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CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética


3ª Semana Brasileira de Catequese
Itaici-SP, 6 a 11 de outubro de 2009

CATEQUESE E DIÁLOGO
ECUMÊNICO E INTER-RELIGIOSO

1. Introdução: um evento, uma exigência e uma proposta


Um evento catequético - Também para mim é uma alegria estar presente a um evento sobre a
catequese. Já não é preciso discorrer muito, nesta nossa palestra, sobre a importância da catequese, da
formação do catequista, dos frutos que tanto proveito tem trazido aos catequizados. Ou das
dificuldades e limites que encontraremos em uma catequese mesmo boa e útil, mesmo maravilhosa.
Sabemos de quanto depende da catequese a idéia que os católicos fazem de sua própria fé, ou o modo
de conduzir espiritualmente a sua vida, a sua relação com a comunidade eclesial e mesmo o caráter
cristão de sua inserção no mundo.
Não é mais o momento de demonstrar todos esses aspectos da catequese. O que nos importa
agora é que esse congresso gostaria de oferecer uma oportunidade de pensar na catequese em relação
com o diálogo ecumênico e inter-religioso. É um congresso interessado particularmente na iniciação
cristã. Contempla esse tema à luz da experiência de Emaús: os discípulos caminharam com Cristo e O
reconheceram!
Podemos até não reconhecer logo o Cristo ao nosso lado, mas é uma emoção e um
engajamento caminhar com Ele, na progressiva descoberta da Palavra Sagrada, ao encontro de uma
Ceia única, e com o envio para um testemunho e um apostolado a partir de uma contemplação que nos
escapa. Entretanto, a experiência religiosa nos envolve, nos fala por dentro, nos impele. A iniciação
cristã é o nascimento e o crescimento dessa experiência com Cristo. Tomamos consciência, aceitamos
uma luz. Trata-se de uma caminhada, uma Palavra, uma Ceia, uma vitalidade, uma descoberta. E de
novo não vemos o Cristo, mas sabemos que foi Ele que esteve conosco, que é Ele que dá nome e luz
para a nossa vida e o nosso anúncio. E partimos ao encontro das pessoas, levados por essa experiência.
Para uma vida de acordo com o que descobrimos, na qual fomos transformados. Para um
compartilhamento com os demais cristãos da graça que experimentamos. Para um anúncio
missionário, pois nos tornamos testemunhas dessas coisas que nos maravilharam.
Uma exigência - Como uma Semana dedicada à catequese católica, particularmente de
iniciação cristã, que faz o exercício da contemplação de Emaús, agora nos faz pensar em diálogo
ecumênico e diálogo inter-religioso? Porque a nossa experiência de Emaús vai ser assumida em
contexto que pedirá de nós uma atitude dialogal.
O nosso tempo clama por diálogo. O nosso tempo vai situar a nossa experiência de Emaús e
o nosso testemunho cristão num mundo plural. Lá nem todos reconhecem e interpretam a experiência,
o conhecimento, o seguimento de Cristo de maneira igual. Muitos se dizem cristãos, mas são cristãos
de modos diferentes. O que compartilhamos é recebido e experimentado com matizes diferentes.
Muitos não são cristãos, e têm ou não convicções religiosas, com uma compreensão do mundo, de si,
do sentido da vida expressos de modos diversos. Estamos situados num mundo plural, estamos
relacionados com pessoas diferentes. A nossa catequese há de levar em conta as diferenças que
existem e os intercâmbios que se possam propor. A abertura da catequese, em vista do diálogo
ecumênico e do diálogo inter-religioso, torna-se uma exigência e merece ser motivo de nossa
indagação e reflexão conjunta nesse congresso.
O que eu vou sugerir é que a catequese em geral ou a catequese de iniciação cristã em
particular sejam uma catequese com sensibilidade ecumênica. Ou seja, que seja uma catequese em si
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mesma já dialogal, e que seja uma atitude dialogal também para a perspectiva do diálogo ecumênico e
do diálogo inter-religioso. Sem deixar de ser catequese católica e sem deixar de ter uma atitude
dialogal.
O tema da catequese já é tão vasto que a primeira semana catequética já teve continuidade
numa segunda, e devem suceder-se as semanas catequéticas desdobrando o sentido de fazer catequese,
a riqueza de sua inspiração evangélica, as potencialidades metodológicas, a contribuição insubstituível
das várias experiências colocadas em comum nessas ocasiões. O tema ecumênico é também vasto,
desde a discussão do conceito de ecumenismo, passando pelas tentativas de aproximação, as
dificuldades e as descobertas, as decepções e os aprendizados, até as propostas de caminhos para que o
diálogo possa ainda existir e frutificar. Não apenas é um tema vasto, mas é complexo na quantidade de
questões e dificuldades que o tema envolve. O próprio ecumenismo se transforma, acha novos
caminhos. O que parece pequeno é o tempo de que dispomos para abordar tantas questões!
Uma proposta – Depois dessas considerações iniciais, que situam nosso tema, sugerimos que
levemos em conta a dimensão ecumênica quando refletirmos sobre a catequese. Propomos algumas
observações sobre o valor do diálogo e alguns dados conceituais e pastorais sobre a relação da
catequese com o diálogo ecumênico e o diálogo inter-religioso.

