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Psicomagia:

a nova parapsicologia
Coleção Primeiros Passos

• O aue é Astroloaia - Juan A. C. Müller / Léa P. Müller


• O que é Hipnotismo - v�mard A. f"d11d
• O que é Magia -- João Ribeiro Jr.
• O que é Parapsicologia - Osmard A. Faria
• O que é Vampiro - José Luiz Aidar /Márcia Maciel
Juan Alfredo César Müller

PSICO MAGIA:
A NOVA PARAPSICOLOGIA

editora brasiliense
DIVIDINDO OPINIÕES MULTI PLICANDO CULTURA

1 9 8 7
Copyright ©Juan Alfredo César Müller
Copydesk:
Rosana Paulilo Ferroni
Revisão:
Mário R. Q. Moraes
Lúcio F. Mesquita

editora brasilienses.a.
rua da consolação, 2697
01416 são paulo - sp.
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brasiliense telex: 11 33271 DBLM BR
ln dice

l>ref ácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Por que Psicomagia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Pequena história da Parapsicologia . . . . . . . . . . . . . 13
Os fenômenos extra-sensoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Psicomagia com e sem instrumental . . . . . . . . . . . . 23
As linhas da mão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
O baralho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
A cabala : tradição "ex-arcano" 33
O pêndulo 37
O incenso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
A macumba 42
A oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
O tele-radiador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
A Bíblia e o Corão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1 Ching : o livro oracular chinês . . . . . . . . . . . . . . . 50
As forças psi e a religião: o eflúvio . . . . . . . . . . . . 52
6 JUAN ALFREDO CÉSAR MULLER

Façanhas psi famosas 54


A história de Tobias 56
Y ogananda 58
Waltari . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
Max F. Long e a façanha huna 62
C. G. Jung 65
Findhorn 67
Jú1 io Verne 71·
Fantasmas 72
As simpatias 75
Vidência e clarividência 78
Vidência e aura 81
A Psicomagia entre os animais 85
As medicinas cirúrgicas e clínicas alternativas ou
p sicomágicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Enkinesia ou medicina xamânica usual . . . . . . . . . . 92
O ritual das pombas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
As artes marciais e a Psicomagia . . . . . . . . . . . . . . 97
Os efeitos da Psicomagi.a na conduta diária . . . . . . 100
Holos , a nova fronteira da ciência, e Carta de Bra-
sília . . . . . . . . . . . .104. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

E pílogo . . . . . .. : . . . .112. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

Indicações para leitura 1 14


Para Léa, minha mulher.

Pouco antes de conhecê-la, tive um sonho.


Neste sonho breve, mas muito intenso, me encontrava
sozinho, numa rua de minha infância, assistindo, com
grande emoção, a uma explosão nuclear.
No sonho, disse em voz alta:
- Essa poeira do cogumelo atômico vai, ao cair da
altura infinita que atingiu, marcar tudo para sempre.
Ao conhecê-la, soube que tivera um sonho premonitório.
Prefácio

Após a leitura deste livro vocês perceberão que o


o sonho mencionado na página anterior foi um fenômeno
extra-sensorial , sem instrumento, do tipo premonitório
(do que iria me acontecer) . Como o sonho que foi rela­
tado na Bíblia, no livro de Daniel , cap. IV, vers. 1 a 34 :
"Nabucodonosor teve um sonho que o assustou, e deu
ordem para que fizessem vir à sua presença todos os
sábios da Babilônia . Nenhum pôde indicar-lhe o sentido ,
até que Daniel foi levado à sua presença e conseguiu
interpretar o sonho" . Era um sonho premonitório .
Depois de 12 meses , o sonho oracular de N abuco­
donosor se cumpriu : "Ele foi expulso de entre os homens
e pastou ervas , como os bois , vagou demente pelos jar­
dins do palácio durante sete anos, até que, passa do o
tempo determinado, sua razão voltou, e ele foi reinte­
grado à frente do seu reino".
Por que Psicomagia

Por que Psicomagia e não o termo consagrado de


Parapsicologia? Porque desejo para o fenômeno psi um
enfoque diferente : tais fenômenos não estão "além da
psicologia " , mas são , certamente , também psíquicos.
Atualmente , já não precisamos mais de uma desculpa
para estudar esses fenômenos , tampouco devemos nos
preocupar em querer encontrar uma explicação para eles .
A magia é a primeira forma de arte humana . Ela
permite encaminhar os fatos do destino da forma mais
adequadas às nossas intenções . Já a Psicologia é o co­
nhecimento do que acontece naquele nível de nosso ser
que dizemos ser o "da alma" e não o "do físico " . A
Psicomagia é a nova ciência que pesquisa os fenômenos
psi. para os quais nem a ciência oficial nem as atitudes
anticientíficas ou proto re ligiosas conseguem dar expli­
-

cação.

Em termos de antropologia, a informação de alçada


mágica se chama xamanismo. Xamã é o feiticeiro da
12 JUAN ALFREOO CÊSAR MULLER

tribo nos montes Urais , o único autorizado a provocar


o ato xamânico .
O ato psicomágico, o milagre, sempre existiu, po­
rém , até pouco tempo atrás , percebíamos porque o fer­
vor cientificista , ante a satisfação de ver a ciência resol­
ver dramas como a sífilis, a tuberculose, a fome coletiva
e outros , nos levou a negar o que era evidente , por jul­
gá-lo desnecessário.
Mas, atualmente, há uma atitude cultural que aceita
o inexplicável , embora as classes cultas sempre tenham
reconhecido a existência de fenômenos parapsicológicos ,
ou , como nós denominamos, psicomágicos.
Foi no século IV, no l .º Concílio de Nicéia , que se
decidiu que os nossos sentidos eram cinco, um para cada
dedo da mão . Assim, as percepções " extra-sensoriais",
ou psi , não tiveram vez . Quem sabe , um dia, algum histo­
riador possa nos relatar mais coisas a esse respeito.
Pequena história da Parapsicologia

Foi durante a era napoleônica que surgiram as pri­


mei ras sociedades de pesquisa extra-universitária, que
observaram e catalogaram os fenômenos psicomágicos.
As sociedades inglesas eram as mais famosas . Mas, cerca
de um século depois , em 1954, um ano após o Congresso
de U trecht , 64% dos intelectuais ainda negavam o fenô­
meno psi . Em 1982 , 8% ainda o negavam . Falemos um
pouco deste Congresso de Utrecht .
Coube ao psicólogo americano J . B . Rhine a glória
de dirigir o primeiro centro universi tário de pesquisas
na matéria que hoje chamamos PS ICOMAG I A . E, com
a ajuda de um mecenas que sempre ficou anônimo , orga­
nizou o Congresso Mundial de Utrecht , em 1953. Os
congressistas eram psicólogos de todo o mundo , de reco­
nhecida importância local ou internacional , além de ma­
temáticos bem conhecidos que também participaram dos
trabalhos .
14 JUAN ALFREDO CJ!:SAR MULLER

Reuniram-se equipes internacionais de matemáticos


e psicólogos durante uma semana . Nos três primeiros
dias , os matemáticos analisaram e disseram que tudo o
que fora calculado pela equipe de J . B . Rhine estava
cientificamente correto .
Dos infindáveis fenômenos psi, Rhine teve a feliz
idéia de utilizar como peças de base de, trabalho os dados
(cubos com números de 1 a 6 nas duas faces) e os b a­
ralhos de Zenner. Ambos respondem a um esquema ma­
temático de combinações de elementos que são recor­
rentes .
Os testes foram iniciados com os cubos, sob a ordem
,
de que, ao saírem do copinho de couro onde foram mis­
turados, os três dados marcassem , por exemplo, seis .
Sucesso absoluto! Mas o experiment� não convencia
os céticos, para quem o método não excluía a má-fé
eventual . Então , o mecenas que ajudava Rhine mandou
construir, na General Electric , uma máquina de misturar
dados , acionada eletricamente e comandada por circuns­
tâncias aleatórias , como temperatura e pressão baromé­
trica do momento do trabalho . Ao serem jogados pela
máquina , os dados eram filmados . E, toda vez que o para­
normal estava trabalhando, os dados , visivelmente, gira­
vam no ar, para caírem " certo " . Era a comprovação de
que a mente pode atuar na matéria . Este fenômeno hoje
é denominado psi-kappa, ou telekinesis. Já a adivinhação
e a telepatia são fenômenos psi-gamma. ;
A pesquisa de J . B . Rhine e sua equipe utilizou,
além dos cubos que mencionamos, os baralhos de" Zen­
ner. Estes são compostos por cinco cartas .
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA l'l

o
D À vantagem da sua si ngeleza
une-se a simplificação atuarial.
pelo número reduzido de uni­

*
dades.

6
O baralho era uti lizado para pesquisa de :
1 ) telepatia ou psi-gamma: um " emissor" levantava
do maço de cartas Zenner uma carta e a olhava . Em
outra sala, encontrava-se o " receptor". que devia dizer
qual das cinco era a que se achava na mão do emissor;
2) premon ição ou psi-gamma: o receptor devia dizer
qual o baralho de que o emissor iria levantar a carta,
antes mesmo de este assim o fazer.
O volume de casos pesquisados , envolvendo milha­
res de tentativas , permitiu uma análise estatística que
escl areceu os erros que acon teciam efetivamente . Consta­
tou-se , então , a existência de desvios . Coube aos discí­
pulos ingleses , Drs . Soul e C avernet , descobrir que , quan­
do o paranormal aparen temente não acertava , estava na
realidade acertando , mas com um desvio . Esse tipo de
"erro " é hoje chamado de desvio de Soul .
Quando os baralhos se encontram numa caixinha ,
um em cima do outro , o vidente os examina , e j ulga ter
enxergado o primeiro baralho . Mas houve engano porque ,
nesse dia e momento , o que ele observara , sem o saber,
havia sido o segundo ou o terceiro baralho , mas não o
primeiro . Horas depois , ou no dia segui nte , o vidente
vol ta a ver corretamente .
16 JUAN ALFREDO CJf:SAR MULLER

Acontece o mesmo com os esforços para manipular


a distância a queda dos cubos . Num determinado dia,
os cubos caem ''errado''.
Além do desvio , há a variante da inoperância .
N a inoperância , o operador psi , num determinado
momento , não atua no movimento dos objetos, ou não
enxerga o baralho mostrado a distância ou , então , não
sabe predizer qual baralho será escolhido .
Tanto o desvio como a inoperância são condições
dos fenômenos psi , que em nada se desvalorizam por
causa destas variantes . Toda capacidade humana é pas­
sível de desvios ;em sua realização .
Sempre houve uma antiga e contumaz barreira de
medo , no mundo intelectual e religioso não espírita , em
torno de algo tão simples como a capacidade psi , a ponto
de se considerar deselegante dizer em público que alguém
acreditava na seriedade da intuição . Esta necessidade
neurótica de negar o que existe (como o fenômeno psi),
a título de defender uma postura acadêmica " séria", per­
manece até hoje , mas em grau menor. Por isso a Psico­
magia ficou relegada ao mundo do folclore e do chama­
do ocultismo , onde parte dela ainda tem de permanecer.
O milagre do gênio de J. B. Rhine permitiu , por
fim , que ele atravessasse a b arreira acadêmica e pudesse
iniciar uma pesquisa tão extraordinária quanto o traba­
lho de Freud .
Convido você , leitor, a tentar refazer as experiên­
cias de J . B. Rhine , pois mais tarde poderá utilizá-Ias
para sua própria pesquisa dos instrumentos que serão
agora mencionados .
Recorte numa folha de cartolina cinco cartas de
igual tamanho e, com caneta grossa, desenhe em cada
uma o sinal Zenner, conforme a ilustração da página 1 5 .
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 17

Está feito, assim , o baralho de pesquisa . Agora , em­


pilhe as cartas sem as ver, e diga qual delas é a primeira,
e, a seguir, a segunda .
Você pode obter o mesmo resultado com três dados
numerados de 1 a 6 e um copo de couro . Concentrando­
se , pode conseguir que os dados marquem o número 6
ao caírem do copo sobre a mesa , por exemplo .
Os resultados podem ser avaliados através de um
gráfico . P·ara os resultados obtidos com o baralho , temos
o seguinte:
t) lei tura a distância com um emissor, dez experiên-
cias, todas no espaço de uma hora seguida .
Se tiver:
7 acertos - significativo - você é um psi dotado ;
5 acertos - não significativo - é o que se poderia
esperar;
O acerto - isto deve ser melhor estudado : tanto
pode ser incapacidade, quanto um desvio de Soul exa­
gerado e, nesse sentido, tão significativo quanto dez acer­
tos . Faça , em outros dias , outras tomadas .
2) pré-cognição : você irá dizer, um dia antes , qual
a carta que vai ser escolhida pelo emissor no baralho

Zenner, após terem sido embaralhadas as cartas . A hora


do evento tem que ser fixada .
Os critérios de avaliação são os mesmos da leitura
a distância .
A pós as primeiras experiências , você deve alternar
os emissores e os leitores psi , até achar o seu parceiro
mais produtivo . Você notará a diferença nos resultados .
Muitas vezes , um bom leitor não é um bom emissor.
Isto acontece , por exemplo , com a cartomante , que acer­
ta mais com um e menos com outro cliente . Também
ocorre com a benzedeira , o curandeiro , o médico , o páro­
co , um Jogador, um bandi do , o aplicador da bolsa de
18 JUAN ALFREDO C:t:SAR MULLER

valores , e ainda o poeta , com os seus versos e namora­


das , ou a dona-de-casa.
Todos eles , e muito mais , usam as forças psi. E ,
embora nem sempre acertem , geralmente aceitam a exis­
tência da INTUIÇÃ O.
Dizem que J. B . Rhine começou a se interessar pelos
fenômenos psi quando soube que Napoleão , que somente
contratava generais com sorte , consultava, regularmente,
uma cartomante . Poderíamos acrescentar que o czar da
Rússia, nos idos de 1900 , tinha um grande paranormal
francês , Maitre Philippe de Lyon, como um homem mui­
to importante na corte. E quando a czarina queria ofe­
recer um piquen ique às suas amigas no meio do inverno,
pedia ao Maitre Philippe que se afastasse de seus afaze­
res e fizesse uma clareira circular de 20 metros com sol
e calor (sem neve}, em determinado local. O que real­
mente acontecia , para espanto e alegria de todos.
Mas, mesmo se J . B. Rhine tivesse sabido disso , não
utiJizaria os préstimos do Maitre em suas pesquisas , pois
pesquisa é colocar os fenômenos psi em termos de repe­
tição e quantidade .
J . B. Rhine conhecia a história de Nabucodonosor e
sabia que, em outras civilizações , a vidência e as forças
psicomágicas , em geral, eram aceitas .
Pouco razoável foi a nossa cultura ao bani-las , como
baniu a obra do Dr. Messmer, porque sua aceitação de­
penderia de uma instância não definida naquele momen­
to histórico. Um homem-muito sério e conceituado cola­
borou para isso : Benjamin Franklyn , o do pára-raios, foi
presidente do tribunal que declarou Messmer um char­
latão. I sto lembra o que ocorreu com Galileu , conforme
conta o autor de Os sonâmbulos, Arthur Koestler. Gali­
leu recebeu uma carta do papa da época, dizendo mais
ou menos assim : " Meu filho, a vida mostra que nós
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 14

pouco sabemos, vamos esquecer os nossos orgulhos, e


assim peço que você declare riue o Sol poderia ser o
centro do sistema onde a Terra gira , mas sem excluir
o entendimento geocêntrico que é, afinal , o que o povo
pode enxergar''.
Galileu tinha muita fama . Tanto que achou que po­
deria irritar o papa com uma resposta torta . Assim , ga­
-
nhou uma prisão domiciliar que durou até o final da
sua vida .
O hipnotismo e o mesmerismo ficaram proibidos a
parti r de 1780, em grande parte porque a· medicina de
Messmer era de elite , e a comissão , a meu ver, pouco
pesquisou os fatos . Nessa época , a pesquisa sistemática
apenas se iniciava .
O israelense Uri Geller e o brasileiro Thomas entor­
tam barras de ferro , fazem funcionar , marcando as horas,
relógios sem máquinas e fazem aparecer coisas perdidas ,
realmente extraviadas . Tudo sem explicação .
Uri Geller apareceu na televisão brasileira na déca­
da de 70. O que eu mais admirava nele não era a faci­
lidade com que eram provocados �sses fenômenos espe­
taculares, mas sim a resistência do público que, em geral ,
vinha me perguntar como eram os " truques" que provo­
cavam aqueles fenômenos , em lugar de aceitar o fan­
tástico como uma realidade a mais dentro do mundo
coerente .
Assisti a fichas e moedas entortarem , relógios fun­
cionarem por dias seguidos, indicando horas exatas , sem
mecani smo interno, como já disse .
A própria inutilidade destes atos psicomágicos exal­
ta a força inusitada que esses psicomagos sabem desen­
volver.
Embora a Parapsicologia seja utilizada at�almente
até como arma secreta de guerra , as publicações de nível
20 JUAN ALFREDO CJ!:SAR MULLER

universitário sobre o tema são raras . I sto se dá porque


o mundo dos fenômenos psi permanece, em grande parte ,
inexplicável e , sobretudo , aleatório, isto é , ainda não sa­
bemos prever o " desvio de Soul" , o que invalida a utili­
zação comercial ou até científica dos fenômenos psi , por­
que a informação assim obtida não é, necessariamente ,
a informação certa .
O mundo psi participa , contudo , de formà definiti­
va, do mundo religioso , e neste " outro lado" até comer­
ciantes e cientistas , que se comprazem em negar tudo ,
fazem uso dele, sem o saber ou querer.
Os fenômenos extra-sensoriais

Em toda a área de expressão extra-sensorial reina


uma enorme confusão. Já no Renascimento , vários papas
mandaram estudar o problema com o objetivo de orde­
ná-lo . Em vão .
Pico , por exemplo , dividiu os fenômenos objeto de
pesqui sa da Psicomagia em brancos e pretos . Brancos ,
a magia boa ; pretos , a do diabo o u a m á , portanto .

