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Rio de Janeiro
dezembro / 2010
WASHINGTON RAMOS CASTRO
RIO DE JANEIRO
2010
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WASHINGTON RAMOS CASTRO
Provérbio tibetano.
Gráficos
Tabelas
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SUMARIO:
1 Introdução
CAPÍTULO I
2 Fundamentação
CAPÍTULO II
3 Questões Metodológicas
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CAPÍTULO III
4 Resultados Preliminares
Referências
Referências 141
Bibliografia Recomendada 150
Apêndices
Cronograma 161
Questionário 162
Roteiro de Entrevistas 164
Pedidos de Autorização para Realização de Pesquisa
Pedido de Autorização para Realização de Pesquisa IG/UFRJ 166
Pedido de Autorização para Realização de Pesquisa HUPE/UERJ 168
Anexos
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1 INTRODUÇÃO:
gênero, entre tantos outros aspectos tornaram as representações sociais deste homem algo
algum tempo não são exclusivamente realizadas entre sujeitos de sexo diferentes entre si ou
observadas de modo mais criterioso, demonstram não obedecerem a uma lógica de oposição
linear. Quanto à divisão dos gêneros, percebemos que não é mais possível trabalhar com o
modelo biológico de dois sexos opostos, pelo contrário, é necessário considerar as variações
ocorridas na questão dos gêneros, que se inscreve no âmago do sexismo, fenômeno que já
vem ocorrendo ao longo dos tempos, desembocando hoje em alterações nos modelos
antropológico e sociológico da própria construção social dos dois gêneros que normalmente
conhecemos.
Portanto, é razoável acreditar que estes dois modelos já não são suficientes para dar
conta da complexidade dos conceitos que abarcam as diferenças existentes entre os homens e
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possibilidade para os profissionais que atuam na área de reprodução humana, um conjunto de
novos fatores que interferem no erotismo, na sexualidade e na liberdade sexual dos indivíduos
hoje, estes papéis já não são mais representações tão correntemente aceitas. Novos papéis são
desvelados para os homens, assim como para as mulheres, seja na sua vida familiar,
acadêmica ou profissional.
construindo entre sexualidade e procriação, que causa efeitos em quase todos os aspectos das
todas essas questões e, considerando o dinamismo de representações sociais dos papéis sociais
de homens e mulheres, não podemos esquecer que somos fruto de todo um contexto histórico-
cultural onde os papéis de cada um foram e ainda são construídos em bases tradicionais de
e do papel cristão de cada um dos indivíduos são elementos que interferem fortemente nas
sexualidades de homens e de mulheres, fazendo com que os papéis sejam diferenciados pelo
marcam a vida de cada uma das pessoas, independentemente do gênero e do sexo, e, por
indivíduos.
„entenda-se: Procriação‟ entre os gêneros, em nossa sociedade, até bem pouco tempo, cerca
homem era dada a liberdade sexual e o direito de viver sua sexualidade em plenitude sem, no
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entanto deixar de lado a cobrança do seu papel como reprodutor. A reprodução masculina,
isto é, para o elemento homem, historicamente, esteve ligada a sua masculinidade, ou seja, era
considerada como uma prova de sua virilidade, quase uma oposição ao papel do elemento
feminino.
Como somos frutos de toda essa herança social, e pelo fato de não termos a
profissionais de saúde, entendemos que as representações sociais dos profissionais das mais
diversas carreiras, que atuam na assistência à pessoas com dificuldades para gerar filhos, tanto
homens quanto mulheres, precisam ser estudadas e compreendidas, levando-se em conta todo
esse contexto sócio-cultural para que se possa adequar modos de cuidar em Enfermagem para
esta clientela, que muitas vezes é negligenciada quanto aos aspectos ligados a sua saúde
sexual e reprodutiva.
na área.
uma visão cujo foco ainda está centrado no planejamento familiar, no controle da natalidade,
se refere aos aspectos ligados ao elemento feminino. Acabando por se refletir no modo
operante dos serviços de saúde e nas atitudes dos profissionais de saúde que aí atuam e que
Representações Sociais dos Profissionais de Saúde que trabalham com reprodução humana
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1.1.1 O Percurso Inicial - A Inquietação
O interesse pelo estudo na área da saúde do homem inicia-se dentro da área da saúde
Rio de Janeiro (UFRJ). Naquela época, ainda existindo as habilitações, optei pela
Enfermagem e Obstetrícia, quando então tive uma primeira aproximação com as questões de
e família.
infantil quase não se percebia o homem, como se a participação do sexo masculino nestas
esferas fosse apenas um mero detalhe, e como se o homem não representasse uma peça
coadjuvante, fato já ressaltado por Martins (2004) e Sauthier (2004), excluindo a ação
masculina do processo de procriação, o que precisa ser ressaltado no processo de cuidar dos
A presença masculina não era freqüente nestes espaços, como ainda não é. Àquela
época não havia um incentivo sistemático a fim de envolver os homens nas questões
relacionadas aos cuidados com a saúde sexual e reprodutiva, como por exemplo, nos serviços
de assistência ao pré-natal. Mesmo quando o parceiro comparecia, não era convidado pelos
profissionais de saúde a acompanhar sua esposa. Cenário que esperamos ver modificado com
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a implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, recentemente
sancionada.
Nas maternidades pelas quais passei, percebi assistematicamente que, até meados dos
anos 90, os homens precisavam observar horários restritos pré-estabelecidos para visitação à
sua esposa e aos recém nascidos. Por esta razão, por vezes, só conseguiam conhecer o seu
filho um ou até dois dias depois do nascimento, isto se dava em decorrência da inadequação
dos horários de visitação. As maternidades, com seus horários rígidos e as normas e rotinas
hospitalares inquestionáveis impediam ou, pelo menos, dificultavam uma maior interação do
homem neste processo, o que poucas vezes era questionado por estes. Por sua vez, os
profissionais levaram muito tempo para perceber esta situação e tomar alguma atitude com
vistas a mudanças.
homens era nula, tanto nos grupos educativos quanto nas consultas, por esta razão, a decisão
pela escolha do método contraceptivo1 acabava ficando apenas nas mãos da mulher. (Bilac &
Rocha 1998). Sobre o compromisso social da inserção do homem, elemento masculino, nos
seguinte análise:
[...] quando o homem encontrava-se presente nas atividades, não havia a integração
do mesmo no grupo misto, tanto pelas mulheres, pela equipe multidisciplinar,
quanto pelo próprio homem, que era excluído e se auto-excluía, deixando de
assumir a sua parcela de responsabilidade na procriação e na saúde reprodutiva,
[...] (SAUTHIER, 2004, p. 13).
Frente a todo esse contexto, desenvolvi meu trabalho de conclusão de curso (TCC),
que apesar de não versar especificamente sobre o homem, trouxe-me reflexões sobre a (não)
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No Brasil, assim como em outros países da América latina e Caribe os programas de planejamento familiar
serviam mais para o controle da natalidade do que efetivamente para o planejamento familiar. Bilac & Rocha
(1998).
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adolescência e, nesta época, mais uma vez, percebi a completa ausência do genitor, ou seja, a
grande maioria das entrevistadas apresentava-se vivendo uma gravidez fora do matrimônio e
sozinhas, tendo apenas a família, representada principalmente pela presença da mãe, como
apoio a essas meninas gestantes, o que também foi constatado por Heilborn et al (2002), em
século XXI.
do Estado do Rio de Janeiro. Nesta cidade do Norte Fluminense atuei como professor do
curso de enfermagem de uma escola municipal do antigo ensino médio, e como supervisor de
ginecologia daquele nosocômio. Em ambos os cenários de atuação, mais uma vez, percebi a
ausência quase total da figura masculina, mostrando-me que não era um aspecto localizado,
mas algo mais abrangente que determinava a ausência do homem nestes espaços, incuindo-se
Também foi nestes cenários que percebi que os profissionais pareciam não se
incomodar com a ausência do homem, como se fosse uma questão já resolvida, sua ausência
Três anos mais tarde, como aluno do “Curso de Saúde Pública”, modalidade
particularidades enquanto gênero nos seus processos de cuidar. Àquela época, as unidades que
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possuíam o “Programa de Saúde da Família2” não estavam estruturadas para acolher os
indivíduos do sexo masculino em suas atividades de atenção básica de saúde. Quando estes se
Por fim, tendo ido trabalhar, em 2005, em uma Instituição de Saúde Federal de
tendo assumido diversos cargos nesta instituição, pude atuar próximo às usuárias e conhecer
cargo, precisei elaborar e propor projetos de extensão universitária para a instituição, o que
existissem atividades de extensão na instituição, percebemos que, não só não havia – até
aquele momento – nenhuma atividade que unisse o fazer acadêmico, a prática da assistência e
a extensão propriamente ditas, como não havia nenhum projeto de extensão aprovado e
ligada.
assistência à população eminentemente feminina, busquei uma que observei que mesmo que
timidamente e que de forma indireta, proporcionava uma atenção, ainda que não exclusiva
2
O Programa de Saúde da Família é uma das modalidades de atendimento da Estratégia de Saúde da Família.
Nesta época ainda estava em fase de implantação na cidade do Rio de Janeiro, com poucos núcleos em
funcionamento.
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voltada também ao público masculino, algo que sempre foi uma inquietação minha enquanto
enfermeiro atuante na área da saúde da mulher. Por esta razão, um setor em especial começou
Este ambulatório, que tem por finalidade o atendimento ao casal infértil, possui
capacidade de 60 atendimentos mensais. Porém, um número pelo menos duas vezes maior
deixa de ser atendido por falta de capacidade de absorção desta clientela, criando uma
demanda reprimida da ordem de 200% só naquele serviço, como apontado por Perelson;
Costa; Penna; Masson; Souza (2008), muito provavelmente isto se dê em virtude da carência
grupo de trabalho, o que facilitou a proposição de um projeto de extensão, que teve como
da dificuldade de casais para engravidar. Algo que já me interessava visto que vivenciava na
família uma situação de dificuldade de engravidar, inclusive com tentativas junto aos serviços
desdobramentos, sendo que o mais importante, diz respeito à possibilidade que tive de contato
com o público atendido naquele serviço. A cada encontro com a clientela e com a equipe do
ambulatório, percebia mais uma vez, a pequena presença da figura masculina, mesmo se
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É importante que se destaque que esta Instituição sempre teve e ainda tem um olhar
Fato este que podemos entender melhor quando buscamos a evolução histórica das
políticas de atenção à saúde sexual e reprodutiva no Brasil, pois como afirmam estudiosos do
assunto como, Fonseca Sobrinho (1993) e Bilac e Rocha (1998) e a realidade mostra que
Ainda nesta instituição de saúde federal, pudemos ter contato com a clientela do
setor através de outras funções que ocupei. No desenvolvimento de minhas atividades como
ouvidor da Instituição era comum receber e-mails, cartas, bilhetes impressos e manuscritos e
público e gratuito para casos de dificuldades para alcançar o direito à sua saúde reprodutiva.
O que por vezes chegou a gerar ações judiciais cuja sentença determinava o atendimento ao
autor da causa. Estes casos também me causaram inquietude, chamando a atenção para a
dificuldade vivida por essa parcela populacional específica. Especialmente porque, como
citado anteriormente, não há, na cidade do Rio de Janeiro, um serviço público que ofereça as
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São consideradas tecnologias de complexas em tratamento de problemas relacionados com a dificuldade de
engravidar: 1 – a Fertilização in vitro (FIV), que consiste na fertilização do óvulo em ambiente externo ao corpo
da mulher e a 2 – Injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI), que consiste na injeção de um único
espermatozóide no citoplasma do ovócito, evitando assim as dificuldades do processo natural em que
espermatozóide tem que passar a "barreira" do ovócito para nele penetrar.
Além destas duas técnicas, atualmente também se pode contar com os recursos da 3 – aspiração percutânea de
espermatozóides do testículo (TESA); da 4 – aspiração percutânea de espermatozóides do epidídimo (PESA) e
da 5 – extração de tecido testicular por biopsia (TESE). As três últimas utilizadas quando não se pode dispor de
ejaculado.
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Assim, frente a essa inquietação advinda de minha prática profissional, aproximei-
mais causava inquietude em nossa prática profissional, além de ser um assunto presente em
minha vida pessoal, isto se refere, em primeiro lugar: ao (des)cuidar da saúde do homem nas
políticas públicas brasileiras na sociedade contemporânea, e a falta de ação mais enérgica por
parte dos profissionais com vistas a modificar este quadro, em segundo: ao momento de
especial: às dificuldades de acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva das classes
menos favorecidas e à falta de adequação destes para lidar com o gênero masculino e suas
Porém, é fundamental ressaltar o fato de ser, esta pesquisa, uma proposta focada nas
representações sociais dos profissionais que atuam na assistência de homens que vivem a
acolhimento pelos profissionais para acolher esta demanda um dos pontos que mais me
angustia.
homens nos serviços de saúde por onde passei, e que se tornou inquietante a partir do
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momento em que nos lançamos em pesquisas sobre a saúde reprodutiva, em virtude das
alguns homens. Estas causadas pela exposição do indivíduo, a partir de uma “pseudo-
constituída de pais de sexo opostos e filho ou filhos. Mas também me causaram inquietação
alguns discursos de indiferença identificados nas falas dos próprios profissionais de saúde que
idéia ou a representação de que apenas a presença masculina, quando estava ali, era para
cumprir o papel de acompanhar suas esposas, visto que a procriação era mais um desejo
feminino.
ênfase na saúde sexual e reprodutiva, certamente a importância (para mim) do tema escolhido
refletirá na qualidade final da pesquisa, influenciada, inclusive, pelo meu entusiasmo como
como profissional.
4
Na cultura ocidental, até bem pouco tempo atrás, uma família era definida especificamente como um grupo de
pessoas de mesmo sangue, ou unidas legalmente, como no casamento e na adoção. Muitos etnólogos
argumentam que a noção de "sangue" como elemento de unificação familiar deve ser entendida
metaforicamente; dizem que em muitas sociedades e nas culturas não-ocidentais a família é definida por outros
conceitos que não "sangue". A família poderia assim se constituir de uma instituição normalizada por uma série
de regulamentos de afiliação e aliança, aceitos pelos membros.
O conceito de família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas,
econômicas e sócio-culturais do contexto em que se encontram inseridas. Esta é um espaço sócio-cultural que
deve ser continuamente renovado e reconstruído.
Hoje, a família deve ser encarada como um todo que integra contextos mais vastos como a comunidade em que
se insere. Família é um “sistema de membros interdependentes que possuem dois atributos: comunidade dentro
da família e interacção com outros membros” (STANHOPE, 1999, p. 492).
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1.1.3 A Construção da Problemática do Estudo
menos favorecidas não é uma exclusividade do gênero masculino, porém, a ausência fica mais
patente para os membros deste sexo em decorrência do seu afastamento dos serviços por
questões diversas como, por exemplo: a falta de estrutura dos serviços para acolher e
responder às necessidades específicas desta clientela e, em alguns casos à falta de preparo dos
características do próprio gênero masculino. Uma vez que outros aspectos também
adjuvante das questões da saúde da mulher, como sugerem Sauthier (2004) e Gomes (2008).
Desde o início de sua socialização, os homens têm uma dificuldade ímpar de expor
suas fraquezas. É Nolasco (1995, p. 43) que nos revela, sobre este aspecto que “Os meninos
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considerada uma afronta a este senso comum, no qual o homem não pode ser fraco ou
incapaz.
Gomes (2008) corrobora com esta hipótese afirmando que o reduzido número de
homens com envolvimento com os cuidados de sua saúde se deve, ao menos parcialmente,
aos modelos de masculinidade, quer seja referente ao auto cuidado ou à busca de cuidados
especializados.
Neste contexto de diversidade e percebendo que, para lidar com essas questões, é
necessário ir além do simples diagnóstico médico, das causas e, da freqüência dos indicadores
Desta forma, a aproximação com essa temática ocorreu através de contato direto no
ambulatório, pela minha presença em congressos e eventos relacionados ao tema, pela minha
12 (doze) anos (1998 / 2009), esse recorte temporal foi escolhido tendo como ponto de partida
o início das atividades do pesquisador na área na função de enfermeiro, como veremos mais a
frente.
que atendem à reprodução humana. No entanto, para que possamos contextualizar essa
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problemática aqui delineada, julgamos importante recordar um pouco da história do
mulheres que possuíam disfunção no aparelho reprodutor. Era, portanto, uma especialidade
organismo feminino.
