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CRONOGRAMA DAS AULAS DE 2ª FASE – XX EXAME - PARA OS ALUNOS QUE INGRESSARAM NO CURSO APÓS A PROVA DE PRIMEIRA FASE
PRÁTICA TRABALHISTA
Aula: Aryanna e Aula 1: Aryanna Aula 2: Aryanna Aula 3: Aryanna Aula 1 – DI- Aula 2 – DIREI- Aula 3 – DIREITO
Rafael Tonassi Petição Inicial Petição Inicial Petição Inicial REITO MA- TO MATERIAL: MATERIAL:
- Explicação do TERIAL: Rafael Tonassi Rafael Tonassi
Curso para quem Rafael Tonassi TEMAS CEN- TEMAS CEN-
inicia nessa data TEMAS CEN- TRAIS: Garantia TRAIS:
TRAIS: Salá- de Emprego Jornada de Traba-
- Cronograma de rio e Remune- (amarelo) lho (vermelho)
Estudos para ração (laranja)
quem inicia nes- + + +
sa data ESTUDO DO
DIREITO MA- ESTUDO DE ESTUDO DO DI-
TERIAL DO DIREITO MA- REITO MATERIAL
TRABALHO TERIAL DO DO TRABALHO
TRABALHO
1) Ler CLT 1) Ler CLT Orga-
Organizada: 1) Ler livro: nizada:
salário e re- estabilidade. Jornada de Traba-
muneração lho/ Interva-
(arts. 457 a Obs: As pala- los/Adicional no-
464, CLT) vras-chave de turno (arts . 58 a
todos os artigos, 74, CLT)
2) Ler livro: súmulas e OJs
salário e re- relativos à esta- 2) Ler livro: Jor-
muneração bilidade nada de Trabalho
deverão ser
marcados em 3) Ler Leis: Lei
Obs: As pala- amarelo na 605/49
vras-chave de CLT.
todos os arti- Obs: As palavras-
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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Cronograma
Aryanna Linhares
gos, súmulas e chave de todos os
OJs relativos à artigos, súmulas e
salário e re- OJs relativos à
muneração jornada, intervalos
deverão ser e adicional noturno
marcados em deverão ser mar-
laranja na cados em verme-
CLT. lho na CLT.
Aula 4 : Aryanna Refazer os Aula 5: Aryanna Aula 6: Aryanna Aula 4 – DI- Aula 5 – DIREI- SIMULADO 1 DE
- Elaborar os Exercícios 1 e Respostas do Respostas do Réu REITO MATE- TO MATERIAL: CORREÇÃO INDI-
exercícios e 1 e 2 de Reclama- Réu RIAL: Rafael Tonassi VIDUALIZADA
2 de Reclama- ção trabalhista Rafael Tonassi TEMAS CEN-
ção Trabalhista Disponibilização na TEMAS CEN- TRAIS: Protocolo do Pri-
área do aluno do Pri- TRAIS: meiro Simulado
meiro Simulado de Cor- Justa Causa de Correção Indi-
reção Individualizada Adicional de (azul) vidualizada: 11/08
Insalubridade e a 14/08
Periculosidade ESTUDO DO
(verde). DIREITO MA-
TERIAL DO
ESTUDO DE TRABALHO
DIREITO MA-
TERIAL DO 1) Ler CLT Or-
TRABALHO ganizada: res-
cisão (arts. 482
1) Ler CLT a 486 e 502,
Organizada: CLT).
adicional de
insalubridade e 2) Ler capítulo
periculosidade do livro: extin-
(arts. 192 a ção do contrato
195, CLT). de trabalho.
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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Cronograma
Aryanna Linhares
atividades insa- vras-chave de
lubres e peri- todos os artigos,
gosas. súmulas e OJs
relativos a ex-
Obs: As pala- tinção do con-
vras-chave de trato deverão
todos os arti- ser marcados
gos, súmulas e em azul na
OJs relativos à CLT.
insalubridade * mais de um
e periculosi- tema serão
dade deverão marcados em
ser marcados azul.
em verde na
CLT.
Elaborar: Aula 7: Aryan- Aula 8: Aryanna Aula 9: Aryanna Aula 6 – DIREITO Aula 7 – DI- SIMULADO 1 DE
- Exercícios 1 e 2 na - Correção de (blocos 1 e 2) MATERIAL: REITO MATE- CORREÇÃO NÃO
de Contestação - Correção dos Questões - Inquérito Judicial Rafael Tonassi RIAL: INDIVIDUALIZADA
exercícios 1 e 2 para Apuração de TEMA CENTRAL: Rafael Tonassi
Aula 1 de súmu- de Contesta- Falta Grave; e Férias (azul). TEMA CEN- +
las ção; - Ação de Consig- TRAL: domésti-
nação em Paga- + co (rosa) ASSISTIR A AULA
mento (blocos 1 e DE CORREÇÃO
2) ESTUDO DO DIREI- + DO SIMULADO
TO MATERIAL DO
+ TRABALHO ESTUDO DO
DIREITO MA-
Elaborar: 1) Ler CLT Organi- TERIAL DO
- Exercício de zada: férias (arts. TRABALHO
Inquérito Judicial 129 a 146).
para Apuração de 1) Ler a LC
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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Cronograma
Aryanna Linhares
Falta Grave; e 2) Ler Livro: Férias 150/2015 e art.
- Exercício de 7º, par. ú, CF
Ação de Consig- Obs: As palavras-
nação em Paga- chave de todos os 2) Ler Livro: no
mento. artigos, súmulas e capítulo de
OJs relativos a férias empregado -
+ deverão ser marca- outras espécies,
dos em azul na CLT. ler empregado
Aula 9: Aryanna doméstico.
(Blocos 3 e 4)
Assistir aos blo- Obs: As pala-
cos 3 e 4 de Cor- vras-chave de
reção dos Exercí- todos os artigos,
cios de Inquérito e súmulas e OJs
Ação de Consig- relativos a do-
nação em Paga- mésticos deve-
mento rão ser marca-
Justiça do Traba- dos em rosa na
lho CLT.
Aula 1: Renato Aulas 2: Renato Aula 10: Aryanna Elaborar: Aula 8 – DIREITO Aula 9 – DI- SIMULADO 2 DE
Saraiva Saraiva Recurso Ordinário - Exercício 1 e 2 de MATERIAL: REITO MA- CORREÇÃO INDI-
Dicas de Estudo Dicas de Estudo e Recurso Ordinário; Rafael Tonassi TERIAL: VIDUALIZADA
e Principais Te- Principais Temas TEMA CENTRAL: Rafael To-
mas Discutidos Discutidos na Resultado oficial aviso prévio (azul) nassi Protocolo do Se-
na Justiça do Justiça do Traba- do Primeiro Si- TEMA CEN- gundo Simulado
Trabalho lho mulado de Corre- Disponibilização + TRAL: tercei- de Correção Indi-
ção Individuali- na área do aluno rização de vidualizada: 25/08
+ zada do Segundo Simu- ESTUDO DO DI- mão de obra a 28/08
+ lado de Correção REITO MATERIAL (roxo)
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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Cronograma
Aryanna Linhares
Aula 2 de sú- + Individualizada DO TRABALHO
mulas Aula 3 de súmu- +
las ASSISTIR A AU-
LA DE CORRE- 1) Ler CLT Organi- ESTUDO DO
ÇÃO DO SIMU- zada: aviso prévio DIREITO
LADO (art. 487 a 491, MATERIAL
CLT) e Lei DO TRABA-
12.506/2011. LHO
Aula 11: Chat - Tira- Elaborar: AO VIVO 1- Prof. Aryanna Aula 10 DIREI- Aulas 11 – DI- SIMULADO 2 DE
Aryanna Dúvidas: - Exercício 1 de Linhares e Rafael Tonas- TO MATERIAL: REITO MATE- CORREÇÃO NÃO
Correção dos 19:00 às 20:00 Embargos à Exe- si: REMISSÕES Rafael Tonassi RIAL: INDIVIDUALIZADA
Exercícios 1 e 2 cução; TEMA CEN- Rafael Tonassi
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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Cronograma
Aryanna Linhares
de RO. Aula 12: - Exercício 1 de TRAL: relação TEMA CEN- +
Aryanna Impugnação à de trabalho e TRAL: suspen-
- Linha do Sentença de Li- relação de em- são e interrup- ASSISTIR A AULA
Tempo na Exe- quidação; prego e trabalho ção (lilás). DE CORREÇÃO
cução; - Exercício 1 de da mulher e do DO SIMULADO
- Embargos à Embargos de menor (cinza). +
Execução; Terceiro;
- Impugnação à - Exercício 1 de + ESTUDO DO
Sentença de Agravo de Petição DIREITO MA-
Liquidação; ESTUDO DO TERIAL DO
- Embargos de DIREITO MA- TRABALHO
Terceiro; TERIAL DO
TRABALHO 5) Ler CLT
Organizada:
1) Ler CLT Or- suspensão e
ganizada: rela- interrupção do
ção de emprego contrato de
(arts. 2º e 3º da trabalho (arts.
CLT) e mulher e 471 a 476-A,
menor (art. 372 CLT).
a 440, CLT).
6) Ler livro:
2) Ler livro: suspensão e
1 - Relação de interrupção do
trabalho e rela- contrato de
ção de emprego trabalho
- diferenciação;
2 - Requisitos Obs: As pala-
caracterizadores vras-chave de
da relação de todos os arti-
emprego; gos, súmulas e
3 - Proteção ao OJs relativos à
trabalho da suspensão e
mulher interrupção
deverão ser
Obs: As pala- marcados em
vras-chave de lilás na CLT.
todos os artigos,
súmulas e OJs
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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Cronograma
Aryanna Linhares
relativos à rela-
ção de empre-
go, mulher e
menor deverão
se marcados em
cinza na CLT.
DIA 05/09 DIA 06/09 DIA 07/09 DIA 08/09 DIA 09/09 DIA 10/09 DIA 11/09
Aula 13: Aryan- Aula 14: Aula 15: Aryanna Elaborar: Aulas 12 – DIREI- Aulas 4 e 5 de SIMULADO 3 DE
na Aryanna - RR; - Exercício de Re- TO MATERIAL: súmulas CORREÇÃO NÃO
Correção dos Correção de - ETST; curso de Revista; Rafael Tonassi INDIVIDUALIZADA
Exercícios de Questões TEMA CENTRAL:
- Embargos à Resultado oficial do AO VIVO 2 - Prof. direito coletivo +
Execução; Segundo Simulado Aryanna Linhares (marrom).
- Impugnação à de Correção Indivi- e Rafael Tonassi: ASSISTIR A AULA
Sentença de Li- dualizada REMISSÕES + DE CORREÇÃO DO
quidação; SIMULADO
- Embargos de + ESTUDO DO DI-
Terceiro; e REITO MATERI-
- Agravo de Peti- ASSISTIR A AULA AL DO TRABA-
ção DE CORREÇÃO DO LHO
SIMULADO
1) Ler CLT Orga-
nizada: direito
coletivo (artigo 8º,
CF e 611 a 614,
CLT)
Obs: As palavras-
chave de todos os
artigos, súmulas e
OJs relativos ao
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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Cronograma
Aryanna Linhares
direito coletivo
do trabalho deve-
rão se marcados
em marrom na
CLT.
DIA 12/09 DIA 13/09 DIA 14/09 DIA 15/09 DIA 16/09 DIA 17/09 DIA 18/09
Aula 16: Aryan- AO VIVO 3- Prof. Chat - Tira- Aula 17: Aryanna DIA DE ESTU- DIA DE ES- DIA DA APROVA-
na Aryanna Linhares Dúvidas: 19:00 (blocos 3 e 4) DO LIVRE TUDO LIVRE ÇÃO!
- Correção do e Rafael Tonassi: às 20:00 Assistir aos blocos
Exercício de REMISSÕES 3 e 4 de Correção
Recurso de Re- Aula 17: Aryan- dos Exercícios de
vista e de Em- na (blocos 1 e 2) Ação Rescisória e
bargos ao TST - Ação Rescisória Mandado de Segu-
e rança
- Mandado de
Segurança
Elaborar: Exercí-
cio de Ação Res-
cisória e Exercí-
cio de Mandado
de Segurança
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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Cronograma
Aryanna Linhares
Observações:
1 – O Curso está dividido da seguinte maneira: 2 aulas iniciais com o professor Renato Saraiva sobre dicas de estudo e principais temas discutidos na Justiça do Trabalho e 17
aulas com a professora Aryanna Linhares, 12 aulas de Direito do Trabalho (essas aulas variam de 1 a 4 blocos) e 5 aulas de súmulas e Ojs. São disponibilizados ainda 5 simula-
dos. Estes serão postados na página do aluno no dia que anteceder a sua realização.
2 – O cronograma acima apresentado é meramente exemplificativo, servindo apenas como sugestão. Cada aluno poderá elaborar o seu, de acordo com a sua dispo-
nibilidade de tempo.
3 – No cronograma proposto incluímos todas as aulas do curso. A programação foi elaborada de modo que, em regra, o aluno primeiro assista às aulas teóricas, depois elabore
as peças processuais e questões e, por fim, assista às aulas de correção dos exercícios.
4 – Destinamos 5 datas para a elaboração dos simulados. Nestes dias os alunos devem resolver o simulado procurando desenvolver as peças processuais e as questões no
mesmo tempo destinado a prova, em local silencioso e de posse da CLT e do vade mecum que levará na prova. Deve fazê-lo sem interrupção, buscando de fato simular o dia da
prova. Depois disso, o candidato deve assistir a aula de correção do mesmo.
5 – As propostas de exercícios da professora Aryanna estarão sempre à disposição do aluno com o material da aula de correção. Assim, por exemplo, sugerimos que em 16/08
sejam elaborados os exercícios 1 e 2 de contestação. Como a correção dos mesmos será realizada na aula 7, a proposta de peças e questões estará disponível junto ao material
desta aula.
6 - Caso não seja possível elaborar todas as peças propostas pela professora Aryanna com antecedência apontada no cronograma, sugerimos que o aluno assista às aulas de
correção e elabore as peças em junto com a professora.
8 – Quanto aos livros para preparação e para levar para a prova sugerimos os seguintes:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CLT:
1) CLT, Renato Saraiva, Aryanna Linhares, Rafael Tonassi, Ed. Método. 17ª Edição.
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OAB XX EXAME DE ORDEM – 2ª FASE
Processo do Trabalho – Cronograma
Aryanna Linhares
1 - Direito do Trabalho e Processo do Trabalho - 1ª Fase da OAB, Ed. Jus Podivm, Renato Saraiva, Rafael Tonassi e Aryanna Linhares, 2016
Esse cronograma será postado diariamente nos instagram dos professores @aryannalinhares e @rafaeltonassi, com uma faixa de concluído na programação do dia que se en-
cerra. Nele publicamos dicas, questões, pressentimentos, nos comunicamos com nosso aluno em tempo real e, principalmente, acompanhamos a sua preparação, incentivando-
o a não desanimar. Dessa forma, diariamente, conte-nos se concluiu a tarefa ou não e, neste caso, como fará para ficar em dia. Não deixe de participar. Queremos acompanhar
seu estudo. Esperamos você!
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AULAS PARA OAB 2ª FASE – XIX EXAME DE ORDEM
Português Jurídico – Aula 01
Rodrigo Bezerra
Tais conectores são usados para distribuir o assunto, ordenando as partes do texto, indicando quais são prio-
ritárias, conclusivas. Observe o desenvolvimento do tema abaixo com a utilização dos elementos de transposição
semântica.
TEMA: Privatização
INTRODUÇÃO: A privatização, nos moldes em que é feita em certos países do Terceiro Mundo, é altamente pre-
judicial às suas economias.
Em seguida, vendem-se as estatais a preços vis, muitíssimo abaixo de seu valor real,sem
Em segundo lugar, que o dinheiro dessas vendas traga qualquer reequilíbrio à economia dessas
Depois, nações.
Dessa forma, os governos de tais países deveriam interromper imediatamente esse processo
Assim, demolidor de suas nações e repensar novos caminhos para a resolução de
logo, suas crises econômicas.
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AULAS PARA OAB 2ª FASE – XIX EXAME DE ORDEM
Português Jurídico – Aula 01
Rodrigo Bezerra
FALTA DE AUTORIDADE
De repente o Judiciário começou a ser apontado como um dos maiores vilões da crise brasileira, em visão
distorcida e errada de seu papel na vida nacional. Tenho criticado vários atos e segmentos do Judiciário, cujo con-
trole externo defendo. Recentemente escrevi que se os juízes tiverem vontade de trabalhar - expressão com a
qual sintetizei aspectos das deficiências judiciais - resolverão muitos dos problemas sociais que enfrentamos na
atualidade. Assim sendo, sinto-me à vontade para negar que cabe ao Judiciário a maior culpa pela crise.
Em primeiro lugar, tenha-se presente que grande número dos processos civis, fiscais e trabalhistas tem
origem em ilegalidades praticadas por administradores públicos, cuja visão caolha faz com que queiram receber
créditos governamentais, mas não queiram saldar os respectivos débitos. Eles se esquecem da sabedoria de Vi-
cente Matheus quando trata das facas de dois legumes, pois o Judiciário eficiente tanto permitirá as cobranças
reclamadas, quanto forçará o poder público a parar com seus calotes e impedirá as ilegalidades cometidas.
Em segundo lugar, acentuo as omissões no cumprimento do dever legal dos outros poderes. Exemplo
mais gritante é do próprio Legislativo, que não aprovou as leis suplementares da Carta de 1988.
O Executivo, por seu lado, baixa instruções, decretos, portarias e toda sorte de medidas administrativas,
muitas das quais são flagrantemente ilegais. Forçam os contribuintes a se defenderem em juízo. Agravam o con-
gestionamento judicial. Nenhuma lesão ou ameaça de lesão ao direito individual pode ser excluída de apreciação
pelo Poder Judiciário na verdadeira democracia. Se o Executivo quiser que as pessoas diminuam a corrida aos
tribunais deve parar com as ilegalidades.
Assinalo, ainda, a distância numérica entre o aparato judiciário brasileiro e o universo ao qual ele deve
atender. Há menos de 20.000 juízes para quase 350.000 advogados, O número de processos em andamento se
conta aos milhões (só na justiça paulista existem 4 milhões). A deficiência não é culpa exclusiva do Judiciário,
embora este tenha boa parte da responsabilidade.
A máquina judiciária — fora das áreas da magistratura — é muito mal remunerada nas justiças estaduais.
A rotatividade é forte. A baixa remuneração, contraposta à mobilidade da força de trabalho, lidando com leis e
instruções freqüentemente conflitantes, mais confunde o processo judicial quando tratado por mão-de-obra des-
qualificada.
Necessário é lembrar da história recente do Brasil, na qual o Judiciário foi fonte principal de defesa dos in-
teresses individuais, ante o mau comportamento dos outros poderes.
Lembro o homicídio, ocorrido em 1975, cujo réu — que teve este mês presença meteórica no Ministério da
Agricultura — não foi julgado até o presente, como outro exemplo de responsabilidade múltipla. A demora escan-
dalosa não seria possível com o Ministério Público, titular da acusação, atento e diligente. Nunca seria possível
sob a legislação aprimorada, sem prejuízo das garantias de ampla defesa, como tem acontecido no freqüentemen-
te citado exemplo italiano. Também não seria possível, é evidente, se os muitos juízes que passaram pelo caso
tivessem tido vontade de trabalhar.
O Brasil precisa recompor as deficiências de sua economia em crise. A magistratura deve participar desse
esforço. Todavia, o brasileiro não pode supor que a lentidão do Judiciário impede a recuperação. O exame atento
mostrará a injustiça de lançar todas as culpas sobre as costas dos magistrados. Inocentes, de todo, eles não são.
Mas a culpa — se é o caso de nos preocuparmos com culpas em pleno centro da tempestade — melhor será divi-
di-la com os dois outros poderes, detonadores da confusão em que temos vivido e, portanto, sem autoridade mo-
ral para criticarem os homens (e mulheres) da toga.
Walter Cenevida, Folha de S. Paulo
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AULAS PARA OAB 2ª FASE – XIX EXAME DE ORDEM
Português Jurídico – Aula 01
Rodrigo Bezerra
4. ORIENTAÇÕES FINAIS:
1. Procure distinguir as premissas das conclusões. É preciso saber, antes de começar, aonde você quer chegar.
2. Apresente suas ideias em uma ordem natural. Se o caso for simples, deixe suas conclusões para o final.
3. Seja concreto e conciso.
4. Evite linguagem agressiva. Não tente melhorar a sua argumentação distorcendo, menosprezando ou ridiculari-
zando o argumento da parte contrária.
5. Use termos consistentes.
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AULAS PARA OAB 2ª FASE – XIX EXAME DE ORDEM
Português Jurídico – Aula 01
Rodrigo Bezerra
Bibliografia:
Damião, Regina Toledo e Henrique, Antonio. Curso de Português Jurídico, 10ª ed., São Paulo, Editora Atlas,
2007.
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OAB 2ª FASE - BANCO DE DIREITO MATERIAL
Súmulas e OJ’S - Aula 01
Rafael Tonassi
SUM-9 A ausência do reclamante, quando adiada SUM-47 O trabalho executado em condições insa-
a instrução após contestada a ação em audiência, lubres, em caráter intermitente, não afasta, só por
não importa arquivamento do processo. essa circunstância, o direito à percepção do respec-
Sum 74 tivo adicional.
I ‐ Aplica‐se a confissão à parte que, expressamente
intimada com aquela cominação, não comparecer à SUM – 364 Tem direito ao adicional de periculosi-
audiência em prosseguimento, na qual deveria de- dade o empregado exposto permanentemente ou
por. que, de forma intermitente, sujeita‐se a condições
II ‐ A prova pré‐constituída nos autos pode ser leva- de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá‐se
da em conta para confronto com a confissão ficta, de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou
não implicando cerceamento de defesa o indeferi- que, sendo habitual, dá‐se por tempo extremamente
mento de provas posteriores. reduzido.
III‐ A vedação à produção de prova posterior pela ( Cancelado o Item II)
parte confessa somente a ela se aplica, não afetan-
do o exercício, pelo magistrado, do poder/dever de SUM-80 A eliminação da insalubridade mediante
conduzir o processo”. fornecimento de aparelhos protetores aprovados
pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a
SUM-122 A reclamada, ausente à audiência em percepção do respectivo adicional.
que deveria apresentar defesa, é revel, ainda que
presente seu advogado munido de procuração, po- SUM-289 O simples fornecimento do aparelho de
dendo ser ilidida a revelia mediante a apresentação proteção pelo empregador não o exime do paga-
de atestado médico, que deverá declarar, expres- mento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe to-
samente, a impossibilidade de locomoção do em- mar as medidas que conduzam à diminuição ou
pregador ou do seu preposto no dia da audiência. eliminação da nocividade, entre as quais as relati-
vas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.
SUM-377 Exceto quanto à reclamação de empre-
gado doméstico, ou contra micro ou pequeno em- Súmula nº 447 do TST
presário, o preposto deve ser necessariamente em- Os tripulantes e demais empregados em serviços
pregado do reclamado. Inteligência do art. 843, § 1º, auxiliares de transporte aéreo que, no momento do
da CLT e do art. 54 da Lei Complementar nº 123, de abastecimento da aeronave, permanecem a bordo
14 de dezembro de 2006. não têm direito ao adicional de periculosidade a que
aludem o art. 193 da CLT e o Anexo 2, item 1, "c",
SUM- 425 O jus postulandi das partes, estabeleci- da NR 16 do MTE.
do no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Traba-
lho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não Súmula nº 448 do TST
alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o I - Não basta a constatação da insalubridade por
mandado de segurança e os recursos de competên- meio de laudo pericial para que o empregado tenha
cia do Tribunal Superior do Trabalho. direito ao respectivo adicional, sendo necessária a
classificação da atividade insalubre na relação ofici-
OJ-SDI1-245 Inexiste previsão legal tolerando al elaborada pelo Ministério do Trabalho.
atraso no horário de comparecimento da parte na II – A higienização de instalações sanitárias de uso
audiência. público ou coletivo de grande circulação, e a respec-
tiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza
SUM-14 Reconhecida a culpa recíproca na resci- em residências e escritórios, enseja o pagamento
são do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o de adicional de insalubridade em grau máximo, inci-
empregado tem direito a 50% (cinqüenta por cento) dindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria
do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e industrializa-
e das férias proporcionais. ção de lixo urbano.
SUM-48 A compensação só poderá ser argüida A realização de perícia é obrigatória para a verifica-
com a contestação. ção de insalubridade. Quando não for possível sua
realização, como em caso de fechamento da em-
SUM-43 Presume-se abusiva a transferência de presa, poderá o julgador utilizar-se de outros meios
que trata o § 1º do art. 469 da CLT, sem comprova- de prova.
ção da necessidade do serviço.
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OAB 2ª FASE - BANCO DE DIREITO MATERIAL
Súmulas e OJ’S - Aula 01
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Súmulas e OJ’S - Aula 01
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Súmulas e OJ’S - Aula 02
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Súmulas e OJ’S - Aula 02
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Súmulas e OJ’s - Aula 03
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Súmulas e OJ’s - Aula 03
Rafael Tonassi
o Tribunal de pronunciar tese, não obstante opostos te com o tomador dos serviços, salvo no caso de
embargos de declaração. trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
SUM-305 O pagamento relativo ao período de • II - A contratação irregular de trabalhador, medi-
aviso prévio, trabalhado ou não, está sujeito a con- ante empresa interposta, não gera vínculo de em-
tribuição para o FGTS. prego com os órgãos da Administração Pública dire-
ta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).
SUM-338 III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a
I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102,
(dez) empregados o registro da jornada de trabalho de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem
na forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não- como a de serviços especializados ligados à ativi-
apresentação injustificada dos controles de frequên- dade-meio do tomador, desde que inexistente a
cia gera presunção relativa de veracidade da jorna- pessoalidade e a subordinação direta.
da de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas,
contrário. por parte do empregador, implica a responsabilida-
II - A presunção de veracidade da jornada de traba- de subsidiária do tomador dos serviços quanto
lho, ainda que prevista em instrumento normativo, àquelas obrigações, desde que haja participado da
pode ser elidida por prova em contrário. relação processual e conste também do título exe-
III - Os cartões de ponto que demonstram horários cutivo judicial.
de entrada e saída uniformes são inválidos como V - Os entes integrantes da Administração Pública
meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, rela- direta e indireta respondem subsidiariamente, nas
tivo às horas extras, que passa a ser do emprega- mesmas condições do item IV, caso evidenciada a
dor, prevalecendo a jornada da inicial se dele não sua conduta culposa no cumprimento das obriga-
se desincumbir ções da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente
na fiscalização do cumprimento das obrigações
SUM-341 A indicação do perito assistente é facul- contratuais e legais da prestadora de serviço como
dade da parte, a qual deve responder pelos respec- empregadora. A aludida responsabilidade não de-
tivos honorários, ainda que vencedora no objeto da corre de mero inadimplemento das obrigações tra-
perícia. balhistas assumidas pela empresa regularmente
SUM-342 Descontos salariais efetuados pelo em- contratada.
pregador, com a autorização prévia e por escrito do VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de
empregado, para ser integrado em planos de assis- serviços abrange todas as verbas decorrentes da
tência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, condenação referentes ao período da prestação
de previdência privada, ou de entidade cooperativa, laboral.
cultural ou recreativo-associativa de seus trabalha-
dores, em seu benefício e de seus dependentes, • SUM-357
não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo Não torna suspeita a testemunha o simples fato de
se ficar demonstrada a existência de coação ou de estar litigando ou de ter litigado contra o mesmo
outro defeito que vicie o ato jurídico. empregador.
