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PR ODUÇÃO EXPERIMENT
PRODUÇÃO AL DE BIODIESEL POR
EXPERIMENTAL
TRANSESTERIFICAÇÃO ENZIMÁTICA
A STRIA D. F ERRÃO -G ONZALES
F ABIANA C ARMEM DE P A ULA S ANT ANA
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I LV ANIA C OS
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F REDERICO A A.. L. S ILVA
ILV
H EIDD
EIDDYY M. A LVAREZ
V ICTOR H UGO M OREAU

Resumo: Biodiesel é um combustível renovável, usualmente produzido pela


transesterificação de ácidos graxos entre óleos vegetais ou gordura animal e álcoois
de cadeia curta, normalmente metanol ou etanol, com co-produção de glicerina. Na
indústria, esse processo é executado através de catálise alcalina utilizando-se NaOH
como catalisador. Esse processo requer passos adicionais de neutralização e
lavagem para redução do teor de substâncias indesejáveis no biodiesel pronto,
além de não permitir a recuperação do catalisador utilizado. Entre os processos
testados para contornar estes problemas, a utilização de enzimas, mais
precisamente lipases, é um dos mais promissores na produção do biodiesel por
transesterificação. A catálise enzimática abole a necessidade de neutralização e
lavagem do biodiesel, além de facilitar a recuperação da glicerina. Adicionalmente,
as enzimas utilizadas como catalisadores podem ser recuperadas, desde que, na
maioria dos processos propostos, elas podem ser imobilizadas em resinas sintéticas,
permitindo a heterogenização do catalisador. Embora promissora, a utilização de
enzimas para a produção de biodiesel ainda requer pesquisa para o
desenvolvimento de novas lipases, assim como de processos reacionais que
favoreçam o uso deles. Neste trabalho, apresenta-se uma metodologia simples e
eficiente para testar a atividade sintética de lipases imbilizadas na produção de
biodiesel por transesterificação. Esse processo permite a medida de cinéticas
enzimáticas que possibilitam a análise de novas enzimas e condições reacionais,
importantes no desenvolvimento de estratégias para implementação da biocatálise
como um processo economicamente viável para a produção de biodiesel em escala
industrial.

Palavras-chavve: Enzimas; Biodiesel; Transesterificação.


vras-cha
alavras-cha

Abstract: Biodiesel is a renewable, usually produced by transesterification of fatty


acids between vegetable oils or animal fat and short-chain alcohols, as methanol or
ethanol, with co-production of glycerin. Industrially, this process is carried out with

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alkaline catalysis, using NaOH. Such process requires additional washing and
neutralization steps in order to reduce the yields of undesirable substances in final
product, in addition of not allow recovery of catalyzer. Among the processes studded
to overtake those problems, enzymes, precisely lipases, are promisingly useful in
transesterification. Enzymatic catalysis abolish the needs of washing and
neutralization process to product biodiesel. Nevertheless, use of enzymes still require
research and development of new lipases as well as creation of reactional processes
to optimize its use. This work bring an easy and efficient methodology to study the
enzymatic-catalyzed biodiesel production. This methodology allows kinetics studies
that are important for evaluate new lipases and strategies to develop biocatalysis
as an economically-viable process for industrial biodiesel production.

Key-Words
ords
ds: Biodiesel; Enzymes; Transesterification.

1 INTRODUÇÃO

A crise do petróleo é hoje uma realidade mundial. O Brasil segue a tendência de


procurar alternativas viáveis de fontes energéticas que possam prover melhor
qualidade e suprimento seguro de energia. Nesse sentido, o governo brasileiro
criou, através do Ministério da Ciência e Tecnologia, o Programa Brasileiro
PROBIODIESEL, regulamentado pela Portaria MCT 702 de 30 de outubro de 2002.
O biodiesel, para efeito desta portaria, é definido como

biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores de


combustão interna, com ignição por compressão ou, conforme regulamento,
para a geração de outro tipo de energia que possa substituir parcial ou
totalmente combustíveis de origem fóssil (Lei nº 11.097 de 13 de janeiro
de 2005).