A idéia de que os fenômenos psi , como a leyitação


ou a clariaudiência , seriam obra do diabo, era uma idéia
de cunho popular, que entrou para a área culta, na falta
de melhor definição . Assim, "o Dr. Fausto tem forças
psi graças a um pacto com o diabo". Supõe-se que o Dr.
Fausto sej a a lembrança de Paracelso , que na época ,
pel a extrema i mportância da sua obra , tinha fama de ter
feito o tal pacto . Se hoje não acreditamos em tais pactos ,
recon hecemos, no entanto , que a magia existe , que o
universo psi é extenso , e que a nobre divisão acadêmica
em psi-gamma e psi-kappa realmente não dá conta da
22 JUAN ALFREDO C�AR MULLER

totalidade da informação, de modo a permitir a sua com­


preensão e a sua manipulação intelectual.
A manifestação extra-sensorial deve ser chamada,
com todas as letras , de magia. A magia é uma arte, talvez
a mais antiga de todas, e serve para proteger o homem e
suavizar a sua existência . Como a maioria dos fatos cien­
tíficos tem explicação , e como a ciência atual se baseia
em fatos explicáveis e regulares, a magia ficou sendo
uma arte de segunda classe,, na aparência.
Tive estes dias ensejo de visitar um livreiro espe­
cializado nesta área de informação cultural: ocultismo,
magia e correlatos. Durante o tempo em que conversá­
vamos , um sapateiro remendão veio comprar um deter­
minado livro ; logo apareceu um professor de medicina
e um ministro de Estado , e ambos compraram o mesmo

livro . Portanto, a magia é arte secundária somente nas


prateleiras antiquadas da universidade .
Os reli giosos que falam contra a magia benzem, isto
é, estão se expressando magicamente . Só não aceitam o
ato mágico com este nome . Então, chamemo-la com um
termo moderno : Psicomagia .
O ato corriqueiro do diagnóstico clínico é , quase
certamente, também extra-sensorial , como o é a psico­
terapia .
A chamada intuição é ato d a área psi . E a s " simpa­
tias" nada mais são do que atos mágicos.
O uso da oração , de talismãs, e até os cumprimentos
de bons votos são atos de conteúdo psi eventual , ou sej a ,
mágicos .
Em nosso universo , um símbolo não simboliza : é .
O ato extra-sensorial existe , mas não é explicável e ,
sobretudo , nunca s e sabe , a o certo , s e ele vai surgir no
momento em que queremos utilizá-lo.
Psicomagia com e sem instrumental

M ais importante do que a implícita divisão ética em


magia branca e magia negra , e seus equivalentes atos
psi , é a observação sobre se existe ou não instrumental
para provocar o fato psicomágico . Utilizando um instru­
mental , . temos um relativo domínio sobre o fenômeno .
Isto evita que me identifique com ele , diminuindo a
minha projeção e me protegendo da inflação psíquica .
Conta C . G. Jung que , durante a primeira entrevista
dele com Freud , em Viena , sentiu que.iria acontecer um
grande estouro . Esse tipo de fenômeno lhe era familiar,
e assim avisou o colega . O estouro se deu no quarto con­
tíguo à sala, e quebrou uma pesada faca de cozinha. Os
pedaços foram estudados por metalúrgicos , sem , no en­
tan to, se ter encontrado uma expl icação . Esse foi um
tipo de fenômeno psi sem instrumental e , por isso , acon­
teceu sem ser evi tado ou provocado .
O maior temor de Freud era que a psicanálise fosse
con si derada magia e evi tada pelos círculos acadêmicos .
24 JUAN ALFREDO CÉSAR MULLER

Fico pensando , ao reler Freud , que , para ele, a aceitação


de suas teses era mais importante do que o próprio ato
clínico . A ruptura com Jung ficou para mais tarde, mas
se iniciou quando Freud descobriu em Jung o paranor­
mal extraordinário que punha em perigo o barco psica­
nalítico . Quanto a Jung , nunca teve ele preocupação de
ocul tar isto, porque não precisava de aprovação, não
tinha nada para vender . Ele era psiquiatra e psicólogo
da nobreza européi a , de qualquer jeito , o dono da maior
clínica da época.
Através de instrumental , é mais fácil o controle do
fato psi . Por exemplo , no candomblé ou no espiritismo a
incorporação somente é permitida no interior do centro,
terreiro , ou como se chame o local religioso , em dia e
hora prefixados. Esse aspecto equivale a um instrumento,
pois evita, sobretudo , que , por falta de disciplina , a incor­
poração se faça em local inoportuno , criando um risco
ao seu portador e ao ambiente .
Os instrumentos psi possíveis são incontáveis . Até
no ato de desfolhar uma margarida para saber " se ela
me ama " , converte-se a . flor em instrumento psi . Men­
cionaremos , a seguir, alguns instrumentos . O fato de não
mencionar outros não significa que fiquem , por isso,
excluídos ou desacreditados . A lém disso , o fato de se
dizer que algo . é instrumento psi não exclui outras fun­
ções , de outros campos que não foram mencionados .
Assim , o comentário torna-se mais simples , porém menos
perfeito .
Os instrumentos escolhidos para o nosso comentá-
rio são :
1) precognitores ou cognitores
a) astrologia; d) baralho;
b) copo itinerante: e) pêndulo;
e) linhas da mão ;
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA

2J manipuladores· da emoção
a) incenso; c) oração ;
b) macumba;* d) tele-radiador;
3) manipuladores e precognitores no mesmo instru­
mento
a) a Bíblia ; b) o Corão .
Vocês já experimentaram marcar um horário para
acordar, sem precisar de relógio despertador? Este mé­
todo e o seu conteúdo são evidentemente do tipo psi ,
mas se quisermos saber qual o processo inconsciente que
o produz não conseguiremos . Funciona sem explicação .
O mesmo acontece com a astrologia . Ela funciona,
mas sem explicação acadêmica plena . O computador po­
de nos fornecer os dados astronômicos, como também
indicar o evento geométrico , e ainda pode interpretá-lo ,
mas não pode indicar a sua intensidade . Quando estu­
dante , eu achava que a astrologia era somente objetiva ,
até que comecei a observar que é necessário intuir qua1
dos aspectos é o mais importante para o consulente .
Em termos astrológicos , é o intelecto que fornece
essa capacidade de racionalizar, mas é preciso também
con tar com os aspectos de vidência . Exatamente : Urano
bem com Mercúrio .
U m Saturno n o ascendente torna uma capacidade
psi aumentada , mas nossa cultura nega esta capacidade
e, desta maneira , o próprio interessado nega a capacida­
de que efeti vamente tem , por motivos culturais . Mas ela
continua agindo , sem nome - enqu anto "olho clínico " ,
"i ntuição " , etc .
Um dia tal vez possamos defin ir como capacidade
psi a presença de um determinado aminoácido num cen­
tro do si stema neurológico . Mas, por ora , nos contenta-

"' Nome popular para rituais das religiões animistas de origem afrkanu.
26 JUAN ALFREDO CÉSAR MULLER

remos em dizer que , ao nível da capacidade psi , o tempo


pode deixar de ser logarítmico e progressivo, para ser
uma instância manipulável. Falando do tempo , ao falar
de Saturno / Cronos , seu senhor, lembro de um processo
de clariaudiência, que passo a comentar.
O clariaudiente ouve como se estivessem falando ao
lado dele , embora o diálogo possa estar ocorrendo a cen­
tenas de quilômetros . A lém disso , nem sempre o clariau­
diente ouve a fala distante no momento em que ela se
produz . Muitas vezes, ouve dias depois, ou dias antes . . .
Absurdo , di rão alguns . Nós dizemos: inexplicável .
Assim , quando descrevo o tipo físico e o comporta­
mento de uma pessoa pelo seu horóscopo , estou fazendo
um trabalho intelectual , mas , se digo que essa pessoa vai
ganhar rosas pretas ou azuis no dia do seu aniversário ,
estarei fazendo uma precognição, que poderei explicar,
alegando este ou aquele aspecto do horóscopo . Trata-se ,
no caso, de uma associação de impulsos psi com conhe­
cimentos astrológicos, e é nisto que consiste a leitura
astrológica . A astrologia é uma " psicogeometria" que
toma o início das coisas , para as interpretar - é a psico­
logi a do início das coisas .
Com a astrologia, posso descrever e dar a conhecer o
físico , o comportamento , isto é , o cognoscível . Para isto ,
quem sabe , nãq precise util izar forças psi , mas para uma
pré ou uma retrocognição , sim . Por isso, coloquei-a no
rol dos instrumentos para as forças psi atuarem .
Não conheço um método para estimular a clariau­
diência . Ela vem quando quer , não sei se existe algum
instrumento para ela .
Alguns tratadistas falam de hipnose . Muito j á se
escreveu sobre isso , sem que os autores tivessem conhe­
cimento real das coisas que descrevem. Eu mesmo tive
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 27

clariaudiência em momentos especiais e de forma inusi­


tada . Devia ter .uns 12 anos . estava participando de uma
festa , quando o dono da casa propôs levitarmos uma
mesa , a título de distração . E assim o fizemos.
Porém a mesa ficou suspensa e não descia mais,
para susto de uns e alegria de outros . Então, o dono da
casa dispôs-se a consultar o copo itinerante , para saber
o que fazer com a mesa que ficou próxima ao teto, com
perigo de cair repentinamente . Assim , montamos o jogo
do copo , que mais adiante descreverei , e, durante a sua
consulta , a mesa desceu lentamente , embora ninguém
mais se interessasse· muito pela mesa , pois já tínhamos
ou tro brinq uedo melhor: o jogo psi do copo itinerante .
Faz-se um círculo com divisões , e nele se coloca o
alfabeto e mais alguns sinais freqüentes , como "sim " ,
"não " e outros . No seu centro , coloca-se u m copo leve ,
que é im antado apoiando-se , de leve , um dedo da mão
sobre el e . Faz-se uma pergunta por escrito , e o copo
começa a viaj ar pelo círculo , indicando as letras que
compõem as palavras da resposta . Durante o exercício
com o copo , comecei a ouvir uma voz que me falava em
latim e dava , antecipadamente , a resposta às perguntas
que eram feitas na oportunidade pelo processo do copo .
Desta forma, recebi em uma só noite a m inha iniciação
no mundo psicomágico .
Tive também , porém mais tarde , e por muitos anos
segui dos , uma experiência muito diferente . Ao ouvir, no
meu trabalho , os meus pacientes , apareciam sobre a
cabeça deles , bem vi síveis . textos em letras de forma ,
de cor verde .
O texto me informava do diagnóstico'. À s vezes , o
pincel tinha excesso de tinta , que escorria das letras , dan­
do a impressão de que itia manchar os cabelos da pessoa .
As linhas da mão

A pesquisa do destino futuro , ou o relato do j á vivi­


do , encontra-se também nas linhas das mãos . � só saber
ler . O mesmo acontece com as linhas do pé, neles repe­
te-se a leitura . Ao falar em pés , lembro-me de um ritual
tão bonito e antigo : andar em cima das brasas de uma
grande fogueira . Assisti a isso , pela primeira vez, no
interior longínquo , numa festa junina. Mais tarde, e com
muito mais emoção por parte dos participantes , num
templo de religio sos j aponeses , na Grande São Paulo .
Evidente o conteúdo psi do ritual e , como toda a infor­
mação deste livro , sem explicação .
A ntes de voltar às leituras das mãos, relato-lhes um
fato psi ao qual assisti também .
Num templo Zen em São Paulo , o, ofício religioso
se inicia com o bispo batendo num sino . A peculiaridade
deste sino é que ele vibra até o- ofício terminar, o que
dura uns vinte minutos .
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 24

O bispo era um lavrador japonês . Certo dia , a deusa


que ele e sua família adoravam apareceu-lhe e disse que
queria que fundasse um templo em Diadema , SP, para
ela, e que o aj udaria a alcançar isso .
Logo depois , ele recebeu um convite para voltar ao
J apão para ser examinado pelos bispos do convento de­
dicado à deusa . O exame consistiu , inicialmente , em ser
acordado no meio da noite durante toda uma semana ,
em pleno inverno , para receber cem baldes de água gela­
da sobre o corpo sem roupa , sem sen tir frio , pois a deusa
(do fogo) o devia proteger .
Depois teve que responder, por uma semana, a cem
perguntas diariamente , cuj as respostas deviam ser do
agrado dos mestres examinadores .
A deusa o fez bispo , como ela queria . . .
Essa mesma deusa mandou um fiel seu visitar um
templo no Himalaia sem levar alimentos ou roupas . No
caminho de retorno , no meio das montanhas , ele foi
encontrado por uma expedição que viajava com grande
equi pamento . Dizem que o quase mendigo não compreen­
dia o porquê de tanto aparato , se , afinal , bastava pedir
à deusa a ajuda necessária .
Voltemos às linhas das mãos. A lei tu ra é possível
porque, através do estudo , as linhas se tornam compreen­
síveis. Isto me levou a supor que as folhas das árvores
também devem dar informação através de suas linhas ,
isto é, nervuras .
O que é verdade ! Basta colher uma folha que tiver
caído: ela é a página de um livro e responde à nossa
p�rgunta de alguma forma . Ela utiliza um alfabeto psi ,
que os iniciados aprendem .
De todas as folhas , a mais visada e com respostas
mais extensas é a bananeira . Penso que foi por isso que
30 JUAN ALFREDO c:J�SAR MULLER

Plínio , o Velho , chamou-a a planta das Musas (inteli­


gências) .
Além das linhas das mãos , os quiromantes lêem nos
dedos e unhas , assim como os mestres acupunturistas
tratam de um paciente pelas orelhas . ( Você poderá veri­
ficar que a hélice da orelha desenha um bebê de cabeça
para baixo .)
Aliás , tudo o que está em cima está embaixo .
Então , o que acontece embaixo no corpo (os geni­
tais) se repete em cima, no rosto . Ele é composto de
testículos (olhos) , nariz (pênis) , boca (vagina) e cabelo
(raízes) . As plantas têm as flores (o sexo) , em cima, e as
nervuras da escrita nas folhas . Nós temos o sexo embai­
xo, as raízes , cabelo, para cima. E as linhas do destino
no avesso das mãos .
O baralho

Nada mais interessante e misterioso do que uma


sessão de adivinhação através do baralho .
No horóscopo , tudo já foi calculado , só resta inter­
pretar. No baralho , mais especificamente , no tarô , as
cartas são derramadas na mesa e, no impulso cego, 1 2 ou
21 del as são escolhidas . A cartomante as alinha , conforme
as recebe, e começa a falar . . . No meio da conversa , fico
sabendo que uma minha nora está esperando bebê.
Não me contenho , telefono para ela e digo :
- Olh a , a dona Joana diz que você engravidou . ..
El a responde :
- Pois é , foi confirmado ontem e iríamos contar
isso no domingo .
Dei os parabéns , e fico cá para mim pensando:
como é que pode ser? Vejo que o pote do inconsciente
coletivo é unico , que não existem segredos , portanto mé­
todos , posso me informar de tudo o que acontece.
e di fícil compreender o motivo que levou a rejeitar
32 JUAN ALFREDO CJ!':SAR MttLLER

e negar todos esses fenômenos tão emocionantes . Diz a


Bíblia que o rei Saul i rritou-se ao receber a informação ,
fornecida por uma vidente , que ele teria uma morte
ignominiosa e o seu corpo seria devorado pelos chacais .
Mandou matar todos os videntes que havia no reino ,
para que tal não acontecesse . Mas aconteceu .
Existem métodos para tornar o baralho instrumento
de manipulação .
Conta Vassariah, um monge do Rio de J aneiro , cujo
nome real é Delfim, que no tempo em que estava em
Paris , estudando, presenciou de perto o que vou relatar.
Um jornal muito importante fez um comentário,
pelo menos injurioso , sobre o bruxo Hector Mélan, que
residia também em Paris . Nada disse ele . Mas, para ser
publicado no dia seguinte , pagou um anúncio mínimo,
que continha o meniscapo . O meniscapo simboliza o infi­
nito e é o símbolo que se encontra embutido no 1 º arca­
no do tarô , no chapéu . Aliás , cada carta tem símbolos
importantes embutidos .
E, no dia seguinte, ninguém quis comprar o j ornal
nas bancas . Não vendeu um !
Aterrorizado , o diretor do jornal visitou Mélan e
lhe prometeu meia página de elogios e desculpas para o
dia seguinte . Sem perder a seriedade , Mélan fez o texto
de um novo anúncio mínimo que fez questão de pagar
ao próprio diretor e disse que tudo iria se normalizar,
como efetivamente aconteceu .
Para medir a força do tarô e tomá-lo a sério, colo­
que o 1 º arcano por baixo de uma plantinha; no outro
mês , com, outra , vire a carta para ficar no avesso, e po-
derá contar aos seus amigos que ingressou no Clube dos
Curiosos.
Mas , para compreender o baralho é preciso conhe­
cer a Cabala.
A Cabala: tradição «ex-arcano»

Esta é a árvore cabalística:


"Ain " hori zonte da etern idade imanifesta - " N i h i l " .

ge · eh

r:
34 JUAN ALFREDO C�SAR MULLER

Nomes e guardiães das Sephiras :

a) Kether, a coroa do Arcanjo M ittatron, planeta


Urano ;
b) Chomah , a sabedoria do Arcanjo Ratsiel, plane-
·

ta Netuno ;
c) B inah , a inteligência do Arcanjo Tsaphkiel, pia:
neta Saturno ;
d) Chesed , a liberalidade do Arcanjo Tsadkiel , pla­
neta Júpiter;
e) Gebrusah , a força do Arcanjo Sammael, planeta
Marte ;
f) Tipheret, a beleza do Arcanjo Michael , planeta
Sol ;
g) Netzah , a vitória do Arcanjo Hanniel, planeta
Vênus ;
h) Hod , os louvores do Arcanjo Rafael, planeta
Mercúrio ;
i ) Yesod , a fi rmeza do A rcanjo Gabriel , planeta
Lua ;
j) Malkuth , a realização da tecnologia do Arcanjo
M ittatron , planeta Terra .

O tarô (o baralho) nada mais é do que o caminho


entre uma e outra Sephira , na viagem pela árvore caba­
l ística , a nossa vida individual .
Entre 3 e 4 há um abi smo , Daat .
A viagem não é possível sem o conhecimento, que
faz a ponte sobre o abismo . E leva finalmente à Malkuth,
à tecnologia .
Este estudo é longo , árduo e misterioso , mas sua de­
dicação é remuneradora .
Há escolas místicas dedicadas somente ao estudo da
cabala .E impossível aqui dar informações detalhadas
.
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 35

7 •
'
\

, 10

14 "
" 12

sobre a cabala . Estes comentários são somente para dar


uma idéia do que há no mundo mís.t ico .
El iphas Levi , um famoso mestre ocúltista , publicou
em 1 891, na revista L 'J nitiation , alguns comentários
importantes dos quais transcreveremos uma pequena
parte :
" ( . . . ) três são as ciências: a cabala , a magia e o
hermetismo .
A cabala é a matemática das emoções humanas . A
álgebra da fé .
A magia é a ciência dos conhecimentos das forças
secretas da natureza .
O hermeti smo é a ciência da natureza escondida nos
símbolos da antiguidade . f: o caminho para a grande
obra " . ....

ln A Cabala de Papus. Paris. Editora Dangles, sem data.


