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1848: O aprendizado da República

Agulhon, Maurice / 1991

Breve apresentação
 
Existe muito e variado material de pesquisa sobre a Revolução Francesa de 1789, mas bem
pouco material sobre a de 1848, e ainda menos material tão cuidadosamente elaborado como este
livro de Maurice Agulhon, que conta com dados estatísticos e de geografia política, mapas que
tornam claras e precisas as informações etc. Neste livro, no entanto, o autor deixa propositalmente
em segundo plano as questões econômicas para focalizar especificamente os aspectos político e
sociopolítico.
Na verdade houve na França, depois 1789 e também depois do retrocesso com a volta da
monarquia, uma  sucessão de transformações da organização política que uns consideram como
uma sucessão de várias revoluções diferentes contrárias à monarquia absoluta, outros como um
conjunto de transformações que se somam em uma só grande Revolução Francesa (a mesma
iniciada em 1789).
Seja qual for o ponto de vista, é bastante claro que além das transformações envolvendo as
vitórias e derrotas dos grupos políticos presentes especificamente em 1789 e nos anos seguintes
do final do século XVIII, desde a ascenção dos partidos girondino e jacobino, passando pela
radicalização do Terror até a volta do Império nas mãos de Napoleão Bonaparte, é importante notar
que a França depois disso passou por outras três grandes reviravoltas políticas ao longo de todo o
século XIX: uma em 1832, que forçou o rei a seguir uma Constituição, a de 1848, que derrubou a
monarquia e instaurou a república, e a Comuna de Paris de 1871.
Maurice Agulhon nos fala sobre a "Revolução de 1848" –– conforme a compreensão dos próprios
participantes na época –– mas a partir de um olhar histórico que a mostra como efeito de forças
políticas vigentes já desde 1789 e como parte essencial, de grande importância, de todo um
processo de aprendizado social e histórico das formas de organização republicanas, que até então
não eram levadas a sério senão por minorias consideradas ultra-radicais.
Ao examinar as coisas deste ponto de vista, Agulhon está fazendo indiretamente o estudo das
fontes da organização de tipo republicano em geral, que em suas inúmeras variações, se mostra
dominante nos tempos atuais.
O mais interessante é notar que o livro de Agulhon se dedica também a examinar a importância
dos momentos de radicalização do republicanismo, e destaca a importância do registro
histórico dos acontecimentos e dos ideais, valores e experiências práticas de organização dos
grupos envolvidos.
A compreensão de Agulhon é a de que a importância dos momentos de radicalização do
posicionamento republicano está precisamente no fato de deixar marca na memória social,
combinando-se aos registros históricos –– o que tem efeito no processo de levar adiante as
transformações conseguidas, mantendo elementos das conquistas feitas mesmo durante os
períodos de retrocesso histórico.
A idéia do autor, então, parece ser a de que os momentos de radicalização marcam uma posição
extremada e em face disso, os agentes do retrocesso não conseguem retroceder tanto quando
desejariam –– o que garante uma sobrevida a alguma coisa das conquistas ou então da força de
luta dos revolucionários (no caso, dos republicanos).
O que há de bastante interessante nisto é que o principal papel dos revolucionários mais radicais
passa a ser, aos olhos do autor, um papel similar ao dos historiadores: o de deixar coisas marcadas
na memória social.
Neste sentido, o próprio livro de Agulhon –– um livro de história –– ao ser publicado visando
marcar na memória social o que foi o republicanismo revolucionário de 1848, representa
indiretamente um certo engajamento em favor do republicanismo, ao mesmo tempo que por outro
lado trata as versões mais radicais desse republicanismo apenas como uma espécie de
"marcadores de posição" na história e nos conflitos políticos, que tenderiam a se resolver sempre
em versões mais moderadas das coisas.
 Daí que, como não poderia deixar de ser, o retrocesso ao regime político imperial sob o
comando de Luís Bonaparte, depois da revolução de 48, não conseguisse evitar, apesar de toda a
repressão empreendida, a fixação do republicanismo como um posicionamento mais sólido.
Mas o que é uma organização "republicana"?
Segundo Agulhon, a grande questão que dividia os republicanos na época era a que ele exprime
com clareza no primeiro parágrafo do livro e no início do segudo, e ao esclarecê-la, o autor já
esboça sua visão do que é uma "república":
O ano de 1848 destaca-se na história francesa como uma nova mudança de regime político–– é
esta sua característica mais evidente. A República substitui a Monarquia, ou uma monarquia. Um
poder anônimo, mais ou menos coletivo, mas em todo caso amplamente despersonalizado e
dessacralizado, vem substituir o reinado de um homem, um Soberano designado e tido como
superior simplesmente pelo nascimento.
Que significa essa forma de poder? Um expediente para garantir o funcionamento do Estado na
falta provisória de um monarca, ou seja, uma espécie de regência? Ou um sistema que deve ser
escolhido por si mesmo, credor de méritos positivos? A primeira concepção –– a de república
transitória à espera da restauração da monarquia –– não é estranha à história da França.
 