OJ 160 SDI - 1.
• SUM-360
É inválida a presunção de vício de consentimento A interrupção do trabalho destinada a repouso e
resultante do fato de ter o empregado anuído ex- alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo
pressamente com descontos salariais na oportuni- para repouso semanal, não descaracteriza o turno
dade da admissão. É de se exigir demonstração de revezamento com jornada de 6 (seis) horas pre-
concreta do vício de vontade. visto no art. 7º, XIV, da CF/1988.
SUM-354 • SUM-423
As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de • Estabelecida jornada superior a seis horas e
serviço ou oferecidas espontaneamente pelos clien- limitada a oito horas por meio de regular negociação
tes, integram a remuneração do empregado, não coletiva, os empregados submetidos a turnos inin-
servindo de base de cálculo para as parcelas de terruptos de revezamento não tem direito ao paga-
aviso-prévio, adicional noturno, horas extras e re- mento da 7ª e 8ª horas como extras.
pouso semanal remunerado.
• OJ-SDI1-360
SUM-331 Faz jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV,
I - A contratação de trabalhadores por empresa da CF/1988 o trabalhador que exerce suas ativida-
interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamen- des em sistema de alternância de turnos, ainda que
em dois turnos de trabalho, que compreendam, no
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• SUM-363
• A contratação de servidor público, após a
CF/1988, sem prévia aprovação em concurso públi-
co, encontra óbice no respectivo art. 37, II e § 2º,
somente lhe conferindo direito ao pagamento da
contraprestação pactuada, em relação ao número
de horas trabalhadas, respeitado o valor da hora do
salário mínimo, e dos valores referentes aos depósi-
tos do FGTS.
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repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais decorrentes da inobservância dos critérios
salariais. de promoção estabelecidos em Plano de Cargos e
IV - Ultrapassada habitualmente a jornada de seis Salários criado pela empresa, a prescrição aplicável
horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo in- é a parcial, pois a lesão é sucessiva e se renova
trajornada mínimo de uma hora, obrigando o em- mês a mês.
pregador a remunerar o período para descanso e
alimentação não usufruído como extra, acrescido do Súmula 390 do TST
respectivo adicional, na forma prevista no art. 71,
caput e § 4º da CLT. I - O servidor público celetista da administração
direta, autárquica ou fundacional é beneficiário da
Súm 438 do TST estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988.
II - Ao empregado de empresa pública ou de socie-
O empregado submetido a trabalho contínuo em dade de economia mista, ainda que admitido medi-
ambiente artificialmente frio, nos termos do parágra- ante aprovação em concurso público, não é garanti-
fo único do art. 253 da CLT, ainda que não labore da a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988.
em câmara frigorífica, tem direito ao intervalo intra- (ex-Oj nº 229 - Inserida em 20.06.2001)
jornada previsto no caput do art. 253 da CLT.
Súmula nº 440 do TST SUM-101 DIÁRIAS DE VIAGEM. SALÁRIO (incor-
Assegura-se o direito à manutenção de plano de porada a Orientação Jurisprudencial nº 292 da
saúde ou de assistência médica oferecido pela em- SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
presa ao empregado, não obstante suspenso o con- Integram o salário, pelo seu valor total e para efeitos
trato de trabalho em virtude de auxílio-doença aci- indenizatórios, as diárias de viagem que excedam a
dentário ou de aposentadoria por invalidez. 50% (cinqüenta por cento) do salário do empregado,
enquanto perdurarem as viagens.
Súmula nº 444 do TST
OJ-SDI1-92 Em caso de criação de novo municí-
É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze pio, por desmembramento, cada uma das novas
horas de trabalho por trinta e seis de descanso, entidades responsabiliza-se pelos direitos trabalhis-
prevista em lei ou ajustada exclusivamente median- tas do empregado no período em que figurarem
te acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva como real empregador.
de trabalho, assegurada a remuneração em dobro
dos feriados trabalhados. OJ 310 SDI1 TST
O empregado não tem direito ao pagamento de Inaplicável ao processo do trabalho a regra contida
adicional referente ao labor prestado na décima no art. 229, caput e §§ 1o e 2o do CPC de 2015 (art.
primeira e décima segunda horas. 191 do CPC de 1973) em razão de incompatibilida-
Súmula nº 450 do TST de com a celeridade que lhe é inerente.
É devido o pagamento em dobro da remuneração
de férias, incluído o terço constitucional, com base OJ-SDI1-323 É válido o sistema de compensação
no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na de horário quando a jornada adotada é a denomina-
época própria, o empregador tenha descumprido o da "semana espanhola", que alterna a prestação de
prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal. 48 horas em uma semana e 40 horas em outra, não
violando os arts. 59, § 2º, da CLT e 7º, XIII, da
SÚMULA 451 do TST CF/1988 o seu ajuste mediante acordo ou conven-
ção coletiva de trabalho.
Fere o princípio da isonomia instituir vantagem me-
diante acordo coletivo ou norma regulamentar que OJ-SDI1-361 A aposentadoria espontânea não é
condiciona a percepção da parcela participação nos causa de extinção do contrato de trabalho se o em-
lucros e resultados ao fato de estar o contrato de pregado permanece prestando serviços ao empre-
trabalho em vigor na data prevista para a distribui- gador após a jubilação. Assim, por ocasião da sua
ção dos lucros. dispensa imotivada, o empregado tem direito à mul-
Assim, inclusive na rescisão contratual antecipada, ta de 40% do FGTS sobre a totalidade dos depósi-
é devido o pagamento da parcela de forma propor- tos efetuados no curso do pacto laboral.
cional aos meses trabalhados, pois o ex-empregado
concorreu para os resultados positivos da empresa. OJ-SDI1-375 A suspensão do contrato de traba-
lho, em virtude da percepção do auxílio-doença ou
Súmula nº 452 do TST da aposentadoria por invalidez, não impede a fluên-
cia da prescrição quinquenal, ressalvada a hipótese
Tratando-se de pedido de pagamento de diferenças de absoluta impossibilidade de acesso ao Judiciário.
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Súmula nº 43 do TST II - Ao empregado de empresa pública ou de socie-
Presume-se abusiva a transferência de que trata o § dade de economia mista, ainda que admitido medi-
1º do art. 469 da CLT, sem comprovação da neces- ante aprovação em concurso público, não é garanti-
sidade do serviço. da a estabilidade prevista no art. 41 da CF/1988.
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Inexiste previsão legal tolerando atraso no horário como área de risco toda a área interna da constru-
de comparecimento da parte na audiência. ção vertical.
OJ 251. DESCONTOS. FRENTISTA. CHEQUES OJ 388. JORNADA 12X36. JORNADA MISTA QUE
SEM FUNDOS (inserida em 13.03.2002) COMPREENDA A TOTALIDADE DO PERÍODO
É lícito o desconto salarial referente à devolução de NOTURNO. ADICIONAL NOTURNO. DEVI-
cheques sem fundos, quando o frentista não obser- DO. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010)
var as recomendações previstas em instrumento O empregado submetido à jornada de 12 horas de
coletivo. trabalho por 36 de descanso, que compreenda a
totalidade do período noturno, tem direito ao adicio-
OJ 261. BANCOS. SUCESSÃO TRABALHISTA nal noturno, relativo às horas trabalhadas após as 5
(inserida em 27.09.2002) horas da manhã.
As obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à
época em que os empregados trabalhavam para o OJ 395. TURNO ININTERRUPTO DE REVEZA-
banco sucedido, são de responsabilidade do suces- MENTO. HORA NOTURNA REDUZIDA. INCIDÊN-
sor, uma vez que a este foram transferidos os ati- CIA. (DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010)
vos, as agências, os direitos e deveres contratuais, O trabalho em regime de turnos ininterruptos de
caracterizando típica sucessão trabalhista. revezamento não retira o direito à hora noturna re-
duzida, não havendo incompatibilidade entre as
OJ 366. ESTAGIÁRIO. DESVIRTUAMENTO DO disposições contidas nos arts. 73, § 1º, da CLT e 7º,
CONTRATO DE ESTÁGIO. RECONHECIMENTO XIV, da Constituição Federal.
DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM A ADMINIS-
TRAÇÃO PÚBLICA DIRETA ou INDIRETA. PERÍ- OJ 410. REPOUSO SEMANAL REMUNERADO.
ODO POSTERIOR À CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONCESSÃO APÓS O SÉTIMO DIA CONSECU-
DE 1988. IMPOSSIBILIDADE (DJ 20, 21 e TIVO DE TRABALHO. ART. 7º, XV, DA CF. VIOLA-
23.05.2008) ÇÃO. (DEJT divulgado em 22, 25 e 26.10.2010)
Ainda que desvirtuada a finalidade do contrato de Viola o art. 7º, XV, da CF a concessão de repouso
estágio celebrado na vigência da Constituição Fede- semanal remunerado após o sétimo dia consecutivo
ral de 1988, é inviável o reconhecimento do vínculo de trabalho, importando no seu pagamento em
empregatício com ente da Administração Pública dobro.
direta ou indireta, por força do art. 37, II, da
CF/1988, bem como o deferimento de indenização OJ 413.AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. ALTERAÇÃO DA
pecuniária, exceto em relação às parcelas previstas NATUREZA JURÍDICA. NORMA COLETIVA OU
na Súmula nº 363 do TST, se requeridas. ADESÃO AO PAT. (DEJT divulgado em 14, 15 e
16.02.2012)
OJ 383. TERCEIRIZAÇÃO. EMPREGADOS DA A pactuação em norma coletiva conferindo caráter
EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS E DA indenizatório à verba “auxílio-alimentação” ou a
TOMADORA. ISONOMIA. ART. 12, “A”, DA LEI Nº adesão posterior do empregador ao Programa de
6.019, DE 03.01.1974. (mantida) - Res. 175/2011, Alimentação do Trabalhador — PAT — não altera a
DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 natureza salarial da parcela, instituída anteriormen-
A contratação irregular de trabalhador, mediante te, para aqueles empregados que, habitualmente, já
os
empresa interposta, não gera vínculo de emprego percebiam o benefício, a teor das Súmulas n. 51, I,
com ente da Administração Pública, não afastando, e 241 do TST.
contudo, pelo princípio da isonomia, o direito dos
empregados terceirizados às mesmas verbas traba-
lhistas legais e normativas asseguradas àqueles OJ 416. IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. ORGANI-
contratados pelo tomador dos serviços, desde que ZAÇÃO OU ORGANISMO INTERNACIONAL.
presente a igualdade de funções. Aplicação analó- (DEJT divulgado em 14, 15 e 16.02.2012)
gica do art. 12, “a”, da Lei nº 6.019, de 03.01.1974. As organizações ou organismos internacionais go-
zam de imunidade absoluta de jurisdição quando
OJ 385. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DE- amparados por norma internacional incorporada ao
VIDO. ARMAZENAMENTO DE LÍQUIDO INFLA- ordenamento jurídico brasileiro, não se lhes apli-
MÁVEL NO PRÉDIO. CONSTRUÇÃO VERTICAL. cando a regra do Direito Consuetudinário relativa à
(DEJT divulgado em 09, 10 e 11.06.2010) natureza dos atos praticados. Excepcionalmente,
É devido o pagamento do adicional de periculosida- prevalecerá a jurisdição brasileira na hipótese de
de ao empregado que desenvolve suas atividades renúncia expressa à cláusula de imunidade jurisdi-
em edifício (construção vertical), seja em pavimento cional.
igual ou distinto daquele onde estão instalados tan-
ques para armazenamento de líquido inflamável, em
quantidade acima do limite legal, considerando-se
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OJ 420.TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZA-
MENTO. ELASTECIMENTO DA JORNADA DE
TRABALHO. NORMA COLETIVA COM EFICÁCIA
RETROATIVA. INVALIDADE. (DEJT divulgado em
28 e 29.06.2012 e 02.07.2012)
É inválido o instrumento normativo que, regulari-
zando situações pretéritas, estabelece jornada de
oito horas para o trabalho em turnos ininterruptos de
revezamento.
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• No 460. VALE-TRANSPOR
PROVA.
• mprega mprovar que o
emprega atisfaz os requisitos indispen-
nces -trans
pretenda fazer uso do bene
• No 461. FGTS. DIFE ECOLHIMEN-
OVA.
• mprega ova em re
regularidade dos, de aga-
men ato extintivo do direito do autor (art. 373 II,
do CPC de 2015).
• No 462. MULTA DO ART. 477, § 8o, DA CLT.
INCI
• A circuns e mprego ter sido
reconhecido ape n
afastar a inci evista no art. 477,
§8o, da CLT. A referi evida ape-
nas quando, comprovadamente, o empre
agamento das verbas resci
• Súm 85
• - rdo de compen
jornada em atividade insalubre, ainda que estipula-
do em norma coletiva, sem a neces s
rmis utoridade competente, na
forma do art. 60 da CLT.
• Súm 364
• - rdo ou con-
etiva de trabalho fixando o adicional de
periculosidade em percentual inferior ao estabeleci-
do em lei e proporcional ao tempo de expo
risco, pois tal parcela constitui medida de higie
egu abalho, garantida por norma
de or
193, §1o, da CLT).
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grupo econômico.
A CF/1988, no art. 7.º, XXX, proíbe qualquer dife- • Mesma localidade: o requerente da equiparação
rença de salários, de exercício de funções e de cri- salarial e o paradigma devem laborar no mesmo
tério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou Município ou em Municípios distintos que, compro-
estado civil. vadamente, pertençam à mesma região metropolita-
Logo, o exercício da mesma função na empresa, na.
atendidos os requisitos impostos pela lei, gera a • Simultaneidade na prestação de serviços
necessária igualdade de salários, podendo o tra- (contemporaneidade): é mister que haja simulta-
balhador prejudicado ou discriminado postular no neidade na prestação de serviços entre equi- paran-
Judiciário trabalhista a equiparação salarial com o do e o paradigma.
modelo ou paradigma.
O requerente da equiparação judicial chama-se O TST posiciona-se no sentido de ser desnecessário
paragonado. O modelo chama-se paradigma. que ao tempo da reclamação envolvendo pedido de
A equiparação ou isonomia salarial está disciplinada equiparação salarial, reclamante e paradig- ma este-
no art. 461 e §§ da CLT, que estabelecem: jam a serviço do estabelecimento, desde que o pe-
“Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho dido se relacione com situação pretérita.
de igual valor, prestado ao mesmo empregador, na Inexistindo simultaneidade na prestação de serviços,
mesma localidade, corresponderá igual salário, sem mas sucessividade, ou seja, quando um empregado
distinção de sexo, nacionalidade ou idade. sucede a outro na empresa, no desempenho das
§ 1.º Trabalho de igual valor, para os fins deste Ca- funções, não há falar em isonomia salarial.
pítulo, será o que for feito com igual produtividade Ilustrativamente, seria a situação comum nos dias
e com a mesma perfeição técnica, entre pessoas atuais de recessão a empresa dispensar um empre-
cuja diferença de tempo de serviço não for superior gado mais experiente, contratando um novato para
a 2 (dois) anos. substituí-lo, com salários mais baixos, com o objetivo
§ 2.º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão de reduzir custos.
quando o empregador tiver pessoal organizado em Nessa situação, como não houve simultaneidade ou
quadro de carreira, hipótese em que as promoções contemporaneidade na prestação de serviços, inde-
deverão obedecer aos critérios de antiguidade e mere- vida a equiparação salarial.
cimento. Todavia, havendo substituição temporária de um
§ 3.º No caso do parágrafo anterior, as promoções obreiro pelo outro no desempenho das funções, o
deverão ser feitas alternadamente por merecimento TST entende que deve haver igualdade de salários
e por antiguidade, dentro de cada categoria profissi- entre o substituto e o substituído, durante o interreg-
onal. no da subs- tituição, conforme previsto na Súmula
§ 4.º O trabalhador readaptado em nova função por 159 do TST, com redação dada pela Res. 129/2005:
motivo de deficiência física ou mental atestada pelo “S.159/TST. Substituição de caráter não eventual e
órgão competente da Previdência Social não servirá vacância do cargo.
de paradigma para fins de equiparação salarial”. I – Enquanto perdurar a substituição que não te-
nha caráter meramen- te eventual, inclusive nas
Nesse diapasão, o trabalhador, ao pleitear judicial- férias, o empregado substituto fará jus ao salário
mente a equiparação salarial, deverá obedecer a contratual do substituído.
alguns requisitos. Vejamos: II – Vago o cargo em definitivo, o empregado que
passa a ocupá-lo não tem direito a salário igual ao
• Identidade de funções: para configuração da do antecessor.”
equiparação salarial, o requerente da equiparação
(paragonado) e o paradigma têm de exercer a mesma • Inexistência de quadro organizado em carrei-
função. ra: a adoção pelo empregador de quadro organizado
• Trabalho de igual valor: é o que for feito com em carreira, em que as promoções são feitas por
igual produtividade e com a mesma perfeição antiguidade e merecimento, alternadamente, exclu-
técnica, entre pessoas cuja diferença de tempo de em o direito à equiparação salarial.
serviço na função não seja superior a dois anos. O
elemento quantitativo é medido pela produtividade; o O quadro de carreira deve ser homologado pelo
elemento qualitativo é medido pela perfeição técni- Ministério do Trabalho, salvo quando se tratar de
ca. quadro de carreira organizado por pessoa jurídica de
• Mesmo empregador: o trabalho realizado pelo Direito Público interno, quando a simples aprovação
requerente da equipa- ração salarial e paradigma do ato administrativo pela autoridade competente já
deve ser prestado ao mesmo empregador. A doutrina é suficiente para validar o quadro.
majoritária tem aceito o pleito de equiparação sala-
rial entre empregados que pertençam ao mesmo
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Embora sendo indevida a equiparação salarial, caso III – A equiparação salarial só é possível se o em-
exista quadro de carreira devidamente homologado, pregado e o paradigma exercerem a mesma função,
a Justiça do Trabalho será competente para apreci- desempenhando as mesmas tarefas, não importan-
ar reclamação trabalhista de empregado que tenha do se os cargos têm, ou não, a mesma denomina-
por objeto direito fundado no quadro de carreira, ção.
sempre que a ação for baseada em preterição, en- IV – É desnecessário que, ao tempo da reclamação
quadramento ou reclassificação (S. 19 e 127, am- sobre equiparação salarial, reclamante e paradigma
bas do TST). estejam a serviço do estabelecimento, desde que o
Sobre este assunto, atente-se, ainda, à seguinte pedido se relacione com situação pretérita.
orientação jurisprudencial: V – A cessão de empregados não exclui a equipa-
“OJ 418 – SDI-I/TST. – Equiparação salarial. Plano ração salarial, embora exercida a função em órgão
de cargos e salá- rios. Aprovação por instrumento governamental estranho à cedente, se esta respon-
coletivo. Ausência de alternância de critérios de de pelos salários do paradigma e do reclamante.
promoção por antiguidade e merecimento. (DEJT VI – Presentes os pressupostos do art. 461 da CLT,
divulgado em 12, 13 e 16.04.2012) – Não constitui é irrelevante a cir- cunstância de que o desnível
óbice à equiparação salarial a existência de pla- salarial tenha origem em decisão judicial que bene-
no de cargos e salários que, referendado por nor- ficiou o paradigma, exceto: a) se decorrente de van-
ma coletiva, prevê critério de promoção apenas por tagem pessoal ou de tese jurídica superada pela
merecimento ou antiguidade, não atendendo, por- jurisprudência de Corte Su- perior; b) na hipótese de
tanto, o requisito de alternância dos critérios, previs- equiparação salarial em cadeia, suscitada em defe-
to no art. 461, § 2º, da CLT.” sa, se o empregador produzir prova do alegado fato
modificativo, impeditivo ou extintivo do direito à
Algumas observações sobre a equiparação salarial: equiparação salarial em relação ao paradigma
• o trabalhador readaptado em nova função, por remoto, considerada irrelevante, para esse efeito, a
motivo de deficiência física ou mental, atestada pelo existência de diferença de tempo de serviço na fun-
órgão competente da Previdência So- cial, jamais ção superior a dois anos entre o reclamante e os
servirá de paradigma para efeitos de equiparação empregados paradigmas componentes da cadeia
salarial; equiparatória, à exceção do paradigma imediato.
• o empregado ajuizará reclamação trabalhista VII – Desde que atendidos os requisitos do art. 461
indicando o paradigma e requerendo a equiparação da CLT, é possível a equiparação salarial de traba-
salarial, provando a identidade de funções (fato lho intelectual, que pode ser avaliado por sua per-
constitutivo); feição técnica, cuja aferição terá critérios objeti-
• ao empregador caberá demonstrar o fato modifi- vos.
cativo, extintivo ou impeditivo do direito do autor (E. VIII – É do empregador o ônus da prova do fato
68 do TST), como, por exemplo, prova de que para- impeditivo, modifi- cativo ou extintivo da equipa-
gonado e paradigma executam funções diversas, ração salarial.
que não prestam serviços ao mesmo empregador, IX – Na ação de equiparação salarial, a prescrição
que não laboram na mesma localidade, que o para- é parcial e só alcan- ça as diferenças salariais ven-
digma é trabalhador readaptado etc. cidas no período de 5 (cinco) anos que precedeu o
ajuizamento.
A cessão de empregados não exclui a equiparação X – O conceito de ‘mesma localidade’ de que trata
salarial, embora exer- cida a função em órgão gover- o art. 461 da CLT refere-se, em princípio, ao mesmo
namental estranho à cedente, se esta responde pelos município, ou a municípios distintos que, comprova-
salários do paradigma e do reclamante. damente, pertençam à mesma região metropolita-
Cabe destacar a Súmula 6 do TST, in verbis: na.”
“Súmula 6 do TST – Equiparação salarial. Art. 461
da CLT. Para facilitar o estudo do leitor, preparamos o qua-
I – Para os fins previstos no § 2.º do art. 461 da dro:
CLT, só é válido o quadro de pessoal organizado em
carreira quando homologado pelo Ministério do Tra-
balho, excluindo-se, apenas, dessa exigência o
quadro de carreira das entidades de direito públi-
co da administração direta, autárquica e fundacio-
nal aprovado por ato administrativo da autoridade
competente.
II – Para efeito de equiparação de salários em
caso de trabalho igual, conta-se o tempo de serviço
na função e não no emprego.
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Direito Do Trabalho - Aula 02
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GARANTIA PROVISÓRIA DE EMPREGO gurada aos dirigentes de sindicato, e não aos diri-
gentes de simples associações.
Dirigente sindical O art. 659, X, da CLT, permite ao juiz da Vara do
Trabalho conceder medida liminar até decisão final
A CLT conferiu proteção especial ao emprego do do processo, em reclamações trabalhistas que
representante sindical, para que este pudesse visem reintegrar no emprego dirigente sindical
desempenhar suas funções com independência, afastado, suspenso ou dispensado pelo emprega-
sem o receio de sofrer represálias do empregador, dor.
conforme se verifica no § 3.º do art. 543, in verbis: Sobre a estabilidade do dirigente sindical, impende
“§ 3.º Fica vedada a dispensa do empregado sindi- destacar as seguintes Súmulas do TST:
calizado ou associado, a partir do momento do “Súmula 369 do TST. Dirigente sindical. Estabilida-
registro de sua candidatura a cargo de direção ou de provisória (redação do item I alterada na sessão
representação de entidade sindical ou de associa- do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012)
ção profissional, até 1 (um) ano após o final do seu
mandato, caso seja eleito, inclusive como suplente, I – É assegurada a estabilidade provisória ao
salvo se cometer falta grave, devidamente apurada empregado dirigente sindical, ainda que a comuni-
nos termos desta Consolidação”. cação do registro da candidatura ou da eleição e
da posse seja realizada fora do prazo previsto
A Carta Magna, no art. 8.º, VIII, elevou em âmbito no art. 543,
constitucional a proteção à atividade sindical, ao § 5.º, da CLT, desde que a ciência ao empregador,
dispor: por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato
“Art. 8.º É livre a associação profissional ou sindi- de trabalho.
cal, observado o seguinte: II – O art. 522 da CLT foi recepcionado pela
VIII – É vedada a dispensa do empregado sindica- Constituição Federal de 1988. Fica limitada, as-
lizado a partir do registro da candidatura a cargo sim, a estabilidade a que alude o artigo 543,
de direção ou representação sindical e, se eleito, § 3.º, da CLT, a sete dirigentes sindicais e igual
ainda que suplente, até um ano após o final do número de suplentes (Nova redação, Res. 174, de
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos 24.05.2011).
da lei”. III – O empregado de categoria diferenciada eleito
dirigente sindical só goza de estabilidade se exer-
O dirigente de categoria profissional diferenciada cer na empresa atividade pertinente à categoria
também tem direito à estabilidade provisória em profissional do sindicato para o qual foi eleito diri-
comento, desde que a função exercida perante o gente (ex-OJ n. 145 – Inserida em 27.11.1998).
empregador corresponda à da categoria do sindi- IV – Havendo extinção da atividade empresarial no
cato em que é dirigente. âmbito da base territorial do sindicato, não há ra-
Contudo, se o empregado não exerce na empresa a zão para subsistir a estabilidade (ex-OJ n. 86 –
atividade da categoria profissional a qual represen- Inserida em 28.04.1997).
ta, não terá direito à estabilidade. V – O registro da candidatura do empregado a
Vale frisar que o § 5.º do art. 543 estabelece que a cargo de dirigente sindical durante o período de
entidade comuni- cará por escrito à empresa, den- aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe asse-
tro de 24 horas, o dia e a hora do registro da can- gura a estabilidade, visto que inaplicável a regra
didatura do seu empregado e, em igual prazo, sua do § 3.º do art. 543 da Consolidação das Leis do
eleição e posse. Trabalho (ex-OJ n. 35 – Inserida em
Nesse contexto, a comunicação do registro da 14.03.1994)”.
candidatura do dirigente sindical é formalidade “Súmula 379 do TST – Dirigente sindical. Despedi-
essencial para aquisição de estabilidade pelo da. Falta grave. In- quérito judicial. Necessidade
obreiro. (conversão da Orientação Jurisprudencial n. 114
A estabilidade sindical não é garantia pessoal do da SDI-1) – Res. 129/2005 – DJ 20.04.2005.
empregado, mas sim uma prerrogativa da categoria O dirigente sindical somente poderá ser dispensa-
para possibilitar o exercício da representação sindi- do por falta grave mediante a apuração em inquéri-
cal. to judicial, inteligência dos arts. 494 e 543, §
Objetiva a estabilidade proteger o trabalhador contra 3.º, da CLT (ex-OJ n. 114 – Inserida em
eventuais ameaças do empregador, a fim de asse- 20.11.1997)”.
gurar a independência na defesa dos interesses
gerais da categoria ou individuais de seus repre- Cabe ainda destacar a Súmula 396 do TST:
sentados. “S. 396. Estabilidade provisória. Pedido de reinte-
A estabilidade prevista no art. 543, § 3.º, da CLT, gração. Concessão do salário relativo ao período
e no art. 8.º, VIII, da CF/1988, somente é asse-
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bilidade o afastamento superior a 15 dias e a con- O art. 625-B, § 1.º, da CLT estabelece que é veda-
sequente percepção do auxílio-doença aciden- da a dispensa dos representantes dos empregados
tário, salvo se constatada, após a despedida, do- eleitos membros da comissão de conci- liação pré-
ença profissional que guarde relação de causalida- via, titulares e suplentes, até 1 ano após o final do
de com a execução do contrato de emprego. (pri- mandato, salvo se cometerem falta grave, nos
meira parte – ex-OJ 230 da SBDI-1 – inserida termos da lei, somente podendo ser dispensado
em 20.06.2001) em caso de falta grave.
