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ENGENHARIA ECONÔMICA

Profª. Drª. ANDRÉIA MOREIRA DA FONSECA BOECHAT


005 Aula 01: Conteúdo Conceito e Significado de Economia

014 Aula 02: Princípios Básicos de Economia

024 Aula 03: Conceitos Econômicos Fundamentais

032 Aula 04: A Curva de Possibilidade de Produção e o Custo de


Oportunidade

039 Aula 05: Fundamentos da Teoria do Consumidor

048 Aula 06: Teoria da Demanda

057 Aula 07: Teoria da Oferta e o Equilíbrio de Mercado

068 Aula 08: Elasticidades

076 Aula 09: Teoria da Produção e Custos de Produção

084 Aula 10: Estruturas de Mercado: Concorrência Perfeita


e Monopólio

095 Aula 11: Estruturas de Mercado: Oligopólio e Concorrência


Monopolística

103 Aula 12: Fundamentos da Teoria Macroeconômica

112 Aula 13: Noções de Crescimento e Desenvolvimento


Econômico

120 Aula 14: Política Monetária e a Inflação

128 Aula 15: Política Fiscal e o Setor Público

135 Aula 16: Fundamentos do Comércio Internacional

002
Introdução
Olá, aluno(a), tudo bem? Seja bem-vindo(a) à disciplina Economia. Sou a
professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat e vou acompanhá-lo nesta
disciplina tão fascinante, intrigante e que faz parte do nosso dia a dia. Antes
de iniciar nossa discussão, falarei um pouquinho sobre a minha formação
acadêmica.
Sou formada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (2007), Mestre em Economia pela Universidade Estadual
de Maringá (2011) e Doutora em Economia também pela Universidade
Estadual de Maringá (2016). Sou especialista em EaD e novas tecnologias
(2019) e tenho pós-graduação em Docência no Ensino Superior: Tecnologias
Educacionais e Inovação (2019), ambas pela Centro Universitário Maringá
(UniCesumar). Sou professora de Economia de cursos de graduação e pós-
graduação tanto presenciais quanto a distância em diversas faculdades e
universidades públicas e privadas.
Agora que você já me conhece, quero apresentar a disciplina a você. A
Economia é uma ciência social que estuda as inúmeras necessidades das
pessoas e está presente na vida de todas elas, sejam físicas ou jurídicas.
Mesmo que não tenhamos afinidade com a economia, muitas das nossas
decisões são tomadas com base em alguma(s) variável(is) econômica(s),
assim como todas as decisões do governo, por exemplo, afetam as nossas
vidas.
Dessa forma, um aluno de graduação, que vai tomar decisões precisa
conhecer os fundamentos da economia, já que as empresas, seja ela
pequena, média ou grande, estão inseridas no ambiente econômico.
Então, meu objetivo na disciplina é apresentar os fundamentos da ciência
econômica, de modo que você compreenda o ambiente econômico e,
assim, tome as melhores decisões.
Para atingir o objetivo, nosso material foi dividido em dezesseis aulas,
no qual discutiremos os conceitos fundamentais de economia, tais como
descrever o significado da economia e explicar os conceitos econômicos
fundamentais. O conteúdo das duas primeiras aulas é fundamental para a
compreensão da disciplina como um todo, pois são termos e conceitos que
dão suporte à análise econômica.

003
Como a economia é dividida em duas grandes áreas de estudo, que é a
microeconomia e a macroeconomia, nas aulas seguintes trataremos de
termos pertinentes a essas áreas. Adianto para você que a microeconomia
estuda os agentes econômicos individuais, ou seja, as empresas, os
consumidores e a formação de preço. Já a macroeconomia estuda as variáveis
agregadas, ou seja, a economia como um todo. Assim, praticamente todas
as notícias que lemos e ouvimos são relacionadas à macroeconomia, por
exemplo, as políticas monetárias, fiscais e cambiais que o governo elabora.
Esses serão alguns dos temas que vamos discutir a partir da aula 12.
E aí, preparado(a) para entrar no fascinante universo da Economia? Espero
que sim! Tenho certeza de que ao término da disciplina, você estará apto a
discutir Economia e tomar as melhores decisões empresariais.
Lembre-se: qualquer dúvida, entre em contato com seu tutor!

Um forte abraço e ótimos estudos!


Profª. Drª. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

004
01

Conceito e
Significado
de Economia
005
Olá!

Seja muito bem-vindo(a) à nossa primeira aula da disciplina Economia. Tenho certeza
de que você já ouviu falar muito sobre os temas que envolvem o estudo da economia,
pois fazem parte do dia a dia de todas as pessoas, independentemente da classe
social ou nível de escolaridade. Mas você sabe dizer quais são esses temas? Entre
aqueles que mais afetam a nossa vida e, portanto, são preocupações das ciências
econômicas, estão:

Custos de Mercado de
Demanda Inflação Moeda
produção trabalho

Taxa de Taxa de
Oferta Tributos
câmbio juros

FONTE: Elaboração da autora (2019).


Como você pode perceber, o estudo da economia é amplo, já que ela se preocupa
com muitas variáveis. Mas e se eu perguntar o signi cado de economia, você saberia
responder?

A palavra “economia” é oriunda do grego, é a junção de duas outras palavras: Oikós,


que signi ca “casa”, e Nomos, que são as leis e normas. Portanto, traduzindo ao pé da
letra, economia é a “administração da casa”.

006
Figura 1.1 - administração da casa

Acredito que você tenha cado surpreso, não é mesmo? Mas vamos pensar como
funciona a nossa casa: nós trabalhamos para receber um salário, que utilizamos para
pagar contas tais como, mensalidade da faculdade, energia elétrica e alimentação,
entre outras. Caso não tenhamos dinheiro para todas as contas, ou se algo
inesperado ocorre, fazemos empréstimos. Agora, se sobrar dinheiro, fazemos
investimentos, por exemplo, na caderneta de poupança ou renda xa.

Uma empresa e um país funcionam dessa mesma forma! A empresa tem a receita
com a venda dos bens e serviços e os custos com a compra de matéria-prima e com a
folha de pagamentos. Um país, como o Brasil, faz a arrecadação por meio de tributos
que as pessoas físicas e jurídicas pagam, e gasta ofertando bens e serviços públicos,
por exemplo. Caso faltem recursos nanceiros, empréstimos e nanciamentos são
feitos, e quando o gasto/custo é menor do que a receita, investimentos em máquinas,
equipamentos, reforma de escolas são feitos. Assim como na nossa casa.

007
Bolsonaro propõe ao Congresso liberar empréstimos a estados
com endividamento baixo

O projeto de lei complementar do governo federal pode bene ciar 13


unidades da federação que, atualmente, têm graves problemas de
caixa, mas mantêm o nível de endividamento em um patamar dentro
do teto estabelecido pelo Senado.

Fonte: Disponível aqui

Porém, “administração da casa” é a tradução da palavra, mas não o conceito de


economia, que Vasconcellos (2011) de ne como a ciência social que estuda como o
indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção
de bens e serviços, distribuindo tais produtos entre as várias pessoas e grupos da
sociedade, com o objetivo de satisfazer às necessidades humanas. Para Mendes
(2009), a economia é uma ciência social que trata do estudo da alocação dos
recursos escassos na produção de bens e serviços para a satisfação das
necessidades ilimitadas ou desejos humanos (MENDES, 2009).

A economia é de nida como a ciência social que estuda a alocação dos


recursos produtivos escassos para a produção dos bens e serviços que
a sociedade deseja/precisa.

008
Como você percebeu, três palavras na acepção de Mendes (2009) estão em destaque,
pois são os termos principais da de nição e que precisam ser muito bem entendidos.
A primeira palavra é “ciência social”, que diferente do que o senso comum acredita, a
economia não é uma ciência exata, e sim uma ciência social, pois ela estuda a melhor
forma da satisfazer às necessidades das pessoas. Para que o estudo da satisfação da
sociedade seja possível, a economia utiliza teorias, história, sociologia, e instrumentais
matemáticos, como a estatística. 

O segundo termo é “recursos escassos”, que signi ca que os recursos de produção,


como mão de obra, capital e insumos, são limitados, ou seja, mais cedo ou mais tarde
acabam. E é em razão dessa limitação (escassez) que os problemas econômicos
existem. Assim, podemos a rmar que a economia tem como objeto de estudo a
escassez. Se os recursos fossem ilimitados, não haveria economia. Ou ainda, se as
necessidades da população fossem limitadas, também não haveria economia, já que
todas as necessidades seriam satisfeitas. Portanto, a economia só existe porque é
preciso produzir bens com os poucos recursos que se tem disponível e assim, atender
a todas ou a maior parte possível, das necessidades humanas. 

Acredito que você esteja se perguntando se em todas as situações e países a escassez


está presente, certo? Então, a escassez é uma situação normal de todas as sociedades,
já que está relacionada a diversas variáveis, tais como tempo, dinheiro, espaço físico,
matéria-prima, mão de obra, seja especializada ou não, entre outras. Por exemplo,
talvez no Brasil não tenhamos escassez de espaço para produção agrícola, mas no
Japão tem. Por outro lado, aqui falta tecnologia, lá não. Compreendeu o
funcionamento da escassez? Espero que sim, pois essa é a base de todo o estudo da
economia.

Já o termo “necessidades ilimitadas” está destacado em função das necessidades de


as pessoas serem ilimitadas, ou seja, não tem m. Por exemplo, temos R$250,00 para
ir ao shopping comprar uma calça jeans. Chegando lá, compramos a calça, mas, logo
desejamos uma blusa ou uma bolsa, e assim, sucessivamente. Sem falar nas
necessidades básicas, como alimentação e moradia.

É importante observar que a economia estuda o todo, portanto, mesmo que uma
pessoa individualmente não tenha desejos ilimitados ou que todas suas necessidades
sejam satisfeitas, na economia como um todo não é assim que funciona.

Mas o problema não são as necessidades ilimitadas ou a escassez de recursos e sim, a


junção dos dois: de um lado temos necessidades que não são satisfeitas totalmente e
de outro lado, temos os recursos produtivos limitados, conforme gura 1.2.

009
Economia

Necessidades Escassez de recursos


Ilimitadas produtivos

Poucos bens

Problema!

Necessidades ilimitadas x Recursos produtos escassos. FONTE: Elaboração da autora


(2019).

Conforme a gura 1.2 nos mostra, os problemas econômicos são oriundos da falta de
recursos produtos su cientes para produzir tudo o que a população deseja.
Vasconcellos (2011) observa que se não houvesse escassez de recursos não haveria a
necessidade do estudo de questões como in ação, crescimento econômico, dé cit no
balanço de pagamentos, desemprego, concentração de renda, entre outros tantos
temas de estudo.

010
Jovens são os mais afetados pela piora do mercado de trabalho, e
comprometem futuro da Previdência

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) apontou que, no


primeiro trimestre deste ano, 41,8% da população de 18 a 24 anos fazia
parte do grupo dos subutilizados, ou seja, estavam desempregados,
desistiram de procurar emprego ou tinham disponibilidade para
trabalhar por mais horas na semana.

Em números absolutos, são 7,337 milhões de jovens brasileiros


subutilizados, o maior número já registrado desde que o levantamento
começou a ser apurado em 2012. Entre 2012 e o primeiro trimestre de
2019, a fatia de subocupados na economia brasileira passou de 20,9%
para 25%, enquanto entre os jovens de 18 a 24 anos o aumento foi de
30,1% para 41,8%.

Fonte: Disponível aqui

As questões econômicas
fundamentais
Dadas as necessidades ilimitadas das pessoas e os recursos escassos, todas as
sociedades são obrigadas a fazer opções, ou seja, precisam escolher uma ou algumas
alternativas possíveis entre tantas disponíveis. Para essa escolha, é preciso responder
a perguntas básicas da economia, que são:

011
O que e quanto produzir?

Para quem produzir?

Como produzir?

FONTE: Elaboração da autora (2019).

Vamos entender cada uma dessas questões?

“O que produzir” signi ca de nir quais bens e serviços a economia vai fabricar. Essa
não é uma decisão fácil, pois, como você já sabe, os recursos são escassos. Então, não
podemos produzir tudo o que desejamos ou de que precisamos – em outras palavras,
aumentar a produção de um determinado bem signi ca reduzir a quantidade
produzida de outros bens.

Após decidir o que será feito, dados os recursos limitados, tem que ser de nida a
quantidade do bem ou serviços escolhidos que será produzida, além do público-
alvo desse produto. Um dos fatores de escolha do “para quem produzir” é a renda
desse consumidor. Quanto maior for a renda, maior a quantidade de mercadorias
que ele poderá adquirir. Essas três primeiras perguntas mostram que quem vai
in uenciar a decisão da empresa/país são os consumidores.

Já na última, “como produzir”, a empresa/país de ne o melhor processo produtivo,


ou seja, como fabricar o bem na quantidade escolhida, de forma mais e ciente
possível. Dado que os recursos produtivos são escassos, a empresa deverá escolher a
combinação desses recursos com o menor custo possível para fabricar bens e
serviços.

012
As sociedades precisam fazer escolhas, já que não é possível produzir e
consumir tudo o que se deseja. Para isso, três perguntas se fazem
necessário: O que e quanto produzir? Para quem produzir? Como
produzir?

Aluno(a), nalizamos a nossa primeira aula da disciplina Economia. Se você cou com
alguma dúvida, procure seu tutor. E não se esqueça de fazer as atividades para
assimilar melhor o conteúdo!

Abraço, Profª. Drª. Andréia Moreira da Fonseca Boechat.

013
02

Princípios
Básicos de
Economia
014
Olá, aluno(a), tudo bem? Após você compreender exatamente do que se trata a
economia e seu real signi cado, nesta segunda aula vamos discutir os princípios
básicos de economia, ou seja, pensamentos/ideais iniciais que explicam alguns
comportamentos econômicos dos agentes (pessoas físicas e jurídicas e governo, que
discutiremos na próxima aula). 

Essas ideias básicas, segundo Mankiw (2012), são dez princípios que estão divididos
em três grupos, que são: “Como as pessoas tomam decisões”, “Como as pessoas
interagem” e “Como a economia funciona”. Não se preocupe em “decorar” cada
princípio e sim, procure entendê-los, relacionando ao nosso dia a dia, combinado?
Então, vamos conhecê-los?

Grupo 1: como as pessoas


tomam decisões
O comportamento da economia re ete o comportamento das pessoas que dela
fazem parte. Por essa razão, temos quatro princípios de tomada de decisão individual.

Princípio 1

As pessoas enfrentam tradeo s

Para iniciarmos nossas discussões sobre esse primeiro princípio, é importante que a
expressão tradeo esteja bem clara em nossas mentes. Na economia, quando falamos
em tradeo nos referimos a uma situação de escolha con itante, ou seja, quando uma
ação tem como objetivo resolver um determinado problema e acaba acarretando
outros.

015
Tradeo é um termo de origem da língua inglesa que de ne uma
situação em que existe con ito de escolhas, e que faz parte de todas as
decisões econômicas.

Por exemplo: uma forma de fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB) de um país
cresça é estimulando a demanda. Porém, quando aumenta a demanda, faz com que
os preços da maioria dos produtos subam e, isso faz com que surja a chamada
in ação. Então, o objetivo inicial, que era fazer com que o país crescesse
economicamente, acabou por fazer com que a taxa de in ação também aumentasse,
o que não é bom. Nesse caso, existe um tradeo entre crescimento e in ação.

A situação apresentada anteriormente re ete a tomada de decisão de todas as


pessoas. Como diz o provérbio “nada é de graça”, e isso é válido na economia
também, porque nada é de graça, sempre que queremos algo, precisamos abrir mão
de outra coisa de que gostamos. Portanto, precisamos tomar decisões, fazer escolhas
e renunciar a algo em decorrência de outro objetivo.

Você, por exemplo, neste momento fez uma escolha, já que você dedicou, digamos,
uma hora hoje para estudar a disciplina Economia. Para isso, você teve que abrir mão
de outra atividade, como estudar para outra disciplina ou sair com os amigos. Agora,
você tem uma outra escolha a ser feita: você pode dividir uma hora entre estudar
economia e estudar outra disciplina. Nesse caso, você está abrindo mão de meia hora
de estudo de uma disciplina para estudar trinta minutos de outra.

E é isso que acontece na economia, pois os recursos produtivos são escassos, como
vimos na primeira aula. Diariamente, ou melhor, a toda hora, temos tradeo s e
precisamos fazer escolhas. O governo e as empresas também precisam tomar
decisões o tempo inteiro.

016
Princípio 2

O custo de alguma coisa é aquilo de que você desiste para obtê-la

Como enfrentamos diversos tradeo s, ao tomar decisões é necessário comparar os


custos com os benefícios gerados para cada alternativa possível. Porém, nem sempre
o custo de uma ação é muito claro, mas, mesmo assim, precisa ser avaliado. Por
exemplo: você resolveu se matricular no curso da Unimar, como benefício, você
agrega conhecimento, novas oportunidades de emprego surgem, você terá aumento
salarial, entre tantos outros benefícios que um curso superior proporciona. Por outro
lado, você tem que pagar a mensalidade do curso, além disso terá que se dedicar aos
estudos.

A situação apresentada é chamada de custo de oportunidade, que pode ser de nido


como sendo tudo aquilo de que se abre mão em função de outra coisa. Por exemplo,
você abriu mão de parte do seu salário, hoje, para pagar a mensalidade e de parte do
seu dia para estudar, em função de cursar uma graduação, para ganhar um aumento
de salário no futuro, novas oportunidades de emprego e aumento de seu
conhecimento.

Custo de oportunidade é um dos principais conceitos econômicos, e


está relacionado às escolhas dadas à escassez de recursos. A ideia é
sempre levar em consideração nas decisões o que se ganha e o que se
deixa de ganhar em uma determinada situação.

Então, como você percebeu, o custo de oportunidade está presente em todas as


situações de tomada de decisão. Portanto, sempre precisamos levar em consideração,
ao fazer uma escolha do que estamos deixando de lado, ou seja, os custos e

017
benefícios daquela ação. Assim como a empresa e o governo que precisam, também,
analisar o custo de oportunidade, sempre.

Princípio 3

As pessoas racionais pesam na margem

Na economia partimos do princípio de que todas as pessoas são racionais, ou seja, os


indivíduos são capazes de fazer o máximo para alcançar seus objetivos, sempre de
forma direta e sistemática, a partir das oportunidades que surgem. Porém, uma
pessoa racional sabe que imprevistos surgem e, como são racionais, são capazes de
fazer pequenos ajustes em seu plano de ação. Esses ajustes são chamados de
mudança marginal. Então, uma pessoa racional compara, ao tomar decisão, o custo
marginal com o benefício marginal daquela ação.

Neste momento, você deve estar achando que não compreendeu muito bem os
princípios até aqui explicados, mas com um exemplo citado por Mankiw (2012) cará
mais fácil! Imagina uma empresa aérea que tem um avião de 200 lugares e o voo
custa à empresa 100 mil reais. O custo médio de cada poltrona é de 100 mil divididos
por 200 lugares, o que dá 500 reais. Ou seja, o valor mínimo da passagem deve ser de
R$ 500,00. Porém, a poucas horas de decolar, esse avião está com 10 lugares vagos e
os passageiros potenciais estão dispostos a pagar R$ 300,00 pela passagem.

A empresa venderá com esse valor, pois o custo marginal desses 10 passageiros é
muito pequeno, quase insigni cante e esses passageiros irão  consumir alimentos a
bordo, o que mostra o custo marginal.

Princípio 4

As pessoas reagem a incentivos

Como as pessoas são racionais, tomam decisões comparando o custo com o benefício
daquela decisão. Esse benefício, que podemos traduzir em incentivo, exerce papel
essencial para essa escolha, pois o incentivo é algo que faz com que uma pessoa
racional aja. Por exemplo, quando o preço da couve aumenta, as pessoas vão reduzir
o consumo dessa verdura e substituí-la por outra, como alface. A mesma situação

018
ocorre quando o governo implementa uma política econômica. Por exemplo, o
aumento da taxa de juros que vai alterar o comportamento das pessoas e essa
mudança de comportamento deve ser levada em consideração pelo governo.

Finalizamos aqui nosso debate sobre o primeiro grupo de princípios básicos da


economia e você, agora, já sabe como as pessoas tomam suas decisões. Vamos
conhecer o segundo grupo?

Grupo 2: como as pessoas


interagem
Muitas vezes uma decisão individual afeta a vida de outras pessoas, já que vivemos
em sociedade e interagimos com as outras pessoas. E os princípios que discutiremos
nesse segundo grupo darão suporte para entendermos como as pessoas interagem.
Vamos conhecer os três princípios que fazem parte desse grupo?

Princípio 5

O comércio pode ser bom para todos

A visão de que dois países que produzem o mesmo tipo de bem são concorrentes é
equivocada, pois apesar de as empresas concorrerem por consumidores, o comércio
entre os países é bom para todos. Você sabe me explicar o porquê? Isso acontece em
função do país A se especializar em um determinado bem, exportar (vender para
outros países) esse bem e importar (comprar de outros países) outro bem de que
necessita, mas do qual não é especialista. Então, vê-se que os países dependem uns
dos outros.

Portanto, o comércio internacional é essencial para o crescimento econômico, e é por


isso que as nações se preocupam tanto em manter boas relações comerciais e não
comerciais com determinados países, que podem ser considerados chave para
compra e vende de bens e serviços.

019
ACORDO ENTRE MERCOSUL E UE É BEM RECEBIDO POR
PROFISSIONAIS DE COMÉRCIO EXTERIOR

“...o Brasil, agora com esse acordo, começa a voltar a se reintegrar nos
uxos dinâmicos de comércio e na aceitação e no cumprimento de
regras internacionais que são aprovados por todo mundo, o Brasil
estava fora disso”, disse Rubens Barbosa, ex-embaixador em
Washington e presidente do Instituto de Comércio de Relações
Internacionais e Comércio Exterior.

