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Pessoa Natural
Toda pessoa natural tem personalidade.
Personalidade: aptidão de titularidade de direitos e obrigações.
Distinção: capacidade de direito e aquisição
Art. 3 e 4 - Capacidade de fato ou de exercício -> autonomia de decisão. Ter condição
para deliberar sobre os próprios atos. Exige maturidade, consciência e sobretudo
discernimento.
Art. 1 CV – Toda pessoa (pessoa natural) é capaz (direito ou aquisição = personalidade)
de direitos e deveres na ordem civil.
Art. 3 e 4 – Incapacidade de exercício
Art. 3 – Absolutamente Incapazes
Art. 4 – Relativamente Incapazes
Início da personalidade – art. 2
Começa do nascimento do indivíduo, com vida.
Lei põe a salvo desde a concepção, nascituro
Separação do corpo do filho e do corpo da mãe, no parto. Se o filho chega a respirar,
nasceu com vida.
* Nascituro: Feto humano em fase de gestação; ser humano durante a gravidez da mãe.
* Concepção: Fecundação do óvulo materno pelo espermatozoide paterno.
Natural: relação sexual
Inseminação artificial: auxílio da medicina/sem relação sexual. Introdução do material
genético no corpo da mulher, no momento mais propício para que o óvulo seja fecundado.
Fertilização in vitro: fecundação do óvulo masculino se faz em laboratório. Fora do
organismo feminino. O óvulo fecundado em laboratório cria o chamado EMBRIÃO
HUMANO.
Distinção:
Embrião humano: óvulo fecundado
Nascituro: é condição que pressupõe início de gravidez -> NIDAÇÃO: a fixação do óvulo
fecundado nas paredes do útero onde começa a se desenvolver.
Teorias em torno do direito de personalidade.
1) Teoria clássica ou natalista
O início da personalidade se dá a partir do nascimento com vida.
2) Teoria concepcionista (concepção tradicional)
2.1 – Início da personalidade a partir da concepção. O embrião humano, mesmo que
produzido em laboratório, já teria personalidade.
2.2 – Início da personalidade a partir do início da gravidez. O nascituro já tem
personalidade.
Síntese da Doutrina Brasileira
Entendimento majoritário
Questão polêmica
Sobre o início da personalidade
1) O simples embrião humano não é titular de personalidade (não é sujeito de direitos).
2) O nascituro já é titular de alguns direitos. Como personalidade em sentido formal
(garantias fundamentais).
Direitos da personalidade: Garantias fundamentais de todo ser humano. Ex.: direito a vida,
a integridade moral, a honra e a imagem.
3) A personalidade em sentido material (titularidade de direitos patrimoniais) exige
nascimento com vida.
Situação Jurídica do Embrião Humano
Lacuna legislativa – Falta da lei específica
Resolução 2168/2017 – CFM (Conselho Federal de Medicina)
de uma altarquia federal/posição inferior na hierarquia das leis; incapaz de mudar o Código
Civil.
Parâmetros éticos (o que um médico pode ou não pode fazer em termos de reprodução
humana) sobre as técnicas de reprodução assistida (RA).
uso dessas técnicas deve ser apenas para propiciar a filiação – vedação por ex.: a
clonagem.
Banco de Material Genético (criopreservação)
* óvulos, espermatozoides, embrião humano.
* anonimato dos doadores em face dos receptores. -> qualificação mantida de forma
apartada.
Qualquer pessoa capaz pode fazer o uso das técnicas de reprodução assistida.
* Gestação por substituição -> doação temporária de útero (vedação à comercialização,
pela ética médica)
Reprodução assistida “post morten”
Proteção Legal ao Nascituro (início de gravidez)
- Direito da personalidade -> vida e integridade física (integr. moral e imagem).
CF/88 – art. 5, capit. X
CCB, art. 11 a 21
- O nascituro já é considerado titular desses direitos e dessas personalidades em sentido
formal.
Reserva de quinhão em inventário. CPC, art. 650.
Exemplo: Reconhecimento da paternidade. CCB, art. 1609 p. único
o reconhecimento poderá preceder ao nascimento.
CCB, art. 542; Doação
Alimentos gravídicos – Lei 11804/2008 -> contribuição do pai
Gestante: despesas extraordinárias.
Incapazes de exercício
*A Lei, de forma taxativa (exaustiva)
Inúmeras situações de pessoas que presumivelmente, não tem maturidade, consciência e
discernimento suficientes para terem autonomia de decisão sobre seus direitos.
*Ideal Protetivo*
Art. 3: Absolutamente incapazes
Só uma situação: menores até 16 anos.
Outras terminologias: menores impúberes/púberes (não praticam atos da vida civil)
Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8069/90 ECA
Criança: 0 a 12
Adolescente: 12 a 18
Devem ser representados por representação legal: ideia de substituição; pratica o ato no
lugar do menor.
Representantes legais dos menores- Pais (pai e mãe); genitores em igualdade de
condições civis. -> 1634, VII
GENITORES:Na falta dos pais, o juiz deverá nomear um tutor.
Tutor: Representante legal nomeado pelo juiz para um menor de idade na falta, ou
impossibilidade dos pais (normalmente um familiar próximo)
Tutela: Art. 1728 a 1766 do Código Civil
Art. 4: Relativamente incapazes
I – menores entre 16 - 18 anos
*Necessidade de assistência legal na generalidade dos atos da vida civil. Representação:
ideia de substituição
Representação: ideia de substituição
Assistência: envolve fiscalização, apoio e aconselhamento.
*Em algumas situações previamente previstas em lei, já se dá aos menores entre 16 e 18
anos, plena autonomia (não é necessária a assistência).
CF/88 Art. 14, § 1, II, “c” ] voto
Lei 4375/64: alistamento militar
CCB: Art. 228 – testemunha
Art. 666 – mandato (procuração)
Art. 1860, p. único.
II – Ébrios habituais e os viciados em alcoolistas (dipsômanos) e em tóxicos
(drogadictos)
* Não basta o consumo excessivo e/ou compulsivo de álcool ou substância entorpecente.
