IGREJA ANGLICANA DAS AMÉRICAS
• A TULIP
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“Antes, santifiquem ao Senhor Deus em seus corações; e estejam sempre preparados para responder
com mansidão e temor a qualquer um que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês".
(1 Pedro 3:15)
Introdução
Uma das bases da teologia reformada, também cha-
mada de Os Cinco Pontos do Calvinismo, é a TULIP,
um acróstico dos termos em inglês:
Total depravity = Depravação total
Unconditional election = Eleição incondicional
Limited atonement = Expiação limitada
Irresistible grace = Graça irresistível
Perseverance of the saints = Perseverança dos santos
1. Breve histórico
(a) Não foi João Calvino quem escreveu os cinco
pontos da TULIP. Eles foram redigidos 54 anos após
sua morte, no Sínodo de Dort, convocado pelos
Estados Gerais da Holanda e composto por um grupo
de 84 teólogos e 18 representantes seculares. Vinte e
sete deles eram delegados de vários países europeus,
entre eles a Inglaterra, os quais participaram de 154
sessões, de 13 novembro de 1618 a 9 maio de 1619.
(b) Os representantes ingleses, nomeados pelo rei
Tiago I, foram George Carleton, então bispo de Llandaff
e posteriormente de Chichester; Joseph Hall, posterior
e sucessivamente bispo de Exeter e Norwich; John
Davenant, depois bispo de Salisbury; Samuel Ward,
mestre do Sidney Sussex College, Cambridge; e
o escocês Walter Balcahqual, capelão do rei, e depois
deão de Rochester. Poucos dias depois, o bispo Joseph
Hall adoeceu e não pôde mais participar do sínodo,
sendo substituído pelo rev. Thomas Goad, capelão do
arcebispo da Cantuária.
(c) Os cinco pontos que compõem a TULIP foram ela-
borados em resposta ao documento escrito por
discípulos de Jacob Arminius (1560-1600), com o
objetivo de suprimir os símbolos doutrinários ofi-
ciais das Igrejas Reformadas da Holanda, a saber,
a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg,
substituindo-os pelas doutrinas arminianas. A TULIP
foi a resposta do sínodo ao documento apresentado
pelos arminianos.
2. Os cinco pontos do arminianismo
(a) Livre arbítrio – Todos os homens, embora sejam
pecadores, são livres para aceitar ou recusar a salva-
ção que Deus oferece.
(b) Eleição condicional – Deus elegeu os homens que
ESTUDO BÍBLICO
ele previu que creriam em Cristo.
(c) Expiação ilimitada – Cristo morreu por todos os
homens e não somente pelos eleitos.
(d) Graça resistível – Os homens podem resistir à graça
de Deus para não serem salvos.
(e) Decair da graça – Os salvos podem perder a salva-
ção, caso não perseverem na fé até o fim.
3. Os Cinco pontos definidos em Dort
(a) Depravação total. Tanto por causa do pecado
original, como pelos seus próprios atos pecaminosos,
toda a humanidade (exceto Jesus) em seu estado na-
tural é inteiramente corrupta e completamente má e é
restringida de manifestar plenamente sua corrupção
por causa da ação da graça comum de Deus. Por cau-
sa da sua natureza decaída, o homem é incapaz de
salvar-se a si mesmo.
Referências bíblicas: Gn 2:17; Gn 6:5; Gn 8:21 / 1Rs
8:46 / Jó 14:4 / Sl 51:5; Sl 58:3 / Ec 7:20 / Is 64:6 /
Jr 4:22; Jr 9:5-6; Jr 13:23; Jr 17:9 / Jo 3:3; Jo 3:19;
Jo 3:36; Jo 5:42; Jo 8:43,44 / Rm 3:10-11; Rm 5:12;
Rm 7:18, 23; Rm 8:7 / 1Co 2:14 / 2Co 4:4 / Ef 2:3 /
Ef 4:18 / 2Tm 2:25-26 / 2Tm 3:2-4 / Tt 1:15
(b) Eleição incondicional. Antes da criação do mundo,
livremente e por graça e amor, Deus elegeu muitos
pecadores para uma salvação completa e final, con-
tudo, sem prever a fé ou as boas obras ou qualquer
outra coisa que lhes servisse de condição ou causa,
que o movesse ou obrigasse a escolhê-los. A base da
eleição não está nos eleitos, mas em Deus.