III – O empregado submetido a contrato de traba-
lho por tempo deter- minado goza da garantia pro- Empregado portador de HIV ou qualquer
visória de emprego, decorrente de acidente de doença que causa estigma
trabalho, prevista no art. 118 da Lei n.º
8.213/91”. O TST firmou entendimento mediante a edição da
Súmula 443, que a dispensa imotivada de um em-
Empregados membros do conselho curador pregado portador de HIV seria discrimina- tória e
do FGTS portanto nula, devendo o empregado ser reintegra-
Os representantes dos obreiros no conselho cura- do nesse casos.
dor do FGTS, efetivos e suplentes, têm direito à
estabilidade, desde a nomeação até um ano após SÚM 443 TST – Presume-se discriminatória a des-
o término do mandato de representação, somente pedida de emprega- do portador do vírus de HIV
podendo ser dis- pensados por motivo de falta ou de outra doença grave que suscite estigma ou
grave, devidamente apurada por meio de processo preconceito. Inválido o ato, o empregado tem direi-
sindical (Lei 8.036/1990, art. 3.º, § 9.º). to a reintegração no emprego.
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JORNADA DIÁRIA, SEMANAL E TURNOS ININ- da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de
TERRUPTOS DE REVEZAMENTO trabalho”.
A fixação da jornada de trabalho revela-se de suma O dispositivo consolidado também fixa, no art. 58, a
importância por vários aspectos. jornada diária em 8 horas.
Em primeiro lugar, por meio dela pode ser aferido o Não obstante, o TST, em sucessivos julgados, tem
salário do obreiro, quando sua remuneração é fixada admitido a escala de revezamento que fixa a jorna-
levando-se em conta o tempo trabalhado ou à dis- da na modalidade de 12 por 36 horas, desde que
posição do empregador (CLT, art. 4.º). seja estabelecida por convenção ou acordo coletivo
Em segundo lugar, a fixação da jornada é essencial de trabalho ou autorizada por lei.
para preservar a saúde do trabalhador, pois o labor
excessivo é apontado pelas pesquisas como gera- Nesse sentido, vale destacar a Súmula 444 editada
dor de doenças profissionais e de acidentes de pelo TST, in verbis:
trabalho. “S. 444/TST. Jornada de trabalho. Norma coletiva.
Logo, o controle da jornada diária e semanal do Lei. Escala de 12 por
obreiro pela norma positivada constitui em eficaz 36. Validade. É valida, em caráter excepcional, a
medida para reduzir, consideravelmente, a ocorrên- jornada de doze horas de trabalho por trinta e seis
cia de doenças profissionais e/ou acidentes de tra- de descanso, prevista em lei ou ajustada exclusi-
balho, tendo a própria Carta Maior destacado como vamente mediante acordo coletivo de trabalho ou
direito dos trabalhadores a redução dos riscos ine- convenção coletiva de trabalho, assegurada a re-
rentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, muneração em dobro dos feriados trabalhados. O
higiene e segurança (art. 7.º, XXII). empregado não tem direito ao pagamento de adici-
Por outro lado, cabe destacar que o trabalho em onal referente ao labor prestado na décima primeira e
jornada suplementar, além de aumentar o desempre- décima segunda horas”.
go, pois menos trabalhadores são contratados, acaba
por dificultar um contato maior do empregado com a Quanto aos trabalhadores que laboram em turnos
família, com os estudos, com o lazer etc. ininterruptos de reve- zamento, a CF/1988, no art.
Ademais, atualmente, há uma mudança con- 7.º, XIV, disciplinou que:
ceitual orquestra- da pelo próprio empregador, “XIV – jornada de seis horas para o trabalho reali-
uma vez que, não raro, tem investido em ma- zado em turnos inin- terruptos de revezamento,
quinários mais modernos capazes de evitar as salvo negociação coletiva”.
chamadas le- sões de esforços repetitivos
(Ler/Dort), implantando nas empresas também o No turno ininterrupto de revezamento, os trabalha-
rodízio nas posições do trabalho, a ginástica laboral dores são escalados para prestar serviços em dife-
e o próprio sistema de “pausas” (pelo qual o empre- rentes períodos de trabalho (manhã, tarde e noite),
gado paralisa por alguns minutos o trabalho, objeti- em forma de rodízio.
vando relaxar a musculatura e a mente), e muitas
vezes até reduzindo a jornada de trabalho do obrei- A Súmula 360 do TST esclarece que:
ro. “A interrupção do trabalho destinada a repouso e
Essa preocupação patronal ocorreu principalmente alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo
porque a Carta Maior fixou a responsabilidade do para repouso semanal, não descaracteriza o turno
empregador pela reparação do dano causado, por de revezamento com jornada de 6 (seis) horas pre-
dolo ou culpa, em virtude de acidente de trabalho ou visto no art. 7.º, inciso XIV, da Constituição da Re-
doença profissional (art. 7.º, XXVIII), ganhando con- pública de 1988”.
tornos evidentemente econômicos a fixação da jor-
nada do obreiro. Portanto, mesmo que a empresa não funcione aos
A Carta Maior de 1988 fixou a jornada diária em 8 domingos, isso não quer dizer que não exista o tur-
horas, e a semanal, em 44 horas, facultando a com- no ininterrupto de revezamento.
pensação de horários ou a redução de jornada, medi- O intuito do legislador constituinte, ao fixar em 6
ante acordo ou convenção coletiva. Senão vejamos: horas a jornada de trabalho para quem labora em
“Art. 7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e turnos ininterruptos de revezamento, foi desestimu-
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua lar tal prática, uma vez que o trabalho efetuado nes-
condição social: se tipo de revezamento é prejudicial à saúde do
trabalhador, o qual, por trabalhar em dias e horários
XIII – duração do trabalho normal não superior a alternados, não possui uma vida regrada.
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, O TST, por meio da Súmula 423 (DJ 10.10.2006),
facultada a compensação de horários e a redução firmou posicionamento no sentido de que, estabele-
cida a jornada superior a seis horas e limitada a oito
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horas por meio de regular negociação coletiva, os Toda vez que o empregado prestar serviços ou per-
empregados subme- tidos a turnos ininterruptos de manecer à disposição do empregador após esgotar-
revezamento não têm direito ao pagamento da 7.ª e se a jornada normal de trabalho haverá trabalho extra-
8.ª horas como extras. ordinário, que deverá ser remunerado com o adicional
Vale destacar, ainda, que o TST editou a OJ 360, da de, no mínimo, 50% superior ao da hora normal
SDI-I (DJ 14.03.2008), estabelecendo que: (CF/1988, art. 7.º, XVI, c/c art. 59, § 1.º, da CLT).
“Turno ininterrupto de revezamento. Dois turnos. Conforme previsto no art. 59 da CLT, mediante acor-
Horário diurno e no- turno. Caracterização. Faz jus à do escrito individual ou coletivo, a jornada do traba-
jornada especial prevista no art. 7.º, XIV, da lhador poderá ser prorrogada em número não exce-
CF/1988 o trabalhador que exerce suas atividades dente a 2 horas, com pagamento da remuneração
em sistema de alternância de turnos, ainda que em das horas extras com adicional, de no mínimo,
dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo 50%.
ou em parte, o horário diurno e o noturno, pois sub- Fixada a jornada normal diária de trabalho pelos
metido à alternância de horário prejudicial à saúde, contratantes com du- ração inferior à jornada máxi-
sendo irrelevan- te que a atividade da empresa se ma imposta pela CF/1988 (8 horas diárias) – por
desenvolva de forma ininterrupta”. exemplo, em 6 horas –, o labor após a sexta hora
configuraria jornada suplementar, a ser remunerada
Destacamos, ainda, as seguintes orientações com o respectivo adicional de no mínimo 50% sobre
jurisprudenciais: a hora normal.
“OJ 395 – SDI-I/TST. – Turno ininterrupto de reve-
zamento. – Hora noturna reduzida. – Incidência. – O A Súmula 376 do TST estabelece que:
trabalho em regime de turnos inin- terruptos de re- “S. 376/TST – Horas extras. Limitação. Art. 59 da
vezamento não retira o direito à hora noturna redu- Clt. Reflexos.
zida, não havendo incompatibilidade entre as dispo- I – A limitação legal da jornada suplementar a
sições contidas nos arts. 73, § 1.º, da CLT e 7.º, duas horas diárias não exime o empregador de pa-
XIV, da Constituição Federal.” gar todas as horas trabalhadas.
“OJ 396 – SDI-I/TST. – Turnos ininterruptos de reve- II – O valor das horas extras habitualmente presta-
zamento. – Alteração da jornada de 8 para 6 horas das integra o cálculo dos haveres trabalhistas, inde-
diárias. – Empregado horista. – Aplicação do divisor pendentemente da limitação prevista no caput do
180. – Para o cálculo do salário hora do empregado art. 59 da CLT.”
horista, submetido a turnos ininterruptos de reveza-
mento, considerando a al- teração da jornada de 8 O TST, por meio de entendimento consubstanciado
para 6 horas diárias, aplica-se o divisor 180, em na Súmula 291, não admite a incorporação das
observância ao disposto no art. 7.º, VI, da Constitui- horas extras prestadas habitualmente ao salário do
ção Federal, que assegura a irredutibilidade sala- obreiro, in verbis:
rial.”
“S. 291/TST. Horas extras. Supressão. Indenização.
FORMAS DE PRORROGAÇÃO DE JORNADA A supressão total ou parcial, pelo empregador, de
serviço suplementar prestado com ha- bitualidade,
Estabelecida como parâmetro a jornada constitucio- durante pelo menos 1 (um) ano, assegura ao em-
nalmente assegurada de 8 horas diárias e 44 horas pregado o direito à indenização correspondente ao
semanais para os trabalhadores urbanos e rurais, e valor de 1 (um) mês das horas suprimidas, total ou
de 6 horas para os obreiros que laboram em turnos parcialmente, para cada ano ou fração igual ou su-
ininterruptos de revezamento, qualquer trabalho aci- perior a seis meses de prestação de serviço acima
ma do fixado na Carta Maior importará em prorroga- da jornada normal. O cálculo observará a média das
ção da jornada, tema ora objeto de estudo. horas suplementares nos últimos 12 (doze) meses
anteriores à mudança, multiplicada pelo valor da
São as seguintes as formas de prorrogação de hora extra do dia da supressão”.
jornada:
A orientação consubstanciada na Súmula 291 do
• Mediante acordo escrito, individual ou coletivo, TST visa proteger o trabalhador. O ideal é que o
em número não excedente a 2 horas, salvo no caso obreiro não labore em jornada suplementar, a qual,
dos motoristas profissionais que pode chegar a 4 comprovadamente, prejudica a saúde do laborante,
horas, com pagamento da remuneração do serviço impedindo um contato maior do trabalhador com a
extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta família, além de aumentar o nível de desemprego.
por cento a do normal (CLT, art. 59). Ademais, se houvesse incorporação das horas ex-
tras pagas ao contrato de trabalho, certamente o
empregador manteria o obreiro permanentemente
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laborando em jornada suplementar, prejudicando o horas é válido, salvo se houver norma coletiva em
empregado, conforme acima mencionado. sentido contrário.
Por outro lado, impende ressaltar que as empresas III – O mero não atendimento das exigências legais
que possuem mais de 10 empregados são obrigadas para a compensa- ção de jornada, inclusive quando
a manter controle da jornada dos obreiros em regis- encentada mediante acordo tácito, não implica a
tro mecânico, manual ou eletrônico (art. 74, § 2.º, da repetição do pagamento das horas excedentes à
CLT). Caso o juiz determine a exibição em juízo dos jornada normal diária, se não dilatada a jornada
controles de frequência e a empresa não os apre- máxima semanal, sendo devido apenas o respecti-
sente, importará na presunção relativa de veracida- vo adicional.
de da jornada de trabalho apontada pelo reclamante IV – A prestação de horas extras habituais desca-
na petição inicial, conforme demonstrado na Súmula racteriza o acordo de compensação de jornada.
338 do TST, in verbis: Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jor-
nada semanal normal deverão ser pagas como ho-
“Súmula 338/TST – Jornada de trabalho. Registro. ras extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à
Ônus da prova. compensação, deverá ser pago a mais apenas o
adicional por trabalho extraordinário.
I – É ônus do empregador que conta com mais de V – As disposições contidas nesta súmula não se
10 (dez) emprega- dos o registro da jornada de tra- aplicam ao regime compensatório na modalidade
balho na forma do art. 74, § 2.º, da CLT. A não ‘banco de horas’, que somente pode ser instituído
apresentação injustificada dos controles de frequên- por negociação coletiva” (Res. 174, de
cia gera presunção relativa de veracidade da jorna- 24.05.2011).
da de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em
contrário. Entendemos que a compensação de jornada admitida
II – A presunção de veracidade da jornada de traba- por meio de acordo individual escrito seria apenas a
lho, ainda que prevista em instrumento normativo, relacionada com a compensação semanal, quando,
pode ser elidida por prova em contrário. em geral, o trabalhador labora uma hora a mais de
III – Os cartões de ponto que demonstram horários segunda a quinta-feira, não laborando aos sábados,
de entrada e saída uniformes são inválidos como perfazendo, assim, a jornada de 44 horas semanais,
meio de prova, invertendo-se o ônus da prova, rela- haja vista que nesse caso a compensação seria
tivo às horas extras, que passa a ser do emprega- benéfica ao empregado, que não prestaria serviços
dor, preva- lecendo a jornada da inicial se dele aos sábados.
não se desincumbir”.
IV Observe-se que em caso de compensação de Nessa esteira, as demais hipóteses de compensa-
jornada, também chamado de banco de horas, des- ção de jornada, em especial o denominado “banco
de que celebrado por convenção ou acordo coletivo de horas” (previsto no art. 59, § 2.º, da CLT), em
de trabalho, as horas suplementares laboradas não que a compensação pode ser feita num período de
serão remuneradas. até um ano, depende de intervenção sindical, por
V Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho, meio da assinatura de convenção ou acordo coletivo
sem que tenha havido a compensação integral da de trabalho, evitando-se, assim, qualquer pressão
jornada extraordinária, fará o trabalhador jus ao pa- patronal no sentido de compelir o obreiro a se sub-
gamento das horas extras não compensadas, calcu- meter à compensação de jornada.
ladas sobre o valor da remuneração na data da res-
cisão (CLT, art. 59, § 3.º). Nesse sentido, o item V da Súmula 85 do TST,
VI O inciso XIII do art. 7.º da CF/1988 permite que a acrescentado pela Res. 174, de 24.05.2011, repro-
jornada seja apenas compensada ou reduzida me- duzido acima, esclarece que as disposições da cita-
diante acordo ou convenção coletiva. da Súmula não se aplicam à modalidade de banco
VII S de horas em que a compensação pode ser feita no
obre a possibilidade do estabelecimento do sistema prazo de até um ano, que só pode ser ins- tituído
de compensação de jornada, o TST, por meio da por negociação coletiva.
Súmula 85, estabelece que: Vale destacar que o TST, por meio da OJ 323, da
VIII SDI-I/TST, admite o sistema de compensação de
“S. 85 do TST – Compensação individual de jor- horário denominado de “semana espanhola”, onde
nada. o obreiro alterna a prestação de 48 horas em uma
I – A compensação de jornada de trabalho deve semana e 40 horas em outra.
ser ajustada por acordo individual escrito, acordo Em caso de força maior, a prorrogação será sem
coletivo ou convenção coletiva. limite de horas, ou seja, a jornada será estendida
II – O acordo individual para compensação de pelo número de horas necessárias, sempre remune-
rando o empregador as horas suplementares, com
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adicional de no mínimo 50% (CLT, art. 61, caput, cindível ao fun- cionamento da empresa.
§§ 1.º e 2.º). • Mediante prorrogação em atividade insalubre.
Menciona o art. 60 da CLT que nas atividades in-
• Prorrogação para atender a realização ou con- salubres, enquadradas como tais pelo Ministério do
clusão de serviços inadiáveis, ou cuja inexecução Trabalho e Emprego, quaisquer prorrogações só
possa acarretar prejuízo manifesto, até o limite de poderão ser acordadas mediante licença prévia das
12 horas de trabalho (8 horas normais mais 4 horas autoridades competentes em matéria de higiene de
de prorrogação), remunerando o empregador as trabalho, as quais, para esse efeito, pro- cederão
horas suplementares com adicional de no mínimo aos necessários exames locais e à verificação dos
50% (CLT, art. 61, caput, §§ 1.º e 2.º). métodos e processos de trabalho, quer diretamen-
te quer por intermédio de autoridades sanitárias
Poderíamos mencionar como exemplos de prorroga- federais, estaduais e municipais.
ção de jornada para atender a realização ou conclu-
são de serviços inadiáveis o labor em jorna- da su- EMPREGADOS EXCLUÍDOS DO CONTROLE
plementar numa confecção às vésperas do Carna- DE JORNADA
val, para término das fantasias, ou mesmo a prorro-
gação numa construção, para que os obreiros termi- Os empregados que exercem atividade externa in-
nem de assentar a laje de um prédio. compatível com a fixação do horário de trabalho, e os
Nesses casos, haveria a necessidade da prorroga- gerentes e os diretores que exercem cargo de confi-
ção para findar o serviço inadiável, evitando transtor- ança, de mando, comando e gestão, dentro da em-
nos e prejuízos. Essa prorrogação deve ser comu- presa, são excluídos do controle de jornada de tra-
nicada ao Ministério do Trabalho no prazo de 10 balho, nos termos do art. 62 da CLT, in verbis:
dias, conforme preceitua o art. 61, § 1.º, consoli-
dado. “Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previs-
• Mediante prorrogação em face de causas aci- to neste Capítulo:
dentais ou força maior, nos termos do art. 61, § 3.º,
consolidado, sempre que em função disso ocorrer a I – os empregados que exercem atividade externa
interrupção do trabalho em virtude da impossibi- incompatível com a fixação de horário de trabalho,
lidade de sua realização, podendo a prorrogação devendo tal condição ser anotada na Carteira de
acontecer pelo tempo necessário, até o máximo de Trabalho e Previdência Social e no registro de em-
2 horas, durante o número de dias indispensáveis à pregados;
recuperação do tempo perdido, desde que não ex- II – os gerentes, assim considerados os exercentes
ceda de 10 horas diárias, em período não superior a de cargos de ges- tão, aos quais se equiparam,
45 dias por ano, sujeita essa recuperação à prévia para efeito do disposto neste artigo, os diretores e
autorização do Ministério do Trabalho, remuneran- chefes de departamento ou filial.
do o empregado as horas excedentes com o adicio- Parágrafo único. O regime previsto neste Capítulo
nal de no mínimo 50%. será aplicável aos empregados mencionados no
inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de
Ilustrativamente, podemos citar a hipótese de uma confiança, compreendendo a gratificação de função,
empresa paralisar suas atividades por 30 dias em se houver, for inferior ao valor do respectivo salário
virtude de um incêndio ocorrido no estabeleci- men- efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento)”.
to, permanecendo os obreiros, nesse período, em li- Em relação aos trabalhadores que realizam atividade
cença-remunerada. Ao retornarem ao labor, poderia externa incompatível com a fixação de jornada, tal
haver a prorrogação da jornada, nos termos do art. situação deve ser anotada na CTPS e no livro ou
61, § 3.º, consolidado, para recuperar o tempo per- ficha de registro de empregados.
dido, sendo sempre sujeito o empregador ao pa- Observe-se que o simples fato de realizar serviço
gamento do adicional de horas extras (50%), uma externo não significa dizer que o empregado não
vez que o risco da atividade econômica lhe perten- possua horário de trabalho. Se houver como contro-
ce. lar os horários de entrada e de saída, mesmo que o
• Mediante prorrogação do trabalho do menor, empregado realize atividade externa, estará sujeito
limitada às hipóteses previstas no art. 413, I e II, da à jornada normal de trabalho, bem como ao paga-
CLT, quais sejam: compensação de jornada sema- mento das horas suplementares eventualmente labo-
nal, sem acréscimo de salário, dependente de con- radas.
ven- ção ou acordo coletivo de trabalho e, em caso Também os trabalhadores que exerçam cargo de
de força maior, até o máximo de 12 horas (8 horas confiança, de gerência, com poderes de mando,
normais mais 4 suplementares), com remuneração comando e gestão na empresa, desde que perce-
da jornada suplementar com adicional de no mínimo bam um padrão mais elevado de vencimentos do
50%, e desde que o trabalho do menor seja impres- que os demais obreiros (percebendo gratificação
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nunca inferior a 40% do salário efetivo), estarão sendo computado o intervalo na duração da jorna-
excluídos do controle de jornada, não sendo devidas da.
as horas extras even- tualmente prestadas. O limite mínimo de 1 hora de intervalo para repouso
e alimentação, previsto no caput do art. 71 consoli-
INTERVALOS INTER E INTRAJORNADA dado, poderá ser diminuído por delibe- ração do
Intervalo Interjornada Ministério do Trabalho, após prévia fiscalização da
empresa, onde fique comprovado que o estabeleci-
Intervalo interjornada é a pausa concedida ao obrei- mento possui refeitório de acordo com os padrões
ro entre o final de uma jornada diária de trabalho e o fixados na norma específica, e que os empregados
início de nova jornada no dia seguinte, para des- não estejam submetidos à jornada suplementar, ou
canso do trabalhador. no caso dos motoristas profissionais.
O art. 66 da CLT assegura um intervalo interjornada “Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja dura-
de, no mínimo, 11 horas consecutivas. Ao trabalha- ção exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a con-
dor rural também foi assegurado o intervalo interjor- cessão de um intervalo para repouso ou alimenta-
nada mínimo de 11 horas consecutivas (Lei ção, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e,
5.889/1973, art. 5.º). salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrá-
rio, não poderá exceder de 2 (duas) horas. (...)
Logo, as horas trabalhadas em seguida ao repouso § 5º O intervalo expresso no caput poderá ser redu-
semanal remunera- do, com prejuízo ao intervalo zido e/ou fracionado, e aquele estabelecido no § 1º
interjornada de 11 horas consecutivas para descan- poderá ser fracionado, quando compreen-didos en-
so, devem ser remuneradas como extraordinárias, tre o término da primeira hora trabalhada e o início
com incidência do adicional de, no mínimo, 50% (S. da última hora trabalhada, desde que previsto em
110 do TST). convenção ou acordo coletivo de trabalho, ante a
Vale mencionar que o TST editou a OJ 355, da SDI-I natureza do serviço e em virtude das condições
(DJ 14.03.2008), estabelecendo que as horas que especiais de trabalho a que são submetidos estrita-
forem subtraídas do intervalo interjornada serão mente os motorista
pagas como horas extras, ou seja, a hora normal
acrescida do adicional de 50%. Vejamos o inteiro Não sendo concedidos os intervalos previstos no
teor da OJ 355: art. 71, caput e res- pectivo § 1.º, da CLT, ficará o
“Intervalo interjornadas. Inobservância. Horas extras. empregador obrigado a remunerar o período corres-
Período pago como sobrejornada. Art. 66 da CLT. pondente, com um acréscimo de, no mínimo, 50%
Aplicação analógica do § 4.º do art. 71 da CLT. O sobre o valor da remuneração da hora normal de
desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas pre- trabalho (CLT, art. 71, § 4.º).
visto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os
mesmos efeitos previstos no O TST, em relação ao intervalo intrajornada, editou
§ 4.º do art. 71 da CLT e na Súmula 110 do TST, a Súmula 437, que assim dispõe:
devendo-se pagar a integralidade das horas que “S. 437/TST. Intervalo intrajornada para repouso e
foram subtraídas do intervalo, acrescidas do res- alimentação. Apli- cação do art. 71 da CLT (conver-
pectivo adicional”. são das Orientações Jurisprudenciais n. 307,
342, 354, 380 e 381 da SBDI-1)
Intervalo intrajornada
I – Após a edição da Lei n.º 8.923/94, a não con-
Intervalo intrajornada são as pausas que ocorrem cessão ou a concessão parcial do intervalo intrajor-
dentro da jornada diária de trabalho, objetivando o nada mínimo, para repouso e alimentação, a em-
repouso e a alimentação do trabalhador. pregados urbanos e rurais, implica o pagamento
total do período correspondente, e não apenas da-
Podemos citar os seguintes intervalos intrajor- quele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50%
nada: sobre o valor da remuneração da hora normal de
trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo
• Quando a jornada diária exceder de 6 horas: é da efetiva jornada de labor para efeito de remunera-
obrigatória a conces- são de um intervalo para re- ção.
pouso e alimentação de, no mínimo, uma hora e, II – É inválida cláusula de acordo ou convenção
salvo acordo ou convenção coletiva de trabalho, não coletiva de trabalho contemplando a supressão ou
poderá exceder de 2 horas (CLT, art. 71), não sendo redução do intervalo intrajornada por- que este
computado o intervalo na duração da jornada. constitui medida de higiene, saúde e segurança do
• Quando a jornada diária exceder de 4 horas: trabalho, garantido por norma de ordem pública (art.
mas não ultrapassar 6 horas, o intervalo intrajor- 71 da CLT e art. 7.º, XXII, da CF/1988), infenso à
nada será de 15 minutos (CLT, art. 71, § 1.º), não negociação coletiva.
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III – Possui natureza salarial a parcela prevista no I – O tempo despendido pelo empregado, em
art. 71, § 4.º, da CLT, com redação introduzida pela condução fornecida pelo empregador, até o local de
Lei n.º 8.923, de 27 de julho de 1994, quando não trabalho de difícil acesso, ou não servido por trans-
concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo porte público regular, e para o seu retorno, é com-
mínimo intrajornada para repouso e alimentação, putável na jornada de trabalho.
repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas II – A incompatibilidade entre os horários de início
salariais. e término da jor- nada do empregado e os do trans-
IV – Ultrapassada habitualmente a jornada de seis porte público regular é circunstância que também
horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo in- gera o direito às horas in itinere.
trajornada mínimo de uma hora, obrigan- do o em- III – A mera insuficiência de transporte público não
pregador a remunerar o período para descanso e enseja o pagamento de horas in itinere.
alimentação não usufruído como extra, acrescido do IV – Se houver transporte público regular em parte
respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, do trajeto percorrido em condução da empresa, as
caput e § 4.º da CLT”. horas in itinere remuneradas limitam-se ao trecho
não alcançado pelo transporte público.
