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002
Introdução
Olá, aluno(a), tudo bem? Seja bem-vindo(a) à disciplina Economia. Sou a
professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat e vou acompanhá-lo nesta
disciplina tão fascinante, intrigante e que faz parte do nosso dia a dia. Antes
de iniciar nossa discussão, falarei um pouquinho sobre a minha formação
acadêmica.
Sou formada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (2007), Mestre em Economia pela Universidade Estadual
de Maringá (2011) e Doutora em Economia também pela Universidade
Estadual de Maringá (2016). Sou especialista em EaD e novas tecnologias
(2019) e tenho pós-graduação em Docência no Ensino Superior: Tecnologias
Educacionais e Inovação (2019), ambas pela Centro Universitário Maringá
(UniCesumar). Sou professora de Economia de cursos de graduação e pós-
graduação tanto presenciais quanto a distância em diversas faculdades e
universidades públicas e privadas.
Agora que você já me conhece, quero apresentar a disciplina a você. A
Economia é uma ciência social que estuda as inúmeras necessidades das
pessoas e está presente na vida de todas elas, sejam físicas ou jurídicas.
Mesmo que não tenhamos afinidade com a economia, muitas das nossas
decisões são tomadas com base em alguma(s) variável(is) econômica(s),
assim como todas as decisões do governo, por exemplo, afetam as nossas
vidas.
Dessa forma, um aluno de graduação, que vai tomar decisões precisa
conhecer os fundamentos da economia, já que as empresas, seja ela
pequena, média ou grande, estão inseridas no ambiente econômico.
Então, meu objetivo na disciplina é apresentar os fundamentos da ciência
econômica, de modo que você compreenda o ambiente econômico e,
assim, tome as melhores decisões.
Para atingir o objetivo, nosso material foi dividido em dezesseis aulas,
no qual discutiremos os conceitos fundamentais de economia, tais como
descrever o significado da economia e explicar os conceitos econômicos
fundamentais. O conteúdo das duas primeiras aulas é fundamental para a
compreensão da disciplina como um todo, pois são termos e conceitos que
dão suporte à análise econômica.
003
Como a economia é dividida em duas grandes áreas de estudo, que é a
microeconomia e a macroeconomia, nas aulas seguintes trataremos de
termos pertinentes a essas áreas. Adianto para você que a microeconomia
estuda os agentes econômicos individuais, ou seja, as empresas, os
consumidores e a formação de preço. Já a macroeconomia estuda as variáveis
agregadas, ou seja, a economia como um todo. Assim, praticamente todas
as notícias que lemos e ouvimos são relacionadas à macroeconomia, por
exemplo, as políticas monetárias, fiscais e cambiais que o governo elabora.
Esses serão alguns dos temas que vamos discutir a partir da aula 12.
E aí, preparado(a) para entrar no fascinante universo da Economia? Espero
que sim! Tenho certeza de que ao término da disciplina, você estará apto a
discutir Economia e tomar as melhores decisões empresariais.
Lembre-se: qualquer dúvida, entre em contato com seu tutor!
004
01
Conceito e
Significado
de Economia
005
Olá!
Seja muito bem-vindo(a) à nossa primeira aula da disciplina Economia. Tenho certeza
de que você já ouviu falar muito sobre os temas que envolvem o estudo da economia,
pois fazem parte do dia a dia de todas as pessoas, independentemente da classe
social ou nível de escolaridade. Mas você sabe dizer quais são esses temas? Entre
aqueles que mais afetam a nossa vida e, portanto, são preocupações das ciências
econômicas, estão:
Custos de Mercado de
Demanda Inflação Moeda
produção trabalho
Taxa de Taxa de
Oferta Tributos
câmbio juros
006
Figura 1.1 - administração da casa
Acredito que você tenha cado surpreso, não é mesmo? Mas vamos pensar como
funciona a nossa casa: nós trabalhamos para receber um salário, que utilizamos para
pagar contas tais como, mensalidade da faculdade, energia elétrica e alimentação,
entre outras. Caso não tenhamos dinheiro para todas as contas, ou se algo
inesperado ocorre, fazemos empréstimos. Agora, se sobrar dinheiro, fazemos
investimentos, por exemplo, na caderneta de poupança ou renda xa.
Uma empresa e um país funcionam dessa mesma forma! A empresa tem a receita
com a venda dos bens e serviços e os custos com a compra de matéria-prima e com a
folha de pagamentos. Um país, como o Brasil, faz a arrecadação por meio de tributos
que as pessoas físicas e jurídicas pagam, e gasta ofertando bens e serviços públicos,
por exemplo. Caso faltem recursos nanceiros, empréstimos e nanciamentos são
feitos, e quando o gasto/custo é menor do que a receita, investimentos em máquinas,
equipamentos, reforma de escolas são feitos. Assim como na nossa casa.
007
Bolsonaro propõe ao Congresso liberar empréstimos a estados
com endividamento baixo
008
Como você percebeu, três palavras na acepção de Mendes (2009) estão em destaque,
pois são os termos principais da de nição e que precisam ser muito bem entendidos.
A primeira palavra é “ciência social”, que diferente do que o senso comum acredita, a
economia não é uma ciência exata, e sim uma ciência social, pois ela estuda a melhor
forma da satisfazer às necessidades das pessoas. Para que o estudo da satisfação da
sociedade seja possível, a economia utiliza teorias, história, sociologia, e instrumentais
matemáticos, como a estatística.
É importante observar que a economia estuda o todo, portanto, mesmo que uma
pessoa individualmente não tenha desejos ilimitados ou que todas suas necessidades
sejam satisfeitas, na economia como um todo não é assim que funciona.
009
Economia
Poucos bens
Problema!
Conforme a gura 1.2 nos mostra, os problemas econômicos são oriundos da falta de
recursos produtos su cientes para produzir tudo o que a população deseja.
Vasconcellos (2011) observa que se não houvesse escassez de recursos não haveria a
necessidade do estudo de questões como in ação, crescimento econômico, dé cit no
balanço de pagamentos, desemprego, concentração de renda, entre outros tantos
temas de estudo.
010
Jovens são os mais afetados pela piora do mercado de trabalho, e
comprometem futuro da Previdência
As questões econômicas
fundamentais
Dadas as necessidades ilimitadas das pessoas e os recursos escassos, todas as
sociedades são obrigadas a fazer opções, ou seja, precisam escolher uma ou algumas
alternativas possíveis entre tantas disponíveis. Para essa escolha, é preciso responder
a perguntas básicas da economia, que são:
011
O que e quanto produzir?
Como produzir?
“O que produzir” signi ca de nir quais bens e serviços a economia vai fabricar. Essa
não é uma decisão fácil, pois, como você já sabe, os recursos são escassos. Então, não
podemos produzir tudo o que desejamos ou de que precisamos – em outras palavras,
aumentar a produção de um determinado bem signi ca reduzir a quantidade
produzida de outros bens.
Após decidir o que será feito, dados os recursos limitados, tem que ser de nida a
quantidade do bem ou serviços escolhidos que será produzida, além do público-
alvo desse produto. Um dos fatores de escolha do “para quem produzir” é a renda
desse consumidor. Quanto maior for a renda, maior a quantidade de mercadorias
que ele poderá adquirir. Essas três primeiras perguntas mostram que quem vai
in uenciar a decisão da empresa/país são os consumidores.
012
As sociedades precisam fazer escolhas, já que não é possível produzir e
consumir tudo o que se deseja. Para isso, três perguntas se fazem
necessário: O que e quanto produzir? Para quem produzir? Como
produzir?
Aluno(a), nalizamos a nossa primeira aula da disciplina Economia. Se você cou com
alguma dúvida, procure seu tutor. E não se esqueça de fazer as atividades para
assimilar melhor o conteúdo!
013
02
Princípios
Básicos de
Economia
014
Olá, aluno(a), tudo bem? Após você compreender exatamente do que se trata a
economia e seu real signi cado, nesta segunda aula vamos discutir os princípios
básicos de economia, ou seja, pensamentos/ideais iniciais que explicam alguns
comportamentos econômicos dos agentes (pessoas físicas e jurídicas e governo, que
discutiremos na próxima aula).
Essas ideias básicas, segundo Mankiw (2012), são dez princípios que estão divididos
em três grupos, que são: “Como as pessoas tomam decisões”, “Como as pessoas
interagem” e “Como a economia funciona”. Não se preocupe em “decorar” cada
princípio e sim, procure entendê-los, relacionando ao nosso dia a dia, combinado?
Então, vamos conhecê-los?
Princípio 1
Para iniciarmos nossas discussões sobre esse primeiro princípio, é importante que a
expressão tradeo esteja bem clara em nossas mentes. Na economia, quando falamos
em tradeo nos referimos a uma situação de escolha con itante, ou seja, quando uma
ação tem como objetivo resolver um determinado problema e acaba acarretando
outros.
015
Tradeo é um termo de origem da língua inglesa que de ne uma
situação em que existe con ito de escolhas, e que faz parte de todas as
decisões econômicas.
Por exemplo: uma forma de fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país
cresça é estimulando a demanda. Porém, quando aumenta a demanda, faz com que
os preços da maioria dos produtos subam e, isso faz com que surja a chamada
in ação. Então, o objetivo inicial, que era fazer com que o país crescesse
economicamente, acabou por fazer com que a taxa de in ação também aumentasse,
o que não é bom. Nesse caso, existe um tradeo entre crescimento e in ação.
Você, por exemplo, neste momento fez uma escolha, já que você dedicou, digamos,
uma hora hoje para estudar a disciplina Economia. Para isso, você teve que abrir mão
de outra atividade, como estudar para outra disciplina ou sair com os amigos. Agora,
você tem uma outra escolha a ser feita: você pode dividir uma hora entre estudar
economia e estudar outra disciplina. Nesse caso, você está abrindo mão de meia hora
de estudo de uma disciplina para estudar trinta minutos de outra.
E é isso que acontece na economia, pois os recursos produtivos são escassos, como
vimos na primeira aula. Diariamente, ou melhor, a toda hora, temos tradeo s e
precisamos fazer escolhas. O governo e as empresas também precisam tomar
decisões o tempo inteiro.
016
Princípio 2
017
benefícios daquela ação. Assim como a empresa e o governo que precisam, também,
analisar o custo de oportunidade, sempre.
Princípio 3
Neste momento, você deve estar achando que não compreendeu muito bem os
princípios até aqui explicados, mas com um exemplo citado por Mankiw (2012) cará
mais fácil! Imagina uma empresa aérea que tem um avião de 200 lugares e o voo
custa à empresa 100 mil reais. O custo médio de cada poltrona é de 100 mil divididos
por 200 lugares, o que dá 500 reais. Ou seja, o valor mínimo da passagem deve ser de
R$ 500,00. Porém, a poucas horas de decolar, esse avião está com 10 lugares vagos e
os passageiros potenciais estão dispostos a pagar R$ 300,00 pela passagem.
A empresa venderá com esse valor, pois o custo marginal desses 10 passageiros é
muito pequeno, quase insigni cante e esses passageiros irão consumir alimentos a
bordo, o que mostra o custo marginal.