Não basta a dependência química. É necessário para haver incapacidade relativa, que o
discernimento (lucidez) da pessoa fique comprometida.
Situações mais graves:
Drogas lícitas/ilícitas, poderá ser incapacitante se não houver discernimento pela ilicitude.
Ex.: cigarro gera dependência química, remédios também.
Processo de interdição -> CPC, Art. 747 a 758 = é obrigatória a realização de prova pericial
(perícia médica)
Ao final do processo, tem-se a sentença de interdição, que é o estado civil de incapaz.
Nomeação de um curador para a pessoa interditada.
Curador: assistente legal nomeado pelo juiz para o incapaz interditado/fiscalizar e proteger
seus interesses.
Curatela: Instituto correspondente -> estão sujeitos a curatela aqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. CCB 1767 a 1783
* ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA (Lei 13.146/2015)
III – Aqueles que por causa transitória ou permanente não puderem exprimir a sua
vontade.
Situações traumáticas que levam o indivíduo a um estado de choque, ou biológico ->
estado de coma; estados que se prolongam no tempo.
Processo de interdição/nomeação do curador -> fundamento é sempre a incapacidade da
pessoa que se é desejada interditar.
IV – Os pródigos
Prodigalidades: desvio de comportamento/personalidade que não chega a ser enfermidade
mental.
Pródigos: descontrole patrimonial
Gastos excessivos e sem sentido. Dissipação dos patrimônios e dilapidação dos bens. Ex.:
apostadores de jogos de azar.
* A prodigalidade pode vir a ser interditada. -> nunca é um ato isolado, prolonga-se com o
tempo.
Cuidado conceitual:
Possibilidade de interdição – nomeação do curador *art. 1782
Parágrafo único: Índios
Lei 6001/73. Estatuto do índio
Decreto 7778/2012: Estatuto da FUNAI
Regime tutelar especial a cargo da FUNAI.
Questão de integração na sociedade -> é possível ter um tutor/ a FUNAI protege em
questões de vulnerabilidade do índio.
* Mecanismos protetivos previstos para a proteção de deficientes e enfermos
mentais
Art. 84 a 87 – nomeação judicial de um curador especial para o deficiente ou enfermo
mental.
Características: temporariedade (o menor tempo necessário)
Atos patrimoniais específicos
* É uma curatela sem processo formal de interdição.
Art. 1783 – A do Código Civil – Introdução no CCB, pela lei 13146/2015
Petição conjunta (pedido formulado ao juiz) quando existe enfermo/doente mental + 2
apoiadores (nomeação judicial/ membros da família)
Proteção legal aos incapazes
Enumeração de artigos da lei que referem a incapacidades para protege-lo
Principal mecanismo protetivo
Necessidade de representação ou assistência na prática de atos da vida civil.
Invalidade dos atos se faltar representação ou assistência.
Nulidade – Art. 166, I – Absolutamente incapazes
Anulabilidade – Art. 171, I – relativamente incapazes
Precisam ser representados/ assistidos -> se não, os atos são inválidos.
Outros mecanismos protetivos:
CCB, Art. 2016: Se, em uma sucessão (por morte de alguém – herança) existir herdeiro
incapaz, a partilha dos bens é sempre decidida pelo juiz (diante de uma regra protetiva)
CPC: Art. 178, II: Em qualquer demanda envolvendo interesse de incapaz, é obrigatória a
intervenção (‘’fiscal da lei’’) do ministério público.
Fim das incapacidades
Pressuposto: existência do estado de um incapaz
1) Processo de interdição = incapacidades que resultam de um processo de interdição (art.
4º, II, II, IV) ébrios habituais, viciados em tóxicos, os que não podem exprimir sua vontade,
pródigos.
Possibilidade de Levantamento da interdição: Art. 756 -> provar ao juiz que a causa que
gerou a incapacidade tenha deixado de existir.
2) Fim da menoridade civil: 0 – 16 absolutamente incapaz
16 – 18 relativamente incapaz
Art. 5º: maioridade civil – 18 anos
Autonomia para prática dos atos da vida civil, maturidade para deliberar sobre os próprios
direitos.
P. Único: emancipação
* antecipação dos fetos da maioridade civil -> vale apenas para os atos da vida civil.
Casos de emancipação:
I – Concessão dos pais (escritura pública) feita por tabelionato.
Ambos os pais (pai e mãe)
A partir dos 16 anos
Não depende da homologação judicial
Atender aos interesses do menor
Menor sob tutela: o tutor não pode emancipa-lo por escritura pública (atribuição que a lei
dá aos pais, não ao tutor)
Necessidade de decisão judicial
II – Casamento é emancipatório – Art. 1513 -> a família deve ficar a salvo de interferências
externas.
Art. 1517 – Idade Núbil: 16 anos
Autorização dos pais (revogável até a celebração do casamento); habilitação para o
casamento – Cartório de Registro Civil
Registro Civil
A emancipação é definitiva
Casamento emancipa o cônjuge
III – Exercício de emprego público efetivo- ingresso por concurso público
Lei 8112/90: Serviço público federal – idade mínima de 18 anos
IV – Colação de grau em curso superior
V – Pessoa que tenha estabelecimento civil ou comercial ou relação de emprego: jovem
exerce atividade econômica/economia própria -> autonomia financeira
Fim da Personalidade
Morte -> Art. 6º - morte cerebral (conceito médico)
3 situações possíveis:
1) Prova direta da morte = Presença do corpo e do médico. Atestado de óbito: registro
no cartório de registro civil. Assento do óbito (registro do óbito arquivado nos livros do
Cartório) através dele é emitida a certidão de óbito. Art. 77 – Lei dos registros públicos
(LRP)
2) Prova indireta da morte = Falta do corpo e certeza da morte -> 1º situação de morte
presumida.
Art. 7º
I – Extremamente provável a morte de quem estava em risco de vida.: para essas
circunstâncias, a lei prevê um procedimento judicial específico.
* justificação da morte – LRP art. 88
* procedimento de jurisdição voluntária (não há conflito)
Família -> pedido ao juiz, que que declara a morte
* sentença de morte presumida -> manda o cartório de registro civil lavrar o assento de
óbito. (CPC)
II – Conflito armado: presumidamente declarado morto caso não reapareça em até dois
anos após o conflito.
