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Marcel Wu
Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Uberlândia – UFU, Uberlândia, MG
marcel.wu@ieee.org
1 Introdução
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ALVES, A. J. et al
para uma carga não linear. Porém, quando a pretensão é focar mais o gerador, enfa-
tizando, por exemplo, as formas de onda temporais de tensão, corrente, conjugado
e dos fluxos de potência ativa e reativa, torna-se importante o desenvolvimento de
modelagens que traduzam com fidedignidade a realidade do próprio gerador.
Vários trabalhos têm sido propostos com a finalidade de estudar a precisão das
características construtivas e os seus efeitos na composição das indutâncias dos en-
rolamentos da máquina síncronas de polos salientes [1–5]. Propõe-se neste trabalho
a investigação do método tradicional de obtenção experimental das indutâncias pró-
prias e mútuas das fases e do rotor da máquina síncrona sem enrolamentos amortece-
dores, baseado no método Volt-Ampère [3, 6, 7].
Esse método corresponde à aplicação da tensão alternada em todos os enrolamen-
tos da máquina, um de cada vez, para variadas posições do rotor bloqueado. Como
contribuição, este trabalho propõe uma forma de tornar válidos os resultados das in-
dutâncias obtidas experimentalmente, para cada enrolamento da máquina síncrona
[8]. Outros procedimentos foram adicionados ao método Volt-Ampère tradicional,
a fim de considerar as perdas no ferro e a utilização da forma de onda real da tensão
de ensaio.
A figura 1 ilustra uma vista em corte da SPSM, onde se pode observar detalhes da
estrutura elétrica e magnética do estator e do rotor. Na figura 1, pode-se observar,
que a variação na espessura do entreferro entre a sapata polar e o estator é constante,
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3 Metodologia
Com o rotor em uma posição determinada e fixa: i) Aplica-se uma tensão redu-
zida a uma das fases, de modo a evitar a saturação do circuito magnético. ii) Mensura-
se a tensão e corrente na fase alimentada e tensão nas demais fases e no rotor para a
posição em questão. iii) Muda-se a posição do rotor. iv) Repete-se o processo com-
pleto para as outras duas fases do estator e para o rotor alimentado em C A.
Na figura 2, ilustra-se a estrutura do aparato/conjunto montado para o levanta-
mento das indutâncias experimentais na situação em que a fase a é energizada.
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Tendo como base o circuito da figura 3, que reproduz o caso típico de acopla-
mento eletromagnético de fluxo concatenado entre duas bobinas quaisquer, indutora,
λi e induzida λ j nas máquinas elétricas em geral, define-se: vi (t ) e ii (t ) como valores
instantâneos de tensão e corrente aplicada ao enrolamento indutor, respectivamente,
Ri é a resistência do enrolamento indutor, Rci e i ci (t ) são os valores de resistência e
de corrente, respectivamente, que modelam as perdas no núcleo, devido ao efeito da
circulação da corrente no enrolamento i [9].
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ei (t ) = vi (t ) − Ri ii (t ) (1)
d λ(t )
ei (t ) = (2)
dt
Z
λi i (t ) = ei (t )d t + λi i (0) (3)
Z
λ j i (t ) = e j (t )d t (4)
1
Z T
Pi = vi (t )ii (t )d t (5)
T 0
1
1
Z T 2
Ii = ii2 (t )d t (6)
T 0
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1
1
Z T 2
Ei = ei2 (t )d t (7)
T 0
PJ i = Ri Ii2 (8)
P c i = P i − PJ i (9)
Ei2
Rci = (10)
P ci
ei (t )
i ci (t ) = (11)
Rci
ii, (t ) = ii (t ) − i ci (t ) (12)
Das expressões (3) e (4), calculam-se os fluxos próprios e mútuos dos enrolamen-
tos através de um método de integração numérica [10, 11]. A partir dos dados de
fluxos obtidos através da integração numérica e das correntes resultantes nas bobi-
nas indutoras, ii, (t ) dado por (12), e aplicando-se a técnica da Transformada Rápida
de Fourier (FFT ), obtém-se o espectro em frequência dos fluxos e das correntes. Da
razão entre a componente fundamental do fluxo, λ1 , pela componente fundamen-
tal da corrente, ii,1 , obtêm-se as indutâncias próprias Li i e mútuas M j i , nas bobinas
indutora e induzida, dadas pelas expressões (13) e (14), respectivamente.
