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RELATÓRIO PSICOLÓGICO

DISCIPLINA:
Estágio Supervisionado em Triagem e Avaliação
Psicodiagnóstico Interventivo

IDENTIFICAÇÃO:
Iniciais: J.P.S.
Filiação – Pai: F.P.S.
Mãe: D.
Idade: 9 anos
Escolaridade: 4º ano do ensino fundamental – E.M. Profª. Lúcia Marlene Pena
Nieradka, Vila Yolanda

1. DESCRIÇÃO DA DEMANDA

Investigação, por ordem judicial, dos efeitos de suposta alienação parental


praticada por ambos os genitores.

2. PROCEDIMENTO

2.1. Síntese da anamnese

J.P.S. é um menino de 9 anos, cursando o 4º ano do ensino


fundamental. Pai e mãe compareceram separadamente às entrevistas iniciais e
de anamnese, em razão de processo judicial que corre na Vara de Família de
Foz do Iguaçu, motivado pela acusação de alienação parental. O menino foi
encaminhado à clínica pelo pai. As informações sobre o menino foram
complementares, embora ambos tivessem dificuldade de utilizar o tempo das
sessões apenas para falar da criança, uma vez que acusações de um cônjuge
contra o outro sempre apareciam nos relatos. O nascimento do menino não foi
planejado e ocorreu em um período turbulento na relação dos pais. O casal se
separou uma primeira vez, por cerca de um semestre, quando o bebê tinha
apenas dois meses. Os primeiros meses de vida da criança foram vividos em
meio à depressão pós-parto da mãe. O casal já tinha uma filha, 3 anos mais
velha que o menino. O rompimento definitivo ocorreu quando J.P.S. tinha 4
anos. As crianças passaram a viver com a mãe, mas há cerca de dois anos, o
pai conseguiu, por via judicial, a guarda das crianças. Desde então, a mãe
recorre da sentença. Atualmente a guarda é compartilhada, e o
acompanhamento psicológico de todos os membros da família foi uma
exigência do Juiz. De acordo com ambos os genitores, o menino se
desenvolveu com boa saúde, começou a andar e a falar no tempo esperado e
sempre foi uma criança tranquila. Também descreveram J.P.S. como
desinibido, extrovertido e precoce em questões de sexualidade. A mãe relatou
ter flagrado material pornográfico na memória do smartphone utilizado pela
criança. Ele era muito apegado ao avô paterno, que faleceu há cerca de um
ano. Na percepção dos pais, o garoto é muito menos afetado pelos conflitos do
casal do que a irmã mais velha. O menino tem bom desempenho na escola e
gosto para atividades que envolvem raciocínio matemático.

Cumpre notar que a participação dos pais durante o andamento do


processo psicodiagnóstico foi marcada por alguns conflitos. A mãe conseguiu
interromper judicialmente, por três semanas, as sessões da criança na clínica-
escola, alegando que a satisfação das exigências feitas originalmente em
tribunal seriam apenas satisfeitas mediante tratamento conduzido por psicólogo
profissional em clínica particular. Mediante liminar concedida por
desembargador do Tribunal de Justiça, o trabalho com a criança foi retomado.

2.2. Síntese das sessões lúdicas


J.P.S. demonstrou ser um menino vivaz, inteligente, colaborativo e
aberto para interagir com os instrumentos lúdicos e com o estagiário. Mostrou
preferência por brinquedos que exigem mais ação (bola, pingue-pongue) e por
jogos que exijam habilidade e raciocínio. O menino realizou várias atividades
lúdicas com muita rapidez, mas evitou, durante estas primeiras sessões, falar
sobre os conflitos familiares. Ele tem muita facilidade com dispositivos móveis,
a exemplo do tablet, no qual acompanha Youtubers e brinca com jogos
eletrônicos. Seu canal preferido no YouTube traz temas e preocupações do
mundo adolescente e juvenil, bem acima da faixa etária de J.P.S. Seu jogo
preferido reproduz a administração de uma fazenda, exigindo habilidades de
cálculo para investimentos e controle dos estoques. Ele demonstrou também
ter valores e preocupações religiosas bastante arraigadas. Foi capaz, por
exemplo, de citar, de memória, versos do Livro dos Salmos.