36 JUAN ALFREDO Clf:SAR MULLER

A finalidade do uso do tarô é ser uma bússola na


autopsicoterapia , para se alcançar o equilíbrio interno .
A adivinhação corriqueira é possível com tarô, mas não
é a sua meta .
A finalidade do estudo da Cabala é também se saber
utilizar o tarô .
A árvore tem 32 caminhos. Eu mostrei somente 21,
os arcanos maiores .
Há ainda 50 portas . E teríamos que falar das claví­
culas, que são 1 6.
E ainda . . . I sto é tão extenso quanto a Grande
Obra!
O pêndulo

1 nstrumento inquiritivo , cognitivo ou precognitivo .


�, como instrumento , o mais simples , e até , podemos
dizer, banal .
·
O pêndulo tem somente três tipos de respostas à
nossa pergunta: sim, positivo , quando se movimenta no
sentido horário ; não , negativo , quando no sentido anti­
horário ; e sem resposta , indiferente, quando não se mexe .
·Mas o pêndulo responde tudo , sabe e informa tudo ,
contanto que o paranormal não participe do interesse
do consultante; nesse caso , a informação fica, positiva­
mente, invalidada .
A que hora minha mulher volta do cabeleireiro?
Quantos gols fará o time de meu filho? Um amigo tele­
fona para ter informações sobre o cadastro de um cliente
seu . A tudo o pêndulo responde. Extraordinário!
Existe pêndulo específico para pesquisas mais exa­
tas em campos especiais .
38 JUAN ALFREDO Ct:SAR MULLER

Nos Estados Unidos , há até uma associação de ami­


gos do uso do pêndulo . Uma dica para , algum dia, ter­
mos uma também .
A varinha do buscador de água é uma forma especí­
fica do pêndulo .
O pêndulo informa por uma fotografia de um local,
ou até um croqui .
A maior dificuldade no seu uso consiste nos breques
culturais que nos impedem de utilizar um amplificador
de nossa sensibilidade , sem críticas e autocríticas .
Como todo processo psi , ele não é sempre atuante .
Tem , às vezes , dias ou meses sem capacidade efetiva,
algumas vezes por doença , outras , por causa de uma
forte emoção e outras , a inda , sem explicação , como tudo .
Na França , o uso do pêndulo é comum . E, usado
para exame fi scal da qual idade das coisas e dos alimen­
tos , por exemplo , mas não é um instrumento apto para
ler la buena dicha (" futurar" sobre o destino amoroso) .
Na França de 1870, M . Bovis ficou muito famoso com
o pêndulo .
Ele utilizava um , com 100 cm de barbante , e cada
centímetro equival i a a um grau de perfeição , qualidade
ou doença . Chamou o pêndulo mais sofisticado de biô­
metro , e obteve patente para ele . Mais tarde, M . Bovis
anunciou que , multiplicando a leitura dos centímetros do
pêndulo por 0,65' obtinha-se a leitura direta em angs­
troms , do espectro luminoso do objeto pesquisado . Era
um grande sucesso . Após o biômetro surgiu o tetrômetro
e o radiógrafo . Por fim , o dosímetro .Jumelli, para pes­

quisa da saúde das pessoas . Todos esses aparelhos eram


sérios . Funcionavam em mãos quali ficadas .
Um inglês, o Dr. Brunler, começou a investigar esse
aparelho e optou por aumentar para 1000 cm o seu
compri mento . Mediu assim influências da mente na ma-
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA

téria e, desse modo , a inteligência e a personalidade. Com


21 O unidades Brunler , achávamos o homem comum, e
com 725 , os grandes gênios . Ninguém ficou famoso com
menos de 450 unidades .
De todos esses esforços , hoje temos somente um
aurameter, além do pêndulo . A cultura moderna faz um
desvio para a genética, bioquímica e neurologia, deixan­
do. este espaço da psicologia para outro momento . Nem
com todo o conhecimento moderno é possível explicar o
pêndulo sem incluir o fator psicomágico no centro das
racionalizações.
O emocionante no uso do pêndulo é a simplicidade
e tradição , que os estudiosos remontam a muito antes
do império do Egito .
Eu mesmo pude assistir à caça de um agente espião
estrangeiro pelo pêndulo , em Genebra. Havia uma ordem
para capturá-lo de qualquer forma . O operador tinha um
mapa detalhado da cidade e seguia os seus movimentos .
Em determinado momento , o espião entrou num aparta­
mento vazio para esconder-se e . . . nele foi achado sem
qualquer esforço . A pesquisa para localizar criminosos
exige um treinamento especial e prévio , sem o qual tor­
na-se problemática a busca .
Os bandidos importantes , ladrões e espiões têm ge­
ralmente escudos psíquicos previamente conferidos por
bruxos que trabalham para eles , o que dificulta a pesqui­
sa com pêndulos ou qualquer outro método .
O pêndulo é muito usado , porém não publicamen­
te . Como toda ferramenta, estraga quando mal utilizada .
Como aconteceu com minha chave de fenda que utilizei
como talhadeira , e um sapato que usei como martelo .
O mau uso provoca o descrédito do pêndulo , da
chave de fenda e do sapato .
O incenso

Um meu conhecido cismou que queria visitar o ce­


mitério à meia-noite, para conversar com Omulu , o deus
dos cemitérios na religião africana . Ele é muito educado,
mas infernal , um exu : um esqueleto cheio de l arvas fedo­
rentas que se amontoam no lugar da carne e da pele .
Apesar de todos os avisos, meu amigo foi ao cemitério
e, chegando ao primeiro lugar mais iluminado, alguém
disse às suas costas :
- E você quem queria falar comigo?
Tamanho foi o choque que meu amigo levou que
teve de ser internado no hospital . Mais tarde, depois de
restabelecido, perguntou-me :
- O que eu deveria ter feito para me proteger da
visão de Omulu?
- Queimar incenso - foi minha resposta .
O incenso é manipulador. E remédio, antes de tudo .
Agrada aos anjos . Não aos querubins , aos anjos .
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOO IA 41

O incenso afasta a figura que tememos do mundo


espiritual . e magia pelo perfume , como o pentagrama e
o hexagrama (ambos , estrelas de D avi) são magia pelo
desenho. Ao defumar com incenso , utilizamos as forças
psi energicamente . Os defumadores religiosos são b asea­
dos no efeito do incenso . Afinal , toda moça sabe que,
com perfume , vai atrair o namorado para mais perto .
Faça o mesmo no mundo espiritual com incenso .
A macumba

Em São Paulo se diz que macumba é sinônimo de


uma atividade psicomágica do tipo manipulativo, origi­
nária de alguma religião africana e destinada a fazer o
mal a terceiros .
M acumba (a entrega) é o nome popular para uma
forma religiosa tanto de umbanda, quanto de candomblé,
que se destina a oferecer objetos , comidas e bebidas a
um ou vários deuses do Panteão dessas religiões . Junto
a essa entrega , como contrapartida, faz-se um pedido de
qualquer gênero e com qualquer intenção ética, para que
um ou vários deuses ajudem a alcançar o objetivo em
questão .
A macumba não é usada especificamente para fazer
o mal. Ela pode. ressuscitar e matar, mas isso depende
do bruxo, do momento e d as defesas dos outros . Nem
todos os rituais são efetivos .
Na América do Norte, o nome habitual para esta
modalidade é vodu . Mas o vodu é originário do Haiti e
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA

muitíssimo diferente da macumba . Os membros da tribo


que desobedecem a uma ordem do pajé (xamã) recebem
o vodu : têm morte aparente e " acordam " dela para o
trabalho escravo que irão real izar pelo resto da v ida e ,
pelos relatos ouvidos , não recebem comida ou agasalho;
são os zumbi s .
A oração mortal é também conhecida pelos havaia­
nos , que não ressuscitam para escravizar . Dizem os estu­
diosos que a facilidade de convívio que os havaianos de­
monstram é devida à oração , que permitiria remover os
maus elementos pela morte .
Para que o ri tual surta efeito , depende de quem o
faz, de quem encomenda e como é feito . ·

A sua importância reside no fato de permitir a jus­


tiça pelas próprias mãos e por intermédio desses deuses ,
que são venais como os homens .
A justiça pelas próprias mãos não se realiza somente
para a vi ngança : muitas vezes se pedem novas oportu­
nidades de emprego ou solução para problemas de saúde ,
por exemplo .
A macumba é, portanto , magia ao alcance de quem
a quer . Magia é a arte de melhorar o destino de cada um ,
e é tão antiga quanto o homem na Terra , como j á disse .
Quem tem restrições para utilizar a palavra "magia" ,
pode substituí-la por " simpatia ": nas " simpatias " se faz
o mesmo , sem os tambores ou as comidas do candomblé;
ou entãq, quem é membro de uma seita que não permite
o nome " magia" ou " simpatia" , mas aceita a denomina­
ção de " benção " (bênção) .
Em qualquer dos casos , trata-se de uma forma psi
de alterar um estado de coisas . Porém , macumba , magia ,
simpatia ou bênção são métodos psi , que dependem de
uma segunda ou até de uma terceira pessoa. Penso que
o ato ritual consiste no interlocutor, no "tu " , que per-
44 JUAN ALFREDO C�AR M'V'LLER

mite chegar sem muitos perigos ao " ele" , o que não acon­
tece com a oração , como veremos .
Por intermédio de algumas destas forças manipula­
tivas, posso chegar a alcançar o que almejo, e isto é o
importante . N ão preciso ficar na dependência projetiva
de culpar alguém - pai , mãe, vizinho ou médico - pelo
que não aconteceu . I nclui-se , também , o direito à vin­
gança.
A vingança é ética, é a defesa do mais fraco, do
perdedor. Chamar vingança de magia negra é cegueira
de quem a faz e de quem a critica . Que os valores vin­
gados não sejam os nossos, pode ser, mas negar a magia
por temor a ela é incompreensível.
A oraçã o

Torna-se difícil compreender por que a oração foi


tão esquecida . t uma força psi , de primeira grandeza ,
que permite entrar em contato pessoal com o mundo
espiritual , prescindindo da interposição de intermediá­
rios como incenso , magia ritualística ou não, etc . Permi­
te , também , algo que não se pode , absolutamente, alcan­
çar com outro método: a possibilidade de agradecer.
Certa vez, atendi a um banqueiro salvo por causa
do efeito da oração . Foi assim: ele voltava do interior,
onde tinha comparecido para inaugurar uma agência , em
seu avião particular. No meio da viagem , uma tempesta­
de imprevista queimou todos os circuitos elétricos , dei­
xando o aparelho sem rádio , luzes e tudo o mai s . N a
violência da tempestade , até o rumo foi perdido . Voavam
·
e n ão sabiam por onde . Perto do esgotamento do com­
bustível , o passageiro pôs-se a rezar. D isse-me que reza­
va com medo , com fé , e que rezava transpirando . Man­
dou o pi loto rumar à esquerda . . . mais tarde , avistaram
46 JUAN ALFREDO CltSAR MULLER

um pálido fulgor. Eram as luzes do Rio de J aneiro; antes


tinham estado voando sobre o mar. Ao tocar a terra, fazia
alguns minutos que os motores tinham-se desligado, por
fal ta de combustível .
Mesmo a oração mecânica pode ajudar. Lembro de
ter lido , sobre este aspecto da oração repetitiva, o seguin­
te relato : três monges se reuniram numa ilha do longín­
quo Pacífico e dedicavam-se à oração , dizendo apenas, e
monotonamente : " Senhor, tende piedade de nós " . Tendo
o bispo da região ouvido falar sobre eles e sobre a mono­
tonia da reza , foi lhes ensinar outras formas de rezar.
Ao regressar, no barco , longe da costa , o bispo observou
os três santos dirigindo-se em direção a ele, em desaba­
lada carreira , a pé, sobre o mar: chegando perto, disse­
ram : " Senhor bispo , esque�emo-nos das orações que nos
ensinou para alcançar a santidade , queira , por favor , re­
peti-las " .
A oração é força psi, sej a ela religiosa o u não .
Ela cura , ela mata . � a única força mágica pessoal
e invisível .
A benzedeira ou o rezador é a pessoa a quem posso
me qirigir, para que reforce a minha oração .
Teria sido , talvez, esta a finalidade da reza do
Angelus, hoje esquecida . Mas o esquecimento é perdoá­
vel , pois originou-se do deslumbramento científico-indus­
trial . Logo , tudo voltará ao normal .
A moderna tecnologia não remove a oração , con­

serva-a .
Ao rezar, dê um i�ício claro e , ao encerrar, um
fechamento contundente . Como na missa católica, por
exemplo , se inicia dizendo : Introibo ad altarem Dei,
e se encerra claramente : /te missa est. Pode-se orar di­
zendo : " I nicio a minha oração . . . Encerro . . . etc .
O tele-radiador

Vocês conhecem o boneco de cera que simboliza a


pessoa a quem queremos fazer dano , e onde cravamos
agulh as com esse fim?
Esse boneq ui nho é um recíproco mágico da pessoa
a ser atingida , e nunca se sabe se o agressor também é
atingido pel a magi a que pretende.
O tele-radi ador é também um método para atuar
magi camente a d i s tânc i a , mas com uma d iferença: é um
método pacífico , que não se propõe a causar d ano. E: um
aparelho . Sua con strução se faz enrolando-se algumas
vol tas de fio de cobre sobre dois prego s , separadamente .
Depois , unem-se os fios , por uma das extremidades ,
e colocam-se os pregos num papelão . Assim:

N
48 JUAN ALFREDO cgsAR MULLER

Colocamos as fotos do lugar, ou nome da pessoa, e


orientamos os pregos , para que olhem o norte . Sobre esta
informação , podemos pingar um perfume, alho, menta,
etc . , ou podemos colocar uma peça de testemunho no
lugar do croqui .
Experimentei o tele-radiador molhando e adubando
a terra de amostra do testemunho de uma pequena plan­
tação de repolhos , mas não coloquei fertilizantes no lugar
da semente nem inseticida , que , às vezes, é necessário
pôr no tele-radiador .
Colhi repolhos perfeitos , com mais de 4 quilos cada
um . Esse aparelho pode substituir a reza, para acabar
com a bicheira de gado , cobras e tudo o mais.
Se quiser utilizar fotografias, é . melhor utilizar a
polaroid , pois tem positivo e negativo juntos.
Se pretender utilizar o tele-radiador para fazer efeito
em sua casa, tenha cuidado , pois, com ele ligado, ninguém
mais vai dormir.
Diminua a orientação ao norte, aumentando gradual­
mente .
Como quase todos os processos psi, es�e também se
desgasta , e se no início tem grande força , mais tarde el a
se esvai . Neste caso , é necessário mudar o testemunho e
começar tudo novamente .
Com um pingo de mel no tele e os nomes dos dois,
seu casamento pode melhorar muito .
Faça suas experiências , se tiver afinidade com o
método .
A Bíblia e o Corão

Se tenho uma curiosidade prospectiva , ou necessi­


dade de me informar melhor, posso consultar a Bíblia
ou o Corão , abrindo um destes Livros Sagrados a esmo .
O texto que meu inconsciente me indica é a resposta ao
que procurava . B uma forma rápida e certa de me in­
formar.
Esses livros podem também ser utilizados como tele­
radiadores .
Escolhemos um texto adequado contra um feitiço,
colocamos o nome da pessoa que vai receber o benefício ,
ou sua fotografia , e, ainda , o livro olhando para o norte .
Nunca esqueça , ao utilizar estes métodos , de que são
formas de oração ; portanto , agradeça , ao abri-los , ao
fechá-los e ao deixar de utilizá-los , para não causar dano
a si mesmo .
O método de consulta do 1 Ching é muito diferente
da nossa proposta com a Bíblia , mas a essência do resul­
tado é semelhante .
1 Ching: o livro oracular chinês

Com este instrumental podemos pesquisar os fatos


atuais e futuros do destino de cada um e recebemos indi­
cações preciosas de qual o comportamento certo ante as
circunstâncias em estudo .
Como todo instrumento psicomágico, ele é tão antigo
quanto a humanidade e tão inexplicável quanto exato .
O livro pode ser encontrado em qualquer livraria, tradu­
zido para o português. Para consultá-lo , utilizam-se três
moedas que são jogadas como dados .
Esse oráculo foi muito estudado por C. G . J ung.
Desse estudo nasceu o conceito de " sincronicidade".
A sincronicidade é o nosso recíproco da magia ou
da astrologia . Simplesmente, o instante da queda das moe-

das é igual ao fato estudado .