HORAS IN ITINERE E VARIAÇÕES DE HORÁ- V – Considerando que as horas in itinere são com-
RIO putáveis na jornada de trabalho, o tempo que ex-
Em relação às denominadas horas in itinere, que trapola a jornada legal é considerado como extraor-
significa o tempo correspondente à ida e volta da dinário e sobre ele deve incidir o adicional respec-
residência do obreiro ao local de trabalho e vice- tivo”.
versa, em transporte fornecido pelo empregador, o §
2.º do art. 58 (com redação conferida pela Lei “Súmula 320 do TST – Horas in itinere. Obrigatorie-
10.243/2001), esclarece que: dade de cômputo na jornada de trabalho. O fato
“O tempo despendido pelo empregado até o local de de o empregador cobrar, parcialmente ou não, im-
trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de portância pelo transporte fornecido, para o local de
transporte, não será computado na jornada de tra- difícil acesso ou não servido por transporte regular,
balho, salvo quando, tratando-se de local de difícil não afasta o direito à percepção das horas in itine-
acesso ou não servido por transporte público, o em- re”.
pregador fornecer a condução”. Estabelece, ademais, o art. 58, § 3º, da CLT, que
poderão ser fixados para as microempresas e em-
Logo, dois requisitos são levados em consideração presas de pequeno porte, por meio de acordo ou
para que o tempo de deslocamento ca- convenção coletiva, em caso de transporte forneci-
sa/trabalho/casa integre a jornada diária do obreiro: do pelo empregador, em local de difícil acesso ou
não servido por transporte público, o tempo médio
• o local tem de ser de difícil acesso ou não servi- despendido pelo empregado, bem como a forma e a
do por transporte público regular; natureza da remuneração.
• o empregador deve fornecer a condução. Por fim, quanto às variações de horário, a Lei
10.243/2001 acrescentou o § 1.º ao art. 58 da CLT,
A mera insuficiência de transporte público não ense- dispondo que:
ja o pagamento de horas in itinere. No entanto, se “Não serão descontadas nem computadas como
houver transporte público regular em parte do trajeto jornada extraordinária as variações de horário no
percorrido em condução da empresa, as horas in registro de ponto não excedentes de 5 (cin- co) mi-
itinere remuneradas limitam-se ao trecho não alcan- nutos, observado o limite máximo de 10 (dez) minu-
çado pelo transporte público. tos diários”.
Por sua vez, o fato do empregador cobrar, parcial-
mente ou não, impor- tância pelo transporte forneci- A inclusão do § 1.º ao art. 58 deu-se com o objetivo
do, para local de difícil acesso ou não servido por de coibir o número excessivo de demandas que eram
transporte regular, não afasta o direito à percepção distribuídas ao Poder Judiciário Trabalhista, nas
das horas in itinere. quais os obreiros requeriam, a título de horas ex-
As horas in itinere também podem ser estipuladas tras, o somatório das variações de horário corres-
ou negociadas em norma coletiva (acordo ou con- pondente aos minutos em que marcavam o cartão de
venção coletiva), fixando-se um valor prede- termi- ponto antes do início ou após o final da jornada (2
nado ou ainda transacionando tal direito. ou 3 minutos antes, 3 ou 4 minutos depois da jor-
nada, por exemplo).
Sobre o tema, cabe transcrever as Súmulas 90 e Em verdade, principalmente nas empresas maiores,
320 do TST, in verbis: é absolutamente impossível que todos os emprega-
“Súmula 90/TST – Horas in itinere. Tempo de dos marquem o cartão de ponto no mesmo minuto, o
serviço. que pode gerar uma diferença a maior ou a menor
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nos registros de entrada e de saída, não acarretando feita pelo prazo máximo de 24 horas, sendo remune-
o pagamento de horas extras, se ocorrido nos mol- radas as horas de sobreaviso à razão de 1/3 (um
des do § 1.º do art. 58 da CLT. terço) do salário-hora normal.
Sobre o tema, vale transcrever a Súmula 366 do Por outro lado, o § 3.º do mesmo art. 244 da CLT
TST, com redação dada pela Res. 129/2005, DJ considera como de prontidão o ferroviário que fique
20.04.2005, in verbis: nas dependências da estrada, aguardando ordens,
“S. 366/TST – Cartão de ponto. Registro. Horas sendo a escala de no máximo 12 horas, sendo re-
extras. Minutos que antecedem e sucedem a jorna- muneradas as horas de prontidão à razão de 2/3
da de trabalho. Não serão descontadas nem compu- (dois terços) do salário-hora normal.
tadas como jornada extraordinária as variações de A diferença fundamental do sobreaviso para a pronti-
horário do registro de ponto não excedentes de dão é que no primeiro o empregado permanece em
cinco minutos, observado o limite máximo de dez casa aguardando o chamado para o trabalho a qual-
minutos diários. Se ultrapassado esse limite, será quer momento, enquanto na prontidão o obreiro per-
considerada como extra a totalidade do tempo que manece no trabalho aguardando ordens.
exceder a jornada normal”. Por analogia, tem se adotado as horas de sobreavi-
so dos ferroviários a outras categorias, como no
A partir da vigência da Lei 10.243, de 27.06.2001, caso dos eletricitários, conforme disposto na Súmula
que acrescentou o § 1.º ao art. 58 da CLT, não mais 229 do TST, recentemente revisado pela Resolução
prevalece cláusula prevista em convenção ou acor- do Pleno do TST 121/2003, in verbis:
do coletivo que elastece o limite de 5 minutos que “S. 229/TST. Sobreaviso. Eletricitários. Por aplica-
antecedem e sucedem a jornada de trabalho para ção analógica do art. 244, § 2.º, da CLT, as horas
fins de apuração das horas extras.” de sobreaviso dos eletricitários são re- muneradas à
base de 1/3 sobre a totalidade das parcelas de natu-
Finalmente, atente-se para a recente Súmula 429 do reza salarial”.
TST e para o art. 235 C § 13 da CLT que trata dos
motoristas profissionais, nos seguintes termos: Em relação aos trabalhadores que laboram nas
“S. 429. Tempo à disposição do empregador. Art. 4.º atividades relacionadas na exploração de petróleo,
da CLT. Período de deslocamento entre a portaria a Lei. 5.811/1972, em seu art. 5.º, disciplinou o
e o local de trabalho. sistema de sobreaviso, o mesmo procedimento
ocorrendo em relação ao aeronauta (Lei
Considera-se à disposição do empregador, na forma 7.183/1984, art. 25).
do art. 4.º da CLT, o tempo necessário ao desloca- Relativamente ao uso de bip, cabe destacar a re-
mento do trabalhador entre a portaria da empresa e o cente Súmula 428 edi- tada pelo TST, in verbis:
local de trabalho, desde que supere o limite de 10 “S. 428/TST. Sobreaviso. Aplicação analógica do
minutos diários”. art. 244, § 2.º da CLT (redação alterada na sessão
do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012)
‘Art. 235-C. A jornada diária de trabalho do motoris- I – O uso de instrumentos telemáticos ou informa-
ta profissional será de 8 (oito) horas, admitindo-se a tizados fornecidos pela empresa ao empregado, por
sua prorrogação por até 2 (duas) horas extraordiná- si só, não caracteriza o regime de sobreaviso.
rias ou, mediante previsão em convenção ou acordo II – Considera-se em sobreaviso o empregado que,
coletivo, por até 4 (quatro) horas extraordinárias. à distância e subme- tido a controle patronal por ins-
§ 13. Salvo previsão contratual, a jornada de traba- trumentos telemáticos ou informatizados, permane-
lho do motorista empregado não tem horário fixo de cer em regime de plantão ou equivalente, aguardando
início, de final ou de intervalos. a qualquer momento o chamado para o serviço du-
rante o período de descanso”.
SOBREAVISO, PRONTIDÃO E USO DE INS-
TRUMENTOS TELEMÁTICOS OU INFORMATIZA- TRABALHO EM REGIME DE TEMPO PARCIAL
DOS
O trabalho em regime de tempo parcial é adotado
Versa o art. 244 da CLT que as estradas de ferro desde 1944 pela Organização Internacional do Tra-
poderão ter empregados extranumerários, de sobre- balho (OIT), por meio da Convenção 175, comple-
aviso e de prontidão, para executarem serviços im- mentada pela Recomendação 182, objetivando am-
previstos, ou para substituições de outros emprega- pliar o número de empregos.
dos que faltem à es- cala organizada. No Brasil, surgiu com a Medida Provisória 1.709/1998,
Nesse contexto, considera o § 2.º do art. 244 conso- que em 24.08.2001 já havia sido reeditada 41 vezes
lidado de sobreaviso o ferroviário que permanecer (MP 2.164-41), a qual criou o art. 58-A da CLT,
em sua própria casa, aguardando a qualquer mo- que assim dispõe:
mento o chamado para o serviço, sendo a escala
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“Art. 58-A. Considera-se trabalho em regime de trabalhada no horário noturno será computada como
tempo parcial aquele cuja duração não exceda a 25 de 52 minutos e 30 segundos, e não como 1 hora,
(vinte e cinco) horas semanais. constituindo-se num benefício para o obreiro.
§ 1.º O salário a ser pago aos empregados sob o Com relação aos trabalhadores rurais, o art. 7.º,
regime de tempo parcial será proporcional à sua caput, e respectivo parágrafo único, da Lei
jornada, em relação aos empregados que cumprem, 5.889/1973 fixam:
nas mesmas funções, tempo integral.
§ 2.º Para os atuais empregados, a adoção do regi- • adicional noturno do trabalhador rural: 25%;
me de tempo parcial será feita mediante opção ma- • hora noturna do trabalhador rural da lavoura
nifestada perante a empresa, na forma prevista em (agricultura): 21h às 5h;
instrumento decorrente de negociação coletiva”. • hora noturna do trabalhador rural da pecuária:
Logo, o trabalho em regime de tempo parcial não 20h às 4h;
excederá de 25 horas semanais, com salário propor- • hora noturna do trabalhador rural: 60 minutos.
cional à jornada laborada, sendo que a adoção para
os empregados já contratados pelo regime integral A Lei 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia) fixa no art.
somente poderá ocorrer mediante autorização conti- 20, § 3.º, o horário noturno do advogado como o
da em convenção ou em acordo coletivo de trabalho, compreendido entre 20h e 5h do dia seguinte, sendo
e opção manifestada por cada empregado do esta- o adicional noturno estipulado em 25%.
belecimento. O vigia noturno tem direito à hora reduzida de 52
minutos e 30 segundos (S. 65 do TST).
Os empregados contratados na modalidade de regi- No entanto, a hora reduzida não se aplica aos em-
me de tempo parcial não poderão prestar horas ex- pregados que laboram nas atividades de explora-
tras (CLT, art. 59, § 4.º), nem poderão converter um ção, perfuração, produção e refinação de petróleo
terço de férias em abono pecuniário (CLT, art. 143, etc., pois são regidos pela Lei 5.811/1972, não lhes
§ 3.º). sendo aplicado o § 1.º do art. 73 consolidado.
As férias dos trabalhadores contratados sob a mo- A Súmula 60 do TST firmou o entendimento que,
dalidade de tempo parcial serão diferenciadas dos cumprida integralmente a jornada no período notur-
trabalhadores em regime integral, estando discipli- no e uma vez prorrogada, devido é também o adici-
nadas no art. 130-A da CLT, sendo no mínimo de 8 onal noturno quanto às horas prorrogadas no perío-
dias (para a du- ração de trabalho semanal igual ou do noturno, apli- cando-se o § 5.º do art. 73 (o qual
inferior a 5 horas), e no máximo de 18 dias (para a dispõe que às prorrogações do horário noturno se
duração do trabalho semanal superior a 22 horas, aplica o capítulo de jornada de trabalho da CLT).
até 25 horas). Por fim, o adicional noturno pago com habitualidade
Vale destacar, por último, a OJ 358 da SDI-I/TST integra o salário do empregado para todos os efei-
(DJ 14.03.2008): tos (S. 60 do TST).
Em relação ao trabalho noturno, seja do trabalhador
“Salário mínimo e piso salarial proporcional à jorna- urbano, seja do trabalhador rural ou mesmo do ad-
da reduzida. Possi- bilidade. Havendo contratação vogado, objetivando facilitar o estudo do leitor, ela-
para cumprimento de jornada reduzida, inferior à boramos o seguinte quadro sintético:
previsão constitucional de oito horas diárias ou qua-
renta e quatro semanais, é lícito o pagamento do
piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao
tempo trabalhado”.
TRABALHO NOTURNO
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DAS ATIVIDADES INSALUBRES E PERIGOSAS sa, não podendo receber os dois cumulativamente
Das atividades insalubres (art. 193, § 2.o, da CLT).
Impende destacar que o direito do empregado ao
São consideradas atividades ou operações insalu- adicional de insa- lubridade ou de periculosidade
bres aquelas que, por sua natureza, condições ou cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou
métodos de trabalho, exponham os empregados a integridade física (art. 194 da CLT), não havendo
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de que se falar em direito adquirido, conforme enten-
tolerância fixados em razão da natureza e da inten- dimento materializado no TST, por meio da Súmu-
sidade do agente e do tempo de exposição aos la 248, in verbis:
seus efeitos (art. 189 da CLT). “S. 248/TST – Adicional de insalubridade – Direito
O quadro de atividades e operações insalubres será adquirido. A reclas- sificação ou a descaracteriza-
aprovado pelo Minis- tério do Trabalho, o qual ado- ção da insalubridade, por ato da autoridade compe-
tará normas sobre os critérios de caracterização da tente, repercute na satisfação do respectivo adicio-
insalubridade, os limites de tolerância aos agentes nal, sem ofensa a direito adquirido ou ao princípio
agressivos, meios de proteção e o tempo máximo da irredutibilidade salarial”.
de exposição do empregado a esses agentes (art.
190 da CLT). Caso o empregado seja removido do setor ou pas-
se a laborar em outro estabelecimento, perderá o
Portanto, para se configurar a existência do direito direito ao adicional de insalubridade.
ao adicional de insalubridade não basta a perícia A verificação por meio de perícia a respeito da
constatar que o ambiente de trabalho é agressi- prestação de serviços em condições nocivas à
vo à saúde do empregado, sendo indispensável o saúde do empregado, considerando agente insa-
enquadramento da atividade ou operação entre as lubre diverso do apontado na inicial, não prejudica
insalubres pelo Ministério do Trabalho, conforme o pedido de adicional de insalubridade (Súmula
menciona a Súmula 460 do STF. 293 do TST).
A eliminação ou a neutralização da insalubridade Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em
ocorrerá com a adoção de medidas que conservem condições de insa- lubridade ou periculosidade
o ambiente de trabalho dentro dos limites de tole- serão devidos a contar da data da inclusão da res-
rância e com a utilização de equipamentos de pro- pectiva atividade nos quadros aprovados pelo Mi-
teção individual ao trabalhador, que diminuam a nistério do Trabalho, conforme preceitua o art. 196
intensidade do agente agressivo a limites de tole- consolidado.
rância (art. 191 da CLT). Frise-se que o art. 7.o, inciso XXXIII, da CF/1988
Não há direito adquirido ao recebimento do adicio- proíbe o trabalho noturno, perigoso ou insalubre ao
nal de insalubridade, sendo que a Súmula 80 do menor de 18 anos e de qualquer trabalho ao menor
TST menciona que a eliminação da insalubridade de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir
pelo fornecimento de aparelhos protetores aprovados dos 14 anos.
pelo Órgão competente do Poder Executivo exclui a Sobre a insalubridade, cabe ainda destacar as
percepção do adicional respectivo. seguintes súmulas e orientações jurisprudenciais:
O simples fornecimento do aparelho de proteção “Súmula 139/TST – Adicional de insalubridade.
pelo empregador não o exime do pagamento do Enquanto percebido, o adicional de insalubrida-
adicional de insalubridade, devendo tomar as medi- de integra a remuneração para o cálculo de indeni-
das que conduzam à diminuição ou eliminação da zação.”
nocividade, dentre as quais as relativas ao uso
efetivo dos equipamentos de proteção individual Súmula 448
– EPIs, pelo empregado (Súmula 289 do TST). I – Não basta a constatação da insalubridade por
O adicional de insalubridade é devido ao emprega- meio de laudo pericial para que o empregado te-
do que presta serviços em atividades insalubres, e nha direito ao respectivo adicional, sendo necessá-
era calculado, em função do contido no art. 192 da ria a classificação da atividade insalubre na relação
CLT, à razão de 10%, 20% e 40% sobre o salário oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho.
mínimo, respectivamente para os graus mínimo, II – A higienização de instalações sanitárias de
médio e máximo. uso público ou co- letivo de grande circulação, e a
O trabalho executado em caráter intermitente, em respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à
condições insalubres ou perigosas, não afasta, por limpeza em residências e escritórios, enseja o pa-
essa circunstância, o pagamento do adicional de gamento de adicional de insalubridade em grau
insalubridade (Súmula 47 e 364 do TST). máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-
O empregado que postular o pagamento de adicio- 15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta
nal de insalubridade na Justiça do Trabalho deve e industrialização de lixo urbano.
abrir mão do adicional de periculosidade e vice-ver-
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“OJ 103/SDI-I/TST – Adicional de insalubridade. O ou outras espécies de violência física nas ati- vida-
adicional de insa- lubridade já remunera os dias de des profissionais de segurança pessoal ou patri-
repouso semanal e feriados.” monial e os empregados em motocicleta.
“OJ 173/SDI-I/TST – Adicional de insalubridade. O adicional de periculosidade consistirá no percen-
Atividade a céu aberto. Exposição ao sol e ao ca- tual de 30% (trinta por cento), calculados sobre o
lor. (redação alterada na sessão do Tribunal Pleno salário-base, sem os acréscimos resultantes de
realizada em 14.09.2012) gratificações, prêmios etc. (art. 193, § 1.º, da CLT).
I – Ausente previsão legal, indevido o adicional de Serão descontados ou compensados do adicional
insalubridade ao trabalhador em atividade a céu outros da mesma natureza eventualmente já con-
aberto, por sujeição à radiação solar (art. 195 da cedidos ao vigilante por meio de acordo coletivo
CLT e Anexo 7 da NR 15 da Portaria n.º 3.214/78 (art. 193, § 3.º, da CLT).
do MTE).
II – Tem direito ao adicional de insalubridade o A periculosidade não importa em fator contínuo de
trabalhador que exerce atividade exposto ao calor exposição do tra- balhador, mas apenas um risco,
acima dos limites de tolerância, inclusive em ambi- que não age biologicamente contra seu organismo,
ente externo com carga solar, nas condições pre- mas que, na configuração do sinistro, pode ceifar a
vistas no Anexo 3 da NR 15 da Portaria n.º vida do trabalhador ou mutilá-lo.
3.214/78 do MTE”. Os empregados que operam bomba de gasolina
têm direito ao adicional de periculosidade (Súmula
A caracterização e a classificação da insalubridade 39 do TST).
e da periculosidade serão feitas por meio de perí- Não há direito adquirido ao recebimento do adicio-
cia, a cargo do médico do trabalho ou enge- nheiro nal de periculosidade. Portanto, eliminado o risco à
do trabalho, registrados no Ministério do Trabalho saúde ou integridade física do trabalhador, cessa o
(CLT, art. 195). pagamento do atinente adicional.
A Orientação Jurisprudencial 165 da SDI-I do TST O TST, em relação ao adicional de periculosidade,
dispõe que: por meio das Súmulas 132 e 364, esclarece que:
“OJ SDI-I/TST 165. O art. 195 da CLT não faz
qualquer distinção entre o médico e o engenheiro “S. 132/TST – Adicional de periculosidade. Inte-
para efeito de caracterização e classificação da gração.
insalubridade e periculosidade, bastando para a I – O adicional de periculosidade, pago em caráter
elaboração do laudo seja o profissional devidamen- permanente, integra o cálculo de indenização e de
te qualificado”. horas extras.
II – Durante as horas de sobreaviso, o emprega-
As empresas ou os sindicatos profissionais interes- do não se encontra em condições de risco, razão
sados podem requerer ao Ministério do Trabalho a pela qual é incabível a integração do adicional de
realização de perícia em estabelecimento ou setor periculosidade sobre as mencionadas horas.”
da empresa, com o objetivo de caracterizar e clas- “S. 364/TST – Adicional de periculosidade. Exposi-
sificar ou delimitar as atividades insalubres e peri- ção eventual, perma- nente e intermitente.
gosas (CLT, art. 195, § 1.º).
Não obstante, o sindicato profissional ou o próprio Tem direito ao adicional de periculosidade o empre-
trabalhador inte- ressado podem ajuizar ação dire- gado exposto perma- nentemente ou que, de forma
tamente, postulando a insalubridade ou periculosi- intermitente, sujeita-se a condições de risco. Inde-
dade devida (CLT, art. 195, § 2.º). Frise-se que vido, apenas, quando o contato dá-se de forma
mesmo que a empresa não compareça à audiência eventual, assim consi- derado o fortuito, ou que,
e ocorra a revelia, havendo na petição inicial pedido sendo habitual, dá-se por tempo extremamente
relacionado com o pagamento de adicional de insa- reduzido (Nova redação, Res. 174, de
lubridade ou periculosidade, o magistrado deverá 24.05.2011).
determinar, obrigatoriamente (por força do disposto
no art. 195, § 2.º, da CLT), a realização de prova Nessa esteira, se a exposição à atividade perigosa é
pericial. permanente ou inter- mitente (não diária, mas que
ocorra com certa regularidade), o trabalhador fará
Das atividades perigosas jus ao adicional de periculosidade. Todavia, se a
exposição for eventual ou ocasional (esporádica, em
O art. 193 da CLT considerou como atividades ou raras situações ou por tempo extremamente reduzi-
operações perigosas as que, por sua natureza ou do), o obreiro não fará jus ao respectivo adicional de
métodos de trabalho, impliquem risco acentuado periculosidade.
em virtude de exposição permanente do trabalhador Destaque-se que o TST permitia que o adicional de
a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; roubos periculosidade fosse fixado em percentual inferior
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Toda vez que o empregado cometer falta con- Hipóteses legais de falta grave praticada pelo
siderada pela legislação con- solidada como grave, obreiro (CLT, art. 482)
poderá ser dispensado por justa causa pelo em-
pregador. O art. 482 da CLT estabelece as hipóteses de
Na justa causa há a quebra da boa-fé, confi- resolução do contrato de trabalho em face de falta
ança, poder de obediência e diligência, o que torna grave praticada pelo empregado, constituindo a
incompatível a continuidade da relação de em- dispensa por justa causa do obreiro a penalidade
prego. mais grave que pode ser aplicada pelo emprega-
Tendo em vista que o empregado é subordina- dor.
do juridicamente ao empre- gador, pode o obreiro Passemos a analisar as alíneas descritas no
sofrer as seguintes sanções disciplinares: ad- art. 482 da CLT, as quais enumeram atos faltosos
vertência (verbal ou escrita), suspensão disciplinar de natureza grave praticados pelo empregado, en-
(CLT, art. 474) e dispensa por justa causa. sejadores da resolução do contrato por
A configuração da justa causa depende da justa causa:
comprovação de alguns re- quisitos, a saber:
• Ato de Improbidade (CLT, art. 482, a):
• Gravidade da falta: um dos elementos essen-
ciais à caracterização da justa causa é a gravi- Consiste o ato de improbidade na desones-
dade da falta. A falta deve ser grave e a culpa do tidade, fraude, má-fé do obreiro, que provoque risco
empregado deve ser apreciada in concreto, levan- ou prejuízo à integridade patrimonial do emprega-
do-se também em consideração o tempo, o meio, a dor ou de terceiro, com o objetivo de alcançar van-
classe social, os usos, costumes, e hábitos so- tagem para si ou para outrem.
ciais etc. Podemos citar como exemplo de atos de im-
• Proporcionalidade da pena: é derivada da pró- probidade: furto ou roubo de bens da empresa,
pria gravidade da fal- ta, em que a pena deve ser apropriação indébita de recursos do estabeleci-
proporcional à falta cometida. Também chamado mento, falsificação de documentos para obter van-
de princípio da dosimetria da pena. tagem ilícita na empresa etc.
• Non bis in idem: na aplicação da penalidade
deve-se levar em consi- deração que para cada • Incontinência de Conduta (CLT, art. 482, b):
falta somente se admite uma única penalidade.
• Inalteração da punição: uma vez aplicada a Incontinência de conduta é o desregramento
penalidade, ela não pode ser substituída por uma ligado à vida sexual do indi- víduo, que leva à per-
de natureza mais grave. Pode até haver atenuação turbação do ambiente do trabalho ou mesmo preju-
da pena, pois representa uma condição mais ben- dica suas obrigações contratuais, como a prática
éfica para o obreiro, mas nunca pode a pena ser de obscenidades e pornografia nas dependências
agravada. da empresa.
• Imediatidade: após o conhecimento e a apu- Podemos citar também como exemplo de in-
ração da falta, o obreiro deve ser imediatamente continência de conduta o assédio sexual, prática
punido, pois falta conhecida e não punida é falta de atos de pedofilia na empresa etc.
tacitamente perdoada. Em verdade, a demora na
aplicação da penalidade importaria em renúncia • Mau Procedimento (CLT, art. 482, b):
pelo empregador ao direito de punir o obreiro. Ad-
mite-se que o empregado somente seja punido Comportamento incorreto do empregado na
após término de sindicância interna para apurar prática de atos pessoais que atinjam a moral, salvo
falta grave. o sexual (enquadrado como incontinência de condu-
• Vinculação entre a infração e a pena: o em- ta), levando à perturbação do ambiente de trabalho
pregador se vincula ao fato ensejador da justa ou mesmo prejudicando o cumprimento das suas
causa. Há uma vinculação entre a infração cometida obrigações contratuais.
e a penalidade praticada, não podendo o emprega- Podemos citar alguns exemplos: o do em-
dor aproveitar-se de falta ocorrida recentemente pregado que dirige o veículo da empresa sem au-
para punir infração antes não apenada. torização, totalmente alcoolizado e sem carteira de
• Conduta dolosa ou culposa do obreiro: não habilita- ção; o do obreiro que destrói ou danifica,
será lícita a aplicação da justa causa se não propositadamente, equipamentos da empresa; o
comprovado que o empregado agiu com dolo ou daquele que porta drogas nas dependências da
culpa (negligência, imprudência ou imperícia). É o empresa, seja para consumo próprio, seja para
requisito subjetivo para configuração da justa venda etc.
