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Ex 20,16Não dirás falso testemunho contra o

teu próximo.
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Catecismo Romano
Parte III: Dos Mandamentos
CAPITULO NONO
Do Oitavo Mandamento[a]
“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”[b]

I. Importância do Preceito: [1] O quanto é útil e até necessário


1. Pecado generalizado ... explicar bem este Preceito e insis-
tir na observância de suas obriga-
ções, mostra-nos a palavras autorizada de São Tiago: Tg 3, 2Se
alguém não cair por palavra, este é um homem perfeito, capaz de re-
frear todo o seu corpo. E mais adiante: Tg 3,5Assim também a lín-
gua é um pequeno membro, mas pode gloriar-se de grandes coisas.
Considerai como uma pequena chama pode incendiar uma grande
floresta! E Assim vai discorrendo sobre o mesmo assunto.
Duas coisas quer lembrar-nos. Primeiro, que o vicio da lín-
gua é muito espalhado. E o Profeta confirma-o com as pala-
vras: Sl 116(115),11(2)Eu disse na hora da aflição: “Todo homem é
mentiroso”. Parece ser este quase o único pecado que existe
em todos os homens.

Segundo, que deste pecado surge


2. … que produz males sem
conta males sem conta. O maldizente[c] é
muitas vezes culpado de que se percam
bens, reputação, vida, e até a salvação da alma. Ora o
ofendido não sabe sofrer o agravo com paciência e procura
revidá-lo num desatino[d]; ora o próprio ofensor, por reprovável
vergonha e falso conceito de honra, recusa-se a dar satisfa-
ção ao ofendido.
[a] Catecismo Romano, Parte III, Cap IX. Petrópolis, Vozes, 1962, pp. 415 a 424
[b] Ex 20,16Não darás falso testemunho contra o teu próximo. || Dt 5,20Não darás falso tes-
temunho contra o próximo.
[c] Maldizente: aquele que fala mal dos outros, que difama.
[d] Desatino: ausência de bom senso ou de juízo; desvario, loucura, extravagân-
cia, insanidade, absurdo, desacerto, disparate.
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II. Cláusula proibitiva [2] Na explicação deste


mandamento, seguiremos o
mesmo método já praticado nos
preceitos anteriores. Nele distinguiremos duas cláusulas. Uma
que nos proíbe dizer falso testemunho; outra que nos manda
medir nossas palavras e ações pela simples verdade, pondo
de parte simulação e artifício. A proposito desta obrigação,
exortou o Apóstolo aos Efésios: Ef 4, 15vivendo segundo a
verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a
Cristo, que é a cabeça.

1. Falso testemunho em [3] Com ser especificada, pelo nome de


juízo ... falso testemunho, a primeira cláusula
deste preceito abrange toda afirmação categórica que se faça
em abono[a] ou desabono de outrem, quer em juízo, quer fora
dele. Mas antes de tudo proíbe o falso testemunho declarado
em juízo, debaixo do juramento.
A testemunha jura por Deus. Ora, mediante o juramento e a
invocação do Nome Divino, a declaração da testemunha ad-
quire o sumo[b] grau de credito e autoridade. Tal testemunho é
pois arriscado, e nisto está a razão principal de sua proibição.
Na verdade, as testemunhas que afirmam alguma coisa, sob
juramento, nem o juiz sequer pode excluí-las, a não ser em
casos previstos pela Lei, ou quando é notória sua má-fé e per-
versidade. Isto sobretudo porque há um dispositivo da Lei de
Deus: Mt 18,16Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas
pessoas, de modo que toda questão seja decidida sob a palavra de
duas ou três testemunhas. 2Cor 13,1Toda questão será resolvida
pela palavra de duas ou três testemunhas.
Contudo, para terem os fiéis uma noção nítida deste precei-
to, é preciso explicar-lhes o que significa a palavra próximo,
[a] Abono: documento, garantia, recomendação, aprovação, argumento de reforço
ou justificativa (de opinião, conceito etc.)
[b] Sumo: o mais alto, o mais elevado, que está na extremidade superior; que está
na ponta, extremo; sumo, supremo.
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contra o qual é absolutamente proibido levantar falso testemu-


nho.

a) contra outrem ... [4] Pela doutrina de Cristo Nosso Se-


nhor[a], próximo é todo aquele que ca-
rece de nosso auxílio, seja parente ou estranho, patrício ou fo-
rasteiro, amigo ou inimigo. É erro julgar que seja licito proferir
falso testemunho contra inimigos; o preceito de Deus Nosso
Senhor obriga a amá-los[b].

b) contra si mesmo ...Ainda mais. Como cada qual, em certo


sentido, é o próximo de si mesmo, não
se permite levantar falso contra a própria pessoa. Os que o
fazem lançam sobre si o ferrete[c] da desonra e ignomínia,
prejudicam-se a si mesmo e à Igreja, da qual são membros, à
semelhança dos suicidas que lesam também a coletividade.
[a] Lc 10,29Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30-
Jesus retomou: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assal-
tantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o quase
morto. 31Por acaso, um sacerdote estava passando por aquele caminho. Quando viu o ho-
mem, seguiu adiante, pelo outro lado. 32O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao
lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. 33Mas um samaritano, que estava
viajando, chegou perto dele, viu, e moveu-se de compaixão. 34Aproximou-se dele e tra-
tou-lhe as feridas, derramando nelas óleo e vinho. Depois colocou-o em seu próprio ani-
mal e o levou a uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou dois denários e
entregou-os ao dono da pensão, recomendando: “Toma conta dele! Quando eu voltar, pa-
garei o que tiveres gasto a mais”. E Jesus perguntou: 36“Na tua opinião, qual dos três foi
o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37Ele respondeu: “Aquele que
usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze tu a mesma
coisa”.
[b] Mt 5,43Ouvistes que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo! 44Ora, eu
vos digo: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! 45Assim vos
tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol sobre maus e
bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. 46Se amais somente aqueles que vos
amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma coisa? 47E se saudais
somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma
coisa? 48Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito.
[c] Ferrete: instrumento de ferro posto em brasa e destinado a marcar escravos,
criminosos e animais; a marca deixada por esse instrumento; marca, labéu; si-
nal de ignomínia; estigma, labéu.
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Por isso, Santo Agostinho doutrinava assim: “Aos menos


