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OS ONZE PASSOS

UM PEQUENO MANUAL PARA UMA GRANDE MUDANÇA

Autor: Leon Claude Sidi

Para Patrícia, minha esposa e amor para sempre.


Gratidão por me mostrar o caminho.
Antes de mais nada, obrigado por estar aqui. Espero que este
livreto possa ser de grande ajuda, seja qual for a razão que te
motivou a ler este manual. Comecei a rascunhar estas palavras há
alguns meses, movido pelo desejo de compartilhar com quem
quiser um pouco do que aprendi ao longo do meu caminho, com o
objetivo de oferecer práticas que possam, sem novos dogmas ou
novas crenças, fazer florescer suavemente um novo olhar para o
mundo e para si mesmo. Práticas que nos façam sentir a alegria de
ser humano em toda sua plenitude e desta forma também contribuir
para o bem-estar de todos. Eis que termino de escrever no
momento em que a humanidade atravessa uma grave crise,
motivada pela pandemia do novo coronavírus. Tenho a certeza que
esta crise é uma chance que temos, enquanto civilização, de mudar
paradigmas e atitudes, e espero que este livreto possa ser uma
pequena contribuição, tanto para ajudar nestes momentos de
incertezas e angústias quanto para os tempos que virão depois que
isto passar.
Nesta pequena contribuição, nada de novo será revelado porque
nada de novo há para ser revelado. A humanidade, através dos
tempos, já produziu obras magníficas e já nos deu e ainda nos
presenteia com mestres de grande luz e sabedoria, aos quais todos,
sem exceção, reverencio e agradeço. Todos, com a linguagem
própria do seu tempo e conjuntura, nos revelam os caminhos e os
segredos para atingir a plenitude da condição humana. A
contribuição deste manual consiste em tentar, através destes
passos, transmitir de forma bem simples a essência da mensagem
de todos estes grandes mestres sem criar novos dogmas,
obrigações, instituições ou crenças.
Você vai perceber que em momento algum qualquer passo vai
abordar obrigações ou julgamentos morais. Não pedirei que seja
bondoso, generoso e nem que não tenha raiva, desejo, inveja ou
cobiça. Os passos são sugestões que, se você se dispuser a
experimentá-las, naturalmente levarão você a ter uma outra atitude
diante da vida e das pessoas, sem cobranças ou mandamentos.
Você não precisa dar todos os passos ao mesmo tempo. Deve
começar um por um, seguindo a sequência em que estão colocados
no livro de forma cumulativa. Assim, você vai adicionando as novas
práticas sem deixar de praticar as anteriores, pois são todas
complementares umas às outras. Não se apresse, mas também não
desanime. Enquanto estiver em um dos passos, fique nele, leia
várias vezes, sem se preocupar com os subsequentes e
fundamentalmente, pratique as sugestões dadas em cada passo. É
possível e até natural que você sinta uma tentação irresistível de ler
o manual todo de uma vez. Então, se quiser, faça isso e depois
volte e comece a praticar cada passo. Sem esta prática, este
pequeno manual perde seu sentido.
Por fim, não crie expectativas em relação a nada. Não crie um
ponto de chegada. Não se cobre e nem fique a cada dia buscando
ver se algo mudou em você. Se concentre apenas em praticar os
passos. As mudanças baterão à sua porta sem pedir licença. Não
há como passarem despercebidas.
Mais uma vez, obrigado por estar aqui, e vamos juntos começar
nossa caminhada, passo a passo.
PRIMEIRO PASSO
“Viva de forma mais saudável”

