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CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Livro-texto para Educação a Distância


Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres

CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Livro-texto para Educação a Distância

CEPED UFSC
Florianópolis, 2011
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Excelentíssima Senhora Dilma Vana Rousseff APRESENTAÇÃO
MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL
Excelentíssimo Senhor Fernando Bezerra de Souza Coelho
O maior objetivo das ações de Defesa Civil é a proteção da vida
SECRETÁRIO NACIONAL DE DEFESA CIVIL
e a redução do risco de desastres. Para tanto, as políticas públicas
Excelentíssimo Senhor Humberto de Azevedo Viana Filho
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES nessa área incluem, além de ações estruturais, a preparação das
Excelentíssimo Senhor Rafael Schadeck comunidades em áreas de risco e a capacitação dos agentes de defesa
civil.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Magnífico Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina
Um dos problemas comuns em todos os níveis do Sistema Nacional
Professor Álvaro Toubes Prata, Dr. de Defesa Civil (SINDEC) é a rotatividade entre os membros que o
Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina compõem. Dessa forma há sempre novos agentes, não capacitados,
Professor Edson da Rosa, Dr. atuando em todos os níveis.

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES A Secretaria Nacional de Defesa Civil por meio do Programa de
Diretor Geral Formação Continuada em Gestão de Riscos e Ações de Proteção Civil
Professor Antonio Edesio Jungles, Dr. visa estabelecer orientações de prevenção, mitigação, preparação,
Diretor Técnico e de Ensino resposta e reconstrução na busca de uma sociedade proativa para a
Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr. redução do risco de desastres, em consonância com as entidades e
Diretor de Articulação Institucional órgãos que tratam do assunto em âmbito mundial.
Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.
Por tudo isso, um grande desafio da atualidade concentra-se no
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA estabelecimento de comunidades mais resilientes, promovendo uma
Superintendente Geral maior conscientização da importância da redução de desastres como
Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.
um importante componente do desenvolvimento sustentável. Neste
enfoque, a Sedec lança a Capacitação Básica em Defesa Civil para
formar aqueles que atuam diretamente junto a estas comunidades.

Por isso, agradeço a sua participação e saúdo a sua presença no


Sistema Nacional de Defesa Civil, em nome da equipe da Secretaria
Nacional de Defesa Civil. Bom curso!

Rafael Schadeck
Diretor do Departamento de Minimização de Desastres

® Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução desde que citada a fonte.


CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES
Coordenação do Projeto
Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr.

Coordenação de Conteúdo
Sarah Marcela Chinchilla Cartagena

Textos
Alexandre Lucas Alves
Juliana Frandalozo Alves dos Santos
Sarah Marcela Chinchilla Cartagena

Entrevistados
Márcio Luiz Alves
Werneck Martins Carvalho

Transcrição
Maria Pérola Cardoso Figueiredo

Apoio
Pedro Paulo de Souza

ARREBOL PRODUÇÕES - SOLUÇÕES EaD


Design Instrucional de Implementação
Carolina Borges de Andrade

Design Instrucional de Conteúdo


Vivian Dornelles

Acompanhamento pedagógico
Fernando Spanhol

Identidade Visual e Diagramação


André Fontana Goulart

Revisão Final
Barbara Pettres
Índice Organização Institucional da COMDEC ..................................62
Conhecimento permanente das ameaças e riscos ....................63
Introdução..............................................................................................12 Preparação permanente para enfrentamento dos desastres ...65
MÓDULO I............................................................................................14 Sistema de monitoramento e alerta ..................................68
Defesa civil no brasil e no mundo..........................................16 Gestão aproximada com instituições públicas e cidades
vizinhas..........................................................................................71
Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC .........................18
Interação permanente com a comunidade ...............................75
Quanto à estrutura, o SINDEC é composto por:..............19
Ênfase na prevenção em todas as fases de atuação ..................77
Política Nacional de Defesa Civil ...............................................22
Educação permanente para convivência com o risco...............80
Diretrizes da Política Nacional de Defesa Civil:.......................22
Visibilidade institucional.............................................................81
Metas da Política Nacional de Defesa Civil – ano base 2000..26
Conclusão ......................................................................................83
Classificação dos Desastres..........................................................27
MÓDULO IV.........................................................................................86
CODAR – Codificação de Desastres, Riscos e Ameaças ........30
Conceituação em Gestão de Risco e Desastre .............................88
MÓDULO II...........................................................................................34
Gestão de Riscos: Teoria e Prática .................................................97
História da legislação...............................................................36
Gestão Integrada ..........................................................................99
2011 em detalhes...........................................................................40
Quadro de Ação de Hyogo ........................................................100
Aspectos legais do sindec ....................................................... 44
Decretações e liberação de recursos ........................................103
Comissões e seus trabalhos.......................................................46
Participação técnica, científica e política ................................103
Comissão Especial Interna do Senado Federal - Alterações no
Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC.............................47 Avaliação e Mapeamento de Risco ..........................................105
Comissão Especial de Medidas Preventivas Diante de Catástrofes Plano de Contingência ...............................................................109
Climáticas da Câmara dos Deputados.......................................50
Passo a passo do plano de contingência ..........................112
Grupo de trabalho da sedec sobre legislação - proposições
e tendências....................................................................................51 Componentes básicos de um plano de contingência .....115