2. No diálogo
Diálogo – Fala-se muito em diálogo. Aconselha-se muito a dialogar. Diálogo na família:
diálogo do casal, dos pais com os filhos. Nas escolas, que a educação tenha o diálogo. Nas equipes de
trabalho e nas dificuldades de relacionamento, a solução pelo diálogo. Mas pouco se faz de autêntico
diálogo, porque é necessário aprender a dialogar. No entanto, é sabido que o diálogo é importante.
Também para a dimensão religiosa de nossa vida e de nossas relações, cabe o diálogo. Estamos hoje
aprendendo a dialogar. Dialogar implica em dialogantes. Dialogantes significa que não é um só que
fala, mas que há um outro e o outro difere de mim. Diálogo implica em alteridade e diferença. Eu me
encontro diante do outro e encontro o outro diante de mim. O diálogo é um modo de se relacionar de
um com outro. Implica em relação de abertura, acolhimento, respeito, estima, comunicação,
contribuição. Dados os limites de um e outro, e dadas as diferenças, pode o diálogo implicar também
algo de tenso, de difícil, ou pode significar uma experiência de aprendizado e crescimento. Traz uma
contribuição para quem dialoga.
Contribuição do diálogo - O diálogo se mostra em geral como caminho não só para achar
soluções, mas para achar a solidariedade, para achar a estima, ou ainda para achar um grande modo de
enriquecimento interior das pessoas ou de consolidação dos laços interpessoais. Fica claro que muito
mais coisa poderia ser feita se houvesse um pouco mais de diálogo.
Esse enriquecimento mútuo do diálogo, esse modo de manifestar a estima e de achar o
caminho da colaboração também apareceriam no diálogo que se fizesse na esfera religiosa. O Papa
João Paulo II escreveu uma encíclica sobre o ecumenismo, na qual dedicou alguns parágrafos ao
diálogo. Coloca-se numa postura personalista, vendo o diálogo no contexto da compreensão e do
enriquecimento da própria pessoa. Entende que o diálogo é mais que uma troca da palavra. É um
intercâmbio de dons. Ou seja, a comunicação de uma ao outro, com os dons da pessoa.
Podemos dizer que no diálogo se trata de uma comunicação de dotes, pensamentos,
sentimentos, descobertas, carismas, experiências. Trata-se mais, de uma abertura da pessoa, que
envolve um aspecto de acolhimento e doação. Ou é uma abertura à alteridade. Tudo isso dignifica e
enriquece a pessoa, até mesmo faz descobrir a identidade, sem deixá-la encerrada em si mesma, mas
afirmando-a e valorizando-a no encontro e na relação. A pessoa se realiza na relação. Na relação com
o outro a pessoa encontra seu caminho de ser. Ela é chamada a ser com o outro. Pois bem, o diálogo é
realização do chamado da pessoa a ser pessoa. Do chamado a ver no outro o outro. A ser com o outro.
No diálogo a pessoa se realiza mais profundamente como pessoa.
Diálogo hoje Já se falou repetidamente sobre direitos humanos, sobre dignidade humana,
sobre solidariedade. Entretanto, é ainda tempo de se falar nisso. Já se falou sobre a solidão dos nossos
tempos. Ainda é tempo de se falar nisso. O mundo moderno se julgou emancipado e senhor de si, mas
não deu conta de realizar-se humanamente contando só com consigo, pensando ter nas mãos a própria
razão. Um mundo pós-moderno mostrou carecer de sentido e parece respirar um clima de vazio.
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Passou a buscar novos paradigmas, novos sentidos, nova condição de vida e de convívio. Criticou a
religião, mas voltou-se ao sagrado muitas vezes fora das instituições, e hoje se busca ainda o melhor
modo de se conhecer o sagrado e de se descobrir o lugar do ser humano. Um mundo globalizado, que
não se fez solidário, sofre uma crise universal de valor. Um mundo informatizado, que pretende
conectar virtualmente as pessoas, está exigindo toda uma transformação dos hábitos da sociedade, mas
exclui maiorias e ainda deixa as pessoas em geral no isolamento, na competição, no conflito e na
exclusão. Para superar isso, buscam-se melhores seguranças, buscam-se formas de aproximação, de
convívio, de paz . Cabe achar no meio de tudo isso a pessoa e a possibilidade de entrar em relações
autênticas. O diálogo aparece como um caminho de superação de isolamentos e conflitos, como
expressão e realização da pessoa, como meio para se construir laços, fazer uma comunidade de
pessoas diferentes, mas que se reconhecem e se intercomunicam na paz.
No âmbito religioso - A experiência religiosa reaparece hoje com muita importância.
Continua sendo o campo do sentido, das opções fundamentais, das referências, das inspirações
espirituais, mesmo que hoje venha limitada pelas incertezas desse mundo e a consciência de que não
abarcamos o mistério. Quem deseja um diálogo mais abrangente, vai acabar se deparando com a
questão religiosa, mesmo até que não abrace uma determinada religião ou não se ligue a uma
instituição. Então será chamado a identificar a si mesmo, a tomar uma direção no âmbito da questão
religiosa, seguindo ou não uma religião, mas pensamos que a dignidade humana pede respeito,
portanto que se venha a respeitar cada qual em seu caminho.
Por um lado, no diálogo a experiência religiosa tem muito a comunicar e contribuir. O que se
descobriu, o que se experimentou, o que se deseja partilhar. Ou o testemunho de um simples caminhar.
Para o cristão, a experiência religiosa passa pelo caminho de Emaús, que é experiência do sagrado e
que tende a se comunicar, tendo a Cristo como o seu motivo de fé e de esperança. Por outro lado, os
nossos dias pedem diálogo. A experiência religiosa se situa num mundo de pluralidade, em que
tomamos consciência de que estamos diante dos outros, e que os outros são outros, com quem
entramos numa relação dialogal. Por isso, a experiência religiosa caminha junto com o respeito do
outro. Ela só pode se irradiar ou mesmo caminhar junto aos outros se ela respeitar a alteridade. Ela só
pode frutificar totalmente e se tornar comunicativa se assumir o caminho do diálogo.
Isso não significa abrir mão da própria convicção, significa até mesmo levá-la em conta, pois
vai-se ao diálogo com as próprias convicções, as próprias opções, os próprios limites e a própria
abertura a encontrar e a respeitar o outro. Desse modo leva-se em conta o outro com o que é próprio
dele também.