O instante do horóscopo horário é a resposta ao
consulente, e espelha as circunstâncias que provocam a
consulta .
PSICOllAOIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 51

Nenhuma folha cai da árvore sem estar isso escrito


no livro da vida . A única forma de nós ou nossos depen­
dentes fugirmos do que está esc1:ito é pela magia .
Magia " alteração" posso alcançar com remédio, ci­
rurgia , oração , discussão , guerra . . . ou atuando no recí­
proco , de forma sincrônica .
Travei conhecimento com o 1 Ching consultando-o .
Tinha 18 anos , então . A resposta descrevia de forma per­
feita a minha condição naquele momento, e um quadro
do que aconteceu , efetivamente , 30 anos depois .
Sempre me maravilhei com o 1 Ching . Aliás , todos
os métodos instrumentais são maravilhosos e, mesmo se
tendo o hábito de utilizá-los regularmente , eles sempre
nos encantam .
O livro de Hermano Hesse , O jogo das contas de
vidro , é um relato das combinações do 1 Ching, um jogo
sagrado, pois mexe com o destino . Sagrado é todo o eter­
no e tudo o que altere o destino : a magia, por exemplo .
.
As forças psi e a religião: o eflúvio

Uma força psi que flui, geralmente escorrega da


palma da mão , e cura ou anestesia a dor. Ela se torna
perceptível quando da aplicação do /ohrei, chamado Luz
Divina; por exemplo : na aspersão de água benta , na apli­
cação dos óleos santos, na adoração a uma imagem, na
vela acesa com finalidade volitiva, e assim sucessivamente.
Não pode existir religião nem xamanismo sem a pre­
sença dessa força extraordinária. Não existe cura real,
com todos os remédios , sem a presença dessa força . Para
os católicos , ela é emanação de Nossa Senhora , a Virgem
Santa (os católicos novos parecem vendedores de antro­
pologia social , e ficam fora de nossa cogitação) . Essa
força sempre foi associada' às religiões .
Vocês talvez digam que ela é manipulativa como a
oração , mas não é . Ela está ligada com a energia que os
místicos não religiosos atribuem às pirâmid�s . Pode ser .
acumulada , como se faz com os ícones, por exemplo .
No R enascimento , antes da cheg�da da batata e do
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 53

milho da América , a fome obrigava a comer centeio enve­


nenado com o fungo ergot , o que provocava gangrena e
uma morte pavorosa . Foi uma · época de grande temor,
·
e os doentes se reuniam em catacumbas aos pés das igre­

.i a s , adoravam a Nossa Senhora preta (preta pela falta de


luz e não pela raça) e ofereciam-lhe velas verdes . Outros
iam ao hospital , onde morriam ao terem as extremidades
gangrenadas arrancadas a frio .
Consta que os que recebiam aquela forma de eflúvio
curativo nas igrej as saravam tanto ou mais do que os
que eram internados nos hospitais . Este eflúvio tem a sua
atividade aumentada quando os ofícios religiosos são fei­
tos cuidando-se dos detalhes mágicos . Sobre esse aspecto ,
verifique-se o livro :E. xodo , na Bíblia , caps . XVI I e se­
guintes , onde se fornecem minúcias para todo ofício re-
1 igioso .
Os chineses têm um nome para um lado desta força
de eflúvio : TSÇHI. O ruído do vapor que sai da chaleira
tem a ver com a transmutação prometida no livro de
Wilhem , O segredo da flor de ouro . Também �parece nas
artes marciais . Tschi é força psi no campo religioso, é
aquela que fazia levitar San Juan de la Cruz, a que pro­
duzia fumaça com Moisés no Monte ou fazia com que
ele ganhasse as guerras se levantasse os braços durante
a luta . Ela flui pelo telex e pelo telefone, fica dentro da
água . A bênção se distribui pela mão de quem a tem .
Essa força é diferente da força do sexo . :É uma força
te1 úrica , passa pela pessoa . A força do sexo é da própria
pessoa . À s vezes me telefona algum amigo pedindo um
pouco de alívio com o eflúvio que sai da mão, para sarar
de alguma coisa . f: transmissível pelo telefone , sem in­
convenientes .
Façanhas psi famosas

Deveríamos iniciar este capítulo falando de Zeus


(Deus) . Afinal, psicomágica é a atuação clássica dos deu­
ses gregos , nas suas epopéias .
No nosso . mundo moderno, façanhas psi, como as
que acontecem em Lourdes , na França , ou em Aparecida,
no Brasil, são vistas com desconfiança ou , pelo menos,
não recebem a devida atenção . Os antigos , que não eram
hipócritas , deixaram vários relatos dessas façanhas , até
nos escritos sagrados de nível popular (como a Bíblia,
por exemplo) .
As façanhas de Moisés , que permitiram a saída dos
judeus do Egito , e ainda suas sucessivas façanhas du­
rante a peregrinação até chegar à Terra Prometida, de­
veriam estar em primeiro lugar na relembrança dos fatos
psi famosos , dos quais a Bíblia está cheia . Citarei Eliseu
( 1 .º Livro dos Reis, cap . IV, vers . 6 em diante) .
Das muitas façanhas psi de Eliseu , discípulo de Elias ,
comento a da viúva que o consultou , em desespero, pois
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 55

o marido ao falecer deixou-lhe dívidas que iriam provo­


car a escravidão de seus filhos . Eliseu multiplicou o pou­
co azeite que a viúva tinha como única riqueza ; e tanto
o fez que , além de pagar a dívida, ainda sobrou dinheiro
para ela e seus filhos . Salvos da escravidão , viveram bem .
Esse relato me faz lembrar uma façanha psi seme­
lhante, nos dias de hoje, vivida com humildade pelos seus
participantes O doutor P . um médico amigo meu , deci­
. ,

diu certo dia (em surto p s icótico) não cobrar mais pelo
seu trabalho . Sua esposa , que era uma santa , achou que
se ele queria agir assim , deveria ter seus motivos e, por­
tanto , não se queixou . Para fazer as compras , ou tomar
o bonde para visitar a mãe , com a maior naturali dade
estendia a mão e dizia : " Deus , preciso de tanto para
comprar isto , ou para o bonde " ; " Hoje vou pedir mais,
pois é ani versário do meu filho e tenho que dar-lhe um
presente " . O dinheiro exato solicitado aparecia em sua
mão . No dia em que o marido sarou e voltou a cobrar
pelo trabalho , ela não pediu mais a Deus � mas ao marido .
Todos nós temos podido presenciar algum fenômeno
psi i ncomum ou até extraord i nário com a mesma emoção
que hoje sen timos ao reler as pági nas da Bíbl i a . O Mefis­
tófeles , no Fausto , de Goethe , gostava das façanhas psi
porque , con forme o gosto dos anos t 800 , os fenômenos
psi eram do di abo .
A história de Tobias

Tobias ficou pobre e cego e pediu ao filho, também


Tobias , para fazer uma longa viagem para cobrar e re­
ceber um bom dinheiro das mãos de um parente .
Pediu também para que encontrasse alguém que o
acompanhasse na viagem , o qual seria pago por ocasião
do retomo . Imediatamente apareceu alguém capacitado ,
que , como sabemos, era o arcanjo Rafael . Logo no início
da viagem , pulou um gra::je peixe saído de uma lagoa,
e o acompanhante pediu para que Tobias guardasse o
fígado e a bJe do peixe . Aconselhou-o , depois , a parar
na casa de um parente ·rico de Tobias, que tinha uma
filha sete vezes viúva, pois um diabo matava os maridos
na primeira noite . Tobias acabou se casando com a p a­
renta e , aconselhado pelo acompanhante de viagem, con­
'
seguiu vencer o diabo untando o corpo com o fígado do
peixe .
Passado algum terr�iJO , Tobias filho voltou para junto
de seu pai , com o dinheiro e uma esposa rica . Com o fel
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 57

do peixe , restituiu ao pai a visão . O arcanjo foi embora


muito satisfeito. Maravilhosa história psi esta, onde ve­
mos que o triunfo somente fo� possível com o apoio de
um arcanjo e muita magia . A diferença entre Eliseu e
Tobias é que Tobias provocava os fenômenos psicomá­
gicos por intermédio de uma substância , enquan to que
Eliseu não fazia uso de nad a , a magia era mental . I sso
depende do mestre . Tobias agia com instrumental , como
agora dissemos . e Eliseu sem in�trumental .
Yogananda *

Entramos aqui em outro reino , cultura · e v1sao . O


fenômeno psi , além de existir, é cultuado, relatado, e faz
parte do dia-a-dia . A relação de relatos fenomênicos,
nesta obra , é das mais extensas . Desde a dupla presença
concomitante, quando um mestre está em meditação e,
ao mesmo tempo, faz uma visita a um discípulo adoen­
tado , para curá-lo . Na volta, relata o que viu, como se.
fosse uma visita nossa comum ; até o discípulo extraviado
que utiliza a força miraculosa para roubar passagens de
trem de um guicP,ê , e dá-los para que vários jovens pas­
seassem ; ou ainda o santo que não precisava comer, ou
o santo que comeu veneno e - nada sentiu . E muitos outros .
Yogananda fundou um ashram na região de Los
Angeles , nos Estados Unidos , que tem a peculiaridade
de ser um centro relig ioso de vida econômica indepen­
dente . Esse ashram possui um grande restaurante popular .

• Autor do livro Autobiografia de um yoguin.


PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 59

Yogananda conseguiu vários seguidores no mundo todo ,


inclusive em São Paulo e Rio de J aneiro , para ensinar
Kria Yoga, mas não achou um sucessor com o seu brilho.
A pesquisa de J . B . Rhine foi possível por causa do
esforço hercúleo de homens de religiosidade sincera, e
quero colocar na primeira fileira Yogananda, cuja devo­
ção causou impacto na sociedade culta da época. E, no
mesmo estilo hinduísta, Ana Helena Petrovna Blavatsky,
fundadora da Teosofia, que era uma psicomaga impres­
sionante e do mesmo gabarito .
Waltari

Mika Waltari é um paranormal , escritor finlandês ,


famoso por seus livros históricos romanceados, entre eles ,
O Egípcio. Mas o livro que apresenta maior volume de
experiências psi é O Etrusco, que já teve duas edições ,
ou mais , em português .
O relato se inicia com o personagem em busca de
rumo , destino , consultando um Omen, uma lança jogada
a esmo , que seria a seta do novo caminho . Ele atravessa
muros , eletrocuta mulheres com a força do sexo, con­
versa com os anjos , consulta videntes , enfim , um para­
normal , pajé de uma tribo da Etrúria .
O Etrusco representa, em parte, as próprias expe­
riências do autor, além de mostrat um grande conheci­
mento da P sicomagia. O personagem consegue ter um
encontro com o deus Vultur (deus-chefe dos etruscos) ,
� u m jantar onde o próprio deus se faz presente (com
ri sco de vida dos pajés presentes) ; o deus comia um
prato com carne de porco-espinho , a única comida que
PSJCOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 61

aceitava . Como astrólogo , sabendo que Vultur é Mercúrio


e sabendo como ele se comporta na proximidade dos ho­

mens , ao reler o texto , sinto-me como se eu fosse um


dos convivas , sendo quase afogado na instabilidade de
Vultur.
Max F. Long e a façanha huna

Long, psicólogo americano, teve uma exper1encia


fundamental durante a sua residência no Havaí com uma
benzedeira da religião das ilhas . " Huna, o segredo" seria
o nome da religião . Essa experiência levou-o a fundar,
nos Estados Unidos , uma escola religiosa, psicoterápica,
para ensinar aos seus adeptos como modificar o destino.
Essa escola tem filial no Brasil .
O importante da façanha de Long é que o método
funciona, e é realizado pelo própria pessoa, sem depen­
der de outras .
A escola de Y ogananda tem uma grande preocupa­
ção com a questão das vidas futuras e com o problema
de se encurtar as reencarnações , mas nunca tive a im­
pressão de que Y ogananda se preocupasse demais com
o presente . M . F. Long se preocupa com o hoje.
Long viveu no Havaí durante a grande crise dos
Estados Unidos . Era proprietário de uma loj a de artigos
fotográficos . Estava ameaçado de falir e não conseguia
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA
63

vender o negócio , já que vender era a única saída pos­


sível . No desespero, teve a idé� a de consultar um a ben­
zedeira, que o orientou para atuar de forma corre t a e ,
assim , conseguir que um amigo e concorrente lhe com­
prasse o negócio pelo valor certo e desejado .
Além da experiência de mudar o próprio de st i no
'
Long conseguiu , a partir desse impulso, informar-se d eta-
lhadamente sobre o método psi utilizado para alc ançar,
em poucos dias , uma alteração do destino · que a ps i ca­
nálise da época se propunha, porém de maneira con fusa
e somente quanto ao aspecto clínico .
Estou certo de que foi através de Long e do método
huna que se iniciou a psicoterapia breve , com a dife rença
de que Long promove um método psi-religioso e a p s ico­
terapia breve ; embora tenha os mesmos objetivos de Long
- melhorar o destino - o método huna se utiliz a das
ferramentas clínicas de sua própria história .
Seus trabalhos não são proezas " de circo" , como se
poderia considerar os casos relatados no livro O Etrusco '
de Waltari , porém , com o método huna , decididamente
'
muitos destinos , que eram insuportáveis, melhoraram .
Long, com a sua escola Huna, introduziu na no ssa
cultura terapêutica um método psi para melhorar o des­
tino com efeito final semelhante ao da umbanda. M as a
umbanda tem o inconveniente de ser rejeitada no no sso
meio culto , enquanto que a huna não o tem .
O método de Long é mesmeriano, ou seja , psi-efi­
ciente, e passível de uma explicação que até o doutor
Freud aceitaria, pois cria categorias de ego que, ao se
intercomunicarem , produzem o efeito desejado .
Mas não aceito essa explicação . Um método fun­
ciona , mas não há explicação . O que altera realmente 0
rumo do destino é o conjunto paranormal-paciente , ou
psicólogo-paciente . De qualquer forma , Long fez uma
JUAN ALFREOO C:tSAR MtlLLER
64

faç � anha que o coloca ao l ado dos grandes . Introduziu a


pes·•quisa lingüística no estudo da Psicologia, anterior­
melfll t e aos lingüistas franceses de orientação psicanalítica
canino Lacan, e conseguiu reconstruir muitas informações
de nossa história religiosa de forma louvável .
O método terapêutico huna tem em conta o fato
atu • al , a realidade presente . N ão é psicomagia informa­
tiv @ , é pedagógica, como se pode constatar em The Secret
Sci.ence at Work e Behind Miracles, entre outros livros .
De � ejando mais informações , escrever para : Huna Re­
sea ::: rch , Inc . 1 26 Camelia Drive, Cape Girardeau, MO
6 3 7í70 1 , U .S.A.
C. G. Jung

N ão falarei do Jung cientista , do revoluciona dor da


cultura , nem do místico ou do historia d or. Em todas estas
áreas , mil façanhas laurearam sua vi d a. Mas o lado que,
sempre , mais emocionou em Jung foi o seu lado par�­
normal . Tenho certeza de que , sem este lado psi , o res to
teria pouco valor. Diziam as faladei ra s que ele era neto
de Goethe . Em todo caso foi uma figura tão importante
quanto Goethe , cada um em sua ép oca .
Lembro das explosões d e origem psi , que fariam
i nvej a ao mestre Don Juan , dos liv ros de Castafíeda . A
primei ra explo são aconteceu quando decidiu q úe iria ser
psiquiat ra . A segunda , no seu pri m eiro encontro com
Freud .
Na primei ra explosão , a mesa, secular e maciça, da
cozinh a da casa dos pais se partiu etll duas . Na segunda,
uma faca de cozi nha na casa de Freu d ficou em pedaços .
Na outra vez , aconteceu um milagre em público : Jung
dava aula na uni vers idade e semp re tinha uma platéia
66 JUAN ALFREDO CJ!:SAR MULLER

incomum e volumosa , pois aconteciam pequenos fenô­


menos psi durante as aulas ; a matéria era novidade e ,
além da psiquiatria de Kraepelin , Jung relatava as suas
pesq uisas na procura do símbolo mágico nas demências .
Certo dia, chegou uma senhora semiparalítica , apoia­
da em muletas , dizendo que queria voltar a andar . J ung
a hipnotizou mas , ao tentar acordá-la , ela simplesmente
não acordou . O tempo passava . Os cochichos críticos já
eram claros , havia protesto na platéia , e ela dormia . . .
J ung estava vermelho de ansiedade - uma explosão . A
paciente levantou-se rápido e disse : " Muito obrigada. As
muletas , dei xo-as para quem precisar. Passe bem " . Os
aplausos dos estudantes ressoam ainda hoje . Desse dia
em diante . o consultório particular de Jung ficou sempre
cheio .
Muitas são as experiências extra-sensoriais que per­
meiam a biografia de Jung , e que parecem , às vezes , fatos
da vida de Alice Bayle , Blavatsky e outros . Há outras
façanhas do doutor J ung, como as anteriores : a cura com
a presença d o escaravelho verde , a turma inteira que veio
do além e ficou batendo furiosamente o sino na entrada
de sua residência, pedindo aulas sobre as coisas psi , que
eles precisavam conhecer, originando o magnífico traba­
lho Septem sermones ad mortuos.
Fi n d horn

Um americano sonhador e pobre ouvi u uma ordem


de ir à Escócia para uma nova vida na terra desolada e
erm a , varrida por ventos frios e violentos . Essa terra era
um lote e não uma fazenda , q ue pertencia à v iú v a de um
den tista , q ue o estava aguardando no bar de Findhorn .
Chegando l á . encontrou a viúva no bar, conforme fora
avisado , e tudo se con firmou .
Semeou repol hos e estes nasceram enormes , somen te
com o poder da oração , como também toda a horta . O
ministério inglês pesquisou o caso . O resultado da pes­
quisa confi rmou que a terra era totalmente improduti v a .
Assim nasceu em Findhorn um novo grupo rel igioso
do tipo psi , • com façanhas curativas ao lado de uma pro­
dução gigantesca q ue al imentava seus fiéi s . I n iciaram este
trabal ho e m torno da época em que o primeiro homem
pi sou no solo da Lua .

° Findhorn Foundation , Cluny Hill Col lege . Forres IV 36 ORD.


Scotl and . Tel . ( 0 109) 7 2288 .
66 JUAN ALFREOO CJ!:SAR MULLER

incomum e volumosa , pois aconteciam pequenos fenô­


menos psi durante as aulas ; a matéria era novidade e ,
além da psiquiatria de Kraepelin , J ung relatava as suas
pesq uisas na procura do símbolo mágico nas demências .
Certo dia, chegou uma senhora semiparalítica , apoia­
da em muletas , dizendo que queri a voltar a andar. J ung
a hipnotizou mas , ao tentar acordá-la , ela simplesmente
não acordou . O tempo passava . Os cochichos críticos já
eram cl aros , havia protesto na platéia , e ela dormia . . .
J ung estava vermelho de ansiedade - uma explosão . A
paciente levantou-se rápido e disse : " Muito obrigada. As
muletas , deixo-as para quem precisar. Passe bem " . Os
apl ausos dos estudantes ressoam ainda hoje . Desse dia
em diante , o consultório particular de Jung ficou sempre
cheio .
Muitas são as experiências extra-sensoriais que per­
meiam a biografia de Jung, e que parecem , às vezes , fatos
da vida de Alice Bayle , Blavatsky e outros . Há outras
façanhas do doutor Jung , como as anteriores : a cura com
a presença d o escaravelho verde, a turma inteira que veio
do além e ficou batendo furiosamente o sino na entrada
de sua residência , pedindo aulas sobre as coisas psi , que
eles precisavam conhecer, originando o magnífico traba­
lho Septem sermones ad mortuos.
F i n d horn

Um americano son hador e pobre ouviu u ma ordem


de ir à Escócia para uma nova vida na terra desolada e
erm a , varrida por ventos frios e violentos . Essa terra era
um lote e não uma fazenda , q ue pertencia à viúva de um
den tista , que o estava agua rdando no bar de Findhorn .
Chegando l á , encontrou a viúva no b a r , conforme fora
avisado , e tudo se con fi rmou .
Semeou repolhos e estes nasceram enormes , somente
com o poder da oração , como também toda a horta . O
ministério inglês pesqu i sou o caso . O resultado da pes­
q uisa con fi rmou que a terra era totalmente improdutiva .
Assim n asceu em Findhorn um novo grupo rel igioso
do tipo psi , * com façanhas curativas ao lado de uma pro­
dução gigan tesca q ue alimentava seus fiéi s . I niciaram este
traba l ho em torno da época em que o pri meiro homem
pi sou no solo da Lua .