O conceito de saúde pode ser definido de diversas formas. A


que entendo ser mais apropriada é a de que saúde é a ausência de
mal-estar. Este mal-estar pode ser físico, como por exemplo uma
dor, uma infecção ou outra doença qualquer mais séria. Este
incômodo também pode ser manifestado no seu estado emocional e
psicológico, causado por incontáveis fatores sociais, econômicos e
familiares, Ou será que a presença constante de raiva, medo,
inveja, impaciência, inquietude, depressão ou ansiedade também
não são motivos de profundo mal-estar e de falta de saúde, que no
fim das contas vão causar também doenças físicas?
A causa deste mal-estar, quando ele se manifesta, na maioria
das vezes é um somatório de diversos desequilíbrios que vão se
acumulando no tempo. Poucas exceções existem, como no caso de
acidentes, exposição a agentes infecciosos extremamente
virulentos ou envenenamentos. Mas via de regra, é a soma de
vários fatores. Alimentação errada, falta de exercícios, falta de
lazer, rotina de vida inadequada, saneamento inadequado e
problemas emocionais e psíquicos geralmente se somam, uns mais
e outros menos, para manifestar o mal-estar.
Você vai entender de que forma o que você come e como cuida
do corpo pode produzir mal-estar físico e também
emocional/psíquico e de que forma as opções que você faz em
relação aos cuidados do seu corpo vão acabar interferindo no meio
ambiente, e consequentemente, na sua saúde e na dos outros.
Vamos começar pela alimentação. Certa vez, há tempos atrás,
me pediram para dar uma palestra sobre alimentação saudável. Fui
pensando no que iria falar e logo me veio à mente que há, vamos
dizer, oitenta anos atrás, comida não tinha adjetivos. Comida era
apenas comida, e pronto. Cada coletivo humano tinha seus próprios
padrões de alimentação, construidos em função do meio ambiente e
da cultura, com sua eficácia comprovada pelo tempo. Os adjetivos
(saudável, orgânico, integral, transgênico, congelado, fast food, etc.)
começaram a surgir com o advento da industrialização em massa
dos alimentos, com refino, uso de corantes, conservantes,
estabilizantes e agrotóxicos, uso este motivado pela lógica do lucro
e da mercantilização a nível planetário. Logo, a conclusão foi a de
que quanto mais industrializado, menos saudável é o alimento. Isto
tem uma explicação simples que deve ser buscada nas mais
diversas antigas tradições. Para citar apenas duas tradições
milenares, a indiana e a chinesa, nelas existe o conceito daquilo
que poderíamos chamar de energia vital (prana na tradição indiana
e chi na chinesa), que é a força existente na natureza que
impulsiona a vida, o movimento de todas as coisas. É esta força
que mantém todas as nossas funções orgânicas funcionando, assim
como a de todas as demais coisas existentes, inclusive dos
alimentos que consumimos. Repomos esta energia cotidianamente
através da respiração, do sol e dos alimentos. Alimentos se
deterioram quando perdem esta energia exatamente da mesma
maneira que nosso corpo se decompõe depois da morte, que é em
última análise, a perda dessa energia vital. Descobrimos formas
alternativas de preservar os alimentos por longo tempo, tal como o
congelamento,o sal e o sem número de conservantes, mas eles se
conservam apesar de já terem perdido esta energia. Então, quanto
mais próximo da colheita, mais energia terá o alimento. Exceção
feita às sementes e grãos, que por serem as fontes do que virá a
ser o seu fruto, contém muita energia vital e se conservam por
muito mais tempo sem artifícios. Quem já não colocou um feijão no
algodão com água para observar o broto nascer? É por esta razão
que grãos, sementes, cereais integrais, castanhas, vegetais e frutas
são considerados saudáveis, pois ainda mantém parte de sua
energia vital ao serem consumidos. Os alimentos industrializados e
congelados já perderam sua energia, sem falar nas centenas de
venenos que são adicionados ao serem industrializados.
O que acontece quando ingerimos alimentos sem energia? É
simples. Ao invés de fornecer, usam nossa energia para que
possamos absorver os nutrientes, causando assim um desequilíbrio
no fluxo natural da energia no nosso corpo. Quem já não sentiu
aquele peso no corpo, um cansaço mental, depois de comer muita
carne ou massas refinadas? Isto ocorre porque em vez de fornecer
energia vital, estes alimentos sequestram esta mesma energia de
outras partes do organismo. E quem também já não sentiu o frescor
e bem-estar depois de comer frutas e vegetais? Então, observe o
que acontece depois que você come. Comida boa nos enche de
disposição e leveza enquanto a comida ruim nos faz sentir lerdeza e
preguiça. Segundo a tradição indiana, estes alimentos que são ricos
em energia vital, além de serem nutritivos e saudáveis também
incidem sobre a mente de forma positiva, trazendo clareza e
tranquilidade. De forma contrária, alimentos desprovidos de energia
embotam a mente, trazendo confusão e apatia. Estes são
basicamente os alimentos feitos com trigo refinado, milho
processado ou açúcar refinado, margarina, xarope de milho,
sorvetes e outros alimentos à base de gordura hidrogenada (recheio
de biscoito, por exemplo), enlatados, embutidos (salsichas,
mortadelas, salame), alimentos congelados e os que são aquecidos
no forno de micro-ondas. Alimentos muito picantes como a cebola
crua, rabanetes, queijos picantes, pimentas e os alimentos azedos
como o vinagre, iogurte, queijos amarelos e curados e molhos de
soja são estimulantes do movimento da mente, fazendo com que a
nossa já agitada mente o fique ainda mais.
Vamos falar agora da carne. Faz bem ou faz mal? Como tudo,
pode ser bom ou ruim, dependendo da situação. Mas, de regra, faz
mais mal do que bem. Lembra da energia vital? Pois bem, da forma
em que consumimos as carnes hoje, geralmente congeladas por
meses, estes alimentos são completamente desprovidos de energia
e ao mesmo tempo são aqueles em que mais energia precisamos
para digerir. Naturalmente, seguindo esta lógica, são os que mais
desequilíbrio energético causam. Além disto, quanto mais complexo
for o ser que ingerimos, mais dificuldade temos para que nosso
corpo o assimile inteiramente. É como se fosse mais fácil uma fruta
se transformar toda em parte do seu corpo do que uma vaca,
exatamente por ser menos complexa. O resultado disto é que o
processo de assimilação das carnes é mais lento e incompleto,
levando a produção de diversos efeitos colaterais físicos e sutis que
vão acabar por produzir uma ruptura no equilíbrio do corpo,
podendo levar a neoplasias e doenças autoimunes. Portanto, se
consumir alimentos de origem animal, consuma em ordem de
preferência os laticínios frescos (exceção feita a quem tem
problemas respiratórios como asma e rinite), ovos, os peixes e
frutos do mar e o frango. A carne de porco e a de boi incidem sobre
a mente de forma a aumentar o movimento mental, causando
irritabilidade, raiva e impaciência seguida de embotamento e
esgotamento. A de frango e a do peixe também, mas em menor
escala.
A opção pelo vegetarianismo pode ser motivada por diversas
razões, tais como compaixão aos animais, consciência ambiental,
opção religiosa ou filosófica entre outras, assim como a
manutenção do consumo de alimentos de origem animal tem
relação com tradições, hábitos, cultura e o meio ambiente onde vive
o ser humano. Por entender isso sem qualquer juízo de valor, não
faço aqui a apologia do vegetarianismo, embora o seja. O que
sugiro para quem consome carne é que passe a consumir menos
carne de porco, boi e frango, passando a comer mais peixes e ovos.
Desta forma, o impacto negativo da carne no seu corpo e mente
será menor.
Além de priorizar os alimentos ricos em energia vital e mudar o
padrão do consumo de carnes, algumas outras coisas são
importantes para se ter uma alimentação saudável. Coma apenas
nos horários das refeições, sendo que a mais importante é o
almoço, que deve ser por volta do meio dia. Evite jantar depois das
oito da noite. O café da manhã não é tão importante quanto
supomos, podendo ser adiado até as dez da manhã para se comer
uma fruta ou tomar um chá. Isso é particularmente importante se
você estiver acima do peso. Evite beber água gelada,
principalmente durante as refeições. Evite refrigerantes. Coma as
frutas entre as principais refeições, nunca as misturando na comida.
Evite ao máximo as frituras e os queijos amarelos e picantes. Coma
sempre trigo integral nos pães, biscoitos e massas. Evite feijões à
noite. Coma de preferência em ambientes silenciosos, onde não
haja televisão ou outra distração. Evite qualquer excesso alimentar.
Misture temperos quentes (pimenta, curry, mostarda, páprica,
gengibre) com temperos frios (coentro, cominho, hortelã). Não
exagere nas pimentas. Não tome café ou chá preto demais.
Consuma a menor quantidade possível de sal. Abandone de vez o
açúcar refinado.
Outro aspecto importante diz respeito ao uso do álcool e de
outras drogas de uso massificado nos dias de hoje. Elas são
utilizadas, em última análise, para criar temporariamente um
ambiente interno de bem-estar, perfeitamente compreensível nos
dias de hoje. Dependendo do tipo de substância que for utilizada,
podemos nos sentir mais relaxados ou excitados, menos ansiosos e
mais à vontade, com uma sensação de espaço e liberdade interior,
e até com uma percepção exacerbada, percebendo a realidade de
uma forma diferente da usual. Qual o problema então? O problema
está na artificialidade da coisa. Esse bem-estar não foi criado a
partir de uma construção interna, em que você, através de técnicas
diversas (meditação em todas suas variantes, devoção religiosa
sincera, técnicas psicológicas, etc) foi mudando a forma como se
relaciona com o mundo a sua volta e também com a sua mente,
assim modificando naturalmente a sua percepção. Como foram
criados artificialmente, não se sustentam e assim que termina o
efeito da substância vem aquelas sensações conhecidas, de
depressão, esgotamento ou de busca por uma nova dose. Portanto,
o ideal é ir diminuindo o uso destas substâncias e buscar caminhos
mais naturais que possam causar estes mesmos efeitos.
Além da alimentação, o cuidado com o corpo exige que nos
exercitemos. Se você não for um atleta profissional, não tente
esticar os seus limites. É recomendável que o nosso exercício vá
até a metade do nosso ponto de exaustão. Isto é suficiente para a
maioria. Na medida em que for praticando, o limite muda, e o
exercício necessário para chegar à metade deste limite aumenta. O
ideal é que você se exercite pelo menos três vezes na semana,
caminhando, correndo sem pressa, pedalando, nadando ou
praticando algum esporte. Um bom exemplo seria o de subir
escadas no seu prédio ou trabalho. Vamos supor que você esteja
sedentário e more ou trabalhe no sexto andar. Comece subindo de
escada até o primeiro e de lá pegue o elevador até o sexto. Vá
praticando até se sentir confortável para ir até o segundo e assim
por diante. Se você puder e se estiver ao seu alcance, tente praticar
Yoga, Tai-Chi ou qualquer outra prática que harmonize o corpo, a
respiração e a mente.
Exponha seu corpo ao sol. Isso faz bem ao corpo e à mente.
Bastam vinte minutos por dia de um sol da manhã nos braços e
rosto.
Passeie de vez em quando em um ambiente cheio de árvores e
caminhe admirando-as.
Cuide do seu sono. Tente dormir antes das 22 horas e acordar
cedo. Se estiver sem sono, deite e leia um livro ao invés de utilizar o
celular.
Por fim, de que forma estas mudanças de atitude podem influir no
seu meio? Imagine se muitos além de você diminuírem o consumo
de carne e de alimentos industrializados. No mundo em que
vivemos, talvez isso gerasse uma mudança na cadeia produtiva de
alimentos em função da queda nos lucros, com menos pastagens e
mais plantio de alimentos saudáveis em torno das cidades. As
indústrias teriam que produzir mais alimentos com cereais integrais
a custos menores. O impacto da pecuária extensiva sobre o
ambiente seria reduzido. Os gastos públicos com saúde também
seriam reduzidos, podendo ser aplicados em outras áreas.
Então, dê este primeiro passo, sem ansiedade ou pressa. Vá
lendo repetidamente estas sugestões, incorporando-as no seu
cotidiano. Como mudar hábitos alimentares não é uma tarefa
simples, não precisa ficar nele exclusivamente. Vá tentando seguir
estas sugestões ao longo de todos os passos subsequentes. Volte
e releia sempre que iniciar um novo passo, e incorpore mais
algumas sugestões.
SEGUNDO PASSO
“ Dê um tempo ao tempo”