3. Diálogo Ecumênico e Diálogo Inter-Religioso


Diálogo ecumênico – O que é o diálogo ecumênico? É o diálogo, com tudo o que essa
palavra envolve de riqueza, possibilidades e também de dificuldades, ou seja, é o intercâmbio de dons,
é a troca da palavra, é a expressão da abertura ao outro, é a busca de elementos comuns ou diversos –
mas ecumenicamente, ou que se realiza no campo ecumênico. Ecumênico significa etimologicamente
de toda a terra habitada, e o termo se referia a todo mundo. O termo aplicou-se à esfera religiosa e o
movimento ecumênico nasceu como envolvimento de todos os cristãos. Por isso, o campo ecumênico
pode ser pensado num primeiro momento como o campo de relações entre cristãos de diferentes
confissões.
Chamamos, então, de diálogo ecumênico todo esse empenho de abertura, aproximação,
conversação e trocas, para conhecer e ser conhecido, para estimar e ser estimado, para colaborar e
acolher o auxílio do outro. Trata-se do outro que também é cristão, mas que interpreta a fé cristã
diferentemente, que pertence a uma outra comunidade eclesial, que segue uma outra tradição. Faz-se,
porém, discípulo de Cristo, abraçando o seu Evangelho. Aceita o batismo e a vida cristã. É
missionário. Tem conosco (falo a partir da perspectiva católica) tantos laços comuns, que o Papa João
XXIII exclamou que é bem mais o que nos une do que o que nos separa.
Hoje se levanta a pergunta sobre o sentido do ecumenismo. Também se falou muito de
ecumenismo, de encontros ecumênicos, de diálogos ecumênicos. Alguns acham que já se chegou a um
desgaste do termo “ecumenismo”, porque já se teria feito o que era possível fazer e porque já estaria
comprovado que não se chega a lugar nenhum. Ao contrário, o ecumenismo não tem que acabar. Não
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se fez tudo o que é possível realizar. Não se chegou aonde se desejava chegar. Acontece que somos
impacientes. Enquanto para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos são como um dia, nós
desejaríamos colher desde já todos os resultados desejados. Pode-se constatar a grande mudança de
atitudes e perspectivas que se abriram no último século no campo ecumênico e hoje se buscam novos
rumos.
O diálogo ecumênico se faz ainda. Ele acontece entre encontros de pessoas no dia a dia ou
entre peritos, para conversar temas teológicos ou para conversar colaborações práticas, para o
testemunho comum ou simplesmente para o mútuo conhecimento e a experiência da amizade fraterna.
É verdade, porém, que muito falta a implementar, pois em muitas regiões e para grande parte
das pessoas, católicas ou não, falta ainda transformar a mentalidade, educar para respeitar as
diferenças, preparar para dialogar e colaborar naquilo que for possível fazer de testemunho cristão ou
de serviços sociais na sociedade.
Finalmente, parece-me importante observar também que o chamado diálogo ecumênico, ou a
atitude dialogal, muitas vezes consiste numa aceitação, num acolhimento, numa estima, numa
convivência, e às vezes não se faz o momento propriamente de troca de palavras ou idéias sobre a fé,
sobre divergências ou mesmo convergências. Trata-se antes de uma simples atitude de abertura e
fraternidade.
Diálogo inter-religioso – O que é o diálogo inter-religioso? É quando o campo do
ecumenismo se amplia para um “ecumenismo inter-religioso”, chamado pela Igreja Católica de
diálogo inter-religioso, o qual envolve pessoas de diferentes religiões, entre cristãos e não cristãos.
Também aqui se pensa no respeito, e mesmo na riqueza do diálogo, que advém de respeitar e
estimar a pessoa do outro, bem como de colaborar em projetos que possam ser comuns. Naturalmente
se acentua que, onde a diferenciação se tornou maior, cabe um cuidado especial de respeitar o direito
da liberdade religiosa, que é o direito de abraçar uma religião de acordo com a própria consciência. No
mundo as pessoas são chamadas a promover o bem e a paz e as pessoas de todas as religiões são
chamadas pela razão do bem e da paz. Com o diálogo inter-religioso se pensa que um caminho do bem
e da paz é o do respeito e da paz também entre as religiões. Além disso, as pessoas das diferentes
religiões podem encontrar motivos para se associar no sentido de trabalhar para o bem e a paz no
mundo. O diálogo inter-religioso apareceria, então, segundo a oportunidade, como uma tentativa
contribuição.
O diálogo inter-religioso sugere que toda nossa atuação no mundo como missionários se
deveria fazer com cuidado, como um testemunho do que experimentamos, como um anúncio e um
convite, mas não por espírito de condenação ou de imposições. Mesmo a missão pode se revestir de
um caráter dialogal. Uma coisa é o diálogo inter-religioso, outra a missão. O cristão vai ter que ver o
momento e ter o discernimento.
A conferência do CELAM em Aparecida valorizou o ecumenismo e o diálogo inter-
religioso. O discípulo missionário quer, segundo o Evangelho, a comunhão com os demais cristãos;
quer também o serviço da vida, no qual podem se engajar pessoas de diferentes religiões.

