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Escola de Administração Fazendária

Lato Sensu em Governo Eletrônico


Trabalho de Conclusão de Curso

PARTICIPAÇÃO DIGITAL E O USO DE COMUNIDADES


VIRTUAIS: ESTUDO DE CASO DA COMUNIDADE EGTI

Autor: CARLOS EDUARDO VIANA DE MELO


Orientador: EVERSON LOPES DE AGUIAR

Brasília – DF
2012
CARLOS EDUARDO VIANA DE MELO

PARTICIPAÇÃO DIGITAL E O USO DE COMUNIDADES VIRTUAIS: ESTUDO DE


CASO DA COMUNIDADE EGTI

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em
Governo Eletrônico da Escola de Administração
Fazendária, como requisito parcial para obtenção
do certificado de Especialista em Governo
Eletrônico.
Orientador: Everson Lopes de Aguiar - Mestre

Brasília
2012
________________________________________________________________

Melo, Carlos Eduardo Viana de, 20/06/1983 –


Participação digital e o uso de comunidades virtuais: estudo de
caso da comunidade EGTI / Carlos Eduardo Viana de Melo – 2012.
nº de p.86 : il. ; altura da encadernação em cm

Orientador: Everson Lopes de Aguiar.


Trabalho de conclusão do curso (Especialização em Governo
Eletrônico) – Escola de Administração Fazendária – Esaf – 2012.

1. Democracia. 2. Participação Eletrônica. 3. Comunidades


Virtuais. I. Aguiar, Everson Lopes de. II. Escola de Administração
Fazendária. Diretoria de Educação. Curso de Especialização em
Governo Eletrônico. III. Participação digital e o uso de comunidades
virtuais: estudo de caso da comunidade EGTI.

CDD.
________________________________________________________________
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha amada esposa e aos


meus preciosos pais que tanto me apoiam.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram para a realização deste trabalho, em


especial ao meu orientador, e àqueles que colaboraram com a pesquisa, seja participando das
entrevistas e/ou fornecendo informações para a realização do trabalho. Também agradeço a
João Batista Ferri de Oliveira, diretor do Departamento de Governo Eletrônico e a Fernanda
Hoffman Lobato, coordenadora do referido departamento o qual faço parte, ambos pelo
incentivo e apoio para a realização do curso de Pós-Graduação em Governo Eletrônico.
RESUMO

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) está cada vez


mais relacionado à melhoria da gestão pública e à prestação de serviços à sociedade. É nesse
cenário que surge a oportunidade dos cidadãos e de outros atores sociais, dentre os quais
representantes das diversas instituições do Governo Federal, participarem do ciclo de políticas
públicas - elaboração, formulação, implementação, execução, acompanhamento e avaliação -
por meio da utilização de ambientes virtuais de interação. Assim, esta pesquisa se propõe a
tentar responder a seguinte pergunta: Podem as comunidades virtuais do Governo Federal
potencializar a colaboração de forma efetiva no ciclo de políticas públicas?

Este estudo tem a finalidade de analisar os mecanismos e a forma de


participação eletrônica na comunidade virtual da Estratégia Geral de Tecnologia da
Informação (EGTI) 2013-15 disponível no portal do SISP. A analise consiste na avaliação dos
mecanismos de interação do projeto e o quanto eles foram considerados na formulação e
implementação de políticas públicas. O estudo se propõe a apresentar como esse tipo de
ambiente de participação virtual vem colaborando para o desenvolvimento da democracia
eletrônica. Para isto, foi realizada pesquisa qualitativa com gestores e membros da
comunidade 'EGTI 2013-15' compondo o estudo de caso realizado neste ambiente virtual do
Governo Federal. A coleta dos dados para a realização da pesquisa ocorreu por meio de
entrevista, utilizando como método de investigação o estudo de caso.

A pesquisa tem por objetivo apresentar uma iniciativa no uso de comunidades


virtuais no Governo Federal, analisar o quanto essa iniciativa vem estimulando a participação
social no processo de formulação e implementação de políticas públicas e propor
recomendações e diretrizes para o uso de comunidades virtuais nos governos.

Por meio da analise dos resultados da pesquisa se conclui que o uso de


ambientes virtuais para a construção colaborativa de políticas públicas é viável e já é utilizado
pelo Governo Federal brasileiro, como é o caso de sucesso da comunidade 'EGTI 2013-15'. O
estudo mostrou que o sucesso destes ambientes está diretamente ligado a participação ativa da
moderação, a priorização dos projetos, bem como o engajamento e dedicação dos membros.

Palavras-chave: Democracia, Participação Eletrônica e Comunidades Virtuais.


ABSTRACT

The use of Information and Communication Technologies (ICTs) are


increasingly related to the improvement of public administration and provision of services to
society. It is in this scenario that comes the opportunity for citizens and other social actors,
among them representatives of the various institutions of the federal government, participate
in the public policy cycle - preparation, implementation, implementation, monitoring and
evaluation - through the use of virtual environment interaction. Thus, this research aims to try
to answer the following question: Can the virtual communities of the Federal Government to
leverage collaboration effectively in public policy cycle?

This study aims to analyze the mechanisms and manner of participation in


electronic virtual community of General Strategy for Information Technology (EGTI) 2013-
15 available on the website of SISP. The analysis consists of evaluating the mechanisms of
interaction design and how they were considered in the formulation and implementation of
public policies. The study aims to show how this kind of virtual environment participation has
been collaborating for the development of electronic democracy. For this, qualitative research
was conducted with managers and community members 'EGTI 2013-15' composing the case
study conducted in this virtual environment Federal Government. Data collection for the
research was conducted through interviews using a method of case study research.

The research aims to present an initiative on the use of virtual communities in


the Federal Government, to analyze how this initiative has encouraged social participation in
the formulation and implementation of public policies and to propose recommendations and
guidelines for the use of virtual communities in government.

Through the analysis of the research results it is concluded that the use of
virtual environments for collaborative construction of public policy is feasible and is already
used by the Brazilian Federal Government, as is the success of the community 'EGTI 2013-
15'. The study showed that the success of these environments is directly related to the active
participation of moderation, prioritization of projects, as well as the commitment and
dedication of the members.

Keywords: Democracy, Participation and Electronic Virtual Communities


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária


APF - Administração Pública Federal
ASES - Avaliador e Simulador para a Acessibilidade de Sítios
CATIR - Portal das Comunidades Virtuais do Setor Público
CEGE - Comitê Executivo de Governo Eletrônico
CETIC.br - Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da
Comunicação
CGI.br - Comitê Gestor da Internet no Brasil
CGU - Controladoria Geral da União
CIASC/SC - Centro de Informática e Automação de Santa Catarina
CPF - Cadastro de Pessoa Física
DATAPREV - Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
Dje - Diário de Justiça Eletrônico
DOU - Diário Oficial da União
e-Gov - Governo Eletrônico
e-MAG - Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico
e-PING - Padrões de Interoperabilidade em Governo Eletrônico
e-SIC - Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão
ECT - Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
EGTI - Estratégia Geral de Tecnologia da Informação
ENAP - Escola Nacional de Administração Pública
ESAF - Escola de Administração Fazendária
FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz
G2G - Governo para Governo
GSISP - Gratificação do Sistema de Administração dos Recursos de
Informação e Informática
GTTI - Grupo de Trabalho Interministerial em Tecnologia da
Informação
HTML - Hypertext Markup Language
IBP - International Budget Partnership
IDA - Interchange of data between administrations
IFB - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Brasília
IFMT - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato
Grosso
IN - Instrução Normativa
INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira
IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
ITI - Instituto Nacional de Tecnologia da Informação
MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MC - Ministério da Cultura
Mcidades - Ministério das Cidades
MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MD - Ministério da Defesa
MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário
MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MDS - Ministério do Desenvolvimento Social
ME - Ministério do Esporte
MEC - Ministério da Educação
MF - Ministério da Fazenda
MGD - Modelo Global de Dados
MI - Ministério da Integração Nacional
MinC - Ministério das Comunicações
MJ - Ministério da Justiça
MME - Ministério de Minas e Energia
MP - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
MPDFT - Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
MPS - Ministério da Previdência Social
MRE - Ministério das Relações Exteriores
MS - Ministério da Saúde
MT - Ministério dos Transportes
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
Mtur - Ministério do Turismo
NSIC - Núcleo de Segurança da Informação e Comunicações
OEA - Organização dos Estados Americanos
PDTI - Plano Diretor de Tecnologia da Informação
PPA - Plano Plurianual
SDH - Secretaria dos Direitos Humanos
SEP - Secretaria de Portos
SERPRO - Serviço Federal de Processamento de Dados
SG/PR - Secretaria-Geral da Presidência da República
SI - Sistemas de Informação
SIC - Serviço de Informação ao Cidadão
SISP - Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da
Informação
SLTI - Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação
SPM - Secretaria de Políticas para as Mulheres
STJ - Superior Tribunal de Justiça
STM - Superior Tribunal Militar
TICs - Tecnologias da Informação e Comunicação
TRE - Tribunais Regionais Eleitorais
TSE - Tribunal Superior Eleitoral
UN - Nações Unidas
UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS

Tabela 1: Relação entre os objetivos da pesquisa e o instrumento de coleta dos dados...........21


Tabela 2: Quantidade mensagens nos Fóruns...........................................................................62
Tabela 3: Quantidade de arquivos e pastas por comunidade.....................................................63
Tabela 4: Quantidade de Membros por Comunidade................................................................63
Tabela 5: Entrevistados e o total de posts nas comunidades.....................................................69
Gráfico 1: Intensidade de atuação dos entrevistados – SISP....................................................72
Gráfico 2: Intensidade de atuação dos entrevistados – EGTI 2013-15.....................................72
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Sociedade da Informação..........................................................................................16


Figura 2: Governabilidade Eletrônica.......................................................................................22
Figura 3: Governo Eletrônico...................................................................................................24
Figura 4: Guia de Serviços do Governo Federal.......................................................................28
Figura 5: Portal do SISP............................................................................................................29
Figura 6: Democracia Digital....................................................................................................31
Figura 7: Portal da Transparência.............................................................................................35
Figura 8: Dados Abertos...........................................................................................................37
Figura 9: Cidadania Digital.......................................................................................................39
Figura 10: Participação Eletrônica............................................................................................40
Figura 11: Lei de Acesso à Informação.....................................................................................42
Figura 12: Urna Eletrônica........................................................................................................43
Figura 13: Peticionamento Eletrônico.......................................................................................45
Figura 14: Ombudsman.............................................................................................................47
Figura 15: Consulta Pública......................................................................................................48
Figura 16: Blogs........................................................................................................................50
Figura 17: Mídias Sociais.........................................................................................................51
Figura 18: Redes Sociais...........................................................................................................53
Figura 19: Comunidades Virtuais..............................................................................................55
Figura 20: Portal do SISP..........................................................................................................60
Figura 21: Comunidade SISP....................................................................................................61
Figura 22: Fóruns EGTI 2013-15..............................................................................................62
Figura 23: EGTI 2013 - 2015....................................................................................................64
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................15
1.1 Contextualização...........................................................................................................16
2 PROBLEMA e OBJETIVOS................................................................................................19
2.1 Problema........................................................................................................................19
2.2 Justificativa do Trabalho...............................................................................................19
2.3 Objetivo Geral...............................................................................................................19
2.3.1 Objetivos Específicos............................................................................................19
2.4 Relação entre os objetivos da pesquisa e o instrumento de coleta de dados.................20
3 MARCO TEÓRICO..............................................................................................................22
3.1 Governabilidade Eletrônica...........................................................................................22
3.1.1 Governo Eletrônico................................................................................................23
3.1.1.1 Prestação de Serviços por Meios Eletrônicos................................................27
3.1.2 Administração Eletrônica (SISP)...........................................................................29
3.1.3 Democracia Eletrônica..........................................................................................31
3.2 Transparência e Controle Social....................................................................................34
3.3 Dados Abertos...............................................................................................................37
3.4 Mecanismos de Participação Eletrônica para o Exercício da Cidadania Digital..........39
3.4.1 Lei de Acesso a Informação...................................................................................42
3.4.2 Votação e Petição Eletrônica..................................................................................43
3.4.3 Ouvidorias.............................................................................................................46
3.4.4 Consultas Públicas Virtuais...................................................................................48
3.4.5 Blogs......................................................................................................................49
3.4.6 Mídias e Redes Sociais..........................................................................................51
3.4.7 Comunidades Virtuais............................................................................................55
4 ESTUDO DE CASO: COMUNIDADE EGTI.....................................................................60
4.1 Estratégia Geral de Tecnologia da Informação (EGTI).................................................63
5 METODOLOGIA DO ESTUDO..........................................................................................67
5.1 Natureza da pesquisa.....................................................................................................67
5.2 Método da pesquisa .....................................................................................................67
5.3 Meios de investigação...................................................................................................67
5.4 Coleta de Dados.............................................................................................................67
5.4.1 Instrumento de Coleta............................................................................................68
5.4.2 Amostra e Universo...............................................................................................68
6 RESULTADOS DO ESTUDO..............................................................................................70
7 CONCLUSÕES E PROPOSIÇÕES PARA NOVOS ESTUDOS........................................75
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................80
9 ANEXO – ROTEIRO DA ENTREVISTA............................................................................85
15

1 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa foi desenvolvida com a finalidade de aferir a participação social
em ambientes eletrônicos, e para isso, foi realizado estudo de caso sobre a comunidade virtual
'EGTI 2013-15' hospedada no Portal do Sistema de Administração dos Recursos de
Tecnologia da Informação (SISP).

Inicialmente se apresenta uma breve contextualização sobre a evolução da


Sociedade da Informação no Brasil, além do programa Brasileiro de Governo Eletrônico do
Governo Federal e o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no âmbito do
SISP.

Em seguida apresenta-se revisão da literatura em que se descreve as temáticas


de Governabilidade Eletrônica, Governo Eletrônico, Prestação de Serviços por Meios
Eletrônicos, Transparência e Controle Social, Administração Eletrônica (SISP), Dados
Abertos; Democracia Eletrônica e Administração Pública.

Na sequencia se descreve os mecanismos de participação social por meio das


TICs, abordando os seguintes assuntos: Participação Eletrônica, Cidadania Digital, Lei de
Acesso a Informação, Votação e Petição Eletrônica, Ouvidorias, Consultas Públicas Virtuais,
Blogs, além de Mídias, Redes Sociais e Comunidades Virtuais.

Mais adiante é realizado estudo de caso na comunidade 'EGTI 2013-15' 1,


hospedada no Portal do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação
(SISP). O principal objetivo deste estudo foi analisar o quanto essa iniciativa vem
estimulando a participação no processo de formulação e implementação de políticas públicas.

Posteriormente dedicou-se um capitulo para a “metodologia do trabalho”. Nele


são explicitados a natureza da pesquisa, o método da pesquisa, os meios de investigação, o
universo e amostra, e como ocorreu a coleta de dados.

Por fim este trabalho apresenta o resultado e as conclusões do estudo de caso,


além de recomendar proposições para novos estudos.

1
Link da comunidade EGTI 2013-15: http://www.sisp.gov.br/dotlrn/clubs/gestodetisisp/forums/forum-view?
forum_id=14337426
16

1.1 Contextualização

A Sociedade da Informação é caracterizada pelo desenvolvimento político,


social e econômico balizada nas TICs, com a finalidade de obtenção e compartilhamento de
informações (Batista CM, 2006).

O conceito de Sociedade da Informação é definido como uma organização


social em que seus indivíduos utilizam predominantemente às TICs. O compartilhamento e
troca de informações em meios e formatos digitais, ocorre de modo a permitir interações entre
os integrantes dessas estruturas sociais, sejam estes indivíduos ou instituições (Nazareno et
al., 2006).

Classificada em três grupos por Batista CM (2006), a Sociedade da Informação


é dividida em: regulação, promoção e difusão. O primeiro grupo consiste na regulamentação
do setor público e privado no âmbito das TICs. O segundo busca o desenvolvimento
econômico das empresas públicas ou privadas que atuam com essas tecnologias. O último
grupo, no qual o conceito de Governo Eletrônico (e-Gov) pode ser aplicado, consiste na
utilização das TICs para a prestação de serviços eletrônicos e informações à sociedade, além
de buscar implementar a gestão do governo em ambientes virtuais. Compreende este conceito
a seguinte definição de Batista CM (2006, p.1):

A Sociedade da Informação é uma fase do desenvolvimento social


caracterizada pela capacidade de seus membros (cidadãos, empresas e
administrações) para obter e compartilhar informação e conhecimento,
instantaneamente, de qualquer lugar e na forma preferida.

Figura 1: Sociedade da Informação2

2
Extraído de: http://olhardigital.uol.com.br/uploads/acervo_imagens/2011/01/20110113014225.png
17

Pesquisa elaborada e publicada pelo Grupo Telefônica, sob o título “A


Sociedade da Informação no Brasil – Presente e Perspectivas”, apresenta o conceito dessas
estruturas de organização social como um patamar de desenvolvimento mensurado pela
capacidade de seus integrantes – sejam estes representantes da sociedade civil, empresas
privadas ou entes públicos – em adquirir e compartilhar informações, não havendo qualquer
impedimento quanto a localização e proximidade física dos emissores e receptores da
informação, de forma rápida e segura (Nazareno et al., 2006).

Segundo pesquisa IBOPE Nielsen Online realizada no ano de 2011 (2012):

...o acesso à internet em todos os ambientes já é de 83,4 milhões de pessoas


no Brasil. Desse total, quase 70 milhões já têm internet em suas residências.
Em 2003, esse número era de pouco mais de 10 milhões e chegou a quase 20
milhões em 2004. Mas o grande salto se deu a partir de 2007.

Governo Eletrônico pode ser definido como uma otimização contínua na


prestação de serviços do estado à sociedade, além da transformação das relações entre os
cidadãos e a administração pública por meio das TICs. A importância do Governo Eletrônico
está balizada em três pilares fundamentais: a globalização e o progresso das TICs, o
crescimento das expectativas dos cidadãos clientes e na reforma e modernização do Estado
(Eisenberg & Cepik, 2002).