Obstetrícia no Brasil, segundo, Martins (2004), mostra que esta especialidade teve início
atendimento de médicos em lugar das parteiras no momento de seu parto. Ou seja, desde seus
primórdios eram as mulheres da classe mais favorecidas que acessavam estes serviços de
Ainda Martins (op.cit) descreve que, com isso, inicia-se uma campanha de
convencimento que levou de vez os partos para o ambiente hospitalar, nas mãos
especificamente dos médicos. Movimento esse que fez com que os homens/maridos, pais das
Segundo a autora, a participação do homem no nascimento era incipiente, pois o parto era um
cômodo próximo, para qualquer eventualidade, inclusive caso houvesse necessidade de sua
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ajuda no cenário do parto. Outro aspecto relevante era que o marido era o primeiro a ver seu
filho e sua esposa após o parto, o que logo deixou de acontecer, com o parto indo para o
cenário hospitalar. Por fim, mesmo que de forma tímida, esse homem tinha alguma
participação, algo que foi totalmente, suprimido com a ida dos nascimentos para o ambiente
restrito do hospital. Ali, em nome das regras e das normas, as visitas eram reduzidas, quase
verificamos que o papel do homem neste contexto tem variado ao longo do tempo e que esta
Historicamente, ao homem sempre foi dado o domínio do sexo e do prazer, para que
pudesse viver a plenitude de sua sexualidade, sem que precisasse se preocupar com as
questões relacionadas ao planejamento familiar e à reprodução humana. Esta tarefa sempre foi
sociedades já estudadas, desta forma, a culpa pela incapacidade para procriar sempre foi
imputada às mulheres.
macho” nas sociedades ocidentais modernas, integrando-se cada vez mais ao mercado de
trabalho e às atividades acadêmicas, suas atividades domésticas e seu papel procriativo foram
sendo relegados a um segundo plano, não sem que houvesse muitos enfrentamentos.
responder aos desejos do homem, pois, desde cedo, aprende a conviver com a pressão social
por viver seu papel de mãe. Enquanto que com o homem a história é bem diferente, embora
hoje muitos não concordem mais com isto, ainda sofrem as mulheres, os cerceamentos
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determinados por seu papel feminino, em especial no campo da sexualidade, os papeis de
homens e de mulheres são tão distintos que chegam a se contrapor em alguns momentos.
mudanças desde o obscurantismo, porem somente no início do século passado os grilhões que
lhes acorrentavam aos papeis submissos começam a dar sinais de perda de poder. A partir
deste momento histórico a tônica desta relação começa a deixar de ser a submissão e a
imposição, tornando-se algo ainda distante da liberdade sonhada pelas precursoras dos
movimentos feministas, mas algo mais democrático do que o que existia antes.
ainda pouco favorável ao gênero feminino, apesar de há muito tempo já vir sendo naturalizado
à identidade feminina, o direito a opção pela carreira, pela disputa do mercado de trabalho e
outras.
Aos homens, por outro lado, é oferecida uma maior liberdade para lidar e expressar a
sua sexualidade, em contrapartida é exigido, de modo mais rígido, uma conduta condizente
com o papel masculino socialmente determinado para ele. Isto faz com que desde criança, no
personalidade masculina como um todo, de uma forma bem mais natural e socialmente aceita
conseguinte reforçando a exploração da mulher como uma espécie de objeto de consumo) que
Porém, apesar de aceitarmos hoje a nossa identidade social de homem com grande
naturalidade, é necessário ressaltar que também se paga um preço muito alto por seu papel
neste cenário, pois, por ter seu desempenho sexual mais associado a uma avaliação
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qualitativa, (atrelada à alta performance), e também quantitativa (revés do que é “autorizado”
e exigido às mulheres) tendo que permanecer em busca de um ideal que é, por natureza,
E assim, por estas e outras questões, parece que o homem não questiona seu
envolvimento reduzido no processo da busca pela reprodução quer seja por meios biológicos,
dito naturais ou por meios artificiais, ditos manipulados. Cabendo e reforçado, ainda hoje,
pelo sistema de saúde, o estigma da infertilidade às mulheres. O que parece ser naturalmente
E quando se trata das questões ligadas às políticas públicas, isso não é diferente. A
necessidade de integrar o homem ao tema saúde já não é uma novidade. A década de 90 nos
realizada no Cairo em 1994, OMS (1994) e a IV Conferência Mundial sobre a Mulher: Ação
Estes são apenas dois exemplos dos grandes eventos da década de 90, que apontaram
discussões. Certamente esta não seria uma razão suficiente para determinar um estudo mais
sobre as questões relacionadas com a sua saúde reprodutiva, mas vejamos a partir do seguinte
ponto de vista filosófico: Há questões que atormentam a humanidade inteira, outras que
inquietam apenas um ser humano. Não importa se é esta ou aquela situação, para quem sofre
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com um problema, ele sempre parecerá crucial. O valor de um problema só é relativo para
timidamente a ter um olhar para as demandas do público masculino nas questões de saúde,
conforme ressaltam Schraiber; Gomes e Couto (2005). Isto se dá inclusive, no tocante à saúde
“política nacional de atenção integral à saúde do homem”. Foram necessárias quase duas
décadas para que reflexos mais perceptíveis surgissem nas questões do cuidar da saúde sexual
saúde. (BRASIL, 2009). Sabemos que serão necessários mais alguns anos para que os
profissionais e os serviços de saúde se adéqüem para esta nova realidade, o presente estudo
O homem historicamente era visto pelo prisma da saúde do trabalhador, o que não
lhe oportunizou observar sua saúde sexual e reprodutiva, pois isto pouco influenciava em suas
saúde ainda varia, mas sempre com números reduzidos, realidade que temos assistido se
repetir por décadas e que observo nestes vinte anos de atividade em enfermagem,
reprodutiva.
Desta forma, com a maior aproximação com os poucos homens que buscavam
pudemos verificar uma variada quantidade de demandas e colocações sobre a situação vivida
por cada um deles: a dificuldade para se ter um filho. O que ressalta a diversidade que pode
estar presente neste universo e que esperamos captar neste estudo, a partir das representações
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sociais dos profissionais de saúde envolvidos no atendimento aos homens com dificuldade
para procriar.
Masculina
engravidar no homem. Fato este que também foi verificado no estudo de doutoramente de
mulher. Ademais, a literatura estudada e uma experiência familiar com uma situação
relacionada ao tema, quando pude observar as atitudes dos profissionais de saúde frente aos
casais com dificuldade para engravidar também contribuíram para a construção do presente
objeto de estudo.
captados pelo pesquisador através de aproximações da realidade vivida. Pois esses fenômenos
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Desta forma, posso afirmar que toda “Representação Social” é sempre uma
representação de alguém (Um sujeito) sobre alguma coisa (Objeto de representação), cabendo
ao pesquisador nomear o sujeito de sua pesquisa (população ou grupo social) uma vez que as
Pelas questões aqui expostas, é justo afirmar que na construção do objeto de pesquisa
representadas de forma exclusiva e diferenciada por cada um. Independente da origem (física
que o vivenciar desta situação assumirá para o indivíduo terá um caráter particular.
Isto se dá, não apenas, mas também, pela riqueza de sentimentos que podem estar
presentes em um vivenciar, e que acreditamos que será possível perceber no presente estudo,
Neste aspecto corrobora Wolff (2004), afirmando ser necessário, portanto, que o
de perceber que estes elementos integram a assistência voltada a essa clientela, com atenção,
cuidados e orientações.
No que pese ainda este aspecto, ancoramos nossa assertiva no que afirma Wolff
(2004, p. 29), “para ser objeto de estudo das Representações Sociais, este deve ter relevância
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cultural e espessura social”. Pois estamos convencidos de que a infertilidade possui estes
experiência sempre e definitivamente individual, assume uma grande espessura social devido
ao fato de ser considerado pela OMS como uma doença de caráter da saúde públicao qual o
profissional de saúde deve estar ateno e, quanto à relevância cultural perpassar por uma
discussão que alcança conceitos como gênero, família, masculinidades entre outros.
Enfim, diante de toda esta problemática, no nosso entender, já bem estabelecida pelo
profissionais de saúde que trabalham com reprodução humana sobre a infertilidade masculina.
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As representações que esses profissionais têm da infertilidade masculina interferem
no seu atendimento?
representações sociais?
no gênero masculino;
varia conforme o tempo e a capacitação do profissional de saúde para lidar com a facilidade
ou a dificuldade vivenciada pelo indivíduo frente ao seu desejo (ou seu não-desejo) de
resolver a situação que o levou à “condição de infértil”, podendo ser (esta condição de
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infértil) aceita ou negada por ele. É possível que hajam grupos de pertença que se diferencie
Gomes Temporão anunciou 22 prioridades de sua gestão, uma delas foi a criação, a
É necessário atentar para o fato de que a saúde do homem sempre ter sido pensada
relacionada à sua capacidade laboral e produtiva, enquanto que a saúde da mulher é uma
construção decorrente de movimentos sociais. Em parte por esta razão a saúde sexual do
homem não ter sido motivo de preocupação, uma vez que pouco interferia em sua capacidade
de produzir. Enquanto que para a mulher, por suas características relacionadas à procriação,
No início do ano de 2008, foi dado o primeiro passo. Com a criação de um grupo que
passou a discutir assuntos relacionados com esta questão, ficou conhecido como grupo da
Saúde”. No mês de setembro de 2008, o segundo passo foi dado: juntamente com
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dessa política nacional, que ficou em consulta pública de 10 a 30 de setembro daquele mesmo
ano.
É necessário que se perceba qual é a importância destas medidas, uma vez que, em
última análise, poderão ser determinantes para uma ruptura do paradigma da atenção à saúde
do homem adulto.
distinções de gênero como: Segato (2003); Boni (2004); Cappelle et al (2004); Costa (1999);
Lima (2007); Winck (2008); Colling (2009) e Tomaz (2009) já apontavam para a necessidade
de se operar mudanças no sistema nacional de saúde vigente que pudesse permitir a inserção
masculino no que tange aos cuidados com o seu corpo e a sua saúde.
Apesar de todos estes fatos, ainda percebemos bastante resistência por parte dos
(PMAISH) esta questão começa a ser meneada. É importante ressaltar que um dos aspectos
previstos por esta política trata exatamente de questões relacionadas à saúde sexual e
reprodutiva dos homens em seus diversos estágios de desenvolvimento humano, que poderá,
saúde do homem.
Porém, também é importante lembrar que, embora se trate de uma política com uma
proposta vanguardista para a atenção à saúde sexual e reprodutiva do homem, esta ainda está
sistematização por parte dos equipamentos públicos de saúde que, na prática faça acontecer o
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que já está proposto. Ainda temos um longo e dificultoso caminho a ser trilhado e, neste
aspecto, podemos também afirmar que há nisto, por si só, uma justificativa para o presente
estudo. Especialmente quando se percebe que este vai ao encontro das políticas
governamentais.
Silveira Castro (2009) em bases de dados indexadas da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS),
gênero para redução e melhor definição das ocorrências, podemos constatar o seguinte: Neste
nossa busca, entretanto, destes, apenas dois trabalhos foram realizados por enfermeiras.
Apesar de tratar-se de 50% (cinqüenta por cento) do total dos trabalhos, o número de
publicações é ínfimo.
A pesquisa foi repetida 10 (dez) meses depois e o resultado não mudou muito. O
número total de trabalhos aumentou de quatro para cinco, representando um aumento de 20%
(vinte por cento) no número absoluto, mas apenas os dois encontrados anteriormente
área.
encaminhar os trabalhos que tivessem relação com a enfermagem, quer seja por sua ação ou
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O que aponta para o fato de que estudar a dificuldade de procriar para o homem
requer todo um envolvimento psicossocial, não podendo ficar na superficialidade das questões
existente nas representações e nas relações entre o homem e o processo de procriação, suas
dificuldades e o percurso que este faz até conseguir, ou não tornar-se pai, ou pelo menos ter
um filho.
dimensão que assumiu, após a sua chegada às mídias, por conta da Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), que determinou que o assunto fosse
colocado em voga, ainda nos parece que a Enfermagem, por enquanto, não se deu conta de
Desta forma, estamos percebendo que parece haver uma grande lacuna no que
concerne ao saber relacionado aos cuidados de saúde com os homens inférteis ou que
apresentam dificuldade em procriar, que a Enfermagem não está se apropriando, e que, pode
fazer toda a diferença na hora de efetivamente atender a esta clientela que possui necessidades
bastante específicas.
Nos debates assim como na atuação nas questões relacionadas à infertilidade humana
é imprescindível que o trabalho ou a atividade seja realizado em equipe e que esta equipe
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tenha uma configuração multiprofissional que permita uma aproximação a partir de uma
abordagem interdisciplinar.
Também vale ressaltar que, apesar de haver muita produção na área de reprodução
assistida, ainda há um espaço amplo para se pesquisar e produzir sobre o assunto, em especial
ao que tange aos cuidados aos indivíduos do sexo masculino. Acredito que estarei, com este
estudo, não só ampliando conhecimentos acerca do tema de modo a contribuir para novas
melhorias que poderão ser aplicadas nos atendimentos dos homens em situação de dificuldade
seguimento da população, já debatidas; para a ciência: uma vez que há lacunas no campo da
saúde dos homens, especialmente no que tange a saúde sexual e reprodutiva e a dificuldade de
procriar por infertilidade no homem, que precisam de um olhar mais multicêntrico e holístico
capaz de dar conta de uma complexidade pouco perceptível neste momento no campo da
saúde; Para a academia: ao passo que permitirá que um número maior: de docentes, de
profissionais de saúde e de pesquisadores se ocupem com este tema em suas atividades e para
Homem.
Esperamos, ainda, que esta dissertação possa também, contribuir para a construção
de uma nova abordagem fundamentada também, mas não somente na questão dos gêneros nos
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para a saúde dos homens, enquanto elemento único composto por mais de um esgelha de
Acreditamos também, que a abordagem com esta finalidade não pode ser
exclusivamente elaborada a partir de um saber, mas que deva ser construída a partir de
interdisciplinar. Feurwerker, (1998), também aponta para esta necessidade. É neste sentido
Buscando atuar no que cabe à Enfermagem, de forma integrada, cabe-se destacar que
é necessário que haja uma mudança na forma de enxergar as diferenças de pontos de vista
determinados pela formação profissional nas questões de enfrentamentos dos gêneros Sauthier
(2004). Mas esta mudança não é algo simples, tampouco é apenas uma troca de lugares de
É necessário que os profissionais que atuam na área da saúde dos homens sejam
Neste aspecto, concordamos com Lyra-da-Fonseca (2008) que critica a forma com
que a mídia cobre a atenção especializada à saúde do homem, afirmando haver uma
5
Trata-se aqui do exame de toque retal, unidigital utilizado pelo examinador no momento de avaliar a
morfologia e a topografia da próstata do indivíduo, o que, na cultura ocidental remete a questões de repressões
sexuais e homossexualidades.
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tratado com ironia. Reforçando o preconceito. Concordo com a afirmação deste autor, quando
diz que este fato acaba afastando o homem dos serviços de saúde.
Embora estas mudanças ainda não tenham sido capazes de desconstruir o fundo
machista que existe no inconsciente coletivo da nossa sociedade, uma vez que se percebe que
camadas da população. O que pode ser explicado por se tratar de representações sociais
encontradas no cerne do núcleo duro e que são mais difíceis de serem modificadas.
Ainda, segundo Nolasco (1995, p. 13) “Homens, fomos criados para calar o
sofrimento, o prazer ou a fantasia” o homem, em nossa sociedade, não foi preparado para
fazer escolhas afetivas ou profissionais. Esta incapacidade masculina é apontada pelo autor,
no que concordo plenamente, como uma das causas da dificuldade que os homens
6
Nota do candidato. Aqui a palavra homem é utilizada como substantivo que se opõe à palavra mulher
diametralmente, estando eqüidistantes em relação à questão se gênero e sexo. Ou seja, uma visão reducionista.
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Novos enfoques teóricos e metodológicos são necessários para superar os desafios
possa ser mais adequado ou estar mais em conformidade ao que é esperado por parte dos
homens.