MÓDULO III.........................................................................................56 Anexos e Apêndices ........................................................... 116

Comdecs: Aspectos Práticos de Estruturação e Monitoramento, alerta e alarme............................................... 116


Funcionamento .............................................................................58 Referências Bibliográficas..............................................................120
Defesa Civil: Sistema, não órgão................................................60
10 11
Introdução Não menos importante, este material didático também lhe
proporcionará uma noção preliminar sobre o histórico da legislação
e os aspectos legais do SINDEC, assim como a visão atual de Defesa
Prezado Cursista: seja bem-vindo!
Civil como Sistema e a organização-institucional das Coordenadorias
Nós, do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Municipais de Defesa Civil.
Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina – CEPED
Esperamos que você goste do curso e aproveite bastante esta
UFSC, em parceria com a Secretaria Nacional de Defesa Civil,
oportunidade. O CEPED UFSC agradece a sua participação e espera
elaboramos este curso, que tem como proposta capacitar agentes de
que esta iniciativa vá ao encontro de suas expectativas.
defesa civil e pessoas da comunidade em geral na temática da Gestão
de Riscos e Ações de Proteção Civil.

Para seu conhecimento, o intuito é fornecer informações Bom curso!


contextualizadas a respeito do assunto Defesa Civil, assim como
Um abraço.
gerar subsídios para que se possa difundir a cultura de prevenção de
riscos de desastres.
Prof. Antonio Edesio Jungles, Dr.
Para este curso, idealizado para ser ofertado a distância, Diretor Geral do CEPED UFSC
considerou-se a adoção de tecnologias informatizadas, uma vez que
o acesso deveria ser o mais amplo possível nos quatro cantos do país. Prof. Marcos B. L. Dalmau, Dr.
Para tanto, pensamos em algo que pudesse ser utilizado a qualquer Diretor de Projetos do CEPED UFSC
hora, em qualquer local e, não obstante, que permitisse a troca de Prof Irapuan P. Leite, M.Eng.
informações e conhecimentos com os demais participantes. Diretor de Articulação Institucional do CEPED UFSC
Acreditamos que ao final do curso, você, cursista, terá
conhecimento de informações importantes sobre a temática já
destacada. Dentre elas, citamos o histórico da Defesa Civil no
Brasil e no mundo, a estrutura do Sistema Nacional de Defesa Civil
– SINDEC, bem como as diretrizes e metas da Política Nacional
de Defesa Civil. Tais informações, de caráter introdutório, são
necessárias para uma devida compreensão da realidade atual de
Defesa Civil que vivenciamos.
12 13
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final desta unidade, você será capaz de compreender:

• Como surgiu a Defesa Civil no Brasil e no Mundo.

• A Defesa Civil também como instituição estratégica para


redução de riscos e desastres.

• A Política Nacional de Defesa Civil e o Sistema Nacional de


Defesa Civil, sua estrutura e abrangência.

• As Diretrizes e Metas da Política Nacional que norteiam a


Defesa Civil.

• As Classificações e definições de Desastres sob diferentes


perspectivas.

Caro aluno:

Nesta unidade do Curso de Capacitação Básica de Defesa Civil,


iremos apresentar como surgiu a Defesa Civil no Brasil e no

MÓDULO I mundo, como funciona a estrutura do Sistema Nacional de Defesa


Civil-SINDEC. Apresentaremos também as Diretrizes, Metas e
Classificação dos Desastres da Política Nacional de Defesa Civil.

REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC Bom estudo!

