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262
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Registro: 2019.0000793937
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2101166-80.2019.8.26.0000 e código E6D1572.
ACÓRDÃO
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FERNANDO ANTONIO FERREIRA RODRIGUES, liberado nos autos em 26/09/2019 às 15:45 .
PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, são réus
PREFEITO DO MUNICÍPIO DE OSASCO e PRESIDENTE DA CÂMARA
MUNICIPAL DE OSASCO.
FERREIRA RODRIGUES
RELATOR
Assinatura Eletrônica
fls. 263
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Voto nº 34.455
Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/sg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 2101166-80.2019.8.26.0000 e código E6D1572.
Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2101166-80.2019.8.26.0000
Requerente: Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo
Requerido: Prefeito e Presidente da Câmara Municipal de Osasco
Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FERNANDO ANTONIO FERREIRA RODRIGUES, liberado nos autos em 26/09/2019 às 15:45 .
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Município
de Osasco. Lei Complementar nº 283, de 11 de dezembro de 2014,
revogando as alíneas “a” e “b” do inciso II do artigo 75 da Lei nº
1.485, de 12 de outubro de 1978, que estabelecia “os objetivos e
as diretrizes para uso e ocupação do solo urbano”; (ii) Lei
Complementar nº 285, de 11 de dezembro de 2014, revogando o
inciso II do artigo 21 da Lei nº 2.070, de 08 de novembro de 1988,
que estabelecia “os objetivos e as diretrizes para uso e ocupação
do solo urbano”; e (iii) Lei Complementar nº 315, de 10 de
novembro de 2016, que “cria nova modalidade de outorga onerosa
do direito de construir, altera e acrescenta incisos ao caput do art.
2º da Lei Complementar nº 171, de 16 de janeiro de 2018”.
OFENSA ÀS DISPOSIÇÕES DO ARTIGO 180, INCISO II, DA
CONSTITUIÇÃO ESTADUAL. Reconhecimento. Leis
impugnadas que, apesar de versarem sobre planejamento e
desenvolvimento urbano (art. 180, II), foram votadas e aprovadas
sem que seus respectivos projetos tenham sido (previamente)
submetidos a estudos técnicos e participação popular. Exigência
que abrange todas as hipóteses normativas de planejamento para
ocupação e uso adequado do solo, ou seja, tudo quanto diga
respeito a diretrizes e regras relativas ao desenvolvimento urbano,
e não apenas as questões de zoneamento. Ademais, é o próprio
texto constitucional que contempla mecanismos de fiscalização, a
cargo do Poder Judiciário, para extirpar do ordenamento jurídico
qualquer ato (de quaisquer Poderes do Estado) que lhe sejam
contrastantes, como ocorre no presente caso, daí porque afastada
a hipótese de invasão de seara reservada dos membros eleitos é
de ser reconhecida a alegada inconstitucionalidade por ofensa às
disposições dos mencionado artigo 180, inciso II, da Constituição
Paulista. Como já foi decidido por este Órgão Especial, “a
participação popular na criação de leis versando sobre política
urbana local não pode ser concebida como mera formalidade ritual
passível de convalidação. Trata-se de instrumento democrático
onde o móvel do legislador ordinário é exposto e contrastado com
ideias opostas que, se não vinculam a vontade dos representantes
eleitos no momento da votação, ao menos lhe expõem os
interesses envolvidos e as consequências práticas advindas da
aprovação ou rejeição da norma, tal como proposta” (ADIN nº
994.09.224728-0, Rel. Des. Artur Marques, j. 05/05/2010).
Inconstitucionalidade manifesta. Ação julgada procedente, com
modulação.
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São Paulo
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Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada
pelo PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, tendo
por objeto os seguintes atos normativos do Município de Osasco (i) Lei
Complementar nº 283, de 11 de dezembro de 2014, revogando as alíneas “a” e “b”
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do inciso II do artigo 75 da Lei nº 1.485, de 12 de outubro de 1978, que estabelecia
“os objetivos e as diretrizes para uso e ocupação do solo urbano”; (ii) Lei Complementar nº
285, de 11 de dezembro de 2014, revogando o inciso II do artigo 21 da Lei nº 2.070,
de 08 de novembro de 1988, que estabelecia “os objetivos e as diretrizes para uso e
ocupação do solo urbano”; e (iii) Lei Complementar nº 315, de 10 de novembro de
2016, que “cria nova modalidade de outorga onerosa do direito de construir, altera e acrescenta
incisos ao caput do art. 2º da Lei Complementar nº 171, de 16 de janeiro de 2018”. O autor
alega ofensa às disposições dos artigos 180, I, II, 181, caput, e § 1º e 191, da
Constituição Estadual, por ausência de participação popular e de planejamento
técnico sobre a matéria durante o processo legislativo.
É o relatório.
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novembro de 1988.
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LEI COMPLEMENTAR Nº 315, DE 10 DE NOVEMBRO DE
2016:
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(iv) que “não cabe ao Poder Judiciário adentrar na seara reservada dos Poderes
Executivo e Legislativo, cujus mandatários eleitos aprovaram as leis questionadas,
baseados em estudos técnicos e no conhecimento da cidade” (fls. 216/217).
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Sob esse aspecto, entretanto, não lhe assiste razão;
primeiro porque a necessidade de estudos técnicos e de participação popular
abrange todas as hipóteses normativas de planejamento para ocupação e uso
adequado do solo, ou seja, tudo quanto diga respeito a diretrizes e regras relativas
ao desenvolvimento urbano, e não apenas as questões de zoneamento; e depois
porque tais providências (previstas como condição de validade de normas dessa
natureza) decorrem de exigência da Constituição Estadual,.
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de algum trabalho ou procedimento oficial (preparatório) da equipe de
planejamento, ou seja, não encontram respaldo em elementos ou conjunto de
elementos com nível de precisão técnica adequada para justificar a pertinência da
propositura legislativa nessa área de uso e ocupação do solo, daí o
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reconhecimento de procedência da ação.
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Precedentes. Fonte de custeio. Ausente violação aos arts. 25 e 176
da CF. Inexistência de despesa pública. Precedente. Causa petendi
aberta. Possível análise de outros aspectos constitucionais da
questão. Falta de participação popular. Imprescindível a efetiva
participação da comunidade, por suas entidades representativas,
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máxime quando, como no caso, o ônus com o cumprimento da nova
exigência, ainda que em favor da acessibilidade, será suportado pela
população. A Constituição Estadual prevê a necessidade de
participação comunitária em matéria urbanística. Precedentes deste
C. Órgão Especial. Inconstitucional o ato normativo impugnado.
Procedente a ação” (ADIN nº 2256300-08.2016.8.26.0000,
Rel. Des. Evaristo dos Santos, j. 24/06/2017).
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que regulamenta o uso, o parcelamento do solo e a construção de
residências dentro de zonas de indústria, comércio e serviços.
Legítimo o exercício da competência legislativa municipal
suplementar em matéria de direito urbanístico. Indispensável,
contudo, a participação popular na discussão sobre o projeto de lei.
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Violação do artigo 180, II, da Constituição Estadual. Vício formal
reconhecido. Precedentes deste Órgão Especial. Pedido julgado
procedente, com modulação de efeitos” (ADIN nº
2032995-13.2015.8.26.0000, Rel. Des. Márcio Bártoli, j.
12/08/2015).
FERREIRA RODRIGUES
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