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JURISDIÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E REGRAS

DE CONFLITOS DE LEIS EM MATÉRIAS DE SUCESSÃO

PRIVATE INTERNATIONAL LAW JURISDICTION AND CONFLICTS OF LAWS


RULES IN MATTERS OF SUCCESSION.

ARAUJO, Diego de Oliveira1


DA SILVA, Joanderson Gomes2
FERREIRA, Oswaldo Moreira3

RESUMO

O papel e o caráter do Direito Internacional Privado mudaram tremendamente nas


últimas décadas. Com o constante aumento da interconexão global e regional, o
significado prático da disciplina cresceu. Da mesma forma, o mesmo acontece com
o número de atividades legislativas no nível nacional e internacional. Então, quais
tribunais do país têm jurisdição para processos de herança em caso de litígios? Qual
lei de sucessão regula a herança do falecido? Em que condições as decisões de
herança de outros países podem ser reconhecidas? Estados regulam estas
questões em suas respectivas regras de conflito de leis - a partir de suas respectivas
perspectivas. Portanto, onde diferentes estados estão envolvidos, isso pode levar a
conflitos de leis se os regulamentos nacionais não forem coordenados, o que não é
incomum. Assim, vários estados podem considerar-se responsáveis pela mesma
propriedade e decisões contraditórias podem resultar. A fim de demonstrar estes
problemas de sincronização na área jurídica foi proposto este artigo, utilizando-se de
um procedimento metodológico de abordagem qualitativa denominada pesquisa
exploratória, descritiva e explicativa, buscando-se, nos próximos capítulos,
estabelecer a competência da jurisdição e as leis aplicáveis em alguns casos de
maior recorrência, a fim de debater possíveis soluções e tornar mais clara a
presente elucidação fornecendo subsídios suficientes para que o próprio leitor
desenvolva sua linha de raciocínio e forme sua opinião.

Palavras-chave: Sucessão; Direito Internacional; Herança; Direito Civil; Conflito.

1
 Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Cândido Mendes / RJ; graduando em
Direito pela Faculdade Metropolitana São Carlos / RJ (7°p); pesquisador no GPIDMR – Grupo de
Pesquisa Interinstitucional de Desenvolvimento Municipal/Regional / Uenf.Uniflu.CNPq.; e-mail:
diego_araujo@live.com; C.L.: lattes.cnpq.br/4767160418787217.
2
 Graduado em Ciências Contábeis pela Fundação São José / RJ; graduando em Direito pela
Faculdade Metropolitana São Carlos / RJ (7°p.); e-mail: joanderson.gs@hotmail.com.
3
 Professor Orientador: MSc. Em Cognição e Linguagem pela Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro / RJ; Especialista em Direito Civil pela Universidade Gama Filho / RJ;
Especialista em Gestão Educacional pela Faculdade Metropolitana São Carlos / RJ; Pós-Graduado
em Direito de Família pela Faculdade de Venda Nova do Imigrante / RJ; Bacharel em Direito pelo
Centro Universitário São Camilo / ES; e-mail: oswaldomf@gmail.com; lattes.cnpq.br/517342727
6292456
2

ABSTRACT

The role and character of private international law has changed tremendously in recent decades.
With the steady increase in global and regional interconnection, the practical significance of the
discipline has grown. Similarly, so does the number of legislative activities at the national and
international levels. So, which courts in the country have jurisdiction over inheritance cases in the
event of litigation? Which law of succession regulates the inheritance of the deceased? Under
what conditions can inheritance decisions from other countries be recognized? States regulate
these issues in their respective conflict of laws rules - from their respective perspectives.
Therefore, where different states are involved, this can lead to conflicts of laws if national
regulations are not coordinated, which is not uncommon. Thus, several states may consider
themselves liable for the same property and contradictory decisions may result. In order to
demonstrate these problems of synchronization in the legal area, this article was proposed, using
a methodological procedure of qualitative approach called exploratory research, descriptive and
explanatory, seeking, in the next chapters, to establish the jurisdiction of the jurisdiction and laws
applicable in some cases of greater recurrence, in order to discuss possible solutions and clarify
the present elucidation providing sufficient subsidies for the reader himself to develop his line of
reasoning and form his opinion.

Keywords: Succession; International right; Heritage; Civil right; Conflict.