3) Ausência = Falta de corpo e dúvida sobre a morte. CCB, Art. 22 a 39/ CPC Art.
744/745
* Desaparecimento da pessoa -> dúvida sobre a morte da pessoa.
Art. 22: Justificativa do instituto
Não interessa à ordem jurídica que um patrimônio fique acéfalo (sem direção) em prejuízos
de credores, dependentes e correndo riscos de deterioração.
Ação declaratória de ausência -> não há prazo definido em lei.
Prova do desaparecimento -> sentença declaratória de ausência.
... (estado formal) – situação jurídica
* Nomeação de um curador:
- Cônjuge, companheiro, parente próximo da família do ausente.
-> Funções do curador: Promover a arrecadação de bens do ausente (leva tempo); praticar
atos de conservação de patrimônio.
Art. 26 -> 1 ano após conclusão da arrecadação de bens (fase burocrática).
* Abertura da sucessão provisória dos bens do ausente:
Deixa de existir a função do curador;
A posse provisória dos bens é transferida para os herdeiros que o ausente tenha deixado;
Os herdeiros passam a usar os bens, mas não dispõem deles, salvo a autorização do juiz.
Ex.: em uma casa, continuam morando nela, mas não há a possibilidade de vende-la.
Art. 37: 10 anos depois de aberta a sucessão provisória, o herdeiro pode solicitar a
conversão da sucessão provisória em definitiva.
Os herdeiros são considerados titulares definitivos daqueles bens.
2 observações:
1) Art. 39 - Reaparecimento do ausente
retomada dos bens
2) Art. 6 - ...presume-se a morte em relação ao ausente nos casos em que a lei autoriza a
abertura da sucessão definitiva.
Fim da personalidade
2 aspectos finais
1) Comoriência – Art. 8 -> Presunção legal de que as pessoas (simultaneidade de morte,
morreram ao mesmo tempo; só existe quando não se pode constatar a circunstância da
ordem cronológica da morte dos demais)
2) Registos Públicos
Origens históricas -> importância política do censo (coleta de dados)
Idade Média -> Atribuição vinculada à Igreja Católica.
Brasil:
Império, 1861 – Lei 1144 – Instituiu o 1º Registro Civil de pessoas não católicas
República: separação entre Estado/Igreja
Sistema de Registros Públicos
Lei 6015/73: Lei dos Registros Públicos
Registro Civil de Pessoas Naturais: Art. 29 a 113 da LRP
* Cartório de Registro Civil
Nascimento: Art. 50 a 66. Assento: Registro do feto, arquivado nos livros do Cartório.
Certidão de nascimento.
Óbito (morte): Regulada Art. 77 a 88: Assento; e depois respectiva certidão.
Obs: Art. 53 -> se refere ao registro do natimorto
Código Civil
Art. 9º: serão registrados em Registros Públicos (registro civil de pessoas naturais)
I – Nascimentos, casamentos, óbitos
II – Atos de emancipação (Art. 5º, p. único)
III – Sentenças de interdição
IV – Sentenças de ausência e de morte presumida
Art. 10º: Averbação (acréscimo de informação a um assento já existente)
I – Sentenças de invalidade de casamento (divórcio)
II – Atos judiciais e extra judiciais de reconhecimento de filiação
Direitos da Personalidade
* São garantias fundamentais que a ordem jurídica reconhece a todo ser humano.
* Séculos XVI e XVII = Escola do Direito Natural (Jusnaturalismo)
Hugo Grotius
Revolução Francesa, 1789 -> Declaração dos direitos do homem.
Criação da ONU 1948 -> Declaração Universal dos direitos do Homem (referindo-se a
garantias fundamentais)
Política de defesa dos Direitos Humanos
*3 características:
1) Absolutos: Não no sentido de ilimitados, mas no sentido de serem “oponíveis
(expectativas defensáveis = cada indivíduo pode defender seus direitos de personalidade
perante todos) erga omnes”
2) Inalienáveis: Insuscetível de alienação. Não pode ser alienada/ transferido a ninguém.
Alienação: Sentido de transmissão, transferência de titularidade. Os direitos da
personalidade são intrínsecos/imanentes da condição humana. Não podem ser objetos de
renúncia.
3) Imprescritíveis: Não está sujeito a prescrição.
Prescrição: perda de um direito por que o titular perdeu o prazo para exercê-lo.
Direitos da personalidade não tem prazo para serem exercidos.
*Constitucionalização do tema:
Quando um assunto/tema é significativo (do CCB) e o legislador traz para dentro da
Constituição (upgrade).
CF/88:
Aspecto principiológico: Direito é a ciência do dever ter. Lei = mundo ideal (Hans Kelsen)
Art. 1º: Fundamentos da República
III – Dignidade Humana
Art. 4º: Princípios quanto as Relações Internacionais
II – Prevalência dos Direitos Humanos
Art. 5º: Garantias Fundamentais
Caput: Referência à vida e liberdade (integridade).
Integridade física -> Inciso XLVII: vedação à pena de morte. (Quebrar a ordem
constitucional pra isso)
Inciso III: vedação a tratamento desumano ou degradante, tortura.
Inciso XLVII: vedação a trabalhos forçados/penas cruéis.
Inciso XV: liberdade de locomoção; liberdade de ir e vir.
Integridade moral/intelectual
Inciso IV: liberdade de pensamento
Inciso VI e VII: liberdade religiosa e de convicção política
Inciso IX: manifestação artística
*Art. 5º: Inciso X: Intimidade, vida privada, honra, imagem.
1) Intimidade e vida privada: direito à não exposição de vida. Direito ao segredo. Vida
reservada, não divulgados em público.
Inciso XII: Inviolabilidade das correspondências das comunicações. Ex.: grampear
chamada.
2) Honra: espelho da dignidade humana.
a) Honra subjetiva: amor-próprio, auto estima.
b) Honra objetivas: respeitabilidade/credibilidade da pessoa no meio social -> medo do
que os outros pensam de você.