Princípio 4
Como as pessoas são racionais, tomam decisões comparando o custo com o benefício
daquela decisão. Esse benefício, que podemos traduzir em incentivo, exerce papel
essencial para essa escolha, pois o incentivo é algo que faz com que uma pessoa
racional aja. Por exemplo, quando o preço da couve aumenta, as pessoas vão reduzir
o consumo dessa verdura e substituí-la por outra, como alface. A mesma situação
018
ocorre quando o governo implementa uma política econômica. Por exemplo, o
aumento da taxa de juros que vai alterar o comportamento das pessoas e essa
mudança de comportamento deve ser levada em consideração pelo governo.
Princípio 5
A visão de que dois países que produzem o mesmo tipo de bem são concorrentes é
equivocada, pois apesar de as empresas concorrerem por consumidores, o comércio
entre os países é bom para todos. Você sabe me explicar o porquê? Isso acontece em
função do país A se especializar em um determinado bem, exportar (vender para
outros países) esse bem e importar (comprar de outros países) outro bem de que
necessita, mas do qual não é especialista. Então, vê-se que os países dependem uns
dos outros.
019
ACORDO ENTRE MERCOSUL E UE É BEM RECEBIDO POR
PROFISSIONAIS DE COMÉRCIO EXTERIOR
“...o Brasil, agora com esse acordo, começa a voltar a se reintegrar nos
uxos dinâmicos de comércio e na aceitação e no cumprimento de
regras internacionais que são aprovados por todo mundo, o Brasil
estava fora disso”, disse Rubens Barbosa, ex-embaixador em
Washington e presidente do Instituto de Comércio de Relações
Internacionais e Comércio Exterior.
Princípio 6
020
No entanto, é importante observar que o governo pode e deve, em muitos casos,
tomar medidas de forma a impedir que o mercado se ajuste sozinho. Medidas essas
como impostos, subsídios, entre outras.
Princípio 7
Como você já sabe, os mercados procuram se estabilizar por meio dos preços. Porém,
mesmo em país que defende a livre iniciativa privada, o governo tem como papel
fazer com que as regras sejam cumpridas, garantindo o chamado direito de
propriedade.
021
Grupo 3: como a economia
funciona
Os dois grupos de princípios da economia que discutimos formam o terceiro grupo
“como a economia funciona”, pois a forma como as pessoas tomam decisões e
interagem formam a economia. Vamos conhecer os três últimos princípios?
Princípio 8
Como você sabe, existe diferença no padrão de vida dos países e variam ao longo do
tempo. Essa diferença pode ser explicada pela produtividade, ou ainda, pela diferença
entre a produtividade das nações. A produtividade pode ser entendida como a
quantidade de bens e serviços produzidos por unidade de insumo de mão de obra
(MANKIW, 2012). Então, em países em que a produtividade é maior, o padrão de vida
também é maior, por outro lado, países com produtividade baixa tendem a ter o
padrão de vida menor. E o que fazer com países com produtividade mais baixa? Cabe
ao governo implementar políticas públicas que procurem aumentar a produtividade
desses países.
Princípio 9
Uma variável que gera bastante preocupação é a in ação, que pode ser de nida
como o aumento contínuo e generalizado de preços. Quando o governo emite moeda,
teremos mais moeda em circulação, dando a impressão para a população de
aumento do poder aquisitivo. Com isso, as pessoas demandarão mais bens e serviços,
fazendo com que os preços subam. Além disso, quando o governo emite moeda, o
valor dela diminui, gerando aumento de preços, lembre-se que a moeda é um bem
como outro qualquer, depois aprofundaremos nossas discussões sobre in ação
durante nossa disciplina.
022
Princípio 10
023
03
Conceitos
Econômicos
Fundamentais
024
Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você conheceu os dez princípios básicos da
economia, nesta terceira aula vamos compreender alguns conceitos econômicos
fundamentais para a compreensão da disciplina como um todo. Portanto, como tais
conceitos são básicos, é muito importante que estejam bem claros. Assim, caso não
entenda qualquer conceito, releia o material, assista novamente à aula e tire suas
dúvidas com seu tutor, combinado? Além disso, procure relacionar cada tema
discutido com o nosso dia a dia! Vamos conhecer alguns desses conceitos tão
importantes para a ciência econômica?
Bens e serviços
Bens e serviços são tudo que é capaz de atender uma necessidade das pessoas, e são
classi cados de duas formas principais: em relação à sua raridade e em relação a
quem os oferta. No que diz respeito à raridade, os bens e serviços podem ser:
Livres – são os bens cuja quantidade é ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum
esforço humano. Em função dessas características, são bens sem preço, e por isso,
não é objeto de estudo da economia. O ar, o mar e a luz solar são exemplos de bens
livres.
Os bens podem ser classi cados em livres, os que não têm preço e,
portanto, não são objeto de estudo da economia; e econômicos, que
têm valor de mercado, estudados pela economia. Porém, um bem livre
hoje pode se tornar um bem econômico daqui a uns anos.
025
No entanto, os bens econômicos são classi cados, segundo a natureza, em bens
materiais, que são os bens tangíveis, como uma televisão, e bens imateriais, que
também são chamados de serviços, que são intangíveis, tais como uma consulta
médica, uma aula ou uma consultoria.
Intermediário, que são necessários para fabricar os bens de consumo. Exemplo: barras
de ferro.
Capital, que são BENS UTILIZADOS PARA FABRICAR OUTROS BENS. Exemplo: máquinas.
Agentes econômicos e o
sistema capitalista
Um termo de suma importância para fazer com que a economia gire são os agentes
econômicos. Você sabe me dizer quem são esses agentes? Os agentes econômicos
são as pessoas de natureza física ou jurídica que, por meio de suas ações, contribuem
para o funcionamento do sistema econômico, exercendo distintos papéis na
economia.
Esses agentes podem ser classi cados em quatro tipos, que são:
026
Família = consumidor = pessoa. No Brasil, segundo o IBGE (2019),
temos um pouco mais que 210 milhões de habitantes, portanto, de
famílias.
Setor externo – são os demais países que ao fazer comércio com o Brasil, acabam
in uenciando a economia e também são in uenciados. Assim, o setor externo é
composto por todas as instituições que mantêm relações econômicas com o país.
027
Sistema econômico
capitalista
Visando desenvolver as atividades econômicas, todas as economias procuram
estabelecer normas, que devem ser respeitadas pelos agentes econômicos. Por
exemplo, as unidades produtivas devem ter autorizações especí cas, como o alvará
de funcionamento para produzir e comercializar seus produtos.
Tais normas e suas relações com as unidades produtivas e familiares, bem como com
os setores público e externo, formam o que chamamos de sistema econômico. Os
mais relevantes tipos de sistema econômico são: o capitalismo e o socialismo. Nosso
foco nesta disciplina é o sistema capitalista, adotado pela maioria das economias,
entre elas o nosso país.
As bases de um sistema econômico capitalista podem ser mais bem discutidas por
meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações com o
setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo, apresentado na
gura 3.1.
028
oferta Mercado de Fluxo (real) de
be
e
bens de consumo
Produtos d
ns
Receita e serviços Custo de vida
(procura)
Empresas Familias
básicos)
Procura (fl
Oferta
s,
uéi
Custo de produção ug
Renda (salários, juros, al
Mercado
de recursos
de
ux
real de fatores
recursos
o)
029
Fatores de produção
Outro termo muito utilizado em nossa disciplina é fatores de produção, que também
são chamados de recursos produtivos. Os fatores de produção podem ser de nidos
como sendo os elementos escassos que são utilizados de diferentes formas no
processo produtivo de todos os bens e serviços. Por exemplo, precisamos de trigo,
ovos, leite, fermento, forno e um padeiro para fabricar o pão, certo? Todos esses
elementos são fatores de produção.
Além dos três tipos de fatores de produção tradicionais, alguns autores ainda
consideram a capacidade empresarial e o empreendedorismo como fatores de
produção, já que são fundamentais para a tomada de decisão dos empresários
quanto à utilização dos recursos produtivos. A tecnologia também pode ser
considerada um fator de produção.
Setores econômicos
Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos os
fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão de obra
ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004).
030
O autor nos explica ainda que a intensidade/proporção de uso/emprego dos fatores
de produção ou recursos produtivos classi ca as atividades de produção ou setores
da economia em atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. Vamos
entender cada uma delas?
031
04
A Curva de Possibilidade de
Produção e o Custo
de Oportunidade
032
Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você conheceu alguns conceitos fundamentais
como a economia, nesta aula vamos compreender mais dois termos, talvez dois dos
mais importantes para as ciências econômicas, que são a curva de possibilidade de
produção e o custo de oportunidade. Esse último você conheceu um pouquinho, na
nossa primeira aula, lembra?
Para entender melhor como a escolha é feita, vamos a uma situação hipotética, ou
seja, criada. A situação é a seguinte: uma economia produz apenas dois bens, que
chamaremos de bem X e bem Y, que você pode, por exemplo, chamar de lápis e
caneca. Além disso, a quantidade e a qualidade dos recursos produtivos são xas, ou
seja, independente de produzir o bem X ou o bem Y a quantidade e a qualidade dos
recursos produtivos são as mesmas.
Com base nas características citadas acima, podemos veri car a quantidade de cada
bem que poderá ser produzido dados os recursos produtivos que temos disponíveis.
Isso pode ser visto no quadro 4.1.
033
Quantidade Quantidade
Bem Quantidades intermediárias
máxima de Y máxima de X
X 0 3 6 8 9 10
Y 15 13 12 10 6 0
ponto A B C D E F
Quadro 4.1 - Quantidade de cada bem que pode ser produzido dada a quantidade de
fatores de produção disponíveis. FONTE: Elaborado pela autora (2019).
Como pode ser observado no quadro 4.1, a economia poderá produzir 15 unidades
do bem Y ou 10 unidades do bem X. Porém, nesses casos, o outro bem não poderá
ser produzido, pois não há recursos produtivos disponíveis para a produção dos dois
bens.
034
Bem Y
F
10 E
D
8
C
6
4
B
2
A
0
2 4 6 8 10 12 14
Bem X
O grá co 4.1 mostra as quantidades dos bens X e Y que a economia hipotética poderá
produzir dados os fatores de produção limitados. Essa curva é chamada de curva das
possibilidades de produção ou curva de transformação. Portanto, qualquer dos
pontos em cima da curva (A, B, C, D, E, F) representa um uso igualmente e ciente de
todos os recursos, dada a tecnologia.
035
Por outro lado, pontos além da fronteira não poderão ser atingidos com os recursos
disponíveis. Pontos internos à curva representam situações nas quais a economia não
está empregando todos os recursos de que dispõe, ou seja, não está operando em
pleno emprego. Por exemplo, no ponto S, vamos supor que essa economia queira
produzir 12 unidades do bem X e 8 do bem Y, nesse caso, não teremos fatores de
produção su cientes para produzir os dois bens nessas quantidades.
Bem Y
F
10 E
D S
8
C
6
Z
4
B
2
A
0
2 4 6 8 10 12 14
Bem X
Porém, existe uma forma de a economia chegar ao ponto S, que é por meio da
tecnologia. A tecnologia é um fator que desloca a curva das possibilidades de
produção, pois, como já discutimos, aumenta a quantidade produzida, utilizando os
mesmos recursos de produção disponíveis, ou seja, aumenta a capacidade produtiva
da empresa.