4. A sensibilidade ecumênica da catequese


A dimensão ecumênica na formação para o ministério pastoral – Quando o Concílio
Vaticano II trouxe um decreto sobre o ecumenismo, o Decreto “Unitatis Redintegratio”, para dar
princípios e diretrizes para os católicos em sua participação no ecumenismo, afirmou a
responsabilidade dos bispos, mas também fez o chamado para todos os fiéis participarem.
Não é que não tenhamos dificuldades. Não é que vamos esvaziar nossa catequese ou nossa
participação na vida da Igreja, nem nosso testemunho cristão católico no mundo. Não se trata de
abdicar da fé católica por uma prática ecumênica. É que somos chamados a termos uma atitude de
respeito, de estima pelo outro cristão, e isso vai valer de modo paralelo para o respeito para com os
não cristãos. Apreciamos as suas qualidades. Aproveitaremos as possibilidades de colaboração.
Para a aplicação dos princípios e normas do ecumenismo, o Conselho Pontifício para a
Promoção da Unidade dos Cristãos publicou um diretório, que é conhecido como o novo Diretório
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Ecumênico. Também lançou um documento breve, mas interessante para falar sobre “A Dimensão
Ecumênica na Formação dos que Trabalham no Ministério Pastoral”. Ali se lembram particularmente
os seminaristas, os estudantes de teologia e também os agentes de pastoral. Devem conhecer uma
noção de hermenêutica, de hierarquia das verdades da fé e saber do diálogo ecumênico.
Isso não quer dizer que vão ser todos peritos de pesquisas teológicas para resolver tópicos
doutrinais divergentes ou convergentes, não quer dizer que vão todos se tornarem membros de
comissões mistas ou membros de conselhos de Igrejas. Não quer dizer que vão todos se filiarem aos
movimentos marcadamente ecumênicos, como o Movimento dos Focolares. Tudo isso é bom e será
feito se se sentirem chamados. Mas todos devem aprender a apreciar o diálogo e a ter uma atitude
ecumênica.
O Decreto “Unitatis Redintegratio” apresenta alguns aspectos práticos do ecumenismo. A
partir dali se pode ver que devemos eliminar palavras e juízos que não sejam adequados, e, portanto
também críticas mal encaminhadas, e devemos cultivar o diálogo e a colaboração. Também podemos
fazer orações em comum, e ações comuns, conforme as normas.
Isso não quer significar a desvalorização da própria fé. No mesmo decreto conciliar também
se mostra que o ecumenismo não é a atitude de indiferentismo nem de negação ou abandono das
próprias convicções. O que se crê não se impõe, mas não se tem que depreciar ou abandonar. O
ecumenismo leva ao diálogo autêntico e no diálogo se apresenta com humildade e com sinceridade.
Todos os que trabalham no ministério pastoral devem se capacitar para atuar sem
desrespeitar o outro, e para poder aproveitar oportunidades de semear, ou cultivar a fraternidade que o
católico deve ter também com outros cristãos. Isso vale para a atitude que também devem ter de
respeito para com pessoas de outras religiões. Nesse caso, bem menos é o que podemos compartilhar
na fé, mas não fica sem importância a regra de ouro de fazer o bem que se desejaria fosse feito a si
mesmo, nem deixa de ter lugar a busca da paz. Na verdade, o outro também merece estima e também
deve ser visto como um irmão.
Uma catequese com sensibilidade ecumênica – Desse modo deduziremos que também o
catequista há de ter um cuidado especial com a dimensão ecumênica da pastoral, ou com a abertura ao
diálogo ecumênico e ao diálogo inter-religioso. Porque o ecumenismo não se situa apenas como um
setor da pastoral, mas o ecumenismo é uma atitude que todas as pastorais devem ter no respeito e na
fraternidade. Também a catequese pode ter uma sensibilidade ecumênica.
Na verdade, são tantas as ocasiões em que o catequista é chamado a mostrar sensibilidade
ecumênica. São as experiências da comunidade de encontro com pessoas cristãs de confissões não
católicas ou mesmo de outras tradições religiosas, e o catequista muitas vezes precisa ter uma atitude
ecumênica, que certamente vai repercutir na catequese. Quantas são as ocasiões em que os
catequizandos trazem relatos, dificuldades, perguntas sobre diálogo ou sobre proselitismo, sobre
situações de rivalidade, ou sobre as possibilidades de fazer atividades em conjunto, sobre questões de
culto ou de diferenças de doutrina e de prática.
O catequista precisa estar bastante esclarecido sobre a própria fé e a prática da comunidade
católica para dar esclarecimentos e orientações. Assim como a catequese é permanente, é natural que
ele somente aos poucos vá amadurecendo e se esclarecendo. Ele pode aproveitar do que lhe é trazido
nos encontros catequéticos e também sua experiência pessoal e da comunidade, para buscar respostas