As iniciativas de e-Gov no Brasil, começaram a se tornar realidade na última


década do século XX, devido à reformas administrativas do Estado e ao surgimento da
internet. No ano de 1995, começaram a operar os primeiros domínios governamentais,
designados como <gov.br> por meio de uma portaria conjunta entre os ministérios da Ciência
e Tecnologia e das Comunicações. Em 2000, surgem os primeiros projetos de e-Gov, os quais
ofereciam um portal de compras à sociedade, entrega da declaração de imposto de renda pela
internet e a prestação de alguns serviços eletrônicos. Por conseguinte foi estruturada a
proposta de política de governo eletrônico para o Poder Executivo Federal.

De acordo com o artigo de Cunha sobre Governo Eletrônico no Brasil: avanços


e impactos na sociedade brasileira, constante na edição especial comemorativa de 5 anos
sobre o uso das tecnologias da informação e da comunicação no Brasil 2005 – 2009,
publicada pelo CGI.br (2010, p.75):

Em relação ao uso das TICs, o maior desafio para os governos, nos próximos
anos, está em usá-las na ampliação da prática democrática. A participação do
cidadão, por exemplo, na elaboração de políticas públicas, não é uma
18

concessão de um governo temporário: ela tem que ser vista como direito.
Para participar o cidadão deve ter alternativas de fazê-lo em diferentes
canais, reduzindo restrições de mobilidade, de acesso, de exposição. Ai
reside o grande papel a ser desempenhado pelos meios eletrônicos. Múltiplos
canais, integrados entre si, devem compor o processo de participação em
políticas públicas – com mecanismos tradicionais e com o uso de tecnologia.

A agilidade e publicidade nas interações sociais advindas pelo uso das TICs,
possibilitam à sociedade, exercer virtualmente a cidadania e os direitos garantidos pela Carta
Magna, tais como: plebiscito, referendo, iniciativa popular e ação popular (Constituição
Federal, 1988).

A importância da Internet para a promoção da participação popular é


evidenciada no documento 'Melhorando o acesso ao governo com o melhor uso da web',
publicada pelo CGI.br3 (2009, p.13):

A explosão e o desenvolvimento da Web, e as tecnologias e práticas


associadas talvez tenham oferecido aos governos a melhor oportunidade de
atingir suas metas no fornecimento de informações e serviços e ao mesmo
tempo atender à demanda por cada vez mais contribuições e interações.

A pesquisa TIC Domicílios e Usuários 20114, publicada pelo CETIC5 mostra


que 53% dos brasileiros já acessaram a internet. Além disso, 86% utilizam a internet para
buscar informações e serviços on-line e 31% utilizaram algum serviço de Governo Eletrônico
nos últimos 12 meses (CGI.br, 2012).

É neste cenário que esta pesquisa se propõe a analisar uma breve revisão da
literatura sobre mecanismos de interação social que utilizam as TICs como ferramenta de
apoio, e também apresentar um estudo de caso sobre a comunidade 'EGTI 2013-15' hospedada
no Portal do SISP, além de propor melhorias e sugestões para futuros estudos sobre
mecanismos de participação social em ambientes eletrônicos.

3
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) foi criado pela Portaria Interministerial nº 147, de 31 de
maio de 1995 e alterada pelo Decreto Presidencial nº 4.829, de 3 de setembro de 2003, para coordenar e
integrar todas as iniciativas de serviços Internet no país, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a
disseminação dos serviços ofertados.
4
Disponível em: http://www.cetic.br/usuarios/tic/2011-total-brasil/index.htm. Acessado em: 07 Out. 2012.
5
Criado em 2005, o Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC.br) é o
departamento do NIC.br responsável pela coordenação e publicação de pesquisas sobre a disponibilidade e
uso da Internet no Brasil. Esses estudos são referência para a elaboração de políticas públicas que garantam
o acesso da população às Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), assim como para monitorar
e avaliar o impacto socioeconômico das TICs.
19

2 PROBLEMA e OBJETIVOS

2.1 Problema

Frente a um novo cenário de globalização em que o uso das TICs está cada vez
mais presente na rotina dos cidadãos, esses buscam participar dos processos públicos dos
governos. Surge então a necessidade que o Estado ofereça e potencialize ambientes
eletrônicos de participação. Esta pesquisa se propõe a tentar responder a seguinte pergunta:
Podem as comunidades virtuais do Governo Federal potencializar a colaboração de forma
efetiva no ciclo de políticas públicas? As hipóteses levantadas para esta pergunta são: h1) O
uso de comunidades virtuais pelo Governo Federal permite a construção interativa de políticas
públicas; h2) Os atores do Estado participam ativamente dos debates realizados em ambientes
virtuais; e h3) As contribuições postadas nas comunidades virtuais são consideradas no ciclo
de políticas públicas.

2.2 Justificativa do Trabalho

O estudo analisa a participação em comunidades virtuais mantidas pelo Estado,


e sua importância se justifica por permitir que as diversas instituições do governo federal
contribuam para a estruturação de políticas públicas.

2.3 Objetivo Geral

Este trabalho tem a finalidade de analisar a participação eletrônica em


comunidades virtuais do Governo Federal. Ele verificará a fluidez das interações da
comunidade 'EGTI 2013-15' e o quanto essas são consideradas na construção deste
documento de planejamento da gestão e da governança de TICs do Governo Federal. Com
isso, será estudado como esse tipo de ambiente de participação virtual vem colaborando para
o desenvolvimento da democracia eletrônica.

2.3.1 Objetivos Específicos

• Apresentar iniciativa no uso de comunidade virtual do Governo Federal;


20

• Analisar o quanto essa iniciativa vem estimulando a participação no processo de


formulação e implementação de políticas públicas;

• Identificar os motivos que levaram ao êxito do projeto EGTI;

• Constatar quais são os motivos que levam ao abandono das comunidades virtuais
mantidas pelo Governo Federal;

• Observar como a participação dos entrevistados ocorreu na comunidade analisada;


e

• Propor recomendações e diretrizes para o uso de comunidades virtuais nos


governos.

2.4 Relação entre os objetivos da pesquisa e o instrumento de


coleta de dados

A tabela a seguir apresenta a correlação entre os objetivos da pesquisa e o


roteiro da entrevista:

Objetivos da pesquisa Instrumento de coleta de dados


Apresentar iniciativa no uso de 5. Descreva o grau de intensidade de atuação nas
comunidade virtual do Governo comunidades 'SISP' e 'EGTI 2013-15':
Federal. SISP EGTI 2013-15
( ) Baixa ( ) Baixa
( ) Média ( ) Média
( ) Alta ( ) Alta

6 - A comunidade explorou todas as funcionalidades


que a tecnologia do ambiente permite ? Você sentiu
falta e teria condições de sugerir outras que poderão
ser úteis?
Analisar o quanto essas iniciativas 1 - Você atua na comunidade 'SISP' com o mesmo
vem estimulando a participação vigor que na comunidade 'EGTI 2013-15'? Justifique
social no processo de formulação e sua resposta e aponte as comunidades que você mais
implementação de políticas públicas; colabora.
Observar como a participação dos 2 - De forma geral, você compreende que os
entrevistados ocorreu na comunidade moderadores da comunidade 'EGTI 2013-15'
analisada; e ofereceram mais feedback às sugestões e comentários
Constatar quais são os motivos que do que os colaboradores das outras comunidades do
SISP?
21

levam ao abandono das comunidades


virtuais mantidas pelo Governo 4 - Você tem vínculos presenciais com as pessoas que
Federal. interagem nos fóruns? Em caso positivo, você acredita
que isso pode ter facilitado a fluidez da interação?

8. Cite o que te motiva a participar da comunidade


'EGTI 2013-15' ? E das demais comunidades?

9. Como você percebe o compromisso/engajamento


dos atores da comunidade 'EGTI 2013-15' e das outras
comunidades do SISP?

10 - Indique entre as afirmativas abaixo as principais


razões que o estimularam a participar da comunidade:
a) Oportunidade de compartilhamento e de
construção coletiva de conhecimento e do projeto.
b) Necessidade de pertencer ao grupo.
c) Necessidade de ampliar os relacionamentos.
d) A fim de se atualizar profissionalmente.
e) Com vistas ao aprimoramento da reputação.
f) Oportunidade de aprimorar novas habilidades
g) Outras. Especifique:
Propor recomendações e diretrizes 3 - Em sua percepção suas sugestões influenciaram na
para o uso de comunidades virtuais elaboração da EGTI e/ ou de políticas e diretrizes do
nos governos; e SISP?
Identificar os motivos que levaram 7. Você entende que a moderação da SLTI para a
ao êxito do projeto EGTI. comunidade 'EGTI 2013-15'' e para as demais
comunidades está adequada? Argumenta sobre sua
resposta.

11 - Como você julga que os líderes do projeto EGTI


desenvolveram o interesse dos membros da
comunidade?
a) Encorajando constantemente a participação dos
membros.
b) Dando atendimento personalizado aos membros
da comunidade.
c) Acompanhando e informando o grau de progresso
das tarefas.
d) Fornecendo conhecimento técnico a respeito de
assuntos e ferramentas envolvidas.
e) outros. Especifique: ________________________

12. O que você considera importante para que a


comunidade se mantenha ativa e a EGTI seja
implementada?
Tabela 1: Relação entre os objetivos da pesquisa e o instrumento de coleta dos dados
22

3 MARCO TEÓRICO

3.1 Governabilidade Eletrônica

A governabilidade eletrônica permite que diversos atores venham a realizar a


gestão da máquina pública com maior eficiência, ao utilizar as TICs como ferramenta. Esse
conceito é ilustrado por Ferrer & Lima (2007, p.26) os quais compreendem que as “duas
formas mais comuns de se aumentar a eficiência do governo são a mudança da gestão e o
governo eletrônico, ou seja, incorporação de novas tecnologias da informação e da
comunicação aos processos”.

Figura 2: Governabilidade Eletrônica6

A utilização das TICs é fundamental no processo de modernização do Estado,


uma vez que ela permite alterações nas estruturas tradicionais da administração pública. Além
disso, para que esta modernização do Estado ocorra, é necessário que seja criado ambiente
propício à eficiência da gestão pública. Isso explica porque a utilização das TICs pelo governo
tem grande importância (idem, 2007).

A governabilidade eletrônica na administração pública desencadeia


transformações e mudanças na gestão de processos, além de incentivar e disseminar a
utilização das TICs no atendimento e na prestação de serviços à sociedade. Essa prática se
reflete na melhoria da qualidade dos serviços prestados pelo Estado e também na
modernização da forma como as interações da sociedade e governo ocorrem (Batista CM,
2006).

6
Extraído de: http://www.governoeletronico.gov.br/imagens/F1337286976810
23

Eisenberg & Cepik (2002, p.147) destacam o uso das TICs como ferramentas
transformadoras e impulsionadoras da democracia, como no trecho a seguir:

As TICs oferecem uma oportunidade única de se vincularem as estratégias


para serviços on-line às reformas administrativas, urgentemente necessárias
para preparar as administrações públicas para lidar com os desafios de um
ambiente cada vez mais complexo, incerto e mutante... As TICs podem ser
catalizadoras não apenas da mudança de enfoque dos serviços públicos, em
direção a um modelo mais dirigido ao povo, com maior qualidade, mais
personalizado, holístico, efetivo e criativo, mas oferecem também a
possibilidade de sustentar novos modo de criação de redes sociais e políticas
e novas formas de participação democrática.

A governabilidade eletrônica pode ser subdividida em três eixos básicos de


atividade. São tais eixos: maximização da eficiência e eficácia da gestão interna do Estado;
implantação de estratégias de gestão para a elaboração de políticas públicas e gestão de
serviços prestados por meios eletrônicos, ou seja, a governabilidade eletrônica como
ferramenta de melhoria da prestação de serviços públicos; e melhoria das interações do Estado
com a sociedade (Batista CM, 2006).

De acordo com o pensamento de VAZ (2003), o aparecimento da Internet e


com ela a Governança Eletrônica, provocam mudanças em diferentes esferas de governo que
acarretaram um movimento de perda da importância dos modelos tradicionais baseados na
departamentalização, no foco nos meios, e na padronização burocrática. Essa nova forma de
governança se destaca pela priorização do uso de comunidades virtuais e a disponibilização de
serviços eletrônicos à sociedade. Enfim, o conceito de governabilidade eletrônica, o e-gov, a
administração eletrônica, e a democracia eletrônica que serão comentados a seguir.

3.1.1 Governo Eletrônico

A popularização da internet permitiu que um maior número de pessoas interaja


com o governo, expondo seus pontos de vista e pleiteando melhorias. A internet também
desencadeou um grande impacto nas relações entre a sociedade e o governo, além de permitir
que o controle social seja melhor agregado aos recursos advindos com as TICs.

A quantidade de cidadãos que podem vir a ser potencialmente engajados nas


interações sociais e políticas é crescente, pois segundo pesquisa realizada no ano de 2012 pelo
Ibope Nielsen Online, ocorreu um aumento de 18% de usuários ativos da Internet em relação
ao ano de 2011, o qual registrou 41,4 milhões de usuários ativos. No âmbito desta pesquisa,
24

entende-se por usuário ativo, pessoa com dois ou mais anos de idade que usou pelo menos
uma vez um computador com internet no mês de março do referido ano.

Figura 3: Governo Eletrônico7

É nesse contexto que o conceito de Governo Eletrônico é inserido, a partir das


ferramentas advindas das TICs, especialmente a Internet, estabelecendo novas formas de
interação entre a sociedade e a Administração Pública e vice-versa, além da prestação de
serviços ao cidadão.

Para que se possa disponibilizar soluções em Governo Eletrônico à sociedade,


e que venham a efetivamente modificar a qualidade das interações entre sociedade e Governo,
não é suficiente que se baseie somente no uso intensivo de tecnologias e na prestação de
serviços por meios eletrônicos. Para isso se faz necessário trabalhar na modificação e na
melhoria dos processos, e também na evolução contínua dos Sistemas de Informação (SI).
Também deve ocorrer melhoria de infraestrutura que sustente e apoie os órgãos da máquina
pública, além de incentivar e subsidiar a efetiva participação popular por meios eletrônicos.
Segundo Takahashi (2000, p.59) “É papel do Estado dedicar especial atenção à incorporação
dos segmentos sociais menos favorecidos e de baixa renda à sociedade da informação”.

Governo Eletrônico pode ser compreendido como a promoção de uma


administração mais transparente, eficaz e eficiente em todos os níveis de governo, por meio
da prestação de serviços e informações aos cidadãos, mecanismos de controle de gestão e
procedimentos de compras governamentais de bens e serviços em ambientes eletrônicos
(Concha & Naser, 2012).

7
Extraído de: http://www.governoeletronico.gov.br/images/institucional.jpg
25

O Brasil fez parte de pesquisa8 realizada este ano pelas Nações Unidas, sobre
Governo Eletrônico. Em relação à medição de 2010, o Brasil ganhou duas posições no
ranking, se posicionando de 61° para 59° lugar, contudo em 2008 já esteve melhor
classificado, ficando com o 45° lugar. A liderança na região sul-americana ficou com o Chile,
sendo que todos os demais países, exceto Suriname e Brasil, perderam posições se comparado
ao levantamento anterior. No contexto geral habitam o topo do ranking, na ordem crescente,
Coreia do Sul, Holanda, Reino Unido, Dinamarca, Estados Unidos, França, Suécia, Noruega,
Finlândia e Cingapura. Quando a análise é feita sobre todo o continente americano o país
ficou em 10º lugar sendo superado pelos Estados Unidos, Canadá, Chile, Colômbia,
Barbados, Antígua e Barbuda, Uruguai, México e Argentina.

O Governo Eletrônico é de fato uma poderosa ferramenta de modernização da


gestão pública, contudo para que ele venha de fato a modificar os processos da máquina do
Estado, é preciso que os programas e ações de Governo Eletrônico sejam inseridos em
políticas mais amplas que tenham por objetivo a reforma do Estado, além de compreender a
elaboração e melhoria de processos, estruturas administrativas, dispositivos legais,
interações internas entre os entes públicos e externas entre governo e sociedade (Ferrer &
Lima, 2007).

Segundo publicação comemorativa dos 5 anos de Governo Eletrônico no


Brasil, do CGI.br (2010, p.75) “Ser mais assertivo nas práticas de governança de TICs
significa dizer que os governos devem estabelecer e/ou ampliar práticas que garantam o
alinhamento da tecnologia aos objetivos governamentais e às expectativas da população”.

Criado no ano 2000 a partir do Grupo de Trabalho Interministerial em


Tecnologia da Informação (GTTI) - com o objetivo de formular políticas, diretrizes e normas
relacionadas às novas formas eletrônicas de interação - o Programa Brasileiro de Governo
Eletrônico foi institucionalizado por meio do Decreto Presidencial de 3 de abril de 2000. O
grupo de trabalho focava suas ações nas temáticas de universalização de serviços, Governo ao
alcance de todos e infraestrutura avançada. As ações deste grupo foram formalizadas pela
Portaria da Casa Civil nº 23 de 12 de maio de 2000, além de incorporadas às metas do
programa Sociedade da Informação, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia
(Portal de Governo Eletrônico Brasileiro9, 2012).

8
Pesquisa e-Government Survey 2012. Mais informações sobre estudo em: http://www2.unpan.org/egovkb/
9
http://http://www.governoeletronico.gov.br/
26

Em 20 de setembro do mesmo ano, o grupo de trabalho apresentou o


documento "Proposta de Política de Governo Eletrônico para o Poder Executivo Federal".
Logo em seguida, foi criado o Comitê Executivo de Governo Eletrônico (CEGE) por meio do
Decreto não numerado de 18 de Outubro de 2000, com o objetivo de formular políticas,
estabelecer diretrizes e também coordenar e articular as ações de implantação do Governo
Eletrônico (idem, 2012).

Mais adiante, no ano de 2002, a Secretaria de Logística e Tecnologia da


Informação do Ministério do Planejamento (SLTI/MP), com a colaboração dos membros do
Comitê Executivo, publicou um documento de avaliação das atividades dos 2 anos do
programa. Esse documento teve a finalidade de relatar os principais avanços e desafios
futuros que serviriam como informações para a continuidade das iniciativas (idem, 2012).