perspicazes, poderia parecer não proibido declarar falso con-
tra si mesmo, porque no preceito se acrescentou: 'Contra teu
próximo'. Mas nem por isso pode julgar-se livre deste pecado
quem tiver dito falso testemunho contra si próprio; pois a regra
de amor para com o próximo é o amor que cada qual tem para
consigo”.[a]

c) a favor de outrem ... [5] Por nos ser proibido lesar o próximo
com falso testemunho, ninguém julgue
que se permite o contrário, isto é, jurar falso, para con-
seguirmos algum bem ou vantagem a pessoas que nos estão
ligadas por laços naturais ou sobrenaturais. A ninguém pode-
mos valer, com mentiras e subterfúgios, e muito menos com
falso juramento.
Por isso, de acordo com os ensinamentos do Apóstolo, diz
Santo Agostinho, na “Epistolar a Crescêncio sobre a mentira”,
que a mentira faz parte dos falso testemunhos, ainda quando
se profira em pretenso louvor de alguém. Ao comentar a pas-
sagem 1Cor 15,15Se os mortos não ressuscitam, estaríamos teste-
munhando contra Deus que ele ressuscitou Cristo enquanto, de fato,
ele não o teria ressuscitado. – Diz ele: “O apóstolo chama de fal-
so testemunho, se alguém declara uma mentira a respeito de
Cristo, ainda que esta pareça reverter e Seu louvor” [b].

d) em prejuízo de outrem ... [6] Sucede, com muita frequência, que


[a] PL 41, 34. (De Civitate Dei contra Paganos libri viginti duo, Liber Primus, Caput
XX).
Mt 22,39Ora, o segundo lhe é semelhante: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’.
Mc 12,31E o segundo mandamento é: ‘Amarás teu próximo como a ti mesmo’! Não exis-
te outro mandamento maior do que estes.”
Lc 10, 27Ele respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a
tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e teu próximo como a ti
mesmo!”
Lv 19,18Não procures vingança nem guardes rancor aos teus compatriotas. Amarás o teu
próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.
[b] PL 40, 502. (De mendacio liber unus, Caput XII, 21).
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pessoa prejudica outra. Certamente, faz o juiz errar na causa;


levando, às vezes, por falsas testemunhas, decide contra o
direito em favor da injustiça, e vê-se obrigado a sentenciar
dessa maneira.
Quando uma pessoa ganha em juízo um processo, pelo fal-
so testemunho de outra, e isto fica impune, não raro acontece
que ela, radiante com a iníqua vitória, se habitua a subornar e
empregar falsas testemunhas, com o auxílio das quais espera
levar a bom termo todos os planos de sua ambição.
Mas a própria testemunha fica sumamente comprometida,
porque a tem por falsa e perjura, a própria pessoa a quem aju-
dou e defendeu com seu juramento. De outro lado, como a
sentença lhe favoreceu o crime, vai-se adestrando dia por dia
na prática habitual da audaciosa impiedade.

2. Qualquer espécie de[7] Sendo proibido os embustes[f],


mentira: mentiras e perjúrios por parte das
testemunhas, há igual proibição para os autores, réus, defen-
sores, promotores, procuradores, advogados, para todos em
geral, que constituem o tribunal.
Por último, Deus proíbe todo testemunho que acarrete incô-
modo ou detrimento[g] a terceiros, quer em juízo, quer fora
dele. No Levítico, onde novamente se inculcam [h] estas deter-
minações, está expresso: Lv 19,11Não furtareis, não mentireis, e
ninguém engane seu próximo.
Assim, ninguém pode duvidar de que Deus, por este precei-
to, proíbe e condena toda espécie de mentira, Davi também o

[f] Embuste: mentira, adulteração, aprontar, arapuca, ardil, ardilosa, armação, arti-
fício, astúcia, barganha, blefe, burla, cambalacho, cavilação, cilada, conluio, de-
fraudação, dolo, embromação, embrulho, embuste, engano, engodo, esperteza,
falcatrua, falsificação, farsa, fraude, futrico, golpe, impostura, insídia, lambança,
logro, ludíbrio, malícia, manha, manobra, maquinação, mutreta, patifaria, perfí-
dia, traficância, tramoia, trapaça, treta, truque.
[g] Detrimento: dano moral ou material; prejuízo, perda.
[h] Inculcar: gravar, imprimir (algo) no espírito de alguém; recomendar, apregoar,
indicar, citar, impingir, sugerir, revelar, demonstrar.
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atesta com a maior evidência: Sl 5,7Destróis os mentirosos.


a) Calúnia … [8] Em virtude deste preceito, proíbe-se
não só o falso testemunho, mas
também o abominável[a] vício e costume de falar mal do próxi-
mo. Como de uma peste, parece incrível quão numerosos e
graves são os danos e males que daí resultam. O vezo [b] de
falar do próximo às ocultas, em termos maléficos e depreciati-
vos, é reprovado a cada passo nas Sagradas Escrituras. Sl
100(101), 5Não comerei com ele.[c], declara Davi. Santiago reco-
menda: Tg 5,13Não faleis mal uns dos outros, meus irmãos. Além
das prescrições, as Sagradas Escrituras aduzem exemplos
que evidenciam a graveza deste pecado. Assim, Amã conse-
guiu, por falsas acusações, indispor de tal maneira o rei
Assuero contra os judeus, que este deu ordem de matar todos
os varões daquele povo.[d] De tais exemplos estão repletas as
Sagradas Escrituras. Os sacerdotes dar-se-ão ao trabalho de
citá-los, para que os fiéis tenham horror ao tremendo pecado.

