Sunteți pe pagina 1din 13

Arquivos:

uma abordagem inicial sobre o termo “usuário”


Denise de Almeida Silva

RESUMO Subsequently, the analysis of record projects connected to


Baseado em uma pesquisa de mestrado, este artigo foca conserving documents in digital format – focused on the terms
a importância do conhecimento dos agentes públicos and concepts related to the persons using such systems –
para sistemas informatizados de gestão arquivística de has shown that despite a few projects indicate that people
documentos. Para tanto, recorreu-se a estudos referentes à adopt knowledge there still are limits to the criteria adopted
Gestão do Conhecimento e à Linguagem. Tal procedimento throughout this process. As a final point, an exploratory study
possibilitou considerar que o emprego do termo usuário é centered on the importance of including information on how
bastante limitado ao se referir às pessoas que em seu cotidiano records managers relate to digital records when addressing
estão envolvidas com a gestão de documentos de uma approaches to enhance or to adopt record management
instituição. A análise de projetos arquivísticos relacionados strategies at an entity.
à preservação do documento em meio digital, tendo como Keywords: computer-based record management system,
enfoque os termos e conceitos associados às pessoas que knowledge management, public servants
utilizam os sistemas, revelou que apesar de alguns projetos
apontarem a incorporação do conhecimento das pessoas, há
muitos limites quanto aos critérios adotados nesse processo.
Finalmente, um estudo exploratório enfatiza a importância 1. INTRODUÇÃO
de se considerar as percepções que os agentes públicos A utilização da informática, para otimizar e
possuem sobre os documentos em meio digital, quando se aprimorar a realização de atividades, colocou para
pensa em aprimorar ou adotar a gestão de documentos em o meio arquivístico novos desafios relacionados ao
uma entidade. documento em meio digital1. Questões relacionadas
Palavras-chave: sistema informatizado de gestão arquivística à autenticidade e à longevidade dos documentos ga-
de documentos, gestão do conhecimento, agentes públicos nharam destaque nas discussões da área, uma vez que
é inegável é a influência dos meios informáticos nas
ARCHIVES: AN INITIAL APPROACH ABOUT relações entre sistemas e serviços de informação. Se
THE “USER” grande parte dos documentos nasce, tramita e é man-
tida em meio digital, sua consulta necessitará de um
ABSTRACT meio intermediário, representado pelo computador,
Based on a Master’s degree research project, this paper para o seu acesso. Contudo, é preciso considerar que
emphasizes the important role played by public servants são pessoas que dão as “pistas” para que um sistema
in computer-based record management systems. On this informatizado realize tarefas, como por exemplo, lo-
perspective, we have resorted to studies on knowledge calizar o documento procurado.
Artigos
management, and to specific language. This procedure As práticas nos arquivos revelam
allowed us to find out that the employment of “user” is o compromisso com a disponibilização
quite limited when referring to the persons involved on a dos documentos ao trabalhar temas
daily basis in the management of institutional documents. como a organização, a classificação, o

1
Nem todo documento em meio digital é um documento de arquivo. Para este artigo o “documento em meio digital” deve ser
compreendido dentro do contexto arquivístico, ou seja, como documento gerado ou recebido por pessoa pública ou privada no
decorrer de suas atividades, somente acessíveis por um computador. Por não haver um consenso entre autores sobre o termo
para designar os documentos existentes em computadores e percebendo-se ainda as dificuldades impostas pela tradução do
termo, para fins deste trabalho, optou-se por utilizar o termo “documento em meio digital” por parecer, no momento, o mais
adequado. Seu significado é: documento fixado por meio de uma seqüência de bits, ou seja, cadeias de “0” e “1”, que equivalem
tanto aos impulsos eletrônicos quanto à configuração que o documento assume ao ser acessado.

Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011 9


Arquivos: umA ABorDAgem iniCiAl soBre o termo “usuário”

arranjo, a avaliação, a preservação e os princípios 2. A GESTÃO DE CONHECIMENTO PARA


arquivísticos. Contudo, a ênfase nos procedimentos GESTÃO DE DOCUMENTOS
de racionalização da gestão de documentos2 pouco Tornar explícito, por meio da gestão do conhe-
considera a contribuição das pessoas que trabalham cimento, a forma como o arquivo está organizado é
em seu dia-a-dia com os documentos de uma insti- facilitar a compreensão de que a massa documental
tuição. produzida/acumulada pela entidade obedece a uma
Muitas vezes denominadas “usuários” pela bi- lógica arquivística que envolve a produção, o trâmite,
bliografia arquivística, o presente artigo buscará, por a avaliação e o destino dos documentos.
meio da análise de projetos arquivísticos que tratam Na concepção de Smit (2005, p.17) há uma rou-
da preservação do documento em meio digital, pro- pagem moderna que reveste uma antiga discussão so-
mover a reflexão sobre o papel desempenhado pe- bre sistemas de informação e a relação entre a infor-
los agentes públicos3, no intuito de apontar que suas mação e o conhecimento. A gestão de conhecimento
responsabilidades incorporam o conceito vinculado é entendida como a atualização da gestão de recursos
ao termo “usuário”, como vão além deste. informacionais, sendo uma ferramenta para gerenciar
Para o desenvolvimento deste texto4, primei- a organização e os recursos humanos. Sua atuação se
ramente foram considerados estudos relacionados dá no sentido de transformar o conhecimento latente,
à gestão do conhecimento, no sentido de evidenciar do trabalhador, em conhecimento detido pela institui-
a importância do conhecimento detido pelos agen- ção, tornando-o passível de ser comunicado a diferen-
tes públicos, como também trazer reflexões sobre o tes segmentos da empresa ou da organização (SMIT,
termo “usuário” quando relacionado a estas pessoas. 2005, p.21).
Para complementar a abordagem relacionada à ges- Portanto, a gestão de conhecimento, compre-
tão do conhecimento foram analisados estudos sobre endida neste trabalho, concorda com a abordagem de
linguagem que apontam para a importância do esta- Smit (2005), ao mesmo tempo em que procura trazer
belecimento de “códigos institucionais comuns”. A as percepções de profissionais que executam ativida-
seguir, é apresentado um levantamento de termos e des através de documentos às discussões relacionadas
conceitos relacionados às pessoas que utilizam sis- ao documento em meio digital. Considerando este as-
temas informatizados de gerenciamento arquivístico pecto, entende-se que a gestão do conhecimento pode
de documentos, em projetos e iniciativas arquivísticas estreitar a relação entre estes profissionais e o Arquivo,
nacionais e internacionais, afeitas à preservação do bem como promover o reconhecimento da importância
documento em meio digital. Finalizando o artigo são tanto destes profissionais envolvidos com a gestão de
explicitadas questões referentes a um estudo explora- documentos quanto do papel do Arquivo na entidade.
tório realizado com agentes públicos da Universidade
de São Paulo e que estão inseridos na gestão de docu- 2.1 O usuário do lado de dento do balcão da
mentos, no sentido de captar suas percepções sobre a instituição: o agente público
inserção do documento em meio digital nas atividades Uma importante questão para a discussão da ges-
da entidade. tão do conhecimento é a diferenciação entre conheci-