E POLÍTICA NACIONAL

14 15
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Defesa civil no brasil e no No dia 19 de dezembro de 1966, o Estado da Guanabara tornou-se


o primeiro no Brasil a ter uma Defesa Civil Estadual organizada.
mundo
A proposta de pensar a Defesa Civil também como instituição
estratégica para redução de riscos de desastres veio com a organização
Conheça o Histórico No Brasil e no mundo, o surgimento da Defesa Civil, de suas Saiba mais sobre a
da Defesa Civil no
do Sistema Nacional de Defesa Civil, por meio do Decreto nº 97.274, Semana Nacional
estruturas e estratégias de proteção e segurança estão vinculados
site da SEDEC – de 16.12.1988. realizada pelo
http://defesacivil. à Segunda Guerra Mundial. Na época, o confronto ultrapassou Ministério da Ciência,
gov.br/historico/ os limites militares, fazendo com que os ataques ocorressem Hoje, temos Antônio Luiz Coimbra de Castro reconhecido como Tecnologia e Inovação
index.asp e o artigo acessando o link
diretamente aos civis, destruindo cidades inteiras e levando à morte o grande idealizador da Defesa Civil no Brasil. Autor de grande
do pesquisador http://semanact.mct.
do CEPED UFSC, mais de 45 milhões de cidadãos. parte dos materiais de referência utilizados no Brasil, Castro liderou gov.br/index.php/
Pedro Paulo Souza - a construção da Política Nacional de Defesa Civil na estrutura dos content/view/4293.html
Ponderações sobre a Era tempo de direcionar esforços às vítimas, quase 30 milhões
Defesa Civil no Brasil
quatro pilares: prevenção, preparação, resposta e reconstrução;
de mutilados e incontáveis milhões de traumatizados por torturas e
e seus desdobramentos a organização do Manual de Planejamento em Defesa Civil, e a
futuros com base na cenas de guerra. A História conta que foi na Inglaterra, nos primeiros
definição do CODAR – Codificação de Desastres, Ameaças e Riscos.
análise da legislação anos da década de 1940, que surgiu a Defesa Civil como frente aos
existente – Revista
ataques por bombas que afetavam cidades e indústrias. Em continuidade ao trabalho de Castro, e diante da recorrência
Com Ciência
Ambiental, nº 38.) de desastres de grande porte, que atingiram populações em
Também nessa época, o Brasil cria mecanismos de enfrentamento
todo o território nacional nos últimos anos, as discussões para o
aos danos humanos e econômicos provocados por guerras, nominando
fortalecimento do Sistema Nacional de Defesa Civil e modernização
assim Defesa Civil. Anteriormente, entretanto, legislações de 1824,
da Política Nacional de Defesa Civil tem se ampliado nos diversos
1891, 1934 e 1937 já tratavam de questões como socorro público,
espaços sociais.
calamidade pública, efeitos da seca, desastres e perigos iminentes.
Há, por exemplo, o movimento nos espaços legislativos com
Assim, entre 1942 e 1960 foram ao menos dez diferentes atos legais
a formação de comissões na Câmara dos Deputados e no Senado,
federais tratando do tema, até que em 1966, diante de uma grande
além da formação de Grupos de Trabalho liderados pela Secretaria
enchente, o então Estado da Guanabara cria a primeira legislação
Nacional de Defesa Civil (SEDEC). Há igualmente o envolvimento
estadual dando conta de ações de resposta a catástrofes naturais.
de demais órgãos do Executivo como a organização da Semana
E então por mais 22 anos, até 1988, o Brasil teve sua Defesa Civil
Nacional para 2011 com o tema: “Mudanças climáticas, desastres
focada para ações de resposta a desastres.
naturais e prevenção de riscos”, realizada pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCT).
16 17
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Sob o aspecto dos órgãos nacionais de gestão, há o investimento O SINDEC organiza a Defesa Civil no Brasil
para modernização e reestruturação do CENAD – Centro Nacional definindo seu universo de atuação como a REDUÇÃO
de Gerenciamento de Riscos e Desastres; e do CEMADEN - Centro DE DESASTRES, a partir do objetivo de planejar,
de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. articular e coordenar as ações em todo o território Desastre: resultado
de eventos adversos,
Conheça o material nacional. À frente do SINDEC está a Secretaria sejam eles naturais
da Campanha
Por fim, há a dedicação de institutos de pesquisas, universidades
Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração ou provocados pelo
Cidades Resilientes e demais instituições ligadas à área, na avaliação do cenário homem, sobre um
– idealizada pela Nacional, responsável pela sua articulação,
internacional e verificação de tendências aplicáveis à realidade ecossistema vulnerável.
UNISDR e replicada coordenação e supervisão técnica. Os desastres
no Brasil pela SEDEC- brasileira, tendo como principal referência os trabalhos da Estratégia
promovem danos
acessando o site http:// Internacional para Redução de Desastres da Organização das Nações humanos, materiais
defesacivil.gov.br/ Quanto à estrutura, o SINDEC é composto por:
Unidades (UNISDR, na sigla em inglês). ou ambientais e
cidadesresilientes/
consequentes prejuízos
index.html
econômicos e sociais.
Como você deve estar percebendo, os esforços para tornar a Órgão Superior: Conselho Nacional de Defesa Civil - CONDEC,

Defesa Civil cada vez mais preparada para reduzir riscos e que integra o SINDEC como órgão colegiado, de natureza consultiva,

desastres, ampliar sua atuação em ações de gestão de riscos com tendo como atribuição propor diretrizes para a política nacional de

vistas à minimização de impactos e redução de perdas humanas, Defesa Civil.

materiais e econômicas tem ganhado cada vez mais força.