INTRODUÇÃO

Para o Direito Internacional Privado (DIPr) importa as sucessões que


detenham qualquer vínculo transnacional, quer seja no tocante a nacionalidade dos
envolvidos na sucessão, quer seja pela locação geográfica dos bens ou ainda a
distinção entre o país em que se produziu o testamento e o que se deu a abertura
da sucessão. Assim, se uma pessoa que tem ligações com os sistemas jurídicos
de diferentes estados morre, isso pode levar a dificuldades na determinação da
jurisdição administrativa ou judicial para o seu patrimônio e da lei de sucessão
aplicável a ela. Por exemplo, qualquer pessoa que viveu e trabalhou no Brasil
como expatriado italiano deixando propriedades no Brasil e na Itália no momento
de sua morte, causa problemas legais além de sua morte. O mesmo se aplica, por
exemplo, ao brasileiro que passa grande parte do seu tempo com a esposa na sua
casa de férias em Londres e depois morre.
E quais tribunais têm jurisdição para processos de herança em caso de
litígios? Qual lei de sucessão regula a herança do falecido? Em que condições as
decisões de herança de outros países podem ser reconhecidas? Essas e outras
questões são regulamentadas no Brasil pela Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro (LINDB) – Dec n°. 4.657 de 1942 – sob uma perspectiva
brasileira. Entretanto, outros estados também regulam estas questões em suas
respectivas regras de conflito de leis – a partir de suas respectivas perspectivas.
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Portanto, onde diferentes estados estão envolvidos, isso pode levar a conflitos de
leis se os regulamentos nacionais não forem coordenados, o que não é incomum.
Assim, vários estados podem considerar-se responsáveis pela mesma
propriedade, o que pode resultar em decisões contraditórias.
Tais heranças internacionais normalmente dizem respeito aos sistemas legais
de mais de um estado e exigem consultoria coordenada e planejamento tributário.
Fazer um testamento e planejar como seus ativos são distribuídos é muito
importante para garantir que os ativos construídos durante a sua vida sejam
direcionados às pessoas que você deseja receber, deixando um legado de sua vida
para as gerações futuras.
A fim de demonstrar estes problemas de sincronização na área jurídica,
relativo à competência, à lei aplicável, ao reconhecimento e à execução de
decisões e à aceitação e execução de atos autênticos em matéria de sucessões, o
objetivo aqui será harmonizar as normas de conflitos de leis (competência, lei
aplicável, reconhecimento e execução de decisões judiciais) no domínio do direito
das sucessões, tratando para isso do(a): pluralidade sucessória no DIPr e a opção
brasileira; cobertura da lei do domicílio do de cujus no que tanja ao DPIr brasileiro;
proteção especial aos sucessores brasileiros, e; ameaça à unidade sucessória na
“determinação da jurisdição”.

MATERIAL E MÉTODOS

Propõe-se um procedimento metodológico de abordagem qualitativa


denominada pesquisa exploratória, descritiva e explicativa, onde se busca
promover uma ampla análise do tema em pauta, procurando, sempre que possível,
apresentar os principais posicionamentos envolvendo o Direito Internacional de
Sucessão. De tal forma, se intenta proporcionar maior familiaridade com o fato ou
fenômeno, a fim de tornar mais clara a presente elucidação fornecendo subsídios
suficientes para que o próprio leitor desenvolva sua linha de raciocínio e forme sua
opinião.
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1 SUCESSÃO E SUA RELAÇÃO INTERNACIONAL

Uma sucessão identifica-se no contexto internacional se apresentar mais de


uma legislação com mérito na sua aplicação no caso real. Assim, ao passo que a
sucessão se dê em nível internacional, isto é, dispondo de elementos conexos a
mais de um país, nascem conflitos e situações jurídicas especificas. (GURGEL,
2017).
Na situação da presente legislação, o Brasil tem competência exclusiva para
proceder ao inventario e a partilha dos bens do de cujos situados no Brasil, não
importando se estrangeiro ou residente fora do solo nacional. Nestes casos, em
regra, o país não examina sentença estrangeira que tenha como matéria tratar dos
bens do de cujos que se situam no Brasil. Entretanto, há a possibilidade de a lei
nacional do de cujus ser mais favorável ao sucessor brasileiro. Situação em que a
realização do inventário se dará no exterior com a homologação da sentença no
Brasil.
Tal entendimento está rigorosamente esmerado no § 1º do art. 10 da LICC: “§
1º – A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus”.
O direito de sucessão é uma matéria complementar ao direito de família,
configurado pelo interesse do Estado em manter protegidas as relações familiares.
Contudo, é necessário cuidado ao interpretar a proteção familiar como um princípio
jurídico, devendo optar pela promoção da correta aplicação da lei mais benéfica
(GURGEL, 2017).