2
A gestão de documentos é entendida como “conjunto de medidas e rotinas visando à racionalização e eficiência na criação, tramitação,
classificação, uso primário e avaliação de arquivos”. CAMARGO e BELLOTTO (1996, p. 41). Complementando-se esta definição, para Silva e
Smit (2009, p.132) “Compreender que na gestão de documentos os objetivos e procedimentos são distintos para as diferentes fases do Ciclo
Vital é não considerar como estanques as fases clássicas dos documentos (corrente, intermediária e permanente), entendendo as fases como
integrantes de um mesmo processo, ou seja, a gestão de documentos no âmbito arquivístico não é restrita aos documentos em fase corrente e
intermediária, abrangendo também a fase permanente”.
Ainda, segundo Silva (2009, p.12-13), “Possivelmente influenciados pela tradição norte-americana, as definições de dicionários e lei no início da
década de 1990, para a expressão “gestão de documentos”, consideraram apenas procedimentos e operações técnicas nas fases corrente e
intermediária, desconsiderando a fase permanente dos arquivos. Publicações nacionais mais recentes ainda incorporam este conceito, mesmo
existindo algumas exceções no que se refere à legislação”.
3
De acordo com Meirelles (1999, p.69) os agentes públicos “são todas as pessoas físicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exercício
de alguma função estatal. Os agentes normalmente desempenham funções do órgão, distribuídas entre cargos de que são titulares, mas
excepcionalmente podem exercer função sem cargo”.
4
As discussões deste trabalho estão baseadas na dissertação de mestrado: SILVA, Denise de Almeida. Arquivo: o meio digital e os agentes
públicos. 2009. 144f. Dissertação (Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

10 Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011


Denise De AlmeiDA silvA

mento tácito e explícito. O conhecimento tácito está Portanto, ao se considerar a gestão de conhe-
relacionado à capacidade intelectual desenvolvida para cimento, também se faz necessário esclarecer sobre
um trabalho. Neste caso, para Buckland (1991), a infor- o conhecimento de quem se está falando. Sendo o
mação do como fazer envolve uma operação cognitiva propósito deste artigo ressaltar a importância das
resultando num conhecimento sendo, portanto, intan- pessoas que trabalham com os documentos de uma
gível. O conhecimento explícito é um produto tangível, instituição para a concepção de sistemas informati-
expresso através de um código compartilhado por to- zados de gerenciamento arquivístico de documen-
dos, ou seja, existe uma re-elaboração da informação tos, primeiramente será feito um esforço no senti-
para que o conhecimento individual possa ser compar- do de estabelecer a caracterização destas pessoas,
tilhado. Nehmy e Paim (2003, p.291) concordam com a considerando as limitações deste artigo.
opinião de Nonaka e Takeuchi5 (1997 apud NEHMY; A denominação das pessoas que trabalham em
PAIM, 2003, p.291) quando estes afirmam que é possí- seu dia-a-dia com os documentos de uma entidade
vel a conversão desses tipos de conhecimento em um aparece muitas vezes na bibliografia relacionadas
conhecimento organizacional através de um ambiente ao termo “usuário”. Expressões como: “usuário
interativo em que a comunicação é a palavra-chave. prático” referenciada no Congresso Internacional
A produção do conhecimento em um ambiente de Arquivos, ocorrido em Londres, em 1980 (AL-
organizacional pode ser notada na massa documental BERCH FUGUERAS, 2003, p. 176); “usuários de
acumulada, contudo para este conhecimento ser apro- arquivo corrente”, aos quais estariam vinculados,
priado deve-se considerar a concepção de Menne-Ha- segundo Bellotto (2007, p. 42), produtores de do-
ritz (2000) cuja gestão do conhecimento possibilita a cumentos, profissionais da área jurídica e pesquisa-
representação de conceitos atrelados a determinadas dores administrativos; “usuários internos” os quais,
concepções de mundo e, por isso, o conhecimento de acordo com Tarraubella (1998, p.190-204) pos-
explícito é funcional apenas se estiver inserido em um suem uma coesão de interesses vinculados às ativi-
sistema capaz de controlá-lo, ou seja, se ele é utilizado dades dos órgãos e serviços da instituição gerando
dentro do mesmo ambiente em que foi apreendido e ao Arquivo demandas de qualquer nível adminis-
pelo mesmo código comum compartilhado. Este co- trativo e em qualquer parte do ciclo de vida dos
nhecimento organizacional não é inerte, sua aplicação documentos.
nas ações do cotidiano é que lhe confere o caráter Ao se recorrer a alguns dicionários arquivísticos
de repensar, de reavaliar, de redimensionar e mudar nacionais, percebeu-se que o termo usuário está atre-
aquilo que é necessário para aprimorar os métodos de lado àqueles que consultam arquivos permanentes,
trabalho de uma entidade. conforme exposto no Quadro 1, abaixo:

Quadro 1. Definições de usuários em dicionários6 arquivísticos

DICIONÁRIO DEFINIÇÃO

Associação dos Arquivistas Brasileiros (1990) Pessoa que consulta ou pesquisa documentos num arquivo

Camargo e Bellotto (1996) Pessoa que consulta ou pesquisa documentos num arquivo.

Pessoa física ou jurídica que consulta documentos de arquivo. Também chamada de con-
Arquivo Nacional (2005)
sulente, leitor ou pesquisador.

Cunha e Cavalcanti (2008) Pessoa que consulta os documentos de um arquivo. Erroneamente denominado leitor.

5
NONAKA, K.;TAKEUCHI, H. Criação do conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de
Janeiro, Campus, 1997.
6
O Dicionário de Cunha e Cavalcante (2008) não é exclusivamente arquivístico, abrangendo também a biblioteconomia. Contudo, a definição
dos verbetes vem acompanhada da sigla da área em que são utilizados e aqui somente mencionamos a definição referente à arquivística.

Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011 11


Arquivos: umA ABorDAgem iniCiAl soBre o termo “usuário”

Considerando-se o quadro 1 e a denominação fissional na administração pública ao afirmar que ele