� Findhorn Foundation , Cluny Hill Col lege , Forres IV 36 OR D .


Scotl and . Tel . (0 309) 7 2 288 .
68 JUAN ALFREDO CÊSAR MULLER

As antíteses marcam a riqueza da expenencia hu­


mana . O evento mais religioso e o mais científico ocorre­
ram no mesmo momento da História : 1 969 .
Lendo as provas , percebi que pouco disseram a res­
peito de Findhorn . Assim , pedi à professora D . Ana Maria
Gonzalez , 40 anos , mestra de literatura portuguesa e astró­
loga , que recentemente retornou de Findhom, para que
relatasse o que eu não sabia . Ela me forneceu o que
segue :

A UTOPIA DO TERCEI RO M I LE N I O

A travessei campos e campos para chegar à comuni­


dade de Findhom , no norte da Escócia . De Londres a
Inverness , pelo caminho, muitas plantações de flores ama­
relas , cultivadas para o preparo de óleo vegetal, davam
um tom alegre à paisagem , tradicionalmente conhecida
como brumosa . De I nverness, cidade que é ponto de re­
ferência local , dirigi-me à pequena Forres, onde se situa
Cluny Hill College, prédio de um antigo hotel que agora
recebe os hóspedes da comunidade .
Há um outro núcleo, a uns oito quilômetros, perto
do povoado de pescadores, à beira-mar, e que lhe em­
presta o nome , Findhorn . Este núcleo, o Caravan P ark,
é o ponto original da comunidade, imenso estacionamento
de trailers que servem de moradia aos habitantes da co­
munidade , que já passam de duzentos . Era assim que
moravam seus fundadores , e assim moram os seguidores .
O visitante que quiser permanecer como seu hóspede
precisa optar por um tipo de vivência . A comunidade
oferece várias alternativas , todas com duração mínima
de uma semana . Aconselha-se, para quem lá chegar pela
primeira vez , a Experience Week. Há também workshops
e outros programas para quem quiser experimentar o
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 69

cotidiano mais alongado da vida comunitária. Porém,


para se tornar seu membro , o indivíduo precisa passar
por alguns estágios prévios , em que será certamente obser­
vada sua capaci dade de adaptação aos objetivos da cole­
tividade .
O visitante deverá se enquadrar num departamento
entre os que lhe são oferecidos : j ardim e horta (que me
recordam os primeiros tempos da comunidade , em que
ela se fazia conhecer ao mundo pelo trabalho com ele­
mentos da natureza) , cozinha , tipografia , cuidado com
a casa , arrumação da sala de j antar . . .
A vida diária é regulamentada por períodos de tra­
balho , espaço para refeições e reuniões . Há hábitos espe­
ciais , pequenos ri tuais que se cumprem e que lembram
ao visitante estar numa comunidade de linha e s piritua­
lista . A sintonização ou attunement (pequena meditação
que se faz de mãos dadas) e o sharing ou troca de expe­
riênci a , a cada ihício de trabalho ou de reunião , indicam
a importância do equi líbrio energético do grupo . Os três
períodos de meditação coletiva são oportunidade para o
recolhimento , de uma ou de outra forma sempre suge­
rido . t o autoconhecimento a chave do lado místico de
Findhorn . Este me parece ser o segredo dessa comuni­
dade : a energia gerada por sujeitos que procuram se co­
nhecer cada vez mais e que investigam as realidades me­
nos aparen tes da vida . Essa energia canalizada para um
propósito coletivo promove a magia do grupo : indivíd uos
conhecedores de energias a nível individual , dispostos a
lidar com o seu instrumental energético a nível coletivo .
Daí em diante a bruxaria está completa . Que mundo
resiste à transformação promovida por indivíduos gera­
dores de amor e de fé na vida ? Qual é o medo que um
homem pode sen tir num mundo onde ele não está sozinho ,
70 JUAN ALFREDO CÊSAR MULLER

mas sim irmanado a outros por uma vida melhor e mais


sign i ficativa ?
Na verdade , além de campos , castelos com seus fan­
tasmas particul ares e florestas da Escócia , a visita a
Findhorn surpreende e entusiasma . Quando saí de l á , na
metade do mês de maio , me perguntava , pelo caminho
de vol ta , se estava fora de mim . . . quem sabe bêbada pelo
verde da primavera �scocesa ou pelo colorido das tulipas ?
Júlio Verne

Embora a juven tude d e hoje não conheça Júlio Ver­


ne , o primeiro cientista escritor que antecipou os desco­
brimen tos tecnológicos , ele é , na verdade , mais um dos
psicomagos que não devem ser esquecidos . Ele publicou
Da Terra para a Lua. A bala-nave da concepção de Verne
sa i u c.k T a m pa . na Flórida , a cinco minutos da base astro­
n áu t i c a de Cabo Canaveral .

Dos admiradores de Verne , um ultrapassou a todos .


Deu - l he um barco (Yate) cujas caldeiras ficavam sempre
acesas para poder zarpar sem demora . Mas Verne , mestre
do vaticínio tecnológico do século anterior, era fóbico e
l
não pod ia viajar num barco . E nunca viajou .
Ao relembrar os escritos de Júlio Verne , vem à mi­
nha memória o inigualável autor de A dmirável Mundo
Novo , Aldous H uxley , também um visionário do futuro
que , em 1 9 30 , descreveu a pílula anticoncepcional , a li­
berdade sexual , a reprodução �m proveta e a engenharia
genética , tal como as conhecemos hoje .
Fantasmas

Outro aspecto da Psicomagia que merece comentá­


rio : os fantasmas .
Posso iniciar contando experiências minhas com fan­
tasmas , e acrescentando que a luz má, a mula sem cabeça
estão na faixa dos fantasmas . Os Poltergeist, palavra da
linguagem psicológica , são os fantasmas que fazem algo ,
os sacis que irritam as pessoas com as suas diabruras , por
exemplo .
Mas , voltando às minhas experiências , havia em
Campos do Jordão uma casa à venda, a preço de ninharia .
Fui avisado pelos vizinhos de que era uma casa mal­
assombrada , e eu disse a mim mesmo : com tudo o que
sei sobre essa matéria, isso não me impressiona. Compra­
mos a casa . A noite fazia um frio de gelar a alma , mesmo
com estufa e cobertores em abundância . Depois vinham
passos , passos de botas no piso de tábua . Depois um
choro entrecortado com gritos de dor - silêncio nova­
mente . Frio e , de novo , a mesma situação . Não podia
PSICOMAGJA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 73

convidar o s meus amigos, n u m ambiente tão esquisito .


O fan tasma resi stiu a todas as minhas investidas , até o
dia em que , muitos anos depois , surgiu um rapaz que me
disse : eu sou filho de D . , que viveu aqui . Desejo ver o
quarto onde nasci , ela me pediu para assim fazê-lo (a
mãe era viva e morava no Rio de J aneiro) .
Ele me contou , então , a seguinte história (e a partir
deste momento o fantasma sumiu) : " Mamãe vivia nesta
casa , onde se apaixonou pelo meu pai , com quem se ca­
sou depois . Ele era casado e morava na casa vizinha
(mais tarde , também adquirida por um psicólogo) . Ela
sofreu horrores na minha gestação porque queria ver o
meu pai à noite e não podia . Depois de meu nascimento,
os dois casais se separaram e minha mãe e papai foram
viver juntos no Rio " . Após a visita do rapaz , o fantasma
desapareceu .
Outro fantasma nós vimos indo a Campos do J ordão ,
certa vez , à noite . Na primeira curva depois do M ata­
douro Municipal , os faróis do carro iluminaram um la­
vrador com chapéu e trouxa , acompanhado de um ca­
chorro . Mas neles tudo era intensamente branco : chapéu ,
calça , rosto , cachorro . N a semana seguinte, a mesma vi­
são , o mesmo fantasma . Tenho certeza de que outras
pessoas também viram esse fantasma . Gostaria de receber
comentários sobre o caso .
Ainda um caso , mais terrível até , se quiserem . Eu
era estudante e um companheiro me disse qu(i(. naquele
fim de semana iria à 1 nglaterra para ver um fantasma
chorar . Tinha pago para isso - uma noite num castelo
mal-assombrado - 1 5 libras , uma fortuna !
O fantasma era uma criança que chegava (atraves­

· sando uma parede) aos berros , procurando os pais , e


desaparecia por uma porta que se abria rangendo . O
choro suplicante tangia a alma dos turistas neuróticos .
74 JUAN ALFREDO CJ!:SAR MULLER

Posso dizer que o colega voltou muito doente e não


conseguia mais dormir de medo de sonhar com o fantasma.
De Poltergeist (sacis) , posso relatar dois casos inte­
ressantes . Havia um perto do meu consultório . Ele jogava
e quebrava tudo na casa, e muitas vezes jogava pedras
na cristaleira , quebrando as coisas de dentro . Uma psico­
terapia na família foi suficiente . Esse fantasma desapa­
receu totalmente ; quem sabe , um ou vários membros da
família eram paranormais .
O mais bonito foi um caso que ocorreu em Santo
André , relatado pelo doutor Lyra . Lá , o Poltergeist era
um diabo vermelho e quente , de chifre , mesmo . Foi ca­
çado e jogado num armário de aço - pouco depois se
ouviu um ruído de maçarico . Ele cortou com fogo a chapa
do armário comercial , e fugiu pela abertura .
As simpatias

Na adolescência , eu jogava tênis com as mamanga­


vas . Ficava na �ntrada da toca com uma raquete e as
acertava , uma a uma ; depois , pegava o mel . Uma vez ,
errei na conta e . em lugar das nove habituais , havia uma
déci ma , a úl tima , que me picou . A dor era terrível . O
meu empregado , que assistiu à minha luta , e depois aos
meus vômitos e choro , tirou o facão e, com o lado do
fio , me fez uma cruz no lugar da picada . Na mesma hora
a dor desapareceu e o inchaço também. Isto é uma sim­

pati a . Uma medicina simples e muito mágica, digna de


nossa atenção .
Essas simpati as são extensas , populares , efetivas , en­
tremeadas com superstições e com falsas simpatias .
C. G . Jung interpretou , por exemplo , como simpatia
o ato de fazer um nó num l enço para achar um objeto
perdido . Reza-se um versete mais ou menos assim : " pi­
lato , pila to , s e não achar, não te desato" . Se o objeto
esti vesse perdido mesmo . ele não apareceria , porque es te
76 JUAN ALFREDO CJ!::S AR MtlLLER

método não é simpatia , não é psicomágico : é um método


mnemônico .
Vej amos : a pessoa transloca o objeto , durante uma
rápida ausência (atuando por automatismo) , para qual­
quer lugar inadequado . Porém, o relaxamento projetivo
do nó permite achá-lo , porque o inconsciente sabe onde
está o objeto .
O difícil é separar o psicomágico do ritualístico ou
da superstição .
Forçar Santo Antônio a fazer determinado favor,
roubando o menino do colo dele até que o pedido sej a
atendido , embora pareça inócuo , é um processo que lem­
bra a telekinesia com os dados . É Psicomagia .
Comer lentilhas no dia de São Silvestre para evacuar
moedas no outro dia , isso eu encaro como superstição .
Mas pode , enquanto superstição , ter um efeito hipnótico ,
e o que nós achamos ser Psicomagia pode ser somente
superstição .
Impressionantes são as simpatias chamadas " rezas "
para retirar vermes e carrapatos do gado , ou a " reza "
para afastar as cobras venenosas de uma fazenda . Tenho
a completa certeza do contexto real da hi stóri a do flau­
tista de Hamelin , cuj a façanha coloco na área das sim­
patias ou da Psicomagi a .
Diz a lenda que o flautista de H amelin foi contra­
tado pelos comerci antes da cidade para el i minar os ratos
que a empesteavam . Ele tocou uma flauta alegre e os
levou a um despenhadeiro , onde todos morreram . Foi
tudo mui to fácil , bastou tocar a flauta . Os comercian tes
decidi ram , então , não pagar a ele a quanti dade el evada
que ti nham prometido . O flautista i nsistiu , mas não con­
segu iu obter o seu dinhe i ro . Em uma manhã ensolarada ,
e l e sa iu tocando a sua flauta mágica e todas as crianças .
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 77

felizes , o seguiram . . . pelo mesmo caminho até o despe­


nhadei ro , onde os ratos haviam sumido .
De nada adiantou os pais tentarem remover as crian­
ças que , obedecendo ao flauti sta , se jogaram do despe­
nhade i ro . . .
Vidência e clarividência

Tamanha importância tem na Psicomagia a capaci­


dade de vidência que este livro deveria , talvez , ter-se
iniciado com este tema .
Vidência quer dizer enxergar além do normal, ter­
cei ra visão , terceiro olho (no meio dos dois , no alto do
nariz) , como tinham alguns deuses mitológicos chamados
titãs. O fantasma é visto pelas pessoas sem vidência, mas
o que um vidente enxerga , só outro videote é capaz de ver.
)

Walt Disney era , entre outras coisas , vidente . Os


anões , as fadas e os animais são um retrato comercial do
que ele poderia ter visto .
Também os grandes místicos eram videntes . Lembro
San J uan de la Cruz , Santa Teresa de Á vila e tantos
outros . Santo Antôn io de Pádua , além de vidente, tinha
dupla presença .
A consu l ta à bola de cristal somente é possível com
vidênci a . É uma forma de excitá-la . Mas ela é perigosa
porq ue , para en xerga r , " entra-se " nela e se participa do
PSICOMAGIA: A NOVA P�SICOLOGIA

acon tecimento , sem o querer - não é como na televisão .


onde se vê o fato , mas se permanece do outro l ado , fora
dele .
A l ice Bayle relat a , num romance , a história de uma
deusa que voltou a ser cultuada com a ajuda de um vi­
dente . O caso aconteceu no Egito , no Baixo I mpério . Os
pais , compreensivos , trouxeram ao convento da cidade
seu filho adolescente , porque era " muito diferente " . O
jovem é acei to e posto a trabalhar nos jardins do convento .
No dia seguinte , o j ardineiro-chefe pediu para falar com
o superior e relatou que o garoto ficava no jardim con­
versando com a deusa , cuj a adoração fora o motivo da
fu ndação do convento , mui tos séculos antes . Porém , fazia
mui tos e muitos anos que ninguém falava com ela . O
abade decidiu então que iria , com a ajuda do garoto ,
tornar a deusa visível ao povo , no dia dedicado a ela ,
den tro de uma barca , desfilando para a multidão às mar­
gens do rio . I sto faria com que a religião, que estava
decaindo , pudesse vol tar a brilhar com a força de antes ,
por mais tempo .
O ri tual necessário para permitir o milagre foi indi­
cado pel a deusa e, de fato , aconteceu o milagre desejado ,
que a transformou em fantasma por alguns minutos .
Sempre achei que a religi ão tem muito a ver com a
v idência . Mas os catól icos rejeitam a vidênc i a , e os mais
sensíveis e vi dentes , por esse moti vo , são obrigados a
debandar pa ra as re ligi ões incorporati vas . como o espi ­
ri tismo e a umbanda .
A audição acompanha a vidência ; outras vezes , o
portador da capacidade psicomágica somente ouve . A isto ,
já o vimos , dá-se o nome de clariaudiênci a .
Ela é também parte essencial do processo religioso
verdadei ro . mas é m e n os freqüen temente comen tada .
80 JUAN ALFREDO CÉSAR MULLER

A vidência permite " olhar para o futuro " . N ão existe


a expressão " ouvir o futuro " , no entanto há uma forma
oracular de ouvir o futuro , assim como o passado .
O telefone do além é um dos métodos utilizados
para isso . O método é simples . Após se concentrar no
fato que vai ser pesquisado , liga-se um gravador que fixa
os ruídos que acontecem nesse momento . Esta gravação
é posteriormente ouvida em muito baixa rotação, apare­
cendo , então, claramente, uma voz " do além " , que res­
ponde à consulta .. Quase sempre trata-se da voz de uma
pessoa " ressuscitada" . E, uma maneira de se falar com
os mortos , valendo , porém , o conselho de deixar os mor­
tos em paz .
Vidência e aura

Vocês se le mbram da auréola dos santos católicos ?


Pois ela simbo li za a aura , que , quando dourada , simbo­
lizaria a perfeição .
Os viden tes enxergam a aura humana , a dos animais
e até a das pla nt as . E mais ou menos como se fosse a luz
da chama do g ás de cozinha em labaredas grandes , vamos
dizer , de uns tri nta centímetros de altura . E instável e
parece que se refere antes à auto-avaliação das intenções
do momento d o que a qualquer outra instância . Houve
um momento e m que se acreditou que a foto Kirlian iria
desvendar tod os esses-· mistérios , mas a foto Kirlian não
passa de brinq u edo , próprio para os rapazes encantarem
as moças . Não teve utilidade na pesquisa psi ou psico­
mágica , até o momento .
A vidência da aura é o fenômeno mais freqüente
e até comum neste campo , porém a vidência não tem
limite : o viden te pode ver qualquer coisa , se ele estiver
82 JUAN ALFREDO C�AR MULLER

no momento propício , em condições adequadas e ainda


estimulado pelo consulente .
Relato-lhes uma experiência de vidência , da qual
participei meramente como testemunha . Estava em visita
na casa de S . , uma vidente minha amiga , usando uma
roupa de cuja marca era proprietário um amigo meu . De
repente , ela me olha dizendo , com o rosto desapontado :
" O seu amigo G . vai falir, ele comprou as máquinas
erradas , pensando que havia enganado os alemães . Mais
tarde , ele vai se safar , pagar tudo , mas vai morrer em
seguida " .
Dias depoi s , encontrei-me com esse amigo que , com
o rosto triunfante , ao me ver , grita : " Comprei ! As má­
quinas . . . .
"

E tudo aconteceu como S . viu .


