notícia de que o vírus passou a se


espalhar pela Europa aumentou a probabilidade de uma
propagação mundial também em outros países com
maior peso para a economia global, como os Estados
Unidos.

"Apple, Microsoft, muitas delas têm fábricas na China.


Começam a surgir alertas de empresas avisando que o
resultado do primeiro trimestre já está comprometido. O
risco agora é de que esse efeito se estenda para além
do primeiro trimestre", afirma Neto.

A Apple, por exemplo, anunciou nesta semana que


precisou fechar 29 de suas 42 lojas na China no começo
do mês, mas que elas já começam a funcionar em
horários reduzidos nesta semana. A empresa já alertou
que não vai mais cumprir sua estimativa de receita do
primeiro trimestre por causa da epidemia de
coronavírus.

No Brasil, o presidente executivo da Abinee, Humberto


Barbato, já vê agravamento da situação das indústrias
que dependem dos componentes externos e diz que
17% das pesquisadas informaram que não devem atingir
a produção prevista para o 1º trimestre deste ano. A
produção do período deverá ficar, em média, 22% abaixo
da projetada.

Para Barbato, o problema abre uma oportunidade para


que se volte a pensar na produção local de
componentes utilizados na indústria do setor. "A
situação expõe nosso alto índice de vulnerabilidade em
relação à importação de componentes", diz. De acordo
com a Abinee, 42% desses itens são provenientes da
China, principal origem das importações de
componentes do Brasil, totalizando US$ 7,5 bilhões em
2019. Os demais países da Ásia foram responsáveis por
38% das importações de componentes elétricos e
eletrônicos em 2019.

Portanto, a Ásia representa 80% da origem dos


componentes elétricos e eletrônicos do Brasil.

Oportunidade para embolsar os


ganhos
O surgimento do novo coronavírus vem em meio a um
cenário que já previa uma desaceleração da economia
da China, a segunda maior do mundo, levada
principalmente pelos efeitos da guerra comercial entre a
China e os Estados Unidos. Já no começo do ano o
Banco Mundial previa que a economia chinesa
crescesse menos de 6% em 2020, o que seria o ritmo
mais lento em quase três décadas.

Mas para o mercado de ações, o novo coronavírus


interrompeu um período de bonança. O Ibovespa,
principal índice da bolsa brasileira, fechou 2019 com
uma valorização acumulada de 31,58%. Nos EUA, o Dow
Jones subiu 22,3%, na melhor performance desde 2017,
e as bolsas americanas registraram nas primeiras
semanas de fevereiro novas máximas históricas para os
três principais indicadores acionários de Nova York.

No mercado financeiro, quando as bolsas sobem por


muito tempo, os investidores veem oportunidade de
vender os ativos para embolsar os ganhos, o que
também pode ter influenciado em parte as baixas desta
semana.

E o dólar?
Desde meados do ano passado, a moeda americana já
vinha escalando para se firmar em patamares mais
próximos aos R$ 4. Cotado a R$ 4,20 em setembro,
chegou a fechar 2019 cotado a R$ 4,03, quando o temor
em torno da guerra comercial foi amenizado pelo
anúncio de que China e Estados Unidos chegaram a um
acordo na primeira fase de negociações comerciais
entre os dois.

Em transmissão nas suas redes sociais nesta semana, o


presidente Jair Bolsonaro atribuiu a alta da moeda ao
novo vírus. Segundo ele, o câmbio vai influenciar nas
importações brasileiras e até no preço do pão.

"Estamos tendo problema nesse vírus aí, o coronavírus.


O mundo todo está sofrendo. As bolsas estão caindo no
mundo todo, com raríssimas exceções. O dólar também
está se valorizando no mundo todo, e no Brasil o dólar
está R$ 4,40... [perguntando a uma pessoa fora do
quadro] É isso mesmo? R$ 4,41? R$ 4,44. A gente
lamenta, porque isso aí, mais cedo ou mais tarde, vai
influenciar naquilo que nós importamos, até no pão, o
trigo."

Mas Campos Neto diz que, além do coronavírus, há


outros fatores na conjuntura brasileira que favorecem a
alta do dólar, como os juros brasileiros, que estão no
patamar mais baixo da história, com a taxa Selic em
4,25% ao ano.

"Ninguém consegue precificar essa queda brutal nos


juros ainda, porque é inédita. E, para moedas muito
ligadas a commodities, como é o caso do real, a
perspectiva de que menos dólares virão pelo canal da
balança comercial também contribui (para a alta da
moeda americana)."

O economista diz que, no campo doméstico, a incerteza


política causada pelas controvérsias do governo
Bolsonaro também influencia. "É um pouco dificil de
separar o efeito de cada fator, mas que tem (efeito da
instabilidade política) é muito claro. É diferente de ter
um ambiente onde se tem uma calmaria."

Do pouco que se pode prever sobre o futuro em meio


aos desfechos relacionados ao vírus, Campos Neto
destaca que, provavelmente, o dólar não voltará mais a
patamares abaixo de R$ 4 em um futuro próximo.

"Dificilmente volta pra perto dos R$ 4. Cambio é dificil de


projetar, mas atualmente uma volta para a normalidade
seria em torno dos R$ 4,15, R$ 4,20, refletindo o juro
mais baixo e o clima político interno."

Sales, da Guide Investimentos, diz que nas próximas


semanas a tendência é o mercado continuar a
acompanhar e a reagir aos dados da Organização
Mundial da Saúde e aos anúncios das empresas, em
busca de evidências sobre os efeitos do vírus. "Vão
acompanhar novos casos, mortes, recuperação e sinais
de paralisação", diz.

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