Para alcançar esse ideal, será necessário romper paradigmas e vencer preconceitos,
inclusive, e principalmente dos próprios membros de alguns serviços que assistem aos
Neste aspecto compactuo integralmente com Gomes (2008) que propõe novas
ultrapassa, sem negar a realidade dos corpos de sexo masculino, as representações dos
conhecimento, que reduz os homens à sua condição e dimensão natural biológica e, mais
precisamente, ao modo biomédico de se aproximar dos seres vivos (da biologia) e da própria
natureza, favorecendo uma nova dimensão e uma nova representação deste ser “homem”.
contribuir para uma reflexão mais profunda dos profissionais que atuam na assistência no
campo da infertilidade, sobre o assunto e, por fim, estabelecer como resultado desta pesquisa,
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o campo das representações sociais masculinas acerca da infertilidade humana de origem
masculina ou mista.
representações sociais dos profissionais de saúde de nível superior quanto aos homens com
é praticada a menos de 50 (cinqüenta) anos, o que já foi discutido por pesquisadoras como
Parece haver uma naturalização dos comportamentos e das atitudes masculinas frente
identidade masculina e sua conduta frente aos problemas de saúde e, de certo modo, isto não é
questionado pela maioria dos profissionais que assistem a clientela masculina. Saffioti (1987,
p. 8) afirma que:
A enfermagem por sua vez, como afirma Queiroz (2002, p. 8) “parece ter caminhado
humana assistida. O que foi comprovado por mim durante o processo de levantamento do
7
Creio que esta é uma das principais relevâncias e uma das mais importantes contribuições que este estudo
poderá proporcionar.
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estado da arte, quando realizei uma revisão bibliográfica sobre o assunto, conforme citado na
justificativa do estudo.
Uma das questões pouco abordadas até hoje e praticamente não abordadas por
enfermeiros é o discurso sobre a infertilidade. O que há nas “falas” dos homens que
bastante fértil para os pesquisadores de enfermagem e de outras áreas. Uma vez que é o meio
Como isto se reflete nos profissionais de saúde de nível superior é uma questão de interesse.
Sabemos que as representações sociais se desvelam nos discursos dos grupos e se, se
desvelam, são perceptíveis para os membros da equipe de saúde que atende, assim como
influencia nas representações sociais destes, além de que, estas representações sociais
clientela e vice-versa.
É importante estar atento de que o que ocorre com o microcosmo daqueles (sejam
homens, mulheres ou casais8) que buscam e não conseguem uma gravidez influencia tanto na
sua existência quanto na forma de lidar dos profissionais de saúde com estes indivíduos. Uma
vez que é, exatamente para estes indivíduos que a espessura social e a relevância serão
maiores.
Respostas aos questionamentos possíveis que estas inferências possibilitam são algo
que somente pesquisas podem dar conta e, nós esperamos, torcemos e acreditamos que este
8
Grifo nosso: em nossa experiência, muitas vezes é o homem sem uma mulher, uma mulher sem um homem ou
um casal formado por homens ou por mulheres que buscam o serviço e não o que, em geral, se entendia, em uma
visão mais conservadora, por casal.
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atividades da linha de pesquisa “Saúde Sexual e Reprodutiva” do Núcleo de Pesquisa de
pode ir além do que temos como expectativa, ou pode estagnar aquém destas nossas
pretensões de pesquisador, mas isto só o realizar deste projeto poderá nos demonstrar e
responder.
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CAPÍTULO I
2 FUNDAMENTAÇÃO:
e saúde reprodutiva” como questão contemporânea da atenção à saúde, que foi colocada em
destaque pela publicação, pelo governo federal, da “Política Nacional de Atenção Integral à
a “Psicologia Social” e as ciências da saúde, com enfoque mais centrado, em virtude de nossa
determinando uma produção científica em volume cada vez maior. Entretanto, é necessário
estar atento de que esta interface não é uma ação muito fácil e que a apropriação de
conhecimentos de áreas diversas à nossa formação demanda um esforço maior para uma
aproximação harmoniosa.
Portanto, neste capítulo, esperamos poder traçar, ainda que em linhas gerais, os
caminhos que podem ser pistas da forma com que os entrevistados produzem suas evocações,
ou de como elas são construídas por estes. Em que se baseiam as ancoragens que poderão ser
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2.1.1 O Homem: Uma Construção de Gênero.
para que, desta forma se possa entender a modo de atendimento dos profissionais de saúde.
Durante algum tempo a saúde era necessária ao homem, para que ele pudesse seguir
produzindo, adoecer poderia diminuir ou impedir que o homem produzisse. Sob este prisma,
Enquanto, para as mulheres, a preocupação com sua saúde sempre esteve ancorada
tendência forte neste sentido. Aí há uma possível explicação para a dificuldade de inserir o
encontramos muitos pontos de aproximação e tantos outros de oposição com base nas
gêneros é uma questão com intima relação com a saúde dos homens, entretanto, pensar a
atenção à saúde sexual e reprodutiva masculina não é algo muito “natural”, é um constructo
que rompe, em certa medida com os padrões de normalidade até então estabelecidos.
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Certamente os gêneros, assim como as sexualidades e as masculinidades são
coletivos, essenciais às representações. Por esta razão pode ser visitado por estudiosos das
Representações Sociais.
conceito biológico e genético que significa que um dado indivíduo nasceu com os órgãos
genitais esperados para um homem e que representam o sexo masculino, “gênero masculino”
independente do sexo de nascimento, optou por assumir os padrões esperados para o sexo
masculino.
evolução dos enfrentamentos dos papéis-sexuais e da discussão de gênero que estão presentes
ao logo de todo o nosso trabalho, e que é indissociável do saber e do fazer dos profissionais de
saúde.
lugar ao enfoque de gênero, como afirmam autores como Rohden, (2009); Heilborn, Cordeiro
homens e saúde, articulando estas questões com outras, tais como classe social, cor/raça,
etnia, geração, orientação sexual, religião e outras, a fim de se entender os processos de saúde
América Latina, Keijzer (2003) observa que há uma necessidade de se voltar para estudos da
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experiência de homens em relação à sexualidade, à reprodução humana, à paternidade, e
aumentar o número de estudos que abordem questões como violência e a própria saúde dessa
população especificamente.
humanos. Tem ocorrido, especialmente nas últimas três décadas uma flexibilização dos
modos de representações sociais dos papéis de cada um dos gêneros, como visto por Tomaz
(2009) em seu trabalho: “Percepções do Universo Masculino das Camadas Médias Urbanas
no Mercado de Trabalho”.
sociedade, hoje, o modelo tradicional e outrora dominante de família nuclear conjugal, tem
dado espaço a diferentes formas híbridas de relação e de união entre os sexos: masculino e
feminino, e vemos com mais parcimônia, inclusive e especialmente da mídia televisiva uma
experiências de amor abalizadas pela instantaneidade, o que, segundo Tomaz (2009) está
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caracterizando-se como o provedor da família, cabendo às mulheres, nestas sociedades,
filhos. Como parte das sociedades, os profissionais de saúde também trazem em suas
O autor, Tomaz (2009), aponta que, ainda que muitas dessas mulheres trabalhem
fora e algumas tenham fonte de renda individual, que por vezes chega a ser igual ou até
social.
Certamente a simples distinção de gênero não explicaria essa realidade, mas pode
estar na base desta situação, portanto é interessante que se busque o que distingue a
As questões sobre as relações de poder dentro das relações de gênero sempre foram e
ainda são foco de muitos estudos. É inegável que hoje elas são afetadas pelas novas formas de
organização familiar e pela flexibilização dos arranjos conjugais, como apontado por Tomaz
(2009).
representação social de gênero, mas no momento ainda é perceptível uma continuidade dos
papéis sociais definidos para a mulher e para o homem, seja na esfera pública ou privada,
e que seguem em direção a uma centralidade das afetividades como elemento constitutivo da
dominação por laços afetivos. O homem, menos emotivo tomaria o controle apesar desta
mudança de paradigma, mantendo assim seu poder nas relações baseadas nas diferenças e
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Quando se abordam questões como “paternidade” e “fertilidade” não há como não
passar, ainda que em algum momento, por discussão de conceitos relacionados à virilidade,
entre estes aspectos é extremamente estreita e íntima, chegando há permitir certa confusão,
masculina”, porquanto, entendemos que podem ser indistintamente utilizados para designar a
palavra fertilidade e que, a princípio, o termo fertilidade possa ser definido, de acordo com
Ferreira (2009, p. 185) como: s.f. Qualidade do que é fértil. / Fig. Riqueza de imaginação.
mesmo dicionarista Ferreira (2009, p. 185), temos: adj. Fecundo, que produz muito; ubertoso:
campo fértil. / Que excele ou se destaca entre os comuns: ano fértil em acontecimentos.
Assim, podemos compreender que fértil possui intima relação com fecundo, o que
filho e em levar a termo uma gravidez até ao parto”. Podendo ser esta fertilidade natural ou
como sugerido nesta definição, nos remete, por se tratar de uma abordagem do sexo
A paternidade foi definida segundo Ferreira (2009, P. 346) como uma palavra que se
deriva do Latin Paternitate, e é definida como qualidade de pai; tratamento dado aos
paternidade como:
Esta definição, que entendemos seja suficiente para este momento de nosso estudo,
exige que avancemos em direção a alguns outros conceitos, por sugerir uma relação de poder,
que pelo prisma das relações de gênero nos remete a palavra machismo.
doutrinado na Bíblia, no Alcorão e em outros livros também religiosos). Nesse sistema, o pai
outras palavras, de ser viril. Por conseguinte, cabe uma definição para a palavra virilidade. De
acordo com Ferreira (2009) virilidade significa a qualidade ou estado de viril; também
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podendo se referir a idade do homem entre a adolescência e a velhice; aquilo que constitui o
Outra definição é dada pelo dicionário on-line kinghost: (KINGHOST, 2008, p.1)
Já Gomes (2008, p. 108) ao analisar o tema afirma que “a virilidade pode ser
com a paternidade.
não é uma qualidade masculina ligada ao gênero, uma vez que a disponibilidade para se
relacionar não é exclusividade deste e não está atrelada às relações heterossexuais, podendo
ser ação do gênero masculino ou do gênero feminino. Além de poder estar ligada às relações
entre homes, entre mulheres e entre estes, um com o outro. Portanto, somos levados a pensar
sobre o conceito da palavra masculinidade, nossa última barreira conceitual para o presente
estudo.
masculino mas pode não possuir a masculinidade adequada ao seu sexo, pois pode decidir
Diversos autores apontam para uma associação nas representações sociais entre a
Diamond (1994 e 2002); Borlot & Trindade (2004); Pasqualotto (2007) e Gomes (2008).
Além de comungar com esta tese, também acreditamos que, ao menos em parte, há um limite
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estreito e muito mal definido entre o que é convencionalmente entendido como machismo e o
que é uma postura violenta de homens, sem relação com questões de gênero.
totalitarista, que cerceia qualquer direito a manifestação de juízos de valor por parte das
mulheres.
Claro que é preciso ressaltar que isto, embora seja corrente, não é a única forma de
entendimento, com relação ao homem contemporâneo, mais do que isto, que está não é a
única forma vigente de perceber e de enfrentar o mundo, quanto a isto compactuo com o
Assim, considerando, que está em curso uma mudança das representações sociais
com relação ao gênero masculino, e que tal mudança ao mesmo tempo traz incipientemente
virilidade, também traz novos elementos, o que está permitindo a flexibilização do conceito
de gênero. Quando a mudança age nas questões ligadas à reprodução humana, parece induzir
a uma mudança no que pensavam, refletindo no modo com que estes homens agem frente à
infertilidade masculina.
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Ainda no presente estudo, adotaremos os seguintes conceitos para as expressões:
necessários para o melhor entendimento. Silva (2009, p.490) falado sobre enfermeiros
nível superior.
em conta o tempo de atividade na função, que será de 2 (dois) anos. Portanto, quando
registro de discussão sobre o direito de ter ou não filhos, desde os tempos bíblicos. Entretanto,
os maiores avanços nesta área são produtos de conquistas históricas, fruto da luta pela
feminista.
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No Brasil, as primeiras consolidações normativas na área de saúde reprodutiva
surgiram há cerca de 30 anos, com a edição de legislações e de normativas que mais tarde
dariam origem ao Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher (PAISM). Que é uma
política de governo que tentava, desde sua concepção, ver a mulher de maneira integral, que,
pela primeira vez se fazia presente em uma proposição de política pública de governo na área
de saúde, mas isto foi mais efeito das reivindicações dos grupos sociais de luta pelos direitos
das mulheres, ditos feministas, do que por uma orientação das próprias autoridades do
governo.
1994, e que estabeleceu acordos internacionais que foram assumidos por aproximadamente
200 países. Esses acordos foram assumidos e ampliados na “IV Conferência Mundial sobre a
Mulher”, realizada na cidade de Pequim (Beijing) em 1995, pode ser identificada como
Sendo um consenso assinado por 179 (cento e setenta e nove) países, a “Conferência
do Cairo”, foi uma importante mudança de paradigmas das políticas populacionais para a
Apesar das questões relacionadas aos direitos sexuais e reprodutivos serem parte de
uma temática mais ampla, a dos direitos humanos, e reportarem às questões da cidadania
moderna, conceito construído a partir dos princípios iluministas do Século XVIII, aqui, é
fundamental lembrar que o caminho trilhado até a “Conferência de Cairo” foi bastante árduo e
marcado por obstáculos, que determinaram avanços e retrocessos. Pode-se dizer que nesta
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caminhada, a população foi vista ora como objeto de políticas coercitivas, ora como sujeito de
progressiva tanto das taxas de mortalidade como de natalidade e uma relação harmônica entre
apenas com que o aumento da idade para o casamento e com a abstinência sexual fora dele
No entanto, somente no Século XX, ou seja, depois de dois séculos, é que assistimos
a uma queda das taxas de mortalidade e natalidade, nos países desenvolvidos. Os demógrafos
transição demográfica não viam contradição entre população e desenvolvimento, mas uma
caso dos chamados países do Terceiro Mundo levou à conclusões diferentes daqueles
Os primeiros demógrafos que analisaram esta questão argumentaram que a queda das
dos países industriais. Assim, a queda das taxas de mortalidade, especialmente da mortalidade
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infantil, teria ocorrido sem a transformação das estruturas sociais e econômicas e, sem estas
uma mortalidade em queda num quadro de elevadas taxas de fecundidade, e o produto deste
quadro ganhou o nome de “Explosão demográfica”. Esse fato serviu para realçar que as
neomalthusianismo é que este último, aceita e receita os métodos contraceptivos como forma
de limitação da fecundidade.
Nações Unidas (ONU). Desta forma, também é justo acreditar que foi no desenrolar das ações
múltiplos fatores sociais, que se chegou às definições dos conceitos de direitos e saúde sexual
reprodutiva do Brasil.
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Façamos uma ressalva, para entendermos melhor o panorama da saúde sexual e
políticas sociais do governo brasileiro, dentro das quais se integra a de saúde, estas políticas
são coordenadas pela Câmara de Política Social, integrada pelos ministros da área social e
Presidente da República.
com a sociedade em relação à saúde são estabelecidos no Plano Plurianual (PPA) e interferem
sexual e reprodutiva.
lugar, contextualizar a saúde do homem (sexo masculino) no cenário da saúde do homem (ser
humano).
capacidade reprodutiva. Talvez por esta razão, a saúde da mulher tenha ficado relegada ao
segundo plano por décadas e só tenha se tornado uma questão social, em virtude dos
Nas sociedades patriarcais, como o homem era o provedor, sua saúde era mais
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relacionados a manutenção da saúde para o trabalho. Por esta razão problemas relacionados
casos ainda é, pensada pelo prisma da atenção à saúde reprodutiva, desta forma ela foi
uma atenção quase exclusivamente curativa e contribuiu para o afastamento deste dos
serviços de saúde relacionados aos problemas da saúde sexual e reprodutiva, como visto
dispensada às mulheres.
iniciais eram norte-americanos e se baseavam no modelo biomédico. Sabo (2000) ressalta que
nos anos 70, o pensamento produzido sobre a saúde dos homens teve um caráter exploratório,
margeando a teoria feminista e a política de saúde das mulheres. Por esta razão, se organizava
saúde.
Concordamos com Sabo (2000), mas temos a crença de ser importante ressaltar que,
apesar de margear a teoria feminista e a política de saúde das mulheres, do ponto de vista da
saúde das mulheres, pois, enquanto está deriva da luta, especialmente, mas não
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exclusivamente, dos movimentos feministas, aquela é ainda hoje, um constructo vertical,
Dentro dessa concepção, Schraiber, Gomes & Couto, (2005) e Gomes e Nascimento,
(2006), ressaltam que, a noção comum atualmente aceita, é a de que o início do debate da
No Brasil, assim como na América Latina, os estudos sobre saúde dos homens
surgem no final da década de 80, acompanhando uma tendência impressa por estudos Norte
Americanos.