2.3. Síntese das sessões estruturadas

2.3.A. Técnica dos Desenhos-Estórias

O tempo da sessão possibilitou a produção de 3 desenhos e suas


respectivas histórias. No primeiro desenho – uma casa com uma macieira
carregada de frutos ao lado – foi acompanhada da história de uma família (pai,
mãe e casal de filhos) que se mudou do campo para a cidade. Mais tarde,
retornaram a viver no campo, onde eram muito mais felizes, já que, na cidade,
os pais se desentendiam. A estória claramente retrata a própria família de
J.P.S. O desenho tem cores e traços fortes. A porta tem maçaneta e a janela é
pequena e possui grades – elementos que indicam inadequação e autodefesa
em relação aos conflitos que afetam a família. No segundo desenho, o menino
fez novamente uma casa, com um boneco de neve ao lado. A estória criada
contava que na casa morava uma família (pai, mãe, casal de filhos). A família
fez um boneco de neve, com o qual brincavam, mas este boneco veio a
derreter quando chegou o verão. O desenho da casa traz basicamente os
mesmos elementos e a estória é a projeção da percepção do menino em
relação ao problema que se abateu sobre sua própria família: o tempo de
felicidade, aconchego e união se desfez com a separação dos pais, assim
como um boneco de neve derretido. O terceiro desenho mostra um carro de
corrida, com cores mais quentes. A estória que o acompanha fala de um
menino que sonhava ser piloto de um supercarro. Quando cresceu, seu desejo
foi realizado, mas o proprietário da escuderia era perverso e firmou com ele um
contrato de que se viesse a perder a corrida, ele também teria de perder a
coisa mais valiosa que ele herdara de seu pai. Por uma trapaça do proprietário,
o piloto perdeu a corrida. Contudo, se recuperou depois, voltando a correr e
vencendo o grande prêmio. A estória, um pouco mais elaborada, parece indicar
que o menino percebe a própria vida como uma espécie de corrida em que
pode estar em jogo o ganho ou a perda das coisas mais preciosas que ele
possui – coisas que estão ligadas à vida familiar (joia herdada do pai). Em
resumo, os três desenhos com suas estórias indicam a angústia da criança em
relação a algo que se perdeu no passado (a união, estabilidade e harmonia
familiar) e cuja restituição é motivo de desejo.

Nesta sessão, o menino relatou que a mãe o impede de falar ou


manifestar sentimentos pelos familiares do lado paterno. Exemplos desse
comportamento foram a proibição de usar uma foto do avô paterno na tela
inicial do celular e de falar sobre o pai dentro da casa dela. Ele também relatou
o dia em que foi severamente agredido pela mãe por ter expressado na frente
dela o desejo de morar com o pai. Ele disse ter medo de falar do que pensa ou
sente com a mãe e voltar a ser surrado. J.P.S. pediu ao estagiário que o
ajudasse a convencer a mãe a desistir do processo que ela havia movido para
interromper as sessões de psicodiagnóstico na clínica-escola. Em suas
próprias palavras, ele estava “cansado” dessa polêmica.