Tempo, essa coisa que permeia nossa vida e é ainda um


mistério. Não será objeto deste pequeno manual nos
aprofundarmos sobre as questões que atormentam os físicos, tais
como a mudança do tempo em relação à velocidade em que se
movem os objetos ou o conceito de quarta dimensão e de espaço-
tempo. Tampouco nos estenderemos sobre questões metafísicas já
tão bem compreendidas nas antigas escrituras de diversas
tradições. De pouca consequência prática teria isso para o objetivo
que queremos alcançar com este manual. Tentaremos aqui de
forma simples entender o tempo naquilo em que ele afeta nosso
cotidiano e nosso bem-estar.
Quantas vezes já dissemos que não temos tempo para nada ou
então que o tempo não passa? E aí, olhamos para o relógio e o
tempo fluiu da mesma forma. Ou então, ao estarmos entretidos em
uma atividade prazerosa, nem sentimos o tempo passar? Da
mesma forma, ao acordar, saberíamos dizer quanto tempo
dormimos sem olhar para o relógio? Certamente, isso já aconteceu
com todos nós. Além disso, temos sempre a sensação que o tempo
aponta invariavelmente para o futuro, e inconscientemente estamos
sempre com a atenção voltada para o que está para acontecer, seja
algo que projetamos ou algum prazo imposto pela realidade do
cotidiano. Faça uma rápida análise. Não é assim mesmo que
acontece?
Então, como definir o tempo? Objetivamente, não o definimos,
mas apenas o medimos. Tomamos como parâmetro eventos que
sabemos que se repetem ciclicamente e damos a estes eventos um
rótulo, uma medida. Já sabemos faz tempo que a terra gira em
torno de si mesma e a este ciclo damos o nome de um dia. A partir
disto, fatiamos o dia em horas, estas em minutos e estes em
segundos. Até aí, nada de novo. A pergunta que devemos nos fazer
é o que nos faz perceber os ciclos e por consequência o tempo.
Não temos a sensação de que cada amanhecer é um novo dia? O
que nos faz ter essa sensação? A resposta é simples. Temos essa
sensação porque percebemos que as coisas mudaram ao longo
deste ciclo. Estava escuro e agora está claro. A cada amanhecer
algo é percebido como sendo diferente. Seu cabelo está
desgrenhado, o dia está chuvoso, a pasta de dente acabou, as
tarefas do dia que nasce serão ligeiramente diferentes e você
acumulou a memória das coisas que aconteceram no período que
se foi. Não é assim? Se nada mudasse, não perceberíamos o
tempo! Então, este tempo medido, que chamo de cronológico, é a
medida na qual a sucessão de eventos aconteceram. Medimos o
movimento e a mudança das coisas em relação ao movimento da
terra. Nada além disso. Desta forma, este tempo medido é um
instrumento para organizar nosso cotidiano, nos ajudar a transitar
pela vida de uma forma razoavelmente organizada. Como sabemos
que tudo está em movimento, este instrumento também nos dá a
capacidade de organizar e planejar o porvir, pois é inevitável que as
coisas em movimento se modifiquem. Então, sabemos quanto
tempo levamos para chegar no trabalho, o tempo necessário para
executar uma tarefa, quando será o dia do nosso aniversário, o dia
em que chegarão as férias, entre milhares de outras coisas. No
sentido reverso, usamos também o tempo para ter noção de
quando os eventos e as mudanças ocorreram no passado.
Olhando por esse ângulo, parece que este tempo é um aliado
inestimável, uma ferramenta absolutamente necessária para
entendermos a realidade e transformá-la. Então, porque sentimos
que somos prisioneiros do tempo? Porque sofremos por causa
dele? Lembra do início deste capítulo? Para a maioria de nós, o
tempo não é apenas um instrumento de medição, mas uma
percepção sentida, vivida. Ao pensarmos no tempo, agregamos a
este pensamento nossos anseios, nossas emoções e memórias.
Vivemos em função do que chamamos de passado, presente e
futuro. O passado são eventos que já passaram, o presente são
eventos que vivenciamos agora e o futuro são eventos que ainda
estão por acontecer, não é? Deveria ser, mas não é. O passado e o
futuro se misturam no presente dentro de nós a todo instante.
Vejamos se não é assim. Temos uma prova ou uma tarefa a ser
entregue daqui a um mês. Este evento, a prova ou a entrega da
tarefa está definida, está marcado para acontecer daqui a trinta ou
trinta e um giros da terra em torno de si mesma. Existe pouca
chance de que isto venha a mudar. Ponto final? Infelizmente não.
Imediatamente, neste exato momento do presente em que
pensamos nesta data, começamos a construir possibilidades e
projeções. Trazemos o futuro para o momento presente pensando
naquilo que ainda não aconteceu, e como não aconteceu, as
possibilidades são inúmeras. Será que vou passar? Será que vai
dar tempo de terminar a tarefa? E se não ficar bom? Vou perder o
emprego? As inúmeras possibilidades se transformam em
preocupação, medo, ansiedade. O passado também vem sem
convite, na lembrança das notas ruins ou do não cumprimento de
alguma tarefa tempos atrás. Ficamos presos nesta teia imaginária e
tempos depois, ao olharmos para o relógio ou calendário,
percebemos que tudo mudou. Passaram-se dias e noites, milhões
de eventos foram se sucedendo e mudando, mas a página do livro
que temos que estudar continua a mesma ou então a tarefa a ser
cumprida está no mesmo lugar. Da mesma forma, marcamos as
férias e passamos os dias sonhando com elas, trazendo eventos
que ainda não aconteceram para o presente. Inevitavelmente, os
dias ficam mais enfadonhos, a concentração nas tarefas cotidianas
diminui e nossa impaciência aumenta. Durante alguns períodos de
nossas vidas, ficamos revivendo eventos desagradáveis pelos quais
passamos. Quando isto acontece, não temos a sensação de que
paramos no tempo, que nada muda? Pare por alguns instantes e
perceba se isto não é verdade.
Fazemos isto incessantemente sem perceber. Convidamos o
passado e o futuro para se juntarem ao presente. É quase uma
condição humana inata. Como mudar isto? Nesse segundo passo,
peço apenas que faça três coisas. A primeira é reconhecer que isto
acontece o tempo todo com você, ou seja, perceber e entender de
fato que isto é real. Sentir que o passado e o futuro são convidados
indesejados que te acompanham mesmo sem permissão. A
segunda é usar o tempo apenas como instrumento de organização.
Para tanto, em vez de tempo, use o conceito de hora. Hora de
levantar, hora de pegar o ônibus, hora de estudar, hora de
trabalhar, hora de almoçar, hora de namorar, hora de dormir.
Planeje seu dia, sua semana e até um futuro mais distante e faça o
que tiver que ser feito no momento presente para que o que
planejou seja realizado, sem pensar no que está por vir. Sabendo
que isto ainda não é fácil, a terceira é exercitar essa percepção que
você tem do tempo sem tentar mudar nada. Um exemplo. Está na
hora de almoçar. Ao almoçar, você se pega pensando que ainda vai
ter que ir no mercado e na casa de sua mãe antes de ir para casa.
Isto já está no seu cronograma do dia, mas você já está fazendo as
coisas de forma imaginária antes da hora e se chateando porquê
vai ter que pegar um engarrafamento. Então, apenas observe seus
pensamentos e quanto de passado e futuro estão neles. Apenas
pare por alguns segundos e perceba. Repita esta prática até que
essa percepção seja quase automática. A simples percepção do
fato já é o início da libertação da prisão do tempo. Dê um tempo ao
tempo!
TERCEIRO PASSO
“Entenda a mente”