b) detração … [9] Para se conhecer o pecado de de-


tração[e], em todas as suas modalida-
des, é preciso notar que a boa fama do homem pode ser lesa-
da, não só pela calúnia, como pela exageração e exacerbação
de faltas reais.
No caso de cometer alguém uma falta absolutamente ocul-
ta, cuja divulgação lhe prejudica e destrói o bom nome, é com
razão considerado detrator e maldizente aquele que a revela,
em circunstância não necessária de lugar, tempo e pessoas.

c) denegrir a Religião e Entretanto, a mais criminosa de todas


defender heresias ...
[a] Abominável: detestável, que inspira aversão, horror, deplorável, execrável.
[b] Vezo: hábito ou costume de fazer algo repreensível, maneira repetida ou fre-
quente de agir, rotina, falta, defeito, mancha, imperfeição, vício.
[c] Gr. e sir: Não comerei com ele.
[d] Est 3,13 ou Est capitulo 13 em algumas traduções.
[e] Detração: ato ou efeito de detrair, depreciação do mérito de alguém ou algo;
detratação, menosprezo, expressão maledicente; difamação, calúnia, mexerico.
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as detratações é a praticada por aqueles que desfazem na


doutrina católica e seus pregadores. Pecado análogo
cometem os que louvam e exaltam os mestres de doutrinas
viciosas e errôneas.

[10] não se dissociam desta mesma


d) dar ouvidos a detratores ...
classe de homens, e participam d
mesma culpa, os que dão ouvidos aos detratores e maldizen-
tes[a], os que não censuram os caluniadores, os que de bom
grado concordam com suas afirmações.
Conforme escrevem São Jeronimo [b] e São Bernado[c], não
é fácil decidir-se o que seja mais condenável, se o murmu-
rar[d], se o escutar a murmuração. Na verdade, não haveria de-
tratores, se não houvera quem os escutasse.

e) fazer enredos ... São da mesma categoria os que por


seus enredos[e] desunem os homens, e
assanham-nos uns contra os outros; os que muito se com-
prazem em semear discórdia para com suas intrigas desfaze-
rem as mais firmes uniões e alianças, para levarem os melho-
res amigos a ódios mortais e lutas armadas.
Estas peste de homens, o Senhor a detesta pelas palavras:
Lv 19,16Não espalhes boatos, nem levantes falsos testemunhos contra
a vida do teu próximo.
De tal jaez[f] havia muitos entre os conselheiros de Saul.
Tentavam desviar-lhe a afeição por Davi, e indispô-lo como re

[a] Maldizente: que ou aquele que fala mal dos outros, que difama; maledicente,
malfalante, malédico.
[b] PL 22, 538;
[c] PL 182, 756C – 757A;
[d] Murmurar: lamentar-se em tom plangente, sofrido; queixar-se, lastimar-se, res-
mungar.
[e] Enredo: intriga, mexerico, artifício enganoso; ardil, ludíbrio, informação falsa ou
controvertida; mentira, fábula, intriga, teia, trama.
[f] Jaez: natureza ou qualidade fundamental; tipo específico; conjunto de traços ou
características.
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contra Ele[g].

f) lisonjear ... [11] Afinal, pecam nesta parte os adu-


ladores e lisonjeiros[a]. Com blandicias e
fingidos louvores. Insinuam-se nos ouvidos e no coração de
pessoas influentes, das quais esperam proteção, dinheiro e
honras. Como observa o Profeta, Is 5,20ao que é mal chamam
bem, e ao que é bem chamam mal.
Davi exorta-nos a arredar[b] tais pessoas de nosso trato e
convivência. São suas as palavras: Sl 140, 5Que o justo me bata
e o fiel me repreenda, mas que o óleo do ímpio não me perfume a ca-
beça[c]; entre suas maldades continuo minhas preces.
Ainda que nenhum mal digam de seu próximo, não deixam
contudo de prejudicá-lo sobremaneira. Louvando-lhes os pe-
cados, tornam-se causa de que persista neles até o fim da
vida.

g) aleivosia … Mas[d] prejudicial, em seu gênero, é a


adulação que visa a desgraça e a ruína
[e]
do próximo. Destarte , querendo ansiosamente expor Davi ao

[g] 1Sm 22,9Doeg, o edomita, que estava entre os ministros de Saul, disse: “Eu vi o filho
de Jessé chegar a Nob, à casa de Aquimelec, filho de Aquitob. 10E Aquimelec consultou
Javé por David e também lhe deu provisões e a espada de Golias, o filisteu”. […]
1Sm 24,2[...] 5Os soldados disseram a Davi: “Este certamente é o dia do qual o SE-
NHOR te falou: ‘Eu te entregarei o teu inimigo, para que faças dele o que quiseres’”.
Então Davi aproximou-se de mansinho e cortou a ponta do manto de Saul. 6Mas logo se
arrependeu por ter feito aquilo 7e disse aos soldados: “Que o Senhor me livre de fa-
zer uma coisa dessas ao ungido do Senhor, levantando a minha mão contra ele, o
ungido do Senhor”. [...] 10E disse a Saul: “Por que dás ouvidos aos que te dizem que
Davi procura tua ruína?
[a] Lisonjeiro: que ou aquele que dirige elogios interessados a alguém; adulador,
bajulador, lisonjeador.
[b] Arredar: afastar, desviar, provocar o recuo de, remover, retirar.
[c] O óleo do pecador é a adulação.
[d] Aleivosia: traição ou crime cometido com falsas demonstrações de amizade,
perfídia, deslealdade, qualidade de quem engana, atraiçoa, dolo, fraude, injúria,
calúnia, descumprimento de promessa; falseta.
[e] Destarte: assim, desta maneira; dessarte = desta + arte.
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furor e À espada dos Filisteus, par que fosse morto, Saul li-
sonjeava-o com estas palavras: 1Sm 18, 17Saul disse a Davi:
“Aqui está minha filha mais velha, Merab. Eu vou dá-la a ti como es-
posa, contanto que sejas um valente guerreiro para mim e combatas
nas guerras do Senhor”. Saul pensava: “Levante-se contra ele não a
minha mão, mas a dos filisteus”. De maneira idêntica, os Judeus
dirigiram a Cristo as palavras insidiosas: Mt 22, 15Os fariseus
saíram e fizeram um plano para apanhar Jesus em alguma palavra.
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Mandaram os seus discípulos, junto com alguns partidários de
Herodes, para perguntar: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e que
ensinas o caminho de Deus segundo a verdade.