 Em outras palavras, segundo Agulhon os republicanos de 1848 estavam divididos basicamente
entre os que eram verdadeiramente republicanos e os que pensavam na república apenas como
uma organização provisória até que a monarquia pudesse ser restabelecida. E dentro do primeiro
grupo, os mais radicais, sem conseguirem propriamente a república que queriam, no entanto
conseguiram fazer passar algo do que Agulhon descreve no primeiro parágrafo como "república",
inclusive a ponto de afetar em alguma medida o império estabelecido depois pelo sobrinho de
Napoleão, e fazer com que a chama de um republicanismo mais pleno pudesse ser levada adiante,
no sentido da compreensão atual da coisa, que é majoritariamente a de que a república é uma
forma de organização política desejável em si mesma, e não como passagem provisória para
alguma outra coisa.
Podemos ter uma ideia do percurso do livro a partir de um sumário de seus títulos e subtítulos. 
O livro tem 252  páginas e os capítulos se subdividem em pequenos trechos de entre uma e duas
páginas cada um, em média. Apesar disso, não se sentem esses cortes na leitura, que é contínua,
com cada divisão se integrando perfeitamente à anterior, a tal ponto que às verzes vemos os
próprios títulos das divisões do livro terminarem com reticênias para continuarem no título seguinte,
que começa com redicências também. As informações são sempre densas, mas de densidade
homogênea. A linguagem é clara e simples.
Essas inúmeras divisões do livro, como se pode perceber pelos seus títulos, focalizam, em sua
maioria, as datas de ocorrências politicamente importantes e as diferentes forças e grupos sociais
em luta, seus valores e condições de ação, suas lideranças oficiais e informais, o modo como els
emergem no cenário político, e o aparecimento e derrubada de leis e instituições que vão
emergindo dessa luta ou do predomínio de uma força sobre outra.
O "Índice" ou "Sumário" com o qual esta edição foi publicada leva em consideração apenas as
divisões maiores, isto é, os capítulos (que abaixo estão em negrito e sublinhados). O que se segue
aqui é uma lista completa dos títulos de todas as divisões e subdivisões em partes, não só
capítulos, mas também tópicos e subtópicos, dentro de cada capítulo, em que o autor organizou
efetivamente o livro:
 