Schraiber; Gomes e Couto (2005) inferem que os estudos de Laurenti (1991 e 1997)
dos homens americanos, são os primeiros estudos na área, apresentando uma diferença entre
sobremortalidade neste sexo para a quase totalidade das causas. Os autores afirmam também
populacionais.
começaram a incluir os homens como informantes, nas pesquisas sobre saúde. Também é a
partir deste momento que os homens passam a ser convidados a participar na atenção à saúde,
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do parto, deixando de ser considerados responsáveis apenas por provocar a gestação ou de
Assim, em 2008 foram realizadas uma série de cinco seminários com Sociedades
Homem Brasil (2009, p. 8), um material que nos elucida alguns aspectos sobre este processo
em consonância com o que prevê a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher:
A paternidade não deve ser vista apenas do ponto de vista da obrigação legal,
mas, sobretudo, como um direito do homem a participar de todo o processo,
desde a decisão de ter ou não filhos, como e quando tê-los, bem como do
acompanhamento da gravidez, do parto, do pós-parto e da educação da
criança. (BRASIL, 2009. p.16)
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Esta proposição avança, por prever uma distinção entre os homens, de acordo com a
faixa etária em que se inserem e por sugerir que todos, independentemente da idade e da fase
em consonância com o que prevê a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher:
A paternidade na adolescência não deve ser vista apenas como algo a ser
evitado. Os adolescentes e jovens adultos devem ser assistidos diante de suas
necessidades e projetos de vida, e não apenas segundo a percepção do
profissional de saúde. (BRASIL, 2009. p.16)
previstos nas normativas relacionadas à saúde da mulher e ao planejamento familiar, mas que
ainda não haviam sido sistematizados. “A eles devem ser disponibilizados informações e
ainda retrograda, o que parece destoar do contexto vanguardista da proposição de uma forma
mais ampla. Tal fato também pode ser verificado ao mencionar sobre a gravidez.
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Na eventualidade de uma gravidez, o importante é assegurar condições para
que a paternidade seja vivenciada de modo responsável. (BRASIL, 2009.
p.16)
Parece que a gravidez para os adolescentes, é tratada sempre como um acidente e não
como uma ação consciente e intencional, que pode inclusive, mesmo na adolescência, ser
planejada, ou desejada.
Parece-nos que há aqui um importante avanço. Uma vez que o home idoso é
percebido como sujeito de sua sexualidade, entendida como uma ação ativa, não controlada
culturais políticas e econômicas patrocinadas pela modernidade, mudanças estas que, também
sexualidade e da opção sexual) é outro aspecto que decorre das mudanças advindas da
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estudo, mas que exerce importante influencia nas ações de governo que resultaram na
reprodução humana, embora de óbvia importância, continua não sendo um assunto muito
comumente abordado na formação dos profissionais de saúde, qualquer que seja o nível de
Além disto, este é um tema que foi e que continua sendo relegado à segunda
categoria, não só nos serviços de saúde, mas também nas publicações especializadas como os
artigos de periódicos específicos e até na grande mídia, nas matérias de jornais, de revistas,
destas questões, afinal, parece haver uma relação entre a medicalização da reprodução que
determina custo/lucro, enquanto que no que se refere à atenção à saúde do homem a relação
existente seja uma determinante custo/prejuízos. Mas deixamos este aspecto para outro
estudo, sendo necessário apenas enxergá-lo neste momento, para que sejamos capazes de
entender que, as medidas de contracepção nas classes sociais menos favorecidas são muito
É necessário pensar nestas questões para que possamos contribuir para o debate
sobre a saúde dos homens e sua relação com a subjetividade humana como sugerido por
Por outro lado, é natural que algumas dessas mudanças causem reflexos em diversos
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massa. E dessa forma, podermos buscar os motivos pelos quais algumas questões emergem
desta nova realidade, refletindo-se na forma com que estes meios de comunicação em massa
abordam as questões emergentes da saúde do homem. Não nos alongaremos nesta questão por
não ser este o objetivo deste estudo, apenas apontamos para a necessidade de atentar para
estas questões ao se refletir sobre como a sociedade está se ajustando a tal realidade e, assim
ser capaz de entender de que forma (a sociedade) se refere ao – “produto das novas formas
federal, que pretende divulgar e levar os homens a sentirem-se interessados em buscar atenção
à sua saúde.
virilidade e masculinidades a partir do olhar de homens que vivem ou que viveram estas e
outras questões relacionadas à saúde sexual e reprodutiva masculina, uma vez que, estamos
certos disso, esses são assuntos que também merecem uma análise mais profunda.
com que os homens que passam pela experiência de dificuldade de ter filho se representam.
Como eles se afastam ou se aproximam dos equipamentos públicos e dos serviços de saúde
reprodução humana.
Masculina
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Entendemos que seja importante também uma definição do termo “infertilidade
conjugal masculina”. Neste aspecto, tal definição busca uma melhor compreensão do que
alguns autores Roncoletta et al (1999); Mello, Pinto e Botelho (2001) e Freire et al (2009);
entre outros, chamam de: “infertilidade masculina”, esta ressalva é necessária para que fique
bem marcada a distinção, pois enquanto esta remeta a uma situação em que o homem é
incapaz de determinar uma gestação, aquela define a situação em que um homem, como
elemento do sexo masculino que faz parte de um casal, não consegue levar o casal a uma
gravidez.
métodos contraceptivos, de estabelecer gravidez após um ano de vida íntima ativa”. Uma vez
que dados estatísticos demonstram que casais que mantêm uma ou duas relações sexuais por
gravidez.
casal com vida sexual ativa, sem uso de medidas contraceptivas, em um período de 1 ano ou 2
anos”. Enquanto a OMS estabelece a vida sexual ativa e a ausência de métodos contraceptivos
para parâmetros de inclusão, Pasqualotto (2007) utiliza, além destes, a idade reprodutiva e a
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vida íntima ativa como os limitadores, o que parece remeter a uma visão mais ampliada do
Mas, o que é “infertilidade humana conjugal”? Perceba que além das palavras
infertilidade conjugal, estamos incluindo a qualidade humana para restringir nosso campo de
definição e para que possamos depois partir para a distinção com o que chamaremos de
gestação prévia.
estudo, uma vez que um dos pontos de partida será exatamente a distinção da origem desta
Assim temos que uma definição possível para a “infertilidade masculina” seja
aquela que a considera como: a incapacidade de um homem gerar uma gravidez em uma
mulher por meios naturais, quando a mulher não apresenta incapacidade para engravidar de
esterilidade era sempre a mulher. Ou, pelo menos era essa a norma de conduta quando se
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mulher a possível causa da infertilidade. Hoje já se sabe que ela (a mulher) é responsável por
apenas metade dos casos de casais que não conseguem ter filhos biológicos por meios
naturais. A outra metade dos casos ocorre por problemas relacionados ao homem, que
tecnicamente podem ser chamamos de “infertilidade masculina” ou para uma precisão maior
fatores em cerca de 50% do total de casos de infertilidade conjugal como foi demonstrado por
Pasqualotto (2007) em um estudo realizado com mais de 200 (duzentos) casais em idade
fértil. Podemos pensar que seria de bom tom se dar, pelo menos importância e relevância
semelhantes para cada um dos elementos de um casal com problemas de infertilidade. Porém
pode ocorrer associação de diversas causas em um mesmo paciente. Mas, diferente do que
necessariamente esta causa estará relacionada ao aparelho reprodutor masculino. Quer seja no
deslocamento deste espermatozóide. Por esta razão, antes de se decidir por qualquer linha de
que atende a casais com problemas de infertilidade conjugal deve realizar um exame físico
acurado e uma anamnese dirigida minuciosa em busca de fatores que potencialmente afetem a
9
Espermatogênese: processo de transformação das células diplóides em células haplóides, na espécie humana
dura aproximadamente 48 dias e pode ser dividida em três fases: 1 - Fase de Multiplicação: As espermatogônias
diplóides originam duas outras espermatogônias igualmente diplóides, uma delas irá substituir a que iniciou o
processo. A outra espermatogônia seguirá as transformações para tornar-se espermatozóide; 2 - Fase de
Crescimento Celular: Inicia-se a partir da puberdade, sob estímulo dos hormônios gonadotróficos. As
espermatogônias mais profundas nos túbulos seminíferos aumentam de volume, nutridas pelas células de Sertoli.
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masculino, além da avaliação do elemento feminino do casal, conforme propõem Glina;
Em revisão sobre o tema Castro, Silveira Castro e Queiroz (2008) fazem as seguintes
presença de varizes nas veias do testículo, que impedem o funcionamento perfeito dos
mesmos).
próprio organismo), alterações congênitas ou cistos das vesículas seminais, obstruções por
local e ejaculação retrógrada (que pode ser devido a acidentes ou, principalmente, a cirurgias
da próstata).
Nesta fase, não ocorrem divisões celulares. As espermatogônias passam a ser espermatócitos primários ou de
primeira ordem. Ainda diplóides e; 3- Fase da Maturação: O espermatócito primário sofre divisão meiótica
reducional (meiose I), originando dois espermatócitos secundários ou de segunda ordem. Estas células já são
haplóides. Na seqüência, os espermatócitos secundários sofrerão meiose equacional (meiose II), originando
quatro espermátides também haplóides.
10
A vasectomia é uma pequena cirurgia feita com anestesia local de ligadura dos canais deferentes no homem.
Ela corta apenas o canal que leva os espermatozóides do testículo até as outras glândulas que produzem o
esperma masculino. Assim continua a haver ejaculação, agora, sem espermatozóides.
É uma esterilização definitiva, por isto, o homem deve ter certeza absoluta que não quer mais ter filhos.
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uma evidência inegável de infertilidade masculina como infere Pasqualotto (2007), porém a
Sabemos que a análise seminal deve ser a primeira fonte de informação laboratorial
sobre o homem. Material para exame deve ser colhido com intervalo de 15 (quinze) dias e a
análise do ejaculado não deve apresentar grande variação entre as duas amostras. Segundo
Curitiba no ano de 2009, apontam para uma melhor avaliação do espermatozóide com o uso
intervalo inferior a 60 dias então a análise individual do ejaculado refletirá as variações que
ocorreram exatamente nos últimos dois meses, portanto o intervalo de 15 dias entre as
esta é multifatorial e envolve o casal. Diversos autores como Mason (1993), Glina (1998),
Glina (1999), Bandeira (1999) e Pasqualotto (2007) têm apontado pára uma correlação
intervalos superiores há uma década, é necessário então que os parâmetros utilizados para
das causas está sofrendo um processo de redução ao longo dos tempos. Muitos autores como
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Souza, Moura e Grynszpan (2008) atribuem isto a causas ligadas aos fatores externos e até
prevenção de doenças que a enfermagem assume tão bem pode ser um dos nichos para
assistência à reprodução.
visão do profissional de saúde, é importante que se ressalte que é necessário tratar o casal,
uma vez que o casal é uma unidade (casal infértil), por isso deve ser avaliado em paralelo ou
preferencialmente junto na fase masculina e feminina. Devemos coletar uma história clínica
cuidadosa e meticulosa de ambos os elementos. Esta é uma tarefa que vem sendo
do casal e o tempo em que estão realizando coito desprotegido e considerar a idade de cada
um dos parceiros, pois a idade avançada é um dos fatores não modificáveis de maior
Normalmente ocorre uma gestação a cada sete (sete) anos nos casais, em idade fértil,
que mantêm uma relação sexual por semana segundo Glina; Soares; Meirelles; Antunes
Júnior (2003). Esta proporção varia positivamente quando o número de relações sexuais é
aumentado.
Além da freqüência da atividade sexual e da idade dos parceiros, são fatores que
11
Criptorquidia é o estado de não-descimento de um ou dos dois testículos para a bolsa escrotal, geralmente
causado por hérnias, falta de estímulo hormonal ou por alterações na região do abdome.
É uma das anomalias genitais mais comuns em meninos, em alguns casos, resolve-se em um período de
aproximadamente 18 meses, sem necessidade de cirurgias.
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orquite12 pós-caxumba na pós-puberdade; doenças sexualmente transmissíveis (DST) como a
reprodução, por qualquer que seja o motivo, pode determinar um bloqueio psicológico, ou
Dados recentes apresentados por Souza (2008) indicam haver uma estreita relação
entre taxa de fertilidade e fatores ambientais. Estamos convencidos de que estudos mais
aprofundados neste sentido sejam muito elucidadores e contribuam de forma positiva para a
Uma vez que a taxa de fertilidade humana vem decrescendo ao longo das décadas,
na taxa de fertilização de homens Souza (2008) e mulheres Souza; Moura; Grynspan (2008), é
12
Orquite é a inflamação de um ou ambos os testículos. Considerada doença sexualmente transmissível quando
os organismos que causam a blenorragia ou a clamídia estão envolvidos. Pode ser causada por vários organismos
bacterianos e virais. A viral mais comum é a caxumba. Ocorre em 15 a 25% dos homens que contraem caxumba
após a puberdade. A brucelose é uma doença na qual a orquite se desenvolve em 2 a 20% dos homens com essa
doença.
13
A blenorragia ou gonorréia é uma doença sexualmente transmissível, causada pela bactéria Neisseria
gonorrhoeae, que infecta o revestimento interno da uretra, do colo uterino, do reto e da garganta ou a esclerótica.
Pode disseminar-se através da corrente sanguínea para outras partes do corpo, especialmente para a pele e para as
articulações. Pode ascender através do trato genital, infectando as membranas internas da pelve e causando
problemas relacionados à reprodução.
14
Cariótipo é o conjunto de cromossomas ou a constante cromossômica diplóide (2n) de uma espécie.
Representa o número total de cromossomos de uma célula somática. As alterações em sua composição ou
quantidade determinam alterações graves, muitas vezes inviabilizando a vida.
15
Microdeleções do cromossomo y são alterações do tipo delação, isto é ausência ou incompatibilidade de partes
pequenas da perna longa do cromossomo Y, que determina o sexo masculino nos bebês humanos.
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É possível que a redução das taxas de fertilidade seja um dos fatores que expliquem o
todo o Brasil, inclusive na cidade do Rio de Janeiro. Porém essa hipótese pode ser discutida
em outro estudo.
Souza, Moura e Grynszpan (2008) demonstram que, até 2003, havia 47 (quarenta e sete)
centros de assistência à reprodução humana no Brasil, que realizaram 20.012 (Vinte mil e
doze) ciclos com aspiração de óvulos e que resultaram em 5.887 (cinco mil, oitocentos e
oitenta e sete) gestações e no nascimento de 6.286 (seis mil, duzentos e oitenta e seis) bebês.
Para Souza, Moura e Grynszpan (2008) isto representa uma taxa de bebê em casa de
descendente saudável, aproximando-se de 1/1, o que parece deverá ocorrer ainda nesta
década. Um estudo para avaliar os mecanismos que estão sendo utilizados para alcançar estes
Os dados apresentados por Souza, Moura e Grynszpan (2008) revelam, também que,
no estado do Rio de Janeiro não há serviço público que ofereça as técnicas de alta
Notadamente, ainda hoje, menos de 1% (um por cento) dos números relacionados
considerado todo o território nacional e uma parcela ainda menor se refere a tratamento
oferecido aos casais das classes sociais menos favorecidas, o que demonstra o viés excludente
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do acesso a esta tecnologia, em especial no estado do Rio de Janeiro, uma das poucas capitais
percebemos que são raros os serviços públicos que oferecem assistência para alta
complexidade nesta área, isto é mais perceptível inclusive em alguma das grandes capitais,
De acordo com Borlot & Trindade (2004, p. 63) apesar de não ser este o
procedimento padrão recomendado “quatro em cada cinco casais que buscam tratamento para
a infertilidade conjugal são orientados primeiro a realizar exames para investigar as questões
ligadas à mulher”. Estes dados apontam para o fato de que também deve haver um conceito de
saúde. Realidade corroborada por outros autores, tais como, Mason (1993); Glina (1998) e
homens e mulheres na origem da dificuldade de reproduzir, pouca atenção tem sido dada à
revisão bibliográfica só foram encontrados 2 (dois) trabalhos produzidos por enfermeiros que
QUEIROZ, 2008).
de reprodução humana assistida criaram uma nova concepção e uma nova conceituação de
coloca uma situação onde o homem pode ser pai de fato sem necessariamente ser
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palavra e isto não pode deixar de ser pensado e discutido pelos enfermeiros para que a
realidade.
infertilidade Schaffer e Diamond (1994) e 10% dos homens em idade reprodutiva sofrerá de
De acordo com Souza; Moura; Grynspan (2008) a população mundial ainda cresce a
uma taxa de 1,2% / ano, mas este crescimento deve-se mais a uma redução da taxa de
populacional, cujas conseqüências são de difícil previsão. Certamente um dos problemas que
conjugal humana, decorrente da idade, em geral mais tardia, em que os casais decidirão iniciar
O projeto de constituir família16 com filhos não é uma exclusividade das mulheres,
muitos homens também possuem tal objetivo como ideal de vida. Apesar de as razões que
levem os homens a querer reproduzir serem distintas daquelas que impulsionam as mulheres
infertilidade, conforme afirma Borlot & Trindade (2004). É, a partir do vivenciar desta
guarda estreita relação com questões como virilidade, masculinidade e sexualidade. Enseja
16
Entenda-se aqui a palavra família pelo conceito mais tradicional. No qual há um homem, uma mulher e os
filhos descendentes desta relação e que moram sob o mesmo teto e que só assim compõem família.