h) iludir moribundos ...[12] Muito mais perniciosos é o falar de


amigos, afins e parentes, quando ás
vezes lisonjeiam os doentes gravíssimos, já próximos de
desatar o espirito. Afirmando-lhes que não há nenhum perigo
de morte, insistem em que fiquem alegres e satisfeitos; desvi-
am sua atenção da Confissão dos pecados, como se fosse a
mias triste das lembranças; fazem afinal que o doente não cui-
de nem reflita no sumo perigo a que está exposto.
Força é, portanto, evitar toda espécie de mentira, ms sobre-
tudo a que pode causar grave dano ao próximo. A mais impia
das mentiras consiste em mentir contra a Religião ou acerca
de assuntos religiosos.

[13] Grave ofensa de Deus constituem


i) escrever libelos difamató-
rios ... as detratações e afrontas, que se fazem
por libelos difamatórios, e outros escritos injuriosos[a].
Mentiras jocosas e oficiosas são absolutamente indignas,
ainda que não ofendam nem defendam ninguém. Esta é a
exortação do Apóstolo: Ef 4, 25Portanto, tendo vós todos rompido
com a mentira, que cada um diga a verdade ao seu próximo, pois so-

[a] De libellis famosis. Vide bullam S. Pii V datam 1572 et bullam Gregorii XII da-
tam eodem anno.
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mos membros uns dos outros.[a]

Dai provém grande propensão par


j) mentir por brincadeira ...
mentir frequentes e mais graves. Pelas
mentiras jocosas tomam os os homens o vezo [c] de mentir, e
[b]

ficam com a fama de não serem verdadeiros. Então, para se


fazerem acreditar, são obrigados à jurar continuamente.

Por último, esta primeira cláusula do


h) fingir ou dissimular ...
preceito repudia também o fingimento;
há malícia de pecado, tanto no que se diga, como no que se
faça hipocritamente. Palavras e ações são índices [d] e reflexos
do que se passa na alma do indivíduo. Por esse motivo,
censurando muitas vezes os fariseus, o Senhor dá-lhes o
nome de hipócritas[e].

[a] Ef 4,25Por isso, renunciai à mentira. Fale cada um a seu próximo a verdade, pois somos
membros uns dos outros. (Bíblia Ave-Maria)
[b] Jocosa: que provoca o riso; engraçado, divertido, cômico.
[c] Vezo: hábito ou costume de fazer algo repreensível,maneira repetida ou fre-
quente de agir; costume, hábito, rotina
[d] Índices = sinais
[e] Hipócrita: que ou aquele que demonstra uma coisa, quando sente ou pensa
outra, que dissimula sua verdadeira personalidade e afeta, quase sempre por
motivos interesseiros ou por medo de assumir sua verdadeira natureza, quali-
dades ou sentimentos que não possui; fingido, falso, simulado, enganador, fingi-
do, trapaceiro.
Mt 15,7Hipócritas! O profeta Isaías profetizou bem a vosso respeito; 8Este povo me hon-
ra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
Mt 22,18Jesus percebeu-lhes a maldade e disse: ‘Hipócritas! Por que me armais uma ci-
lada?
Mt 23,14Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Devorais as casas das viúvas, fingindo
fazer longas orações. Por isso, sereis castigados com muito maior rigor. 15Ai de vós, es-
cribas e fariseus hipócritas! Percorreis mares e terras para fazer um prosélito e, quando o
conseguis, fazeis dele um filho do inferno duas vezes pior que vós mesmos. 23Ai de vós,
escribas e fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e des-
prezais os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Eis o
que era preciso praticar em primeiro lugar, sem contudo deixar o restante. 25Ai de vós,
escribas e fariseus hipócritas! Limpais por fora o copo e o prato e por dentro estais
cheios de roubo e de intemperança. 27Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois se-
melhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão chei -
11

Tanto se diga da primeira parte do preceito, que é proibitiva.


[a]
Daqui por diante, exporemos o que o Senhor manda positi-
vamente na segunda cláusula.

III. Cláusula preceptiva: [14] Objeto próprio desta segunda


1. Deveres dos juízes ... parte do preceito é que os tribunais
exerçam a justiça de acordo com
as leis não desviando para si as causas, nem usurpando [b] a
jurisdição. Pois, como escreve o Apóstolo, não é licito, julgar
um servo alheio[c], par não se dar sentença sem pleno
conhecimento de causa.
Contra este ponto errou a assembleia de sacerdotes e es-
cribas que julgarão Santo Estevão. [d] O mesmo erro comete-
ram os magistrados de Filipos, dos quais escreveu o Apóstolo:
At 16,37Mas Paulo mandou dizer: “Fomos açoitados em público sem
nenhum processo, fomos lançados na prisão sem levar em conta que
somos cidadãos romanos; e agora nos mandam embora clandestina-
mente? De modo algum! Que os magistrados venham soltar-nos pes-

os de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão. 29Ai de vós, escribas e fariseus


hipócritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais os monumentos dos justos
Mc 7,6Jesus disse-lhes: Isaías com muita razão profetizou de vós, hipócritas, quando es-
creveu: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim.
Lc 12,56Hipócritas! Sabeis distinguir os aspectos do céu e da terra; como, pois, não sa -
beis reconhecer o tempo presente?
Lc 13,15Hipócritas!, disse-lhes o Senhor. Não desamarra cada um de vós no sábado o
seu boi ou o seu jumento da manjedoura, para os levar a beber?
[a] Vide Thom. 2,2, q. 211 per totam.
[b] Usurpar: apossar-se de … pela força, assumir, obter ou fazer uso de ... (sem
direito).
[c] Rm 14,4Quem és tu para condenar o servo de um outro? É para seu próprio senhor que
ele fica de pé ou cai. De fato, ele vai continuar de pé, pois o Senhor tem poder de susten -
tá-lo.
[d] At 6,9Mas alguns membros da sinagoga chamada dos Libertos, junto com alguns judeus
de Cirene e de Alexandria e outros da Cilícia e da Ásia, começaram a discutir com Estê-
vão. 10Não conseguiam, porém, resistir à sabedoria e ao Espírito com que ele falava. 11-
Subornaram então uns indivíduos, que disseram: “Ouvimos este homem falar blasfêmias
contra Moisés e contra Deus”. 12Deste modo incitaram o povo, os anciãos e os escribas.
Estes prenderam Estêvão e o conduziram ao Sinédrio. 13Aí apresentaram falsas testemu-
nhas, que diziam: “Este homem não cessa de falar contra o Lugar Santo e contra a Lei.
12

soalmente”.
Enfim, (os juizes) não condenem os inocentes [a], nem ab-
sorvam os culpados: não se deixem levar pela cobiça, nem
pelo respeito humano[b], nem pelo ódio, nem pela simpatia.
Assim falou Moisés aos anciãos, que constituíra como juí-
zes do povo: Dt 1,16Naquele tempo dei aos juízes a seguinte ordem:
‘Ouvi vossos irmãos e julgai com justiça as questões que cada um ti-
ver, seja com seu irmão israelita, seja com um estrangeiro. 17Não fa-
çais acepção de pessoas em vossos julgamentos. Ouvi tanto os pe-
quenos como os grandes, sem temor de ninguém, porque a Deus per-
tence o juízo.
2. Deveres dos acusados ... [15] Dos réus e culpados quer Deus que
digam a verdade, se forem interrogados
[c]
em forma judicial. Este testemunho constitui, de certo modo,
um louvor e glorificação de Deus, como o sentia Josué,
quando procurou induzir Acã a confessar a verdade: Js
7,19Josué disse então a Acã: “Meu filho, dá glória ao Senhor, Deus de
Israel. Apresenta-lhe a confissão. Conta-me o que fizeste; nada me
escondas”.

[a] Ex 23,7Afasta-te de causas mentirosas. Não mates o inocente e o justo, pois não vou de-
clarar justo o culpado.
[b] Chama-se de “respeito humano” o pecado de ter vergonha de assumir a posi-
ção de cristão, sobretudo de católico, nos meios em que se vive. Assim, muitos
escondem sua identidade católica, não rezam em público, não participam, por
exemplo, das Procissões nas ruas, e outras atividades, com receio de manifes-
tarem os sinais exteriores da fé católica. Temem a zombaria e coisas semelhan-
tes. Fonte: Felipe Aquino. O Cristão e o Respeito Humano. <<http://blog.can-
caonova.com/felipeaquino/2008/11/19/o-cristao-e-o-respeito-humano/>> aces-
so: 06/09/2010; 07h32min.
[c] Veja-se, todavia, o que dizem em contrário os moralistas: “In causi criminalisbus
vero ec iure moderno tum ecclesiastico tum civili reus non est obligatus ad confessio -
nem proprii criminis, nec ad danda resposa quibus convincatur. Ratio est, quia in causa
criminali reo concedi debet ius defensionis; defensio autem in eu est quod negando cri-
men vel argumenta contraria proferendo unus probationis in iudicem devolvit” (Noldin.
Summa Theol. Mor. II IV I. 1q. 3 nº 732). – o CIC diz assim “Iudici legitime inter-
roganti partes respondere renentur et fateri veriratem. Nisi agatur de delicto ab ipsis
commisso” (Can 1713 § I)
13

[16] Como este preceito se refere, muito


3. Deveres das testemunhas ...
em particular, às testemunhas, deve o
pároco ocupar-se delas com maior advertência.
Pelo seu teor, o preceito não se limita a proibir o falso teste-
munho, mas ordena também que se diga a verdade. Na vida
humana, emprega-se largamente o verdadeiro testemunho,
pois há um sem-número de coisas que certamente escapari-
am ao nosso conhecimento, se as não soubéssemos pela de-
claração de testemunhas fidedignas.
Portanto, nada é mais necessário do que a veracidade dos
testemunhos acerca de coisas que não sabemos por nós mes-
mos, mas que nem por isso podemos ignorar. Existe a propó-
sito uma observação de Santo Agostinho: “Aquele que oculta
a verdade, como aquele que diz uma mentira, são ambos cul-
pados. O primeiro, porque não quer ser útil; o segundo, por-
que deseja prejudicar”[a].
Por vezes, é licito calar a verdade fora do tribunal. Em juízo,
porém, deve dizer-se absolutamente a verdade, quando a tes-
temunha é interrogada pelo juiz competente [b]. Nessa ocasião,
guardem-se as testemunhas de confiar demais na própria me-
mória, para não afirmarem como certo o que de sua parte não
foi bem averiguado[c].
Resta falar dos autores e advogados, dos promotores e so-
licitadores.

[17] Nas ocasiões necessárias, não


4. Deveres das outras partes ...
devem os primeiros (advogados) negar
às pessoas seu serviço e assistência profissional. De boa
vontade assistirão aos pobres; não aceitarão a defesa de cau-

[a] PL 187,868
[b] A proposição: É sempre licito ocultar a verdade por meio de restrições, quando for ne-
cessário para a defesa da vida, honra, fortuna, ou para qualquer boa obra: – Foi conde-
nada pelo mesmo como doutrina perigosa (DZ 1177).
[c] “De ratione, testis est. Ut factum de quo testatur sciat: scire autem testis illud tantun cen-
setur, quod suis ipse sensibus percipit” (Noldin Suma Theol. Mor. II IV q. 5 nº 739)
14

sas injustas; não devem protelar a ação com chicanas [a], nem
paliá-la[b] por avareza. A remuneração de seu esforço e
trabalho seja determinado com justiça e equilíbrio.
[18] Os autores e promotores sejam exortados a não opri-
mirem ninguém com injustas pronúncias [c], movidos por ami-
zade, ódio, ou qualquer outra paixão[d].