Terminamos o passo anterior treinando a percepção de quanto


de passado e futuro estão se manifestando no momento presente.
Então, você já consegue observar o passado e o futuro nos seus
pensamentos? Espero que sim. Já sente o quanto o tempo é algo
relativo, que depende de como o percebemos e reagimos a ele?
Percebeu como o tempo não existe quando está concentrado em
algo ou apenas contemplando alguma coisa que acha belo,
prazeroso? Ou como o tempo se arrasta quando estamos
impacientes? Entendeu visceralmente que é a mente que causa
todas estas variáveis? Provavelmente sim, mas é possível também
que isto continue ocorrendo involuntária e repetidamente apesar
desta percepção. Não são a mente e seus pensamentos que nos
levam a não perceber o tempo quando estamos concentrados, mas
que também nos fazem ficarmos preocupados com ele quando
estamos dispersos? Não é a mente que traz o passado para o aqui
e agora?
Então, neste terceiro passo, vamos mergulhar um pouco na
própria mente e tentar entende-la. Primeiro, pergunte a si mesmo o
que é a mente. Feche o livro, leve o tempo que for preciso e
escreva sua conclusão, e só o reabra depois de ter escrito. Escreva
o que realmente concluiu, nem que seja que não concluiu nada!
Bem-vindo de volta. Tenho quase certeza que quebrou a cabeça
para escrever algo. Talvez você tenha escrito que a mente são os
pensamentos. Ou a inteligência. Quem sabe a memória. Ou o
conjunto dos três. Pode ter escrito que é a voz interior ou quem
sabe o ego. Já ouvi centenas de respostas quando pergunto às
pessoas. E por incrível que pareça, nunca consegui dizer a alguém
que sua resposta está errada, porque de fato, ela é isso tudo. Agora
responda a si mesmo, sem fechar o livro. Onde está a mente?
Complicou mais um pouco? Na cabeça, no cérebro, no coração, em
lugar nenhum, em todo lugar?
Na verdade, tentar definir a mente é quase impossível e
sinceramente, desnecessário. O possível, e melhor, o mais
importante, é entendê-la. E porque podemos entendê-la? Pelo
simples fato de podermos percebê-la, e esta percepção nos permite
entender o que ela faz, sem precisar saber o que ela é. Então
vamos juntos perceber nossas mentes de uma forma bem simples e
bastante objetiva e fácil. O importante aqui não é a teoria e a
filosofia, apenas o observar e reconhecer.
Comece se perguntando como é que você percebe o mundo.
Essa é fácil. Certamente é através dos sentidos. Ouvimos, vemos,
degustamos, cheiramos e sentimos na pele. Agora, os olhos veem
ou vemos através deles? Os ouvidos ouvem ou ouvimos através
deles? Certamente, vemos e ouvimos através dos olhos e ouvidos.
Então onde vemos as imagens e ouvimos os sons? Evidentemente,
a resposta é na mente. Não vamos entrar numa infinita narrativa
acerca da relação do cérebro e do sistema nervoso em geral com a
mente. Basta perceber que esta expressão de vida humana
depende do sistema nervoso para perceber o mundo e que esta
percepção é uma das funções do que chamamos de mente. Não é
assim que funciona com você? Quando dormimos profundamente e
desligamos os sentidos, percebemos a mente? Muito
provavelmente não. Então, apenas ao iniciarmos a nossa
observação, entendemos que a mente faz a ligação entre o mundo
exterior e o mundo interior, este que só cada um de nós percebe
individualmente. Ou seja, só você pode saber o que está vendo ou
ouvindo com certeza. Pelo fato de estar ao seu lado, posso concluir
por pura lógica que você ouviu a mesma buzina que eu, mas só
quem tem essa certeza é você.
Agora, como você soube que aquele som que foi ouvido foi o de
uma buzina? Ou aquela coisa delicada, cheia de cores e perfumes
é uma flor? É porque associamos todas as percepções a um
determinado nome e forma. Faz parte do processo natural da nossa
mente, que é o de categorizar. Assim aprendemos enquanto
espécie a nos comunicarmos e construirmos a linguagem. Podemos
dar a isto o nome de intelecto, que é um segundo atributo da mente.
Como consequência, associamos as percepções e objetos não
somente à forma e ao nome, mas também ao sentimento que
acarretam. A flor nos causa uma sensação agradável, ao passo que
uma carne apodrecida nos dá repulsa. E com isto vem o
discernimento e o julgamento. Disso eu gosto, daquilo não gosto, e
então procuro ou me sinto atraído por coisas que gosto e fujo das
que não gosto. Pare um pouco a leitura, e observe se não é assim
mesmo. Perceba como é simples, mas a maioria de nós vai vivendo
sem parar para observar a mente, apenas se deixando levar por
ela.
Continuando a observar a mente, se pergunte como você se
lembra que aquele som vem de uma buzina? Ou de onde veio
aquele pensamento sobre a briga que teve no trabalho? E que dois
mais dois são quatro? Logo vai concluir que a mente incluiu o que
chamamos de memória, que é o acúmulo de todas as experiências
pelas quais passamos e de todas as percepções que tivemos e que
também é a base do aprendizado. Observe um pouco mais e se
pergunte de onde vem os pensamentos? Leve uns minutos para
olhar para dentro e tentar descobrir.
Percebeu que todo e qualquer pensamento tem como base a
memória, ou seja, uma experiência já vivida? Não? Então pense
naquela fruta que só existe no coração da Amazônia, da qual você
não sabe o nome, a forma e muito menos o gosto. Pare de ler e
tente.
Conseguiu? Aposto que não. Pois é. Só sabemos aquilo que
vivenciamos, seja através das próprias experiências vividas ou da
transformação das experiências de outros em conhecimento, como
por exemplo, da leitura. Se você tivesse lido e visto a fotografia
daquela fruta da Amazônia, certamente se lembraria dela, mesmo
sem tê-la comido. Só não seria capaz de lembrar do gosto, não é?
Agora, você já viu um gatinho cor de rosa com um rabo bem
peludo e verde? Provavelmente não. Mas consegue imaginar um?
Certamente sim. E porquê? Porque você sabe o que é um gato e
conhece as cores. E o que é este fenômeno? A imaginação, que é
também um dos atributos da mente. Percebeu que o novo, o que
não existe ainda, está contido no passado, na memória? Esta é a
base da inventividade e criatividade humana e também é a base
dos sofrimentos induzidos pela mente. Vamos observar juntos.
Em algum momento da sua vida, você teve que fazer trabalho
qualquer. Pode ter sido uma redação na escola, uma tese de
mestrado, uma planilha que o chefe mandou inventar, um jardim
que alguém pediu para você criar ou qualquer outra coisa, não
importa. O que você fez? Buscou tudo que já aprendeu e vivenciou
lá na memória para dar conta de construir algo novo. O ponto de
partida foi a memória, seguida do intelecto, da inventividade e de
seu discernimento, pois foi você que em última análise julgou se a
tarefa estava pronta e bem realizada. Não foi assim? Agora, tente
se lembrar se durante o processo você não pensou em o que
aconteceria se a redação não ficasse boa. Ou se o jardim ficar feio
e não for do gosto de quem te contratou. Pensou, não foi? E de
onde surgiram estes pensamentos? Da memória, claro, pois você já
tinha ouvido falar em pessoas que ficam zangadas se o trabalho
encomendado não ficar bom e da confusão que dá, ou então da
reprovação na escola se a redação não for boa. E imaginou, criou
um cenário futuro e ainda inexistente que te fez sofrer.
Então, pare um pouco e observe se no seu cotidiano se não é
isso que acontece o tempo todo. Usamos a imaginação não apenas
para criar coisas, mas também novos pensamentos. De fato,
criamos muito mais pensamentos do que coisas. E porque criamos
estes pensamentos que na maioria das vezes nos geram
ansiedade, irritação, medo, tristeza? Observe se eles não brotam lá
do fundo da memória, quase sempre de forma espontânea, da
lembrança de experiências desagradáveis que você não quer que
se repitam no futuro ou de projeções, desejos, cenários futuros e
ainda inexistentes. Observe com calma, e veja se não é assim
mesmo que acontece.
Neste ponto da leitura, vamos resumir o que observamos até
agora acerca da mente. Você entendeu que a mente percebe o
mundo ao seu redor e através dela você aprende a distinguir uma
coisa da outra através do intelecto, da associação dos objetos e
sensações a nomes. Percebeu também que é através da mente que
criamos juízo de valor, atrações e repulsas. E que tudo fica na
memória, outra função da mente. Observou que todo pensamento
surge da memória, e que é a partir dela que criamos coisas e
pensamentos novos, agradáveis ou dolorosos, e que as emoções
são um produto dos pensamentos.
Pare por aqui, releia o que foi dito e dê um tempo a você para
que observe estas atribuições da mente e entenda de forma sentida
e não apenas racional o que foi dito até aqui. Não tenha pressa.
Seguindo adiante, já se perguntou o que faz com que você tenha
a sensação daquilo que você percebe como sendo você?
Perguntando de outro jeito, o que separa você do que não é você?
Parece óbvio, mas o que é? Mais uma vez, a resposta está na
mente. Vejamos. Ao nascer, temos noção de quem somos? Claro
que não. É apenas com o acúmulo de experiências que começamos
a perceber que nos chamam por um nome, que temos um corpo,
uma imagem refletida no espelho e assim vamos criando uma
distância entre o eu e o que não é o eu. Passamos a perceber que
o que é percebido através dos sentidos não somos nós e nos
identificamos com o corpo e nossos pensamentos, emoções e
memórias. Pouco a pouco, aprendemos quem são nossos parentes,
onde vivemos. Vamos aprendendo coisas com as quais vamos nos
identificando, como a cidade onde nascemos, nossa escola, o que
nos ensinam lá, nosso time preferido. Aprendemos a perceber do
que gostamos e do que não gostamos, vamos enraizando
conceitos, acumulando experiências na memória e assim formamos
nossa identidade e o que chamamos de indivíduo. Tudo isso é
função da mente. Ou seja, todas as atribuições da mente que
observamos anteriormente atuam em conjunto para criar esta
identidade, que muitos chamam de ego. Podemos então concluir
que o ego ou o que entendemos como sendo o eu nada mais é do
que todas as atribuições da mente agindo simultaneamente e o
tempo todo para manter esta individualidade, que cristalizamos
como sendo algo separado do resto que está ao nosso redor.
Por fim, você não consegue perceber a sua própria atividade
mental? Você não é capaz de perceber que está pensando, que
tem memória e que você é você? Você não percebe que sabe do
que gosta e do que não gosta? Que está triste ou alegre? Que
acordou? Pois bem, esta função está por trás de todas as outras
atividades e funções da mente e é ela que vamos exercitar durante
os próximos passos.

Chegamos ao final deste terceiro passo. Vá praticando este


exercício de perceber na sua própria experiência cotidiana todas
estas funções da mente na medida em que elas forem surgindo. Por
exemplo, uma lembrança do passado. Perceba que ela vem da
memória. Em outras palavras, perceba que você tem memória no
momento exato em que ela se manifesta. Ao dizer que não gosta de
comer abóbora, perceba de onde vem esta afirmação e reconheça
este jogo interminável de atração e repulsa causado pela mente. Ao
imaginar algo, aproveite para perceber essa capacidade de
inventar. Se pergunte de vez em quando de onde vem essa noção a
que você chama de eu. E mais importante, perceba sempre que
você está percebendo, sejam os pensamentos, sensações ou
emoções. É provável que apesar destes exercícios, você continue
sem saber definir a mente, mas certamente vai ter outro
entendimento acerca dessa poderosa ferramenta humana.
QUARTO PASSO

“ Escolha sobre o que pensar”