2.3.B. HTP

Todos os desenhos de J.P.S. foram posicionados na parte de baixo da


folha, aproveitando a borda inferior como parte do desenho (superfície ou solo)
– o que indica inadequação, sentimento de opressão, necessidade de apoio e
possível uso da repressão como estratégia para manter a integridade da
personalidade. Os desenhos são também bem centralizados nas folhas, o que
expressa certa rigidez como compensação para a ansiedade e insegurança.
Indícios de rigidez também se encontram no desenho da pessoa 1 (figura
masculina), desenhada totalmente de frente, sem sugestão de profundidade e
os braços completamente estendidos em ângulo reto com o tronco. O paciente
parece ter uma profunda necessidade de ocultar sentimentos de inadequação e
insegurança por meio da sugestão trazida no desenho de enfrentar tudo direta
e firmemente. O menino disse ter reproduzido a figura do avô falecido, a quem
era afetivamente muito ligado. Neste caso, os grandes braços estendidos
podem estar significando a necessidade de afeto latente na criança. No
desenho da casa, a porta pequena com maçaneta e as janelas gradeadas,
reforçam a indicação de retraimento e inadequação diante do ambiente. O
desenho da árvore não exibe galhos, apenas tronco e copa, o que pode indicar
ausência de obtenção de satisfação vinda do ambiente. O tronco e a copa
simplificados trazem de novo a sugestão de rigidez.

2.3.C. Avaliação intelectual (Matrizes Progressivas Coloridas de Raven)

No teste, feito em cerca de apenas 9 minutos, J.P.S. obteve o escore de


grau I, isto é, “intelectualmente superior” em relação à população em geral e às
crianças da mesma idade que estudam em escolas públicas.

2.3.D. Desenho da Família

J.P.S. fez o desenho de sua própria família, utilizando traços fortes,


monocromáticos, com figuras pequenas em relação ao papel, repetidas
ritmicamente e concentradas na zona inferior esquerda do papel. O desenho
apresenta rigidez geométrica nos traços, mas apesar disso, todos os membros
da família trazem um sorriso no rosto. A primeira figura a ser desenhada foi a
da madrasta, a qual foi descrita, no inquérito, como a pessoa preferida. O
paciente não desenhou a mãe, alegando esquecimento. O desenho parece
indicar que J.P.S. representou a família conforme seu desejo: um lar
tradicional, com pai, mãe, irmãos e animal de estimação vivendo juntos e
felizes. Talvez ele tenha desenhado a partir da perspectiva de uma infância
mais remota, pois retratou a si mesmo como uma criança bem pequena. Além
disso, os tons monocromáticos do desenho, concentrado na sua totalidade à
esquerda da página, evocam a palidez da lembrança. É, possível, portanto, que
ele esteja projetando na figura atual da madrasta a figura da mãe biológica que,
em seu desejo, deveria estar ocupando este lugar. A localização do desenho,
restrito à zona inferior esquerda da página (utilizando inclusive a borda inferior
como superfície para os personagens desenhados) e a vasta área branca de
papel não utilizado podem estar revelando a extensão da proibição imposta
pela realidade (pais separados e em litígio), especialmente a repressão das
expressões (de sentimentos, desejos e palavras) impostas pela mãe (na casa
de quem ele passa metade da semana).

2.3.E. Síntese da devolutiva com a família

No caso de J.P.S., a devolutiva com os pais teve de ser feita


separadamente, em razão da situação litigiosa estabelecida entre o casal. Com
o pai foi possível falar mais diretamente, enquanto que a entrevista com a mãe
foi cercada de vários cuidados, visto a suscetibilidade apresentada por ela ao
longo de todo o trabalho desenvolvido com a criança (é digno de nota que a
mãe tentara interromper o tratamento do menino, alegando incompatibilidade
das condições oferecidas pela clínica-escola com a exigência de um tratamento
profissional e contínuo). Com diferentes estratégias de aproximação, a fim de
não acirrar as mútuas acusações de alienação parental, aos genitores foi
explicado que os testes e atividades demonstraram elevado grau de angústia
latente na criança, em decorrência das fraturas da família (separação e litígio
dos pais) e do luto ainda não elaborado pela morte do avô paterno. Foi
expressamente recomendado que se evitem demonstrações de ressentimento
em referência ao ex-cônjuge em ambos os lares. Encorajou-se a abertura ao
apoio e à criação de um ambiente mais livre para a expressão de sentimentos
e pensamentos de J.P.S. em ambos os lares, sem que nenhum dos cônjuges
imponha censura à manifestação de afeto do menino a quaisquer dos
familiares. Foi recomendada a continuação do atendimento psicoterapêutico,
desta vez em clínica particular, uma vez que a clínica-escola não oferecerá
atendimento infantil no ano de 2018.