036
Tudo que abordamos sobre curva das possibilidades de produção também nos
mostra outro conceito muito importante para a ciência econômica, que é o custo de
oportunidade, no qual a empresa teve que “abrir mão” de certa quantidade
produzida do bem Y em função da produção do bem X. Como vimos nas aulas
anteriores, o custo de oportunidade pode ser de nido como o sacrifício de se
transferir os recursos de uma atividade para outra, ou seja, é a quantidade de um
bem ou serviço que se deve renunciar para obter outro.
Nas unidades II e III, serão abordadas as noções básicas que envolvem essa área da
Teoria Econômica.
037
A macroeconomia, por sua vez, “é o ramo da teoria econômica que estuda o
funcionamento da economia como um todo, procurando identi car e medir inúmeras
variáveis”, tais como: nível de produção total, investimento agregado, poupança
agregada, nível de emprego, nível geral de preços etc. (VICECONTI; NEVES, 2010, p.
09). Dessa forma, o estudo da macroeconomia está voltado, entre outros, para:
As noções básicas que envolvem essa área da teoria econômica serão tratadas nas
próximas aulas.
038
05
Fundamentos da
Teoria do Consumidor
039
Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você já conheceu os conceitos básicos e
fundamentais da economia, vamos começar nossas discussões sobre uma das
grandes áreas de estudo da economia, que é a microeconomia. Para que isso seja
possível, precisamos entender o comportamento do agente econômico família em
relação às decisões de consumo. Portanto, inicialmente peço que deixe de lado as
empresas e pensemos apenas nos consumidores, ok?
Quando você vai às compras, por exemplo, em um shopping, quais fatores você leva
em consideração para escolher um produto dentre tantos que estão disponíveis? De
maneira geral (vamos trabalhar com regras e não com exceções) os consumidores
possuem algumas características que ajudam na decisão de compra. Essas
características, segundo Mendes (2009), são:
Para car mais claro, essas cestas são compostas por quantidades somente de dois
bens e/ou serviços. Tal situação pode ser representada por:
C = (Q1, Q2)
No qual:
Mas, como essa escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A escolha
que o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação a outras
é feita a partir de três pressupostos:
040
Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores
quantidades a menores.
A>B
Então, A > C
B>C
Entre a cesta A e a cesta B, Joana prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ela
escolherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B e a B ganhou da C, se compararmos
as cestas A e C, Joana preferirá a A.
041
Função utilidade
Os pressupostos da teoria do consumidor que discutimos anteriormente demonstram
as preferências dos consumidores. Essas preferências podem ser representadas por
meio de uma função, a chamada função utilidade. Nesse sentido, Mendes (2009)
de ne utilidade como benefício ou satisfação que o consumo de um bem ou serviço
pode gerar a uma pessoa.
U = f (Q1, Q2)
No qual:
U – utilidade
f – uma representação matemática que signi ca “em função de que”
Q1 – quantidade do bem 1
Q2 – quantidade do bem 2
042
pelo primeiro copo, por exemplo, 50 reais. E assim, sucessivamente, até chegar ao
décimo copo, no qual ele não está mais disposto a pagar nada pela água, pois o
décimo copo não trará mais benefícios ao nosso consumidor.
0 0 -
1 70 70
2 120 50
3 165 45
4 190 25
5 210 20
6 225 15
7 235 10
8 240 5
9 242 2
10 243 1
Tabela 5.1 – Utilidades Total e Marginal do consumo de copos de água por João.
FONTE: Mendes (2009).
043
A tabela 5.1 representa as utilidades total e marginal de João ao consumir os copos de
água. Como você vê, o valor que ele está disposto a pagar por cada copo reduz na
medida em que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais e o décimo
copo, apenas um real.
Pelo nosso exemplo você percebeu que a utilidade marginal foi reduzindo, ou seja, o
grau de satisfação de João por cada copo de água reduz ao longo do consumo. Já a
utilidade total, que é a soma de todas as utilidades, aumentou. Para melhor visualizar
essa situação, vamos representá-la no grá co 5.1.
Utilidade
total
Quantidade conumida
Utilidade
marginal
Quantidade conumida
044
Na prática, essa situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes,
por exemplo. Quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta
fome que o primeiro pedaço de pizza gera um grau de satisfação
enorme. Porém, conforme vamos comendo, nossa fome vai acabando
e a satisfação gerada vai reduzindo, até chegar ao ponto que não
querermos mais pizza e pedimos ao garçom para não nos oferecê-la
mais (utilidade marginal negativa).
É importante observar que representei a utilidade, tanto total como marginal, por
meio do dinheiro que o João está disposto a pagar pelos copos de água, mas apenas
para facilitar o entendimento. Como a utilidade é a satisfação gerada pelo consumo
de bem ou serviço, não é fácil quanti cá-la, pois o grau de satisfação é diferente para
cada pessoa. Então, utilidade não é medida por meio de números, e sim pelo grau de
satisfação.
Curva de indiferença
Outra curva muito importante que precisamos conhecer é chamada curva de
indiferença, que mostra as cestas que o consumidor considera indiferente, ou seja,
as possíveis cestas que o consumidor desejaria adquirir. Vamos supor que a
consumidora Joana consuma batatas e carnes e que, dados sua renda e o preço
desses bens, existem quatro cestas disponíveis.
045
Cesta Quantidade de batata (kg) Quantidade de carne (kg)
C1 (1,4) 8 2
C2 (2,3) 5 3
C3 (3,2) 3 5
Tabela 5.2 – Cestas de Joana compostas por batata e carne. FONTE: Elaboração da
autora (2019 com base em Vasconcellos (2015).
A tabela 5.2 mostra quatro cestas compostas por batata e carne que estão disponíveis
para Joana dados sua renda e o preço dos bens. Essa situação pode ser representada
gra camente no grá co 5.2.
Batatas
(Kg)
8 A
5 B
C
3
Uo
Carne (Kg)
2 3 5
Conforme visto no grá co 5.2, qualquer cesta sobre a curva de indiferença é, como o
nome já diz, indiferente para Joana adquirir. Segundo Vasconcellos (2015), a curva de
indiferença possui duas características:
046
Inclinação negativa – para aumentar o consumo de um bem X é necessário
reduzir o consumo de outro bem Y, ou seja, substituir parte de X por Y, para
manter-se na mesma curva.
Convexidade em relação à origem – a taxa marginal de substituição vai
diminuindo na medida em que aumenta a quantidade de um bem e reduzimos a
quantidade do outro. No grá co anterior, isso é consequência da menor
capacidade de substituir batatas por carne, quando diminuímos as primeiras e
aumentamos a segunda.
047
06
Teoria da
Demanda
048
Olá, aluno(a), tudo bem? Os fundamentos da teoria do consumidor que discutimos na
aula passada são a base para a compreensão da teoria da demanda, que
estudaremos agora. Você certamente já ouviu e muito falar sobre demanda, certo?
Então, a teoria da demanda tem como objetivo tratar das necessidades dos
consumidores, ou seja, essa teoria procura explicar o comportamento do consumidor
ao escolher bens e serviços.
Mas o que é demanda? Demanda e procura são duas palavras que se referem ao
mesmo conceito, e pode ser de nida como a quantidade de um determinado bem ou
serviço que um consumidor deseja e está capacitado a comprar por unidade de
tempo. Pela minha de nição você pode perceber que destaquei três termos que
foram “deseja”, “está capacitado” e “tempo”. Você sabe me dizer o motivo dessas
palavras estarem em destaque? São termos de suma importância para a
compreensão da demanda. Vou lhe explicar melhor!
Outra observação é que demanda sempre vem acompanhada da unidade tempo, pois
a demanda altera com o tempo. Se a demanda é uma intenção de compra dados a
renda e o preço do bem, com o tempo o preço altera e a renda também, então, a
demanda é alterada. Podemos concluir então que a demanda é dinâmica!
049
E, por último, o conceito de demanda está relacionado à ideia de utilidade. Isso
mesmo, aquela mesma utilidade discutida na aula anterior. Então, só existirá
demanda se aquele bem ou serviço gerar algum tipo de satisfação para o consumidor.
Se não gera satisfação, não há demanda, pois quem deseja um bem ou serviço sem
utilidade, não é mesmo?
Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la gra camente? A
curva de demanda é representada conforme grá co 6.1.
Conforme podemos ver no grá co 6.1, a curva de demanda, que está representada
pela letra “D” é a relação entre o preço (P) bem e quantidade (Q). Como você
percebeu, ela é negativamente inclinada, ou seja, tem o formato para baixo. Você
sabe responder por que a curva de demanda é negativamente inclinada?
050
Preço da cesta básica apresenta in ação de 4,04% no mês de maio
em Petrolina
Além do efeito substituição, existe um outro efeito que faz com que a curva de
demanda seja negativamente inclinada, que é o efeito renda. Esse efeito nos diz que
ao aumentar a renda, o consumidor demanda quantidades maiores de um
determinado bem.
051
Preço do chocolate Quantidades do chocolate
6 3
5 4
4 5
3 6
Tabela 6.1 – Demanda por barras de chocolate. FONTE: Elaboração da autora (2019).
Analisando a tabela 6.1, podemos perceber que você vai demandar mais barras de
chocolate quando o preço está mais baixo. A R$ 6,00 somente três chocolates, a R$
3,00 você demanda o dobro. Podemos representar essa situação gra camente no
grá co 6.2.
3
D
Q
3 4 5 6
052
Claro que a curva de demanda representa apenas um consumidor, mas também
temos a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas de demanda
individuais de um determinado bem que está sendo vendido a um determinado
preço. Independentemente de ser curva de demanda individual ou de mercado, ela
será sempre negativamente inclinada, pelos motivos que já explicamos.
Qualquer outro fator que faça com que a demanda altere ou reduza desloca a curva
de demanda para cima ou para baixo. Vamos conhecer esses fatores?
Renda
É um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então, de acordo com a
renda, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos disponíveis vai
demandar. A partir da variação da renda e do impacto que essa variação causa na
quantidade demandada, os bens podem ser classi cados em:
053
Inferior – quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos
daquele bem. Por exemplo, se você tiver um aumento de salário, você passará a
consumir mais determinados bens, como lazer, certo? Nesse caso, a curva de
demanda para carne de segunda se desloca para a esquerda, ou seja, para
baixo.
Consumo saciado – independentemente da renda, a quantidade de demanda
será a mesma, ou seja, mesmo que você passe a receber um salário maior ou o
preço do bem reduzir, você não vai demandar mais ou menos quantidades. Qual
exemplo podemos citar? O sal, cuja demanda não depende do preço. Existe
outro bem que você pode citar que tenha consumo saciado?
Preço dos bens complementares – bens complementares são os bens
consumidos juntos como, por exemplo, café e açúcar, arroz e feijão, pão e
manteiga etc. Então, se o preço de um bem aumentar (café) a quantidade
demanda de café e do seu complementar, que é o açúcar, reduzirá, deslocando
a curva de demanda para a esquerda.
Preço dos bens substitutos – bens substitutos são aqueles que têm
praticamente as mesmas características e, por esse motivo, podem ser
substituídos um pelo outro. Por exemplo, bolo de chocolate e bolo de coco,
manteiga e margarina, pão francês e pão de forma, entre outros.
Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar, por
exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quantidade
demandada do seu substituto, no caso, a margarina, aumentará. Nesse caso, a curva
de demanda de manteiga se desloca da direita para a esquerda, ou seja, para baixo, e
a curva de demanda de margarina se desloca para a direita.
Propaganda/Marketing
054
Citei alguns fatores que afetam a curva de demanda, mas temos diversos outros, tais
como clima, políticas governamentais, entre outros. É importante lembrar que
qualquer fator que aumente a demanda deslocará a curva de demanda para a direita,
conforme grá co 6.3. Em compensação, qualquer fator que reduz a demanda desloca
a curva de demanda para a esquerda, conforme grá co 6.4.
D’
055
P
D’
056
07
Teoria da Oferta e o
Equilíbrio de
Mercado
057
Olá, aluno(a), tudo bem? Após o estudo da teoria da demanda, agora vamos
compreender o outro lado da famosa lei oferta e demanda, que é a visão do produtor,
ou seja, das empresas. Portanto, a teoria da oferta estuda a resposta do produtor aos
incentivos de mercado, incentivos esses relacionados à quantidade demandada,
custos, incentivos governamentais, disponibilidade de fatores de produção, entre
outros.
Mas o que é oferta? Podemos de nir oferta como sendo a quantidade de um bem ou
serviço que uma determina empresa deseja vender por unidade de tempo e dado o
preço de mercado. Assim como na demanda, três palavras foram destacadas na
minha de nição, que são “deseja”, “tempo” e “preço”. Acredito que após nossas
discussões na aula anterior, você já sabe o motivo desses destaques, certo? Então
vamos discutir?
A palavra “deseja” está em negrito, pois a oferta depende do preço do bem, uma vez
que as empresas têm incentivo para aumentar a produção. Dependendo do preço do
bem, não signi ca que, de fato, aumentem, já que o aumento da produção depende
de outros fatores e não somente do preço pelo qual a empresa deseja vender, pois
nem sempre o preço vendido é o desejado.
058
Conforme podemos visualizar no grá co 7.1, a curva de oferta é positivamente
inclinada, ou seja, é para cima. Mas qual o motivo dessa diferença para a curva de
demanda? Para entender, vamos voltar ao exemplo da barra de chocolate, mas agora
pelo lado do fabricante. O preço do mercado de chocolate e a respectiva quantidade
oferta pode ser vista na tabela 7.1.
6 6
5 5
4 4
3 3
059
P
6
O
5
Q
3 4 5 6
Como podemos ver no grá co 7.1, conforme o preço da barra de chocolate reduz, a
quantidade ofertada também reduz. Se continuarmos a baixar o preço, chega a um
ponto em que a empresa prefere sair do mercado do que vender o chocolate a um
determinado preço. Certamente você deve estar me perguntando qual é esse preço.
Não existe uma resposta padronizada, tudo dependerá do tipo de produto, dos
custos da empresa e do mercado em que ela atua.
060
Fatores que afetam a
curva de oferta
Assim como a curva de demanda, existem fatores que afetam a curva de oferta,
deslocando-a para a direita ou para a esquerda, com exceção do preço, que não
desloca a curva de oferta, apenas os pontos sobre a curva, esse caso, chamaremos de
quantidade ofertada. Mas quais são os demais fatores que vão aumentar ou reduzir
a oferta? De acordo com Mendes (2008) as variáveis que afetam a curva de oferta são:
061
P
O’
Podemos ter uma situação oposta, quando qualquer fator que aumente o custo, ou
que reduza o lucro, é um incentivo para a empresa reduzir a produção, deslocando a
curva de oferta para a esquerda, conforme grá co 7.3.
062
P
O’
Equilíbrio de Mercado
Até agora estudamos o comportamento dos consumidores e das empresas,
separadamente, mas sabemos que no mundo real a oferta e a demanda atuam
juntas. E é exatamente isso que faz com que o preço seja formado em mercados
063
competitivos: quando as curvas de oferta e de demanda se interceptam.
Você deve estar se perguntando o que é mercado competitivo, certo? Fiz a observação
de que o equilíbrio discutido aqui é em mercados competitivos, pois temos outros
mercados, como os poucos competitivos e os sem competição, no qual o equilíbrio se
dá em outro ponto. Ou seja, funciona de outra forma a relação entre demanda e
oferta, e o preço é formado em um ponto mais alto, mas isso discutiremos em uma
outra aula. Por enquanto, pensamos em mercado com um grande número de
compradores e vendedores e um produto idêntico negociado, ok?
P’
Q’ Q
Analisando o grá co 7.4, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta (O)
e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E), e esse ponto mostra o preço
e a quantidade negociados no mercado, P’ e Q’, respectivamente. Assim, preço acima
de P’ signi ca que haverá mais oferta do que demanda, ou seja, teremos um excesso
de oferta, e pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que demanda, o preço
tende a baixar. Então, pontos acima de P’ fazem com que sobrem produtos no
mercado, e o preço automaticamente reduzirá.
064
Existe o caso contrário também: qualquer ponto abaixo de P’ signi ca que teremos
um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço
do que empresas dispostas a vender. Nesse caso, o preço aumentará, de modo a
chegar ao ponto (E), que é o ponto de equilíbrio.
065
Um preço mínimo é o menor preço legal que pode ser pago em um
mercado por bens e serviços, trabalho ou capital nanceiro. Talvez o
exemplo mais conhecido de preço mínimo seja o do salário mínimo,
que é baseado na visão normativa de que alguém que trabalhe em
tempo integral deve ser capaz de manter um padrão básico de vida. O
salário mínimo federal no nal de 2014 era de R$7,25 por hora, o que
gera uma renda para uma única pessoa ligeiramente acima da linha da
pobreza. Na medida em que o custo de vida sobe ao longo do tempo, o
Congresso eleva periodicamente o salário mínimo federal.
066
Congelamento e tabelamento de preços – muito utilizado na década de 1980 e
início da década de 1990, para combater a in ação. O governo congela preços e/ou
salários, de forma a de nir o P’.
067
08
Elasticidades
068
Olá, aluno(a), tudo bem? Sabemos que quando o preço de um determinado bem
aumenta, a quantidade demandada desse bem reduz, assim como se a renda de uma
pessoa reduz, a demanda por certos bens e serviços também reduz. Mas em quantos
porcentos? Temos uma forma de saber isso, que é por meio da elasticidade.
Elasticidade da demanda
A elasticidade da demanda mostra a variação da quantidade demandada em função
do aumento ou redução do preço, ou seja, é uma medida da variação na demanda de
uma mercadoria. Conforme já discutimos, a demanda depende de alguns fatores, tais
como, o preço da mercadoria, a renda do consumidor, o preço de outras mercadorias
e o gosto do consumidor. Assim, quando há qualquer mudança em uma dessas
variáveis, ocorre variação na quantidade demandada da mercadoria na unidade de
tempo em questão (SANDRONI, 1999).
069
Portanto, segundo Sandroni (1999), a elasticidade da procura mede a variação relativa
da quantidade comprada na unidade de tempo, quando ocorre uma variação em um
dos fatores citados anteriormente, mantendo-se constantes os demais. A partir disso,
têm-se a elasticidade-preço da demanda, a elasticidade-renda da demanda e outras
variáveis. Vamos conhecê-las?
Elasticidade preço
P ∆Q
Ep =
Q ∆P
No qual:
Ep – elasticidade preço
P – preço
Q – quantidade
∆Q – variação da quantidade
∆P – variação do preço
É importante observar que a análise da elasticidade preço é feita por módulo, ou seja,
sempre será negativo, mas a análise sempre levará em consideração o valor ser
positivo. Por exemplo, Ep= 1,2 = -1,2.
070
Apesar de os indicativos apontarem a hipótese de redução da
demanda, o estudo da KPMG para a concessão concluiu que haverá
elevação. Em 2043, a venda de bilhetes deverá ser quase 1 milhão
maior do que a taxa atual, segundo a consultoria. Para chegar no
indicativo, a KPMG adotou uma fórmula que considera o crescimento
populacional e da renda do cidadão, além de um item de nido como
“elasticidade”, o qual leva em conta a variação de elementos como o
Produto Interno Bruto (PIB) e o preço dos combustíveis.
A demanda elástica caracteriza também os artigos que podem ser, sem problemas,
substituídos por outros produtos similares (SANDRONI, 1999). Por exemplo, bens de
luxo ou o lazer são bens elásticos.
Mas, e numericamente? Demanda elástica é aquela que Ep > 1, o que signi ca que
conforme o preço aumenta, a quantidade demanda reduz. Por exemplo, se o preço
aumentou em 10%, a quantidade demandada reduzirá em mais do que 10%.
071
Os bens de demanda inelástica englobam os bens de primeira necessidade,
indispensáveis à subsistência diária da população como, por exemplo, alimentos
básicos, como arroz e feijão, e combustível. Além desses bens, entre os bens de
demanda inelástica, encontram-se também alguns produtos de luxo utilizados pela
camada mais rica da população, que continuará comprando esses artigos mesmo que
os preços se elevem bastante (SANDRONI, 1999).
Mas, e numericamente? Demanda inelástica é aquela que Ep= < 1, ou seja, um bem
inelástico signi ca que conforme o preço aumenta, a quantidade demandada não
reduz de forma signi cativa, permanecendo mais ou menos constante. Por exemplo,
se o preço aumentar em 10%, a quantidade demandada reduz em menos do que
10%.
072
Estudos recentes indicam que a elasticidade-preço das importações
brasileiras é baixa. Esse trabalho procura racionalizar o referido
resultado revisitando as estimativas das importações do país
desagregadas por “categoria de uso”. Os resultados reportados
sugerem que a baixa elasticidade-preço das importações agregadas
re ete fundamentalmente a baixa elasticidade-preço das importações
de combustíveis, bens intermediários e de alguns tipos de serviços –
principalmente transporte, aluguel de equipamentos e pagamentos de
royalties – produtos que, somados, respondem por pouco menos de
dois terços do total importado. Isso ocorre porque vários desses
produtos têm pouca ou nenhuma possibilidade de substituição por
similares nacionais, devido principalmente a de ciências estruturais na
oferta nacional.
Você deve estar curioso para saber quais fatores fazem com que um bem ou serviço
seja mais elástico do que outros, certo? Você consegue citar um fator? Vasconcellos
(2015) cita os seguintes fatores:
Quanto maior for o número de bens substitutos para o produto em questão, mais
elástico ele será. Por exemplo, refrigerantes, caso o preço aumente, podemos
substituí-lo por suco, água ou outra marca de refrigerante.
Quanto mais essencial ou necessário for o bem, mais inelástico ele será, como por
exemplo, a água. Mesmo que o preço aumente, não tem como substituir a água tão
facilmente, então, a quantidade demandada não alterará.
073
Horizonte de tempo
Um intervalo de tempo maior para ser feita a análise da elasticidade preço permitirá
que os consumidores consigam substituí-la, ou seja, a elasticidade preço da demanda
aumenta com o passar do tempo.
Quanto maior for a renda proporcional gasta com um produto, mais elástico ele será.