3) Imagem: expressão física, corporal da pessoa
Captação da imagem (fotografia/filmes)
Uso da imagem
Uso indevido da imagem fere a honra e a intimidade.
Código Civil
Art. 11 – (texto correto) “Os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis,
*não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária, com exceção dos casos previstos
em lei”
direitos da personalidade -> instransmissíveis, inalienáveis e irrenunciáveis = não há
exceções na lei.
Doação de órgãos
Participação de reality show
Cirurgia para identificação de gênero -> definir identidade de gênero.
Art. 12 -> Proteção aos direitos da personalidade
3 partes: “sem prejuízos de outras sanções previstas em lei”. Violação a direitos da
personalidade.
Prática de crime – CP. Art. 138 (CRIMES CONTRA A HONRA)
“Pode-se exigir que cesse a ameaça ou lesão a direito da personalidade”} -> proteção
preventiva
A violação do direito da personalidade está em via de acontecer ou está acontecendo...
“previdências judiciais de emergência” CPC, Art. 294 a 311. Tutela Provisória (tutelas de
urgência e evidência): medidas liminares para evitar que a lesão ao direito fundamental
ocorra.
“e reclamar perdas e danos...” -> indenização: proteção
Indenização -> danos
1) Danos materiais = Significam um prejuízo patrimonial/ econômico. Indenização:
Recomposição do patrimônio da vítima. Preço.
2) Danos morais = Violação a direitos da personalidade. Indenização: Valor em dinheiro =
sentido de compensação a vítima pelo mal sofrido (sanção civil ao ofensor). Não significa
preço.
Arbitramento pelo juiz: Parâmetro genéricos
Situação econômica e social dos envolvidos
Gravidade da lesão
Jurisprudência -> reparação por anos morais
Proteção “post mortem”
Art. 12 e 20, p. únicos; CV atribuindo legitimidade para familiares próximos da pessoa
ofendida (já falecida) protegerem até judicialmente, os direitos da personalidade do morto.
Integridade Física -> atos de disposição do próprio corpo
Art. 13, 14, 15 do Código Civil
Art. 13: defesos -> proibidos “salvos por exigência médica” (razões médicas)
Intervenção cirúrgica -> redução permanente da integridade física.
Ato que atenta contra os bons costumes
Transplante de órgãos: Legislação especial
Lei 9434/97: Vedação a comercialização de órgãos humanos
Cirurgias de adequação de gênero
Transgenderismo; disforia de gênero = incompatibilidade entre gênero
psicológico/morfológico
Regulada na Resolução CFM 1955/2010
Cessão de material genético
Para fins de terapia e pesquisa -> Lei 11.105/2005 – biossegurança
Resolução 2168/2017 – CFM -> Banco de material genético
Eutanásia - eu (boa) + thanatos (morte)
Morte digna: Conduta, em geral de um médico, que “apressa” ou “induz” a morte de um
paciente em estado terminal irreversível. Anuência do paciente. Compreensão jurídica
restritiva, conservadora.
Razão humanitária (abreviação do sofrimento, de uma vida que não tem mais condições
dignas de existir).
Brasil -> Homicídio privilegiado -> Art. 122, CP. Perdão Judicial
Art. 14: Doação de órgãos “post mortem”
Manifestação do titular
Manifestação da família
Art. 15: “ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica.
- situação de incapazes
- situação de emergência
Pessoa jurídica
A pessoa jurídica é uma entidade geralmente constituída por um grupo de pessoas, a quem
a lei confere personalidade jurídica para atuar na ordem civil, tendo direitos e
obrigações, como uma pessoa natural.
embora sendo formada por pessoas, a personalidade destas não se mistura com a da
entidade, que tem sua personalidade própria independente da dos componentes do grupo,
esta é, inclusive, a principal característica da pessoa jurídica.
A origem da personalidade jurídica baseia-se na deficiência humana e, consequentemente,
na necessidade do homem de se unir a outras pessoas com o intuito de unir forças para
desenvolver determinadas atividades.
A união desses indivíduos pode ou não ter finalidade lucrativa.
No caso de interesse em obter lucro, a união pode ser para constituir uma empresa ou uma
sociedade.
No caso de não haver interesse em obter lucro, pode ser uma associação beneficente, um
grupo de assistência social, ou até mesmo para cultuar alguma religião.
Pode ocorrer ainda que alguém destine bens disponíveis (parte de um patrimônio) para
determinado fim, de acordo com o qual serão administrados e geridos separadamente aqueles
bens, dando-lhes a lei personalidade jurídica, surgindo assim uma fundação
a pessoa jurídica nada mais é do que um grupo de pessoas que se unem a fim de constituir
uma unidade orgânica com individualidade própria e distinta das pessoas físicas que a
compõem.
Natureza Jurídica
Teorias nasceram com o intuito de explicar a existência da personalidade das pessoas
jurídicas
1. Teoria da ficção legal: o principal defensor dessa teoria é Savigny e, segundo ele, a
personalidade das pessoas jurídicas era uma mera invenção da lei, não sendo real,
mas sim uma ficção legal.
2. Teoria da ficção doutrinária: esta teoria, seguindo o pensamento da primeira, afirma
que a personalidade das pessoas jurídicas é apenas uma criação da doutrina e dos
juristas (e não da lei), não sendo, portanto, uma realidade por si só.
Nenhuma dessas teorias foi aceita pelo direito moderno.
O Estado é uma pessoa jurídica e dele emanam vários direitos, que de ficção jurídica não tem
nada, portanto essas teorias devem ser descartadas .
3. Teoria da pessoa jurídica como realidade objetiva: referida teoria possui procedência
germânica, vai de encontro com a teoria da ficção legal, determinando que a vontade
humana, seja pública ou particular, tem poderes para criar uma entidade, uma
organização de existência própria, podendo ser titular de direitos e obrigações e tendo
sua personalidade distinta das de seus componentes, ou seja, tratam a personalidade
jurídica como uma realidade sociológica com vida própria, proveniente da vontade da
sociedade. Embora razoável, recebeu algumas críticas dos que afirmavam que os
grupos sociais não tem personalidade nem vida própria, o que é inerente apenas ao ser
humano.