Fonte do fragmento: Disponível aqui

Princípio 6

Os mercados são geralmente uma boa maneira de organizar a atividade


econômica

Atualmente, sabemos que a forma mais e ciente de organizar a atividade econômica


é por meio do próprio mercado, ou seja, por meio da chamada economia de mercado.
A economia de mercado é de nida por Mankiw (2012) como uma economia que aloca
recursos por meio das decisões descentralizadas das empresas e famílias, quando
elas interagem nos mercados de bens e serviços.

Nesse caso, a economia é controlada via preços, da seguinte forma: o comprador


veri ca o preço ao determinar a demanda por bens e serviços e os vendedores
analisam o preço ao decidir a oferta. O preço formado pela relação entre demanda e
oferta re ete no preço de mercado por bens e serviços e no custo da manufatura.

020
No entanto, é importante observar que o governo pode e deve, em muitos casos,
tomar medidas de forma a impedir que o mercado se ajuste sozinho. Medidas essas
como impostos, subsídios, entre outras.

Princípio 7

Às vezes, os governos podem melhorar os resultados dos mercados

Como você já sabe, os mercados procuram se estabilizar por meio dos preços. Porém,
mesmo em país que defende a livre iniciativa privada, o governo tem como papel
fazer com que as regras sejam cumpridas, garantindo o chamado direito de
propriedade.

Você já ouviu falar em direito de propriedade? Direito de propriedade, segundo


Mankiw (2012), é a habilidade de um indivíduo de possuir e exercer controle sobre
recursos escassos, sendo um incentivo para empresas e famílias produzirem. Além de
garantir o direito de propriedade, o governo deve intervir na economia de mercado,
para garantir a e ciência e promover a igualdade.

  Em relação à e ciência, os mercados nem sempre conseguem alocar os recursos de


forma e ciente, gerando as chamadas falhas de mercado. As falhas de mercado
acontecem em razão das externalidades e do poder de mercado. Vamos conhecer
esses dois conceitos?

Externalidade é quando a ação de um indivíduo afeta, positiva ou negativamente, o


bem-estar das outras pessoas. Já o poder de mercado é a capacidade de um ou um
grupo de agentes econômicos in uenciarem os preços de mercado de forma
signi cativa.

021
Grupo 3: como a economia
funciona
Os dois grupos de princípios da economia que discutimos formam o terceiro grupo
“como a economia funciona”, pois a forma como as pessoas tomam decisões e
interagem formam a economia. Vamos conhecer os três últimos princípios?

Princípio 8

O padrão de vida de um país depende de sua capacidade de produzir bens e


serviços

Como você sabe, existe diferença no padrão de vida dos países e variam ao longo do
tempo. Essa diferença pode ser explicada pela produtividade, ou ainda, pela diferença
entre a produtividade das nações. A produtividade pode ser entendida como a
quantidade de bens e serviços produzidos por unidade de insumo de mão de obra
(MANKIW, 2012). Então, em países em que a produtividade é maior, o padrão de vida
também é maior, por outro lado, países com produtividade baixa tendem a ter o
padrão de vida menor. E o que fazer com países com produtividade mais baixa? Cabe
ao governo implementar políticas públicas que procurem aumentar a produtividade
desses países.

Princípio 9

Os preços sobem quando o governo emite moeda demais

Uma variável que gera bastante preocupação é a in ação, que pode ser de nida
como o aumento contínuo e generalizado de preços. Quando o governo emite moeda,
teremos mais moeda em circulação, dando a impressão para a população de
aumento do poder aquisitivo. Com isso, as pessoas demandarão mais bens e serviços,
fazendo com que os preços subam. Além disso, quando o governo emite moeda, o
valor dela diminui, gerando aumento de preços, lembre-se que a moeda é um bem
como outro qualquer, depois aprofundaremos nossas discussões sobre in ação
durante nossa disciplina.

022
Princípio 10

A sociedade enfrenta um tradeo de curto prazo entre in ação e desemprego

O aumento da quantidade de moeda em circulação estimula a demanda por bens e


serviços. Esse aumento pode fazer com que as empresas aumentem os preços dos
seus produtos, gerando in ação. Por outro lado, quando temos muita demanda, as
empresas precisam contratar mais trabalhadores, gerando aumento no nível de
empregos. Resumindo: no curto prazo, o aumento da demanda gera in ação e reduz
o desemprego.

023
03

Conceitos
Econômicos
Fundamentais
024
Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você conheceu os dez princípios básicos da
economia, nesta terceira aula vamos compreender alguns conceitos econômicos
fundamentais para a compreensão da disciplina como um todo. Portanto, como tais
conceitos são básicos, é muito importante que estejam bem claros. Assim, caso não
entenda qualquer conceito, releia o material, assista novamente à aula e tire suas
dúvidas com seu tutor, combinado? Além disso, procure relacionar cada tema
discutido com o nosso dia a dia! Vamos conhecer alguns desses conceitos tão
importantes para a ciência econômica?

Bens e serviços
Bens e serviços são tudo que é capaz de atender uma necessidade das pessoas, e são
classi cados de duas formas principais: em relação à sua raridade e em relação a
quem os oferta. No que diz respeito à raridade, os bens e serviços podem ser:

Livres – são os bens cuja quantidade é ilimitada e podem ser obtidos sem nenhum
esforço humano. Em função dessas características, são bens sem preço, e por isso,
não é objeto de estudo da economia. O ar, o mar e a luz solar são exemplos de bens
livres.

Econômicos – são bens e serviços limitados, possuem valor de mercado e precisam


de esforço humano para produzi-los. Um carro, um computador, uma caneta são
exemplos de bens econômicos.

Os bens podem ser classi cados em livres, os que não têm preço e,
portanto, não são objeto de estudo da economia; e econômicos, que
têm valor de mercado, estudados pela economia. Porém, um bem livre
hoje pode se tornar um bem econômico daqui a uns anos.

025
No entanto, os bens econômicos são classi cados, segundo a natureza, em bens
materiais, que são os bens tangíveis, como uma televisão, e bens imateriais, que
também são chamados de serviços, que são intangíveis, tais como uma consulta
médica, uma aula ou uma consultoria.

Os bens econômicos materiais podem ser de três tipos, conforme a seguir:

Consumo, que são bens duráveis. Exemplo: roupas.

Intermediário, que são necessários para fabricar os bens de consumo. Exemplo: barras
de ferro.

Capital, que são BENS UTILIZADOS PARA FABRICAR OUTROS BENS. Exemplo: máquinas.

Agentes econômicos e o
sistema capitalista
Um termo de suma importância para fazer com que a economia gire são os agentes
econômicos. Você sabe me dizer quem são esses agentes? Os agentes econômicos
são as pessoas de natureza física ou jurídica que, por meio de suas ações, contribuem
para o funcionamento do sistema econômico, exercendo distintos papéis na
economia.

Esses agentes podem ser classi cados em quatro tipos, que são:

Empresas – são unidades produtivas responsáveis pela produção e


comercialização dos bens e serviços, por meio da combinação dos fatores de
produção.
Família – conhecida como consumidores, são todos os indivíduos e unidades
familiares da economia. As famílias têm duas funções principais: produzir e
adquirir bens e serviços.

026
Família = consumidor = pessoa. No Brasil, segundo o IBGE (2019),
temos um pouco mais que 210 milhões de habitantes, portanto, de
famílias.

Governo – são as organizações que estão direta ou indiretamente sob o domínio do


Estado e que atuam no sistema econômico. Temos os governos federal, estadual e
municipal, além das leis e regulações.

Setor externo – são os demais países que ao fazer comércio com o Brasil, acabam
in uenciando a economia e também são in uenciados. Assim, o setor externo é
composto por todas as instituições que mantêm relações econômicas com o país.

Para acompanhar o crescimento da população brasileira por unidade


federal e a projeção desse crescimento, acesse o link do Instituto
Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE).

Fonte: Disponível aqui

027
Sistema econômico
capitalista
Visando desenvolver as atividades econômicas, todas as economias procuram
estabelecer normas, que devem ser respeitadas pelos agentes econômicos. Por
exemplo, as unidades produtivas devem ter autorizações especí cas, como o alvará
de funcionamento para produzir e comercializar seus produtos.

Tais normas e suas relações com as unidades produtivas e familiares, bem como com
os setores público e externo, formam o que chamamos de sistema econômico. Os
mais relevantes tipos de sistema econômico são: o capitalismo e o socialismo. Nosso
foco nesta disciplina é o sistema capitalista, adotado pela maioria das economias,
entre elas o nosso país.

O sistema capitalista tem como características a propriedade privada dos fatores de


produção e dos bens; sistema de preços que é responsável pelo controle do
funcionamento da economia, ou seja, o preço que seleciona os bens e serviços a
serem produzidos, e as técnicas que serão utilizadas para essa produção; o lucro é o
incentivador da produção e o principal objetivo dos agentes econômicos; a
competição entre empresas é acirrada; e o governo está presente, interfere no
funcionamento da economia, mas de forma limitada.

As bases de um sistema econômico capitalista podem ser mais bem discutidas por
meio de um modelo de economia de mercado que não considere interações com o
setor público ou governo e com o setor externo ou resto do mundo, apresentado na
gura 3.1.

028
oferta Mercado de Fluxo (real) de

be
e
bens de consumo
Produtos d

ns
Receita e serviços Custo de vida

(procura)
Empresas Familias

básicos)
Procura (fl

Oferta
s,
uéi
Custo de produção ug
Renda (salários, juros, al
Mercado
de recursos
de
ux

real de fatores
recursos
o)

Figura 3.1 – Interação entre família e empresa. FONTE: Mendes (2004).

Observe que as instituições familiares e produtivas nesse modelo interagem em


apenas dois mercados, sendo eles o mercado de bens e serviços e o mercado de
fatores de produção (MENDES, 2004). Nessa direção, as unidades familiares
oferecem no mercado de fatores de produção recursos produtivos. As unidades
produtivas, por sua vez, oferecem no mercado de bens e serviços sua produção.

Por outro lado, as unidades familiares demandam no mercado de bens e serviços a


produção das empresas, ao passo que as unidades produtivas demandam no
mercado de fatores de produção os recursos produtivos. Essa interação entre
agentes econômicos e mercados é chamada de uxo real da economia
(VASCONCELLOS, GARCIA, 2011).

Entretanto, tal interação só é possível com a presença da moeda, que é empregada


para remunerar as famílias pelo uso dos recursos produtivos, bem como para o
pagamento dos bens e serviços adquiridos. Diante disso, tem-se um uxo monetário.
A união dos uxos real e monetário da economia origina o que chamamos de Fluxo
Circular de renda.

029
Fatores de produção
Outro termo muito utilizado em nossa disciplina é fatores de produção, que também
são chamados de recursos produtivos. Os fatores de produção podem ser de nidos
como sendo os elementos escassos que são utilizados de diferentes formas no
processo produtivo de todos os bens e serviços. Por exemplo, precisamos de trigo,
ovos, leite, fermento, forno e um padeiro para fabricar o pão, certo? Todos esses
elementos são fatores de produção.

Os fatores de produção são classi cados em recursos naturais ou terra, que é a


origem de todo processo produtivo, como terra, água, minerais e matérias-primas;
trabalho, que é a contribuição, física ou intelectual do ser humano na produção os
bens e serviços; e capital, que são bens utilizados no processo produtivo, tais como
máquinas, construções, e infraestrutura.

Além dos três tipos de fatores de produção tradicionais, alguns autores ainda
consideram a capacidade empresarial e o empreendedorismo como fatores de
produção, já que são fundamentais para a tomada de decisão dos empresários
quanto à utilização dos recursos produtivos. A tecnologia também pode ser
considerada um fator de produção.

Setores econômicos
Em todas as atividades de produção ou setores da economia estão inseridos os
fatores de produção ou recursos produtivos (terra ou recursos naturais, mão de obra
ou trabalho e capital) e as técnicas de produção (MENDES, 2004). 

Destaca-se que, com base em Mendes (2004), dependendo da atividade de produção,


tais recursos e técnicas variam em intensidade, ou seja, em cada um dos setores da
economia são empregados recursos e técnicas em proporções diferentes. Em outras
palavras, temos atividades de produção ou setores da economia que são intensivos
em terra ou recursos naturais, outros em mão de obra ou trabalho, e ainda outros,
que são intensivos em capital.

030
O autor nos explica ainda que a intensidade/proporção de uso/emprego dos fatores
de produção ou recursos produtivos classi ca as atividades de produção ou setores
da economia em atividades primárias, secundárias e terciárias de produção. Vamos
entender cada uma delas?

Atividades primárias de produção ou setor primário – Agricultura (lavouras


permanentes, temporárias, horticultura, oricultura); pecuária (criação e abate de
gado, de suínos e aves, pesca e caça); extração vegetal (produção orestal: silvicultura
e re orestamento).

Atividades secundárias de produção ou setor secundário – Indústria extrativa


mineral (minerais metálicos e não metálicos); indústria de transformação (produtos
alimentícios, minerais não metálicos, metalurgia, mobiliário, química, ação e
tecelagem, vestuário, calçados, material elétrico, de telecomunicações e de
transporte, produtos de matérias plásticas, bebidas, fumos), indústria da construção
(obras públicas, construções privadas).

Atividades terciárias de produção ou setor terciário – Comércio (atacadista e


varejista); transportes (rodoviários, ferroviários, hidroviários e aeroviários);
comunicações (telecomunicações, correios e telégrafos, radiofusão e TV);
intermediação nanceira (bancos, seguradoras, distribuidoras e corretoras de valores
e bolsas de valores); imobiliárias (comércio imobiliário, administração e locação)
hospedagem e alimentação (hotéis, restaurantes, bares e lanchonetes); reparação e
manutenção (máquinas, veículos e equipamentos); serviços pessoais (cabeleireiros,
barbeiros); outros serviços (assistência à saúde, educação, cultura, lazer, culto
religioso) e governo (federal, estadual e municipal).

031
04

A Curva de Possibilidade de
Produção e o Custo
de Oportunidade
032
Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você conheceu alguns conceitos fundamentais
como a economia, nesta aula vamos compreender mais dois termos, talvez dois dos
mais importantes para as ciências econômicas, que são a curva de possibilidade de
produção e o custo de oportunidade. Esse último você conheceu um pouquinho, na
nossa primeira aula, lembra?

Conforme já vimos, a economia está diretamente relacionada ao problema da


escolha, ou seja, como os fatores de produção são limitados e as necessidades
humanas ilimitadas, é preciso a toda hora fazer escolhas. E para as empresas não é
diferente, elas precisam de nir quais bens e serviços vão produzir e ofertar, como e
em qual quantidade.

Para entender melhor como a escolha é feita, vamos a uma situação hipotética, ou
seja, criada. A situação é a seguinte: uma economia produz apenas dois bens, que
chamaremos de bem X e bem Y, que você pode, por exemplo, chamar de lápis e
caneca. Além disso, a quantidade e a qualidade dos recursos produtivos são xas, ou
seja, independente de produzir o bem X ou o bem Y a quantidade e a qualidade dos
recursos produtivos são as mesmas.

Na nossa situação hipotética, existe pleno emprego, em outras palavras, essa


economia produz o máximo que ela pode dada à quantidade de recursos produtivos
que ela tem disponível, não existindo capacidade ociosa. E a tecnologia é constante.
Isso porque o uso da tecnologia é uma forma de aumentar a produção utilizando a
mesma quantidade de fatores de produção disponíveis.

Com base nas características citadas acima, podemos veri car a quantidade de cada
bem que poderá ser produzido dados os recursos produtivos que temos disponíveis.
Isso pode ser visto no quadro 4.1.

033
Quantidade Quantidade
Bem Quantidades intermediárias 
máxima de Y máxima de X

X 0 3 6 8 9 10

Y 15 13 12 10 6 0

ponto A B C D E F

Quadro 4.1 - Quantidade de cada bem que pode ser produzido dada a quantidade de
fatores de produção disponíveis. FONTE: Elaborado pela autora (2019).

Como pode ser observado no quadro 4.1, a economia poderá produzir 15 unidades
do bem Y ou 10 unidades do bem X. Porém, nesses casos, o outro bem não poderá
ser produzido, pois não há recursos produtivos disponíveis para a produção dos dois
bens.

Caso a economia queira produzir os bens X e Y, deverá “abrir mão” de certa


quantidade de um bem para produzir o outro. Por exemplo, para produzir 3 unidades
de X, a empresa deverá deixar de produzir 14 unidades de Y ou 6 unidades de X,
deverá deixar de produzir 1 unidade de Y, ou ainda, para produzir 8 unidades de X,
serão 10 unidades do Y que deverão ser deixados de serem produzidos, ou ainda 9
unidades do bem X e 7 do bem Y.

Outra forma de visualizar essa situação é por meio da gura 4.1.

034
Bem Y

F
10 E
D
8
C
6
4
B
2
A
0
2 4 6 8 10 12 14
Bem X

Grá co 4.1 – Curva de possibilidade de produção. FONTE: Baseado em Vasconcellos


(2015).

O grá co 4.1 mostra as quantidades dos bens X e Y que a economia hipotética poderá
produzir dados os fatores de produção limitados. Essa curva é chamada de curva das
possibilidades de produção ou curva de transformação. Portanto, qualquer dos
pontos em cima da curva (A, B, C, D, E, F) representa um uso igualmente e ciente de
todos os recursos, dada a tecnologia.

A curva de possibilidade de produção ou curva de transformação


demonstra a quantidade máxima de dois bens ou de serviços que uma
economia consegue produzir dadas a quantidade e a qualidade de
fatores de produção disponíveis e a tecnologia existente.

035
Por outro lado, pontos além da fronteira não poderão ser atingidos com os recursos
disponíveis. Pontos internos à curva representam situações nas quais a economia não
está empregando todos os recursos de que dispõe, ou seja, não está operando em
pleno emprego. Por exemplo, no ponto S, vamos supor que essa economia queira
produzir 12 unidades do bem X e 8 do bem Y, nesse caso, não teremos fatores de
produção su cientes para produzir os dois bens nessas quantidades.

Situação oposta, no ponto Z, se a economia quiser produzir 8 unidades do bem X e 6


unidades do bem Y. Existem fatores de produção su cientes, mas a economia não
será e ciente. Essas situações podem ser vistas no grá co 4.2.

Bem Y

F
10 E
D S
8
C
6
Z
4
B
2
A
0
2 4 6 8 10 12 14
Bem X

Grá co 4.2 – Curva de possibilidade de produção. FONTE: Baseado em Vasconcellos


(2015).

Porém, existe uma forma de a economia chegar ao ponto S, que é por meio da
tecnologia. A tecnologia é um fator que desloca a curva das possibilidades de
produção, pois, como já discutimos, aumenta a quantidade produzida, utilizando os
mesmos recursos de produção disponíveis, ou seja, aumenta a capacidade produtiva
da empresa.

Na prática pode acontecer de a curva das possibilidades de produção se deslocar


mais em direção a um bem do que a outro. Isso acontece em função dos bens não
possuírem exatamente o mesmo processo produtivo ou as mesmas quantidades de
todos os fatores de produção. Então, o recurso produtivo que seja mais afetado pela
tecnologia tende a deslocar mais a curva de transformação.

036
Tudo que abordamos sobre curva das possibilidades de produção também nos
mostra outro conceito muito importante para a ciência econômica, que é o custo de
oportunidade, no qual a empresa teve que “abrir mão” de certa quantidade
produzida do bem Y em função da produção do bem X.  Como vimos nas aulas
anteriores, o custo de oportunidade pode ser de nido como o sacrifício de se
transferir os recursos de uma atividade para outra, ou seja, é a quantidade de um
bem ou serviço que se deve renunciar para obter outro.

É importante observar que só existe custo de oportunidade se a economia estiver


funcionando em pleno emprego, ou seja, se os recursos forem plenamente utilizados
nos pontos A a F que estão sobre a curva de possibilidade de produção.

Divisão das Ciências


Econômicas
Para ns metodológicos e estudos econômicos, divide-se a ciência econômica em
duas grandes áreas, sendo elas a microeconomia e a macroeconomia. A
microeconomia, segundo Viceconti e Neves (2010, p. 09), “é o ramo da teoria
econômica que estuda o funcionamento do mercado de um determinado produto ou
grupo de produtos”. Em outras palavras, estuda a interação entre compradores e
vendedores em determinados mercados como, por exemplo, no mercado de
produtos alimentícios.

Assim sendo, o estudo da microeconomia está voltado, entre outros, para:

a. instituições individualizáveis, isoladamente ou em grupos homogêneos;


b. comportamento dos consumidores;
c. comportamento das empresas;
d. estruturas e mecanismos de funcionamento dos mercados;
e. funções e imperfeições dos mercados;
f. remuneração paga aos agentes e à repartição funcional da renda nacional e g)
preços que as empresas recebem por suas produções (ROSSETTI, 2008).

Nas unidades II e III, serão abordadas as noções básicas que envolvem essa área da
Teoria Econômica.

037
A macroeconomia, por sua vez, “é o ramo da teoria econômica que estuda o
funcionamento da economia como um todo, procurando identi car e medir inúmeras
variáveis”, tais como: nível de produção total, investimento agregado, poupança
agregada, nível de emprego, nível geral de preços etc. (VICECONTI; NEVES, 2010, p.
09). Dessa forma, o estudo da macroeconomia está voltado, entre outros, para:

a. a economia em seu conjunto;


b. o desempenho total da economia, dadas as causas e os mecanismos de
correção das utuações;
c. os agregados macroeconômicos, tais como PIB e RN;
d. as relações entre macrovariáveis, tais como investimento e nível de emprego;
e. as medidas de tendência central, tais como taxas de juros e de câmbio;
f. as trocas internacionais e
g. o crescimento e desenvolvimento das economias (ROSSETTI, 2008).