2 PROCEDIMENTO SUCESSÓRIO EM JUÍZO

Conforme art. 1784 do CC, a herança se transmite aos herdeiros no exato


instante da morte do falecido cujos bens constituem o inventário. São sucessoras as
pessoas apontadas em testamento, caso haja – situação em que a sucessão é
chamada de testamentária – e as pessoas a quem se observa a lei – sucessão
legítima (RAMOS, 2016).
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A abertura do processo de inventário e partilha deve ser iniciada no último


domicilio do falecido, dentro do prazo de sessenta dias (contados após a abertura da
sucessão – instante da morte); devendo ser prestada na forma de um todo unitário
aos herdeiros legítimos e testamentários (GURGEL, 2017). Em todo o caso, inexiste
herança contratual (art. 426) salvo a antecipação da herança do art. 2.018, quando o
pai orienta, em vida, seus negócios aos filhos.
Já no que diga respeito aos procedimentos especiais da herança jacente (ou
seja, aquela com sucessores ainda desconhecidos), os bens da herança devem ser
arrecadados e administrados até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado
ou à declaração de sua vacância, dentro dos prazos legais (GURGEL, 2017).
Por fim, sobre a ordem de vocação hereditária, o art. 1829 dispõe os
herdeiros em quatro classes: descendentes; ascendentes; cônjuge e; colaterais.
Existindo herdeiros de uma determinada classe, os de classe subsequente não
serão chamados (RAMOS, 2016). Ou seja, os herdeiros de graus mais próximos
excluem os de graus mais distantes.

3 SUCESSÃO LEGÍTIMA E TESTAMENTÁRIA

A sucessão, conforme Kauara Bertoluci (2016, s.p.) apud Diniz (2009) e


Simão (2003) explica que a sucessão “se aplica a todos os modos derivados de
aquisição do domínio, de maneira que indicaria o ato pelo qual alguém sucede a
outrem, investindo-se, no todo ou em parte, nos direitos que lhe pertenciam”. A
sucessão do mesmo modo poderá ser legítima (que deriva da lei) ou testamentária
(que deriva da vontade).

3.1 Herdeiros Legítimos

Conforme a referida autora cita, herdeiros legítimos são aqueles preferidos


pela legislação, por meio da ordem de vocação hereditária (art. 1.790 do Código
Civil). Nessa sucessão, convidam-se os herdeiros a compor a sucessão pela ordem
legal, de modo que uma classe não será chamada enquanto restarem herdeiros de
classe precedente (BERTOLUCI, 2016)
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Nos termos do dispositivo 1.603 do CC a ordem de vocação hereditária é a


seguinte: descendentes, ascendentes, cônjuge sobrevivente (companheiro por força
da Lei 8971/94), colaterais até 4º grau e finalmente o Município, Distrito Federal ou
União.

3.2 Herdeiros Testamentários

Pode-se indicar a sucessão testamentária como aquela que se dá em


obediência à vontade do falecido. Com a morte de alguém, verifica-se,
primeiramente, se este deixou testamento indicando como será partilhado seu
patrimônio. Os princípios aplicáveis é a Autonomia da vontade. Entretanto, em
algumas situações, este princípio é limitado pelo regramento legal e a supremacia
da ordem pública - quando então a autonomia do testador fica limitada à parte
disponível.
O testamento tem especialidade. Ele é personalíssimo (sendo ato universal
de vontade); livre e gratuito; possuindo eficácia contida (enquanto o testador não
falecer); revogável; solene e formal (BERTOLUCI, 2016).

4 RENÚNCIA DA HERANÇA

Aberta a sucessão, pelo princípio da transição imediata, transfere-se, desde


logo e independente de qualquer manifestação volitiva o patrimônio aos herdeiros.
Compondo um condomínio que tão-só se dissolve pelo transito em julgado da
partilha. O que se conhece como devolução hereditária (CARVALHO, 2007). Daí,
surge para o herdeiro as opções: aceitar ou repudiar o que esta sendo transmitindo
por lei. De tal modo, a aceitação ou não da herança é o ato jurídico unilateral pelo
qual o herdeiro manifesta o desejo de receber a herança que já lhe é transmitida
automaticamente, por força de lei (art 1.806 do Código Civil).
Finalmente, a renúncia somente poderá ser praticada por herdeiro capaz,
não sendo admissível que se opere por meio de representante legal (art. 1.749, II,
CC).
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5 ESTABELECENDO A COMPETÊNCIA DA JURISDIÇÃO

