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Deixa eu falar!

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Deixa
eu
falar!

Rede Nacional Primeira Infância


Secretaria Executiva/OMEP

Deixa eu falar! 1
Brasília, 2010
Realização

Apoio

Produção

CECIP

Esta publicação foi produzida com o apoio financeiro de The Save The Children Fund, Alliance MDP/MODA Funding e
Instituto C&A. As opiniões expressas na mesma são de seus autores e de forma alguma podem ser consideradas uma opinião oficial de
The Save The Children Fund e Alliance MDP/MODA Funding.

The Save The Children Fund, Alliance MDP/MO Funding e o Instituto C&A co-financiam esta publicação.

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2 Deixa eu falar!
Apresentação

As crianças são sujeitos e, como tais, consti- Aqui estão apenas algumas das falas, selecio-
tuem-se cidadãs, capazes e com direito de par- nadas pelo único critério de serem autênticas,
ticipar daquilo que a elas diz respeito. Assim vivas, verdadeiras expressões de crianças de 3,
está na Convenção dos Direitos da Criança, 4, 5 e 6 anos de idade.
da ONU. O poeta Manoel de Barros descreveu essa ver-
Como as crianças pequenas podem participar dade:
das políticas públicas? Quando e quanto es-
“Crianças
cutá-las? Como colocar suas vontades, desejos Barros, Manoel. Poesia
e necessidades na balança em que pesamos as em pleno uso da poesia Completa, Leya, 2010,
pág. 155.
demandas, elegemos as prioridades, decidimos funcionavam sem apertar o botão”.
as ações? A ponte que liga essas falas ao Plano que a
A Rede Nacional Primeira Infância aceitou Rede Nacional Primeira Infância formulou é
o desafio de incluir as crianças como sujeitos o olhar que viu, o ouvir que escutou e o estar-
e co-autoras do Plano Nacional pela Primei- juntos que co(n)sentiu. O PNPI e o “Deixa
ra Infância. O olhar se tornou ver; o ouvir eu falar” são frutos do olhar circular, não ver-
virou escutar. Vendo e escutando, apreende- tical, de crianças e adultos.
mos. E, assim, vertemos desejos e vontades, A co-autoria das crianças lhes dá a “autor-
reclamações e pedidos, expressos nas múlti- idade” de dizer, de serem ouvidas, de serem
plas linguagens da infância, em temas deste atendidas.
documento técnico e político, que visa garantir Que nós lhes sejamos fiéis.
seus direitos à infância e ao desenvolvimento
mais amplo possível. RNPI – Rede Nacional Primeira Infância
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Eu gostei de
escrever este livro.
Eu falava e a professora escrevia. Fiz um desenho para colocar no livrinho
e escrevi “Amanda” porque é o meu
Todo mundo falou.
nome. Escrevi sozinha.
Tinha menino que queria coisas demais.
Foi bom escrever esse livro.
Mas assim mesmo a professora anotou.
Cada dia falamos de uma coisa
diferente. Eu falei um pouco de cada
coisa. Eu falei que gosto muito de
brincar.
O que mais quero é um lugar para
brincar.
E a professora anotou tudo que eu
também quero.
Quando ela parava de escrever eu falava;
põe aí, tia. Aí ela escrevia.
Falei, falei e falei. E eu quero muitas
coisas que não tenho. Está tudo dito aqui.
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6 Deixa eu falar!
,
Eu sou assim, sei la,
de muitos jeitos.
A voz de quem tem opiniões sobre tudo. Falando
livremente, entre uma brincadeira e outra, entre um
desenho e uma colagem, crianças contam suas histórias
e dizem quem são. O Plano Nacional da Primeira
Infância reforça o que as crianças pensam e sentem.

Família e Comunidade
– Eu moro lá em cima, no morro. – Eu gosto da minha casa. Tem
Eu não fico cansado de subir. Eu vou muito espaço. Eu posso brincar em
pulando e contando os degraus. Ah, todo lugar... Eu queria brincar com o
também eu inventei uma brincadeira de meu pai. Ele não pode. Ele trabalha
muito para ganhar dinheiro. É preciso construir
pular de dois em dois. A minha mãe é novas práticas
que fica muito cansada. Eu não gosto sociais com as
– Eu gosto muito da minha casa. famílias, de caráter
quando ela fica cansada. Ela fica triste. coletivo, participativo
Tem minha família. Mas eu não posso e solidário, que
– Todo mundo precisa ter casa brincar lá fora. Minha avó diz que é envolvam instituições,
associações e
senão vai morar embaixo da perigoso e que eu posso pegar uma doença movimentos da
ponte, vai ficar doente. no ralo que corre a água suja. comunidade.