de alguns autores, conforme trato acima, percebe-se é o responsável pelo julgamento dos valores primá-
que o perfil daqueles que recorrem aos documentos rios, devendo também trabalhar no julgamento de
de arquivo é estabelecido de acordo com a idade do documentos secundários, pois
documento procurado, mas pelo viés da terminologia pode prestar informações úteis para a avaliação
usuário. Aqueles que recorrem aos arquivos corren- daqueles [documentos] que devem ser preserva-
tes e intermediários são definidos como usuários que dos em face da prova que contêm sobre a origem
exercem suas funções na própria instituição e que da repartição, sua organização e seu desenvolvi-
necessitam da documentação para dar continuidade mento, a maneira de execução de suas atividades
a suas atividades ou para comprová-las. Já os usu- e quais as conseqüências destas. No curso do de-
ários que recorrem ao arquivo permanente são em sempenho de seus deveres, em geral, adquire um
grande parte pesquisadores que buscam documentos conhecimento, sobre sua repartição e seus respec-
cujo valor já não mais corresponde à finalidade para tivos documentos, que muito ajuda na identifica-
a qual foi produzido/acumulado institucionalmente, ção dos papéis específicos que contêm, de modo
mas sim às potencialidades informacionais vincula- mais prático e resumido, prova da organização e
das a fins científicos, sociais ou culturais. função (SCHELLENBERG, 2006, p. 57).
Se a questão for aprofundada, percebe-se que As dificuldades impostas pelo termo “usuário”,
as definições sobre perfis usuários de acordo com a especialmente, por ser utilizado quando se fala a
idade do documento não podem estar condiciona- partir de arquivo permanente, permitiu optar-se por
dos a limites tão rígidos uma vez que uma pessoa que utilizar, para este artigo, a expressão agente público
exerce uma função em uma instituição pode utilizar (ver definição nota 3), uma vez que a discussão pau-
documentos de arquivo permanente, portanto de va- ta-se no âmbito da gestão de documentos de uma
lor secundário, para tomar uma decisão, como por instituição pública. Assim, considera-se que o agente
exemplo, consultar atas de colegiados, assim como público que participa da gestão de documentos, seja
pessoas externas ao órgão público podem necessitar ele produtor de documentos, ou a pessoa responsá-
de documentos de valor primário para se orientarem vel pelo trâmite destes documentos, ou ainda, aquela
quanto aos procedimentos a serem seguidos, como que se ocupa da custódia de documentos, em me-
por exemplo, um edital de licitação. nor ou maior grau processa, envia, recebe, consulta
A concepção de “usuários” para aqueles que se informações, reporta-se a uma hierarquia, avalia re-
encontram do lado de dentro do balcão de uma ins- sultados e toma decisões baseadas em informações
tituição, remete-se apenas a uma das possibilidades considerando um contexto maior, representado pe-
que os profissionais de uma entidade possuem para los órgãos públicos7 e suas regras.
com a gestão de documentos. As atividades que estes Captar o conhecimento que os agentes públi-
profissionais exercem não os colocam apenas como cos detêm sobre os documentos em meio digital é
“consulentes” ou “pesquisadores” de documentos, uma forma da entidade se apropriar, rever e reelabo-
como reflete uma visão que considera os arquivos rar as práticas já utilizadas por estes profissionais no
apenas do âmbito da guarda de documentos perma- cumprimento das atividades de um órgão, além de
nentes. O trabalho que estas pessoas desenvolvem, permitir o mapeamento de pontos críticos da gestão
subsidiado pelos documentos, requer informações de documentos. Sendo grande parte da informação
que estão além da gestão de documentos, mas que produzida/acumulada por pessoas de um órgão pú-
uma vez detectadas e aproveitadas, podem potencia- blico em documentos em meio digital, o entendi-
lizar o desenvolvimento de sistemas informatizados mento que estas pessoas possuem do caráter arqui-
de gerenciamento de documentos arquivísticos. vístico destes documentos deve ser avaliado como
Schellenberg (2006) ao abordar os interesses forma de trazer subsídios tanto para as discussões
do arquivo de custódia na administração dos arqui- relacionadas à preservação do documento em meio
vos correntes não se refere àquele que trabalha com digital, quanto para o desenvolvimento de sistemas
documentos primários como usuário de arquivo e informatizados de gerenciamento arquivístico de
observa a relevância do papel exercido por este pro- documentos.

7
De acordo com Meirelles (1999, p. 62) órgãos públicos “são centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais,
através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertence”.

12 Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011


Denise De AlmeiDA silvA

2.2 Do conhecimento dos agentes públicos ao cação, avaliação e descrição arquivística, considerando
conhecimento contido nos documentos a experiência dos agentes públicos nas atividades que
As percepções que os profissionais de um órgão desenvolvem, como também os termos que utilizam
público possuem em relação aos documentos em meio para denominá-las.
digital devem ser consideradas ao se elaborar sistemas Em projetos arquivísticos voltados para a pre-
informatizados. Ao Arquivo cabe o papel de elucidar servação do documento em meio digital, é possível
o caráter arquivístico destes documentos como tam- notar a vinculação da gestão do conhecimento à ges-
bém considerar o conhecimento tácito dos agentes tão de documentos, onde a natureza individual e in-
públicos sobre os documentos em meio digital. trospectiva da gestão do conhecimento encontra no
No Arquivo, esse valor agregado à informação, sistema de arquivo o apoio fundamental à dinâmica de
através da apropriação do conhecimento gerado so- aprendizagem organizacional:
bre ela é, para Santos (2007, p. 177), uma exigência Um arquivo constitui a camada base de conheci-
que se faz no presente ao arquivista. A valorização mento explícito organizacional, na medida em que
da informação como um recurso para a tomada de a informação sedimentada pela prática individual
decisões implica não apenas no oferecimento da in- e da instituição se encontre aí fixada. No entanto,
formação em seu estado bruto, mas sim da informa- isso tende a se verificar apenas quando a sua gestão
ção acompanhada dos produtos gerados pelo conhe- eficaz permitir torná-lo recurso efectivo (IAN/TT
cimento dos trabalhadores sobre ela. Assim, o papel e II, 2002, p. 4).
do arquivista não é vinculado apenas aos documentos
permanentes, mas também em documentos correntes Em resumo, a gestão do conhecimento e sua re-
e intermediários (SANTOS, 2007, p.184-185). lação com a gestão de documentos pode ocorrer de
Ao discutir os atributos de uma equipe especiali- duas formas distintas, mas complementares: a primei-
zada em informação, Davenport (2000, p. 141) aponta ra seria a de considerar o arquivo como repositório do
que os profissionais da informação, num futuro bre- conhecimento explícito de uma entidade; a segunda
ve, deverão agregar valor às informações fornecidas seria a apropriação e incorporação do conhecimento
às pessoas que procuram a entidade, desempenhando do agente público à gestão de documentos. A utili-
papéis diferentes dos atuais no sentido de “condensar, zação deste conhecimento institucional latente nos
contextualizar, aconselhar o melhor estilo e escolher documentos do Arquivo pode ser incorporado ao se
meios corretos de apresentação da informação”. Sob considerar o conhecimento tácito dos agentes públi-
esta ótica entende-se que no arquivo, se os princípios cos para a elaboração de instrumentos de gestão, ins-
arquivísticos forem seguidos para a organização da trumentos de pesquisa e para desenvolvimento de sis-
informação, o contexto de produção do documento temas informatizados de gerenciamento arquivístico
estará espelhado. Porém, nota-se a necessidade de ir de documentos, promovendo uma maior elucidação
além, pois os profissionais que utilizam os documen- dos vínculos existentes entre os procedimentos arqui-
tos em seu trabalho, na maioria das vezes, pouco en- vísticos e as práticas administrativas cotidianas.
tendem sobre organização dos documentos e os ins-
trumentos de gestão e pesquisa. 3. A ADOÇÃO DE CÓDIGOS
Para realização da gestão do conhecimento Valls INSTITUCIONAIS COMUNS: UMA FORMA
(2007, p.8) coloca que ela pode ser obtida através de DE CAPTAR O CONHECIMENTO DOS
vários caminhos como na coleta, no armazenamento, AGENTES PÚBLICOS
na recuperação e na distribuição de ativos tangíveis, Para a transformação do conhecimento tácito
como patentes, direitos autorais, documentos arqui- em conhecimento explícito e sua compreensão pelo
vísticos; na coleta, organização e disseminação de co- todo representado pela entidade, é necessário o esta-
nhecimentos intangíveis, como experiência individual belecimento de um código comum, uma linguagem.
e soluções criativas; na criação de um ambiente inte- Este código comum partilhado por aqueles que estão
rativo que possibilite a aprendizagem e o intercâmbio envolvidos com a entidade possibilita explorar o po-
do conhecimento internalizado pela entidade. Para a tencial do estoque informacional representado pelo
autora a gestão do conhecimento contribui para o pa- arquivo.
drão de excelência das organizações. No caso dos ar- Na visão de Smit (2005, p. 48) a linguagem uti-
quivos, definidos como repositórios de conhecimento lizada pelo Arquivo, entendido como um sistema de
explícito, a gestão do conhecimento pode ser utilizada informação, é manifestada de diferentes maneiras: a
no tratamento documental em atividades de classifi- linguagem adotada pelo arquivo, a linguagem presente

Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011 13


Arquivos: umA ABorDAgem iniCiAl soBre o termo “usuário”

nos documentos, a linguagem da entidade e a lingua- os profissionais das tecnologias da informação e


gem do usuário8. comunicação têm em relação aos usuários de sis-
Cada pessoa organiza as informações de um temas de informação, ressaltando que muitos dos
modo, de acordo com os valores que possui. O do- problemas decorrem do fato dos profissionais da
cumento público não obedece a essa lógica individual, informática ignorarem como as pessoas e as infor-
mas para ele deve prevista uma organização que seja mações se relacionam. Adotando-se este ponto de
explicitada e colocada de uma forma compreensível vista constata-se que os usuários estão sempre se
àqueles que participam da gestão de documentos. É adaptando a sistemas e que o caminho inverso, isto
neste ponto que um sistema ou serviço de informação é, levar em consideração as percepções do usuário
como o arquivo atua. para o desenvolvimento ou mudanças de sistemas, é
Ribeiro (2003), citando Allen (1996), estabele- pouco realizado.
ce a diferença entre serviço de informação e sistema Retomando-se a concepção de Mai (2005) ex-
de informação na interação entre o usuário e o in- plicitada acima e que na área de arquivos dialoga es-
termediador. Na organização da informação em uma pecialmente com o princípio arquivístico da prove-
estante e no auxílio da procura da informação em niência a organização dos documentos no arquivo
uma estante, o que existe é um sistema de informa- permite contextualizar a produção dos documentos e
ção e, portanto, uma relação indireta entre interme- desta forma potencializar o desenvolvimento de ins-
diador e usuário. A intervenção do intermediador ao trumentos e sistemas informatizados que permitam
selecionar fontes, sugerir informações para satisfazer aos agentes públicos compreenderem a totalidade na
a necessidade informacional do usuário ou ajudando qual o conjunto documental foi produzido e como foi
o usuário a construir sua demanda é definido como organizado, possibilitando resgatar o contexto de pro-
um serviço de informação em que se estabelece uma dução dos documentos e, portanto, sua proveniência.
relação direta entre intermediador e usuário. Essa contextualização da produção dos docu-
Num sistema de informação é possível perceber mentos, como também os demais procedimentos da
a ligação dos agentes públicos com a organização dos gestão de documentos, depende da adoção de uma
documentos, pois um sistema implica em partes que linguagem pelo arquivo que possibilite a criação de
se interligam sob uma mesma lógica, isto é, as pessoas pontes interligando as outras linguagens presentes na
que fazem parte em algum momento do ciclo de vida entidade. Segundo Smit (2005, p.49) isto permite ana-
dos documentos necessitam de uma mesma lingua- lisar convergências e divergências da linguagem entre
gem para que os documentos sejam organizados de o arquivo e a entidade; os documentos e a entidade; as
uma única forma, facilitando sua recuperação. atividades e a organização dos documentos; as ques-
Para Mai (2005) a organização intrínseca aos tões dos usuários. O aprimoramento destas questões
produtos da organização da informação, estando eles pelo arquivo mostra-se de fundamental importância
em suportes convencionais ou digitais, deve conside- possibilitando a comunicação rápida e precisa, como
rar o campo discursivo do usuário. Segundo o autor, também maior qualidade e desempenho dos serviços
o texto de um documento não possui um significado prestados.
nele mesmo, o contexto do qual participa deve fazer A padronização de linguagem contribui para a
parte do modo de recuperá-lo dentro de um sistema eficiência da gestão de documentos. Um documento
de informação. No caso dos arquivos a afirmativa de gerado por uma mesma atividade, se receber deno-
Mai pode ser traduzida como a ampliação da análise minações diferentes, trará problemas quando precisar
dos conjuntos documentais e das atividades envolvi- ser recuperado, pois cada agente público poderá no-
das para determinar sua classificação e organização, meá-lo de uma maneira. É preciso haver um padrão,
ou seja, uma maior explicitação – para o agente pú- mas não um padrão imposto com o qual as pessoas
blico – das informações do contexto de produção do não se identifiquem, e sim um padrão construído, que
documento. leve em consideração os termos já utilizados, estabe-
Nesta questão de desenvolvimento de siste- lecendo-se correspondências entre as diferentes lin-
mas, Davenport (2000) lamenta as dificuldades que guagens, por exemplo, na elaboração de instrumentos

8
Os autores que tratam das questões referentes à Linguagem utilizam o termo “usuário” o qual muitas vezes possui uma amplitude maior do que
a proposta neste artigo, contudo, o emprego do termo neste contexto não deixa de considerar o papel desempenhado pelos profissionais que
trabalham em seu dia-a-dia com os documentos para realização de atividades do órgão público, como é o caso do agente público aqui tratado.