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assim o presente projeto de dissertação, lançar um olhar aplicado especificamente à relação
dos homens com a saúde reprodutiva, ressalve-se que este olhar estará focado no processo de
procriar em que o casal enfrente dificuldade para concretizar o sonho de ter filhos. Porém,
quando abordamos o elemento masculino do casal, não estamos apenas buscando uma
perspectiva de distinções de gêneros, para além, está a nossa pretensão de desvelar questões
temática da infertilidade conjugal constroem sobre o filho biológico não se pode esquecer que
essas representações sociais são permeadas por crenças simbólicas em torno do significado da
literatura mostra que há diversos casos em que a dificuldade em procriar levou a dissolução
do casal, muitas vezes porque o homem não consegue aceitar a cobrança da sociedade que se
nega a entender uma vida conjugal sem filhos. Nisto corrobora Nolasco (1995) quando
observa que os valores reproduzidos pelos homens são determinados por um modelo social
que tutela os homens e controla seus desejos e suas subjetividades. Braz (2005).
Glina; Soares; Meirelles; Antunes Júnior (2003) e Pasqualotto (2007) mostram que, em
relacionado exclusivamente ao homem, enquanto que, em 20% a 50% do total, o homem é co-
percentual próximo aos 80% vão, segundo Borlot & Trindade (2004), efetivamente ter uma
pois não possuem nenhum tipo de problema clínico ou biológico que impeça a gravidez,
É necessário que se tenha uma reserva acerca desta afirmação, pois na prática, parece que a
realidade não é condizente com essa situação. Ainda os autores (op.cit) afirmam que
aproximadamente 15% destes casais são subfecundos, mas que irão engravidar com uso das
tecnologia leve ou dura. Neste enfoque, Pasqualotto (2007) destaca que este grupo deve ter as
No entanto, para alguns destes casais a adoção, talvez seja o caminho para
constituírem uma família, embora seja um tema pouco abordado pelos casais em tratamento
de infertilidade (Borlot & Trindade, 2004). Porém este assunto deverá ser abordado com
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extrema cautela, pois, para muitos casais inférteis a adoção é um assunto proibido como
solução.
hoje, cerca de 10% vão precisar de técnicas de reprodução assistida, está apontando para a
saúde reprodutiva, o problema ainda é o custo elevado, proibitivo para a maioria dos casais
Hoje, os homens com problemas de dificuldade para procriar podem contar com
17
Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides é um método utilizado com muito sucesso nos casos de
infertilidade por fator masculino severo, já que taxas de fertilização independem da qualidade e quantidade dos
espermatozóides. Está técnica é realizada com auxílio de micromanipuladores acoplados ao microscópio e
consiste em injetar um único espermatozóide diretamente dentro do óvulo, promovendo assim a fecundação.
Técnica que necessita muita habilidade e experiência do profissional de laboratório. O trabalho é feito com
microagulhas (mais finas que um fio de cabelo), onde uma delas vai segurar o óvulo e a outra vai pegar o
espermatozóide, imobilizá-lo e injetá-lo dentro do óvulo, ultrapassando a zona pelúcida.
1818
Cirurgia realizada com auxílio de microscópio que procura reconstruir os ductos e/ u as estruturas
relacionadas ao trato geniturinário masculino, implicados com a fase reprodutiva do homem.
19
Varicocelectomia é a extração cirúrgica de vasos sanguíneos de espessura aumentada (varizes) na região da
bolsa escrotal e que, sem esta intervenção, pode comprometer a capacidade do homem de rocriar.
20
A técnica de captação de espermatozóides epididimários vem tomando força nos últimos anos, permitindo que
homens com um número muito reduzido de chance alcance a procriação com células endógenas, evitando o uso
de espermatozóides de doadores.
21
Fertilização in vitro (FIV), popularmente chamada de "bebê de proveta". É uma técnica dividida em duas
etapas, na primeira etapa, denominada estimulação ovariana controlada, a paciente recebe drogas indutoras da
ovulação para aumentar a produção de óvulos. Em seguida, com o auxílio de uma ultra-sonografia transvaginal,
os óvulos são coletados e levados ao laboratório. Paralelamente, os espermatozóides do paciente são preparados
em laboratório de modo que, para cada óvulo a ser fecundado, haja cerca de 50 a 100 mil espermatozóides
móveis. Na etapa seguinte, totalmente desenvolvida em laboratório, os óvulos e espermatozóides são colocados
em um meio especial de cultura para que ocorra a fecundação. Se a fertilização for bem sucedida, dará origem a
pré-embriões, que serão transferidos para o útero da paciente de 48 até 120 horas após a coleta dos óvulos.
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Seria pretensão em demasia, acreditar que uma Dissertação pudesse alcançar em
profundidade o rigor científico ao ponto de poder dizer que está fazendo uso de uma teoria
que não se fundamenta na ciência pátria do pesquisador. Por outro lado, um pesquisador
jamais pode deixar de acreditar que terá condição de aprofundar sua pesquisa até o limite
máximo possível em sua busca, que é dado por elementos que lhe fogem do controle.
deverá esforçar-se ao máximo para delimitar seu corpus para que, ao escrever sua dissertação
produção.
conhecimentos para poder apresentar a teoria que escolhemos para, através de uma possível
abordagem das Teorias das Representações Sociais (TRS). Esta teoria se originou, através de
trabalhos escritos por Moscovici (1978, 1991) tendo como arco o momento em que realizou
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um estudo sobre a representação social da Psicanálise. Suas raízes se engendram a partir de
fenômenos sociais e de trabalhar sobre elas. Portanto, acreditamos que seja um referencial
teórico adequado para este trabalho, proporcionando suporte fundamental a esse estudo, uma
vez que pretendemos captar a diversidade de significados presentes nos discursos, oriundos de
Gonzalés Rey (2004, p. 87) é quem melhor esclarece esta identidade entre sujeito e
objeto: “[...] somos conscientes somente através daquelas construções que têm sentido para
nós, [...]”. Portanto é, naquilo que se pode ancorar as construções e elaborações psicossociais
Moscovici (2008, p. 11), quando aborda o papel conferido à racionalidade da crença coletiva e
sua significação na ótica da Teoria das Representações Sociais, às ideologias, aos saberes
populares, aos consensos e ao senso comum: “com efeito, nós os tomamos imediatamente
sociedade. É essa interpretação do mundo e das coisas que possuem representação para os
sujeitos envolvidos com problemas relacionados ao processo de gerar filho e aos problemas
presente estudo.
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Para Moscovici (1978, 2008), a maioria dos indivíduos interpreta o que lhes
acontece, forma suas opiniões sobre a sua própria conduta, a conduta de familiares ou de
outras pessoas e, a partir deste momento, orientam suas ações em conformidade com essa
interpretação e isto é um ponto de vista presente em nosso (do pesquisador) modo de enxergar
o mundo.
das teorias do conhecimento humano, poderíamos recorrer, com esta finalidade, aos autores
mais clássicos da teoria como o próprio Moscovici ou, indo além, alcançando Durkheim ou
síntese, a “reprodução daquilo que se pensa” Ferreira, (1975, p. 159). Nesta definição, o
pensamento”. É fazer presente algo que está ausente. Processo que, a partir de agora,
chamaremos de evocação.
Sociais estão intimamente envolvidas com os processos da própria realidade social que elas,
ao mesmo tempo constroem em nível simbólico”. Ou seja, ao trazer à presença algo ausente,
(evocar) o que se está fazendo é resgatando, através do símbolo, a existência, segundo nosso
22
Deve estar claro para o leitor que a concretude do que se está evocando, embora sofra influencia no processo
de evocação, não sofre comprometimento, uma vez que não perde suas características e qualidades próprias, mas
passa a ser “representada” de modo exclusivo para aquele indivíduo que realiza o processo de evocação.
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Ainda este autor afirma que o estudo das representações sociais como espaços de
significados comuns a um grupo, é exatamente o que determina e delimita esse grupo, isto é,
faz com que aquele determinado indivíduo pertença, ou não, aquele determinado grupo, por
suas afinidades.
do senso comum. Aos quais, para nós, pesquisadores das representações sociais devemos
tomar como sistemas coerentes de signo, como já proposto por Moscovici (2008) e aqui
abordado.
aproximando da corrente que pressupõe uma ruptura com as vertentes clássicas das teorias do
como saber formalizado, reificado. Assim, a TRS focalizam o saber que já está consolidado,
estes saberes se tratem de “saberes reificados”, assim como, também, a TRS trabalhe os
Podemos afirmar, igualmente, que a TRS seja, portanto, a abordagem mais adequada
a este projeto de dissertação, em virtude de ser ela possuidora de capacidade que possibilita
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comunicação humana. (CAMPOS, 1997). E, por esta razão, ancora perfeitamente nossa
Para Gonzalés Rey (2004, p. 104) a subjetividade “[...] permite uma integração não
Evocar, como vimos anteriormente, é trazer à luz algo tangível para discernir o
intangível. É, portanto a capacidade que os seres humanos têm de buscar na memória, o que
foi aquisição importante, e por isto ficou armazenado na memória, podendo agora ser trazido
símbolos que pressupõem a evocação de presença onde há ausência. Como já foi explicitado
ressaltar que depende da utilização de diferentes métodos para alcançar o objetivo, isto é, para
Por esta razão é preconizado nesses estudos, a utilização da triangulação de métodos. Sobre
TRS, procura superar a dicotomia entre ciência (saber reificado) e senso comum (saber
popular), tratando ambas as manifestações como construções sociais e, por esta razão, estando
relacionam com os outros e de que modo buscam alternativas de solução. Ainda a autora
A TRS contribui, segundo Farr (2008, p. 48), “[...] significativamente para nossa
compreensão dos fenômenos coletivos” o que já deve estar claro neste ponto da discussão. É,
indivíduo se insere.
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É possível concluir que as representações sociais são produtos das mediações sociais
nas suas diversas modalidades, o que deixaria de ter qualquer sentido em um espaço
individual, isto é, a partir de uma visão de seres individuais, uma vez que se trata de
As representações sociais também podem ser descritas como uma das traduções de
como o sujeito alcança as representações coletivas evidentes em seu grupo social possuindo,
representado. O que é recuperado a partir dos sujeitos concretos, nos espaços sociais reais em
que se entende como realidade, as representações sociais são um material importante para a
pesquisa, especialmente àquelas que se ocupam com os conhecimentos da área das Ciências
Sociais. Sendo importante, ainda, ressaltar que as representações sociais se manifestam não só
em palavras, mas também na ausência destas, por intermédio do gestual, por meio das
e outros componentes presentes nas estruturas dos comportamentos sociais. Contudo, por
Isto porque, é a linguagem (de maneira especial, mas não exclusivamente) que
campo das representações sociais é a que foi proposta por Jodelet (2002, p. 22) quando
destaca que: “As representações sociais são uma forma de conhecimento socialmente
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elaborado e compartilhado, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de
representação social, especialmente daquela proposta por Jodelet (2002), com seus múltiplos
enunciados, aqui expostos, permite que se torne alvo fácil para os algozes críticos da Teoria
São estes críticos que também atacam o fato de que a Teoria das Representações
Sociais, mais do que permitir, propõe metodologias variadas e pouco amarradas. Porém estes
Porém, em defesa, é o próprio Moscovici (2003) que argumenta, sobre este aspecto, quando
costuma responder afirmando tratar-se de uma fluidez proposital, que pretende permitir, de
em que o interesse maior seria a descoberta (das representações sociais) e não a verificação ou
que ao trabalhar com a Teoria das Representações Sociais, o pesquisador deva tentar
alternativa de grande plasticidade, que busca captar um fenômeno móvel, por vezes volátil,
por vezes rígido, cuja complexidade reforça a dificuldade da sua captação. Necessitando,
assim, de metodologias diversas. O que desemboca na triangulação que pode ser de método
Acreditamos que, conforme observado pelo próprio Moscovici (2003), perceber uma
representação social não seja uma tarefa das mais difíceis, afinal há representações em quase
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todos os momentos da vida, entretanto, demarcá-la talvez não seja uma das mais fáceis, e
A este respeito, Jodelet (2002) lembra que as representações sociais devem ser
estudadas tendo o cuidado de buscar articulação dos elementos afetivos, aos elementos
relações sociais que afetam as representações e a realidade material, social e ideal (das idéias)
sobre a qual elas poderão estar intervindo. Portanto requer muita minúcia no processo
investigatório.
Jodelet (2002) sugere também que, para abarcar o conjunto de elementos que
compõem e das relações contidas nas representações sociais, vistas como saber prático, é
fenômeno? O que, quanto e como este se representa? Sobre o que, e com que efeito se faz
essa representação?
Sobre este assunto, a própria Jodelet (2002) responde, com muita propriedade, que
Estas três dimensões foram sistematizadas pela autora Jodelet (2002), como: 1) as
psicanálise na vida social francesa, passando pelo estudo de Jodelet (1989) sobre o convívio
de uma população rural com doentes mentais que viviam se “relacionavam” e trabalhavam
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numa comunidade no interior do Rio de Janeiro, muitos e variados estudos das representações
Neste sentido, concordamos com Gonzalez Rey (2004, p. 131) que aborda a questão
da subjetividade determinada pela „decalagem‟ dos pontos de vistas dos grupos acerca de uma
conflito têm histórias diferentes, memórias diferentes e valores diferentes sobre s mesmos
fatos.”
Isto não é algo que não possa ser explicado, tem haver com a subjetividade que se
constrói a partir de cada indivíduo, que pode ser consensual entre membros de um mesmo
grupo, mas que ao mesmo tempo não deixa de ser um ponto de vista exclusivamente daquele
indivíduo.
Podemos afirmar com base no que foi exposto, que a racionalidade de um sistema de
práticas compartilhado por um grupo ou nação é, pois, produzido e legitimado pela cultura,
que lhes afere sentidos. Assim, é também com relação ao sistema de práticas imbricadas na
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vivência de homens que passam por dificuldade de reproduzir e outras relacionadas à saúde
sexual e reprodutiva.
Quem traz um excelente argumento para fundamentar esta afirmativa é Joffe (1995)
com seus estudos sobre a AIDS, nos agraciando com um excelente exemplo.