Devemos considerar, nesse contexto, que os processos de mudança, Saiba Mais sobre o
O CONDEC é composto por representantes do: Conselho Nacional
principalmente de cultura, exigem a contribuição de todos, e os de Defesa Civil –
resultados só podem ser vistos com o decorrer do tempo, uma vez • Ministério da Integração Nacional, que o coordena; CONDEC acessando
http://www.defesacivil.
fortalecidos e internalizados por toda a sociedade. • Casa Civil da Presidência da República; gov.br/sindec/superior.
asp
• Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da
República;
Sistema Nacional de Defesa Civil –
SINDEC • Ministério da Defesa;

• Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;


A Defesa Civil no Brasil está organizada sob a forma de sistema,
o Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC, centralizado pela
• Ministério das Cidades;
Secretaria Nacional de Defesa Civil – SEDEC, órgão do Ministério • Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
18 da Integração Nacional. 19
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

• Ministério da Saúde; Órgãos Setoriais: abrangem os órgãos e as entidades da


Administração Pública Federal, envolvidos na ação da Defesa Civil.
• Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da
República;

Saiba mais sobre • Estados e Distrito Federal (dois representantes); Órgãos de Apoio: órgãos públicos e entidades privadas, Você pode conhecer na
as Coordenadorias associações de voluntários, clubes de serviços, organizações não- íntegra o documento
Regionais de Defesa • Municípios (três representantes); da Política Nacional de
Civil – CORDEC
governamentais, associações de classe e comunitárias, que apoiam Defesa Civil acessando
acessando o site http:// • Sociedade civil (três representantes). os demais órgãos integrantes do Sistema. http://www.defesacivil.
www.defesacivil.gov.br/ gov.br/politica/index.
sindec/regionais.asp asp

Órgãos Regionais: as Coordenadorias Regionais de Defesa Ainda na estrutura do SINDEC estão o CENAD - Centro Nacional
Civil - CORDEC, ou órgãos correspondentes, localizadas nas cinco de Gerenciamento de Riscos e Desastres e o GADE - Grupo de Apoio
macrorregiões geográficas do Brasil e responsáveis pela articulação a Desastres. Em sua regulamentação a Medida Provisória nº 494
e coordenação do Sistema em nível regional. fortalece o CENAD, que atua na agilidade da resposta à emergência
e monitora riscos e ameaças de maior prevalência no país.

O CENAD conta com o GADE, formado por uma equipe


Órgãos Estaduais: Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil
multidisciplinar e mobilizável a qualquer tempo para atuar nas
- CEDEC ou órgãos correspondentes, Coordenadoria de Defesa
diversas fases do desastre em todo o território nacional, de acordo
Civil do Distrito Federal ou órgão correspondente, inclusive as suas
com o sistema de comando unificado de operações.
regionais, responsáveis pela articulação e coordenação do Sistema
em nível estadual. Em dezembro de 2010 representantes de diferentes Estados
brasileiros reuniram-se com o objetivo de operacionalizar a atual
equipe do GADE, composta por 22 integrantes das cinco regiões
Órgãos Municipais: Coordenadorias Municipais de Defesa Civil do Brasil. Entre os principais conhecimentos do GADE destacam-se
- COMDEC ou órgãos correspondentes e Núcleos Comunitários de planejamento, fundamentos da organização (recursos, organograma
Defesa Civil - NUDEC, ou entidades correspondentes, responsáveis e instalações), fundamentos da direção (liderança) e fundamentos
pela articulação e coordenação do Sistema em nível municipal. do controle numa resposta ao desastre.

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MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Política Nacional de Defesa Civil Diretriz nº2: Implementar a organização e o funcionamento


de Coordenadorias Municipais de Defesa Civil – COMDEC ou
órgãos correspondentes, em todo o território nacional, enfatizando
A Política Nacional de Defesa Civil foi publicada no Diário Oficial
a necessidade e a importância da resposta, articulada e oportuna, do
da União nº 1, de 2 de janeiro de 1995, através da Resolução nº
órgão local.
2, de 12 de dezembro de 1994, e orienta desde então as ações de
Defesa Civil no Brasil.