Rel ato ainda uma outra forma de vidência, que tam­
bém é espetacular:
A minha amiga M. H . , com mais de 40 anos , entrou
em surto psicótico agudo sem um motivo aparente . Fui
visitar o meu amigo O . para saber o que ele achava do
fato . E1e me disse : "Volte amanhã com um lenço branco ,
que ela vai deixar durante a noite embaixo do travesseiro .
Por favor, não toque no lenço - ela que o coloque numa
caixa ou envelope . Assim o fiz . O . desdobrou o lenço e
colocou sobre a boca de um copo com água mineral ser­
vida na hora . Ao murmurar uma palavra em voz baixa ,
da água saiu uma fumaça violenta e fogo , que queimou
o lenço , aparecendo em pirogravura um desenho e um
texto escrito em alfabeto que não conheço - o desenho
poderia sugerir um morcego estilizado , para dar uma
idéia .
Continuando , ele disse em voz alta : Onde ? . . . Onde ?
Foi preciso abrir portas e j anelas , por causa da fu­
maça intensa . Finalmente , ele disse : " Esta é a assinatura
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA

do d i abo . f. um trabalho _ enterrado na P raia Grande .


com um sapo que morreu com a boca costurada . Vamos
amanhã de madrugada à praia para desenterrá-lo. Foi a
sua amiga quem provocou isto . Foi encomendado por
ful a na , que p agou o trabalho para v i ngar-se porque M . H .
está querendo roubar o mar i do dela . Ela ficará boa . mas
precisa desistir desse homem ' ' .
Estava amanhecendo e nós , n a pra ia . O . mandou-a
andar com uma faca e j ogá-la como quisesse , no momento
em que sentisse algo . Depois cavasse com a faca no luga r
da q ueda . Apareceu uma caixa de tamanho regular e .
den tro , o sapo d e que se falou . J unto , hav i a u m perga­
m i n ho com um longo texto escri to em nanq u i m , d ando a
que i x a e fa lando do castigo dese_j ado , além de outras
coi sas .
Tudo foi j ogado no mar. Porém , as águas traziam
tudo de vol ta à pra i a . O . mandou buscar uma cerveja e ,
agi tando a garrafa para fazer pressão , usou o dedo para
simular uma válvula . A cerveja saiu da garrafa transfor­
mada em fogo e . mesmo con tra o vento , alcançava uma
di stância de 1 O ou 1 5 metros , queimando os objetos de­
sen terra dos pouco antes .
Essas forças exconj urativas e cura t ivas , q ue provêm
do con heci men to do além por vidênci a , forma ram a base
das religi ões .
Eu era proprietário de uma casa com uma grande
árvore na en trada . No coração da árvore , v e io um d i a
u m anão do mundo esp i ri tual . Quando se i nstalou , veio
me pedi r l i cença . E , muitas vezes , ficava num travesse i ro
especial para ele , na sala de espera do meu consultóri o .
Adorava o s cochichos e o s comentários , mas , s e houvesse
alguma coi sa de anormal , ele corria para me contar , ou .
se eu estivesse t rabalhando , t i rava , no método dele , " u ma
foto " e a desen rol ava para me mostrar. sem di zer nen h u -
84 JUAN ALFREDO Cl!:SAR MULLER

ma palavra . Nunca soube como era a vida dele no dia-a­


dia , nunca dialogamos nem perguntei nada, com receio
de provocar algum sentimento hostil nele . Sei o quanto
se ofende facilmente . Sei /também que a vidência pode
tomar nossa vida difícil , se não tivermos cuidado .
A Psicomagia entre os animais

Existe a suspeita de que o ato psicomágico sej a co­


nhecido também pelos animais e não somente pelo homem .
Mas as pesquisas sobre isso ficam para o futuro .
Vej a-se a pomba se orientando . Veja-se o ritual ,
antes da chuva forte , dos macacos bugios . . Veja-se o fenô­
meno incrível da cobra que somente abre a boca , enquan­
to que o passarinho , aterrorizado e contra sua própria
vontade , entra na boca da cobra para morrer, aos pulinhos
espasmódicos .
Vou relatar uma caçada na Á frica entre negros pig­
meus , com método psicomágico .
Antes da alvorada , o pajé da tribo desenha no chão
um gamo . O local parece ter sido escolhido a esmo . Os
primei ros raios de sol atravessando as árvores marcam
um lugar no corpo desenhado no chão . t nesse ponto que
o gamo vai ser atingido pela flecha mortal . O animal está
ainda para vir.
O chefe da caçada examina o trabalho do Sol e a
Hb JUAN ALFREDO CÉSAR MULLER

partir di sso determina quantos homens o acompanharão ,


poi s , con forme o ferimento , terá mais ou menos dificul-
·

dade para pegar a presa .


O grupo se espal ha e , repentinamente , o chefe joga
a lança . " sentindo " a presença do alvo , mas sem vê-lo.
E u m gamo aparece ferido mortalmente , no local que o
Sol marcou . H á uma certa semelhança entre isso e o que
O . fez com a faca no relato sobre vidência .
Essa mesma tribo conhece o desenho do jogo da
" amare linha " , mas com outro uso . E para pesquisar o
futuro . O consulente a desenha no lugar indicado , antes
do pôr-do-sol . Durante a noite , algum animal , chacal ou
lobo, passa por cima, deixando as marcas das pisadas,
que são interpretadas pelo feiticeiro . A informação sobre
o futuro é coerente e séria. Ele diz : " O lobo manda di­
zer . . . " . Eles utilizam para isso os animais que não são
usados na caça , geralmente animais totêmicos .

A amarelinha é a árvore cabalística desenhada no


capítulo " Tarô " .
Con tam u m a lenda (que não é , necessariamente , real ,
mas poderia sê-lo) em que um fei ticeiro africano tinha um
b astão que , à noite , se transformava em cobra perigosa
e matava o ca ndidato escolhido pelo seu dono . Para isso ,
visitava " gentilmente " a pessoa indicada e " esquecia" o
bastão ao sair. O resto adivinharam , certamente .
As n1edi ci nas c i rúrgi cas
e clíni cas alternativas ou psicomágic as

Por volta dos anos 50, foi filmada nas Filipinas, por
um grupo alemão , uma cirurgia , precisamente uma histe­
rectomia não hospitalar , na cabana de um paranormal ,
sem a utilização de anestésicos ou cuidados de higiene .
O sucesso da operação de remoção do útero foi total ,
como previsto , pois é um método milenar. Desde então ,
nos meios acadêmicos , chama-se cirurgia filipina a esse
método de operar, embora não ocorra somente l á .
N a mesma época obteve popularidade entre nós
A rigó . Por permitir uma publicidade que aumentou sua
cJientela até o ex agero , a qualidade de seu trabalho deve
ter-se aviltado .
A vi são espírita (no meu entender errada) de que
não se deve cobrar pelo trabalho realiza�o , por ser esse
tipo de operação " um dom de Deus " , "é Ele quem faz " ,
con tribui também para diminuir a sua qualidade , por não
permitir o recurso a meios adequados .
88 JUAN ALFREDO C:t;SAR MULLER

Eu mesmo fui operado no meu corpo físico por esse


método, porém em Santos .
A mãe-de-santo que me operou , D . Marieta, incor­
porou o Dr. Walter , que abriu o corte, assinalando com
o dedo (não com faca ou tesoura) . Mais tarde, fechou o
corte dizendo : " Deus não quer ver sangue" .
A o terminar a operação , eu me sentia bem e com
apetite . Não senti dor em nenhum momento , embora ti­
vesse presenciado a entrada de tesouras e pinças em meu
ventre , todas sem assepsia visível .
A operação cirúrgica de caráter psicomágico é o iní­
cio do método acadêmico moderno da cirurgia , que tenta
revivê-la , porém com outros artifícios .
Possuo um crânio humano adulto, uma caveira en­
contrada no meio dos Andes , que veio rolando aos meus
pés , com marcas de ter sido operada no lobo occipital
em vida . Por isso acho que o método filipino era conhe­
cido também pelos povos andinos , pré-colombianos .
A cirurgia foi , durante muito tempo, devido à sua
importância, uma medicina separada da medicina clínica .
Acredito que a visão cirúrgica envolva outro tipo de per­
sonali dade , diferente do tipo que a visão clínica exige.
Na medicina psicomágica também se encontram se­
paradas essas duas atuações . Em nosso meio , a incorpo­
ração ou o aparecimento do Dr. Bezerra de Menezes nos
faz pressupor que haverá uma assistência clínica . O apa­
recimento do Dr. Fritz (que o Arigó incorporava) ou o
Dr. Walter (que D . Marieta incorporava) , leva-nos a pen­
sar que haverá uma cirurgia .
A medicina psicomágica e , modernamente, fazendo
parte desta , a psicoterapia psicomágica devolvem ao pa­
ciente a sua dignidade e posse , que a medicina atual e
acadêmica usurpou . A medicina psicomágica obriga o
paciente a participar do ato médico . O profissional vem
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 89

acrescentar, com conhecimentos específicos , a possibili­


dade de êxito . Porém , o esforço é do próprio paciente .
No aconselhamento psicoterápico , os métodos de
pesquisa , como tarô , astrolegia , pêndulo, etc . , são formas
expansivas da informação , mas a decisão de aceitá-los
será tomada pelo consulente . Caso contrário , não devem
ser Utilizados.
A aceitação da manifestação psicomágica· envolve,
portanto , uma conseqüência que j á mencionamos : digni­
fica os seus participantes . E ;· falando sobre medicina psi­
comágica , lembro-me de Egdard Cayce e sua medicina .
Na escola d e E . Cayce , grande parte das curas é
realizada pelo utilização do óleo de mamona . O curioso
no uso deste poderoso remédio universal , conforme ensi­
nam os seus adeptos , é que ele atua muito eficazmente
quando o paciente acredita no método e o aceita . Mas a
substância é de pouca ajuda quando isso não acontece .
Tendemos a medir a fé dos outros pelo resultado
obtido , quando a outra variante da observação consiste
em dizer que a doença ou o que se queria corrigir não
devia ser suscetível ao tratamento utilizado , ou ainda, que
o tipo de atuação b ioquímica , por exemplo , que o óleo
ensej a , é paralelo ao das pessoas que , a priori, gostam de
util izá-lo . Mas a interpretação da postura cultural é insu­
ficiente para entender o que acontece .
Na homeopatia se diz que a substância faz o gesto
que o corpo precisa para aprender a sarar . Mas nem todos
saram com ela .
A ciência acadêmica rejeita o paciente que se sente
mal com as suas próprias substâncias , porque sua estru­
tura é autoritária . Desta postura nasceu o doente imagi­
nário de Vol taire , que era um coitado depressivo e não
doente imaginário. A minúcia do raciocínio é essencial
para se observar o fenômeno da cura . Existe sempre uma
JUAN ALFREDO ci:8AR MULLER

tendência a avaliar de forma tribal , e não de forma séria ,


tudo aquilo que não é familiar.
Tudo leva a acreditar que os que aprovam a mani­
festação psicomágica sejam pessoas com maior dote para­
normal do que os outros, ou com uma postura cultural
mais flexível . Há relatos dignos de fé que provam a capa­
cidade do corpo em produzir qualquer substância e até
elementos , como , por exemplo, a descoberta oportuna de
um médico canadense de que entre a forma química da
adrenalina e a do LSD-25 (ácido lisérgico) há uma mo­
lécula a mais de hidrogênio na segunda.
Hoje, sabemos que o corpo com febre provoca delí­
rios lisérgicos , pois , nesse estado , e por motivo desconhe­
cido , uma parte da adrenalina é hidrogenada .
H idrogenar, para o corpo , é fácil . Mas, para as in­
dústrias e para os nossos laboratórios é dificílimo . A
outra p rova se baseia n u ma experiência com galinhas :
elas são a l i mentadas sem cálcio até o ovo aparecer sem
casca . N esse momen to , além da alimentação sem cálcio ,
recebem sal de cozinha sem racionamento . Assim , voltam
a produzir os ovos com casca de cálcio , com sal como
matéri a-prima .
O caso das pl antas q u e vivem só de oração e fé se
relaciona , também , com medicina psicomágica .
Uma equ i pe de pes q u isa semeia na a rgila expandida
( q ue é tão pobre em n utrientes q uanto a pedra) , forne­
cendo água e oração p ara as sementes . Estas se transfor­
mam em plantas , florescem . . . e morrem q uando o entu­
si asmo da oração diminu i .
A Psicomagia é , portanto , essencial à p róp ri a exis­
tência de cada um . E n t re as medicinas psicomágicas é
importan te incluir Psicoterapi a .
Todas a s formas de Psicoterapia , até a s mais orto­
doxas , envol vem o uso de componen tes psicomágicos . No
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA

entanto , dentre elas , as formas rel igiosas com incorpora­


ção são . man ifestamen te . as mais psicomágicas e identifi­
cadas à primeira vista como tais. Como toda Psicoter::ipia .
elas têm também menor efeito nos casos de componentes
psiquiátricos essenciais , ou os que requerem cirurgia , sem
ser isto uma regra . O desprestígio das medicinas psico­
mágicas , inclusive as medicinas alternativas , encontra-se
associado ao fato de , muitas vezes , elas serem utilizadas
onde e quando não deveriam sê-lo , ou serem utilizadas
exclusivamente . Os métodos psicomágicos são geralmente
avocados como religiosos , e seu uso orientado por pessoas
que carecem da necessária cultura técnica na medicina
acadêm ica . As crendices e as defesas emocionais de ca­
ráter tribal impedem um desempenho claro e eficiente de
todo esse con.i unto .
Por outro lado , o autoritarismo das medicinas orto­
doxas ou das não consideradas alternativas empobrece o
arsenal clinico .
Objetivamente , ambas são eq uivalentes em seus re­
sul tados , quando há indicações específicas de que uma
ou outra se.i a utilizada . Cada método ou escola psicomá­
gica (ou não) tem sua sombra em seu oposto . E necessário
que haja uma integração formal das principais correntes
e que se defi na quando cada uma é a mais i ndicada, nos
di versos casos .
Enkinesia ou medicina xamântica usual

Enkinesia, transporte , é , de ·todas as formas extraor­


dinárias de curas , a mais irracional .
A doença passa do doente para o curador, e é despe­
jada em seguida, por ele, na água corrente, em um animal
ou até numa árvore . Exemplos de cura por enkinesia
achamos na Bíblia e na vida diária .
Na �íblia encontramos a cura de Naaman, que era
ministro da Guerra de um país vizinho da pátria de Eliseu
(Reis , cap . 1 3 ) . Eliseu transportou para um servo seu,
como uma forma de castigo , a doença de Naaman, que
se tornou um guerreiro sadio .
Eu mesmo assisti a uma cura por enkinesia, porém
tanto a doença declarada (tube fculose) como a própria
declaração de cura , pela paciente, não sofreram, em ne­
nhum momento , controle acad êmico .
O paranormal extraordinário chamava-se Frederico
e nos convidou para assistir a uma cura . Uma moça apre­
·sen tando mau estado físico chegou , alegando que o trata-
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 93

mento que recebia não a curava . Devia pertencer à classe


operári a al ta , poi s o marido manejava uma motonivela­
dora .
Terminado o ritual , o corpo ficou coberto de larvas
vivas e algumas formigas saúvas . O encantador e o ma­
rido da paciente tiravam os insetos .
A pós i sso , ela recebeu um banho ritual e , repentina­
mente , a saúde e a beleza da juventude estavam visíveis
na ex-paciente , que se considerou curada e salva em me­
nos de uma hora de tratamento .
N a época , por um despreparo meu , não tive idéia de
solicitar o endereço para um posterior seguimento .
f. também uma cura enkinética o relato do Cristo ,
que tira uma doença e a joga para um bando de porcos
que andavam nas proximidades .
Quando levamos uma criança com mal-estar e febre
a uma benzedeira , e esta começa a bocejar, seus olhos
l acri mejam , falta-lhe ar , chamamos também , a isso , enki­
nesw.
Logo a criança fica normal e saudável e a benzedei­
ra , após se benzer , também . I nformam-nos que a criança
sofria de " quebranto " , mas que agora ficou boa .
Essa medicina , essa forma xamânica de curar, atua
com a mesma faixa estatística de êxito que a medicina
acadêmica ou qualquer outra .
O catedrático da faculdade de medicina precisa ter
um toque de " pajé" na personalidade , para que o remédio
tenha melhor efeito . Lembrando Lupasco e sua física
holística , perguntamos : onde se encontra a diferença entre
uma e outra medicina ?
A enkinesia , o transporte de uma doença para fora
do corpo doente , é também conhecida no sentido inverso,
na idéia de adoecer até � morte alguém que era sadio
como forma de castigo . � ovamente , na Bíblia , encontra-
94 JUAN ALFREDO CltSAR MULLER

mos um comentário enkinético no cap . 5 , vers . 1 2 e se­


guintes .
Trata-se de levar ao templo a esposa sobre a qual
recai a suspeita de infidelidade sexual , onde ela , após o
ritual , vai beber uma " água amarga " que irá destruir o
seu corpo se realmente realizou adultério . I sto não é
retórico , é fato verdadeiro .
O poder religioso sempre nasceu da possibilidade
psicomágica e não das idéias sociológicas . O uso da psico­
magia para obrigar a obediência às leis , dispensando o
aparato policial e jurídico , é uma vantagem evidente .
O poder religioso não é pago pelo rei , mas direta­
mente pelo povo , e a manutenção do- poder psicomágico
é feita para manter a saúde e, por conseqüência, a segu­
rança . Os castigos são , deveras , autoministrados , desde
que devem ser vividos como manifestações psicomágicas .
A perseguição que sempre se fez contra aqueles que
queriam disseminar o conhecimento psicomágico , ou uti­
l izá-lo fora do templo , explica por que toda esta arte é
desconhecida do grande público . Também contribui para
isso a preocupação de evitar a autodestruição pelo uso
indevido . Foi o que aconteceu com a cocaína, que era
uma substância muito importante para anestesia do olho
ou da cavidade dentária e que hoje, livre , é mal usada .
O ri t u a l d as pom bas

Levítico , cap . X I V , vers . 5 1 e


seguinte s , o cap. V I , vers . 1 O

A lguma vez em sua vida você poderá sen t i r-se acua­


do, assustado e sem saídas . E ntão , você decide comprar
uma ou três pombas brancas e de aparência saudáve l .
E as levará para um l ugar ermo , onde você rezará pedin­
do aj uda . Em segu i d a , sempre concentrado , você pegará
uma pomba branca d a sua c a i xa , e a catapultará para o
a l to . Se ela sai r voando é porque seu pedi do será aceito :
se cai r , você n ão receberá aju d a .
Esse método é duplo ; d e um lado , é u m a oferenda
aos deuses e. do outro , é um método com i nstrumental
para ver se as nossas súpl icas serão ace i tas .
Se o resul tado for posi ti vo , é melhor soltar m a i s
d u a s pom bas . da mesma maneira . Uma para agradecer a
acei tação do pedido . Se o segundo pombo for também
acei to , sol te o tercei ro em sinal de a l egri a . Se o segundo
pombo não for acei to é indício de que o sacri fício do
JUAN ALFREDO CJ!':SAR M'OLLER

primeiro foi aceito , mas que não se deve agradecer, por­


que a melhora vai ser devida ao esforço seu ou dos seus
amigos , e não à i nfluência dos deuses .
Apesar do culto (errado) à pomba , que seria sím­
bolo do Espírito Santo , não permita que as pombas se
instalem em sua casa . Elas não são saudáveis no sentido
psicomágico , pois andam por todas as partes e tendem
a trazer maus fluidos .
Se precisar criar pombas para comer, faça-o fora de
sua casa . Nunca utilize mal o que aprendeu, porque o
castigo recai somente em quem fez mal . Fazer o mal é
perder o contato com a alma , ficar desalmado, isto é, ter
a alma em pena . Não há perdão, há conseqüência . O per­
dão é uma mentira piedosa , n inguém o dá, somente você
o alcança , mas nada pode eliminar as conseqüências dos
erros .
e. inquietante que as pessoas acreditem que o per­
dão elimina as conseqüências . Assim , não utilize mal o
que sabe , nem ensine errado .
A s a r t e s n1 � H c 1 a 1 s e a Ps i co rn a g i a

Ce rto d i a . a ss i s t i a u m a demon s t ração de cara tê .