As noções básicas que envolvem essa área da teoria econômica serão tratadas nas
próximas aulas.

A economia é dividida em duas grandes áreas: a macroeconomia que


estuda as variáveis agregadas e a microeconomia que analisa os
agentes econômicos de forma individual.

038
05

Fundamentos da
Teoria do Consumidor

039
Olá, aluno(a), tudo bem? Agora que você já conheceu os conceitos básicos e
fundamentais da economia, vamos começar nossas discussões sobre uma das
grandes áreas de estudo da economia, que é a microeconomia. Para que isso seja
possível, precisamos entender o comportamento do agente econômico família em
relação às decisões de consumo. Portanto, inicialmente peço que deixe de lado as
empresas e pensemos apenas nos consumidores, ok?

Quando você vai às compras, por exemplo, em um shopping, quais fatores você leva
em consideração para escolher um produto dentre tantos que estão disponíveis? De
maneira geral (vamos trabalhar com regras e não com exceções) os consumidores
possuem algumas características que ajudam na decisão de compra. Essas
características, segundo Mendes (2009), são: 

Excluindo a poupança, os consumidores gastam toda sua renda em bens e


serviços.
Os consumidores gastam sua renda em mais de um bem ou serviço.
Como as necessidades humanas são ilimitadas, os consumidores raramente
estão satisfeitos com a quantidade de produtos comprados.
Os consumidores procuram maximizar a satisfação total, dados sua renda e os
preços dos bens.    

Com base nessas características, os consumidores preferem alguns bens e serviços


em relação a outros, ou seja, os consumidores são capazes de colocar as cestas de
bens e serviços em ordem de acordo com suas preferências. Certamente você deve
estar se perguntando o que é cesta de bens, certo? Uma cesta de bens e serviços é
um conjunto de quantidades de determinados bens e serviços.

Para car mais claro, essas cestas são compostas por quantidades somente de dois
bens e/ou serviços. Tal situação pode ser representada por:

C = (Q1, Q2)

No qual:  

C – cesta de bens e serviços


Q1 – quantidade do bem ou serviço 1
Q2 – quantidade do bem ou serviço 2

Mas, como essa escolha por determinada cesta de bens e serviços é feita? A escolha
que o consumidor faz por determinadas cestas de bens e serviços em relação a outras
é feita a partir de três pressupostos:

040
Mais é melhor do que menos – os consumidores preferem maiores
quantidades a menores.

Em geral, os consumidores escolhem sempre maiores quantidades


possíveis. Mesmo aqueles que preferem qualidade gostariam de
comprar um número maior de mercadorias.

A preferência é completa – os consumidores são capazes de comparar duas ou


mais cestas de bens e serviços e escolher a que mais lhe agrada.
A preferência é transitiva – dadas três cestas, A, B e C, e comparando duas
cestas por vez, entre A e B, o consumidor prefere a cesta A. Entre B e C, o
consumidor prefere a cesta B. Então, entre A e C, o consumidor vai preferir a
cesta A. Esta situação pode ser vista no esquema a seguir:

A>B
Então, A > C
B>C

Para melhor entender o terceiro pressuposto, vamos pensar no seguinte exemplo:


Joana tem três cestas de bens e serviços disponíveis, A, B e C, dados a sua renda e o
preço dos bens, conforme situação abaixo.

1. Cesta A = (5 pipocas,1 chocolate)


2. Cesta B = (4 pipocas, 2 chocolates)
3. Cesta C = (3 pipocas e 3 chocolates)

Entre a cesta A e a cesta B, Joana prefere a cesta A. Entre a cesta B e a cesta C, ela
escolherá a cesta B. Então, como a A ganhou da B e a B ganhou da C, se compararmos
as cestas A e C, Joana preferirá a A.

041
Função utilidade
Os pressupostos da teoria do consumidor que discutimos anteriormente demonstram
as preferências dos consumidores. Essas preferências podem ser representadas por
meio de uma função, a chamada função utilidade. Nesse sentido, Mendes (2009)
de ne utilidade como benefício ou satisfação que o consumo de um bem ou serviço
pode gerar a uma pessoa.

A função utilidade pode ser representada como:

U = f (Q1, Q2)

No qual:

U – utilidade
f – uma representação matemática que signi ca “em função de que”
Q1 – quantidade do bem 1
Q2 – quantidade do bem 2

Existem dois tipos de utilidade, a total e a marginal. A utilidade total refere-se à


satisfação completa pelo consumo de todas as quantidades consumidas de um
determinado bem ou serviço. A utilidade total é crescente até certo ponto, que é
chamado de ponto de saturação. A partir desse ponto, ela vai decrescendo, ou seja, o
grau de satisfação vai reduzindo.

Já a utilidade marginal é diferente, pois refere-se à satisfação gerada pelo consumo


de uma unidade a mais de um determinado bem ou serviço. Gra camente, a
utilidade marginal é decrescente, ou seja, ela reduz na medida em que a pessoa vai
consumindo quantidades adicionais de um bem ou serviço.

Para melhor entendimento da diferença entre utilidade total e marginal, Mendes


(2009) apresenta um exemplo que vamos utilizar com algumas alterações. Imagina
João no deserto, com muita sede. Ele encontra um vendedor de água e como está
com sede e tem dinheiro, comprará copos de água. Para o primeiro copo, João está
disposto a pagar um valor muito alto pela água, por exemplo, 70 reais, pois o grau de
satisfação que o consumo desse copo trará é muito alto. Já no segundo copo, nosso
consumidor está disposto a pagar um valor ainda alto, mas não tão alto quanto pagou

042
pelo primeiro copo, por exemplo, 50 reais. E assim, sucessivamente, até chegar ao
décimo copo, no qual ele não está mais disposto a pagar nada pela água, pois o
décimo copo não trará mais benefícios ao nosso consumidor.

  E, se continuarmos analisando cada possível copo consumido, chegaremos a um


valor negativo, ou seja, o consumo, por exemplo, do décimo primeiro copo gera uma
repulsa. Veja tal situação na tabela 5.1.

Quantidade de copos de água Utilidade Total Utilidade Marginal

0     0 -

1   70 70

2 120 50

3 165 45

4 190 25

5 210 20

6 225 15

7 235 10

8 240 5

9 242 2

10 243 1

Tabela 5.1 – Utilidades Total e Marginal do consumo de copos de água por João.
FONTE: Mendes (2009).

043
A tabela 5.1 representa as utilidades total e marginal de João ao consumir os copos de
água. Como você vê, o valor que ele está disposto a pagar por cada copo reduz na
medida em que o consumo aumenta, sendo o primeiro copo 70 reais e o décimo
copo, apenas um real.

Pelo nosso exemplo você percebeu que a utilidade marginal foi reduzindo, ou seja, o
grau de satisfação de João por cada copo de água reduz ao longo do consumo. Já a
utilidade total, que é a soma de todas as utilidades, aumentou. Para melhor visualizar
essa situação, vamos representá-la no grá co 5.1.

Utilidade
total

Quantidade conumida

Utilidade
marginal

Quantidade conumida

Grá co 5. 1 – Representação das curvas de utilidades total e marginal. FONTE:


Vasconcellos (2015, p. 33).

O grá co 5.1 demonstra que a utilidade total aumenta conforme aumenta a


quantidade consumida de um determinado bem ou serviço e a utilidade marginal
decresce na medida em que aumenta o consumo de um determinado bem ou serviço.

044
Na prática, essa situação acontece em um rodízio de pizzas ou carnes,
por exemplo. Quando chegamos ao restaurante, estamos com tanta
fome que o primeiro pedaço de pizza gera um grau de satisfação
enorme. Porém, conforme vamos comendo, nossa fome vai acabando
e a satisfação gerada vai reduzindo, até chegar ao ponto que não
querermos mais pizza e pedimos ao garçom para não nos oferecê-la
mais (utilidade marginal negativa).

É importante observar que representei a utilidade, tanto total como marginal, por
meio do dinheiro que o João está disposto a pagar pelos copos de água, mas apenas
para facilitar o entendimento. Como a utilidade é a satisfação gerada pelo consumo
de bem ou serviço, não é fácil quanti cá-la, pois o grau de satisfação é diferente para
cada pessoa. Então, utilidade não é medida por meio de números, e sim pelo grau de
satisfação.

Curva de indiferença
Outra curva muito importante que precisamos conhecer é chamada curva de
indiferença, que mostra as cestas que o consumidor considera indiferente, ou seja,
as possíveis cestas que o consumidor desejaria adquirir. Vamos supor que a
consumidora Joana consuma batatas e carnes e que, dados sua renda e o preço
desses bens, existem quatro cestas disponíveis. 

045
Cesta Quantidade de batata (kg) Quantidade de carne (kg)

C1 (1,4) 8 2

C2 (2,3) 5 3

C3 (3,2) 3 5

Tabela 5.2 – Cestas de Joana compostas por batata e carne. FONTE: Elaboração da
autora (2019 com base em Vasconcellos (2015).

A tabela 5.2 mostra quatro cestas compostas por batata e carne que estão disponíveis
para Joana dados sua renda e o preço dos bens. Essa situação pode ser representada
gra camente no grá co 5.2.

Batatas
(Kg)

8 A

5 B

C
3

Uo
Carne (Kg)
2 3 5

Grá co 5.2 – Curva de indiferença de Maria para refrigerantes e pipocas. FONTE:


Vasconcellos (2015, p. 34).

Conforme visto no grá co 5.2, qualquer cesta sobre a curva de indiferença é, como o
nome já diz, indiferente para Joana adquirir. Segundo Vasconcellos (2015), a curva de
indiferença possui duas características:

046
Inclinação negativa – para aumentar o consumo de um bem X é necessário
reduzir o consumo de outro bem Y, ou seja, substituir parte de X por Y, para
manter-se na mesma curva.
Convexidade em relação à origem – a taxa marginal de substituição vai
diminuindo na medida em que aumenta a quantidade de um bem e reduzimos a
quantidade do outro. No grá co anterior, isso é consequência da menor
capacidade de substituir batatas por carne, quando diminuímos as primeiras e
aumentamos a segunda.

047
06

Teoria da
Demanda

048
Olá, aluno(a), tudo bem? Os fundamentos da teoria do consumidor que discutimos na
aula passada são a base para a compreensão da teoria da demanda, que
estudaremos agora. Você certamente já ouviu e muito falar sobre demanda, certo?
Então, a teoria da demanda tem como objetivo tratar das necessidades dos
consumidores, ou seja, essa teoria procura explicar o comportamento do consumidor
ao escolher bens e serviços.

Mas o que é demanda? Demanda e procura são duas palavras que se referem ao
mesmo conceito, e pode ser de nida como a quantidade de um determinado bem ou
serviço que um consumidor deseja e está capacitado a comprar por unidade de
tempo. Pela minha de nição você pode perceber que destaquei três termos que
foram “deseja”, “está capacitado” e “tempo”. Você sabe me dizer o motivo dessas
palavras estarem em destaque? São termos de suma importância para a
compreensão da demanda. Vou lhe explicar melhor!

Demanda é um conceito muito importante do estudo da economia,


pois trata da procura do consumidor por um determinado bem ou
serviço dados a renda e o preço do tempo. Além disso, para existir
demanda, é preciso que o bem gere utilidade.

A palavra “deseja” está em destaque porque a demanda é uma intenção de compra e


não a compra efetiva. Portanto, o consumidor procura (demanda) um certo bem e
depois decidirá se efetuará a compra ou não. Além disso, só existe demanda se a
pessoa puder pagar pelo bem ou serviço. Se não puder pagar, ou seja, se não tiver
renda su ciente, não haverá demanda. Então, o sonho de consumo que muitas vezes
temos não é considerado demanda, pois não podemos pagar por ele.

Outra observação é que demanda sempre vem acompanhada da unidade tempo, pois
a demanda altera com o tempo. Se a demanda é uma intenção de compra dados a
renda e o preço do bem, com o tempo o preço altera e a renda também, então, a
demanda é alterada. Podemos concluir então que a demanda é dinâmica!

049
E, por último, o conceito de demanda está relacionado à ideia de utilidade. Isso
mesmo, aquela mesma utilidade discutida na aula anterior. Então, só existirá
demanda se aquele bem ou serviço gerar algum tipo de satisfação para o consumidor.
Se não gera satisfação, não há demanda, pois quem deseja um bem ou serviço sem
utilidade, não é mesmo?

Agora que você já sabe o conceito de demanda, vamos representá-la gra camente? A
curva de demanda é representada conforme grá co 6.1.

Grá co 6.1 – Representação da curva de demanda. FONTE: Elaboração da autora


(2019).

Conforme podemos ver no grá co 6.1, a curva de demanda, que está representada
pela letra “D” é a relação entre o preço (P) bem e quantidade (Q). Como você
percebeu, ela é negativamente inclinada, ou seja, tem o formato para baixo. Você
sabe responder por que a curva de demanda é negativamente inclinada?

A curva de demanda é negativamente inclinada porque conforme o preço aumenta, a


quantidade que os consumidores estão dispostos a adquirir reduz, pois se o preço
aumentar, os consumidores vão substituir o consumo do bem por um outro bem, que
chamamos de bem substituto. Esse efeito de substituir um bem pelo outro é
chamado de efeito substituição.

050
Preço da cesta básica apresenta in ação de 4,04% no mês de maio
em Petrolina

"Como os preços acumulados estão crescendo, os consumidores


precisam continuar buscando alternativas comprando em menores
quantidades, produtos em oferta, substituindo mercadorias mais caras
por outras mais baratas e até mesmo, não comprando o produto para
forçar a redução do preço. Em períodos de alta, como a do início deste
ano, o importante é o consumidor procurar economizar, pois enfrenta
uma perda de poder aquisitivo da sua renda", explicou o economista.

Fonte: Disponível aqui

Além do efeito substituição, existe um outro efeito que faz com que a curva de
demanda seja negativamente inclinada, que é o efeito renda. Esse efeito nos diz que
ao aumentar a renda, o consumidor demanda quantidades maiores de um
determinado bem.

Resumindo: a curva de demanda é negativamente inclinada porque conforme o preço


muda, a quantidade demandada altera também (efeito substituição), e alterações na
renda, alteram a quantidade demanda (efeito renda). Para facilitar a explicação acima,
vou mostrar um exemplo. Você deseja comprar barras de chocolate ao leite, mas não
sabe exatamente quantas barras comprar, pois vai depender do preço que você
encontre. Você levou um valor qualquer, digamos R$ 20,00, para comprar a
guloseima. Assim, quanto menor estiver o preço, mais chocolates você levará para
casa, certo? Essa situação simulada pode ser vista na tabela 6.1.

051
Preço do chocolate Quantidades do chocolate

6 3

5 4

4 5

3 6

Tabela 6.1 – Demanda por barras de chocolate. FONTE: Elaboração da autora (2019).

Analisando a tabela 6.1, podemos perceber que você vai demandar mais barras de
chocolate quando o preço está mais baixo. A R$ 6,00 somente três chocolates, a R$
3,00 você demanda o dobro. Podemos representar essa situação gra camente no
grá co 6.2.

3
D

Q
3 4 5 6

Grá co 6.2 – Representação da curva de demanda. FONTE: Elaboração da autora


(2019).

052
Claro que a curva de demanda representa apenas um consumidor, mas também
temos a curva de demanda de mercado, que é a soma das curvas de demanda
individuais de um determinado bem que está sendo vendido a um determinado
preço. Independentemente de ser curva de demanda individual ou de mercado, ela
será sempre negativamente inclinada, pelos motivos que já explicamos.

Fatores que afetam a


curva de demanda
A curva de demanda não é estática, e varia de acordo com alguns fatores. Ou seja,
existem certas variáveis que afetam a curva de demanda tanto positiva quanto
negativamente, deslocando para cima ou para baixo a curva.

O principal fator que determina a demanda é o preço do produto, certo? Portanto, o


aumento no preço faz com que a quantidade que os consumidores estão dispostos a
consumir reduza, assim como reduções no preço aumenta a procura pelo bem. Nesse
caso, não há um deslocamento da curva de demanda, mas apenas os pontos sobre a
curva que deslocam. Chamamos isso de alteração na quantidade demandada e não
alteração na demanda.

Qualquer outro fator que faça com que a demanda altere ou reduza desloca a curva
de demanda para cima ou para baixo. Vamos conhecer esses fatores?

Renda

É um dos principais fatores que afetam a curva de demanda. Então, de acordo com a
renda, os consumidores irão escolher qual das cestas de produtos disponíveis vai
demandar. A partir da variação da renda e do impacto que essa variação causa na
quantidade demandada, os bens podem ser classi cados em:

Normal – quando há um aumento de renda, a quantidade demanda do bem ou


serviço aumenta. A maioria dos bens é normal, pois quando a pessoa tem um
aumento de renda, ela passa a demandar mais daquele bem. Nesse caso, a
curva de demanda se desloca para a direita, ou seja, para cima.

053
Inferior – quando há aumento da renda, a pessoa passa a consumir menos
daquele bem. Por exemplo, se você tiver um aumento de salário, você passará a
consumir mais determinados bens, como lazer, certo? Nesse caso, a curva de
demanda para carne de segunda se desloca para a esquerda, ou seja, para
baixo.
Consumo saciado – independentemente da renda, a quantidade de demanda
será a mesma, ou seja, mesmo que você passe a receber um salário maior ou o
preço do bem reduzir, você não vai demandar mais ou menos quantidades. Qual
exemplo podemos citar? O sal, cuja demanda não depende do preço. Existe
outro bem que você pode citar que tenha consumo saciado?
Preço dos bens complementares – bens complementares são os bens
consumidos juntos como, por exemplo, café e açúcar, arroz e feijão, pão e
manteiga etc. Então, se o preço de um bem aumentar (café) a quantidade
demanda de café e do seu complementar, que é o açúcar, reduzirá, deslocando
a curva de demanda para a esquerda.
Preço dos bens substitutos – bens substitutos são aqueles que têm
praticamente as mesmas características e, por esse motivo, podem ser
substituídos um pelo outro. Por exemplo, bolo de chocolate e bolo de coco,
manteiga e margarina, pão francês e pão de forma, entre outros.

Como são bens que podem ser substituídos, quando o preço de um aumentar, por
exemplo, da manteiga, a quantidade demandada de manteiga cairá e a quantidade
demandada do seu substituto, no caso, a margarina, aumentará. Nesse caso, a curva
de demanda de manteiga se desloca da direita para a esquerda, ou seja, para baixo, e
a curva de demanda de margarina se desloca para a direita.

Propaganda/Marketing

Cria uma necessidade de consumo. Então, é um instrumento muito utilizado para


aumentar a quantidade demandada de determinados bens e serviços, deslocando a
curva de demanda para a direita.

Expectativa sobre o futuro – se Maria acredita que receberá um aumento daqui a


noventa dias, a demanda dela hoje aumentará. Caso contrário, se ela está em aviso
prévio, a demanda dela hoje reduzirá.

Hábitos/costumes – a demanda de alguns bens varia conforme o hábito e costume


da região. Por exemplo, na Índia a vaca é sagrada, então a demanda por carne bovina
é quase nula, enquanto no Brasil é alta. 

054
Citei alguns fatores que afetam a curva de demanda, mas temos diversos outros, tais
como clima, políticas governamentais, entre outros. É importante lembrar que
qualquer fator que aumente a demanda deslocará a curva de demanda para a direita,
conforme grá co 6.3. Em compensação, qualquer fator que reduz a demanda desloca
a curva de demanda para a esquerda, conforme grá co 6.4.

D’

Grá co 6.3 – Deslocamento da curva de demanda para a direita. FONTE: Elaboração


da autora (2019).

O grá co 6.3 mostra o deslocamento da curva de demanda para a direita, ou seja,


quando algum dos fatores estudados acima aumenta a demanda como, por exemplo,
aumento da renda, aumento do preço do bem substituto etc.

055
P

D’

Grá co 6.4 – Deslocamento da curva de demanda para a esquerda. FONTE:


Elaboração da autora (2019).

O grá co 6.4 mostra o deslocamento da curva de demanda para esquerda, ou seja,


quando algum dos fatores que estudamos acima reduz a demanda como, por
exemplo, redução da renda, redução do preço do bem complementar etc.

Quando falamos em uma alteração na quantidade demandada em


função de uma variação no preço do próprio bem, a curva de demanda
não se desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva.

056
07

Teoria da Oferta e o
Equilíbrio de
Mercado
057
Olá, aluno(a), tudo bem? Após o estudo da teoria da demanda, agora vamos
compreender o outro lado da famosa lei oferta e demanda, que é a visão do produtor,
ou seja, das empresas. Portanto, a teoria da oferta estuda a resposta do produtor aos
incentivos de mercado, incentivos esses relacionados à quantidade demandada,
custos, incentivos governamentais, disponibilidade de fatores de produção, entre
outros.

Mas o que é oferta? Podemos de nir oferta como sendo a quantidade de um bem ou
serviço que uma determina empresa deseja vender por unidade de tempo e dado o
preço de mercado. Assim como na demanda, três palavras foram destacadas na
minha de nição, que são “deseja”, “tempo” e “preço”. Acredito que após nossas
discussões na aula anterior, você já sabe o motivo desses destaques, certo? Então
vamos discutir?

A palavra “deseja” está em negrito, pois a oferta depende do preço do bem, uma vez
que as empresas têm incentivo para aumentar a produção. Dependendo do preço do
bem, não signi ca que, de fato, aumentem, já que o aumento da produção depende
de outros fatores e não somente do preço pelo qual a empresa deseja vender, pois
nem sempre o preço vendido é o desejado.