e caminhos. Porém. No ponto de vista ecumênico, para ajudar, deve aprender também a ter tato,
fraternidade e sensibilidade ecumênica. Deve mostrar o desejo de chegarmos não a um maior
antagonismo, mas a uma maior concórdia e unidade. A catequese não é um curso de ecumenismo, mas
aproveita de uma sensibilidade ecumênica.
Pode parecer óbvio, mas no meu entender, uma catequese com sensibilidade ecumênica seria
sobretudo uma catequese que atuasse com espírito de fraternidade. Toda a catequese cristã pretende
atuar com espírito de fraternidade. A catequese visa à formação do cristão, mediante um processo de
iniciação e aprofundamento da vida na fé. É sabido que, por isso, ela sempre valoriza a fraternidade,
que é a fraternidade dos cristãos e a fraternidade universal. Por isso, eu acentuaria primeiro dois
pontos:
- A catequese procuraria valorizar o plano de Deus de realizar a unidade de tudo e todos,
e lembraria o desejo e a oração de Cristo pela unidade.
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- Como é usual, a catequese valorizaria o mandamento do amor a todos e a fraternidade
universal como prática cristã. Evitaria, porém, sugerir que só os cristãos querem viver o
amor. Fazer o bem também é preceito em outras religiões.
Entendemos, em geral, que a catequese é um processo formativo que prepara o cristão para
ser cristão. Ela assim também conduz ao respeito, ao espírito de fraternidade e à atitude de diálogo.
Falamos que, para a questão das diferenças religiosas, a catequese procuraria ter uma sensibilidade
ecumênica. Seria interessante elencar vários procedimentos de uma catequese com sensibilidade
ecumênica. Vamos relacionar alguns. Os catequistas são convidados a pensar nesses tópicos e
acrescentar outros, bem como preparar estratégias que levem ao aprimoramento da atitude dialogal. Eu
penso agora nas seguintes considerações:
- No modo de referir-se aos cristãos não-católicos, o catequista não o faz com espírito
depreciativo, mas respeitoso. Usa uma linguagem que não permita equívocos de que
tem os outros também como irmãos.
- Não condena a pessoa do outro por ter convicções e práticas diferentes. Mesmo se em
algum momento deva mostrar ao catequizando que há diferenças e qual seja a convicção
católica, ou a liturgia católica, a autocompreensão ou a estrutura da Igreja Católica,
alguma norma disciplinar ou orientação da vida, considera a diferença. Faz isso, porém,
serenamente, como quem explica a própria convicção, e não como quem julga ou
condena o outro.
- Em casos de atitudes erradas, procura desculpar-se e desculpar. Procura corrigir-se e
corrigir. Mesmo que se dê uma situação na comunidade em que tenha que comentar
uma ocorrência infeliz nas relações entre cristãos, ou precise defender a parte católica,
ou evitar o proselitismo, ou superar uma ofensa, ou seja, mesmo que tenha que levantar
uma crítica a uma palavra ou um procedimento, faz isso com dignidade mas sem
ofender, ou procura a correção do modo como se corrige o irmão, como se fala no
evangelho da correção fraterna. Procura corrigir-se e reformar-se.
- Por sua vez aprecia o pedido de desculpas e a busca de uma reconciliação, quando é o
caso.
- Reconhece os limites também dos católicos na história da Igreja e também os limites de
cada um de nós, como cristãos que somos muito imperfeitos, em crescimento. Admite
que também precisamos de perdão.
- Ao tratar do empenho e das contribuição de católicos em seu agir cristão, evita sugerir
que só os católicos merecem ser apreciados. Valoriza a parte dos católicos bem como
toda contribuição para o bem de todos.
- Reconhece e estima os valores cristãos presentes nos cristãos não católicos, ou os
valores religiosos e humanos presentes também nos não cristãos. Valoriza que toda
experiência autenticamente religiosa tem algo de comum na busca de Deus, ou na busca
da vida interior, ou na busca de uma prática do bem.
- Respeita a oração do outro e a ação caritativa do outro.
- Valoriza o que pode fazer cultivar o espírito de aproximação, de concórdia e de
colaboração entre as pessoas.
- Mostra o valor de se rezar uns pelos outros e de se fazer uma ocasião de uma oração em
comum, bem como a possibilidade de se fazer algum bem, alguma campanha, algum
serviço somando os esforços de católicos com não católicos.
- Em vista do diálogo, procura favorecer que aqueles que vivem na família a situação de
encontro de diferentes confissões cristãs ou diferentes religiões sejam esclarecidos e
apoiados para o respeito ou, segundo a circunstância, para uma prática dialogal fraterna.
- Isso vale também para todos que na escola, na comunidade, na sociedade terão que
encontrar um mundo plural. A catequese é catequese para a pessoa que vive no
pluralismo. Que ela venha em auxílio de formar os católicos para viverem uma