14 Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011


Denise De AlmeiDA silvA

de gestão, de instrumentos de pesquisa e sistemas in- de documentos. Como já dito anteriormente, a ges-
formatizados de gerenciamento arquivístico de docu- tão de documentos em uma instituição é um processo
mentos. amplo, no qual os agentes públicos atuam em partes
Se, por um lado, é preciso considerar termos desta gestão.
já utilizados, por outro lado existe a necessidade da No intuito de analisar como estas pessoas são
conscientização de que o trabalho dos agentes públi- consideradas nos projetos e iniciativas que tratam da
cos faz parte de um contexto maior, que possui regras preservação do documento em meio digital ao elencar
e conceitos próprios, relacionados à instituição a qual requisitos ou expor diretrizes para o desenvolvimento
estão vinculados. O desafio colocado para gestão de de sistemas informatizados, foram selecionados cinco
documentos é o de compatibilizar esta multiplicidade projetos internacionais (InterPARES - International
de linguagens considerando o conhecimento que os Research on Permanent Authentic Records in Eletro-
agentes públicos já possuem e os procedimentos ar- nic Systems; MoReq - Modelo de Requisitos para a
quivísticos, ou seja, utilizar a gestão de conhecimento Gestão de Documentos Eletrônicos; Siade - Sistemas
atrelada às questões trazidas por uma aproximação de de Informação de Arquivo e Documentos Eletrôni-
linguagens, tendo em vista os princípios arquivísticos cos) e dois nacionais (Conarq - Conselho Nacional
e sem desconsiderar que pessoas participam de todos de Arquivos; Instrução Normativa n. 1 APE/SAESP
esses processos. - Arquivo Público do Estado de São Paulo/ Sistema
de Arquivos do Estado de São Paulo ) de acordo com
4. OS AGENTES PÚBLICOS EM PROJETOS a disponibilidade de suas publicações, para sistema-
ARQUIVÍSTICOS RELACIONADOS À tizar os termos e conceitos relacionados às pessoas
PRESERVAÇÃO DO DOCUMENTO EM que participam do gerenciamento de documentos em
MEIO DIGITAL meio digital nos sistemas informatizados e para uma
A atuação dos agentes públicos em setores cuja posterior reflexão sobre suas respectivas definições.
atribuição específica é relacionada apenas à gestão de No quadro abaixo, para melhor compreensão, é
documentos como em expedientes, protocolos e ar- apresentada a sistematização destas nomeações e suas
quivos, torna mais evidente a relação com a gestão respectivas definições:

Quadro 2. Termos e conceitos utilizados para designar as pessoas


em projetos arquivísticos relacionados ao documento em meio digital

INICIATIVA TERMO UTILIZADO DEFINIÇÃO

Qualquer pessoa que esteja autorizada a ter acesso ao SGAE. Refere-se


às pessoas que elaboram, recebem, analisam e/ou utilizam documentos de
Usuário
arquivo e às que administram o SGAE. Entre os usuários estão funcionários
administrativos, quadros técnicos, chefias, cidadãos
MoReq (EC/IDA, 2001)

Usuário que gere os documentos de arquivo armazenados no SGAE e o


Administrador próprio sistema. Entre os administradores estão arquivistas e gestores de
documentação e informação

Arquivista Pessoa que colabora para a elaboração de um sistema


SIADE (IAN/TT e II,
Usuário Pessoa que acessa um SGAE de acordo com seu perfil
2002)
Administrador Usuário que gerencia os documentos de um SGAE

Pessoal de sistemas Pessoas ligadas ao desenvolvimento de um sistema informatizado

Pessoa que produz documentos e utiliza recursos do sistema informatizado


InterPARES (DURAN- Criador
para garantir sua autenticidade
TI, 2005)
Pessoa jurídica cuja responsabilidade primária é a conservação a longo pra-
Conservador
zo de documentos autênticos

Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011 15


Arquivos: umA ABorDAgem iniCiAl soBre o termo “usuário”

INICIATIVA TERMO UTILIZADO DEFINIÇÃO

Autoridade máxima responsável pela viabilidade da política de gestão de


Direção superior
documentos

Responsáveis pelo planejamento e implantação de programas de gestão ar-


Profissionais de arquivo
quivística e disseminação de técnicas e cultura arquivísticas
Têm como responsabilidade de fazer com que os membros de sua equipe
Gerentes de unidades ou Gru-
produzam e mantenham os documentos de acordo com a política de gestão
pos de trabalho
arquivística de documentos
CONARQ (2006) Responsáveis em todos os níveis pela produção e uso dos documentos ar-
Usuários finais
quivísticos em suas atividades rotineiras
Gestores dos sistemas de in-
Equipes responsáveis pelo projeto e pelo desenvolvimento e manutenção
formação e tecnologia da infor-
dos sistemas em que os documentos arquivísticos são gerados e utilizados
mação
Usuário Pessoa que acessa o sistema de acordo com seu perfil

Administrador Usuário que gerencia o sistema

Profissionais de arquivo e pro- Pessoas que devem fazer parte da elaboração de sistemas informatizados e
tocolo de projetos de digitalização de documentos
Instrução Normativa
n°. 1 APE/SAESP Pessoas que possuem acesso ao sistema informatizado de acordo com seu
Usuário
(SÃO PAULO, 2009) perfil

Administrador Usuário que gerencia o sistema

Em todas as definições apresentadas a diversi- para a custódia arquivística, portanto o conservador


dade dos perfis para as pessoas que estão inseridas é o arquivo.
na gestão de documentos em sistemas informatizados As iniciativas estudadas consideram com maior
é grande. Essencialmente é possível dizer que quan- complexidade a definição dos profissionais que tra-
do os profissionais ligados às rotinas administrativas balham nas rotinas administrativas de uma entidade,
utilizam um sistema informatizado estes são denomi- incorporando o critério da função desempenhada
nados “usuários”, obedecendo a critérios da Informá- pelo profissional na entidade para a definição de seu
tica, e que, portanto, o acesso que possuem aos do- perfil, como é possível perceber no MoReq, SIADE
cumentos depende do perfil que lhes for atribuído. e CONARQ.
Ainda ligado à condição de acesso ao sistema também A Instrução Normativa n.1 APE/SAESP, que
aparece a figura do “administrador”, que tem a condi- aponta para participação de profissionais da área de
ção de gerenciar o sistema informatizado. arquivo e protocolo no desenvolvimento de sistemas,
No diagnóstico do projeto InterPARES a refe- revela-se um primeiro passo para incorporar o conhe-
rência feita ao pessoal de sistemas os vincula apenas cimento que estes profissionais possuem e garantir
à área da informática, não transparecendo colabo- que as características arquivísticas dos documentos
radores de outras áreas. Aos criadores é atribuída a em meio digital sejam consideradas.
proteção da autenticidade dos documentos por meio As denominações “usuário” e “administrador”
de privilégios de acesso e trilhas de auditoria, ou seja, atreladas ao uso de sistema informatizados devem se
produtores de documentos que detêm o acesso ao sis- ater ao campo da informática, pois fora dele os agen-
tema de acordo com as regras elaboradas para o sis- tes públicos, que necessitam dos documentos para
tema e as utilizam delas como um recurso para man- executar e comprovar as atividades de uma entidade,
ter a autenticidade. O conservador, único a possuir são mais que “usuários” e “administradores” que têm
definição no glossário do projeto, é entendido como o perfil delimitado de acordo com o acesso a um sis-
pessoa jurídica que pondera sobre a autenticidade dos tema. Se analisados do ponto de vista institucional,
documentos antes que os mesmos sejam transferidos as atividades dessas pessoas ganham um dimensiona-