Outra observação é em relação à “unidade de tempo”! A oferta varia com o passar do


tempo, uma vez que o preço do produto muda, a procura por ele também muda, e os
custos são alterados. Portanto, a oferta também é dinâmica! E como a curva de oferta
é representada? A curva de oferta é representada conforme grá co 7.1.

Grá co 7.1 – Representação da curva de oferta. FONTE: Elaboração da autora (2019).

058
Conforme podemos visualizar no grá co 7.1, a curva de oferta é positivamente
inclinada, ou seja, é para cima. Mas qual o motivo dessa diferença para a curva de
demanda? Para entender, vamos voltar ao exemplo da barra de chocolate, mas agora
pelo lado do fabricante. O preço do mercado de chocolate e a respectiva quantidade
oferta pode ser vista na tabela 7.1.

Preço do chocolate Quantidade (milhões)

6 6

5 5

4 4

3 3

Tabela 7.1 – Oferta de uma empresa hipotética de títulos de capitalização. FONTE:


Elaboração da autora (2019).

Ao analisar a tabela 7.1 podemos perceber que conforme o preço da barra de


chocolate reduz, a quantidade que a empresa desejava vender diminuiu também.
Vamos ver essa situação gra camente?

059
P

6
O
5

Q
3 4 5 6

Grá co 7.1 – Representação da curva de oferta para empresa. FONTE: Elaboração da


autora (2019).

Como podemos ver no grá co 7.1, conforme o preço da barra de chocolate reduz, a
quantidade ofertada também reduz. Se continuarmos a baixar o preço, chega a um
ponto em que a empresa prefere sair do mercado do que vender o chocolate a um
determinado preço. Certamente você deve estar me perguntando qual é esse preço.
Não existe uma resposta padronizada, tudo dependerá do tipo de produto, dos
custos da empresa e do mercado em que ela atua.

Diferente da curva de demanda, a curva de oferta é negativamente


inclinada, pois as empresas desejam vender mais quando o preço de
mercado dos seus produtos está mais alto.

060
Fatores que afetam a
curva de oferta
Assim como a curva de demanda, existem fatores que afetam a curva de oferta,
deslocando-a para a direita ou para a esquerda, com exceção do preço, que não
desloca a curva de oferta, apenas os pontos sobre a curva, esse caso, chamaremos de
quantidade ofertada. Mas quais são os demais fatores que vão aumentar ou reduzir
a oferta? De acordo com Mendes (2008) as variáveis que afetam a curva de oferta são:

Preço dos insumos – aumento no preço dos insumos, aumenta os custos da


empresa e podem reduzir a produção, pois caso não seja repassado ao preço
nal, a empresa terá menos lucro, deslocando a curva de oferta para a
esquerda.
Tecnologia – ótima forma de aumentar a produção, utilizando a mesma
quantidade de fatores de produção, assim, reduzindo os custos e aumentando a
oferta, deslocando a curva de oferta para a direita.
Preço dos produtos competitivos – quando falamos em produtos competitivos
estamos nos referindo a produtos alternativos do processo de produção, ou
seja, são produtos que utilizam mais ou menos o mesmo processo produtivo.
Nesse caso, a empresa escolherá produzir e vender aquele produto que tem um
preço de mercado mais alto.
Políticas do governo – dependendo da política pública do governo, a empresa
tem incentivo para aumentar ou reduzir a produção. Por exemplo, subsídio é um
incentivo para as empresas aumentarem a produção. Os subsídios acontecem
principalmente no setor agropecuário.
In uências especiais – é quando uma condição meteorológica afeta alguns
setores e faz com que as empresas aumentem ou reduzam a produção. Por
exemplo, uma chuva causa uma redução na produção agrícola, reduzindo a
oferta.

Resumindo: qualquer fator que reduza custos é um incentivo para a empresa


aumentar a produção, deslocando a curva de oferta para a direita, conforme grá co
7.2.

061
P

O’

Grá co 7.2 – Deslocamento da curva de oferta para a direita. FONTE: Elaboração da


autora (2019).

Podemos ter uma situação oposta, quando qualquer fator que aumente o custo, ou
que reduza o lucro, é um incentivo para a empresa reduzir a produção, deslocando a
curva de oferta para a esquerda, conforme grá co 7.3.

062
P

O’

Grá co 7.3 – Deslocamento da curva de oferta para a esquerda. FONTE: Elaboração da


autora (2019).

Quando falamos em uma alteração na quantidade ofertada, em função


de uma variação no preço do próprio bem, a curva de oferta não se
desloca, alterando apenas os pontos sobre a curva.

Equilíbrio de Mercado
Até agora estudamos o comportamento dos consumidores e das empresas,
separadamente, mas sabemos que no mundo real a oferta e a demanda atuam
juntas. E é exatamente isso que faz com que o preço seja formado em mercados

063
competitivos: quando as curvas de oferta e de demanda se interceptam.

Você deve estar se perguntando o que é mercado competitivo, certo? Fiz a observação
de que o equilíbrio discutido aqui é em mercados competitivos, pois temos outros
mercados, como os poucos competitivos e os sem competição, no qual o equilíbrio se
dá em outro ponto. Ou seja, funciona de outra forma a relação entre demanda e
oferta, e o preço é formado em um ponto mais alto, mas isso discutiremos em uma
outra aula. Por enquanto, pensamos em mercado com um grande número de
compradores e vendedores e um produto idêntico negociado, ok?

Voltando ao nosso equilíbrio! Chamamos esse ponto de equilíbrio de mercado e pode


ser representado pela letra “E”, conforme grá co 7.4.

P’

Q’ Q

Grá co 7.4 - Equilíbrio em um mercado competitivo. FONTE: Elaboração da autora


(2019).

Analisando o grá co 7.4, podemos perceber que o ponto onde as curvas de oferta (O)
e demanda (D) se encontram é o ponto de equilíbrio (E), e esse ponto mostra o preço
e a quantidade negociados no mercado, P’ e Q’, respectivamente. Assim, preço acima
de P’ signi ca que haverá mais oferta do que demanda, ou seja, teremos um excesso
de oferta, e pela lei da oferta e da demanda, oferta maior que demanda, o preço
tende a baixar. Então, pontos acima de P’ fazem com que sobrem produtos no
mercado, e o preço automaticamente reduzirá.

064
Existe o caso contrário também: qualquer ponto abaixo de P’ signi ca que teremos
um excesso de demanda, ou seja, mais pessoas desejando adquirir o bem ou serviço
do que empresas dispostas a vender. Nesse caso, o preço aumentará, de modo a
chegar ao ponto (E), que é o ponto de equilíbrio. 

O equilíbrio de mercado acontece quando as curvas de oferta e


demanda se encontram. Mesmo quando há aumento ou redução de
preços e, consequentemente, as curvas de oferta e demanda se
deslocam, com o passar o tempo, elas tendem a encontrar um novo
ponto de equilíbrio.

É importante observar que todos os fatores estudados na curva de demanda afetam o


ponto de equilíbrio, tais como renda, preço dos produtos complementares e
substitutos, expectativa sobre o futuro, entre outros; e todos os fatores que vimos
que afetam a curva de oferta, tais como, tecnologia, preço dos produtos relacionados,
interferência governamental etc.

O governo também pode afetar o ponto de equilíbrio por meio de:

Fixação de preços mínimos – acontece quando o governo xa o preço mínimo que


seria vendido no mercado. Esse instrumento tem como objetivo bene ciar o produtor
de forma a garantir um nível de preço superior ao preço de equilíbrio. Um exemplo
seria o mercado de trabalho, por meio de xação do salário mínimo. Outro mercado
que participa dessa política é o mercado agrícola, no qual o governo se compromete a
adquirir a produção caso o preço de mercado esteja abaixo do preço xado.

065
Um preço mínimo é o menor preço legal que pode ser pago em um
mercado por bens e serviços, trabalho ou capital nanceiro. Talvez o
exemplo mais conhecido de preço mínimo seja o do salário mínimo,
que é baseado na visão normativa de que alguém que trabalhe em
tempo integral deve ser capaz de manter um padrão básico de vida. O
salário mínimo federal no nal de 2014 era de R$7,25 por hora, o que
gera uma renda para uma única pessoa ligeiramente acima da linha da
pobreza. Na medida em que o custo de vida sobe ao longo do tempo, o
Congresso eleva periodicamente o salário mínimo federal.

Preços mínimos às vezes são chamados de subsídios de preços, pois


eles mantêm um preço, evitando que ele caia abaixo de um certo valor.
Ao redor do mundo, muitos países aprovaram leis para criar suportes
de preços agrícolas. Os preços agrícolas, são, portanto, as receitas
agrícolas, utuam – às vezes largamente. Então, mesmo se, na média,
as receitas agrícolas estiverem adequadas, em alguns anos elas podem
car bem baixas. Logo, o objetivo do suporte de preços é prevenir
esses tipos de oscilações.

Fonte: Disponível aqui

Fixação de preços máximos – acontece quando o preço vendido no mercado está


muito alto e o governo, com o objetivo de defender o consumidor, estabelece um
preço máximo que as empresas podem vender seus produtos. O preço máximo será
sempre menor do que o preço de equilíbrio, ou seja, abaixo de P’.

Subsídios – nesse caso, o governo, com o objetivo muitas vezes de desenvolver


determinados setores, paga uma parte dos custos produtivos da empresa, que terá
incentivo para aumentar a quantidade ofertada e/ou reduzir preço.

066
Congelamento e tabelamento de preços – muito utilizado na década de 1980 e
início da década de 1990, para combater a in ação. O governo congela preços e/ou
salários, de forma a de nir o P’.

Subsídio e incentivo agroquímico passa R$ 14 bi no Brasil

Estimativas apontam que o país concedeu ao menos R$2,07 bilhões


com a isenção scal aos pesticidas. De acordo com o defensor público
Marcelo Carneiro Novaes, apenas no ano de 2016 mais de R$14 bilhões
foram transferidos em subsídios tributários para a indústria de
defensivos no Brasil, o que dá R$ 70 por habitante do país.

067
08

Elasticidades

068
Olá, aluno(a), tudo bem? Sabemos que quando o preço de um determinado bem
aumenta, a quantidade demandada desse bem reduz, assim como se a renda de uma
pessoa reduz, a demanda por certos bens e serviços também reduz. Mas em quantos
porcentos? Temos uma forma de saber isso, que é por meio da elasticidade.

Elasticidade, que é sinônimo de sensibilidade, é de nida por Mendes (2009) como


sendo uma medida de resposta que compara a mudança percentual de uma variável
devido a uma mudança percentual em outra variável. Em outras palavras, a
elasticidade é a reação de uma variável face a mudança em outra variável.

Elasticidade é a alteração percentual em uma variável, dada uma


variação percentual em outra.

As elasticidades podem ser da demanda e da oferta. Nosso foco serão as


elasticidades da demanda, pois são as mais utilizadas no mundo real. Vamos conhecê-
las?

Elasticidade da demanda
A elasticidade da demanda mostra a variação da quantidade demandada em função
do aumento ou redução do preço, ou seja, é uma medida da variação na demanda de
uma mercadoria. Conforme já discutimos, a demanda depende de alguns fatores, tais
como, o preço da mercadoria, a renda do consumidor, o preço de outras mercadorias
e o gosto do consumidor. Assim, quando há qualquer mudança em uma dessas
variáveis, ocorre variação na quantidade demandada da mercadoria na unidade de
tempo em questão (SANDRONI, 1999).

069
Portanto, segundo Sandroni (1999), a elasticidade da procura mede a variação relativa
da quantidade comprada na unidade de tempo, quando ocorre uma variação em um
dos fatores citados anteriormente, mantendo-se constantes os demais. A partir disso,
têm-se a elasticidade-preço da demanda, a elasticidade-renda da demanda e outras
variáveis. Vamos conhecê-las?

Elasticidade preço

A elasticidade preço da demanda mostra o impacto da variação do preço na


quantidade demanda de um determinado bem ou serviço, em outras palavras, mede
a resposta dos consumidores quando ocorre uma variação no preço de um bem ou
serviço (VASCONCELLOS, 2015).

O coe ciente de elasticidade-preço da demanda pode ser obtido dividindo-se a


variação percentual dos seus preços, conforme expressão a seguir:

P ∆Q
Ep =
Q ∆P
No qual:

Ep – elasticidade preço
P – preço
Q – quantidade
∆Q – variação da quantidade
∆P – variação do preço

É importante observar que a análise da elasticidade preço é feita por módulo, ou seja,
sempre será negativo, mas a análise sempre levará em consideração o valor ser
positivo. Por exemplo, Ep= 1,2 = -1,2.

070
Apesar de os indicativos apontarem a hipótese de redução da
demanda, o estudo da KPMG para a concessão concluiu que haverá
elevação. Em 2043, a venda de bilhetes deverá ser quase 1 milhão
maior do que a taxa atual, segundo a consultoria. Para chegar no
indicativo, a KPMG adotou uma fórmula que considera o crescimento
populacional e da renda do cidadão, além de um item de nido como
“elasticidade”, o qual leva em conta a variação de elementos como o
Produto Interno Bruto (PIB) e o preço dos combustíveis.

Fonte: Disponível aqui

De acordo com a elasticidade preço da demanda, os bens e serviços podem ser


classi cados em:

Elásticos, quando a elasticidade preço for maior do que 1


Os bens de demanda elástica são aqueles que não são indispensáveis à subsistência
da população, sendo geralmente utilizados pelos setores médios da sociedade.
Selecionados cuidadosamente pelos consumidores, uma elevação do preço desses
artigos acarreta imediata diminuição da demanda.

A demanda elástica caracteriza também os artigos que podem ser, sem problemas,
substituídos por outros produtos similares (SANDRONI, 1999). Por exemplo, bens de
luxo ou o lazer são bens elásticos.

Mas, e numericamente? Demanda elástica é aquela que Ep > 1, o que signi ca que
conforme o preço aumenta, a quantidade demanda reduz. Por exemplo, se o preço
aumentou em 10%, a quantidade demandada reduzirá em mais do que 10%.

Inelásticos, quando a elasticidade preço for menor do que 1 

071
Os bens de demanda inelástica englobam os bens de primeira necessidade,
indispensáveis à subsistência diária da população como, por exemplo, alimentos
básicos, como arroz e feijão, e combustível. Além desses bens, entre os bens de
demanda inelástica, encontram-se também alguns produtos de luxo utilizados pela
camada mais rica da população, que continuará comprando esses artigos mesmo que
os preços se elevem bastante (SANDRONI, 1999). 

Mas, e numericamente? Demanda inelástica é aquela que Ep= < 1, ou seja, um bem
inelástico signi ca que conforme o preço aumenta, a quantidade demandada não
reduz de forma signi cativa, permanecendo mais ou menos constante. Por exemplo,
se o preço aumentar em 10%, a quantidade demandada reduz em menos do que
10%.

Elasticidade unitária, quando a elasticidade preço for igual a 1


A demanda unitária é aquela que Ep = 1, ou seja, o aumento no preço reduz a
quantidade demandada na mesma proporção como, por exemplo, um aumento de
10% no preço acarreta uma redução de 10% na quantidade demandada.

072
Estudos recentes indicam que a elasticidade-preço das importações
brasileiras é baixa. Esse trabalho procura racionalizar o referido
resultado revisitando as estimativas das importações do país
desagregadas por “categoria de uso”. Os resultados reportados
sugerem que a baixa elasticidade-preço das importações agregadas
re ete fundamentalmente a baixa elasticidade-preço das importações
de combustíveis, bens intermediários e de alguns tipos de serviços –
principalmente transporte, aluguel de equipamentos e pagamentos de
royalties – produtos que, somados, respondem por pouco menos de
dois terços do total importado. Isso ocorre porque vários desses
produtos têm pouca ou nenhuma possibilidade de substituição por
similares nacionais, devido principalmente a de ciências estruturais na
oferta nacional.

Fonte: Disponível aqui

Você deve estar curioso para saber quais fatores fazem com que um bem ou serviço
seja mais elástico do que outros, certo? Você consegue citar um fator?  Vasconcellos
(2015) cita os seguintes fatores:

Disponibilidade de produtos substitutos para o bem considerado

Quanto maior for o número de bens substitutos para o produto em questão, mais
elástico ele será. Por exemplo, refrigerantes, caso o preço aumente, podemos
substituí-lo por suco, água ou outra marca de refrigerante.

Grau de essencialidade do produto

Quanto mais essencial ou necessário for o bem, mais inelástico ele será, como por
exemplo, a água. Mesmo que o preço aumente, não tem como substituir a água tão
facilmente, então, a quantidade demandada não alterará.

073
Horizonte de tempo

Um intervalo de tempo maior para ser feita a análise da elasticidade preço permitirá
que os consumidores consigam substituí-la, ou seja, a elasticidade preço da demanda
aumenta com o passar do tempo.

Proporção da renda gasta com produtos

Quanto maior for a renda proporcional gasta com um produto, mais elástico ele será.
Por exemplo, se o preço de uma televisão aumenta, a demanda reduzirá mais do que
se o preço do açúcar aumentar, mantendo a renda constante.

Elasticidade preço cruzada

Outro tipo de elasticidade é a elasticidade preço cruzada, que mede o impacto da


variação do preço de um bem na quantidade demanda do outro bem. Para
calcularmos, podemos utilizar a seguinte fórmula:

∆Qx
Qx
Exy = ∆Py
Py
No qual:

Exy – elasticidade preço cruzada


∆Qx – variação da quantidade do bem X
Qx – quantidade do bem X
∆Py – variação do preço do bem Y
Py – preço do bem Y

Nesse tipo de elasticidade, o sinal precisa ser analisado. Se o resultado for positivo, os
bens são substitutos. Se for negativo, os bens são complementares, e se o resultado
for zero, os bens são independentes, ou seja, não tem nenhum tipo de relação, como
gasolina e pão.

074
Elasticidade renda

O terceiro e último tipo de elasticidade da demanda é a elasticidade renda que mede


o impacto da variação da renda na quantidade demandada de um determinado bem.
Para calcularmos, podemos utilizar a seguinte fórmula:

∆Q
Q
Ey = ∆y
y
No qual:

Ey – elasticidade renda
∆Q – variação da quantidade
Qx – quantidade]
∆y – variação da renda
y – renda

Por meio da elasticidade renda da demanda sabemos o tipo do bem, ou seja, se é um


bem superior, normal, inferior ou de consumo saciado. Você já imagina como? Se
pensou que conseguimos essa informação por meio do sinal está correto! Vamos ver: 

Elasticidade renda for igual a um, o bem é superior.


Elasticidade renda for maior do que zero, o bem é normal.
Elasticidade renda for menor do que zero, o bem é inferior.
Elasticidade renda for igual a zero, o bem é de consumo saciado.

075
09

Teoria da Produção e
Custos de Produção

076
Olá, aluno(a), tudo bem? Para produzir bens é preciso de fatores de produção, e essa
produção tem um custo. E é exatamente isso que discutiremos nesta aula: teoria da
produção e os custos de produção. Para conhecermos dois temas tão importantes
para a economia, nossa aula foi dividida em duas partes: na primeira falaremos sobre
a produção, e na segunda etapa sobre alguns custos que estão inseridos na
produção. Vamos lá?

Teoria da Produção
As empresas têm como objetivo principal a obtenção, ou melhor, a maximização do
lucro, que é obtido quando a receita da empresa supera os custos. E para que a
receita seja gerada, é preciso que a rma produza. Essa produção nós estudaremos,
de forma sucinta, por meio da Teoria da Produção.

Para iniciarmos, o que é produção? Produção é de nida por Vasconcellos (2015) como
o processo pelo qual a rma transforma os fatores de produção em produtos e
serviços. Portanto, a rma é uma intermediária: ela compra os insumos, faz uma
combinação desses insumos para transformá-los em produtos que serão vendidos no
mercado. Esse processo de produção pode ser visto na gura 9.1.

077
Mão de obra (N)

Capital físico (K)


INSUMOS PROCESSO DE PRODUTO (q)
PRODUÇÃO
Área, terra (T)

Matéria-prima (Mp)

Figura 9.1 – O processo de produção. FONTE: Vasconcellos (2015, p. 113).

Conforme podemos ver na gura 9.1, o processo de produção pode ser intensivo de
mão de obra, de capital ou de recursos naturais, dependendo do valor de produção
utilizado em relação aos demais. E claro, dependerá do tipo de produto que está
sendo produzido.

Mas, de que forma as empresas transformam os diversos fatores de produção em


produtos e serviços que são utilizados para a satisfação das necessidades das
pessoas? Por meio da chamada função de produção! A Função de Produção pode ser
de nida como a quantidade máxima de produto que se pode obter a partir da
utilização combinada de determinadas quantidades de insumos e fatores produtivos
por determinado período de tempo.

Em outras palavras, a função de produção é a relação técnica entre a quantidade


física de fatores de produção e a quantidade física do produto em determinado
período de tempo (VASCONCELLOS, 2015). A função de produção é representada
como:

Q = F ( K, L )

No qual:

078
Q = quantidade
F = em função de
K= capital
L = mão de obra

A quantidade é o Produto Total, que pode ser de nido como sendo o volume de
produção gerado em determinado período de tempo. É uma função da quantidade
dos fatores de produção utilizada. No caso de uma economia que utiliza trabalho (L) e
capital (K) como fatores de produção.

O Produto Marginal, também chamado Produtividade Marginal, é medido pelo


aumento da produção quando a utilização de um determinado fator de produção
aumenta. Por exemplo, se a produção aumenta em 10 unidades quando a quantidade
de um determinado fator de produção aumenta em 1 unidade, podemos dizer que o
Produto Marginal é igual a 10.