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• Negociação habitual por conta própria ou alheia É o desempenho das atividades com negligên-
sem permissão do empregador, e quando consti- cia, imprudência, má vontade, displicência, desleixo,
tuir ato de concorrência à empresa para a qual desatenção, indiferença, desinteresse etc.
trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço A desídia, para configuração da dispensa por
(CLT, art. 482, c): justa causa do obreiro, impõe um comportamento
reiterado e contínuo do obreiro, caracterizado por
O tipo trabalhista descrito, em verdade, en- repetidas faltas que demonstrem a omissão do
volve 2 hipóteses de faltas graves distintas, co- empregado no serviço.
metidas pelo obreiro. As faltas anteriores devem, todavia, ter sido
A primeira hipótese é a negociação habitual punidas pelo empregador, ainda que sob a forma de
por conta própria ou alheia, sem permissão do advertência. Exemplo: faltas ou atrasos reiterados
empregador, quando for prejudicial ao serviço. ao trabalho, diferenças constantes de numerários no
Nessa hipótese, não há concorrência desleal do fechamento de caixas etc.
empregado, caracterizando-se a falta grave pela
desordem que o obreiro causa no ambiente de • Embriaguez habitual ou em serviço (CLT, art.
trabalho ao tentar vender produtos diversos na em- 482, f):
presa (bebidas, salgadinhos, produtos de beleza,
roupas etc.), prejudicando suas atividades laborais Inicialmente, cabe ressaltar que a em-
e dos demais empregados. briaguez mencionada no tipo trabalhista tanto
Evidentemente que apenas um ato faltoso do pode ser proveniente do álcool como também de
trabalhador não ensejaria sua dispensa por justa drogas nocivas. O tipo em comento comporta
causa, mas a insistência em permanecer comer- desmembramento em 2 hipóteses.
cializando produtos nas dependências da empre- A primeira hipótese é a embriaguez habitual:
sa, apesar das repreensões do empre- gador, é é a que ocorre, repetiti- vamente, fora do local e
que configuraria a falta grave, ensejadora da horário de trabalho, trazendo consequências pa-
resolução contratual. ra a execução das obrigações contratuais pelo
A segunda hipótese é a negociação habitual obreiro. Seria a situação do empregado que cum-
por conta própria ou alheia, sem permissão do pre a jornada na empresa e, após o fim do expedi-
empregador e quando constituir ato de concorrên- ente, se embriaga, habitualmente, no bar próximo à
cia à empresa para qual o empregado trabalha. sua residência.
Trata-se da concorrência desleal, na qual o em- Considera-se embriaguez habitual aquela que
pregado, valendo-se da sua atividade laboral, ex- ocorre com frequência com a ciência de toda a so-
plora negócio próprio, desviando a clientela da em- ciedade, maculando a credibilidade do empregador
presa em que trabalha, para vender seus produtos perante os seus clientes. A jurisprudência vem
ou oferecer seus serviços por preços menores, em entendendo de forma pací- fica que a embriaguez
detrimento do seu empregador. habitual é uma doença, uma patologia, já declina-
Frise-se que a lei somente veda o trabalho da pela própria Organização Mundial da Saúde. Em
concorrente ou prejudicial ao serviço, nada imped- razão disso, os tribunais não admitem moderna-
indo que o empregado exerça mais de uma ativida- mente a justa causa nesse caso, mas sim a sus-
de, desde que não constitua em concorrência pensão do contrato de trabalho para que o em-
desleal à empresa. pregado realize tratamento médico que determine
• Condenação criminal do empregado, passada seu retorno ao trabalho ou sua aposentadoria por
em julgado, caso não tenha havido suspensão da invalidez.
execução da pena (CLT, art. 482, d): A segunda hipótese é a embriaguez em
serviço. Ela ocorre no local e horário de trabalho,
O que caracteriza a justa causa não é a con- podendo, dependendo da atividade exercida, o
denação criminal com o trânsito em julgado, mas, obreiro embriagado causar riscos a sua própria
sim, a não suspensão da pena, permanecendo o saúde e integridade física, dos de- mais colegas
empregado preso, o que importaria na impossi- de trabalho e até da coletividade (como na
bilidade física do obreiro prestar os serviços. Caso o hipótese de um motorista de ônibus conduzir um
trabalhador seja condenado criminalmente, transite veículo em estado de embriaguez).
em julgado a sentença, mas não permaneça pre- Para a caracterização da embriaguez habitual
so, não poderá o empregador dispensá-lo por justa há necessidade de sua repetição; porém, a em-
causa, pois não estará o laborante impossibilitado briaguez em serviço pode ser caracterizada
de comparecer ao trabalho. apenas por uma falta.
• Desídia no desempenho das respectivas funções
(CLT, art. 482, e): • Violação de segredo da empresa (CLT, art.
482, g):
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direção ou representação sindical e, se eleito, ainda XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
que suplente, até um ano após o final do mandato, insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
salvo se cometer falta grave nos termos da lei. lho a menores de dezesseis anos, salvo na condi-
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli- ção de aprendiz, a partir de quatorze anos;
cam-se à organização de sindicatos rurais e de co- Art. 413, CLT - É vedado prorrogar a duração nor-
lônias de pescadores, atendidas as condições que a mal diária do trabalho do menor, salvo:
lei estabelecer. I - até mais 2 (duas) horas, independentemente de
Art. 611, CLT - Convenção Coletiva de Trabalho é o acréscimo salarial, mediante convenção ou acordo
acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais coletivo nos termos do Título VI desta Consolidação,
Sindicatos representativos de categorias econômi- desde que o excesso de horas em um dia seja
cas e profissionais estipulam condições de trabalho compensado pela diminuição em outro, de modo a
aplicáveis, no âmbito das respectivas representa- ser observado o limite máximo de 48 (quarenta e
ções, às relações individuais de trabalho. oito) horas semanais ou outro inferior legalmente
§ 1º - É facultado aos Sindicatos representativos de fixada;
categorias profissionais celebrar Acordos Coletivos II - excepcionalmente, por motivo de força maior, até
com uma ou mais empresas da correspondente o máximo de 12 (doze) horas, com acréscimo sala-
categoria econômica, que estipulem condições de rial de, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento)
trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das sobre a hora normal e desde que o trabalho do me-
acordantes respectivas relações de trabalho. nor seja imprescindível ao funcionamento do esta-
Art. 614, CLT - Os Sindicatos convenentes ou as belecimento.
empresas acordantes promoverão, conjunta ou se- Parágrafo único. Aplica-se à prorrogação do traba-
paradamente, dentro de 8 (oito) dias da assinatura lho do menor o disposto no art. 375, no parágrafo
da Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do único do art. 376, no art. 378 e no art. 384 desta
mesmo, para fins de registro e arquivo, no Depar- Consolidação.
tamento Nacional do Trabalho, em se tratando de Art. 405, CLT - Ao menor não será permitido o tra-
instrumento de caráter nacional ou interestadual, ou balho:
nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e I - nos locais e serviços perigosos ou insalubres,
Previdência Social, nos demais casos. (...) constantes de quadro para esse fim aprovado pelo
§ 3º - Não será permitido estipular duração de Con- Diretor Geral do Departamento de Segurança e
venção ou Acordo superior a 2 (dois) anos. Higiene do Trabalho;
Art. 534, CLT - É facultado aos Sindicatos, quando II - em locais ou serviços prejudiciais à sua morali-
em número não inferior a 5 (cinco), desde que re- dade.
presentem a maioria absoluta de um grupo de ativi- § 3º - Considera-se prejudicial à moralidade do me-
dades ou profissões idênticas, similares ou conexas, nor o trabalho:
organizarem-se em federação. a) prestado de qualquer modo, em teatros de revis-
§ 1º - Se já existir federação no grupo de atividades ta, cinemas, boates, cassinos, cabarés, dancings e
ou profissões em que deva ser constituída a nova estabelecimentos análogos;
entidade, a criação desta não poderá reduzir a me- b) em empresas circenses, em funções de acróbata,
nos de 5 (cinco) o número de Sindicatos que àquela saltimbanco, ginasta e outras semelhantes;
devam continuar filiados. c) de produção, composição, entrega ou venda de
Art. 535, CLT - As Confederações organizar-se-ão escritos, impressos, cartazes, desenhos, gravuras,
com o mínimo de 3 (três) federações e terão sede pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros
na Capital da República. objetos que possam, a juízo da autoridade compe-
tente, prejudicar sua formação moral;
Súmula nº 277 do TST d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcoó-
licas.
CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO OU § 5º Aplica-se ao menor o disposto no art. 390 e seu
ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. EFICÁCIA. parágrafo único
ULTRATIVIDADE Art. 439, CLT - É lícito ao menor firmar recibo pelo
As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou pagamento dos salários. Tratando-se, porém, de
convenções coletivas integram os contratos indivi- rescisão do contrato de trabalho, é vedado ao me-
duais de trabalho e somente poderão ser modifica- nor de 18 (dezoito) anos dar, sem assistência dos
das ou suprimidas mediante negociação coletiva de seus responsáveis legais, quitação ao empregador
trabalho. pelo recebimento da indenização que lhe for devida.
Art. 7º, CRFB/88 - São direitos dos trabalhadores Art. 440, CLT - Contra os menores de 18 (dezoito)
urbanos e rurais, além de outros que visem à me- anos não corre nenhum prazo de prescrição.
lhoria de sua condição social: (...)
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o
Art. 402, CLT - Considera-se menor para os efeitos § 2 Os períodos de repouso, antes e depois do
desta Consolidação o trabalhador de quatorze até parto, poderão ser aumentados de 2 (duas) sema-
dezoito anos. nas cada um, mediante atestado médico.
o
Art. 372, CLT - Os preceitos que regulam o trabalho § 3 Em caso de parto antecipado, a mulher terá
masculino são aplicáveis ao trabalho feminino, na- direito aos 120 (cento e vinte) dias previstos neste
quilo em que não colidirem com a proteção especial artigo.
o
instituída por este Capítulo. § 4 É garantido à empregada, durante a gravidez,
Parágrafo único - Não é regido pelos dispositivos a sem prejuízo do salário e demais direitos:
que se refere este artigo o trabalho nas oficinas em I - transferência de função, quando as condições de
que sirvam exclusivamente pessoas da família da saúde o exigirem, assegurada a retomada da fun-
mulher e esteja esta sob a direção do esposo, do ção anteriormente exercida, logo após o retorno ao
pai, da mãe, do tutor ou do filho. trabalho;
Art. 384, CLT - Em caso de prorrogação do horário II - dispensa do horário de trabalho pelo tempo ne-
normal, será obrigatório um descanso de 15 (quin- cessário para a realização de, no mínimo, seis con-
ze) minutos no mínimo, antes do início do período sultas médicas e demais exames complementares.
extraordinário do trabalho. Art. 392-A, CLT - À empregada que adotar ou obti-
Art. 390, CLT - Ao empregador é vedado empregar ver guarda judicial para fins de adoção de criança
a mulher em serviço que demande o emprego de será concedida licença-maternidade nos termos do
o
força muscular superior a 20 (vinte) quilos para o art. 392, observado o disposto no seu § 5 .
o
trabalho continuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o § 1 a 3§ (Revogados pela Lei nº 12.010, de
trabalho ocasional. 2009)
o
Parágrafo único - Não está compreendida na deter- § 4 A licença-maternidade só será concedida medi-
minação deste artigo a remoção de material feita ante apresentação do termo judicial de guarda à
por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos, adotante ou guardiã.
de carros de mão ou quaisquer aparelhos mecâni- Art. 389, CLT - Toda empresa é obrigada:
cos. § 1º - Os estabelecimentos em que trabalharem pelo
Art. 395, CLT - Em caso de aborto não criminoso, menos 30 (trinta) mulheres com mais de 16 (dezes-
comprovado por atestado médico oficial, a mulher seis) anos de idade terão local apropriado onde seja
terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas, permitido às empregadas guardar sob vigilância e
ficando-lhe assegurado o direito de retornar à fun- assistência os seus filhos no período da amamenta-
ção que ocupava antes de seu afastamento. ção.
Art. 473, CLT - O empregado poderá deixar de Art. 373-A, CLT - Ressalvadas as disposições legais
comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: destinadas a corrigir as distorções que afetam o
(Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas
28.2.1967) especificidades estabelecidas nos acordos trabalhis-
I - até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de fale- tas, é vedado:
cimento do cônjuge, ascendente, descendente, ir- I - publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no
mão ou pessoa que, declarada em sua carteira de qual haja referência ao sexo, à idade, à cor ou situ-
trabalho e previdência social, viva sob sua depen- ação familiar, salvo quando a natureza da atividade
dência econômica; (Inciso incluído pelo Decreto-lei a ser exercida, pública e notoriamente, assim o exi-
nº 229, de 28.2.1967) gir;
Art. 396, CLT - Para amamentar o próprio filho, até IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza,
que este complete 6 (seis) meses de idade, a mu- para comprovação de esterilidade ou gravidez, na
lher terá direito, durante a jornada de trabalho, a 2 admissão ou permanência no emprego;
(dois) descansos especiais, de meia hora cada um. V - impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos
Parágrafo único - Quando o exigir a saúde do filho, para deferimento de inscrição ou aprovação em
o período de 6 (seis) meses poderá ser dilatado, a concursos, em empresas privadas, em razão de
critério da autoridade competente. sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gra-
Art. 392, CLT - A empregada gestante tem direito à videz;
licença-maternidade de 120 (cento e vinte) dias, VI - proceder o empregador ou preposto a revistas
sem prejuízo do emprego e do salário. íntimas nas empregadas ou funcionárias.
o
§ 1 A empregada deve, mediante atestado médico,
notificar o seu empregador da data do início do
afastamento do emprego, que poderá ocorrer entre
o 28º (vigésimo oitavo) dia antes do parto e ocor-
rência deste.
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FÉRIAS
Período aquisitivo de férias
Todo empregado terá direito anualmente ao
gozo de um período de férias, sem prejuízo da re- O período aquisitivo de férias corresponde a
muneração. As férias, em regra, têm o período de um lapso de 12 meses, (considerando como mês a
30 dias e não podem ser parceladas em mais de fração temporal superior a 14 dias), sendo que a
duas frações (e ainda assim, somente em casos contagem começa da data inicial do contrato de
excepcionais), sendo que nenhuma delas pode ser trabalho. (Arts. 130 e 146, CLT)
inferior a 10 dias.
Art. 146 - Na cessação do contrato de trabalho,
Art. 129 - Todo empregado terá direito anualmente qualquer que seja a sua causa, será devida ao em-
ao gozo de um período de férias, sem prejuízo da pregado a remuneração simples ou em dobro, con-
remuneração. forme o caso, correspondente ao período de férias
cujo direito tenha adquirido.
Art. 134 - As férias serão concedidas por ato do Parágrafo único - Na cessação do contrato de
empregador, em um só período, nos 12 (doze) me- trabalho, após 12 (doze) meses de serviço, o em-
ses subsequentes à data em que o empregado tiver pregado, desde que não haja sido demitido por justa
adquirido o direito. causa, terá direito à remuneração relativa ao perío-
§ 1º - Somente em casos excepcionais serão do incompleto de férias, de acordo com o art. 130,
as férias concedidas em 2 (dois) períodos, um dos na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de
quais não poderá ser inferior a 10 (dez) dias corri- serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias.
dos.
O aviso prévio, mesmo quando indenizado,
Art. 7º da CF/88 - São direitos dos trabalhado- integra o período aquisitivo de férias.
res urbanos e rurais, além de outros que visem à A lei vincula a assiduidade do empregado à
melhoria de sua condição social: aquisição de férias, conforme o número de faltas
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, que tiver, será o número de dias das férias:
pelo menos, um terço a mais do que o salário nor-
mal; IMPORTANTE MEMORIZAR!
- Se o empregado tiver até 5 faltas por ano, não
Existe exceção para a regra do fraciona- haverá prejuízo.
mento das férias em no máximo duas partes: no - Se o empregado tiver de 6 a 14 faltas, terá 24 dias
caso do tripulante, as férias podem ser fracionadas de férias.
em até 4 períodos. - Se tiver de 15 a 23 faltas, terá 18 dias de férias.
- Se o empregado tiver de 24 a 32 faltas, terá 12
Art. 150 - O tripulante que, por determinação do dias de férias.
armador, for transferido para o serviço de outro, terá
computado, para o efeito de gozo de férias, o tempo Portanto:
de serviço prestado ao primeiro, ficando obrigado a
concedê-las o armador em cujo serviço ele se en- Faltas Injustificadas Dias de Férias
contra na época de gozá-las. Até 5 30
§ 1º - As férias poderão ser concedidas, a pe- De 6 a 14 24
dido dos interessados e com aquiescência do arma- De 15 a 23 18
dor, parceladamente, nos portos de escala de gran- De 24 a 32 12
de estadia do navio, aos tripulantes ali residentes.
§ 2º - Será considerada grande estadia a per- Interpreta-se que se o empregado faltar
manência no porto por prazo excedente de 6 (seis) mais de 32 dias, deixará de adquirir direito a férias
dias. naquele determinado período aquisitivo.
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O artigo 131 da CLT traz um rol de ausên- serviço militar será computado para fins de cálculo
cias que não serão consideradas faltas do empre- do período aquisitivo de férias. (Art. 132, CLT)
gado: (Súmula 89, TST) Em contratos de tempo parcial, a dura-
ção das férias será diferenciada. Suas férias
Súmula 89 TST Se as faltas já são justifi- serão menores em relação àquelas que corres-
cadas pela lei, consideram-se como ausências le- pondem à regra geral.
gais e não serão descontadas para o cálculo do Estabelece o artigo 130-A, da CLT, que na
período de férias. modalidade de regime de tempo parcial, após
cada período de doze meses de vigência do contra-
- nos casos do artigo 473; to de trabalho, o empregado terá direito a férias, na
- durante o licenciamento compulsório da emprega- seguinte proporção:
da por motivo de maternidade ou aborto, observa- - 18 dias, para a duração do trabalho semanal supe-
dos os requisitos para percepção do salário- rior a 22 horas, até 25 horas;
maternidade custeado pela Previdência Social; http://www.planalto.gov.br/ccivil/MPV/2164-41.htm -
- por motivo de acidente do trabalho ou enfermidade art1
atestada pelo Instituto Nacional do Seguro Social - - 16 dias, para a duração do trabalho semanal supe-
INSS, desde que o afastamento não seja superior a rior a 20 horas, até 22 horas;
6 meses. O tempo de afastamento será computado http://www.planalto.gov.br/ccivil/MPV/2164-41.htm -
no período aquisitivo de férias. art1
- justificada pela empresa, entendendo-se como tal - 14 dias, para a duração do trabalho semanal supe-
a que não tiver determinado o desconto do corres- rior a 15 horas, até 20 horas;
pondente salário; http://www.planalto.gov.br/ccivil/MPV/2164-41.htm -
- durante a suspensão preventiva para responder a art1
inquérito administrativo ou de prisão preventiva, - 12 dias, para a duração do trabalho semanal supe-
quanto for impronunciado ou absorvido (caso esse rior a 10 horas, até 15 horas;
empregado seja impronunciado ou absolvido, seu - 10 dias, para a duração do trabalho semanal supe-
tempo de afastamento será computado no período rior a 5 horas, até 10 horas;
aquisitivo de férias; http://www.planalto.gov.br/ccivil/MPV/2164-41.htm -
- nos dias em que não tenha havido serviço, salvo art1
na hipótese do inciso III do art. 133. - 8 dias, para a duração do trabalho semanal igual
ou inferior a 5 horas.
Além dos descontos que o empregado pode http://www.planalto.gov.br/ccivil/MPV/2164-41.htm -
sofrer em suas férias em razão de faltas injustifica- art1
das, o artigo 133 da CLT traz mais algumas hipóte- O empregado contratado sob o regime de
ses de perda do direito a férias pelo empregado. tempo parcial que tiver mais de 7 faltas injustifica-
das ao longo do período aquisitivo terá o seu perío-
Perde o direito a férias o empregado que, no curso do de férias reduzido à metade. Conclui-se então,
do período aquisitivo: que não há uma tabela redutora de faltas para o
- deixar o emprego e não for readmitido dentro de empregado em tempo parcial, como a do artigo 130,
60 dias subseqüentes à sua saí- CLT.
da;http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto- Os trabalhadores em tempo parcial não po-
Lei/Del1535.htm - art133 dem converter 1/3 de suas férias em pecúnia, preci-
- permanecer em gozo de licença, com percepção sam usufruir da integralidade das férias.
de salários, por mais de 30
as; http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto- Período concessivo de férias
Lei/Del1535.htm - art133
- deixar de trabalhar, com percepção do salário, por Adquirido o direito a férias, inicia-se imedia-
mais de 30 dias, em virtude de paralisação parcial tamente o período concessivo de férias.
ou total dos serviços da empresa; As férias serão concedidas por ato do em-
- tiver percebido da Previdência Social prestações pregador, em um só período, nos 12 meses subse-
de acidente de trabalho ou de auxílio-doença por quentes à data em que o empregado tiver adquirido
mais de 6 meses, embora descontínuos. o direito. (Art. 134, CLT)
Ocorrendo uma dessas hipóteses e restan- Desde que haja comunicação por parte do
do prejudicado o período aquisitivo de férias, tem empregador com uma antecedência mínima de 30
início um novo período aquisitivo assim que o em- dias do inicio de seu efetivo gozo. Art. 135, CLT.
pregado retornar ao serviço. (Art. 133, §2º, CLT) Exemplo: 2010 é o ano em que o empregado usufrui
No caso do empregado que estava afastado das férias adquiridas em 2009, é o período conces-
para prestar serviço militar, se retornar ao trabalho sivo dessas férias, enquanto é o período aquisitivo
em até 90 dias da data da correspondente baixa, para as férias que o empregado gozará em 2011.
seu tempo de trabalho anterior à apresentação ao
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Os membros de uma família, que trabalha- entende-se que os dias excedentes àqueles a que o
rem no mesmo estabelecimento ou empresa, terão empregado tinha direito como férias proporcionais,
direito a gozar férias no mesmo período, se assim o serão tidos como licença remunerada. Todavia, ao
desejarem e se disto não resultar prejuízo para o término das férias coletivas, de qualquer forma, se
serviço. (Art. 136, § 1º, CLT) inicia novo período aquisitivo.
O empregado estudante, menor de 18 O empregador comunicará ao órgão local
anos, terá direito a fazer coincidir suas férias com do Ministério do Trabalho, com a antecedência mí-
as férias escolares. (Art. 136, § 2º, CLT) nima de 15 dias, as datas de início e fim das férias
coletivas, precisando quais os estabelecimentos ou
Todo estudante deve usufruir suas férias em setores abrangidos pela medida. (Art. 139, §2º,
período que coincida com as férias escolares? CLT)
Incorreto. Somente os estudantes menores de 18
anos. Remuneração das férias
Durante as férias, o empregado não poderá O empregado perceberá, até dois dias antes
prestar serviços a outro empregador, salvo se esti- do efetivo gozo art. 145 da CLT, a remuneração que
ver obrigado a fazê-lo em virtude de contrato de lhe for devida na data da sua concessão. A este
trabalho regularmente mantido com aquele. (Art. valor, acrescenta-se o percentual de um terço. (Art.
138, CLT) 142, CLT e art. 7º, XVII, CF/88)
Sempre que as férias forem concedidas fora Quando o salário for pago por hora com
do período concessivo de 12 meses após o período jornadas variáveis, apurar-se-á a média do período
aquisitivo, o empregador pagará em dobro a respec- aquisitivo, aplicando-se o valor do salário na data da
tiva remuneração (atenção! O empregado não irá concessão das férias.
usufruir de 60 dias de férias, apenas receberá o Quando o salário for pago por tarefa tomar-
dobro). (Art. 137, CLT) se-á por base a media da produção no período
Vencido o período concessivo sem que o aquisitivo do direito a férias, aplicando-se o valor da
empregador tenha concedido as férias, o emprega- remuneração da tarefa na data da concessão das
do poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por férias
sentença, da época de gozo das mesmas. (Art. Quando o salário for pago por percentagem,
137, § 1º, CLT) comissão ou viagem, apurar-se-á a média percebida
A sentença dominará pena diária de 5% do pelo empregado nos 12 (doze) meses que precede-
salário mínimo da região, devida ao empregado até rem à concessão das férias.
que seja cumprida. (Art. 137, § 2º, CLT) A parte do salário paga em utilidades será
Cópia da decisão judicial transitada em jul- computada de acordo com a anotação na Carteira
gado será remetida ao órgão local do Ministério do de Trabalho e Previdência Social. (Art. 142, §1º a
Trabalho, para fins de aplicação da multa de caráter §4º, CLT)
administrativo ao empregador. (Art. 137, § 3º, CLT) Os adicionais por trabalho extraordinário,
noturno, insalubre ou perigoso serão computados
Férias coletivas no salário que servirá de base ao cálculo da remu-
neração das férias. (Art. 142, § 5º, CLT)
Férias coletivas podem ser concedidas uni- Se, no momento das férias, o empregado
lateralmente pelo empregador de forma discricioná- não estiver percebendo o mesmo adicional do perí-
ria ou em virtude de negociação coletiva, abrangen- odo aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver
do um conjunto de empregados. sido uniforme será computada a média duodecimal
Poderão ser concedidas férias coletivas a recebida naquele período, após a atualização das
todos os empregados de uma empresa ou de de- importâncias pagas, mediante incidência dos per-
terminados estabelecimentos ou setores da empre- centuais dos reajustamentos salariais supervenien-
sa. (Art. 139, CLT) tes. (Art. 142, § 6º, CLT)
Diferentemente das férias individuais, as Art. 142 - O empregado perceberá, durante as fé-
férias coletivas poderão ser gozadas em 2 perío- rias, a remuneração que lhe for devida na data da
dos anuais, sem necessidade de justificativa, desde sua concessão.
que nenhum deles seja inferior a 10 dias corridos. § 1º - Quando o salário for pago por hora com
(Art. 139, §1º, CLT) jornadas variáveis, apurar-se-á a média do período
Quanto aos empregados contratados a me- aquisitivo, aplicando-se o valor do salário na data da
nos de 12 meses, estes gozarão férias coletivas concessão das férias.
proporcionais, iniciando-se, ao término do gozo de § 2º - Quando o salário for pago por tarefa
férias, novo período aquisitivo. tomar-se-á por base a media da produção no perío-
Se o empregador optar por conceder férias do aquisitivo do direito a férias, aplicando-se o valor
coletivas integrais aos empregados que ainda não da remuneração da tarefa na data da concessão
completaram o período aquisitivo de 12 meses, das férias.
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§ 3º - Quando o salário for pago por percenta- abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe
gem, comissão ou viagem, apurar-se-á a média seria devida nos dias correspondentes.
percebida pelo empregado nos 12 (doze) meses É direito do empregado converter 1/3 de
que precederem à concessão das férias. suas férias em prestação pecuniária, desde que
§ 4º - A parte do salário paga em utilidades requerido no tempo certo. O abono de férias de-
será computada de acordo com a anotação na Car- verá ser requerido pelo empregado até 15 dias an-
teira de Trabalho e Previdência Social. tes do término do período aquisitivo. Após esse
§ 5º - Os adicionais por trabalho extraordinário, período, a conversão em pecúnia passa a depender
noturno, insalubre ou perigoso serão computados da concordância do empregador. (Art. 143, §1º,
no salário que servirá de base ao cálculo da remu- CLT)
neração das férias. Nas férias individuais, a conversão pecuniá-
§ 6º - Se, no momento das férias, o empregado ria de parte das férias é direito potestativo do em-
não estiver percebendo o mesmo adicional do perí- pregado. Nas férias coletivas, se for o caso, resulta-
odo aquisitivo, ou quando o valor deste não tiver rá de negociação coletiva. (Art. 143, § 2º, CLT)
sido uniforme será computada a média duodecimal
recebida naquele período, após a atualização das Art. 144, CLT. O abono de férias de que tra-
importâncias pagas, mediante incidência dos per- ta o artigo anterior, bem como o concedido em vir-
centuais dos reajustamentos salariais supervenien- tude de cláusula do contrato de trabalho, do regu-
tes. lamento da empresa, de convenção ou acordo cole-
Art. 145 - O pagamento da remuneração das tivo, desde que não excedente de vinte dias do salá-
férias e, se for o caso, o do abono referido no art. rio, não integrarão a remuneração do empregado
143 serão efetuados até 2 (dois) dias antes do início para os efeitos da legislação do trabalho.
do respectivo período
Parágrafo único - O empregado dará quitação Efeitos da extinção do contrato de traba-
do pagamento, com indicação do início e do termo lho sobre as férias
das férias.