Classificação das pessoas jurídicas
As pessoas jurídicas classificam-se, de acordo com o artigo 40 do Código Civil, em pessoa
jurídica de direito público, podendo esta ser de direito público interno ou externo
(internacional), e pessoa jurídica de direito privado.
Artigo 41, determina que "são pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II
- os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias; V -
as demais entidades de caráter público criadas por lei".
Determina também, em seu artigo 44, que "são pessoas jurídicas de direito privado: I -
as associações; II - as sociedades; III - as fundações".
Assim, quanto a nacionalidade as pessoas jurídicas podem ser nacionais ou
estrangeiras e quanto a estrutura interna, podem ser dividas em corporações
(universitas personarum - reunião de pessoas) ou em fundações (universitas bonorum-
reunião de bens).
O objetivo das corporações é buscar a realização dos fins determinados previamente
pelos sócios, ao passo que as fundações visam buscar os fins determinados por seu
instituidor, sendo o patrimônio seu elemento essencial, e não um mero meio para
realização de seu fim, como ocorre nas corporações, que podem ser dividias em sociedade
e associações.
1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo: são regidas pelo direito internacional
e englobam os países e organizações públicas de ordem internacional, como a
ONU, o FMI, a Santa Sé
República Federativa do Brasil é uma pessoa jurídica de Direito Público
Interno (quando desempenha funções dentro do âmbito nacional através da
União, tendo apenas autonomia, assim como os Estados-Membros e os
Municípios também têm) e externo (quando mantém, como um Estado
totalitário, relações com outros países, faz parte de organizações
internacionais, declara paz ou guerra, enfim, quando age em nome da nação,
tendo soberania em relação aos demais países e autonomia em relação às
demais pessoas jurídicas de direito público interno).
2. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: são aqueles grupos representantes
de uma organização política e entidades formadas com finalidades públicas,
podendo ser da administração direta, sendo a União, os Estados e o Distrito Federal
e os Municípios; e de administração indireta (autarquias, associações públicas,
fundações públicas e demais entidades de caráter público legais), que consiste em
órgãos descentralizados, com personalidade jurídica própria.
3. Pessoas Jurídica de Direito Privado: é toda entidade constituída por iniciativa
privada, seja com a finalidade de realização de obras de interesse coletivo, seja com
a finalidade de realizar atividades de interesse particular. Como já dito anteriormente
elas dividem-se em corporações, que se subdividem em sociedades, associações e
fundações.
Sociedades (civis): são pessoas jurídicas de direito privado, proveniente da
união de duas ou mais pessoas, com uma finalidade comum de realizar
determinada atividade. Em regra as sociedades simples possuem finalidade
econômica, sendo que o lucro obtido, nesse caso, deve ser dividido entre os
sócios. Podem ser constituídas por profissionais de uma mesma área ou
prestadores de serviços técnicos. As sociedades empresárias, embora
também visem o lucro, distinguem-se das simples, pois praticam atividade
própria de empresários.
Associações: pessoa jurídica de direito privado, também caracterizada pela
união de pessoas com finalidade comum de exercer certas atividades, sejam
de ordem pública ou particular. Geralmente exige a formação de um
patrimônio comum pela afetação de bens particulares de seus integrantes.
Em regra possui fins religiosos, morais, culturais, desportivos ou recreativos,
e não tem fins lucrativos.
Fundações: pessoa jurídica de direito privado, formada não pela união de
pessoas, mas pela disposição de bens patrimoniais destinados a um fim em
razão da vontade de uma só pessoa, ou seja, é fruto de uma declaração
unilateral de vontade. O conjunto de bens recebe personalidade jurídica para
realizar o fim instituído por seu fundador. Assim, pode-se dizer que ela é
composta de dois elementos: o patrimônio e sua finalidade, que jamais pode
ser lucrativa, devendo sempre ser voltada para fins religiosos, morais,
culturais e de assistência
Ela possui quatro fases de instituição: ato de dotação ou instituição, por
escritura pública ou testamento, onde o instituidor indica bens livres que
deverão reunir-se para determinado fim; elaboração dos estatutos, que pode
ser direta/própria (quando é feito pelo instituidor) ou fiduciária (feito por
pessoa designada pelo instituidor) - caso ninguém o faça tal incumbência
será do Ministério Público; aprovação do Estatuto, que será feita pelo
Ministério Público (verifica se o objeto é lícito, se foi observada a vontade do
instituidor, e se os bens são suficientes), que poderá aprovar, indicar
alterações, ou negar a aprovação. A aprovação será remetida para o Juiz,
que também poderá fazer as alterações necessárias, desde passem
posteriormente a aprovação do MP; registro no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas - e com isso a fundação passa a ter existência legal.
Desconsideração da Personalidade Jurídica
A regra principal vigente no direito civil é que as pessoas jurídicas possuem personalidade
jurídica própria e distinta de seus membros.
artigo 50, o qual diz que "em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo
desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de
certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos
administradores ou sócios da pessoa jurídica". Os efeitos dessa desconsideração serão
patrimoniais e relativos a determinada obrigação.
a desconsideração inversa, que é observada quando se afasta o princípio da autonomia
patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizar a sociedade por uma obrigação
contraída por um de seus sócios.
O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.
Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde
for encontrada.
Necessário
Pessoas Jurídicas
Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles
será considerado domicílio para os atos nele praticados.
Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da
pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o
lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. Veja
tópico Estabelecimento.
Classificação de bens
Para que a que pessoa tenha um direito, imprescindível faz-se a presença de um objeto
sobre o qual ela exercerá sua pretensão subjetiva.
o objeto de uma relação jurídica é um bem.
No mundo jurídico, o conceito de bem abrange o conceito de coisa, porém, não é sempre
que esses conceitos caminham conjuntamente. Por vezes, bem é tido como uma espécie
de coisas e, por outras, estas são tidas como espécies de bens.