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– Família é estar junto. – Falta paz e alegria em
casa, todo dia sai briga.
– À noite, meu pai leva a gente
para ver a lua e depois a gente – Mãe... eu quero colo... me dá
vai dormir. colo...eu quero colo.
8 Deixa eu falar!
Educação
– Eu não sei por que preciso
estudar. Você sabe? – Depois você lê de novo? Eu gosto
de ouvir a história muitas vezes.
– Como é que vocês sabem Eu gosto de contar a história só
escrever o meu nome? olhando a figura. Eu não conto
– Gosto da sala, de contar histórias, sempre igual. Eu invento. Mas, se
gosto de brincar, gosto de estudar, de você lê, tem que ser igual.
escrever. Gosto da professora.

É considerada básica
aquela educação que
toda pessoa precisa
ter para integrar-se na
dinâmica da sociedade
atual e realizar seu
potencial humano.

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Saúde Pressão Consumista
– Olha...olha.. isso é muito – Um dia, eu fui no shopping
importante. Quando a gente não com a minha mãe e com a
quer comer, alguma coisa estranha minha irmã. Eu queria comprar
um boneco igual do meu amigo
aconteceu, na escola ou na rua.
da escola. Minha mãe disse
que não tinha dinheiro. Minha
– Saúde é o que está dentro de
irmã falou para ela pagar com
nós. Se está doente, não sai de
o cartão de crédito. Não pode
casa, só sai para o hospital.
porque tem que pagar depois.
Se não tem dinheiro meu pai
– Para não dar dor de cabeça,
O PNPI considera briga com a minha mãe. Eu
não pode comer coisa podre.
de fundamental choro muito quando meu pai
importância
uma capacitação briga com a minha mãe.
diferenciada dos – Onde tem rato e inseto
profissionais de
saúde, por meio tem doença e precisa acabar.
da formação e
educação continuada,
preparando-os – Precisa comer bem, dormir, descansar,
para lidar com a se agasalhar, tomar banho, escovar os
complexidade dos
vários aspectos
dentes, não ficar de pé no chão, brincar
envolvidos na atenção no sol e ter a casa limpa, sem rato e
à criança e à sua mosquito, porque doença de rato deixa a
família.
gente sem respirar.
Desenvolver ações
visando à redução da
desnutrição crônica e
– Criança não pode ficar sem
da desnutrição aguda comida. Se não comer fica
em áreas de maior branco, amarelo, roxo.
vulnerabilidade.

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Exposição à Mídia
– É gostoso ver tevê!!!

– Se ficar sem comer a barriga


fica roncando, pode até ficar
doente e morrer; mas se ficar
sem televisão não acontece
nada.

– Na TV tem filme de polícia.

– Novela meu pai não gosta;


ele gosta de futebol.

– No Jornal, passa que o ônibus


bate - deixa eu falar... - um Cidade e Meio Ambiente
monte de carro bate, depois
vem polícia, depois jornal, – Água vira enchente que arrasta tudo,
depois novela.
pessoas e coisas. Precisa reciclar, mas
– O que passa na TV: desenho, jornal, eu não sei.
novela, Pica Pau, Ti ti ti, governador,
candidato, jogo, cinema, vídeo, DVD,
novela da mamãe, carro, policia,
– Eu adoro subir em árvore.
vampiro, os Mutantes, pessoas...

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Cidadania Violências
– Todo mundo já viu uma briga.