É importante lembrar que o Produto Marginal é sempre medido com relação a um


determinado fator de produção utilizado, por isso pode ser chamado de Produto
Marginal do Trabalho (PMgL) ou, dependendo do caso, Produto Marginal do Capital
(PMgK). Tomando como exemplo o PMgL, seu valor é facilmente obtido por meio da
seguinte equação:

Variação da produção
PMgL =
Variação do fator trabalho

O Produto Médio mostra qual quantidade de produção pode ser obtida para cada
unidade do fator de produção empregada no processo produtivo. Por exemplo, se a
partir do emprego de 10 unidades do fator trabalho é possível produzir 200 unidades
de um certo produto, pode-se dizer que o produto médio do trabalho é de 20
unidades. O processo de cálculo é simples, basta dividir a produção total pela
quantidade do fator de produção empregado para a obtenção dessa quantidade de
produto. A equação utilizada para encontrar o Produto Médio do fator trabalho é a
seguinte:

Produção total
PMeL =
Quantidade empregadado fator trabalho

079
Dados os conceitos de Produto Total, Produto Marginal e Produto Médio, é possível
estabelecer algumas relações importantes. Ao observar a parte inferior da Figura 2, é
possível perceber que quando a curva de Produto Marginal for maior que a curva de
Produto Médio, esse último está crescendo, mostrando-se vantajoso o emprego desse
fator de produção.

A partir do momento em que o Produto Marginal passa a ser menor que o Produto
Médio, esse passa a decrescer, e o emprego adicional do fator trabalho passa a
acrescentar cada vez menos ao Produto Total, ou seja, passa a crescer as taxas
decrescentes.

A função de produção descrita até agora re ete a transformação de apenas um fator


de produção, ela é útil para descrever relações importantes entre o Produto Total,
Médio e Marginal.

No mundo real, as decisões tomadas são embasadas em uma estrutura de produção


que prevê a utilização de mais um fator de produção variável. Então, como poderia
ser representada a função de produção nesse contexto? Para simpli car a análise e
facilitar o entendimento, vamos supor a utilização de apenas dois fatores de
produção, capital e trabalho.

080
Ao estudar a Teoria da Produção, não podemos confundir os conceitos
de Lei dos Retornos Decrescentes e Rendimento Decrescente de Escala.

A primeira se refere à descrição da relação entre aumento da produção


e a utilização adicional de um fator de produção, mais especi camente
ela prevê que, conforme aumenta a utilização de um recurso, a
produção cresce inicialmente a taxas crescentes, depois a taxas
decrescentes e, nalmente, a produção começa a reduzir.

Por outro lado, o Rendimento Decrescente de Escala ocorre quando o


aumento de um fator de produção provoca um aumento menos que
proporcional na quantidade produzida.

Teoria dos custos


Sabemos que o principal objetivo das empresas é o lucro. O lucro é a diferença entre
receita total e custo total. Então, para uma empresa ter lucro, é importante gerenciar
os custos de produção de forma a tentar reduzi-los o máximo possível. A partir do
exposto, é importante que você, futuro gestor e tomador de decisões, entenda os
custos básicos da produção.

Para iniciarmos, é importante que você saiba que temos os custos explícitos, que são
os gastos monetários, como despesas com salário, aluguel, compra de matéria-prima
etc., e os custos implícitos, que são os custos de oportunidade que estudamos
anteriormente. Além disso, temos custos! Vamos conhecê-los?

081
Custos fixos (CF)

São aqueles custos que não variam com a quantidade produzida, ou seja, são as
despesas que a empresa terá que pagar, independentemente da produção. Os
exemplos mais comuns são os gastos para pagamento de aluguel e os gastos
administrativos.

Os custos xos não dependem da produção, ou seja, mesmo se a


empresa não produzir nada, ela terá custo.

Custos variáveis (CV)

São aqueles que variam diretamente com a quantidade produzida, ou seja, são as
despesas que a empresa tem ao produzir como, por exemplo, os gastos com mão de
obra e matérias-primas são exemplos desse tipo de gasto.

Os custos variáveis dependem da produção, ou seja, quanto mais a


empresa produzir, mais custos ela terá.

082
Custo total (CT)

É a soma dos custos xos com os custos variáveis.

Custo fixo médio (CFme)

É o custo xo dividido pela quantidade produzida(Q). CFme = CF/Q É importante


observar que o custo xo médio reduz quando a produção aumenta.

Custo variável médio (CVme)

É o custo variável dividido pela quantidade produzida. CVme = CV/Q Diferente do


custo xo médio, o custo variável médio aumenta conforme a quantidade produzida
aumenta. 

Custo Marginal (CMg)

É o aumento do custo dado, um aumento da quantidade produzida que mede o


dispêndio em unidades monetárias ocasionado pelo aumento de uma unidade
produzida. A equação abaixo mostra a forma de obtenção dessa medida de custo.

∆CT
CMg =
∆Q

Portanto, para chegar ao valor do Custo Marginal é muito simples: basta dividir a
variação do Custo Total pela variação da quantidade total produzida ocasionado por
esse aumento de custo.

083
10

Estruturas de Mercado:
Concorrência Perfeita
e Monopólio
084
Olá, aluno(a), tudo bem? Nesta aula começaremos a estudar as chamadas estruturas
de mercado, que proporcionará a você a compreensão de como o preço dos produtos
é formado e, principalmente, o motivo que faz com que o preço, por exemplo, de um
pé de alface seja menor do que da energia elétrica ou de uma passagem aérea.

Para começarmos é fundamental entender o que é um mercado, é nele que o preço é


formado. Essa formação de preço é oriunda da interação entre as curvas de oferta e
demanda (isso mesmo, esses dois temas essenciais que estudamos nas aulas
anteriores), que ocorre no mercado.

Nesse sentido, mercado pode ser de nido como sendo um espaço no qual as
decisões dos compradores afetam diretamente as decisões dos vendedores, e vice-
versa, tendo como principais características os processos de troca e de formação de
preços. Os mercados podem ser classi cados em geográ co dando a ideia de lugar,
tais como local, regional, nacional e internacional; produto, como o mercado de
máquinas agrícolas; e temporal como, por exemplo, o mercado de panetones em
dezembro.

O mercado é um espaço no qual vendedores e compradores se


relacionam, sendo que a decisão de um afeta o outro. Nesse sentido, a
internet é um mercado.

Após a compreensão do termo mercado, podemos entender as estruturas de


mercado, ou seja, as características organizacionais de um determinado mercado que
afeta a relação entre compradores e vendedores. Uma das características a que me
re ro é o grau de concentração. Vamos entender cada uma delas?

Grau de concentração → é o tamanho do mercado em si, ou seja, o número de


vendedores e compradores que fazem parte de um determinado mercado.
Dependendo da quantidade de empresas e consumidores, dizemos que o mercado é
concentrado ou competitivo.

085
Aumento da concorrência reduz preço de medicamentos
para pacientes acometidos por doenças raras no Brasil

Uma das empresas que atua no sentido de promover a agilização e a


redução dos preços dos medicamentos destinados ao tratamento de
doenças raras no Brasil é a Oncolabor Medical, sediada em Minas
Gerais. Criada em 2016, a organização já rmou parcerias com
distribuidoras internacionais, localizadas nos Estados Unidos, para
importar produtos médicos de alta complexidade.

A partir de iniciativas como as da Oncolabor, já foi registrada, por


exemplo, uma economia anual aos cofres públicos de mais de R$400
mil por paciente tratado pelo medicamento eculizumabe. Isso porque o
valor do remédio caiu a menos da metade do preço anterior, passando
de US$8 mil para US$3,5 mil depois do início das atividades da
Oncolabor. Segundo os diretores da empresa, "a Oncolabor está
contribuindo para a quebra do monopólio em um setor fundamental
na sociedade, que é o cuidado com a saúde". Eles ressaltam que "a
empresa representa uma concorrência saudável, que tem como
principal nalidade tornar acessíveis medicamentos essenciais para a
qualidade de vida de pacientes que necessitam de cuidados especiais".

Fonte: Disponível aqui

Grau de diferenciação do produto → refere-se a quanto um bem ou serviço que


está sendo negociado no mercado é diferente dos demais. Pela visão da economia,
quanto mais heterogêneo for um bem, ou seja, quanto mais diferente ele for, menos
produtos substitutos teremos para ele e, portanto, mais inelástico ele será. Em outras
palavras: um bem ou serviço heterogêneo, mesmo que o preço aumentar, a
quantidade demanda será a mesma, pois não há substitutos próximos.

086
A diferenciação pode ser obtida de diferentes formas, tais como ingredientes de
qualidade superior, prêmios oferecidos, serviços especiais, como entrega delivery e
embalagens especiais como formas de a empresa diferenciar seu produto, entre
outros.

Você saberia dar um exemplo de um produto homogêneo e de um diferenciado? Em


geral, produtos agropecuários tais como soja e tomate in natura são produtos
homogêneos, pois a soja do produtor A é igual à soja do produtor B. Como produtos
diferenciados, podemos citar os produtos semi-industrializados e os industrializados
tais como comida congelada, roupas, sapatos etc.

Barreiras à entrada → é o grau de di culdade que uma nova empresa tem para
fazer parte do mercado, ou seja, é uma espécie de muro, quanto maior for esse muro,
mais difícil é uma nova empresa entrar nesse mercado. As principais barreiras à
entrada são a economia de escala, que é quando a empresa consegue aumentar a
quantidade produzida e mesmo assim reduzir seu custo médio no longo prazo; e as
desvantagens de custo, quando a empresa que deseja fazer parte do mercado tem
alguma desvantagem em custo, como pouca experiência no setor, pouco domínio
tecnológico ou ainda grande necessidade de propaganda.

Com base no que foi discutido, quanto à competitividade os mercados podem ser
classi cados em competitivos (concorrência perfeita e concorrência monopolística);
pouco competitivos (oligopólio); e sem competição (monopólio).

Agora que você conheceu um pouco mais sobre mercados, vamos conhecer um
pouco sobre as estruturas de mercado. Para isso, nesta aula trabalharemos com a
concorrência perfeita e o monopólio, que são estruturas opostas, e na próxima aula
estudaremos a concorrência monopolística e o oligopólio. Preparados? 

Concorrência perfeita
A concorrência perfeita também é chamada de concorrência pura é a estrutura de
mercado mais difícil de encontrarmos no mundo real. Certamente após minha
a rmação você deve estar se perguntando por que vou apresentar a você a

087
concorrência perfeita. É importante estudarmos essa estrutura de mercado por ela
ser considerada a estrutura ideal, em termos de concorrência. Além disso, ela dá a
base para a compreensão de todas as outras estruturas de mercado.

Para iniciarmos nossas discussões é preciso conhecer as principais características da


concorrência perfeita. Vamos lá?

Grande número de compradores e vendedores

O número de vendedores e compradores nesse mercado é tão grande que as


decisões individuais não in uenciam o preço, ou seja, o mercado é atomizado. Nesse
caso, dizemos que o preço é determinado no mercado por meio da lei oferta e
demanda, e é praticamente o mesmo para todos os vendedores. Portanto, os
vendedores são tomadores de preços.

Produtos homogêneos

Os produtos são homogêneos ou idênticos, de forma que o bem do vendedor A é


substituto perfeito do bem do vendedor B. Por essa razão, o preço é praticamente
constante, já que, como os produtos são idênticos, se um vendedor aumentar seu
preço, os consumidores vão comprar do outro produtor.

Ausência de barreiras à entrada

Como já discutimos, barreiras à entrada é o grau de di culdade que uma nova


empresa tem em entrar no mercado. Na concorrência perfeita ou pura, não há
barreiras à entrada, ou seja, qualquer empresa pode fazer parte do mercado, sem
maiores custos ou di culdades de entrada e de saída.

Perfeito conhecimento

Uma vez que os produtos são homogêneos, uma empresa conhece todas as
informações dos seus concorrentes tais como preços, processos produtivos etc.

Como já visto aqui, na realidade, a situação de concorrência perfeita ou pura seria


uma situação ideal, mas que de fato é muito difícil de ser veri cado na prática. Com
base nas características que citei, você consegue citar um exemplo de um mercado
que mais se aproxima da concorrência perfeita?  O mercado que mais se aproxima
desse tipo de estrutura de mercado é o agropecuário, que negocia produtos como
hortaliças, frutas, grãos, entre outros.

088
As principais características da concorrência perfeita são: o mercado
atomizado, produto homogêneo, ausências de barreiras à entrada, as
empresas são tomadoras de preços; e há um perfeito conhecimento do
mercado.

Agora que você conheceu o mercado competitivo, você deve estar querendo saber
como são as curvas de oferta e demanda e, portanto, o equilíbrio nesse mercado,
certo? Então, vamos considerar as curvas de demanda e oferta para um produto
qualquer, um pé de alface, por exemplo, que é vendido diariamente em um mercado
do seu município. Vamos analisar o grá co 10.1.

Oferta de Mercado
P P
Si
($) ($)

Demanda
Mercado
Po

Demanda de Mercado
Di

q q
(Mercado Total) (Uma Firma isolada)

Grá co 10.1 – Curvas de demanda de mercado e da rma individual. Fonte:


Vasconcellos (2015, p. 145).

089
Sabendo que a curva “D” representa a demanda, mostra quanto os compradores
estão dispostos a comprar (quantidade) da mercadoria por cada nível de preço e a
curva “S” representa a oferta, ou ainda, a quantidade que os produtores estão
dispostos a vender a cada preço. Lembre-se de que os compradores desejam preços
baixos e quantidades altas, fazendo com que a curva de demanda seja negativamente
inclinada, e que os vendedores desejam vender seus produtos ao preço mais alto
possível, fazendo com que a curva seja positivamente inclinada.

A empresa isolada não consegue alterar o preço de mercado, assim, ela precisará
vender seus produtos por aquele determinado preço, fazendo com que a curva de
demanda individual seja horizontal. Para car mais fácil, vamos ao exemplo de
Mendes (2013) apresentado no grá co 10.2.

P Excesso de oferta S
1,00
)gk/$R( otudorp od oçerP

Po = 0,70 Equilíbrio

0,40
Excesso de demanda D
(escassez)

0 100 200 300 400 500 600 700 Q


Quantidade por dia (unidades)

Grá co 10.2 – Equilíbrio (e desequilíbrio) em um mercado de concorrência perfeita.


Fonte: Mendes (2013, p. 108).

Analisando o grá co 10.2 percebe-se que as curvas de demanda e de oferta se


interceptam quando o preço é de R$ 0,70 e a quantidade 400 unidades. Esse ponto é
chamado equilíbrio de mercado. Porém, quando o preço está abaixo dos R$ 0,70,
temos um excesso de demanda (um número maior de pessoas quer comprar um
quilo de batata). Por outro lado, quando o preço está R$ 1,00, temos um excesso de
oferta. O que ocorre quando há excesso de demanda ou de oferta? O preço altera até

090
chegar ao ponto de equilíbrio. Portanto, em mercados competitivos, existe uma
espécie de acordo informal entre compradores e vendedores para se achar o
equilíbrio desse mercado quando não há excesso ou escassez de demanda ou oferta.

Monopólio
Diferente da concorrência perfeita, o monopólio é muito encontrado no mundo real, e
muitas vezes é indesejável, pois pode prejudicar o consumidor, já que não temos
concorrência. Você sabe dizer como um monopólio é caracterizado? As características
principais do monopólio são:

Uma única empresa → como o próprio nome já diz, no monopólio temos uma única
empresa que atua no mercado e oferece um determinado produto.

Conselho aprova resolução para quebrar monopólio da Petrobras


no gás

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão que assessora


a Presidência da República para a formulação de políticas e diretrizes
de energia, decidiu nesta segunda-feira, 24, aprovar uma resolução
com objetivo de liberar o mercado de gás natural no país. Hoje o setor
é dominado pela Petrobras.

Segundo o comunicado, as medidas buscam criar condições para o


acesso aos gasodutos de transporte e dutos de escoamento, unidades
de processamento e terminais de Gás Natural Liquefeito.

Fonte: Disponível aqui

091
Produtos altamente diferenciados → os produtos são altamente diferenciados, ou
seja, são únicos, não havendo substitutos próximos, nesse caso, o consumidor não
consegue substituí-lo por outro.

Não há concorrência → se há uma única empresa, não existe concorrência no


mercado monopolista, tornando o preço mais alto.

Considerável controle de preço por parte da empresa → a empresa monopolista é


formadora de preços, ou seja, como ela é única, ela consegue controlar e de nir qual
será o preço praticado no mercado. É por essa razão que o governo se preocupa com
as práticas dos monopolistas.

Nesse sentido, Mendes (2009) a rma que o governo pode controlar o monopólio por
meio de duas práticas: controle de preço, no qual o governo pode exigir que o
monopolista produza até que o custo marginal seja igual ao preço. Essa é uma prática
difícil, pois o governo precisaria conhecer toda a estrutura de custo da empresa; e
política de taxação, no qual o governo pode taxar o monopolista de forma a reduzir
seu lucro. A taxação pode ser de três formas: pagamento de uma licença anual;
tributação sobre lucro; imposto sobre vendas.

Altas barreiras à entrada → o grau de di culdade que uma nova empresa tem em
fazer parte do mercado é muito grande e muitas vezes não é economicamente viável
termos uma concorrente.

Como exemplos de setores monopolistas podemos citar as rodovias pedagiadas, o


setor elétrico, saneamento básico, extração de petróleo e, em algumas cidades,
transporte coletivo (ônibus). Agora que você conheceu as principais características do
monopólio e alguns exemplos, quero lhe mostrar as curvas de demanda de mercado
e demanda individual do monopólio. Isso pode ser visto no grá co 10.3.

092
P
($)

Dmercado = D rma

Grá co 10.3 – Curvas de demanda no monopólio. Fonte: Vasconcellos (2015, p. 162).

Como só temos uma única empresa, a curva de demanda do mercado é a curva de


demanda da própria empresa. Assim, se o monopolista quiser aumentar sua venda,
ele deverá reduzir o preço do seu produto. E uma estratégia utilizada pelo
monopolista para vender mais é por meio da política de discriminação de preços.
Essa política trata de uma prática que ocorre quando um monopolista vende o
mesmo produto a consumidores diferentes e com preços diferentes. Para isso, é
necessário:

1. Separar os mercados sicamente, de modo que um consumidor não consiga


comprar no outro mercado;
2. Veri car a elasticidade-preço da demanda de cada mercado. No
mercado/consumidor mais elástico, o monopolista coloca um preço mais baixo,
e para o mercado mais inelástico, o preço é mais alto. Desse modo, a empresa
monopolística consegue aumentar sua receita.

Podemos citar como exemplo de prática de discriminação de preços: Tarifa de energia


elétrica residencial, comercial, industrial e rural; Ligação telefônica de dia e à noite;
Passagens aéreas em baixa e alta temporada e “Meia entrada” em cinemas, teatros,
shows para estudantes e idosos, entre outros.

093
No monopólio como só existe uma única empresa atuando naquele
determinado mercado, a curva de demanda do mercado é a curva de
demanda individual.

Você percebeu pelos exemplos que não é somente uma empresa monopolística que
pratica a discriminação de preços, mas se trata de uma prática comum em outras
estruturas de mercado também.

É importante observar que o maior problema do monopólio é que, como não há


concorrentes, a empresa pode cobrar um preço muito alto ou ofertar uma
quantidade baixa, além de não se preocupar com a qualidade. Por isso o governo
sempre acompanha e regula as empresas pertencentes ao monopólio.

Claro que em alguns setores o monopólio é essencial, pois não é economicamente


viável ter uma concorrente, como nos setores de energia elétrica e saneamento
básico. Nesse caso, chamamos o monopólio de monopólio natural, já que é mais
viável ter apenas uma empresa ofertando aquele produto.

094
11

Estruturas de Mercado:
Oligopólio e Concorrência
Monopolística
095
Olá, aluno(a), tudo bem? Na aula passada nós discutimos duas estruturas de mercado
que tem características muito distintas que são a concorrência perfeita e o
monopólio. Agora, estudaremos as outras duas estruturas de mercado que são
consideradas intermediárias, ou seja, que possuem características tanto do
monopólio quanto da concorrência perfeita. Essas estruturas a que me re ro e que
certamente você já ouviu falar, são a concorrência monopolística e o oligopólio.
Vamos conhecê-las?

Concorrência
monopolística
A concorrência monopolística é uma estrutura de mercado que mistura as
características do monopólio e da concorrência perfeita. Certamente você deve estar
pensando quais são essas propriedades, certo? Dentre as principais características
estão:

Grande número de empresas → o mercado é composto por um grande número de


pequenas empresas. Falo em pequenas empresas não em termos de número de
trabalhadores ou faturamento, e sim em relação ao mercado. Em outras palavras, o
mercado é tão grande, tão competitivo, que todas as empresas detêm uma parcela
baixa do mercado.  

Produtos diferenciados → as mercadorias produzidas pelas empresas são


diferenciadas das suas concorrentes, ou seja, os produtos não são homogêneos. Essa
diferenciação pode vir por meio de um ingrediente de qualidade superior, serviços e
embalagens especiais, entre outros. Porém, apesar de os produtos serem únicos, eles
possuem substitutos próximos (os consumidores conseguem comprar outro produto
parecido com aquele).

Pequeno controle de preço por parte da empresa → como são muitas as empresas
que fazem parte do mercado, a concorrência é grande, com isso, a empresa consegue
controlar (de nir) um pouco seu preço em razão dos produtos serem diferenciados,
mas tal controle é pequeno.

096
Concorrência acontece via marcas, serviços especiais e propaganda → a
concorrência é, principalmente, extrapreços, ou seja, via diferenciação do produto.
Quanto maior for a diferença do bem maior será o preço. É importante observar a
importância da propaganda/marketing na concorrência monopolística, pois como os
produtos são diferenciados e temos um grande número de empresas, é necessário
“mostrar” ao consumidor que o bem ou serviço é melhor do que da concorrente.