A fim de evitar esse conflito de conceitos, o Código Civil excluiu o vocabulário coisa de
seus artigos, referindo-se apenas aos bens.
bens são coisas materiais ou concretas, úteis aos homens e de expressão econômica,
suscetíveis de apropriação
os bens que podem ser objetos de direito são os corpóreos (que possuem existência
física, sendo passíveis de alienação), os incorpóreos (de existência abstrata, que
somente podem ser objetos de cessão), determinados atos humanos (prestações), e até
mesmo outros direitos (usufruto de crédito, por exemplo) e atributos da personalidade
(direito a imagem, por exemplo).
Ao conjunto de bens pertencentes à um particular dá-se o nome de patrimônio. Neste,
não estão abrangidas as qualidade pessoais do proprietário, embora por vezes a lesão a
esses bens possa acarretar em direito à indenização.
As coisas comuns são os bens insuscetíveis de apropriação pelo homem, razão pela qual
não podem ser objeto de relações jurídicas, salvo se for possível sua apropriação em
porções limitadas.
As coisas sem dono podem ser apropriadas livremente pelas pessoas, bem como as
coisas abandonadas.
Classificação
Veremos a classificação com base em critérios de importância científica sendo que,
segundo o critério de classificação adotado, o bem possuirá regras próprias. Vejamos as
principais classificações:
a) Bens considerados em si mesmos
Móveis ou Imóveis:é a principal classificação. Conforme seja um ou outro o regime
jurídico a ser adotado será diverso. Veremos cada uma dessas espécies e suas
peculiaridades:
Bens móveis: nos termos do artigo 82 do CC, são bens suscetíveis de movimento, que
podem ser transportados de um lugar para o outro sem que seja alterada sua substância
ou sua destinação econômico-social. Dentre suas principais características está o fato de
serem adquiridos por simples tradição, ocupação ou invenção, sem necessidade de
outorga uxória, escritura pública e registro; ter o lapso de prescrição aquisitiva inferior ao
do usucapião de bens imóveis; de sujeitarem-se a penhora, e não a hipoteca; de não
serem suscetíveis de direito real de superfície, porém de mútuo; e, por fim, de sujeitarem-
se ao ICMS, e jamais ao ITBI. Navios e aeronaves, embora sujeitem-se a hipoteca, são
considerados bens móveis. O gás, por seu turno, também o é.
Móveis por natureza: são aqueles que possuem movimento próprio. Eles subdividem-se
em semoventes (que se movem por força própria, como um animal, por exemplo) e
propriamente ditos (se movem por força alheia, como uma cadeira, por exemplo);
Móveis por determinação legal: estão regulamentados no artigo 83 do CC, que considera
móveis, para efeitos legais, as energias com valor econômico; os direitos reais sobre
móveis, com as ações correspondentes; e os direitos pessoais de caráter patrimonial com
suas respectivas ações. Observa-se, portanto, que o Código Civil confere natureza de bem
móvel a bens imateriais visando facilitar a proteção jurídica destes. Como exemplo
podemos citar o fundo de comércio; as cotas das sociedades; os créditos; os direitos
autorais etc;
Móveis por antecipação: são os bens que se incorporam ao solo com a intenção de
futuramente separar-se deste, convertendo-se em móvel. Como exemplo podemos citar as
árvores que são plantadas justamente para serem cortadas posteriormente.
Bens imóveis: são bens insuscetíveis de movimento, que não podem ser transportados de
um lugar para o outro sem serem destruídos. Podem, ainda, ser considerados imóveis por
determinação legal, conforme estabelece o artigo 79 do CC, o solo e tudo quanto se lhe
incorporar natural ou artificialmente. Dentre suas principais características podemos citar
que são adquiridos por escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de
Imóveis, com exigência de outorga uxória; que seu lapso de prescrição aquisitiva é
superior ao dos bens móveis; que estão sujeitos a hipoteca; que embora não sejam
suscetíveis de mútuo, é a única espécie de bem que admite o direito real de superfície; e,
por fim, que se sujeitam ao ITBI, e não ao ICMS.
Como os bens móveis, eles também podem ser classificados como:
Imóveis por natureza: somente o solo, com sua superfície, subsolo e espaço aéreo;
Imóveis por acessão natural: tudo que se adere naturalmente ao solo, como as árvores,
os frutos pendentes, os acessórios etc. Como visto acima, as árvores se destinadas ao
corte, serão móveis por antecipação, e, se plantadas em vasos, também serão móveis,
pois serão removíveis;
Imóveis por acessão artificial ou industrial: é a aderência de um bem ao solo por força
humana, como as construções e as plantações, que não podem ser retiradas sem
destruição, modificação, fratura ou dano ao bem. Tendo em vista o conceito, nele não se
abrange as construções provisórias, como as barracas de feira, por exemplo. Nestas
hipóteses, não perderá o caráter de imóvel as edificações que separadas do solo não
perderem sua unidade, e os materiais separados provisoriamente do prédio que voltarão a
integrá-lo futuramente;
Imóveis por determinação legal: são bens que são considerados imóveis por força de lei
para dar maior segurança a determinadas relações jurídicas. Eles estão previstos no artigo
80 do Código Civil, dentre os quais podemos citar os direitos reais sobre os bens imóveis e
suas respectivas ações e o direito a sucessão aberta (razão pela qual, inclusive, a renúncia
da herança deve ser dar por escritura pública devidamente registrada no Cartório de
Registro de Imóveis).
Fungíveis ou Infungíveis:essa classificação possui inúmeras importâncias práticas,
como, por exemplo, se um bem é fungível, sobre ele recairá o mútuo, ao passo que, se
infungível, sobre ele recairá o comodato. Vejamos as principais características de cada um
deles:
Fungíveis: são bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie,
qualidade e quantidade, ou seja, podem ser determinados por peso, número ou medida. O
Código Civil os define em seu artigo 85, como sendo "fungíveis os móveis que podem
substituir-se por outros da mesma espécie, quantidade e qualidade", como dinheiro, ovos
etc. Seu empréstimo chama-se mútuo. Em regra, ele somente abrange bens móveis,
porém, excepcionalmente podem englobar imóveis.
Infungíveis: são bens que não podem ser substituídas por outros em virtude de uma
característica própria que tenham, que o torne individual, como um quadro, por exemplo.