Em seu estudo: „Eu não, o meu grupo não – representações sociais transculturais da
uma doença inventada em laboratório, visando destruir certos grupos marginalizados, Joffe
(1995). Apesar de diversas pesquisas apontarem para outra realidade, nada demove estes
se com a busca do princípio que estrutura esse campo como um sistema, seus organizadores
em torno das quais ele se organiza – um sistema constituído pelos seus elementos centrais e
periféricos.
sentido em uma cultura.” Mas o que esta reflexão a respeito do estatuto epistemológico das
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representações aponta é, principalmente, mais do que o tipo de “alteração” que a
representação introduz com relação ao objeto, o interesse de observar como e por que
acontecem essas modificações, o que elas indicam, e como elas constituem a representação,
pensamento dito ingênuo (senso comum) veicula significado e merece atenção, visto que
permanentemente, quer seja pela ação, quer seja pelo discurso dos sujeitos individualmente ou
social, o que determina, obrigatoriamente, uma preocupação básica com o estudo das
relações, isto é, constitutivas do eu, por tudo que tal sujeito estabelece com os outros e, os
Arruda (2002) afirma que os processos e estados das representações sociais são o que
ordem cognitiva, orientada pelas marcas sociais e as condições da sua gênese. (ARRUDA,
2002, p. 139)
conteúdo e que isto deva ocorrer abalizado no baluarte que difunde esses conteúdos: a
linguagem, seja ela verbal ou não. Esta tarefa nos remete a busca em discursos, documentos,
imagens, práticas e outros. (ARRUDA, 2002, p. 139). Isto nos faz crer que a Análise de
Conteúdo possa ser o procedimento metodológico mais adequado para se realizar a análise de
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O estudo dos conteúdos implica assim abarcar o campo da representação
social, ou seja, a totalidade de expressões, imagens, idéias e valores
presentes no discurso sobre o objeto. (ARRUDA, 2002, p. 140).
sujeito no mundo.
individuais que norteiam os comportamentos das relações sociais no dia-a-dia. Desta forma,
verbal ou não.
genética ou dinâmica
Arruda (2002) propõe nominar esta abordagem como processual, como propõe
especialmente com a „construção‟ da representação social, ou seja, com sua gênese, ou com
Para Jodelet (2002) a teoria das representações sociais genética tem como
representante maior é Gerard Duveen, enquanto que a dinâmica é mais bem representada por
Helene Joffe, que esta trabalha com os aspectos constituintes da representação como:
outras.
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CAPITULO II:
3 QUESTÕES METODOLÓGICAS:
A presente Dissertação está sendo desenvolvida com uma abordagem qualitativa para
uma pesquisa descritiva, esta decisão foi tomada por entendermos ser esta a abordagem mais
adequada aos propósitos do presente estudo. Fundamentando esta assertiva em Marconi &
Lakatos (2009) que afirmam que a pesquisa descritiva aborda quatro aspectos: descrição,
no presente e, também por, acreditar que nos permitirá inferir acerca das subjetividades dos
discursos dos sujeitos nas questões propostas. Entendemos que tais subjetividades são de
feeling do universo dos signos, significados, motivos e motivações, valores e aspirações que
esperamos desvelar.
Apoiamos também nossa decisão nas assertivas de diversos outros autores que
demonstram em seus trabalhos que a abordagem quantitativa não se adequa às pesquisas que
pretendem desvelar aspectos subjetivos, tais como: Lüdke & Andrade (1986); Minayo (1993);
Minayo; Deslandes; Neto & Gomes (1994); Polit & Hungler (1995); Garcia (2003); Marconi
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Do ponto de vista de seus objetivos, estamos convencidos de que o modelo
Dissertação, uma vez que permite uma relação sujeito-objeto-pesquisador mais adequada e,
apropriada aos objetivos propostos. Neste aspecto, ancoramos nossa assertiva no pensamento
de autores que já se utilizaram deste modelo com sucesso. Segundo Rudio (1998) na pesquisa
interferir para modificá-la. Porém, faço aqui uma ressalva de que esta “não interferência” não
pesquisa. Além disso, é importante dizer que esta ação não pretende a neutralidade 23. Apenas
ressaltamos que as possíveis interferências não podem ser por ação intencional do
pesquisador.
3.2 Sujeitos:
independente de sua formação acadêmica, que trabalham com Reprodução Humana e que
atendam homens com dificuldade de procriar nos cenários escolhidos para a presente
pesquisa.
23
Em pesquisas qualitativas não há possibilidade de se alcançar a neutralidade, pois a própria presença do
pesquisador no campo de pesquisa já determina interferência nos sujeitos da pesquisa, determinando mudanças
em sua postura, em seu modo de agir e inclusive em suas relações interpessoais
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literatura e norteados pela experiência vivenciada nesta área de atuação, durante um “período
para dificuldade de ter filhos – Os homens que vivenciam a experiência da busca por
de saúde de nível superior foi estipulado devido o atendimento a esses casais e/ou
homens nesses serviços públicos serem feitos por profissionais como enfermeiros,
b) Estar trabalhando com a especialidade da reprodução humana a pelo menos hum (01)
ano. Este critério pressupõe um tempo mínimo para que os profissionais adquiram
para que os sujeitos adquiram uma espessura social assim como uma relevância cultural,
para a representação social destes profissionais sobre a vivencia dos clientes, sendo
24
Durante os meses de abril, maio e junho, com autorização da direção de um dos hospitais onde os dados serão
coletados, foram realizadas 12 (doze) visitas ao Ambulatório de Reprodução Humana, no horário de atendimento
da clientela para conhecer melhor os fluxos do setor e para aproximar-se da equipe e da clientela.
25
A infertilidade conjugal é dita dupla, quando ambos os cônjuges, ou elementos do casal apresentam
dificuldades para procriar.
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espessura social em suas representações relacionadas a expectativa e a vivência dos
de consentimento livre e esclarecido” que fica guardado com o autor por 05 (cinco)
anos.
profissionais de saúde de nível superior que trabalhem nos serviços onde os dados estão sendo
coletados, nossos sujeitos. Estes critérios visam evitar a inclusão de sujeitos com
características semelhantes às daqueles que serão incluídos, mas que também possuem
também foram determinados com base na literatura e norteados pela nossa experiência
durante a etapa de aproximação com um dos cenários de pesquisa26 e por nossa vivencia nesta
área:
a) Profissionais de Saúde de nível superior porém que não tenham contato direto e/ou de
atendimento com esses homens como é o caso de biólogos e biomédicos que lidam
26
Idem à nota 25.
27
Consideraremos homogeneidade ampla, nesta pesquisa, a definição de acordo com o que propôs Minayo
(1993), e, brilhantemente defendido por Turato (2003). Isto é, um número de depoentes, tal, que permita ao
pesquisador encontrar discursos com mais semelhanças do que diferenças. A partir daí o pesquisador realiza
mais algumas entrevistas e para, passando a etapa posterior de seu estudo.
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Sobre o tamanho da amostra em pesquisa qualitativa, o pesquisador não deve defini-
la antes da entrada em campo ou mesmo no início da coleta de dados como quem detém
metodológica de trabalhar com a amostragem proposital. Não faz sentido citar quantas
pessoas foram entrevistadas quando se recorreu à amostragem por saturação. Segundo Turato
(2003, p. 35)
Caso não seja possível alcançar um número expressivo de sujeitos nos cenários de
pesquisa, devido às razões já discutidas, optaremos por utilizar a técnica de “bola de neve28”
para chegar a um número de sujeitos tal que nos permita desvelar as representações sociais a
homogeneidade ampla.
28
Chamamos aqui de “técnica de bola de neve” a forma de captação de depoentes na qual um depoente que
participa da pesquisa indica um ou mais possíveis depoentes por sua afinidade, o que facilita sobremaneira a
abordagem, uma vez que na área da infertilidade há uma dificuldade especial para captar depoentes para
pesquisa por razões já discutidas.
Página 92 de 173
Este projeto de Dissertação está, a princípio sendo desenvolvido em dois campos de
de Janeiro, que é referência regional para reprodução humana e, onde foi realizada uma
primeira aproximação29 com os sujeitos do presente estudo, enquanto que o outro campo
especialidades e que possui um ambulatório geral que também conta com serviço de
assistência à procriação. Este hospital também está situado na cidade do Rio de Janeiro, o
O primeiro hospital onde os dados para este projeto de dissertação estão sendo
coletados foi criado em 1938 e é pioneiro na assistência gratuita aos casais com problemas
Reprodução Humana” foi re-inaugurado em 2008, com um novo espaço e sua equipe foi
ampliada com profissionais altamente gabaritados nesta área. Carneiro Sobrinho (2009). Por
partir da aproximação deste com uma professora doutora, pesquisadora de uma escola de
enfermagem que atua em pesquisa em saúde da mulher, utilizando como abordagem a Teoria
29
Vide nota de rodapé 23.
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clientela do serviço e com a equipe interdisciplinar já existente no setor do hospital em
questão foram fatores determinantes para que o candidato arriscasse a se lançar como
Enquanto que o outro campo (segundo hospital) tem sua história iniciada a partir da
década de 1930, quando, instala-se no país o Governo Revolucionário de Getúlio Vargas, que
nomeou o Dr. Pedro Ernesto Batista como interventor no Distrito Federal. A saúde sofre uma
grande reforma, com a assinatura da chamada “Reforma Pedro Ernesto”, em 1933, já como
Periféricos. Tais ações foram tomadas para prover a população da cidade, de uma rede de
Janeiro, tornando-se o primeiro governante eleito da história da cidade, embora esta eleição
Este hospital foi inaugurado no ano de 1950, fazendo parte da rede hospitalar da
No ano de 1965, foi incorporado à uma Universidade do Estado como Hospital das
construída, onde são oferecidas 600 (seiscentos) vagas em leitos, havendo 16 (dezesseis) salas
30
Nesta modalidade de escrutínio, os vereadores votam, e não, a população, em candidatos que, se eleitos,
assumem o cargo por um mandato eletivo.
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especialidades e sub-especialidades. Havendo ainda um prédio de ambulatórios, anexo ao
prédio principal, com 3.000 m2 de área construída, onde estão localizados 150 (cento e
ambulatório está implantado o serviço de reprodução humana, que nos interessa nesta
pesquisa.
A escolha destes cenários se deve ao fato de ser, tanto um quanto o outro, serviços
casais inférteis ou com dificuldade para procriar, ambos estão com previsão de iniciar a oferta
ambos os cenários encontramos profissionais de saúde das mais variadas formações e com
experiências as mais diversas em relação ao tempo. Fato que deve contribuir para a riqueza
dos depoimentos, o que já foi apontado por Festinger (1975) e mais recentemente discutido
por Melamed, Seger, Borges Júnior e cols. (2009). Esta medida parece-me de bom tom,
TRS.
bola de neve, e que, em se recorrendo à técnica de bola de neve, caso estes dois campos não
deixaremos de considerar os Campos / Cenários propostos, uma vez que o uso da técnica de
bola de neve para captação de sujeitos não permite que se defina um ou dois Campos /
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Cenários, uma vez que o pesquisador precisará ir ao encontro dos depoentes, onde quer que
estes se encontrem.
atenção à saúde sexual e reprodutiva, quer seja naqueles que oferecem atenção primária ou
naqueles que oferecem atenção de maior complexidade, há sempre equipes composta por
profissionais de diversas áreas de formação. Estas equipes são mais, ou menos complexas, de
acordo com o tipo de serviço que oferecem, indo em uma escala ascendente, partindo dos
serviços que oferecem indução ou monitoramento, até aqueles que oferecem fertilização in
seguidos pelos psicólogos, que estão presentes na maioria das equipes, os assistentes sociais
são comumente encontrados nos serviços públicos (não são freqüentes nas equipes de serviços
pequeno grupo é de enfermeiros, os demais são técnicos e auxiliares de enfermagem, que são
considerados ocupacionais, em virtude de ser sua formação técnica e não acadêmica, não
realizam consultas com a clientela. Enfim, há o grupo dos educadores, cuja formação pode
variar, uma vez que não há um curso superior específico para formação de educadores no
Brasil.
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Uma equipe básica é composta por um médico ginecologista, um médico urologista,
ocupem de mais de uma atividade. Isto se dá por conta de haver dificuldade para que os
serviços públicos possam “contratar” profissionais com formação específica. Visto que a
entrada no serviço público, a partir de 1990, com a promulgação da Lei 9.112, só pode ser
Isto, de um lado moralizou a entrada de servidores públicos, porém, por outro lado
importante por nós observado foi a presença de “voluntários” nos serviços públicos.
Profissionais que oferecem seus serviços em troca da experiência que adquirem na área de
reprodução assistida.
A descrição das equipes de cada um dos cenários a seguir foi construída para
presente estudo.
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senso-estrictus. A saber: 3 (três) médicos; 3 (três) assistentes sociais; 2 (dois) psicólogos,
sendo que 1 (um) acumula a função de educador; 1 (um) enfermeiro e 1 (um) biólogo. Há
enfermagem.
enfermagem.
O segundo campo conta com uma estrutura mais complexa no que tange às
instalações e com uma equipe maior de profissionais e de alunos. Porém é importante ressaltar
que este cenário se compõe de 3 (três) ambulatórios, a saber. O ambulatório de urologia, onde
propriamente dito, onde são realizados atendimentos aos pacientes de ambos os ambulatórios
anteriormente citado.
Para a totalização das equipes foram considerados apenas os profissionais que atuam
diretamente com os usuários. Havendo outros profissionais que não lidam com a clientela.
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3.4 Técnica / Instrumento de Coleta de Dados:
Quanto às técnicas de coleta de dados, Sá (1998) ressalta que é difícil definir quais as
técnicas que melhor se adéquam à TRS, cada uma contemplando mais, ou melhor, uma ou
outra determinada perspectiva. É necessário que a técnica escolhida permita que o sujeito
dissertação. Além de favorecer a validação por triangulação, o que já foi realizado em estudos
Entendemos que poderemos assim alcançar os elementos necessários para podermos observar
presentes nos discursos, seja através das evocações ou das ancoragens ou em qualquer outra
estrutura que possa estar presente no discurso do sujeito e, a partir destes procedimentos,
31
Ao utilizar este procedimento, o pesquisador escolhe algumas palavras, que são denominadas “indutoras”, com
as quais espera evocar ligações entre os termos enunciados e os significados para o sujeito. O procedimento
baseia-se no simples registro, preferencialmente fonográfico do discurso do sujeito, após a evocação de idéias
pelo enunciado das palavras indutoras por parte do pesquisador. Para realizar esta técnica é necessário que o
pesquisador e o sujeito estejam em local reservado, livre de interferência de terceiros e que o sujeito se sinta à
vontade para discursar sobre o tema induzido pelo pesquisador.
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Segundo Queiroz (2008, p. 17) “O que se quer estudar é que vai guiar o tipo de representação
e esta a metodologia”.
Iremos detalhar, a partir de agora cada um dos instrumentos que estão sendo
utilizados.
perfil dos sujeitos – para descrevê-los quanto aos dados clínicos, epidemiológicos e sociais –
além de favorecer a determinação dos grupos de pertenças após tratamento dos dados. O
formulário está sendo aplicado pelo próprio pesquisador, no momento de início da entrevista.
Nesta etapa, o pesquisador está permanecendo com cada um dos depoentes por um período de
familiar; religião; idade; conjugalidade; casa própria; carro; condições de lazer; fontes de
“Associação Livre de Idéias”, onde é pedido a cada depoente que fale até 3 palavras que vem
a sua mente quando escutam um termo indutor. Os termos indutores utilizado são:
discorrerem mais livremente sobre suas experiências, seu fazer e suas expectativas, no
32
Prancheta de palavras tema é um instrumento no qual o pesquisador registra as palavras que utilizará para
induzir o depoente a falar os termos que lhe vêm à mente após ouvir o enunciado do pesquisador, sem que tenha
tempo para elaborar suas idéias.
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atendimento aos homens com problemas relacionados ao processo de paternalização33. Este
procedimentos, tendo uma duração média de 40 (quarenta) a minutos. Nesta etapa buscamos
informações referentes à decisão de trabalhar com reprodução humana, o que pensam sobre os
produzidos por lidar com esta clientela; como definem a infertilidade masculina e como lidam
com essa clientela e sobre as expectativas de cuidados relacionadas aos tratamentos realizados
pela clientela.
A entrevista com uso de roteiro semi-estruturado, foi expresso por Triviños (1987, p.
146), e estamos plenamente convencidos de que podemos nos aproximar de sua experiência
sobre o assunto.
Spink (1993), Queiroz (2002) concordam que as representações sociais, segundo definição
clássica apresentada por Jodelet (1985) citada por Alexandre (2004), são modalidades de
33
Neologismo: Chamarei aqui de “paternalização”, o processo pelo qual o indivíduo assume a condição de pai,
independente de seu desejo ou da adequação ao papel determinado pela sociedade para esta representação.