16 Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011


Denise De AlmeiDA silvA

mento que envolve a complexidade das funções que de documentos, nesta parte do artigo são analisados
exercem e responsabilidades nas quais estão envolvi- e discutidos os dados de um estudo exploratório9 que
dos nas diversas fases da gestão de documentos. versa sobre a forma como os gestores compreendem
Nenhuma das iniciativas prevê o levantamento o documento em meio digital que está inserido nas
e a adoção da percepção dos agentes públicos. Presu- rotinas administrativas.
me-se que eles são os “usuários” que têm acesso ao O citado estudo foi realizado no segmento da
sistema após seu desenvolvimento, de acordo com seu administração pública representado pela Universidade
perfil e, portanto, de acordo com seu nível de acesso. de São Paulo, escolhida pela relevância e reconheci-
A pluralidade de profissionais presentes em cada mento diante da comunidade arquivística brasileira,
um dos projetos não significa dizer que está assegu- por suas iniciativas relacionadas aos arquivos.
rado o acesso à informação de um documento, sendo Os dados foram coletados por meio da análise
apenas constatações que podem contribuir para po- documental e aplicação de questionários. A análise
tencializar o acesso à documentação. documental levantou nas Tabelas de Temporalidade
No escopo deste artigo, a utilização de um sis- de Documentos da Universidade de São Paulo os do-
tema informatizado que busque a preservação do do- cumentos produzidos/recebidos, em 1996, quando
cumento em meio digital ao longo do tempo deve ser se deu a primeira experiência arquivística envolven-
uma das preocupações relativas à administração pú- do os agentes públicos da Universidade de São Pau-
blica no sentido de garantir a prova de suas ações no lo que atuam em diferentes procedimentos da gestão
futuro, como também garantir o cumprimento de de- de documentos. Já os questionários foram utilizados
veres e o respeito aos direitos dos cidadãos. Contudo, como uma forma de expor as percepções dos agen-
para além da utilização destes sistemas é preciso levar tes públicos que atuavam na área em 2008, sobre a
em consideração que pessoas, no caso específico des- inserção dos documentos em meio digital nas rotinas
te trabalho, os agentes públicos, exercem papéis ativos administrativas, após 11 anos da primeira experiência
ao integrar o processo da acumulação dos documen- arquivística representada pela publicação das Tabelas
tos de arquivo. Mesmo que a tecnologia proporcione de Temporalidade de Documentos.
a cada dia um aumento da capacidade de armazena- O objetivo desta pesquisa foi o de compreender
mento e recuperação de informações, desconsiderar da inserção do documento em meio digital na admi-
que são pessoas que mantêm estes processos implica nistração pública por meio das percepções dos agen-
em gerar um fator complicador ao se implantar a ges- tes públicos permite, levando-se em consideração as
tão de documentos em uma entidade. limitações de um estudo exploratório, a fim de ressal-
Pensar os agentes públicos apenas por seu nível tar a importância das impressões e conhecimento da-
de acesso ao sistema é limitar o próprio funcionamen- queles que trabalham no dia-a-dia com os documen-
to do sistema, que pode ser potencializado ao se in- tos, para implantação ou aprimoramento da gestão de
corporar terminologias e conhecimentos das pessoas documentos em sistemas informatizados.
envolvidas na produção, guarda, trâmite e preservação
dos documentos de acordo com sua função no órgão 5.1 Análise das Tabelas de Temporalidade de
público. O sistema é uma ferramenta para se aprimo- Documentos
rar a gestão de documentos. A utilização dessa fer- A elaboração das Tabelas de Temporalidade,
ramenta só atinge seu objetivo se utilizada de forma publicadas em 1997, contou com a participação de
adequada pelos agentes públicos. agentes públicos que passaram por treinamentos re-
ferentes aos arquivos, à avaliação de documentos e à
5. ESTUDO EXPLORATÓRIO: A elaboração das próprias Tabelas.
PERCEPÇÃO DO GESTOR DE Interessante notar que os documentos relaciona-
DOCUMENTOS SOBRE O DOCUMENTO dos ao meio digital (203 no total) possuem expressões
EM MEIO DIGITAL que os acompanham para identificá-los como distintos
Como forma de fortalecer a importância da in- dos documentos em papel. Dentre as expressões cons-
clusão das percepções dos agentes públicos na gestão tam: sistema informatizado, registro eletrônico, banco

9
Nem todas as questões presentes no estudo exploratório são apresentadas neste artigo por estarem vinculadas às temáticas distintas das
questões aqui trabalhadas, interessando apenas aquelas cujo alcance ilustram a abordagem deste trabalho. O estudo completo encontra-se
em SILVA, 2009.

Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011 17


Arquivos: umA ABorDAgem iniCiAl soBre o termo “usuário”

de dados, suporte informatizado, automatizado. Quan- 47 pertencentes a comissões setoriais e 3 à área ad-
do não eram acompanhados destes termos, possuíam ministrativa por demonstrarem interesse em assuntos
um asterisco que no rodapé da página indicava que o relacionados ao documento em meio digital. Os pri-
documento encontrava-se em suporte informatizado. meiros contatos iniciaram-se em setembro de 2008 e
a tabulação dos dados ocorreu em dezembro de 2008.
Na questão que indagava “considerando os
documentos armazenados em um computador, dos
termos abaixo, qual seria a melhor opção para em-
pregarmos no cotidiano administrativo?” as respostas
distribuíram-se da seguinte forma:

Outros documentos como ofícios, portarias,


memorandos e certidões, em 1996, tinham no com-
putador uma ferramenta para confeccioná-los, sendo
posteriormente impressos em papel para tramitar.
As flutuações terminológicas presentes no ins-
trumento, particularmente no que se refere à identi-
ficação dos documentos em meio digital, revela o co- O termo “documento” não foi selecionado por ne-
nhecimento incipiente, mas que está em consonância nhum dos participantes da pesquisa, apesar do documento
com seu tempo, pois foi elaborada em 1996 e publica- em meio digital ser um documento. Já o termo “arquivo”
da em 1997, quando se iniciou a utilização da WEB na foi escolhido por 18% dos participantes, refletindo tanto
universidade e, conseqüentemente, o início da difusão a proximidade com a linguagem utilizada pela informática
do uso do documento em meio digital. ao trabalharmos com um documento (Arquivo, File etc.),
A análise dos dados do gráfico ainda permite quanto à própria linguagem arquivística, que denomina os
demonstrar que os agentes públicos consideravam o conjuntos documentais também como arquivos, confor-
documento em meio digital pertencente ao universo me já analisado no capítulo 1 deste estudo.
da gestão de documentos. Mesmo sendo utilizados As respostas a outra questão cujo enunciado
em pequena escala, a identificação destes documen- era “existe diferença entre um documento que nas-
tos por meio de termos da área da informática, pres- ce digital (elaborado no micro) e um documento em
supõe uma preocupação dos agentes públicos com o suporte papel que é digitalizado em razão de alguma
meio digital, uma vez que o mesmo não foi feito para necessidade?” variaram entre aquelas que defendem a
identificar os documentos em papel. Contudo, é per- existência de diferenças justificando-as pelos aspectos
ceptível a falta de familiaridade com os documentos legais e pelas facilidades de alterações do documento
gerados/acumulados em meio digital. e aquelas que consideram a não existência da diferen-
ça entre um documento digital e um documento digi-
5.2 Questionários talizado apoiando-se nos aspectos tecnológicos.
A fase seguinte do estudo exploratório foi a
aplicação do questionário semi-estruturado. Primei-
ramente foi realizada a seleção dos agentes públicos
que pudessem colaborar com a pesquisa. Os crité-
rios definidos para a seleção foram o de pertencer à
comissão setorial do Sistema de Arquivos da Univer-
sidade de São Paulo, desde 1997 até 2008, ou de es-
tarem vinculados às áreas administrativas, sem neces-
sariamente pertencerem a uma comissão setorial, mas
por se destacarem pelo envolvimento com o assunto.
A amostragem é composta de 50 pessoas, sendo que