Seu empréstimo chama-se comodato.
A fungibilidade, portanto, é relativa, posto que não resulta apenas da vontade da Lei,
podendo, por vezes, resultar da vontade humana. Assim, determinado bem pode ser
fungível até que lhe seja atribuída determinada característica específica. Por exemplo, um
relógio pode ser um bem fungível, você entrega para uma pessoa e ela pode te devolver
outro igual, porém, caso o relógio seja de uma marca ou modelo específico ele não poderá
ser substituído, por possuir características próprias que somente nele são encontradas.
A fungibilidade pode existir tanto nas obrigações de dar como nas de fazer. Assim, se um
serviço puder ser realizado por qualquer pessoa ele será fungível, como, por exemplo, a
lavagem de um carro - não importa quem vá fazer o serviço, o importante é que o carro
seja lavado, não importando a pessoa do lavador, posto que esse pode ser substituído a
qualquer momento. Porém, se um pintor é contratado para pintar uma tela pelas suas
características pessoais como artista, ele não poderá ser substituído por outra pessoa,
ainda que este venha a ser um artista melhor do que ele. Isso se dá porque essa obrigação
é infungível, também chamada de intuitu personae, ou seja, aquele pintor somente foi
contratado em virtude das qualidades pessoais que possui.
Consumíveis e Inconsumíveis:esta distinção é importante posto que determinados
direitos não podem recair sobre bens consumíveis, como, por exemplo, o usufruto (caso
recaia sobre ele, será denominado de usufruto impróprio e, ao final, o usufrutuário deverá
devolver os bens que ainda existirem além de outros equivalente em gênero, quantidade e
qualidade).
Bens Consumíveis: o Código Civil, em seu artigo 86, afirma que "são consumíveis os bens
móveis cujo uso importa a destruição imediata da própria substância, sendo também
considerados tais os destinados a alienação". Assim, bens consumíveis são bens que são
destruídos após serem utilizados, como o dinheiro, a comida, o livro para o vendedor etc.
Nos bens consumíveis por natureza o seu simples consumo implica em sua destruição.
Porém, também será considerada consumível a coisa destinada à alienação, como, por
exemplo, um rádio: para o vendedor da loja ele é considerado um bem consumível, tendo
em vista que, com a venda, ele se desfará dele, porém, para o comprador, ele será um
bem inconsumível, uma vez que, ao adquirir sua propriedade irá usá-lo sem destruí-lo.
Os bens consumíveis podem tornar-se inconsumíveis pela vontade das partes, como
uma garrafa de um vinho raro que foi emprestada para uma exposição, por exemplo.
Em relação ao sentido econômico dos bens eles podem ser:
Bens inconsumíveis: são bens que não são destruídos pelo seu uso. Eles admitem o uso
reiterado sem alteração de sua substância. Ex.: carro, livro para o estudante. Os bens
inconsumíveis podem transformar-se em juridicamente consumíveis, como, por exemplo,
um livro colocado a venda em uma livraria.
- Divisíveis e Indivisíveis:
Bens divisíveis: a priori, todos os bens são divisíveis, como, por exemplo, um carro, que
pode ser desmontado. Porém, para o Direito Civil, o conceito de divisibilidade está
relacionado com a perda ou não da propriedade da coisa, pois, no exemplo acima, se
desmontado um carro suas partes não terão mais a mesma utilidade, pois o carro, em si,
não terá mais utilidade. Neste sentido, proclama o CC em seu artigo 87, que "bens
divisíveis são os que podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam". Assim, o bem será divisível
quando, ao ser partido, formar partes reais distintas, mantendo sua substância e formando
cada qual um todo perfeito. Ex.: água, ouro.
Bens indivisíveis: são bens que não podem ser fracionados sem que percam suas
propriedades, suas características, sua substância. Ao serem partidos deixam de ser o que
era, como ocorre, por exemplo, com a divisão de um relógio, de um carro etc.
O CC em seu artigo 88 prescreve que "os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se
indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes". Desta forma, considera-se
indivisível não só a divisão que acarreta na perda do valor material do bem, mas também a
que prejudica consideravelmente seu valor financeiro ao ser fracionada. Podemos concluir,
portanto, que a indivisibilidade de um bem pode resultar de três diferentes fontes:
Da lei (jurídica): como as servidões; as hipotecas; os imóveis rurais, que não podem ser
divididos em frações inferiores a um módulo regional; os lotes, que não podem ter área
inferior a 125 metros quadrados etc;
Da vontade das partes (convencional): como as ações, por exemplo. Nesta hipótese o
acordo tornará a coisa comum indivisa, por não mais que cinco anos, podendo este prazo
ser prorrogado posteriormente. Pode, ainda, ser estabelecida pelo doador ou pelo
testador.
da natureza (física ou natural): são os que não podem fracionar sem alteração da sua
substância, diminuição de valor ou prejuízo, como, por exemplo, o carro.
- Singulares e Coletivos:
Singulares: são bens que, embora reunidos, são considerados distintos, isolados uns dos
outros. São considerados em sua individualidade, como, por exemplo, um caderno. Podem
ser:
Simples: bens formados por partes de uma mesma espécie, homogêneas, como, por
exemplo, um animal, uma pedra, um vegetal;
Compostos: bens formados por partes distintas, heterogêneas, como, por exemplo, um
automóvel, um edifício, um eletrodoméstico;
Materiais: bens concretos, corpóreos, como, por exemplo, uma cadeira, um avião, uma
bicicleta;
Imateriais: bens incorpóreos, abstratos, como, por exemplo, um crédito, uma dívida, um
direito.
Coletivos: também chamados de universais ou universalidades, são bens formados por
coisas simples que agregados formam um todo. Se considerados conjuntamente esses
bens perderão sua autonomia, individualidade. A coletividade será extinta quando as
coisas que a formam vão desaparecendo, restando apenas uma delas. Neste sentido, de
acordo com o artigo 90 do Código Civil, "constitui universalidade de fato a pluralidade de
bens singulares que, pertinentes a mesma pessoa, tenham destinação unitária". Assim, a
universalidade é classificada pela doutrina como:
Frutos: sãoutilidades que a coisa principal produz periodicamente, cuja colheita não diminui
o valor nem a substância da fonte. Eles nascem e renascem periodicamente da coisa.