O biodiesel é considerado um combustível limpo baseado na redução das


emissões gasosas e, sobretudo, por não conter enxofre e hidrocarbonetos
poliaromáticos, muitos dos quais são ou carcinogênicos. Ele pode ser produzido
através de processos de craqueamento, esterificação ou por transesterificação. O
processo mais utilizado industrialmente é a transesterificação, que envolve a reação
química de óleos vegetais (triacilgliceróis) ou gordura animal com um álcool
(usualmente metanol), na presença de um catalisador alcalino homogêneo (NaOH)
(COSTA, 2008).
O desenvolvimento tecnológico que levou à criação de motores que podem
operar com óleo in natura, trouxe também a possibilidade de se substituir o óleo

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diesel, total ou parcialmente, em motores automotivos ou estacionários (geradores


de eletricidade, calor, etc.), pelo biodiesel. Comparado ao diesel de petróleo, o
biodiesel pode reduzir em até 78% as emissões de gás carbônico e, em mais de
90%, as emissões de óxido de enxofre (GAZZONI, 2008). Projeções da UNESCO
indicam que a população brasileira atingirá 210 milhões de habitantes em 2020. É
muito provável que esse aumento de população e as conseqüências da alta
densidade demográfica venham a dobrar o consumo energético, para o qual existe
uma projeção de aumento de 1,4 para 2,8 tep/capita/ano. O biodiesel será requerido
em enormes quantidades, com produção limitada apenas pela biomassa necessária
para a sua formação (UNESCO, 2007).
A partir de 1º de janeiro de 2008, o óleo diesel comercializado em todo o
Brasil passou a conter, obrigatoriamente, 2% de biodiesel (B2) e, a partir de julho de
2008, 3% de biodiesel (B3). A nova regra foi estabelecida pela Resolução nº 5 do
Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), de 8 de outubro de 2007, com
base no artigo 2º da Lei nº 11.097/2005 (PACINI, 2008).
A maior aceitação do biodiesel, em substituição ao diesel fóssil, tem bases
econômicas, desde que a produção desse combustível estará atrelada ao
desenvolvimento agrícola, industrial e social no Brasil. Entretanto, a busca de uma
solução para a crise não deve envolver apenas critérios como maior eficiência
energética ou estabilidade de suprimento, mas, sobretudo, deve estar vinculada à
sustentabilidade ambiental. Nesse sentido, o biodiesel tem sido considerado como
uma alternativa viável, com base em comparações com os tipos de diesel
atualmente usados. Além disso, o Brasil é o maior produtor de etanol do mundo, e
a utilização desse álcool no lugar do metanol torna o biodiesel brasileiro um
combustível 100% renovável, uma vez que o metanol tem como principal fonte de
obtenção o petróleo (PACINI, 2008).
As enzimas são proteínas que atuam como catalisadores. Atuam em
sistemas biológicos com alta especificidade de reação, e provavelmente sem a
atuação enzimática, a vida não existiria da forma como se conhecemos (OLIVEIRA,
1999). A utilização de enzimas na transformação de compostos orgânicos é
conhecida há mais de cem anos, apesar deste potencial ter sido mais intensamente
explorado a partir da segunda metade da última década. Durante esse período, um
grande número de reações catalisadas por enzimas foi desenvolvido e tornou–se
familiar aos químicos orgânicos (ZIMMERMANN, 2005). As lipases termoestáveis
são particularmente usadas na síntese de ésteres e amidas, sendo também
empregadas nos processos produtivos de álcoois primários e secundários, bem
como, ácidos carboxílicos (THEIL, 1995). Essas características abrem margem para
a utilização de lipases na produção de biodiesel a partir de óleos vegetais, que já é

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produzido em escala industrial, através de catalisadores químicos ácidos ou básicos