Para todos os bons cristãos vale afinal


5. Deveres dos cristãos em
geral
o preceito divino de sempre falarem
sinceramente a verdade, em suas reuniões e conversas; de
não dizerem nada que possa lesar a fama de outrem, nem
sequer daqueles que, como é de seu conhecimento, os ofen-
dem e perseguem. Não devem esquecer que entre eles e os
outros se interpõe a mais intima ligação, por serem membros
do mesmo corpo.[e]

[a] Chicana: dificuldade criada, no curso de um processo judicial, pela apresenta-


ção de um argumento com base num detalhe ou num ponto irrelevante; abuso
dos recursos, sutilezas e formalidades da justiça; contestação feita de má-fé;
manobra capciosa; trapaça, tramoia.
[b] Paliá-la de paliar: revestir de falsa aparência; encobrir, dissimular, disfarçar; tor-
nar menos intenso; abrandar, amenizar, atenuar; aliviar provisoriamente; tratar
com paliativo, remediar; empregar delongas; adiar, protelar
[c] Pronúncia: rubrica jurídica. Despacho pelo qual o juiz declara que alguém está
indiciado como autor ou cúmplice de um crime
[d] Paixão: rubrica na filosofia. inclinação emocional violenta, capaz de dominar
completamente a conduta humana e afastá-la da desejável capacidade de auto-
nomia e escolha racional, ânimo favorável ou contrário a alguma coisa e que
supera os limites da razão.
[e] 1Cor 12,12Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os memb-
ros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com
Cristo. 13De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num
só Espírito, para formarmos um só corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito.
Cl 1,18Ele é a Cabeça do corpo, que é a Igreja; é o princípio, Primogênito dentre os mor-
tos, de sorte que em tudo tem a primazia.
Cl 2,19e rejeitam a cabeça, Cristo, em virtude do qual o corpo todo é provido e bem uni -
do, com articulações e ligamentos, e cresce como Deus o faz crescer.
Ef 1,22Deus pôs tudo debaixo de seus pés e o constituiu acima de tudo, como cabeça da
Igreja, 23que é o seu Corpo, a plenitude daquele que se plenifica em todas as coisas.
Gl 2,26Com efeito, vós todos sois filhos de Deus pela fé no Cristo Jesus. 27Vós todos que
fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. 28Não há mais judeu ou grego, es-
15

IV. Motivação do Preceito: Pecado …[19] Mas para que os fiéis


1. particularmente execrado por Deus
mais prontamente se
[e]
precatem do vício de
mentir, o pároco lhes fará ver a enorme desgraça e torpeza [f]
desse pecado. Nas Sagradas Escrituras, o demônio chama-se
“pai da mentira”. Por não haver persistido na verdade, o
demônio é mentiroso, é o autor da mentira.[g]
A fim de extirpar tão grande crime, o pároco falará ainda
de suas péssimas consequências. Como são inumeráveis,
apontará as principais origens e ramificações de seus danos e
desgraças.
Primeiro, mostrará quanto o homem desleal e mentiroso
ofende a Deus e provoca Sua cólera [d]. Em abono pode citar o
testemunho de Salomão: Pv 6, 16Seis coisas detesta o SENHOR e
uma sétima sua alma abomina: 17olhos empinados, língua mentirosa,
mãos que derramam sangue inocente, 18coração que maquina projetos
perversos, pés velozes para correrem ao mal, 19a testemunha falsa,
proferindo mentiras, e quem semeia a discórdia entre irmãos.[e]
Ora, se alguém é singularmente odiado por Deus quem po-
cravo ou livre, homem ou mulher, pois todos vós sois um só, em Cristo Jesus.
Cl 1,24Alegro-me nos sofrimentos que tenho suportado por vós e completo, na minha
carne, o que falta às tribulações de Cristo em favor do seu Corpo que é a Igreja.
[e] Precatem: vem do verbo precatar: pôr (alguém ou a si mesmo) de sobreaviso
a respeito de (algo ou alguém); acautelar(-se), prevenir(-se) – etimologia obscu-
ra; acreditam estar relacionado a precaver, ou relaciona ao espanhol percatar
'advertir, considerar', sinonímia de prevenir.
[f] Torpeza: qualidade, condição ou ato que revela indignidade, infâmia, baixeza;
ato ou qualidade de indecente, de obsceno; qualidade daquilo que é repulsivo.
[g] Jo 8,44O vosso pai é o diabo, e quereis cumprir o desejo do vosso pai. Ele era assassino
desde o começo e não se manteve na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele
fala mentira, fala o que é próprio dele, pois ele é mentiroso e pai da mentira.
[d] Cólera: sentimento de violenta oposição contra o que revolta, escandaliza, mo-
lesta ou prejudica; intensa raiva facilmente provocável; ira. indignação justa e
punitiva que se atribui a Deus quando Ele corrige os desvios de comporta-
mento e os erros dos homens.
Ave-Maria
[e] Pr 6,16Seis coisas há que o Senhor odeia e uma sétima que lhe é uma abomina-
ção: 17olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, 18um cora-
ção que maquina projetos perversos, pés pressurosos em correr ao mal, 19um falso teste-
munho que profere mentiras e aquele que semeia discórdias entre irmãos.
16

deria salvá-lo, para que não os mais rigorosos castigos?