Possuem três requisitos: a periodicidade; inalterabilidade da substância do bem principal; e
possibilidade de separação desta. Os frutos podem ser naturais (surgem da força orgânica
da própria natureza – maçã); industriais (surgem da força humana – produtos); civis
(surgem dos rendimentos produzidos por uma coisa em virtude da utilização por outrem
que não o proprietário do bem – aluguel); pendentes (enquanto unidos à coisa que o
produziu – maçã no pé ou aluguel não recebido); percebidos ou colhidos (separados da
coisa que o produziu – maçã colhida, aluguel recebido); estantes (separados do principal e
armazenados para venda – maçã na caixa); percipiendos (deveriam ser colhidos mas não
foram – maçã estragada no pé ou direito prescrito); consumidos (não existem mais porque
foram consumidos – maçã comida);
Produtos: são as utilidades que a coisa produz, porém não periodicamente, diminuindo-lhe
a quantidade e alterando sua substância até que ele se esgote, como, por exemplo, a
extração de carvão em uma mina;
Pertenças: são móveis que não constituem parte integrante do bem, porém se destinam,
de forma duradoura, ao uso, serviço ou aformoseamento de outro. Por exemplo: um trator
de uma fazenda; os bens de decoração de uma residência; etc. O artigo 94 do CC
diferencia as pertenças das partes integrantes do bem ao afirmar que "negócios jurídicos
que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário
resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso". Pode-se
concluir, portanto, que a regra de que o acessório segue o principal não se aplica as
pertenças.
Rendimentos: são espécies do gênero frutos, não constituindo uma categoria autônoma.
São os frutos civis consistentes em prestações pecuniárias periódicas provenientes do uso
da coisa principal, como aluguel, juros etc.
Benfeitorias: são acessórios incorporados ao bem principal pelo homem, visando
conservar, melhorar ou embelezar algo. Nos termos do artigo 96 do CC e parágrafos elas
podem ser necessárias (visam conservar a coisa, evitar que ela se deteriore, ou permitir
sua exploração econômica); útil (visam facilitar ou melhorar o uso do bem – garagem);
voluptuária (visam embelezar a coisa sem aumentar sua utilidade – jardim). Referida
classificação não é absoluta tendo em vista que, uma mesma benfeitoria pode enquadrar-
se em diferentes espécies conforme as circunstâncias. Assim, uma piscina em uma escola
de natação será uma benfeitoria necessária; em um colégio será útil; e, em uma
residência, será voluptuária. Elas não devem se confundir com acessões, tendo em vista
que são feitas sobre bens já existentes.
Por fim, cumpre afirmar que não constituem bens acessórios a pintura em relação a uma
tela; a escultura em relação a uma matéria prima; e um escrito em relação ao material
onde é feito, tendo em vista que, nesses casos, o trabalho acessório terá maior valor em
relação ao principal.
c) Bens considerados em relação ao titular do domínio
- Públicos: nos termos do artigo 98 do CC, são os bens do domínio nacional pertencentes às
pessoas jurídicas de direito público interno, como a União, os Estados ou os Municípios.
Segundo sua destinação podem ser:
Bem de uso comum: são os bens de domínio público do próprio Estado que podem ser
usados por qualquer um do povo, sem exigência de qualquer formalidade, como, por
exemplo, o mar, os rios, as estradas, ruas e praças. Caso o Poder Público regulamente o
uso desses bens, eles não perderão seu caráter de uso comum, como ocorre, por
exemplo, com a cobrança de pedágio nas rodovias. Ainda, seu uso pode ser restrito ou
vedado por questões de ordem pública. Caso não seja vedado o uso, a população poderá
livremente ter acesso a eles, porém seu domínio continuará pertencendo a pessoa jurídica
de direito público, que terá poder para guarda, administração e fiscalização deles.
Bem de uso especial: assim como os primeiros, também são bens de domínio público do
Estado, porém possuem uma destinação especial visando a execução de serviços
públicos. Exemplos disso, são os edifícios e terrenos aplicados em serviço ou
estabelecimento federal, estadual ou municipal, utilizados exclusivamente pelo Poder
Público.
Tanto os bens de uso comum como os de uso especial são inalienáveis, imprescritíveis,
impenhoráveis e impossibilitados de oneração. Porém, a inalienabilidade pode ser relativa
se o bem for suscetível de valorização patrimonial, caso em que poderá ocorrer sua
desafetação.
Bens dominicais: são os bens de domínio privado do Estado, como, por exemplo, as
terras devolutas, as estradas de ferro, as oficinas e fazendas pertencentes ao Estado.
Suas normas são próprias e diferentes das aplicáveis aos bens de uso comum e de uso
especial. Se destinados a uma finalidade pública específica não poderão ser alienados,
caso contrário, poderão ser por qualquer instituto de direito privado ou do direito público.
Porém, essa alienabilidade é relativa, podendo ser perdida através da afetação. É um
patrimônio federal, estadual ou municipal como objeto de direito real ou pessoal.
Por fim, cumpre ressaltar que, nos termos do artigo 102 do CC, todos bens públicos são
insuscetíveis de usucapião. Corroborando este entendimento encontra-se a Súmula 304 do
STF.
- Particulares: são os bens que não são de domínio nacional, como a casa de alguém, por
exemplo.
- Fora do comércio (extra commercium): são bens insuscetíveis de apropriação (por sua própria
natureza) e legalmente inalienáveis (não passíveis de alienação por disposição legal). São bens
naturalmente indisponíveis (ar, água do mar etc); legalmente indisponíveis (bens de uso comum
do povo; bens de uso especial; bens dos incapazes; valores e direitos da personalidade, como a
dignidade, liberdade, honra; e órgãos do corpo humano); ou indisponíveis pela vontade humana
(bens com cláusula de inalienabilidade - o que implicará na impenhorabilidade e
incomunicabilidade dos bens nos termos da Súmula 49 do STF). Assim podem ser: