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Resumo
Palavras-Chave:
Abstract
Keywords:
Introdução
No período de redemocratização do Brasil, após o término da
Ditadura Civil-Militar (1964-1985) é possível discernir dois momentos
quanto a formulação e o desenvolvimento das políticas culturais
brasileiras. Em um primeiro, durante os governos de José Sarney e
Fernando Henrique Cardoso, o Ministério da Cultura (MinC) teve sua
política cultural voltada a setores específicos da Cultura brasileira,
compreendendo como “cultura” os patrimônios materiais e as práticas
de arte institucionais (RUBIM, 2010). Durante esse período – e, em
especial, durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso e seu
ministro da Cultura, Francisco Weffort – houve o fortalecimento de uma
forma específica de financiamento e promoção de Cultura no Brasil,
organizada em torno de leis de incentivo e isenção fiscal. Dessa forma, a
ora difamada Lei Rouanet, instituída durante o governo de Fernando
Collor, se tornou a principal forma de financiamento cultural no Brasil
chegando a concentrar cerca de 80% de seus recursos a projetos
situados, majoritariamente, no eixo Rio de Janeiro – São Paulo (RUBIM,
2010).
A partir de 2003 é possível identificar um segundo momento em
relação a concepção de Cultura e a formulação das políticas culturais
brasileiras. Durante o primeiro governo de Luis Inácio Lula da Silva,
Gilberto Gil (então Ministro da Cultura) reformula a atuação do MinC
oferecendo um apelo “antropológico” de cultura (RUBIM, 2010). Tendo
Método
A inserção junto ao Ponto de Cultura escolhido ocorreu por
conveniência, uma vez que um dos pesquisadores desenvolvia diferentes
atividades, profissionais e pessoais, alinhadas ao campo social e
cultural de Porto Alegre. Entre as atividades, figuravam aquelas
relacionadas ao fato deste pesquisador ser músico (apresentações
artísticas, participação em projetos na cidade), e profissional de atuação
na Psicologia Social (tendo realizado estágio profissional em um Centro
de Referência de Assistência Social (CRAS) localizado no território do
Ponto de Cultura). Por conta desses contatos preliminares e da
afinidade com projetos culturais e sociais foi acordada junto à
administração do local a presença dos pesquisadores no Ponto de
Cultura com a frequência mínima de duas vezes por semana, durante
um ano. A perspectiva eleita pelos pesquisadores se associou as
considerações em relação à abordagem etnográfica, que prima pela
participação e observação ativa por parte dos pesquisadores tendo como
objetivo a familiarização com o campo de estudo (SPINK, 2007).
Essa concepção metodológica permite ao/à pesquisador/a se
inserir junto ao campo de intervenção eleito de forma a acompanhar o
Resultados e discussão
O Ponto de Cultura para os/as participantes figura associado
como uma forma de reforço à integração comunitária e como um espaço
de aprendizagem para os/as jovens, oportunizando diferentes projetos
de vida, tanto pessoais, quanto profissionais. Essa possibilidade
advinda com a implementação do Ponto de Cultura se justificava pelo
seu ineditismo no bairro, bem como pela sua proposta que diferia das
usuais ações sociais que por lá ocorriam – como diferentes cursos de
profissionalização (cursos técnicos, como o PRONATEC), atividades nas
escolas no contraturno ou os usuais Centros de Referência da
Assistência Social (CRAS). A existência de um espaço associado ao
fomento de atividades artísticas e culturais figurava como uma
possibilidade de não só aprender atividades e expressões culturais
diferentes, como também se reconhecer nessas práticas – dando ensejo
a um sentimento de pertencimento comunitário.
Considerações finais
As políticas culturais brasileiras, ao viabilizarem a existência dos
Pontos de Cultura, impactam os regimes de sensibilidade existentes de
forma dupla: por um lado, ampliam a visibilidade e legitimidade de fazer
cultura; por outro, suscitam questões da forma como o fazer cultural é
compreendido no contexto neoliberal atual brasileiro. Sob uma
Referências