Referências bíblicas: Dt 4:37; Dt 7:7-8 / Pv 16:4 / Mt
11:25; Mt 20:15-16; Mt 22:14 / Mc 4:11-12 Jo 6:37;
Jo 6:65; Jo 12:39-40; Jo 15:16 / At 5:31; At 13:48;
At 22:14-15 /Rm 2:4; Rm 8:29-30; Rm 9:11-12;
Rm 9:22-23; Rm 11:5; Rm 11:8-10 / Ef 1:4-5;
Ef 2:9-10 / 1Ts 1:4; 1Ts 5:9 / 2Ts 2:11-12; 2Ts 3:2 /
2Tm 2:10,19 / 1 Pe 2:8 / 2 Pe 2:12 / Tt 1:1 / 1Jo 4:19 /
Jd 1:3-4 / Ap 13:8; Ap 17:17
(c) Expiação limitada. A morte de Cristo é suficiente
para todos, mas é eficaz somente para os eleitos, isto
é, a salvação é provida por Deus somente para os
eleitos, embora o divino chamado ao arrependimento
e à confiança em Cristo seja feito a todos, para que
todos sejam julgados pelo mesmo Evangelho, segundo
a resposta de cada um, aceitando-o ou rejeitando-o.
Referências bíblicas: 1Sm 3:14 / Is 53:11-12 / Mt 1:21;
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OS ALICERCES DA VIDA
Mt 20:28; Mt 26:28 / Jo 10:14-15 /Jo 11:50-53; Jo 15:13;
Jo 17:6,9,10 / At 20:28 / Rm 5:15 / Ef 5:25 / Tt 3:5 /Hb
9:28 / Ap 5:9
(d) Graça Irresistível. Os eleitos serão inexoravel-
mente alcançados pela graça de Deus, pois ela é
infalível: convence o pecador de seu estado depravado,
converte-o, dá-lhe nova vida e o santifica. O Espírito
Santo realiza isto sem coação. No tempo designado,
Deus atrai para si os eleitos, um por um, removendo
sua hostilidade e oposição naturais, produzindo neles
o desejo de receber a salvação através do sacrifício
vicário de Jesus Cristo, o Filho de Deus.
Referências bíblicas: Jr 24:7 / Ez 11:19-20; Ez 36:26-
27 / Mt 16:17 / Jo 1:12-13; Jo 5:21; Jo 6:37; Jo 6:44-45 /
At 16:14; At 18:27 / 1Co 4:7 / 2Co 5:17 / Gl 1:15 /
Rm 8:30 / Ef 1:19-20 / Cl 2:13 / 2Tm 1:9 / 1Pe 2:9;
1Pe 5:10 / Hb 9:15
(d) Perseverança dos Santos. Os eleitos estão
eternamente seguros em Cristo, que os preserva para
si mesmo, capacitando-os a perseverar até o fim. Nada
há no homem que o habilite a permanecer na obe-
diência e na fidelidade ao Senhor. O Espírito Santo é
quem o mantém firme. Quando o homem estava morto
em pecado a graça o revivificou, Cristo lhe aplicou seu
sangue remidor e a graça salvífica de Deus infundiu-
lhe fé para crer em Cristo e obedecer a Deus. Todo o
“Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus” (NVI).
"Assim, pois, isto não depende do que quer nem do que corre, mas Deus, que se compadece" (ACF).
(Romanos 9.16)
processo da salvação é obra de Deus; portanto, o
homem não pode perdê-la. Os apóstatas nunca
nasceram de novo, jamais se converteram: “Eles
saíram do nosso meio, mas na realidade não eram
dos nossos, pois se fossem dos nossos, teriam
permanecido conosco; o fato de terem saído mostra
que nenhum deles era dos nossos” (1 Jo 2:19).
Referências bíblicas: Is 54:10 / Jr 32:40 / Mt 18:14 / Jo
6:39; Jo 6:51; Jo 10:27-29 / Rm 5:8-10; Rm 8:28-32;
Rm 8:34-39; Rm 11:29 / Gl 2:20 / Ef 4:30 / Fp 1:6 /
Cl 2:14 /2Ts 3:3 / 2Tm 2:13,19 / Hb 7:25; Hb 10:14 /
1Pe 1:5 / 1Jo 5:18 / Ap 17:14
Conclusão
(a) A diferença fundamental entre a doutrina reformada
(calvinista) e os ensinos do arminianismo se concentra
na soberania de Deus. Enquanto os reformados
entendem que Deus opera a salvação na vida do
homem conforme a sua vontade livre e soberana, os
arminianos defendem que o homem é capaz, por si
só, de querer ou não ser salvo, que a última palavra é
do homem.
(b) Se partirmos da premissa que o homem está
completamente morto diante de Deus (Efésios 2:1),
entenderemos o motivo por que a salvação depende
tão somente da graça e da misericórdia de Deus.