1. Por que a república?
1. Um debate de história e política
a. Imagem e lembrança da revolução
b. O papel dos historiadores e da história
c. O declínio das dinastias
2. Uma sociedade em crise
a. O problema operário
b. O problema camponês
3. O romantismo e a educação do povo
a. Romantismo e populismo
b. Descoberta da França
c. Incerteza e confusões
d. ...porém democratismo difuso
4. Um "partido republicano"
a. Deputados
b. Jornais
c. Por que vias exercia-se influência?
d. Operários e republicanos
2. Tentativa e fracasso de um socialismo (24 de fevereiro - 4 de maio de 1848)
1. A mudança de regime
a. As jornadas de fevereiro
b. A formação do governo provisório
c. Uma república de semblante humano
d. A acolhida na província. Facilidade política...
e. ...dificuldades sociais
f. Problemas de interpretação
g. A adesão de Argel e suas perspectivas
2. O governo provisório em ação
a. Tendências diversas
b. Lamartine, a paz e a bandeira
c. As grandes decisões econômicas
d. As oficinas nacionais
e. A questão do socialismo
f. As grandes decisões políticas. Liberdade e igualdade
g. Paris livre. Os clubes
h. Ressurgimento das lutas de Classe. Blanqui
i. O problema da força armada. Jornadas de março
j. O problema das eleições. O 16 de abril
k. A província no tempo dos comissários da República
l. A província e suas tensões sociais
3. Forma-se o conlito
a. A eleição da Constituinte
b. O  primeiro derrmamento de sangue (Rouen)
c. O 4 de maio, nascimento oficial
3. O restabelecimento da ordem (maio de 1848 - junho de 1849)
1. A Comissão Executiva (5 de maio - 24 de junho de 1848)
a. A Comissão Executiva e o novo ministério
b. O 15 de maio e seus problemas
c. A opinião pública no começo de junho. Polarização
d. Os recém-chegados
e. Novo contexto, novo problema. As ferrovias
f. O fim das oficinas e a explosão da revolta operária
g. A opinião pública e as jornadas de junho
h. Cavaignac substitui os Cinco
2. O governo Cavaignac (24 de junho - 20 de dezembro de 1848)
a. A revolta esmagada
b. Cavaignac e a República
c. A Constituinte e a reação
d. Proudhon e o socialismo
e. A democracia se mantém
f. O despertar da província
g. Um problema de filosofia
h. Um problema de política
i. A eleição presidencial. Candidaturas
j. Resultados
3. Os primeiros tempos da presidência de L.N. Bonaparte (20 de dezembro de 1848 -
13 de junho de 1849
a. O juramento
b. O novo rumo político
c. Resistência e fim da Constituinte
d. A eleição legislativa de 13 de maio. Os partidos
e. Resultados. a revelação do socialismo rural
f. A expedição de Roma
g. O 13 de junho de 1849
4. Ordem ou democracia social: a França ante o grande debate
1. As condições econômicas em 1849-1850
a. Recuperação limitada
b. Um capitalismo sem líderes e sem confiança
c. Uma agricultura em depressão
2. A Montagne
a. Sua estratégia
b. Seus jornais e seus membros
c. Meios de ação e de organização
d. A vida política e a vida cotidiana nas regiões vermelhas
e. A associação como instrumento e como ideal moral
f. Misto de democracia e socialismo
3. O "partido da ordem"
a. O antigo vigor da polêmica anti-republicana
b. A sombria história do medo social
c. A época dos grandes mal-entendidos
d. Ordem
e. Associação-conspiração
f. Propriedade
g. Família
h. Violência, guilhotina, matadouro
i. Fobia do vermelho
j. Religião
k. Meios de ação. Propaganda...
l. ...Brochuras...
m. ...E principalmente compressão
4. Diversidades regionais
a. A província dos montagnards
b. A província dos conservadores
c. Espíritos de província ou espírito nacional?
d. A "França" argelina
e. As antilhas
f. Paris como centro mundano. O Élysée
g. Paris como centro intelectual. Ambientes políticos
5. Entre a ordem conservadora e a ordem bonapartista (junho de 1849 - novembro de
1851)
1. Bonaparte e os burgueses. Antítese...
2. ...E equívocos
3. A repressão exercida em conjunto
a. Repressão
b. Primeiros sinais de desacordo. O "31 de outubro"
c. A lei Falloux
d. O alcance
4. A reviravolta política de 1850
a. As eleições parciais e a lei de 31 de maio
b. A esquerda é levada à conspiração
c. O Élysée entra na campanha
d. Fracasso da fusão dinástica e divisãso dos conservadores
5. A ascensão do bonapartismo
a. O exército e o caso Changarnier
b. A desordem na Assembléia
c. O fracasso da revisão
d. As grasndes manobras políticas
e. A proposta dos questores
1. O golpe de Estado de Bonaparte e a resistência republicana (2-10 de dezembro de
1851)
1. O golpe de Estado em Paris
1. O anúncio
2. As prisões
3. A resistência da Assembléia
4. A resistência popular
5. O esmagamento
2. A resistência na província
1. Causas gerais
2. Motivos de fracasso e sucesso
3. Cronologia. Os primeiros dias. Centro e Sudoeste
4. Cronologia (continuação). Alguns fracassos, algumas conquistas. O Sudeste
5. A insurreição, fato político e militar
6. As colunas
7. A insurreição, alguns fatos econômicos e sociais esporádicos
3. Interpretações e consequências
1. A jacquerie
2. Importância da tese. Desdobramentos políticos imediatos
3. A tese da luta pelo direito
4. Discussão sociológica
5. Discussão ideológica
2. Do golpe de Estado ao Império (dezembro de 1851 - dezembro de 1852)
1. A repressão anti-republicana
1. Os princípios
2. As comissões mistas
3. A repressão judicial
4. A proscrição dos representantes
5. Caso de consciência
6. A sucessão da inteligência
2. As instituições
1. O primeiro plebiscito
2. A manutensão do sufrágio universal
3. A reação constitucional
4. Outros meios de ditadura
5. As eleições de 1852
6. O papel da Igreja
7. Os apoios sociais
3. As grandes iniciativas econômicas
1. A política social
2. O caso dos bens dos Orléans
3. A retomada industrial
4. O novo capitalismo
5. A política agrícola
4. A volta à monarquia imperial
1. A sessão do Corpo Legislativo
2. A viagem à Provença
3. O discurso de Bordéus
4. A restauração do Império
Conclusão
1. A República dos quarante-huitards
2. A República oficial
3. A ditadura bonapartista
Apêndice - Estatística da repressão da insurreição de dezembro de 1851  
(Arch. Nat. BB 30 424. Registro)
Cronologia
Bibliografia
Índice onomástico
 
 
O livro se encerra, em sua Conclusão, com a diferenciação entre os ideais mais sólida e
verdadeiramente republicanos presentes em 1848, que segundo o autor visavam um socialismo
indefinido, de contornos vagos mas claramente socialistas, e a república real que acabou
conseguindo firmar-se, sob o domínio dos conservadores, até a queda no imperialismo do sobrinho
de Napoleão. Ainda na mesma Conclusão, o autor passa por alto participações de diferentes
nomes importantes da política da época nessa confrontação, como Lamartine, Victor Hugo, Thiers e
outros, e termina por uma menção crítica mas principalmente elogiosa (embora superficial) a
Proudhon, e um rápido exame crítico do posicionamento de Marx sobre o assunto, no seu livro O
18 Brumário de Luís Bonaparte.

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