As gratificações anuais, semestrais ou tri- Na cessação do contrato de trabalho, qual-
mestrais, apesar de possuírem natureza salarial, quer que seja a sua causa, será devida ao empre-
não incorporam na remuneração das férias. gado a remuneração simples ou em dobro, confor-
O período de férias, sim, é computado no me o caso, correspondente ao período de férias
período de referência das gratificações trimestrais, cujo direito tenha adquirido. (Art. 146, CLT)
semestrais e anuais. Não importa se o empregado for despedido
A remuneração simples das férias é a com justa causa, sem justa causa, se pediu demis-
regra geral: valor do salário referencial do emprega- são, se as férias estão vencidas, são direito adquiri-
do acrescido de 1/3 constitucional. É o que se aplica do seu, e deverão ser for o caso serem remunera-
para as férias usufruídas no período concessivo ou das em dobro.
devidas no caso de dispensa do empregado durante Na extinção do contrato de trabalho, após
o período concessivo. É a figura das férias simples. 12 meses de serviço, o empregado, desde que não
As férias proporcionais são remuneradas haja sido demitido por justa causa, terá direito à
também de forma simples, porém em valor reduzi- remuneração relativa ao período incompleto de fé-
do, em razão da proporcionalidade aos meses do rias, de acordo com o art. 130, na proporção de 1/12
período aquisitivo. por mês de serviço ou fração superior a 14 dias.
A remuneração dobrada será aplicada às (Art. 146, § único, CLT)
férias vencidas, ou seja, após o término do período No caso de extinção do contrato de trabalho
concessivo. por justa causa do empregado, este não terá direito
Se apenas parte das férias ficar fora às férias proporcionais acrescidas de 1/3.
do período concessivo, somente esta parte será
remunerada em dobro. (Súmula 81, TST) Súmula 261, TST. O empregado que se
Em caso de remuneração dobrada, em ra- demite antes de complementar 12 meses de serviço
zão das férias vencidas, o terço constitucional tam- tem direito a férias proporcionais.
bém será dobrado (o valor da dobra não possui
caráter salarial, e sim de penalidade imposta ao Súmula - 171 TST Salvo na hipótese de
empregador). dispensa do empregado por justa causa, a extinção
do contrato de trabalho sujeita o empregador ao
Conversão pecuniária das férias pagamento da remuneração das férias proporcio-
nais, ainda que incompleto o período aquisitivo de
A conversão pecuniária de férias (ou abono 12 (doze) meses (art. 147 da CLT)
de férias, ou abono pecuniário) está prevista no
artigo 143 da CLT. É facultado ao empregado con- O empregado que for despedido sem justa
verter 1/3 do período de férias a que tiver direito em causa, ou cujo contrato de trabalho se extinguir em
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prazo determinado, antes de completar 12 meses
de serviço, terá direito à remuneração relativa ao
período incompleto de férias, de conformidade com
o disposto no artigo anterior. (Art. 147, CLT)
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Empregado doméstico 2.757/1956 (porteiros, serventes, faxineiros, zelado-
res etc.), desde que a serviço da administração do
Empregado doméstico é aquele que presta serviços
edifício e não de cada condômino em particular, não
de natureza contínua e de finalidade não lucrativa à
são domésticos, sendo regidos pela CLT.
pessoa ou à família, no âmbito residencial dessas,
em pelo menos três vezes por semana. Doutrina e jurisprudência têm rechaçado a possibili-
dade de reconhecimento do vínculo empregatício
O empregado doméstico é regido pela Lei Comple-
doméstico envolvendo cônjuges, seja nas relações
mentar 150/15, aplicando a ele a CLT de forma sub-
matrimonias formais, seja na união estável do casal,
sidiária.
em face da inexistência de hierarquia entre os côn-
O trabalhador doméstico não exerce atividade eco- juges, mas sim de sociedade de fato ou de direito.
nômica, sendo seus serviços desenvolvidos à pes-
A Emenda Constitucional 72 estendeu aos domésti-
soa ou a família, sem o intuito de lucro.
cos, por meio do art. 7.º, parágrafo único, da CF,
Caso o trabalho seja exercido pelo obreiro, com fins diversos direitos concedidos aos trabalhadores ur-
lucrativos, o empregado não será doméstico, mas banos e rurais. São eles:
sim empregado regido pela CLT, ou mesmo empre-
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
gado rural, dependendo da hipótese.
unificado, capaz de atender a suas necessidades
Imaginemos a hipótese em que o trabalhador labora vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
na residência do empregador, preparando refeições mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
que irão ser comercializadas. Nesse caso, embora ne, transporte e previdência social, com reajustes
labore no âmbito residencial de seu empregador, periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
está exercendo uma atividade lucrativa, econômica, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
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mente aos domingos; tória, dentre outros direitos;
XXX – proibição de diferença de salários, de exercí- dez até 5 (cinco) meses após o parto, desta forma a
cio de funções e de critério de admissão por motivo empregada do lar tem direito à estabilidade no em-
de sexo, idade, cor ou estado civil; prego pelo fato de encontrar-se grávida.
XXXI – proibição de qualquer discriminação no to- O mesmo dispositivo legal em seu artigo 17, estabe-
cante a salário e critérios de admissão do trabalha- lece que o empregado doméstico terá direito a férias
ção de aprendiz, a partir de quatorze anos; dor, ser fracionado em até 2 (dois) períodos, sendo
1 (um) deles de, no mínimo, 14 (quatorze) dias cor-
Fazem jus, ainda, aos direitos seguintes, estes de- ridos.
pendentes de regulamentação:
O empregado do lar também tem direito ao repouso
I – relação de emprego protegida contra despedida remunerado nos dias de feriados civis e religiosos,
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei além do repouso semanal remunerado preferenci-
complementar, que preverá indenização compensa-
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almente aos domingos (o que já era assegurado Na hipótese de eventual reclamação trabalhista
pela CF/88, art. 7.º, parágrafo único). movida por empregado doméstico, o empregador
doméstico poderá fazer-se representar na audiência
O artigo 18 da lei dos domésticos dispõe ser vedado
por outra pessoa , conforme previsto na Súmula 377
ao empregador doméstico efetuar descontos no
do TST.
salário do empregado por fornecimento de alimen-
tação, vestuário, higiene ou moradia, sendo que tais Outrossim, a Lei 8.009/90, que dispõe sobre a im-
despesas não terão natureza salarial nem serão penhorabilidade do bem de família, em especial o
incorporadas à remuneração para quaisquer efeitos. imóvel residencial próprio do casal ou de entidade
Estabeleceu ainda o § 2.º que poderão ser descon- familiar, inclusive os móveis que guarnecem a casa,
tadas as despesas com moradia quando essa se se aplica aos empregados domésticos, ou seja,
referir a local diverso da residência em que ocorrer quando a reclamação trabalhista for promovida por
a prestação de serviço, e desde que essa possibili- obreiro do lar, em caso de eventual execução, esta
dade tenha sido expressamente acordada entre as não poderá incidir sobre o imóvel e/ou bens móveis
partes. onde reside o empregador doméstico.
O direito ao vale-transporte foi estendido ao traba- Quanto a duração normal do trabalho, a mesma
lhador doméstico por força do Decreto 95.247/1987 está limitada a 8 horas diárias e 44 semanais, po-
(art. 1.º, II). dendo em caso de hora suplementar ser realizada a
compensação de jornada.
No passado assunto polêmico em nossos tribunais
trabalhistas dizia respeito à configuração ou não do Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho
vínculo de emprego do obreiro que executa serviços sem que tenha havido a compensação integral da
domésticos em apenas alguns dias da semana. jornada extraordinária, na forma, o empregado fará
jus ao pagamento das horas extras não compensa-
Com a edição da LC 150/15, ficou estaelecido em
das, calculadas sobre o valor da remuneração na
seu art. 1.º o vínculo de emprego para o trabalhador
data de rescisão.
doméstico que executa serviços na mesma residên-
cia mais de duas vezes na semana. No caso de trabalho doméstico é facultado às par-
tes, mediante acordo escrito, estabelecer horário de
Em caso de morte do empregador doméstico, não
trabalho de 12 (doze) horas seguidas por 36 (trinta e
há sucessão trabalhista, devendo, todavia, os her-
seis) horas ininterruptas de descanso, observados
deiros responderem pelas verbas rescisórias devi-
ou indenizados os intervalos para repouso e alimen-
das ao obreiro do lar.
tação.
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Em relação ao empregado doméstico responsável O seguro-desemprego deverá ser requerido de 7
por acompanhar o empregador prestando serviços (sete) a 90 (noventa) dias contados da data de dis-
em viagem, serão consideradas apenas as horas pensa.
efetivamente trabalhadas no período, podendo ser
É devida a inclusão do empregado doméstico no
compensadas as horas extraordinárias em outro dia
FGTS, na forma do regulamento editado pelo Con-
O acompanhamento do empregador pelo emprega- selho Curador e pelo agente operador do FGTS, no
do em viagem será condicionado à prévia existência âmbito de suas competências.
de acordo escrito entre as partes, e a remuneração-
O empregador doméstico depositará a importância
hora do serviço em viagem será, no mínimo, 25%
de 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento)
(vinte e cinco por cento) superior ao valor do salário-
sobre a remuneração devida, no mês anterior, a
hora normal.
cada empregado, destinada ao pagamento da inde-
O intervalo para repouso e alimentação de acordo nização compensatória da perda do emprego, sem
com o art. 13 da referida lei, pode mediante acordo justa causa ou por culpa do empregador.
entra as partes ser reduzido para 30 minutos, e no
Nas hipóteses de dispensa por justa causa ou a
caso do empregado que resida no local de trabalho
pedido, de término do contrato de trabalho por prazo
pode ser fracionado em dois períodos podendo
determinado, de aposentadoria e de falecimento do
chegar a 4 horas.
empregado doméstico, os valores destinados a in-
O empregado doméstico que for dispensado sem denização compensatória serão movimentados pelo
justa causa fará jus ao benefício do seguro- empregador.
o
desemprego, na forma da Lei n 7.998, de 11 de
Na hipótese de culpa recíproca, metade dos valores
janeiro de 1990, no valor de 1 (um) salário-mínimo,
previstos no caput será movimentada pelo empre-
por período máximo de 3 (três) meses, de forma
gado, enquanto a outra metade será movimentada
contínua ou alternada.
pelo empregador.
Para se habilitar ao benefício do seguro-
O art. 31. da LC150/15 instituiu o regime unificado
desemprego, o trabalhador doméstico deverá apre-
de pagamento de tributos, de contribuições e dos
sentar ao órgão competente do Ministério do Traba-
demais encargos do empregador doméstico.
lho e Emprego, a Carteira de Trabalho e Previdên-
cia Social, na qual deverão constar a anotação do O Simples Doméstico assegurará o recolhimento
contrato de trabalho doméstico e a data de dispensa mensal, mediante documento único de arrecadação,
de modo a comprovar o vínculo empregatício como dos seguintes valores:
empregado doméstic durante pelo menos 15 (quin-
ze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses, o - 8% (oito por cento) a 11% (onze por cento) de
ração de que não está em gozo de benefício de empregado doméstico, nos termos do art. 20 da Lei
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8.212, de 24 de julho de 1991;
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Relação de Trabalho e Relação de Emprego determinadas pelo empregador, como por exem-
plo, um professor universitário que venha uma vez
DISTINÇÃO por semana dar aula para uma turma, sua presta-
ção não é contínua, mas é habitual eis que toda
Não podemos confundir a expressão relação de quarta feira ele está presente.
trabalho com relação de emprego, pois de forma O que desconfigura a relação de emprego é a
clara trata-se de institutos distintos. prestação de serviços eventuais, esporádica, em
A relação de trabalho corresponde a um gênero que o empregado trabalha sem nenhum tipo de
que engloba toda e qualquer relação jurídica pres- controle pré-determinado, prestando serviços tão
tada por pessoa física para outrem de forma one- somente quando de sua conveniência ou da em-
rosa, como por exemplo, o trabalho autônomo, presa, podendo ficar meses sem aparecer, e não
eventual, avulso e etc. sofrendo nenhum tipo de punição quando chama-
Já a relação de emprego é apenas uma das tantas do não comparece.
hipóteses possíveis da relação de trabalho, sendo Tal conceito possui um enorme grau de subjetivi-
inconfundível com as demais por suas característi- dade não podendo ser pré-fixado através de nú-
cas e peculiaridades. meros de dias trabalhados, cabendo ao interprete
Por este motivo que a doutrina de forma intensa de acordo com o caso concreto verificar se o tra-
crítica a nomenclatura contrato de trabalho, pois balho era prestado de forma esporádica sem com-
se esta representa a existência de uma relação de promisso ou de forma habitual.
emprego deveria se usar a expressão contrato de
emprego e não de forma abstrata contrato de Subordinação
trabalho.
Para que estejamos diante de uma relação de
REQUISITOS INDISPENSÁVEIS PARA A CA- emprego, é necessário que o trabalhador esteja
RACTERIZAÇÃO DE UMA RELAÇÃO DE EM- prestando seus serviços de forma subordinada,
PREGO compete ao empregador comandar, dirigir e orien-
tar a execução das tarefas.
Pessoalidade Se não encontrarmos a subordinação no trabalho
A prestação de serviços exercida por um empre- prestado, possivelmente estaremos diante de um
gado possui caráter intuito persona, isto é, se autônomo ou de um contrato de sociedade e não
apresenta obrigatoriamente de forma personalís- uma relação empregatícia.
sima, já que o empregado não pode se fazer subs- A dependência que gera a subordinação pode ser
tituir por outra pessoa na execução de suas tare- classificada como: econômica, técnica, ou jurídica.
fas. A doutrina afasta as duas primeiras hipóteses, já
A substituição de um empregado por outro traba- que em muitos casos estaremos diante de um
lhador pode ocorrer com o consentimento do em- empregado que por situações familiares possui
pregador, o que é perfeitamente viável, o que não uma condição econômica melhor que a de seu
se permite em uma relação de emprego é o fato empregador, portanto não dependendo deste eco-
de o empregado impor uma determinada pessoa nômicamente.
em seu lugar sem que o empregador possa criar Também é muito comum encontrarmos emprega-
objeções nesse sentido. dos que tecnicamente possuem mais recursos que
Se isto ocorrer estaremos provavelmente diante de seus patrões que não se atualizaram com as mo-
um contrato de prestação de serviços de natureza dernas metodologias de trabalho e se tornaram
civil, em que se contrata um determinado serviço obsoletos com o decurso do lapso temporal, exclu-
almejando tão somente o seu fim independente de indo desta forma a dependência técnica a empre-
quem irá prestá-lo. sa.
A solução se dá através da aplicação da depen-
Habitualidade dência jurídica decorrente do comando legal pre-
visto nos artigos 2º e 3º da CLT, em que o traba-
Também conhecida como não eventualidade, a lhador figurando em um dos polos da relação de
habitualidade é indispensável na relação de em- emprego se sujeita a receber ordens e ser dirigido
prego, pois o contrato de trabalho tem como carac- pelo empregador.
terística a prestação de serviços de forma sucessi-
va. Onerosidade
É importante distinguir a habitualidade da continui-
dade, a relação de emprego deve ser habitual, O contrato de trabalho possui um binômio com as
mas não necessariamente diária de forma contí- duas principais obrigações de seus contratantes, a
nua. prestação de serviços versus o pagamento de
Podemos visualizar a habitualidade sempre que o salários.
empregado preste serviços em datas pré-
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Para haver um contrato de trabalho é primordial A duração do trabalho do aprendiz não excederá
que exista uma contra prestação pelo serviço pres- de seis horas diárias, sendo vedadas a prorroga-
tado, se isto não ocorrer provavelmente trata-se de ção e a compensação de jornada. (Art. 432 CLT)
um trabalho voluntário e não uma relação de em- O limite previsto neste artigo poderá ser de até oito
prego. horas diárias para os aprendizes que já tiverem
Se uma determinada vantagem qualquer é forne- completado o ensino fundamental, se nelas forem
cida em troca da prestação de serviços e não por computadas as horas destinadas à aprendizagem
filantropia, mesmo não sendo ela em espécie já teórica.
configura a onerosidade para a caracterização de O aprendiz tem direito ao FGTS, mas em valor
uma relação de emprego. de 2% sobre a remuneração, e não de 8%, como
Como por exemplo, na hipótese em que toda a para os demais. (Art.24, Dec. 5598/05)
contra prestação dos serviços for realizada in natu-
ra, neste caso configurada a relação de emprego Art. 433, CLT. O contrato de aprendizagem extin-
caberá ao empregador ressarcir o empregado com guir-se-á no seu termo ou quando o aprendiz
o valor de 30% do salário ajustado durante todo o completar 24 (vinte e quatro) anos, ressalvada a
o
pacto laboral com o prevê o parágrafo único do art. hipótese prevista no § 5 do art. 428 desta Conso-
82 da CLT, por não ter sido respeitado o mínimo lidação, ou ainda antecipadamente nas seguintes
legal. hipóteses:
O que define a onerosidade em muitos casos não
é o recebimento de parcelas, já que muitas vezes I – desempenho insuficiente ou inadaptação do
o empregador se torna inadimplente desde o iní- aprendiz;
cio, é o verdadeiro animus em que foi prestado o II – falta disciplinar grave;
serviço, se restar caracterizado que o empregado III – ausência injustificada à escola que implique
apesar de não ter recebido sempre prestou servi- perda do ano letivo;
ços com a intenção de receber, pois isso lhe foi IV – a pedido do aprendiz.
prometido de forma implícita ou explicita estare-
mos diante de uma relação de emprego. O Decreto 5598/2005 regulamenta a contra-
Entretanto tal período deve ser curto, já que não é tação de aprendizes.
crível que alguém trabalhe durante meses ou anos
sem nada a receber, quando lhe foi prometida uma Empregado em domicílio
paga.
Aprendiz O artigo 83 da CLT considera emprego em domici-
lio o executado na habitação do empregado ou em
Conforme disposto no artigo 428 da CLT, con- oficina de família, por conta de empregador que o
trato de aprendizagem é o contrato de trabalho remunere.
especial, ajustado por escrito e por prazo determi- Ainda conforme a CLT, artigo 6º, não se distingue
nado, em que o empregador se compromete a o trabalho realizado no estabelecimento do em-
assegurar ao maior de 14 (quatorze) e menor de pregador e o executado no domicílio do emprega-
24 (vinte e quatro) anos inscrito em programa de do, desde que esteja caracterizada a relação de
aprendizagem formação técnico-profissional metó- emprego.
dica, compatível com o seu desenvolvimento físi- O trabalho do empregado em domicílio não pode
co, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar ser confundido com o do empregado doméstico e
com zelo e diligência as tarefas necessárias a nem com o do trabalhador autônomo.
essa formação.
O prazo determinado para duração do contrato de Trabalho lato sensu
aprendizagem não pode ser superior a dois anos,
salvo se o aprendiz for portador de necessidades Trabalhador Autônomo.
especiais. (Art. 428, §3º, CLT)
Para que o contrato de aprendizagem seja Encontramos a definição de trabalhador autônomo
válido, é necessário haver: no art. 12 , inciso V, alínea h, da Lei 8212/91 que o
o
(Art. 428, § 1 , CLT) define como:
- anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência
Social. Social as seguintes pessoas físicas:
- matrícula e frequência do aprendiz na escola, V - como contribuinte individual:
caso não haja concluído o ensino médio. h) a pessoa física que exerce, por conta própria,
- inscrição em programa de aprendizagem desen- atividade econômica de natureza urbana, com fins
volvido sob orientação de entidade qualificada em lucrativos ou não;
formação técnico-profissional metódica
Ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, Desta forma o trabalhador autônomo necessaria-
será garantido o salário mínimo hora, e não mês. mente é uma pessoa física que presta serviços de
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forma não subordinada, assumindo os riscos de Tais trabalhadores não possuem vínculo de em-
sua atividade de acordo com sua conveniência prego com os tomadores de serviços, nem tão
não lhe sendo aplicada a CLT. pouco com o OGMO, sua relação se assemelha
Este se distingue do trabalhador eventual, pois sua muito com a de um trabalhador eventual, todavia
prestação de serviços se dá de forma habitual e com peculiaridades próprias, eis que a Carta Mag-
não esporadicamente como aquele. na lhes garantiu os mesmos direitos que os em-
A principal diferença entre o trabalhador autônomo pregados com vínculo empregatício, como deter-
e o empregado está na subordinação, o primeiro mina o art. 7º , XXXIV da CRFB/88.
dirige e executa seu trabalho por conta própria, Desta forma compete ao OGMO, administrar o
possuindo autonomia a e independência para fornecimento de mão de obra, arrecadar e repas-
prestar serviços da forma que entender melhor e sar aos trabalhadores os valores relativos à remu-
no horário que lhes for mais conveniente. neração do avulso assim como seus encargos
Podendo claro existir um parassubordinação que é além outras funções.
uma espécie de subordinação mais tênue, aplicá- Apesar de na prática haver uma confusão entre
veis à aqueles trabalhadores que possuem uma trabalho portuário e trabalho avulso, é necessário
ligação com um tomador de serviços que não a que possamos distingui os dois, pois existe o tra-
relação de emprego. balho avulso portuário e o avulso não portuário,
Por exemplo o representante comercial é um au- definidos pelo art. 375, I, II, III, da Instrução Nor-
tônomo, mas não deixa de ter uma certa subordi- mativa INSS-DC 100/03.
nação com a empresa representada, que determi-
na meta, por vezes uniformes, reuniões. Art. 375. Considera-se:
Em uma reclamatória trabalhista de um represen-
tante comercial que pleiteia vínculo de emprego, I - trabalhador avulso aquele que, sindicali-
caberá ao magistrado avaliar na instrução e julga- zado ou não, presta serviços de natureza
mento do processo, se a prestação dos serviços urbana ou rural, sem vínculo empregatício,
era apenas parassubordinada, ou se efetivamente a diversas empresas, com intermediação
o trabalhador não possuía autonomia nenhuma, obrigatória do sindicato da categoria ou,
sendo um verdadeiro empregado da empresa. quando se tratar de atividade portuária, do
Diante desta segunda hipótese, tendo em vista o Órgão Gestor de Mão-de-Obra (OGMO);
princípio da primazia da realidade deverá o juiz
responsável pela condução do processo decretar o II - trabalhador avulso não-portuário, aquele
vínculo de emprego do empregado com a empresa que presta serviços de carga e descarga de
de representação e determinar o pagamento de mercadorias de qualquer natureza, inclusive
todos os créditos resultantes da relação de em- carvão e minério, o trabalhador em alvaren-
prego que foi requerido. ga (embarcação para carga e descarga de
navios), o amarrador de embarcação, o
Trabalhador Eventual. ensacador de café, cacau, sal e similares,
aquele que trabalha na indústria de extra-
Este trabalhador é aquele que não se prende ao ção de sal, o carregador de bagagem em
um trabalho fixo, prestando serviços de forma su- porto, o prático de barra em porto, o guin-
bordinada, mas por pouco tempo. dasteiro, o classificador, o movimentador e
O eventual presta serviço de forma ocasional e o empacotador de mercadorias em portos,
findo este vai à busca de outros trabalhos em ou- assim conceituados nas alíneas “b” a “j” do
tros lugares. inciso VI do art. 9º do RPS;
Exemplo clássico destes trabalhadores se dá na
construção civil, eis que eventualmente se neces- III - trabalhador avulso portuário, aquele que
sita de trabalhadores para a realização de reparos presta serviços de capatazia, estiva, confe-
em nossas residências, podendo ocorrer com pe- rência de carga, conserto de carga, bloco e
ríodos próximos ou longínquos. vigilância de embarcações na área dos
Nestas hipóteses não há o que se falar em relação portos organizados e de instalações portuá-
empregatícia entre o trabalhador e o tomador de rias de uso privativo, com intermediação
serviços, haja vista a inexistência de habitualidade. obrigatória do Órgão Gestor de Mão-de-
Obra (OGMO), assim conceituados na alí-
Trabalhador Avulso nea “a” do inciso VI do art. 9º do RPS, po-
dendo ser:
Podemos definir o trabalhador avulso como aquele
que presta serviços urbanos ou rurais, sem vínculo O trabalho avulso portuário é aquele prestado na
empregatício a diversos tomadores, com interme- orla marítima através de um órgão gestor de mão
diação do OGMO ( Órgão Gestor de Mão de Obra) e obra e regido pela 8630/93, concorrendo a uma
ou do sindicato, sendo sindicalizado ou não. escala diária de rodízio de acordo com a oferta de
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trabalho em que se respeita de forma equitativa e dezesseis a vinte quatro anos com renda mensal
isonômica as oportunidades de trabalho disponí- per capita de até meio salário mínimo, por um
veis, observando as habilitações exigidas para período máximo de seis meses.
cada função, dando prioridade aos empregados A inserção desta onerosidade abre a oportunidade
registrados e no caso de excesso na demanda que outros entes da Administração pública ve-
convoca-se os cadastrados. nham a editar Leis próprias regulamentando tam-
Já com relação ao avulso não portuário não se bém em suas esferas uma indenização para o
aplica a Lei 8630/93, havendo a intermediação da trabalho voluntário como feito pela União, ressalta-
prestação de serviços necessariamente através do se que o valor estipulado deve ser módico pois
sindicato da categoria profissional, podemos visua- não representa uma contra prestação pelo serviço
lizar tais trabalhadores através da função conheci- prestado e sim uma indenização pelas despesas
da em nossa sociedade como “chapa”, que teori- resultantes.
camente deveria ser intermediado pelo sindicato,
fato este não muito comum em nosso mercado de
trabalho. A CF/1988, em seu art. 7.º, XX, conferiu proteção
específica ao mercado de trabalho da mulher, ao
Trabalhador Voluntário dispor que:
“Art. 7.º. São direitos dos trabalhadores urbanos e
A Lei 9608/98 em seu art. 1º regulamenta o exer- rurais, além de outros que visem à melhoria de
cício do trabalho voluntário excluindo de forma sua condição social: (...)
expressa a existência de vinculo empregatício XX – proteção do mercado de trabalho da mulher,
nesta hipótese, vejamos: mediante incentivos específicos, nos termos da
lei”.