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conhecimento prático orientadas para a comunicação e para a compreensão do complexo
considerações de Arruda (1993) que ilustra que a linguagem verbal é uma das formas mais
função importante na investigação das representações sociais. Para além disso, Abric (1994)
infere que a coleta de dados por meio de entrevista consiste, ainda hoje, um método
técnicas são complementares pois, como Oliveira (1999) destaca, existe a necessidade de se
As entrevistas e a ALI estão sendo gravadas, (com uso de equipamento que possibilite
todas as fases da coleta de dados, pois acreditamos que a linguagem não-verbal seja de grande
importância para a nossa pesquisa, assim os gestos, os silêncios, as pantomimas, tudo possui
um significado. De acordo com Ludke & Andrade (1986) o uso da observação livre /
A coleta de dados tem ocorrido sempre em local reservado e com horário agendado
Por fim, utilizando mais de uma técnica para coleta de dados esperamos contemplar os
A coleta de dados sendo realizada de mais de uma maneira permite complementar os dados
dos discursos como as formas não verbais de comunicação, o que pode ser esclarecedor de
aspectos velados nos discursos dos depoentes. (LISBOA, 1998 e DESLANDES, 1994).
pudessem alcançar opções para algumas assertivas que não estavam disponíveis para os
depoentes nos instrumentos, mas que foram apontados por eles, já nas primeiras entrevistas,
são elas.
inclusões:
graduação latu-senso.
No Item IV, foi incluída a opção “Passou a gostar depois que começou a trabalhar no
setor”. Dando como opções, as respostas: “não” e “sim”. Além de solicitar ao depoente que
Estas inclusões se deram, pois, houve uma dificuldade para que se definisse se os
depoentes trabalhavam no setor por opção ou por necessidade do serviço, uma vez que alguns
deles disseram ter sido levado ao setor por uma necessidade do serviço, mas responderam que
trabalham lá por opção. Entendemos que esta opção possa dar-se após o início das atividades
No Item VII, entendemos ser necessária a inclusão da expressão “ele ou ela” antes da
opção “Teve filho?” e das opções “Vias naturais” e por “Reprodução Assistida” após da
questão “Como foi” porá que ficasse claro sobre o que versava a questão.
Passamos a utilizar a gravação das respostas dadas pelos depoentes sobre as palavras
imediatamente durante seu enunciado e, ao mesmo tempo observar o atitudinal dos depoentes.
“Roteiro de Entrevistas”.
etapas. Julgamos serem estas etapas a melhor forma de organizar o processo de coleta.
universo de pesquisa, de acordo com os critérios de inclusão e de exclusão deste projeto. Esta
etapa está sendo realizada pelo pesquisador, diretamente com os sujeitos. Além de importante
para determinar o número de sujeitos possíveis para o projeto, contribuirá para construir os
Nesta etapa, o primeiro passo foi a ida aos cenários, estabelecendo uma ambientação
com a clientela e com os profissionais que lá atuam, além de ter a oportunidade de conhecer
melhor o espaço físico dos mesmos. Esta etapa ocorreu após autorização expressa dada pelos
com a equipe e com a clientela, tendo o cuidado de não estabelecer qualquer tipo de vínculo
com os possíveis futuros depoentes, uma vez que o projeto de dissertação ainda não havia
sido submetido ao comitê de ética da pesquisa. Também foi neste momento que surgiu a
determinadas. Porém, foi neste momento que percebemos a necessidade de contar com mais
de um campo de pesquisa, uma vez que, de modo geral, parece haver um número reduzido de
profissionais de saúde que atendem aos homens com dificuldade para procriar efetivamente
pesquisa não seria capaz de fornecer um número suficiente de depoentes para o desvelamento
de representação social.
Neste sentido, iniciamos um novo contato com a segunda instituição, onde houve a
necessidade de entrar mais uma vez com o projeto no Comitê de Ética própria daquele
hospital. Porém, mesmo com a demora inerente a todo o processo, começamos uma
aproximação com o campo, onde fomos muito bem aceitos e recebidos. No entanto o processo
Escola de Enfermagem Anna Nery / Hospital Escola São Francisco de Assis da UFRJ
No entanto, com certeza todo esse processo de iniciar em um novo campo gerou
Os dados referentes aos depoentes, que possam permitir sua identificação, terão o
sigilo sob a tutela e responsabilidade do Pesquisador e não serão, sob nenhuma hipótese,
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que é lido e entregue uma cópia para o
Com relação ao anonimato dos sujeitos estão sendo utilizados codinomes aos
deverá:
significado com alguns recortes de transcrição de falas dos entrevistados a fim de ilustrá-los.
inferência e a interpretação.
A pré-análise, de acordo com Aguiar & Cabral, (2008) é constituída por três
hipóteses e dos objetivos e a terceira é a elaboração dos indicadores que irão fundamentar a
interpretação final.
Goldemberg & Otutumi (2008) inferem que a exploração do material é a fase mais
categorização.
do singular.
cruzadas com os dados de identificação dos depoentes. Os grupos que possuírem semelhanças
maneira a facilitar a identificação das representações sociais comuns a cada um dos grupos.
Após o projeto já ter sido aprovado pela banca examinadora e ter sido aprovado em
infertilidade.
este novo prazo não logramos êxito em nossas incursões. Sendo, deste modo, obrigados à
É importante ressaltar que foram seis meses de tentativas, sem que houvessem
respostas positivas por parte dos homens, pois praticamente todos os que foram captados não
aceitavam assinar o TCLE e não se colocavam disponíveis para falar sobre o assunto da
infertilidade. Temos certeza que esta negativa se deu pelas características dos indivíduos
O homem não tem características que lhes permita ou que lhe favoreça a verbalização
relacionadas à sua capacidade de reproduzir, a questão se torna mais complexa, pois remete às
outras expressões imagéticas do “ser homem”, que são construídas e reforçadas, em nossa
resistência à participação destes sujeitos já havia sido apontada pela literatura, e, por esta
findados, decidimos mudar os sujeitos do estudo, não a temática, pois no inquietava a situação
da infertilidade masculina. Assim, optamos pelos novos sujeitos, os profissionais de saúde que
atendem a esse homem em situação de infertilidade, no seu cotidiano dentro dos serviços de
reprodução humana.
Desta forma, o presente projeto teve que passar por diversas revisões, incluindo-se as
de texto, do objeto de pesquisa, das questões norteadoras e dos objetivos. Além dessas
projeto com o novo formato aos dois Comitês de Ética, o qual após mais um mês, foram
4 RESULTADOS PRELIMINARES:
sujeitos. Sabemos que para um estudo de RS este quantitativo é considerado ínfimo, e não
processo de coleta de dados está ainda em andamento, porém vamos apresentar os dados
Passemos, agora, a uma breve observação dos dados referentes à caracterização dos
depoentes, lembramos que não temos a pretensão de dar tratamentos estatísticos requintados,
pois estamos em uma fase preliminar de análise e utilizaremos tais recursos apenas para fazer
De acordo com o gráfico 1, podemos observar que, dentre os depoentes, 8 (oito) são
servidores que trabalham no cenário 2, enquanto apenas 2 (dois) depoentes são funcionários
públicos que trabalham no cenário 1. Embora haja uma tendência marcante de depoentes que
trabalham no cenário 2, é necessário ressaltar que esta diferença deve-se ao fato de haver
ocorrido uma dificuldade maior para conseguir realizar entrevistas com sujeitos relacionados
ao cenário 1, que é também o campo que conta com um número menor de profissionais,
qualquer que seja a profissão em questão, embora possua uma gama maior de profissionais,
Quanto à idade dos depoentes, podemos ver, de acordo com as dados do gráfico 2,
que está varia pouco, indo de 32 anos até 50 anos, com média de 40,8 anos; desvio médio de
3,6 anos; e desvio padrão 5,03 anos; moda 39 anos e variável de 25,3 anos.
O gráfico 3 mostra a distribuição dos depoentes de acordo com a religião que estes
de depoentes, o que esperamos resolver em breve. É importante ressaltar que o fator religião
O gráfico 4, acima, demonstra que foram realizadas 10 (dez) entrevistas. Deste total
de sujeitos entrevistados, 4 (quatro) são enfermeiros, 4 (quatro) são médicos e 2 (dois) são
assistentes sociais. É importante ressaltar que não há, neste primeiro grupo de sujeitos,
nenhum psicólogo, nenhum educador, nenhum biólogo e nenhum biomédico, embora nas
equipes dos serviços visitados haja psicólogos e biólogos, esta ausência de alguns
profissionais deverá ser corrigida. Esperamos apresentar um quando de depoentes com certa
podemos ver, dentre os sujeitos da presente tivemos 7 (sete) que declararam-se brancos, 1
(um) não declarou sua raça, 1 (um) declarou-se pardo e 1 (um) declarou-se mestiço.
Ressaltamos que foi dado como opção declarar outra raça e que, neste caso era inquirido ao
conforme demonstra o gráfico 6. É necessário ressaltar que embora a condição “amigado” não
seja um estado civil de fato, foi declarado por um dos depoentes na opção outros, quando o
depoente podia declarar qual é a sua condição atual em relação a convivência ou a união com
parceiros.
mais alto por eles alcançados, quanto ao aspecto educacional formal, podemos observar que
somente 1 (um) depoente não possui formação em nível de pós-graduação, havendo 1 (um)
que possui pós em nível de atualização, 2 (dois) que possuem especialização e 3 (três)
possuem residência; além destes, percebemos que 1 (um) possui doutorado e 2 (dois) possuem
mestrado. Sendo, portanto, 6 (seis) possuidores de pós lato-sensu, 3 (três) possuidores de pós
sensu-stricto e 1 (um) que não possui pós. Entretanto, nem sempre a pós dos depoentes têm
(quatro) depoentes não possuem formação relacionada à área específica recebida durante a
pós, 3 (três) possuem formação em reprodução humana efetivamente, entretanto, não foi
questionada que formação é esta, enquanto 1 (um) declara ter formação em sexualidade, 1
34
A Injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI), consiste na injeção de um único espermatozóide no
citoplasma do ovócito, evitando assim as dificuldades do processo natural em que espermatozóide tem que
passar a "barreira" do ovócito para nele penetrar.
demonstram que, o profissional que possui menos tempo de formação superior, informa ter 4
(quatro) anos de formado, enquanto que o que informa maior tempo de formado, declarou ter
24 (vinte e quatro) anos de formação superior, a média de tempo de formação superior ficou
em 12,2 anos, com desvio médio de 6,48 anos e desvio padrão de 9,29 anos, a moda é de 8
anos, com duas ocorrências e a variável é de 38,16 anos, demonstrando uma dispersão muito
grande. O que aponta para o fato de que tais profissionais têm experiência em relação às suas
carreiras.
específica, (gráfico 10), observamos que a moda ocorre no menor tempo possível de
formação, 1 (um) ano. Isto pode ser um viés, uma vez que os profissionais com menos de um
ano de atividade não puderam participar da pesquisa, pois um dos critérios de inclusão era que
possuíssem pelo menos 1 (um) ano de formação na área. Entendendo que, sem este critério,
poderíamos ter uma moda com tempo de formação ainda menor. Ainda sobre este aspecto
com desvio padrão de 3,90 anos e desvio médio de 2,74 anos, enquanto a variável ficou em
11,44 anos.
Opção f
sim 10
Não 0
Total 10
Fonte: CASTRO, 2010.
Podemos perceber que todos os depoentes declaram trabalhar nesta área por opção.
Entretanto os dados são conflitantes, quando comparados com os discursos das entrevistas.
depoentes declaram não ter outro emprego, enquanto 8 (oito) alegam possuir pelo menos um
outro emprego.
Parente Infértil f
sim 5
Não 5
Total 10
Fonte: CASTRO, 2010.
problemas e 5 (cinco) que declaram não possuir parentes com problemas de infertilidade,
entretanto, 1 (um) destes depoentes declarou ter, ele próprio, vivenciado a situação com
problemas relacionados à infertilidade, enquanto naquele grupo não houve essa situação.
as representações a partir dos termos evocados livremente por eles, frente aos termos
indutores, conforme técnica de Associação Livre de Idéias (ALI). De acordo com o que foi
5 – “Infertilidade”.
evocadas mais tardiamente foram colocadas mais para baixo. Após esta primeira etapa foram
Deste modo, a distribuição das categorias nas tabelas obedeceu em primeiro lugar a
mais freqüentes enquanto que na base estão os enunciados e as categorias com evocações
Os enunciados contidos nas tabelas, que deram origem às categorias são, no nosso
dessa técnica.
Iniciaremos pelos enunciados obtidos pela evocação livre por meio da apresentação
do termo indutor “Sexualidade” que foram agrupados em 6 (seis) categorias conforme a tabela
3 a seguir:
partir dos enunciados evocados mais precocemente e que desvelam uma representação da
masculinidade como algo relacionado com aspectos positivos. Foram levantadas 7 (sete)
Seguida, ainda em virtude da ordem das evocações, pela categoria 3 (três), “Aspectos
do total de enunciados.
evocados antes daqueles contidos nas duas últimas categorias. Totalizou 3 (três) ocorrências,
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ou seja, 7,69% do total. A evocação dos enunciados desta categoria talvez aponte para um
objeto de desejo” foi a que congregou o maior número de enunciados e a maior freqüência,
com 18 (dezoito) ocorrências, representando 46,15% do total das evocações, entretanto estes
enunciados foram evocados mais tardiamente que aqueles contidos em categorias anteriores.
A primeira visão destes dados parece apontar para o fato de que as representações
evocadas por este termo indutor estão ligadas a comportamentos adotados diante da
Para Oliveira, Gomes, Pontes e Salgado, 2009, a sexualidade é uma das grandezas
E continuam em seu raciocínio, afirmando que “Os homens estão expostos a um tipo
social da masculinidade. Processo iniciado pela transição para o modelo de sujeito moderno.
Que determinou que tudo aquilo que representava o mundo dos homens entrasse em ruína.
indivíduo. Sendo tudo isto dependente de uma boa evolução da sua sexualidade do indivíduo,
depoentes evocaram frente ao termo indutor “masculinidade”, podemos perceber que foram
apresentadas.
com freqüência percentual de 43,24%, sendo a categoria com maior ocorrência, enquanto que
37,83%.
Há uma leitura que possibilita se propor uma aproximação das 3 (três) primeiras
categorias desveladas, porém, é importante se ressaltar que a terceira se distancia das duas
anteriores pela ausência de termos que induzam a um estereótipo tipificado por representações
terceira categoria evocam a qualidade existente empiricamente nos termos presentes nas duas
categorias anteriores.
Estes enunciados, que foram evocados mais tardiamente, não se aproximam muito do
que é a representação social do – ser masculino – segundo o senso-comum. Uma vez que tal
parecem se construir pela dificuldade representada para alguns indivíduos cumprirem seu
é determinada pela religião, pela época, pelo lugar e pela sociedade em que o indivíduo está
inserido”.
A categorização dos últimos enunciados é importante por ser a única que traz
evocações efetivamente negativas. Como um marcador de uma oposição muito tênue ao senso
comum de que a masculinidade é posta naturalmente para os homens, não lhes causando
instituições responsáveis pela construção e manutenção deste capital social. A família é uma
das primeiras esferas sociais que ajudam na estruturação das relações de gênero, seguida pelas
Quando ocorre algum tipo de dificuldade para cumprir o papel esperado frente às
Não nos delongaremos neste aspecto, é importante apenas ressaltar que uma leitura
mais atenta pode desvelar aspectos ainda não aparentes. Mas isto pode ser feito em outro
momento.
virilidade está fortemente fundada em conceitos que remetem mais ao homem, ao sexo
senso comum que, coloca os homens como seres viris e as mulheres não tendo este direito
Isto pode ser uma informação que seja explicada pelo fato de que o senso comum
corrente sugira que a construção social da virilidade, assim como da masculinidade seja
“dada” pela simples condição biológica do indivíduo devendo, portanto, ser analisada, o que
análise das representações desveladas a partir das categorias construídas com os enunciados
da tabela.
evocados pelos depoentes que somaram 38 (trinta e oito) ocorrências. (n=38). É importante
ressaltar que cada depoente pode falar até 5 (cinco) enunciados para cada termo indutor como
freqüência de 36,84%.
ou seja, a um dos possíveis efeitos relacionados, ao menos em tese, ao exercício de uma das
Trazendo ainda à luz, uma alusão à genitalidade, que merece ser discutida, mas que
como:
gênero masculino. Neste sentido, seria o gênero masculino possuidor das característica
enunciados que ancoram o conceito de virilidade aos aspectos culturais determinantes desta
termo indutor: “Sexualidade / sexo” é a categoria com maior número de enunciados possuindo
característica.
sexo a que pertence (masculino - feminino), independente da forma do corpo”. O que nos
Nesta tabela apresentamos as categorias construídas a partir dos dados coletados pela
sentimentos positivos ligados à paternidade. Nela vemos 12 (doze) enunciados, que somam 17
(dezessete) ocorrências, o que representa 44,73%. Esta alta freqüência de significados que
remetem aos sentimentos paternos positivos pode apontar para uma diferenciação na
pelo poder coercitivo. Deste modo, a paternidade já estaria hoje, remetendo à uma elaboração
imagética positiva mais próxima do constructo que o senso comum estabelece para a
número de evocações que é de quase a metade do total das evocações e por terem sido elas
Estes fatos sugerem que está ocorrendo uma mudança de fato na representação social
da paternidade.
freqüência percentual de 13,16%. Ela categoria remete a um dos fatores mais importantes para
a construção do conceito família dos indivíduos que buscam a reprodução assistida como
alternativa para compor sua família, sejam eles homens ou mulheres. A literatura mostra que
esta relação é um dos elementos mais citados nos discursos daqueles indivíduos com
esta 4 (quatro) enunciados que foram evocados mais tardiamente e que totalizaram 4 (quatro)
afinidade desvelada pela primeira categoria desta tabela, que é relacionada à construção da
presente pesquisa.