No ano seguinte, em 2003, o Decreto sem número de 29 de Outubro instituiu


os Comitês Técnicos do CEGE, além de delegar atribuições de Secretaria Executiva ao
Ministério do Planejamento por intermédio da SLTI/MP. Com isto, o MP passou a ter as
funções de apoio técnico administrativo e de supervisão dos trabalhos dos oito Comitês
Técnicos, sendo eles: Implementação do Software Livre; Inclusão Digital; Integração de
Sistemas; Sistemas Legados e Licenças de Software; Gestão de Sítios e Serviços On-line;
Infraestrutura de Rede; Governo para Governo – G2G; Gestão de Conhecimentos e
Informação Estratégica (idem, 2012).

O Departamento de Governo Eletrônico foi criado em 2004, no âmbito do


Ministério do Planejamento pelo Decreto nº 5.134 de 07 de julho, o qual atribui a
coordenação, a articulação e implantação de ações unificadas e integradas de governo
eletrônico, às atividades relacionadas à prestação de serviços públicos por meios eletrônicos,
além de normatizar e disseminar o desenvolvimento de ações e informações de governo
eletrônico na administração federal (idem, 2012).

Assim seja, por meio destes Comitês ou unidades do MP, o governo vem
procurando melhorar o atendimento à sociedade além de aperfeiçoar seus processos internos,
pois segundo o pensamento de Takahashi (2000, p.95):

O setor governamental é o principal indutor de ações estratégicas rumo à


sociedade da informação. Primeiramente, porque cabe ao governo definir o
quadro regulatório dentro do qual projetos e iniciativas concretas poderão ser
formuladas, porque como regra o governo é o maior comprador/contratador
de bens e serviços em tecnologias de informação e comunicação em um país.
27

Dentre as ações em âmbito Federal, se destacam: os Padrões de


Interoperabilidade em Governo Eletrônico (e-PING); o Guia Livre – Referência de Migração
para Software Livre; o Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico (e-MAG); a Infovia
Brasil; o Portal de Inclusão Digital; pesquisa de avaliação dos serviços de e-Gov considerando
os parâmetros da Metodologia de Indicadores e Métricas de Serviços de Governo Eletrônico;
o Avaliador e Simulador para a Acessibilidade de Sítios (ASES); os Padrões Brasil e-GOV; e
o Portal de Convênios.

Além disto, se destaca a publicação do Decreto nº 5.450 que regulamentou as


compras governamentais; a Portaria nº 03, de 07 maio que institucionalizou e tornou
obrigatório o uso do e-MAG no âmbito do Sistema de Administração dos Recursos de
Tecnologia da Informação (SISP); e a Instrução Normativa nº 01 de 2010, na qual a Secretaria
de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) passa a recomendar que os órgãos públicos
comprem computadores menos poluentes ao meio ambiente (Portal de Governo Eletrônico
Brasileiro, 2012).

Segundo a publicação comemorativa dos 5 anos de Governo Eletrônico no


Brasil, elaborada pelo (CGI.br, 2010), no ano de 2010 as consultas públicas foram
responsáveis pela maior parcela de participação da sociedade por meio das TICs com o
Estado, contudo a interação entre esses atores deve não somente ocorrer nessa forma, mas
também na formulação de políticas públicas em todas as suas etapas, sendo elas: formação de
agenda, formulação de política, implementação, acompanhamento ou monitoramento e
avaliação.

3.1.1.1 Prestação de Serviços por Meios Eletrônicos

A prestação de serviços do Estado à sociedade é balizada pelo princípio da


administração orientada ao usuário, ou seja, o conceito de eficiência do Estado está
diretamente associado à qualidade oferecida ao consumidor de serviços públicos. Esse
cidadão que consome os serviços públicos não apenas desfruta deles, mas também participa
dos processos de elaboração de políticas e de implementação e gestão desses serviços,
diferentemente do consumidor de bens e serviços privados que consome produtos oferecidos
por empresas, e ocasionalmente reclama dos mesmos em serviços de atendimento ao
consumidor (Bento, 2003).
28

Figura 4: Guia de Serviços do Governo Federal10

Os custos transacionais para a entrega de serviços estão sendo reduzidos


devido a comoditização das tecnologias por meio de diversos canais eletrônicos, fato que
permite ao Estado alcançar segmentos distintos da sociedade inclusive em localidades remotas
não atendidas anteriormente pelo Estado. Segundo Oliveira JBF et. Al (2008), em relatório
publicado pelo Interchange of data between administrations (IDA) da Comissão Européia,
denominado Multi-channel delivery of eGovernment services, aponta que “o advento de
múltiplos canais e a flexibilidade da disponibilidade horária tem ampliado novas formas de
provisão de serviços que no mínimo apontam uma visão do usuário acrescida totalmente de
novos serviços.”. Esses serviços podem ser entregues por diferentes canais eletrônicos, desta
forma possibilitando ao cidadão que escolha o que mais agrega valor às suas necessidades
(Oliveira JBF et. al, 2008, p.6).

Conforme Oliveira JBF et. al (2008, p.6) em pesquisa realizada pelas Nações
Unidas, 'UN e-Government Survey 2008', a importância da disponibilização de múltiplos
canais de interação e entrega de serviços à sociedade são enaltecidos em estratégias e
programas de governo eletrônico, pois segundo a United Nations (UN), o sucesso da inovação
na prestação de serviços públicos por meio de canais distintos está diretamente ligado a
políticas públicas que permitam a interoperabilidade dos dados, processos de negócio e
aplicações em TICs, que além dos canais de entrega dos serviços possam integrar estes
elementos entre si.

Oliveira JBF et. al (2008) descreve como os canais podem melhorar a


qualidade na prestação dos serviços, no seguinte trecho: “se os canais e os processos de back-
office estão integrados, diferentes canais podem complementar um ao outro, melhorando a
qualidade de ambos os serviços e a entrega simultânea para governos e cidadãos”.

No Brasil algumas iniciativas já demonstram que a prestação de serviços à


sociedade por meios eletrônicos é uma forma de ampliar o acesso a direitos. O Portal Brasil 11
10
Extraído de: http://www.servicos.gov.br
11
http://www.brasil.gov.br/
29

é uma delas, pois agrupa informações institucionais e a prestação de serviços em um único


ponto de acesso. O portal oferece filtros de navegação e pesquisa por áreas de interesse,
público-alvo e ordem alfabética, de modo a facilitar o acesso e a localização dos assuntos
sobre o país, serviços, participação popular, estrutura da Administração Pública Brasileira e
transparência.

Outra iniciativa que merece destaque é o Portal Guia de Serviços


(www.servicos.gov.br), que veio a substituir o Portal Rede Governo. O Guia de Serviços é
mais um exemplo da prestação de serviços por meios eletrônicos. O sítio conta com mais de
26 mil links de serviços informacionais e transacionais, além de informações sobre os
mesmos. Entre os serviços oferecidos estão a emissão de guias e certidões, pagamento de
impostos e taxas, solicitação de registros e outros. Ele também oferece consulta a situação
eleitoral ou Cadastro de Pessoa Física (CPF), informações sobre licitações e sobre o
andamento de processos de aposentadoria.

Não obstante, outro exemplo da prestação de serviços por meios eletrônicos


segundo Oliveira JBF et. al (2008, p.6) é o Portal do Governo Eletrônico, centro de
informações sobre o programa em âmbito Federal. Nele são disponibilizados padrões, normas,
guias, fórum de discussão e um módulo de consultas públicas para estreitar o relacionamento
do governo com os diversos atores sociais.

3.1.2 Administração Eletrônica (SISP)

Criado em 1994 pelo Decreto n° 1.048, o Sistema dos Recursos de Informação


e Informática (SISP), tem por competência planejar, coordenar, supervisionar e orientar
normativamente o uso das TICs nos entes públicos da Administração Pública Federal. A
Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão (MP) atua como órgão gestor desse sistema.

Figura 5: Portal do SISP12

12
Extraído de: http://www.sisp.gov.br/resources/theme-zen/images/global/logo_sisp.png
30

Em 2011 este sistema institucional recebeu nova denominação passando a ser


conhecido como: Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação,
conforme Decreto 7.579 de 11 de outubro de 2011. Ele corresponde no caso brasileiro, a
administração eletrônica no contexto de governabilidade eletrônica.

No ano de 2008, foi dado um novo enfoque ao SISP, ano em que foi publicada
a primeira Estratégia Geral de Tecnologia da Informação (EGTI) para os órgãos integrantes
desse sistema. A EGTI consiste em uma publicação periódica desenvolvida com a finalidade
de estabelecer as bases para a transição entre o cenário atual de gestão dos ambientes de
informática dos órgãos integrantes do SISP e o pleno cumprimento da Instrução Normativa n°
04/2008, e também busca a unidade no processo de aperfeiçoamento da gestão de TICs do
Estado. Além dessa publicação, foi elaborado o Modelo de Referência de Plano Diretor de
Tecnologia da Informação, ambos instituídos por meio da Portaria n° 11, de 30 de dezembro
de 2008 (OEA, 2009) e (MP, 2009).

Outras iniciativas importantes também foram instituídas pelo SISP, tais como a
Instrução Normativa n° 04, que trata da Contratação de Serviços de Tecnologia da
Informação; a criação da Gratificação GSISP, por meio da Medida Provisória n° 441, de
agosto de 2008, posteriormente convertida na Lei n° 11.907, de 2 de fevereiro de 2009; e a
criação da carreira de Analista em Tecnologia da Informação como um novo cargo do Plano
Geral de Cargos do Poder Executivo (idem, 2009).

Destaca-se também a elaboração de um Programa de Capacitação voltado aos


servidores em exercício nas áreas de TICs dos órgãos do SISP, em parceria com a Escola
Nacional de Administração Pública (ENAP). O programa consiste na oferta de cursos de
capacitação, pela ENAP, para gestores de TICs dos órgãos com a finalidade de facilitar a
elaboração e gestão de Planos Diretores de Tecnologia da Informação e a Contratação de
Serviços de TICs (MP, 2009, p.80).

A SLTI, atuou ainda no ano de 2008, na gestão de processos de melhoria da


capacidade de gestão de TICs dos órgãos integrantes do SISP, orientando a criação de comitês
estratégicos, no planejamento das ações de TICs, além de realizar ações de capacitação e
disseminação de conhecimentos e melhores práticas. Destacam-se também: a criação da
Comunidade Virtual de Gestão de TICs do SISP; o início da elaboração do sistema de
informação do SISP; a capacitação de profissionais atuantes no sistema em Métricas de
Software; e a realização de encontros sobre temas técnicos, com especialistas de TICs e
31

melhores práticas (OEA, 2009, p.34). Nove objetivos estratégicos são estabelecidos pela
EGTI. Estes são distribuídos em cinco perspectivas sendo elas: Sociedade; Governo Federal;
Processos Internos; Pessoas, Aprendizado e Crescimento e Financeiro. Indicadores e metas
foram elaborados após a definição destes objetivos e da orientação estratégica para alcançá-lo.

3.1.3 Democracia Eletrônica

O termo e-Democracia designa o conceito de democracia em ambientes


virtuais, ou seja, democracia eletrônica. Este conceito se baseia no uso das TICs como
ferramenta de apoio a implementação de práticas democráticas nestes ambientes. Um bom
exemplo do uso da e-Democracia pelos cidadãos brasileiros são as urnas eletrônicas utilizadas
no processo de eleição dos representantes políticos do povo e de consultas públicas virtuais
como apresenta (Sacheto, 2008).

A democracia eletrônica permite ao cidadão a sua interação direta e frequente


com as instituições governamentais. Essa pode ser entendida como uma alternativa de
implementação da democracia direta, tendo em vista que a sua aplicação por meio das TICs
permite aos cidadãos expressar suas opiniões, desejos, manifestações e a elaboração de
políticas públicas (Batista CM, 2006).

Figura 6: Democracia Digital13

O conceito de e-Democracia emerge a fim de minimizar alguns vícios da democracia


representativa, forma de governo atualmente exercida pela maioria dos estados democráticos.
Este modelo de governo se baseia na eleição direta de representantes responsáveis por
elaborar e votar dispositivos legais de acordo com os pleitos da sociedade, contudo esta
13
Extraído de: http://www.sebastien-breteau-2012.com/en/wp-content/uploads/2012/02/billet10-211x211.png
32

representatividade nem sempre expressa literalmente a vontade da maioria, pois o


representante político pode votar de acordo com interesses escusos ou por força de lobby, de
modo a não consultar a vontade do povo.

É neste contexto que o conceito de e-Democracia insere a democracia


participativa, também conhecida como democracia direta ou democracia pura, ao permitir que
a sociedade participe diretamente e ativamente do processo de elaboração de políticas
públicas nas diferentes formas de governo em que uma democracia pode existir, sejam elas
monárquicas, parlamentaristas, republicanas ou presidencialistas como é o caso do estado
brasileiro.

O surgimento de comunidades virtuais é evidenciado por Castells (1999,


p.442): “Howard Rheingold, em seu livro pioneiro Virtual Communities deu o tom do debate
defendendo com ênfase o nascimento de uma nova forma de comunidade, que reúne as
pessoas on-line ao redor de valores e interesses em comum”.

A aplicação da democracia em ambientes eletrônicos não se restringe, por


exemplo, apenas à utilização de urnas eletrônicas no processo eleitoral, sua utilização em
ambientes virtuais na internet pode ampliar a participação popular na elaboração de políticas
públicas além de estimular o controle social. Um bom exemplo da aplicação da democracia na
internet é o portal e-democracia da câmara dos deputados 14, que conta com dois grandes
espaços de participação, um dedicado ao debate de temas relativos a projetos de lei já
existentes, denominado Comunidades Legislativas. O segundo, um local para o debate de
qualquer tema sugerido pelo cidadão, denominado Espaço Livre.

O surgimento e a popularização da internet foram fundamentais para a


disseminação da democracia eletrônica, pois a quantidade de cidadãos que utilizam a rede
cresce constantemente a cada ano. Segundo dados da pesquisa TIC Domicílios e Usuários
2011, realizada pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação -
Cetic.br15, 38% das residências possuem acesso à internet (CGI.br, 2011). Os cidadãos
acessam a internet por meio de computadores localizados em seus domicílios, além do
trabalho, Lan house, Telecentros e também em dispositivos móveis. O uso das TICs traz
comodidade a seus usuários, pois não há mais necessidade do indivíduo se deslocar

14
O portal e-Democracia pode ser acessado no seguinte endereço: http://www.
http://edemocracia.camara.gov.br/
15
A pesquisa TIC Domicílios e Usuários 2011 pode ser acessada no seguinte endereço:
http://www.cetic.br/usuarios/tic/
33

fisicamente para interagir com o Estado. Um exemplo disto são as consultas públicas
realizadas pela internet por meio do portal de governo eletrônico16. Esta última já realizou 83
consultas entre documentos técnicos, normas e outras políticas desde sua disponibilização em
2004.

A utilização da e-Democracia traz diversos benefícios à sociedade. Um dos


pontos positivos de sua utilização como ferramenta impulsionadora da interação democrática,
é o fato desta ferramenta ser um meio de comunicação que possibilita a troca de informações
em ambos os sentidos de fluxo, ou seja, os debates podem ocorrer bidirecionalmente com a
participação de um número gigantesco de pessoas, ao contrário de um programa transmitido
pela televisão ou rádio onde um grupo pequeno de pessoas debate um tema e a maioria da
população apenas acompanha a discussão como ouvinte.

Outro ponto forte da e-Democracia é que todos os debates ficam registrados e


podem ser acessados por pessoas que não participaram dos mesmos, mas que desejam realizar
sua leitura. Além disso, o uso de computadores ou dispositivos eletrônicos para esta finalidade
permite que as contribuições sejam enviadas instantaneamente pela rede, o que acelera e
muito o processo.

O uso da e-Democracia também aproxima os representantes de seus eleitores,


pois os representantes do povo estão cada vez mais inseridos em redes sociais, blogs e
comunidades virtuais. Com isso, a sociedade passa a discutir temas e participar mais
ativamente da vida política de seus representantes, além de ter condições para fiscalizar
melhor suas decisões políticas. Não somente a população ganha com este uso da e-
Democracia, mas também os próprios representantes eleitos pelo povo, que passam a ter um
feedback17 sobre suas propostas e assim atender melhor aos anseios da sociedade.

O governo brasileiro tem desempenhado ações para que a internet seja ainda
mais democrática. Projetos como o Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico (e-
MAG)18 e a implantação de Telecentros19, permitem que pessoas com deficiência ou não, e
também os que não possuem recursos para acessar a rede mundial de computadores, possam
ser inseridos no processo democrático virtual.

16
https://www.consultas.governoeletronico.gov.br/ConsultasPublicas/index.do
17
Feedback pode ser entendido como a resposta, ou o retorno de uma opinião em uma interação entre dois
indivíduos.
18
O Modelo de Acessibilidade em Governo Eletrônico pode ser acessado no seguinte endereço:
http://www.governoeletronico.gov.br/acoes-e-projetos/e-MAG
19
Telecentros são locais públicos que oferecem o acesso gratuito a computadores e a internet à população.
34

O Marco Civil da Internet20, é descrito pelo Ministro da Justiça Luiz Paulo


Barreto como a Constituição da internet, sendo este um exemplo do engajamento cívico que o
uso da democracia eletrônica propicia à sociedade. É um projeto de Lei construído com a
colaboração direta da população por meio do sítio do Marco Civil na Internet, que objetiva
estabelecer direitos e deveres na utilização da Internet no Brasil. Lançado em 29 de outubro
de 2009 pela Secretaria de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça em parceria com o
Centro de Tecnologia e Sociedade da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas no Rio de
Janeiro, o projeto propôs eixos de discussão à sociedade. Temas como as condições de uso da
Internet em relação aos direitos e obrigações dos usuários, o papel do Poder Público com
relação à internet, bem como os prestadores de serviços e provedores de conexão são
discutidos diretamente pela sociedade. Cabe destacar que neste sentido, o debate em torno do
tema neutralidade da rede, compreende a isonomia de trafego de conteúdos pela web na
mesma velocidade. Esta neutralidade visa o livre acesso a natureza de qualquer tipo.

Castells (1999, p.445) evidencia um dos benefícios do uso da internet no


seguinte trecho: “a internet pode contribuir para a expansão dos vínculos sociais numa
sociedade que parece estar passando por uma rápida individualização e uma ruptura cívica”.

