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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM
NÚCLEO DE PESQUISA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE DA MULHER
(NUPESM)

WASHINGTON RAMOS CASTRO

O HOMEM QUER ENGRAVIDAR? : REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS


PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUE TRABALHAM COM REPRODUÇÃO HUMANA

Rio de Janeiro
dezembro / 2010
WASHINGTON RAMOS CASTRO

O HOMEM QUER ENGRAVIDAR? :


REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS PROFISSIONAIS
DE SAÚDE QUE TRABALHAM COM REPRODUÇÃO
HUMANA

Dissertação apresentado ao Núcleo de Pesquisa em

Saúde da Mulher da Coordenação Geral de Pós-

Graduação e Pesquisa da Escola de Enfermagem

Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro

como requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Enfermagem. Fase de Qualificação.

Área de Concentração: Identidade de Gênero e Saúde.

Orientadora: Profa. Dra. Ana Beatriz Azevedo Queiroz

RIO DE JANEIRO
2010
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WASHINGTON RAMOS CASTRO

O HOMEM QUER ENGRAVIDAR? :


REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DOS
PROFISSIONAIS DE SAÚDE QUE TRABALHAM
COM REPRODUÇÃO HUMANA

“O que se escreve com tinta pode


se perder pela ação de uma única
gota d‟água. Mas o que está
escrito no coração permanece por
toda a eternidade”.

Provérbio tibetano.

Descritores: Infertilidade Masculina; Paternidade; Enfermagem; Psicologia Social;


Identidade de Gênero
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES:

Gráficos

Gráfico 1 Gráfico 1 – distribuição dos depoentes segundo instituição 111


Gráfico 2 Gráfico 2 – distribuição dos depoentes segundo idade 114
Gráfico 3 Gráfico 3 – distribuição dos depoentes segundo religião declarada 114
Gráfico 4 Gráfico 4 – distribuição dos depoentes segundo profissão 115
Gráfico 5 Gráfico 5 – distribuição dos depoentes segundo raça declarada 116
Gráfico 6 Gráfico 6 – distribuição dos depoentes segundo estado civil 116
Gráfico 7 Gráfico 7 – distribuição dos depoentes segundo nível de instrução 117
Gráfico 8 Gráfico 8 – distribuição dos depoentes segundo tipo de disciplina 118
relacionada à infertilidade
Gráfico 9 Gráfico 9 – distribuição dos depoentes segundo tempo de formação em 119
nível superior
Gráfico 10 Gráfico 10 – distribuição dos depoentes segundo tempo de atividade em 120
reprodução humana
Gráfico 11 Gráfico 11 – distribuição dos depoentes segundo declaração de outro 121
emprego

Tabelas

Tabela 1 Tabela 1 - Distribuição dos depoentes segundo motivo de atividade em 120


R. Humana / Infertilidade
Tabela 2 Tabela 2 - Distribuição dos depoentes segundo declaração de parentes 121
com problemas relacionados à R. Humana / Infertilidade
Tabela 3 Tabela 3 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir 123
do termo indutor – Infertilidade
Tabela 4 Tabela 4 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir 126
do termo indutor – Sexualidade
Tabela 5 Tabela 5 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir 129
do termo indutor – Masculinidade
Tabela 6 Tabela 6 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir 132
do termo indutor – Paternidade
Tabela 7 Tabela 7 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir 136
do termo indutor – Virilidade

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SUMARIO:

1 Introdução

1.1 Considerações Iniciais 07


1.1.1 O Percurso Inicial - A Inquietação 10
1.1.2 A Adesão ao Tema: Homem com dificuldade de engravidar 16
1.1.3 A Construção da Problemática do Estudo 18
1.1.4 A Construção do Objeto de Estudo em Representações Sociais: a Infertilidade Masculina 25
1.1.4.1 Questões de Pesquisa 27
1.1.4.2 Objetivos de Estudo 28
1.1.4.3 O Pressuposto a Ser Defendido 28
1.1.4.4 Justificativa e Relevância 29
1.1.4.5 Contribuições do Estudo 32

CAPÍTULO I

2 Fundamentação

2.1 Bases Conceituais 40


2.1.1 O Homem: Uma Construção de Gênero 41
2.1.2 Contextualizando Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil 49
2.1.3 Saúde Sexual e Reprodutiva Masculina 53
2.1.4 A Saúde Sexual e Reprodutiva e a Contextualização da Infertilidade Conjugal / Masculina 60
2.2 Referencial Teórico 73
2.2.1 Teoria das Representações Sociais 74

CAPÍTULO II

3 Questões Metodológicas

3.1 Tipo de Estudo 88


3.2 Sujeitos 89
3.3 Campos / Cenários 92
3.3.1 Equipe Básica 96
3.4 Técnica / Instrumento de Coleta de Dados 99
3.4.1 Adaptações Necessárias nos Instrumentos 103
3.5 Etapas da Coleta de Dados 105
3.6 Aspectos Éticos 106
3.7 Análise dos dados 108
3.8 Limitações do Estudo 110

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CAPÍTULO III

4 Resultados Preliminares

4.1 Caracterização dos Sujeitos 112


4.2 Associação Livre de Idéias 122
4.2.1 Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir do termo indutor – 123
Infertilidade
4.2.2 Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir do termo indutor – 126
Sexualidade
4.2.3 Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir do termo indutor – 129
Masculinidade
4.2.4 Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir do termo indutor – 132
Paternidade
4.2.5 Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir do termo indutor – 136
Virilidade

Referências

Referências 141
Bibliografia Recomendada 150

Apêndices

Cronograma 161
Questionário 162
Roteiro de Entrevistas 164
Pedidos de Autorização para Realização de Pesquisa
Pedido de Autorização para Realização de Pesquisa IG/UFRJ 166
Pedido de Autorização para Realização de Pesquisa HUPE/UERJ 168

Anexos

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido


Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para CEP EEAN/HESFA 171
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para CEP HUAP/UERJ 172
Termo de Confidencialidade 173

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1 INTRODUÇÃO:

1.1 Considerações Iniciais:

O homem de hoje é um constructo complexo, diferente da representação social do ser

masculino existente em nossa sociedade em remotos tempos. Atualmente, em virtude das

modificações ocorridas em aspectos diversos como a família, a sexualidade, as relações de

gênero, entre tantos outros aspectos tornaram as representações sociais deste homem algo

impar da ordem social anteriormente estabelecida e difundida. As relações sexuais já ha

algum tempo não são exclusivamente realizadas entre sujeitos de sexo diferentes entre si ou

de gêneros opostos, e mesmo as relações entre indivíduos de sexo idêntico, quando

observadas de modo mais criterioso, demonstram não obedecerem a uma lógica de oposição

linear. Quanto à divisão dos gêneros, percebemos que não é mais possível trabalhar com o

modelo biológico de dois sexos opostos, pelo contrário, é necessário considerar as variações

ocorridas na questão dos gêneros, que se inscreve no âmago do sexismo, fenômeno que já

vem ocorrendo ao longo dos tempos, desembocando hoje em alterações nos modelos

antropológico e sociológico da própria construção social dos dois gêneros que normalmente

conhecemos.

Portanto, é razoável acreditar que estes dois modelos já não são suficientes para dar

conta da complexidade dos conceitos que abarcam as diferenças existentes entre os homens e

as mulheres na nossa sociedade em nossos dias.

Necessário também ressaltar que neste contexto, a medicalização da reprodução e a

possibilidade de interferência e controle na capacidade de procriar trouxeram como

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possibilidade para os profissionais que atuam na área de reprodução humana, um conjunto de

novos fatores que interferem no erotismo, na sexualidade e na liberdade sexual dos indivíduos

desconstruindo os papéis sociais antes existentes de homem sexual e de mulher romântica,

hoje, estes papéis já não são mais representações tão correntemente aceitas. Novos papéis são

desvelados para os homens, assim como para as mulheres, seja na sua vida familiar,

acadêmica ou profissional.

Os profissionais de saúde devem estar atentos para a dissociação que vem se

construindo entre sexualidade e procriação, que causa efeitos em quase todos os aspectos das

relações de gêneros e em quase todos os constructos de cada indivíduo. Portanto, frente a

todas essas questões e, considerando o dinamismo de representações sociais dos papéis sociais

de homens e mulheres, não podemos esquecer que somos fruto de todo um contexto histórico-

cultural onde os papéis de cada um foram e ainda são construídos em bases tradicionais de

uma sociedade judaico-cristã, para a qual aspectos como a submissão feminina,

conseguintemente, a dominação masculina, além de reprodução como um ícone da fertilidade

e do papel cristão de cada um dos indivíduos são elementos que interferem fortemente nas

sexualidades de homens e de mulheres, fazendo com que os papéis sejam diferenciados pelo

entendimento de superioridade e inferioridade entre os sexos, dentre outras questões que

marcam a vida de cada uma das pessoas, independentemente do gênero e do sexo, e, por

decorrência, interferindo na forma como os serviços e os profissionais de saúde lidam com os

indivíduos.

Considerando-se essa conjuntura de diferenciação das sexualidades e da reprodução,

„entenda-se: Procriação‟ entre os gêneros, em nossa sociedade, até bem pouco tempo, cerca

de 50 anos, esperava-se da mulher apenas a reprodução como uma necessidade de manter a

geração, (atestado de feminilidade e de fertilidade) na espécie humana enquanto que ao

homem era dada a liberdade sexual e o direito de viver sua sexualidade em plenitude sem, no

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entanto deixar de lado a cobrança do seu papel como reprodutor. A reprodução masculina,

isto é, para o elemento homem, historicamente, esteve ligada a sua masculinidade, ou seja, era

considerada como uma prova de sua virilidade, quase uma oposição ao papel do elemento

feminino.

Como somos frutos de toda essa herança social, e pelo fato de não termos a

capacidade de separar nosso espólio sociológico e antropológico quando atuamos como

profissionais de saúde, entendemos que as representações sociais dos profissionais das mais

diversas carreiras, que atuam na assistência à pessoas com dificuldades para gerar filhos, tanto

homens quanto mulheres, precisam ser estudadas e compreendidas, levando-se em conta todo

esse contexto sócio-cultural para que se possa adequar modos de cuidar em Enfermagem para

esta clientela, que muitas vezes é negligenciada quanto aos aspectos ligados a sua saúde

sexual e reprodutiva.

Podemos notar que tanto na literatura quanto na prática de assistência, a infertilidade

masculina e suas conseqüências no ser-homem vêm sendo negligenciadas sistematicamente

pelos profissionais de saúde, independentemente de sua formação e/ou do tempo de atuação

na área.

A literatura disponível atualmente referente à saúde sexual e reprodutiva apresenta

uma visão cujo foco ainda está centrado no planejamento familiar, no controle da natalidade,

nos métodos contraceptivos ou na programação da natalidade e, em sua maioria, quase sempre

se refere aos aspectos ligados ao elemento feminino. Acabando por se refletir no modo

operante dos serviços de saúde e nas atitudes dos profissionais de saúde que aí atuam e que

lidam com casais inférteis.

Nesta conjuntura, para a presente pesquisa, delimitamos como objeto de estudo: As

Representações Sociais dos Profissionais de Saúde que trabalham com reprodução humana

sobre a infertilidade masculina.

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1.1.1 O Percurso Inicial - A Inquietação

O interesse pelo estudo na área da saúde do homem inicia-se dentro da área da saúde

da mulher, no primeiro semestre de 1997, quando conclui o curso de Bacharelado em

Enfermagem pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da Universidade Federal do

Rio de Janeiro (UFRJ). Naquela época, ainda existindo as habilitações, optei pela

Enfermagem e Obstetrícia, quando então tive uma primeira aproximação com as questões de

gênero, sexualidade, feminilidade, planejamento familiar, gravidez, maternidade, paternidade

e família.

Chamava-me a atenção o fato de quanto à figura masculina pouco transitava nos

espaços considerados como próprios da saúde sexual e reprodutiva. No cenário materno

infantil quase não se percebia o homem, como se a participação do sexo masculino nestas

esferas fosse apenas um mero detalhe, e como se o homem não representasse uma peça

importante de um conjunto, par ou sistema interdependente, restando-lhes um papel

coadjuvante, fato já ressaltado por Martins (2004) e Sauthier (2004), excluindo a ação

masculina do processo de procriação, o que precisa ser ressaltado no processo de cuidar dos

profissionais de saúde que atuam na área de procriação.

A presença masculina não era freqüente nestes espaços, como ainda não é. Àquela

época não havia um incentivo sistemático a fim de envolver os homens nas questões

relacionadas aos cuidados com a saúde sexual e reprodutiva, como por exemplo, nos serviços

de assistência ao pré-natal. Mesmo quando o parceiro comparecia, não era convidado pelos

profissionais de saúde a acompanhar sua esposa. Cenário que esperamos ver modificado com

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a implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, recentemente

sancionada.

Nas maternidades pelas quais passei, percebi assistematicamente que, até meados dos

anos 90, os homens precisavam observar horários restritos pré-estabelecidos para visitação à

sua esposa e aos recém nascidos. Por esta razão, por vezes, só conseguiam conhecer o seu

filho um ou até dois dias depois do nascimento, isto se dava em decorrência da inadequação

dos horários de visitação. As maternidades, com seus horários rígidos e as normas e rotinas

hospitalares inquestionáveis impediam ou, pelo menos, dificultavam uma maior interação do

homem neste processo, o que poucas vezes era questionado por estes. Por sua vez, os

profissionais levaram muito tempo para perceber esta situação e tomar alguma atitude com

vistas a mudanças.

Da mesma forma, nos serviços de planejamento familiar do Brasil, a presença de

homens era nula, tanto nos grupos educativos quanto nas consultas, por esta razão, a decisão

pela escolha do método contraceptivo1 acabava ficando apenas nas mãos da mulher. (Bilac &

Rocha 1998). Sobre o compromisso social da inserção do homem, elemento masculino, nos

serviços de planejamento familiar, Sauthier (2004), em sua Tese de Doutoramento faz a

seguinte análise:

[...] quando o homem encontrava-se presente nas atividades, não havia a integração
do mesmo no grupo misto, tanto pelas mulheres, pela equipe multidisciplinar,
quanto pelo próprio homem, que era excluído e se auto-excluía, deixando de
assumir a sua parcela de responsabilidade na procriação e na saúde reprodutiva,
[...] (SAUTHIER, 2004, p. 13).

Frente a todo esse contexto, desenvolvi meu trabalho de conclusão de curso (TCC),

que apesar de não versar especificamente sobre o homem, trouxe-me reflexões sobre a (não)

participação masculina no cenário obstétrico. O TCC teve como temática a gravidez na

1
No Brasil, assim como em outros países da América latina e Caribe os programas de planejamento familiar
serviam mais para o controle da natalidade do que efetivamente para o planejamento familiar. Bilac & Rocha
(1998).
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adolescência e, nesta época, mais uma vez, percebi a completa ausência do genitor, ou seja, a

grande maioria das entrevistadas apresentava-se vivendo uma gravidez fora do matrimônio e

sozinhas, tendo apenas a família, representada principalmente pela presença da mãe, como

apoio a essas meninas gestantes, o que também foi constatado por Heilborn et al (2002), em

seu estudo: Aproximações socioantropológicas sobre a gravidez na adolescência, no início do

século XXI.

Após minha formatura, tive a oportunidade de trabalhar em uma cidade do interior

do Estado do Rio de Janeiro. Nesta cidade do Norte Fluminense atuei como professor do

curso de enfermagem de uma escola municipal do antigo ensino médio, e como supervisor de

enfermagem de um hospital regional. Como professor, lecionei as disciplinas de Enfermagem

em Saúde Pública e Enfermagem Materno-Infantil no curso Técnico de Enfermagem

enquanto que, como supervisor de enfermagem também atuei na área de obstetrícia e

ginecologia daquele nosocômio. Em ambos os cenários de atuação, mais uma vez, percebi a

ausência quase total da figura masculina, mostrando-me que não era um aspecto localizado,

mas algo mais abrangente que determinava a ausência do homem nestes espaços, incuindo-se

aí a sua intencionalidade de ausentar-se.

Também foi nestes cenários que percebi que os profissionais pareciam não se

incomodar com a ausência do homem, como se fosse uma questão já resolvida, sua ausência

era vista com naturalidade e empatia.

Três anos mais tarde, como aluno do “Curso de Saúde Pública”, modalidade

Residência, do Instituto de Saúde Coletiva da UFRJ (NESC/IESC), deparei-me com serviços

básicos de saúde que, de certa forma, desconsideravam o sexo masculino e suas

particularidades enquanto gênero nos seus processos de cuidar. Àquela época, as unidades que

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possuíam o “Programa de Saúde da Família2” não estavam estruturadas para acolher os

indivíduos do sexo masculino em suas atividades de atenção básica de saúde. Quando estes se

faziam presentes, em geral estavam como elemento vinculado à saúde da mulher,

normalmente nos serviços relacionados à saúde sexual e reprodutiva delas.

Por fim, tendo ido trabalhar, em 2005, em uma Instituição de Saúde Federal de

ensino, que é referência para o atendimento em Ginecologia na Cidade do Rio de Janeiro, e,

tendo assumido diversos cargos nesta instituição, pude atuar próximo às usuárias e conhecer

mais de perto a área da saúde sexual e reprodutiva. Percebendo aí a inexistência de

preocupação dos profissionais da assistência com a ausência do homem no serviço de

atendimento a reprodução humana.

O último cargo ocupado naquela instituição foi o de coordenador de extensão, neste

cargo, precisei elaborar e propor projetos de extensão universitária para a instituição, o que

me levou a formação de um grupo de trabalho com profissionais de diversas carreiras da

própria instituição e de fora dela, compondo assim, uma equipe interdisciplinar.

Após um rápido levantamento realizado com o intuito de identificar as áreas onde

existissem atividades de extensão na instituição, percebemos que, não só não havia – até

aquele momento – nenhuma atividade que unisse o fazer acadêmico, a prática da assistência e

a extensão propriamente ditas, como não havia nenhum projeto de extensão aprovado e

reconhecido pelas instâncias superiores da universidade federal a qual a instituição estava

ligada.

Assim, havendo vários cenários de atenção à saúde da mulher como possibilidade

para instituir um projeto de extensão, já que se tratava de uma instituição secundária de

assistência à população eminentemente feminina, busquei uma que observei que mesmo que

timidamente e que de forma indireta, proporcionava uma atenção, ainda que não exclusiva
2
O Programa de Saúde da Família é uma das modalidades de atendimento da Estratégia de Saúde da Família.
Nesta época ainda estava em fase de implantação na cidade do Rio de Janeiro, com poucos núcleos em
funcionamento.
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voltada também ao público masculino, algo que sempre foi uma inquietação minha enquanto

enfermeiro atuante na área da saúde da mulher. Por esta razão, um setor em especial começou

a chamar minha atenção: o ambulatório de reprodução humana.

Este ambulatório, que tem por finalidade o atendimento ao casal infértil, possui

capacidade de 60 atendimentos mensais. Porém, um número pelo menos duas vezes maior

deixa de ser atendido por falta de capacidade de absorção desta clientela, criando uma

demanda reprimida da ordem de 200% só naquele serviço, como apontado por Perelson;

Costa; Penna; Masson; Souza (2008), muito provavelmente isto se dê em virtude da carência

deste tipo de serviço observada na rede pública da cidade do Rio de Janeiro.

À frente da coordenação de extensão tive uma receptividade positiva imensa por

parte da chefia desse ambulatório, além de um envolvimento entusiasmado dos membros do

grupo de trabalho, o que facilitou a proposição de um projeto de extensão, que teve como

título: “O Direito de Decidir na Hora de Planejar a Família: O Ambulatório de Reprodução

Humana do Instituto de Ginecologia da UFRJ”.

Tal atividade oportunizou-me a aproximação ao campo e à temática especificamente

da dificuldade de casais para engravidar. Algo que já me interessava visto que vivenciava na

família uma situação de dificuldade de engravidar, inclusive com tentativas junto aos serviços

de reprodução humana particulares, porém sem sucesso.

O trabalho em equipe para construir o projeto de extensão teve muitos

desdobramentos, sendo que o mais importante, diz respeito à possibilidade que tive de contato

com o público atendido naquele serviço. A cada encontro com a clientela e com a equipe do

ambulatório, percebia mais uma vez, a pequena presença da figura masculina, mesmo se

tratando de um ambulatório de reprodução humana, onde se busca atendimento para o casal

com dificuldade de engravidar, a presença maciça era das mulheres.

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É importante que se destaque que esta Instituição sempre teve e ainda tem um olhar

eminentemente voltado para o público feminino, visto que é um instituto específico de

atendimento ginecológico, relegando o cuidado ao homem à função secundária determinada

por sua relação com os problemas de saúde sexual e reprodutiva femininos.

Fato este que podemos entender melhor quando buscamos a evolução histórica das

políticas de atenção à saúde sexual e reprodutiva no Brasil, pois como afirmam estudiosos do

assunto como, Fonseca Sobrinho (1993) e Bilac e Rocha (1998) e a realidade mostra que

nunca as políticas de saúde apresentaram um olhar voltado para as demandas masculinas.

Ainda nesta instituição de saúde federal, pudemos ter contato com a clientela do

setor através de outras funções que ocupei. No desenvolvimento de minhas atividades como

ouvidor da Instituição era comum receber e-mails, cartas, bilhetes impressos e manuscritos e

atendimentos telefônicos de homens angustiados em busca de algum tipo de atendimento

público e gratuito para casos de dificuldades para alcançar o direito à sua saúde reprodutiva.

O que por vezes chegou a gerar ações judiciais cuja sentença determinava o atendimento ao

autor da causa. Estes casos também me causaram inquietude, chamando a atenção para a

dificuldade vivida por essa parcela populacional específica. Especialmente porque, como

citado anteriormente, não há, na cidade do Rio de Janeiro, um serviço público que ofereça as

tecnologias mais complexas de reprodução assistida3. Queiroz (2002, p. 5) afirma que

[...] no setor público a realidade encontrada não é animadora, os serviços


especializados oferecem, quando muito, apenas o diagnóstico do problema e
os tratamentos tradicionais – baixa complexidade –, tais como cirurgias e
tratamentos medicamentosos, mas não há oferta de tecnologias reprodutivas
de alta complexidade. (QUEIROZ, 2002, p. 5)

3
São consideradas tecnologias de complexas em tratamento de problemas relacionados com a dificuldade de
engravidar: 1 – a Fertilização in vitro (FIV), que consiste na fertilização do óvulo em ambiente externo ao corpo
da mulher e a 2 – Injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI), que consiste na injeção de um único
espermatozóide no citoplasma do ovócito, evitando assim as dificuldades do processo natural em que
espermatozóide tem que passar a "barreira" do ovócito para nele penetrar.
Além destas duas técnicas, atualmente também se pode contar com os recursos da 3 – aspiração percutânea de
espermatozóides do testículo (TESA); da 4 – aspiração percutânea de espermatozóides do epidídimo (PESA) e
da 5 – extração de tecido testicular por biopsia (TESE). As três últimas utilizadas quando não se pode dispor de
ejaculado.
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Assim, frente a essa inquietação advinda de minha prática profissional, aproximei-

me desse cenário da assistência à infertilidade, sempre visando, a clientela que mais me

chamava à atenção: o Homem no contexto de sua saúde sexual e reprodutiva.

1.1.2 A Adesão ao Tema: O homem com dificuldade de engravidar

Ao escolher o tema para a presente dissertação, indubitavelmente, escolhemos o que

mais causava inquietude em nossa prática profissional, além de ser um assunto presente em

minha vida pessoal, isto se refere, em primeiro lugar: ao (des)cuidar da saúde do homem nas

políticas públicas brasileiras na sociedade contemporânea, e a falta de ação mais enérgica por

parte dos profissionais com vistas a modificar este quadro, em segundo: ao momento de

determinação do direito à saúde do sexo masculino e, em terceiro lugar, mas de forma

especial: às dificuldades de acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva das classes

menos favorecidas e à falta de adequação destes para lidar com o gênero masculino e suas

particularidades no momento atual de nossa sociedade.

Porém, é fundamental ressaltar o fato de ser, esta pesquisa, uma proposta focada nas

representações sociais dos profissionais que atuam na assistência de homens que vivem a

experiência da dificuldade de ter filho, visto ser a falta de espaços institucionais e de

acolhimento pelos profissionais para acolher esta demanda um dos pontos que mais me

angustia.

Essa angústia se exacerbou com a constante verificação do reduzido número de

homens nos serviços de saúde por onde passei, e que se tornou inquietante a partir do

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momento em que nos lançamos em pesquisas sobre a saúde reprodutiva, em virtude das

atividades relacionadas com minhas atribuições como coordenador de extensão em um

serviço público de saúde.

Incomodava-me também, mas não somente, a angústia e o sofrimento nas falas de

alguns homens. Estas causadas pela exposição do indivíduo, a partir de uma “pseudo-

incapacidade” ou “incapacidade de fato” deles ou das esposas/companheiras para alcançar

uma gravidez e constituir família4, considerando-se o conceito de família nuclear, parental e

constituída de pais de sexo opostos e filho ou filhos. Mas também me causaram inquietação

alguns discursos de indiferença identificados nas falas dos próprios profissionais de saúde que

lidavam com a situação de infertilidade, quanto se referiam ao homem. Muitos destacavam a

idéia ou a representação de que apenas a presença masculina, quando estava ali, era para

cumprir o papel de acompanhar suas esposas, visto que a procriação era mais um desejo

feminino.

Estes fatos me levaram a aprofundar as pesquisas sobre a saúde do homem com

ênfase na saúde sexual e reprodutiva, certamente a importância (para mim) do tema escolhido

refletirá na qualidade final da pesquisa, influenciada, inclusive, pelo meu entusiasmo como

pesquisador e em virtude da minha convicção em permanecer constante nos meus propósitos

como profissional.

4
Na cultura ocidental, até bem pouco tempo atrás, uma família era definida especificamente como um grupo de
pessoas de mesmo sangue, ou unidas legalmente, como no casamento e na adoção. Muitos etnólogos
argumentam que a noção de "sangue" como elemento de unificação familiar deve ser entendida
metaforicamente; dizem que em muitas sociedades e nas culturas não-ocidentais a família é definida por outros
conceitos que não "sangue". A família poderia assim se constituir de uma instituição normalizada por uma série
de regulamentos de afiliação e aliança, aceitos pelos membros.
O conceito de família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas,
econômicas e sócio-culturais do contexto em que se encontram inseridas. Esta é um espaço sócio-cultural que
deve ser continuamente renovado e reconstruído.
Hoje, a família deve ser encarada como um todo que integra contextos mais vastos como a comunidade em que
se insere. Família é um “sistema de membros interdependentes que possuem dois atributos: comunidade dentro
da família e interacção com outros membros” (STANHOPE, 1999, p. 492).
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1.1.3 A Construção da Problemática do Estudo

A ausência de possibilidade de acesso aos serviços de saúde de membros das classes

menos favorecidas não é uma exclusividade do gênero masculino, porém, a ausência fica mais

patente para os membros deste sexo em decorrência do seu afastamento dos serviços por

questões diversas como, por exemplo: a falta de estrutura dos serviços para acolher e

responder às necessidades específicas desta clientela e, em alguns casos à falta de preparo dos

profissionais de saúde para lidar com as questões específicas do homem.

No entanto, como profissionais de saúde devemos também considerar as

características do próprio gênero masculino. Uma vez que outros aspectos também

influenciam de modo fundamental na presença ou na ausência de homens, nos serviços de

saúde disponíveis, inclusive e especialmente naqueles que oferecem assistência específica

para os problemas relacionados à saúde sexual e reprodutiva. Aonde, como citamos

anteriormente, a mulher ainda continua sendo o foco da propedêutica.

Para que os profissionais de saúde possam melhor atender a esta clientela, há

necessidade de se atentar para as especificidades determinadas pelas características

masculinas enquanto indivíduo complexo (universo único), deixando-se de enxergá-lo como

adjuvante das questões da saúde da mulher, como sugerem Sauthier (2004) e Gomes (2008).

Desde o início de sua socialização, os homens têm uma dificuldade ímpar de expor

suas fraquezas. É Nolasco (1995, p. 43) que nos revela, sobre este aspecto que “Os meninos

crescem estimulados a contar vantagens e méritos. O padrão masculino inicia-os em um

mundo onde acreditam ser os melhores só por serem homens”.

E desta forma, a infertilidade, que é uma espécie de atestado de incapacidade – ao

menos com relação à paternidade e à masculinidade do ser-homem – é, por todas as razões,

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considerada uma afronta a este senso comum, no qual o homem não pode ser fraco ou

incapaz.

Gomes (2008) corrobora com esta hipótese afirmando que o reduzido número de

homens com envolvimento com os cuidados de sua saúde se deve, ao menos parcialmente,

aos modelos de masculinidade, quer seja referente ao auto cuidado ou à busca de cuidados

especializados.

Pois, de acordo com González Rey (2004, p. 136):

As emoções tomam formas e relações que não estão definidas de


maneira imediata por um significado. Algo que duas pessoas
compartilham com um mesmo significado não vai ter um mesmo
valor emocional para elas. (GONZALEZ REY, 2004, p. 136)

Neste contexto de diversidade e percebendo que, para lidar com essas questões, é

necessário ir além do simples diagnóstico médico, das causas e, da freqüência dos indicadores

biológicos da dificuldade para engravidar, senti a necessidade de me aproximar mais da

temática “infertilidade para o homem”.

Desta forma, a aproximação com essa temática ocorreu através de contato direto no

ambulatório, pela minha presença em congressos e eventos relacionados ao tema, pela minha

participação em discussões em grupos de estudo, inclusive em espaços virtuais – na internet –

e de um vasto levantamento bibliográfico sobre infertilidade humana masculina nos últimos

12 (doze) anos (1998 / 2009), esse recorte temporal foi escolhido tendo como ponto de partida

o início das atividades do pesquisador na área na função de enfermeiro, como veremos mais a

frente.

E assim essa aproximação me fez constatar uma lacuna no conhecimento no que se

refere à visão psicossocial da infertilidade masculina pelos próprios profissionais de saúde

que atendem à reprodução humana. No entanto, para que possamos contextualizar essa
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problemática aqui delineada, julgamos importante recordar um pouco da história do

desenvolvimento da saúde sexual e reprodutiva, e assim compreendermos a negligência

enfocada tanto na infertilidade quanto na figura masculina.

O atendimento em saúde sexual e reprodutiva sempre foi orientado ao público

feminino. Inicialmente o tratamento da infertilidade apresentava-se como uma alternativa para

mulheres que possuíam disfunção no aparelho reprodutor. Era, portanto, uma especialidade

médica assumida pelos ginecologistas e exclusivamente voltada para a intervenção no

organismo feminino.

No que se refere às questões reprodutivas, a história do parto e nascimento, também

encontramos o afastamento da presença do homem. A História da Ginecologia e da

Obstetrícia no Brasil, segundo, Martins (2004), mostra que esta especialidade teve início

quando, em meados do século XIX as mulheres mais ricas começaram a preferir o

atendimento de médicos em lugar das parteiras no momento de seu parto. Ou seja, desde seus

primórdios eram as mulheres da classe mais favorecidas que acessavam estes serviços de

saúde. Martins (2004, p. 178), assim descreve:

Embora a maioria das mulheres continuasse a chamar as parteiras para


atendê-las no momento de dar a luz, também no Brasil deu-se o mesmo
movimento em direção aos médicos-parteiros, cuja clientela era inicialmente
bastante diferenciada. (MARTINS, 2004, p. 178)

Ainda Martins (op.cit) descreve que, com isso, inicia-se uma campanha de

convencimento que levou de vez os partos para o ambiente hospitalar, nas mãos

especificamente dos médicos. Movimento esse que fez com que os homens/maridos, pais das

crianças nascidas saíssem também totalmente do cenário do nascimento de seus filhos.

Segundo a autora, a participação do homem no nascimento era incipiente, pois o parto era um

evento de mulheres, porém o homem permanecia presente, seja na sala ao lado ou em um

cômodo próximo, para qualquer eventualidade, inclusive caso houvesse necessidade de sua
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ajuda no cenário do parto. Outro aspecto relevante era que o marido era o primeiro a ver seu

filho e sua esposa após o parto, o que logo deixou de acontecer, com o parto indo para o

cenário hospitalar. Por fim, mesmo que de forma tímida, esse homem tinha alguma

participação, algo que foi totalmente, suprimido com a ida dos nascimentos para o ambiente

restrito do hospital. Ali, em nome das regras e das normas, as visitas eram reduzidas, quase

anuladas, principalmente aos homens.