Aprovada pelo Conselho Nacional de Defesa Civil- CONDEC, Diretriz nº3: Apoiar Estados e municípios na implementação
trata-se de um documento de referência para todos os órgãos de de Planos Diretores de Defesa Civil, com a finalidade de garantir a
Defesa Civil e estabelece diretrizes, planos e programas prioritários redução de desastres, em seus territórios.
para o desenvolvimento de ações de redução de desastres em todo o
País, bem como a prestação de socorro e assistência às populações
afetadas por desastres. Diretriz nº4: Promover a ordenação do espaço urbano,
objetivando diminuir a ocupação desordenada de áreas de riscos de
Por ter sido elaborado em 1995, o documento desastres, com a finalidade de reduzir as vulnerabilidades das áreas
apresenta metas para o ano de 2000. É neste ponto, urbanas aos escorregamentos, alagamentos e outros desastres.
por exemplo, que se propõe a revisão e modernização
da Política Nacional de Defesa Civil. Conhecer a
história, compreender as relações do presente é o que Diretriz nº5: Estabelecer critérios relacionados com estudos e
nos possibilita pensar e planejar o futuro. avaliação de riscos, com a finalidade de hierarquizar e direcionar
o planejamento da redução de riscos de desastres para as áreas de
Vamos agora conhecer as Diretrizes da Política maior vulnerabilidade do território nacional.
Nacional de Defesa Civil:

Diretriz nº1: Atribuir a um único Sistema - o Sistema Nacional Diretriz nº6: Priorizar as ações relacionadas com a Prevenção de

de Defesa Civil (SINDEC) a responsabilidade pelo planejamento, Desastres, através de atividades de avaliação e de redução de riscos

articulação, coordenação e gestão das atividades de Defesa Civil, em de desastres.

todo o território nacional.

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MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Diretriz nº7: Implementar a interação entre os órgãos do governo Diretriz nº 11: Buscar novas fontes de recursos financeiros
e a comunidade, especialmente por intermédio das Coordenadorias para o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, aprimorar os
Municipais de Defesa Civil – COMDEC ou órgãos correspondentes mecanismos existentes e implementar:
e dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil - NUDEC, com a
• Os recursos relacionados com o Fundo Especial para
Saiba mais sobre o finalidade de garantir uma resposta integrada de toda a sociedade. Leia o Decreto do
FUNCAP acessando:
Calamidades Públicas - FUNCAP; Decênio Internacional
http://www.defesacivil. para Redução de
gov.br/mp494/index.
• Projetos capazes de atrair apoio tecnológico e/ou financeiro Desastres acessando:
asp Diretriz nº8: Implementar programas de mudança cultural das agências internacionais e/ou de cooperação bilateral. http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/DNN/
e de treinamento de voluntários, objetivando o engajamento de
Anterior%20a%20
comunidades participativas, informadas, preparadas e conscientes 2000/1991/Dnn348.
de seus direitos e deveres relativos à segurança comunitária contra Diretriz nº 12: Implementar as atividades do Comitê Brasileiro htm

desastres. do Decênio Internacional para Redução dos Desastres Naturais


– CODERNAT (*) - e o intercâmbio internacional, objetivando
concertar convênios de cooperação bilateral e multilateral na área
Decênio: período de
Diretriz nº9: Promover a integração da Política Nacional de de redução de desastres, estabelecendo caráter de permanência, a dez anos.
Defesa Civil com as demais políticas nacionais, especialmente com fim de que as ações não se esgotem com o término do Decênio.
as políticas nacionais de desenvolvimento social e econômico e com
(*) O Decênio Internacional para Redução dos Desastres Naturais
as políticas de proteção ambiental.
expirou em 2000, então as Nações Unidas criaram a Estratégia
Internacional para Redução de Desastres (UNISDR, na sigla em
inglês).
Diretriz nº10: Implementar o Sistema de Informações sobre
Desastres no Brasil - SINDESB e promover estudos epidemiológicos,
relacionando as características intrínsecas dos desastres com os danos Diretriz nº13: Estimular estudos e pesquisas sobre desastres.
humanos, materiais e ambientais e com os prejuízos econômicos e
sociais consequentes.
Diretriz nº14: Implementar projetos de desenvolvimento
científico e tecnológico do interesse da Defesa Civil.