(VERGER, 1997).
A metodologia comercial de obtenção de biodiesel utiliza freqüentemente
meios alcalinos para a transesterificação do óleo ou da gordura, na presença de
metanol, produzindo metlésteres de ácidos graxos (MEAG) e glicerol (HAAS, 2002).
Entretanto, essa metodologia apresenta alguns inconvenientes, como a dificuldade
na recuperação do glicerol puro, o uso de catalisador alcalino que permanece no
meio, o tratamento posterior dos efluentes alcalinos, a interferência dos ácidos
graxos livres e a presença de água na reação (BAN, 2002; SHIEH, 2003).
Recentemente, foi observado que a catálise enzimática permite a
recuperação simples do glicerol puro, a transesterificação de triglicerídeos com alto
conteúdo de ácidos graxos livres e o uso de condições brandas no processo, com
rendimentos de no mínimo 90%, tornando-se uma alternativa potencialmente mais
rentável (GUIEYSSE, 2003; VALLIKIVI, 2003). Entretanto, até o presente momento,
a produção de biodiesel utilizando a biocatálise ainda não é desenvolvida em escala
industrial, pois protocolos os desenvolvidos até então não se mostraram
suficientemente eficientes. Paradoxalmente, a produção de biodiesel utilizando
enzimas ocorre em velocidade consideravelmente menor que a catálise química.
Isso leva à necessidade do uso de grandes quantidades de catalisadores, o que
acaba por encarecer o processo (ZIMMERMANN, 2005).
Vários trabalhos para a otimização das condições reacionais para a
produção de biodiesel têm sido conduzidos em nível de laboratório. Um deles é o
reportado por Watanabe e colaboradores (2001), demonstrando um processo de
metanólise efetivo, utilizando um sistema em batelada, com duas e três etapas e a
enzima Novozymes 435 de Candida rugosa, produzida por tecnologia recombinante
em Aspergillus niger, com tempo de reação de sete horas. A taxa de conversão
molar no final do último estágio foi de 90-93%, e a lipase pôde ser reutilizada por
100 ciclos sem perda de atividade enzimática. Oliveira e colaboradores (2004)
estudaram a etanólise enzimática de óleo de mamona com lipase comercial
(Lipozyme IM) de Candida antarctica usando n-hexano como solvente. Os
experimentos foram realizados variando a temperatura, as concentrações de água
e enzima no meio reacional e a razão molar óleo/etanol. Verificou-se que conversões
de 100% em ésteres foram obtidas para várias condições experimentais para os
tempos de seis e oito horas.
Recentemente, foi observada por Royon e colaboradores (2007) a produção
enzimática de biodiesel utilizando óleo de algodão, lipase Novozyme 435 e t-butanol
como solvente, seguido por cromatografia líquida de alta performance (HPLC).
Verificou-se que a inibição da enzima causada pelo metanol foi eliminada através
da adição de t-butanol, denotando-se um aumento da taxa de rendimento da reação.

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O rendimento de 97% foi observado após 24 horas a 50ºC, com uma


mistura contendo 32,5% t-butanol, metanol 13,5%, 54% do óleo e de 0,017g de
enzima. Alguns aspectos devem ser investigados para otimizar o processo da
biocatálise: melhor compreensão dos mecanismos moleculares envolvidos no
processo de imobilização das enzimas em resinas, seleção de enzimas
cataliticamente mais eficientes, condições de temperatura e pressão ideais,
manutenção do pH do meio reacional, seleção de solventes apropriados que
permitam a retirada do glicerol do meio reacional, impedindo a inibição enzimática
por parte do aumento da concentração do produto da reação (ALVES, 2006). A
literatura é carente de trabalhos que realizem uma avaliação criteriosa desses
aspectos. Como a produção de biocombustíveis tem-se tornado uma importante
fonte de energia renovável em substituição aos combustíveis fósseis, são
necessários estudos que ajudem na otimização desse processo.
O biodiesel vem se mostrando como fonte de energia limpa, extremamente
promissora na diminuição de danos ambientais e como um importante combustível
alternativo ao combustível fóssil, que, além de mais poluente, é uma fonte de
energia não-renovável. Nesse sentido, o desenvolvimento de tecnologias que
aperfeiçoem a produção de biodiesel é de alta relevância, especialmente quando
utilizados óleos vegetais extraídos de plantas brasileiras que apresentem alta
produtividade por hectare e alto teor de triglicerídeos, matéria-prima para produção
do biodiesel. Adicionalmente, a catálise enzimática, até o presente momento, não
é utilizada em escala industrial. Em parte, pelo desconhecimento dos aspectos
moleculares envolvidos na imobilização da enzima, o que promove uma diminuição
na atividade catalítica, aumentando o tempo necessário para que a reação se
processe e, conseqüentemente, adicionando custo ao processo (PIGHINELLI, 2007).
Uma vez identificados os limitantes no processo biocatalítico, esse método deverá
ser uma alternativa viável na cadeia produtiva do biodiesel, uma vez que as enzimas
são catalisadores muito mais específicas que os catalisadores químicos e, portanto,
promovem maior facilidade nas etapas de purificação do produto (GUIEYSSE, 2003;
VALLIKIVI, 2003).
Este trabalho tem como objetivo determinar um protocolo de
acompanhamento da produção de biodiesel que possibilite o teste e a modificação
de parâmetros físico-químicos para otimização do processo de produção a partir de
óleos vegetais, por catálise enzimática. Para isso, propõe-se a desenvolver um
protocolo para a reação de transesterificação dos triacilgliceróis, utilizando a lipase
Novozyme 435, metanol como agente transesterificante, temperatura controlada
em 50ºC e t-butanol como co-solvente a fim de minimizar o efeito inibitório do
glicerol na atividade catalítica da enzima.