Ainda, quando nos referimos, às questões ligadas à reprodução e à sexualidade,

verificamos que o papel do homem neste contexto tem variado ao longo do tempo e que esta

variação está em estágio diverso, dependendo do contexto analisado.

Historicamente, ao homem sempre foi dado o domínio do sexo e do prazer, para que

pudesse viver a plenitude de sua sexualidade, sem que precisasse se preocupar com as

questões relacionadas ao planejamento familiar e à reprodução humana. Esta tarefa sempre foi

da mulher, que também assumia a responsabilidade da criação da prole. Em muitas das

sociedades já estudadas, desta forma, a culpa pela incapacidade para procriar sempre foi

imputada às mulheres.

Não é por acaso que as taxas de fecundidade começaram a cair paulatinamente e

inversamente à proporção que as mulheres iam se empoderando e questionando o “poder do

macho” nas sociedades ocidentais modernas, integrando-se cada vez mais ao mercado de

trabalho e às atividades acadêmicas, suas atividades domésticas e seu papel procriativo foram

sendo relegados a um segundo plano, não sem que houvesse muitos enfrentamentos.

A mulher historicamente precisa cuidar da casa, providenciar e educar os filhos e

responder aos desejos do homem, pois, desde cedo, aprende a conviver com a pressão social

por viver seu papel de mãe. Enquanto que com o homem a história é bem diferente, embora

hoje muitos não concordem mais com isto, ainda sofrem as mulheres, os cerceamentos

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determinados por seu papel feminino, em especial no campo da sexualidade, os papeis de

homens e de mulheres são tão distintos que chegam a se contrapor em alguns momentos.

A história de nossa sociedade mostra que a repressão às mulheres passa por

mudanças desde o obscurantismo, porem somente no início do século passado os grilhões que

lhes acorrentavam aos papeis submissos começam a dar sinais de perda de poder. A partir

deste momento histórico a tônica desta relação começa a deixar de ser a submissão e a

imposição, tornando-se algo ainda distante da liberdade sonhada pelas precursoras dos

movimentos feministas, mas algo mais democrático do que o que existia antes.

Uma fonte para pudores e tabus, a sexualidade é um ponto de distinção entre os

direitos instituídos a cada gênero, infelizmente, apesar da evolução, a realidade mostra-se

ainda pouco favorável ao gênero feminino, apesar de há muito tempo já vir sendo naturalizado

à identidade feminina, o direito a opção pela carreira, pela disputa do mercado de trabalho e

outras.

Aos homens, por outro lado, é oferecida uma maior liberdade para lidar e expressar a

sua sexualidade, em contrapartida é exigido, de modo mais rígido, uma conduta condizente

com o papel masculino socialmente determinado para ele. Isto faz com que desde criança, no

seio da própria família, este vá se aproximando e se integrando ao estereótipo determinado à

personalidade masculina como um todo, de uma forma bem mais natural e socialmente aceita

do que as variantes da sexualidade masculina. A própria mídia, por exemplo, encarrega-se de

legitimar esta exigência, transformando a sexualidade masculina em direito (e, por

conseguinte reforçando a exploração da mulher como uma espécie de objeto de consumo) que

nem se quer tem o direito a uma liberdade sexual de fato e de direito.

Porém, apesar de aceitarmos hoje a nossa identidade social de homem com grande

naturalidade, é necessário ressaltar que também se paga um preço muito alto por seu papel

neste cenário, pois, por ter seu desempenho sexual mais associado a uma avaliação

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qualitativa, (atrelada à alta performance), e também quantitativa (revés do que é “autorizado”

e exigido às mulheres) tendo que permanecer em busca de um ideal que é, por natureza,

inatingível em sua plenitude.

E assim, por estas e outras questões, parece que o homem não questiona seu

envolvimento reduzido no processo da busca pela reprodução quer seja por meios biológicos,

dito naturais ou por meios artificiais, ditos manipulados. Cabendo e reforçado, ainda hoje,

pelo sistema de saúde, o estigma da infertilidade às mulheres. O que parece ser naturalmente

aceito na maioria dos serviços, por grande parte dos profissionais.

E quando se trata das questões ligadas às políticas públicas, isso não é diferente. A

necessidade de integrar o homem ao tema saúde já não é uma novidade. A década de 90 nos

apresentou uma agenda de eventos como a Conferência Sobre População e Desenvolvimento,

realizada no Cairo em 1994, OMS (1994) e a IV Conferência Mundial sobre a Mulher: Ação

para a Igualdade, o Desenvolvimento e a Paz, realizada em Beijing em 1995, OMS (1995),

ambos patrocinados pela ONU.

Estes são apenas dois exemplos dos grandes eventos da década de 90, que apontaram

a necessidade de se integrar os direitos reprodutivos à agenda política, incorporando-se o

direito à escolha quanto ao exercício da sexualidade e da procriação, de forma segura e

assistida. Ponto de reflexão como questão de pesquisa.

Neste cenário, há indicadores claros quanto ao crescimento do espaço para a saúde

do homem nas políticas governamentais e quanto à urgência da inclusão do homem nestas

discussões. Certamente esta não seria uma razão suficiente para determinar um estudo mais

aprofundado sobre as representações sociais da infertilidade, a partir do olhar de homens

sobre as questões relacionadas com a sua saúde reprodutiva, mas vejamos a partir do seguinte

ponto de vista filosófico: Há questões que atormentam a humanidade inteira, outras que

inquietam apenas um ser humano. Não importa se é esta ou aquela situação, para quem sofre

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com um problema, ele sempre parecerá crucial. O valor de um problema só é relativo para

quem o analisa nunca para quem o vive.

Somente a partir da década de 90 as políticas públicas de saúde começaram

timidamente a ter um olhar para as demandas do público masculino nas questões de saúde,

conforme ressaltam Schraiber; Gomes e Couto (2005). Isto se dá inclusive, no tocante à saúde

sexual e reprodutiva. Porém, só em 2008, surge, via ação de política governamental, a

“política nacional de atenção integral à saúde do homem”. Foram necessárias quase duas

décadas para que reflexos mais perceptíveis surgissem nas questões do cuidar da saúde sexual

e reprodutiva do gênero masculino, em relação às primeiras políticas públicas de atenção à

saúde. (BRASIL, 2009). Sabemos que serão necessários mais alguns anos para que os

profissionais e os serviços de saúde se adéqüem para esta nova realidade, o presente estudo

espera contribuir para esta mudança.

O homem historicamente era visto pelo prisma da saúde do trabalhador, o que não

lhe oportunizou observar sua saúde sexual e reprodutiva, pois isto pouco influenciava em suas

atividades e no seu desempenho laboral.

No entanto, como ressaltado anteriormente, a presença do homem nos serviços de

saúde ainda varia, mas sempre com números reduzidos, realidade que temos assistido se

repetir por décadas e que observo nestes vinte anos de atividade em enfermagem,

especialmente, e de maneira mais contundente, nos serviços relacionados à saúde sexual e

reprodutiva.

Desta forma, com a maior aproximação com os poucos homens que buscavam

atendimento ou que acompanhavam suas parceiras no ambulatório de reprodução humana,

pudemos verificar uma variada quantidade de demandas e colocações sobre a situação vivida

por cada um deles: a dificuldade para se ter um filho. O que ressalta a diversidade que pode

estar presente neste universo e que esperamos captar neste estudo, a partir das representações

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sociais dos profissionais de saúde envolvidos no atendimento aos homens com dificuldade

para procriar.

1.1.4 A Construção do Objeto de Estudo em Representações Sociais: a Infertilidade

Masculina

Assim, o contato mais freqüente no ambulatório de reprodução humana, me fez

atentar para a diversidade de representações e de ações frente à situação de dificuldade de

engravidar no homem. Fato este que também foi verificado no estudo de doutoramente de

Queiroz (2002), quando estudou a infertilidade e o papel feminino, porém no enfoque da

mulher. Ademais, a literatura estudada e uma experiência familiar com uma situação

relacionada ao tema, quando pude observar as atitudes dos profissionais de saúde frente aos

casais com dificuldade para engravidar também contribuíram para a construção do presente

objeto de estudo.

Sá (1998) infere, neste sentido, que os fenômenos de Representações Sociais são

captados pelo pesquisador através de aproximações da realidade vivida. Pois esses fenômenos

estão presentes na cultura, instituições, práticas sociais, comunicações interpessoais e de

massa, nos pensamentos individuais e, dessa forma, nas interações sociais.

Segundo Wolff (2004, p. 27),

Na construção do objeto de pesquisa em Representações Sociais, é preciso


demonstrar que essa tem relevância social e/ou acadêmica, gera polêmica e
tem espessura social, isto é, tem intensidade para quem fala. Assim, é preciso
levar em conta, simultaneamente, o sujeito e o objeto da representação que
se quer pesquisar, pois a Representação Social é elaborada por alguém e esse
sujeito social tem suas marcas sociais (valores, cultura, vivências, dentre
outras), sendo o objeto de pesquisa construído socialmente. (WOLFF, 2004,
p. 27)

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Desta forma, posso afirmar que toda “Representação Social” é sempre uma

representação de alguém (Um sujeito) sobre alguma coisa (Objeto de representação), cabendo

ao pesquisador nomear o sujeito de sua pesquisa (população ou grupo social) uma vez que as

representações podem diferir nos vários agrupamentos sociais.

Pelas questões aqui expostas, é justo afirmar que na construção do objeto de pesquisa

em Representações Sociais o pesquisador fará um exercício de análise da realidade estudada,

de modo a captar a transformação de um fenômeno do universo consensual (do senso comum)

em um problema do universo reificado (conhecimento científico). Em seguida, deverá ser

capaz de selecionar os recursos teóricos e metodológicos adequados à análise do seu estudo e

possuir habilidade para aplicá-los.

Cada indivíduo é um universo único, portanto, as dificuldades são vivenciadas e

representadas de forma exclusiva e diferenciada por cada um. Independente da origem (física

ou biológica) do problema ou de sua justificativa (causas físicas ou psicológicas) a espessura

que o vivenciar desta situação assumirá para o indivíduo terá um caráter particular.

Isto se dá, não apenas, mas também, pela riqueza de sentimentos que podem estar

presentes em um vivenciar, e que acreditamos que será possível perceber no presente estudo,

pois pode ser identificado no momento da realização de um atendimento em saúde sexual e

reprodutiva ao homem por um profissional de nível superior.

Neste aspecto corrobora Wolff (2004), afirmando ser necessário, portanto, que o

pesquisador se dê conta desses elementos da riqueza de sentimentos, de maneira a ser capaz

de perceber que estes elementos integram a assistência voltada a essa clientela, com atenção,

cuidados e orientações.

No que pese ainda este aspecto, ancoramos nossa assertiva no que afirma Wolff

(2004, p. 29), “para ser objeto de estudo das Representações Sociais, este deve ter relevância
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cultural e espessura social”. Pois estamos convencidos de que a infertilidade possui estes

preceitos para os profissionais que atuam junto à clientela.

Considerando a dimensão da espessura social, a infertilidade, embora seja uma

experiência sempre e definitivamente individual, assume uma grande espessura social devido

ao fato de ser considerado pela OMS como uma doença de caráter da saúde públicao qual o

profissional de saúde deve estar ateno e, quanto à relevância cultural perpassar por uma

discussão que alcança conceitos como gênero, família, masculinidades entre outros.

Enfim, diante de toda esta problemática, no nosso entender, já bem estabelecida pelo

presente estudo e aqui identificada e apontada, pretendemos desenvolver o presente projeto de

dissertação de mestrado tendo como objeto de estudo: As Representações Sociais dos

profissionais de saúde que trabalham com reprodução humana sobre a infertilidade masculina.

1.1.4.1 Questões de Pesquisa:

Considerando o exposto acerca da problemática do estudo sobre a identidade e as

especificidades determinadas pelas características do homem que vive uma situação de

dificuldade de procriação enquanto indivíduo complexo (universo único), começamos a

construir algumas questões que conduzirão o estudo:

Como os profissionais de saúde que trabalham em reprodução humana representam a

dificuldade para procriar no gênero masculino?

Como esses profissionais vêem os homens que vivem a situação de infertilidade?

Como lidam com a infertilidade masculina no cotidiano de seu trabalho?

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As representações que esses profissionais têm da infertilidade masculina interferem

no seu atendimento?

Há relação entre qualificação profissional em saúde sexual e reprodutiva e as

representações sociais?

1.1.4.2 Objetivos do Estudo:

 Descrever as representações sociais dos profissionais de saúde que trabalham

em reprodução humana com relação à infertilidade masculina;

 Analisar a visão desses profissionais com relação à dificuldade para procriar

no gênero masculino;

 Discutir as representações sociais da infertilidade masculina destes

profissionais de saúde frente ao seu atendimento prestado.

1.1.4.3 O Pressuposto a ser Defendido:

Nosso pressuposto é de que a representação social da infertilidade humana masculina

varia conforme o tempo e a capacitação do profissional de saúde para lidar com a facilidade

ou a dificuldade vivenciada pelo indivíduo frente ao seu desejo (ou seu não-desejo) de

resolver a situação que o levou à “condição de infértil”, podendo ser (esta condição de

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infértil) aceita ou negada por ele. É possível que hajam grupos de pertença que se diferencie

exatamente por conta destas condições.

1.1.4.4 Justificativa e Relevância:

Em março de 2007, ao tomar posse como Ministro da Saúde, o sanitarista: José

Gomes Temporão anunciou 22 prioridades de sua gestão, uma delas foi a criação, a

implantação e o desenvolvimento de uma “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do

Homem”. Algo semelhante à “Política de Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher e

da Criança”, porém resguardada suas diferenças e particularidades.

É necessário atentar para o fato de que a saúde do homem sempre ter sido pensada

relacionada à sua capacidade laboral e produtiva, enquanto que a saúde da mulher é uma

construção decorrente de movimentos sociais. Em parte por esta razão a saúde sexual do

homem não ter sido motivo de preocupação, uma vez que pouco interferia em sua capacidade

de produzir. Enquanto que para a mulher, por suas características relacionadas à procriação,

sempre ter havido uma atenção relacionada a saúde sexual e reprodutiva.

No início do ano de 2008, foi dado o primeiro passo. Com a criação de um grupo que

passou a discutir assuntos relacionados com esta questão, ficou conhecido como grupo da

“Área Técnica de Saúde do Homem”. As ações deste grupo ficaram subordinadas ao

“Departamento de Ações Programáticas Estratégicas” (DAPE), da “Secretaria de Atenção à

Saúde”. No mês de setembro de 2008, o segundo passo foi dado: juntamente com

representantes da sociedade civil, o grupo da área técnica terminou de elaborar a proposta

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dessa política nacional, que ficou em consulta pública de 10 a 30 de setembro daquele mesmo

ano.

É necessário que se perceba qual é a importância destas medidas, uma vez que, em

última análise, poderão ser determinantes para uma ruptura do paradigma da atenção à saúde

do homem adulto.

Cabe ressaltar que diversos estudiosos das questões de saúde relacionadas às

distinções de gênero como: Segato (2003); Boni (2004); Cappelle et al (2004); Costa (1999);

Lima (2007); Winck (2008); Colling (2009) e Tomaz (2009) já apontavam para a necessidade

de se operar mudanças no sistema nacional de saúde vigente que pudesse permitir a inserção

do homem em um espaço próprio e adequado às suas demandas de saúde e, também e

principalmente, capaz de se adaptar às necessidades específicas da abordagem do gênero

masculino no que tange aos cuidados com o seu corpo e a sua saúde.

Apesar de todos estes fatos, ainda percebemos bastante resistência por parte dos

profissionais e dos serviços de saúde para melhor se adequarem ao atendimento ao homem,

especialmente no que concerne à saúde sexual e reprodutiva.

Com a promulgação da “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do homem”

(PMAISH) esta questão começa a ser meneada. É importante ressaltar que um dos aspectos

previstos por esta política trata exatamente de questões relacionadas à saúde sexual e

reprodutiva dos homens em seus diversos estágios de desenvolvimento humano, que poderá,

definitivamente, contribuir de modo positivo para a quebra do paradigma da desassistência à

saúde do homem.

Porém, também é importante lembrar que, embora se trate de uma política com uma

proposta vanguardista para a atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem, esta ainda está

apenas no papel, ou seja, suas proposições ainda carecem de ações de governo e de

sistematização por parte dos equipamentos públicos de saúde que, na prática faça acontecer o

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que já está proposto. Ainda temos um longo e dificultoso caminho a ser trilhado e, neste

aspecto, podemos também afirmar que há nisto, por si só, uma justificativa para o presente

estudo. Especialmente quando se percebe que este vai ao encontro das políticas

governamentais.

Em um levantamento realizado em 2008 e replicado em 2009, por Castro, Queiroz e

Silveira Castro (2009) em bases de dados indexadas da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),

Utilizando-se os descritores: infertilidade masculina / paternidade / Enfermagem /

Psicologia Social e identidade de gênero em todos os índices e os qualificadores: humano e

gênero para redução e melhor definição das ocorrências, podemos constatar o seguinte: Neste

levantamento foram encontrados 4 (quatro) documentos que atendiam a todos os critérios da

nossa busca, entretanto, destes, apenas dois trabalhos foram realizados por enfermeiras.

Apesar de tratar-se de 50% (cinqüenta por cento) do total dos trabalhos, o número de

publicações é ínfimo.

A pesquisa foi repetida 10 (dez) meses depois e o resultado não mudou muito. O

número total de trabalhos aumentou de quatro para cinco, representando um aumento de 20%

(vinte por cento) no número absoluto, mas apenas os dois encontrados anteriormente

permaneceram como ocorrência, demonstrando que faltam publicações da enfermagem nesta

área.

Vale ressaltar que os qualificadores e os descritores foram escolhidos de modo a

encaminhar os trabalhos que tivessem relação com a enfermagem, quer seja por sua ação ou

por sua inserção nos cuidados analisados.

Quanto ao estado da arte: é importante ressaltar que apenas um dos trabalhos

encontrados dizia respeito ao fazer da enfermagem na área de reprodução humana tendo o

homem como foco do estudo e o enfermeiro como pesquisador.

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O que aponta para o fato de que estudar a dificuldade de procriar para o homem

requer todo um envolvimento psicossocial, não podendo ficar na superficialidade das questões

epidemiológicas e etiológicas da infertilidade, condenando o assunto a uma visão monocular

biomédica, hospitalocêntrica e segmentar, sob a pena de não dar conta da subjetividade

existente nas representações e nas relações entre o homem e o processo de procriação, suas

dificuldades e o percurso que este faz até conseguir, ou não tornar-se pai, ou pelo menos ter

um filho.

Por esta razão, acreditamos que, em se considerando a importância do assunto e a

dimensão que assumiu, após a sua chegada às mídias, por conta da Política Nacional de

Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), que determinou que o assunto fosse

colocado em voga, ainda nos parece que a Enfermagem, por enquanto, não se deu conta de

toda a importância que o assunto merece.

Desta forma, estamos percebendo que parece haver uma grande lacuna no que

concerne ao saber relacionado aos cuidados de saúde com os homens inférteis ou que

apresentam dificuldade em procriar, que a Enfermagem não está se apropriando, e que, pode

fazer toda a diferença na hora de efetivamente atender a esta clientela que possui necessidades

bastante específicas.

1.1.4.5 Contribuições do Estudo:

Nos debates assim como na atuação nas questões relacionadas à infertilidade humana

é imprescindível que o trabalho ou a atividade seja realizado em equipe e que esta equipe

Página 32 de 173
tenha uma configuração multiprofissional que permita uma aproximação a partir de uma

abordagem interdisciplinar.

Também vale ressaltar que, apesar de haver muita produção na área de reprodução

assistida, ainda há um espaço amplo para se pesquisar e produzir sobre o assunto, em especial

ao que tange aos cuidados aos indivíduos do sexo masculino. Acredito que estarei, com este

estudo, não só ampliando conhecimentos acerca do tema de modo a contribuir para novas

propostas de abordagem multiprofissional / interdisciplinar, como também, propiciando

melhorias que poderão ser aplicadas nos atendimentos dos homens em situação de dificuldade

de procriação por infertilidade.

Estamos convencidos de que o aprofundamento dos conhecimentos nesta área será de

grande valia para a sociedade: a partir da possibilidade de melhorias no atendimento a este

seguimento da população, já debatidas; para a ciência: uma vez que há lacunas no campo da

saúde dos homens, especialmente no que tange a saúde sexual e reprodutiva e a dificuldade de

procriar por infertilidade no homem, que precisam de um olhar mais multicêntrico e holístico

capaz de dar conta de uma complexidade pouco perceptível neste momento no campo da

saúde; Para a academia: ao passo que permitirá que um número maior: de docentes, de

profissionais de saúde e de pesquisadores se ocupem com este tema em suas atividades e para

a linha de pesquisa em “Saúde Sexual e Reprodutiva” do Núcleo de Pesquisa de

Enfermagem em Saúde da Mulher – NUPESM que estimulará o fomento da discussão sobre

o assunto, além de impulsionar ao desenvolvimento de uma linha de pesquisa da Saúde do

Homem.

Esperamos, ainda, que esta dissertação possa também, contribuir para a construção

de uma nova abordagem fundamentada também, mas não somente na questão dos gêneros nos

campos da área da saúde sexual e reprodutiva, da paternidade e da articulação dos saberes

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para a saúde dos homens, enquanto elemento único composto por mais de um esgelha de

gênero, de sexo, de sexualidades e de virilidade.

Acreditamos também, que a abordagem com esta finalidade não pode ser

exclusivamente elaborada a partir de um saber, mas que deva ser construída a partir de

saberes só encontrados no resultado potencializado da soma dos saberes de uma equipe

multiprofissional envolvida e determinada a construir tais saberes a partir de ações de caráter

interdisciplinar. Feurwerker, (1998), também aponta para esta necessidade. É neste sentido

que concordo com Gomes (2008, p. 160):

Os profissionais não precisam apenas ser preparados para exercer o seu


ofício. Principalmente em relação àqueles que atuam no serviço público de
saúde, é necessário, entre outros aspectos, que se sintam apoiados no espaço
de suas equipes. (GOMES, 2008, p. 160)

Buscando atuar no que cabe à Enfermagem, de forma integrada, cabe-se destacar que

é necessário que haja uma mudança na forma de enxergar as diferenças de pontos de vista

determinados pela formação profissional nas questões de enfrentamentos dos gêneros Sauthier

(2004). Mas esta mudança não é algo simples, tampouco é apenas uma troca de lugares de

detentor do poder e do sistema de empoderamento sócio-cultural vigente hoje entre homens e

mulheres nas sociedades ocidentais, como discutido por Gomes (2008).

É necessário que os profissionais que atuam na área da saúde dos homens sejam

capazes de romper o paradigma da masculinidade definidora do gênero masculino como um

elemento opressor e repressor da feminilidade.

Neste aspecto, concordamos com Lyra-da-Fonseca (2008) que critica a forma com

que a mídia cobre a atenção especializada à saúde do homem, afirmando haver uma

mensagem subliminar homofóbica, quase sempre relacionada ao exame de toque5, que é

5
Trata-se aqui do exame de toque retal, unidigital utilizado pelo examinador no momento de avaliar a
morfologia e a topografia da próstata do indivíduo, o que, na cultura ocidental remete a questões de repressões
sexuais e homossexualidades.
Página 34 de 173
tratado com ironia. Reforçando o preconceito. Concordo com a afirmação deste autor, quando

diz que este fato acaba afastando o homem dos serviços de saúde.

Ainda Lyra-da-Fonseca (2008, p. 27) conclui:

[...] a masculinidade era pensada como dispositivo de opressão. Via-se o


homem como sujeito secundário ou instrumental para a promoção da saúde
da mulher, em parte pela carência de estudos sobre masculinidade, em
contraposição à força do movimento feminista. (LYRA-DA-FONSECA,
2008, p. 27)

Nolasco (1995, p. 18) corrobora

O desejo de mudança associado a uma crítica ao papel socialmente


desempenhado por eles (homens) 6 diante das mulheres e da casa tem sido
pano de fundo das representações das mudanças no comportamento
masculino. (NOLASCO, 1995, p. 18)

Embora estas mudanças ainda não tenham sido capazes de desconstruir o fundo

machista que existe no inconsciente coletivo da nossa sociedade, uma vez que se percebe que

existem nichos de resistência aos novos papéis, especialmente de homens em algumas

camadas da população. O que pode ser explicado por se tratar de representações sociais

encontradas no cerne do núcleo duro e que são mais difíceis de serem modificadas.

Ainda, segundo Nolasco (1995, p. 13) “Homens, fomos criados para calar o

sofrimento, o prazer ou a fantasia” o homem, em nossa sociedade, não foi preparado para

fazer escolhas afetivas ou profissionais. Esta incapacidade masculina é apontada pelo autor,

no que concordo plenamente, como uma das causas da dificuldade que os homens

demonstram de participar do processo de mudanças deste paradigma. Este pensamento

também é explicito por Gomes (2008).

6
Nota do candidato. Aqui a palavra homem é utilizada como substantivo que se opõe à palavra mulher
diametralmente, estando eqüidistantes em relação à questão se gênero e sexo. Ou seja, uma visão reducionista.

Página 35 de 173
Novos enfoques teóricos e metodológicos são necessários para superar os desafios

predominantes que se revelam restritivos em termos da busca por serviços de saúde

especializados e por assistência aos problemas de infertilidade conjugal / masculina, que

possa ser mais adequado ou estar mais em conformidade ao que é esperado por parte dos

homens.

Para alcançar esse ideal, será necessário romper paradigmas e vencer preconceitos,

inclusive, e principalmente dos próprios membros de alguns serviços que assistem aos

homens e aos casais pretensamente ou efetivamente inférteis, temporária ou definitivamente.

Neste aspecto compactuo integralmente com Gomes (2008) que propõe novas

formulações teórico-filosóficas para adequação do trato do assunto. O mesmo autor

ultrapassa, sem negar a realidade dos corpos de sexo masculino, as representações dos

homens no conhecimento científico para a aproximação tradicional desse campo de

conhecimento, que reduz os homens à sua condição e dimensão natural biológica e, mais

precisamente, ao modo biomédico de se aproximar dos seres vivos (da biologia) e da própria

natureza, favorecendo uma nova dimensão e uma nova representação deste ser “homem”.

Os usuários freqüentemente consideram o tratamento de reprodução assistida física e

emocionalmente estressantes como afirmam Souza, Moura e Grynszpan (2008). Muitos

acreditam ser a última chance de engravidar.

Quanto a este aspecto, o presente projeto pretende contribuir para a criação,

desenvolvimento e divulgação de um campo de discussão acerca de alguns dos fatores que

hoje compõem o cenário de base da realidade no campo da assistência à saúde, sendo um

elemento promotor de questionamentos deste assunto, especialmente enfatizando as questões

relacionadas ao senso comum e aos conceitos e preconceitos acerca do tema, de forma a

contribuir para uma reflexão mais profunda dos profissionais que atuam na assistência no

campo da infertilidade, sobre o assunto e, por fim, estabelecer como resultado desta pesquisa,

Página 36 de 173
o campo das representações sociais masculinas acerca da infertilidade humana de origem

masculina ou mista.

Pretendemos também, com o desenvolvimento do presente estudo, contribuir para a

apropriação de ferramentas para a discussão da realidade no que tange à assistência à saúde de

casais com problemas relacionados à infertilidade conjugal, através do desvelar das

representações sociais dos profissionais de saúde de nível superior quanto aos homens com

problemas da infertilidade conjugal, quando o homem é o portador único ou co-portador da

incapacidade de reprodução temporária ou definitiva do casal. Marcadamente, este estudo é

também uma denúncia da perpetuação da mentalidade machista7, de profissionais e usuários,

em uma área de conhecimento relativamente nova. A reprodução assistida em seres humanos

é praticada a menos de 50 (cinqüenta) anos, o que já foi discutido por pesquisadoras como

Queiroz (2002) e Sauthier (2004).

Parece haver uma naturalização dos comportamentos e das atitudes masculinas frente

aos problemas de saúde e uma determinação mecânica estrutural de modo a justificar a

identidade masculina e sua conduta frente aos problemas de saúde e, de certo modo, isto não é

questionado pela maioria dos profissionais que assistem a clientela masculina. Saffioti (1987,

p. 8) afirma que:

A identidade social da mulher, assim como a do homem, é construída através


da atribuição de distintos papéis, que a sociedade espera ver cumpridos pelas
diferentes categorias de sexo. (SAFFIOTI, 1987, p. 8)

A enfermagem por sua vez, como afirma Queiroz (2002, p. 8) “parece ter caminhado

no sentido da corrente que se omite em face da problemática aqui enfocada”. A autora

denuncia a falta de pesquisas da enfermagem para o campo da infertilidade e da reprodução

humana assistida. O que foi comprovado por mim durante o processo de levantamento do

7
Creio que esta é uma das principais relevâncias e uma das mais importantes contribuições que este estudo
poderá proporcionar.
Página 37 de 173
estado da arte, quando realizei uma revisão bibliográfica sobre o assunto, conforme citado na

justificativa do estudo.

Uma das questões pouco abordadas até hoje e praticamente não abordadas por

enfermeiros é o discurso sobre a infertilidade. O que há nas “falas” dos homens que

vivenciam a experiência de dificuldades relacionadas à reprodução pode ser um campo

bastante fértil para os pesquisadores de enfermagem e de outras áreas. Uma vez que é o meio

de desvelar o inconsciente coletivo e a as representações sociais de grupos e coletividades.

Como isto se reflete nos profissionais de saúde de nível superior é uma questão de interesse.

Sabemos que as representações sociais se desvelam nos discursos dos grupos e se, se

desvelam, são perceptíveis para os membros da equipe de saúde que atende, assim como

influencia nas representações sociais destes, além de que, estas representações sociais

influenciam a relação estabelecida entre os profissionais que prestam assistência e sua

clientela e vice-versa.

É importante estar atento de que o que ocorre com o microcosmo daqueles (sejam

homens, mulheres ou casais8) que buscam e não conseguem uma gravidez influencia tanto na

sua existência quanto na forma de lidar dos profissionais de saúde com estes indivíduos. Uma

vez que é, exatamente para estes indivíduos que a espessura social e a relevância serão

maiores.

Respostas aos questionamentos possíveis que estas inferências possibilitam são algo

que somente pesquisas podem dar conta e, nós esperamos, torcemos e acreditamos que este

projeto de pesquisa também possa contribuir para construir as respostas.

Esperamos contribuir com a publicação de artigos e apresentações de pôsteres e

painéis, participação em simpósios e mesas redondas sobre o tema, de forma a fomentar as

8
Grifo nosso: em nossa experiência, muitas vezes é o homem sem uma mulher, uma mulher sem um homem ou
um casal formado por homens ou por mulheres que buscam o serviço e não o que, em geral, se entendia, em uma
visão mais conservadora, por casal.
Página 38 de 173
atividades da linha de pesquisa “Saúde Sexual e Reprodutiva” do Núcleo de Pesquisa de

Enfermagem em Saúde da Mulher – NUPESM.

Portanto, aí estão algumas das contribuições que esperamos propiciar com o

desenvolvimento deste projeto de dissertação, como todo processo em construção, o resultado

pode ir além do que temos como expectativa, ou pode estagnar aquém destas nossas

pretensões de pesquisador, mas isto só o realizar deste projeto poderá nos demonstrar e

responder.

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CAPÍTULO I

2 FUNDAMENTAÇÃO:

2.1 Bases Conceituais:

Ao investir em um projeto de Dissertação cuja temática se fundamenta em: “homens

e saúde reprodutiva” como questão contemporânea da atenção à saúde, que foi colocada em

destaque pela publicação, pelo governo federal, da “Política Nacional de Atenção Integral à

Saúde do Homem” (PNAISH), em agosto de 2009, tomamos a liberdade de propor tal

discussão como produto da interface entre as ciências humanas, em especial a “Sociologia” e

a “Psicologia Social” e as ciências da saúde, com enfoque mais centrado, em virtude de nossa

formação, na “Enfermagem”, o que esperamos, em um breve espaço de tempo tome impulso,

determinando uma produção científica em volume cada vez maior. Entretanto, é necessário

estar atento de que esta interface não é uma ação muito fácil e que a apropriação de

conhecimentos de áreas diversas à nossa formação demanda um esforço maior para uma

aproximação harmoniosa.