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identidade na liberdade, também mostrando uma atitude de respeito, de diálogo, de
colaboração.
- A catequese faz ver que a vida cristã em geral e os sinais sacramentais em particular
têm em vista a fraternidade e a unidade de todos entre si, e diante de Deus e com Deus.
A vocação é para uma comunhão. Entramos numa comunhão eclesial e nela crescemos.
Essa comunhão na Igreja é sinal e fonte para uma vida de maior unidade com todos.
Tudo isso que é fundamentalmente uma atitude cristã e que eu acho que já está sendo
procurado pelos catequistas, aperfeiçoaria, portanto, uma sensibilidade ecumênica na catequese. Seria
um procedimento segundo os parâmetros do diálogo ecumênico e prepararia o catequizando para, por
sua vez, desejar se coadunar com o diálogo. Para ser fiel à própria confissão de fé e aberto ao respeito
ao outro, que difere nas suas opções e práticas.
Se a catequese deseja ser mais inserida no campo do diálogo ecumênico, então:
- Faz ver, de acordo com o programa catequético, as possibilidades do diálogo a partir
própria experiência de vida eclesial. Pode ter notícia de diálogos teológicos, de
trabalhos de colaboração social, incluindo campanhas sociais, como a Campanha da
Fraternidade ecumênica, ou de que existem momentos de oração comum, como a
ocasião da Semana de Oração pela Unidade. Se a catequese quer ser mais ecumênica
ela, junto com todo o trabalho formativo que é próprio da catequese, lembra nessas
ocasiões ecumênicas que podemos ser mais unidos. Que essa aproximação ecumênica
enriquece nosso viver cristão.
Se a catequese deseja ainda acentuar mais o diálogo inter-religioso, então:
- Faz ver que a experiência religiosa é uma experiência profunda que irmana todas as
pessoas em busca de Deus. As grandes tradições religiosas em geral desejam fazer
praticar o bem e encontrar a paz.
Alguns cuidados - De acordo com o que falamos sobre o significado do diálogo e sobre a
dimensão ecumênica dos que trabalham no ministério pastoral, alguns cuidados, porém, se impõem,
para não se confundir as consciências:
- Evitar o indiferentismo religioso, como se não tivesse importância praticar uma
determinada religião ou outra qualquer. Cada um segue a religião de acordo com sua
consciência, mas não por ser indiferente tomar qualquer opção, e sim porque descobre
valores a abraçar.
- Evitar o proselitismo. Seja no sentido de não praticar um proselitismo que pressione,
seja no sentido de não se submeter ao proselitismo que nos pressione. No primeiro caso,
de não ser proselitista, se somos chamados a ser missionários, e devemos preparar o
discípulo para ser missionário, deve ser um missionário que anuncia dentro do respeito,
da estima e do diálogo. No segundo caso, de não se deixar pressionar pelo proselitismo,
porque temos o direito de seguir a própria fé com tranqüilidade e liberdade de
consciência. Dialogar não é impor nem receber imposição. Não é pressionar nem aceitar
pressões. Não teria sentido fazer um “ecumenismo” que na verdade não fosse
ecumenismo, mas fosse proselitismo. Ecumenismo se faz com diálogo autêntico e
respeito pelas opções.
Enfim, a norma fundamental do diálogo é respeitar ao outro, respeitar a si mesmo, num
clima de autenticidade e fraternidade, tendo em tudo a caridade.