[20] Depois, haverá coisa mais torpe e


2. … que exclui de eterna
bem-aventurança infame, como reparou São Tiago, do
que servir-nos da mesma língua com que bendizemos a Deus
Pai, para maldizer os homens fitos à imagem e semelhança
de Deus. É como uma fonte que pela mesma abertura dita
água doce e água salobra.[a]
Com efeito, a mesma língua que antes louvava e glorificava
a Deus, põe-se depois pela mentira a cobri-lO, quanto pode,
de injurias e vitupérios[b]. Esta é a razão por que os mentirosos
são excluídos da posse da celeste bem-aventurança. Por isto,
quando Davi perguntou a Deus: “Quem há de morar no Vosso
Tabernáculo?” – o Espírito Santo repondeu-lhe: “Aquele que
diz a verdade no coração, e não faz embustes com a língua”. [c]
[a] Tg 3,1Meus irmãos, não queirais todos ser mestres, pois sabeis que estamos sujeitos a
julgamento mais severo. 2Todos nós tropeçamos em muitas coisas. Aquele que não peca
no uso da língua é um homem perfeito, capaz de refrear também o corpo todo. 3Se po-
mos um freio na boca do cavalo para que nos obedeça, conseguimos controlar o seu cor -
po todo. 4Reparai também nos navios: por maiores que sejam, e impelidos por ventos
impetuosos, são, entretanto, conduzidos por um pequeníssimo leme, na direção que o ti-
moneiro deseja. 5Assim também a língua, embora seja um membro pequeno, se gloria de
grandes coisas. Comparai o tamanho da chama com o da floresta que ela incendeia!
6
Ora, também a língua é um fogo! É o universo da malícia! Está entre os nossos memb-
ros contaminando o corpo todo e pondo em chamas a roda da vida, sendo ela mesma in -
flamada pelo inferno! 7De fato, toda espécie de feras, de aves, de répteis e de animais
marinhos pode ser domada e tem sido domada pela espécie humana. 8Mas a língua, ne-
nhum ser humano consegue domá-la: ela é um mal que não desiste e está cheia de vene-
no mortífero. 9Com ela bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos as pessoas,
feitas à imagem de Deus. 10Da mesma boca saem bênção e maldição! Ora, meus irmãos,
não convém que seja assim. 11Porventura a fonte faz jorrar, pelo mesmo orifício, água
doce e água amarga? 12Porventura a figueira, meus irmãos, é capaz de produzir azeito-
nas, ou a videira, figos? Assim também a fonte salina não pode produzir água doce.
[b] Vitupério: ato ou efeito de vituperar, vituperação; palavra, atitude ou gesto que
tem o poder de ofender a dignidade ou a honra de alguém; afronta, insulto; acu-
sação infamante, injúria; qualquer ato infame, vergonhoso ou criminoso.
[c] Sl 15(14),1SENHOR, quem pode habitar na tua tenda? E morar no teu santo monte? 2A-
quele que vive sem culpa, age com justiça e fala a verdade no seu coração; 3que não diz
calúnia com sua língua, não causa dano ao próximo e não lança insulto ao vizinho.
17

3. … que é quase incurável


O pior dano da mentira é que constitui
uma doença de espírito [espiritual] quase incurável. Pois o
pecado de calúnia e o de detratação à fama do próximo não
são perdoados, enquanto o caluniador não der satisfação ao
ofendido pelas injustiças praticadas.[a]
Isso, porém, se torna muito difícil aos homens; antes de
tudo, porque se deixam levar, como já advertimos, por vergo-
nha e falsos sentimentos de dignidade. Ora, não podemos du-
vidar que, com tal pecado, a pessoa se condena aos eternos
suplícios do inferno.
Ninguém pode tão pouco esperar o perdão de suas calúni-
as e detratações, se antes não der satisfação a quem foi por
ele lesado na fama ou consideração, quer em juízo público,
quer em conversas familiares e reservadas.

4. … que produz funestas De mais a mais, estes efeitos per-


e
incalculáveis consequênciasniciosos[b] vão muito longe, atin-
gem outras pessoas, porquanto a fraude e a mentira destroem
a boa fé e a veracidade, os mais sólidos esteios [c] da
sociedade humana. Com a supressão destes, surge extrema
confusão na vida cotidiana, de sorte que os homens em nada
parecem distinguir-se dos demônios.
O pároco ensinará ainda que é preciso evitar a loquacida-
[d]
de . Quem a foge arreda de si outros pecados, e dispõe de
grande defesa contra a mentira. Deste vício dificilmente se
guardam as pessoas muito dadas a falar.[e]

[a] Lembra nos que o profeta Abias, e o apostolo São Paulo que nos fala sobre a
injustiça:
Ab 1,15Pois o dia do Senhor está chegando para todas as nações! Como fizeste aos
outros, será feito contigo! Os atos que praticaste cairão sobre tua cabeça!
Cl 3,25Quem cometer injustiça receberá a paga devida, sem distinção de pessoas.
[b] Pernicioso: que faz mal; nocivo, ruinoso; desfavorável; maléfico, malfazejo.
[c] Esteio: sustentáculo, arrimo, égide.
[d] Loquacidade: palavrosidade, tagarelice, verborreia, verbosidade.
[e] Jó 27,4meus lábios não falarão iniquidade nem minha língua pronunciará mentiras.
18

[21] Por último, o pároco desfará o


5. … Refutação das escusas: Mentir
… a) vantagem ... erro dos que tenham justificar a
impostura de suas palavras, ale-
gando o exemplo de pessoas precavidas, como dizem que
mentem na ocasião oportuna.
Deve então lembrar-lhes como grande verdade, que a pru-
dência da carne é morte.[a] Exorte os ouvintes a confiarem em
Deus, por ocasião de aflições e necessidades, e a não recor-
rerem à astúcia da mentira. Quem procura tal saída, dá mos-
tras de que quer antes apoia-se na própria prudência, do que
confiar na Providência Divina.