Portanto, neste capítulo, esperamos poder traçar, ainda que em linhas gerais, os

caminhos que podem ser pistas da forma com que os entrevistados produzem suas evocações,

ou de como elas são construídas por estes. Em que se baseiam as ancoragens que poderão ser

encontradas na etapa de coleta de dados e, de que modo o conhecimento destes constructos

podem vir a facilitar o discernimento destas.

Página 40 de 173
2.1.1 O Homem: Uma Construção de Gênero.

Pensando na perspectiva de gênero como forma particular da relação saúde-

sociedade, é necessário pensar no caráter social historicamente construído do adoecimento,

para que, desta forma se possa entender a modo de atendimento dos profissionais de saúde.

Durante algum tempo a saúde era necessária ao homem, para que ele pudesse seguir

produzindo, adoecer poderia diminuir ou impedir que o homem produzisse. Sob este prisma,

em relação ao gênero, pensar a saúde acarreta indiretamente pensar na promoção da saúde

como conceituação positiva.

Enquanto, para as mulheres, a preocupação com sua saúde sempre esteve ancorada

nas questões relacionadas à procriação e, por conseguinte, às questões de saúde sexual e

reprodutiva. A saúde do homem traz, historicamente, um desenvolvimento ancorado nas

questões de saúde do trabalhador. Mesmo recentemente ainda podíamos perceber uma

tendência forte neste sentido. Aí há uma possível explicação para a dificuldade de inserir o

homem nas questões de saúde sexual e reprodutiva.

Fazendo-se uma aproximação entre a saúde do homem e a saúde da mulher,

encontramos muitos pontos de aproximação e tantos outros de oposição com base nas

questões das masculinidades e da sexualidade. A saúde do homem está intimamente

relacionada com a violência e a morbimortalidade dos homens, também a violência entre os

gêneros é uma questão com intima relação com a saúde dos homens, entretanto, pensar a

atenção à saúde sexual e reprodutiva masculina não é algo muito “natural”, é um constructo

que rompe, em certa medida com os padrões de normalidade até então estabelecidos.

Página 41 de 173
Certamente os gêneros, assim como as sexualidades e as masculinidades são

construções sociais que sofrem influências de fatores religiosos, políticos, socioculturais,

econômicos e familiares desembocando, cada um, em um constructo único, com elementos

coletivos, essenciais às representações. Por esta razão pode ser visitado por estudiosos das

Representações Sociais.

Façamos uma breve contemporização sobre a diferença que admitiremos entre

homem e masculino ao longo deste trabalho. Enquanto “sexo masculino” remete-nos a um

conceito biológico e genético que significa que um dado indivíduo nasceu com os órgãos

genitais esperados para um homem e que representam o sexo masculino, “gênero masculino”

remete-nos a um conceito antropológico e sociológico que significa que um dado indivíduo,

independente do sexo de nascimento, optou por assumir os padrões esperados para o sexo

masculino.

Esta breve contemporização é necessária para que possamos discutir os reflexos da

evolução dos enfrentamentos dos papéis-sexuais e da discussão de gênero que estão presentes

ao logo de todo o nosso trabalho, e que é indissociável do saber e do fazer dos profissionais de

saúde.

As teorias de papéis-sexuais perderam sua importância na década de 90, para dar

lugar ao enfoque de gênero, como afirmam autores como Rohden, (2009); Heilborn, Cordeiro

e Menezes, (2009); Heilborn et al (2009) e outros. Neste período consolidaram-se as noções

de desigualdade e iniqüidade de gênero relacionada à disputa de poder nos estudos sobre

homens e saúde, articulando estas questões com outras, tais como classe social, cor/raça,

etnia, geração, orientação sexual, religião e outras, a fim de se entender os processos de saúde

e doença dos diferentes segmentos.

No limiar do Século XXI, se assiste à expansão da discussão de gênero. Porém, na

América Latina, Keijzer (2003) observa que há uma necessidade de se voltar para estudos da

Página 42 de 173
experiência de homens em relação à sexualidade, à reprodução humana, à paternidade, e

aumentar o número de estudos que abordem questões como violência e a própria saúde dessa

população especificamente.

No presente estudo é preciso que se destaque que o processo que levou à

individuação dos seres humanos no mundo pós-moderno está determinando uma

reconfiguração da organização familiar e das formas de conjugalidade dos próprios seres

humanos. Tem ocorrido, especialmente nas últimas três décadas uma flexibilização dos

modos de representações sociais dos papéis de cada um dos gêneros, como visto por Tomaz

(2009) em seu trabalho: “Percepções do Universo Masculino das Camadas Médias Urbanas

do Rio de Janeiro sobre Afetividade, Gênero e Família: A Questão da Participação da Mulher

no Mercado de Trabalho”.

Neste contexto pós-moderno, os conceitos tradicionais de família e casamento, em

geral já não se aplicam mais às novas modalidades de conjugalidades vistas em nossa

sociedade, hoje, o modelo tradicional e outrora dominante de família nuclear conjugal, tem

dado espaço a diferentes formas híbridas de relação e de união entre os sexos: masculino e

feminino, e vemos com mais parcimônia, inclusive e especialmente da mídia televisiva uma

ocorrência mais freqüente de relações entre pessoas do mesmo sexo.

Além disto, é marcante a proliferação das relações imediatas e as diferentes

experiências de amor abalizadas pela instantaneidade, o que, segundo Tomaz (2009) está

contribuindo fortemente para o surgimento dessas novas formas de influência mútua e de

intercâmbio nas relações de gênero.

Entretanto, apesar de todas essas mudanças, e do surgimento de novas configurações

de arranjo da família no Brasil e em grande parte do mundo ocidental, habitualmente ainda

identifica-se um padrão, em algumas sociedades, nas relações de gênero. Nestas sociedades o

homem assume posição dominante, desempenhando as atividades de produção,

Página 43 de 173
caracterizando-se como o provedor da família, cabendo às mulheres, nestas sociedades,

realizarem os afazeres domésticos de cuidado com a casa e a educação e os cuidados dos

filhos. Como parte das sociedades, os profissionais de saúde também trazem em suas

construções sociais e antropológicas as marcas destes constructos.

O autor, Tomaz (2009), aponta que, ainda que muitas dessas mulheres trabalhem

fora e algumas tenham fonte de renda individual, que por vezes chega a ser igual ou até

superior a do companheiro, terminam assumindo uma posição menos valorizada na esfera

social.

Certamente a simples distinção de gênero não explicaria essa realidade, mas pode

estar na base desta situação, portanto é interessante que se busque o que distingue a

construção do gênero masculino frente ao feminino como forma de diminuir este

distanciamento e esta desproporção.

As questões sobre as relações de poder dentro das relações de gênero sempre foram e

ainda são foco de muitos estudos. É inegável que hoje elas são afetadas pelas novas formas de

organização familiar e pela flexibilização dos arranjos conjugais, como apontado por Tomaz

(2009).

O processo de redefinição dos papeis de gênero poderá alterar o núcleo central da

representação social de gênero, mas no momento ainda é perceptível uma continuidade dos

papéis sociais definidos para a mulher e para o homem, seja na esfera pública ou privada,

especialmente em nossa sociedade.

Parece haver componentes que ultrapassam a esfera da dominação pela dependência

e que seguem em direção a uma centralidade das afetividades como elemento constitutivo da

dominação por laços afetivos. O homem, menos emotivo tomaria o controle apesar desta

mudança de paradigma, mantendo assim seu poder nas relações baseadas nas diferenças e

semelhanças dos gêneros, mas isto merece outro estudo.

Página 44 de 173
Quando se abordam questões como “paternidade” e “fertilidade” não há como não

passar, ainda que em algum momento, por discussão de conceitos relacionados à virilidade,

masculinidades e machismo e de abordar as questões relacionadas aos gêneros. A relação

entre estes aspectos é extremamente estreita e íntima, chegando há permitir certa confusão,

em geral determinada por questões semânticas ou sintáticas dos termos utilizados.

No presente estudo não adotaremos o conceito nato da palavra “infertilidade” ou dos

termos “infertilidade humana” “infertilidade masculina” e “infertilidade humana

masculina”, porquanto, entendemos que podem ser indistintamente utilizados para designar a

dificuldade no processo de um homem alcançar a procriação por vias naturais.

Embora tenhamos consciência de que a palavra infertilidade seja antônimo da

palavra fertilidade e que, a princípio, o termo fertilidade possa ser definido, de acordo com

Ferreira (2009, p. 185) como: s.f. Qualidade do que é fértil. / Fig. Riqueza de imaginação.

Levando-nos a buscar a conceituação da palavra fértil, o que pode fazer-se recorrendo ao

mesmo dicionarista Ferreira (2009, p. 185), temos: adj. Fecundo, que produz muito; ubertoso:

campo fértil. / Que excele ou se destaca entre os comuns: ano fértil em acontecimentos.

Segundo o mesmo autor, o termo deriva do radical latim Fertilitate, e significa

qualidade do que é fértil; feracidade; fecundidade; abundância; opulência. de


macho, atitudes ou modos de macho; ideologia segundo a qual o homem
domina socialmente a mulher; subalternização da mulher”. (FERREIRA,
2009, p. 185)

Assim, podemos compreender que fértil possui intima relação com fecundo, o que

nos traz de volta ao nosso estudo.

Pensando uma conceituação mais biomédica, temos em Souza (2008, p. 91) a

definição que melhor cabe ao nosso estudo: “A fertilidade é a capacidade em conceber um

filho e em levar a termo uma gravidez até ao parto”. Podendo ser esta fertilidade natural ou

produto de intervenções no processo de procriação.


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A relação entre fertilidade e fecundidade desembocando no produto da concepção,

como sugerido nesta definição, nos remete, por se tratar de uma abordagem do sexo

masculino, em um outro conceito que precisamos nos apropriar, que é a paternidade.

A paternidade foi definida segundo Ferreira (2009, P. 346) como uma palavra que se

deriva do Latin Paternitate, e é definida como qualidade de pai; tratamento dado aos

religiosos; qualidade de autor ou autoria.

No entanto, corroboramos com os dizeres de Nogueira (2001, p. 85) quando define a

paternidade como:

[...] condicionada à identificação da posse do estado de filho, reconhecida


como a relação afetiva, íntima e duradoura, em que uma criança é tratada
como filho, por quem cumpre todos os deveres inerentes ao poder familiar:
cria, ama, educa e protege. (NOGUEIRA, 2001, p. 85)

Esta definição, que entendemos seja suficiente para este momento de nosso estudo,

exige que avancemos em direção a alguns outros conceitos, por sugerir uma relação de poder,

que pelo prisma das relações de gênero nos remete a palavra machismo.

A palavra machismo está associada ao sistema patriarcal (sistema familiar e social

doutrinado na Bíblia, no Alcorão e em outros livros também religiosos). Nesse sistema, o pai

é o líder da família sob todos os aspectos. (DUTRA, 2009).

Desta forma concluímos nossas definições para um melhor entendimento das

questões relacionadas à infertilidade. Entretanto, há outros aspectos relacionados com o

conceito que precisam ser esclarecidos.

Por questões de proximidade colocada pela definição de Nogueira (2001), a palavra

paternidade trás intrinsecamente relação com a capacidade do homem de reproduzir, ou, em

outras palavras, de ser viril. Por conseguinte, cabe uma definição para a palavra virilidade. De

acordo com Ferreira (2009) virilidade significa a qualidade ou estado de viril; também

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podendo se referir a idade do homem entre a adolescência e a velhice; aquilo que constitui o

sexo masculino, as propriedades somáticas e psíquicas do homem; vigor; energia.

Outra definição é dada pelo dicionário on-line kinghost: (KINGHOST, 2008, p.1)

Virilidade: do Lat. “s.f. Qualidade de viril. / Plenitude da capacidade sexual do

homem. / Faixa etária entre a adolescência e a velhice. / Esforço, vigor, coragem”.

Já Gomes (2008, p. 108) ao analisar o tema afirma que “a virilidade pode ser

traduzida pela disponibilidade para se relacionar sexualmente, representando o princípio da

iniciativa sexual”, e esta definição afasta o conceito de virilidade da concepção aproximada

com a paternidade.

Então, considerando os pressupostos dados anteriormente, concluímos que virilidade

não é uma qualidade masculina ligada ao gênero, uma vez que a disponibilidade para se

relacionar não é exclusividade deste e não está atrelada às relações heterossexuais, podendo

ser ação do gênero masculino ou do gênero feminino. Além de poder estar ligada às relações

entre homes, entre mulheres e entre estes, um com o outro. Portanto, somos levados a pensar

sobre o conceito da palavra masculinidade, nossa última barreira conceitual para o presente

estudo.

O conceito de Masculinidade, surgida no Século XIII, pretende explicitar critérios

de diferenciação entre os sexos. Enquanto esta palavra remete à identidade de gênero, a

palavra „masculino‟ remete à identidade sexual. Conclui Monteiro (2002). O homem é

masculino mas pode não possuir a masculinidade adequada ao seu sexo, pois pode decidir

assumir outro gênero.

Diversos autores apontam para uma associação nas representações sociais entre a

fertilidade e à virilidade masculina e entre a virilidade e o machismo, como Schaffer e

Diamond (1994 e 2002); Borlot & Trindade (2004); Pasqualotto (2007) e Gomes (2008).

Além de comungar com esta tese, também acreditamos que, ao menos em parte, há um limite

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estreito e muito mal definido entre o que é convencionalmente entendido como machismo e o

que é uma postura violenta de homens, sem relação com questões de gênero.

O inconsciente coletivo, neste aspecto, parece ainda possuir um viés impregnado do

conceito de machismo, relacionado com a figura do homem opressor, autoritário e

totalitarista, que cerceia qualquer direito a manifestação de juízos de valor por parte das

mulheres.

Claro que é preciso ressaltar que isto, embora seja corrente, não é a única forma de

entendimento, com relação ao homem contemporâneo, mais do que isto, que está não é a

única forma vigente de perceber e de enfrentar o mundo, quanto a isto compactuo com o

pensamento expresso por Nolasco (1995, p. 18):

Um pequeno número de homens brasileiros, individualmente, começa a


representar como constroem seus vínculos afetivos e de trabalho fora do
crivo do estereótipo social para eles definidos. (NOLASCO, 1995, p. 18)

Assim, considerando, que está em curso uma mudança das representações sociais

com relação ao gênero masculino, e que tal mudança ao mesmo tempo traz incipientemente

uma herança cultural da representação hegemônica tradicional de dominação, superioridade e

virilidade, também traz novos elementos, o que está permitindo a flexibilização do conceito

de gênero. Quando a mudança age nas questões ligadas à reprodução humana, parece induzir

a uma mudança no que pensavam, refletindo no modo com que estes homens agem frente à

infertilidade masculina.

Esta condição de mutação na representação social do gênero masculino afeta, de

modo positivo, a masculinidade, a sexualidade, e a virilidade do homem contemporâneo.

Na impossibilidade de gerarem filhos naturais, estes homens contemporâneos

ponderam sobre a possibilidade de adoção, de modo menos resistente do que o que se

observava anteriormente, mas isto é assunto para outro estudo.

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Ainda no presente estudo, adotaremos os seguintes conceitos para as expressões:

“profissionais novatos” e “profissionais experientes”, porquanto, entendemos ser

necessários para o melhor entendimento. Silva (2009, p.490) falado sobre enfermeiros

distingue novato como:

Novato é todo enfermeiro que entra em um campo de atuação no qual não


tem experiência com a clientela, ou ainda não domina as ferramentas
necessárias para o cuidado desta, mesmo que tenha experiência em outra
área. (SILVA, 2009, p. 490)

Ampliaremos, em nosso estudo, este conceito para todos os profissionais de saúde de

nível superior.

Para a expressão “profissionais experientes” utilizaremos um conceito que levará

em conta o tempo de atividade na função, que será de 2 (dois) anos. Portanto, quando

distinguirmos os profissionais de saúde de nível superior, estaremos considerando sua

experiência e o tempo na função.

2.1.2 Contextualizando Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil.

A discussão sobre os direitos e a saúde sexuais e reprodutivos não é recente, até

porque os próprios conceitos foram desenvolvidos há mais de três décadas. Na verdade há

registro de discussão sobre o direito de ter ou não filhos, desde os tempos bíblicos. Entretanto,

os maiores avanços nesta área são produtos de conquistas históricas, fruto da luta pela

cidadania e pelos direitos humanos e ambientais, especialmente pelas lutas do movimento

feminista.

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No Brasil, as primeiras consolidações normativas na área de saúde reprodutiva

surgiram há cerca de 30 anos, com a edição de legislações e de normativas que mais tarde

dariam origem ao Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM). Que é uma

política de governo que tentava, desde sua concepção, ver a mulher de maneira integral, que,

pela primeira vez se fazia presente em uma proposição de política pública de governo na área

de saúde, mas isto foi mais efeito das reivindicações dos grupos sociais de luta pelos direitos

das mulheres, ditos feministas, do que por uma orientação das próprias autoridades do

governo.

É fundamental que se ressalte que, àquela época ainda não se utilizavam as

expressões saúde sexual e reprodutiva ou direitos sexuais e reprodutivos.

Um dos mais importantes marcos, neste sentido, foi a realização da “Conferência

Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada na cidade do Cairo, em

1994, e que estabeleceu acordos internacionais que foram assumidos por aproximadamente

200 países. Esses acordos foram assumidos e ampliados na “IV Conferência Mundial sobre a

Mulher”, realizada na cidade de Pequim (Beijing) em 1995, pode ser identificada como

produto das ações iniciadas no Cairo.

Sendo um consenso assinado por 179 (cento e setenta e nove) países, a “Conferência

do Cairo”, foi uma importante mudança de paradigmas das políticas populacionais para a

defesa das premissas de direitos humanos, bem-estar social e igualdade de gênero e do

planejamento familiar para as questões da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos.

Apesar das questões relacionadas aos direitos sexuais e reprodutivos serem parte de

uma temática mais ampla, a dos direitos humanos, e reportarem às questões da cidadania

moderna, conceito construído a partir dos princípios iluministas do Século XVIII, aqui, é

fundamental lembrar que o caminho trilhado até a “Conferência de Cairo” foi bastante árduo e

marcado por obstáculos, que determinaram avanços e retrocessos. Pode-se dizer que nesta

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caminhada, a população foi vista ora como objeto de políticas coercitivas, ora como sujeito de

direitos e de políticas cooperativas.

Como podemos, historicamente, destacar algumas épocas:

Em 1794, o Marquês de Condorcet dá início a um debate que previa uma queda

progressiva tanto das taxas de mortalidade como de natalidade e uma relação harmônica entre

o crescimento populacional e o progresso socioeconômico.

Já em 1798, Thomas Malthus afirmava que a população tendia, sempre, a crescer

mais rapidamente do que os meios de subsistência. Não separava a atividade sexual da

reprodução e era contra a utilização de métodos contraceptivos e o aborto, concordando

apenas com que o aumento da idade para o casamento e com a abstinência sexual fora dele

seriam os únicos meios aceitáveis de limitação da natalidade (ALVES 2002).

No entanto, somente no Século XX, ou seja, depois de dois séculos, é que assistimos

a uma queda das taxas de mortalidade e natalidade, nos países desenvolvidos. Os demógrafos

deram a este fenômeno o nome de ”transição demográfica”. As primeiras abordagens da

transição demográfica não viam contradição entre população e desenvolvimento, mas uma

relação de influência mútua, já que o desenvolvimento induziria à redução das taxas de

mortalidade e natalidade, e as mudanças na estrutura etária e o baixo crescimento

populacional, decorrentes deste processo, ajudariam na decolagem do progresso econômico.

Contudo, o arcabouço da teoria da transição demográfica utilizado para analisar o

caso dos chamados países do Terceiro Mundo levou à conclusões diferentes daqueles

observados nos países desenvolvidos.

Os primeiros demógrafos que analisaram esta questão argumentaram que a queda das

taxas de mortalidade nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento no pós-guerra, deu-

se de forma exógena, isto é, devido à importação de tecnologias médicas e sanitárias oriundas

dos países industriais. Assim, a queda das taxas de mortalidade, especialmente da mortalidade

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infantil, teria ocorrido sem a transformação das estruturas sociais e econômicas e, sem estas

transformações, as taxas de natalidade tenderiam a continuar elevadas.

Por estas razões, na segunda metade do Século XX, os países subdesenvolvidos e em

desenvolvimento apresentavam elevadas taxas de crescimento demográfico, decorrentes de

uma mortalidade em queda num quadro de elevadas taxas de fecundidade, e o produto deste

quadro ganhou o nome de “Explosão demográfica”. Esse fato serviu para realçar que as

décadas de 50 e 60 foram, de acordo com os dados estatísticos, aquelas em que o mundo

apresentou o maior crescimento demográfico de toda a história da humanidade.

Tomando os dados estatísticos como comprovação da “Explosão demográfica”, os

demógrafos mais pessimistas justificavam a necessidade de políticas demográficas que

reduzissem a fecundidade nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, mesmo que

isto se desse de forma coercitiva.

De acordo com Sauthier (2004), este tipo de preocupação é que fundamenta as

análises do pensamento neomalthusiano. Uma diferença fundamental entre Malthus e o

neomalthusianismo é que este último, aceita e receita os métodos contraceptivos como forma

de limitação da fecundidade.

Portanto, podemos afirmar que foi em um ambiente de alto crescimento demográfico

e sob a influência do pensamento neomalthusiano que ocorreram as primeiras conferências

internacionais sobre “população e desenvolvimento” organizadas pela Organização das

Nações Unidas (ONU). Desta forma, também é justo acreditar que foi no desenrolar das ações

propostas nestas conferências, sob conjunturas internacionais distintas e sob a influência de

múltiplos fatores sociais, que se chegou às definições dos conceitos de direitos e saúde sexual

e reprodutiva. O que norteará a construção do arcabouço das normativas da saúde sexual e

reprodutiva do Brasil.

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Façamos uma ressalva, para entendermos melhor o panorama da saúde sexual e

reprodutiva no Brasil. Em linhas gerais, a saúde sexual e reprodutiva é determinada pelas

políticas sociais do governo brasileiro, dentro das quais se integra a de saúde, estas políticas

são coordenadas pela Câmara de Política Social, integrada pelos ministros da área social e

com a participação dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, sob a direção do

Presidente da República.

Voltando ao nosso histórico, os compromissos assumidos pelo governo brasileiro

com a sociedade em relação à saúde são estabelecidos no Plano Plurianual (PPA) e interferem

fortemente na alocação e na distribuição de recursos para a saúde, inclusive para a saúde

sexual e reprodutiva.

2.1.3 A Saúde Sexual e Reprodutiva Masculina.

Não é possível falar da saúde sexual e reprodutiva do homem sem, em primeiro

lugar, contextualizar a saúde do homem (sexo masculino) no cenário da saúde do homem (ser

humano).

Historicamente a saúde do homem sempre esteve atrelada aos cuidados com a

capacidade reprodutiva. Talvez por esta razão, a saúde da mulher tenha ficado relegada ao

segundo plano por décadas e só tenha se tornado uma questão social, em virtude dos

movimentos feministas e de empodeiramento da mulher.

Nas sociedades patriarcais, como o homem era o provedor, sua saúde era mais

importante do que a saúde da mulher. Porém a preocupação se limitava aos cuidados

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relacionados a manutenção da saúde para o trabalho. Por esta razão problemas relacionados

com as doenças ocupacionais e do trabalho eram as que mais recebiam atenção.

Em contraponto, à saúde do homem, a saúde da mulher começou a ser e, em muitos

casos ainda é, pensada pelo prisma da atenção à saúde reprodutiva, desta forma ela foi

concebida com um viés muito forte relacionado às doenças sexuais e reprodutivas, em

especial ao processo relacionado às questões reprodutivas.

A preocupação pela saúde do homem relacionada às questões do trabalho determinou

uma atenção quase exclusivamente curativa e contribuiu para o afastamento deste dos

serviços de saúde relacionados aos problemas da saúde sexual e reprodutiva, como visto

anteriormente, a presença de homens nestes espaços, em geral se dava à reboque da atenção

dispensada às mulheres.

Façamos uma breve aproximação com a situação do homem nos diferentes

momentos da construção da “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem”, que

é, em última análise, o marco regulatório não exclusivamente, mas de modo especial, da

saúde sexual e reprodutiva do homem.

O marco inicial sobre a saúde homens é a década de 1970. Entretanto, os estudos

iniciais eram norte-americanos e se baseavam no modelo biomédico. Sabo (2000) ressalta que

nos anos 70, o pensamento produzido sobre a saúde dos homens teve um caráter exploratório,

margeando a teoria feminista e a política de saúde das mulheres. Por esta razão, se organizava

conceitualmente ao redor da premissa de que a masculinidade tradicional produzia déficit de

saúde.

Concordamos com Sabo (2000), mas temos a crença de ser importante ressaltar que,

apesar de margear a teoria feminista e a política de saúde das mulheres, do ponto de vista da

construção, o pensamento sobre a saúde dos homens se opunha à construção da política de

saúde das mulheres, pois, enquanto está deriva da luta, especialmente, mas não

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exclusivamente, dos movimentos feministas, aquela é ainda hoje, um constructo vertical,

produto de ações de governos e não de movimentos de massas. Necessitando, portanto, de

ações de convencimento, de comprometimento e de envolvimento de difícil desenvolvimento.

Dentro dessa concepção, Schraiber, Gomes & Couto, (2005) e Gomes e Nascimento,

(2006), ressaltam que, a noção comum atualmente aceita, é a de que o início do debate da

saúde do homem se deu na década de 70, caracterizando-se pela associação do modelo da

masculinidade tradicional a déficits e/ou agravos à saúde.

Na década de 80, do século passado, a perspectiva da saúde dos homens caminhou

mais rapidamente, destacando uma mudança de terminologia. Os estudos deixaram de utilizar

o termo homens, passando a utilizar o termo masculinidades nos estudos.

No Brasil, assim como na América Latina, os estudos sobre saúde dos homens

surgem no final da década de 80, acompanhando uma tendência impressa por estudos Norte

Americanos.

Schraiber; Gomes e Couto (2005) inferem que os estudos de Laurenti (1991 e 1997)

respectivamente sobre informações em saúde e a respeito do perfil epidemiológico da saúde

dos homens americanos, são os primeiros estudos na área, apresentando uma diferença entre

os sexos, especialmente o que concerne á mortalidade masculina em todas as idades, havendo

sobremortalidade neste sexo para a quase totalidade das causas. Os autores afirmam também

que, segundo o mesmo estudo, há predomínio do adoecimento feminino, em geral, constatado

por indicadores de morbidade, medidos pelas demandas dos serviços e inquéritos

populacionais.

No ano 2000 estudos demográficos, que antes só entrevistavam mulheres,

começaram a incluir os homens como informantes, nas pesquisas sobre saúde. Também é a

partir deste momento que os homens passam a ser convidados a participar na atenção à saúde,

inclusive sexual e reprodutiva, inicialmente, participando do acompanhamento da gravidez e

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do parto, deixando de ser considerados responsáveis apenas por provocar a gestação ou de

serem meros coadjuvantes. Mas o processo de adaptação a ruptura da ordem anteriormente

posta é lento e complexo, segundo aponta Sauthier (2004).

Assim, em 2008 foram realizadas uma série de cinco seminários com Sociedades

médicas, profissionais da saúde, pesquisadores, acadêmicos, representantes do Conselho

Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretários Municipais

de Saúde (CONASEMS) e de entidades civis organizadas para discutir os principais

problemas de saúde que acometem os homens.

Neste sentido, encontramos no texto da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do

Homem Brasil (2009, p. 8), um material que nos elucida alguns aspectos sobre este processo

de construção. Assim está descrito:

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem resulta, em


grande parte, dos consensos obtidos naqueles eventos, exprimindo com a
máxima fidelidade possível, um conjunto de idéias democraticamente
discutidas e pactuadas entre os representantes dos setores responsáveis pela
gestão e execução das ações. (BRASIL, 2009. p.8)

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (BRASIL, 2009), prevê

no capítulo dos direitos sexuais e reprodutivos a necessidade de conscientização dos homens,

quanto aos seus direitos à participação no planejamento reprodutivo. Esta proposição

corrobora com o pressuposto da Política Nacional de Atenção ao Planejamento Familiar e está

em consonância com o que prevê a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher:

A paternidade não deve ser vista apenas do ponto de vista da obrigação legal,
mas, sobretudo, como um direito do homem a participar de todo o processo,
desde a decisão de ter ou não filhos, como e quando tê-los, bem como do
acompanhamento da gravidez, do parto, do pós-parto e da educação da
criança. (BRASIL, 2009. p.16)

Página 56 de 173
Esta proposição avança, por prever uma distinção entre os homens, de acordo com a

faixa etária em que se inserem e por sugerir que todos, independentemente da idade e da fase

do desenvolvimento, possuem direitos sexuais e reprodutivos, como sujeitos, que assumem

sua cidadania também nestes aspectos:

Vale ressaltar que os adolescentes e adultos jovens também devem ser


reconhecidos como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos. Importante
lembrar que, sua vida sexual e reprodutiva pode estar imersa em
preconceitos. (BRASIL, 2009. p.16)

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (BRASIL, 2009), prevê

no capítulo dos direitos sexuais e reprodutivos a necessidade de conscientização dos homens,

quanto aos seus direitos à participação no planejamento reprodutivo. Esta proposição

corrobora com o pressuposto da Política Nacional de Atenção ao Planejamento Familiar e está

em consonância com o que prevê a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher:

A paternidade na adolescência não deve ser vista apenas como algo a ser
evitado. Os adolescentes e jovens adultos devem ser assistidos diante de suas
necessidades e projetos de vida, e não apenas segundo a percepção do
profissional de saúde. (BRASIL, 2009. p.16)

Outro avanço importante que é verificado com a publicação desta normativa é a

inclusão de aspectos relacionados à paternidade responsável, que também já haviam sido

previstos nas normativas relacionadas à saúde da mulher e ao planejamento familiar, mas que

ainda não haviam sido sistematizados. “A eles devem ser disponibilizados informações e

métodos contraceptivos”. (BRASIL, 2009. p.16)

Neste aspecto a visão prevalente ainda é a de controle da natalidade neo-maltusiana

ainda retrograda, o que parece destoar do contexto vanguardista da proposição de uma forma

mais ampla. Tal fato também pode ser verificado ao mencionar sobre a gravidez.

Página 57 de 173
Na eventualidade de uma gravidez, o importante é assegurar condições para
que a paternidade seja vivenciada de modo responsável. (BRASIL, 2009.
p.16)

Parece que a gravidez para os adolescentes, é tratada sempre como um acidente e não

como uma ação consciente e intencional, que pode inclusive, mesmo na adolescência, ser

planejada, ou desejada.

Por fim, a normativa também aborda a sexualidade, a paternidade e as questões de

gênero para os homens com idade mais avançada.

Em relação à terceira idade, as pessoas devem ser consideradas como


sujeitos de direitos sexuais, reconhecendo que o exercício da sexualidade
não é necessariamente interrompido com o avanço da idade. A sexualidade é
uma importante dimensão da vida subjetiva, afetiva e relacional das pessoas.
(BRASIL, 2009. p.16)

Parece-nos que há aqui um importante avanço. Uma vez que o home idoso é

percebido como sujeito de sua sexualidade, entendida como uma ação ativa, não controlada

pelo avanço da idade.

A chegada do Século XXI imergiu nossa sociedade em mudanças de caráter sociais,

culturais políticas e econômicas patrocinadas pela modernidade, mudanças estas que, também

abrigam questões relacionadas à assistência à saúde (custo, acesso às tecnologias,

acessibilidade aos serviços, adesão aos tratamentos em virtude da redução do tempo ou da

quantidade de medicamentos utilizados, queda de mitos e mudanças de conceitos) que

refletem e impactam diretamente no modo e na qualidade de vida das pessoas.

A medicalização do processo da reprodução humana é uma dessas mudanças. A

preocupação com a saúde do homem (elemento do gênero masculino, independente da

sexualidade e da opção sexual) é outro aspecto que decorre das mudanças advindas da

modernidade. Certamente há um viés político importante que não exploraremos no presente

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estudo, mas que exerce importante influencia nas ações de governo que resultaram na

evolução que desembocou no panorama contemporâneo.