Agora que você entendeu como funciona nossa mente e dedicou


uma parte do seu cotidiano a observá-la, já deve ter percebido que
boa parte dos nossos pensamentos e emoções surgem de forma
espontânea, indesejada ou reativa. Percebeu também que isto não
acontece quando conseguimos nos concentrar em determinada
atividade, como por exemplo no trabalho, seja qual for.
Evidentemente, durante o trabalho podemos estar possuídos, e
muitas vezes estamos, por pensamentos espontâneos que
impedem a nossa concentração, mas quando nos concentramos na
atividade a ser feita, estes não surgem. Consegue perceber isso no
seu dia a dia? Observe se não é assim mesmo que acontece.
E porque será que a maior parte dos pensamentos são
espontâneos, alheios à sua escolha? É pelo simples fato de que a
mente só existe em movimento. Se você a deixa livre, é da sua
natureza se manifestar incessantemente através de pensamentos
que brotam da memória, experiências e desejos, e trazendo o
passado e o futuro para o momento presente. E estes pensamentos
não tem fim, um leva a outro, numa cadeia interminável que
alimentamos dando atenção a eles de forma inconsciente. E na
maioria das vezes, a força destes movimentos espontâneos da
mente é maior do que a capacidade que temos de nos
concentrarmos em algo. Não seria bem melhor se pudéssemos
apenas pensar quando necessário, ao invés de sermos prisioneiros
desse turbilhão interminável de atividade mental espontânea?
Tenho certeza que você concorda com isso.
Então, seria possível aprendermos a pensar apenas quando e
no que quiséssemos? Parece uma tarefa impossível, mas não é! A
chave para conseguir isto é a atenção consciente. Mas, o que seria
esta atenção consciente e manter a atenção consciente em que?
Vamos explorar isso mais a fundo.
Quando os pensamentos espontâneos surgem, já entendemos
que naturalmente entregamos a nossa atenção de forma
inconsciente a eles, alimentando essa cadeia de pensamentos e
emoções incontroláveis, fazendo com que não percebamos o que
de fato está acontecendo no momento presente. E muita coisa
normalmente está acontecendo! Por exemplo, você continua
respirando. Mas nem percebe isso. Seus olhos continuam olhando,
mas você não vê. Inúmeros sons a sua volta, mas você não ouve.
Você pode estar caminhando, mas não sente os pés no chão. O
céu pode estar limpo ou nublado, mas isso não faz diferença. Você
está no trabalho, mas não consegue se concentrar na tarefa. É
exatamente nestas coisas que devemos manter a atenção
consciente, que é o que nos traz para o momento presente,
diminuindo o fluxo mental espontâneo e indesejado.
Vamos a alguns exemplos. Você está indo ao trabalho, de
ônibus. Uma hora de viagem. Começam a surgir pensamentos
espontâneos, como por exemplo, as contas que tem que pagar, a
discussão em casa com um familiar, ou tantos outros.
Normalmente, sem perceber, vamos dando linha à sucessão de
pensamentos e às emoções que surgem em função deles. Ou seja,
a sua atenção está nos pensamentos, embora você não tenha
escolhido isso. O que deve ser feito é em primeiro lugar, tomar
consciência de que está pensando, de que pensamentos estão
vindo à mente sem serem convidados. Desta forma, você
imediatamente cria uma distância, que impede que sua atenção
mergulhe inconscientemente no fluxo destes pensamentos. É como
se você tivesse um controle remoto e desse um “pause” no filme. E
então, ao fazer isso, tome consciência de tudo que acontece no
momento presente. Perceba sua respiração, sinta seu corpo
sentado no banco, veja a paisagem pela janela e continue assim.
Faça isso o tempo todo. Ao caminhar, perceba o caminhar e
contemple o que está à sua volta. Na hora do banho, ao surgirem
pensamentos espontâneos, dê atenção consciente à agua caindo
no corpo, no cheiro do sabonete. Ao comer, a mesma coisa. Dê
atenção à forma e cheiro do alimento, no mastigar, no gosto. No
trabalho, se perceber a dispersão da mente, dê atenção à tarefa.
Eu sempre gosto de usar a seguinte metáfora para tentar
explicar como podemos fazer isso. Imagine que você está numa
estação de trem ou metrô. Apenas você na plataforma. Lá de longe,
você percebe o trem, de um vagão apenas, se aproximar. Esse
trem não tem nem condutor nem destino certo e ele para na sua
frente na plataforma, abrindo a porta. E ele é programado para
seguir em frente automaticamente para um destino incerto se você
entrar nele rapidamente. Caso contrário, ele ficará um tempo ali
parado, de portas abertas, esperando você entrar. Se você demorar
a entrar, ele perde a sua automação e você passa a determinar a
sua destinação. Neste ponto, você pode escolher entrar e conduzi-
lo ou apenas programa-lo para que as portas se fechem e ele siga
em frente sem você.
Pois bem, você já deve ter percebido que o trem é o
pensamento. Ao entrar no pensamento, ou seja, alimentá-lo com
sua imediata atenção inconsciente, você não estará no controle, e
ele te levará a um destino incerto. Caso você consiga manter o
pensamento congelado (a porta do vagão aberta, se mantendo na
plataforma), naturalmente este pensamento perde força e
desaparece ou então você passa a alimentá-lo conscientemente
através do raciocínio e discernimento. E como você o mantém
congelado? Mantendo apenas uma observação distante, sem
julgamento ou crítica, apenas percebendo o pensamento ou
emoção e ao mesmo tempo sua respiração, como se observasse as
portas abertas do trem!
Vamos a alguns exemplos pelos quais você certamente já
passou. Imagine que vem aquele pensamento acerca de uma conta
que precisa ser paga, mas você não tem o dinheiro suficiente. A
reação mais frequente seria a de embarcar de imediato nesse trem
e o destino seria a ansiedade, o medo de ficar endividado ou com o
nome no SPC! Caso você consiga manter este pensamento
congelado por um tempo através da simples observação, não
deixando que ele vá a lugar algum, ele simplesmente some pois
nada há a ser feito ou então neste tempo em que apenas observou
e ficou no presente, sem viajar a um futuro imaginário, pode surgir
uma solução que não surgiu antes em função do medo ou da
ansiedade. Em qualquer um dos casos, você estará no controle,
seja apenas aceitando a situação sem maiores sofrimentos (você
mandou o trem embora) ou conscientemente buscando uma
solução (tomou o destino do trem nas mãos). Então, sempre se
pergunte se você está na plataforma ou se entrou no trem
automaticamente. Com o tempo e praticando, os pensamentos
espontâneos irão diminuindo e você terá a experiência de estar
sempre aberto ao novo, com a mente livre, com o pensar sob seu
controle.
QUINTO PASSO

¨Aprenda a lidar com suas emoções¨

Neste passo, vamos nos deter um pouco mais para entender as


mais diversas emoções que invariavelmente todos sentimos e como
lidar com elas. Percebeu que falei lidar e não controlar? Pois bem,
isso é porque controlar pode muitas vezes dar a ideia de reprimir, e
isto talvez seja a pior coisa a ser feita. Mas deixemos isso para
daqui a pouco. Vamos começar entendendo o que são as emoções.
Quem já não sentiu raiva, alegria, frustração, satisfação, medo,
angústia, tristeza, desejo, cobiça, paixão, saudade? Certamente,
todos nós. Nada mais natural. E você já percebeu que vivenciamos
muito mais as emoções do que os pensamentos? Um exemplo.
Você está com uma sensação de medo ao andar de avião pela
primeira vez. Esta sensação de medo não se faz muito mais
presente do que a ideia de que este avião pode cair? Certamente
sim. E pelo fato da emoção ser uma experiência bem mais presente
e forte, ela assume protagonismo no nosso comportamento? Então,
entender as emoções se torna um passo importante para garantir
seu bem-estar.
O que são as emoções? Já se perguntou isso ou apenas as
vivencia sem entender a raiz destas experiências? Pois bem, sem
complicar, vamos examinar a questão.
Em primeiro lugar, porque será que as emoções são tão mais
impactantes do que os pensamentos? Essa é fácil de responder. É
porque as emoções causam reações que sentimos vividamente,
que causam reações físicas que percebemos claramente. Você
sabe que está alegre porque se sente bem, sorri ou dá gargalhadas.
Quando estamos tristes, ficamos chorosos e sem vontade de fazer
as coisas. O medo nos angustia, paralisa ou nos faz fugir. A raiva
nos enrubesce e nos impulsiona à agressão. A expectativa
embrulha o estômago ou faz as mãos suarem. O desejo e a paixão
nos arrebatam e por aí vai.
Agora, de onde surgem as emoções? De modo geral, as
emoções são reativas, ou seja, surgem como reação a algo. E o
que seria esse algo? Lembra-se do que conversamos sobre a
mente? Prazer ou repulsa? Memória e conceitos? Expectativas? A
sua identidade sendo construída tendo como base o que acha certo
ou errado, agradável ou desagradável, bom ou ruim? Pois bem, a
mente sempre discrimina, julga, baseada nestes conceitos, em
frações imperceptíveis de tempo. E as emoções são a reação a
este julgamento. Situações que consideramos uma ameaça geram
medo, ansiedade, tristeza, raiva ou agressividade e tentamos
sempre evitar ou então nos defendermos. O que julgamos como
sendo prazeroso e recompensador gera atração, alegria, satisfação
ou desejo, e buscamos sempre conseguir. Por exemplo,
aprendemos que baratas são sujas e transmitem doenças, então
quando vemos uma, de imediato somos tomados pelo medo ou pelo
desejo de exterminá-la. Ao ver a barata, em uma fração
imperceptível de tempo sua mente julgou e você reagiu sem
perceber este julgamento. Se nos tivessem ensinado que baratas
são inofensivas e importantes ao ecossistema, não reagiríamos
desta forma e talvez sorríssemos ao vermos uma.
Faz parte da nossa natureza sentir emoções. Assim como a
mente, elas são uma forma essencial e única da nossa espécie de
existir e sobreviver. A ameaça nos faz fugir ou defender e assim
fomos nos estabelecendo enquanto espécie, aprendendo a lidar
com as ameaças do meio ambiente, dos animais e de coletivos
humanos que considerávamos inimigos. Foi em função das nossas
emoções que procriamos, que desenvolvemos nossa capacidade
intelectual para intervir no meio ambiente para diminuir o que
consideramos ameaçador e ter mais daquilo que nos causa prazer.
Então, não considere suas emoções, tanto as dolorosas quanto as
prazerosas, como sendo anormais ou erradas.
A questão central de como lidar com as emoções, principalmente
as dolorosas, é em primeiro lugar entender em reação a que elas
surgem, ou seja, qual o gatilho. E o gatilho é sempre o julgamento
da mente, em função de seus conceitos estabelecidos, seja através
da sua própria experiência ou através de conceitos impostos pela
cultura, ideologia, crenças, família, etc. Este é o pano de fundo de
todas as emoções. Geralmente, as emoções surgem e tem um
tempo limitado, principalmente quando em reação a algo concreto,
vivido no presente. O medo de perder o ônibus para o trabalho se
acordou mais tarde passa quando você pega o ônibus ou o perde,
não é? Aí, o medo de perder o ônibus é substituído pelo medo de
chegar tarde. E este medo perdura até você chegar ao seu destino,
e passa. Pode ou não surgir então a culpa ou a raiva. E assim por
diante. Seu filho quebrou a janela de casa. A raiva dá e passa
também, não? Você ganhou um presente inesperado. A alegria
também não dura para sempre por causa disso. As emoções
podem se tornar mais fortes e prolongadas quando o gatilho
causador é mais antigo, já faz parte de suas experiências e de sua
memória. Por exemplo, a perda de um ente querido. A tristeza e
saudade podem durar bastante tempo. A dor e o medo causado por
uma experiência traumática, de abuso ou qualquer outra violência,
podem te acompanhar por um longo tempo. Nestes dois exemplos,
percebeu como a memória, trazendo o passado para o presente,
atua como um fator que reproduz a emoção vivida? Da mesma
forma, as expectativas futuras também prolongam ou renovam as
mesmas emoções por um tempo maior. Por exemplo, a felicidade
de ter pago uma excursão de férias que acontecerá daqui a três
meses pode permanecer na medida em que você pensa neste
futuro próximo diariamente. No caso da janela quebrada, se você
ficar todos os dias remoendo o fato, pensando no que vai gastar, a
raiva está sendo alimentada e naturalmente você vai ficar
impaciente com seu filho. Estas vivências repetidas cotidianamente
em função da memória, particularmente as que geram emoções
desagradáveis, podem levar a situações mais graves, como
depressões e quadros mais sérios de ansiedade, compulsões e
pânico.
Já percebeu então que as emoções, no fundo, são sempre
reativas a um julgamento que identifica a situação como ameaça ou
recompensa, boa ou ruim? Leve um tempo e lembre de situações
do seu cotidiano, de emoções que sente repetidamente, e
identifique os gatilhos.
Agora, como lidar de uma forma mais saudável com esta
enxurrada de emoções que naturalmente sentimos? Comece se
perguntando se você tem o controle absoluto sobre os
acontecimentos ou pessoas a sua volta? As pessoas, por mais
próximas e amadas, sempre correspondem às suas expectativas?
Seus planos, sempre se concretizam como planejou? Nada
inesperado nunca acontece? Todos seus desejos se tornam
realidade? A resposta a todas estas perguntas só pode ser um não!
É evidente que a vida é muito mais complexa e imprevisível do que
podemos sequer imaginar. Assim também são as pessoas. Então,
naturalmente, situações sempre irão surgir que possam gerar em
você emoções, principalmente as desagradáveis. Agora se faça
outra pergunta. Existe algo sobre o qual você pode ter controle
pleno? Pense um pouco. É claro que a única resposta só pode ser
você. Isso mesmo, não temos o controle sobre a complexidade da
vida e das pessoas, mas podemos ter controle sobre como
reagimos às situações que surgem. Cabe a você colocar as coisas
no seu devido lugar. Então, comece percebendo visceralmente que
as emoções são, em essência, passageiras. Ou seja, elas
naturalmente perdem força. Então, tente lidar com elas exatamente
assim, com naturalidade, sabendo que elas vêm e vão. Não se
agarre a elas. Apenas vivencie e deixe passar. Desta forma, a
experiência, o gatilho que originou a emoção, não se transformará
numa memória poderosa que retornará a mente repetidamente.
Ficará apenas com o tamanho real, do fato ocorrido, guardado nas
profundezas da sua memória. É quase como se sentir grato pelo
fato de estar sentindo o que quer que esteja sentindo, pois as
emoções são, no fundo, o sal da vida. E como não fazer para não
alimentar estas emoções? A única coisa a ser feita é não lutar
contra elas, e muito menos reprimir. Apenas reconhecer o que está
acontecendo dentro de você. Para tanto, vamos usar todos os
passos anteriores. Lembra-se do trem e da plataforma? Da atenção
consciente no momento presente e na respiração? Pois bem, ao
sentir uma emoção que te causa sofrimento, faça o que você vem
fazendo em relação aos seus pensamentos. Ao sentir uma emoção
desagradável, reconheça-a. Perceba de onde ela vem. Em seguida,
dê atenção consciente a ela, permanecendo na plataforma. Não
deixe a mente começar a criar ou recriar julgamentos, críticas ou
conceitos. Perceba a respiração e tudo que acontece a sua volta.
Ao fazer isso, sua reação habitual não ocorrerá. Da mesma forma,
ao sentir alegria, desejo ou qualquer outra emoção agradável,
vivencie, agradeça, mas não faça dela algo que precise ser repetido
constantemente. Não transforme esta sensação em algo que
precise ser vivenciado sempre. Não se apegue. Apenas aprecie o
momento, sabendo que é efêmero e passageiro, sem criar
expectativas.
Por fim, uma palavra sobre os sentimentos. Emoções e
sentimentos são palavras que muitas vezes se confundem, mas
aqui, apenas para um melhor entendimento, vou dar a elas um
sentido diferente. Sentimentos também causam reações físicas,
mas não são reativos. Fazem parte de você sem precisar de um
gatilho ou julgamento. Paz e contentamento, por exemplo, brotam
de dentro sem esforço ou precisam ser cutucados? Esta é a
diferença.
Você perceberá que as emoções ainda continuarão vindo,
pois você ainda julga sem perceber de acordo com suas
experiências e conceitos, mas elas virão e passarão sem deixar
sequelas. Por hora, pratique este passo, que na verdade é uma
síntese dos anteriores
SEXTO PASSO