– Eu estava feliz porque estava – Só pode brincar na rua com a


mamãe perto, porque é perigoso.
cheio de segurança. Estava cheio de
– A polícia dá medo, porque
segurança porque os meus amigos ela é fortona.
estavam ali.
– Os ladrões dão medo.
– Fui para o Piauí e minha vó – O ladrão corre e pega o
me enterrou na areia. Meus tios dinheiro.
brincam comigo. – Meu pai bateu na minha
mãe e eu fiquei com medo.
– Quando meu pai bate na
– Nós temos sonhos. minha mãe, ela fala: “home,
Capacitar e qualificar
home”. Ele é muito bravo!
a família, bem como
– Meu pai me bate porque eu
os cuidadores de – Eu queria um beijo.
crianças da rede social faço teimosia.
extrafamiliar, observando
e favorecendo a – Queremos comer, brincar, ficar – Quando faz coisa errada o
construção de vínculos
grande, trabalhar, estudar e ir pai bate.
afetivos com a mãe, sua
figura substituta, o pai, a
família e a rede social.
para a faculdade, ter identidade – A mamãe briga e bate de cinta.
e carteira de motorista, CPF e – De cinto eu não gosto.
outros documentos. Assim, o
Criança é sujeito ativo,
não objeto de ações; é nosso mundo será mais feliz, – Minha mãe bate porque
indivíduo único, com peguei comida.
rosto e identidade; para nós e para nossos amigos.
infância é valor em si E também quando a gente tiver – Meu pai quebrou meu
mesmo, hoje, não apenas
filhos, eles também vão poder dedinho, teve que enrolar; mas
algo em que se investe
eu gosto dele assim mesmo.
pensando no amanhã. viver felizes.
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Diversidade
Criar, nos dois
primeiros anos do
Plano Nacional da
Primeira Infância,
– Meu irmão é pretinho e ele chora – A Maria Eduarda usa óculos e editais específicos de
incentivo à cultura,
eu gosto dela.
quando alguém machuca ele. que estimulem, em
lugares de baixo poder
– Meu irmão também usa aquisitivo, projetos
– Eu gosto dos meus amigos, óculos. O médico mandou de trabalhos em arte
para e com as crianças,
qualquer um deles. porque tem problema de vista. bem como ampliem
o acesso à cultura e
– Graziela é pretinha e não tem o conhecimento das
– Eu tenho um amigo grande que amiga, só brinca com minha
crianças sobre os
lugares e costumes do
usa muleta. prima. Ela é triste. país.

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14 Deixa eu falar!
Eu brinco porque
me deixa feliz.

Fazendo amigos
– Quando eu brinco fico feliz. Um
dia eu estava brincado de bola. Eu
adoro bola. Aí eu chamei meus
amigos. Só podiam três. A gente
jogava com a mão e depois com o pé.
E, de repente, um outro garoto se
meteu no meio do jogo. Eu queria
brigar. O jogo era meu. Puxa...
a bola era minha. Mas, o jogo foi
ficando engraçado e, então, a gente
foi deixando ele ficar... a gente
ganhou um amigo.
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Descobrindo a
magia da vida...
simples assim
– Então, vou pegar essa bacia
com a água e com o sabão
para fazer uma mágica para
você. Presta atenção. Mistura,
mistura, mergulha, mexe para
um lado, mexe para o outro lado,
joga um pó de pirlimpimpim,
Lugar para brincar mais um pouco. Agora fecha o
Garantir que a – Eu brinco no pé da escada e na olho.... espera...espera... Olha! A
ludicidade esteja sempre
presente nas relações creche. É legal brincar lá na escada, bolhas estão crescendo, e mais e
e ações educacionais,
porque encontro meus amigos. mais...mágica pronta. A espuma
tanto na sua dimensão
de cuidado quanto de Só que os carrinhos caem. apareceu.... Eu também misturo
educação, de modo que
o processo educacional Eu queria um lugar grande para o shampoo e o creme da minha
ocorra de forma fazer minha pista. mãe e aí é outra mágica. E
prazerosa, considerando
educação e cuidado também tem as coisas na cozinha
como aspectos de uma
mesma e única realidade – Minha casa não tem que eu uso para fazer minhas
e superando o velho quintal, mas eu desenhei mágicas. Mas sempre tem que
conceito de que a creche
existe para cuidar da um quintalzinho para jogar o pó de pirlimpimpim.
criança e a pré-escola
para ensinar.
poder brincar.
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Até onde vai
o poder
– Eu e minha mãe fomos para a casa
de praia de um amigo dela. Começou
a chover e eu fiquei nervoso. Fiquei
falando sem parar para minha mãe que
eu queria ir na praia. Ela
disse: torce e pede para a chuva
parar. E aí, depois de um tempo parou.
Eu gostei da brincadeira.
E pedi para chover de novo. E não é
que choveu! E aí tentei mais uma vez.
Deu certo. Já que estava dando tudo
muito certo, pedi para chover água
quente. É... aí não deu.