Art. 1º Considera-se serviço voluntário, para fins Por outro lado, a própria Carta Maior assegurou a
desta Lei, a atividade não remunerada, prestada igualdade de direitos e obrigações entre homens e
por pessoa física a entidade pública de qualquer mulheres perante a lei (art. 5.º, I), também proibin-
natureza, ou a instituição privada de fins não lucra- do a diferença de salários, de exercício de funções
tivos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educa- e de critério de admissão por motivo de sexo, ida-
cionais, científicos, recreativos ou de assistência de, cor ou estado civil (art. 7.º, XXX).
social, inclusive mutualidade. Nessa esteira, passou a legislação ordinária a
disciplinar uma série de medidas, no sentido de
A realização do serviço voluntário possui forma evitar que a mulher fosse discriminada.
prescrita em Lei, devendo obrigatoriamente ser O art. 373-A da CLT (acrescentado pela Lei
realizado um termo de adesão entre a entidade 9.799/1999), por exemplo, impôs uma série de
pública ou privado e o prestador do serviço volun- limitações ao empregador no sentido de permitir o
tário. acesso da mulher ao mercado do trabalho, tais
A não realização do termo de adesão configura a como:
nulidade desta contratação, todavia não possui o • é vedado publicar ou fazer publicar anúncio de
condão de por si só gerar a existência de uma emprego no qual haja referência ao sexo, idade,
relação de emprego, quando não presente o re- cor ou situação familiar, salvo quando a natureza
quisito indispensável da onerosidade. da atividade a ser exercida, pública e notoriamen-
O serviço prestado a priori é realizado de forma te, assim o exigir;
graciosa sem nenhum tipo de contra prestação, • é vedado recusar emprego, promoção ou motivar
todavia é permitido o ressarcimento de despesas a dispensa do trabalho em razão de sexo, idade,
necessárias para sua realização, tais como trans- cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo
porte e alimentação, como dispõe o art. 3º da Lei quando a natureza da atividade seja notória e pu-
9608/98. blicamente incompatível;
• é vedado considerar sexo, idade, cor ou situação
Art. 3º O prestador do serviço voluntário poderá familiar como variável determinante para fins de
ser ressarcido pelas despesas que comprovada- remuneração, formação profissional e oportunida-
mente realizar no desempenho das atividades des de ascensão profissional;
voluntárias. • é vedado exigir atestado ou exame, de qualquer
Parágrafo único. As despesas a serem res- natureza, para comprovação de esterilidade ou
sarcidas deverão estar expressamente autorizadas gravidez, na admissão ou permanência no empre-
pela entidade a que for prestado o serviço voluntá- go;
rio. • é vedado impedir o acesso ou adotar critérios
Recentemente foram editadas as Leis 10.748/03 e subjetivos para o deferimento da inscrição ou
10.940/04, autorizando a União a conceder auxílio aprovação em concursos, em empresas privadas,
financeiro no valor de R$ 150, 00 de forma men- em razão do sexo, idade, cor, situação familiar ou
sal, para o trabalhador voluntário com idade de estado de gravidez;
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• é vedado proceder o empregador ou o preposto a complementares (CLT, art. 392, § 4.º, I e II);
revistas íntimas nas empregadas e funcionárias. • mediante atestado médico, à mulher grávida é
Por sua vez, a Lei 7.855/1989 também revogou facultado romper o compromisso resultante de
diversos artigos considerados discriminatórios à qualquer contrato de trabalho, desde que seja
mulher, em função da CF/1988, a saber: prejudicial à gestação (CLT, art. 394);
• revogou os arts. 378, 379 e 380, todos da CLT, • em caso de aborto não criminoso, comprovado
os quais proibiam o trabalho noturno da mulher e por atestado médico oficial, a mulher terá um re-
especificavam certas condições; pouso remunerado de 2 semanas, ficando-lhe
• revogou os arts. 374 e 375, ambos da CLT, que assegurado o direito de retornar à função que
tratavam da prorrogação e compensação do traba- ocupava antes de seu afastamento (CLT, art. 395);
lho da mulher; • para amamentar o próprio filho, até que esse
• revogou o art. 387 consolidado, que versava complete 6 meses de idade, a mulher terá direito,
sobre a proibição do trabalho da mulher nos sub- durante a jornada de trabalho, a 2 descansos es-
terrâneos, nas minerações em subsolos, nas pe- peciais, de 30 minutos cada um, podendo ser dila-
dreiras e obras da construção civil, pública ou par- tado a critério da autoridade competente (CLT, art.
ticular e nas atividades perigosas e insalubres. 396 e respectivo parágrafo único);
Já a Lei 9.029/1995 proibiu diversas práticas dis- • os locais destinados à guarda dos filhos das ope-
criminatórias em relação à mulher, cabendo desta- rárias, durante o período de amamentação, deve-
car: rão possuir, no mínimo, um berçário, uma saleta
• proibiu a exigência de atestado de gravidez e de amamentação, uma cozinha dietética e uma
esterilização e outras práticas discriminatórias, instalação sanitária (CLT, art. 400);
para efeitos admissionais ou de permanência da • os estabelecimentos em que trabalharem, pelo
relação jurídica de trabalho; menos 30 mulheres, com mais de 16 anos de ida-
• considerou crime a prática de exigência de teste de, terão local apropriado onde seja permitido às
de gravidez, perícia, atestado, exame ou outro empregadas guardar sob vigilância e assistência
procedimento relativo à esterilização ou estado de seus filhos no período de amamentação, o que
gravidez; poderá ser suprido por meio de creches distritais
• considerou crime ainda a adoção de quaisquer mantidas diretamente pelo empregador ou por
medidas de iniciativa do empregador que configu- convênio com outras entidades (CLT, art. 389, §§
rem indução ou instigação à esterilização genética, 2.º e 3.º).
bem como a promoção do controle de natalidade. Impende destacar que a Lei 10.421/2002 acres-
centou o art. 392-A à CLT, dispondo sobre a licen-
ça-maternidade à mãe adotiva ou que obtiver a
Podemos mencionar, outrossim, os seguintes dis- guarda judicial para fins de adoção, pelo período
positivos normativos de proteção à maternidade: de 120 dias, independente da idade do adotado
• a CF/1988, no art. 10, II, b, do ADCT,
proíbe a dispensa arbitrária ou sem [
justa causa da empregada gestante,
desde a confirmação da gravidez até 5
meses após o parto;
• não constitui justo motivo para a rescisão do O art. 390 da CLT menciona que ao empregador é
contrato de trabalho da mulher o fato de haver vedado empregar a mulher em serviço que de-
contraído matrimônio ou de encontrar-se em esta- mande o emprego de força muscular superior a 20
do de gravidez (CLT, art. 391); quilos, para o trabalho contínuo, ou 25 quilos, para
• a empregada gestante tem direito à licença- o trabalho ocasional, salvo na hipótese de remo-
maternidade de 120 dias, sem prejuízo do salário ção de material, feita por impulsão ou tração de
e do emprego (CLT, art. 392; Lei 8.213/1991, art. vagonetes sobre trilhos, de carros de mão ou
71); quaisquer aparelhos mecânicos (CLT, art. 390,
• a empregada deve, mediante atestado médico, parágrafo único).
notificar seu empregador da data do início do afas- Em se tratando de adoção ou guarda judicial, a
tamento do emprego, que poderá ocorrer entre o empregada terá direito à mesma licença-
28.º dia antes do parto e a ocorrência desse; maternidade concedida à mãe biológica, como
• à gestante é garantido, durante a gravidez, sem preceitua o art. 392-A da CLT.
prejuízo do salário e demais direitos, a transferên- Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver
cia de função, quando as condições de saúde o guarda judicial para fins de adoção de criança será
exigirem, assegurada a retomada da função ante- concedida licença-maternidade nos termos do art.
riormente exercida, logo após o retorno ao traba- 392.
lho, bem como a dispensa no horário de trabalho É cabível a prorrogação de forma facultativa da
pelo tempo necessário para a realização de, no Licença Gestante por mais 60 dias na forma da Lei
mínimo, 6 consultas médicas e demais exames 11.770/2.008, regulamentada pelo Dec.
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7.052/2.009, desde que a empresa faça adesão ao própria subsistência ou a de seus pais, avós ou
Programa Empresa Cidadã, assim, prorrogando o irmãos, e se dessa ocupação não poderá advir
prazo da licença para 180 dias, e, em contraparti- prejuízo à sua formação moral (CLT, art. 405, §
da terá o Empregador benefícios fiscais. 2.º);
Pelos ditames da Lei em tela os 04 primeiros me- • verificado pela autoridade competente que o
ses continuaram a ser pagos pelo INSS, todavia, trabalho executado pelo menor é prejudicial à sua
os 02 meses posteriores de licença maternidade saúde, ao seu desenvolvimento físico ou à sua
serão quitados pelo Empregador. moralidade, poderá ela obrigá-lo a abandonar o
A Lei n. 9.029/95 veda práticas discriminatórias serviço, devendo a respectiva empresa, quando
limitativas do acesso da mulher ao emprego ou a for o caso, proporcionar ao menor todas as facili-
sua manutenção e dispõe sobre as penas aplicá- dades para mudar de funções, sob pena de confi-
veis para o caso de descumprimento de seus di- gurar-se a denominada rescisão indireta prevista
tames, definindo como crime, dentre outras práti- no art. 483 consolidado (CLT, art. 407 e parágrafo
cas discriminatórias, a exigência de atestados de único);
gravidez e esterilização para efeitos admissionais • ao responsável legal do menor é facultado pleite-
ou de permanência no emprego. ar a extinção do contrato de trabalho, desde que o
É garantido à mulher grávida o direito de mudar serviço possa acarretar para ele prejuízo de ordem
de função, quando as condições de saúde assim física ou moral (CLT, art. 408);
exigirem, comprovando-se tal por atestado médi- • a jornada de trabalho do menor será igual a dos
co, e, sendo-lhe assegurado o direito de retornar à demais trabalhadores, ou seja, de 8 horas diárias
função anteriormente exercida, logo após o seu e 44 horas semanais (art. 7.º, XIII, da CF/1988, c/c
retorno ao trabalho. art. 411 da CLT);
Salienta-se que a recusa do Empregador em de- • o menor somente poderá prorrogar a jornada nas
signar outras atribuições à mulher grávida, compa- hipóteses previstas no art. 413 da CLT, quais se-
tíveis com as suas condições de saúde e qualifica- jam: a) até mais 2 horas, independentemente de
ção profissional, poderá dar ensejo a pedido de acréscimo salarial, mediante convenção ou acordo
Rescisão Indireta do Contrato de Trabalho (Justa coletivo, desde que o excesso de horas em um dia
Causa por parte do Empregador). seja compensado pela diminuição em outro, de
Todavia, o Empregador poderá se esquivar da modo a ser observado o limite máximo de 44 ho-
obrigação de alteração de função da grávida, se ras semanais ou outro inferior legalmente fixado;
comprovar que não existe em seu empreendimen- b) excepcionalmente, por motivo de força maior,
to outra função adequada para esta, em razão da até o máximo de 12 horas, com acréscimo salarial
Empregada não possuir aptidões e preparo para de pelo menos 50% sobre a hora normal, e desde
outras atribuições, ou que as demais funções no que o trabalho do menor seja imprescindível ao
empreendimento oferecem riscos iguais ou maior funcionamento do estabelecimento;
à gravidez, caso em que a grávida poderá se afas- • quando o menor de 18 anos for empregado em
tar do trabalho. mais de um estabelecimento, as horas de trabalho
É assegurada a Empregada grávida o direito de em cada um serão totalizadas;
realizar, no mínimo, 06 consultas médicas e de- • é lícito ao menor firmar recibo pelo pagamento de
mais exames complementares, no horário de tra- salários. No entanto, tratando-se de rescisão do
balho (art. 392, § 4°, II da CLT). pacto de emprego, é vedado ao menor de 18 anos
dar, sem assistência dos seus responsáveis le-
gais, a quitação ao empregador pelo recebimento
PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR de indenização que lhe for devida (CLT, art. 439);
Em relação ao trabalho do menor, tanto a CF/1988 • em face do menor de 18 anos não corre nenhum
como a legislação ordinária são permeadas de prazo de prescrição (CLT, art. 440);
dispositivos protetivos, senão vejamos: • é dever do empregador, na hipótese do art. 407
• a CF/1988 proíbe o trabalho noturno, perigoso ou da CLT, proporcionar ao menor todas as facilida-
insalubre ao menor de 18 anos e de qualquer tra- des para mudar de serviço (CLT, art. 426);
balho ao menor de 16 anos, salvo na condição de • empregador tem o dever de conceder tempo para
aprendiz, a partir dos 14 anos (art. 7.º, XXXIII); o que os empregados menores frequentem as
• o trabalho do menor não poderá ser realizado em aulas, sendo que os estabelecimentos situados em
locais prejudiciais à sua formação, ao seu desen- lugar onde a escola estiver a maior distância que 2
volvimento físico, psíquico, moral e social e em quilômetros, desde que possuam mais de 30 me-
horários e locais que não permitam a frequência à nores analfabetos, entre 14 e 18 anos, serão obri-
escola (CLT, art. 403, parágrafo único); gados a manter local apropriado em que lhes seja
• o trabalho exercido nas ruas, praças e outros ministrada instrução primária (CLT, art. 427 e res-
logradouros dependerá de prévia autorização do pectivo parágrafo único).
juiz (atual juiz da infância e juventude), ao qual • aos menores de 18 (dezoito) anos as férias serão
cabe verificar se a ocupação é indispensável à sua sempre concedidas de uma só vez (art. 134, § 2º
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da CLT); • os estabelecimentos de qualquer natureza são
• o empregado estudante, menor de 18 (dezoito) obrigados a empregar e matricular, nos cursos dos
anos, terá direito de fazer coincidir suas férias com Serviços Nacionais de Aprendizagem, número de
as férias escolares (art. 136, § 2º, da CLT). aprendizes equivalentes a 5%, no mínimo, e 15%,
Na forma do Art. 301 da CLT, o trabalho no sub- no máximo, dos trabalhadores existentes em cada
solo somente será permitido a homens, com idade estabelecimento, cujas funções demandem forma-
compreendida entre 21 e 50 anos. ção profissional (CLT, art. 429). Deverão, ainda,
Art. 301 CLT - O trabalho no subsolo somente ofertar vagas de aprendizes a adolescentes usuá-
será permitido a homens, com idade compre- rios do Sistema Nacional de Atendimento Socioe-
endida entre 21 (vinte e um) e 50 (cinqüenta) ducativo (Sinase) nas condições a serem dispos-
anos, assegurada a transferência para a super- tas em instrumentos de cooperação celebrados
fície nos termos previstos no artigo anterior. entre os estabelecimentos e os gestores dos Sis-
Ao menor de 18 anos é proibido o trabalho domés- temas de Atendimento Socioeducativo locais (CLT,
tico nos termos da Lei 5.859/1972, por se tratar de art. 429, parágrafo único);
um trabalho prejudicial a sua formação, como pre- • a contratação do aprendiz poderá ser efetivada
vê o item 76 do anexo ao Decreto 6.481/2008. pela empresa onde se realizará a aprendizagem
ou por entidades sem fins lucrativos que tenham
Em relação ao contrato de aprendizagem, a Medi- por objetivo a assistência ao adolescente e a edu-
da Provisória 251, de 14 de junho de 2005, alterou cação profissional, registradas no Conselho Muni-
a idade para o trabalhador ser contratado como cipal dos Direitos da Criança e do Adolescente;
aprendiz, podendo haver a aprendizagem entre 14 • a duração do trabalho do aprendiz não excederá
e 24 anos (anteriormente, somente era possível a de 6 horas diárias, sendo vedadas a prorrogação e
aprendizagem entre 14 e 18 anos). a compensação de jornadas (CLT, art. 432), salvo
Portanto, após a edição da MP 251/2005, conver- se os aprendizes já tiverem completado o ensino
tida na Lei 11.180/2005, tanto o trabalhador menor fundamental, quando a duração diária do trabalho
(de 14 até 18 anos) pode ser contratado como poderá ser de 8 horas, desde que nelas sejam
aprendiz como também o trabalhador maior (entre computadas as horas destinadas à aprendizagem
18 e 24 anos), sendo que a idade máxima não se teórica;
aplica aos aprendizes com deficiência. • o contrato de aprendizagem extinguir-se-á no seu
Sobre o contrato de aprendizagem, a CLT assim termo ou quando o aprendiz completar 24 anos,
dispõe sobre a matéria: salvo se o aprendiz for deficiente (CLT, art. 433),
• considera-se contrato de aprendizagem o contra- não se aplicando o disposto nos arts. 479 e 480 da
to especial formulado por escrito (contrato formal) CLT (indenização dos contratos por prazo deter-
e por prazo determinado, em que o empregador se minado da CLT);
compromete a assegurar ao maior de 14 anos e • poderá ainda o contrato de aprendizagem ser
menor de 24 anos, inscrito no programa de apren- extinto antecipadamente quando houver: a) de-
dizagem, formação técnico-profissional metódica sempenho insuficiente do aprendiz; b) falta disci-
compatível com seu desenvolvimento físico, moral plinar grave praticada pelo aprendiz; c) ausência
e psicológico, e o aprendiz a executar, com zelo e injustificada do menor aprendiz à escola que impli-
diligência, as tarefas necessárias a essa formação que perda do ano letivo; d) a pedido do aprendiz.
(CLT, art. 428); Nessas hipóteses, também não se aplica o dispos-
• para validade do contrato de aprendizagem é to nos arts. 479 e 480 da CLT.
necessária a anotação na Carteira de Trabalho do
obreiro nessa condição, sua matrícula e frequência
à escola, caso não haja concluído o ensino médio,
e inscrição em programa de aprendizagem desen-
volvido sob a orientação de entidade qualificada
em formação técnico-‑profissional metódica, con-
forme preceitua o § 1.º do art. 428 consolidado.
Nas localidades onde não houver oferta de ensino
médio para o cumprimento do disposto no § 1.º
deste artigo, a contratação do aprendiz poderá
ocorrer sem a frequência à escola, desde que ele
já tenha concluído o ensino fundamental (§ 7.º do
art. 428 da CLT, inserido pela Lei 11.788/2008);
• ao aprendiz, salvo condição mais favorável, será
assegurado o salário mínimo/hora, sendo vedado
estipular o contrato de aprendizagem por período
superior a 2 anos, exceto quando se tratar de
aprendiz portador de deficiência;
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INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO: CONCEITO E HIPÓTESES
Conceito
A interrupção do contrato de trabalho ocorre quando o empregado suspende a realização dos serviços, mas per-
manece recebendo normalmente sua remuneração, continuando o empregador com todas as obrigações iner-
entes ao liame empregatício.
Sérgio Pinto Martins[1] menciona que:
“Haverá interrupção quando o empregado for remunerado normalmente, embora não preste serviços, contando-se
também seu tempo de serviço, mostrando a existência de uma cessação provisória e parcial dos efeitos do contra-
to de trabalho”.
Já Maurício Godinho Delgado[2] conceitua interrupção do contrato de trabalho como sendo:
“A sustação temporária da principal obrigação do empregado no contrato de trabalho (prestação de trabalho e
disponibilidade perante o empregador), em virtude de um fato juridicamente relevante, mantidas em vigor todas as
demais cláusulas contratuais. Como se vê, é a interrupção a sustação restrita e unilateral dos efeitos contratuais”.
5.6.2 Hipóteses
Destacamos, abaixo, as principais hipóteses de interrupção do contrato de trabalho e sua respectiva previsão
legal:
Até 2 dias, consecutivos ou não, para o fim de se alistar CLT, art. 473, V
eleitor, nos termos da lei respectiva.
Nos dias em que estiver comprovadamente realizando CLT, art. 473, VII
provas de exame vestibular para ingresso em es-
tabelecimento de ensino superior
Pelo tempo que se fizer necessário, quando tiver que CLT, art. 473, VIII
comparecer a juízo
até 2 (dois) dias para acompanhar consultas médicas e exames complementares durante o ................
período de gravidez de sua esposa ou companheira;
CLT, art. 473, X
Acidente de trabalho ou doença – primeiros 15 dias Lei 8.213/1991, art. 60, § 3.º
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Licença-maternidade CF/1988, art. 7.º, XVIII, c/c art. 71 da
Lei 8.213/1991
Pelo tempo que se fizer necessário, quando, na quali- CLT, art. 473, IX
dade de representante de entidade sindical, estiver
participando de reunião oficial de organismo internac-
ional do qual o Brasil seja membro.
Todas as hipóteses relacionadas no quadro acima são de interrupção do contrato de trabalho, ficando o obreiro
desonerado de sua principal obrigação, qual seja, a prestação de serviços ao empregador, permanecendo,
contudo, com todos os direitos e garantias do período de afastamento.
Vale mencionar que o lockout, consistente na paralisação da atividade do empregado por iniciativa do emprega-
dor, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento das reivindicações dos empregados, nos
termos do art. 17 da Lei 7.783/1989 (Lei de Greve), configura hipótese de interrupção do contrato de trabalho,
possuindo o laborante o direito à remuneração e todas as vantagens do período de paralisação comandado pelo
patrão.
Por sua vez, o art. 392-A da CLT, acrescentado pela Lei 10.421/2002, estabeleceu que à empregada que adotar
ou obtiver a guarda judicial para fins de adoção de criança será concedida licença-maternidade pelo período de
120 dias, independente da idade do adotado (uma vez que a Lei 12.010/2009, sobre a adoção, revogou os §§ 1.º
a 3.º do art. 392-A da CLT, que previam períodos diferenciados de licença, conforme a idade da criança).
Com relação à licença-maternidade, a Lei 11.770/2008 instituiu o PROGRAMA EMPRESA CIDADÃ, destinado a
prorrogar por 60 (sessenta) dias a duração da licença-‑maternidade prevista na CF/88 (art. 7º, inciso XVIII).
A prorrogação será garantida à EMPREGADA DA PESSOA JURÍDICA que aderir ao Programa, desde que a em-
pregada a requeira até o final do primeiro mês após o parto, e concedida imediatamente após a fruição de licença-
maternidade prevista na Carta Maior.
A administração pública direta, indireta e fundacional pode instituir programa que garanta prorrogação da licença-
maternidade para suas servidoras.
Durante o período de prorrogação da licença-maternidade, a empregada terá direito à sua remuneração integral,
nos mesmos moldes devidos no período de percepção do salário-maternidade pago pelo regime geral de previ-
dência social, não podendo a obreira exercer qualquer atividade remunerada nem manter a criança em creche ou
organização similar.
A pessoa jurídica tributada com base no lucro real poderá deduzir do imposto devido, em cada período de apu-
ração, o total da remuneração integral da empregada pago nos 60 (sessenta) dias de prorrogação de sua licença-
maternidade.
Em regra, a Suspensão e a Interrupção não afetam a fluência do contrato de trabalho a termo, pois as partes tin-
ham ciência prévia de quando haveria a cessação do pactuado.
Contudo, as partes contratantes podem acordar de forma que o afastamento não será computado na contagem
do prazo para a terminação do contrato determinado, mas, caso assim não seja estabelecido, a expiração do
Contrato ocorrerá normalmente no termo pré-fixado.
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não presta os serviços e o empregador deixa de remunerar o empregado. Com raras exceções, não há contagem
de tempo de serviço, nem recolhimento fundiário ou mesmo previdenciário, havendo a paralisação provisória dos
efeitos do contrato.
Maurício Godinho Delgado[3] conceitua suspensão contratual como sendo:
“A sustação temporária dos principais efeitos do contrato de trabalho no tocante às partes, em virtude de um fato
juridicamente relevante, sem ruptura, contudo, do vínculo contratual formado. É a sustação ampliada e recíproca
dos efeitos contratuais, preservado, porém, o vínculo entre as partes”.
O afastamento do empregado em virtude das exigências do serviço militar ou de outro encargo público não consti-
tuirá motivo para alteração ou rescisão do contrato de trabalho por parte do empregador (art. 472, §§ 1.º e 2.º, da
CLT). Para que o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se afastou em virtude de exigência
do serviço militar ou de encargo público, é indispensável que notifique o empregador dessa intenção, por tele-
grama ou por carta registrada, dentro do prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados da data em que se verificar a
respectiva baixa ou a terminação do encargo a que estava obrigado.
Impende destacar que, conforme estabelecido no art. 472, § 2.º, da CLT, nos contratos por prazo determinado, a
suspensão ou a interrupção não afetam a fluência do prazo do contrato a termo. Logo, o tempo de afastamento
somente será deduzido da contagem do prazo para a respectiva terminação caso as partes assim acordem.
5.7.2 Hipóteses
Podemos destacar os seguintes casos de suspensão do contrato de trabalho:
•
• a greve é um direito assegurado no art. 9.º da CF/1988, regulamentado pela Lei 7.783/1989. No entanto, o mo-
vimento de paralisação dos serviços pelos trabalhadores é considerado, pelo art. 7.º da Lei de Greve, como sendo
de suspensão do contrato de trabalho;
• o que pode ocorrer é no decorrer da greve ser celebrado um instrumento normativo (convenção ou acordo cole-
tivo), ou mesmo ser proferida uma sentença normativa, em que reste pactuado ou decidido que os empregadores
pagarão pelo dias parados, convertendo-se a suspensão, então, em interrupção do contrato de trabalho;
• o empregado eleito para o cargo de dirigente sindical, nos termos do art. 543, § 2.º, da CLT, quando no exercício
de suas funções sindicais, permanece em licença não remunerada, sendo caso de suspensão. Não obstante, se
houver cláusula contratual, de convenção ou acordo coletivo, mantendo a obrigação patronal pelo pagamento da
remuneração e demais vantagens ao empregado, estaremos diante de uma modalidade de interrupção;
• o empregado eleito diretor de S.A. tem seu contrato de emprego suspenso, salvo se permanecer a subordinação
jurídica inerente à relação de emprego, hipótese em que o contrato de trabalho continuará produzindo seus regu-
lares efeitos, conforme entendimento consubstanciado na Súmula 269 do TST.
• qualquer espécie de licença não remunerada constitui modalidade de suspensão do contrato de trabalho;
• afastamento do empregado em caso de prisão;
• aposentadoria por invalidez – estabelece o art. 475 da CLT que se o empregado for aposentado por invalidez
terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para
efetivação do benefício (que atualmente é de 5 anos). Recuperando o empregado a capacidade de
trabalho e sendo a aposentadoria cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao
tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador o direito de indenizá-lo por rescisão do con-
trato de trabalho. Caso o trabalhador seja estável, a indenização será paga em dobro. Outrossim, se o
empregador tiver admitido substituto para o aposentado, poderá rescindir o pacto com o trabalhador
substituto sem o pagamento da multa indenizatória, desde que tenha havido ciência inequívoca da in-
terinidade ao ser celebrado o contrato (contrato de trabalho sujeito a condição resolutiva);
A Medida Provisória 2.164-41/2001, no momento, fev./2004, ainda não convertida em lei, criou nova forma de
suspensão do contrato de trabalho, permitindo a paralisação do contrato de trabalho do obreiro, pelo período de 2
a 5 meses, para participação em curso de qualificação profissional.
Essa norma, acrescida ao diploma consolidado, vem sendo tratada como um dispositivo flexibilizador das regras
laborais, havendo a suspensão temporária dos efeitos do contrato de trabalho, mantendo, contudo, o vínculo em-
pregatício dos laborantes.
A suspensão para realização de curso de qualificação profissional é utilizada por empresas com um número
grande de empregados, como na construção civil, indústrias, usinas etc., objetivando ganhar tempo para recuper-
ar-se de eventual crise financeira.
O prazo da suspensão será definido em norma coletiva, variando de 2 a 5 meses, exigindo-se dois requisitos: a
assinatura de convenção ou acordo coletivo, possibilitando a suspensão do contrato para realização de curso, e a
aquiescência formal do empregado (concordância expressa).