A última categoria desta tabela, chamada de: “Próximo ao conceito mãe” teve seus
enunciados evocados mais tardiamente do que as três anteriores, porém corrobora fortemente
com a idéia de que a representação social da paternidade está deslocando seu núcleo, ou pelo
menos consolidando as mudanças em sua periferia. Tal categoria foi composta por 2 (dois)
Ressaltamos que esta categoria trás um conjunto de elementos que também remetem
aos sentimentos, pois, embora não seja explícito, estão presentes nos discursos dos homens
sobre a procriação, através da imagem do senso comum de mãe. Pode ser também que estes
enunciados estejam apontando para a dificuldade que estes depoentes acreditam que os
homens possuem para assumirem o papel a eles imposto pela sociedade frente a constituição
de uma família, ou a adoção (no sentido de assumir) a imagem de pai frente à sociedade.
Parece-nos claro, por tudo que já foi exposto que os enunciados desta categoria são
indicando que ainda que muito embrionariamente, já podemos afirmar que há, nos discursos
possui 2 (dois) enunciados e, a baixa freqüência, pois soma apenas 2 (duas) ocorrências,
Por fim, analisamos a última tabela construída pela evocação livre frente ao termo
pela condição de infertilidade” é a categoria que apresenta maior número de enunciados, com
representando uma freqüência de 48,65%. É também a que trás os enunciados que surgiram
mais precocemente nas falas dos depoentes, representando a categoria mais nuclear das
representações evocadas aqui, o que denota quão grande é a relação existente entre
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“infertilidade masculina” e “sofrimento humano”, remetendo, portanto a uma ancoragem
evocações. Seu número de ocorrências é baixo, 6 (seis) ocorrência, por esta razão sua
entretanto esta não é a categoria com evocações mais precoces, por esta razão aparece em
categoria que apresenta o menor número de evocações nesta tabela, 3 (três) evocações,
também possui o menor índice de freqüência, com 3 (três) ocorrências, representando uma
evocadas.
se fortemente à geração de sentimentos negativos, tais como “tristeza” que aparece com 4
representação do “ser homem” que segundo diversos autores, Nolasco, (2001b); Arruda,
social e antropológico que resguarda estreita relação com a imagem calcada em caracteres
Como se o homem fosse preparado para se tornar auto-suficiente, e que, quando isto
não ocorre, como no caso da infertilidade masculina, que é, de certo modo um “atestado” de
opostos.
Outro aspecto importante desvelado pelos termos emitidos pelos depoentes a partir
das palavras indutoras foi a categoria “A inferioridade/o fracasso”, referem-se às palavras que
ocorrência cada, demonstram que a representação dos depoentes com relação aos homens
inférteis é ancorada, não apenas nos sentimentos negativos que esta condição gera, mas na
A terceira categoria evocada nos enunciados dos depoentes frente ao termo indutor:
reproduzir, não apenas pela oposição, (saúde X doença) mas, alcançando limites que vão
muito além de cada um dos termos separadamente. Afirmamos isto porque observando os
enunciados mais freqüentes: “doença” e “dor” que apresentam 3 (três) ocorrências cada,
“impotência”, com 2 (duas) ocorrências cada, e que pela freqüência menor, parecem evocar
agruparmos as três primeiras categorias, o que fazemos por entender que todas estão
relacionadas aos aspectos negativos, temos 34 (trinta e quatro) ocorrências, restando apenas 3
(três) ocorrências para a quarta categoria, que, a grosso modo parece ser a única não
Acreditamos que a quarta categoria tenha sido evocada por um caminho de oposição
ancorados exatamente naquilo que a representação do homem infértil não contem ou que
filho em uma mulher, o que de certo modo remete fortemente a ineficácia, ineficiência e a
não-efetividade das relações sexuais – com vistas à reprodução – destes homens “inférteis”.
Os aspectos positivos que aparecem em evocações mais tardias indicam uma dimensão
familiar para os depoentes, sugerindo que os aspectos negativos possam ter aparecido em
“infertilidade” e “feminino”. Entretanto, esta relação parece ser desvelada mais pela ausência
de aspectos que liguem a representação de infertilidade ao homem, do que por uma declaração
subliminar nos discursos dos depoentes, apontando, a todo instante, para um estado do ente
que trazem indivíduos do sexo feminino como sujeito é extremamente maior do que os que
trazem indivíduos do sexo masculino. Como se houvesse uma barreira intransponível entre
De certa forma, apesar de se tratar de dados preliminares, isto também ficou latente
em nossa prática pela experiência que passamos ao tentar, por mais de seis meses, conseguir
depoentes do sexo masculino para a presente pesquisa, sem que obtivéssemos sucesso, o que
Escola de Enfermagem Anna Nery, para que pudéssemos mudar nossos sujeitos, de modo a
Referências:
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D.C. (Org.). Estudos interdisciplinares em representação social. 2ª ed. Goiânia (GO): AB Ed;
2000. p.27-8.
_____. Teoria das representações sociais e teorias dos gêneros. Cadernos de Pesquisa, Rio de
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I - Dados de identificação:
Nome: ________________________________________________________________.
IV - Experiência profissional:
VI - Religião:
a) Tem ou já teve algum parente que tenha vivido a situação de dificuldade para engravidar
ou procriar?( ) não ( ) sim. Grau de parentesco?___________________________.
b) A causa era classificada como: ( ) feminina ( )masculina ( )dupla ( ) idiopática ( )não sabe
c) Teve filho? ( ) não ( ) sim. Caso positivo, como foi? (por “Vias naturais” ou por
“Reprodução Assistida”)____________________.
I - Dados de Identificação:
1 . Pseudônimo:________________________________________________________.
I. Como foi o processo de aproximação à clientela com dificuldade para ter filhos?
III. O que é para você ter dificuldade para procriar / ter filhos?
IV. Por que você acredita que algumas pessoas têm dificuldades e outras não em ter
V. Para você, existe diferença entre a vivência de ter dificuldade para ter filhos por
homens e mulheres?
homens?
VII. Em sua experiência profissional, como percebe a convivência desse homem com essa
dificuldade? Acredita que isso tem interferência em sua vida? Na sua sexualidade, na
sua masculinidade?
VIII. Como você percebe a participação do homem dentro do setor de reprodução humana
ou no setor de infertilidade?
procriar? Você tem alguma abordagem diferencial para lidar com homens e mulheres
na situação de infertilidade?
reprodução humana?
XI. Atualmente, como vê os serviços de saúde de reprodução humana com relação à figura
masculina?
XII. Quais são as suas expectativas de atendimento perante aos serviços públicos de saúde
Para: Ilmo. Sr. Diretor do Instituto de Ginecologia da UFRJ. Professor: Antônio Tavares
Carneiro Sobrinho.
De: Mestrando em Enfermagem, Núcleo de Pesquisa em Saúde da Mulher (NUPESM) da
Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ. Especialista em Enfermagem do Trabalho:
Washington Ramos Castro.
35
Trata-se da fase de aproximação com o campo de estudo para maior compreensão do cenário da pesquisa e
avaliação de sua adequação aos objetivos desta.
36
O presente estudo será submetido à análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna
Nery / Hospital Escola São Francisco de Assis e observará os preceitos da Resolução 196/96 do CNS/MS, uma
vez que está prevista a coleta de dados junto aos prontuários e aos usuários.
Página 166 de 173
experiência do atendimento direto a esse segmento de clientes tornar-se elemento de
composição para a representação social destes profissionais sobre a vivencia da infertilidade
masculina.
b) Estar trabalhando com a especialidade da reprodução humana a pelo menos hum (01)
ano. Este critério pressupõe um tempo mínimo para que os profissionais adquiram
experiências e vivências dentro do universo da situação de infertilidade, fator primordial para
que os sujeitos adquiram uma espessura social assim como uma relevância cultural, aspectos
fundamentais para um estudo de representações sociais (SÀ, 1998) . – A experiência do
atendimento direto aos clientes pode tornar-se elemento de composição para a representação
social destes profissionais sobre a vivencia dos clientes, sendo diferente para quem já trabalha
a mais ou a menos tempo com o processo de paternidade. Pressupomos que os profissionais
com maior experiência terão maior espessura social em suas representações relacionadas a
expectativa e a vivência dos homens frente à situação de infertilidade por eles vivenciada;
c) Aceitar e autorizar a realização de entrevista gravada em formato magnético tipo MP-3
ou similar para a pesquisa – cumprindo o que determinam as normas para pesquisas com seres
humanos da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), do Conselho Nacional de
Saúde (CNS), Brasil (1996), é necessário que os pesquisados autorizem a coleta de dados a
partir da sua vivência através da assinatura de um “termo de consentimento livre e
esclarecido” que fica guardado com o autor por 05 (cinco) anos;
Sendo esta, parte das atividades do curso de Mestrado em Enfermagem da Escola
de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para realização do
presente contarei com a orientação da Professora Dra.: Ana Beatriz Azevedo Queiroz.
Sendo tudo para o momento, despeço-me, na certeza de poder contar com o
pronto retorno. Aproveito o ensejo para felicitá-lo e agradecer ao apoio recebido nessa
empreitada.
Cordialmente:
________________________________
Washington Ramos Castro
Enfermeiro: 97.315 – Coren – 2283867 – SIAPE – 10903802 – DRE.
Ciente e de acordo:
Data: ____ /________ /2010.
__________________________
Assinatura do Diretor.
Para: Ilmo. Sr. Diretor do Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ. Professor: Rodolfo
Acatauassú Nunes.
De: Mestrando em Enfermagem, Núcleo de Pesquisa em Saúde da Mulher (NUPESM) da
Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ. Especialista em Enfermagem do Trabalho:
Washington Ramos Castro.
Cordialmente:
________________________________
Washington Ramos Castro
Enfermeiro: 97.315 – Coren – 2283867 – SIAPE – 10903802 – DRE.
Ciente e de acordo:
Data: ____ /________ /2010.
__________________________
Assinatura do Diretor.
Você foi selecionado (a) e está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada: O
Homem Quer Engravidar? : Representações Sociais Dos Profissionais De Saúde Que
Trabalham Com Reprodução Humana, que tem como objetivos: Descrever as representações
sociais dos profissionais de saúde que trabalham em reprodução humana com relação à infertilidade
masculina; Analisar a visão desses profissionais com relação à dificuldade para procriar no gênero
masculino; Discutir as representações sociais da infertilidade masculina destes profissionais de saúde
frente ao seu atendimento prestado. Este é um estudo baseado em uma abordagem qualitativa, utilizando
como método: Análise de Conteúdo de Bardin.
A pesquisa terá duração de 2 (dois) anos, com o término previsto para junho de 2011.
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será
divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua
privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído de forma aleatória. Os dados coletados
serão utilizados apenas nesta pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas.
Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder
qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo
em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que forneceu os seus dados, como também na que
trabalha.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem realizadas sob a
forma de entrevista com a utilização de um questionário. A entrevista será gravada em formato eletrônico em
equipamento tipo MP-3 para posterior transcrição – a gravação será guardada por 5 (cinco) anos e
desmagnetizada após esse período, enquanto que os transcritos serão guardados por 5 (cinco) anos e incinerados
após esse período.
Você não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos de
qualquer natureza relacionada à sua participação. O benefício relacionado à sua participação será de aumentar o
conhecimento científico para a área de enfermagem de assistência à saúde reprodutiva humana.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone, o e-mail e o endereço do
pesquisador responsável, e demais membros da equipe, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua
participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradecemos!
__________________________________ _________________________________
Ana Beatriz Azevedo Queiroz Washington Ramos Castro
EEAN/UFRJ HESFA/UFRJ
Cel.: 88554656 Cel: 86066951
e-mail: anabqueiroz@gmail.com e-mail: washingtoncast@gmail.com
Declaro que fui informado de forma clara sobre os objetivos e a metodologia referente ao projeto
supracitado, que estou ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e que concordo em
participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer tipo
de punição ou de constrangimento.
Você foi selecionado (a) e está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada: O
Homem Quer Engravidar? : Representações Sociais Dos Profissionais De Saúde Que
Trabalham Com Reprodução Humana, que tem como objetivos: Descrever as representações
sociais dos profissionais de saúde que trabalham em reprodução humana com relação à infertilidade
masculina; Analisar a visão desses profissionais com relação à dificuldade para procriar no gênero
masculino; Discutir as representações sociais da infertilidade masculina destes profissionais de saúde
frente ao seu atendimento prestado. Este é um estudo baseado em uma abordagem qualitativa, utilizando
como método: Análise de Conteúdo de Bardin.
A pesquisa terá duração de 2 (dois) anos, com o término previsto para junho de 2011.
Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será
divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar determinada situação, sua
privacidade será assegurada uma vez que seu nome será substituído de forma aleatória. Os dados coletados
serão utilizados apenas nesta pesquisa e os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas.
Sua participação é voluntária, isto é, a qualquer momento você pode recusar-se a responder
qualquer pergunta ou desistir de participar e retirar seu consentimento. Sua recusa não trará nenhum prejuízo
em sua relação com o pesquisador ou com a instituição que forneceu os seus dados, como também na que
trabalha.
Sua participação nesta pesquisa consistirá em responder as perguntas a serem realizadas sob a
forma de entrevista com a utilização de um questionário. A entrevista será gravada em formato eletrônico em
equipamento tipo MP-3 para posterior transcrição – a gravação será guardada por 5 (cinco) anos e
desmagnetizada após esse período, enquanto que os transcritos serão guardados por 5 (cinco) anos e incinerados
após esse período.
Você não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos de
qualquer natureza relacionada à sua participação. O benefício relacionado à sua participação será de aumentar o
conhecimento científico para a área de enfermagem de assistência à saúde reprodutiva humana.
Você receberá uma cópia deste termo onde consta o telefone, o e-mail e o endereço do
pesquisador responsável, e demais membros da equipe, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua
participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradecemos!
__________________________________ _________________________________
Ana Beatriz Azevedo Queiroz Washington Ramos Castro
EEAN/UFRJ HESFA/UFRJ
Cel.: 88554656 Cel.: 86066951
e-mail: anabqueiroz@gmail.com e-mail: washingtoncast@gmail.com
Comitê de Ética em Pesquisa HUPE/UERJ: (21) 2587-6262. Rua Rosa e Silva, 60, bl. 06/301 Grajaú RJ CEP:
20541-330.
Declaro que fui informado de forma clara sobre os objetivos e a metodologia referente ao projeto
supracitado, que estou ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e que concordo em
participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer tipo
de punição ou de constrangimento.
_______________________________
Washington Ramos Castro
Coren: 97.315 / RJ.
SIAPE: 2283867-5.
DRE: 109003802
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato:
Comitê de Ética em Pesquisa EEAN/HESFA. e-mail: comitedeetica@eean.ufrj.br
Rua: Afonso Cavalcante, 23. Cidade Nova – Rio de Janeiro – RJ. – CEP: 20.000-000. (0xx21) 2293-8899. R.:
209.
ou Comitê de Ética em Pesquisa HUPE/UERJ. e-mail: comitedeeticaempesquisa@hupe.uerj.br
Rua: Rosa e Silva, 60, bl. 06. Sl. 301 Grajaú – Rio de Janeiro – RJ. – CEP: 20.541-330. (0xx21) 2587-6262.