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2 METODOLOGIA

Meio reacional contendo 20mL de óleo de canola, metanol na razão molar de


metanol: óleos de 6/1 e 20 % de t-butanol foi adicionado a um balão de reação de
três bocas, com fundo redondo e 50mL de capacidade, acoplado a um condensador
de refluxo, um termômetro e agitação magnética. A temperatura da mistura de
reação foi mantida a 50ºC em banho de silicone. A reação foi iniciada, após equilibrio
do meio na temperatura e agitação desejada, com adição de 300mg de enzima
Novozyme 435. A Figura 1 mostra o sistema de reação utilizado. A cada tempo de
reação, 500uL do meio reacional foram retirados, adicionados a 500uL de hexano
em microtubos de polipropileno que foi centrifugado a 10.000 rpm em uma
microcentrífuga Eppendorf 5417R por cinco minutos a 5 oC. 50uL do sobrenadante
foram retirados e o diluído em hexano para um volume final de 5mL. 1uL desta
amostra foi utilizado para análise de cromatografia gasosa (CG) e 4uL para
cromatografia de camada delgada (CCD) como descrito abaixo. Biodiesel
especificado segundo as portarias no 41 e 42 da Agência Nacional de Petróleo
(ANP) foi cedido pela Comanche Biocombustíveis da Bahia. Novozyme 435 foi
gentilmente cedida pela Novozymes Latin America. Óleo de canola foi obtido de
fontes comerciais. Todos os reagentes utilizados foram de grau analítico.
Cromatografia gasosa: para a determinação da composição do produto da
transesterificação, foi utilizado um cromatógrafo gasoso Varian CP-3800, equipado
com coluna capilar Select Biodiesel for Glycerides com 15m de comprimento e 320
um de diâmetro, utilizando uma rampa de temperatura entre 50ºC a 380ºC e
temperatura de injeção a 180oC. O tempo total de análise foi 31,81min e a pressão
foi mantida a 10,8 psi. A seguinte programação de temperatura no forno foi utilizada:
50ºC por 1 min; gradiente de 15ºC/min até 180 ºC; gradiente de 7ºC/min até
230ºC e gradiente de 30ºC/min até 380ºC. A detecção foi registrada com detector
por ionização de chama (FID) com temperatura de 380ºC. Biodiesel especificado e
óleo de canola foram utilizados como padrões.
Cromatografia de camada delgada: Cromatografia em Camada Delgada
(CCD) foi realizada em Cromatofolhas AL Silicagel 60 F254 Merk Darmstadt, Germany.
A fase utilizada foi uma mistura de hexano, acetato de etila e ácido acético (90-10-
0,5). A corrida cromatográfica foi realizadas em uma cuba de CCD e o cromatograma
revelado por imersão da placa em atmosfera de iodo produzida em um becher
contendo uma mistura 1:1 de iodo e sílica gel triturados em almofariz.

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Figura 1. Sistema de reação com refluxo utilizado neste trabalho.