Ensinando outras
Lendo de outro jeito
formas de fazer
– Eu não sei ler as letras, mas
sei fazer pilhas de livro, tirar – Toda vez que eu saio da sala, minha Incentivar o lúdico
como inesgotável e
e colocar na estante várias professora pede para eu entrar no fluente conteúdo de
aprendizagem da criança
vezes; sei sentar nos livros e trenzinho. Aí eu pedi para ela para eu sobre si mesma, sobre
consigo carregar na bolsa. ir de a pé. Eu não gosto mais de andar a cultura e sobre as
formas de relação com
de trenzinho. os outros.

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18 Deixa eu falar!
Eu quero falar... ei! eu quero falar...
Eu quero falar!!!
– Um dia eu estava brincando de soltar
pipa. Minha pipa estava lá no alto.
Meus amigos também tinham uma
pipa. Cada um tinha a sua. A gente
estava cruzando as pipas e estava muito
legal. E aí minha mãe me chamou para
ir comer. Eu disse que queria ir depois,
porque estava fingindo de soltar pipa
com os meus amigos. Ela não deixou.
Falou que eu não estava fazendo nada – Às vezes quando a gente fica
e era para ir jantar... Como ela não viu nervoso fala palavrão. As palavras
a minha pipa invisível??? ficam voando em cima da nossa
cabeça. É meio maluco e também
– A gente tem vergonha de a gente se esquece de muitas
falar. Caraca, isso é muito
coisas. Às vezes, uma pessoa
difícil. É medo de falar coisa
que não se deve falar. Falar está com raiva e não tem jeito de
bobeira, xingar. conversar.
Deixa eu falar! 19
No Centro Cultural da Criança, situa do no Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro, as crianças de 4 a 1O anos são
protagonistas, que vivem na prática o exercício de seus direitos e deveres. Em cada sala, elas discutiram as regras de
convivência, criadas por elas mesmas, até chegarem a um acordo que todos respeitassem. Cada sala produziu seu próprio
quadro, em que as regrasforam escritas e ilustradas pelas crianças. Mais tarde, verificou-se que a grande maioria das regras são
consenso entre as crianças. Um aprendizado de cidadania que as influenciará pelo resto de suas vidas.

20 Deixa eu falar!
– Lá na escola, quando a gente faz – Eu sei que pode escrever
bobeira, vai conversar com a diretora. o que a gente pensa.
Eu não falo. Só posso escutar. Ela fala, Pode, não é?
Incluir nos cursos de
formação os meios
fala, fala o tempo todo. Eu peço desculpa que possibilitem aos
adultos, em especial
para o meu amigo e vou para a sala.
– A pessoa manda os profissionais da
educação infantil,
– Bagunça é jogar e quebrar na pessoa que é. reviver a brincadeira
em si próprios. Criar
brinquedos. Também quebrar o laboratórios do brincar,
vidro do armário quebrado. Minha visando ao resgate e
à vivência lúdica dos
avó ficou muito brava. Criança – Pode deixar, eu sei. Pode adultos que atuam com
crianças de até 6 anos.
não pode ficar com raiva. acreditar em mim. Eu sei.
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22 Deixa eu falar!
Meus direitos...
meus pedidos.
Saúde
– Para não ficar doente? Precisa – Quando a gente tá mal e não
comer direito, leite sem açúcar, consegue caminhar tem que ter
ambulância.
Iogurte, café.
Elaborar e colocar
– Tem que ter ambulância em prática projetos
– É preciso remédio também para buscar mulher
para o desenvolvimento
integral da criança,
para ter saúde. grávida.
incluindo seu
desenvolvimento
cognitivo e emocional.
Implementar processos
de trabalhos junto
– Precisa tomar vacina para a – Meu amigo tem pé torto e não as equipes de saúde
tem médico para cuidar. e áreas do controle
doença passar. Para não criar social que permitam o
acompanhamento da
bactéria dentro da gente, tipo criança por uma equipe
– Eu fui pro Maranhão e minha profissional de saúde
gripe suína. Para não ficar gripado. vó morreu. Eu fiquei triste, desde seu nascimento
até os seis anos de idade,
A gente toma vacina para não criar não tinha ninguém no Posto. estabelecendo sólidos
bicho na barriga. Chorei bastante. vínculos terapêuticos e
de pertencimento.