2.3.F. Síntese da devolutiva com a criança

A devolutiva foi realizada em forma de estória infantil: “o passarinho que


tinha dois ninhos”. Por meio desta fábula, procurou-se tocar nos sentimentos
de inadequação pela separação litigiosa dos pais, e que J.P.S. parece ter
necessidade de ocultar. Com uma linguagem acessível para a sua idade, foi-
lhe explicado que o volume de emoções reprimidas e causadas pelas fraturas
familiares torna recomendável a continuação do processo psicoterapêutico.

3. ANÁLISE DO CASO

J.P.S. é um menino de 9 anos e cursa o 4º ano do ensino fundamental.


A condução ao trabalho psicológico na clínica foi determinada por via judicial,
uma vez que os pais estão em litígio de mútua acusação de alienação parental.
Na anamnese, os pais relataram que a criança vem se desenvolvendo
normalmente desde o nascimento e que, aparentemente, consegue lidar bem
com a realidade da separação dos genitores. Ele está intelectualmente acima
da média e tem bom desempenho escolar. É extrovertido, dinâmico e tem
interesse por brincadeiras mais voltadas para ação, jogos que envolvem
raciocínio e canais de temas adolescentes na internet.

A semana de J.P.S é dividida ao meio: metade dos dias na casa do pai e


a outra metade na casa da mãe. O menino tem ótimo relacionamento com a
irmã mais velha e com a atual companheira do pai. Ele cumpriu as atividades
lúdicas e os testes psicológicos com interesse e rapidez. Mais cauteloso
durante as duas primeiras sessões lúdicas, começou a se soltar mais durante
as sessões estruturadas, trazendo alguns dos conflitos que experimenta na
casa da mãe. Queixou-se de que ela não gosta de trazê-lo à clínica, censura-o
quando ele evoca a memória do avô paterno já falecido, proíbe-o de falar sobre
o pai na presença dela e é crítica em relação ao culto religioso que o menino
frequenta na companhia do pai. J.P.S disse ter medo de contrariá-la nesses
pontos, pois já foi surrado por este motivo.

De acordo com Dias (2014) e Nuske & Grigorieff (2015), a idealização do


casamento como garantia de felicidade dificulta muita a elaboração do
rompimento do amor entre os cônjuges. A separação traz a necessidade de se
adaptar as relações familiares a um novo formato, em que os papeis e funções
de cada membro da família são redefinidos. Mas neste tipo de situação, é
comum o surgimento de mágoas e ressentimentos, além da possibilidade de
um dos genitores não conseguir lidar com a frustração da quebra do
relacionamento. Dessa forma, há casos em que um dos genitores perpetra
vingança, recorrendo inconscientemente a práticas lesivas ao próprio filho,
configurando o fenômeno da alienação parental. Tal ocorrência tem graves
consequências para a criança, já abalada psiquicamente pela quebra da
estrutura familiar, tão fundamental para o seu desenvolvimento.

Os desenhos realizados durante os testes e técnicas aplicadas


expressam angústia e apego por vivências da infância mais remota. O menino
projetou, na maioria dos testes, a vivência em meio ao conflito familiar, seu
desencanto com a separação da família e o desejo de vê-la unida conforme era
antes. A criança apresenta também um forte superego que se expressa pelo
apreço aos valores tradicionais e à obediência religiosa, além do bloqueio a
quaisquer fatores que possam ampliar o conflito entre os pais. A repressão de
atitudes e palavras parece ser experimentada com muito maior intensidade na
casa da mãe.