Frise-se que o contrato de trabalho não poderá ser suspenso para qualificação profissional do empregado mais de
uma vez no período de 16 meses (CLT, art. 476-A, § 2.º).
Durante a suspensão contratual para realização de curso de qualificação profissional, o empregado receberá uma
bolsa, com fundos provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), não recebendo qualquer numerário
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da empresa, salvo ajuda compensatória mensal, sem natureza salarial, definida em instrumento coletivo (CLT, art.
476-A, § 3.º).
O prazo de suspensão contratual (2 a 5 meses) poderá ser prorrogado mediante assinatura de instrumento cole-
tivo (Convenção Coletiva ou Acordo Coletivo) e a aquiescência formal do empregado, passando o empregador a
arcar com a bolsa de qualificação profissional do respectivo período (CLT, art. 476-A, § 7.º).
Se no interregno em que o contrato estiver suspenso for concedido reajuste salarial espontâneo pelo patrão, o
empregado fará jus a esse benefício, após o retorno à empresa (art. 476-A, § 4.º, consolidado).
O art. 471 da CLT assegura ao empregado afastado do emprego, quando do seu retorno, todas as vantagens que,
em sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertence na empresa.
Caso o empregado seja dispensado no transcurso do período de suspensão contratual, ou nos três meses subse-
quentes ao seu retorno ao trabalho, o empregador será responsável pelo pagamento ao obreiro, além das
parcelas indenizatórias prevista na legislação vigente, da multa fixada em convenção ou acordo coletivo de tra-
balho, com valor mínimo de 100% sobre o valor da última remuneração mensal anterior à suspensão contratual
(CLT, art. 476-A, § 5.º).
Em verdade, o obreiro não tem direito à estabilidade durante a suspensão contratual para realização de curso de
qualificação profissional, mas tão somente a norma (CLT, art. 476-A, § 5.º) fixa uma indenização maior em caso
de dispensa durante a suspensão ou logo após (três meses subsequentes ao retorno do trabalho).
Por último, dispõe o art. 476-A, § 6.º, que se durante a suspensão do contrato não for ministrado o curso ou pro-
grama de qualificação profissional ou o empregado permanecer trabalhando para o empregador, ficará descarac-
terizada a suspensão, sujeitando o empregador ao pagamento imediato dos salários e encargos sociais referentes
ao período e às penalidades cabíveis, seja na legislação em vigor, seja na convenção ou no acordo coletivo.
Ainda sobre a suspensão do contrato de trabalho:
• a suspensão disciplinar prevista no art. 474, em virtude do empregado ter cometido falta, também é hipótese de
suspensão do contrato de emprego. Ressalte-se que a suspensão disciplinar não poderá exceder de 30 dias, sob
pena de caracterizar a dispensa imotivada ou rescisão injusta do contrato de trabalho;
• as faltas injustificadas ao serviço configuram hipótese de suspensão do contrato do trabalho, não fazendo jus o
obreiro à remuneração do dia da ausência como também perdendo a remuneração do repouso semanal;
• o afastamento do empregado para exercício de encargos públicos, como o de ministro, secretário de estado,
senador, deputado federal etc., nos termos do art. 472 da CLT, não constitui motivo para a rescisão do contrato de
trabalho pelo empregador, caracterizando-se hipótese de suspensão contratual;
• quando do retorno do empregado afastado ao emprego, serão asseguradas ao obreiro todas as vantagens que,
na sua ausência, tenham sido atribuídas à categoria a que pertencia na empresa (art. 471 da CLT).
O empregador poderá suspender o empregado estável e no prazo de 30 dias ajuizar Inquérito para Apuração de
Falta Grave; todavia, se o inquérito for julgado improcedente, a empresa deve reintegrar o empregado e pagar
todos os créditos referentes ao período de afastamento, eis que tal lapso será considerado tempo de serviço para
todos os fins, hipótese em que a Suspensão do contrato de trabalho se convola em Interrupção.
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DIREITO COLETIVO DO TRABALHO econômicas e profissionais estipulam condições de
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas rep-
1.1 CONCEITO resentações, às relações individuais de trabalho”.
O Direito do Trabalho engloba 2 segmentos: um Por sua vez, o § 1.º do mesmo art. 611 dispõe que:
individual e outro coletivo. Cada um deles é com-
posto de regras, institutos e princípios próprios. “É facultado aos sindicatos representativos das cat-
egorias profissionais celebrar Acordos Coletivos
O Direito Individual do Trabalho constrói-se a partir com uma ou mais empresas da correspondente
da constatação fática da diferenciação social, categoria econômica, que estipulem condições de
econômica e política entre os sujeitos do pacto de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das
emprego: empregado e empregador. empresas acordantes às respectivas relações de
trabalho”.
A flagrante hipossuficiência do empregado é que fez
despontar o Direito Individual do Trabalho, larga- Logo, a única diferença entre convenção e acordo
mente protetivo, caracterizado por princípios e re- coletivo de trabalho é quanto aos signatários.
gras que buscam aproximar, juridicamente, a
relação desigual mantida entre o obreiro e em- A convenção coletiva é o instrumento normativo
pregador. pactuado entre o sindicato da categoria profissional
(dos trabalhadores) e o sindicato da categoria
Já o Direito Coletivo do Trabalho é construído a econômica (patronal), com o objetivo de fixar con-
partir de uma relação jurídica entre pessoas teori- dições de trabalho aplicáveis às relações de tra-
camente equivalentes, de um lado envolvendo os balho no âmbito das respectivas representações.
empregadores diretamente ou por meio dos respec-
tivos sindicatos patronais e, de outro, os emprega- Já o acordo coletivo de trabalho é o instrumento
dos, representados pelos sindicatos da categoria normativo pactuado entre o sindicato da categoria
profissional (sindicato dos trabalhadores). profissional e uma ou mais empresas, objetivando
estipular condições de trabalho aplicáveis às
Impende destacar que o Direito Coletivo atua inten- relações de trabalho, no âmbito da(s) empresa(s)
samente sobre o Direito Individual do Trabalho, pois acordante(s).
por meio dele se produzem várias regras jurídicas,
em especial o acordo coletivo, a convenção coletiva Os sujeitos na convenção coletiva são, de um lado,
de trabalho (ambos frutos da chamada autocom- o sindicato profissional e, de outro, o sindicato da
posição) e a sentença normativa (heterocom- categoria econômica.
posição).
Por sua vez, os sujeitos no acordo coletivo são, de
[1]
Sérgio Pinto Martins conceitua o Direito Coletivo um lado, o sindicato profissional e, de outro, uma ou
do Trabalho como sendo: mais empresas.
“O segmento do direito do trabalho encarregado de Várias teorias surgiram para definir a natureza ju-
tratar da organização sindical, da negociação cole- rídica da convenção coletiva de trabalho, dentre
tiva, dos contratos coletivos, da representação dos elas as de matizes contratualistas, normativas e
trabalhadores e da greve”. mistas.
CONVENÇÃO E ACORDO COLETIVO DE TRA- Prevaleceu na doutrina a teoria mista, indicando que
BALHO a convenção coletiva tem dupla natureza: contratual
e normativa.
Conceito, Sujeitos e Natureza Jurídica
É contratual, pois é fruto de um acordo de vontades
O art. 611 da CLT define convenção coletiva de entre os celebrantes do instrumento normativo. E é
trabalho como: normativa, pois tem efeitos erga omnes, gerando
direitos e obrigações para todos os integrantes das
“Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o
categorias profissionais e econômicas, mesmo aos
acordo de caráter normativo, pelo qual dois ou mais
não associados.
sindicatos representativos de categorias
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• depósito e registro na Superintendência Regional
do Trabalho e Emprego: determina o art. 614 da
1.1. Requisitos de Validade e Formalidades CLT que os sindicatos convenentes ou as empresas
acordantes promoverão, conjunta ou separadamen-
A convenção coletiva de trabalho, conforme deter-
te, dentro de 8 dias da assinatura da convenção ou
minação da norma consolidada, deve preencher
acordo, o depósito de uma via do mesmo para fins
certos requisitos e formalidades para ser considera-
de registro e arquivo, no Departamento Nacional do
da válida, como, por exemplo, em relação à obriga-
Trabalho (atualmente Secretaria de Emprego e Sa-
toriedade da assembleia-geral, duração, registro,
lário), em se tratando de instrumento de caráter
divulgação ou difusão e revisão.
nacional ou interestadual, ou nos Órgãos Regionais
Vejamos alguns deles: do Ministério do Trabalho, nos demais casos;
• a convenção coletiva é um ato formal, devendo, • a Instrução Normativa MTE/SRT 01/2004 tam-
portanto, ser celebrada por escrito, sem emendas bém dispõe sobre o depósito, registro e arquivo das
nem rasuras, em tantas vias quantos forem os sin- convenções e acordos coletivos;
dicatos convenentes ou as empresas acordantes,
• a convenção e os acordos coletivos entrarão em
além de uma destinada a registro (CLT, art. 613,
vigor somente 3 dias após a data da entrega no
parágrafo único);
órgão competente do Ministério do Trabalho, con-
• a legitimidade para celebrar convenção ou acordo forme art. 614, § 1.º, da CLT;
coletivo pressupõe capacidade sindical, adquirida
• para efeitos de publicidade, cópias autênticas das
com o registro sindical no Ministério do Trabalho e
convenções e dos acordos deverão ser afixadas de
Emprego;
modo visível, pelos sindicatos convenentes, nas
• para celebrar convenção ou acordo coletivo, os respectivas sedes e nos estabelecimentos das em-
sindicatos deverão convocar assembleia-geral es- presas compreendidas no seu campo de aplicação,
pecífica, com quorum de 2/3 dos associados da dentro de 5 dias da data do depósito (art. 614, § 2.º,
entidade (em caso de convenção coletiva) ou dos da CLT);
interessados (em caso de acordo coletivo), em
• prazo de validade: não será permitido estipular
primeira convocação, e em segunda convocação
duração de convenção ou acordo por prazo superior
1/3 deles, conforme preceitua o art. 612 da CLT;
a 2 anos (CLT, art. 614, § 3.º);
• o quorum de comparecimento e votação será de
• a SDI-I do TST publicou no DJ de 09.12.2003
1/8 dos associados em segunda convocação, nas
nova orientação jurisprudencial, a 322, declarando
entidades sindicais que tenham mais de 5.000 as-
inválida cláusula de termo aditivo que prorrogue a
sociados;
vigência do instrumento normativo (CC ou AC) por
• as convenções coletivas deverão obrigatoriamen- prazo indeterminado, entendendo que a
te conter: designação dos sindicatos convenentes prorrogação deve se limitar ao prazo máximo de
ou dos sindicatos e empresas acordantes, prazo de vigência previsto no art. 614, § 3.º, da CLT;
vigência, categorias ou classes de trabalhadores
• o processo de prorrogação, revisão, denúncia ou
abrangidas pelos respectivos dispositivos, con-
revogação total ou parcial de convenção ou acordo
dições ajustadas para reger as relações individuais
coletivo ficará subordinado à aprovação de assem-
de trabalho durante sua vigência, normas para a
bleia-geral específica (CLT, art. 615), respeitado o
conciliação das divergências surgidas entre os con-
quorum previsto no art. 612, sendo que, em caso de
venentes por motivos da aplicação de seus disposi-
aprovação, o referido instrumento de prorrogação,
tivos, disposições sobre o processo de sua
revisão, denúncia ou revogação, será devidamente
prorrogação e da revisão total ou parcial de seus
depositado e registrado no órgão competente no
dispositivos, direitos e deveres dos empregados e
Ministério do Trabalho, entrando em vigor 3 dias
empresas e penalidades para os sindicatos conven-
após sua efetivação (CLT, art. 615, §§ 1.º e 2.º);
entes, os empregados e as empresas, em caso de
violação de seus dispositivos, tudo conforme previs- • o art. 617 da CLT esclarece que os empregados
to no art. 613 da CLT; de uma ou mais empresas que decidirem celebrar
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acordo coletivo de trabalho com as respectivas em- (redação alterada na sessão do tribunal pleno real-
presas darão ciência de sua resolução, por escrito, izada em 14.09.2012)
ao sindicato representativo da categoria profissional,
que terá o prazo de 8 dias para assumir a direção As cláusulas normativas dos acordos coletivos ou
dos entendimentos entre os interessados, devendo convenções coletivas integram os contratos individ-
igual procedimento ser observado pelas empresas uais de trabalho e somente poderão ser modificadas
interessadas com relação ao sindicato da respectiva ou suprimidas mediante negociação coletiva de
categoria econômica; trabalho”.
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essenciais: tratamento e abastecimento de água, acontecimento imprevisto que modifique substan-
produção e distribuição de energia elétrica, gás e cialmente a relação de trabalho (cláusula rebus sic
combustível; assistência médica e hospitalar; dis- stantibus) (art. 14 e respectivo parágrafo único).
tribuição e comercialização de medicamentos e
alimentos; funerários; transporte coletivo; captação • Suspensão do contrato de trabalho: a greve sem-
e tratamento de esgoto e lixo; telecomunicações; pre suspende o contrato de trabalho, devendo as
guarda, uso e controle de substâncias radioativas, relações obrigacionais do período ser regidas por
equipamentos e materiais nucleares; processamen- acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da
to de dados ligados a serviços essenciais; controle Justiça do Trabalho (art. 7.º).
de tráfego aéreo e compensação bancária (art. 10).
• Responsabilidade pelos atos praticados: a re-
• Direito dos grevistas: são assegurados aos grevis- sponsabilidade pelos atos praticados, ilícitos ou
tas o emprego de meios pacíficos tendentes a per- crimes cometidos, no curso da greve, será apurada,
suadir ou aliciar os trabalhadores a aderirem à conforme o caso, segundo a legislação trabalhista,
greve, à arrecadação de fundos e à livre divulgação civil ou penal (art. 15).
do movimento (art. 6.º).
Impende destacar que o Ministério Público do Tra-
• Frustração de movimento: é vedado às empresas balho, em caso de greve em atividade essencial,
adotar meios para constranger o empregado ao com possibilidade de lesão do interesse público,
comparecimento ao trabalho, bem como capazes de poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Jus-
frustrar a divulgação do movimento (art. 6.º, § 2.º). tiça do Trabalho decidir o conflito, conforme previsto
no art. 114, § 3.º, da CF/1988, com redação dada
• Livre adesão à greve: as manifestações e atos de pela Emenda Constitucional 45/2004.
persuasão utilizados pelos grevistas não poderão
impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça Também restou clara a competência da Justiça do
ou dano à propriedade ou pessoa. Trabalho para processar e julgar as ações que en-
volvam o exercício do direito de greve (art. 114, II,
• Prestação dos serviços indispensáveis à comuni- da CF/1988, com redação dada pela EC 45/2004).
dade nos serviços ou atividades essenciais: nos
serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os Lockout
empregadores e os trabalhadores ficam obrigados,
O art. 17 e respectivo parágrafo único da Lei
de comum acordo, a garantir, durante a greve, a
7.783/1989 dispõem que:
prestação dos serviços indispensáveis ao atendi-
mento das necessidades inadiáveis da comunidade, “Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades
sendo consideradas aquelas que, se não atendidas, por iniciativa do empregador, com o objetivo de
coloquem em perigo iminente a sobrevivência, a frustrar negociação ou dificultar o atendimento de
saúde ou a segurança da população (art. 11 e re- reivindicações dos respectivos empregados (‘lock-
spectivo parágrafo único). out’).
• Comunicação da greve nos serviços ou atividades Parágrafo único. A prática referida no caput asse-
essenciais: na greve em serviços ou atividades es- gura aos trabalhadores o direito à percepção dos
senciais, ficam as entidades sindicais ou os tra- salários durante o período de paralisação”.
balhadores, conforme o caso, obrigados a co-
municar a decisão aos empregadores e aos usuár-
ios, com antecedência mínima de 72 horas da
paralisação (art. 13). O lockout é a paralisação do trabalho ordenada pelo
próprio empregador, seja para frustrar ou dificultar o
• Abuso do direito de greve: constitui abuso do atendimento das reivindicações dos trabalhadores,
direito de greve a inobservância das normas conti- seja para exercer pressão perante as autoridades
das na Lei 7.783/1989, bem como a manutenção da em busca de alguma vantagem econômica.
paralisação após a celebração de acordo, con-
venção ou decisão da Justiça do Trabalho, salvo Ilustrativamente, podemos mencionar o exemplo
descumprimento de cláusula de instrumento norma- das greves de transportes coletivos patrocinadas
tivo ou mesmo pela superveniência de fato novo ou pelas próprias empresas, objetivando pressionar a
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administração pública a conceder reajustes de
tarifas.
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AVISO-PRÉVIO contado para fins de fixação do término do contrato
de trabalho ou para fins de cálculo do FGTS sobre
Conceito o período contratual (OJ 82-SDI-I do TST e Súmula
305 do TST).
O aviso-prévio tem sua origem no Direito Civil, “Súm. 371, TST. A projeção do contrato de trabalho
representando a comunicação prévia de uma parte para o futuro, pela concessão do aviso prévio inde-
a outra, do desejo de romper o contrato, estabele- nizado, tem efeitos limitados às vantagens econô-
cendo um termo final à relação jurídica existente micas obtidas no período de pré-aviso, ou seja,
entre os contraentes. salários, reflexos e verbas rescisórias. No caso de
concessão de auxílio-doença no curso do aviso
No direito do trabalho, em regra, o aviso-prévio é prévio, todavia, só se concretizam os efeitos da
utilizado nos contratos por prazo indeterminado, dispensa depois de expirado o benefício previdenci-
nas hipóteses de resilição contratual. ário”.
Neste contexto, toda vez que um dos contratantes
do pacto de emprego (empregador ou mesmo o “OJ 42-SDI-I. I – É devida a multa do FGTS sobre
empregado), num contrato sem determinação de os saques corrigidos monetariamente ocorridos na
prazo, quiser, imotivadamente, romper o liame vigência do contrato de trabalho. Art. 18, § 1.º, da
empregatício, deverá comunicar ao outro contraen- Lei 8.036/1990 e art. 9.º, § 1.º, do Decreto
te, com certa antecedência mínima, objetivando 99.684/1990.
que o avisado tenha um certo lapso temporal para II – O cálculo da multa de 40% do FGTS deverá ser
se ajustar ao término do vínculo. feito com base no saldo da conta vinculada na data
do efetivo pagamento das verbas rescisórias, des-
Prazo do aviso considerada a projeção do aviso prévio indenizado,
por ausência de previsão legal”.
A Constituição Federal de 1988 fixou, no art. 7.º,
inciso XXI, como direito dos trabalhadores urbanos A baixa da CTPS do empregado deve ser anotada
e rurais, o aviso-prévio proporcional ao tempo de ao término do cumprimento do respectivo período
serviço, sendo no mínimo de 30 dias, nos termos de aviso, mesmo que indenizado.
da lei.
Por outro lado, a falta do aviso-prévio por parte do
A Lei 12.506/2011 regulamentou o art. 7.º, XXI, da empregado dá ao empregador o direito de descon-
CF/1988, tendo o trabalhador acrescido três dias tar os salários correspondentes ao prazo respecti-
por ano de serviço prestado na mesma empresa, vo (art. 487, § 2.º, da CLT).
até o máximo de 60 dias, perfazendo um total de
até 90 dias. Importante ressaltar que de acordo com o artigo
391 A, a confirmação do estado gravídico no curso
“Súmula 441 TST. Aviso prévio. Proporcionalidade – do avisao prévio trabalhado ou indenizado, garante
Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 a empregada o direito a estabilidade provisória da
e 27.09.2012. O direito ao aviso prévio proporcional ao gestante.
tempo de serviço somente é assegurado nas resci-
sões de contrato de trabalho ocorridas a partir da pu- Redução de horário
blicação da Lei 12.506, em 13 de outubro de 2011”.
Toda vez que o empregador, imotivadamente, ma-
Consequências jurídicas da falta do aviso nifestar desejo de romper o liame empregatício e
conceder aviso-prévio ao empregado, terá direito o
A falta do aviso-prévio por parte do empregador dá obreiro a redução no horário de trabalho em duas
ao empregado o direito aos salários corresponden- horas diárias (art. 488 da CLT), sem prejuízo do
tes ao prazo do aviso, garantida sempre a integra- salário, sendo facultado ao empregado, a seu crité-
ção desse período no seu tempo de serviço (art. rio, optar por faltar sete dias corridos (art. 488,
487, § 1.º, da CLT). parágrafo único, da CLT).
Logo, o período correspondente ao aviso-prévio
sempre integra o tempo de serviço para todos os O objetivo da redução de horário é que o empre-
efeitos (cálculo de gratificação natalina, férias, gado tenha tempo de buscar um novo trabalho,
recolhimentos fundiários e previdenciários etc.). uma nova ocupação.
O aviso prévio pode ser cumprido, nos 30 dias que Em relação aos empregados rurais, em caso de
seguirem o aviso, ou pode ser indenizado (arts. aviso-prévio concedido pelo empregador, nos ter-
487, § 1.º, e 488 da CLT). mos do art. 15 da Lei 5.889/1973, terá direito o
Mesmo que se opte pela segunda possibilidade, o obreiro do campo a faltar um dia por semana, sem
tempo em que seria cumprido o aviso prévio será prejuízo do salário, para buscar um novo emprego.
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Vale frisar que quando a iniciativa da ruptura do no curso do aviso-prévio, não fará jus o obreiro ao
contrato de emprego for do empregado (pedido de restante do aviso, além de perder o direito às verbas
demissão) não haverá redução de horário. rescisórias de natureza indenizatória (art. 491 da
CLT), salvo se a falta grave cometida for a de aban-
Caso o empregador não conceda a redução de dono de emprego, pois haverá presunção de que o
horário ao empregado, considera-se que o aviso- trabalhador deixou o antigo trabalho em função de
prévio não foi dado, haja vista o desvio da finalida- ter encontrado novo labor (Súmula 73 do TST).
de do instituto, não tendo sido permitido ao traba- É devido o aviso-prévio na despedida indireta (si-
lhador buscar novo emprego. tuação em que a resolução contratual dá-se em
função da falta grave cometida pelo empregador).
O TST considera ilegal substituir o período que se Não é possível a coincidência do aviso-prévio dado
reduz da jornada de trabalho, no aviso-prévio, pelo pelo empregador com os últimos 30 dias de estabi-
pagamento das horas correspondentes a título de lidade provisória do obreiro, nem mesmo a con-
horas suplementares (Súmula 230), sendo devido cessão do mencionado aviso durante o período de
novo aviso-prévio. estabilidade no emprego (Súmula 348 do TST).
Reconsideração do aviso-prévio
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TERCEIRIZAÇÃO trabalhistas assumidas pela empresa regularmente
contratada.
Terceirizar significa transferir parte das atividades VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de
de uma empresa para outra empresa. A priori, são serviços abrange todas as verbas decorrentes da
transferidas atividades não relacionadas com a condenação referentes ao período da prestação
atividade principal (atividades-fim) da empresa laboral.”
para uma outra, especializada em atividades peri- Interpretando a Súmula acima transcrita, podemos
féricas (atividades-meio). concluir que o TST firmou entendimento no seguin-
te sentido:
Entretanto, a terceirização revelou ser um instituto
que não apenas repassa a uma terceira empresa • O TST não admite a terceirização em atividade
uma parcela do processo produtivo e, por decor- fim da empresa, ou seja, proíbe a contratação de
rência, a responsabilidade por obrigações traba- trabalhadores por empresa interposta, reconhe-
lhistas e pre- videnciárias, mas que origina também cendo o vínculo diretamente com a empresa toma-
patamares diferenciados entre os empregados dora de serviços.
diretos e os terceirizados.
• Em relação à administração direta, indireta, au-
A relação de terceirização possui um caráter trípli- tárquica e fundacional, o TST também não admite
ce, sendo composta pelo empregado, pelo empre- a terceirização em atividade fim, ou seja, também
gador, que é uma empresa de interposição de mão proí-be a administração de contratar trabalhadores
de obra, e pelo tomador do serviço. por empresa interposta.
Não há dispositivo legal pertinente à terceirização, • No entanto, tendo em vista que o art. 37, II, da
razão pela qual se aplica a Súmula 331 do TST. A CF/1988 determina a prévia realização de concur-
referida Súmula traz quatro hipóteses em que a so público pela administração pública para contra-
terceirização será lícita: tação de servidores/empregados públicos, não há
como se reconhecer o vínculo desses trabalhado-
“S. 331/TST – CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE res para com o ente público.
SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item
IV e inseridos os itens V e VI à redação) – Res. • O TST admite a terceirização em atividade meio
174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 da empresa, inclusive pela administração pública
I – A contratação de trabalhadores por empresa (desde que procedida do regular procedimento
interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamen- licitatório), como, por exemplo, nas atividades de
te com o tomador dos serviços, salvo no caso de limpeza, conservação, vigilância, telefonia etc.,
trabalho temporário (Lei n.º 6.019, de 03.01.1974). desde que inexistentes a pessoalidade e subordi-
II – A contratação irregular de trabalhador, mediante nação.
empresa interposta, não gera vínculo de emprego
com os órgãos da Administração Pública direta, • Nas terceirizações regulares (atividade meio)
indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). permitidas, surge para o tomador de serviços, seja
III – Não forma vínculo de emprego com o tomador ele empresa particular ou mesmo ente da adminis-
a contratação de serviços de vigilância (Lei n.º tração pública direta, indireta, autárquica e funda-
7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, cional, a responsabilidade subsidiária pelo inadim-
bem como a de serviços especializados ligados à plemento das obrigações trabalhistas por parte do
atividade-meio do tomador, desde que inexistente a empregador prestador de serviços.
pessoalidade e a subordinação direta.
IV – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, • Neste sentido, realizada a regular licitação pela
por parte do empregador, implica a responsabilida- administração pública, assinado o respectivo con-
de subsidiária do tomador dos serviços quanto trato administrativo com o contratado (prestador de
àquelas obrigações, desde que haja participado da serviços), será a administração contratante subsi-
relação processual e conste também do título exe- diariamente responsável pelo adimplemento das
cutivo judicial. obrigações trabalhistas dos empregados que lhe
V – Os entes integrantes da Administração Pública prestaram serviços por meio da empresa interposta
direta e indireta respondem subsidiariamente, nas (empresa contratada prestadora de serviços).
mesmas condições do item IV, caso evidenciada a
sua conduta culposa no cumprimento das obriga- • Nas terceirizações regulares (atividade-meio)
ções da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmen- permitidas surge para o tomador de serviços (parti-
te na fiscalização do cumprimento das obrigações cular) a responsabilidade subsidiária pelo inadim-
contratuais e legais da prestadora de serviço como plemento das obrigações trabalhistas por parte do
empregadora. A aludida responsabilidade não de- empregador prestador de serviços.
corre de mero inadimplemento das obrigações
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BANCO DE DIREITO MATERIAL
Direito Trabalho - Aula 09
Rafael Tonassi
• Em relação à Administração Pública, na qualida-
de de tomadora de serviços, a mesma somente
será responsabilizada de forma subsdiária, se for
verificada e comprovada a sua culpa, ou seja, se
ficar caracterizado que a Administração Pública
não fiscalizou a execução do contrato administrati-
vo.
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