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MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Diretriz nº15: Promover a inclusão de conteúdos relativos à com ameaças, vulnerabilidades e riscos, em 80 municípios situados
redução de desastres, valorização da vida humana, primeiros em áreas de maior risco de desastres.
socorros e reanimação cardiorrespiratória nos currículos escolares.
Meta nº5: Promover, em todos os municípios com mais 20
mil habitantes, estudos de riscos de desastres, objetivando o
Os desastres são
produtos e processos
microzoneamento urbano, com vistas à elaboração do Plano
decorrentes da
Vamos ver agora as Metas da Política Nacional de Diretor de Desenvolvimento Municipal, de acordo com o previsto
transformação e Defesa Civil – ano base 2000: na Constituição Federal de 1988 (Art. 182, parágrafo primeiro).
crescimento da
sociedade, do
modelo global de
desenvolvimento
Meta nº6: Implementar o Sistema de Informações sobre Desastres
adotado, dos fatores Meta nº1: Implementar 2.400 Coordenadorias Municipais de
socioambientais no Brasil - SINDESB, objetivando uma melhor difusão.
Defesa Civil - COMDEC, com prioridade para os municípios de
relacionados a modos
de vida que produzem maior risco.
vulnerabilidades
sociais e, portanto, Classificação dos Desastres
vulnerabilidade aos
desastres. Incluem Meta nº2: Implementar 120 projetos de Desenvolvimento de
aspectos como
Recursos Humanos, qualificando profissionais de defesa civil, em A classificação dos desastres é outro tema de constante reflexão
pobreza, ocupação
todos os níveis do SINDEC, permitindo a estruturação de quadros na Política Nacional de Defesa Civil. O principal ponto de avaliação
inadequada do solo,
ocupação de áreas de permanentes, altamente capacitados e motivados. é a necessidade ou não de articularmos nosso padrão aos padrões
risco, inexistência de internacionais, e a implicação disto nas ações locais de avaliação e
equipamentos urbanos
e insuficiência de
mapeamentos de riscos, por exemplo.
políticas que atendam Meta nº3: Implementar 12 (doze) Centros Universitários de
as necessidades da Assim sendo, a Política Nacional de Defesa Civil classifica os
população
Estudos e Pesquisas sobre Desastres - CEPED, estimulando,
desastres da seguinte maneira:
inclusive, os Cursos de Especialização em Planejamento e Gestão
em Defesa Civil.

Quanto à evolução:

Meta nº4: Promover o estudo aprofundado de riscos, bem como • Desastres súbitos ou de evolução aguda, como deslizamentos,
a organização de banco de dados e de mapas temáticos relacionados enxurradas, vendavais, terremotos, erupções vulcânicas,
26 chuvas de granizo e outros; 27
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

• Desastres de evolução crônica ou gradual, como seca, erosão de origem externa que atuam independentemente da ação
ou perda de solo, poluição ambiental e outros; humana.

Antropogênicos: • Desastres Humanos ou Antropogênicos: São aqueles


Efeitos, processos, provocados pelas ações ou omissões humanas. Relacionam-se
objetos ou materiais Quanto à intensidade:
antropogênicos são
com a atuação do próprio homem, enquanto agente e autor.
aqueles derivados de • Acidentes: Os acidentes são caracterizados quando os danos e Esses desastres podem produzir situações capazes de gerar
atividades humanas, prejuízos são de pouca importância para a coletividade como grandes danos à natureza, ao habitat humano e ao próprio
em oposição a aqueles
que ocorrem em
um todo, já que, na visão individual das vítimas, qualquer homem, enquanto espécie.
ambientes naturais sem desastre é de extrema importância e gravidade.
influência humana. Este • Desastres Mistos: Ocorrem quando as ações e/ou omissões
termo é muitas vezes • Desastres de Médio Porte: Os desastres de médio porte humanas contribuem para intensificar, complicar ou agravar
utilizado no contexto
são caracterizados quando os danos e prejuízos, embora os desastres naturais. Além disso, também se caracterizam
de externalidades
ambientais na forma importantes, podem ser recuperados com os recursos quando intercorrências de fenômenos adversos naturais,
de resíduos químicos disponíveis na própria área afetada. atuando sobre condições ambientais degradadas pelo homem,
ou biológicos que são
provocam desastres.
produzidos como • Desastres de Grande Porte: Os desastres de grande porte
subprodutos de
atividades humanas.
exigem o reforço dos recursos disponíveis na área afetada,
Por exemplo, é através do aporte de recursos regionais, estaduais e, até mesmo,
largamente aceito Para contribuir à reflexão sobre a classificação de riscos e desastres,
federais.
que o aumento de apresentamos diferentes propostas. A primeira, elaborada pelo
dióxido de carbono
• Desastres de Muito Grande Porte: Os desastres de muito CENADPRED, que é o Centro Nacional de Prevenção de Desastres
na atmosfera com
origem antropogênica grande porte, para garantir uma resposta eficiente e cabal do México, classifica os riscos como de origem:
é o fator principal por recuperação, exigem a intervenção coordenada dos três níveis
detrás das alterações • Geológica
climáticas (http://
do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC - e, até mesmo,
pt.wikipedia.org/wiki/ de ajuda externa. • Hidrometeorológica
Antropog%C3%A9nico)
• Química