18 Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011


Denise De AlmeiDA silvA

Dentre as respostas que afirmaram haver dife- A análise dos dados das questões apresentadas
renças entre o documento digital e o documento di- revela que a informática facilitou as atividades do
gitalizado estão: cotidiano administrativo, otimizando o tempo e pro-
- “o documento digital pode ser alterado e o docu- movendo eficiência, por outro lado, observa-se a des-
mento digitalizado não”; confiança quanto ao documento produzido em meio
- “Administração diferencia, pois é necessária a assi- digital por sua facilidade em sofrer alterações e por
natura”; não possuir legislação que o ampare. A necessidade
- “o documento digital não é de confiança”; de assinatura também parece ser uma das principais
- “documento digital é original e o digitalizado, não”. dificuldades em aceitar o documento em meio digital.
Dentre as respostas que afirmaram não existir Enquanto garantias de estabilidade do docu-
diferenças entre o documento digital e o digitalizado mento em meio digital não forem estabelecidas e a
estão: legislação já existente não for divulgada e aplicada,
- “Ambos são configurados para receber ou não alte- grandes obstáculos ainda estarão no caminho da ad-
rações. Serão armazenados na forma de arquivos”; ministração pública. Alguns agentes públicos refe-
- “Somente o meios são diferentes”; rem-se à utilização de chaves públicas e políticas de
- “possuem a mesma importância. O documento di- segurança, contudo, isto também pode inviabilizar a
gitalizado é garantido pelo papel”. execução de atividades, uma vez que o modelo funcio-
A questão “em sua opinião, na Administração na desde que a outra pessoa também disponha dessa
Pública, um documento em meio digital possui a mes- tecnologia para acessar o documento e também poder
ma credibilidade que um documento em papel?” teve utilizá-lo ou modificá-lo quando necessário.
como respostas: Por meio da contabilização dos dados apresenta-
dos pelas questões e da análise da TTD é perceptível,
que mesmo no intervalo de 11 anos, assuntos refe-
rentes ao documento em meio digital ainda procuram
respostas.
Possivelmente as flutuações terminológicas e a
dificuldade em estabelecer conceitos por parte da bi-
bliografia estejam refletidas nas dúvidas que pairam
sobre o documento em meio digital para os agentes
públicos. A dificuldade em encontrar a estabilidade
para os documentos em meio digital, também parece
afetar sua credibilidade.
A pouca divulgação da legislação existente rela-
cionada ao documento em meio digital afeta as per-
As respostas positivas atrelam a credibilidade à cepções atuais, cuja percepção de sua credibilidade
criação de uma legislação, ao uso da infra-estrutura aparece atrelada ao aspecto legal. Interessante notar
de chaves-públicas, ao uso do e-mail para tomada que também existe uma grande vinculação à idéia de
de decisões, a utilização de recursos informáticos que para que o documento tenha validade, ele preci-
para garantia de autenticidade e segurança do docu- sa necessariamente ser resguardado pela legislação no
mento. Aspectos arquivísticos também foram con- sentido de que para ser um documento arquivístico o
siderados: documento deva ser primeiramente legal, quando na
- “Desde que esteja em ambiente arquivisticamente realidade muitos documentos gerados pela adminis-
seguro”; tração não possuem o embasamento legal, mas sim
- “Desde que o documento seja exato, autêntico, ve- a qualidade de valor probatório da realização de uma
rídico e formal”. atividade.
As respostas negativas utilizaram como justifica-
tiva a falta de assinatura no documento em meio digi- 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
tal, a facilidade de alteração e a falta de legislação que A gestão de conhecimento é uma forma da área
ampare a utilização do documento em meio digital: de arquivos abordar tanto a questão dos documen-
- “Tem que ter assinatura”; tos como base do conhecimento explícito de uma
- “Não há amparo legal”; instituição, como também se revela um meio para
- “Facilidade de manipulação da informação”. compreender quem são as pessoas e quais papéis elas

Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011 19


Arquivos: umA ABorDAgem iniCiAl soBre o termo “usuário”

desempenham na gestão de documentos. Neste sen- Paulo. Dicionário Brasileiro de Terminologia


tido, o termo “usuário” utilizado para denominar as Arquivística: contribuição para o estabelecimento
pessoas que estão aquém do balcão de uma institui- de uma terminologia arquivística em língua
ção é limitante frente às atividades que realizam, as- portuguesa. São Paulo: CENADEM, 1990
sim como aos procedimentos relacionados à gestão BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Arquivos
de documentos. permanentes: tratamento documental. 4. ed. Rio
Se esta gestão apoiar-se num levantamento das de Janeiro: Editora FGV, 2007.
várias linguagens existentes em uma instituição abre- BUCKLAND, Michael. Information as thing (or
-se a possibilidade de um melhor entendimento so- as process or as knowledge). Journal of the
bre as problemáticas que envolvem o documento em American Society for Information Science, 1991.
meio digital, como também se valoriza o vocabulário CAMARGO, Ana Maria de Almeida; BELLOTTO,
adotado pela instituição e pelos agentes públicos. Heloísa Liberalli (Coords.). Dicionário de
Ao se considerar que vivemos um momento “hí- terminologia arquivística. São Paulo: Associação
brido” em que documentos em suporte convencional dos Arquivistas Brasileiros – Núcleo Regional São
e em meio digital coexistem (e há de ser assim por mui- Paulo; Secretaria de Estado da Cultura, 1996.
to tempo) compreender que os agentes públicos que CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS
utilizam sistemas informatizados de gerenciamento (Brasil) - CONARQ. Modelo de requisitos para
arquivístico de documentos devem ser consideradas sistemas informatizados de gestão arquivística de
na complexidade de suas funções é ir além de defini- documentos: e-ARQ Brasil. Rio de Janeiro: 2006.
-las apenas como usuárias de um sistema, no qual são CUNHA, Murilo Bastos da, CAVALCANTI,
consideradas apenas por níveis de acesso. Mais uma Cordélia Robalinho de Oliveira. Dicionário de
vez, o termo “usuário”, para aqueles que estão envol- biblioteconomia e arquivologia. Brasília-DF:
vidos com a gestão de documentos de uma institui- Briquet de Lemos, 2008.
ção, é limitador. O termo usuário, para caracterizar DAVENPORT, Thomas H. Ecologia da informação:
os agentes públicos, desconsidera seu envolvimento por que só a tecnologia não basta para o sucesso
na gestão de documentos e evidencia uma visão que na era da informação. São Paulo: Futura, 2000.
compreende o arquivo apenas na fase permanente. DURANTI, Luciana. La conservación a largo plazo
Se a análise do estudo exploratório aponta que de documentos electrónicos autênticos: halazgos
após 11 anos – da confecção da TTD-USP (1997) a del proyeto Interpares. Cartagena: Consejalía de
aplicação dos questionários (2008) – muitas dúvidas Cultura, 2005.
relacionadas aos documentos em meio digital se fa- EUROPEAN COMMISSION; INTERCHANGE
zem presentes. Aproximar as discussões arquivísticas OF DATA BETWEEN ADMINISTRATION
relacionadas ao meio digital das pessoas que traba- - EC/IDA. Model of requirements for the
lham em seu dia-a-dia com documentos de um órgão management of electronic records – MoReq
público, desde que elas sejam compreendidas consi- specification. Luxembourg: European Comission,
derando-se a complexidade das funções que exercem, 2001. Disponível em: <http://www. cornwell.
é uma forma de contribuir para o aprimoramento da co.uk/moreq.html>. Acesso em: 10 mai.2008
gestão de documentos como também potencializar o INSTITUTO DOS ARQUIVOS NACIONAIS/
uso de sistemas informatizados de gerenciamento ar- TORRE DO TOMBO; INSTITUTO DE
quivístico de documentos em uma instituição. INFORMÁTICA (Portugal) IAN/TT e II.
Recomendações para gestão de documentos de
arquivo electrónicos - Modelo de requisitos para
a gestão de arquivos electrónicos. Lisboa, 2002.
REFERÊNCIAS Disponível em: <http://www.cornwell.co.uk/
ALBERCH FUGUERAS, Ramon. Los archivos, edrm/moreq.asp>. Acesso em: mar. 2008.
entre la memória histórica y la sociedade del MAI, Jeans-Erick. Analysis in indexing: document
conocimiento. Barcelona: Editorial UOC, 2003. and domain centered approaches. Information
ARQUIVO NACIONAL (BRASIL). Dicionário Processing and Management, v. 41, n. 3, p. 599-
brasileiro de terminologia arquivística. Rio de 611, 2005.
Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. MENNE-HARITZ, Angelika. Dynamic Knowledge
ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS in organizational environments: some ideas on
BRASILEIROS. Núcleo Regional de São knowledge management. [s.l]: [s.n.], October, 2000.