3.2 Transparência e Controle Social

Acompanhar a transparência do orçamento público e participar da elaboração


de políticas públicas tem sido alvo de interesse da sociedade. A transparência de informações
e a prestação de contas por parte dos governantes, permite que a sociedade fiscalize e exerça
amplamente o controle do gasto público.

Um dos pilares de apoio à democracia é o controle social que a sociedade pode


exercer sobre o governo. O controle social busca defender o interesse coletivo nas etapas de
planejamento, monitoramento e implementação das políticas públicas. Qualquer cidadão pode
exercer o controle social, devendo ser de interesse do mesmo zelar pela coletividade. Este
controle permite que o cidadão acompanhe e fiscalize as ações de seus representantes eleitos.

O controle social está diretamente ligado à participação popular, pois para que
ele possa ser exercido, é necessário que o cidadão participe do processo de acompanhamento
da gestão da coisa pública. O controle social é assegurado pela Constituição Federal

20
O Marco Civil da Internet pode ser acessado no seguinte endereço: http://culturadigital.br/marcocivil/
35

permitindo que a sociedade não somente fiscalize como também contribua com a elaboração
de políticas públicas. A internet possibilita que esta participação seja ampliada a uma
quantidade maior de pessoas, visto que se trata de uma ferramenta que facilita o acesso à
informação.

Figura 7: Portal da Transparência21

A participação da população é incentivada pela Lei de Responsabilidade Fiscal,


Lei Complementar nº 101 de 4 de maio de 2000, que em seu artigo 48º assegura a
transparência, nos incisos: “I - incentivo à participação popular e realização de audiências
públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes
orçamentárias e orçamentos;” Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009 e “II –
liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de
informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e financeira, em meios
eletrônicos de acesso público;” incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009 e em seu
artigo 49. A Lei de Responsabilidade Fiscal nº 131 atualizou a Lei complementar n° 101
determinando a disponibilização de informações sobre a execução orçamentária e financeira
da União.

Nascimento (2011, p.2) evidencia a importância da transparência e posiciona o


Brasil como referência mundial neste tema:

As notícias divulgadas no próprio Portal da Transparência afirmam que ele é


uma referência global em sua área, e que, como consequência desta e de
outras iniciativas do governo brasileiro, o Brasil é considerado um dos países
mais transparentes do mundo. Segundo dados da Pesquisa do Orçamento
Aberto (Open Budget Survey), uma iniciativa da organização não
governamental Parceria Internacional de Orçamento (International Budget
Partnership – IBP), o Brasil tem se posicionado entre a oitava e a nona
colocação no Índice de Orçamento Aberto, desde que a pesquisa, que tem
periodicidade bianual, começou a ser realizada no ano de 2006.
21
Extraído de: http://bahiapress.com.br/wordpress/wp-content/uploads/2011/05/portal__da_transparencia-
banner-ok.jpg
36

O Estado buscando atender ao anseio da sociedade em exercer este controle,


disponibilizou na internet dados relativos às contas públicas por meio do Portal da
Transparência do Governo Federal22. Além disto, cada órgão também disponibiliza em seu
sítio, uma página da transparência com as informações sobre a execução financeira da cada
instituição. Este portal tem a finalidade de prestar contas e manter a sociedade informada
sobre a gestão do orçamento público. Não somente a União, mas também os estados e
municípios disponibilizam estas informações em seus respectivos portais da transparência
estaduais e municipais.

Lançado em novembro de 2004, o Portal da Transparência do Governo Federal,


foi disponibilizado pela Controladoria Geral da União (CGU) para permitir que a sociedade
acompanhe na esfera federal, a execução financeira dos programas de governo. Este portal
disponibiliza informações sobre os recursos públicos federais repassados pela União ao
Distrito Federal, estados e aos mais de cinco mil municípios, além prestar informações sobre
os servidores públicos e dados sobre os gastos realizados em compras e contratações de obras
e serviços.

22
O Portal da Transparência do Governo Federal pode ser acessado no seguinte endereço:
http://www.portaltransparencia.gov.br/
37

3.3 Dados Abertos

Melhorar a qualidade das informações para a tomada de decisão, quanto ao


planejamento, controle e execução dos processos da Administração Pública Federal (APF),
vem sendo uma das prioridades do governo brasileiro. Este tem atuado com base em um novo
ponto de vista político em que os programas e ações de governo buscam tornar os
instrumentos de operacionalização das políticas públicas mais eficazes, além de aprimorar o
atendimento ao cidadão (Franzosi et. al, 2011).

Figura 8: Dados Abertos23

Segundo o W3C Brasil, no documento 'Melhorando o acesso ao governo com o


melhor uso da Web' (2009, p.66), compreende-se por dados abertos governamentais o
seguinte conceito:

… a publicação e disseminação das informações do setor público na Web,


compartilhadas em formato bruto e aberto, compreensíveis logicamente, de
modo a permitir sua reutilização em aplicações digitais desenvolvidas pela
sociedade.

A melhoria da Gestão pública possui algumas dificuldades na aplicação do


caso brasileiro devido a existência de uma grande massa de informações não tratadas e não
disseminadas aos tomadores de decisões governamentais, seguido por competências
individuais e coletivas não exploradas, insuficiência na colaboração intraorganizacional, baixa
utilização de trabalho em grupo colaborativo e virtual, além de dificuldades em promover o
aprendizado coletivo, traduzido em uma barreira à capacidade de criação e inovação (Franzosi
et. al, 2011).

A abertura de dados governamentais busca responder a demanda reprimida de


informações gerenciais aos níveis decisórios de governo, fornecendo mecanismos que

23
Extraído de: http://culturadigital.br/comunidadesicom/files/2012/05/ScreenHunter_04-May.-07-17.23.jpg
38

permitam a avaliação da qualidade, completude, proveniência e governança dos dados, com


foco no que é importante em cada um dos sistemas fornecedores, estruturantes e corporativos
de Governo; disponibilizar, a partir das diferentes demandas das diversas áreas do governo,
dados governamentais num ambiente que facilite a mineração e análise desses dados com o
uso de múltiplas ferramentas; e organizar a oferta de Dados Abertos de Governo para a
sociedade de forma planejada e organizada (idem, 2011).

Segundo a publicação do CGI.br, Melhorando o acesso ao governo com o


melhor uso da Web, a publicação de Dados Governamentais Abertos se baseia em três etapas,
sendo elas: a identificação dos dados sob o controle de um terceiro, ou seja, a fonte dos dados.
Em segundo, representar esses dados de modo que as pessoas possam utilizá-los. E a última
etapa consiste em disponibilizar os dados para todos (CGI.br, 2009).

Entre os benefícios advindos da abertura dos dados, estão a possibilidade de


diferentes interpretações, a reutilização deles, melhoria nas buscas Web e a possibilidade de
integração dos dados (idem, 2009).

Franzosi et. al na publicação Dados Abertos Para a Democracia Na Era Digital


(2011, p.27), defende que:

Na medida em que a qualidade dos dados é exigência e o momento é da


abertura dos dados, a documentação destes dados, através de bons
metadados e proveniência das informações, são imprescindíveis.
39

3.4 Mecanismos de Participação Eletrônica para o Exercício da


Cidadania Digital

A cidadania digital pode ser exercida na internet por meio de diferentes tipos
de instrumentos de participação popular, tais como: conselho deliberativo, referendo,
plebiscito, audiência pública, consulta pública e orçamento participativo (Perez, 2004).

A utilização das TICs no exercício da cidadania digital tem a capacidade de


alterar o tipo tradicional de interação entre os cidadãos, além de modificar o processo político
ao inserir novas modalidades de contato entre os cidadãos e seus representantes (Batista CM,
2006).

Figura 9: Cidadania Digital24

O conceito de cidadania digital evolui conjuntamente com os desafios advindos


do progresso das TICs, que passam a remodelar as relações sociais, levando alguns autores a
defender que surge a partir desse ponto um novo tipo de cidadania, segundo Katz, Shane e
Mossberger et al. (apud Sebastião et. al, 2012). Para Howard e Hermes (apud Sebastião et. al,
2012), se caracterizam apenas como novas práticas cívicas que dão ênfase a novas dimensões
da cidadania. Diferentemente dos meios de comunicação tradicionais, o uso das TICs para o
exercício da cidadania permite a descentralização da informação (Sebastião et. al, 2012).

Os custos e os motivos da participação são destacados por Batista CM (2006,


p.2), no seguinte trecho:

Uma das perguntas mais importantes que os estudiosos de política se fazem


é porque os indivíduos se mobilizam politicamente ou porque os indivíduos
24
Extraído de: http://cdn.briansolis.com/wp-content/uploads/2009/08/virtualworld.jpg
40

participam da atividade política. Saber em quais custos os indivíduos


incorrem para a participação e quais recompensas eles teriam na participação
pode levar a algumas respostas interessantes para essa pergunta.

Ainda seguindo o pensamento de Batista CM (2006), os custos da participação


não ocorrem apenas no processo eleitoral, como a votação presencial por meios de urnas
eletrônicas. O exercício da cidadania digital significa dedicar tempo e energia às atividades de
participação popular. Esse tipo de participação também pode envolver todos os riscos da
interação política ou da exposição em público, pois a opinião do cidadão pode não ser bem
recebida pela comunidade ou acatadas em uma assembleia, entre outros impedimentos. Esses
motivos podem diminuir a participação dos cidadão na modalidade presencial.

Esses impedimentos podem ser minimizados por meio de interações virtuais,


pois o relacionamento social em ambientes virtuais diminui a necessidade da interação
pessoal, tornando o debate político impessoal. A redução dessas relações sociais ocorrem
devido a eliminação do contato físico, o anonimato e tempo hábil para a formulação dos
debates, além da rapidez e facilidade em participar virtualmente, diferentemente do custo
econômico e temporal do deslocamento físico (ibidem, 2006).

A cidadania digital implica a adoção de uma nova cultura de participação que


traz como benefícios a maximização de informações geradas nos debates, o amadurecimento
de ideias ao longo do tempo e a inclusão de novos indivíduos no processo de elaboração de
políticas públicas (ibidem, 2006).

A participação eletrônica é fator determinante para que a e-democracia obtenha


sucesso. Um dos pontos importantes neste tipo de participação é a representatividade
alcançada pelos cidadãos que movimentam os debates na rede, uma vez que a democracia
sempre deve expressar a vontade da maioria. As pessoas que utilizam meios eletrônicos para
debater assuntos políticos, geralmente se mostram muito engajadas civicamente e interessadas
em desenvolver um debate que realmente venha a fazer a diferença.

Figura 10: Participação Eletrônica25

25
Extraído de: http://www.converge.gr/digital/images/vote_thumb.jpg
41

A sociedade deve possuir voz ativa no processo de elaboração de políticas


públicas, seja no âmbito de sua comunidade local, como também de toda sua nação. Quando
se fala de participação, o uso da Internet permite a articulação de todo o território nacional,
inclusive dos oriundos de uma nação que residem fora da mesma. É importante que haja o
diálogo nas diferentes esferas de governo, cada um com o seu grau de aprofundamento dos
temas discutidos. Por exemplo, um debate sobre o uso de armas de fogo, realizado a nível
nacional, tende a ser um assunto mais amplamente discutido e aprofundado pela sociedade,
por atingir um número maior de pessoas.

Dotar a administração pública de agilidade e flexibilidade, além de contar com


a participação da sociedade é fundamental para a modernização do Estado. Dentre as
modalidades de relacionamento entre o governo e a sociedade, destacam-se o Government to
Government, que se traduz em ações entre o próprio governo; Government to Business, no
qual o governo se relaciona com empresas e fornecedores; Government to Citizen, em que o
governo e sociedade interagem; e Government to Employees, no qual o governo se relaciona
com seus funcionários (Simão, 2004).

Em contrapartida, e não menos importante, um tema como a construção de uma


escola pública de ensino fundamental em determinado bairro, tende a ser um assunto
discutido por um número menor de pessoas, pois o assunto possui um grau de interesse maior
apenas pelos moradores do bairro em questão. Em ambos os casos a participação popular é
fundamental para que as decisões a serem tomadas pela administração pública estejam
alinhadas com a vontade da maioria. Quanto maior a representatividade e a participação da
sociedade, maior será o grau de aderência à vontade da população como um todo.

Batista CM (2006, p.13) destaca os pontos positivos do uso da participação


virtual:

Os mecanismos de participação facilitam o desenvolvimento de cidadãos


mais informados, vigilantes e atentos, menos dispostos a aceitar atitudes de
negligência, de recusa de informação, de falta de transparência ou atos
ilícitos ou de corrupção. No nível local, esta atitude de vigilância se torna
mais fácil e mais facilmente difundida dada a dimensão mais reduzida do
espaço público.

O conceito de representatividade e participação estão fortemente ligados um ao


outro, de modo que a participação pode ser entendida como o quanto um indivíduo se faz
presente nos debates, sejam estes virtuais ou não. Ou seja, trata-se da quantidade de interações
42

que um único indivíduo realiza em um ou mais debates, com um ou mais indivíduos. A


representatividade, expressa a quantidade de indivíduos que apoiam um determinado ponto de
vista em relação ao total da população existente, sejam estes contra ou a favor de um tema.

3.4.1 Lei de Acesso a Informação

Em vigor desde 16 de maio de 2012, a Lei nº 12.527/2011 é conhecida como


Lei de Acesso à Informação. Esta Lei determina que os órgãos e entidades da Administração
Federal, estados e municípios, venham a prestar informações e publicar as mesmas em seus
sítios. Esta Lei também determina a implantação do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC),
o qual oferece postos de atendimento físico ou eletrônicos por meio da internet.

Figura 11: Lei de Acesso à Informação26

O governo Federal disponibiliza o Sistema Eletrônico do Serviço de


Informações ao Cidadão (e-SIC)27, o qual permite que qualquer pessoa, física ou jurídica,
encaminhe pedidos de acesso a informação para órgãos e entidades do Poder Executivo
Federal. Esse serviço também é oferecido na forma de atendimento presencial caso o cidadão
deseje ser atendido pessoalmente nas unidades dos SICs.

A Lei de Acesso à Informação busca ampliar a transparência e o controle


social, ao permitir que a sociedade possa solicitar informações aos órgãos públicos e
consequentemente acompanhar e fiscalizar atos praticados, e também os gastos públicos.
Estão submetidas a esta Lei as Autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
economia mista, além dos Ministérios Públicos e os Tribunais de Contas. Também está
subordinado o Distrito Federal, os estados e os municípios com população superior a 10 mil
habitantes, contudo estes últimos apesar não se submeterem à Lei nº 12.527/11, estão sujeitos
26
Extraído de:
http://porteiras.r.unipampa.edu.br/portais/acessoainformacao/files/2012/05/Selo_Acesso_Horizontal_JPG.jp
g
27
Pode ser acessado em: http://www.acessoainformacao.gov.br
43

à Lei Complementar n° 131/2009, a Lei da Transparência, como mencionado no subitem


'Transparência e Controle Social'. No caso de um pedido de informação ser negado, o cidadão
pode entrar com recurso, observando o prazo de no máximo dez dias para a realização do
mesmo.

3.4.2 Votação e Petição Eletrônica

A votação eletrônica, também conhecida como e-voto, consiste na votação por


meios eletrônicos. Este processo envolve dois momentos distintos. No primeiro ocorre a
captação do voto, momento em que o cidadão realiza o seu voto em um dispositivo eletrônico.
O segundo instante, consiste na contagem dos votos, etapa em que ocorre a aferição dos dados
coletados.

Figura 12: Urna Eletrônica28

O voto eletrônico pode utilizar diversos tipos de tecnologias para a captação


dos votos, a exemplo do processo eleitoral brasileiro que utiliza urnas eletrônicas para este
fim, de modo que a captura do voto do cidadão ocorre por meio da digitação de números em
um teclado localizado na urna eletrônica. Outra tecnologia que pode ser utilizada no processo
de e-voto, é a utilização de sítios da Internet para a captação dos votos, não havendo restrição
do dispositivo de entrada, seja este um computador desktop ou dispositivos móveis, mas para
isto o uso de certificação digital e de outros mecanismos de controle e segurança, devem ser
utilizados.

Ao longo de anos, o sistema de votação eletrônica vem sendo aprimorado e


passou a ser utilizado para outros fins, como por exemplo, a correção de cartões de provas de
concurso público e também a apuração de jogos de loteria. O processo de votação eletrônica é
amplamente utilizado no país, e também nas eleições e referendos da Suíça, Reino e Estônia.

28
Extraído de: http://gazetaonline.globo.com/_midias/jpg/335526-4ca0e49d2238a.jpg
44

Também é aplicado nas eleições municipais do Canadá e em algumas etapas do processo


eleitoral dos EUA e França.

A urna eletrônica foi adotada no Brasil no ano de 1996, depois da realização de


testes em mais de 50 municípios com população superior a 200 mil habitantes. A partir do ano
2000, sua utilização no processo eleitoral foi expandida para todo o território nacional. Em
2006, à meia noite de 1° de outubro, 90% dos votos já haviam sido totalizados pelo TSE e as
informações estavam disponíveis em seu sítio da internet29. No ano de 2010, o resultado do
processo foi apurado em menos de uma hora e meia, apesar de ter processado mais de 135
milhões de votos (IPEA, 2012).

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE)30 publicou em 27 de julho de 2012, no


Diário de Justiça Eletrônico (DJe), a Resolução nº 23.381, que institui o Programa de
Acessibilidade da Justiça Eleitoral. A Resolução é fundamentada na Convenção sobre os
Direitos da Pessoa com Deficiência da Organização das Nações Unidas, ratificada pelo Brasil
e em outras normas afins, e decorre de estudos realizados nos Tribunais Regionais Eleitorais
(TRE) pelo Grupo de Trabalho sobre Acessibilidade nas Eleições do Tribunal Superior
Eleitoral, instituído pela Portaria nº 173/11 (TSE, 2012). Desta maneira, o voto eletrônico
pode ser exercido por toda a população brasileira.

Este ano, nas eleições municipais, foram iniciados testes de urnas biométricas
em outras localidades, a fim de ampliar a segurança do processo eleitoral. Já no caso do
processo eleitoral dos EUA no ano de 2002, foi garantido por Lei que urnas acessíveis à
pessoas com deficiência fossem utilizadas no processo eleitoral. Na Índia, no ano de 2004, o
processo eleitoral utilizou mais de um milhão de urnas eletrônicas para coletar 380 milhões de
votos.