b) por revide. Alguns lançam a culpa de sua mentira


sobre outros, que também os
enganaram com falsidades. Devemos ensinar-lhes que aos
homens não é licito vingar-se a si mesmos, nem retribuir o mal
com o mal, mas que devem, antes, vencer o mal com o bem. [b]
Pr 10,8Quem tem um coração de sábio aceita os mandamentos, quem é insensato no fa-
lar se arruína.
Pr 10,19No muito falar não faltará o pecado, ao passo que é muito prudente quem mode-
ra os lábios.
Pr 13,3Quem guarda a própria boca preserva a vida; quem se descuida no falar causa a
própria ruína.
Pr 29,20Viste alguém precipitado para falar? O ignorante dá mais esperança do que ele.
Ecle 3,7tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de falar;
Eclo 13,14[poderoso] Não pretendas falar com ele de igual para igual, nem creias no seu
palavreado; com sua abundância de palavras te experimentará e, entre sorrisos, perscru -
tará os teus segredos.
Eclo 20,5Há quem, estando calado, seja tido por sábio, como se torna odioso quem é
descomedido no falar.
[a] Rm 8,6Na verdade, as aspirações da carne levam à morte e as aspirações do Espírito le-
vam à vida e à paz.
[b] Rm 12,17A ninguém pagueis o mal com o mal. Empenhai-vos em fazer o bem diante de
todos. 18Na medida do possível e enquanto depender de vós, vivei em paz com todos. 19-
Caríssimos, não vos vingueis de ninguém, mas cedei o passo à ira de Deus, porquanto
está escrito: “A mim pertence a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor”. 20Pelo contrário,
se teu inimigo estiver com fome, dá-lhe de comer; se estiver com sede, dá-lhe de beber.
Agindo assim, estarás amontoando brasas sobre sua cabeça. 21Não te deixes vencer pelo
mal, mas vence o mal pelo bem.
1Pd 3,9Não pagueis o mal com o mal, nem ofensa com ofensa. Ao contrário, abençoai,
19

Ainda que tal revide fora licito, ninguém teria vantagem em


vingar-se com dano próprio, pois gravíssimo é o dano que nos
infligimos a nós mesmos, quando dizemos mentira.

c) por fragilidade ... Aos que aduzem, como desculpa, a


covarde fragilidade da natureza
humana, devemos lembrar-lhes a obrigação natural de pedi-
rem o auxílio divino, e de não cederem à fraqueza humana.

d) por hábito ... Outros escusam-se com o hábito


adquirido. Ora, se tomaram o hábito de
mentir, cumpre admoestá-los a que esforcem por contrair o
hábito contrário de falar sempre a verdade sobretudo, porque
os useiros e vezeiros na mentira pecam mais gravemente, do
que o restante dos homens.

e) por imitação ... [22] não falta quem se cubra com o


exemplo de outros, sustentando, em
defesa, própria, que os outro mentem e perjuram a cada
passo. É preciso desenganá-los de tal opinião, argumentando
que os maus não são dignos de imitação, mas passíveis de
censura e correção. Todavia, se nós mesmos praticarmos a
mentira, pouca influência terão nossas palavras, quando re-
preendemos e corrigimos o próximo.

f) por medo da verdade ... Em própria defesa, objetam alguns que,


falando a verdade, tiveram muitas

porque para isto fostes chamados: para serdes herdeiros da bênção. 10“De fato, quem
quer amar a vida e ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e seus lábios de falar
mentiras. 11Afaste-se do mal e faça o bem, busque a paz e vá ao seu encalço. 12Pois os
olhos do Senhor estão sobre os justos e seus ouvidos estão atentos à sua prece, mas o
rosto do Senhor volta-se contra os malfeitores”. 13Ora, quem é que vos fará mal, se vos
esforçais por fazer o bem? 14Mais que isso, se tiverdes que sofrer por causa da justiça,
felizes de vós! Não tenhais medo de suas intimidações, nem vos deixeis perturbar. 15An-
tes, declarai santo, em vossos corações, o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos a
dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir.
20

vezes de passar vexames. Devem os sacerdotes refutá-los


que tais palavras exprimem uma acusação em lugar de
defesa, porque o dever do cristão é antes sofrer algum percal-
ço, do que proferir uma mentira.

g) por brincadeira … [23] Resta ainda falarmos de duas


h) por oportunismo. classes de pessoas que desculpam
suas mentiras. Como dizem, umas mentem por brincadeira;
outras mentem por oportunismo, pois sem mentira não fariam
compras nem vendas vantajosas.
Ambos os grupos devem o pároco livrar dessa falsa menta-
lidade. Aos primeiros [aos engraçadinhos], arrancá-los-á do vi-
cio, fazendo-lhes ver, quanto as mentiras frequentes arraigam
o hábito de cometer tal pecado; dizendo-lhes também, que da-
rão contas de todas palavra ociosa.[a]
Aos segundos [aos injustos] repreenda, com mais rigor,
porque sua desculpa envolve maior acusação contra eles
mesmos. Pois assim claramente a entender que não acredi-
tam nem prezam as palavras divinas: “Procurai, antes de tudo
o Reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão

[a] Mt 12,36Eu vos digo: de toda palavra vã que se proferir há de se prestar conta, no dia do
juízo. 37Por causa das tuas palavras serás considerado justo; e por causa das tuas palavras
serás condenado”.
Tg 3,1Meus irmãos, não queirais todos ser mestres, pois sabeis que estamos sujeitos a
julgamento mais severo. 2Todos nós tropeçamos em muitas coisas. Aquele que não peca
no uso da língua é um homem perfeito, capaz de refrear também o corpo todo. 3Se po-
mos um freio na boca do cavalo para que nos obedeça, conseguimos controlar o seu cor -
po todo. 4Reparai também nos navios: por maiores que sejam, e impelidos por ventos
impetuosos, são, entretanto, conduzidos por um pequeníssimo leme, na direção que o ti-
moneiro deseja. 5Assim também a língua, embora seja um membro pequeno, se gloria de
grandes coisas. Comparai o tamanho da chama com o da floresta que ela incendeia!
6
Ora, também a língua é um fogo! É o universo da malícia! Está entre os nossos memb-
ros contaminando o corpo todo e pondo em chamas a roda da vida, sendo ela mesma in -
flamada pelo inferno!
Jd 1,15para exercer o juízo contra todos, e para denunciar todos os ímpios a respeito de
todas as impiedades que cometeram e dos insultos que, como ímpios pecadores, proferi-
ram contra ele”.
21

dadas de acréscimo”.[a]

[a] Mt 6,33Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas
vos serão dadas por acréscimo.

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