“Lembre-se sempre que você depende de tudo e de todos”

A esta altura, imagino que você já consegue perceber os


movimentos espontâneos da sua mente e espero que estes tenham
diminuído substancialmente. Então, vamos dar um passo adiante.
Nos momentos em que estiver praticando a atenção consciente,
vamos fazer um exercício para escolher sobre o que pensar
conscientemente. Faça isso pelo menos duas ou três vezes durante
o dia. Vamos aliar a atenção no momento presente com a sua
deliberada intenção de pensar sobre a interdependência neste
mundo em que vivemos.
Vamos lá. Você acordou de manhã e foi tomar banho. Quantas
vezes você pensou em como esta água chegou até sua casa?
Tomou seu café da manhã. Quem possibilitou que você
estivesse comendo o pão com manteiga e café com leite?
Vestiu a roupa, calçou os sapatos. De onde vieram as roupas e
os sapatos?
Saiu para trabalhar. Quantas pessoas foram necessárias para
que o combustível chegasse no posto para encher o tanque do
carro ou do ônibus? E quem construiu o ônibus, e onde? Quem
asfaltou a rua?
Chegou no trabalho, digamos que você é um vendedor de
eletrodomésticos. De onde vieram as mercadorias que você vende?
Quem construiu o prédio onde trabalha? Quem fez os tijolos, o
cimento, os pregos, vidros e tudo mais? Quem leva eletricidade até
a loja?
Hora do almoço no restaurante da esquina. Quem fez a comida?
Quem plantou e colheu as verduras? Quem foi buscar os
ingredientes no mercado?
De noite, quantas pessoas precisaram trabalhar para você
assistir televisão?
No fim de semana, praia com a família. Quem limpou a areia?
Quem construiu os esgotos para que a praia estivesse limpa?
Quem produziu o sorvete e o protetor solar?

Quantas vezes por dia você se dá conta dessas coisas?


Provavelmente muito poucas. Então pense por alguns instantes
nisso. De quantas pessoas você depende para viver seu dia a dia
normal sem sobressaltos? Percebeu que não dá nem para
imaginar? E porque raramente nos damos conta disso? Certamente
não seria por falta de informação ou conhecimento. Se formos
sinceros, a única resposta possível é porque isto não nos importa.
Vivemos permanentemente nos limites definidos pelo nosso
egocentrismo, vendo as pessoas e as coisas a nossa volta apenas
como instrumentos para atender aos nossos anseios e
necessidades. Se a maçã veio da fazenda ali do lado ou de um país
do outro lado do mundo, não importa. O que importa é a maçã estar
ali com um preço barato na hora em que quisermos comprar. Em
contrapartida, se você cultivasse as maçãs, saberia reconhecer o
valor do seu trabalho, mas talvez nunca pensasse em quem
produziu o biscoito que comprou hoje para seus filhos.
Então, porque é tão importante este passo? É porque é a forma
mais fácil de entender que somos dependentes uns dos outros.
Pense mais um pouco nisso. A vida humana existe em sociedade.
Esta sociedade pode ir se organizando de forma aleatória, dirigida
pelo mercado de consumo, ou pode ser planejada, não importa. De
um jeito ou do outro, ela cria esta absoluta interdependência entre
as pessoas. No mundo atual, a globalização levou esta
interdependência a níveis planetários. Ou seja, para viver,
dependemos, cada um de nós, do trabalho de milhões de pessoas
ao redor do mundo. E cada uma desses milhões de pessoas por
sua vez também necessitam de outras tantas. É uma escala
gigantesca, uma teia humana que não nos damos conta que existe.
Esta escala de interdependência não é apenas humana. Para
você estar vivo lendo este livro, toda uma teia de eventos, coisas e
seres é necessária. A terra está girando em torno de si mesma e do
sol a velocidades espantosas e você está aí, sentado ou deitado
lendo. Algo está mantendo você parado aí. O ar que você respira
depende de um sem número de plantas. Estas plantas precisam de
sol e da chuva assim como nós. Poderia ficar centenas de páginas
tecendo esta teia interminável de interdependência entre pessoas e
das pessoas com tudo mais que há no universo, mas entendo que
não seja necessário. O ponto central é que tudo e todos dependem
de tudo e de todos!
Então exercite este sexto passo. Durante pelo menos dois ou
três pequenos atos do seu cotidiano, pense em quantas pessoas e
quantos fenômenos precisaram estar envolvidos para que você
pudesse fazê-lo. Exercite sua imaginação por alguns segundos e
tente ver por exemplo toda cadeia necessária para que o sapato
que está comprando na loja fosse feito e chegasse a você. Perca
alguns segundos lendo o rótulo do que compra para ver de onde
veio. Pense em quem aparou a grama do parque em que está
brincando com seus filhos. Na praia, olhe para o mar e para o sol e
se questione o quanto são importantes para que você esteja vivo.
Pense também, por vezes, na importância que você tem para com
todos, por mais simples que seja seu trabalho, e por mais
insatisfeito que estiver com ele. Faça isso todos os dias com atos
diferentes. Apenas pratique, sem deixar de praticar os passos
anteriores.
SÉTIMO PASSO
¨Se presenteie com um pouco mais de silêncio¨