3 RESULTADOS
RESULT

A Figura 2 mostra o esquema reacional da transesterificação. Utilizando-se catálise


enzimática, o agente nucleofílico é o oxigênio da hidroxila do metanol. Na reação
catalisada por lipase, o ataque nucleofílico é exercido preferencialmente aos radicais
acila ligados aos carbonos 1 e 3 do glicerol, formando inicialmente 1,2- e 2,3-
diacilglicerol (FUKUDA, 2001).
A transesterificação enzimática de óleo de canola utilizando metanol foi
observada pela formação de metiléster de ácidos graxos (MEAG) através de
cromatografia de camada delgada (CCD) e cromatografia gasosa (CG), t-butanol foi
utilizado como co-solvente para evitar a inibição da enzima pelo excesso de metanol
ou pelo glicerol formado (ROYON, 2006). Utilizando-se padrões de óleo de canola
não-reagido e biodiesel puro especificado, foi possível acompanhar o curso da
reação por CCD (Figura 3). Pode-se observar a produção de MEAG conforme o
tempo de reação aumenta até 24h, confirmando a transesterificação. Padrões de
monoleína, dioleína e trioleína foram utilizados para identificar os picos referentes
a MAG, DAG e TAG no cromatograma gasoso (Figura 4). Os picos relativos a MAG,
DAG e TAG possuem tempo de retenção de 14,3; 20,2 e 22,3 minutos,
respectivamente. MEAG é registrado como um conjunto de picos com maior
intensidade a 9,8 minutos. A diversidade de picos de MEAG se deve ao fato do óleo
de canola possuir uma variedade de ácidos graxos em sua composição. A partir da
composição de ácidos graxos do óleo de canola (DUBOIS, 2007) e dos tempos de
retenção relativos aos metilésteres de cada ácido graxo, foi possível identificar o

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MEAG correspondente a cada pico. A área do pico de MEAG foi medida através da
integração de todos os picos identificados no cromatograma (Figura 4). Os picos
foram integrados e o rendimento (R) da reação calculado segundo a equação:

Figura 2. Reação de transesterificação de TAG por metanol. Esquema


reacional compatível com catálise enzimática.

Figura 3. Cromatografia de camada delgada das alíquotas retiradas em


diferentes tempos reacionais. Amostra 1, óleo de canola; amostra 2m biodiesel
comercial; amostras 3, 4 e 5, tempos 0, 10 e 22 horas de transesterificação
enzimática, respectivamente. As siglas na lateral direita indicam o padrão de
migração de ácido graxo livre (AG), monoacilglicerol (MAG), diacilglicerol (DAG),
triacilglicerol (TAG) e biodiesel (MEAG).

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R = (AMEAG/mmMEAG) (1)

(AMEAG/mmMEAG) + (AMAG/mmMAG) + 2.(ADAG/mmDAG) + 3.(ATAG/mmTAG)

onde A e mm são, respectivamente, as áreas dos picos e as massas


moleculares médias das substâncias analisadas. As massas moleculares médias
foram calculadas segundo a massa molecular média de ácidos graxos do óleo de
canola, segundo sua composição de ácidos graxos obtida em Debois e colaboradores
(2007).
A Tabela 1 mostra os valores das áreas e tempos de retenção dos picos e
massas moleculares médias calculadas (mm) referentes a MAG, DAG, TAG e MEAG,
respectivamente. A partir dos valores calculados, foi possível chegar a uma taxa de
conversão de TAG em MEAG de 98,2%.

Composto Tempo de retenção (min) Área do pico (uV/ min) Massa molecular média

MAG 14,3 684 353,8


DAG 20,2 85 615,5
TAG 22,23 176 877,3
MEAG 9,8a 41.526b 293,8

Tabela 1: Tempos de retenção e áreas dos picos de MAG, DAG, TAG e


MEAG observado após 22h de reação de transesterificação enzimática de óleo de
canola.
a) Tempo de retenção do pico mais intenso, referente a metiloleato;
b) Soma das integração de todos os picos referentes a MEAG.

4 DISCUSSÃO

O processo de transesterificação é a principal forma de obtenção de biodiesel nos


dias de hoje. No entanto, a transesterificação química apresenta uma série de
problemas em relação à formação de co-produtos e necessidade de processos
adicionais para lavagem e refinamento do biodiesel produzido. Nesse sentido, a
catálise enzimática se apresenta como um meio relativamente mais limpo de
produção, principalmente no que diz respeito à formação de co-produtos. A abolição
da necessidade da adição de álcalis ao processo torna desnecessários passos
adicionais para neutralização, lavagem e purificação do Biodiesel. Adiciona-se a
isso o fato de catalisadores enzimáticos, quando imobilizados, poderem ser
reutilizados, diminuindo a quantidade efetivamente de catalisador e evitando a
presença desse no produto formado.