Quanto à origem: • Sanitária

• Desastres Naturais: São aqueles provocados por fenômenos • Sócio-organizativa


e desequilíbrios da natureza. São produzidos por fatores
28 29
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Há também a representação gráfica elaborada pela Associação QUADRO NO 1


Brasileira de Geologia e Engenharia, que abarca os riscos sob o Sistematização da Codificação Alfabética e Numérica dos
guarda-chuva ambiental: Desastres Naturais Quanto à Natureza ou à Causa Primária.
CODAR
Classificação
Alfabético Numérico
Desastres Naturais CODAR-N CODAR-1
Desastres Naturais de Origem Sideral CODAR-NS CODAR-11
Desastres Naturais Relacionados com a Geodinâmica CODAR-NE CODAR-12
Terrestre Externa
Desastres Naturais Relacionados com a Geodinâmica CODAR-NI CODAR-13
Terrestre Interna
Desastres Naturais Relacionados com o Desequilíbrio
da Biocenose CODAR-NB CODAR-14

QUADRO NO 2
Sistematização da Codificação Alfabética e Numérica dos
Desastres Humanos ou Antropogênicoss Quanto à Natureza ou à
Causa Primária.
CODAR
Classificação
Alfabético Numérico
Desastres Humanos CODAR-H CODAR-2
Desastres Humanos de Natureza Tecnológica CODAR-HT CODAR-21
Desastres Humanos de Natureza Social CODAR-HS CODAR-22
Desastres Humanos de Natureza Biológica CODAR-HB CODAR-23

QUADRO NO 3

CODAR – Codificação de Desastres, Riscos e Ameaças Sistematização da Codificação Alfabética e Numérica dos
Desastres Mistos Quanto à Natureza ou à Causa Primária.
CODAR
Ainda dentro da Política Nacional de Defesa Civil está instituída Classificação
Alfabético Numérico
a Codificação de Desastres, Riscos e Ameaças, somando 158 tipos Desastres Mistos CODAR-M CODAR-3
Desastres Mistos Relacionados com a Geodinâmica CODAR-ME CODAR-31
de desastres e considerando a classificação entre naturais, humanos
Terrestre Externa
e mistos. Desastres Mistos Relacionados com a Geodinâmica CODAR-MI CODAR-32
Terrestre Interna
A codificação completa pode ser consultada no documento
original. Para efeitos didáticos, inserimos a tabela geral de
classificação:
30 31
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Você chegou ao final desta primeira unidade.

Nesta primeira parte, você conheceu um pouco da história da


Defesa Civil no Brasil e no mundo. Viu a estrutura e funcionamento
do SINDEC – Sistema Nacional de Defesa Civil. Também conheceu
a Política Nacional de Defesa Civil, sua metas e a classificação dos
desastres.

Agora acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA


e realize a atividade proposta. Se desejar, realize também as
atividades complementares e opcionais na sequência.

Bons estudos!

ATIVIDADES PROPOSTAS

REFLETINDO:

1 . Com base nos conceitos apresentados neste primeiro módulo


quais suas considerações a respeito dos principais pontos de reflexão
para fortalecimento e modernização da Defesa Civil no Brasil? Cite
ao menos quatro.

2. Que contribuições os agentes locais de Defesa Civil podem dar


ao fortalecimento da Defesa Civil no Brasil?

32 33
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final desta unidade, você será capaz de compreender:

• A História da Legislação da Defesa Civil ao longo dos anos;

• As mudanças ocorridas no ano de 2011;

• Os aspectos legais que norteiam o Sistema Nacional de Defesa


Civil – SINDEC;

• Um pouco mais sobre o trabalho da Comissão Especial Interna


do Senado Federal e também da Comissão Especial de Medidas
Preventivas Diante de Catástrofes Climáticas da Câmara dos
Deputados;

• As proposições e tendências sobre legislação do Grupo de


Trabalho da Secretaria Nacional de Defesa Civil – SEDEC.