Imagino que tenhamos chegado a um ponto em que, pelo menos


durante alguns momentos do dia, você consiga estar mantendo sua
atenção consciente no momento presente e que esteja
experimentando instantes de quietude interior. Mas também
acredito que isto ainda não seja vivenciado o tempo todo, e que sua
mente ainda esteja lutando para voltar aos velhos padrões. Isto é
perfeitamente natural e acredito que os momentos de paz interior
que esteja vivenciando estejam te impulsionando para seguir
adiante nos próximos passos.
Então vamos seguir adiante. Até agora, todos os passos
anteriores tiveram relação com suas atividades corriqueiras, sendo
executados no decorrer dos afazeres do seu dia a dia. Neste passo,
gostaria que você reservasse um tempo do seu dia, meia hora
talvez, para que você possa ficar consigo mesmo, sem fazer nada.
Se não for possível praticar todos os dias, reserve pelo menos três
dias da semana para tanto. O ideal é praticar ao amanhecer ou ao
entardecer, antes do café da manhã ou do jantar. Se for mais
conveniente em outro horário, tome cuidado para não estar de
estômago cheio e nem pratique na hora de dormir. Neste tempo,
você vai exercitar o silêncio. Nada de televisão, computador, livros,
música ou companhia. Apenas você e seu movimento interior.
Escolha um lugar onde possa ficar sem ser interrompido durante
este tempo e onde se sinta bem. Fique à vontade para escolher e
organizar o local a seu gosto e depois retorne.
Já se instalou? Está confortavelmente sentado numa cadeira ou
no chão sobre um tapete ou almofada? Então vamos fazer uma
experiência. Peço que neste exato instante, feche os olhos por
alguns instantes. O que aconteceu? Muito provavelmente o barulho
interno aumentou. Ou seja, os pensamentos afloraram, ou falando
de outro jeito, a mente se tornou mais percebida. Isto é natural, pois
você já entendeu através da sua própria experiência nos passos
anteriores que a mente só existe em movimento. Ao fechar os
olhos, a nossa atenção naturalmente se volta para dentro, tornando
os pensamentos mais audíveis. Não é por acaso que buscamos
distração nas coisas externas, pois assim os pensamentos não nos
atormentam tanto. Neste passo, vamos praticar exercícios que vão
ajudar você a experimentar o silêncio interior, ou seja, a ausência
de pensamentos. Desta forma, todos os passos anteriores e
subsequentes serão facilitados e potencializados.
Você talvez já tenha percebido que o que estou sugerindo é uma
prática meditativa. Então, antes de passarmos aos exercícios,
talvez seja importante falar um pouco sobre o que vem a ser o que
costumamos chamar de meditação.
Bem, meditação nada mais é do que o estado no qual você está
totalmente alerta e ao mesmo tempo livre de qualquer atividade
mental. Simples assim. A experiência vivenciada quando neste
estado é absolutamente pessoal, e não te darei nenhum conceito ou
experiência própria sobre isso. O que desejo é que você tenha a
sua própria vivência. No entanto, cabe esclarecer algumas questões
que por vezes levam a interpretações incorretas que podem
prejudicar a prática.
Talvez a maior confusão seja a de dizer que meditar é a técnica
utilizada para se alcançar este estado ou que meditar seja pensar
sobre algo. Na verdade, meditar não cabe como verbo, pois a
meditação é a ausência de movimento, principalmente o mental.
Esta confusão se deveu a um vício de linguagem ao trazer as
escrituras orientais para a linguagem ocidental. Aqui, meditar e
praticar técnicas que tem como objetivo levar ao estado de
meditação se tornaram sinônimos. Se por força do hábito você
quiser continuar utilizando o verbo meditar, não há problema algum,
desde que esteja claro que meditar é apenas a prática da técnica
que te levará ao estado meditativo e não a meditação em si.
Dito isso, existem centenas de práticas para se alcançar a
meditação que estão inseridas em inúmeras tradições. Se você já
pratica alguma técnica e está se sentindo bem com ela, como por
exemplo, alguma prática meditativa que faça parte de sua prática de
Yoga, continue assim e pule para o próximo passo. Caso contrário,
vamos seguir adiante neste passo.
Podemos começar? Se preferir, você pode pedir para alguém ler
esta sequência bem pausadamente (mantendo silêncio por pelo
menos dez segundos entre cada frase) nas primeiras vezes até que
você já tenha se familiarizado com a prática. Outra alternativa seria
você mesmo ler em voz alta e gravá-la.
Sente-se confortavelmente numa cadeira ou banco e mantenha
suas costas eretas naturalmente. Se preferir sentar no chão sobre
uma almofada, cruze as pernas como se sentir mais confortável.
Deixe as mãos caírem sobre as coxas livremente. Feche os olhos.
Comece percebendo seu corpo. As costas eretas e relaxadas ao
mesmo tempo. O contato do corpo com o chão ou cadeira. Não
reprima a mente. Deixe-a livre e apenas observe o fluxo do pensar
sem se preocupar com o conteúdo das ideias ou emoções.
Permaneça na plataforma, apenas observando. Agora, dê atenção
consciente aos sons a sua volta, todos eles, por mais distantes que
sejam. Perceba onde os sons são ouvidos. Dê atenção ao ato de
ouvir, sem julgar os sons. Agora, dê atenção a sua respiração.
Apenas perceba sua respiração natural. O ar entrando e descendo
e em seguida subindo e saindo. Em seguida, também perceba a
pequena pausa entre o momento que para de inspirar e começa a
expirar e também a pausa entre a expiração e o início da
inspiração. Permaneça assim. Atenção consciente na respiração.
Não desanime ou se frustre se você perceber que os
pensamentos te fisgaram. Apenas perceba e volte novamente sua
atenção para a respiração. No início, isto vai ocorrer bastante, mas
isto é normal e até bom, pois a cada vez que perceber que viajou
junto com os pensamentos, é a chance para voluntariamente
retornar sua atenção consciente para a respiração.
Pronto! Não estipule tempo no início, pois naturalmente este
tempo será pequeno. Apenas quando a prática for se tornando
confortável e agradável é que você deve marcar o tempo para que
não perca a hora de seus afazeres.
Até o próximo passo! Pratique todos estes sete passos e retome
a leitura quando achar que é a hora de seguir adiante.

.
OITAVO PASSO
“ Não busque o sentido, apenas sinta a vida”

Quantas vezes já nos perguntamos qual o sentido da vida?


Principalmente nos momentos de maior angústia e sofrimento.
Certamente muitas, não é? E será que chegamos a alguma
conclusão? É possível que alguma resposta tenha sido alcançada,
a depender da sua inclinação religiosa ou filosófica, mas para a
maioria de nós, esta pergunta ainda termina com uma grande
interrogação.
Talvez continuemos sem entender o sentido da vida porque
começamos a buscar o sentido dela partindo da nossa própria vida.
E diante de tantos altos e baixos, comuns a todos nós, nos
perdemos na busca pela resposta. Vamos tentar um outro caminho.
Comecemos buscando entender a vida, não a nossa, mas a vida
como um todo. Essa força que move o mundo!
Então, imagine que você está vendo o mundo inteiro lá de cima.
Todas as criaturas. Não é verdade que todas lutam pela vida? Uma
planta, busca sempre o sol e a água. Dá seu jeito para poder
sobreviver e chegar no auge da sua existência, gerando frutos e
flores. Uma zebra foge da leoa, corre pela sua vida, na busca de
cumprir o seu ciclo de vida, reproduzir gerando uma nova
existência. Olhe bem. Veja todas as criaturas. Não é isso que
acontece? E estas criaturas todas, será que tem consciência
disso? Se perguntam qual o sentido da vida? Muito provavelmente
não. E o que faz com que todas elas busquem manter suas vidas?
Pense um pouco sobre isso.
Pensou? Qual foi a resposta? Instinto? É assim mesmo? Pense
mais um pouco. Será que não existe algo em comum a todos os
seres, que os empurra e mantém sua existência, apesar das
dificuldades? Da menor bactéria ao sistema solar, o que os
movimenta? O que faz com que seus ciclos se perpetuem? Pois
bem, isso é o que podemos chamar de Vida! Essa força invisível
que anima a existência. Que faz com que todas as criaturas
busquem cumprir seus ciclos naturais. E essa força é uma só. É a
mesma em todas as criaturas manifestas nesse universo. Diversas
tradições ao longo dos tempos deram vários nomes a isto, mas
aqui, vamos chama-la apenas por Vida! Pare um pouco a leitura, e
reflita um pouco sobre isso.
Vamos agora explorar isso mais um pouco, abordando agora a
criatura humana. Somos diferentes do resto das criaturas ou, da
mesma forma do que eles, lutamos pelas nossas vidas, consciente
ou inconscientemente? Neste mundo tão cheio de adversidades,
não buscamos sobreviver sempre? Mais do que isso, não nos
reproduzimos mesmo sabendo das dificuldades que nossas crias
terão? Então, pelo menos em grande parte, nós, humanos, não
somos tão diferentes do resto das criaturas, não é mesmo? Somos
também impulsionados por esta força motriz, com o objetivo de
cumprir nosso ciclo de existência! Deu para perceber que a Vida é
uma só, e que se manifesta de inúmeras formas, cada qual com a
sua especificidade? Então, onde está a diferença entre nós,
humanos, e o resto das criaturas?
Certamente, você já sabe a resposta. É que nós percebemos e
sentimos a vida através das lentes da nossa mente, esta que cria a
noção do indivíduo. Apenas nós temos esta capacidade, pelo
menos aqui neste planeta. Nenhuma outra criatura tem a
capacidade que nós temos de se perceber tão claramente separado
do resto das coisas. Também nenhuma outra criatura tem a certeza
de que a vida, pelo menos na forma em que ela está sendo
manifestada, terá um fim. É aí que tem início a confusão. Vivemos
essa constante contradição. A Vida nos impulsiona e ao mesmo
tempo temos certeza que ela terá um fim! E então, a mente entra
em ação. Medo, autoproteção e a busca por segurança e saúde são
consequências naturais. Passamos pela vida temendo pelo seu fim,
e qualquer ameaça a nossa segurança, por menor que seja, gera
angústia e sofrimento. A dor ou limitação causada por uma doença
é muito menor do que o sofrimento mental decorrente dela, não é
mesmo? Todo e qualquer fato que ameace a nossa estabilidade
gera o temor da antecipação do fim da vida. Este é o grande dilema
humano. E é isto que nos faz pensar no sentido da vida e também
no prolongamento infinito dela. As demais criaturas passam pelas
mesmas dificuldades, mas não se fazem esta pergunta. Uma linda
planta pode ser vítima de uma praga. Seu animal de estimação
adoece também. A zebra pode conseguir fugir da leoa, ou não. Até
estrelas se apagam neste vasto universo!
Então, se para as demais criaturas, a vida é apenas para ser
vivida, porque seria diferente para nós? Esta é a primeira resposta,
na verdade, resposta nenhuma. O sentido da vida é vivê-la! É uma
força maior, que independe da nossa vontade, que nos move
apesar do sofrimento ou do prazer que sentimos. Pare um pouco, e
busque dentro de você se isso não faz sentido.
Vamos à prática. Durante seu dia, dedique alguns instantes a
observação das outras criaturas. Perceba a vida pulsando,
movendo-as. Se conecte a essa força que faz florescer as plantas,
que faz os passarinhos cantarem, que move os planetas e perceba
que é a mesma que te faz respirar. Uma só vida, impulsionando a
existência através de infinitas formas!
Agora que entendemos que a vida tem dinâmica própria, uma
segunda pergunta se torna mais importante para nós, humanos.
Como viver? É essa pergunta que deve ser feita.
A resposta, espero, você já começou a encontrar praticando os
passos anteriores. Alimentando-se bem, tendo consciência do
corpo, tornando-se cada vez mais consciente dos movimentos da
mente e colocando-a no seu devido lugar, diminuindo
progressivamente a distância entre você e o resto, vivenciando
momentos de absoluta ausência de pensamentos indesejados,
aceitando a imprevisibilidade do dia a dia e respondendo aos
desafios com serenidade, você naturalmente deve estar sentindo a
essência da Vida fluindo em você e em tudo ao seu redor. Com este
passo, você vai poder saborear a Vida sem os antigos
questionamentos gerados pela mente, apenas experimentando o
êxtase de estar vivo e conectado.
NONO PASSO
“Se livre dos seus conceitos e se abra ao novo”