Via de regra, quem detêm a competência para processar o inventário é o


foro de último domicílio do falecido (art. 1.785 do CC), nada importando se o óbito
se deu em solo nacional ou estrangeiro. Advindo, assim, que a norma aplicável
seria a lex domicilii.
Contudo, não se pode proceder uma leitura eremítica do referido escrito.
Mas sim uma interpretação isocrônica com as demais normas, igualmente
vigentes, pois que, comportam exceções. O art. 48 do CPC, eg., aduz que: “O foro
de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a
partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o
espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.” (BRASIL, 2015,
s.p.) – colocação sustentada pelo art. 10, caput, da LINDB.
Para mais, existe outra enorme reserva ao uso da lex domicilii – a qual
destaca um manifesto nacionalismo do DIPr das sucessões no Brasil – que é o
tratamento preferencial aos sucessores brasileiros no caso de o falecido ser
estrangeiro e ter deixado bens no Brasil (art. 5°, inc. XXXI da CF), o qual estipula
regra unilateral de DIPr, que só pode ser posta em beneficio de brasileiros.
Já quanto a conjuntura dos bens observa-se dois cenários importantes: um
primeiro, onde o de cujus não detinha domicílio certo, deixando bens (não imóveis)
em diversos países; um segundo, onde o autor da herança tenha deixado bens
imóveis. No primeiro proceder-se-ia a competência em qualquer destes lugares
para iniciar o inventário. Já no segundo caso, cumpre ressaltar o determinado pelo
§ 1° art. 12 da LINDB, que afirma: “Só à autoridade judiciária brasileira compete
conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil.” (BRASIL, 1942, s.p.);
reforçado, com notória semelhança, pelo CPC, em seu art. 23, inciso I: “Art. 23.
Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I -
conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil” (BRASIL, 2015, s.p.).
Tal preceito de competência plena para cuidar de bens imóveis não é norma
incomum, vindo a ser observada em diversas legislações processuais estrangeiras.
Deste modo, ao adotar a universalidade sucessória – segundo o qual a sucessão é
conduzida por uma única lei (a do domicílio do falecido) – existe a necessidade de
se refletir sobre a impossibilidade da ocorrência desta aplicação a sucessão em
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que figurem bens localizados em mais de um país (GOLÇALVES, 2017). Tal


situação, como traz Hugo Gurgel (2017, s.p.), “institui uma possível dupla regência
legal da sucessão, visto que cada país aplicaria sua regra de DIPr, não permitindo
que qualquer outro procedesse alguma determinação sobre bens ali situados”.
Este fracionamento da sucessão, provocada pela pluralidade de foros sucessórios,
é inevitável.
Desta maneira, bens imóveis localizados no Brasil, ainda que a sucessão
seja aberta em outro Estado, compete tão só à jurisdição nacional versar o pleito.
Não sendo suscetíveis de homologação aforismos estrangeiros que tratem tais
bens. Assim, é importante observar que a contrapartida também deve ser aceita
pela justiça brasileira. Entendimento assente no Supremo Tribunal Federal, como
se verá a seguir.
A sucessão, iniciada no Brasil, a qual integre ao patrimônio do falecido bens
imóveis localizados em outro país, não poderá estes ser contabilizado no monte,
segundo entendimento do STF: “Partilhados os bens deixados em herança no
estrangeiro, segundo a lei sucessória da situação, descabe a justiça brasileira
computá-los na quota hereditária a ser partilhada, no país, em detrimento do
princípio da pluralidade dos juízos sucessórios (...)” (BRASIL, 1984, s.p.) e
referendado, posteriormente, pelo STJ em RESP que buscava expedição de carta
rogatória onde procurava informações acerca de depósitos bancários na Suíça, no
qual decidiu: “Adotado no ordenamento jurídico pátrio o princípio da pluralidade de
juízos sucessórios, inviável se cuidar, em inventário aqui realizado, de eventuais
depósitos bancários existentes no estrangeiro.” (BRASIL, 2002, p. 362).
Igualmente, bens sitos no exterior não serão trazidos à colação. Ainda que
algum dos herdeiros apresente provas da existência do bem, e que a mencionada
destinação se deu contrária à norma brasileira, a compensação pleiteada não será
possível. Nesse sentido, uma pessoa que faleça deixando bens imóveis no brasil e
noutro país (qualquer que seja), tem-se inescusável a jurisdição brasileira para
inventarias os bens nacionais, devendo os bens estrangeiros ser inventariado no
foro da localização dos bens (BRASIL, 1983).
Por fim, um breve comentário se faz importante quanto ao direito ou liberdade
de testar. Este instituto, ao tratar de atribuições relativas aos direitos da
personalidade, obedecerá, para a jurisdição brasileira, à lei do domicílio do testador,
no momento da elaboração do testamento, conforme o disposto no art. 7º da LINDB.
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Assim, definida a competência nacional, determinar-se-ia a lei aplicável à


sucessão. Que, usualmente, seria a lei do último domicílio do falecido, todavia,
como já levantado, tal regra permite exceções.