20 Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011


Denise De AlmeiDA silvA

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo SILVA, Denise de Almeida; SMIT, Johanna W.
Brasileiro. 24 ed. São Paulo: Malheiros, 1999. Gestão de documentos: Ciclo vital e documentos
NEHMY, Rosa Maria Quadros; PAIM, Ísis. Gestão do em meio digital. In: Anais da Conferência SUV
conhecimento, “Doce Barbárie”?. In: PAIM, Ísis. e IV encontro de Arquivos Científicos, 8 a 11
(org.). A gestão da informação e do conhecimento. de setembro de 2009. A natureza dos arquivos
Belo Horizonte: UFMG, 2003. p. 267-303. universitários e de instituições de pesquisa. Rio de
RIBEIRO, Carla Andréa. Governança Informacional Janeiro: MAST, Casa de Rui Barbosa, 2009.
na reforma do Estado: estudo exploratório SMIT, Johanna W. Como organizar o arquivo enquanto
sobre política pública de acesso à informação sistema de informação. São Paulo: Associação de
governamental. 2003. 160f. Dissertação (Mestrado Arquivistas do Estado de São Paulo, 2005.
em Ciência da Informação) - Escola de Ciência TARRAUBELLA i MIRABET, Xavier. Els arxius i els
da Informação, Universidade Federal de Minas usuaris. Lligall, Barcelona: Associació d`Arxivers
Gerais, Belo Horizonte, 2003. de Catalunya, n. 12, p. 190-204, 1998
SANTOS, Vanderlei Batista dos. A prática arquivística VALLS, Valéria M. Como fazer gestão do
em tempos de gestão de conhecimento. conhecimento a partir do arquivo. São Paulo:
In: SANTOS, Vanderlei Batista dos (org.). Associação de Arquivistas do Estado de São
Arquivística: temas contemporâneos. Distrito Paulo, 2007.
Federal: SENAC, 2007, p. 173-223.
SÃO PAULO (Estado). Arquivo Público do Estado
de São Paulo. Instrução Normativa APE/
SAESP nº 1, de 10 de março de 2009. Estabelece INFORMAÇÃO BIBLIOGRÁFICA,
diretrizes e define procedimentos para a gestão, a CONFORME ABNT NBR 6023:2002:
preservação e o acesso contínuo aos documentos SILVA, Denise de Almeida. Arquivos: uma abordagem
arquivísticos digitais da Administração Pública inicial sobre o termo “usuário”. Cen. Arquiv.,
Estadual Direta e Indireta. Diário Oficial do Brasília, v. 4, n. 1, p. 9-21, jan./jun. 2011
Estado de São Paulo São Paulo, SP, 18 mar. 2009.
Seção I, p. 6 – 20.
SCHELLENBERG, Theodore Roosevelt. Arquivos
modernos: princípios e técnicas. 6. ed. Rio de DENISE DE ALMEIDA SILVA
Janeiro: FGV, 2006. Mestre em Ciência da Informação pela Universidade
SILVA, Denise de Almeida. Arquivo: o meio digital de São Paulo (USP). Assistente de Direção do Arquivo
e os agentes públicos. 2009. 144 f. Dissertação Geral da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP,
(Mestrado) - Escola de Comunicações e Artes, Brasil
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. e-mail: das@usp.br

Gestão de documentos eletrônicos: uma visão arquivística


Vanderlei Batista dos Santos
Ao enfrentar o desafio de estudar a questão dos documentos eletrônicos na perspectiva arquivística, a pesquisa,
contribui, de forma inestimável, para a ciência Arquivística. Primeiro, porque demonstra, de fato, a possibilidade de
investigação original em arquivística, tendo como ponto de partida seu próprio objeto a informação orgânica
registrada; em segundo lugar, porque buscou situar a problemática dos arquivos eletrônicos a partir de três
dimensões, estreitamente vinculadas entre si: uma, que diz respeito ao estado da arte no Brasil e no exterior, com
base na literatura nacional e internacional; a segunda dimensão, absolutamente necessária, nos informa a
respeito dos aspectos legais que envolvem a questão.
Georgete Rodrigues, Brasília/DF, 2005.

Esta é uma obra de referência obrigatória, não apenas por seus aportes originais e múltiplos, mas também pela
quantidade de reflexões e questionamentos que se abrem em decorrência de suas conclusões. É suporte para a
sala de aula, visto que discute conceitos que ajudam a consolidar a ciência Arquivística. Para a pesquisa,
porque ao fazê-lo, sob análise e metodologia científicas, junto com suas conclusões apresenta novos
questionamentos que, ao que me consta, o autor já está abordando. Para a profissão, porque não deixa à
margem questões menos atrativas, mais complicadas, mas absolutamente imprescindíveis, as legais.
Maria Paz Martín-Pozuelo, Madri/Espanha, 2010.

Cenário ArquivístiCo, BrAsíliA-DF, v. 4, n. 1, p. 9-21, jAn./jun., 2011 21

S-ar putea să vă placă și