Por exemplo, se o preço de uma televisão aumenta, a demanda reduzirá mais do que
se o preço do açúcar aumentar, mantendo a renda constante.
∆Qx
Qx
Exy = ∆Py
Py
No qual:
Nesse tipo de elasticidade, o sinal precisa ser analisado. Se o resultado for positivo, os
bens são substitutos. Se for negativo, os bens são complementares, e se o resultado
for zero, os bens são independentes, ou seja, não tem nenhum tipo de relação, como
gasolina e pão.
074
Elasticidade renda
∆Q
Q
Ey = ∆y
y
No qual:
Ey – elasticidade renda
∆Q – variação da quantidade
Qx – quantidade]
∆y – variação da renda
y – renda
075
09
Teoria da Produção e
Custos de Produção
076
Olá, aluno(a), tudo bem? Para produzir bens é preciso de fatores de produção, e essa
produção tem um custo. E é exatamente isso que discutiremos nesta aula: teoria da
produção e os custos de produção. Para conhecermos dois temas tão importantes
para a economia, nossa aula foi dividida em duas partes: na primeira falaremos sobre
a produção, e na segunda etapa sobre alguns custos que estão inseridos na
produção. Vamos lá?
Teoria da Produção
As empresas têm como objetivo principal a obtenção, ou melhor, a maximização do
lucro, que é obtido quando a receita da empresa supera os custos. E para que a
receita seja gerada, é preciso que a rma produza. Essa produção nós estudaremos,
de forma sucinta, por meio da Teoria da Produção.
Para iniciarmos, o que é produção? Produção é de nida por Vasconcellos (2015) como
o processo pelo qual a rma transforma os fatores de produção em produtos e
serviços. Portanto, a rma é uma intermediária: ela compra os insumos, faz uma
combinação desses insumos para transformá-los em produtos que serão vendidos no
mercado. Esse processo de produção pode ser visto na gura 9.1.
077
Mão de obra (N)
Matéria-prima (Mp)
Conforme podemos ver na gura 9.1, o processo de produção pode ser intensivo de
mão de obra, de capital ou de recursos naturais, dependendo do valor de produção
utilizado em relação aos demais. E claro, dependerá do tipo de produto que está
sendo produzido.
Q = F ( K, L )
No qual:
078
Q = quantidade
F = em função de
K= capital
L = mão de obra
A quantidade é o Produto Total, que pode ser de nido como sendo o volume de
produção gerado em determinado período de tempo. É uma função da quantidade
dos fatores de produção utilizada. No caso de uma economia que utiliza trabalho (L) e
capital (K) como fatores de produção.
Variação da produção
PMgL =
Variação do fator trabalho
O Produto Médio mostra qual quantidade de produção pode ser obtida para cada
unidade do fator de produção empregada no processo produtivo. Por exemplo, se a
partir do emprego de 10 unidades do fator trabalho é possível produzir 200 unidades
de um certo produto, pode-se dizer que o produto médio do trabalho é de 20
unidades. O processo de cálculo é simples, basta dividir a produção total pela
quantidade do fator de produção empregado para a obtenção dessa quantidade de
produto. A equação utilizada para encontrar o Produto Médio do fator trabalho é a
seguinte:
Produção total
PMeL =
Quantidade empregadado fator trabalho
079
Dados os conceitos de Produto Total, Produto Marginal e Produto Médio, é possível
estabelecer algumas relações importantes. Ao observar a parte inferior da Figura 2, é
possível perceber que quando a curva de Produto Marginal for maior que a curva de
Produto Médio, esse último está crescendo, mostrando-se vantajoso o emprego desse
fator de produção.
A partir do momento em que o Produto Marginal passa a ser menor que o Produto
Médio, esse passa a decrescer, e o emprego adicional do fator trabalho passa a
acrescentar cada vez menos ao Produto Total, ou seja, passa a crescer as taxas
decrescentes.
080
Ao estudar a Teoria da Produção, não podemos confundir os conceitos
de Lei dos Retornos Decrescentes e Rendimento Decrescente de Escala.
Para iniciarmos, é importante que você saiba que temos os custos explícitos, que são
os gastos monetários, como despesas com salário, aluguel, compra de matéria-prima
etc., e os custos implícitos, que são os custos de oportunidade que estudamos
anteriormente. Além disso, temos custos! Vamos conhecê-los?
081
Custos fixos (CF)
São aqueles custos que não variam com a quantidade produzida, ou seja, são as
despesas que a empresa terá que pagar, independentemente da produção. Os
exemplos mais comuns são os gastos para pagamento de aluguel e os gastos
administrativos.
São aqueles que variam diretamente com a quantidade produzida, ou seja, são as
despesas que a empresa tem ao produzir como, por exemplo, os gastos com mão de
obra e matérias-primas são exemplos desse tipo de gasto.
082
Custo total (CT)
∆CT
CMg =
∆Q
Portanto, para chegar ao valor do Custo Marginal é muito simples: basta dividir a
variação do Custo Total pela variação da quantidade total produzida ocasionado por
esse aumento de custo.
083
10
Estruturas de Mercado:
Concorrência Perfeita
e Monopólio
084
Olá, aluno(a), tudo bem? Nesta aula começaremos a estudar as chamadas estruturas
de mercado, que proporcionará a você a compreensão de como o preço dos produtos
é formado e, principalmente, o motivo que faz com que o preço, por exemplo, de um
pé de alface seja menor do que da energia elétrica ou de uma passagem aérea.
Nesse sentido, mercado pode ser de nido como sendo um espaço no qual as
decisões dos compradores afetam diretamente as decisões dos vendedores, e vice-
versa, tendo como principais características os processos de troca e de formação de
preços. Os mercados podem ser classi cados em geográ co dando a ideia de lugar,
tais como local, regional, nacional e internacional; produto, como o mercado de
máquinas agrícolas; e temporal como, por exemplo, o mercado de panetones em
dezembro.
085
Aumento da concorrência reduz preço de medicamentos
para pacientes acometidos por doenças raras no Brasil
086
A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas, tais como ingredientes de
qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais, como entrega delivery e
embalagens especiais como formas de a empresa diferenciar seu produto, entre
outros.
Barreiras à entrada → é o grau de di culdade que uma nova empresa tem para
fazer parte do mercado, ou seja, é uma espécie de muro, quanto maior for esse muro,
mais difícil é uma nova empresa entrar nesse mercado. As principais barreiras à
entrada são a economia de escala, que é quando a empresa consegue aumentar a
quantidade produzida e mesmo assim reduzir seu custo médio no longo prazo; e as
desvantagens de custo, quando a empresa que deseja fazer parte do mercado tem
alguma desvantagem em custo, como pouca experiência no setor, pouco domínio
tecnológico ou ainda grande necessidade de propaganda.
Com base no que foi discutido, quanto à competitividade os mercados podem ser
classi cados em competitivos (concorrência perfeita e concorrência monopolística);
pouco competitivos (oligopólio); e sem competição (monopólio).
Agora que você conheceu um pouco mais sobre mercados, vamos conhecer um
pouco sobre as estruturas de mercado. Para isso, nesta aula trabalharemos com a
concorrência perfeita e o monopólio, que são estruturas opostas, e na próxima aula
estudaremos a concorrência monopolística e o oligopólio. Preparados?
Concorrência perfeita
A concorrência perfeita também é chamada de concorrência pura é a estrutura de
mercado mais difícil de encontrarmos no mundo real. Certamente após minha
a rmação você deve estar se perguntando por que vou apresentar a você a
087
concorrência perfeita. É importante estudarmos essa estrutura de mercado por ela
ser considerada a estrutura ideal, em termos de concorrência. Além disso, ela dá a
base para a compreensão de todas as outras estruturas de mercado.
Produtos homogêneos
Perfeito conhecimento
Uma vez que os produtos são homogêneos, uma empresa conhece todas as
informações dos seus concorrentes tais como preços, processos produtivos etc.
088
As principais características da concorrência perfeita são: o mercado
atomizado, produto homogêneo, ausências de barreiras à entrada, as
empresas são tomadoras de preços; e há um perfeito conhecimento do
mercado.
Agora que você conheceu o mercado competitivo, você deve estar querendo saber
como são as curvas de oferta e demanda e, portanto, o equilíbrio nesse mercado,
certo? Então, vamos considerar as curvas de demanda e oferta para um produto
qualquer, um pé de alface, por exemplo, que é vendido diariamente em um mercado
do seu município. Vamos analisar o grá co 10.1.
Oferta de Mercado
P P
Si
($) ($)
Demanda
Mercado
Po
Demanda de Mercado
Di
q q
(Mercado Total) (Uma Firma isolada)
089
Sabendo que a curva “D” representa a demanda, mostra quanto os compradores
estão dispostos a comprar (quantidade) da mercadoria por cada nível de preço e a
curva “S” representa a oferta, ou ainda, a quantidade que os produtores estão
dispostos a vender a cada preço. Lembre-se de que os compradores desejam preços
baixos e quantidades altas, fazendo com que a curva de demanda seja negativamente
inclinada, e que os vendedores desejam vender seus produtos ao preço mais alto
possível, fazendo com que a curva seja positivamente inclinada.
A empresa isolada não consegue alterar o preço de mercado, assim, ela precisará
vender seus produtos por aquele determinado preço, fazendo com que a curva de
demanda individual seja horizontal. Para car mais fácil, vamos ao exemplo de
Mendes (2013) apresentado no grá co 10.2.
P Excesso de oferta S
1,00
)gk/$R( otudorp od oçerP
Po = 0,70 Equilíbrio
0,40
Excesso de demanda D
(escassez)
090
chegar ao ponto de equilíbrio. Portanto, em mercados competitivos, existe uma
espécie de acordo informal entre compradores e vendedores para se achar o
equilíbrio desse mercado quando não há excesso ou escassez de demanda ou oferta.
Monopólio
Diferente da concorrência perfeita, o monopólio é muito encontrado no mundo real, e
muitas vezes é indesejável, pois pode prejudicar o consumidor, já que não temos
concorrência. Você sabe dizer como um monopólio é caracterizado? As características
principais do monopólio são:
Uma única empresa → como o próprio nome já diz, no monopólio temos uma única
empresa que atua no mercado e oferece um determinado produto.
091
Produtos altamente diferenciados → os produtos são altamente diferenciados, ou
seja, são únicos, não havendo substitutos próximos, nesse caso, o consumidor não
consegue substituí-lo por outro.
Nesse sentido, Mendes (2009) a rma que o governo pode controlar o monopólio por
meio de duas práticas: controle de preço, no qual o governo pode exigir que o
monopolista produza até que o custo marginal seja igual ao preço. Essa é uma prática
difícil, pois o governo precisaria conhecer toda a estrutura de custo da empresa; e
política de taxação, no qual o governo pode taxar o monopolista de forma a reduzir
seu lucro. A taxação pode ser de três formas: pagamento de uma licença anual;
tributação sobre lucro; imposto sobre vendas.
Altas barreiras à entrada → o grau de di culdade que uma nova empresa tem em
fazer parte do mercado é muito grande e muitas vezes não é economicamente viável
termos uma concorrente.
092
P
($)
Dmercado = D rma
093
No monopólio como só existe uma única empresa atuando naquele
determinado mercado, a curva de demanda do mercado é a curva de
demanda individual.
Você percebeu pelos exemplos que não é somente uma empresa monopolística que
pratica a discriminação de preços, mas se trata de uma prática comum em outras
estruturas de mercado também.
094
11
Estruturas de Mercado:
Oligopólio e Concorrência
Monopolística
095
Olá, aluno(a), tudo bem? Na aula passada nós discutimos duas estruturas de mercado
que tem características muito distintas que são a concorrência perfeita e o
monopólio. Agora, estudaremos as outras duas estruturas de mercado que são
consideradas intermediárias, ou seja, que possuem características tanto do
monopólio quanto da concorrência perfeita. Essas estruturas a que me re ro e que
certamente você já ouviu falar, são a concorrência monopolística e o oligopólio.
Vamos conhecê-las?
Concorrência
monopolística
A concorrência monopolística é uma estrutura de mercado que mistura as
características do monopólio e da concorrência perfeita. Certamente você deve estar
pensando quais são essas propriedades, certo? Dentre as principais características
estão:
Pequeno controle de preço por parte da empresa → como são muitas as empresas
que fazem parte do mercado, a concorrência é grande, com isso, a empresa consegue
controlar (de nir) um pouco seu preço em razão dos produtos serem diferenciados,
mas tal controle é pequeno.
096
Concorrência acontece via marcas, serviços especiais e propaganda → a
concorrência é, principalmente, extrapreços, ou seja, via diferenciação do produto.
Quanto maior for a diferença do bem maior será o preço. É importante observar a
importância da propaganda/marketing na concorrência monopolística, pois como os
produtos são diferenciados e temos um grande número de empresas, é necessário
“mostrar” ao consumidor que o bem ou serviço é melhor do que da concorrente.
Baixas barreiras à entrada → o grau de di culdade que uma nova empresa tem em
fazer parte desse mercado é baixo, ou seja, existe uma barreira à entrada, mas essa é
bem baixa.
097
mercado. Podemos citar, por exemplo, restaurantes de forma geral, padarias, lojas de
roupas, lanchonetes, produtos de higiene pessoal, e tantos outros.
Oligopólio
Nossa última estrutura de mercado a ser estudada é o oligopólio, que assim como a
concorrência monopolística, é muito encontrada no mundo real. Vasconcellos (2015)
a rma que o oligopólio pode ser de nido de duas formas: Oligopólio concentrado,
no qual possui um pequeno número de empresas que atuam naquele setor como a
indústria automobilística; e o oligopólio competitivo, no qual um pequeno número
de empresas domina um setor com muitas empresas, como é o caso do setor de
bebidas.
098
As empresas são interdependentes → como são poucas as empresas que atuam no
mercado, elas são interdependentes, ou seja, a decisão de uma afeta diretamente a
decisão da concorrente, incluindo a decisão de preços. Então, se uma empresa variar
seu preço, as demais reagirão de duas formas:
Aumento de preço faz com que as rmas concorrentes não aumentem o preço e
a empresa perderá mercado.
Redução de preços faz com que as concorrentes também reduzam os preços e a
parcela de mercado de todas as empresas cará, praticamente, constante.
Nesse caso, somente o consumidor é bene ciado.
Por exemplo, vamos supor um mercado composto por três empresas, A, B e C e que a
empresa A resolveu, como estratégia, abaixar seu preço em 10%. Como são poucas
empresas no mercado, imediatamente as empresas B e C baixarão também seu preço
e a parcela de mercado continuará a mesma para todas três. Agora, se a empresa A
resolver aumentar seu preço em 10%, as empresas B e C não aumentarão e a
empresa A perderá mercado. Por esses motivos, o preço no oligopólio é constante e
parecido para todas as empresas.
Além do setor aéreo, você conhece outras empresas de outro setor que atuam dessa
forma?
Barreiras à entrada média → o grau de di culdade que uma nova empresa tem em
fazer parte do mercado é médio, ou seja, existe um certo grau de di culdade, mas
não chega a ser tão alto como no caso do monopólio e nem tão baixo como nas
concorrências perfeita e monopolista.
099
extrapreços (via diferenciação do produto).
Acredito que após nossas discussões, você deve estar achando um pouco complicado
associar as estruturas de mercado às suas características, certo? O quadro 11.1
mostra, de forma resumida, as características de cada estrutura de mercado.
100
Concorrência Concorrência
Características Oligopólio Monopólio
perfeita monopolística
Homogêneo
Tipo de Altamente
Homogêneo Diferenciado ou
produto diferenciado
diferenciado
Controle de
nenhum pequeno considerável muito
preços
Água,
Produtos Restaurantes, Automóveis,
Exemplos energia
agrícolas lojas de varejo aviação
elétrica
101
Fixação de preço de revenda → essa prática empresarial ocorre quando uma
empresa produtora/distribuidora exige que um estabelecimento venda um produto a
um preço xado por ela. Por exemplo, a fabricante X a rma que só distribuirá seu
produto para a loja Y se ela vender o bem a R$ 5,00.
É importante observar que preço sugerido não é proibido, pois a empresa só está
sugerindo um preço e não obrigando aos estabelecimentos venderem o bem por
aquele preço pré-de nido.
Vendas casadas → essa prática empresarial ocorre quando uma empresa só aceita
vender dois produtos juntos, ou seja, o consumidor não consegue comprar os bens
separadamente. Lembrando que promoções e produtos tipo combo (TV por
assinatura + internet banda larga) não são considerados venda casada, pois o
consumidor pode adquirir os produtos/serviços separadamente, mesmo que a um
preço maior.
102
12
Fundamentos da
Teoria Macroeconômica
103
Olá, aluno(a), tudo bem? Lembra que nós discutimos que as ciências econômicas são
divididas em duas grandes áreas de estudo, uma é a microeconomia, que estuda os
agentes econômicos de forma individual, e a outra área é a macroeconomia? Então, a
partir desta aula, vamos tratar dos temas pertinentes à macroeconomia!
104
Keynes escreveu sua principal obra em 1936, em um contexto em que a economia
norte-americana estava devastada após a Grande Depressão, ou a chamada crise de
1929. Nesse período, a economia dos Estados Unidos estava sofrendo, passando por
uma grande crise em que o nível de desemprego era muito alto. Na visão de Keynes,
se o governo participasse mais dessa economia, a crise não teria sido tão profunda.
Mas o que signi ca o governo participar mais da economia?
O governo participar mais da economia signi ca que ele não deve cuidar somente de
suas funções básicas e, sim, deve atuar como um agente econômico. Para
entendermos essa questão precisamos veri car quais são as funções básicas do
governo. As funções básicas a que me re ro são a estabilizadora, a distributiva e a
alocativa. Vamos compreender cada uma delas?
Função Distributiva → essa função do governo é exatamente o que o nome dela diz:
distribuir melhor os recursos escassos, tentar retirar de quem tem muito para
oferecer a quem não tem nada ou pouco tem. Em outras palavras, distribuir renda de
forma igualitária.
105
O governo ao elaborar uma política econômica, por exemplo, está
desempenhando suas funções básicas, que é estabilizar a economia,
distribuir renda e/ou alocar bens e serviços.
Crescimento econômico
Estabilidade de preços
106
É importante observar que os objetivos de alto nível de emprego e estabilidade de
preços são de curto prazo ou conjunturais, já que são objetivos que o governo tenta
atingir mais rapidamente pensando na conjuntura atual. Já os objetivos de
distribuição de renda e de crescimento econômico são objetivos de longo prazo ou os
chamados de objetivos estruturais, eles fazem parte da estrutura econômica e para
serem alcançados é necessário um tempo maior.
107
Mercado de Trabalho
108
crescimento econômico não é o mesmo que desenvolvimento econômico, desse
último trataremos na próxima aula.
109
Os objetivos da macroeconomia não são independentes uns dos outros, podendo
inclusive acontecer ao mesmo tempo, ou seja, uma meta pode ajudar a alcançar a
outra. Para você compreender melhor, o crescimento pode facilitar a solução dos
problemas de pobreza, já que é possível amenizar os con itos sociais quando a renda
cresce e é repartida entre as classes.
Estrutura da análise
macroeconômica
A macroeconomia focaliza a economia como se ela fosse composta por duas partes:
uma real e uma monetária, sendo que cada parte é dividida por dois mercados e
quatro variáveis, conforme tabela 12.1.
110
Variáveis
Mercados
Determinadas
Produto Nacional
Mercado de Bens e Serviços
Nível Geral de Preços
Nível de Emprego
Mercado de Trabalho
Salários Nominais
Parte Monetária da
Economia
Taxa de Câmbio
Mercado de Dívidas Estoque de Reservas
Cambiais
A parte monetária da economia é composta por mais dois mercados, que são o
mercado nanceiro, no qual a taxa de juros e o estoque de moeda são determinados;
e pelo mercado de divisas, no qual são determinadas a taxa de câmbio e o estoque de
reservas cambiais.
111
13
Noções de Crescimento e
Desenvolvimento
Econômico
112
Olá, aluno(a), tudo bem? Você certamente já ouviu muito falar sobre o baixo
crescimento e desenvolvimento econômico do nosso país. Temas como “mercado
prevê que PIB brasileiro em 2019 seja de 0,5%”; “Brasil caiu no ranking de
desenvolvimento humano” estão muito presentes na imprensa. Esses são os temas
que iremos discutir nesta aula.
Conforme discutimos na aula anterior, fazer com que um país cresça é um dos
objetivos do governo. Mas o que é crescimento econômico? Crescimento econômico
pode ser de nido como o aumento da capacidade produtiva da economia durante um
determinado período de tempo. Em outras palavras, crescimento econômico é o
aumento da riqueza de um país, o que é feito por meio da produção de bens e
serviços.
Porém, o aumento da riqueza não signi ca, necessariamente, que a população esteja
em uma situação melhor do que antes. E você sabe o motivo disso? Porque
desenvolvimento econômico é um conceito mais amplo, estando relacionado ao
aumento da capacidade produtiva do país, mas não apenas, é preciso que haja
melhorias no padrão de vida da população e por alterações fundamentais na sua
estrutura.
113
Desenvolvimento econômico depende do crescimento econômico, mas
para que isso ocorra, é preciso que haja alterações na estrutura do país
e melhoria na qualidade de vida da população.
A prática não tem registrado que isso sempre acontece, e demonstra que o
crescimento e o desenvolvimento econômico não podem ser considerados sinônimos.
O crescimento econômico não necessariamente vai bene ciar todo o conjunto da
população. Por exemplo, mesmo que um país cresça, o desemprego pode não
diminuir em um ritmo razoável, em razão do processo de robotização e
informatização da cadeia de produção. Além disso, podemos citar outros fatores que
explicam que um país pode crescer sem se desenvolver, que são:
114
Baixos salários, que limitam o crescimento de diversos setores, principalmente
no mercado doméstico.
Com base no exposto, podemos resumir que um país pode ser rico como, por
exemplo, os produtores de petróleo, que ganham muito dinheiro exportando o
produto, mas pode não conseguir, por diversas razões, distribuir essa riqueza entre
seus habitantes, que seguem, em sua maioria, vivendo em condições precárias.