6 ESTABELECENDO A LEI APLICÁVEL

Quanto a abrangência da jurisdição brasileira no que tanja a totalidade dos


bens do de cujus, foi acolhido em inúmeros precedentes judiciais pátrios que o
monopólio jurisdicional brasileiro, não pode vir a consentir que o juízo brasileiro
proceda inventário sobre bens do de cujus que se encontram no exterior. Como
resultado deste entendimento, o STF deu outra interpretação a fixação incondicional
da jurisdição brasileira, suscitando que não podem ser calculados na cota hereditária,
os bens existentes noutro país. Nesse sentido, apesar de a lei sucessória afirmar pela
igualdade de quinhões, tal só impor-se-á aos bem situados no Brasil, quebrando a
“unidade sucessória” assente no art. 10 da LINDB (RAMOS, 2016).
Neste sentido o STJ vem adotado a pluralidade sucessória, concluindo que
“se o ordenamento pátrio impede ao juízo sucessório estrangeiro de cuidar de bens
aqui situados, móveis ou imóveis, em sucessão mortis causa, em contrário senso,
em tal hipótese, o juízo sucessório brasileiro não pode cuidar de bens sitos no
exterior” (BRASIL, 2002, p.362). Assim, concluindo que a universalidade
sucessória é um “dogma” já superado.
Portanto, pela posição predominante nos tribunais brasileiros, “a lei do
domicílio do de cujus só regeria a sucessão dos bens situados no território do
Estado da lex fori. Os demais bens localizados no estrangeiro seguirão a lei do
Estado de sua situação (lex rei sitae), fragmentando, obviamente a sucessão”
(RAMOS, 2016, p.321).
Entretanto, existem meios de suavizar o problema e nivelar os quinhões (caso seja
determinação da lex fori) contabilizando os haveres repartidos na jurisdição
externa. O próprio STJ já optou por esta solução, ao manter a unidade sucessória
em caso que regulava bens expatriados de pessoa falecida no Brasil. No episódio
em questão o tribunal optou por sobrestar o inventário que corria no Brasil, de
modo que este apenas prosseguisse depois de levantado o inventário que corria
no Líbano. Assim, o juízo brasileiro poderia proceder à equalização da herança
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(considerando os bens deixados noutro país), com a coerente conservação da


igualdade entre os herdeiros, reverenciando a lei do domicílio do falecido (a lei
brasileira) (BRASIL, 2015).
Este último precedente demonstra a alternativa de harmonizar a jurisdição
cível brasileira com a determinada pela LINDB – a qual, em princípio, estabelece a
igualdade entre os sucessores.
De tal forma, no cenário em que se alcance bens localizados no exterior, o
emprego da técnica da compensação efetiva o DIPr brasileiro – não mais o
considerando um “dogma” já superado. E com esta postura, combate-se a
alegação da impraticabilidade do juízo brasileiro no que diga respeito aos bens
localizados no exterior, visto que é prescindível que os bens sitos no estrangeiro
sejam alcançados pela jurisdição brasileira, mas que sejam puramente
considerados seu valor, prestigiando assim o DIPr formado pela lei e tratados
ratificados pelo Brasil.

CONCLUSÃO

O presente artigo buscou especificar como se dá a sucessão em âmbito


internacional entre as partes, segundo as regras de DIPr postas na LINDB. Assim,
expôs-se posicionamentos divergentes – majoritários e minoritários – bem como
uma saída viável no esforço de suavizar o problema de desnivelamento dos
quinhões dos bens expatriados.
Estas questões tão-somente desvelam o envelhecimento da LINDB, que
persiste quase que incólume desde a sua edição em 1942.
Por outro lado, foi recebido o então Código de Processo Civil de 2015, o
qual encaminhou ao ordenamento jurídico, nos arts. 21 a 25, algumas normas de
jurisdição internacional cível, que refletem no DIPr de Sucessões, em especial no
que diz respeito ao monopólio jurisdicional brasileiro na sucessão.
Entretanto, clareia-se o entendimento deste texto, no sentido de dispersão
destas normas, por meio da determinação de um inevitável diálogo das fontes
(caso seja determinação da lex fori), como defende os mais recentes julgadores.
Assim levando em consideração à equidade dos envolvidos no DIPr de Sucessões.
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REFERÊNCIAS

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