λ1i i
Li i = (13)
ii,1
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λ1j i
Mji = (14)
ii,1
d
[V ] = [R][I ] + [λ] (15)
dt
d d
[V ] = [R][I ] + [L] [I ] + [I ] [L] (16)
dt dt
dw 1 1
= − T m − Te (17)
dt J J
dθ p
= w (18)
dt 2
d d dθ p
[L] = [L] = DLji w (19)
dt dθ dt 2
p
Te = [I ] t D L j i [I ] (20)
4
em que:
va
vb
[V ] =
(21)
vc
Vf
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Ra 0 0 0
0 Rb 0 0
[R] = (22)
0 0 Rc 0
0 0 0 Rf
i
a
ib
[I ] =
(23)
ic
if
Laa Ma b Mac Ma f
Mb a Lb b Mb c Mb f
[L] = (24)
M ca Mc b Lc c Mc f
Mf a Mf b Mf c Lf f
d d d d
L
d θ aa
M
dθ ab
M
d θ ac
M
dθ a f
d d d d
M L M M
DLji = dθ ba dθ b b dθ bc dθ b f
d d d d
(25)
M M L M
d θ ca dθ cb dθ cc dθ c f
d d d d
M
dθ f a
M
dθ f b
M
dθ f c
L
dθ f f
d p
[I ] = [L−1 ][V ] − [L−1 ]([R] + w D L j i )[I ] (26)
dt 2
Os valores va , v b , vc , V f e ia , i b , ic , i f , são os valores instantâneos de tensão e
corrente nas fases, a, b , c e no campo f , respectivamente. Ra , R b , Rc , R f , são os va-
lores das resistências dos enrolamentos das fases, a, b , c e do campo f . Li i e M j i , são
os valores das indutâncias experimentais, próprias e mútuas, respectivamente, para
os enrolamentos genéricos, i e j , que podem assumir qualquer dos enrolamentos, a,
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b, c e f .
Incluindo as equações (17) (18) em (26), tem-se (27). A solução das equações dife-
renciais, representadas em (27), permite a solução, no tempo, das principais grandezas
elétricas e mecânicas da SPSM , para as grandezas de fase, proposto neste trabalho.
ia v a i
a
−1 v b
ib
L
ib
d vc
ic M ic
= − · (27)
dt
if
V f
if
w
h
1
i
−T m
w
J
θ θ
0
0 0
0 0
−1 p
L [R] + 2 w D L j i
0 0
[M ] =
(28)
0 0
h i
T1 0 0
h i
p
0 0 0 0 2
0
em que:
p
T1 = [I ] t [D L j i ] (29)
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4 Resultados
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Figura 10. Fluxo mútuo concatenado (fase a e o campo f ) e espectro de frequência (fase a e
o campo f )
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Na figura 11 (a), tomando como base a fase a do estator, obtém-se, o valor má-
ximo, Laa ma x = 38, 37 mH, e mínimo, Laa mi n = 29, 33 mH, da curva de indutância
experimental própria de fase a do estator, e desta calcula-se a sua amplitude de varia-
ção Laa(g ) , utilizando a expressão (30).
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Ma b (g ) = Ma b ma x − Ma b mi n = 22, 68 mH (31)
Calcula-se a razão entre os valores obtidos das amplitudes de variação das indu-
tâncias próprias Laa(g ) e mútuas Ma b (g ) do estator utilizando as expressões (30) e (31),
respectivamente. Assim, encontra-se a relação (32).
Laa(g ) 9, 52
= = 0, 3986 (32)
Ma b (g ) 22, 68
Da observação das curvas de indutâncias ilustradas nas figuras 11 (a) e 12 (a), indu-
tâncias própria e mútuas, respectivamente, observa-se que elas não possuem compor-
Laa (g )
tamento senoidal, para o qual se esperaria uma relação Mab (g )
= 1. A relação obtida
em (32), pela aplicação da metodologia proposta, está de acordo com os trabalhos já
publicados, em que se utiliza metodologia diferente [2, 3, 9–11].
A figura 13 apresenta os valores de indutâncias mútuas experimentais entre as
fases do estator e o enrolamento de campo com suas derivadas.
Na figura 13 (a), tomando como base a fase a e o enrolamento de campo f ,
obtém-se os valores máximo Ma f ma x =206,20 mH, e mínimo Ma f mi n =205,80 mH,
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Ma f ma x − Ma f mi n
Ma f (g ) = = 206mH (33)
2
d Ma f ma x − d Ma f mi n
d Ma f (g ) = = 207, 45mH (34)
2
No caso das curvas de indutância mútua entre estator e campo, as formas de onda
das indutâncias e das suas derivadas se mostraram aproximadamente senoidais. Teo-
ricamente a indutância própria L f f do enrolamento de campo é constante para toda
posição do eixo da máquina. Observa-se uma pequena variação nos dados obtidos
experimentalmente, a qual foi atribuída a questões de aproximação no cálculo numé-
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rico ou instrumental. O valor médio obtido para a indutância própria do rotor foi
L f f = 1, 3 H.
Figura 14. Esquemas das conexões para implementação prática da SPSM com o sistema
alimentador
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5 Conclusão
6 Agradecimentos
Este trabalho teve uma bolsa escola Proc. no . BEX 3873/10-2, financiada em
parte pela agência brasileira de Coordenação e Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní-
vel Superior (CAPES/MEC), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) e o Grupo Bambozzi.
7 Referências
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996, 2007.
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Matlab. ISTE, v. 4, 2006.
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