FORBES divulga as marcas mais valiosas do mundo em 2018

As gigantes de tecnologia do mundo consolidaram seu poder nos


últimos anos, conquistando lucros enormes e valores de mercado cada
vez maiores. Apple, Google, Microsoft, Facebook e Amazon dominam os
respectivos setores graças a ótimos produtos e serviços. Porém, talvez
seu atributo mais valioso seja uma marca com um nome forte.

Uma marca robusta ajuda a aumentar a demanda e o poder de preço.


As cinco marcas de tecnologia mencionadas fazem isso melhor do que
quaisquer outras e são as mais valiosas do mundo entre todos os
setores, segundo a lista da FORBES – valem, juntas, US$ 586 bilhões,
20% a mais do que no ano passado.

Fonte: Disponível aqui

Baixas barreiras à entrada → o grau de di culdade que uma nova empresa tem em
fazer parte desse mercado é baixo, ou seja, existe uma barreira à entrada, mas essa é
bem baixa. 

Após você conhecer as características da concorrência monopolística, você saberia


citar um exemplo de empresa que atua nesse tipo de mercado? Posso adiantar para
você que a maioria das empresas no mundo real pertence a essa estrutura de

097
mercado. Podemos citar, por exemplo, restaurantes de forma geral, padarias, lojas de
roupas, lanchonetes, produtos de higiene pessoal, e tantos outros.

A maioria das empresas no mundo real pertence à estrutura de


mercado chamada concorrência monopolística. Essa estrutura de
mercado tem como principais características o grande número de
empresas que vendem produtos diferenciados e com isso, conseguem
cobrar um preço um pouco mais alto do que das suas concorrentes.
Porém, esse preço tem um limite, pois existem produtos substitutos.

Oligopólio
Nossa última estrutura de mercado a ser estudada é o oligopólio, que assim como a
concorrência monopolística, é muito encontrada no mundo real. Vasconcellos (2015)
a rma que o oligopólio pode ser de nido de duas formas: Oligopólio concentrado,
no qual possui um pequeno número de empresas que atuam naquele setor como a
indústria automobilística; e o oligopólio competitivo, no qual um pequeno número
de empresas domina um setor com muitas empresas, como é o caso do setor de
bebidas.

Porém, independentemente do tipo de oligopólio, algumas características estão


presentes e identi cam o segmento como oligopolista. Entre elas estão:

Pequeno número de empresas → poucas empresas fazem parte do mercado. Não


existe um número exato que de ne se um setor faz parte do oligopólio ou não,
apenas sabemos que são poucas as empresas que ofertam produto naquele
mercado.

098
As empresas são interdependentes → como são poucas as empresas que atuam no
mercado, elas são interdependentes, ou seja, a decisão de uma afeta diretamente a
decisão da concorrente, incluindo a decisão de preços. Então, se uma empresa variar
seu preço, as demais reagirão de duas formas:

Aumento de preço faz com que as rmas concorrentes não aumentem o preço e
a empresa perderá mercado.
Redução de preços faz com que as concorrentes também reduzam os preços e a
parcela de mercado de todas as empresas cará, praticamente, constante.
Nesse caso, somente o consumidor é bene ciado.

Pelas possíveis reações citadas anteriormente, o preço praticado pelas empresas


oligopolistas é praticamente o mesmo, não sendo alterado de forma signi cativa ao
longo do tempo. Podemos citar um exemplo bem real dessa situação que são as
empresas aéreas: todas as vezes que uma empresa aérea faz uma promoção, as suas
concorrentes também fazem, ou seja, como são poucas empresas nesse mercado,
quando o preço de uma delas varia, as demais vão reagir rapidamente.

Por exemplo, vamos supor um mercado composto por três empresas, A, B e C e que a
empresa A resolveu, como estratégia, abaixar seu preço em 10%. Como são poucas
empresas no mercado, imediatamente as empresas B e C baixarão também seu preço
e a parcela de mercado continuará a mesma para todas três. Agora, se a empresa A
resolver aumentar seu preço em 10%, as empresas B e C não aumentarão e a
empresa A perderá mercado. Por esses motivos, o preço no oligopólio é constante e
parecido para todas as empresas.

Além do setor aéreo, você conhece outras empresas de outro setor que atuam dessa
forma?

Barreiras à entrada média → o grau de di culdade que uma nova empresa tem em
fazer parte do mercado é médio, ou seja, existe um certo grau de di culdade, mas
não chega a ser tão alto como no caso do monopólio e nem tão baixo como nas
concorrências perfeita e monopolista.

Os produtos podem ou não ser diferenciados → os produtos podem ser


homogêneos, como no caso o combustível ou diferenciados como, por exemplo, os
automóveis.

A concorrência é via diferenciação do produto → Como temos poucas empresas e


elas são interdependentes, a concorrência não será via preços, pois como discutimos,
se uma empresa alterar seus preços, as demais reagirão. Então, a concorrência é

099
extrapreços (via diferenciação do produto).   

O oligopólio tem como principais características o pequeno número de


empresas, que são interdependentes, que vendem produtos
homogêneos ou diferenciados.

Quais mercados que você conhece apresentam as características citadas? Podemos


citar como exemplos de empresas oligopolistas os setores de telecomunicações,
planos de saúde, setor aéreo e distribuição de combustível.

 Acredito que após nossas discussões, você deve estar achando um pouco complicado
associar as estruturas de mercado às suas características, certo? O quadro 11.1
mostra, de forma resumida, as características de cada estrutura de mercado.

100
Concorrência Concorrência
Características Oligopólio Monopólio
perfeita monopolística

Nº de empresas Muitas Muitas Pouca Uma

Homogêneo
Tipo de Altamente
Homogêneo Diferenciado ou
produto diferenciado
diferenciado

Controle de
nenhum pequeno considerável muito
preços

Condição de Baixas Médias Altas


Sem barreiras
entrada barreiras barreiras barreiras

Água,
Produtos Restaurantes, Automóveis,
Exemplos energia
agrícolas lojas de varejo aviação
elétrica

Quadro 11.1 –Características das quatro estruturas de mercado. FONTE: Baseado em


Mendes(2009).

Políticas Públicas quanto aos oligopólios


Como são poucas as empresas no oligopólio, não é difícil que elas façam acordos,
como a escolha do preço e/ou quantidades que vão vender. Esses acordos não são
desejáveis pelos consumidores, pois as empresas agem como se atuassem no
monopólio. Por isso, o governo procura coibir acordos entre empresas por meio da lei
antitruste. Algumas práticas empresariais que são proibidas pelo governo brasileiro
são:

Cartel → essa prática empresarial é caracterizada quando as empresas fazem


acordos que podem ser de preços e/ou quantidades. Nesse caso, elas aumentam o
preço e/ou reduz a quantidade ofertada, o que prejudica o consumidor.

101
Fixação de preço de revenda → essa prática empresarial ocorre quando uma
empresa produtora/distribuidora exige que um estabelecimento venda um produto a
um preço xado por ela. Por exemplo, a fabricante X a rma que só distribuirá seu
produto para a loja Y se ela vender o bem a R$ 5,00.

É importante observar que preço sugerido não é proibido, pois a empresa só está
sugerindo um preço e não obrigando aos estabelecimentos venderem o bem por
aquele preço pré-de nido.

Preços predatórios → essa prática empresarial acontece quando uma grande


empresa de ne seus preços abaixo do custo de produção, tendo consciência do
prejuízo durante um tempo, com o objetivo de eliminar a concorrente, que em geral é
uma empresa menor, do mercado, e depois aumentar seus preços.

Vendas casadas → essa prática empresarial ocorre quando uma empresa só aceita
vender dois produtos juntos, ou seja, o consumidor não consegue comprar os bens
separadamente. Lembrando que promoções e produtos tipo combo (TV por
assinatura + internet banda larga) não são considerados venda casada, pois o
consumidor pode adquirir os produtos/serviços separadamente, mesmo que a um
preço maior.

102
12

Fundamentos da
Teoria Macroeconômica

103
Olá, aluno(a), tudo bem? Lembra que nós discutimos que as ciências econômicas são
divididas em duas grandes áreas de estudo, uma é a microeconomia, que estuda os
agentes econômicos de forma individual, e a outra área é a macroeconomia? Então, a
partir desta aula, vamos tratar dos temas pertinentes à macroeconomia!

Você, certamente, já ouviu/leu em jornais, revistas, telejornais, internet, entre outros,


as seguintes manchetes:

A taxa de inflação ultrapassou a meta e governo aumenta a


taxa SELIC.

Balança comercial brasileira foi superavitária em maio.

O dólar fechou em alta.

Trabalhamos 150 dias para pagar impostos.

Figura 12.1 – Manchetes de jornais. FONTE: Elaboração da autora (2019).

Pelas manchetes apresentadas na gura 12.1 e pelos seus conhecimentos referentes


às aulas anteriores, você conseguiu perceber que diferente da microeconomia, a
macroeconomia trata da economia como um todo? Por exemplo, quando discutimos
se o Brasil está crescendo, se há in ação, se os juros estão muito elevados, estamos
falando de uma maneira mais ampla.

Você sabe quando surgiu a macroeconomia? O estudo da macroeconomia é


relativamente novo, se pensarmos em economistas clássicos como Adam Smith e
David Ricardo, que zeram seus estudos mais ou menos entre os anos 1700 e 1800, a
macroeconomia é muito jovem. A macroeconomia tem como seu principal expoente o
economista John Maynard Keynes que, para muitos economistas, é considerado o pai
da macroeconomia moderna.

104
Keynes escreveu sua principal obra em 1936, em um contexto em que a economia
norte-americana estava devastada após a Grande Depressão, ou a chamada crise de
1929. Nesse período, a economia dos Estados Unidos estava sofrendo, passando por
uma grande crise em que o nível de desemprego era muito alto. Na visão de Keynes,
se o governo participasse mais dessa economia, a crise não teria sido tão profunda.
Mas o que signi ca o governo participar mais da economia?

A macroeconomia moderna teve início na década de 1930 com Keynes.

O governo participar mais da economia signi ca que ele não deve cuidar somente de
suas funções básicas e, sim, deve atuar como um agente econômico. Para
entendermos essa questão precisamos veri car quais são as funções básicas do
governo. As funções básicas a que me re ro são a estabilizadora, a distributiva e a
alocativa. Vamos compreender cada uma delas?

Função Estabilizadora→ o governo precisa manter a economia estabilizada. Você


pode veri car, por exemplo, que o governo, nos últimos anos, se preocupa bastante
com os níveis de preços na economia, ou seja, com o nível da in ação.

Função Distributiva → essa função do governo é exatamente o que o nome dela diz:
distribuir melhor os recursos escassos, tentar retirar de quem tem muito para
oferecer a quem não tem nada ou pouco tem. Em outras palavras, distribuir renda de
forma igualitária.

Função Alocativa→ o governo deve atuar em áreas da economia na qual o setor


privado não tem muito interesse em atuar. Em outras palavras, o governo vai alocar
recursos em áreas que, se ele não atuar, não serão ofertados os serviços necessários,
pois o setor privado não fará essa oferta. Por exemplo: o saneamento básico que
exige um investimento muito elevado e nem sempre haverá empresa privada
disposta a fazê-lo.

105
O governo ao elaborar uma política econômica, por exemplo, está
desempenhando suas funções básicas, que é estabilizar a economia,
distribuir renda e/ou alocar bens e serviços.

Para desempenhar as funções citadas anteriormente, o governo utiliza diversos


instrumentos, dentre eles, as chamadas políticas macroeconômicas. Essas políticas
segundo Vasconcellos (2015), deve ter como objetivos:

Alto nível de emprego

Crescimento econômico

Distribuição de renda socialmente justa

Estabilidade de preços

Figura 12.2 – Objetivos das políticas macroeconômicas. FONTE: Elaboração da autora


(2019).

106
É importante observar que os objetivos de alto nível de emprego e estabilidade de
preços são de curto prazo ou conjunturais, já que são objetivos que o governo tenta
atingir mais rapidamente pensando na conjuntura atual. Já os objetivos de
distribuição de renda e de crescimento econômico são objetivos de longo prazo ou os
chamados de objetivos estruturais, eles fazem parte da estrutura econômica e para
serem alcançados é necessário um tempo maior.

Vamos entender cada um desses objetivos da política macroeconômica?

Alto nível de emprego → de acordo com Vasconcellos (2015), e conforme já


discutido, foi a partir da década de 1930 que o governo passou a pensar mais
profundamente na macroeconomia. Até esse período a questão do emprego não
gerava preocupação por parte dos governos, mais especi camente, a partir da crise
de 1929 que essa questão passou a ser pensada, discutida.

107
Mercado de Trabalho

Os dados mais recentes mostram que, apesar de alguns indicativos de


uma dinâmica recente mais favorável (com geração de empregos
apesar dos indicadores ruins de atividade econômica), o mercado de
trabalho brasileiro segue bastante deteriorado, permeado por altos
contingentes de desocupados, desalentados e subocupados. No que
diz respeito à desocupação, nota-se que vem crescendo o número de
desempregados que estão nessa situação há mais de dois anos. Se, no
primeiro trimestre de 2015, 17,4% dos desocupados estavam nessa
situação, no mesmo período de 2019, essa porcentagem avançou para
24,8%, o que corresponde a 3,3 milhões de pessoas. A desagregação
dessas informações, feita com base nos microdados da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), mostra que, no primeiro
trimestre de 2019, a proporção de desempregados há mais de dois
anos era maior entre as mulheres (28,8%), entre os adultos com mais
de 40 anos (27,3%) e entre os trabalhadores com ensino médio
completo (27,4%). Entretanto, a análise dinâmica dos dados revela que,
na comparação com o primeiro trimestre de 2015, os grupos que
apresentaram maior incremento nas suas populações desocupadas há
mais de dois anos foram os homens, os trabalhadores mais jovens e os
com ensino médio completo, cujas proporções saltaram de 11,3%, 15%
e 18,5%, respectivamente, para 20,3%, 23,6% e 27,4%, no período em
questão.

Fonte: Disponível aqui

Crescimento econômico → Para que isso ocorra, o aumento da produção de bens e


serviços deve, necessariamente, ser superior ao crescimento populacional, pois
somente assim haverá aumento da renda per capita. É importante ressaltarmos que

108
crescimento econômico não é o mesmo que desenvolvimento econômico, desse
último trataremos na próxima aula.

PIB recua 0,8% no trimestre encerrado em maio, diz FGV

O Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e


serviços produzidos no país, recuou 0,8% no trimestre encerrado em
maio deste ano, na comparação com o trimestre encerrado em
fevereiro. O dado é do Monitor do PIB, divulgado pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV). Segundo a FGV, no entanto, o PIB brasileiro cresceu 0,5%
quando comparado ao trimestre encerrado em maio de 2018.

Fonte: Disponível aqui

Distribuição de renda socialmente justa → na literatura traz argumentos de que a


distribuição de renda no Brasil piorou muito quando o governo adotou como regra a
chamada “teoria do bolo”. Conforme essa regra, primeiro deveríamos esperar
aumentar a riqueza no país e depois redistribuí-la. Como argumenta Vasconcellos
(2015), isso aconteceu na época do chamado milagre econômico, entre 1967 e 1973,
porém, todos tiveram sua renda elevada, no entanto, a classe mais rica teve sua renda
melhorada numa proporção superior à da classe menos rica.

Estabilidade de preços → também chamada de controle da in ação, já foi bem mais


problemática para o Brasil do que é hoje. Embora haja uma grande preocupação com
a estabilidade de preços hoje em dia, se conversarmos com alguém que viveu na
década de 1980 e início da década de 1990 (até 1994), com certeza, essa pessoa nos
dirá que hoje em dia a in ação não chega a ser um problema se comparada com o
período citado, quando os preços eram remarcados diariamente e, às vezes, mais de
uma vez no dia.

109
Os objetivos da macroeconomia não são independentes uns dos outros, podendo
inclusive acontecer ao mesmo tempo, ou seja, uma meta pode ajudar a alcançar a
outra. Para você compreender melhor, o crescimento pode facilitar a solução dos
problemas de pobreza, já que é possível amenizar os con itos sociais quando a renda
cresce e é repartida entre as classes.

Porém, é possível também que os objetivos da macroeconomia sejam con itantes,


por exemplo, a meta pode ser fazer com que o país cresça, mas ao crescer a demanda
é aquecida, e de acordo com a lei oferta e demanda: quando a procura é maior do
que a oferta, os preços sobem. Se o aumento de preços for generalizado, a in ação
surge. E, com isso, a estabilidade da economia ca de lado.

Outro exemplo é apresentado por Vasconcellos (2015): uma política de estabilização


da in ação pode levar ao aumento de desemprego, pois tais políticas retraem a
demanda de bens e serviços, fazendo com que tenha queda da atividade econômica,
e, portanto, do emprego. Essa relação inversa entre duas variáveis, como emprego e
crescimento econômico apresentados no exemplo, se chama tradeo , e é um conceito
muito presente da economia.

Estrutura da análise
macroeconômica
A macroeconomia focaliza a economia como se ela fosse composta por duas partes:
uma real e uma monetária, sendo que cada parte é dividida por dois mercados e
quatro variáveis, conforme tabela 12.1.

110
Variáveis
  Mercados
Determinadas

Produto Nacional
Mercado de Bens e Serviços
Nível Geral de Preços

Parte Real da Economia

Nível de Emprego
Mercado de Trabalho
Salários Nominais

Mercado Financeiro (monetário e Taxa de Juros


títulos) Estoque de Moeda

Parte Monetária da
Economia
Taxa de Câmbio
Mercado de Dívidas Estoque de Reservas
Cambiais

Tabela 12.1 – Estrutura da análise macroeconômica. FONTE: Vasconcellos (2015, p.


198).

Conforme podemos visualizar na tabela 12.1, a parte real da economia é composta


pelos mercados de bens e serviços, em que se efetua uma agregação de todos os
bens produzidos pela economia durante determinado tempo, e pelo mercado de
trabalho, que agrega todos os tipos de trabalhos existentes. No primeiro mercado, o
produto nacional e o nível geral de preços são determinados, já no mercado de
trabalho são determinados o nível de emprego e taxa salarial.

A parte monetária da economia é composta por mais dois mercados, que são o
mercado nanceiro, no qual a taxa de juros e o estoque de moeda são determinados;
e pelo mercado de divisas, no qual são determinadas a taxa de câmbio e o estoque de
reservas cambiais.

111
13

Noções de Crescimento e
Desenvolvimento
Econômico
112
Olá, aluno(a), tudo bem? Você certamente já ouviu muito falar sobre o baixo
crescimento e desenvolvimento econômico do nosso país. Temas como “mercado
prevê que PIB brasileiro em 2019 seja de 0,5%”; “Brasil caiu no ranking de
desenvolvimento humano” estão muito presentes na imprensa. Esses são os temas
que iremos discutir nesta aula.

Conforme discutimos na aula anterior, fazer com que um país cresça é um dos
objetivos do governo. Mas o que é crescimento econômico? Crescimento econômico
pode ser de nido como o aumento da capacidade produtiva da economia durante um
determinado período de tempo. Em outras palavras, crescimento econômico é o
aumento da riqueza de um país, o que é feito por meio da produção de bens e
serviços.

Crescimento econômico pode ser de nido como o aumento da


capacidade produtiva de um país, ou seja, aumento da riqueza.

Porém, o aumento da riqueza não signi ca, necessariamente, que a população esteja
em uma situação melhor do que antes. E você sabe o motivo disso? Porque
desenvolvimento econômico é um conceito mais amplo, estando relacionado ao
aumento da capacidade produtiva do país, mas não apenas, é preciso que haja
melhorias no padrão de vida da população e por alterações fundamentais na sua
estrutura.

113
Desenvolvimento econômico depende do crescimento econômico, mas
para que isso ocorra, é preciso que haja alterações na estrutura do país
e melhoria na qualidade de vida da população.

Apesar de parecer conceitos simples, de nir crescimento e desenvolvimento


econômico é complexo, pois existem duas linhas teóricas que relacionam crescimento
com desenvolvimento econômico. A primeira linha considera crescimento como
sinônimo de desenvolvimento, assim, um país ao crescer está automaticamente se
desenvolvendo. Por outro lado, a outra vertente considera que crescimento
econômico é condição indispensável para o desenvolvimento, mas não é condição
su ciente.

Portanto, para os teóricos que associam crescimento com desenvolvimento, um país é


considerado como subdesenvolvido quando o PIB (Produto Interno Bruto) cresce
menos do que o dos países desenvolvidos, mesmo que se tenha a mesma
disponibilidade de capital, terra e mão de obra. Nessa linha, o crescimento econômico
distribui diretamente a renda entre os proprietários dos fatores de produção, levando
automaticamente a melhoria dos padrões de vida e, por consequência, ao
desenvolvimento econômico.

A prática não tem registrado que isso sempre acontece, e demonstra que o
crescimento e o desenvolvimento econômico não podem ser considerados sinônimos.
O crescimento econômico não necessariamente vai bene ciar todo o conjunto da
população. Por exemplo, mesmo que um país cresça, o desemprego pode não
diminuir em um ritmo razoável, em razão do processo de robotização e
informatização da cadeia de produção. Além disso, podemos citar outros fatores que
explicam que um país pode crescer sem se desenvolver, que são:

A apropriação desigual da renda, levando à concentração de renda e da riqueza.


A saída de capitais internos para outros países, que reduz a capacidade de
importar e realizar investimentos.