Deixa eu falar! 23
A oferta da educação
infantil é dever do Educação
Estado e deve ser
assegurada a toda criança
que dela necessite ou
– Eu preferia não ter que ir mais – Eu não tenho caderno e nem
por ela demande, por na escola. A gente aprende com lápis de cor. Eu peço para minha
meio de sua família ou professora, mas não tem para todo
de seus responsáveis. brinquedos, com amigos, com jogos, mundo. Falta borracha, para apagar.
Estar numa instituição
de educação infantil deve com a vida.
ser, para a criança, tão
fascinante, tão agradável,
– Para chegar na minha escola, – Eu gosto da minha escola
tão atrativo e seguro,
que ela queira ir, estar eu ando muito, muito, muito... arrumadinha e limpinha. Eu quero
e nela permanecer, por
Na minha sala, tem criança grande colocar meu desenho no mural para
vontade e gosto, e não
por imposição. e criança pequena. ficar colorido e bonito.
24 Deixa eu falar!
Família e Comunidade
Construir formas
comunitárias, que
respeitem a diversidade
cultural, para o
– Ajuda minha mãe a pagar a – Se eu ganhar dinheiro, eu vou enfrentamento dos
problemas vividos
luz e a água? comprar comida para minha mãe e pelas famílias dos
estratos mais baixos de
minha vó. renda, de sorte que as
próprias famílias, num
– Ia pedir para o moço fazer uma casa – Se tivesse dinheiro, ia comprar processo coordenado
para minha mãe não pagar aluguel. de discussão, ajuda e
uma casa grande para minha mãe. compromisso mútuos,
vão criando e ampliando
– Quando eu crescer vou ficar igual – Eu queria que minha mãe ficasse suas possibilidades de
participação social,
ao meu pai, para eu comprar pão comigo. Ela disse que precisa ganhar principalmente no que
diz respeito ao cuidado
para comer. dinheiro para pagar as contas. e educação de suas
crianças.

O Brincar e os Brinquedos
– Não tem nada fora de casa para
brincar.
– Queria que tivesse parquinho perto
da minha casa. Tem um campinho de
jogar bola. Eu e minha amiga subimos
na árvore. Criar espaços lúdicos
de interatividade,
de criatividade, de
– Eu queria um carrinho que expressão de desejos e
desce no escorregador. opiniões e construção
de valores coletivos
diversos da lógica
– Eu queria um circo para ver vigente e democratizar o
palhaço. Amo circo de graça. acesso a eles. Particular
atenção deve ser dada
na criação e no acesso e
– Eu queria uma árvore grande para uso desses espaços por
brincar de ser macaquinho. crianças com deficiência.

Deixa eu falar! 25
Cidade e Meio
Estabelecer, em todos
os Municípios, com
a colaboração dos
setores responsáveis
pela educação, saúde
e assistência social
Diversidade Ambiente
e de organizações
não-governamentais,
programas de orientação
– Quem tem – Perto da minha casa não tem árvore.
e apoio aos pais com Só longe.
um amigo é
filhos entre 0 e 3
anos, oferecendo,
inclusive, assistência
– Falta árvore nas cidades.
financeira, jurídica e de – Parquinho não tem, só na escola.
suplementação alimentar
nos casos de pobreza, muito feliz.
violência doméstica e – Eu brinco na rua, mas minha
desagregação familiar
extrema. mãe não quer.
26 Deixa eu falar!
Evitando a Exposição Precoce às Mídias
– Eu pedi para minha mãe comprar a – Minha mãe não me deixa ver Desenvolver
campanhas de
boneca da televisão. Ela disse que não umas coisas na TV. informação, educação e
tinha dinheiro. Eu falei para dar um comunicação para uma
alimentação adequada
cheque pré-datado. – Nunca fui ao cinema, mas em quantidade e
qualidade, promovendo
meu pai vai me levar mês práticas alimentares
– Na novela só passa beijação. que vem. e estilos de vida
saudáveis.