U m a forte e moção tomou con ta d e m i m a o ver n i t i da ­
m e n t e q ue a pesada l i s t a te l e fôn i c a e o t i .i o l o se p a rt i a m
a n tes d e a m ã o o s toc a r .
C o m p ree n d i q u e a s a rtes Ze n s ã o artes ps icomág i c a s
e q u e o uso cen t rado d a P s i c o m ag i a perm i te u m desen­
vol v i me n to m a i s eq u i l i b rado d a person a l i d ade .
H e rrigel . em seu l i v ro Zen e as A rtes dos A rqueiros
Japoneses . rel a t a i sso com o u t ras .Pa l av ras , p o i s em 1 9 3 5
não e ra possível f a l a r e m con teúdo psi comági co , como
o fazemos ho.i e .
Lembremos o q ue ele d i sse :
" N ão con segu i . a pesar dos meus esforços , o m e n o r
a p ro ve i t a m e n to . Sen t i a-me con s t ra n g i d o porq ue f o r a o
R e i to r q ue me i n d icou o gra n d e l\ks t re (o au tor e ra
pro fessor con t ra t ado de D i re i to C o n s t i t uc i o n a l em Tó­
q u i o . tendo s a ído de uma cátedra da A l e m a n h a ) . E n tão .
d i sse a m i m mesmo : ' V a i ver q u e os ped i dos do mestre
.IL\N ALJo'REfX) CESAR MlTLLER

p a ra a t i ra r no a l vo sem pensar são feitos para que eu


a p re n d a a me t orn a r i n dependente e fazer o con trário ' .
A ss i m . ol hou . e estudou i n telec t u a l mente os gestos e
a t i ro u . . . " .

O m es t re n ão d i sse uma palavra e se ret irou com


as m ãos u o i das nas costa s . máx i m a expressão j a ponesa
Jc desagrado ex t remo .
Fora m m e ses de paciênci a . rogos e súplicas para q ue
o mestre ofend i do vol tasse a e n sin ar o a l uno Herrigel .
\ n o s depo i s foi aprov ado nos exames .
r\ pro v a : o a l vo de dez centímetros encon tra-se a
u m a d i s t â n c i a de m a i s ou menos vinte metros , com u m a
v e l a b ru x u l ea n te , mas e n coberta , na prox i m i dade , por­
t a n t o . q u a se na penumbra .
O J i s c í p u l o é rodopiado , executa a dança ritual e ,
l· m segu i d a . deve acertar o a l vo . A flecha precisa atraves­
�.; 10 no cen tro . Aos l ados . encon trava-se a assistência
..

q u �· i ri a a p rovar o novo método .


O arco é tão duro que nem eu nem você j u n tos con­
:-- egu i ría mos mov i me n tar a sua corda seq uer um cen tí­
m e t ro .
Todo esse rendi mento extraordi n á ri o se alcança
com Psicomagi a e trein amento adequado . Só o treina­
men to não o alcança . Por i sso o Zen é rel igioso , e n ão
lógico .
Certamente , o mensage i ro das batalhas , a de Mara­
tona por exemplo , en trava em estado psicomágico -
transe - para alcançar o resu ltado , como o do l utador
d e caratê que q ueb ra a peça demons t rada j ustamente
a n te s de bater nel a .
Cada vez mais observa mos a e x i stên c i a d o uso exten­
s i vo e m i lenar da P s i comagi a em todos os afazeres impor­
t a n tes d a vida .
PSJCOMAGIA: A NOVA PARAPS ICOLOGIA l)l)

Dos camin hos para o conhecimento do eq u i l íbrio


psicom ágico no O riente , conhecemos :
no J apão . o fazer do Zen ;
na f ndia . a imob i l idade da ioga ;
nos países árabes , o sacu d i r do corpo com v i o l ê nc i a
dos derv iches :
na n ossa cu l t u ra eu ropéi a . o med i tar da oração .
Os efe i tos d a Psi c o m agia na conduta d i á ri a

Foi o D r . U ngri cht , meu a n tigo professor, cujo l i v ro


sobre O rientação Vocacional traduzi para o português ,
q uem primeiro me mostrou , da cátedra , a i n ter{ erênci a
psicomágica na cond uta profissional . Ele c itava alguns
exempl os : o primei ro deles era o do comerciante no mer­
cado da cidade de C asablanca . no M arrocos .

O primeiro cliente potencial é u t i l i zado por esses


come rciantes como vat icín io de como vai correr o dia
de trab a l ho . Se o c l iente chega a compra r , bom sinal . Se
você for o primei ro cl iente do dia e pechi nchar , ele des­
cerá o preço até o prej uízo ; então , será melhor comprar
mesmo poi s , se não o fi zer , ele se transformará em seu
-
i n i migo . pois você lhe terá dado sem q uere r . ao não
comp ra r , um sinal apavorante e negativo .
Para nossa cul t u ra isto é o incompreen sível . Para a
dele . é um fato i mportante . O mesmo ocorre com o pig­
meu , que . an tes de sa i r à caça , reco l h e n u m saq u i n h o
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOLOGIA 101

a l g u mas ped ri n has e, conforme o seu n úmero e cor , tem


nela s o vaticínio do resultado da fut u ra ação .
Quando nós fazemos a l go assim , dizemos q ue é uma
supe rs t i ção .
A tradição diz q ue o vaticínio do N ovo Ano vai ser
bom se a pri mei ra pessoa q ue vemos , no primeiro dia
do a n o , é uma m u l he r bon i ta ; mas , se for uma m u l her
ve l h a . . . será u m ano penoso . Um outro exemplo em que
n ão é o vaticínio que i n te rfere no estado de ân imo pro­
fi ssion a l . mas sim a pesq u isa psicomágica , por um instru­
mento uti l izado com outro fim aparen te , q ue é modi fi­
ca dor da con d u ta .
Famoso n esse estilo . encontramos o D r . Fl iess com
o bi orri tmo . O biorritmo é um método psicomágico e n ão
c i e n t ífico . S i mpl i ficando , ele diz que temos ondas bioló­
gicas de 23 , 28 e 33 d i as de duração , sendo que a onda
descendente seri a nefasta e a ascendente , profícua .
O D r . Fliess fazia adivinh ação com esse método ,
pois era um paranormal e não sabia disso , j á que a época
( mais ou menos 1 9 1 5) não o perm i tia . Na aparênci a , era
tudo estritamen te científico . A té o próprio Ford colocou
um especial ista em b iorritmo n as linhas de mont agem
das suas fábric as , afastando , temporariamen te , os funcio­
n ários com " biorritmo baixo " .
Certo d i a , o D r . U ngricht comen tou com o amigo
í n t i mo do D r . Freud , o Dr. Fliess , q ue uma pequena jóia
da esposa tinha sumido . O Dr. F liess calculou o b iorrit­
mo da esposa e do m a rido ( t i n ha um apare l ho construído
com fi tas de papel que deslizavam pelo visor) e disse
q ue a peça perdida se encon trava no ralo do lavabo , no
próprio dorm i tório . . . o que se mostrou ser verdadeiro .
Porém , é c l aro , n ada tinha a ver com o b iorritmo .
Outro exempl o · de cond u ta profissional mod i ficada
pelo conteúdo psicomágico , e q ue o Dr. U ngricht gostava
1 02 JUAN ALFREDO CÉSAR MULLER

de mostrar, era C . G . J ung . Este era um vidente culto


e rico . ( E nós achamos que o vidente é pobre e inculto ,
ou não é vidente ! )
Uma parte do aprendizado de Jung na área dos sím­
bolos foi ministrada , conforme ele mesmo relatou , por
um ser que possuía asas como um anjo . A singul ari dade
de Jung e a sua evidente genialidade residiam , e muito ,
na sua postura de aceitar sem preconceitos o que estava
acontecendo com ele . À cultura vasta descompromi ssada
se unia uma extra-sensoriali dade i ncomum .
A Ora . J akobi (primeira assistente) não observou
essa pecul i aridade e fundou a " Sociedade C . G . J uig
de Estudos Psicológicos " e , com isto , a Escola J unguiana
de Psicologia, como se o pesquisado por Jung fosse trans­
mi ssível , quando o seu estudo era movido pela curiosi­
dade , poi s o psicomágico , nele , dava outra dimensão do
descoberto .
Que di ferença pode haver entre receber aulas em
latim de um sábio que faleceu no ano 4 d .C . e que se
apresenta com asas , e a min ha experiência com a tinta
verde ? Em todos estes casos , a psicomagia alterou o com­
portamen to .
Relatar experiências psicomágicas em 1 930 era quase
coisa de loucos . Por isso , J ung muitas vezes perguntava
se não teria ele ficado também esq u i zofrênico, como
alguns pac ientes seus .
J á Fl iess , um médico famoso por estar m u i to perto
do Dr. Freud , ut ilizava como ferramen ta universal para
o con hecimen to extra-sensorial um método que se s u põe
ti vesse sido uti l i zado anteriormen te pelos egípcios , mas
que era , ingenuamente , tido por Fl iess como sendo cien­
tífico . A conduta de Fl iess era modificada de acordo com
o resul tado dos " seus cálculos " . Os ast rólogos também
calcu lam , mas eles não precisam alegar que esse c á l c u lo
PSICOMAG I A : A NOV A PARAPSICOUJGIA 103

é cien tifico , basta ser verdade i ro . F i n almente , v i mos co­


mo o conhecime n to a l c a n çado por J un g , a través da v i dên­
ci a , l he deu gra nde fa ma .
A mestra em alcançar o con hec imen to por v iolênci a
e ra B l a v a tsky . Após ter escri to determ i n do texto , era
prec i so fornecer os comen tários b i b liográfi cos , o q ue fez
consul tando , psicomagicame n t e , a Bibl ioteca do V a t ic ano .
M a i s tarde , a l guém conferiu as ci tações e confi rmou todas .
Con ta o seu a n tigo secre tário que estava com Bla­
va tsky no meio do m a i s frio i n verno , e deu-l he von tade
de comer uvas , tais como t i n h a v is to na Ri v iera , no
úl timo verão . E B l a v a tsky di sse : " M as é horrível você
d e i x a r o seu tra b a l ho por fantasias . . . estão aq u i , e que
as aprovei te ! " . E , com um gesto del a , apareceu uma tra­
vessa com as uvas son had as . que am bos comeram dando
ri sa d a s !
H alos, a n ov a fron teira d a c iê n c i a

A Psicomagia pôde e xi s t i r por causa d a holística , a


nova fronte i ra da ciên c i a que tem penetrado em m u i tas
u n i vers i d ades .
Holos , em grego , q uer d i zer global ; porta n to , hol ís­
t i co é a q u i l o estudado com halos , global i d ade .
M u i tos anos antes da chegada do cri s t i a n ismo , A ri s­
tóte les d i s t i ngu i u e n t re os fatos govern ados por seres su­
pern a t u rais e aq u e l es q ue eram explicáveis e prev i síve i s .
O s pri m e i ros eram ch amados d e fatos theologi , e

i n voc a vam pri ncíp i os mági co-rel igiosos . O segundo gru­


po era chamado de physici . e eram fatos red utívei s a
pri n c ípios con t ro l á v e i s e passíveis de ser prev i stos , s i m ­
pli ficandu ú m u ndo fenomen a l .
T a l e s d � M i leto , A n a x i m a n d ro e A n a x í ment!s , ho.i e
c o m i d e rados protoc i en t i stas , i n t rod uzi ram , a l é m da d i fe­
ren ç a . o v a lor e a q u anti dade , ou se.i a . a s m a temá t i cas .
n a c i f n c i <1 .
1 05

A i n <l a h o j e c x p n· .., .., é 1 m o .., a 4 u é.1 l i <l a d e pela pesqu isa


<le q u a n t i d a d e e c l w 1 1 1 é1 1 n o .., é l i s so de estatística .
G a l i l e u , N e w t o n e Lc i h n i t z e x p a n d i ram , com o cál­
c u l o i n f i n i t cs i m a 1 , él i d é i <1 dos pro t oc i e n ti stas , q ue n ão
po s s u í a m a s f e r rn m e n t a s t é c n i c a s q ue hoj e possuímos .
C o n t i n u a n d o o c a m i n h o q u e , cm três m i l anos , nos
l e v a rão a t é holos . l e m h rn m os E u c l i d es e seus textos extra­
or d i n á r i o s . A ri s t a rco d e Sa mos q u e foi o primei ro a falar
e m a s t ro n o m i a h e l i océ n t r i c a . e A r q ui m e d es que explicou
.

a (.k n s i d a d c e q u e poss i v e l m e n t e , t en h a cri ado o primeiro


p a r a f u so . N o 1m : s m o t e m po . surge ta mbém H eróf i lo de
C é.l l cc d ô n i a . com os ru d i m e n t o s <l a neurologi a . Ele é um
p ro t o m é d i c o .

E s t e s t r i u n fos e v i de n t es l e varam a negar o que não


e n t ra v a na e s t a tí s t i c a . O q u e não d a v a para ser salsicha ,
n ão e ra n a d a . O u e n t ão e ra p e r i g o so e dev i a ser n egado ,
.

po i s e ra o b ra do d i a ho .
A s s i m , fo i -se _j u n t a n d o u m vol ume d e fatos e de
co n h e c i m e n t o s n ã o c u rric u l a res , u m a parte dos quais nós
c h a m a mos . n e s t e l i v ro , de p s i co magia .
Em 1 9 3 7 , u m c i e n t i s t a d a física corpuscular, Lu­
pa sco . mos t rou m a i s uma vez o q ue Pl anck comentou
cm 1 9 1 t ; é q ue o s co r p ú sc u l o s se mov i mentavam ao mes­
mo t e m po cm con d i ções q u e nós d i z e m o s serem opostas
e não po ss í v ei s d e oco rrer s i m u l t a n e a m e n te .
C o m i sso . a ba r re i ra de A ri s tóteles fi cou q uebrada .
N a sceu a hol ís t i c a .
E l a p re t en d e i n c l u i r todo o sabe r , mas com eficiên­
c i a . I s to é d i fí c i l de se a v a l i a r e d e se faze r .
Fo rmou-se u m a u n i v e rs i d a d e hol íst i ca e m Par i s . E m
B ra s í l i a , foi fu n d a d a u m a c o n g ê n e re b r a s i l e i ra , a pó s o
t. " Congresso I n t e rn a c i on a l de H o l í s t i c a , cm m a rço de
1 9 R 7 . F. m São P a u l o . d i r i io um g ru po h o l í st i c o
. . Se você
l üb J U A N A LFR EDO CÉSAR MULLER

ti ver in teresse em part i c ipar de um grupo holístico , por


favor , vej a o endereço ao pé do m a n ifesto q ue aqui
transcrevo.

Carta d e Brasília

Documen to-sín tese do 1 C O N G RE S S O H O U ST I CO


I N T ER N A C I O N A L e 1 CO N G R ESSO H O U ST I CO B R A ­
S l L E I RO .
Restabe lecendo a s l igações com a sabedoria a n t i g a , e m
t 9 7 8 , n a U n i versi dade Federal d e M inas Gera i s , Brasi l , foram
l a nçadas as sementes do movi mento holístico, a t ravés da
cri ação da Assoc i ação T ranspessoal I nternacio n a l , de onde
emergi ram encon t ros i n ternacionais entre ciênc i a , a rte , fi lo­
sofi a e t radi ções esp i ri tu a i s . Deste movi mento nasceram
colóqu ios i n dependen tes como os de Córdoba e Tsukuba , q ue
c u l m inaram na Dec l a ração de Veneza , da U N ESCO , e na
criação , em Pari s , da A ssociação e U n i versidade Holís tica
I n ternacion a l , em 1 986.
t . O 1 Congresso Holístico 1 n ternac ional e o 1 Congresso
H olístico Brasi l e i ro , ocorridos em B rasíli a de 2 6 a 29 de
março de t 98 7 , reafi rmam esta relação entre o homem e o
uni verso , ent re a parte e o todo , e en f a t izam as conseqüências
concretas da descoberta da complementaridade e ntre c iências
e tradi ções de sabedoria , gerando a abordagem da · transdis­
c i p l i n a ri dadc .
2 . Pre c i s amo s nos tornar contemporâneos do nosso tem­
po . É necessário harmon i zar nossa visão do u n iverso e nosso
m u ndo re l a c i on a l com a profu nda revol ução científica em
m a rc h a . com a nova e p i s temologia .
3 . U ma nova c iv i l i zação está nascendo, uma m utação
de consc i ê n c i a está em c u rso. E l a se traduz pelo progressivo
recon h ec i me n t o m undi a l da v i são holística , que estabelece
p o n tes sobre todas as fro n te i ras do conheci mento humano,
resga t a n do o a mor esse n c i a l com base d a v i ncul ação entre
todos os v i v e n t e s .
p sy cO
MAGIA : A N O V A PARAPSICOLOGIA 1 07

4 . N ão o po r e não mesc lar são dois princípios fundamen­


tais da v isão h olística , evi tando ass i m os riscos do sectarismo ,
do pseudo- sin cre t i smo e de todas as formas red u t íveis da
identi dade dos seres e das cu l tu ras .
5 . D i a n te dos ri scos da fragmen t ação e d e svi ncu lação

q ue conduzem a o caos da violência e da confusão, ameaçando


as pessoas e as naçõe s , apontamos para a opção holística .
6 . O séc ulo X X 1 ou será hol ístico ou não será .