114
Baixos salários, que limitam o crescimento de diversos setores, principalmente
no mercado doméstico. 

Já para a segunda corrente, o crescimento econômico é a variação quantitativa do


produto (PIB), ou seja, o aumento da capacidade produtiva da economia e, portanto,
da produção de bens e serviços. Já para essa corrente, o desenvolvimento econômico
envolve mudanças qualitativas no modo de vida das pessoas, das instituições, das
estruturas produtivas e do meio ambiente.

Nesse sentido, Souza (2008) de ne desenvolvimento econômico como a existência de


crescimento econômico contínuo, em ritmo superior ao crescimento demográ co,
envolvendo mudanças de estruturas e melhoria de indicadores econômicos, sociais e
ambientais. É um fenômeno de longo prazo, provocando o fortalecimento da
economia nacional, a ampliação da economia de mercado e a elevação geral da
produtividade e do nível de bem-estar da população, com a preservação do meio
ambiente.

A mesma autora a rma que o crescimento econômico precisa ser superior ao


crescimento demográ co, o que leva à expansão do nível de emprego e, também, da
arrecadação pública, de modo que permite ao governo realizar gastos sociais e
atender às pessoas mais carentes.

Com base no exposto, podemos resumir que um país pode ser rico como, por
exemplo, os produtores de petróleo, que ganham muito dinheiro exportando o
produto, mas pode não conseguir, por diversas razões, distribuir essa riqueza entre
seus habitantes, que seguem, em sua maioria, vivendo em condições precárias.

Como o desenvolvimento econômico engloba melhorias na qualidade de vida da


população, e uma das variáveis que melhoram a vida das pessoas é a preservação
ambiental, você saberia dizer o motivo? Com o tempo o crescimento da economia
tende a esgotar os recursos produtivos, que como você sabe, são escassos. A situação
vai ocorrer se o uso dos recursos for indiscriminado, e não pelo motivo de o país
crescer.

Nesse sentido, Souza (2008) a rma que o crescimento acelerado pode provocar o
desmantelamento de orestas, a exaustão de reservas minerais e a extinção de certas
espécies de peixes. Por exemplo, a atividade agrícola tende a ocupar vastas áreas de
terras onde se encontravam orestas. Pode, também, poluir os mananciais de água,
infestar o ar atmosférico, interferindo no próprio clima e no regime de chuvas, o que
afeta a saúde da população. Dito de outra forma, o desenvolvimento sustentável é o
que preserva o meio ambiente, sobretudo os recursos naturais não renováveis.

115
Indicadores de
desenvolvimento e de
crescimento econômico
Após compreender os conceitos de crescimento econômico e de desenvolvimento
econômico, assim como suas diferenças e semelhanças entre eles, você deve estar
curioso para saber como sabemos se uma economia cresceu e se desenvolveu, certo?

Então, para medir o crescimento econômico utilizamos dois indicadores principais,


que são o Produto Interno Bruto (PIB) e PIB per capita. Por exemplo, se um país estiver
aumentando sua renda per capita podemos dizer que está ocorrendo crescimento,
desde que esse aumento seja menor do que o crescimento populacional.

Agora, para que ocorra o desenvolvimento precisamos que outras questões sejam
atendidas. Existem na teoria econômica diversos modelos que estudam e medem o
tamanho do desenvolvimento econômico de determinado país, dentre eles, Souza
(2007) cita os neoclássicos de Meade, de Solow e a teoria do crescimento endógeno.
Todos eles são teóricos que se baseiam em dados da população, progresso técnico,
capital humano, entre outras variáveis, mas para atingir o objetivo da disciplina
Economia, não vamos abordar esses modelos em nosso material, trataremos
somente de alguns indicadores sem entrarmos nas discussões teóricas da formação
desses modelos, ok? 

Portanto, falar em desenvolvimento econômico é se referir a melhorias na qualidade


de vida, em aumento do bem-estar, em acesso à cultura, lazer, entre outros. Temos
algumas variáveis que tratam sobre isso, vamos estudar um pouco cada uma delas?

PIB (Produto Interno Bruto) → é a soma de tudo que foi produzido dentro das
fronteiras de um país em um determinado período, não importando se o capital com
o qual se produziu é nacional ou estrangeiro. Por exemplo, se uma empresa norte-
americana com lial em São Paulo produziu 4 milhões de dólares em um dado ano,
esse valor vai entrar no cálculo do PIB. Agora, se uma empresa brasileira com lial nos
Estados Unidos produziu 1 milhão de dólares na lial, esse valor não entra no cálculo
do PIB.

116
O PIB mede apenas os bens e serviços nais para evitar dupla
contagem. Se um país produz R$ 100 de trigo, R$ 200 de farinha de
trigo e R$ 300 de pão, seu PIB será de R$ 300, pois o valor da farinha e
do trigo estão embutidos no valor do pão.

Os bens e serviços nais que compõem o PIB são medidos pelo preço
que chegam ao consumidor. Dessa forma, levam em consideração
também os impostos sobre os produtos comercializados.

Para saber mais sobre o cálculo do PIB brasileiro, acesse abaixo.

Fonte: Disponível aqui

A capacidade de crescimento da economia, portanto, do PIB, depende basicamente


de dois elementos: estoque dos fatores de produção, principalmente capital; e
produtividade dos fatores de produção (aumento da produção decorrente dos
fatores de produção). Progresso tecnológico e mão de obra quali cada são fatores
que aumentam a produtividade.

PIB per capita → indicador muito utilizado na economia, que busca medir o
crescimento de um país. No seu cálculo, divide-se o PIB pelo número de habitantes.
Com isso, podemos, facilmente, perceber que o PIB per capita é um dado numérico e
que não nos dá uma dimensão de qualidade de vida, de como a renda está
distribuída, en m, ele mostra apenas uma média.

Podemos dizer que esse indicador é bastante popular, é relativamente fácil para
calculá-lo, mas que é um indicador inicial, ele ajuda bastante a medir o crescimento
econômico, mas para falarmos de desenvolvimento precisamos de outras variáveis.

117
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) → variável, muito utilizada para se tentar
captar o desenvolvimento econômico. Esse índice é relativamente novo, e tenta captar
quão desenvolvido é uma nação, um povo.

O IDH é composto por três subíndices:

Renda Saúde Educação

Taxa de
Expectativa
PIB per capita alfabetização
de vida
e de matrículas

Figura 13.1 – Indicadores que compõem o IDH. FONTE: Elaborado pela autora (2019).

Conforme podemos ver na gura 13.1, o índice que mede a renda é a utilização do PIB
per capita. O índice para medir a saúde das pessoas é a expectativa de vida ao nascer,
e para o índice que mede a educação, são utilizadas a taxa de alfabetização de adultos
e a taxa de matrícula nos ensinos fundamental, médio e superior.

O IDH varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo de 1 melhor, ou seja, quanto
mais próximo de 1 mais desenvolvido é o país. Esse índice vem sendo divulgado a
partir da década de 1990 e a ONU o divulga para cerca de 170 países que são
ranqueados segundo esse índice, conforme critérios a seguir:

118
IDH Grau de desenvolvimento

Acima de 0,8 Alto

Entre 0,5 e 0,8 Médio

Abaixo de 0,5 Baixo

Quadro 13.1 - Grau de desenvolvimento conforme critério do IDH. Fonte: Elaboração


da autora (2019).

Índice de GINI → é um índice que mede a desigualdade ou concentração da renda,


ele varia entre 0 e 1, sendo que 0 representa a completa igualdade (todos teriam a
mesma renda) e 1 a completa desigualdade, assim, ao pensarmos no índice de Gini
desejamos que ele seja o menor possível.

Desigualdade social é um mal que afeta todo o mundo, em especial os


países que ainda se encontram em vias de desenvolvimento. A
desigualdade pode ser medida por faixas de renda, em que são
consideradas as médias dos mais ricos em comparação às dos mais
pobres. Também podem ser utilizados, como dados para o cálculo de
desigualdade, fatores como o IDH, a escolarização, o acesso à cultura e
o acesso a serviços básicos — como saúde, segurança, saneamento etc.

Fonte: Disponível aqui

119
14

Política Monetária
e a Inflação

120
Olá, aluno(a), tudo bem? Chegamos às três últimas aulas da disciplina Economia. A
partir de agora, vamos discutir as três principais políticas macroeconômicas, que são
as políticas monetária, scal e cambial. Para iniciarmos, precisamos entender o que é
uma política econômica.

Podemos de nir, de forma genérica, que uma política econômica se refere à atuação
do governo para atingir um determinado objetivo. Isso mesmo, objetivos esses que já
discutimos, como estabilização da economia, crescimento econômico, distribuição de
renda, alocação de bens e serviços, e tantos outros objetivos que o governo tem,
sempre de forma a satisfazer às necessidades da população, aumentando, assim, a
qualidade de vida das pessoas.

Para iniciarmos, você sabe me dizer o que é uma política monetária? Posso lhe
adiantar que afeta e muito as nossas vidas! Política monetária refere-se à quantidade
de moeda disponível na economia, ao crédito disponível na economia e às taxas de
juros. Ou, ainda, de acordo com Vasconcellos (2015), por política monetária entende-
se a atuação do Banco Central para de nir as condições de liquidez da economia:
quantidade ofertada de moeda, nível de taxa de juros, entre outros.

Política monetária refere-se à atuação do governo sobre a quantidade


de moeda, de crédito e das taxas de juros.

Por meio dessa de nição, percebemos que essa política monetária in uencia nossas
vidas, diariamente e, muitas vezes, não nos damos conta disso. Você já havia pensado
nisso?

121
Moeda
Uma das principais variáveis da política monetária é a moeda. Mas o que é uma
moeda? Quais são as funções desempenhadas por ela? Moeda pode ser de nida
como um conjunto ativo, utilizado pelas pessoas para realizar transações. A moeda
pode ser metálica, papel-moeda ou moeda escritural.

Mas, quais são as funções da moeda? As funções da moeda podem ser divididas em:
meio de troca, reserva de valor, medida de valor e padrão para pagamento diferido
no tempo. Vamos conhecer cada uma delas?

Meio de troca → está relacionada à possibilidade que temos de trocar moeda por
produtos e serviços que demandamos, ou seja, a moeda nos ajuda muito por nos
facilitar as trocas e, embora não pensemos muito nisso, nem sempre foi assim, já
tivemos muitas mercadorias que foram utilizadas como moeda.

Reserva de valor → por ter a máxima liquidez e por ter um poder de compra, assim
essa função está intimamente relacionada à função de meio de troca. A medida de
valor é porque através da moeda classi camos quanto vale determinada mercadoria.

Medida de valor → é uma função que nos permite negociar algo (produto, serviço)
em uma data e o seu pagamento seja feito no futuro, ou seja, por conta da existência
da moeda é que podemos combinar um preço, hoje, para alguma negociação, e esse
pagamento ser feito daqui a 30 dias, ou 60 e, assim por diante.

Por que você demanda moeda? Sei que você deve ter cado surpreso com minha
pergunta, mas você já parou para pensar exatamente os motivos que fazem você a
demandar moeda? Pois bem, vamos lá! Temos três motivos, que são:

Motivo especulação → você quer manter seus recursos em moeda para poder
utilizá-lo em algo que seja vantajoso para você, mas aqui estamos falando de
aplicações nanceiras rápidas.

Motivo transação → O motivo transação é que mantemos moeda para as transações


necessárias em determinado período. Por exemplo, ao receber o salário você guarda
certa quantia em dinheiro para poder pagar suas contas mensais como água,
telefone, etc.

122
Motivo precaução → nesse caso, as pessoas guardam dinheiro para um imprevisto.
Quem não tem um avô ou uma avó que diz: “nunca se sabe o que vai ser amanhã, é
melhor prevenir”, e por esse motivo, essas pessoas acabam guardando dinheiro em
espécie.

A demanda por moeda vai depender diretamente de qual é a renda do agente


econômico e inversamente da taxa de juros. Explico: quanto maior a renda, maior a
demanda por moeda e quanto maior a taxa de juros, menor a demanda, pois se a
taxa de juros estiver muito alta será mais interessante deixar o dinheiro aplicado.

Taxa de juros
Além da moeda, há uma outra variável que está intimamente ligada à política
monetária, e essa está sempre presente nos noticiários: a famosa taxa de juros. Nesse
sentido, podemos entender por juros o preço do uso do dinheiro. Por que pagamos
juros de um empréstimo? Porque não temos os recursos no momento e mesmo
assim o utilizamos!

Então a taxa de juros é o pagamento por essa utilização do dinheiro, portanto, taxa de
juros é o que se ganha pela aplicação de recursos durante determinado período de
tempo, ou, alternativamente, aquilo que se pega pela obtenção de recursos de
terceiros (tomada de empréstimo) durante determinado período de tempo.

Veri cando a de nição de taxa de juros, já é possível deduzir que essa é uma variável
das mais importantes em qualquer economia, visto que a partir dela muitas decisões
são tomadas. Por exemplo, se um empresário deseja fazer um investimento, uma das
variáveis que ele analisará será a taxa de juros. Se uma pessoa física pretende
comprar um produto e vai pagá-lo a prestações, quanto ele pagará de juros vai afetar
diretamente sua decisão de compra.

Então, sabendo o que é e como é importante a taxa de juros, veri quemos como ela é
formada. No Brasil a chamada taxa básica de juros é a SELIC – Serviço Especial de
Liquidação e Custódia, ela é básica porque a partir dela é que as demais taxas são
estabelecidas.

123
Após minha a rmação você deve estar pensando: mas no cheque especial estou
pagando muito mais do que isso! Ou no cartão de crédito ou no nanciamento, entre
outros. Você tem razão, mas a SELIC serve de base para as demais taxas de juros, é
como se fosse um indicador de tendência ou um sinalizador que o governo usa para
mostrar aos demais agentes econômicos o que ele quer no futuro próximo ou no
curto prazo.

A SELIC é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento


de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a
in ação. Ela in uencia todas as taxas de juros do país, como as taxas
de juros dos empréstimos, dos nanciamentos e das aplicações
nanceiras.  

Para acompanhar a Taxa SELIC, acesse o link.

Fonte: Disponível aqui

A de nição da SELIC é feita pelo COPOM – Comitê de Política Monetária do BACEN –


que faz parte do Banco Central. Essa de nição é feita por meio de reuniões mensais
que, provavelmente, você já deve ter ouvido ou lido alguma notícia a respeito. Sempre
que a de nição da SELIC acontece, essa informação é bastante divulgada, justamente
por causa daquilo que conversamos agora mesmo, a intenção do governo é informar
o que ele deseja dos agentes econômicos através de sua decisão de elevar, manter ou
reduzir a SELIC.

124
Novo ciclo de queda da taxa de juros deve começar entre julho e
setembro

O ciclo de queda da taxa básica de juros (Selic) do País deve começar


entre as reuniões de julho (30 e 31) e setembro (17 e 18) do Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC).

Fernanda Consorte avalia que há uma conjunção de fatores que


sugerem queda da Selic já no m deste mês, em 0,25 ponto, o que
levaria a Selic dos atuais 6,50% ao ano, para 6,25%. “O BC tem
reforçado que estamos em um cenário de in ação bastante benigno.

Fonte: Disponível aqui

Instrumentos da política
monetária
Agora que você aprofundou seus conhecimentos sobre as duas principais variáveis da
política monetária, que é a moeda e a taxa de juros, vamos conhecer então quais são
os instrumentos que o governo tem e utiliza para colocar em prática a política
monetária. Esses instrumentos são:

Open market → as operações de open market ou mercado aberto, são aquelas em que
o governo compra ou vende títulos públicos, ou seja, digamos que o governo
pretende irrigar a economia com mais dinheiro, utilizando essa ferramenta de

125
mercado aberto, ele vai entrar no mercado comprando títulos públicos, e o contrário
é verdadeiro.

Taxa de Redesconto → também chamado de empréstimos de liquidez por alguns


autores, a Taxa de Redesconto é a taxa que os bancos comerciais pagam ao Banco
Central quando precisam de dinheiro emprestado. Por exemplo, digamos que um
banco comercial precisa de recursos, ele pode conseguir esses recursos em outros
bancos, mas, em última instância, se ele não conseguir empréstimos com seus pares,
ele recorrerá ao Banco Central. A taxa de juros cobrada pelo Banco Central dos
bancos comerciais é a chamada taxa de redesconto.

Para implementar uma política monetária, o governo dispõe de três


instrumentos principais: reservas compulsórias, taxa de redesconto e
operação de mercado aberto. A ideia é sempre alterar a quantidade de
moeda em circulação para afetar a taxa de juros.

Se o governo deseja que haja uma elevação da quantidade de dinheiro em circulação,


ele vai diminuir o valor dessa taxa, em contrapartida, se quiser que há uma redução
na quantidade de dinheiro na economia ele eleva essa taxa.

Como a política monetária


afeta a economia
Agora que já estudamos um pouco sobre moeda e taxa de juros, as variáveis que
envolvem a política monetária, vamos discutir como o governo faz política monetária
e quais os resultados que pretende com ela.

126
Em geral, dizemos, tecnicamente, que a política monetária pode ser contracionista ou
expansionista. Mas o que isso quer dizer? Uma política monetária contracionista é
feita se o governo deseja frear a economia, ou seja, se na visão do governo, a
economia está muito aquecida, as pessoas/empresas estão utilizando muito a moeda
para as mais diversas funções e ele deseja que isso seja reduzido, ele praticará política
monetária contracionista.

  Você pode me dizer: Mas, quando o governo vai querer desaquecer a economia?
Quando, por exemplo, a in ação estiver muito elevada. E como se faz essa política? A
ferramenta mais utilizada no Brasil é a taxa de juros, mas todos os instrumentos de
política monetária, citados anteriormente, são e podem ser utilizados.

Já política monetária expansionista funciona no sentido inverso, se o governo acha


que a economia está desaquecida e ele pretende estimular essa economia ele poderá
reduzir a taxa de juros o que levará os agentes econômicos a reaquecerem a
economia.

127
15

Política Fiscal
e o Setor Público

128
Olá, aluno(a), tudo bem? Nesta aula falaremos de mais uma política macroeconômica
que afeta muito a vida dos agentes econômicos. Essa talvez seja a política econômica
mais polêmica e discutida em rodas de amigos. Você já sabe de qual eu estou
falando? Se você pensou em política scal você acertou.

A política scal trata, basicamente, do orçamento, dos gastos e da arrecadação do


governo. Então, quando o governo gasta ou investe algum recurso, ele está fazendo
política scal. Quando o governo eleva ou reduz algum imposto, ele também está
fazendo política scal.

Política scal refere-se a todos os instrumentos de que o governo


dispõe para a arrecadação de tributos e controle das despesas,
podendo ser utilizada para estimular ou desestimular a atividade
econômica.

Fonte: Disponível aqui

Normalmente, ouvimos ou lemos a manchete: “Brasil fecha período com superavit


primário” ou “Brasil fecha período com de cit primário”, e o que isso quer dizer?
De cit ou Superavit primário é a diferença entre as receitas não nanceiras e os
gastos não nanceiros. Se o governo gastou mais do que arrecadou ele tem de cit, e
se ele gastou menos do que arrecadou ele tem superavit. Esse conceito mostra
exatamente como o governo está conduzindo sua política scal, já que nesse conceito
não se incluem dívida nem juros da dívida.

129
Governo quer baixar alíquota máxima do IR de 27,5% para 25%, diz
Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro a rmou na última quarta-feira (17), que o


governo vai trabalhar por uma reforma tributária mexendo apenas em
impostos federais, com perspectiva de redução da carga tributária ao
longo dos anos. Uma das mudanças seria a redução da alíquota
máxima do Imposto de Renda (IR) para 25%. Atualmente, pessoas
físicas pagam até 27,5% e pessoas jurídicas, como empresas, pagam
até 34% de IR.

Fonte: Disponível aqui

Quando o governo tem superavit em suas contas, signi ca que ele arrecadou mais do
que gastou e isso pode ser traduzido como uma política scal contracionista, ou
seja, ele está recebendo mais impostos e taxas da população. E por que se chama
política contracionista? Porque com essa atitude, o governo está arrecadando mais
dinheiro do que gastando e com isso o dinheiro tem circulado menos na economia e,
por consequência, ocasionando menos empregos, menos crescimento.

Agora, quando o governo tem de cit em suas contas, ele gastou mais do que
arrecadou, podemos dizer que ele está fazendo uma política scal expansionista,
isso porque se o governo gasta mais do que arrecada ele está estimulando a
economia através da injeção de recursos.

A função da política scal é a de ajudar o governo a atingir seus objetivos para uma
nação e, assim, o governo a utiliza por meio dos seus gastos e arrecadações. A maior
parte das arrecadações do governo brasileiro se dá pelos impostos.

130
Tributos
Como a política scal é bastante utilizada pelo governo brasileiro e sua arrecadação é
oriunda basicamente dos tributos, é preciso discutir um pouco sobre essa variável. Os
tributos são todas as prestações pecuniárias compulsórias, em moeda ou de que
valor nela se possa revelar, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Nesse sentido, os tributos são divididos em três tipos: impostos, taxas e contribuição
de melhoria. Assim, Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2008) a rmam que a forma
como são estruturados os sistemas tributários determina o impacto dos tributos
tanto sobre o nível de renda como sobre a organização econômica, a distribuição de
renda, a competitividade da economia, entre outros fatores. Nesse sentido, podemos
analisar alguns aspectos.

Primeiro podemos distinguir os impostos em diretos e impostos indiretos. Os


impostos diretos são aqueles que incidem sobre a renda e o patrimônio enquanto os
impostos indiretos incidem sobre o consumo. Vamos conhecer alguns exemplos?

Impostos diretos → os principais impostos diretos no Brasil são: o Imposto de renda


– IR pessoa física e jurídica, o IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores, o IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano, o ITR – Imposto Territorial
Rural, entre outros. Esses impostos são todos diretos o que signi ca dizer que eles
incidem sobre a renda do cidadão ou da empresa, ou sobre a propriedade de algo.