J.P.S. nasceu durante um grave momento de crise conjugal dos pais. A


mãe teve depressão pós-parto, não conseguiu amamentá-lo, e os genitores
estiveram separados durante os seis primeiros meses de vida do bebê.
Voltaram a se reunir depois, mas se mantiveram sempre em conflito. A
separação definitiva ocorreu quando o menino tinha 4 anos.

Passou a viver com a mãe e a ver o pai nos finais de semana. Quando a
criança estava com 6 anos, o pai conseguiu, por via judicial, a guarda dos
filhos. Atualmente, após uma série de confrontos judiciais, a guarda é
compartilhada, e o menino e sua irmã vivem metade da semana na casa da
mãe e a outra metade na casa do pai. Há cerca de 1 ano, o avô paterno, a
quem a criança era muito ligada, faleceu. J.P.S. está ainda em processo de luto
por esta figura tão referencial em sua vida. Este luto apareceu expresso
especialmente no teste HTP e em vários diálogos durante as sessões. No
entanto, na casa da mãe, a memória do avô paterno é compulsoriamente
suprimida, fato causador de angústia no menino. Guimarães (2001) relaciona
alienação parental com identificações inconscientes, associando-as a
sentimentos negativos, tais como ressentimento, ciúme e vingança. Assim, a
alienação parental evidencia paixões obscuras em função da não-aceitação do
abandono. Oliven (2010) lembra que o alienador reflete no próprio filho o seu
fracasso afetivo, e anseia pela punição do objeto amado, confundindo a
conjugalidade com a parentalidade.

Segundo Nuske & Grigorieff (2015), a família não termina com o fim da
conjugalidade, uma vez que o fim da sociedade conjugal não implica no
distanciamento paterno ou materno-filial. O que ocorre é apenas a
transformação da família nuclear em família binuclear. Assim, os pais devem
procurar preservar o relacionamento familiar do filho que têm em comum,
ajudando-o a compreender a nova estrutura familiar. Dolto (2011) lembra que
as crianças são seres lógicos, por isso os pais devem lhes explicar a diferença
entre os compromissos recíprocos de marido e mulher e os dos pais em
relação aos filhos.

O menino sofre (embora aparentemente não demonstre) o impacto dos


acontecimentos que marcaram a ruptura da família. Por esta razão, é muito
importante que ele não seja impedido de manifestar seus pensamentos e
sentimentos em nenhuma das duas casas. Neste sentido, é muito importante
para a saúde psíquica desta criança que ambos os pais saibam protegê-la da
animosidade que se estabeleceu entre os dois ex-cônjuges. Por maiores que
sejam as divergências, deve-se evitar a todo custo críticas, comentários
rancorosos e negativos sobre o outro cônjuge no ambiente em que a criança
vive. De acordo com Winnicott, (1965), na medida em que os pais cumprirem
seu papel de provedores de proteção e afeto, a criança passará a possuir mais
condições de se adaptar à nova situação.

Nos dois lares em que o menino convive, deve-se ajudá-lo a vivenciar o


luto pelo avô paterno, o qual representa um modelo de vida muito significativo
para esta criança. Entre as heranças do avô está um sentimento religioso muito
forte, o que deve ser respeitado em ambas as casas. Independente das
crenças dos membros das famílias, as necessidades religiosas de J.P.S.
(participação na igreja e outros eventos semelhantes) devem ser respeitadas.

Segundo Winnicott (1965), para que o ser humano se constitua como


sujeito, é necessário que exista um ambiente facilitador, que direcione seu
potencial inato para o amadurecimento. Esse potencial – o self verdadeiro – se
desenvolve na criança mediante a experiência vivida com os pais ou
responsáveis. A fragilização – e o consequente surgimento do falso self –
ocorre à medida que o ambiente falha em garantir proteção, cuidado e
autonomia. Galván & Amiralian (2009) afirmam que a predominância do falso
self traz a necessidade de se ocultar e negar a realidade interna, ao modo de
uma máscara de proteção. A criança passará, então, a fomentar traços que
não são seus a fim de melhor suportar a situação opressiva. Esse tipo de
defesa a impede de entrar em contato com seus verdadeiros sentimentos,
tornando sua vida vazia de sentido.