A preocupação com a saúde do homem, mais do que a medicalização do processo da

reprodução humana, embora de óbvia importância, continua não sendo um assunto muito

comumente abordado na formação dos profissionais de saúde, qualquer que seja o nível de

formação ou a categoria de qualificação. Porém, parece mais evidente na enfermagem do que

em outras categorias da saúde.

Além disto, este é um tema que foi e que continua sendo relegado à segunda

categoria, não só nos serviços de saúde, mas também nas publicações especializadas como os

artigos de periódicos específicos e até na grande mídia, nas matérias de jornais, de revistas,

das emissoras rádios e nos canais abertos ou não de TV.

Provavelmente há componentes relacionados aos aspectos e ligados às questões

econômico-capitalistas que interferem e que determinam estas distinções nas abordagens

destas questões, afinal, parece haver uma relação entre a medicalização da reprodução que

determina custo/lucro, enquanto que no que se refere à atenção à saúde do homem a relação

existente seja uma determinante custo/prejuízos. Mas deixamos este aspecto para outro

estudo, sendo necessário apenas enxergá-lo neste momento, para que sejamos capazes de

entender que, as medidas de contracepção nas classes sociais menos favorecidas são muito

mais “bem aceitas” do que as medidas de assistência à infertilidade, especialmente quando a

atenção é proposta para a saúde dos homens.

É necessário pensar nestas questões para que possamos contribuir para o debate

sobre a saúde dos homens e sua relação com a subjetividade humana como sugerido por

Moura (2008) e Braz (2005).

Por outro lado, é natural que algumas dessas mudanças causem reflexos em diversos

aspectos do cotidiano dos homens nas sociedades, inclusive na comunicação interpessoal e de

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massa. E dessa forma, podermos buscar os motivos pelos quais algumas questões emergem

desta nova realidade, refletindo-se na forma com que estes meios de comunicação em massa

abordam as questões emergentes da saúde do homem. Não nos alongaremos nesta questão por

não ser este o objetivo deste estudo, apenas apontamos para a necessidade de atentar para

estas questões ao se refletir sobre como a sociedade está se ajustando a tal realidade e, assim

ser capaz de entender de que forma (a sociedade) se refere ao – “produto das novas formas

(medicalizadas) de concepções” – filhos e, mais recentemente, como propaganda do governo

federal, que pretende divulgar e levar os homens a sentirem-se interessados em buscar atenção

à sua saúde.

Com esses construtos poderemos avançar em direção ao desvelar das representações

sociais que se explicitam da infertilidade masculina ou mista em relação à paternidade,

virilidade e masculinidades a partir do olhar de homens que vivem ou que viveram estas e

outras questões relacionadas à saúde sexual e reprodutiva masculina, uma vez que, estamos

certos disso, esses são assuntos que também merecem uma análise mais profunda.

O presente projeto pretende, assim, ser uma contribuição importante para a

construção de um novo olhar para as questões suscitadas, marcadamente em relação à maneira

com que os homens que passam pela experiência de dificuldade de ter filho se representam.

Como eles se afastam ou se aproximam dos equipamentos públicos e dos serviços de saúde

que atendem especificamente às questões relacionadas ao processo de assistência à

reprodução humana.

2.1.4 A Saúde Sexual e Reprodutiva e a Contextualização da Infertilidade Conjugal /

Masculina

Página 60 de 173
Entendemos que seja importante também uma definição do termo “infertilidade

conjugal masculina”. Neste aspecto, tal definição busca uma melhor compreensão do que

alguns autores Roncoletta et al (1999); Mello, Pinto e Botelho (2001) e Freire et al (2009);

entre outros, chamam de: “infertilidade masculina”, esta ressalva é necessária para que fique

bem marcada a distinção, pois enquanto esta remeta a uma situação em que o homem é

incapaz de determinar uma gestação, aquela define a situação em que um homem, como

elemento do sexo masculino que faz parte de um casal, não consegue levar o casal a uma

gravidez.

A definição de infertilidade varia de acordo com a fonte consultada. Da mesma

forma a definição de infertilidade masculina é variável. Por dedução, a definição de

infertilidade humana masculina pode ter diversas formas e abordagens.

Admitimos a definição de “infertilidade conjugal” proposta por Pasqualotto (2007,

p. 103): “É a incapacidade do casal sexualmente ativo, em idade reprodutiva, sem uso de

métodos contraceptivos, de estabelecer gravidez após um ano de vida íntima ativa”. Uma vez

que dados estatísticos demonstram que casais que mantêm uma ou duas relações sexuais por

semana sem uso de métodos contraceptivos tendem a engravidar no intervalo de um a dois

anos, independente de uso de métodos, técnicas ou medicamentos para favorecimento desta

gravidez.

Tal definição amplia o que é definido pela Organização Mundial de Saúde/OMS.

Segundo a OMS, é considerada “infertilidade conjugal”: “a ausência de gravidez em um

casal com vida sexual ativa, sem uso de medidas contraceptivas, em um período de 1 ano ou 2

anos”. Enquanto a OMS estabelece a vida sexual ativa e a ausência de métodos contraceptivos

para parâmetros de inclusão, Pasqualotto (2007) utiliza, além destes, a idade reprodutiva e a

Página 61 de 173
vida íntima ativa como os limitadores, o que parece remeter a uma visão mais ampliada do

que aquela proposta pela OMS.

Mas, o que é “infertilidade humana conjugal”? Perceba que além das palavras

infertilidade conjugal, estamos incluindo a qualidade humana para restringir nosso campo de

definição e para que possamos depois partir para a distinção com o que chamaremos de

masculino em oposição ao que conhecemos como infertilidade feminina.

Ainda Segundo a OMS (1994) e Lopez et al (1996). Pode-se classificar a

“infertilidade humana conjugal” em:

a) Infertilidade primária: quando a infertilidade é identificada na ausência de

gestação prévia.

b) Infertilidade secundária: se a falha na capacidade reprodutiva se estabeleceu após

uma ou mais gestações.

c) Esterilidade: quando a incapacidade de gestar é definitiva.

d) Aborto habitual: ocorrência de três ou mais interrupções espontâneas

consecutivas da gestação com idade de até 20 semanas.

Uma classificação que considere a origem da infertilidade é importante para este

estudo, uma vez que um dos pontos de partida será exatamente a distinção da origem desta

infertilidade a partir do gênero.

Assim temos que uma definição possível para a “infertilidade masculina” seja

aquela que a considera como: a incapacidade de um homem gerar uma gravidez em uma

mulher por meios naturais, quando a mulher não apresenta incapacidade para engravidar de

forma natural, isto é, sem assistência.

Como já citado anteriormente, no passado se pensava que o responsável pela

esterilidade era sempre a mulher. Ou, pelo menos era essa a norma de conduta quando se

pensava em diagnóstico e tratamento, o que se podia perceber pela tendência de se buscar na

Página 62 de 173
mulher a possível causa da infertilidade. Hoje já se sabe que ela (a mulher) é responsável por

apenas metade dos casos de casais que não conseguem ter filhos biológicos por meios

naturais. A outra metade dos casos ocorre por problemas relacionados ao homem, que

tecnicamente podem ser chamamos de “infertilidade masculina” ou para uma precisão maior

“infertilidade humana masculina”.

Assumindo que seja o homem o portador único do fator ou de uma associação de

fatores em cerca de 50% do total de casos de infertilidade conjugal como foi demonstrado por

Pasqualotto (2007) em um estudo realizado com mais de 200 (duzentos) casais em idade

fértil. Podemos pensar que seria de bom tom se dar, pelo menos importância e relevância

semelhantes para cada um dos elementos de um casal com problemas de infertilidade. Porém

isto ainda não é uma realidade nos serviços de saúde no Brasil.

Diversas podem ser as causas da infertilidade do homem ou no homem, por vezes

pode ocorrer associação de diversas causas em um mesmo paciente. Mas, diferente do que

ocorre com as causas femininas, quando o homem é a fonte da dificuldade de engravidar,

necessariamente esta causa estará relacionada ao aparelho reprodutor masculino. Quer seja no

que tange a produção de espermatozóides, quer seja em decorrência de problemas no trajeto

deste espermatozóide até o óvulo, ou mesmo por incapacidade de sobrevida ou de

deslocamento deste espermatozóide. Por esta razão, antes de se decidir por qualquer linha de

investigação para identificação das causas da infertilidade conjugal masculina, o profissional

que atende a casais com problemas de infertilidade conjugal deve realizar um exame físico

acurado e uma anamnese dirigida minuciosa em busca de fatores que potencialmente afetem a

espermatogênese9 ou indiquem doenças germinativas ou anormalidades do aparelho genital

9
Espermatogênese: processo de transformação das células diplóides em células haplóides, na espécie humana
dura aproximadamente 48 dias e pode ser dividida em três fases: 1 - Fase de Multiplicação: As espermatogônias
diplóides originam duas outras espermatogônias igualmente diplóides, uma delas irá substituir a que iniciou o
processo. A outra espermatogônia seguirá as transformações para tornar-se espermatozóide; 2 - Fase de
Crescimento Celular: Inicia-se a partir da puberdade, sob estímulo dos hormônios gonadotróficos. As
espermatogônias mais profundas nos túbulos seminíferos aumentam de volume, nutridas pelas células de Sertoli.
Página 63 de 173
masculino, além da avaliação do elemento feminino do casal, conforme propõem Glina;

Soares; Meirelles; Antunes Júnior (2003).

Em revisão sobre o tema Castro, Silveira Castro e Queiroz (2008) fazem as seguintes

inferências: as condições mais freqüentes associadas à “infertilidade conjugal masculina”

podem ser divididas entre problemas na produção do espermatozóide e problemas no caminho

destes espermatozóides até o óvulo.

No primeiro grupo estão doenças da hipófise, da tireóide ou da supra-renal (todas são

glândulas que produzem hormônios necessários para a produção do espermatozóide); traumas

ou problemas congênitos dos testículos; problemas provocados pelo uso de medicamentos,

agrotóxicos ou irradiação do testículo; ou varicocele (doença venosa caracterizada pela

presença de varizes nas veias do testículo, que impedem o funcionamento perfeito dos

mesmos).

No segundo grupo estão os distúrbios de ejaculação, alguns distúrbios do sistema

imunológico (que em alguns casos podem destruir os espermatozóides produzidos pelo

próprio organismo), alterações congênitas ou cistos das vesículas seminais, obstruções por

malformação congênita, por cirurgia de vasectomia10, ou por cicatrizações de infecções no

local e ejaculação retrógrada (que pode ser devido a acidentes ou, principalmente, a cirurgias

da próstata).

Por estas razões, a prova da qualidade do ejaculado quanto à concentração

espermática e mobilidade destes espermatozóides, quando apresentam comprometimento é

Nesta fase, não ocorrem divisões celulares. As espermatogônias passam a ser espermatócitos primários ou de
primeira ordem. Ainda diplóides e; 3- Fase da Maturação: O espermatócito primário sofre divisão meiótica
reducional (meiose I), originando dois espermatócitos secundários ou de segunda ordem. Estas células já são
haplóides. Na seqüência, os espermatócitos secundários sofrerão meiose equacional (meiose II), originando
quatro espermátides também haplóides.
10
A vasectomia é uma pequena cirurgia feita com anestesia local de ligadura dos canais deferentes no homem.
Ela corta apenas o canal que leva os espermatozóides do testículo até as outras glândulas que produzem o
esperma masculino. Assim continua a haver ejaculação, agora, sem espermatozóides.
É uma esterilização definitiva, por isto, o homem deve ter certeza absoluta que não quer mais ter filhos.
Página 64 de 173
uma evidência inegável de infertilidade masculina como infere Pasqualotto (2007), porém a

recíproca não é verdadeira.

Sabemos que a análise seminal deve ser a primeira fonte de informação laboratorial

sobre o homem. Material para exame deve ser colhido com intervalo de 15 (quinze) dias e a

análise do ejaculado não deve apresentar grande variação entre as duas amostras. Segundo

Pasqualotto (2007) a ênfase deve se focar na concentração, motilidade e na morfologia do

ejaculado. Estudos apresentados no último congresso brasileiro de reprodução humana, em

Curitiba no ano de 2009, apontam para uma melhor avaliação do espermatozóide com o uso

de microscópio de altíssima resolução, chamados nucleares.

Estudos fisiológicos recentes demonstram que a espermatogênese se dá em um

intervalo inferior a 60 dias então a análise individual do ejaculado refletirá as variações que

ocorreram exatamente nos últimos dois meses, portanto o intervalo de 15 dias entre as

amostram coletadas não deverão apresentar grandes variações.

É importante ressaltar que a análise do ejaculado não é um teste de fertilidade, pois

esta é multifatorial e envolve o casal. Diversos autores como Mason (1993), Glina (1998),

Glina (1999), Bandeira (1999) e Pasqualotto (2007) têm apontado pára uma correlação

negativa entre a concentração espermática e o ano da avaliação, quando consideramos

intervalos superiores há uma década, é necessário então que os parâmetros utilizados para

análise sejam revistos periodicamente.

Autores como Nakamura et al (2001, p. 50) determinam hoje os seguintes parâmetros

de normalidade para espermogramas: “Concentração superior a 20 x 106 mL. Total de

espermatozóides igual ou superior a 40 x 106. Motilidade maior do que 50% grau A – B.

Morfologia oval em mais de 30%.”

Estes dados parecem confirmar que a capacidade para engravidar, independetemente

das causas está sofrendo um processo de redução ao longo dos tempos. Muitos autores como

Página 65 de 173
Souza, Moura e Grynszpan (2008) atribuem isto a causas ligadas aos fatores externos e até

mesmo a fatores sociais.

Neste aspecto, estamos convencidos de que o papel de promoção da saúde e

prevenção de doenças que a enfermagem assume tão bem pode ser um dos nichos para

atuação do profissional de enfermeiro em busca de atividades específicas na área de

assistência à reprodução.

Embora o foco deste projeto de dissertação seja a infertilidade conjugal masculina na

visão do profissional de saúde, é importante que se ressalte que é necessário tratar o casal,

uma vez que o casal é uma unidade (casal infértil), por isso deve ser avaliado em paralelo ou

preferencialmente junto na fase masculina e feminina. Devemos coletar uma história clínica

cuidadosa e meticulosa de ambos os elementos. Esta é uma tarefa que vem sendo

desenvolvida por enfermeiros em muitos centros de reprodução assistida.

Nesta oportunidade, o profissional deve argüir sobre a freqüência da atividade sexual

do casal e o tempo em que estão realizando coito desprotegido e considerar a idade de cada

um dos parceiros, pois a idade avançada é um dos fatores não modificáveis de maior

relevância em saúde sexual e reprodutiva humana.

Normalmente ocorre uma gestação a cada sete (sete) anos nos casais, em idade fértil,

que mantêm uma relação sexual por semana segundo Glina; Soares; Meirelles; Antunes

Júnior (2003). Esta proporção varia positivamente quando o número de relações sexuais é

aumentado.

Além da freqüência da atividade sexual e da idade dos parceiros, são fatores que

merecem investigação no elemento masculino: criptorquidia11, mesmo que unilateral;

11
Criptorquidia é o estado de não-descimento de um ou dos dois testículos para a bolsa escrotal, geralmente
causado por hérnias, falta de estímulo hormonal ou por alterações na região do abdome.
É uma das anomalias genitais mais comuns em meninos, em alguns casos, resolve-se em um período de
aproximadamente 18 meses, sem necessidade de cirurgias.
Página 66 de 173
orquite12 pós-caxumba na pós-puberdade; doenças sexualmente transmissíveis (DST) como a

blenorragia13; antecedentes cirúrgicos; tratamentos de câncer com radio ou quimioterápicos;

neoplasia de estruturas relacionadas ao aparelho reprodutor masculino; exposição às drogas

ou toxinas ambientais, ao calor excessivo e a ocorrência de febre; as alterações de cariótipos14

e as microdeleções do cromossomo y15 também são de grande importância nestes casos.

Os problemas gerados pela tensão entre: o interesse e a vontade de gerar um filho ou

de ser pai e, a impossibilidade de acesso aos serviços de saúde especializados em assistência à

reprodução, por qualquer que seja o motivo, pode determinar um bloqueio psicológico, ou

uma condição psicossomática desfavorável nessa clientela.

Dados recentes apresentados por Souza (2008) indicam haver uma estreita relação

entre taxa de fertilidade e fatores ambientais. Estamos convencidos de que estudos mais

aprofundados neste sentido sejam muito elucidadores e contribuam de forma positiva para a

melhoria do atendimento em saúde sexual e reprodutiva.

Uma vez que a taxa de fertilidade humana vem decrescendo ao longo das décadas,

como comprovam pesquisas que avaliam a interferência de fatores intrínsecos e extrínsecos

na taxa de fertilização de homens Souza (2008) e mulheres Souza; Moura; Grynspan (2008), é

compreensível que se observe que o número de clínicas e centros especializados de assistência

à saúde sexual e reprodutiva esteja crescendo bastante.

12
Orquite é a inflamação de um ou ambos os testículos. Considerada doença sexualmente transmissível quando
os organismos que causam a blenorragia ou a clamídia estão envolvidos. Pode ser causada por vários organismos
bacterianos e virais. A viral mais comum é a caxumba. Ocorre em 15 a 25% dos homens que contraem caxumba
após a puberdade. A brucelose é uma doença na qual a orquite se desenvolve em 2 a 20% dos homens com essa
doença.
13
A blenorragia ou gonorréia é uma doença sexualmente transmissível, causada pela bactéria Neisseria
gonorrhoeae, que infecta o revestimento interno da uretra, do colo uterino, do reto e da garganta ou a esclerótica.
Pode disseminar-se através da corrente sanguínea para outras partes do corpo, especialmente para a pele e para as
articulações. Pode ascender através do trato genital, infectando as membranas internas da pelve e causando
problemas relacionados à reprodução.
14
Cariótipo é o conjunto de cromossomas ou a constante cromossômica diplóide (2n) de uma espécie.
Representa o número total de cromossomos de uma célula somática. As alterações em sua composição ou
quantidade determinam alterações graves, muitas vezes inviabilizando a vida.
15
Microdeleções do cromossomo y são alterações do tipo delação, isto é ausência ou incompatibilidade de partes
pequenas da perna longa do cromossomo Y, que determina o sexo masculino nos bebês humanos.
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É possível que a redução das taxas de fertilidade seja um dos fatores que expliquem o

porquê de hoje assistirmos a um crescimento do número de clínicas que oferecem serviços de

reprodução humana assistida (tratamento para infertilidade masculina/ conjugal/ feminina) em

todo o Brasil, inclusive na cidade do Rio de Janeiro. Porém essa hipótese pode ser discutida

em outro estudo.

Dados da “Rede Latino-americana de Reprodução Assistida”, apresentados por

Souza, Moura e Grynszpan (2008) demonstram que, até 2003, havia 47 (quarenta e sete)

centros de assistência à reprodução humana no Brasil, que realizaram 20.012 (Vinte mil e

doze) ciclos com aspiração de óvulos e que resultaram em 5.887 (cinco mil, oitocentos e

oitenta e sete) gestações e no nascimento de 6.286 (seis mil, duzentos e oitenta e seis) bebês.

Para Souza, Moura e Grynszpan (2008) isto representa uma taxa de bebê em casa de

aproximadamente 1 : 1,1, ou seja, pouco mais de um bebê por gestação.

Assim, é razoável afirmar que o número de bebê por gestação está em um

descendente saudável, aproximando-se de 1/1, o que parece deverá ocorrer ainda nesta

década. Um estudo para avaliar os mecanismos que estão sendo utilizados para alcançar estes

índices pode ser revelador.

Os dados apresentados por Souza, Moura e Grynszpan (2008) revelam, também que,

no estado do Rio de Janeiro não há serviço público que ofereça as técnicas de alta

complexidade em reprodução humana, deixando sem acesso uma parcela importante da

população, em virtude dos custos do uso destas tecnologias.

Notadamente, ainda hoje, menos de 1% (um por cento) dos números relacionados

aos ciclos de reprodução se referem a atividades realizadas em instituições públicas,

considerado todo o território nacional e uma parcela ainda menor se refere a tratamento

oferecido aos casais das classes sociais menos favorecidas, o que demonstra o viés excludente

Página 68 de 173
do acesso a esta tecnologia, em especial no estado do Rio de Janeiro, uma das poucas capitais

do Brasil que não contam com este serviço no âmbito público.

Embora o crescimento da demanda e da oferta por este serviço seja um fato,

percebemos que são raros os serviços públicos que oferecem assistência para alta

complexidade nesta área, isto é mais perceptível inclusive em alguma das grandes capitais,

onde se inclui a cidade do Rio de Janeiro.

De acordo com Borlot & Trindade (2004, p. 63) apesar de não ser este o

procedimento padrão recomendado “quatro em cada cinco casais que buscam tratamento para

a infertilidade conjugal são orientados primeiro a realizar exames para investigar as questões

ligadas à mulher”. Estes dados apontam para o fato de que também deve haver um conceito de

responsabilização da mulher no imaginário popular dos membros de algumas equipes de

saúde. Realidade corroborada por outros autores, tais como, Mason (1993); Glina (1998) e

Bandeira (1999), complementando que apesar da proporção praticamente idêntica para

homens e mulheres na origem da dificuldade de reproduzir, pouca atenção tem sido dada à

experiência dos homens à infertilidade.

Na área da enfermagem, como já citado nesta Dissertação, durante o processo de

revisão bibliográfica só foram encontrados 2 (dois) trabalhos produzidos por enfermeiros que

versavam sobre infertilidade humana masculina, em todos os bancos de dados indexados

disponíveis on-line na rede mundial de computadores. (CASTRO; SILVEIRA CASTRO E

QUEIROZ, 2008).

O que é novo necessita de debate para produzir e disseminar os saberes. As técnicas

de reprodução humana assistida criaram uma nova concepção e uma nova conceituação de

pai. A possibilidade de uma gestação a partir da concepção com espermatozóides doados

coloca uma situação onde o homem pode ser pai de fato sem necessariamente ser

biologicamente o fornecedor de espermatozóide fato e, sem ser adotivo na concepção da

Página 69 de 173
palavra e isto não pode deixar de ser pensado e discutido pelos enfermeiros para que a

assistência de enfermagem prestada a estes indivíduos seja adequada e individualizada a cada

realidade.

Um em cada quatro casais cujos cônjuges possuem mais de 35 anos sofrerá de

infertilidade Schaffer e Diamond (1994) e 10% dos homens em idade reprodutiva sofrerá de

infertilidade em todo o mundo, alguns poderão ser tratados (PASQUALOTTO, 2007).

De acordo com Souza; Moura; Grynspan (2008) a população mundial ainda cresce a

uma taxa de 1,2% / ano, mas este crescimento deve-se mais a uma redução da taxa de

mortalidade do que a manutenção ou ampliação da taxa de natalidade. Estima-se que a

redução das taxas de natalidade nos próximos 75 anos levará a um envelhecimento

populacional, cujas conseqüências são de difícil previsão. Certamente um dos problemas que

enfrentaremos será a necessidade de utilização de técnicas de assistência à infertilidade

conjugal humana, decorrente da idade, em geral mais tardia, em que os casais decidirão iniciar

a construção de suas famílias.

O projeto de constituir família16 com filhos não é uma exclusividade das mulheres,

muitos homens também possuem tal objetivo como ideal de vida. Apesar de as razões que

levem os homens a querer reproduzir serem distintas daquelas que impulsionam as mulheres

ao desejo de construir uma prole. Ao tentar concretizá-lo alguns se deparam com a

infertilidade, conforme afirma Borlot & Trindade (2004). É, a partir do vivenciar desta

dificuldade que o processo de procriar passa a ter significado capaz de determinar

representação social para o homem.

No que tange aos homens, o interesse pela paternidade, ou simplesmente pela

reprodução, pode estar relacionada à necessidade de auto-afirmação como homem, o que

guarda estreita relação com questões como virilidade, masculinidade e sexualidade. Enseja

16
Entenda-se aqui a palavra família pelo conceito mais tradicional. No qual há um homem, uma mulher e os
filhos descendentes desta relação e que moram sob o mesmo teto e que só assim compõem família.
Página 70 de 173
assim o presente projeto de dissertação, lançar um olhar aplicado especificamente à relação

dos homens com a saúde reprodutiva, ressalve-se que este olhar estará focado no processo de

procriar em que o casal enfrente dificuldade para concretizar o sonho de ter filhos. Porém,

quando abordamos o elemento masculino do casal, não estamos apenas buscando uma

perspectiva de distinções de gêneros, para além, está a nossa pretensão de desvelar questões

como sexualidade, processo de adoecimento, doença, virilidade, e representações da rica

pluralidade da identidade masculina e as estruturações de qualificantes de valores, crenças e

perspectivas sociais presentes em uma mesma referência cultural.

Neste sentido, Nolasco (1995, p. 11) esclarece que:

Quando, ao falar sobre o significado de ser homem e sobre a relação com o


pai e a maneira com que desconsideram suas emoções quando fazem uma
escolha afetiva ou profissional em decorrência da tensão que tais assuntos
suscitam (solidão, sofrimento e tensão premente) difíceis de ser identificadas
e assumidas no cotidiano. (NOLASCO, 1995, p. 11).

Ao observar as representações sociais que homens e mulheres envolvidos com a

temática da infertilidade conjugal constroem sobre o filho biológico não se pode esquecer que

essas representações sociais são permeadas por crenças simbólicas em torno do significado da

paternidade e da maternidade para o casal e para a manutenção do próprio casamento. A

literatura mostra que há diversos casos em que a dificuldade em procriar levou a dissolução

do casal, muitas vezes porque o homem não consegue aceitar a cobrança da sociedade que se

nega a entender uma vida conjugal sem filhos. Nisto corrobora Nolasco (1995) quando

observa que os valores reproduzidos pelos homens são determinados por um modelo social

que tutela os homens e controla seus desejos e suas subjetividades. Braz (2005).

Souza, Moura e Grynszpan (2008, p. 11.) colocam-nos a seguinte questão:

Para situar a interrogação sobre o lugar do pai, precisamos pensar no corte


epistemológico que a ciência moderna operou sobre o conhecimento como
ele era até então, e como o imperativo da demonstração racional que sustenta
a sua validade. (SOUZA; MOURA; GRYNSZPAN, 2008, p. 11).
Página 71 de 173
Em todo o mundo, a prevalência da infertilidade conjugal em um ou em ambos os

parceiros varia de cerca de 10% a 15%, independente de fatores sócio-econômicos ou

culturais, (SOUZA, MOURA E GRYNSZPAN, 2008). Diversos estudos desenvolvidos por

Glina; Soares; Meirelles; Antunes Júnior (2003) e Pasqualotto (2007) mostram que, em

aproximadamente 30% a 40% destes casais o problema determinante da dificuldade está

relacionado exclusivamente ao homem, enquanto que, em 20% a 50% do total, o homem é co-

responsável pela infertilidade conjugal, por isso a importância da avaliação e do tratamento do

homem infértil venha ganhando mais força.

De todos os casais que procuram serviços de saúde com a intenção de engravidar, um

percentual próximo aos 80% vão, segundo Borlot & Trindade (2004), efetivamente ter uma

gestação no espaço igual ou menor que um ano, independentemente do tratamento oferecido,

pois não possuem nenhum tipo de problema clínico ou biológico que impeça a gravidez,

porém não se devem descartar os problemas psíquicos relacionados à ansiedade e ao estresse.

É necessário que se tenha uma reserva acerca desta afirmação, pois na prática, parece que a

realidade não é condizente com essa situação. Ainda os autores (op.cit) afirmam que

aproximadamente 15% destes casais são subfecundos, mas que irão engravidar com uso das

tecnologias leves disponíveis. Porém, 4% destes casais são verdadeiramente portadores de

infertilidade e não responderão a qualquer tipo de tratamento existente no momento. Seja

tecnologia leve ou dura. Neste enfoque, Pasqualotto (2007) destaca que este grupo deve ter as

causas genéticas investigadas mais detalhadamente.

No entanto, para alguns destes casais a adoção, talvez seja o caminho para

constituírem uma família, embora seja um tema pouco abordado pelos casais em tratamento

de infertilidade (Borlot & Trindade, 2004). Porém este assunto deverá ser abordado com

Página 72 de 173
extrema cautela, pois, para muitos casais inférteis a adoção é um assunto proibido como

solução.

Pasqualotto (2007) ao afirmar que entre os casais com problemas de infertilidade

hoje, cerca de 10% vão precisar de técnicas de reprodução assistida, está apontando para a

necessidade de crescimento de oferta de serviços de alta complexidade para assistência à

saúde reprodutiva, o problema ainda é o custo elevado, proibitivo para a maioria dos casais

brasileiros. O que também é percebido por Luna (2007).

Hoje, os homens com problemas de dificuldade para procriar podem contar com

diversas técnicas de auxílio, como a ICSI17, reconstrução micro-cirúrgica do trato

reprodutivo18, varicocelectomia19 e captação de espermatozóides epididimários20, estas

técnicas podem ser associadas ou não, à FIV21.

2.2 Referencial Teórico:

17
Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides é um método utilizado com muito sucesso nos casos de
infertilidade por fator masculino severo, já que taxas de fertilização independem da qualidade e quantidade dos
espermatozóides. Está técnica é realizada com auxílio de micromanipuladores acoplados ao microscópio e
consiste em injetar um único espermatozóide diretamente dentro do óvulo, promovendo assim a fecundação.
Técnica que necessita muita habilidade e experiência do profissional de laboratório. O trabalho é feito com
microagulhas (mais finas que um fio de cabelo), onde uma delas vai segurar o óvulo e a outra vai pegar o
espermatozóide, imobilizá-lo e injetá-lo dentro do óvulo, ultrapassando a zona pelúcida.
1818
Cirurgia realizada com auxílio de microscópio que procura reconstruir os ductos e/ u as estruturas
relacionadas ao trato geniturinário masculino, implicados com a fase reprodutiva do homem.
19
Varicocelectomia é a extração cirúrgica de vasos sanguíneos de espessura aumentada (varizes) na região da
bolsa escrotal e que, sem esta intervenção, pode comprometer a capacidade do homem de rocriar.
20
A técnica de captação de espermatozóides epididimários vem tomando força nos últimos anos, permitindo que
homens com um número muito reduzido de chance alcance a procriação com células endógenas, evitando o uso
de espermatozóides de doadores.
21
Fertilização in vitro (FIV), popularmente chamada de "bebê de proveta". É uma técnica dividida em duas
etapas, na primeira etapa, denominada estimulação ovariana controlada, a paciente recebe drogas indutoras da
ovulação para aumentar a produção de óvulos. Em seguida, com o auxílio de uma ultra-sonografia transvaginal,
os óvulos são coletados e levados ao laboratório. Paralelamente, os espermatozóides do paciente são preparados
em laboratório de modo que, para cada óvulo a ser fecundado, haja cerca de 50 a 100 mil espermatozóides
móveis. Na etapa seguinte, totalmente desenvolvida em laboratório, os óvulos e espermatozóides são colocados
em um meio especial de cultura para que ocorra a fecundação. Se a fertilização for bem sucedida, dará origem a
pré-embriões, que serão transferidos para o útero da paciente de 48 até 120 horas após a coleta dos óvulos.
Página 73 de 173
Seria pretensão em demasia, acreditar que uma Dissertação pudesse alcançar em

profundidade o rigor científico ao ponto de poder dizer que está fazendo uso de uma teoria

que não se fundamenta na ciência pátria do pesquisador. Por outro lado, um pesquisador

jamais pode deixar de acreditar que terá condição de aprofundar sua pesquisa até o limite

máximo possível em sua busca, que é dado por elementos que lhe fogem do controle.

Em contraponto, sabemos que sobre seu objeto de investigação, todo pesquisador

deverá esforçar-se ao máximo para delimitar seu corpus para que, ao escrever sua dissertação

possa aproximar-se ao máximo do “domínio” de determinada teoria escolhida para a sua

produção.

Estamos convencidos de que seja ilusório pensar que, se poderá apropriar de

determinada teoria apenas com a realização de uma dissertação. Quando, na verdade, o

pesquisador estará escrevendo a sua produção acadêmica apenas tomando conhecimento de

uma forma superficial de determinada teoria.

Fazemos essa breve ressalva sobre a aproximação, o uso e a apropriação de

conhecimentos para poder apresentar a teoria que escolhemos para, através de uma possível

aproximação, desenvolver a presente pesquisa.