Uma das grandes vantagens da utilização do e-voto é o fato de acelerar todo o


processo de votação e apuração dos votos, pois a apuração deixa de ser realizada
manualmente e passa a ser processada com o uso de computadores.

Outro ponto forte da votação eletrônica é o fato que, caso esta votação ocorra
por meio da Internet, há uma drástica redução dos custos e mobilização de colaboradores para
a realização de um processo eleitoral. Além disso, um dos fatores que mais democratizam o
processo é o fato das urnas eletrônicas poderem ser acessíveis à pessoas com deficiência e/ou
29
http://www.tse.gov.br
30
http://www.tse.jus.br/
45

dificuldade de locomoção. Seja qual for a deficiência, a utilização de tecnologias assistivas


garante que o eleitor possa realizar a votação em completo sigilo, sem necessitar do auxílio de
outra pessoa.

A petição eletrônica é uma ferramenta democrática que consiste no ato do


cidadão solicitar um pedido jurídico a uma entidade pública. O direito a petição é previsto no
artigo 5° da Constituição Federal de 1988, em seu inciso XXXIV: “São a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos poderes públicos em
defesa de direito ou contra ilegalidade ou abuso de poder”.

Figura 13: Peticionamento Eletrônico31

O uso da internet permite que a população possa solicitar uma petição sem a
necessidade de deslocamento físico aos órgãos públicos. Para assinar uma petição eletrônica,
o cidadão deve fornecer informações como o nome e endereço de e-mail. Um dos pontos
interessantes do pedido de petição é que o mesmo não necessita de assistência advocatícia, ou
seja, o cidadão pode solicitar uma petição sem o auxilio de um advogado, fato que viabiliza a
solicitação de petições eletrônicas na internet efetuadas diretamente pelo cidadão.

Segundo Paulo & Alexandrino (2008, p.141):

O direito de petição, de natureza eminentemente democrática e informal (não


há necessidade de assistência advocatícia), assegura ao indivíduo, ao mesmo
tempo, participação política e possibilidade de fiscalização na gestão da
coisa pública, sendo um meio para tornar efetivo o exercício da cidadania. É
o instrumento de que dispõe qualquer pessoa para levar ao conhecimento dos
poderes públicos fato ilegal ou abusivo, contrário ao interesse público, para
que sejam adotadas as medidas necessárias. Poderá, também, ser o
instrumento de defesa de direitos perante os órgãos do Estado.

31
Extraído de: http://2.bp.blogspot.com/-qD5mCEQsl74/TsOFTOOYceI/AAAAAAABO0w/rZxJn5pF-
Lg/s1600/CARAVANAESA.JPG
46

Atualmente existem sítios da internet que oferecem este serviço. O Superior


Tribunal de Justiça (STJ) por exemplo, disponibiliza um sítio para o envio de petições
eletrônicas, denominado página do Peticionamento Eletrônico do STJ 32. Este serviço permite
que a internet seja utilizada para a prática de atos processuais, não havendo necessidade de
petições redigidas em meios físicos. Outra vantagem é que o envio de petições eletrônicas
dispensa a apresentação posterior de documentos originais ou fotocópias autenticadas ao
referido tribunal.

Outro exemplo, é o Sistema de petição eletrônica33 do Tribunal Superior


Eleitoral. Em vigor desde 16 de junho de 2009, no âmbito de sua competência, ele atua como
o novo instrumento oficial de envio de petições e recursos por meio eletrônico, na forma
prevista da Lei n° 11.419/06. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) também
oferece o serviço de Petição Eletrônica34 pela internet.

3.4.3 Ouvidorias

As Ouvidorias desempenham um importante papel no processo de interação da


sociedade com o governo e também deste com a sociedade. O conceito de Ouvidoria já existia
no século XVI, período no qual os Governos Gerais das Capitanias Hereditárias Brasileiras
contavam com ouvidores indicados diretamente pelo Rei de Portugal. Cada Capitania
dispunha de um Ouvidor que detinha poder para estabelecer Câmara de Vereadores, lavrar e
promulgar leis, atuar como Comissários de Justiça, atuando como um Secretário de Estado e
auxiliando o Capitão, além de ouvir as reivindicações e as reclamações do povo sobre
improbidades e desmandos praticados por Servidores do Governo Geral. O Ouvidor atuava
como a segunda autoridade da Capitania ao qual foi designado, desta forma ele exercia o
papel de autoridade judicial em 1ª e 2ª instância, atuação exercida em conjunto com os juízes
(Portal Ouvidoria do Servidor35,2012).

32
O Peticionamento Eletrônico do STJ pode ser acessado no seguinte endereço:
http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=983
33
O Sistema de petição eletrônica do TSE pode ser acessado no seguinte endereço:
http://www.tse.jus.br/servicos-judiciais/peticao-eletronica
34
O serviço de petição eletrônica da ANVISA pode ser acessado no seguinte endereço:
http://www.anvisa.gov.br/servicos/atendimento/passo_peticionamento.htm
35
http://www.ouvidoriadoservidor.gov.br/ouvidoriaMP/Portal.do?method=mostraHistorico
47

Figura 14: Ombudsman36

No século XIX, mais precisamente em 1809, surge a figura do Ombudsman na


Suécia, palavra de origem nórdica, que resulta da junção da palavra ombud, cujo significado é
representante ou procurador, juntamente com a palavra man conhecido da língua Inglesa, que
significa homem. O termo Ombudsman foi amplamente utilizado em diversos países, e em
alguns deles passou por adaptações, porém com o mesmo significado. Países de origem
hispânica utilizam o termo Defensor Del Pueblo, na França o Médateur e em Portugal o
Ombudsman é conhecido como Provedor de Justiça (Portal SEFAZ-PE37, 2012).

Júnior (2002, p.49) destaca os benefícios advindos das Ouvidorias:

A Ouvidoria não se contrapõe aos mecanismos ortodoxos de controle da


Administração Pública. Muito ao contrário, apresenta soluções rápidas, além
de beneficiar a própria administração, com a possibilidade de extinção ou
edição de normas jurídicas, tanto de interesse desta como dos administrados,
contribuindo, assim, na construção legislativa.

Passado quase um século do surgimento do Ombudsman, foram iniciadas


tentativas de criação e regulamentação do Ombudsman Brasileiro por meio de Lei,
aproximadamente um ano após o período marcado pela Independência do Brasil. Foi em 1923
que José de Souza Mello – Deputado Constituinte – tentou regulamentar o primeiro
Ombudsman do Brasil, porém não obteve sucesso. O tema voltou a ser discutido somente em
1960, pois alguns segmentos de agências estatais, principalmente da previdência social e
saúde, adotaram a figura do Ombudsman. Mais a frente, com o golpe de 1964 que instalou a
ditadura militar no Brasil, os Ombudsman brasileiros deixaram de existir. Finalmente, em
1986 é criada a primeira Ouvidoria Pública, por força do Decreto-Lei nº. 215/86, implantada
na cidade de Curitiba (Portal Ouvidoria do Servidor, 2012).
36
Extraído de: http://www.alunosmeto.com/blog/wp-content/uploads/2010/06/ombudsman_rela
%C3%A7%C3%B5es_p%C3%BAblicas_abordodacomunicacao.com_.br_-300x191.jpg
37
http://www.sefaz.pe.gov.br/sefaz2/ouvidoria/HistoriadasOuvidorias.htm?pai=911
48

As Ouvidorias, sejam do setor público ou ligadas a empresas privadas, são


responsáveis por receber denúncias, reclamações, sugestões, elogios e pedidos de informação
solicitados tanto pelo público externo a uma organização como também pelos que fazem parte
dela. As Ouvidorias do Poder Executivo Federal são coordenadas pela Ouvidoria-Geral da
União, ligada à Controladoria-Geral da União (CGU), essa além de organizar e interpretar o
conjunto das manifestações recebidas, é responsável pela produção de indicadores do nível de
satisfação dos usuários a cerca dos serviços públicos prestados pelas Ouvidorias sob sua
coordenação (Portal CGU38, 2012).

3.4.4 Consultas Públicas Virtuais

O Estado brasileiro busca democratizar ainda mais o processo de criação e


alteração de dispositivos legais e de documentos técnicos ao fazer uso das Consultas Públicas,
como por exemplo a Instrução Normativa do SISP e o Plano Nacional de Banda Larga. As
Consultas Públicas disponibilizadas em ambientes eletrônicos permitem à sociedade
comentar, questionar e lançar sugestões sobre estes dispositivos. A interatividade nestes
ambientes virtuais também aplica o conceito de e-Democracia ao permitir uma atuação mais
intensa da sociedade no processo, pois a opinião do cidadão é considerada na construção e
alteração dos dispositivos submetidos à apreciação pública, como é o caso das consultas
disponibilizadas no Portal de Governo Eletrônico39.

Figura 15: Consulta Pública40

38
http://www.cgu.gov.br/AreaOuvidoria/OQueE/
39
O Portal de Governo Eletrônico pode ser acessado no endereço: http://www.governoeletronico.gov.br/
40
Extraído de: http://www.ancine.gov.br/sites/default/files/84868416_1.jpg
49

Instituídas pela Administração Pública Federal com a finalidade de obrigar as


agências reguladoras a tornar os processos decisórios mais transparentes, as Consultas
Públicas foram regulamentadas pela Lei n° 9.784/99, no qual prevê a realização de audiências
e/ou consultas públicas para a manifestação de terceiros quando envolver assunto de interesse
geral.

As consultas públicas permitem ao cidadão estar informado sobre as ações que


o Estado visa implementar, bem como avaliar a conveniência, a oportunidade e a intensidade
de seus programas de governo em uma forma de atuação compartilhada (Sacheto, 2008).

Diferentemente das audiências públicas que ocorrem em local, data e horário


preestabelecidos e iniciam com a presença da população, além de representantes de
organizações públicas e/ou privadas, as consultas públicas ocorrem ao longo de semanas ou
meses, período em que os interessados enviam contribuições por escrito aos órgãos públicos.
A data de início, bem como o encerramento de uma consulta juntamente com o texto que será
submetido à apreciação pública, deve obrigatoriamente ser divulgado no Diário Oficial da
União (DOU).

Nas Consultas Públicas realizadas em ambientes eletrônicos, no caso a internet,


a interação entre a sociedade e o governo é alcançada com muito mais efetividade, além de
agregar maior transparência ao processo. A publicidade da consulta também é ampliada nestes
ambientes, já que a realização das consultas públicas em meios eletrônicos, são divulgadas em
diferentes tipos de mídias sociais, tais como redes sociais, fóruns e listas de discussão.

3.4.5 Blogs

Blogs são estruturas de publicação de artigos, também conhecidos como posts,


em páginas web na Internet. Os artigos publicados em um blog são exibidos de acordo com a
sua data de publicação em ordem decrescente. Os blogs são estruturas ricas que exibem além
do texto, conteúdos multimídia tais como: imagens, vídeos e hyperlinks41. O uso dos blogs
geralmente é diversificado, podendo exibir conteúdos sobre temáticas específicas, notícias em
geral ou até mesmo como diário pessoal do blogueiro, aquele que publica artigos em um blog.

41
Hyperlinks são apontadores de páginas da internet que se clicados exibem outra página da internet.
50

Figura 16: Blogs42

O conceito de blog surgiu primeiramente em 1997 com o aparecimento da


expressão weblog, criada por Jorn Barger. Mais a diante em 1999, Peter Merholz abreviou a
expressão para simplesmente blog. Esta abreviação fazia parte de uma mensagem ao leitor de
seu blog, o blog Peterme.com, localizado na barra lateral com a seguinte mensagem: we blog,
que traduzido para o português significa “nós blogamos”. Posteriormente, Evan Williams do
Pyra Labs passou a utilizar a expressão blog como a ação de blogar, que significaria postar
um artigo no blog.

Um dos pontos fortes do blog, é que estas estruturas possibilitam uma grande
interação entre o blogueiro e seus leitores, pois essas ferramentas possuem um campo de
comentário para cada artigo publicado, permitindo ao leitor registrar sua percepção sobre o
post, assim como também replicar um comentário de outro leitor.

Os blogs se tornaram muito populares devido à facilidade com que os mesmos


são criados e mantidos. Há ferramentas específicas para esta finalidade no mercado,
permitindo que os blogueiros possam administrar seus blogs de maneira fácil e rápida, não
exigindo qualquer conhecimento de linguagens de programação de computadores ou web para
esta finalidade, como o HTML43 por exemplo.

Os blogs se dividem em três grandes grupos com finalidades distintas: diário


pessoal ou particular, corporativista ou blog de assuntos específicos. Os blogs que tratam de
diários pessoais são amplamente utilizados e retratam o dia a dia dos blogueiros, além de ser
um local onde expressam suas opiniões e debatem temas variados de seu interesse com os

42
Extraído de: http://1.bp.blogspot.com/-
jZEN8jJNCa8/UI13gvaeKVI/AAAAAAAAClc/w2M9Ts8Ogxc/s1600/Blog.jpg
43
O HTML é uma linguagem de programação de computadores para a criação de páginas da internet.
51

leitores. Os blogs corporativistas buscam lançar empresas e produtos na web, além de criar
um canal de relacionamento com os clientes da empresa e também captar novos clientes. Os
blogs que tratam de assuntos específicos, geralmente possuem um público bem definido que
busca aprimorar o conhecimento ou estar a par dos acontecimentos sobre um assunto
específico, podendo ter um número de leitores muito maior que um blog particular, como por
exemplo um blog sobre automóveis.

A interatividade alcançada pelos blogs ao permitir que os leitores comentem os


artigos publicados democratiza a Internet criando um canal de mão dupla, desencadeando
desta forma um ambiente propício à discussão de temas distintos e o ao mesmo tempo
permitindo ao blogueiro receber um feedback sobre a opinião dos seus leitores.

3.4.6 Mídias e Redes Sociais

As mídias sociais se caracterizam pelo fato de seus conteúdos não serem


produzidos ou controlados por organizações que representam os meios de comunicação, ou
seja, são os próprios leitores da internet que produzem os conteúdos neste tipo de mídia.
Trata-se da democratização da construção e publicação de conteúdos, pois outra característica
marcante das mídias sociais é o fato delas serem construídas de forma colaborativa. Esta
forma de construção de conteúdo permite que este seja aprimorado e possua a riqueza da
contribuição de pontos de vista diversificados sobre um mesmo assunto, além de unir o
conhecimento interdisciplinar de diversos colaboradores sobre os mais diversos assuntos.

Figura 17: Mídias Sociais44

44
Extraído de: http://jeffhurtblog.com/wp-content/uploads/2010/05/socialmediadataflow.jpg
52

Recuero (apud Oliveira SPG, 2010, p.19) define o conceito de rede social, no
trecho a seguir:

Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas,


compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede. Os
nós da rede representam cada indivíduo e suas conexões, os laços sociais que
compõem os grupos. Esses laços são ampliados, complexificados e
modificados a cada nova pessoa que conhecemos e interagimos.

A Internet é uma ferramenta que permite este tipo de compartilhamento e


disseminação da informação, mas principalmente, ela permite que a construção do conteúdo
de forma colaborativa ocorra com muita facilidade e agilidade. Outra vantagem que o uso da
rede propicia a utilização das mídias sociais é o fato da minimização dos custos de produção e
distribuição dessas mídias, a exemplo dos custos de um jornal impresso.

As redes sociais são um tipo de mídia social composta por pessoas e/ou
organizações que interagem em diferentes tipos de relações sociais. Estas interações podem
ser motivadas pelos mesmos objetivos e valores comuns aos dois lados envolvidos. Um dos
pontos fortes das redes sociais é o fato de permitir que ocorram interações não hierárquicas
entre seus membros. Comm (apud Oliveira SPG 2010, p.18) “acredita que a melhor definição
de mídia social é que todo conteúdo é gerado por seu público”.

Segundo este mesmo pesquisador (apud Bernardo, 2011, p.3):

Os limites das redes não são limites de separação, mas limites de identidade.
Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e
lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado pelas redes de
comunicações.

As redes sociais tem um mecanismo de funcionamento muito semelhante ao do


convívio social exercido fisicamente, a busca por popularidade é um bom exemplo disto, pois
o indivíduo que utiliza as redes virtuais se comporta de modo a maximizar a sua popularidade
e o número de amizades. Fontoura (apud Oliveira SPG, 2010, p.18) afirma que “mídias
sociais são tecnologias e práticas online, usadas por pessoas (isso inclui as empresas) para
disseminar conteúdo, provocando o compartilhamento de opiniões, ideias, experiências e
perspectivas...”.

Inicialmente as redes sociais permitiam apenas a troca de mensagens entre seus


usuários. Segundo Mika (apud Jardim, 2010, p.13), estas redes eram conhecidas como Redes
1.0, entre elas se destacam o MIRC lançado em 1995, ICQ em 1996 e o MSN em 1999.
Posteriormente surgiram as Redes 2.0, que permitiam aos seus usuários publicar fotos e
53

arquivos além de interagir em jogos sociais e visualizar propagandas diversificadas. Dentre as


Redes 2.0 se destacam o LinkedIn e MySpace lançados em 2003, Orkut e Facebook em 2004
e Twitter e Badoo em 2006.

Figura 18: Redes Sociais45

Segundo a pesquisa TIC Governo Eletrônico 2010 realizada pelo CETIC46, que
descreve o uso do e-Gov no Brasil, durante os três últimos meses de coleta dos dados, apenas
11% dos usuários utilizaram o Facebook, seguido por 17% o Twitter, 60% o Youtube, 77% o
MSN e por fim o mais utilizado foi o Orkut com 79% dos usuários entrevistados.

As mídias sociais estão atraindo a atenção inclusive das empresas, que veem na
mesma uma ótima oportunidade de estreitar seu relacionamento com os clientes, além de
divulgar sua marca e respectivos produtos e serviços. Outro ponto lucrativo das mídias sociais
para as empresas são as propagandas publicadas que podem ser direcionadas a um público,
desta forma reduzindo custos com a publicidade do anúncio e atingindo um público
consumidor em potencial. As mídias sociais representam novas práticas de marketing que
possibilitam às empresas competir de forma diferenciada em novos ambientes, a partir de uma
abordagem que supere as tradicionais, de modo criativo e inovador (Kotler apud Boquimpani,
2009).