Nesse sentido, Souza (2008) a rma que o crescimento acelerado pode provocar o
desmantelamento de orestas, a exaustão de reservas minerais e a extinção de certas
espécies de peixes. Por exemplo, a atividade agrícola tende a ocupar vastas áreas de
terras onde se encontravam orestas. Pode, também, poluir os mananciais de água,
infestar o ar atmosférico, interferindo no próprio clima e no regime de chuvas, o que
afeta a saúde da população. Dito de outra forma, o desenvolvimento sustentável é o
que preserva o meio ambiente, sobretudo os recursos naturais não renováveis.
115
Indicadores de
desenvolvimento e de
crescimento econômico
Após compreender os conceitos de crescimento econômico e de desenvolvimento
econômico, assim como suas diferenças e semelhanças entre eles, você deve estar
curioso para saber como sabemos se uma economia cresceu e se desenvolveu, certo?
Agora, para que ocorra o desenvolvimento precisamos que outras questões sejam
atendidas. Existem na teoria econômica diversos modelos que estudam e medem o
tamanho do desenvolvimento econômico de determinado país, dentre eles, Souza
(2007) cita os neoclássicos de Meade, de Solow e a teoria do crescimento endógeno.
Todos eles são teóricos que se baseiam em dados da população, progresso técnico,
capital humano, entre outras variáveis, mas para atingir o objetivo da disciplina
Economia, não vamos abordar esses modelos em nosso material, trataremos
somente de alguns indicadores sem entrarmos nas discussões teóricas da formação
desses modelos, ok?
PIB (Produto Interno Bruto) → é a soma de tudo que foi produzido dentro das
fronteiras de um país em um determinado período, não importando se o capital com
o qual se produziu é nacional ou estrangeiro. Por exemplo, se uma empresa norte-
americana com lial em São Paulo produziu 4 milhões de dólares em um dado ano,
esse valor vai entrar no cálculo do PIB. Agora, se uma empresa brasileira com lial nos
Estados Unidos produziu 1 milhão de dólares na lial, esse valor não entra no cálculo
do PIB.
116
O PIB mede apenas os bens e serviços nais para evitar dupla
contagem. Se um país produz R$ 100 de trigo, R$ 200 de farinha de
trigo e R$ 300 de pão, seu PIB será de R$ 300, pois o valor da farinha e
do trigo estão embutidos no valor do pão.
Os bens e serviços nais que compõem o PIB são medidos pelo preço
que chegam ao consumidor. Dessa forma, levam em consideração
também os impostos sobre os produtos comercializados.
PIB per capita → indicador muito utilizado na economia, que busca medir o
crescimento de um país. No seu cálculo, divide-se o PIB pelo número de habitantes.
Com isso, podemos, facilmente, perceber que o PIB per capita é um dado numérico e
que não nos dá uma dimensão de qualidade de vida, de como a renda está
distribuída, en m, ele mostra apenas uma média.
Podemos dizer que esse indicador é bastante popular, é relativamente fácil para
calculá-lo, mas que é um indicador inicial, ele ajuda bastante a medir o crescimento
econômico, mas para falarmos de desenvolvimento precisamos de outras variáveis.
117
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) → variável, muito utilizada para se tentar
captar o desenvolvimento econômico. Esse índice é relativamente novo, e tenta captar
quão desenvolvido é uma nação, um povo.
Taxa de
Expectativa
PIB per capita alfabetização
de vida
e de matrículas
Figura 13.1 – Indicadores que compõem o IDH. FONTE: Elaborado pela autora (2019).
Conforme podemos ver na gura 13.1, o índice que mede a renda é a utilização do PIB
per capita. O índice para medir a saúde das pessoas é a expectativa de vida ao nascer,
e para o índice que mede a educação, são utilizadas a taxa de alfabetização de adultos
e a taxa de matrícula nos ensinos fundamental, médio e superior.
O IDH varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1 melhor, ou seja, quanto
mais próximo de 1 mais desenvolvido é o país. Esse índice vem sendo divulgado a
partir da década de 1990 e a ONU o divulga para cerca de 170 países que são
ranqueados segundo esse índice, conforme critérios a seguir:
118
IDH Grau de desenvolvimento
119
14
Política Monetária
e a Inflação
120
Olá, aluno(a), tudo bem? Chegamos às três últimas aulas da disciplina Economia. A
partir de agora, vamos discutir as três principais políticas macroeconômicas, que são
as políticas monetária, scal e cambial. Para iniciarmos, precisamos entender o que é
uma política econômica.
Podemos de nir, de forma genérica, que uma política econômica se refere à atuação
do governo para atingir um determinado objetivo. Isso mesmo, objetivos esses que já
discutimos, como estabilização da economia, crescimento econômico, distribuição de
renda, alocação de bens e serviços, e tantos outros objetivos que o governo tem,
sempre de forma a satisfazer às necessidades da população, aumentando, assim, a
qualidade de vida das pessoas.
Para iniciarmos, você sabe me dizer o que é uma política monetária? Posso lhe
adiantar que afeta e muito as nossas vidas! Política monetária refere-se à quantidade
de moeda disponível na economia, ao crédito disponível na economia e às taxas de
juros. Ou, ainda, de acordo com Vasconcellos (2015), por política monetária entende-
se a atuação do Banco Central para de nir as condições de liquidez da economia:
quantidade ofertada de moeda, nível de taxa de juros, entre outros.
Por meio dessa de nição, percebemos que essa política monetária in uencia nossas
vidas, diariamente e, muitas vezes, não nos damos conta disso. Você já havia pensado
nisso?
121
Moeda
Uma das principais variáveis da política monetária é a moeda. Mas o que é uma
moeda? Quais são as funções desempenhadas por ela? Moeda pode ser de nida
como um conjunto ativo, utilizado pelas pessoas para realizar transações. A moeda
pode ser metálica, papel-moeda ou moeda escritural.
Mas, quais são as funções da moeda? As funções da moeda podem ser divididas em:
meio de troca, reserva de valor, medida de valor e padrão para pagamento diferido
no tempo. Vamos conhecer cada uma delas?
Meio de troca → está relacionada à possibilidade que temos de trocar moeda por
produtos e serviços que demandamos, ou seja, a moeda nos ajuda muito por nos
facilitar as trocas e, embora não pensemos muito nisso, nem sempre foi assim, já
tivemos muitas mercadorias que foram utilizadas como moeda.
Reserva de valor → por ter a máxima liquidez e por ter um poder de compra, assim
essa função está intimamente relacionada à função de meio de troca. A medida de
valor é porque através da moeda classi camos quanto vale determinada mercadoria.
Medida de valor → é uma função que nos permite negociar algo (produto, serviço)
em uma data e o seu pagamento seja feito no futuro, ou seja, por conta da existência
da moeda é que podemos combinar um preço, hoje, para alguma negociação, e esse
pagamento ser feito daqui a 30 dias, ou 60 e, assim por diante.
Por que você demanda moeda? Sei que você deve ter cado surpreso com minha
pergunta, mas você já parou para pensar exatamente os motivos que fazem você a
demandar moeda? Pois bem, vamos lá! Temos três motivos, que são:
Motivo especulação → você quer manter seus recursos em moeda para poder
utilizá-lo em algo que seja vantajoso para você, mas aqui estamos falando de
aplicações nanceiras rápidas.
122
Motivo precaução → nesse caso, as pessoas guardam dinheiro para um imprevisto.
Quem não tem um avô ou uma avó que diz: “nunca se sabe o que vai ser amanhã, é
melhor prevenir”, e por esse motivo, essas pessoas acabam guardando dinheiro em
espécie.
Taxa de juros
Além da moeda, há uma outra variável que está intimamente ligada à política
monetária, e essa está sempre presente nos noticiários: a famosa taxa de juros. Nesse
sentido, podemos entender por juros o preço do uso do dinheiro. Por que pagamos
juros de um empréstimo? Porque não temos os recursos no momento e mesmo
assim o utilizamos!
Então a taxa de juros é o pagamento por essa utilização do dinheiro, portanto, taxa de
juros é o que se ganha pela aplicação de recursos durante determinado período de
tempo, ou, alternativamente, aquilo que se pega pela obtenção de recursos de
terceiros (tomada de empréstimo) durante determinado período de tempo.
Veri cando a de nição de taxa de juros, já é possível deduzir que essa é uma variável
das mais importantes em qualquer economia, visto que a partir dela muitas decisões
são tomadas. Por exemplo, se um empresário deseja fazer um investimento, uma das
variáveis que ele analisará será a taxa de juros. Se uma pessoa física pretende
comprar um produto e vai pagá-lo a prestações, quanto ele pagará de juros vai afetar
diretamente sua decisão de compra.
Então, sabendo o que é e como é importante a taxa de juros, veri quemos como ela é
formada. No Brasil a chamada taxa básica de juros é a SELIC – Serviço Especial de
Liquidação e Custódia, ela é básica porque a partir dela é que as demais taxas são
estabelecidas.
123
Após minha a rmação você deve estar pensando: mas no cheque especial estou
pagando muito mais do que isso! Ou no cartão de crédito ou no nanciamento, entre
outros. Você tem razão, mas a SELIC serve de base para as demais taxas de juros, é
como se fosse um indicador de tendência ou um sinalizador que o governo usa para
mostrar aos demais agentes econômicos o que ele quer no futuro próximo ou no
curto prazo.
124
Novo ciclo de queda da taxa de juros deve começar entre julho e
setembro
Instrumentos da política
monetária
Agora que você aprofundou seus conhecimentos sobre as duas principais variáveis da
política monetária, que é a moeda e a taxa de juros, vamos conhecer então quais são
os instrumentos que o governo tem e utiliza para colocar em prática a política
monetária. Esses instrumentos são:
Open market → as operações de open market ou mercado aberto, são aquelas em que
o governo compra ou vende títulos públicos, ou seja, digamos que o governo
pretende irrigar a economia com mais dinheiro, utilizando essa ferramenta de
125
mercado aberto, ele vai entrar no mercado comprando títulos públicos, e o contrário
é verdadeiro.
126
Em geral, dizemos, tecnicamente, que a política monetária pode ser contracionista ou
expansionista. Mas o que isso quer dizer? Uma política monetária contracionista é
feita se o governo deseja frear a economia, ou seja, se na visão do governo, a
economia está muito aquecida, as pessoas/empresas estão utilizando muito a moeda
para as mais diversas funções e ele deseja que isso seja reduzido, ele praticará política
monetária contracionista.
Você pode me dizer: Mas, quando o governo vai querer desaquecer a economia?
Quando, por exemplo, a in ação estiver muito elevada. E como se faz essa política? A
ferramenta mais utilizada no Brasil é a taxa de juros, mas todos os instrumentos de
política monetária, citados anteriormente, são e podem ser utilizados.
127
15
Política Fiscal
e o Setor Público
128
Olá, aluno(a), tudo bem? Nesta aula falaremos de mais uma política macroeconômica
que afeta muito a vida dos agentes econômicos. Essa talvez seja a política econômica
mais polêmica e discutida em rodas de amigos. Você já sabe de qual eu estou
falando? Se você pensou em política scal você acertou.