2.2.1 A Teoria das Representações Sociais

Trata-se de um projeto de pesquisa aplicada, que terá uma aproximação com a

abordagem das Teorias das Representações Sociais (TRS). Esta teoria se originou, através de

trabalhos escritos por Moscovici (1978, 1991) tendo como arco o momento em que realizou

Página 74 de 173
um estudo sobre a representação social da Psicanálise. Suas raízes se engendram a partir de

duas ciências: a Sociologia e a Antropologia.

É a Teoria das Representações Sociais, proposta por Moscovici (1978), uma

ferramenta que permite identificar, de maneira concreta as representações, a partir dos

fenômenos sociais e de trabalhar sobre elas. Portanto, acreditamos que seja um referencial

teórico adequado para este trabalho, proporcionando suporte fundamental a esse estudo, uma

vez que pretendemos captar a diversidade de significados presentes nos discursos, oriundos de

um determinado grupo social, a saber, homens que vivenciam problemas relacionados à

dificuldade de gerar um filho.

Gonzalés Rey (2004, p. 87) é quem melhor esclarece esta identidade entre sujeito e

objeto: “[...] somos conscientes somente através daquelas construções que têm sentido para

nós, [...]”. Portanto é, naquilo que se pode ancorar as construções e elaborações psicossociais

que, provavelmente, encontraremos pistas capazes de desvelar as “Representações Sociais”

relacionadas à tais construções e elaborações.

A propósito estes são pressupostos defendidos de forma brilhante pelo próprio

Moscovici (2008, p. 11), quando aborda o papel conferido à racionalidade da crença coletiva e

sua significação na ótica da Teoria das Representações Sociais, às ideologias, aos saberes

populares, aos consensos e ao senso comum: “com efeito, nós os tomamos imediatamente

como sistemas coerentes de signos”. O senso comum, os consensos e os saberes populares

assumem uma racionalidade do conteúdo da crença que se afasta da racionalidade. É uma

visão individual produzida pela influencia de conceitos construídos em um grupo ou em dada

sociedade. É essa interpretação do mundo e das coisas que possuem representação para os

sujeitos envolvidos com problemas relacionados ao processo de gerar filho e aos problemas

relacionados com a fertilidade que, em última análise, pretendemos captar e desmistificar no

presente estudo.

Página 75 de 173
Para Moscovici (1978, 2008), a maioria dos indivíduos interpreta o que lhes

acontece, forma suas opiniões sobre a sua própria conduta, a conduta de familiares ou de

outras pessoas e, a partir deste momento, orientam suas ações em conformidade com essa

interpretação e isto é um ponto de vista presente em nosso (do pesquisador) modo de enxergar

o mundo.

Podemos circunscrever as representações sociais em meio às correntes mais clássicas

das teorias do conhecimento humano, poderíamos recorrer, com esta finalidade, aos autores

mais clássicos da teoria como o próprio Moscovici ou, indo além, alcançando Durkheim ou

Wittgenstein que lançaram as bases germinativas da teoria.

Uma acepção primária define representação como sendo o “conteúdo concreto

apreendido pelos sentidos, pela imaginação, pela memória ou pelo pensamento”; é, em

síntese, a “reprodução daquilo que se pensa” Ferreira, (1975, p. 159). Nesta definição, o

relevo situa-se no caráter do conhecimento, na possibilidade ainda do conhecimento e da

captação desta realidade por aquele determinado sujeito ou grupo de sujeitos.

Minayo (2008, p. 89) define: “Representações Sociais é um termo filosófico que

significa a reprodução de uma percepção retina na lembrança ou do conteúdo do

pensamento”. É fazer presente algo que está ausente. Processo que, a partir de agora,

chamaremos de evocação.

Gonzalés Rey (2004, p. 97) complementa a idéia afirmando que “Representações

Sociais estão intimamente envolvidas com os processos da própria realidade social que elas,

ao mesmo tempo constroem em nível simbólico”. Ou seja, ao trazer à presença algo ausente,

(evocar) o que se está fazendo é resgatando, através do símbolo, a existência, segundo nosso

entendimento, da coisa concreta22.

22
Deve estar claro para o leitor que a concretude do que se está evocando, embora sofra influencia no processo
de evocação, não sofre comprometimento, uma vez que não perde suas características e qualidades próprias, mas
passa a ser “representada” de modo exclusivo para aquele indivíduo que realiza o processo de evocação.
Página 76 de 173
Ainda este autor afirma que o estudo das representações sociais como espaços de

significados comuns a um grupo, é exatamente o que determina e delimita esse grupo, isto é,

faz com que aquele determinado indivíduo pertença, ou não, aquele determinado grupo, por

suas afinidades.

As representações sociais, sendo definidas como formas de conhecimento prático,

inserem-se mais especificamente entre as correntes científicas que estudam o conhecimento

do senso comum. Aos quais, para nós, pesquisadores das representações sociais devemos

tomar como sistemas coerentes de signo, como já proposto por Moscovici (2008) e aqui

abordado.

Portanto, podemos afirmar que durante a realização do presente projeto, estaremos

aproximando da corrente que pressupõe uma ruptura com as vertentes clássicas das teorias do

conhecimento, em decorrência de que elas (as vertentes clássicas) abordam o conhecimento

como saber formalizado, reificado. Assim, a TRS focalizam o saber que já está consolidado,

sendo constituídas por conjuntos de enunciados que definem normas de verificação e

coerência entre as práticas de determinados grupos ou sociedades, sem que necessariamente

estes saberes se tratem de “saberes reificados”, assim como, também, a TRS trabalhe os

discursos de determinados grupos ou sociedades, sem que sejam excluídos os saberes

populares “senso comum”.

Podemos afirmar, igualmente, que a TRS seja, portanto, a abordagem mais adequada

a este projeto de dissertação, em virtude de ser ela possuidora de capacidade que possibilita

fazer uma centralização do olhar na relação sujeito-objeto-sujeito. Que possui importância

ímpar se pensarmos nosso objeto de estudo e nossos sujeitos.

Moscovici e Doise, (1991, p. 12) deixam claro que “deveríamos considerar as

representações sociais como pressuposições enterradas sob as camadas de palavras e imagens

emitidas na mente”. Isto favorece o desvelar de conceitos e de subjetividades presentes na

Página 77 de 173
comunicação humana. (CAMPOS, 1997). E, por esta razão, ancora perfeitamente nossa

intenção ao realizar a presente pesquisa, pois possibilita explicitar as subjetividades dos

discursos dos sujeitos.

Para Gonzalés Rey (2004, p. 104) a subjetividade “[...] permite uma integração não

mentalista entre as representações sociais e a subjetividade individual [...]”, isto é, evoca o

não explicitado no discurso do conjunto, a partir do discurso individual.

Evocar, como vimos anteriormente, é trazer à luz algo tangível para discernir o

intangível. É, portanto a capacidade que os seres humanos têm de buscar na memória, o que

foi aquisição importante, e por isto ficou armazenado na memória, podendo agora ser trazido

à tona para o uso que for necessário.

Segundo Guareschi e Jovchelovitch (2008) essa teoria nos permite decifrar os

símbolos que pressupõem a evocação de presença onde há ausência. Como já foi explicitado

aqui. Possibilitando criar (e recriar) o objeto representado construindo (e reconstruindo) uma

realidade ou uma nova realidade, a partir da realidade anteriormente posta.

Segundo Borlot e Trindade (2004, p. 65)

Na área de saúde a Teoria das Representações Sociais tem sido uma


ferramenta de muita importância, principalmente no que concerne ao
processo de compreensão do senso comum sobre vários aspectos deste
campo. (BORLOT; TRINDADE, 2004, p. 65).

Sobre a coleta de material para pesquisas fundamentadas na TRS, é importante

ressaltar que depende da utilização de diferentes métodos para alcançar o objetivo, isto é, para

chegar efetivamente às representações sociais, precisamos lançar mão de mais de um método.

Por esta razão é preconizado nesses estudos, a utilização da triangulação de métodos. Sobre

este aspecto Arruda, (2002, p. 140) infere que:

Este tipo de enfoque geralmente é feita com metodologias múltiplas, que


podem ser entrevistas, questionários, observações, pesquisa documental e
tratamento de textos escritos ou imagéticos. (ARRUDA, 2002, p. 140)
Página 78 de 173
É necessário destacar, então, que não há “método ou métodos adequados” para um

campo de conhecimento que tenha um verdadeiro e próprio conteúdo intelectual. Em nítido

contraste com as correntes que se debruçam sobre os saberes formalizados (reificados), a

TRS, procura superar a dicotomia entre ciência (saber reificado) e senso comum (saber

popular), tratando ambas as manifestações como construções sociais e, por esta razão, estando

sujeitas às determinações sócio-históricas e às determinantes presentes em épocas específicas.

Segundo Queiroz (2008) através das RS poderemos compreender como as pessoas se

auto-representam, como elas convivem com determinados aspectos, de que forma se

relacionam com os outros e de que modo buscam alternativas de solução. Ainda a autora

Queiroz (2008, p. 82) infere que:

Diante das contribuições que salientam a interação do fenômeno social e do


elemento individual na constituição das Representações Sociais, ressalto que,
para compreender esse fenômeno tão complexo, é necessário procurar
captar, não só o discurso, mas, também, a situação que define o indivíduo
que o produz. (QUEIROZ, 2008, p. 82)

A TRS contribui, segundo Farr (2008, p. 48), “[...] significativamente para nossa

compreensão dos fenômenos coletivos” o que já deve estar claro neste ponto da discussão. É,

portanto, uma teoria que possibilita elucidar as possíveis inter-relações e os possíveis

intercâmbios da representação do indivíduo com os fenômenos da sociedade onde aquele

indivíduo se insere.

De acordo com Jovchelovitch (2008b, p. 78)

A análise do campo conceitual das representações sociais nos confronta, no


nível do social, com duas dimensões fundamentais da atividade psicossocial:
a relação com o ausente e a evocação do possível. (JOVCHELOVITCH,
2008b, p. 78).

Página 79 de 173
É possível concluir que as representações sociais são produtos das mediações sociais

nas suas diversas modalidades, o que deixaria de ter qualquer sentido em um espaço

individual, isto é, a partir de uma visão de seres individuais, uma vez que se trata de

estratégias de enfrentamento individual dos fenômenos coletivos. Isto transparece no discurso

individual como expressão da subjetividade do indivíduo.

As representações sociais também podem ser descritas como uma das traduções de

como o sujeito alcança as representações coletivas evidentes em seu grupo social possuindo,

da mesma maneira que as instituições, as estruturas e as características do fato social

representado. O que é recuperado a partir dos sujeitos concretos, nos espaços sociais reais em

que estes se relacionam.

Em última instância, podemos inferir que enquanto imagens elaboradas a partir do

que se entende como realidade, as representações sociais são um material importante para a

pesquisa, especialmente àquelas que se ocupam com os conhecimentos da área das Ciências

Sociais. Sendo importante, ainda, ressaltar que as representações sociais se manifestam não só

em palavras, mas também na ausência destas, por intermédio do gestual, por meio das

condutas e em atividades que exteriorizam os sentimentos, em elementos dos comportamentos

e outros componentes presentes nas estruturas dos comportamentos sociais. Contudo, por

questões inequívocas há uma regalia propícia às palavras, especialmente através do uso da

linguagem oral ou escrita como forma de troca de informação e de interação social,

fundamental nas representações sociais.

Isto porque, é a linguagem (de maneira especial, mas não exclusivamente) que

permite o resgate da subjetividade em cada elemento de uma coletividade.

A definição mais consensual e mais largamente utilizada entre os pesquisadores do

campo das representações sociais é a que foi proposta por Jodelet (2002, p. 22) quando

destaca que: “As representações sociais são uma forma de conhecimento socialmente

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elaborado e compartilhado, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de

uma realidade comum a um conjunto social”.

Mas é Jovchelovitch (2008) que ressalta que a fluidez de conceituação da

representação social, especialmente daquela proposta por Jodelet (2002), com seus múltiplos

enunciados, aqui expostos, permite que se torne alvo fácil para os algozes críticos da Teoria

das Representações Sociais.

São estes críticos que também atacam o fato de que a Teoria das Representações

Sociais, mais do que permitir, propõe metodologias variadas e pouco amarradas. Porém estes

críticos se esquecem de perceber que se trata de uma teoria em pleno desenvolvimento.

Porém, em defesa, é o próprio Moscovici (2003) que argumenta, sobre este aspecto, quando

costuma responder afirmando tratar-se de uma fluidez proposital, que pretende permitir, de

um lado o desenvolvimento da teoria e, por outro, a criatividade dos pesquisadores, na medida

em que o interesse maior seria a descoberta (das representações sociais) e não a verificação ou

a comprovação (da teoria das representações).

Ao mesmo tempo, Moscovici trata de propor a disseminação da sua teoria, sugerindo

que ao trabalhar com a Teoria das Representações Sociais, o pesquisador deva tentar

transmiti-la a pesquisadores iniciantes, argumentando que, este exercício consentirá a ele

perceber que a representação social, na interface da psicologia e da sociologia, é uma

alternativa de grande plasticidade, que busca captar um fenômeno móvel, por vezes volátil,

por vezes rígido, cuja complexidade reforça a dificuldade da sua captação. Necessitando,

assim, de metodologias diversas. O que desemboca na triangulação que pode ser de método

ou de metodologia ou de técnicas de pesquisa.

Acreditamos que, conforme observado pelo próprio Moscovici (2003), perceber uma

representação social não seja uma tarefa das mais difíceis, afinal há representações em quase

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todos os momentos da vida, entretanto, demarcá-la talvez não seja uma das mais fáceis, e

investigá-la, certamente, não é uma tarefa simples.

A este respeito, Jodelet (2002) lembra que as representações sociais devem ser

estudadas tendo o cuidado de buscar articulação dos elementos afetivos, aos elementos

mentais e sociais, e integrando, ao lado da cognição, da linguagem e da comunicação, as

relações sociais que afetam as representações e a realidade material, social e ideal (das idéias)

sobre a qual elas poderão estar intervindo. Portanto requer muita minúcia no processo

investigatório.

Isto se dá porque “[...] a subjetividade se produz de forma simultânea em todos os

espaços da vida social do homem.”, defende Gonzalés Rey (2004, p. 126).

Jodelet (2002) sugere também que, para abarcar o conjunto de elementos que

compõem e das relações contidas nas representações sociais, vistas como saber prático, é

preciso responder: Quem representa, e a partir de onde possui a representação sobre o

fenômeno? O que, quanto e como este se representa? Sobre o que, e com que efeito se faz

essa representação?

Sobre este assunto, a própria Jodelet (2002) responde, com muita propriedade, que

estas perguntas revelam três dimensões.

Estas três dimensões foram sistematizadas pela autora Jodelet (2002), como: 1) as

condições de produção e de circulação das representações sociais; 2) os processos e estados

das representações sociais; e 3) o estatuto epistemológico dessas representações sociais.

O coletivo concreto da teoria do conhecimento tem a ver com a relação existente

entre a representação e a realidade.

Desde a apresentação do primeiro estudo de Moscovici (2003) sobre os elementos da

psicanálise na vida social francesa, passando pelo estudo de Jodelet (1989) sobre o convívio

de uma população rural com doentes mentais que viviam se “relacionavam” e trabalhavam

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numa comunidade no interior do Rio de Janeiro, muitos e variados estudos das representações

sociais têm surgido.

Arruda (2002, p. 139) ressalta que

“Fica evidente que a representação social é um modo de conhecimento


sociocêntrico, que segue as necessidades, os interesses e desejos do grupo, o
que introduz certa „decalagem‟ com relação ao objeto em construção. Assim,
quando percebemos esta espécie de defasagem entre o objeto e sua
representação, significa que estamos diante da marca grupal/cultural
impressa no processo de construção da representação.” (ARRUDA, 2002,
p. 139)

Neste sentido, concordamos com Gonzalez Rey (2004, p. 131) que aborda a questão

da subjetividade determinada pela „decalagem‟ dos pontos de vistas dos grupos acerca de uma

mesma fonte de representação a partir do seguinte argumento: “Os grupos e nações em

conflito têm histórias diferentes, memórias diferentes e valores diferentes sobre s mesmos

fatos.”

Isto não é algo que não possa ser explicado, tem haver com a subjetividade que se

constrói a partir de cada indivíduo, que pode ser consensual entre membros de um mesmo

grupo, mas que ao mesmo tempo não deixa de ser um ponto de vista exclusivamente daquele

indivíduo.

Gonzalez Rey (2004, p. 131) explica da seguinte maneira

Tudo isto é acompanhado de uma emocionalidade que, em sua integração


inseparável com os processos simbólicos produzidos em cada espaço social,
determina o sentido subjetivo dessas histórias. Essas, por sua vez, não irão
mudar graças a meros argumentos racionais, pois cada racionalidade terá em
Sua base uma produção diferente de sentidos. (GONZALEZ REY, 2004,
p. 131).

Podemos afirmar com base no que foi exposto, que a racionalidade de um sistema de

práticas compartilhado por um grupo ou nação é, pois, produzido e legitimado pela cultura,

que lhes afere sentidos. Assim, é também com relação ao sistema de práticas imbricadas na
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vivência de homens que passam por dificuldade de reproduzir e outras relacionadas à saúde

sexual e reprodutiva.

Quem traz um excelente argumento para fundamentar esta afirmativa é Joffe (1995)

com seus estudos sobre a AIDS, nos agraciando com um excelente exemplo.

Em seu estudo: „Eu não, o meu grupo não – representações sociais transculturais da

AIDS‟, a autora identifica nos discursos de vários sujeitos a explicação do surgimento da

AIDS/SIDA pela teoria da conspiração: segundo africanos e segundo homossexuais, seria

uma doença inventada em laboratório, visando destruir certos grupos marginalizados, Joffe

(1995). Apesar de diversas pesquisas apontarem para outra realidade, nada demove estes

indivíduos de seus pontos de vista.

O estudo das representações sociais, segundo Arruda, (2002, p. 140) “complementa-

se com a busca do princípio que estrutura esse campo como um sistema, seus organizadores

socioculturais, atitudes, modelos normativos ou esquemas cognitivos.”

Arruda, (op.cit) conclui que

A representação social, contudo, além de ser estudada como campo


estruturado, também pode ser focalizada como núcleo estruturante, no qual o
campo é abordado como campo semântico, conjunto de significados isolados
por meio de diferentes métodos de associações de palavras. (ARRUDA,
2002, p. 140).

De acordo com Carvalho, M. L. M. (2003) e Carvalho, M. C de M. P. (2009). Trata-

se de identificar as estruturas elementares que constituem o cerne do sistema da representação

em torno das quais ele se organiza – um sistema constituído pelos seus elementos centrais e

periféricos.

Para Gonzalez Rey (2004, p. 133) “A subjetividade como produção de sentido

estimula formas de racionalidade que facilitam assumir e compartilhar as produções de

sentido em uma cultura.” Mas o que esta reflexão a respeito do estatuto epistemológico das

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representações aponta é, principalmente, mais do que o tipo de “alteração” que a

representação introduz com relação ao objeto, o interesse de observar como e por que

acontecem essas modificações, o que elas indicam, e como elas constituem a representação,

dando-lhe um sentido de verdade e uma eficácia simbólica.

Os teóricos das representações sociais revelam, uma vez mais, o quanto o

pensamento dito ingênuo (senso comum) veicula significado e merece atenção, visto que

revela a subjetividade. Acreditamos tratar-se de um sistema aberto, que se expressa

permanentemente, quer seja pela ação, quer seja pelo discurso dos sujeitos individualmente ou

como membros das diferentes instâncias e instituições sociais.

O sujeito, na teoria das representações sociais é concebido como produto e produtor

social, o que determina, obrigatoriamente, uma preocupação básica com o estudo das

relações, isto é, constitutivas do eu, por tudo que tal sujeito estabelece com os outros e, os

sentidos que o outro assume nas diversas culturas.

Arruda (2002) afirma que os processos e estados das representações sociais são o que

as caracterizam como saberes sociais, desta forma, conduzem ao estudo de fenômenos de

ordem cognitiva, orientada pelas marcas sociais e as condições da sua gênese. (ARRUDA,

2002, p. 139)

Assim, podemos conjeturar que o estudo dessas representações deva se amparar no

conteúdo e que isto deva ocorrer abalizado no baluarte que difunde esses conteúdos: a

linguagem, seja ela verbal ou não. Esta tarefa nos remete a busca em discursos, documentos,

imagens, práticas e outros. (ARRUDA, 2002, p. 139). Isto nos faz crer que a Análise de

Conteúdo possa ser o procedimento metodológico mais adequado para se realizar a análise de

discurso para execução deste projeto, como propomos.

Arruda, (2002, p. 140) afirma que

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O estudo dos conteúdos implica assim abarcar o campo da representação
social, ou seja, a totalidade de expressões, imagens, idéias e valores
presentes no discurso sobre o objeto. (ARRUDA, 2002, p. 140).

Segundo Jodelet (2002).

A noção de campo da representação implica entende-la como um campo


estruturado de significações, saberes e informações. (JODELET, 2002, p.
11).

As representações sociais podem ser entendidas como formas de conhecimentos que

contribuem para a construção de uma realidade comum, por se tratar de conhecimentos

elaborados e compartilhados socialmente, possibilitando a comunicação e a compreensão do

sujeito no mundo.

As representações sociais estão atreladas às noções, às práticas e aos valores

individuais que norteiam os comportamentos das relações sociais no dia-a-dia. Desta forma,

compreende-se que as representações sociais se manifestam através da comunicação, seja ela

verbal ou não.

Portanto, é um conhecimento do "senso comum", que é socialmente construído e

compartilhado, pelos indivíduos de uma coletividade, que, diferentemente do conhecimento

científico, não é reificado, é fundamentalmente cognitivo.

Arruda, (2002, p. 140) afirma que se trata de representação social dimensional,

genética ou dinâmica

Temos aqui, então, uma forma de abordagem das representações sociais,


denominada dimensional, por abarcar as dimensões da representação – seu
campo estruturado, a atitude que ela carrega e que lhe dá sua coloração
afetiva, e o componente de informação que ela contém. (ARRUDA, 2002,
p. 140)

Arruda (2002) propõe nominar esta abordagem como processual, como propõe

recomendado por Banchs (1998). Lembrando-nos de que outras denominações já empregadas


Página 86 de 173
a este modelo de abordagem foram: „genética ou dinâmica‟, devido ao fato de preocupar-se

especialmente com a „construção‟ da representação social, ou seja, com sua gênese, ou com

seus processos de elaboração.

Para Jodelet (2002) a teoria das representações sociais genética tem como

representante maior é Gerard Duveen, enquanto que a dinâmica é mais bem representada por

Helene Joffe, que esta trabalha com os aspectos constituintes da representação como:

imagens, informações, opiniões, crenças, valores, elementos culturais e ideológicos, além de

outras.

Página 87 de 173
CAPITULO II:

3 QUESTÕES METODOLÓGICAS:

3.1 Tipo de Estudo:

A presente Dissertação está sendo desenvolvida com uma abordagem qualitativa para

descrever, interpretar e demonstrar os achados do ponto de vista metodológico é, portanto,

uma pesquisa descritiva, esta decisão foi tomada por entendermos ser esta a abordagem mais

adequada aos propósitos do presente estudo. Fundamentando esta assertiva em Marconi &

Lakatos (2009) que afirmam que a pesquisa descritiva aborda quatro aspectos: descrição,

registro, análise e interpretação de fatos e fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento

no presente e, também por, acreditar que nos permitirá inferir acerca das subjetividades dos

discursos dos sujeitos nas questões propostas. Entendemos que tais subjetividades são de

extrema importância e, se a análise destas partir de uma quantificação não demonstrará o

feeling do universo dos signos, significados, motivos e motivações, valores e aspirações que

esperamos desvelar.

Apoiamos também nossa decisão nas assertivas de diversos outros autores que

demonstram em seus trabalhos que a abordagem quantitativa não se adequa às pesquisas que

pretendem desvelar aspectos subjetivos, tais como: Lüdke & Andrade (1986); Minayo (1993);

Minayo; Deslandes; Neto & Gomes (1994); Polit & Hungler (1995); Garcia (2003); Marconi

& Lakatos (2008) e Domingues (2008).

Página 88 de 173
Do ponto de vista de seus objetivos, estamos convencidos de que o modelo

exploratório-descritivo seja o mais adequado para atingir as metas do presente projeto de

Dissertação, uma vez que permite uma relação sujeito-objeto-pesquisador mais adequada e,

apropriada aos objetivos propostos. Neste aspecto, ancoramos nossa assertiva no pensamento

de autores que já se utilizaram deste modelo com sucesso. Segundo Rudio (1998) na pesquisa

descritiva o pesquisador procura conhecer, descrever e interpretar a realidade sem nela

interferir para modificá-la. Porém, faço aqui uma ressalva de que esta “não interferência” não

deva comprometer as questões éticas ou a integridade física dos sujeitos envolvidos na

pesquisa. Além disso, é importante dizer que esta ação não pretende a neutralidade 23. Apenas

ressaltamos que as possíveis interferências não podem ser por ação intencional do

pesquisador.

3.2 Sujeitos:

Os sujeitos da presente dissertação são os profissionais de saúde de nível superior,

independente de sua formação acadêmica, que trabalham com Reprodução Humana e que

atendam homens com dificuldade de procriar nos cenários escolhidos para a presente

pesquisa.

Julgamos necessário determinar alguns critérios para inclusão dos participantes de

modo a favorecer a construção de grupos de pertenças, estes critérios foram baseados na

23
Em pesquisas qualitativas não há possibilidade de se alcançar a neutralidade, pois a própria presença do
pesquisador no campo de pesquisa já determina interferência nos sujeitos da pesquisa, determinando mudanças
em sua postura, em seu modo de agir e inclusive em suas relações interpessoais
Página 89 de 173
literatura e norteados pela experiência vivenciada nesta área de atuação, durante um “período

de aproximação24” com o campo em um dos cenários:

a) Profissionais de saúde de nível superior, que atendam diretamente homens com

diagnóstico médico de causas de infertilidade classificadas como masculinas ou dupla25

para dificuldade de ter filhos – Os homens que vivenciam a experiência da busca por

assistência na área da infertilidade experimentam um vivenciar para o qual não foram

preparados – muitas vezes é preciso compactuar sentimentos e experiências que nem

eles mesmos, nem os profissionais de saúde, conhecem bem; O critério de profissionais

de saúde de nível superior foi estipulado devido o atendimento a esses casais e/ou

homens nesses serviços públicos serem feitos por profissionais como enfermeiros,

médicos, assistentes sociais, psicólogos, educadores tanto coletivamente como em

consultas individuais periódicas. Neste contexto, a experiência do atendimento direto a

esse segmento de clientes tornar-se elemento de composição para a representação social

destes profissionais sobre a vivencia da infertilidade masculina.

b) Estar trabalhando com a especialidade da reprodução humana a pelo menos hum (01)

ano. Este critério pressupõe um tempo mínimo para que os profissionais adquiram

experiências e vivências dentro do universo da situação de infertilidade, fator primordial

para que os sujeitos adquiram uma espessura social assim como uma relevância cultural,

aspectos fundamentais para um estudo de representações sociais (SÀ, 1998). – A

experiência do atendimento direto aos clientes pode tornar-se elemento de composição

para a representação social destes profissionais sobre a vivencia dos clientes, sendo

diferente para quem já trabalha a mais ou a menos tempo com o processo de

paternidade. Pressupomos que os profissionais com maior experiência terão maior

24
Durante os meses de abril, maio e junho, com autorização da direção de um dos hospitais onde os dados serão
coletados, foram realizadas 12 (doze) visitas ao Ambulatório de Reprodução Humana, no horário de atendimento
da clientela para conhecer melhor os fluxos do setor e para aproximar-se da equipe e da clientela.
25
A infertilidade conjugal é dita dupla, quando ambos os cônjuges, ou elementos do casal apresentam
dificuldades para procriar.
Página 90 de 173
espessura social em suas representações relacionadas a expectativa e a vivência dos

homens frente à situação de infertilidade por eles vivenciada;

c) Aceitar e autorizar a realização de entrevista gravada em formato magnético tipo MP-3

ou similar para a pesquisa – cumprindo o que determinam as normas para pesquisas

com seres humanos da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), do

Conselho Nacional de Saúde (CNS), Brasil (1996), é necessário que os pesquisados

autorizem a coleta de dados a partir da sua vivência através da assinatura de um “termo

de consentimento livre e esclarecido” que fica guardado com o autor por 05 (cinco)

anos.

Também julgamos necessário determinar alguns critérios para exclusão dos

profissionais de saúde de nível superior que trabalhem nos serviços onde os dados estão sendo

coletados, nossos sujeitos. Estes critérios visam evitar a inclusão de sujeitos com

características semelhantes às daqueles que serão incluídos, mas que também possuem

características que poderiam comprometer a construção de grupos de pertenças, estes critérios

também foram determinados com base na literatura e norteados pela nossa experiência

durante a etapa de aproximação com um dos cenários de pesquisa26 e por nossa vivencia nesta

área:

a) Profissionais de Saúde de nível superior porém que não tenham contato direto e/ou de

atendimento com esses homens como é o caso de biólogos e biomédicos que lidam

apenas com o desenvolvimento de células e de embriões;

A amostra será composta de um número tal de elementos que permita a saturação

pelo critério de homogeneidade ampla27.

26
Idem à nota 25.
27
Consideraremos homogeneidade ampla, nesta pesquisa, a definição de acordo com o que propôs Minayo
(1993), e, brilhantemente defendido por Turato (2003). Isto é, um número de depoentes, tal, que permita ao
pesquisador encontrar discursos com mais semelhanças do que diferenças. A partir daí o pesquisador realiza
mais algumas entrevistas e para, passando a etapa posterior de seu estudo.
Página 91 de 173
Sobre o tamanho da amostra em pesquisa qualitativa, o pesquisador não deve defini-

la antes da entrada em campo ou mesmo no início da coleta de dados como quem detém

afirmações ou conhecimentos anteriores à experiência, pois ele conta com a opção

metodológica de trabalhar com a amostragem proposital. Não faz sentido citar quantas

pessoas foram entrevistadas quando se recorreu à amostragem por saturação. Segundo Turato

(2003, p. 35)

[...] o pesquisador fecha o grupo quando, após as informações coletadas com


um certo número de sujeitos, novas entrevistas passam a representar uma
quantidade de repetições em seu conteúdo. Neste modo, o grupo a ser
estudado deve guardar, em seu interno, indivíduos reunidos pelo critério que
denomino „homogeneidade ampla‟, situação correspondente a uma soma de
características/variáveis em comum a todos os sujeitos que compõem a
amostra. O pesquisador, entendendo que novas falas passam a ter acréscimos
pouco significativos em vista dos objetivos inicialmente propostos para a
pesquisa, decide encerrar sua amostragem (TURATO, 2003, p. 35).

Caso não seja possível alcançar um número expressivo de sujeitos nos cenários de

pesquisa, devido às razões já discutidas, optaremos por utilizar a técnica de “bola de neve28”

para chegar a um número de sujeitos tal que nos permita desvelar as representações sociais a

partir de um ou de mais de um grupo de pertença. Neste caso abdicaremos do critério de

homogeneidade ampla.

3.3 Campos / Cenários:

28
Chamamos aqui de “técnica de bola de neve” a forma de captação de depoentes na qual um depoente que
participa da pesquisa indica um ou mais possíveis depoentes por sua afinidade, o que facilita sobremaneira a
abordagem, uma vez que na área da infertilidade há uma dificuldade especial para captar depoentes para
pesquisa por razões já discutidas.
Página 92 de 173
Este projeto de Dissertação está, a princípio sendo desenvolvido em dois campos de

pesquisa, a saber: o primeiro campo é o setor de ambulatório de reprodução humana assistida

de um hospital universitário federal de ensino especializado em Ginecologia, da cidade do Rio

de Janeiro, que é referência regional para reprodução humana e, onde foi realizada uma

primeira aproximação29 com os sujeitos do presente estudo, enquanto que o outro campo

trata-se de um hospital universitário estadual que realiza atendimentos em diversas

especialidades e que possui um ambulatório geral que também conta com serviço de

assistência à procriação. Este hospital também está situado na cidade do Rio de Janeiro, o

trabalho de pesquisa iniciou após autorização e consentimento por escrito da direção e do

conselho diretor de cada uma das instituições.