Estudo realizado pelo Gartner em 2012 aponta que as redes sociais serão
responsáveis por gerar uma receita global de US$ 16,9 bilhões de dólares no ano de 2012, o
que representa um aumento de 43,1% em relação aos US$ 11,8 bilhões movimentados no ano
anterior. De acordo com esta consultoria, a maior fonte de arrecadação continuará sendo com

45
Extraído de: http://www.1stwebdesigner.com/wp-content/uploads/2010/08/social-media-waste-of-time.jpg
46
O Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação elabora e aplica diversas
pesquisas sobre as temáticas de e-Gov e TICs
54

publicidade nas redes sociais, podendo chegar a um total de US$ 8,8 bilhões no ano de 2012
(Drska, 2012).

Outro segmento das redes sociais que vem crescendo é o de jogos sociais
online, que possivelmente poderá faturar US$ 6,2 bilhões (idem, 2012). Além disto, US$ 278
milhões ficarão por conta das receitas com assinaturas. Segundo Neha Gupta, analista sênior
de pesquisas do Gartner, "O uso das mídias sociais on-line amadureceu e mais de um bilhão
de pessoas em todo o mundo vão usar as redes sociais nesse ano... embora o número de
usuários de mídias sociais seja grande, esse mercado ainda está em seus estágios iniciais sob a
perspectiva de receitas" (Drska, 2012, p.1).

As redes colaborativas de construção do conhecimento ou de aprendizagem


permitem que o indivíduo não somente adquira informações, como também passe a ser um
disseminador do conhecimento nestes ambientes virtuais. Segundo (Takeuchi & Nonaka,
2008, p.92) “a criação do conhecimento é um processo transcendental através do qual as
entidades (indivíduos, grupos, organizações, etc.) ultrapassam o limite do velho para o novo
eu, através da aquisição de novo conhecimento”.

Segundo Cardozo (apud Jardim, 2010, p.36):

a questão central das redes é a valorização dos elos informais e das relações,
em detrimento das estruturas hierárquicas. Redes Sociais representam um
conjunto de participantes autônomos, unindo ideias e recursos em torno de
valores e interesses compartilhados. As Redes Sociais constituem
exatamente as relações entre os indivíduos na comunicação mediada por
computador. Esses sistemas funcionam através da interação social, tendo
como principal objetivo conectar pessoas e proporcionar sua comunicação e,
portanto, sendo utilizados para forjar laços sociais.

A interação entre os membros deste tipo de rede pode ocorrer ativamente, pois
o participante debate os temas com os demais, ou passivamente no qual o participante apenas
acompanha os debates, criando desta forma um canal unidirecional do fluxo de informações.
É importante que acadêmicos e especialistas, nos assuntos discutidos, façam uma moderação
dos debates, de modo a buscar a coerência e a confiabilidade dos conhecimentos repassados.

Um dos pontos positivos advindos da utilização das redes sociais é o amplo


poder de disseminação e o compartilhamento de informações, o que propicia a divulgação de
mobilizações sociais por meio destas redes.
55

Com o passar dos anos as redes sociais tem se mostrado uma poderosa
ferramenta para a implementação e a disseminação da e-Democracia, visto que elas tem
adquirido cada vez mais importância no dia a dia da população mundial. Não há limitações de
deslocamento físico ou até mesmo discriminação por classes sociais, étnicas, religiosas e
demais, desta forma estas redes propiciam a participação direta da população na elaboração de
políticas públicas, bem como o controle social por meio de ambientes eletrônicos.

3.4.7 Comunidades Virtuais

Comunidades Virtuais são comunidades que reúnem pessoas com interesses


comuns, em que estas debatem assuntos virtualmente sem a necessidade de estar presentes
fisicamente. Um bom exemplo de comunidade é o ambiente Moodle47 utilizado pela Escola de
Administração Fazendária (ESAF), no qual os alunos dos cursos presenciais também contam
com um ambiente virtual de colaboração. Essas comunidades são agregações sociais que
formam uma rede de relacionamentos pessoais na Internet, envolvendo emoções humanas em
ambientes virtuais, segundo Reinghold (apud Varella, 2007).

Figura 19: Comunidades Virtuais48

Um dos pontos interessantes das comunidades virtuais é o fato destas


permitirem que a colaboração seja emitida com o mínimo ou até mesmo nenhuma influência
social, político ou econômica que o colaborador está sujeito em ambientes de debate
presenciais. Desta forma o conteúdo postado é avaliado somente pelo seu teor e não pela
pessoa que gerou este conteúdo.

47
O ambiente Moodle da ESAF pode ser acessado no seguinte endereço: https://moodle.eadesaf.serpro.gov.br/
48
Extraído de: http://www.seriouslysocial.co/wp-content/uploads/2010/08/Social-Media-Optimization-Plan-
Facebook-Twitter-LinkedIn-YouTube1.jpg
56

Também denominadas como comunidades de prática ou de conhecimento,


estes ambientes virtuais são definidos como um grupo de pessoas com objetivos e interesse
comum, formando grupos interdisciplinares e informais. As comunidades virtuais permitem
que o conhecimento construído e as lições aprendidas sejam disseminadas e compartilhadas,
além de inserir a opinião de especialistas e propiciar meios para a transferência de melhores
práticas. Estes ambientes também possuem a característica de auto-organização, o que
propicia a colaboração de atores internos e externos a este tipo de organização (Batista FF,
2012).

As comunidades virtuais são grandes disseminadoras de informação e podem


atuar como peças fundamentais para a mobilização e realização de abaixo-assinados, protestos
virtuais dentre outros. Um bom exemplo de comunidade virtual é o Portal das Comunidades
Virtuais do Governo Federal – CATIR49.

Essas podem possuir diferentes finalidades, entre elas a colaboração,


aprendizagem, socialização e outras. As comunidades que objetivam a colaboração buscam
construir o conhecimento advindo de usuários com diferentes pontos de vista, sejam de
acadêmicos, especialistas ou consultores nas áreas de conhecimento a serem construídos
nestes ambientes. As comunidades de aprendizagem estimulam o ensino a distancia, de modo
a permitir aos usuários acesso ao conhecimento por meio de ambientes virtuais. Estes
ambientes disponibilizam tutoria para auxiliar o aprendizado remoto. Um bom exemplo são os
cursos de graduação e pós-graduação à distância.

Castells (1999, p.443) define o conceito de comunidade virtual, como:

Em geral entende-se que comunidade virtual, segundo a argumentação de


Rheingold, é uma rede eletrônica autodefinida de comunicações interativas e
organizadas ao redor de interesses ou fins em comum, embora às vezes a
comunicação se torne a própria meta.

Segundo Hernandes (2003), a existência de fatores críticos pode influenciar no


sucesso das comunidades virtuais. Uma moderação ativa e que forneça feedback às
contribuições, além de incentivar a constante participação dos membros, está diretamente
ligada ao sucesso desses ambientes. O autor também observou que os membros de uma
comunidade virtual se sentem mais seguros ao participar de ambientes com regras de conduta
e políticas de privacidade, devendo existir uma atmosfera de confiança na comunidade. Além

49
O Portal das Comunidades Virtuais do Governo Federal pode ser acessado no seguinte endereço:
http://www.catir.gov.br/
57

disto, deve ficar bem claro aos membros da comunidade quais são os principais objetivos da
mesma. Outro ponto importante é que os membros destes ambientes virtuais devem ser
informados quanto ao campo de conhecimento abordado, além do fato que os mesmos não
devem somente contribuir com o debate, mas também receber contribuições que os auxiliem
no tema proposto. Para que a discussão aprimore suas contribuições é importante que
especialistas nos domínios de conhecimento abordados nestes ambientes sejam convidados a
participar dos debates virtuais. A construção de objetos reais a partir dos debates virtuais tem
se mostrado um grande fator motivador para a continuidade destes ambientes, bem como a
assiduidade e engajamento de seus membros. Deve ocorrer além dos debates virtuais,
reuniões presenciais para alinhamento da discussão, retomada do folego e ânimo dos
membros e incentivo a participação de novos possíveis membros.

Outra forma de utilização das comunidades virtuais é o intercâmbio cultural, ao


permitir que usuários localizados fisicamente em partes distintas do planeta possam interagir,
além de trocar experiências e costumes de diferentes culturas. Um bom exemplo é o projeto
do município de Granja no Estado do Ceará, denominado Intercambio Virtual e Cultural
Brasil/Portugal50, com o objetivo de sensibilizar os alunos dos dois países para o Novo Acordo
Ortográfico.

Entre as características das comunidades virtuais, as que mais se destacam são:


o fato do usuário estar livre para escolher a comunidade que mais lhe interessa, ao permitir
que desta forma suas contribuições sejam mais elaboradas, pois são comunidades que o
usuário tem afinidade e pode já ter algum conhecimento sobre o tema, este último não sendo
obrigatório para a sua participação. Outra característica importante é que os membros ou
visitantes de uma comunidade virtual podem obter uma resposta a um questionamento sem a
necessidade de postar esta dúvida no ambiente virtual, pois este questionamento já foi postado
por outro usuário com a mesma dúvida e respondido por outro membro.

O poder legislativo do governo brasileiro, lançou em 1997, um exemplo que


merece ser destacado, a comunidade virtual INTERLEGIS, com o objetivo de maximizar a
transparência e interação com a sociedade. Se trata de uma rede de colaboração e troca de
informações, voltada para a modernização e integração do poder legislativo nos seus níveis:
Federal, estadual e municipal (Nazareno et al., 2006).

50
O sítio do Intercambio Virtual e Cultural Brasil/Portugal pode ser acessado no seguinte endereço:
http://educacaogranja.blogspot.com.br/2011/10/intercambio-cultural-virtual.html
58

Além das características citadas anteriormente, outro ponto importante sobre as


comunidades virtuais é que elas são ferramentas de comunicação assíncronas, o que significa
que para o envio e o recebimento de mensagens não há necessidade dos membros
permanecerem conectados ao mesmo tempo como é o caso das ferramentas de bate-papo,
também conhecidas como chat, contudo algumas comunidades virtuais disponibilizam o
serviço de bate-papo trazendo a característica de comunicação síncrona.

As comunidades virtuais podem ser divididas em duas estruturas de interação:


lista de discussão e fórum de discussão. A primeira consiste na troca de mensagens por e-mail
entre os membros da lista. As mensagens geralmente são enviadas a todos os membros da
lista, porém elas também podem ser enviadas a um único destinatário, denominadas
mensagens privadas. As listas podem ser acompanhadas pelo próprio e-mail de seus membros
ou por páginas web criadas pelos sítios e portais que oferecem o serviço de criação e
manutenção de listas de discussão. A figura do moderador se faz presente nessas listas,
podendo possuir um ou mais moderadores que são responsáveis por filtrar as mensagens
postadas pelos membros.

Segundo Castells (2008, p.57) “As novas tecnologias da informação estão


integrando o mundo em redes globais de instrumentalidade. A comunicação mediada por
computadores gera uma gama enorme de comunidades virtuais”.

O fórum de discussão é uma ferramenta de comunidade virtual disponibilizada


em uma página web que geralmente divide as contribuições por assuntos. Cada um destes
assuntos é subdividido em tópicos ou árvores de discussão também conhecidos como threads.
Um recurso de interação muito presente nos fóruns de discussão é o mecanismo de enquetes,
no qual os membros podem expressar a sua opinião de maneira rápida e também visualizar o
posicionamento dos outros membros sobre os assuntos questionados nesses ambientes.

Outra característica dos fóruns de discussão é o fato de que alguns deles são
totalmente fechados, de modo que para a criação de uma árvore de discussão, envio de
mensagens e leitura das mesmas, se faz necessário um cadastramento prévio do usuário e
consequentemente sua autenticação no fórum em questão. Alguns fóruns permitem a leitura
de seu conteúdo, restringindo o cadastro prévio e a autenticação do usuário apenas a criação
de árvores de discussão e envio de mensagens.
59

As árvores de discussão consistem no ato do usuário criar uma mensagem


inicial, também conhecido como abrir um novo tópico em um ambiente de comunidade
virtual. A partir desta mensagem, os demais membros desencadeiam novas mensagens
relacionadas à primeira. As mensagens subsequentes podem estar encadeadas a uma
mensagem subordinada as demais postadas e não à primeira mensagem, ou seja, a mensagem
raiz do tópico. Uma árvore de discussão, ou thread, desencadeia o fluxo de mensagens em
cascata permitindo aos seus usuários desenvolver o debate não apenas embasado na
mensagem raiz, mas utilizando as demais postagens para enriquecer a discussão.

Embora a percepção do senso comum seja que diversas comunidades do Portal


do SISP tenha baixa interação, mesmo o numero de usuários sendo considerável, pode haver
uma certa incoerência entre a quantidade de membros de uma comunidade e a quantidade de
interações realizadas nas mesmas.

Além dos benefícios já citados, o uso de comunidades virtuais reduzem os


custos presenciais por não exigir a presença física dos colaboradores, o que demanda tempo e
custo financeiro, uma vez que o fator tempo é cada vez mais escasso frente as diversas
demandas operacionais do cotidiano dos órgãos, o que na prática necessita muitas vezes um
esforço hercúleo para que os analistas de TICs do SISP acompanhem os projetos transversais
do governo e atendam as áreas de negócio onde estão em exercício.

As formas de participação citadas neste capítulo permitem a interação e virtual,


além de poderem ser utilizadas como ferramentes para o exercício da democracia, sendo elas:
Cidadania Digital; Lei de Acesso a Informação; Votação e Petição Eletrônica; Ouvidorias;
Consultas Públicas Virtuais; Blogs; Mídias e Redes Sociais e Comunidades Virtuais. O estudo
de caso que será apresentado no capitulo seguinte, busca analisar uma comunidade do
Governo Federal e como esta colabora no ciclo de elaboração de políticas públicas.
60

4 ESTUDO DE CASO: COMUNIDADE EGTI


O principal objetivo deste estudo foi analisar a comunidade 'EGTI 2013-15' 51,
hospedada no Portal do SISP, e o quanto essa iniciativa vem estimulando a participação no
ciclo de políticas públicas. A pesquisa analisou a fluidez das interações desta iniciativa e
procurou identificar os motivos que levaram ao êxito do projeto. Também foram analisados os
motivos que levam ao abandono das comunidades virtuais mantidas pelo Governo Federal e a
não adoção destes ambientes como ferramentas eletrônicas de cunho social para a efetiva
participação e consequentemente a elaboração destas políticas.

Figura 20: Portal do SISP52

Com isso, foi estudado como esse tipo de ambiente de participação virtual vem
colaborando para o desenvolvimento da democracia eletrônica, a fim de propor
recomendações e diretrizes para o uso de comunidades virtuais nos governos e como a
participação dos entrevistados ocorreu na comunidade analisada.

51
Link da comunidade EGTI 2013-15: http://www.sisp.gov.br/dotlrn/clubs/gestodetisisp/forums/forum-view?
forum_id=14337426
52
Extraído de: http://www.sisp.gov.br/
61

Figura 21: Comunidade SISP53

O projeto EGTI teve como foco a participação dos membros da comunidade


'SISP' na elaboração deste projeto para o biênio 2013-2015, realizada por meio de encontros
presenciais, oficinas, incentivo por meio telefônico e pela participação no fórum virtual 'EGTI
2013-15'.

Os conteúdos abordados nas oficinas presencias foram postados no fórum de


discussão destacado acima para que os membros da comunidade 'SISP' aprimorassem o
debate, ou até mesmo aqueles que não compareceram a alguma oficina, acompanhassem o
teor da discussão presencial e também participassem dos debates virtuais.

O estudo de caso buscou analisar a percepção dos membros participantes dos


debates realizados no ambiente virtual quanto ao seu grau de atuação; feedback das
contribuições por parte da moderação; influência das contribuições na elaboração da EGTI;
fluidez da interação com os demais membros da comunidade; o uso das funcionalidades do
ambiente virtual; atuação da moderação; motivos para a participação dos membros;
engajamento dos atores; desenvolvimento de interesse dos membros pelo objeto estudado; e
considerações para que a comunidade 'EGTI 2013-15' se mantenha ativa e a EGTI seja
implementada.

53
Extraído de: http://www.sisp.gov.br/dotlrn/clubs/gestodetisisp/forums/
62

Na figura a seguir se apresentam os principais tópicos debatidos nos fóruns da


comunidade EGTI:

Figura 22: Fóruns EGTI 2013-1554

As tabelas abaixo demonstram os dados sobre o cenário atual das principais


comunidades virtuais hospedas no Portal do SISP, em ordem decrescente:

Tabela 2: Quantidade mensagens nos Fóruns

Quantidade de Mensagens nos Fóruns Total


SISP 544
Projeto Eurobrasil 382
Rede Governamental de Planejamento e Gestão Territorial 345
CT-GCIE - Comitê Técnico de Gestão do Conhecimento 303
Legislação de Pessoas - Provimento, Vacância, Direitos, Vantagens e 233
Movimentação de Pessoas
Fonte: Portal do SISP
Elaboração: própria.

54
Extraído de: http://www.sisp.gov.br/dotlrn/clubs/gestodetisisp/forums/forum-view?forum_id=14337426
63

Tabela 3: Quantidade de arquivos e pastas por comunidade

Quantidade de arquivos e pastas por comunidade Total


Rede COGEF 639
SISP 639
E-Ping – Coordenação da e-Ping 448
Telefonia Infovia - MP 321
GTC – Disciplina Gestão do Conhecimento 287
Fonte: Portal do SISP
Elaboração: própria.

Tabela 4: Quantidade de Membros por Comunidade

Quantidade de membros por comunidade Total


Portal Governo 3.279
SABIÁ – Comunidade Virtual da Inspeção do Trabalho 2.778
SISP 1.988
Comunidade SICOM 1.808
CT-CGIE – Comitê Técnico de Gestão do Conhecimento 1.170
Fonte: Portal do SISP
Elaboração: própria.

No que se refere a comunidade estuda neste trabalho, esta apresenta 184 posts,
contando com 52 membros, além de 28 arquivos distribuídos em 10 pastas.

4.1 Estratégia Geral de Tecnologia da Informação (EGTI)

Com o objetivo de definir o planejamento estratégico que visa promover a


melhoria contínua da gestão e governança das TICs e subsidiar os órgãos pertencentes ao
SISP na elaboração dos Planejamentos de Tecnologia da Informação, a Estratégia Geral de
Tecnologia da Informação (EGTI) se trata de um instrumento de gestão do SISP que define os
rumos destes segmentos na Administração Pública Federal (Portal do SISP55, 2012).