O volume de emoções reprimidas e causadas pelas fraturas familiares


torna recomendável a continuação do processo psicoterapêutico para esta
criança. A psicoterapia, neste momento de vida de J.P.S., representa uma
oportunidade de prevenir a possibilidade de que ele alimente estados
depressivos graves ou comportamentos compulsivos, muito comuns em
indivíduos que apresentam o mesmo histórico de infância. Consoante Trindade
(2013), um indivíduo poderá expressar a dor causada pela alienação parental
sob a forma de ansiedade, baixa tolerância à frustração, alcoolismo, consumo
de drogas e, em casos mais extremos, a ideação suicida.

4. CONCLUSÃO

As atividades e testes conduzidos durante as sessões demonstraram que


J.P.S. vem sofrendo o impacto da separação litigiosa dos pais. A criança
carrega muita angústia consigo, mas tenta ocultar sua realidade interna, a fim
de se proteger do clima de ressentimento que ambos os pais alimentam e
expressam um contra o outro. Soma-se a isto, a nostalgia pela ausência do
avô, falecido há cerca de um ano. Em meio ao fogo cruzado do litígio dos pais,
a casa dos avós paternos era seu refúgio seguro, a representação do lar
“normal”, no qual marido e mulher permaneciam juntos, enquanto o avô
representava, em sua vida, o marco maior de referência moral. J.P.S. ainda
não conseguiu elaborar todas essas perdas e há preocupantes sinais de que a
alienação parental, especialmente aquela advinda do lado materno, seja um
fardo em sua vida. Recomenda-se, portanto, que a criança continue a fazer
psicoterapia, a fim de prevenir o risco de futuras sequelas psicológicas e
comportamentais.

5. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

1. ANGELINI, Arrigo et al. Matrizes progressivas coloridas de Raven –


escala especial. São Paulo: Centro Editor de Testes e Pesquisas em
Psicologia, 1999.

2. BUCK, John. HTP casa, árvore, pessoa técnica projetiva de


desenho: manual e guia de interpretação. São Paulo: Vetor, 2003.

3. CORMAN, L. O teste do desenho de família. São Paulo: Mestre Jou,


2003.

4. DIAS, M. Síndrome da alienação parental, o que é isso?


Disponível em: <http://migre.me/oqmVWf>. Acesso em 30 de
nov. 2017.

5. DOLTO, F. Quando os pais se separam. Rio de Janeiro: Zahar,


2011.

6. GALVÁN, G., & AMIRALIAN, M. Os conceitos de verdadeiro e


falso self e suas implicações na prática clínica. Aletheia,
Canoas: ULBRA, n. 30, p. 50-58, 2009.

7. NUSKE, João Pedro Fahrion; GRIGORIEFF, Alexandra Garcia.


Alienação parental: complexidades despertadas no âmbito
familiar. Pensando fam., Porto Alegre ,  v. 19, n. 1, p. 77-87, jun.  2015.
Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S1679-494X2015000100007&lng=pt&nrm=iso>.
acesso em 01  dez.  2017.

8. OLIVEN, L. Alienação parental: A família em litígio. Dissertação de


Mestrado. Universidade Veiga de Almeida, Rio de Janeiro, 2010.

9. TRINCA, Walter (org). Formas de investigação clínica em psicologia:


procedimento de desenhos-estórias. São Paulo: Vetor, 1997.

10. TRINDADE, J.; MOLINARI, F. Reflexões sobre alienação parental


e a escala de indicadores legais de alienação parental. In: C.
Rosa & L. Thomé (Orgs.), O direito no lado esquerdo do
peito: Ensaios sobre direito de família e sucessões, Porto
Alegre: IBDFAM, 2014.

11. WINNICOTT, D. W. A família e o desenvolvimento individual. São


Paulo: Martins Fontes, 1965.

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