129
Governo quer baixar alíquota máxima do IR de 27,5% para 25%, diz
Bolsonaro
Quando o governo tem superavit em suas contas, signi ca que ele arrecadou mais do
que gastou e isso pode ser traduzido como uma política scal contracionista, ou
seja, ele está recebendo mais impostos e taxas da população. E por que se chama
política contracionista? Porque com essa atitude, o governo está arrecadando mais
dinheiro do que gastando e com isso o dinheiro tem circulado menos na economia e,
por consequência, ocasionando menos empregos, menos crescimento.
Agora, quando o governo tem de cit em suas contas, ele gastou mais do que
arrecadou, podemos dizer que ele está fazendo uma política scal expansionista,
isso porque se o governo gasta mais do que arrecada ele está estimulando a
economia através da injeção de recursos.
A função da política scal é a de ajudar o governo a atingir seus objetivos para uma
nação e, assim, o governo a utiliza por meio dos seus gastos e arrecadações. A maior
parte das arrecadações do governo brasileiro se dá pelos impostos.
130
Tributos
Como a política scal é bastante utilizada pelo governo brasileiro e sua arrecadação é
oriunda basicamente dos tributos, é preciso discutir um pouco sobre essa variável. Os
tributos são todas as prestações pecuniárias compulsórias, em moeda ou de que
valor nela se possa revelar, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Nesse sentido, os tributos são divididos em três tipos: impostos, taxas e contribuição
de melhoria. Assim, Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2008) a rmam que a forma
como são estruturados os sistemas tributários determina o impacto dos tributos
tanto sobre o nível de renda como sobre a organização econômica, a distribuição de
renda, a competitividade da economia, entre outros fatores. Nesse sentido, podemos
analisar alguns aspectos.
Ainda é possível classi carmos os impostos, de modo geral, quanto à sua base de
incidência, quer dizer, quem deve pagar impostos? Alguns devem pagar mais que
outros? Vejamos:
131
Impostos Regressivos → chamamos de sistema regressivo quando a participação
dos impostos na renda das pessoas diminui conforme a renda aumenta, ou seja,
quem ganha menos paga mais.
Instrumentos da política
fiscal
Conforme vimos na de nição de política scal, ela trata dos gastos e arrecadação do
governo. Assim, para “fazer” política scal o governo utiliza seus gastos e/ou sua
arrecadação objetivando, sempre, alcançar algo com sua ação. Discutimos nas nossas
aulas, que as políticas macroeconômicas têm quatro objetivos e esses objetivos
podem ser buscados utilizando a política scal.
132
Mas, como o governo pode executar a política scal para atingir seus objetivos? O
governo pode decidir como, quando e para que utilizará seus recursos, essa é uma
maneira de fazer política scal. O governo decide, também, sobre as alíquotas de
impostos e isso é política scal. Vamos ver um exemplo prático:
No ano de 2008, houve uma crise internacional mais localizada, a princípio nos
Estados Unidos, batizada de crise das hipotecas, com ela houve, de modo geral, uma
redução no consumo mundial e o Brasil acabou passando a vender menos para o
resto do mundo já que ele estava em crise. Um dos mecanismos utilizados pelo então
Presidente Lula foi o de reduzir o IPI dos automóveis, objetivando reduzir seu preço e
elevar sua demanda.
Como consequência, tivemos a redução no preço dos carros, ocorreu uma elevação
da demanda e um aquecimento da economia brasileira, mais especi camente no
setor automobilístico. A indústria automobilística não reduziu sua produção e nem
precisou demitir pessoal.
Esse mesmo mecanismo foi utilizado com os produtos de linha branca. A esse tipo de
política scal damos o nome de expansionista no qual o objetivo do governo é
expandir, fazer crescer a economia. Se o objetivo fosse contrair a economia o governo
poderia, por exemplo, ter elevado o IPI desses produtos, assim as pessoas
demandariam menos e a economia se retrairia.
É dentro da política scal que o governo decide onde fará seus investimentos, dessa
forma, ela in uencia diretamente os cidadãos. Além disso, é por meio de tal política
que veri camos se o governo está endividado ou não, de onde tem vindo e para onde
estão indo os seus recursos.
133
Para aprofundar seus conhecimentos sobre os tributos no Brasil,
acesse o site abaixo e conheça quanto nós pagamos deimpostos, a
porcentagem de impostos inseridos em cada produto, e tantas
outrasinformações.
134
16
Fundamentos do
Comércio Internacional
135
Olá, aluno(a), tudo bem? Seja bem-vindo(a) à nossa última aula da disciplina
Economia. Nesta aula, vamos discutir os fundamentos do comércio internacional, e
para isso, é preciso conhecer a política cambial e seus principais instrumentos.
Preparado?
Política cambial
A política cambial é fundamentada, segundo Mendes (2008), na administração da taxa
de câmbio e no controle das operações cambiais. Apesar do vínculo que ela mantém
com a política monetária, sua in uência é direta sobre as variáveis que estão
relacionadas às transações econômico- nanceiras do país, como o Brasil com os
demais países. Portanto, quando falamos em política cambial, nos referimos a
transações entre países e não apenas dentro da nação.
Então, taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra
moeda nacional. Dessa forma, podemos comparar o Real ao Dólar, ao Euro e, assim
por diante. Bem como podemos comparar Euro ao Dólar, Euro ao Franco.
136
A taxa de câmbio é um preço como de outro bem qualquer, assim, o que determina
seu valor, caso o regime cambial seja utuante, é a oferta e demanda de divisas. A
oferta de divisas depende, por exemplo, do volume de exportações, da entrada de
turistas que querem trocar dólar por Real, e de capitais externos. Já a demanda de
divisas depende do volume de importações, da saída de turistas e de capital externo.
Com base na lei oferta e demanda que discutimos, podemos concluir que quanto
maior for a oferta de divisas em relação à demanda, menor é a taxa de câmbio, já que
teremos mais dólar no mercado interno, o que faz com que o preço do dólar reduza.
Com isso, o Real sofre uma valorização cambial. Por outro lado, se aumentar a
demanda por dólares dada a oferta, a taxa de câmbio será maior, já que o dólar
estará mais caro, e assim o Real sofre uma desvalorização cambial.
Você percebeu como a lei oferta e demanda na qual nós estudamos na unidade dois
explica muitas das situações econômicas? A moeda é como qualquer outro bem,
oferta maior do que a demanda, o preço sobe, se a demanda for maior do que a
oferta, o preço cai.
137
Dólar cai frente ao real com exterior e atuações do BC
Por outro lado, quando temos uma depreciação cambial ou desvalorização cambial,
teremos uma redução do poder de compra da moeda nacional, e isso aumentará a
taxa de câmbio. Por exemplo, se no dia 02/04 o dólar valia dois reais e noventa
centavos, e no dia 03/04 passou para três reais, a rmamos que houve uma
desvalorização cambial.
138
Regimes cambiais
As situações apresentadas acontecem quando o país adota o regime de câmbio
exível. Mas o que é regime cambial? Como é classi cado? O regime cambial é a
forma como a taxa de câmbio é formada. Cada país adota um tipo de regime cambial,
que pode ser:
Para manter o câmbio xo é preciso que o país tenha uma boa quantidade de
Reservas Internacionais, ou seja, moeda internacional, pois o Banco Central do país é
quem administrará o câmbio e, para isso, precisará trabalhar com essas Reservas.
Você deve estar se perguntando como?
139
Preço do dólar = 1 Real
Além desses dois regimes cambiais, que são os mais utilizados, ainda temos os casos
intermediários entre o exível e o xo. Dentre esses regimes intermediários, podemos
citar a utuação suja em que o país adota o regime utuante, com o Banco Central
intervindo o dia inteiro para manter a taxa de câmbio em níveis adequados, sem
muitas oscilações.
Uma pergunta que você deve estar me fazendo é quem demanda dólar e quem oferta
dólar, certo? Os demandantes de dólares são turistas que viajam para o exterior;
pessoas ou empresas que importam produtos (compram produtos do exterior);
140
pessoas ou empresas que contraíram dívidas no exterior e precisam saldá-las; liais
de empresas cujas sedes são no exterior (ao remeterem lucros e dividendos).
Situação oposta ocorre quando temos uma valorização cambial, os nossos produtos
carão muito caros no mercado internacional, e os produtos estrangeiros baratos.
Assim, uma valorização cambial estimulará as importações e desestimulará as
exportações.
Um dos instrumentos de controle da in ação é a taxa de câmbio, o que pode ser feito
por meio da valorização cambial, que nesse caso, é chamada de âncora cambial.
Ocorre a seguinte situação: a taxa de câmbio é valorizada, o que torna a moeda
141
nacional mais forte, isso vai estimular a importação, fazendo com que a concorrência
aumente no mercado nacional, e, como você sabe, concorrência maior, preços
menores e, portanto, a in ação reduz.
Certamente você deve estar pensando que achamos a solução para os aumentos de
preços, mas não, pois com a moeda valorizada teremos outros problemas, como a
redução das exportações, aumento na dependência externa, e tantos outros
problemas.
Existe uma grande diferença entre variáveis nominais e reais, por exemplo, o salário
que vem no seu holerite ou contracheque é o salário nominal, já que o poder de
compra é o salário real. Agora que você já compreendeu a diferença, vamos analisar a
taxa de câmbio nominal e real, para isso, vamos a um exemplo: uma desvalorização
cambial de 10% é nominal, se a in ação for 10% não houve desvalorização nominal.
Pode acontecer uma situação em que a variação cambial e a variação dos preços
sejam nulas, mas a in ação dos outros países foi positiva. Essa situação acarreta uma
desvalorização real da moeda nacional, aumentando a competitividade dos nossos
produtos.
Por outro lado, uma valorização cambial reduz o valor da dívida externa em reais no
curto prazo, mas aumenta futuramente já que temos uma estimulação das
importações, o que levará à desvalorização cambial e ao aumento da dívida em reais.
142
Material Complementar
LIVRO
143
Material Complementar
FILME
WEB
https://www.bcb.gov.br/
https://ibge.gov.br/
http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx
144
Conclusão
Olá, aluno(a), tudo bem? Chegamos ao final da disciplina Economia. Ao longo
das nossas discussões, você teve a oportunidade de conhecer um pouco
sobre essa ciência encantadora e que faz parte do nosso dia a dia que é a
Economia. Agora, você está apto a tomar as melhores decisões empresariais
dentro do ambiente econômico.
Nós vimos que a economia, diferente do que o senso comum afirma, é uma
ciência social, pois estuda a melhor forma de alocar os recursos produtos
que são limitados para a produção de bens e serviços de que as pessoas
necessitam. E como vimos, essas necessidades são ilimitadas. Para que isso
seja possível, a economia utiliza teorias e instrumentais matemáticos e es-
tatísticos.
145
Claro que nesta disciplina apresentei a você alguns fundamentos introdu-
tórios das ciências econômicas, mas isso não significa que os temas eco-
nômicos se esgotem, muito pelo contrário, você poderá aprofundar seus
conhecimentos econômicos, sempre, pois temos muitas fontes de pesquisa
e áreas de estudo da economia.
Finalizo por aqui e espero que eu tenha conseguido atingir meu maior obje-
tivo, que é despertar em você a curiosidade pela economia e, principalmen-
te, pelo seu impacto na nossa vida. E lembre-se: qualquer dúvida, estamos
sempre à disposição.
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Referências
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