A EGTI está alinhada com o Plano Plurianual (PPA) do quadriênio 2012-2015


e o Plano Brasil 2022, que norteiam a estratégia adotada na elaboração de sua versão atual.
Além disto, ela também busca aprimorar a sustentação da infraestrutura, em atendimento ao
55
http://www.sisp.gov.br/egti/wiki/apresentacao
64

que determina o Art. 3º. da Instrução Normativa (IN) SLTI/MP nº 04, de 12 de novembro de
2010 (ibidem, 2012):

Art. 3º Em consonância com o art. 4º do Decreto nº 7.579, de 2011, o Órgão


Central do SISP elaborará, em conjunto com os Órgãos Setoriais e
Seccionais do SISP, a Estratégia Geral de Tecnologia da Informação - EGTI
para a Administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo
Federal, revisada e publicada anualmente, para servir de subsídio à
elaboração dos PDTI pelos órgãos e entidades integrantes do SISP.

Figura 23: EGTI 2013 - 201556

Sua primeira versão foi elaborada em 2008, e passou a vigorar no ano seguinte.
Elaborada para constituir o modelo de governança do SISP, teve como principal objetivo
estabelecer as bases para a transição entre a situação atual da gestão de TICs e o pleno
cumprimento da Instrução Normativa SLTI n° 4/2008. A EGTI 2008 contava com quatro
metas, sendo elas: aperfeiçoamento da gestão de TICs e alinhamento com o planejamento
institucional do órgão; aprimoramento qualiquantitativo dos recursos humanos; melhoria do
processo de contratação de TICs; e adoção de padrões. O processo de elaboração desta versão
ocorreu nas seguintes etapas: elaboração de versão preliminar pela SLTI, seguida de
contribuições dos gestores de TICs, cuja análise foi feita com o apoio de profissionais dos
órgãos integrantes do SISP. Esta versão recomendava que cada órgão integrante do SISP

56
Extraído de: http://www.sisp.gov.br/egti/wiki/download/file/egti.JPG
65

tivesse sua posição na linha de base do modelo registrada em autodiagnóstico e suas metas
para 2009 registradas em Plano de Metas próprio (ibidem, 2012) e (EGTI 2013-2015, 2012).

Elaborada em 2009, a segunda versão da EGTI com vigência em 2010, foi


fruto da revisão da EGTI de 2008 e buscou o alinhamento de estratégias das TICs, a fim de
subsidiar os órgãos integrantes do Sistema a alcançar o aumento da maturidade de processos
de Governança de TICs. O processo de elaboração contou com sessenta profissionais de
vários órgãos do SISP, fato que marcou o processo de construção pela riqueza de diversidade
e participação. Este processo também contou com oficinas nos seguintes eixos:
Fortalecimento da TI, Alinhamento, Desenvolvimento de Capacidades, e Integração (ibidem,
2012) e (EGTI 2013-2015, 2012).

A EGTI 2010, sua terceira versão com vigência no biênio de 2011-2012,


buscou a continuidade das evoluções obtidas com os planejamentos anteriores: o
fortalecimento das áreas de TICs, a entrega de valor às áreas finalísticas de negócio e o apoio
ao cumprimento das metas governamentais. De forma complementar, apresentou um Plano de
Execução com ações a serem realizadas pelos órgãos integrantes do Sistema (ibidem, 2012) e
(EGTI 2013-2015).

A versão 2012 da EGTI, concebida para o triênio 2013-2015, dá seguimento ao


aprimoramento contínuo, avaliando os resultados dos instrumentos anteriores. Com isso,
buscou-se observar a oportunidade de tornar a EGTI mais objetiva e focada em estratégias
que efetivamente levarão ao desenvolvimento das áreas de TICs (ibidem, 2012).

A EGTI 2013-2015 teve seu processo de elaboração baseado na metodologia


Balanced Scorecard – BSC, com adaptações. O BSC traduz a estratégia da organização para
realizar sua missão e alcançar sua visão de futuro, por meio de um conjunto de objetivos
estratégicos, os quais mantêm relações de causa e efeito entre si, definidos em diferentes
perspectivas. O processo de execução foi baseado no envolvimento e interação entre os
órgãos integrantes do SISP, de forma colaborativa, tanto presencial como virtual. Na forma
presencial, foram realizadas oficinas técnicas nas quais as dinâmicas aplicadas permitiram que
todos os participantes contribuíssem e analisassem conjuntamente as sugestões dos demais.
Na forma virtual, foi utilizada a comunidade virtual do Portal do SISP, em que para cada
encontro presencial realizado, o conteúdo foi disponibilizado na comunidade virtual, fato que
possibilitou a colaboração dos demais membros (ibidem, 2012).
66

A interação entre o órgão central do SISP e seus órgãos setoriais ocorreu de


várias formas, entre elas oficinas presenciais, nas quais foi revisado o referencial estratégico
do SISP, buscando uma nova visão de futuro com o objetivo de alinhar a EGTI às expectativas
dos órgãos. Também foram realizados encontros presenciais com lideranças no MP, bloco k
da esplanada dos ministérios em Brasília, a fim de mapear expectativas dos dirigentes do MP
e de outros parceiros estratégicos tais como SERPRO e DATAPREV. Além disso, foi
realizada a análise ambiental do SISP, na qual foram identificados os pontos fracos e fortes do
Sistema, assim como as oportunidades e ameaças externas. Esta análise contribuiu com a
definição de novos objetivos estratégicos, para os quais foram identificados um conjunto de
indicadores, metas e iniciativas estratégicas, que permitirão direcionar o atendimento dos
objetivos definidos, bem como o alcance da nova visão de futuro (ibidem, 2012).

Enfim, todas estas questões demonstram que a temática participação e


interação permearam o documento da EGTI. Isto ficou evidenciado entre os objetivos: o
fortalecimento, a integração e comunicação institucional do SISP; e a promoção da gestão do
conhecimento do SISP por meio do aprimoramento do ambiente para o compartilhamento do
conhecimento. Ela também aponta a promoção da Gestão de Conhecimento do SISP por meio
do aprimoramento do ambiente para o compartilhamento do conhecimento. A análise
ambiental desta versão, descreve como uma das oportunidades, o uso crescente das redes
sociais que facilitam o compartilhamento da informação.
67

5 METODOLOGIA DO ESTUDO

5.1 Natureza da pesquisa

Este estudo foi viabilizado por intermédio de pesquisa qualitativa, como


classifica (Creswell, 2010). Ela foi do tipo aplicada pelo fato de gerar conhecimentos que
podem ser aplicados às comunidades virtuais do governo federal. A pesquisa aplicada,
segundo Barros e Lehfeld (2000, p.78) busca “contribuir para fins práticos, visando à solução
mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade”.

5.2 Método da pesquisa

A pesquisa utilizou o método qualitativo, pois segundo (Creswell, 2010) a


coleta dos dados ocorre diretamente onde o problema está inserido, não havendo a
necessidade de levar o problema a outros ambientes como um laboratório por exemplo,
conhecido como ambiente natural. Esse método também utiliza diversas fontes de dados
desde a coleta em documentos, entrevistas e outras fontes, além de não exigir a aplicação de
técnicas.

5.3 Meios de investigação

Foi realizado estudo de caso em uma comunidade virtual do Governo Federal.


O estudo de caso segundo Santos (2005, p.72) “analisa com profundidade um ou poucos
fatos, com vistas à obtenção de um grande conhecimento com riqueza de detalhes do objeto
estudado”. Para Lopes (2006) o estudo de caso é específico, concentrado e detalhado em um
único caso, ou se abordar mais de um caso é caracterizado como casos múltiplos. Este estudo
é utilizado quando o pesquisador quer aprofundar seus estudos com enfase em um único
assunto.

5.4 Coleta de Dados

A coleta de dados desta pesquisa ocorreu na forma de entrevista. Cabe destacar


que para Creswell (2010), os instrumentos de pesquisa são aspectos fundamentais para o
68

sucesso da coleta dos dados e respectivamente da confiabilidade, validez e precisão dos


mesmos. Entende-se por validez, a certeza de que o instrumento de coleta consegue medir
exatamente o que se deseja. Enquanto a confiabilidade garante que os resultados sejam
sempre idênticos e que o instrumento de coleta seja aplicado em grupos distintos. A precisão
reflete exatidão dos dados coletados frente ao problema pesquisado. O uso deste instrumento
se deu pois, segundo Santos (2005, p.234):

A entrevista é um excelente instrumento de pesquisa e é largamente usada no


mundo das organizações, com múltiplas finalidades.

5.4.1 Instrumento de Coleta

A coleta dos dados para a realização da pesquisa ocorreu por meio de entrevista
semiestruturada com alguns gestores e colaboradores da comunidade analisada.

Como mencionado no início deste capitulo, a coleta de dados ocorreu por meio
da realização de entrevistas que se deram no período de 19 à 23 de novembro de 2012. Elas
ocorreram pessoalmente, por telefone, e por e-mail. No primeiro caso a média de interações
foi de trinta minutos e no segundo vinte minutos. As interações por e-mail exigiram em média
cinco interações.

Para facilitar a análise dos dados foi definido um roteiro padronizado de


perguntas que foram pré-testadas em dois colaboradores com características semelhantes a das
pessoas que seriam entrevistadas. Todavia estes não fariam parte da amostra, pois de acordo
com Marconi & Lakatos (2009) “o instrumento de coleta de dados nunca deverá ser aplicado
na população que será alvo do estudo, mas deve ser aplicado em populações com
características semelhantes para fins de testes do instrumento”. Este teste, segundo (idem,
2009) deve apresentar três elementos fundamentais: fidedignidade, validade e operatividade.

5.4.2 Amostra e Universo

O universo da pesquisa foram os gestores e membros que atuam nas diversas


instituições que compõe o SISP. Enquanto a amostra são alguns gestores e colaboradores
envolvidos na comunidade 'EGTI 2013-15'. Os entrevistados foram selecionados após a
análise de suas colaborações nos debates ocorridos na comunidade estudada e por indicação
dos líderes do projeto EGTI.
69

A tabela a seguir contém a lista dos entrevistados:

Tabela 5: Entrevistados e o total de posts nas comunidades

Posts na
Nome Órgão Comunidade
EGTI 2013-15
Ana Carolina Romao Degaspari Ministério do Planejamento 3
Érica Jordana Bento Viana Cruz Ministério do Esporte 14
João Souza Neto Correios 3
Ranerio Francisco de Mello Vieira Ministério da Justiça 15
Roberto Wagner de Carvalho Araújo Ministério do Esporte 0
Tiago Chaves Oliveira Ministério do Planejamento 2
Vanessa Murta Rezende Ministério da Ciência, Tecnologia e 4
Inovação
70

6 RESULTADOS DO ESTUDO
Após a coleta de dados, mediante a colaboração de sete entrevistados, que
colaboraram presencialmente, por telefone e e-mail, conforme mencionado no item
'Instrumento de Coleta de Dados' localizado no capítulo cinco, foi percebido que:

Quanto ao vigor na atuação dos entrevistados na comunidade 'EGTI 2013-15',


os representantes do Ministério do Esporte (ME) e Ministério da Justiça (MJ) confirmaram
sua atuação na comunidade analisada. Eles também afirmaram atuar em outras comunidades,
como a de métricas por exemplo. O representante do MJ respondeu que costuma assinar
alguns fóruns como: Carreira de TI do SISP e Comunidade do PDTI do MJ. Na opinião da
representante do ME, a SLTI estimula pouco a colaboração em rede. Enquanto o colaborador
do Ministério da Justiça compreende que o órgão central do SISP deve convidar com mais
frequência os analistas de tecnologia e as pessoas que percebem a gratificação do SISP a
participar das discussões nos ambientes virtuais. Para os representantes deste último órgão e
dos Correios, o feedback das sugestões da EGTI não ocorreram na comunidade. Os motivos
para a baixa participação dos membros foi defendida pelos entrevistados pelo fato de não
existir moderadores ativos que incentivem o debate e apliquem as contribuições às políticas
públicas, além de fornecer feedback sobre estas colaborações. Este fato foi evidenciado
conforme uma das respostas dos entrevistados “a SLTI não fomenta moderadores e pessoas
que incentivem a colaboração em rede, como ocorreu na Comunidade EGTI neste ano”. Para
um dos representantes do Ministério do Planejamento, as comunidades do SISP são 'perenes e
não coordenadas'.

De forma geral, os entrevistados da comunidade 'EGTI 2013-15' compreendem


que esta foge a regra, pois a moderação foi ativa e surpreendeu as expectativas, fornecendo
feedback das contribuições virtuais, analisando e acatando as colaborações dos membros, com
isto refletindo o seu alto grau de participação e engajamento, mesmo sob o fato de alguns
entrevistados não possuir vínculos presenciais com os moderadores. Estes aspectos são
destacados em uma das respostas dos entrevistados: “O trabalho em redes de contribuição é
um ambiente novo e precisa de mecanismos de incentivo muito particulares, além Na
percepção da entrevistada do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação 'os fóruns virtuais
são muito mais produtivos e agradáveis quando já há uma interação presencial entre os
participantes'. Para esta, as comunidades devem ter compromissos específicos e resultados a
serem atingidos. Já um dos entrevistados do Ministério do Planejamento acredita que deveria
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haver uma delegação formal de responsabilidades aos servidores da SLTI para incentivar a
moderação. Esta participação ativa da moderação da comunidade EGTI foi demonstrada na
seguinte transcrição de uma reposta de um dos entrevistados em que é destacada a
pontualidade e o incentivo à participação: “A moderação da SLTI para a comunidade EGTI é
bem pontual... no final de um reunião ou quando há algum documento para ser revisado. Sei
que parece ser 'cômodo' para os servidores ficarem recebendo e-mails para comparecer à
comunidade, mas, como no dia a dia todos temos muitas atividades acho muito interessante o
recebimento de lembretes por e-mail”. A respondente do Ministério do Esporte pensa que as
comunidades E-Ping, NSIC e EGTI do SISP são exceção em relação as demais no estímulo a
colaboração. Dois entrevistados consideraram o tempo muito escasso para discussão de temas
tão importantes para o governo e três se motivaram por poder colaborar para a elaboração de
políticas e normas para aperfeiçoar a governança de TICs dos órgãos.

Sobre o uso da tecnologia aplicada nas comunidades pesquisadas, foi sugerido


pelos entrevistados que se explorasse mais a funcionalidade wiki para a disponibilização e
organização dos documentos, além de permitir que os mesmos sejam construídos
colaborativamente. Também foi sugerida a utilização de ferramentas de comunicação
instantânea entre os usuários do ambiente e a maior exploração das funções de eventos e
calendários. Para a gestora responsável pelo projeto o 'ambiente precisa ser bastante
aperfeiçoado'. Um dos entrevistados do Ministério do Esporte compreende que a usabilidade
das comunidades necessita melhorar significativamente.

Quanto ao grau de intensidade de atuação dos entrevistados na comunidade


'SISP', cinco entrevistados responderam baixa, um respondeu média e um escolheu alta. Na
comunidade 'EGTI 2013-15', nenhum dos entrevistados respondeu baixa, quatro responderam
média e três escolheram alta. Os entrevistados consideram importante que os responsáveis
pelas comunidades convençam as pessoas a acreditar no processo colaborativo. Um dos
representantes do Ministério do Planejamento sugeriu a alocação de uma equipe para
acompanhar a implementação da estratégia. A participação na comunidade EGTI e demais
fica evidenciada ainda, pela seguinte resposta de um dos entrevistados: “Como a comunidade
da EGTI trabalha na elaboração de documentos, o compromisso dos envolvidos é percebido
com muita facilidade. Entretanto, em comunidades que não estão trabalhando com um
resultado específico, a participação e o compromisso ficam difusos”.
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Os gráficos a seguir demonstram o grau de intensidade de atuação dos


entrevistados nas comunidades 'SISP' e 'EGTI 2013-15':

Intensidade de Atuação - SISP

Baixa
Média
Alta

Gráfico 1: Intensidade de atuação dos entrevistados – SISP

Intensidade de Atuação - EGTI 2013-15

Baixa
Média
Alta

Gráfico 2: Intensidade de atuação dos entrevistados – EGTI 2013-15

No caso deste projeto, observa-se um esforço concentrado de 12 servidores da


coordenação da SLTI e de colaboradores dos seguintes órgãos para viabilizar na
tempestividade do projeto: Centro de Informática e Automação de Santa Catarina
(CIASC/SC), Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), Fundação Oswaldo Cruz
(FIOCRUZ), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB), Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Mato Grosso (IFMT), Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN), Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ministério da Cultura (MC), Ministério
das Cidades (Mcidades), Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ministério da
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Defesa (MD), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério do


Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ministério do Desenvolvimento
Social (MDS), Ministério do Esporte (ME), Ministério da Educação (MEC), Ministério da
Fazenda (MF), Ministério da Integração Nacional (MI), Ministério das Comunicações
(MinC), Ministério da Justiça (MJ), Ministério de Minas e Energia (MME), Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão (MP), Ministério Público do Distrito Federal e Territórios
(MPDFT), Ministério da Previdência Social (MPS), Ministério das Relações Exteriores
(MRE), Ministério da Saúde (MS), Ministério dos Transportes (MT), Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE), Ministério do Turismo (Mtur), Secretaria dos Direitos Humanos (SDH),
Secretaria de Portos (SEP), Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO),
Secretaria-Geral da Presidência da República (SG/PR), Secretaria de Políticas para as
Mulheres (SPM), Superior Tribunal Militar (STM) e Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro (UNIRIO).

Um dos pontos que reforçam a participação dos entrevistados na comunidade


'EGTI 2013-15', foi a existência de um convite presencial para que todos participassem dos
debates virtuais. Além disso, os representantes do Ministério dos Esportes; Ministério da
Ciência, Tecnologia e Inovação; Ministério da Justiça; Correios; e Ministério do Planejamento
responderam que sua participação ocorreu devido a oportunidade de compartilhamento e de
construção coletiva de conhecimento e do projeto. Esta alternativa foi indicada pela maioria
dos entrevistados. Este aspecto fica evidenciado em uma das respostas dos entrevistados: “A
comunidade EGTI é bem ativa e os debates realmente acontecem”.