Brasíl i a , 29 de ma rço de t 987

S ign atários da Carta de Brasília

Pierre W e i l ( França e Brasi l )


Doutor e m Psicolog ia n a Un i versidade d e P a r i s , co-f undador e
vice-pres i den te da Un i versidade Holística I n ternaciona l

l ean-Yves Leloup ( frança )


f
Doutor em Teologi a e Filoso i a , presidente da U n i versidade Holís-
tica 1 n ternacional

Mon ique Thoe n i g ( frança)


Psicoterapeut a , fun dadora d a U niversidade Holís t ica de Paris e
vice-p residente da uo i versidade Holística 1 n ternacion a l

A n d ré Chouraq u i ( I s rael )

Escritor, tradu tor d a B íbl i a e d o Corão, p residente da A l i ança

F rancesa de Jerusal ém

U b i ratan d ' A m b rosi O ( B rasil )


Doutor e m M atem á tica . pró- rei tor d a U N I C A M P , signa tário da
U N ESCO . presiden te da H O LO S
Decl a ração de Ven e za , da
Associ ação Hol ís t i c a I n te rnacion a l . B ras i l
1 0� JUAN ALFREDO Cli:SAR MULLER

l\1 ic h c l Randon ( França)


E s c r i t o r-edi tor do C lube de Roma, espec i a lista nas relações en tre
c i ê n c i as e rrad ições , signatário da D ec l a ração de Veneza . da
U N ESCO

J oh n Keith W ood ( US A e Brasi l )


M a temático , engenheiro e psicoterapeuta , ex-d i retor d o C rn ter for
Stud ies o f t he Person , La f o l ia

Stanley Kri ppner ( U S A )


Doutor e m Psicologia do Saybrook 1 nstitute , S ã o Francisco

Claudio N a ranjo ( C h ile e U S A )


Psi q u i a t ra , presidente f undador d o 1 n s t i tuto SAT d a C a l i fórni a e
da Espanha

Roberto C rema ( Brasi l )


Psicólogo clínico e antropólogo , membro d o Conse l ho d a Associação
Holística 1 n te rnacional . d i retor geral da H O LOS-Bras i l

M u ri l l o N u nes de Azevedo ( B rasi l )


E ngenhei ro e orienta l ista , d i retor d e T radições d a H O LO S , Asso­
ci ação Holística 1 n te rnacion al - Bras i l

J orge Ponciano R i beiro ( Brasi l)


Filósofo , teólogo e Ph . D . em Psicolog i a , d i retor científ i co da
H O LO S , Associação H o l ística I n ternaciona l - Brasil

Dênis M a ri n ho da S i l va Brandão ( Bras i l )


M éd ico , secretário gera l da Associação Médica d e Brasília , d i retor
de edições da H O LOS - B rasi l

V e ra Sch i l le r Kohn ( Eq uador)


Psicóloga c l ín ic a . espec i a l ista em Zen e terapia i n i ciática
PSICOMAG I A : A N O V A PAH.APS l l 'ULL)( i l A

S t a c e y D. M i l l s ( U S A )
Bi s po d a I grej a U n iversal , psicó loga cl ínica e e s pec i al i s ta d e Rolfi n g .
d o Rol f l ns t i t u te , Colorado

Ramon Pasc u a l M . Soler ( A rgen t i n a )


Dou tor em Med i c i n a , mestre de A n t ropologia T ranscu h u rn l

H a rbans L a l Arara ( ( n d ia e Bras i l )


D o u t o r e m F í s i c a Teórica e Yogue

N icole Bu l oze { S uíç a )


C a n t o ra de ópe ra . soprano, presi d e n te d o Colégio Suíço da U n i ver­
sida de H o l ís t i c a l n te rnacional

C a rlos M a rtínez Bouquet ( A rgen t i n a )


Méd ico p s i q u i a t ra , mem b ro d i d a ta d a A ssociação Psica n a lí tica A r­
gen t i na . presiden te d o Cen tro Budista Ti b etano de Buenos A i res

C l áudio San toro ( Brasi l)


Maes t ro , regen te e compositor , represen ta n te b rasileiro em confe­
rências e organi zações in ternacion a i s , Prêmio I nte rnacional d a Paz
( Vi ena , 1 9 52)

W a l t Wa l ton ( US A )
Ph . D . , psicoterape u t a , estudioso e pro fessor d e vias d e l i be rtação

J oseph M oo-shong Woo ( C h i na e B ras i l )


Mestre d e Tai-Chi-Chua n , presi dente H onorário d a Un ião G e ra l
M un d i a l d a Assoc iação d e M édicos Chineses

J . O. de M e i ra Pen na ( B rasi l )
Ex-côns u l , embai xador e escri tor

A rnold J osé de H oyos ( Brasi l )


Estatístico , fundador d o Cen t ro d e Estu d os da Consciência da
UN I C A M P
1 10 JUAN ALFREDO CÉSAR MULLER

l u a n A l fredo César M ül ler ( B ras i l )


Psicólogo . coordenador d o Círc u lo Holístico e m São Paulo

U n iversi té H o l i st i q ue I nternationa le
1 , Rue L i ncol n - 7 5008 Paris - Tel . ( 1 ) 42 . 5 6 . 1 7 . 1 0
U n ivers i dade Holís t i ca I n te rn aciona l ( Paris)

A ssociação de A náli se Transacional de B rasíl i a


Secretaria Centro Clínico do Lago ,
S H I S , O I 09, B loco E , S 302 ,
C E P 7 1 600 , B rasíli a , D F , B ra s i l - Fone : ( 06 1 ) 248-044 1 .

A i n trodução do anti-realismo na física moderna


envolve , na verdade , o consumo bipolar de mística ou
arte e religiosidade com a ciência . Esta ciência, por outro
lado , é muito real , é a que mantém a ponte , o prédio , o
plástico , o remédio , etc . ; mas negar o resto , o l ado psico­
mágico , é irreal e não salutar. Porém , i ncorporar, u nifi­
cando , estes dois sistemas , opostos há três mil anos , obri­
ga a uma ativa criatividade filosófica que vem aconte­
cen do desde 1 960 nos Estados Unidos . Mas o novo bebê
está longe de ser robusto e sorridente .
Um cientista experimental que sabe recriar um fenô­
meno natural , predizendo-o e controlando-o , tem sérias
dificuldades para aceitar e suportar as afirmativas holís­
ticas do psicomago , embora , intelectualmente , saiba que
o anti-real i smo é também um realismo que parte da obser­
vação das partículas subatômicas . Esta dificuldade se
denomina critério de Nicod .
Este avanço filosófico retirou , por fim , uma conduta
cl ínica detestável , a do enfermo imaginário , a do depre­
ciativo em torno de uma doença inexistente , a histeria .
A pal avra neurose perdeu o seu significado totalmente .
PSICOMAGIA A N O V A PARAPSICOLO G I A 1 1 1

P a ra estes e outros males , temos e x p l icações no campo


b i oelét rico , m icroq uímico ou p s i comágico .
Essa m u d a nça está a l tera ndo , e m u i to , a moderna
psicologia e a med i c i n a clin ica e psi q u i átrica , que hoje
são uma só .
A cond u ta de a l hear as artes da c iê nc ia , obrigando
a escol her en tre uma ou outra , ao i n vés de i n clu i r uma
em outra , começou também a mudar .
No C o ngresso H o l ístico de Brasíl ia havi a um espe­
tácu lo artístico a n tes de uma e xposição i n te l ectu a l , p ara
i niciar o caminho da glob a lização , a 4 .ª dimensão prome­
tida . A 3 .ª d imen são veio com Leo n a rdo da V inci e a
perspectiv a . A nossa d imen são , segui ndo as idéias de
Gebse r , é a d imensão aperspectivista , assim como se en­
x e rga ri a uma p a i sagem refletida n uma esfera bri lh a n te .
Epílogo

Você já descobriu que a nossa Psicomagia é o cha­


mado ocultismo , mas sem os seus rituais .
Além do nosso inconscien te tão poderoso , existe o
mundo espiritual . Pouco ou nada fal amos dele , porque
a invocação do mundo espiri tual já não é psicomagia ,
mas um outro contexto , que acei tamos , simples e respei­
tosamente.
Vocês sabem também que este tema não termina
nos confins do nosso pequeno trabalho . Ao con trário .
Assim também , o nosso perímetro não se l imita ao tama­
nho do nosso corpo . Nós somos ambíguos . A nossa men­
te tem todas as informações . A nossa alma , todas as gran­
dezas . O nosso coração . a suprem a humildade de um
amor infinito ao Criador .
H á , neste livro , um ou outro capítulo que ativa o
i ncon scien te além da conta . Para diminuir os riscos de
uma inflação psíquica . reze em voz alta . assim :
PSICOMAGI A : A NOVA PARAPSICOLOGIA 1 13

" G l ori a Sanc t i s s i m a e et i n d i v i dua tri n i ta t i . Patri et


filio et spiritui s ancto . Sicut e ra t in principio e t nunc e t
semper e t in secul a seculoru m . Amem . "
Faça i sso ao l e r o capítulo d o tarô e d a caba l a , por
exem p l o .
N o s mol des da Psicologia de M ax Fridom Long , fun­
d ador da C i ência H um an a , a Trindade é formada pelo
ego inferior (o i n te l ecto) , o ego médio (o i ncon sci e n te )
e o ego superior ( a a l m a ) .
O fato de decl arar em l a t i m é mui to i mportante , pois
os an.i os entendem o l a ti m , mas não o português . E esta­
mos sem pre prec i sando d a sua a.i uda .
Indi cações para l eitura

Bai ley , A l ice , O reaparecimen to d e Cristo , S ã o P a u lo , Pensame n to ,


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Biografi a9

Há 60 anos a t rás, nasci em Buenos A i res , origi nário de


famí l i a suíç a . Estudei em Zu ri q u e , no l nstitut fü r Angewandte
Psychologi e , onde o b tive o títu lo e d i ploma de psicólogo .
Resido em São Paulo desde 1 9 5 2 .
Sou mem b ro d o Conse l ho H alos - Brasi l - , fi l i ado à
U n i versi d ade H olística de Paris ; coordenador de um C írculo
H o l ístico em São Paulo ; fundador e presidente da Sociedade
B rasi l ei ra de Szondi : edi tor da A cta Szondiana Brasiliense;
presidente h onorário d a Associ ação de E studos H u n a ; mem­
b ro da Sociedade Pau l i sta de Psicologi a . Fui mem b ro da
Sociedade l n te ramericana de Psico logia , d a Sociedade I nter­
n acional de E letrossono e da Sociedade A mericana para o
A v anço da Ciênci a . M i n istrei o primeiro cu rso universi tário
de A s t rolog i a , n a PUC, em 1 9 7 9 . Fu i presidente da Associa­
ção Paulista e Brasileira de Astrolog i a .

Livros publicados

A lquimia Moderna, 1 968 , São Paul o , E d . Cuppo l o ; A


Magia da Vida, 1 9 72 , São Paul o , E d . s .n . ; O que é Astrologia ,
PSICOMAGIA: A NOVA PARAPSICOWG I A 1 17

1 98 5 , São P a u l o , Ed . Bras i l i ense ; A Máscara da Seren idade ,


1 98 6 , com meu grupo de estudos , São P a u l o , E d . Spec u l u m . e

A strologia na Psicoterapia , 1 986 , com outros autores , R i o de


j a nei ro , Ed . H i pocampo.

T raduções do alemão

1 . U ngrich t , Escolha da Profissão , 1 96 5 , São P a u l o , Ed .


Mestre J o u , e L . Szondi , I n trodução à Psicologia do Des t ino ,
1 9 7 3 , São P a u l o , Ed . M anol e .
Part ic i pei d e vá rios congressos i n ternacion a i s .
Sou con ferencista con hecido pel a m i n h a pos t u ra em prol
da Psi col ogi a H o l íst ica .

Pequeno acréscimo aos dados biográficos

Poderia dar por encerrada a biogra f i a , con tentando-me


com os f a tos obj eti vos . Porém , q uero rel atar a vocês a v ivência
das coi sas que me levaram a estes conh eci mentos , e ass i m
en f a t i zar a i mportância d a psicomagia para m i m .
M u i to cedo , descobri que m i nha m ã e era cl ari audien te .
Dos quatro f i l hos , eu era , até onde sei , o ún i co q ue sabia
d i sso. A s veze s , ela d i zi a : " você vai no domi ngo dizer. . . e
e l a v a i responder . . . " , ou en tão v i a algo do f uturo .
Aos 1 5 anos , consegu i participar d o curso d e gra fologia
do pro f . A berast u ry como ouv i n te (cu rso que mi n ha mãe
f reqüen ta va) . A emoção q ue sen ti em rel ação aos ach ados
gra f ológicos no meio das mi n h a s aven turas com Os Três
Mosqueteiros , o Conde de Monte Cristo , a pri mei ra n amorada
e o l i v ro de Freud que " ro u bei " da b i b l i oteca do meu pa i ,
apesar da proibição formal . estou ra ra m a m i n ha capacidade
de s u portar o es t udo rígido no f amoso Colégio N acion a l de
Buenos A i res.
Ganhei um prêmio como o m a i s assíduo lei tor da sua
b i b l i oteca , a l i á s , uma b i b l ioteca de dar i n vej a . Ded i q u e i - m e
a l e r sobre m i tologi a . acom pa n h a do de n o t a s horrívei s . O meu
1 1� .JUAN ALFREDO CÉSAR MULLER

cu rso secu ndário foi um pesadelo ; q uando não era eu , eram


os pro fessores que estavam desinteressados na m atéri a .

M ergu l h e i n u m a f ase de leitu ras místicas e de poesias .


G a n hei p rêm ios menores pelos meus poemas . So f ria por
amor j u n to com o poeta , G u stavo A. Beq uer , e so f ria também
porque não encontrava um cami nho para desvendar o m i s­
t é rio do ocul tismo .

Aos 1 7 anos , era um i m portan te l íder estuda n ti l , mas


fui derrotado em meus sonhos . A cordei em Zurique , em
minha pri mei ra aula de geometria descri tiva , na f amosa Escol a
Federal Superior de Tecnologi a , de onde saí correndo , nos
primei ros m i nu tos .
N ão poderia ser enge n h e i ro , mesmo com todo o cari n ho
que dedicava a meu pai . Sentia pena de m i m mesmo.

E n t rei em crise , não sabia o q ue f azer nem como faze r .


En tão lem b rei-me d e Parace l so , c u j a m ã e e r a escrava no
Con vento d e E i n siedeln . E deci_d i f icar em oração i n i n terru p t a ,
até achar um c a m i n h o , na igreja do mesmo convento .

Anos depois , fi q uei sabendo q u e o superior d o con ve n to


era o con fessor de m i n h a mãe , q ue , naq ue l a época , morava
em Buenos A i res .

N ão en tendo bem o q ue acon teceu , mas o fa to é que


fiquei mais de um dia sem sai r , ir ao b an h eiro , comer ou
descansar . O rava em voz a l t a , mas não para chamar a a tenção.
·
Mais de uma vez veio alguém ver de perto o que acontec i a .
Repen ti namente , soa ram grandes t rombetas em m i n h a
cabeça , e sou be , en tão , q ue i ri a estudar ·Psicologia .

1 ndicaram-mc u m endereço e m e ins truíram sob re o que


dizer para se r ace i t o , poi s o curso j á havia se i n iciado . Lamen­
tavel mente , meu p a i se escandalizou e me deserdou , porque
eu assumia uma carreira sem f u turo econômico. Tente i , em
vão. e x pl icar- l h e q u e , depoi s de saciar a minha curiosidade,
poderia vol t a r para d i rigir sua empres a .

N o s primeiros meses , apesar da fome e de t ra b a l h a r a


noi te toda como peão, nos correios , estava f azendo o q ue
PSICOMAGIA A NOVA PARAPSICOLOGIA 1 14

q ue ria ; Rorsc hach ao lado de 1 C h i ng e astro log ia ao l ado


de um pesado t ra tado de a n t ropologia soc i a l .
Certo d i a , no meio da m i n h a fome m a i s negra . c hega
uma encomenda sem remeten te com uma lata de aveia e

s a l s i chas . T i ve uma explosão de choro pela a l ma piedosa q u e


me mandara o socorro q ue eu nunca ped i r i a . E m segu ida .
chega-me um con v i te q ue d i z i a : A Fundação G u ggenheimer
para o Sed ç n to o esco l h e u . com base em i n formações dos sem
professore s . para receber :
1 ) partici pação paga n o I Congresso M un d i a l d e Rorschach
do após-gue rra ( 1 94 7) - onde vim a conhecer o D r .
Si l ve i ra . d o Brasi l :
2 ) um bom s a l á r i o , por t rês mese s , para p reparar u m traba lho
que seria apresen tado na q u a l idade de estudan te de
2 ." ano .
Após i sso , uma tia rica optou por me aj u d a r , e assim
pude estudar norma l m e n t e , tal como me fora revel ado em
E i n s i edeln .
Essa Fund ação de Estím u lo aos Sedentos e x i s t i a . Eu e ra
um sedento e ai nda o sou . No meu cami n h o , encon t rei m u i tos
o u t ros .
1 á psicólogo e no Brasil t i ve uma nova crise de sede
i n tensa . Fui p roc u rar o q ue não existe , como C row l y , a m i go­
i n i migo de B l a vats k y , nas sociedades místicas , até com preen­
der q ue o g u ru está den t ro de nós .
E n con t rei nessa bu sca a H omeopatia , q ue é , com a A s t ro­
logi a , o me l hor cam i n h o para a G rande O b ra e para uma
v i são c l ín i ca m a i s moderna .
Este l i v ro , como vocês já devem ter a d i v i n hado , é p a ra
os seden tos q ue seguem a m i n h a t ri l h a , e é para q ue ten h a m
m a i s sede ainda . q m1 l Tân t a l o .

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