Nada pode definir melhor este passo do que esta frase de uma
das músicas do grande poeta e músico Raul Seixas: “Prefiro ser
uma metamorfose ambulante do que ter aquela mesma velha
opinião formada sobre tudo”. Genial! Qual o sentido desta frase?
Fundamentalmente, o que o poeta quis dizer é que devemos estar
sempre abertos ao novo. Vamos juntos entender a profundidade
desta afirmação.
Pense no seu cotidiano. Você não tem uma opinião cristalizada
sobre pessoas com as quais convive na família, trabalho,
vizinhança? Sobre como educar seus filhos? Sobre como se vestir e
o que comer? Sobre política? Religião? Sobre como lidar com o seu
trabalho? Enfim, sobre quase tudo já temos um conceito,
julgamento e agimos de forma automática, robotizada,
impulsionados por estes conceitos e dogmas. É a vida em preto e
branco, sem lugar para a infinita combinação possível de cores e
tons, que só podem se manifestar quando o céu está claro,
transparente e iluminado.
Este céu é a nossa mente! Ela tem que estar esvaziada de pré-
conceitos para que toda experiência possa ser vivenciada de forma
integral, pois não existem experiências iguais. Podem parecer
superficialmente semelhantes, mas tudo está em constante
movimento e mudança, como a parábola da água do rio. O rio pode
parecer igual, mas a água que corre nunca é a mesma.
É esta atitude que quero que você pratique neste passo.
Conscientemente, sinta e perceba como nada é igual ao que já foi.
Aplique isso a tudo, sem restrições. No café da manhã com a
família, a conversa foi a mesma? O gosto do pão estava igual a
ontem? O sorriso do seu filho ao se despedir foi o mesmo? As
pessoas no ponto do ônibus ou no metrô são iguais? A cor do céu
está mais azul ou cinza? No seu trabalho, nada mudou? Seja qual
for seu trabalho, nunca um dia será igual a outro. As situações que
te levaram a gostar ou não de algo continuam as mesmas? Perceba
isto, deixe os detalhes aparecerem, observe de todos os ângulos e
você sentirá prazer em perceber cada pequena mudança.
Da mesma forma, espere um pouco antes de responder a uma
situação qualquer, seja no trabalho, na vida familiar, numa conversa
entre amigos no bar, na hora de escolher um voto, etc. Deixe cada
detalhe da situação tomar corpo e perceba a originalidade do
momento. Veja, ouça e sinta com total atenção antes de tomar
qualquer atitude. Respire, e deixe a situação entranhar em você,
sem estar preso ao passado, aos conceitos e dogmas. A resposta
que surgir será mais madura e verdadeira, seja qual for.
Então você entenderá o poeta. A metamorfose ambulante não é
você, mas a Vida. Não se surpreenda se você responder de formas
diferentes a uma pergunta ou situação aparentemente igual. Você
apenas aprendeu a sentir e perceber as constantes mudanças e
responder de acordo, estando em sintonia com o momento
presente.
Pratique em todos os momentos do seu cotidiano e esta atitude
passará a ser seu modo natural de agir.
DÉCIMO PASSO
“Seja livre”

Espero que até aqui, as práticas tenham te dado um pouco mais


de paz e conforto. Vamos agora conversar sobre liberdade, talvez a
aspiração humana mais intensa. Ser livre!
Então, o que para você é ser livre? Pare a leitura e pense a
respeito. Anote suas conclusões. Para cada um de nós, a resposta
será um pouco diferente, dependendo da situação de vida e das
mazelas emocionais e psiquicas. Mas, se formos sintetizar as
respostas da maioria dos seres humanos, liberdade geralmente
representa fazer o que se deseja, na hora e onde quiser. Estar livre
das amarras da rotina, das pessoas e das situações que nos
causam desconforto. Para tanto, alguns vêm na independência
financeira um pré-requisito. Outros entendem que a única forma de
ser livre é se afastando do mundo e de suas mazelas. E você, qual
foi sua resposta?
Mas vamos aprofundar mais a conversa. A resposta mais
simples à pergunta talvez seja que ser livre é não estar preso, não
é? Então, estar preso a que? Ao trabalho chato, à falta de dinheiro,
a pessoas que nos causam mal, à indiferença e à violência do
mundo, ao sistema que pesa sua mão sobre nossas vidas? Pode
ser. Agora, imaginemos que uma pessoa se torne milionária,
ganhando na loteria. Pode fazer o que quiser, sem ter que trabalhar
até o fim da vida. O movimento natural é o de comprar coisas,
mudar de casa ou cidade, viajar. Pode querer investir em algo que a
dê poder. Talvez ajudar pessoas, fazer caridade. Quem sabe?
Então esta pessoa mudou de casa, de carro, deu conforto a sua
família, viajou pela mundo inteiro. O que a levou a fazer isso? E
depois de ter feito, o que acontece? Será que vai continuar
buscando fazer e ter coisas que possam trazer felicidade, nem que
seja efêmera? Esta pessoa está realmente livre? A pessoa livre
pode e deve usufruir do dinheiro que ganhou, mas não se apega a
ele.
Na verdade, a liberdade não está em poder fazer o que se quer
quando se quer. O simples fato de ter que buscar fazer algo para se
sentir bem é a verdadeira prisão imposta pela mente. Em outras
palavras, a verdadeira liberdade está em não precisar buscar
coisas, pessoas ou situações para estar em paz e feliz. Nesta
condição, estamos em paz em qualquer situação e aceitamos a vida
como ela é, com seus desafios, prazeres, dores, passando pelas
situações sem que elas deixem sequelas. É como um espelho que
reflete e aceita tudo que vem na sua frente, mas fica absolutamente
novo quando o reflexo some. Assim é o ser humano livre. Não foge
da vida, pois está aqui neste planeta, vivo e consciente, com
responsabilidades e tarefas a serem cumpridas. Aceita as
contradições da vida, se emociona, se zanga, mas vive as situações
entendendo que são passageiras. Faz o que tem que ser feito, sem
culpa ou ressentimento. Vive no presente, sem deixar o passado ou
o futuro interferir nos seus atos e decisões. Não se move pela
busca do sucesso ou do reconhecimento alheio. Está sempre em
sintonia com o fluxo da Vida, como se fosse a existência inteira
contida em um corpo. Não precisa buscar nada, pois tudo vem de
encontro a ele.
Neste passo, quero que você olhe para dentro e veja o que
ainda te prende. Tenho certeza que a esta altura, muita coisa já
mudou, mas faça uma varredura interna. Do que você ainda precisa
para estar contente e em paz? Faça isso com a mais absoluta
sinceridade. Sejam quais forem as respostas, não se julgue. Aceite
e apenas continue praticando todos os passos anteriores. Volte,
releia-os, pois a cada leitura o seu entendimento será diferente, e o
efeito da prática também. Repita então este exercício até que você
não encontre mais respostas a esta pergunta.
DÉCIMO PRIMEIRO PASSO
“Sem título”
Este último passo eu deixo em branco. Todos os passos
anteriores foram formando um portal, para que você decida qual
será seu próximo passo e o atravesse. Tomo a liberdade de pedir
que você o escreva aqui mesmo, nesta última folha do manual. Mas
só o escreva depois de ter praticado todos os anteriores, sem
pressa, e quando o que for escrever estiver bem maduro dentro de
você, como se fluindo sem pensar.
Agradeço de coração você ter tido vontade de ler este manual e
praticar os passos sugeridos e espero que esteja em paz.

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