A gestora responsável pelo projeto 'EGTI', respondeu que quanto a efetividade,


foi um projeto diferenciado por ter sido priorizado pela SLTI/MP, focado na intenção da
participação dos órgãos e na valorização da opinião dos interessados, bem como o feedback
para as sugestões acatadas ou não, como pode ser notado na transcrição de sua resposta a
seguir: “Colocar em pauta assuntos de interesse da comunidade, apoiar e acompanhar a
implantação das ações e projetos do plano de execução da EGTI, monitorar as metas, dar
publicidade às informações, e uma atuação efetiva dos dirigentes das áreas de TI,
principalmente da comissão de coordenação do SISP”. Em sua visão, mais colaboradores
deveriam participar, pois geralmente são poucos e sempre os mesmos que efetivamente
colaboram. Ela também defende que os servidores deveriam estar mais direcionados para as
atividades de colaboração em comunidades virtuais. Além disto, se deve colocar em pauta
assuntos de interesse da comunidade SISP, além de apoiar e acompanhar a implantação das
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ações e projetos do plano de execução da EGTI, monitorar as metas, dar publicidade às


informações, e ocorrer uma atuação efetiva dos dirigentes das áreas de TICs, principalmente
da comissão de coordenação do SISP. Embora não tenha sido mencionado pelos entrevistados,
foi observado que o projeto teve apoio político dos dirigentes, e a gestora e o líder do projeto
estavam devidamente empoderados para a conclusão dos trabalhos. Cabe destacar também a
presença do secretário e de seu adjunto e dos diretores vinculados ao SISP.

Os representantes dos Correios e Ministério do Esporte responderam que


participam da comunidade 'EGTI 2013-15' devido a necessidade de ampliar os
relacionamentos, representando a maioria dos entrevistados. Para os representantes do
Ministério do Planejamento e Ministério do Esporte, sua participação ocorreu a fim de se
atualizar profissionalmente. Motivado pelo aprimoramento de novas habilidades, o
representante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação participa pelo referido motivo.
O representante do Ministério do Esporte respondeu que sua participação ocorreu com a
finalidade de troca de experiências com outros órgãos do Estado. O representante do
Ministério do Planejamento respondeu que a motivação ocorreu por fazer parte do trabalho
desempenhado pelo entrevistado, compondo a minoria dos entrevistados. Para os
representantes do Ministério do Planejamento e Ministério do Esporte sua participação
também ocorreu por designação do superior, representando a média dos entrevistados, além
de outros motivos citados anteriormente pelos mesmos.

Enfim, os entrevistados consideraram importante para que a comunidade se


mantenha ativa e a EGTI seja implementada, os seguintes aspectos: é necessário colocar em
pauta assuntos de interesse da comunidade; apoiar e acompanhar a implantação das ações e
projetos do plano de execução da EGTI; monitorar as metas, dar publicidade às informações;
uma atuação efetiva dos dirigentes das áreas de TICs, principalmente da comissão de
coordenação do SISP. Isto fica nítido em uma das respostas dos entrevistados transcrita a
seguir: “mostrar claramente ao colaborador que sua participação é importante, que é levada
em consideração e que a proposta de construção coletiva é concreta”. Ter responsáveis para
cada comunidade com a missão especifica de fomentar o diálogo e a colaboração regular, o
que não acontece com a maior parte das demais comunidades. Os responsáveis devem
convencer as pessoas a acreditar no processo colaborativo. Outra resposta de um dos
colaboradores destaca a importância de uma moderação ativa: “para que as comunidades
virtuais alcancem o sucesso, é preciso que a SLTI interaja mais com os órgãos setoriais e
tenham mais conhecimento sobre as necessidades dos órgãos”.
75

7 CONCLUSÕES E PROPOSIÇÕES PARA NOVOS


ESTUDOS
A Internet apenas começa a ser utilizada como a maior ferramenta de
participação popular da história. Seu imenso potencial foi abordado neste trabalho. O
Governo Eletrônico, e-Democracia, Transparência e Controle Social, o Portal da
Transparência Pública, Lei de Acesso à Informação, Ouvidorias, Participação Eletrônica,
Governabilidade Eletrônica, Administração Pública, Votação Eletrônica, Sistemas de
reputação, Petições na Internet e Mídias Sociais, entre outros meios que foram tratados ao
longo deste estudo, são instrumentos e recursos para a moderna Governança e a Participação
e representam o grande arsenal que começa a ser utilizado em benefício da sociedade, das
nações e da humanidade.

Fica claro que o uso de ambientes virtuais para a construção colaborativa de


políticas públicas é viável e já é utilizado pelo Governo Federal brasileiro, como é o caso de
sucesso da comunidade 'EGTI 2013-15'. O estudo mostrou que o sucesso da comunidade
virtual analisada esta diretamente ligada a participação ativa da moderação, a priorização dos
projetos, bem como o engajamento e dedicação dos membros. Um dos pontos observados
durante a analise, é que a referida comunidade apresentou um alto grau de participação e
interatividade de seus membros, contudo o número de participantes ainda foi pequeno. Cabe
ao Estado investir na divulgação destes ambientes e capacitar seus servidores a administrar e
moderar os mesmos, inclusive inserindo a temática nas políticas de governo, como na Agenda
Brasil Digital, bem como em outros projetos estratégicos definidos para o plano de execução
2013-15. O Governo deve implementar uma politica de incentivo e de valorização das
contribuições em debates virtuais, sejam em comunidades eletrônicas, consultas públicas ou
até mesmo em redes sociais que o Governo se faz presente.

Os objetivos da pesquisa foram alcançados ao analisar a comunidade virtual


'EGTI 2013-15'. O estudo de caso realizado nesta comunidade permitiu visualizar o modo
como ela vem estimulando a participação desta estratégia geral. Com isto, foi possível propor
recomendações e diretrizes que serão destacadas no parágrafo seguinte. Para isto, as seguintes
hipóteses levantadas foram corroboradas, a saber: h1) O uso de comunidades virtuais pelo
Governo Federal permite a construção interativa de políticas públicas; h2) Os atores do
Estado participam ativamente dos debates realizados em ambientes virtuais; e h3) As
76

contribuições postadas nas comunidades virtuais são consideradas no ciclo de políticas


públicas.

Uma política de atuação do Estado em comunidades virtuais e de estímulo à


participação nestes ambientes deve buscar a implementação de algumas diretrizes. Entre elas,
se destacam a realização de debates virtuais sobre programas e ações de governo; a utilização
e disseminação da transparência do gasto público. Outra diretriz que deve ser seguida é
sempre demonstrar que a colaboração dos cidadãos e de outros agentes públicos que
participam destes ambientes é importante e pode vir a alterar partes ou até completamente o
ciclo de elaboração de políticas públicas. Além disto, fomentar o diálogo e a colaboração de
forma regular é importante a fim de evitar que os debates ocorram de forma sazonal e sem
foco de resultado.

As comunidades disponíveis no Portal do SISP, em sua maioria, apresentam


baixa interação dos membros. Este fato ocorre devido a falta de uma moderação mais ativa
nestas comunidades virtuais. Estas são ótimas ferramentas para a troca de experiências e para
a construção do conhecimento, além da elaboração de políticas públicas. Se faz necessário
que o Governo Federal realize investimentos na área, capacitando e incentivando seus
servidores, inclusive financeiramente por meio de cargos e funções gratificadas específicas
para este fim. A realização de debates virtuais minimiza os custos da participação tanto pelo
ponto de vista do cidadão como pelo ponto de vista da Administração Pública Federal, além
de permitir que as colaborações sejam aprimoradas ao longo de debates e contribuições dos
demais membros. Ela não exige o deslocamento físico dos participantes e que estas
colaborações sejam emitidas em um curto espaço de tempo predefinido, como é o caso dos
debates presenciais.

Alguns fatores podem influenciar no sucesso das comunidades virtuais


segundo pesquisa de Hernandes (2003), entre eles estão: deve ficar bem claro aos membros da
comunidade quais são os principais objetivos da mesma; deve existir uma atmosfera de
confiança na comunidade; os membros destes ambientes virtuais devem ser informados
quanto ao campo de conhecimento abordado. Outro ponto importante é o fato dos membros
não somente contribuir com o debate, mas também receber contribuições que os auxiliem no
tema proposto. Uma moderação ativa e que forneça feedback às contribuições além de
incentivar a constante participação dos membros também está diretamente ligada ao sucesso
dessas comunidades.
77

Para que o debate aprimore suas contribuições é importante que especialistas


nos domínios de conhecimento abordados nestes ambientes sejam convidados a participar dos
debates virtuais. Isto foi percebido ao longo do projeto, embora em alguns casos o estimulo
tenha sido insistente para que houvesse colaboração mesmo que o nível de proposição dos
poucos presentes fossem de suma importância (adaptado de Hernandes, 2003 grifo nosso).

Hernandes aponta ainda outro fator importante, como é o caso da comunidade


'EGTI 2013-15', o fato de ocorrerem além dos debates virtuais, reuniões presenciais para
alinhamento da discussão, retomada do folego e ânimo dos membros além de incentivo a
participação de novos possíveis membros. A construção de objetos reais a partir dos debates
virtuais tem se mostrado um grande fator motivador para a continuidade destes ambientes,
bem como a assiduidade e engajamento de seus membros. Outro fator apontado por este
pesquisador é que os membros de uma comunidade virtual se sentem mais seguros ao
participar de ambientes com regras de conduta e políticas de privacidade (idem, 2003).

As comunidades virtuais vem cada vez mais sendo utilizadas no governo, como
o Portal CATIR e o Portal do SISP. O primeiro conta com 379 e o segundo com 67
comunidades. Todavia, os desafios mais frequentes nestas comunidades pertencem ao papel
da moderação e estímulo em relação a resultados. Mesmo assim, se vislumbra um novo
cenário na política do projeto da nova EGTI, desenvolvido prioritariamente pela SLTI e que
foi estudado nesta pesquisa.

Em seguida, a analise do estudo de caso 'EGTI 2013-15' mostrou que a


motivação para a participação dos entrevistados ocorreu por diversos fatores, dentre eles: a
existência de um convite para que todos os membros participassem dos debates virtuais. Além
disto, a participação também ocorreu devido a oportunidade de compartilhamento e de
construção coletiva de conhecimento e do projeto; pela necessidade de ampliar os
relacionamentos; a fim de se atualizar profissionalmente; motivados pelo aprimoramento de
novas habilidades; para a troca de experiências com outros órgãos do Estado; por fazer parte
do trabalho desempenhado pelo entrevistado; por designação do superior; contatos
telefônicos; e vínculos físicos.

Os resultados da pesquisa evidenciaram que o sucesso da comunidade 'EGTI


2013-15' está diretamente ligado a forma como os gestores deste ambiente atuam, tais como:
o encorajamento constante da participação dos membros; atendimento personalizado aos
membros da comunidade; além do fornecimento de conhecimento técnico a respeito de
78

assuntos e ferramentas envolvidas. Estas práticas, caso ainda não sejam adotadas pelas demais
comunidades do Governo Federal, devem ser implementadas a fim de atingir o sucesso.

A pesquisa também mostrou fatores importantes para a continuidade e o


sucesso de comunidades virtuais, tais como: mostrar claramente ao colaborador que sua
participação é importante e é levada em consideração; colocar em pauta assuntos de interesse
da comunidade; demonstrar aos membros que a proposta de construção coletiva é concreta;
monitorar as metas da comunidade; dar publicidade às informações relacionadas aos debates;
apoiar e acompanhar a implantação das ações e projetos abordados nestes ambientes; os
moderadores devem convencer os membros a acreditar no processo colaborativo; as
comunidades virtuais devem contar com responsáveis para cada comunidade, com a missão
especifica de fomentar o diálogo e a colaboração regular; e uma atuação efetiva dos dirigentes
das áreas de TICs, principalmente da comissão de coordenação do SISP, como é o caso da
comunidade 'EGTI 2013-15'.

O uso de comunidades virtuais pelo Estado é fundamental para a elaboração de


políticas públicas, além de permitir a construção coletiva do conhecimento, valorizando as
contribuições da sociedade, promovendo a transparência dos programas e ações de governo e
prestando informações sobre assuntos de interesse público, como também promover a
inclusão dos cidadãos em ambientes virtuais e consequentemente na internet. É importante
destacar que cabe ao Estado promover a participação entre os diversos atores em todos os
meios de comunicação possíveis.

Se recomenda a exploração de diversos meios de comunicação e


funcionalidades, tanto virtuais como presenciais para que os projetos venham a retratar
melhor a realidade dos órgãos e sejam mais eficientes, contribuindo de fato para o
aprimoramento da governança de TICs. Além disto, se deve buscar inserir no debate a
participação de especialistas nos temas discutidos.

Novos estudos devem ser realizados, tendo em vista que o assunto sobre a
participação em ambientes virtuais é muito ampla, além do fato desta pesquisa ter analisado
apenas um único caso do Governo Federal, podendo ocorrer novos estudos nas demais
comunidades, além de se estender a outras esferas, inclusive mapeando todos os aspectos da
participação virtual no pais, ao demonstrar o grau de participação em cada região, estado e
município, como também os fatores que levam a tal participação, bem como as dificuldades
existentes. Também devem ocorrer novos estudos quanto à analise de como este tipo de
79

ambiente vem colaborando para o desenvolvimento da democracia eletrônica e sobre como


estimular a interação nos ambientes virtuais em que o Governo se faz presente.

Outros mecanismos e funcionalidades advindos das TICs, como as citadas ao


longo deste trabalho, devem cada vez mais serem observadas para que o processo de gestão
de políticas públicas seja mais efetivo.

Por fim, cabe destacar que o uso de comunidades virtuais para a elaboração de
políticas públicas e a interação entre a sociedade e o governo é extenso e não se resume
apenas ao escopo desta pesquisa. Outros aspectos sociais, culturais, financeiros,
organizacionais e políticos devem ser observados e analisados com maior detalhamento.
80

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Portal da Ouvidoria Geral da União (OGU). Disponível em:


http://www.cgu.gov.br/AreaOuvidoria/OQueE/ Acessado em: 10 Set. 2012.

Portal da Transparência. Disponível em: http://www.portaltransparencia.gov.br/ Acessado


em: 13 Set. 2012.

Portal de Governo Eletrônico. Disponível em: http://governoeletronico.gov.br/ Acessado


em: 23 Out. 2012.

Portal do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação


(CETIC.br). Disponível em: http://www.cetic.br/ Acessado em: 23 Set. 2012.

Portal do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). Disponível em:


http://www.cgi.br/ acessado em: 27 Ago. 2012.

Portal do Intercambio Virtual e Cultural Brasil/Portugal. Disponível


em:http://educacaogranja.blogspot.com.br/2011/10/intercambio-cultural-virtual.html
Acessado em 26 Set. 2012.
Portal do Marco Civil da Internet. Disponível em: http://culturadigital.br/marcocivil/
Acessado em: 18 Set. 2012.

Portal do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC). Disponível em:


http://www.acessoainformacao.gov.br/sistema/ Acessado em: 25 Out. 2012.

Portal do SISP. Disponível em: http://www.sisp.gov.br/ Acessado em: 10 Nov. 2012.

Portal do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Disponível em: http://www.tse.jus.br/


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http://edemocracia.camara.gov.br/ Acessado em: 02 Set 2012.

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SANTOS, Izequias Estevam dos. Manual de Métodos e Técnicas de Pesquisa Científica. 5ª


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dos Estados Americanos (OEA). Agosto, 2009.
85

9 ANEXO – ROTEIRO DA ENTREVISTA

Este estudo foi desenvolvido por servidor público do Departamento de


Governo Eletrônico, vinculado à Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão realizado como pesquisa para a conclusão
do trabalho final de curso de pós-graduação em Governo Eletrônico, realizado pela ESAF.

Questionário:
1 - Você atua na comunidade 'SISP' com o mesmo vigor que na comunidade 'EGTI 2013-15'?
Justifique sua resposta e aponte as comunidades que você mais colabora.

2 - De forma geral, você compreende que os moderadores da comunidade 'EGTI 2013-15'


ofereceram mais feedback às sugestões e comentários do que os colaboradores das outras
comunidades do SISP?

3 - Em sua percepção suas sugestões influenciaram na elaboração da EGTI e/ ou de políticas e


diretrizes do SISP?

4 - Você tem vínculos presenciais com as pessoas que interagem nos fóruns? Em caso
positivo, você acredita que isso pode ter facilitado a fluidez da interação?

5. Descreva o grau de intensidade de atuação nas comunidades 'SISP' e 'EGTI 2013-15':

SISP EGTI 2013-15


( ) Baixa ( ) Baixa
( ) Média ( ) Média
( ) Alta ( ) Alta

6. A comunidade explorou todas as funcionalidades que a tecnologia do ambiente permite?


Você sentiu falta e teria condições de sugerir outras que poderão ser úteis?

7. Você entende que a moderação da SLTI para a comunidade 'EGTI 2013-15'' e para as
demais comunidades está adequada? Argumente sobre sua resposta.

8. Cite o que te motiva a participar da comunidade 'EGTI 2013-15' ? E das demais


86

comunidades?

9. Como você percebe o compromisso/engajamento dos atores da comunidade 'EGTI 2013-15'


e das outras comunidades do SISP?

10 - Indique entre as afirmativas abaixo as principais razões que o estimularam a participar da


comunidade:
a) Oportunidade de compartilhamento e de construção coletiva de conhecimento e do
projeto.
b) Necessidade de pertencer ao grupo.
c) Necessidade de ampliar os relacionamentos.
d) A fim de se atualizar profissionalmente.
e) Com vistas ao aprimoramento da reputação.
f) Oportunidade de aprimorar novas habilidades
g) Outras. Especifique:

11 - Como você julga que os líderes do projeto EGTI desenvolveram o interesse dos membros
da comunidade?
a) Encorajando constantemente a participação dos membros.
b) Dando atendimento personalizado aos membros da comunidade.
c) Acompanhando e informando o grau de progresso das tarefas.
d) Fornecendo conhecimento técnico a respeito de assuntos e ferramentas envolvidas.
e) outros. Especifique: ________________________

12. O que você considera importante para que a comunidade se mantenha ativa e a EGTI seja
implementada?

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