5. A iniciação cristã à luz de Emaús e sua relação com o diálogo


A Semana Catequética 2009 quer aprofundar-se no processo de iniciação cristã e tomou
como base de sua reflexão o texto evangélico de Emaús. A experiência de Emaús é iluminadora
também do nosso tema. Faremos nosso comentário sob dois aspectos especiais e então teremos
concluído a nossa reflexão.

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Catequese confessional na iniciação cristã - Primeiro, queremos fazer valer o caráter da
identidade ou da confessionalidade da experiência religiosa numa catequese de iniciação cristã. Trata-
se de uma catequese aberta, uma catequese fraterna, uma catequese que pretende favorecer no
catequizando o seu crescimento como pessoa. Por isso quer ajudar a dialogar. Mas não deixa de ser
uma experiência concreta. Se é a experiência de Cristo, se ela se faz inserida na Igreja Católica, se
prepara os sacramentos da iniciação como um processo de configuração a Cristo e engajamento de
vida, e temos todo um processo de formação do cristão católico, de uma comunidade, tudo isso deve
ser favorecido e cercado de solicitude pastoral. A sensibilidade ecumênica da catequese não vem
diminuir seu caráter católico. A sensibilidade pelo diálogo inter-religioso não deve diminuir a
identidade e a responsabilidade de cristão.
A luz da experiência de Emaús - O relato de Emaús é iluminador. Toda a experiência
religiosa de Emaús é uma experiência concreta de caminhada com Cristo, uma caminhada pessoal,
também com dimensão comunitária. Trata-se no conjunto de uma experiência rica, que em nenhum
aspecto deve ser diminuída. Fala-se da Escritura, interpreta-se a Escritura. Cristo fala ao coração. Tem
o momento em que não reconhecemos o Cristo, tem o momento em que o reconhecemos, tem o
momento em que não o vemos outra vez. Tem a Ceia como momento privilegiado, a partir do qual os
discípulos tomam novo impulso.
O cristão se faz um discípulo na Igreja e torna-se testemunha dessas coisas. Esse discípulo
missionário há de respeitar também a experiência que teve. Assumirá a sua própria caminhada de fé. A
iniciação cristã é, portanto, confessional, uma caminhada de fé e vida, pessoal e comunitária. É preciso
permitir aqui o florescimento da vida cristã em toda a sua pujança. É preciso valorizar a fé, que ela
mesma vai ter a sua contribuição a dar no sentido da fraternidade e da unidade. Os discípulos de
Emaús comentam entre si, através do diálogo, trocando a sua experiência: “não ardia o nosso coração
quando Ele nos falava?” E são chamados ao testemunho dessas coisas na comunidade e no mundo.
Será ainda diálogo.
Há um aspecto importante que de poderia acentuar: Emaús é a ocasião em que se manifesta o
valor da experiência religiosa na vida de uma pessoa. Torna-se no Evangelho um símbolo da graça de
Cristo, mas permanece como reconhecimento da caminhada religiosa de uma pessoa, de suas
descobertas e transformações, de sua fé e de seu desejo de propagá-la. Por isso em Emaús o cristão é
chamado ao respeito que se deve ter para com toda experiência religiosa – a experiência de cada um, a
experiência de todas as pessoas. Assim como se anuncia o que se descobriu, por outro lado também é
certo que pertence ao diálogo a atitude de respeito, de estima e de solidariedade fraterna – para com a
outra pessoa em seu itinerário, reconhecendo o valor de sua busca religiosa sincera. Quanto aos que
não buscam mais a Deus, estes se assemelham aos discípulos de Emaús que se afastam, mas que
Cristo não despreza. O seu afastamento não é mais que a experiência concreta do sentimento de
decepção e abandono. Pertence ao itinerário espiritual e se insere no diálogo da fé.
O trabalho da catequese para o catequista e a caminhada do catequizando envolvem tantos
aspectos de riqueza da experiência religiosa de cada um, que são levados ao diálogo da vida e da fé e
preparam para uma atitude de aceitação e aproveitamento do diálogo ecumênico e inter-religioso. O
processo de iniciação cristã, em particular, nos convida a meditarmos que somos chamados a valorizar
a unidade dos cristãos e das pessoas todas.
Uma catequese de iniciação na unidade de Cristo – Os sacramentos são todos sacramentos
de unidade e a iniciação cristã é caminho de unidade. A vida na unidade está no processo de iniciação
cristã. Porque, conforme Emaús, caminha-se com Cristo, encontrando-se o Cristo. Como experiência
de Cristo, a iniciação cristã levará à comunhão de Deus, comunicada por Cristo, o qual orou para que
fôssemos perfeitos na unidade.
O batismo é incorporação a Cristo, fazendo-nos membros de Seu Corpo e filhos que
clamamos Abba. Neste Corpo está a diversidade de membros, mas é o mesmo Espírito que atua em
todos para a edificação de todos. É possível, na catequese batismal, acentuar a unicidade do batismo e
talvez mencionar que a Igreja se decide pelo reconhecimento do batismo sempre que é administrado
validamente.
A confirmação é efusão do Espírito, este Espírito que realiza a unidade. Somos confirmados
na fé e feitos testemunhas da fé que recebemos no único batismo. A catequese pode valorizar essa

