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ARTIGO CONVIDADO
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento da logística empresarial e da admi- que a que antes vigorava, incorporava ao transporte a
nistração da cadeia de suprimentos no Brasil transcorreu gestão dos estoques, o armazenamento, os depósitos, a
de modo semelhante à sua evolução nos Estados Unidos, informação e a comunicação. Por sua vez, a partir dos
com alguns anos de defasagem em relação aos progressos anos 1990, em novo salto conceitual, prevaleceu a visão
norte-americanos. Em síntese, o tópico transporte, que da cadeia de suprimentos, que constituía um alargamen-
era o foco do interesse nas décadas de 1950 e 1960, foi to (e também um alongamento) da noção de logística
ampliado nas décadas de 1970 e 1980, transformando- empresarial, estendendo essa última a toda a cadeia de
se em nova área de saber, a logística empresarial. Essa fornecedores, a montante, e a toda a cadeia de clientes,
função administrativa, numa visão mais abrangente do a jusante da empresa.
lativos à dinâmica dos sistemas, Glaskowsky Jr, os dois últimos da ampliou o conceito de transporte,
divulgados a partir de 1958, ana- Ohio State University, com o título adicionando-lhe as dimensões de
lisavam a influência da alteração Business Logistics, Management of compras, gestão de estoques, ar-
da demanda do consumidor final Physical Supply and Distribution. mazenamento, comunicação, in-
sobre a disponibilidade dos pro- Os livros de logística empresa- formação e administração, assim
dutos na fábrica. Exerceram forte rial sucedem-se. Em 1968, aparece também uma nova concepção,
influência sobre a divulgação da o conhecido livro-texto de John F. chamada cadeia de suprimentos
nova abordagem logística, em que Magee, Industrial Logistics; Analysis (supply chain), surgiu na comuni-
as variáveis estão interligadas. and Management of Physical Supply dade empresarial e veio enriquecer
Os títulos dos livros publica- and Distribution Systems. o ponto de vista logístico.
dos mostram a evolução do pen- Ronald H. Ballou produz, Embora se debata ainda inten-
samento gerencial, do transporte em 1978, seu Basic Business Logistics, samente se a noção de cadeia de
para a nova área, que, por tradi- Transportation, Materials Mana- suprimento acrescenta algo subs-
ção, guardou a designação de lo- gement, Physical Distribution. tantivo ao conteúdo da logística, a
gística, mas, por necessidade de O primeiro livro nacional de lo- definição dada pelo Supply Chain
diferenciação do campo militar, gística, da autoria do então professor Council (2002) joga alguma luz
denominou-se logística empresa- da Fundação Getulio Vargas de São sobre a matéria: “cadeia de supri-
rial (business logistics). Em 1957, Paulo Reginald Uelze, saiu do prelo mento abrange todos os esforços
os professores George P. Baker e em 1974, com o título Logística Em- envolvidos na produção e na en-
Gayton F. Germane escreveram um presarial, uma Introdução à Admi- trega de um produto final desde
livro de 523 páginas, Case Problems nistração dos Transportes. Deve-se o fornecedor do fornecedor até o
in Transportation Management. creditar também ao professor Uelze, cliente do cliente”.
Entre 1960 e 1966, o professor Karl secundado por colegas de Depar- Enquanto a logística concen-
M. Ruppenthal, da Graduate School tamento de Produção e Operações tra-se nas operações da própria
of Business da Stanford University, Industriais da FGV-EAESP, notada- empresa, a cadeia de suprimentos
editou cinco volumes de trabalhos mente os professores Kurt E. Weil olha desde o início até os elos fi-
relativos a transporte, demonina- e Wolfgang Schoeps, a iniciativa de nais da corrente de fornecedores
dos Revolution in Transportation, convidar os professores Germane e e clientes. E com uma visão mais
Challenge in Transportation, Ruppenthal para ministrar palestras, ampla e panorâmica do que a vi-
Transportation Frontiers, Issues no ano de 1972, sobre logística em- são logística. Além da preocupa-
in Transportation Economics e presarial, em São Paulo. Foram as ção de todas as empresas com o
Transportation and Tomorrow, primeiras conferências proferidas no que ocorre ao longo de toda a sua
num total de 1.126 páginas. Toda- Brasil sobre o tema. cadeia, é necessário um intenso
via, em 1963, editou um volume Entre as diversas instituições grau de colaboração entre empre-
de 173 páginas, com o título New que começaram a efetuar pesqui- sas ao longo da cadeia de supri-
Dimensions in Business Logistics; sas, consultorias e publicações nes- mentos para que se atinja maior
e outro, em 1968, Business Logistics sa fase, destacam-se o Instituto de eficiência. Reuniões periódicas
in American Industry, de 403 pá- Movimentação e Armazenamento entre cliente – por exemplo, um
ginas. A expressão business logistics de Materiais (IMAM), em São Paulo, supermercado – e seus fornece-
estava fazendo sua entrada em e o Centro de Estudos em Logística dores-fabricantes de mantimentos
cena. (CEL), do Instituto de Pós-graduação são efetuadas a fim de promover
Em 1963, J. L. Heskett, igual- e Pesquisa em Administração de essa integração, sobretudo com-
mente da Stanford University, edita- Empresas (Coppead), fundado em partilhando informações relativas
va uma obra de 146 páginas sobre 1991, da Universidade Federal do à demanda e aos estoques e ado-
Business Logistics: Appraisal and Rio de Janeiro. tando uma atitude amigável em
Prospect. vez de uma postura de confronto.
Em 1964, veio à luz o primeiro Essa filosofia tem recebido
livro didático sobre o tópico em CADEIA DE SUPRIMENTOS o nome de Efficient Consumer
foco, de autoria de J. L. Heskett, Response (ECR) e seu objetivo ofi-
Robert M. Ivie e Nicholas A. Assim como a logística empresarial cial é aumentar o lucro da opera-
ção ao longo da cadeia, resultando cadeia de suprimentos, de exten- da Michigan State University, uma
também na redução do custo do são geográfica considerável. instituição de ensino proeminente
produto para o consumidor final. A literatura técnica relativa a nessa esfera de saber.
Os esforços colaborativos são ain- cadeias de suprimentos torna-se Proliferam revistas técnicas que
da mais cruciais nas promoções e expressiva. Livros e artigos que tratam de transporte, logística e ca-
nos lançamentos de novos produ- anteriormente só traziam o termo deias de suprimentos, podendo-se
tos. Pretende-se aumentar o giro transporte no seu título, agora, citar, entre outras, a Revista Tecno-
dos estoques, reduzir as faltas nas sempre nele incluem as palavras logística (1995); a Global, Comér-
prateleiras e facilitar as entregas. logística e supply chain. Um exem- cio Exterior e Logística (2002); a
A globalização, que se intensi- plo é um livro-texto clássico: Logis- Today Logistics and Supply Chain
ficou nas últimas décadas do sécu- tical Management; the Integrated (2006). São criadas numerosas as-
lo XX, força as empresas a aceitar a Supply Chain Process, de Donald J. sociações profissionais, tais como
ideia de que estão inseridas numa Bowersox e David J. Closs (1996), a Associação Brasileira de Logística
Fornecedores Fornecedores
Empresa Empresa
Clientes Clientes
Rede de fornecedores
e Subfornecedores
SubSub Fornecedor
Sub Fornecedor
Fornecedor
Empresa Empresa
Cliente Imediato
Cliente Remoto
Cliente Final
Rede de clientes
intermediários e finais