Cidadania
Enfrentando – Ter uma carteira, ter dinheiro,
as Violências isso eu quero quando crescer.
Contribuir para que, até
– Eu não tenho certidão porque 2022, todas as crianças

– Não gosto minha mãe não comprou.


de até seis anos, recebam
atendimento em período

de apanhar integral na educação


infantil, prioritariamente

porque dói. – É, minha mãe não comprou aquelas das famílias


beneficiárias do
também. Programa Bolsa Família.

Deixa eu falar! 27
28 Deixa eu falar!
Como foi feita esta
publicação?
Quando comecei a elaborar esta Em alguns trechos as falas foram
publicação, em alguns momentos escritas exatamente como foram
pensei que seria muito difícil, perto expressas. Em outros, como era
do impossível. Como colocar uma conversa coletiva, as falas
o Plano Nacional da Primeira estão integradas e misturadas.
Infância na voz só da criança? O Não podemos esquecer que a
que os adultos vão entender disso?
singularidade tem sua relevância;
Deixei guardado meu lado adulto, no entanto, precisamos lembrar da
resgatei o prazer da infância e fui união das semelhanças e diferenças:
em busca de ouvir, me surpreender, o todo.
me encantar, me entristecer com as
histórias fantásticas de uma turma Nas laterais das páginas foram
que sabe muito, porque ainda vê a citados alguns trechos do Plano
vida com a verdade do coração. Nacional Primeira Infância, que
Neste material, outras tantas é documento político e técnico,
pessoas, que também buscam elaborado de forma participativa.
garantir que a voz e vez das crianças Uma carta de compromisso ético
sejam respeitadas, contribuíram do Brasil com o desenvolvimento e
com informações e dados valiosos. a felicidade de suas crianças.
Deixa eu falar! 29
Como foi feita esta publicação?

Como vocês devem ter percebido Entendi que, desta vez, nós,
em sua leitura, este não é um texto os adultos, é que vamos fazer
corrido. Tem imagens e emoção em esforços, sair dos nossos padrões de
cada palavra. O desafio é fazer com linguagem e pensamento lógico e
que cada frase e história relatada para lá de concreto, para realmente
nesta publicação nos ajude a poder ouvir o que nossas crianças
descobrir quais são as infâncias que têm a nos dizer.
precisamos olhar e cuidar. Monica Mumme

30 Deixa eu falar!
A criança é inocente, vulnerável e depen-
dente. Também é curiosa, ativa e cheia de
esperança. Seu universo deve ser de alegria
e paz, de brincadeiras, de aprendizagem e
crescimento. Seu futuro deve ser moldado
pela harmonia e pela cooperação. Seu de-
senvolvimento deve transcorrer à medida
que amplia suas perspectivas e adquire no-
vas experiências. Mas para muitas crianças
a realidade da infância é muito diferente.

ONU
Encontro Mundial de Cúpula pela Criança,
30 de setembro de 1990

Deixa eu falar! 31
Por quem esta
publicação foi feita?
Realização Produção Executiva

CECIP

Vital Didonet Monica Mumme


Coordenação Geral do Projeto Coordenação do Projeto, pesquisa, organização dos
depoimentos e realização dos grupos focais.
Claudius Ceccon
Projeto gráfico e ilustrações

Produção
Shirley Martins Maria Lucia Lara e Simone Valadares
Diagramação e editoração eletrônica Facilitação dos grupos focais - RJ
Dinah Frotté Ana Rosa Beal, Marina Naves e
Revisão Vilma Maria Santana
Facilitação dos grupos focais - Brasília

Agradecimentos
A todas as crianças que participaram desta publicação com seus depoimentos e desenhos.
Ao Centro Cultural da Criança (Morro dos Macacos) e à Creche UNAP Anchieta (Morro Dona
Marta), no Rio de Janeiro; e à Creche Santa Luzia (Samambaia), Distrito Federal, pelo apoio aos
grupos focais.
Ao Ato Cidadão, pelos subsídios da escuta de crianças durante a elaboração do Plano Nacional pela
Primeira Infância.
32 Deixa eu falar!
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