O primeiro hospital onde os dados para este projeto de dissertação estão sendo

coletados foi criado em 1938 e é pioneiro na assistência gratuita aos casais com problemas

relacionados à infertilidade conjugal no estado do Rio de Janeiro. Seu “Ambulatório de

Reprodução Humana” foi re-inaugurado em 2008, com um novo espaço e sua equipe foi

ampliada com profissionais altamente gabaritados nesta área. Carneiro Sobrinho (2009). Por

isso assume um papel de extrema relevância na construção e na propagação de novos saberes

e de novas tecnologias nesta área. Em sua planificação estratégica, está previsto o

atendimento a mulheres, homens e casais portadores de infertilidade conjugal com oferta de

serviços de média e alta complexidade.

As atividades iniciais que determinaram este projeto deveram-se às ações do

pesquisador relacionadas com o “Ambulatório de Reprodução Humana”, que ocorreram a

partir da aproximação deste com uma professora doutora, pesquisadora de uma escola de

enfermagem que atua em pesquisa em saúde da mulher, utilizando como abordagem a Teoria

das Representações Sociais. O fascínio determinado pelo contato do mestrando com a

29
Vide nota de rodapé 23.
Página 93 de 173
clientela do serviço e com a equipe interdisciplinar já existente no setor do hospital em

questão foram fatores determinantes para que o candidato arriscasse a se lançar como

pesquisador nesta área.

Enquanto que o outro campo (segundo hospital) tem sua história iniciada a partir da

década de 1930, quando, instala-se no país o Governo Revolucionário de Getúlio Vargas, que

nomeou o Dr. Pedro Ernesto Batista como interventor no Distrito Federal. A saúde sofre uma

grande reforma, com a assinatura da chamada “Reforma Pedro Ernesto”, em 1933, já como

Interventor Federal no Distrito Federal, inicia a implantação de Hospitais Regionais

Periféricos. Tais ações foram tomadas para prover a população da cidade, de uma rede de

assistência adequada à sua demanda, como continuação da reforma higienista do Prefeito

Pereira Passos e do sanitarista Oswaldo Cruz.

Em 1935, os vereadores autonomistas elegeram Pedro Ernesto Prefeito do Rio de

Janeiro, tornando-se o primeiro governante eleito da história da cidade, embora esta eleição

ainda tenha ocorrido de forma indireta30.

Este hospital foi inaugurado no ano de 1950, fazendo parte da rede hospitalar da

Secretaria de Saúde do então Distrito Federal. Em 1962, tornou-se o Hospital-Escola da

Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado da Guanabara (UEG).

No ano de 1965, foi incorporado à uma Universidade do Estado como Hospital das

Clínicas. Até então, suas atividades privilegiavam exclusivamente as questões acadêmicas de

ensino e pesquisa, com o acompanhamento e estudo de raridades clínicas e doenças em

estágio final de evolução.

Sua atual configuração arquitetônico-funcional possui cerca de 44.000 m2 de área

construída, onde são oferecidas 600 (seiscentos) vagas em leitos, havendo 16 (dezesseis) salas

cirúrgicas, onde são realizadas internações clínicas e cirurgias em mais de 60 (sessenta)

30
Nesta modalidade de escrutínio, os vereadores votam, e não, a população, em candidatos que, se eleitos,
assumem o cargo por um mandato eletivo.
Página 94 de 173
especialidades e sub-especialidades. Havendo ainda um prédio de ambulatórios, anexo ao

prédio principal, com 3.000 m2 de área construída, onde estão localizados 150 (cento e

cinqüenta) consultórios que concentram o atendimento ambulatorial de todas as

especialidades médicas e diversos serviços de outras categorias profissionais, neste

ambulatório está implantado o serviço de reprodução humana, que nos interessa nesta

pesquisa.

A escolha destes cenários se deve ao fato de ser, tanto um quanto o outro, serviços

públicos que oferecem atendimento gratuito de baixa complexidade a homens, mulheres e

casais inférteis ou com dificuldade para procriar, ambos estão com previsão de iniciar a oferta

de tratamentos de média e de alta complexidade. Sendo instituições de referência para este

tipo de tratamento e atuando com equipe multiprofissional e através de ações

interdisciplinares, o que contribui fortemente para o enriquecimento da experiência. Em

ambos os cenários encontramos profissionais de saúde das mais variadas formações e com

experiências as mais diversas em relação ao tempo. Fato que deve contribuir para a riqueza

dos depoimentos, o que já foi apontado por Festinger (1975) e mais recentemente discutido

por Melamed, Seger, Borges Júnior e cols. (2009). Esta medida parece-me de bom tom,

especialmente em se considerando que o presente projeto é uma pesquisa com aproximação à

TRS.

A propósito dos Campos/Cenários, é necessário ressaltar que, se os campos

escolhidos não permitirem um número expressivo de depoimentos, recorreremos à técnica de

bola de neve, e que, em se recorrendo à técnica de bola de neve, caso estes dois campos não

permitam alcançar um número de sujeitos que permita realizar a presente pesquisa,

deixaremos de considerar os Campos / Cenários propostos, uma vez que o uso da técnica de

bola de neve para captação de sujeitos não permite que se defina um ou dois Campos /

Página 95 de 173
Cenários, uma vez que o pesquisador precisará ir ao encontro dos depoentes, onde quer que

estes se encontrem.

3.3.1– Equipe Básica:

Entendemos ser importante evidenciar que, em todos os serviços que oferecem

atenção à saúde sexual e reprodutiva, quer seja naqueles que oferecem atenção primária ou

naqueles que oferecem atenção de maior complexidade, há sempre equipes composta por

profissionais de diversas áreas de formação. Estas equipes são mais, ou menos complexas, de

acordo com o tipo de serviço que oferecem, indo em uma escala ascendente, partindo dos

serviços que oferecem indução ou monitoramento, até aqueles que oferecem fertilização in

vitro (FIV), e outras técnicas mais complexas.

Os profissionais de saúde mais freqüentemente encontrados nas equipes deses duas

instituições são os médicos, representados por ginecologistas, urologistas, ultrassonografistas,

biomédicos e patologistas; o segundo grupo de profissionais mais freqüente são os biólogos;

seguidos pelos psicólogos, que estão presentes na maioria das equipes, os assistentes sociais

são comumente encontrados nos serviços públicos (não são freqüentes nas equipes de serviços

particulares). A enfermagem é representada por um grande número, entretanto apenas um

pequeno grupo é de enfermeiros, os demais são técnicos e auxiliares de enfermagem, que são

considerados ocupacionais, em virtude de ser sua formação técnica e não acadêmica, não

realizam consultas com a clientela. Enfim, há o grupo dos educadores, cuja formação pode

variar, uma vez que não há um curso superior específico para formação de educadores no

Brasil.

Página 96 de 173
Uma equipe básica é composta por um médico ginecologista, um médico urologista,

sendo um deles ou ambos especializados em reprodução humana; um médico

ultrassonografista; um biólogo, um psicólogo e, auxiliares de enfermagem.

As atribuições de cada um dos membros da equipe pode variar em virtude do tipo de

serviço que é oferecido, por razão da existência de profissionais especializados em algum

procedimento, ou pela presença de outros profissionais na equipe.

É muito comum, especialmente nos serviços públicos, que os profissionais se

ocupem de mais de uma atividade. Isto se dá por conta de haver dificuldade para que os

serviços públicos possam “contratar” profissionais com formação específica. Visto que a

entrada no serviço público, a partir de 1990, com a promulgação da Lei 9.112, só pode ser

feito através da realização de concurso público, amplamente divulgado.

Isto, de um lado moralizou a entrada de servidores públicos, porém, por outro lado

determinou um “engessamento” nas ações de contratações para composição de equipe nos

serviços, em especial, nos serviços que dependem de profissionais altamente especializados.

Como ressaltam Castro e Farias, (2006, p.395).

Todos os serviços que visitamos no período de realização da presente dissertação

apresentaram equipes compostas por um grande número de profissionais. Um aspecto

importante por nós observado foi a presença de “voluntários” nos serviços públicos.

Profissionais que oferecem seus serviços em troca da experiência que adquirem na área de

reprodução assistida.

A descrição das equipes de cada um dos cenários a seguir foi construída para

favorecer o entendimento acerca da definição do número e das características dos sujeitos do

presente estudo.

No Primeiro campo temos uma equipe composta por profissionais concursados,

contratados e voluntários, além de estudantes de graduação e pós graduação latu-senso e

Página 97 de 173
senso-estrictus. A saber: 3 (três) médicos; 3 (três) assistentes sociais; 2 (dois) psicólogos,

sendo que 1 (um) acumula a função de educador; 1 (um) enfermeiro e 1 (um) biólogo. Há

ainda 3 (três) estudantes de mestrado e doutorado; 3 (três) residentes de curso

multiprofissional; 6 (seis) residentes médicos, e 15 (quinze) alunos do curso de graduação em

enfermagem.

Neste cenário há ainda 3 (três) técnicos de enfermagem e 1 (um) auxiliar de

enfermagem.

O segundo campo conta com uma estrutura mais complexa no que tange às

instalações e com uma equipe maior de profissionais e de alunos. Porém é importante ressaltar

que este cenário se compõe de 3 (três) ambulatórios, a saber. O ambulatório de urologia, onde

são atendidos usuários portadores de patologias relacionadas ao aparelho uro-reprodutor

masculino; o ambulatório de ginecologia, onde são atendidas pacientes com problemas

relacionados ao aparelho reprodutor feminino e ao ambulatório de reprodução humana,

propriamente dito, onde são realizados atendimentos aos pacientes de ambos os ambulatórios

anteriormente citado.

A equipe deste campo é composta por: 11 (onze) médicos; 5 (cinco) assistentes

sociais; 2 (dois) psicólogos; 1 (um) biólogo; 12 (doze) enfermeiros; 6 (seis) estudantes de

mestrado e doutorado; 12 residentes de medicina; 12 (doze) alunos de graduação e 8 (oito)

alunos de graduação em enfermagem.

São 26 (vinte e seis) técnicos de enfermagem e 14 (quatorze) auxiliares de

enfermagem; Também há 9 (nove) técnicos administrativos e 3 (três) secretários.

Para a totalização das equipes foram considerados apenas os profissionais que atuam

diretamente com os usuários. Havendo outros profissionais que não lidam com a clientela.

Página 98 de 173
3.4 Técnica / Instrumento de Coleta de Dados:

Quanto às técnicas de coleta de dados, Sá (1998) ressalta que é difícil definir quais as

técnicas que melhor se adéquam à TRS, cada uma contemplando mais, ou melhor, uma ou

outra determinada perspectiva. É necessário que a técnica escolhida permita que o sujeito

interaja em relação ao objeto de representação, dando vazão à subjetividade, pois a

representação ultrapassa os limites da concretude, afirma Souza Filho (2003).

Acreditamos também que um conjunto de instrumentos permitirá captar, de forma

adequada, as informações necessárias e capazes de, a partir da triangulação das técnicas,

alcançar as respostas às questões norteadoras e aos objetivos propostos do presente projeto de

dissertação. Além de favorecer a validação por triangulação, o que já foi realizado em estudos

com aproximações com a TRS por Costa e Almeida (1991).

Nessa perspectiva, estamos utilizando mais de uma estratégia, buscando, através da

triangulação de procedimentos alcançar melhor os objetivos. Assim, para o procedimento de

coleta de dados utilizaremos as seguintes técnicas: a Associação Livre de Idéias (ALI)31; o

formulário para captação do perfil, a entrevista semi-estruturada e observação assitemática.

Entendemos que poderemos assim alcançar os elementos necessários para podermos observar

traços, aspectos e elementos do “senso comum” e do “inconsciente coletivo” que se façam

presentes nos discursos, seja através das evocações ou das ancoragens ou em qualquer outra

estrutura que possa estar presente no discurso do sujeito e, a partir destes procedimentos,

alcançar as “Representações Sociais” que identificamos no escopo do presente projeto.

31
Ao utilizar este procedimento, o pesquisador escolhe algumas palavras, que são denominadas “indutoras”, com
as quais espera evocar ligações entre os termos enunciados e os significados para o sujeito. O procedimento
baseia-se no simples registro, preferencialmente fonográfico do discurso do sujeito, após a evocação de idéias
pelo enunciado das palavras indutoras por parte do pesquisador. Para realizar esta técnica é necessário que o
pesquisador e o sujeito estejam em local reservado, livre de interferência de terceiros e que o sujeito se sinta à
vontade para discursar sobre o tema induzido pelo pesquisador.
Página 99 de 173
Segundo Queiroz (2008, p. 17) “O que se quer estudar é que vai guiar o tipo de representação

e esta a metodologia”.

Iremos detalhar, a partir de agora cada um dos instrumentos que estão sendo

utilizados.

a) O primeiro instrumento é um questionário cuja finalidade é permitir construir um

perfil dos sujeitos – para descrevê-los quanto aos dados clínicos, epidemiológicos e sociais –

além de favorecer a determinação dos grupos de pertenças após tratamento dos dados. O

formulário está sendo aplicado pelo próprio pesquisador, no momento de início da entrevista.

Nesta etapa, o pesquisador está permanecendo com cada um dos depoentes por um período de

aproximadamente 20 a 30 minutos. As variáveis utilizadas são: profissão; escolaridade; renda

familiar; religião; idade; conjugalidade; casa própria; carro; condições de lazer; fontes de

informações; formação educacional formal (pública / privada); dados sobre a atualização,

especialização ou residência se for o caso; tempo de atuação em serviço de reprodução

humana e tempo na função atual;

b) Após a aplicação do questionário aos depoentes, utiliza uma técnica, chamada

“Associação Livre de Idéias”, onde é pedido a cada depoente que fale até 3 palavras que vem

a sua mente quando escutam um termo indutor. Os termos indutores utilizado são:

“sexualidade”; “masculinidade”, “virilidade”; “paternidade” e “infertilidade”. Para esta

atividade, estamos utilizando uma prancheta32 de “palavras-tema”.

c) Após a aplicação dessa técnica projetiva, é então realizada a entrevista, utilizando

um instrumento de questionamentos semi-estruturados que apresenta um roteiro com

perguntas abertas e subjetivas sobre a temática, de modo a permitir aos participantes

discorrerem mais livremente sobre suas experiências, seu fazer e suas expectativas, no

32
Prancheta de palavras tema é um instrumento no qual o pesquisador registra as palavras que utilizará para
induzir o depoente a falar os termos que lhe vêm à mente após ouvir o enunciado do pesquisador, sem que tenha
tempo para elaborar suas idéias.
Página 100 de 173
atendimento aos homens com problemas relacionados ao processo de paternalização33. Este

instrumento é aplicado através de entrevista individual, seqüencialmente aos outros dois

procedimentos, tendo uma duração média de 40 (quarenta) a minutos. Nesta etapa buscamos

informações referentes à decisão de trabalhar com reprodução humana, o que pensam sobre os

homens com problemas relacionados à infertilidade; seus sentimentos e expectativas

produzidos por lidar com esta clientela; como definem a infertilidade masculina e como lidam

com essa clientela e sobre as expectativas de cuidados relacionadas aos tratamentos realizados

pela clientela.

A entrevista com uso de roteiro semi-estruturado, foi expresso por Triviños (1987, p.

146), e estamos plenamente convencidos de que podemos nos aproximar de sua experiência

sobre o assunto.

Ao mesmo tempo em que valoriza a presença do investigador, oferece todas


as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a
espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação. (TRIVINOS, 1987
p. 146).

É também Triviños (1987 p. 146) quem infere ainda que

Podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral, aquela que


parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses,
que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de
interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que
recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo
espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências, dentro
do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na
elaboração do conteúdo da pesquisa. (TRIVINOS, 1987 p. 146).

Neste aspecto diversos autores Moscovici, S. (1978), Moscovici, F. (2003), Sá (1998),

Spink (1993), Queiroz (2002) concordam que as representações sociais, segundo definição

clássica apresentada por Jodelet (1985) citada por Alexandre (2004), são modalidades de

33
Neologismo: Chamarei aqui de “paternalização”, o processo pelo qual o indivíduo assume a condição de pai,
independente de seu desejo ou da adequação ao papel determinado pela sociedade para esta representação.
Página 101 de 173
conhecimento prático orientadas para a comunicação e para a compreensão do complexo

contexto social, material e ideativo em que vive cada um dos depoentes.

Sobre a relevância do uso desses instrumentos, Associação Livre de Idéias e entrevista

semi-estruturada, nas pesquisas sobre representações sociais, importa refletir sobre as

considerações de Arruda (1993) que ilustra que a linguagem verbal é uma das formas mais

corriqueiras para alcançar as representações sociais. Nessa acepção, a linguagem é entendida

como um dos principais utensílios de construção e transformação do mundo cultural, tendo

função importante na investigação das representações sociais. Para além disso, Abric (1994)

infere que a coleta de dados por meio de entrevista consiste, ainda hoje, um método

indispensável em qualquer estudo sobre representações sociais. Portanto, acreditamos que as

técnicas são complementares pois, como Oliveira (1999) destaca, existe a necessidade de se

associar técnicas complementares a entrevistas em estudos de representações sociais com o

objetivo de controlar, recortar e aprofundar as informações obtidas.

As entrevistas e a ALI estão sendo gravadas, (com uso de equipamento que possibilite

o registro magnético em formato MP-3 ou similar), com o consentimento do entrevistado que

expressa sua permissão através de um documento de autorização para gravação da entrevista,

seguindo determinações legais.

Durante todas as etapas é realizada a observação assistemática, de modo a captar

aspectos não-verbais nos discursos dos depoentes. Que se refere ao procedimento

anteriormente enunciado. Esperamos assim poder registrar o atitudinal dos depoentes em

todas as fases da coleta de dados, pois acreditamos que a linguagem não-verbal seja de grande

importância para a nossa pesquisa, assim os gestos, os silêncios, as pantomimas, tudo possui

um significado. De acordo com Ludke & Andrade (1986) o uso da observação livre /

observação assistemática permite ao observador / pesquisador recorrer aos conhecimentos e

Página 102 de 173


experiências pessoais como auxiliares no processo de compreensão e interpretação do

fenômeno que esta sendo estudado.

Este procedimento, segundo Castro e Farias, (2006)

“também possibilita analisar a organização das sociedades e das


instituições, e sua dinâmica histórica e sua evolução, transformação e
desaparecimento. Reconstitui o encadeamento de processos sociais que
permitem investigações dos fenômenos (fatos e eventos), dentro de uma
perspectiva que possibilita o conhecimento e análise destes fenômenos, de
suas causas e de seus efeitos”. (CASTRO e FARIAS, 2006, p. 397).

A coleta de dados tem ocorrido sempre em local reservado e com horário agendado

com o sujeito conforme sua disponibilidade.

Por fim, utilizando mais de uma técnica para coleta de dados esperamos contemplar os

diversos aspectos relacionados à subjetividade da representação social do presente objeto de

estudo, alcançando as ancoragens e as dimensões das próprias representações dos depoentes.

A coleta de dados sendo realizada de mais de uma maneira permite complementar os dados

dos discursos como as formas não verbais de comunicação, o que pode ser esclarecedor de

aspectos velados nos discursos dos depoentes. (LISBOA, 1998 e DESLANDES, 1994).

Cabe ressaltar que a complementação de técnicas objetiva a triangulação dos dados.

Alves-Mazzoti, (2002) sustenta que a complementação se faz importante e necessária em

pesquisas qualitativas porque visa a maximizar a confiabilidade e credibilidade dos dados.

3.4.1 Adaptações Necessárias nos Instrumentos:

Após a realização das primeiras entrevistas e da aplicação dos primeiros

questionários aos depoentes, percebemos que havia a necessidade de realizar pequenas

Página 103 de 173


modificações nos instrumentos, tais modificações se mostraram necessárias para que se

pudessem alcançar opções para algumas assertivas que não estavam disponíveis para os

depoentes nos instrumentos, mas que foram apontados por eles, já nas primeiras entrevistas,

são elas.

No Instrumento de coleta de dados “Questionário”, foram realizadas as seguintes

inclusões:

No Item I, incluímos as opções: “nenhuma das alternativas” e “outras? Qual. Nas

alternativas sobre a raça declarada pelo Depoente.

No Item III, incluímos a opção, “aperfeiçoamento” nas alternativas sobre a pós-

graduação latu-senso.

No Item IV, foi incluída a opção “Passou a gostar depois que começou a trabalhar no

setor”. Dando como opções, as respostas: “não” e “sim”. Além de solicitar ao depoente que

explicasse, através da pergunta: “Por quê?”

Estas inclusões se deram, pois, houve uma dificuldade para que se definisse se os

depoentes trabalhavam no setor por opção ou por necessidade do serviço, uma vez que alguns

deles disseram ter sido levado ao setor por uma necessidade do serviço, mas responderam que

trabalham lá por opção. Entendemos que esta opção possa dar-se após o início das atividades

no setor, por esta razão incluímos a opção referida.

No Item VII, entendemos ser necessária a inclusão da expressão “ele ou ela” antes da

opção “Teve filho?” e das opções “Vias naturais” e por “Reprodução Assistida” após da

questão “Como foi” porá que ficasse claro sobre o que versava a questão.

Passamos a utilizar a gravação das respostas dadas pelos depoentes sobre as palavras

indutoras, por perceber que é bastante difícil registrar as respostas graficamente e

imediatamente durante seu enunciado e, ao mesmo tempo observar o atitudinal dos depoentes.

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Não houve necessidade de realizar modificações no Instrumento de coleta de dados

“Roteiro de Entrevistas”.

3.5 Etapas da Coleta de Dados:

A coleta de dados para o presente projeto de dissertação está ocorrendo em três

etapas. Julgamos serem estas etapas a melhor forma de organizar o processo de coleta.

A primeira etapa é a identificação dos possíveis depoentes, através de contatos

preliminares, afim de coletar informações que possam incluir os profissionais de saúde no

universo de pesquisa, de acordo com os critérios de inclusão e de exclusão deste projeto. Esta

etapa está sendo realizada pelo pesquisador, diretamente com os sujeitos. Além de importante

para determinar o número de sujeitos possíveis para o projeto, contribuirá para construir os

grupos de pertença, pois, o tempo de formação, se possui atualização, especialização ou

residência na área de reprodução humana ou de infertilidade, o que podem ser fatores de

diferenciação dos grupos de pertença.

Nesta etapa, o primeiro passo foi a ida aos cenários, estabelecendo uma ambientação

com a clientela e com os profissionais que lá atuam, além de ter a oportunidade de conhecer

melhor o espaço físico dos mesmos. Esta etapa ocorreu após autorização expressa dada pelos

diretores das instituições.

Disponibilizadas as instalações da primeira instituição, iniciei minha aproximação

com a equipe e com a clientela, tendo o cuidado de não estabelecer qualquer tipo de vínculo

com os possíveis futuros depoentes, uma vez que o projeto de dissertação ainda não havia

sido submetido ao comitê de ética da pesquisa. Também foi neste momento que surgiu a

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oportunidade de contatar com os demais elementos da equipe de saúde ali existente, auxiliares

e técnicos de enfermagem, a fim de conhecer melhor o serviço e suas particularidades.

A partir deste momento efetivamente considero que se iniciaram as etapas aqui

determinadas. Porém, foi neste momento que percebemos a necessidade de contar com mais

de um campo de pesquisa, uma vez que, de modo geral, parece haver um número reduzido de

profissionais de saúde que atendem aos homens com dificuldade para procriar efetivamente

assistidos neste serviço. Confirmando o que a bibliografia consultada e a referência

bibliográfica já haviam apontado como provável. Percebemos assim, que só um campo de

pesquisa não seria capaz de fornecer um número suficiente de depoentes para o desvelamento

de representação social.

Neste sentido, iniciamos um novo contato com a segunda instituição, onde houve a

necessidade de entrar mais uma vez com o projeto no Comitê de Ética própria daquele

hospital. Porém, mesmo com a demora inerente a todo o processo, começamos uma

aproximação com o campo, onde fomos muito bem aceitos e recebidos. No entanto o processo

de coleta de dados só se deu após a aprovação pelo referido Comitê de Ética.

3.6 Aspectos Éticos:

Assim, o presente projeto foi aprovação pelos Comitês de Ética da Pesquisa da

Escola de Enfermagem Anna Nery / Hospital Escola São Francisco de Assis da UFRJ

(CEP/EEAN/HESFA) e do Hospital Universitário Pedro Ernesto / Universidade Do Estado do

Rio de Janeiro (HUPE/UERJ), além de solicitar a autorização da direção e do conselho diretor

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de cada um dos hospitais onde os dados estão sendo coletados, respeitando e cumprindo o que

é preconizado pela Resolução 196/96 do CNS/MS (BRASIL, 1996).

No entanto, com certeza todo esse processo de iniciar em um novo campo gerou

atrasos no processo de coleta de dados.

Os dados referentes aos depoentes, que possam permitir sua identificação, terão o

sigilo sob a tutela e responsabilidade do Pesquisador e não serão, sob nenhuma hipótese,

divulgados, visando manter o anonimato dos entrevistados.

As entrevistas estão sendo autorizadas pelos depoentes, através da assinatura de um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que é lido e entregue uma cópia para o

sujeito, antes de serem realizadas.

Com relação ao anonimato dos sujeitos estão sendo utilizados codinomes aos

respondentes, de modo a preservar o sigilo de suas identidades. Conforme preconiza a

Resolução 196/96 (BRASIL, 1996).

Os Codinomes escolhidos foram expressões que representam as palavras “pai” e

“papai” em diversos idiomas. Não tivemos a preocupação de evitar aqueles que se

assemelham semântica ou foneticamente às palavras originais em português. Portanto foram

escolhidas as palavras: “AITA”; “AMA”; “APA”; “ATA”; “ATHAIR”; “AYAH”; “BABA”;

“CHA”; “DADDY”; “FAR”; “FATHER”; “ISA”; “ISI”; “MISSIER”; “OJCIEC”; “OTAC”;

“OTEC”; “OTECKO”; “PADRE”; “PAI”; “PAPA”; “PAPPA”; “PARE”; “PATER”; “TAD”;

“TATA”; “TATKO”; “TEVAS”; “VADER”; “VATER”. Foram relacionadas aos depoentes

em ordem seqüencial, observando a codificação das entrevistas e a ordem alfabética.

Todos os formulários, documentos e registros, assim como as gravações

permanecerão sob a guarda e responsabilidade do pesquisador pelo período de 05 (cinco

anos). Posteriormente, serão: desmagnetizadas as entrevistas e incinerados os documentos

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impressos. A Resolução 196/96 CNS/MS, Brasil, (1996, p. 7) determina que o pesquisador

deverá:

c) manter a guarda confidencial de todos os dados obtidos na execução de


sua tarefa e arquivamento do protocolo completo, que ficará à disposição das
autoridades sanitárias. (BRASIL, 1996, p. 7)

3.7 Análise dos Dados:

Posteriormente a coleta de dados, a ALI e as entrevistas estão sendo transcritas pelo

próprio pesquisador, lidas e relidas à exaustão, com a finalidade de encontrar as “Unidades de

Significado”, de acordo com a técnica de “Análise de Conteúdo de Bardin, as quais serão

futuramente, discutidas com base na fundamentação teórica.Para Lisboa (1998) a Análise de

Conteúdo de Bardin muito auxilia neste tipo de estudo.

Operacionalmente observaremos o que pressupõe Minayo (1993, p. 234)

A operacionalização da análise se dá nas seguintes etapas:


1) Ordenação dos dados: que inclui: a) transcrição das Gravações
magnéticas; b) releitura exaustiva do material; c) organização dos relatos em
determinada ordem, o que já pressupõe um início de classificação; d)
organização dos dados de observação também em determinada ordem de
acordo com a proposta analítica.
2) Classificação dos dados: que inclui a) leitura exaustiva e repetida dos
textos, prolongando uma relação interrogativa com ele. Esse exercício,
denominado “leitura flutuante” permite apreender as estruturas de relevância
dos atores sociais, as idéias centrais que tentam transmitir e os momentos-
chaves de sua existência sobre o tema em foco. Essa atividade ajuda a
estabelecer as categorias empíricas, confrontando-as com as categorias
analíticas teoricamente estabelecidas como balizadas da investigação,
buscando relações dialéticas entre ambas; b) Constituição de um “corpus” ou
de vários “corpi” de comunicação se o conjunto das informações não é
homogêneo. (MINAYO, 1993, p. 234).

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Os resultados serão apresentados de acordo com a seqüência das unidades de

significado com alguns recortes de transcrição de falas dos entrevistados a fim de ilustrá-los.

O método de “Análise de Conteúdo” de Bardin (2008) se organiza em torno de três

pólos cronológicos: a pré-análse, a exploração do material e o tratamento dos resultados, a

inferência e a interpretação.

A pré-análise, de acordo com Aguiar & Cabral, (2008) é constituída por três

momentos específicos. O primeiro é a escolha dos documentos, a segunda é a formulação das

hipóteses e dos objetivos e a terceira é a elaboração dos indicadores que irão fundamentar a

interpretação final.

Goldemberg & Otutumi (2008) inferem que a exploração do material é a fase mais

prolongada e exaustiva, subdividindo-se em codificação, etapa na qual o material é recortado

em unidades de contexto e de registro, que antecede à etapa de categorização, momento em

que o material é novamente avaliado, utilizando-se a exclusão mútua, a homogeneidade, a

pertinência, a objetividade, a fidelidade e a produtividade, requisitos para uma boa

categorização.

Seguindo o conceito exposto, a proposta central é analisar o material oriundo das

entrevistas, extraindo as idéias centrais, as ancoragens e as expressões-chave, a fim de

identificar um ou vários discursos-síntese, cujo enunciado tenham ocorrido na primeira pessoa

do singular.

Então, a partir da identificação das expressões chaves, as idéias centrais serão

cruzadas com os dados de identificação dos depoentes. Os grupos que possuírem semelhanças

entre suas representações e suas características serão os chamados “grupos de pertenças”, de

maneira a facilitar a identificação das representações sociais comuns a cada um dos grupos.

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3.8 Limitações do Estudo:

No presente estudo, acreditamos ser necessário ressaltar algumas situações

enfrentadas pelos pesquisadores, que determinaram mudanças no próprio desenvolvimento do

trabalho e que merecem ser ressaltadas.

Após o projeto já ter sido aprovado pela banca examinadora e ter sido aprovado em

ambos os comitês de ética, houve a necessidade da mudança dos sujeitos, em virtude da

dificuldade de captar os sujeitos que inicialmente estava proposto – os homens com

infertilidade.

Em uma primeira tentativa de realizar o presente estudo, com os sujeitos inicialmente

determinados, foi solicitado um período de prorrogação de prazo, à Coordenação de Pós-

Graduação e Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery. Entretanto, mesmo decorrido

este novo prazo não logramos êxito em nossas incursões. Sendo, deste modo, obrigados à

decidir pela mudança dos sujeitos.

É importante ressaltar que foram seis meses de tentativas, sem que houvessem

respostas positivas por parte dos homens, pois praticamente todos os que foram captados não

aceitavam assinar o TCLE e não se colocavam disponíveis para falar sobre o assunto da

infertilidade. Temos certeza que esta negativa se deu pelas características dos indivíduos

definidos como sujeitos.

O homem não tem características que lhes permita ou que lhe favoreça a verbalização

de suas angústias e de suas frustrações. Quando estas angústias e frustrações estão

relacionadas à sua capacidade de reproduzir, a questão se torna mais complexa, pois remete às

suas representações sociais relacionadas à sexualidade, à virilidade, à masculinidade e à

outras expressões imagéticas do “ser homem”, que são construídas e reforçadas, em nossa

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sociedade, ao longo de toda sua existência, e que se embasam, exatamente nos constructos de

força, virilidade, potência, capacidade, robustez e vigor. De certa forma, a possibilidade de

resistência à participação destes sujeitos já havia sido apontada pela literatura, e, por esta

razão, já era esperada por nós.

Tendo os prazos para qualificação e posterior defesa do relatório da dissertação

findados, decidimos mudar os sujeitos do estudo, não a temática, pois no inquietava a situação

da infertilidade masculina. Assim, optamos pelos novos sujeitos, os profissionais de saúde que

atendem a esse homem em situação de infertilidade, no seu cotidiano dentro dos serviços de

reprodução humana.