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Por outro lado, a catálise enzimática apresenta como desvantagem o alto


custo de produção de enzimas, associado à necessidade de grandes quantidades
de catalisadores necessários para se obter o produto final em tempo industrialmente
viável. Nesse sentido, faz-se necessário o desenvolvimento de processos reacionais
que maximizem o uso das enzimas, diminuindo as quantidades utilizadas e o tempo
de reação, com vistas à diminuição do custo total do processo. Este trabalho se
presta ao desenvolvimento de um modelo experimental para o melhoramento da
reação de transesterificação de óleos e gorduras por catálise enzimática. A partir
dos resultados qualitativos encontrados na análise de CCD, observa-se que à medida
que a reação ocorre há a diminuição da mancha referente ao TAG e o aparecimento
da mancha de MEAG, comprovando a conversão de óleo vegetal em biodiesel,
através da transesterificação enzimática. A partir do resultado de CG, foi possível
calcular o rendimento da reação em 98,2% de conversão.
Tem sido demonstrado que lipases são inibidas por metanol em excesso
molar maior que 1:1 em relação ao TAG. Essa inibição se deve ao selamento da
superfície enzimática pelo metanol, isolando a enzima do TAG, seu substrato. Royon
e colaboradores (2006) demonstraram que o uso de t-butanol como co-solvente
pode reverter essa inibição pelo efeito tensoativo exercido entre metanol, TAG e
enzima. 20 % de t-butanol foi utilizado no meio reacional neste trabalho. Quando t-
butanol não foi adicionado ao meio reacional, a conversão de TAG em MEAG não foi
observada em CCD (dado não-mostrado).
Acredita-se que o desenvolvimento de processos reacionais, como o
descrito neste trabalho, capazes de mimetizar com eficiência a reação de produção
industrial de biodiesel è extremamente importante para o desenvolvimento de
novas estratégias de produção que permitam a viabilização da produção desse
biocombustível, tão importante na política energética de desenvolvimento nacional.

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Figura 4. Cromatograma gasoso de amostra de transesterificação


enzimática por metanol com 22h de reação. Os picos referentes a monoacilglicerol
(MAG), diacilglicerol (DAG), triacilglicerol (TAG) e biodiesel (MEAG) são indicados no
gráfico.

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ISSN 1678-0463 http://www.ftc.br/dialogos


78 PRODUÇÃO EXPERIMENTAL

Agradecimentos

Este trabalho é financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento


Científico e Tecnológico), pela FAPESB (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado
da Bahia) e pela Comanche Biocombustíveis da Bahia, uma subsidiária da
Comanche Clean Energy.

BACHAREL EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS – FTC – UNIDADE DE SALVADOR. E-MAIL: FABIANA@CETREL.COM.BR


ESTUDANTE DO CURSO DE FARMÁCIA DA FTC – UNIDADE DE SALVADOR. BOLSISTA CNPQ ITI-A. E-MAIL:
ILVANIACOSTA@HOTMAIL.COM
MESTRANDO DO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM BIOENERGIA – FTC – UNIDADE DE
SALVADOR. BOLSISTA CNPQ DTI-3. E-MAIL: FSILVA@COMANCHE.COM.BR
DOUTORA – UFRJ. PROFESSORA DO MESTRADO PROFISSIONAL EM BIOENERGIA – FTC – UNIDADE DE
SALVADOR. E-MAIL: HEIDDY2000@YAHOO.COM
DOUTORA – UFRJ. PROFESSORA DO MESTRADO PROFISSIONAL EM BIOENERGIA – FTC – UNIDADE DE
SALVADOR. E-MAIL: ASTRIADFG@YAHOO.COM.BR
DOUTOR – UFRJ. PROFESSOR DO MESTRADO PROFISSIONAL EM BIOENERGIA – FTC – UNIDADE DE
SALVADOR. E-MAIL: VHMOREAU@PQ.CNPQ.BR

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