Impostos Indiretos → os principais impostos indiretos no Brasil são: o ICMS –


Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, o IPI – Imposto sobre Produtos
Industrializados, ISS – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza, o II – Imposto de
Importação, entre outros. A característica que esses impostos têm em comum é que
todos incidem sobre o consumo e por isso são classi cados como indiretos.

Ainda é possível classi carmos os impostos, de modo geral, quanto à sua base de
incidência, quer dizer, quem deve pagar impostos? Alguns devem pagar mais que
outros?  Vejamos:

Impostos Neutros → dizemos que o sistema de cobranças de impostos é neutro


quando a sua participação na renda das pessoas é a mesma, independentemente do
nível de renda.

131
Impostos Regressivos → chamamos de sistema regressivo quando a participação
dos impostos na renda das pessoas diminui conforme a renda aumenta, ou seja,
quem ganha menos paga mais.

Impostos Progressivos → damos o nome de sistema progressivo quando a


participação dos impostos na renda das pessoas aumenta conforme a renda
aumenta, ou seja, quem ganha mais paga mais.

E, por último, podemos analisar os impostos em relação à e ciência econômica e ao


fomento da economia. Nesse sentido, devemos analisar se o governo está
interferindo no mercado no sentido de sobretaxar determinados bens e serviços
desincentivando sua produção ou o contrário. Em suma, os impostos fazem com que
um produto ou serviço se torne mais caro ou mais barato independentemente da
e ciência de quem o oferta, e o governo deve estar atento a esse efeito dos impostos.

A arrecadação do governo é feita via tributos, que são divididos em


impostos, taxas e contribuição de melhorias.

Instrumentos da política
fiscal
Conforme vimos na de nição de política scal, ela trata dos gastos e arrecadação do
governo. Assim, para “fazer” política scal o governo utiliza seus gastos e/ou sua
arrecadação objetivando, sempre, alcançar algo com sua ação. Discutimos nas nossas
aulas, que as políticas macroeconômicas têm quatro objetivos e esses objetivos
podem ser buscados utilizando a política scal.

132
Mas, como o governo pode executar a política scal para atingir seus objetivos? O
governo pode decidir como, quando e para que utilizará seus recursos, essa é uma
maneira de fazer política scal. O governo decide, também, sobre as alíquotas de
impostos e isso é política scal. Vamos ver um exemplo prático:

No ano de 2008, houve uma crise internacional mais localizada, a princípio nos
Estados Unidos, batizada de crise das hipotecas, com ela houve, de modo geral, uma
redução no consumo mundial e o Brasil acabou passando a vender menos para o
resto do mundo já que ele estava em crise. Um dos mecanismos utilizados pelo então
Presidente Lula foi o de reduzir o IPI dos automóveis, objetivando reduzir seu preço e
elevar sua demanda.

Como consequência, tivemos a redução no preço dos carros, ocorreu uma elevação
da demanda e um aquecimento da economia brasileira, mais especi camente no
setor automobilístico. A indústria automobilística não reduziu sua produção e nem
precisou demitir pessoal.

Esse mesmo mecanismo foi utilizado com os produtos de linha branca. A esse tipo de
política scal damos o nome de expansionista no qual o objetivo do governo é
expandir, fazer crescer a economia. Se o objetivo fosse contrair a economia o governo
poderia, por exemplo, ter elevado o IPI desses produtos, assim as pessoas
demandariam menos e a economia se retrairia.

É dentro da política scal que o governo decide onde fará seus investimentos, dessa
forma, ela in uencia diretamente os cidadãos. Além disso, é por meio de tal política
que veri camos se o governo está endividado ou não, de onde tem vindo e para onde
estão indo os seus recursos.

133
Para aprofundar seus conhecimentos sobre os tributos no Brasil,
acesse o site abaixo e conheça quanto nós pagamos deimpostos, a
porcentagem de impostos inseridos em cada produto, e tantas
outrasinformações.

Site: Disponível aqui

134
16

Fundamentos do
Comércio Internacional
135
Olá, aluno(a), tudo bem? Seja bem-vindo(a) à nossa última aula da disciplina
Economia. Nesta aula, vamos discutir os fundamentos do comércio internacional, e
para isso, é preciso conhecer a política cambial e seus principais instrumentos.
Preparado?

Política cambial
A política cambial é fundamentada, segundo Mendes (2008), na administração da taxa
de câmbio e no controle das operações cambiais. Apesar do vínculo que ela mantém
com a política monetária, sua in uência é direta sobre as variáveis que estão
relacionadas às transações econômico- nanceiras do país, como o Brasil com os
demais países. Portanto, quando falamos em política cambial, nos referimos a
transações entre países e não apenas dentro da nação.

A política cambial é fundamentada na administração da taxa de câmbio


e no controle das operações cambiais.

A principal variável da política cambial e que afeta todo o comércio internacional é a


taxa de câmbio. Mas o que é a taxa de câmbio? Câmbio é uma palavra de origem
espanhola que signi ca troca, então quando pensamos em uma moeda estrangeira,
como o dólar, na verdade estamos pensando quanto vai custar esse dólar, ou seja,
quantos Reais eu preciso para comprar ou trocar por um dólar. Por exemplo, se a
taxa de câmbio Dólar/Real for de R$ 3,00 signi ca que precisamos de três reais para
comprar um dólar.

Então, taxa de câmbio é o valor que uma moeda nacional possui em termos de outra
moeda nacional. Dessa forma, podemos comparar o Real ao Dólar, ao Euro e, assim
por diante. Bem como podemos comparar Euro ao Dólar, Euro ao Franco.

136
A taxa de câmbio é um preço como de outro bem qualquer, assim, o que determina
seu valor, caso o regime cambial seja utuante, é a oferta e demanda de divisas. A
oferta de divisas depende, por exemplo, do volume de exportações, da entrada de
turistas que querem trocar dólar por Real, e de capitais externos. Já a demanda de
divisas depende do volume de importações, da saída de turistas e de capital externo.

Com base na lei oferta e demanda que discutimos, podemos concluir que quanto
maior for a oferta de divisas em relação à demanda, menor é a taxa de câmbio, já que
teremos mais dólar no mercado interno, o que faz com que o preço do dólar reduza.
Com isso, o Real sofre uma valorização cambial. Por outro lado, se aumentar a
demanda por dólares dada a oferta, a taxa de câmbio será maior, já que o dólar
estará mais caro, e assim o Real sofre uma desvalorização cambial.

Você percebeu como a lei oferta e demanda na qual nós estudamos na unidade dois
explica muitas das situações econômicas? A moeda é como qualquer outro bem,
oferta maior do que a demanda, o preço sobe, se a demanda for maior do que a
oferta, o preço cai.

Mas voltemos aos conceitos! Uma valorização cambial também chamada de


apreciação cambial, pode ser de nida como o aumento do poder de compra da
moeda nacional frente a uma moeda estrangeira. Como o preço é de nido com base
na moeda estrangeira, uma valorização cambial signi ca queda na taxa de câmbio.
Por exemplo, se em 02/04 o dólar valia três reais, e no dia 03/04 passou a valer dois
reais e noventa centavos, a rmamos que na situação apresentada houve uma
valorização cambial, já que precisaremos de dez centavos a menos para comprar um
dólar.

137
Dólar cai frente ao real com exterior e atuações do BC

O dólar oscilava em leve queda frente ao real nesta quarta-feira, um dia


após encerrar em seu maior patamar em uma semana, enquanto
agentes do mercado se mantinham atentos aos movimentos externos
e aos trabalhos na comissão especial da Reforma da Previdência na
Câmara. Dólar futuro cedia 0,09%, para 3,8430 reais.

Fonte: Disponível aqui

Por outro lado, quando temos uma depreciação cambial ou desvalorização cambial,
teremos uma redução do poder de compra da moeda nacional, e isso aumentará a
taxa de câmbio. Por exemplo, se no dia 02/04 o dólar valia dois reais e noventa
centavos, e no dia 03/04 passou para três reais, a rmamos que houve uma
desvalorização cambial.

Quando temos uma valorização cambial signi ca que precisaremos de


menos Real para comprar uma moeda estrangeira. Já a desvalorização
cambial é o oposto, precisaremos de mais moeda nacional, o Real, para
comprar uma moeda estrangeira.

138
Regimes cambiais
As situações apresentadas acontecem quando o país adota o regime de câmbio
exível. Mas o que é regime cambial? Como é classi cado? O regime cambial é a
forma como a taxa de câmbio é formada. Cada país adota um tipo de regime cambial,
que pode ser:

Regime de câmbio xo → nesse regime cambial mantém-se a taxa de câmbio em um


mesmo valor, ou seja, não há oscilação no preço da moeda em relação a outras
moedas. As leis da oferta e da demanda vão determinar preços, mas no caso do
câmbio xo isso não ocorrerá, ou seja, não será o mercado que determinará o preço
da moeda e, sim, o Governo.

Para manter o câmbio xo é preciso que o país tenha uma boa quantidade de
Reservas Internacionais, ou seja, moeda internacional, pois o Banco Central do país é
quem administrará o câmbio e, para isso, precisará trabalhar com essas Reservas.
Você deve estar se perguntando como?

Quando temos taxa de câmbio xo e o mercado demanda muita moeda estrangeira,


o Banco Central entra no mercado cambial ofertando moeda internacional para que o
preço dela não suba (não haja alteração na taxa cambial). Se o mercado está
demandando pouca moeda internacional a ponto de haver uma queda no seu preço,
o Banco Central entra nesse mercado comprando a moeda para evitar que o preço
dela caia. Com esses mecanismos, por parte do Banco Central, é que se mantém uma
taxa de câmbio xa.

Regime de câmbio utuante → nesse regime cambial é permitido que o preço da


moeda oscile de acordo com as condições de oferta e demanda do mercado. Nesse
caso, o Banco Central também compra e vende moeda estrangeira, no entanto, faz
isso apenas pela necessidade que tem de utilizar essa moeda, ele não entra no
mercado para in uenciar ou determinar o seu preço. No caso de câmbio utuante, o
preço da moeda será determinado pelas leis da oferta e da demanda. Se houver
maior demanda pela moeda, seu preço se elevará se a demanda cair, seu preço
também cairá.

139
Preço do dólar = 1 Real

O Dólar está muito barato,


e as pessoas demandam
mais dólares.

Se o regime é câmbio fixo Se o regime é Câmbio Flutuante

Apesar de haver pressão no O preço do Dólar aumenta:


mercado, o preço do Dólar não a demanda a demanda
muda. O Banco Central passa a aumentou e a oferta foi
ofertar Dólar para atender a mantida, então, houve
esse aumento na demanda e um aumento no preço.
manter o seu preço.

Além desses dois regimes cambiais, que são os mais utilizados, ainda temos os casos
intermediários entre o exível e o xo. Dentre esses regimes intermediários, podemos
citar a utuação suja em que o país adota o regime utuante, com o Banco Central
intervindo o dia inteiro para manter a taxa de câmbio em níveis adequados, sem
muitas oscilações.

Temos também as bandas de utuações, no qual o Banco Central estipula um valor


máximo e mínimo da taxa de câmbio, e o valor quando chegar aos limites estipulados,
o Banco Central interfere. Por exemplo, a taxa de câmbio pode variar entre R$ 2,50 e
R$ 3,00, dentro desse limite o mercado de ne, ao chegar aos extremos o Banco
Central vai vender ou comprar divisas até o valor do câmbio voltar ao patamar
estipulado.

Existem vantagens e desvantagens ao adotar cada um dos regimes cambiais. Porém,


cabe à autoridade econômica (e política) escolher o que melhor se adéqua à realidade
do seu país. E, no caso do Brasil, você já consegue responder à pergunta que zemos
no início deste tópico, ou seja, qual é o regime cambial adotado aqui? Adotamos o
regime de câmbio utuante!

Uma pergunta que você deve estar me fazendo é quem demanda dólar e quem oferta
dólar, certo? Os demandantes de dólares são turistas que viajam para o exterior;
pessoas ou empresas que importam produtos (compram produtos do exterior);

140
pessoas ou empresas que contraíram dívidas no exterior e precisam saldá-las; liais
de empresas cujas sedes são no exterior (ao remeterem lucros e dividendos).

Já os ofertantes de dólares são as pessoas ou empresas que exportam seus produtos;


turistas estrangeiros que vêm ao Brasil; investidores estrangeiros que investem no
Brasil; quem faz empréstimos no exterior.

Levando em conta quem são os ofertantes e demandantes de dólares, podemos


a rmar que o preço dessa mercadoria, ou seja, a taxa de câmbio é uma variável muito
importante para a economia. Com certeza, a taxa de câmbio in uenciará as relações
comerciais de residentes e os não residentes.

Efeitos da política cambial sobre a economia


Agora que você já conheceu a política cambial, vamos entender quais são os efeitos
dessa taxa de câmbio sobre a economia.

Taxa de câmbio sobre exportações e importações

Com a desvalorização cambial os compradores estrangeiros conseguem comprar


mais produtos importados do Brasil, e com isso, há um aumento na exportação do
nosso país. Por outro lado, ca mais caro para os brasileiros importarem, pois o dólar
estará mais caro e, portanto, os produtos importados também. Assim, a
desvalorização cambial estimula as exportações e desestimula as importações.

Situação oposta ocorre quando temos uma valorização cambial, os nossos produtos
carão muito caros no mercado internacional, e os produtos estrangeiros baratos.
Assim, uma valorização cambial estimulará as importações e desestimulará as
exportações.

Taxa de câmbio sobre a taxa de inflação

Um dos instrumentos de controle da in ação é a taxa de câmbio, o que pode ser feito
por meio da valorização cambial, que nesse caso, é chamada de âncora cambial.
Ocorre a seguinte situação: a taxa de câmbio é valorizada, o que torna a moeda

141
nacional mais forte, isso vai estimular a importação, fazendo com que a concorrência
aumente no mercado nacional, e, como você sabe, concorrência maior, preços
menores e, portanto, a in ação reduz.

Certamente você deve estar pensando que achamos a solução para os aumentos de
preços, mas não, pois com a moeda valorizada teremos outros problemas, como a
redução das exportações, aumento na dependência externa, e tantos outros
problemas.

Variação nominal e variação real do câmbio

Existe uma grande diferença entre variáveis nominais e reais, por exemplo, o salário
que vem no seu holerite ou contracheque é o salário nominal, já que o poder de
compra é o salário real. Agora que você já compreendeu a diferença, vamos analisar a
taxa de câmbio nominal e real, para isso, vamos a um exemplo: uma desvalorização
cambial de 10% é nominal, se a in ação for 10% não houve desvalorização nominal.

E por que essa diferença é tão importante? Porque o conceito de desvalorização ou


valorização cambial real é utilizado para averiguar a competitividade dos produtos
nacionais frente aos importados. Por exemplo, se a desvalorização nominal for maior
do que a in ação, a competitividade dos produtos nacionais aumentou.

Pode acontecer uma situação em que a variação cambial e a variação dos preços
sejam nulas, mas a in ação dos outros países foi positiva. Essa situação acarreta uma
desvalorização real da moeda nacional, aumentando a competitividade dos nossos
produtos.

Taxa de câmbio sobre a dívida externa do país

Ao desvalorizar a moeda o estoque da dívida externa em reais aumenta, mas não


afeta o saldo em dólares. No médio prazo, ao estimular as exportações e desestimular
as importações pode aumentar a oferta de dólares, o que faz com que a moeda
nacional valorize e a dívida externa em dólares reduza.

Por outro lado, uma valorização cambial reduz o valor da dívida externa em reais no
curto prazo, mas aumenta futuramente já que temos uma estimulação das
importações, o que levará à desvalorização cambial e ao aumento da dívida em reais.

142
Material Complementar
LIVRO

Título: O LIVRO DA ECONOMIA


Autor: Vários
Editora: Globo
Sinopse: escrito por um grupo de economistas, professores, jornalistas
e analistas financeiros, ‘O Livro da Economia’ apresenta as bases do
pensamento que pautou a evolução e as diversas teorias da economia
em todo o mundo. Numa escrita ágil, o livro aborda a história de como a
humanidade criou e entendeu o dinheiro, o comércio, a especulação, as
crises econômicas a partir dos principais nomes dessa ciência. Fartamente
ilustrado, “O livro da economia” é dividido em seis partes: “Iniciem o
comércio (400 a.C.-1770)”, “A Era da Razão (1770-1820)”, “Revoluções
industrial e econômica (1820-1929)”, “Guerra e depressões (1929-1945)”,
“Economia no pós-guerra (1945-1970)” e “Economia contemporânea
(1970-presente)”. Cada uma delas destaca teorias econômicas dos mais
renomados pensadores, de Aristóteles a John Maynard Keynes, passando
por Max Weber, John Stuart Mill, Vilfredo Pareto, Joseph Schumpeter e
Paul Krugman. É possível entender, assim, a “mão invisível do mercado”
de Adam Smith ou o “valor-trabalho” de Karl Marx, por exemplo. Mas
também saber do surgimento do primeiro banco (Florença, 1397), das
primeiras cédulas impressas (Banco da Escócia, 1696), da criação do FMI
(1944) e do nascimento dos Tigres Asiáticos (acordo Japão-Coreia do Sul,
1965), além do impacto do vapor e dos computadores em importantes
revoluções na história econômica humana. Comentário: escrito por
professores e estudiosos, de maneira simples e acessível, esse é um
livro completo e atualizado sobre economia. Nele, há breves biografias
de economistas, citações dos grandes pensadores, linha do tempo com
os principais acontecimentos, entre outros.

143
Material Complementar
FILME

Título: Roger & Eu


Ano: 1989

Sinopse: um documentário muito interessante que mostra o impacto


do desemprego na relação entre oferta e demanda de toda uma
comunidade. Esse é um documentário sobre o fechamento de 11
fábricas da GM, em Flit, no estado do Michigan, nos EUA, na década
de 1980, o que gerou 30 mil desempregos e afetou a vida econômica
da cidade.

WEB

Para se manter sempre atualizado sobre as variáveis econômicas, sugiro


os seguintes sites:

https://www.bcb.gov.br/
https://ibge.gov.br/
http://www.ipeadata.gov.br/Default.aspx

144
Conclusão
Olá, aluno(a), tudo bem? Chegamos ao final da disciplina Economia. Ao longo
das nossas discussões, você teve a oportunidade de conhecer um pouco
sobre essa ciência encantadora e que faz parte do nosso dia a dia que é a
Economia. Agora, você está apto a tomar as melhores decisões empresariais
dentro do ambiente econômico.

Nós vimos que a economia, diferente do que o senso comum afirma, é uma
ciência social, pois estuda a melhor forma de alocar os recursos produtos
que são limitados para a produção de bens e serviços de que as pessoas
necessitam. E como vimos, essas necessidades são ilimitadas. Para que isso
seja possível, a economia utiliza teorias e instrumentais matemáticos e es-
tatísticos.

Entendemos, também, que a economia é dividida em duas grandes áreas


de estudo: a microeconomia, que estuda os agentes econômicos individu-
almente, ou seja, famílias e empresas, e claro, a relação entre eles, e dessa
relação que o preço que conhecemos dos bens e serviços é formado; e a
macroeconomia, que estuda as variáveis econômicas no agregado, ou seja,
não há uma preocupação com setores específicos, e sim com a economia
como um todo.

Na microeconomia compreendemos os fundamentos da teoria do consu-


midor, e a famosa lei oferta e demanda. Essa lei norteia a prática econô-
mica, pois se a oferta por determinados bens e serviços for muito grande,
o preço tende a reduzir. Por outro lado, se existe uma demanda aquecida
por aqueles bens, o preço tende a aumentar. E, assim funciona a economia!
Mas sempre visando atingir o equilíbrio.

Na macroeconomia compreendemos os objetivos básicos do governo ao


implementar uma política econômica, seja ela monetária, que trata da mo-
eda, crédito e taxa de juros; fiscal que aborda os gastos e arrecadação do
governo; e a cambial que é fundamentada na administração da taxa de
câmbio e no controle das operações cambiais.

145
Claro que nesta disciplina apresentei a você alguns fundamentos introdu-
tórios das ciências econômicas, mas isso não significa que os temas eco-
nômicos se esgotem, muito pelo contrário, você poderá aprofundar seus
conhecimentos econômicos, sempre, pois temos muitas fontes de pesquisa
e áreas de estudo da economia.

Portanto, você, como futuro gestor, precisa sempre acompanhar a econo-


mia, que é muito dinâmica. Leia jornais, assista a telejornais, pesquise na
internet informações e dados das variáveis econômicas. Com isso, tenho
certeza de que você terá subsídios para tomar as melhores decisões.

Finalizo por aqui e espero que eu tenha conseguido atingir meu maior obje-
tivo, que é despertar em você a curiosidade pela economia e, principalmen-
te, pelo seu impacto na nossa vida. E lembre-se: qualquer dúvida, estamos
sempre à disposição.

Um forte abraço e até a próxima,

Profª. Drª. Andréia Moreira da Fonseca Boechat

146
Referências
MENDES, J. T. G. Economia: Fundamentos e Aplicações. São Paulo: Pearson Hall, 2004.
PASSOS, C.R.M.; NOGAMI, Otto. Princípios de Economia. São Paulo: Cengage Learning,
2012.
ROSSETTI, J. P. Introdução à economia. 21ª ed. São Paulo: Atlas, 2016.
VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
VASCONCELLOS, M. A. S. Economia micro e macro. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2015.
VASCONCELLOS, A. S. & GARCIA, M. Fundamentos de Economia. São Paulo: Saraiva,
2008.
VICECONTI, P. E. V.; NEVES, S. Introdução à Economia. 12ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

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