Desta forma, o presente projeto teve que passar por diversas revisões, incluindo-se as

de texto, do objeto de pesquisa, das questões norteadoras e dos objetivos. Além dessas

medidas entendemos que seria necessário cumprir a obrigatoriedade de se reapresentar o

projeto com o novo formato aos dois Comitês de Ética, o qual após mais um mês, foram

retificados e novamente aprovados.

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CAPÍTULO III

4 RESULTADOS PRELIMINARES:

4.1 Caracterização dos Sujeitos

Devido aos problemas já descritos na metodologia, onde reiniciamos a coleta de

dados com os profissionais de saúde em novembro, temos, até o presente momento, 10

sujeitos. Sabemos que para um estudo de RS este quantitativo é considerado ínfimo, e não

representa um número significativo para captar as representações sociais. Desta forma, o

processo de coleta de dados está ainda em andamento, porém vamos apresentar os dados

preliminares desse quantitativo de 10 sujeitos.

Passemos, agora, a uma breve observação dos dados referentes à caracterização dos

depoentes, lembramos que não temos a pretensão de dar tratamentos estatísticos requintados,

pois estamos em uma fase preliminar de análise e utilizaremos tais recursos apenas para fazer

uma caracterização efetiva dos depoentes.

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Fonte: CASTRO, 2010.

De acordo com o gráfico 1, podemos observar que, dentre os depoentes, 8 (oito) são

servidores que trabalham no cenário 2, enquanto apenas 2 (dois) depoentes são funcionários

públicos que trabalham no cenário 1. Embora haja uma tendência marcante de depoentes que

trabalham no cenário 2, é necessário ressaltar que esta diferença deve-se ao fato de haver

ocorrido uma dificuldade maior para conseguir realizar entrevistas com sujeitos relacionados

ao cenário 1, que é também o campo que conta com um número menor de profissionais,

qualquer que seja a profissão em questão, embora possua uma gama maior de profissionais,

isto é, profissionais de formações mais variadas. Trabalharemos para que o número de

depoentes seja semelhante nos dois campos de pesquisa.

Quanto à idade dos depoentes, podemos ver, de acordo com as dados do gráfico 2,

que está varia pouco, indo de 32 anos até 50 anos, com média de 40,8 anos; desvio médio de

3,6 anos; e desvio padrão 5,03 anos; moda 39 anos e variável de 25,3 anos.

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Fonte: CASTRO, 2010.

O gráfico 3 mostra a distribuição dos depoentes de acordo com a religião que estes

declararam, como vemos a seguir.

Fonte: CASTRO, 2010.

Em relação à religião professada, temos que 5 (cinco) se declararam católicos, sendo

a religião mais freqüentemente declarada pelos depoentes, 2 (dois) se declararam evangélicos,


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2 (dois) declararam não professar religião e 1 (um) declarou ser espírita. A ausência de

algumas religiões de grande número de adeptos se deve, provavelmente, ao pequeno número

de depoentes, o que esperamos resolver em breve. É importante ressaltar que o fator religião

não será um determinante para a presente pesquisa.

Fonte: CASTRO, 2010.

O gráfico 4, acima, demonstra que foram realizadas 10 (dez) entrevistas. Deste total

de sujeitos entrevistados, 4 (quatro) são enfermeiros, 4 (quatro) são médicos e 2 (dois) são

assistentes sociais. É importante ressaltar que não há, neste primeiro grupo de sujeitos,

nenhum psicólogo, nenhum educador, nenhum biólogo e nenhum biomédico, embora nas

equipes dos serviços visitados haja psicólogos e biólogos, esta ausência de alguns

profissionais deverá ser corrigida. Esperamos apresentar um quando de depoentes com certa

proporcionalidade entre a profissão dos depoentes.

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Fonte: CASTRO, 2010.

O gráfico 5 apresenta a distribuição dos depoentes segundo a raça declarada, como

podemos ver, dentre os sujeitos da presente tivemos 7 (sete) que declararam-se brancos, 1

(um) não declarou sua raça, 1 (um) declarou-se pardo e 1 (um) declarou-se mestiço.

Ressaltamos que foi dado como opção declarar outra raça e que, neste caso era inquirido ao

depoente, qual, dando oportunidade de responder o que lhe conviesse.

Fonte: CASTRO, 2010.

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Quanto a conjugalidade, podemos observar que 6 (seis) se declararam casados, 2

(dois) declararam-se solteiros, 1 (um) declarou-se “amigado” e outro declarou-se viúvo,

conforme demonstra o gráfico 6. É necessário ressaltar que embora a condição “amigado” não

seja um estado civil de fato, foi declarado por um dos depoentes na opção outros, quando o

depoente podia declarar qual é a sua condição atual em relação a convivência ou a união com

parceiros.

Fonte: CASTRO, 2010.

O gráfico 7 demonstra a distribuição dos depoentes segundo o nível de instrução

mais alto por eles alcançados, quanto ao aspecto educacional formal, podemos observar que

somente 1 (um) depoente não possui formação em nível de pós-graduação, havendo 1 (um)

que possui pós em nível de atualização, 2 (dois) que possuem especialização e 3 (três)

possuem residência; além destes, percebemos que 1 (um) possui doutorado e 2 (dois) possuem

mestrado. Sendo, portanto, 6 (seis) possuidores de pós lato-sensu, 3 (três) possuidores de pós

sensu-stricto e 1 (um) que não possui pós. Entretanto, nem sempre a pós dos depoentes têm

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relação com sua atividade na área de reprodução humana. Se observarmos os dados a seguir,

que estão apresentados no gráfico 8.

Fonte: CASTRO, 2010.

O gráfico acima (gráfico 8), apresenta a distribuição dos depoentes quanto à

formação específica em reprodução humana ou em infertilidade, nele observamos que: 4

(quatro) depoentes não possuem formação relacionada à área específica recebida durante a

pós, 3 (três) possuem formação em reprodução humana efetivamente, entretanto, não foi

questionada que formação é esta, enquanto 1 (um) declara ter formação em sexualidade, 1

(um) em Injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ISCI)34 e 1 (um) em diversas áreas

de conhecimentos relacionadas à reprodução humana e infertilidade.

34
A Injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI), consiste na injeção de um único espermatozóide no
citoplasma do ovócito, evitando assim as dificuldades do processo natural em que espermatozóide tem que
passar a "barreira" do ovócito para nele penetrar.

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Fonte: CASTRO, 2010.

O gráfico 9, nos permite observar a distribuição dos depoentes a partir do tempo de

formado em nível superior declarados pelos profissionais entrevistados, estes dados

demonstram que, o profissional que possui menos tempo de formação superior, informa ter 4

(quatro) anos de formado, enquanto que o que informa maior tempo de formado, declarou ter

24 (vinte e quatro) anos de formação superior, a média de tempo de formação superior ficou

em 12,2 anos, com desvio médio de 6,48 anos e desvio padrão de 9,29 anos, a moda é de 8

anos, com duas ocorrências e a variável é de 38,16 anos, demonstrando uma dispersão muito

grande. O que aponta para o fato de que tais profissionais têm experiência em relação às suas

carreiras.

Entretanto, quando se passa para a observação do tempo de formação na área

específica, (gráfico 10), observamos que a moda ocorre no menor tempo possível de

formação, 1 (um) ano. Isto pode ser um viés, uma vez que os profissionais com menos de um

ano de atividade não puderam participar da pesquisa, pois um dos critérios de inclusão era que

possuíssem pelo menos 1 (um) ano de formação na área. Entendendo que, sem este critério,

poderíamos ter uma moda com tempo de formação ainda menor. Ainda sobre este aspecto

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percebemos que o maior tempo de formação é de 12 (doze) anos. A média ficou em 3,4 anos,

com desvio padrão de 3,90 anos e desvio médio de 2,74 anos, enquanto a variável ficou em

11,44 anos.

Fonte: CASTRO, 2010.

Observando a tabela 1, apresentada a seguir.

Tabela 1 - distribuição dos depoentes segundo motivo de atividade em

Reprodução Humana / Infertilidade

Opção f
sim 10
Não 0

Total 10
Fonte: CASTRO, 2010.

Podemos perceber que todos os depoentes declaram trabalhar nesta área por opção.

Entretanto os dados são conflitantes, quando comparados com os discursos das entrevistas.

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Uma vez que muitos afirmaram terem sidos levados aos serviços por necessidade da própria

instituição, o que se configura não ser opção do próprio servidor.

Fonte: CASTRO, 2010.

Ao observarmos os dados do gráfico 11, percebemos que apenas 2 (dois) dos

depoentes declaram não ter outro emprego, enquanto 8 (oito) alegam possuir pelo menos um

outro emprego.

Tabela 2 - distribuição dos depoentes segundo declaração de parentes com

problemas relacionados à Reprodução Humana / Infertilidade

Parente Infértil f
sim 5
Não 5

Total 10
Fonte: CASTRO, 2010.

A tabela 2 nos apresenta a distribuição dos depoentes quanto a declaração da

existência de parentes com problemas relacionados à infertilidade ou à reprodução humana.


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Vemos que a distribuição é uniforme, com 5 (cinco) depoentes que declaram ter parentes com

problemas e 5 (cinco) que declaram não possuir parentes com problemas de infertilidade,

entretanto, 1 (um) destes depoentes declarou ter, ele próprio, vivenciado a situação com

problemas relacionados à infertilidade, enquanto naquele grupo não houve essa situação.

4.2 Associação Livre de Idéias:

Neste capítulo apresentaremos os enunciados dos depoentes do estudo, que desvelam

as representações a partir dos termos evocados livremente por eles, frente aos termos

indutores, conforme técnica de Associação Livre de Idéias (ALI). De acordo com o que foi

proposto no capítulo que retrata a metodologia.

Foram definidas 5 (cinco) palavras indutoras, a saber, pela ordem de apresentação

aos depoentes: 1 – “Sexualidade”; 2 – “Masculinidade”; 3 – “Virilidade”; 4 – “Paternidade” e

5 – “Infertilidade”.

As respostas evocadas pelos depoentes foram distribuídas em tabelas de modo que,

as mais precocemente evocadas foram colocadas na parte superior da tabela e aquelas

evocadas mais tardiamente foram colocadas mais para baixo. Após esta primeira etapa foram

agrupadas em categorias, deste modo, as categorias com respostas evocadas mais

freqüentemente foram colocadas para cima e as que apresentaram menor freqüência de

evocação foram apresentadas na parte inferior da tabela.

Deste modo, a distribuição das categorias nas tabelas obedeceu em primeiro lugar a

temporalidade das evocações seguindo ainda o critério de freqüência para organizá-las.

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Os enunciados e as categorias superiores foram as evocadas mais precocemente e são

mais freqüentes enquanto que na base estão os enunciados e as categorias com evocações

mais tardias e menos freqüentes.

Os enunciados contidos nas tabelas, que deram origem às categorias são, no nosso

entender, constructos que contribuirão para desvelar as representações dos sujeitos, ou

conteúdos afetivos e cognitivo-avaliativos, conforme destaca Silva, Moura e Silva (2007).

Passemos, portanto, a proporcionar a análise dos resultados obtidos com a aplicação

dessa técnica.

Iniciaremos pelos enunciados obtidos pela evocação livre por meio da apresentação

do termo indutor “Sexualidade” que foram agrupados em 6 (seis) categorias conforme a tabela

3 a seguir:

4.2.1 Tabela 3 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir

do termo indutor – Sexualidade

Sexualidade Categoria freqüência


Alegria 1 Aspectos
Amor 3 ligados aos
Auto –estima 2 sentimentos
Felicidade 1 positivos 07
Feminino 1
Feminismo 1 Aspectos
Mulher 1 ligados ao
Gênero 1 feminino 04
Tabú 1 Aspectos
Comportamento 3 Ligados ao
Conduta 1 Comportamento 05
Atrapalhada pela infertilidade do casal 1 Aspectos ligados
Não vivida plenamente 1 à negatividade
Fica em Segundo plano 1 da Infertilidade 03
Sexo 2
Sexual 1
Beleza 4
Perfeição 2 Aspectos ligados
Sex-appeal 1
Sexy 1 aos constructos
Volúpia 1
Puberdade 2 do objeto
Corpo 1
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Erotismo 1 de desejo
Olhares 1
Primeira Relação 1 18
Necessária 1 Relacionados à
Nem sempre ligada à Reprodução 1 negação do estado 02
Soma 39 Soma 39
Fonte: CASTRO, 2010.

A tabela 3 apresenta a distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes, a partir

da apresentação do termo indutor: “Sexualidade”.

Aqui foram construídos 6 (seis) “categorias” a saber: 1 – “Aspectos ligados aos

sentimentos positivos”, 2 – “Aspectos ligados ao feminino”, 3 – “Aspectos ligados ao

comportamento”, 4 – “Aspectos ligados à negatividade da infertilidade”, 5 – “Aspectos

ligados aos constructos do objeto de desejo” e 6 – “Relacionados à negação do estado”.

Estas categorias foram construída a partir dos 28 enunciados evocados pelos

depoentes, que totalizaram 39 ocorrências (n=39).

A primeira categoria, “Aspectos ligados aos sentimentos positivos” foi construída a

partir dos enunciados evocados mais precocemente e que desvelam uma representação da

masculinidade como algo relacionado com aspectos positivos. Foram levantadas 7 (sete)

ocorrências, representando 19,94% do total de ocorrências.

A segunda categoria construída, “Aspectos ligados ao feminino” deveu-se a

seqüência de suas evocações, apresentando baixa freqüência, 4 (quatro) ocorrências, o que

representa 10,25% das ocorrências.

Seguida, ainda em virtude da ordem das evocações, pela categoria 3 (três), “Aspectos

ligados ao comportamento”, que apresentou 5 (cinco) ocorrências, correspondendo a 12,82%

do total de enunciados.

A categoria 4 (quatro) possui um pequeno número de ocorrências e foi nomeada

como “Aspectos ligados à negatividade da infertilidade”, porém, seus enunciados foram

evocados antes daqueles contidos nas duas últimas categorias. Totalizou 3 (três) ocorrências,
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ou seja, 7,69% do total. A evocação dos enunciados desta categoria talvez aponte para um

contraditório como justificativa, de um comportamento de negação.

Enquanto que a categoria nomeada como “Aspectos ligados aos constructos do

objeto de desejo” foi a que congregou o maior número de enunciados e a maior freqüência,

com 18 (dezoito) ocorrências, representando 46,15% do total das evocações, entretanto estes

enunciados foram evocados mais tardiamente que aqueles contidos em categorias anteriores.

Na categoria “Relacionados à negação do estado” encontramos 2 (dois) enunciados e

2 (duas) ocorrências, correspondendo à 3,15% do total das ocorrências, tendo sido os

enunciados nela contidos, evocados mais tardiamente.

A primeira visão destes dados parece apontar para o fato de que as representações

evocadas por este termo indutor estão ligadas a comportamentos adotados diante da

sexualidade “conturbada” do homem infértil e da sua valorização, como mecanismo

compensatório da perturbação da sexualidade deste homem, bem como da existência de

dimensões transversais às diversas estruturas que se manifestam na construção da

representação desta sexualidade.

Melo e Santana, 2005, sobre a sexualidade corrobora

“Ela envolve um conjunto de valores pessoais e sociais, além de práticas corporais,


sendo uma forma de expressão que reflete o contexto sociocultural no qual o
sujeito está inserido e se desenvolve, além de estar associada à atividade sexual, à
dimensão biológica, íntima, relacional e subjetiva de cada indivíduo.” (MELO e
SANTANA, 2005, p. 150).

Para Oliveira, Gomes, Pontes e Salgado, 2009, a sexualidade é uma das grandezas

que moldam o ser humano, englobando: o gênero; a orientação sexual; o erotismo; o

envolvimento emocional; o amor e a reprodução.

Isto explica a evocação de termos presentes nas categorias aparentemente mais

contraditórias construídas a partir de enunciados evocados menos freqüentemente e mais

tardiamente nos discursos dos depoentes.


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Segundo Silva e Albertini (2007, p. 40), citando Nolasco (2001b), afirmam que,

“A representação do universo masculino está em crise. "Tarzan", arquétipo


do herói viril e lutador, já teria começado esse século decrépito e o gordo e
derrotado "Homer Simpson" seria o protótipo do homem médio, o oposto da
virilidade e sedução.” (NOLASCO, 2001b)

E continuam em seu raciocínio, afirmando que “Os homens estão expostos a um tipo

de morte: o fim da sua representação social”. Decorrência da derrocada da representação

social da masculinidade. Processo iniciado pela transição para o modelo de sujeito moderno.

Que determinou que tudo aquilo que representava o mundo dos homens entrasse em ruína.

Silva e Albertini (2007) Afirmam que a sexualidade é um dos pilares da

personalidade, componente da vivência de cada indivíduo, estando atrelada ao desdobramento

completo de cada indivíduo, constituindo um elemento que pode aproximar ou afastar o

sujeito de seu grupo ou do meio em que vive.

Podendo a sexualidade ser ainda um elemento que de um certo modo limita ou

amplia os relacionamentos do sujeito favorecendo ou comprometendo o equilíbrio emocional,

de modo a tornar mais, ou menos possível a manifestação de sentimentos por parte do

indivíduo. Sendo tudo isto dependente de uma boa evolução da sua sexualidade do indivíduo,

durante as etapas do seu desenvolvimento.

Passemos então para a análise do próximo termo indutor Masculinidade que

apresenta-se na tabela 4, abaixo:

4.2.2 Tabela 4 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir

do termo indutor – Masculinidade

Masculinidade Categoria freqüência


Físico 1
Força 4
Músculos 2 Relacionado
Potência 1 ao
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Robusto 1 físico
Vigor 2
Corpo 5 16
Coragem 2 Relacionado ao
Eficácia 1 papel social
Energia 2 do homem 05
Heterossexualidade 1
Homem 2
Macho 1
Marido 1
Varão 1 Remete
Gênero 1 ao
Reprodução 1 gênero
Virilidade 1 masculino
Estereótipo 1
Atração 2
Sedução 1
Imagem estereotipada 1 14
Desespero 1 Visão
Questão Altamente Complicada 1 negativa 02
Soma 37 Soma 37
Fonte: CASTRO, 2010.

Os dados apresentados na tabela 4 (quatro) referem-se aos enunciados que os

depoentes evocaram frente ao termo indutor “masculinidade”, podemos perceber que foram

construídas 4 (quatro) categorias, a partir destes enunciados desvelados, conforme

apresentadas.

O termo indutor “masculinidade” evocou 24 (vinte e quatro) expressões, totalizando

37 (trinta e sete) ocorrências (n=37).

A primeira Categoria: “Relacionado ao físico” congregou 16 (dezesseis) ocorrências,

com freqüência percentual de 43,24%, sendo a categoria com maior ocorrência, enquanto que

a Categoria: 2 (dois) “Relacionado ao papel social do homem” apresentou 5 (cinco)

ocorrências e freqüência percentual de 13,51%. É importante ressaltar que ambas remetem ao

estereótipo masculino tradicional – Tarzan – apesar de este estereótipo estar, segundo a

literatura, em franco processo de decadência em nossa sociedade.

Página 127 de 173


A Terceira Categoria, que se segue pela ordem das evocações é chamada de:

“Remete ao gênero masculino” com 14 (quatorze) ocorrências e freqüência percentual de

37,83%.

Há uma leitura que possibilita se propor uma aproximação das 3 (três) primeiras

categorias desveladas, porém, é importante se ressaltar que a terceira se distancia das duas

anteriores pela ausência de termos que induzam a um estereótipo tipificado por representações

tradicionais ligadas ao termo indutor, neste caso, a “masculinidade”. Porém, os enunciados da

terceira categoria evocam a qualidade existente empiricamente nos termos presentes nas duas

categorias anteriores.

O quarto grupo de enunciados foi agrupado na Categoria: “Visão negativa”,

apresentando 2 (dois) enunciados e 2 (duas) ocorrências, o que representa uma freqüência de

5,42% do total de enunciados.

Estes enunciados, que foram evocados mais tardiamente, não se aproximam muito do

que é a representação social do – ser masculino – segundo o senso-comum. Uma vez que tal

representação é construída carregada de elementos produzidos nas interfaces social-religiosa;

religiosa-cultural e cultural-econômica. Enquanto que os termos da categoria em questão

parecem se construir pela dificuldade representada para alguns indivíduos cumprirem seu

papel de acordo com as expectativas da sociedade.

Para Silva e Albertini (2007) “A masculinidade é construída social e historicamente;

é determinada pela religião, pela época, pelo lugar e pela sociedade em que o indivíduo está

inserido”.

A categorização dos últimos enunciados é importante por ser a única que traz

evocações efetivamente negativas. Como um marcador de uma oposição muito tênue ao senso

comum de que a masculinidade é posta naturalmente para os homens, não lhes causando

qualquer tipo de sentimento ou sensação relacionada com dificuldade ou negatividade.

Página 128 de 173


A idéia de Oliveira é que a masculinidade estrutura seus agentes para uma cadeia

preestabelecida de atitudes sociais, que se materializa no âmbito coletivo. Muitas são as

instituições responsáveis pela construção e manutenção deste capital social. A família é uma

das primeiras esferas sociais que ajudam na estruturação das relações de gênero, seguida pelas

instituições de ensino, religiosa, trabalhistas dentre outras.

Quando ocorre algum tipo de dificuldade para cumprir o papel esperado frente às

expectativas o indivíduo entra em um processo de sofrimento.

Lemos, 2007 sobre a masculinidade, discorre da seguinte forma:

“A masculinidade é uma esfera social fundamental para a organização da


sociedade, e para a manutenção do nomos, tanto que qualquer sujeito que nasça
com características físicas socialmente atribuídas aos homens, deve se representar
enquanto homem. Enquanto instituição social legitimada pelas ciências biológicas,
a masculinidade atinge o status legal e sagrado, ancorada pelas tradições sociais,
que cumprem a função de categorizar e normatizar os gêneros”. (LEMOS, 2007,
p. 23).

Não nos delongaremos neste aspecto, é importante apenas ressaltar que uma leitura

mais atenta pode desvelar aspectos ainda não aparentes. Mas isto pode ser feito em outro

momento.

Passaremos para a análise da tabela 5 referente a construção de categorias com os

enunciados evocados a partir do termo indutor: “virilidade”.

4.2.3 Tabela 5 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir

do termo indutor – Virilidade

Virilidade Categoria freqüência


Carnal 1
Ereção 2
Orgasmo 2
Voluptuoso 1 Vigor
Força 3 físico
Potência 2 do
Vigor 1 homem
Energia 1
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Corpo 1 14
Fecundidade 1
Fertilidade 2 Reprodução
Procriação 1 Humana
Reprodução 1 05
Coragem 1 Aspectos
Homem 2 culturais
Macho 1 do
Masculinidade 1 homem 05
Sedução 1
Sensual 3
Sensualidade 1
Comportamento 1
Imagem estereotipada 1 Sexualidade/sexo
Heterossexualidade 1
Sexo 1
Sexual 1
Atração 1
Busca incessante 1
Libertino 1
Questão cultural 1 14
Soma 38 Soma 38
Fonte: CASTRO, 2010.

Os dados apresentados na tabela 5 demonstram que, segundo os depoentes, a

virilidade está fortemente fundada em conceitos que remetem mais ao homem, ao sexo

masculino e à masculinidade do que a mulher, ao sexo feminino e a feminilidade. Esta forte

ancoragem tendendo para os aspectos do sexo e do gênero masculino demonstram haver um

senso comum que, coloca os homens como seres viris e as mulheres não tendo este direito

como algo inerente ao seu ente.

Isto pode ser uma informação que seja explicada pelo fato de que o senso comum

corrente sugira que a construção social da virilidade, assim como da masculinidade seja

“dada” pela simples condição biológica do indivíduo devendo, portanto, ser analisada, o que

parece ser mais acessível a partir do conceito de gênero.

Assim, gênero, masculinidade e sexualidade são elementos fundamentais para a

análise das representações desveladas a partir das categorias construídas com os enunciados

da tabela.

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Foram construídas 4 (quatro) categorias a partir dos 29 (vinte e nove) enunciados

evocados pelos depoentes que somaram 38 (trinta e oito) ocorrências. (n=38). É importante

ressaltar que cada depoente pode falar até 5 (cinco) enunciados para cada termo indutor como

em todos os outros termos.

Os dados demonstram que, na primeira categoria desvelada: “Vigor físico do

homem” encontramos 9 (nove) enunciados, com 14 (quatoze) ocorrências, representando

freqüência de 36,84%.

A segunda categoria: “Reprodução Humana” apresenta 4 (quatro) enunciados e 5

(cinco) ocorrências, representando freqüência percentual de 13,16%.

Esta categoria é composta por enunciados que remetem ao processo de reprodução,

ou seja, a um dos possíveis efeitos relacionados, ao menos em tese, ao exercício de uma das

atividades atribuídas à virilidade do indivíduo.

Trazendo ainda à luz, uma alusão à genitalidade, que merece ser discutida, mas que

faremos em breve, no momento ficaremos com a conceituação de Lemos, 2007, descreve

como:

A genitalidade refere-se apenas aos órgãos da reprodução, localização


última das satisfações eróticas na etapa da adolescência e na vida adulta,
enquanto que a sexualidade inclui também aspectos afetivos, eróticos,
amorosos, entre outros aspectos que estão relacionados à história de vida e
valores culturais, constituindo os três componentes da identidade sexual:
identidade de gênero, papel de gênero e orientação sexual. (LEMOS, 2007,
p. 39).

As duas categorias possuem um estreito e íntimo meado, que conduz às questões de

gênero masculino. Neste sentido, seria o gênero masculino possuidor das característica

presentes na primeira categoria e um canal de acesso ao direito de apropriar-se das

capacidades presentes na segunda categoria. Podemos fundamentar esta assertiva em Lemos,

2007, que, neste sentido afirma:

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“As teorias de gênero têm a capacidade instrumental de fornecer elementos
para compreensão de como as relações sociais de sexo estão estabelecidas.
A imposição desse ideal hegemônico de masculinidade é constituída a partir
da oposição à mulher, no momento em que a diferenciação dos sexos é
fundamental para provar a condição de “macho masculinizado”. (LEMOS,
2007, p. 35).

A categoria 3 (três) “Aspectos culturais do homem” apresenta agrupados os

enunciados que ancoram o conceito de virilidade aos aspectos culturais determinantes desta

representação. Possuindo 4 (quatro) enunciados, com 5 (cinco) ocorrências, o que representa

uma freqüência percentual de 13,16%. Idêntica à freqüência da categoria anterior, porem

construída com enunciados mais tardios do que aqueles.

A quarta e última categoria construída com os enunciados evocados a partir deste

termo indutor: “Sexualidade / sexo” é a categoria com maior número de enunciados possuindo

12 (doze) enunciados e possui freqüência idêntica à primeira categoria, 14 (quatorze)

ocorrências, isto representa uma freqüência percentual de 36,84%.

Esta categoria ancora-se na identidade sexual masculina, o que contribui para a

confirmação da tendência de que o senso comum consagrou a virilidade como uma

característica do gênero masculino, portanto, do homem. Isentando as mulheres desta

característica.

Para Lemos, 2007, “Identidade de gênero é a convicção íntima de cada um quanto ao

sexo a que pertence (masculino - feminino), independente da forma do corpo”. O que nos

facilita o entendimento de que a virilidade é uma característica essencialmente masculina.

Passemos à análise da tabela 6.

4.2.4 Tabela 6 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir

do termo indutor – Paternidade

Paternidade Categoria freqüência


Acalanto 1

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Afeição 1
Afeto 1
Amigo 1
Amor 2
Amparo 1
Atenção 2 Sentimentos
Bondade 1 paternos
Carinho 2
Conversa 2
Generosidade 1
Ternura 2 17
DNA 1 Relacionado
Geração 1 à geração/
Pai 3 parentesco 05
Prevenção 1 Relacionado
Prudência 1 ao
Proteção 3 Papel
Punição 1 social
Respeito 1 do
Responsabilidade 3 pai 10
Assustador para o homem 1 Gera
Fixa o homem 1 mudança
Sensibiliza o homem 1 no
Aprendido 1 homem 04
Gestantes 1 Próximo ao
Maternidade 1 conceito mãe 02
Soma 38 Soma 38
Fonte: CASTRO, 2010.

Nesta tabela apresentamos as categorias construídas a partir dos dados coletados pela

aplicação da prancheta com do termo indutor: “Paternidade”.

Podemos observar que foram construídas 6 (seis) categorias, a partir dos 27

enunciados, que totalizaram 38 ocorrências (n=38), a saber:

A primeira categoria “Sentimentos paternos” congrega os enunciados referentes aos

sentimentos positivos ligados à paternidade. Nela vemos 12 (doze) enunciados, que somam 17

(dezessete) ocorrências, o que representa 44,73%. Esta alta freqüência de significados que

remetem aos sentimentos paternos positivos pode apontar para uma diferenciação na

construção histórica que a sociedade estabeleceu para Paternidade. Demonstrando que a

imagem da representação está se afastando do constructo baseado na austeridade e autoridade

pelo poder coercitivo. Deste modo, a paternidade já estaria hoje, remetendo à uma elaboração

imagética positiva mais próxima do constructo que o senso comum estabelece para a

representação social de mãe.


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Isto fica bem estabelecido pela freqüência dos enunciados, mesmo com um número

reduzido de depoentes percebemos um elevado número de repetições em razão do total, pelo

número de evocações que é de quase a metade do total das evocações e por terem sido elas

emitidas muito precocemente, neste aspecto.

Estes fatos sugerem que está ocorrendo uma mudança de fato na representação social

da paternidade.

Lemos, 2007, é categórica ao afirmar:

“A eficácia da representação não está na forma como os indivíduos


desempenham suas habilidades socioculturais, mas na expectativa que a
sociedade e a religião depositam para que desempenhem as funções
esperadas”. (LEMOS, 2007, p. 33).

A segunda categoria desvelada foi denominada “Relacionado à Geração/Parentesco”

e trás em si o conceito de semelhança genética, ou geração, no sentido de continuação

parental. Aquele que carrega em si algo de seus ancestrais.

Esta categoria, apresentando 3 (três) enunciados, com 5 (cinco) ocorrências e

freqüência percentual de 13,16%. Ela categoria remete a um dos fatores mais importantes para

a construção do conceito família dos indivíduos que buscam a reprodução assistida como

alternativa para compor sua família, sejam eles homens ou mulheres. A literatura mostra que

esta relação é um dos elementos mais citados nos discursos daqueles indivíduos com

dificuldade de procriar quando argumentam contra a adoção.

Nos denominamos a terceira categoria como: “Gera mudança no homem” apresenta

esta 4 (quatro) enunciados que foram evocados mais tardiamente e que totalizaram 4 (quatro)

ocorrências, com freqüência percentual de 10,52%.

Esta categoria desvela assim, a estreita afinidade entre paternidade e

responsabilidade, que é a representação mais tradicional de “paternidade” opondo-se a

afinidade desvelada pela primeira categoria desta tabela, que é relacionada à construção da

Página 134 de 173


maternidade e dos sentimentos positivos que foi desvelado pelos discursos dos depoentes na

presente pesquisa.

A última categoria desta tabela, chamada de: “Próximo ao conceito mãe” teve seus

enunciados evocados mais tardiamente do que as três anteriores, porém corrobora fortemente

com a idéia de que a representação social da paternidade está deslocando seu núcleo, ou pelo

menos consolidando as mudanças em sua periferia. Tal categoria foi composta por 2 (dois)

enunciados e 3 (duas) ocorrências, com freqüência de 5,26%.

Ressaltamos que esta categoria trás um conjunto de elementos que também remetem

aos sentimentos, pois, embora não seja explícito, estão presentes nos discursos dos homens

sobre a procriação, através da imagem do senso comum de mãe. Pode ser também que estes

enunciados estejam apontando para a dificuldade que estes depoentes acreditam que os

homens possuem para assumirem o papel a eles imposto pela sociedade frente a constituição

de uma família, ou a adoção (no sentido de assumir) a imagem de pai frente à sociedade.

Parece-nos claro, por tudo que já foi exposto que os enunciados desta categoria são

construídos pela ancoragem da paternidade em uma oposição – paternidade X maternidade –

indicando que ainda que muito embrionariamente, já podemos afirmar que há, nos discursos

dos depoentes um olhar de aproximação aos papéis do “pai” e da “mãe”.