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confirmação da fé, na responsabilidade cristã, na humildade do que se põe a serviço de Cristo pela
fidelidade à fé e a abertura ao espírito do Evangelho.
A Eucaristia é celebração da aliança do sacrifício de Cristo, que viveu para realizar a vontade
do Pai e morreu para congregar na unidade os filhos de Deus dispersos. A Eucaristia é banquete de
unidade: São Paulo fala que comemos de um mesmo Pão abençoado. A Eucaristia é denominada
também de “sacramento da unidade”. A catequese pode sempre valorizar o chamado de unidade que
esse sacramento faz. Pode valorizar que é o alimento da unidade. Pode preparar para o serviço da
concórdia e da unidade. A nossa missão é missão de unidade.
A iniciação cristã se pauta no caminho de Emaús. Emaús é a experiência de caminhar com o
outro, o outro que é também discípulo. É encontrar e caminhar com o Outro que é Jesus. A catequese
de Emaús é a experiência de ouvir e se alegrar. É a experiência de ver e de deixar de ver, mas ter
encontrado o motivo da alegria. É a experiência de passar da desesperança à fé, e de passar da fé à
irradiação da vida. Emaús tem como centro a experiência de Cristo, que unifica os cristãos. E os
conduz a uma atitude dialogal.

Conclusão: viver na fé e ter atitude dialogal


A iniciação cristã leva-nos a nos configurarmos com Cristo e a catequese de iniciação bem
como toda catequese vem favorecer que sejamos impelidos pelo evangelho e o amor de Cristo e
vivamos em Cristo.
Então, no amor de Cristo encontraremos critério e alimento para valorizarmos uma coisa tão
humana quanto o respeito ao outro e a suas experiências de vida. Somos levados ao diálogo, que é algo
também tão humano, seja o diálogo de palavras ou de atitudes, ou diálogo de atenção aos outros e de
serviço à vida.
Esse respeito e esse espírito de diálogo se fazem na própria fidelidade a si mesmo, por isso
também atendendo à própria fé. A catequese é um processo de iniciação ou de amadurecimento na
vida da fé. Isso marca a experiência religiosa de cada um e repercute para toda a vida. Por outro lado,
com o seu processo formativo, a catequese vem aprimorar a sensibilidade do cristão para com o outro,
como irmão, mesmo que tenha convicções de fé e religião diferentes, pois a fraternidade universal é
querida pelo Deus que nos chamou. O cristão pode levar o testemunho de suas descobertas, suas
convicções, sua vida e sua contribuição sempre em espírito de diálogo.

Maria Teresa de Freitas Cardoso


Doutora em Teologia. Professora na PUC-Rio, no Instituto Superior de Teologia da
Arquidiocese do Rio de Janeiro, na Faculdade São Bento do Rio de Janeiro.

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