A ressalva necessária é quanto ao número de evocações desta categoria, pois só

possui 2 (dois) enunciados e, a baixa freqüência, pois soma apenas 2 (duas) ocorrências,

representando uma baixa freqüência.

Por fim, analisamos a última tabela construída pela evocação livre frente ao termo

indutor “Infertilidade”. Os enunciados também foram agrupados em 4 (quatro) categorias

conforme demonstrado na tabela 7 a seguir:

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4.2.5 Tabela 7 - Distribuição dos enunciados emitidos pelos depoentes a partir

do termo indutor – Infertilidade

Infertilidade Categorias freqüência


Aflição 2
Agonia 2
Amargura 1 Sentimentos
Angustia 1 negativos
Ansiedade 2 gerados
Desespero 2 pela
Desilusão 1 condição de
Expiação 1 infertilidade
Tristeza 4
Desesperança 2 18
Ausência 1
Decepção 1 A
Desapontamento 1 Inferioridade /
Falta de Realização 1 o
Fracasso 1 fracasso
Inferioridade 1 06
Impotência 2
Doença 3 Doença
Dor 3 física
Tentativa 2 e biológica 10
Gravidez 1 Ligação com
Relações sexuais 1 a reprodução
Filho 1 humana 03
Soma 37 Soma 37
Fonte: CASTRO, 2010.

Os dados apresentados na tabela 7 foram coletados por meio de evocações livres ao

termo indutor “infertilidade”, isto é, referem-se às categorias construídas a partir dos

enunciados dos depoentes frente à visualização da palavra indutora: “Infertilidade”.

Perceba que foram registrados 23 (vinte e três) enunciados, com um total de 37

(trinta e sete) ocorrências. (n=37).

A primeira categoria desta tabela foi denominada: “Sentimentos negativos gerados

pela condição de infertilidade” é a categoria que apresenta maior número de enunciados, com

10 (dez) e é também, a que possui maior número de evocações, com 18 (dezoito),

representando uma freqüência de 48,65%. É também a que trás os enunciados que surgiram

mais precocemente nas falas dos depoentes, representando a categoria mais nuclear das

representações evocadas aqui, o que denota quão grande é a relação existente entre
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“infertilidade masculina” e “sofrimento humano”, remetendo, portanto a uma ancoragem

muito forte neste sentido.

A segunda categoria construída com os enunciados evocados nesta tabela foi

denominada: “A inferioridade / o fracasso”, embora seja a segunda por ordem de evocação e

possua um número de evocações relativamente grande, como vemos na tabela, 6 (seis)

evocações. Seu número de ocorrências é baixo, 6 (seis) ocorrência, por esta razão sua

freqüência também o é, correspondendo à 16,22% do total.

A terceira categoria desvelada possui números absolutos mais expressivos do que a

categoria que a antecedeu. A categoria foi denominada: “Doença física e biológica”,

entretanto esta não é a categoria com evocações mais precoces, por esta razão aparece em

terceiro lugar na seqüência da tabela, com 4 (quatro) enunciados e 10 evocações,

correspondendo a uma freqüência de 26,32%. Ressalte-se a forte ancoragem nos aspectos

negativos, mais uma vez, da infertilidade masculina.

A quarta categoria, denominamos “Relação com a reprodução humana” sendo a

categoria que apresenta o menor número de evocações nesta tabela, 3 (três) evocações,

também possui o menor índice de freqüência, com 3 (três) ocorrências, representando uma

freqüência percentual de 8,81%.

Ressalvamos que os enunciados presentes nesta categoria foram as mais tardiamente

evocadas.

Os dados demonstram que, segundo os depoentes, a infertilidade masculina ancora-

se fortemente à geração de sentimentos negativos, tais como “tristeza” que aparece com 4

(quatro) ocorrências; os enunciados: “aflição”, “agonia”, “ansiedade”, “desespero” e

“desesperança” apresentaram 2 (duas) ocorrências cada; enquanto que os enunciados:

“amargura”, “angústia”, “desilusão” e “expiação” ocorreram 1 (uma) vez cada.

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A representação aqui desvelada ancora-se no processo de construção da própria

representação do “ser homem” que segundo diversos autores, Nolasco, (2001b); Arruda,

(2002); Moscovici (2003) e; Melo e Santana, (2005); em nossa sociedade é um constructo

social e antropológico que resguarda estreita relação com a imagem calcada em caracteres

como força e capacidade.

Como se o homem fosse preparado para se tornar auto-suficiente, e que, quando isto

não ocorre, como no caso da infertilidade masculina, que é, de certo modo um “atestado” de

incompetência para um aspecto importante da construção do indivíduo masculino que é o

estereótipo de macho robusto, potente, vigoroso e viril. Evocando, portanto, sentimentos

opostos.

Outro aspecto importante desvelado pelos termos emitidos pelos depoentes a partir

das palavras indutoras foi a categoria “A inferioridade/o fracasso”, referem-se às palavras que

parecem apontar para características presentes no homem infértil. Neste aspecto,

corroborando de certa forma com a ancoragem anteriormente desvelada, “Sentimentos

negativos gerados pela condição infértil”, observamos que os enunciados: Ausência,

decepção, desapontamento, falta de realização, fracasso e inferioridade, com 1 (uma)

ocorrência cada, demonstram que a representação dos depoentes com relação aos homens

inférteis é ancorada, não apenas nos sentimentos negativos que esta condição gera, mas na

sensação que, aparentemente os homens que vivenciam esta situação experimentam.

A terceira categoria evocada nos enunciados dos depoentes frente ao termo indutor:

“Infertilidade”, parece se ancorar na relação saúde-doença física e biológica, sendo aqui

saúde-doença um binômio que se constrói em correlação à ausência de capacidade de

reproduzir, não apenas pela oposição, (saúde X doença) mas, alcançando limites que vão

muito além de cada um dos termos separadamente. Afirmamos isto porque observando os

enunciados mais freqüentes: “doença” e “dor” que apresentam 3 (três) ocorrências cada,

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podemos pressupor que possuem ancoragens mais fortes do que os enunciados: “tentativa” e

“impotência”, com 2 (duas) ocorrências cada, e que pela freqüência menor, parecem evocar

algo com ancoragem menos íntima com o “processo saúde-doença”.

A mais importante apreensão que os dados da tabela 3 (três) desvelam é a forte

ancoragem das representações sociais da infertilidade masculina com aspectos negativos. Ao

agruparmos as três primeiras categorias, o que fazemos por entender que todas estão

relacionadas aos aspectos negativos, temos 34 (trinta e quatro) ocorrências, restando apenas 3

(três) ocorrências para a quarta categoria, que, a grosso modo parece ser a única não

imediatamente relacionada aos aspectos negativos.

Acreditamos que a quarta categoria tenha sido evocada por um caminho de oposição

à representação do homem infértil, isto é, os enunciados nela apresentados, se constroem

ancorados exatamente naquilo que a representação do homem infértil não contem ou que

deixa de possuir, que é a capacidade do homem de produzir uma gravidez, ou de gerar um

filho em uma mulher, o que de certo modo remete fortemente a ineficácia, ineficiência e a

não-efetividade das relações sexuais – com vistas à reprodução – destes homens “inférteis”.

Os aspectos positivos que aparecem em evocações mais tardias indicam uma dimensão

familiar para os depoentes, sugerindo que os aspectos negativos possam ter aparecido em

conseqüência da relação de oposição com a imagem ideal.

Também é importante ressaltar a inter-relação aparentemente construída entre

“infertilidade” e “feminino”. Entretanto, esta relação parece ser desvelada mais pela ausência

de aspectos que liguem a representação de infertilidade ao homem, do que por uma declaração

explícita de ancoragens com o gênero feminino. Como se houvesse uma mensagem

subliminar nos discursos dos depoentes, apontando, a todo instante, para um estado do ente

mulher, a despeito de se estar falando de infertilidade masculina.

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O fato é que, mesmo na literatura, ao se buscar referências com os descritores

“infertilidade” e “infertilidade masculina” ou “infertilidade humana” o número de publicações

que trazem indivíduos do sexo feminino como sujeito é extremamente maior do que os que

trazem indivíduos do sexo masculino. Como se houvesse uma barreira intransponível entre

estes dois conceitos.

De certa forma, apesar de se tratar de dados preliminares, isto também ficou latente

em nossa prática pela experiência que passamos ao tentar, por mais de seis meses, conseguir

depoentes do sexo masculino para a presente pesquisa, sem que obtivéssemos sucesso, o que

nos obrigou a solicitar autorização junto à Coordenação de Pós-graduação em Pesquisa da

Escola de Enfermagem Anna Nery, para que pudéssemos mudar nossos sujeitos, de modo a

não inviabilizar por completo o projeto.

Página 140 de 173


REFERÊNCIAS:

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de acesso ao curso superior?. Ciências Humanas em Revista da Universidade Federal do
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SPINK, M. J. P. O Conceito de representação social na abordagem psicossocial. Cadernos de


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TURATO, E. R. Tratado da metodologia da pesquisa clínico-qualitativa: construção teórico-


epistemológica, discussão comparada e aplicação nas áreas da saúde e humanas. Petrópolis:
Vozes, 2003

VAZ, F. A. C; MANISSADJIAN, A; ZUGAIB, M. Assistência a gestante de alto risco e ao


recém-nascido nas primeiras horas. São Paulo: Atheneu, 1993.

VIEIRA, C. M. D. Novo Olhar Sobre a Mulher na Administração de Espaço, Conquistas e


Desafios. Eunápolis, 2008. 208. f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Faculdade de
Administração. Faculdades Integradas do Extremo Sul da Bahia. Eunápolis. 2008

Página 158 de 173


WINCK, G. E. Gênero, psicopatologia e sexualidade: Considerações sobre a função dos
papéis de gênero na constituição dos transtornos depressivos, ansiosos e das disfunções
sexuais. Fazendo Gênero 8 - Corpo, Violência e Poder. Florianópolis. (2008). Disponível em:
<http://www.fazendogenero8.ufsc.br/sts/ST29/Gustavo_Espindola_Winck_29.pdf>. Acessado
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WOLFF, L. R. Representações sociais de mulheres sobre assistência no trabalho de parto e


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Anna Nery. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. 2004.

ZUGAIB, M. Infertilidade conjugal - fator masculino. Associação de Ginecologia e


Obstetrícia do Estado de São Paulo. Protocolos: Infertilidade Conjugal. [online]. Disponível
em: <http://www.sogesp.com.br/Protocolos/manuais/infertilidade/cap 07.html> Acessado em:
16 jun. 2008.

_____; SANCOVSKI, M. O pré-natal. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1994.

Página 159 de 173


APENDICES:

Página 160 de 173


Cronograma:

2009 2010 2011


Etapas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7
Pesquisa Bibliográfica
Determinação do problema e ajustes metodológicos
Participação nas atividades do NUPESM
Escolha e convite para membros da banca examinadora
Defesa do Projeto de Dissertação
Ajustes propostos pela banca examinadora
Submissão aos Comitês de Ética da Pesquisa
Escolha e convite aos membros da Banca Examinadora
Defesa da Qualificação da Dissertação de Mestrado
Teste piloto / aplicação de instrumentos
Ajustes dos instrumentos
Coleta de dados
Participação no evento “Pesquisando em Enfermagem”
Análise preliminar dos dados e discussão dos resultados parciais
Análise dos resultados
Redação do trabalho científico
Finalização da análise e discussão dos resultados
Escolha e convite aos membros da Banca Examinadora
Considerações finais
Revisão ortográfica
Apresentação de artigo para publicação
Elaboração e encadernação da Dissertação de Mestrado
Apresentação e Submissão à Banca (Defesa final)
Conclusão do Mestrado

Página 161 de 173


Questionário:

Questionário de levantamento de dados dos depoentes

I - Dados de identificação:

Nome: ________________________________________________________________.

Pseudônimo: ________________________________________________. Idade:_____.

Data da coleta dos dados: ___/___/____. Data de inicio na atividade: ___/___/____.

Estado civil: ( ) casado ( ) solteiro ( ) viúvo ( ) divorciado ( ) outro: _____________.

Raça Declarada: ( ) Preta ( ) Parda ( ) Branca ( ) Indígena ( ) nenhuma das alternativas


( ) Não declarou ( ) Outra. Qual?____________________.

II - Onde obteve formação educacional formal:

( ) rede pública ( ) iniciativa privada ( ) mais de uma alternativa.

III - Dados da formação:

a) Grau de instrução: ( ) superior em: ___________________________________________.


b) Pós graduação latu-senso? ( ) não ( ) sim. Nível: ( ) atualização ( ) aperfeiçoamento
( ) especialização ( ) residência.
c) Pós graduação sensu-estricto? ( ) não ( ) sim. Nível: ( ) mestrado ( ) doutorado
( )licenciatura plena ( ) pós doutorado.
d) Durante a pós-graduação teve algum conteúdo teórico ou prático sobre reprodução
humana e/ou infertilidade? ( ) não ( ) sim. Com? __________________________________.
e) Outros cursos livres em: ___________________________________________________.
f) Tempo de formação superior: _______________________________________________.
g) Tempo de formação no maior grau alcançado: __________________________________.
h) Tempo de formação em reprodução assistida ou congênere: _______________________.

IV - Experiência profissional:

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a) Cargo dentro do setor de reprodução humana: _________
b) Tempo de atividade em reprodução humana? ___ anos e ___ meses.
c) Trabalha nessa área por opção? ( ) não ( ) sim
Por quê? __________________________________________________________________.
d) Passou a gostar depois que começou a trabalhar no setor. ( ) não ( ) sim
Por quê? __________________________________________________________________.

e) Possui outro emprego? ( ) não ( ) sim Qual?: ___________________________________.

f) Média semanal de atendimentos? _________(casais, mulheres, homens)

V - Principal fonte de informações:

Impressas:( ) Jornal ( ) Revista ( ) Nenhuma


Eletônica: ( ) Internet ( ) TV ( ) Rádio ( ) Nenhuma

VI - Religião:

Professa alguma religião: ( ) Não ( ) Sim Qual? _____________________________.

Com que freqüência:

( ) diariamente( ) semanalmente ( ) esporadicamente ( ) raramente ( ) não .

VII – Relações pessoais com infertilidade:

a) Tem ou já teve algum parente que tenha vivido a situação de dificuldade para engravidar
ou procriar?( ) não ( ) sim. Grau de parentesco?___________________________.
b) A causa era classificada como: ( ) feminina ( )masculina ( )dupla ( ) idiopática ( )não sabe
c) Teve filho? ( ) não ( ) sim. Caso positivo, como foi? (por “Vias naturais” ou por
“Reprodução Assistida”)____________________.

Página 163 de 173


Roteiro de Entrevistas:

I - Dados de Identificação:

Depoimento n°: __________-___. Entrevista n°:__________. Data: ___ / ___ / 2010.

1 . Pseudônimo:________________________________________________________.

I - Roteiro para aplicação de Entrevista semi estruturada:

I. Como foi o processo de aproximação à clientela com dificuldade para ter filhos?

II. O que ter filho significa pra você?

III. O que é para você ter dificuldade para procriar / ter filhos?

IV. Por que você acredita que algumas pessoas têm dificuldades e outras não em ter

filhos? De onde você acredita vir essa dificuldade?

V. Para você, existe diferença entre a vivência de ter dificuldade para ter filhos por

homens e mulheres?

VI. Como você vê a dificuldade de ter filhos ou a situação de infertilidade para os

homens?

VII. Em sua experiência profissional, como percebe a convivência desse homem com essa

dificuldade? Acredita que isso tem interferência em sua vida? Na sua sexualidade, na

sua masculinidade?

VIII. Como você percebe a participação do homem dentro do setor de reprodução humana

ou no setor de infertilidade?

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IX. Em seu cotidiano profissional, como você aborda o homem com dificuldade para

procriar? Você tem alguma abordagem diferencial para lidar com homens e mulheres

na situação de infertilidade?

X. Você sente alguma dificuldade em abordar ou lidar com o homem dentro da

reprodução humana?

XI. Atualmente, como vê os serviços de saúde de reprodução humana com relação à figura

masculina?

XII. Quais são as suas expectativas de atendimento perante aos serviços públicos de saúde

nesta área no que se refere às questões de gênero?

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Pedido de Autorização para realização de pesquisa:

Ao Instituto de Ginecologia da UFRJ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PESQUISA EM SAÚDE DA MULHER

Para: Ilmo. Sr. Diretor do Instituto de Ginecologia da UFRJ. Professor: Antônio Tavares
Carneiro Sobrinho.
De: Mestrando em Enfermagem, Núcleo de Pesquisa em Saúde da Mulher (NUPESM) da
Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ. Especialista em Enfermagem do Trabalho:
Washington Ramos Castro.

Assunto: Solicitação (faz).

Venho por meio do presente, solicitar autorização ao Ilmo.Sr. Diretor desta


conceituada instituição nosocomial para realização do estudo 35 (coleta de dados
preliminares36) referente à dissertação de Mestrado “O Homem Quer Engravidar? :
Representações Sociais Dos Profissionais De Saúde Que Trabalham Com Reprodução
Humana”, cujos objetivos são: Descrever as representações sociais dos profissionais de saúde
de nível superior que atendem a homens com dificuldade de procriação; Analisar os reflexos
do tempo e da qualificação dos profissionais de saúde sobre suas representações sociais sobre
a saúde sexual e reprodutiva desses homens; Discutir as representações sociais destes
profissionais de saúde quanto aos cuidados de saúde sexual e reprodutiva prestados aos
homens que vivem esta situação.
Serão considerados os seguintes critérios de inclusão:
a) Profissionais de saúde de nível superior, que atendam diretamente homens com
diagnóstico médico de causas de infertilidade classificadas como masculinas ou dupla para
dificuldade de ter filhos – Os homens que vivenciam a experiência da busca por assistência na
área da infertilidade experimentam um vivenciar para o qual não foram preparados – muitas
vezes é preciso compactuar sentimentos e experiências que nem eles mesmos, nem os
profissionais de saúde, conhecem bem; O critério de profissionais de saúde de nível superior
foi estipulado devido o atendimento a esses casais e/ou homens nesses serviços públicos
serem feitos por profissionais como enfermeiros, médicos, assistentes sociais, psicólogos,
educadores tanto coletivamente como em consultas individuais periódicas. Neste contexto, a

35
Trata-se da fase de aproximação com o campo de estudo para maior compreensão do cenário da pesquisa e
avaliação de sua adequação aos objetivos desta.
36
O presente estudo será submetido à análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna
Nery / Hospital Escola São Francisco de Assis e observará os preceitos da Resolução 196/96 do CNS/MS, uma
vez que está prevista a coleta de dados junto aos prontuários e aos usuários.
Página 166 de 173
experiência do atendimento direto a esse segmento de clientes tornar-se elemento de
composição para a representação social destes profissionais sobre a vivencia da infertilidade
masculina.
b) Estar trabalhando com a especialidade da reprodução humana a pelo menos hum (01)
ano. Este critério pressupõe um tempo mínimo para que os profissionais adquiram
experiências e vivências dentro do universo da situação de infertilidade, fator primordial para
que os sujeitos adquiram uma espessura social assim como uma relevância cultural, aspectos
fundamentais para um estudo de representações sociais (SÀ, 1998) . – A experiência do
atendimento direto aos clientes pode tornar-se elemento de composição para a representação
social destes profissionais sobre a vivencia dos clientes, sendo diferente para quem já trabalha
a mais ou a menos tempo com o processo de paternidade. Pressupomos que os profissionais
com maior experiência terão maior espessura social em suas representações relacionadas a
expectativa e a vivência dos homens frente à situação de infertilidade por eles vivenciada;
c) Aceitar e autorizar a realização de entrevista gravada em formato magnético tipo MP-3
ou similar para a pesquisa – cumprindo o que determinam as normas para pesquisas com seres
humanos da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), do Conselho Nacional de
Saúde (CNS), Brasil (1996), é necessário que os pesquisados autorizem a coleta de dados a
partir da sua vivência através da assinatura de um “termo de consentimento livre e
esclarecido” que fica guardado com o autor por 05 (cinco) anos;
Sendo esta, parte das atividades do curso de Mestrado em Enfermagem da Escola
de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para realização do
presente contarei com a orientação da Professora Dra.: Ana Beatriz Azevedo Queiroz.
Sendo tudo para o momento, despeço-me, na certeza de poder contar com o
pronto retorno. Aproveito o ensejo para felicitá-lo e agradecer ao apoio recebido nessa
empreitada.

Cordialmente:

________________________________
Washington Ramos Castro
Enfermeiro: 97.315 – Coren – 2283867 – SIAPE – 10903802 – DRE.

Ciente e de acordo:
Data: ____ /________ /2010.

__________________________
Assinatura do Diretor.

Página 167 de 173


Ao Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY
COORDENAÇÃO GERAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PESQUISA EM SAÚDE DA MULHER

Para: Ilmo. Sr. Diretor do Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ. Professor: Rodolfo
Acatauassú Nunes.
De: Mestrando em Enfermagem, Núcleo de Pesquisa em Saúde da Mulher (NUPESM) da
Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ. Especialista em Enfermagem do Trabalho:
Washington Ramos Castro.

Assunto: Solicitação (faz).

Venho por meio do presente, solicitar autorização ao Ilmo.Sr. Diretor desta


conceituada instituição nosocomial para realização do estudo (coleta de dados preliminares )
referente à dissertação de Mestrado “O Homem Quer Engravidar? : Representações Sociais
Dos Profissionais De Saúde Que Trabalham Com Reprodução Humana”, cujos objetivos são:
Descrever as representações sociais dos profissionais de saúde de nível superior que atendem
a homens com dificuldade de procriação; Analisar os reflexos do tempo e da qualificação dos
profissionais de saúde sobre suas representações sociais sobre a saúde sexual e reprodutiva
desses homens; Discutir as representações sociais destes profissionais de saúde quanto aos
cuidados de saúde sexual e reprodutiva prestados aos homens que vivem esta situação.
Serão considerados os seguintes critérios de inclusão:
a) Profissionais de saúde de nível superior, que atendam diretamente homens com
diagnóstico médico de causas de infertilidade classificadas como masculinas ou dupla para
dificuldade de ter filhos – Os homens que vivenciam a experiência da busca por assistência na
área da infertilidade experimentam um vivenciar para o qual não foram preparados – muitas
vezes é preciso compactuar sentimentos e experiências que nem eles mesmos, nem os
profissionais de saúde, conhecem bem; O critério de profissionais de saúde de nível superior
foi estipulado devido o atendimento a esses casais e/ou homens nesses serviços públicos
serem feitos por profissionais como enfermeiros, médicos, assistentes sociais, psicólogos,
educadores tanto coletivamente como em consultas individuais periódicas. Neste contexto, a
experiência do atendimento direto a esse segmento de clientes tornar-se elemento de
composição para a representação social destes profissionais sobre a vivencia da infertilidade
masculina.
b) Estar trabalhando com a especialidade da reprodução humana a pelo menos hum (01)
ano. Este critério pressupõe um tempo mínimo para que os profissionais adquiram
experiências e vivências dentro do universo da situação de infertilidade, fator primordial para
que os sujeitos adquiram uma espessura social assim como uma relevância cultural, aspectos
fundamentais para um estudo de representações sociais (SÀ, 1998) . – A experiência do
atendimento direto aos clientes pode tornar-se elemento de composição para a representação
Página 168 de 173
social destes profissionais sobre a vivencia dos clientes, sendo diferente para quem já trabalha
a mais ou a menos tempo com o processo de paternidade. Pressupomos que os profissionais
com maior experiência terão maior espessura social em suas representações relacionadas a
expectativa e a vivência dos homens frente à situação de infertilidade por eles vivenciada;
c) Aceitar e autorizar a realização de entrevista gravada em formato magnético tipo MP-3
ou similar para a pesquisa – cumprindo o que determinam as normas para pesquisas com seres
humanos da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), do Conselho Nacional de
Saúde (CNS), Brasil (1996), é necessário que os pesquisados autorizem a coleta de dados a
partir da sua vivência através da assinatura de um “termo de consentimento livre e
esclarecido” que fica guardado com o autor por 05 (cinco) anos;
Sendo esta, parte das atividades do curso de Mestrado em Enfermagem da Escola
de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para realização do
presente contarei com a orientação da Professora Dra.: Ana Beatriz Azevedo Queiroz.
Sendo tudo para o momento, despeço-me, na certeza de poder contar com o
pronto retorno. Aproveito o ensejo para felicitá-lo e agradecer ao apoio recebido nessa
empreitada.

Cordialmente:

________________________________
Washington Ramos Castro
Enfermeiro: 97.315 – Coren – 2283867 – SIAPE – 10903802 – DRE.

Ciente e de acordo:
Data: ____ /________ /2010.

__________________________
Assinatura do Diretor.

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ANEXOS:

Página 170 de 173


Termo de Consentimento Livre e Esclarecido:

Para o Comitê de Ética em Pesquisa EEAN/HESFA

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA EEAN/HESFA


TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Resolução nº 196/96 – Conselho Nacional de Saúde

Você foi selecionado (a) e está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada: O
Homem Quer Engravidar? : Representações Sociais Dos Profissionais De Saúde Que
Trabalham Com Reprodução Humana, que tem como objetivos: Descrever as representações
sociais dos profissionais de saúde que trabalham em reprodução humana com relação à infertilidade
masculina; Analisar a visão desses profissionais com relação à dificuldade para procriar no gênero
masculino; Discutir as representações sociais da infertilidade masculina destes profissionais de saúde
frente ao seu atendimento prestado. Este é um estudo baseado em uma abordagem qualitativa, utilizando
como método: Análise de Conteúdo de Bardin.
A pesquisa terá duração de 2 (dois) anos, com o término previsto para junho de 2011.
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será
divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua
privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído de forma aleatória. Os dados coletados
serão utilizados apenas nesta pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas.
Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder
qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo
em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que forneceu os seus dados, como também na que
trabalha.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem realizadas sob a
forma de entrevista com a utilização de um questionário. A entrevista será gravada em formato eletrônico em
equipamento tipo MP-3 para posterior transcrição – a gravação será guardada por 5 (cinco) anos e
desmagnetizada após esse período, enquanto que os transcritos serão guardados por 5 (cinco) anos e incinerados
após esse período.
Você não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos de
qualquer natureza relacionada à sua participação. O benefício relacionado à sua participação será de aumentar o
conhecimento científico para a área de enfermagem de assistência à saúde reprodutiva humana.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone, o e-mail e o endereço do
pesquisador responsável, e demais membros da equipe, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua
participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradecemos!

__________________________________ _________________________________
Ana Beatriz Azevedo Queiroz Washington Ramos Castro
EEAN/UFRJ HESFA/UFRJ
Cel.: 88554656 Cel: 86066951
e-mail: anabqueiroz@gmail.com e-mail: washingtoncast@gmail.com

Comitê de Ética em Pesquisa EEAN/HESFA: (21) 2293-8148/ramal 228.

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2010.

Declaro que fui informado de forma clara sobre os objetivos e a metodologia referente ao projeto
supracitado, que estou ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e que concordo em
participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer tipo
de punição ou de constrangimento.

Sujeito da Pesquisa: ______________________________________________


(assinatura)

Página 171 de 173


Para o Comitê de Ética em Pesquisa HUPE/UERJ

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA HUPE/UERJ


TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Resolução nº 196/96 – Conselho Nacional de Saúde

Você foi selecionado (a) e está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada: O
Homem Quer Engravidar? : Representações Sociais Dos Profissionais De Saúde Que
Trabalham Com Reprodução Humana, que tem como objetivos: Descrever as representações
sociais dos profissionais de saúde que trabalham em reprodução humana com relação à infertilidade
masculina; Analisar a visão desses profissionais com relação à dificuldade para procriar no gênero
masculino; Discutir as representações sociais da infertilidade masculina destes profissionais de saúde
frente ao seu atendimento prestado. Este é um estudo baseado em uma abordagem qualitativa, utilizando
como método: Análise de Conteúdo de Bardin.
A pesquisa terá duração de 2 (dois) anos, com o término previsto para junho de 2011.
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será
divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua
privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído de forma aleatória. Os dados coletados
serão utilizados apenas nesta pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas.
Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder
qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo
em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que forneceu os seus dados, como também na que
trabalha.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem realizadas sob a
forma de entrevista com a utilização de um questionário. A entrevista será gravada em formato eletrônico em
equipamento tipo MP-3 para posterior transcrição – a gravação será guardada por 5 (cinco) anos e
desmagnetizada após esse período, enquanto que os transcritos serão guardados por 5 (cinco) anos e incinerados
após esse período.
Você não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos de
qualquer natureza relacionada à sua participação. O benefício relacionado à sua participação será de aumentar o
conhecimento científico para a área de enfermagem de assistência à saúde reprodutiva humana.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone, o e-mail e o endereço do
pesquisador responsável, e demais membros da equipe, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua
participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradecemos!

__________________________________ _________________________________
Ana Beatriz Azevedo Queiroz Washington Ramos Castro
EEAN/UFRJ HESFA/UFRJ
Cel.: 88554656 Cel.: 86066951
e-mail: anabqueiroz@gmail.com e-mail: washingtoncast@gmail.com

Comitê de Ética em Pesquisa HUPE/UERJ: (21) 2587-6262. Rua Rosa e Silva, 60, bl. 06/301 Grajaú RJ CEP:
20541-330.

Rio de Janeiro, 21 de setembro de 2010.

Declaro que fui informado de forma clara sobre os objetivos e a metodologia referente ao projeto
supracitado, que estou ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e que concordo em
participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer tipo
de punição ou de constrangimento.

Sujeito da Pesquisa: ______________________________________________


(assinatura)

Página 172 de 173


Termo de Confidencialidade:

Titulo do Projeto: “O Homem Quer Engravidar? : Representações Sociais Dos


Profissionais De Saúde Que Trabalham Com Reprodução Humana”
Pesquisador responsável: Washington Ramos Castro.
Instituição/Departamento: Universidade Federal do Rio de Janeiro / Escola de Enfermagem
Anna Nery / Coordenação Geral de Pós-graduação e Pesquisa /Núcleo de Pesquisa em
Enfermagem em Saúde da Mulher.
Telefone para contato: (55) (0xx21) 27343308 / 86066951.
Local para coleta de dados: Instituto de Ginecologia da Universidade Federal do Rio de
Janeiro – Hospital Moncorvo Filho e Hospital Escola Pedro Ernesto da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro.

O pesquisador do presente projeto se compromete a preservar a privacidade dos


participantes cujos dados serão coletados através de registro magnético em formato eletrônico
em equipamento tipo MP-3, em local adequado e em horário a ser definido de acordo com as
possibilidades e os interesses dos sujeitos e do pesquisador no Instituto de Ginecologia da
UFRJ e do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, declara que estas informações serão utilizadas única e exclusivamente para execução
do presente projeto. Tais informações só poderão ser divulgadas ou veiculadas de forma
anônima. Declara também que se compromete a manter as gravações e as respectivas
transcrições no estado do Rio de Janeiro, na cidade do Rio de Janeiro, sob sua
responsabilidade de guarda e conservação por 5 (cinco) anos e se compromete a
desmagnetizá-las após esse período, enquanto que os transcritos serão guardados por 5 (cinco)
anos e incinerados após esse período.
Este projeto de pesquisa foi revisado e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da EEAN/HESFA em reunião de 30 / 03 / 2010, onde foi cadastrado pelo protocolo
número: 010/2010 e, pelo Comitê de Ética em Pesquisa HUPE/UERJ em reunião de 10 / 05 /
2010, onde foi registrado pelo protocolo número: CEP/HUPE: 2637/2010 – CAAE:
0083.0.228.000-10.

Rio de Janeiro, __ de __________ de 2010.

_______________________________
Washington Ramos Castro
Coren: 97.315 / RJ.
SIAPE: 2283867-5.
DRE: 109003802

Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato:
Comitê de Ética em Pesquisa EEAN/HESFA. e-mail: comitedeetica@eean.ufrj.br
Rua: Afonso Cavalcante, 23. Cidade Nova – Rio de Janeiro – RJ. – CEP: 20.000-000. (0xx21) 2293-8899. R.:
209.
ou Comitê de Ética em Pesquisa HUPE/UERJ. e-mail: comitedeeticaempesquisa@hupe.uerj.br
Rua: Rosa e Silva, 60, bl. 06. Sl. 301 Grajaú – Rio de Janeiro – RJ. – CEP: 20.541-330. (0xx21) 2587-6262.

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