Caro aluno:

Nesta unidade do Curso de Capacitação Básica de Defesa Civil,

MÓDULO II
iremos apresentar a evolução ao longo dos anos da Legislação
da Defesa Civil e as mudanças ocorridas em 2011. Veremos os
aspectos legais do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC,
conheceremos um pouco do trabalho da Comissão Especial

ASPECTOS LEGAIS Interna do Senado Federal e também da Comissão Especial de


Medidas Preventivas Diante de Catástrofes Climáticas da Câmara
dos Deputados. E veremos ainda as proposições e tendências sobre
legislação do Grupo de Trabalho da Secretaria Nacional de Defesa
Civil - SEDEC.

Bom estudo!
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MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

História da legislação
Decreto-lei é um
Já vimos no Módulo I como surgiu a Defesa Civil no Brasil e os Os Decretos, no
decreto com força principais fatos que desenharam sua organização. sistema jurídico
de lei, que emana brasileiro, são
do Poder Executivo, Decreto 64.568, de 22.05.1969: cria um Grupo de Trabalho para
previsto nos sistemas Veremos a seguir um pouco da história da legislação da Defesa atos meramentes
legislativos de alguns
elaborar plano de defesa permanente contra calamidades públicas. administrativos da
Civil através dos Decretos e Leis, a partir de 1943 até 2011.
países. Os decretos- competência dos
leis podem aplicar-se chefes dos poderes
à ordem econômica, Vamos passar agora para um olhar mais atento ao longo dos anos:
executivos (presidente,
fiscal, social, territorial
governadores e
e de segurança, com
legitimidade efetiva prefeitos). Um decreto
de uma norma é habitualmente
administrativa e usado pelo chefe do
poder de lei desde a poder executivo para
sua edição, sanção e Decreto-Lei nº 83.839, de 13.08.1979: cria a Secretaria Especial
fazer nomeações e
publicação no diário ou
jornal oficial de Defesa Civil - SEDEC, vinculada ao Ministério do Interior. regulamentações de
leis,, entre outras
Decreto-Lei nº 5.861, de 30.09.1943: Modifica a denominação
coisas.
de Defesa Passiva Antiaérea, para Serviço de Defesa Civil, sob a
supervisão da Diretoria Nacional do Serviço da Defesa Civil, do
Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
Através do Decreto nº
12628 de 17 de junho
de 1943, ficou clara a Decreto nº 97.274, de 16.12.1988: institui a organização do
finalidade da Defesa
Passiva, que era o
Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC, incluindo, pela primeira
estabelecimento de vez, ações de prevenção como atribuições de defesa civil.
métodos, precauções
de segurança que
garantiam não só a
proteção da moral e Lei nº 3.742, de 04.04.1960: reconhece a necessidade de ressarcir
da vida da população,
assegurando-lhe a
prejuízos causados por desastres naturais, dispondo sobre os
normalidade, como a mecanismos federais para tal.
proteção do patrimônio
material, cultural e
artístico da Nação. Lei nº 10.954, de 29.09.2004: institui, no Programa de Resposta
aos Desastres, o Auxílio Emergencial Financeiro.
36 37
MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Decreto nº 7.257, de 04.08.2010: regulamenta a MP 494/10 para


dispor sobre o SINDEC, sobre o reconhecimento de situação de
emergência e estado de calamidade pública, sobre as transferências
Medida Provisória: No de recursos para ações de socorro, assistência às vítimas,
direito constitucional
brasileiro, Medida
restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução nas áreas
Decreto nº 5.376, de 17.02.2005: atualiza a estrutura, a
Provisória (MP) é um atingidas por desastres.
ato unipessoal do presi- organização e cria diretrizes para o funcionamento do Sistema
dente da República, Nacional de Defesa Civil – SINDEC e do Conselho Nacional de Lei nº 12.340,de 01.12.2010: converte em lei a MP 494/10 sobre
com força de lei, sem a
Defesa Civil - CONDEC as transferências de recursos para ações de socorro, assistência às
participação do Poder
Legislativo, que so- vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução nas
mente será chamado a áreas atingidas por desastres e sobre o FUNCAP.
discuti-la e aprová-la
em momento posterior.
O pressuposto da MP
é urgência e relevância,
cumulativamente.

Decreto s/n°, de 27.10.2009: convoca a 1º Conferência Nacional


de Defesa Civil e Assistência Humanitária.
Decreto nº 7.505, de 27.07.11: altera o decreto 7.257/10 que
regulamenta a MP 494/10 para dispor sobre o Cartão de Pagamento
Confira na Biblioteca de Defesa Civil.
o caderno de diretrizes
aprovadas na 1º Con- Medida Provisória nº 547, de 11.11.2011: institui o cadastro
ferência Nacional de nacional de municípios com áreas propícias à ocorrência de
Defesa Civil e Assistên-
cia Humanitária Medida Provisória nº 494, de 02.07.2010: dispõe sobre o SINDEC, escorregamentos de grande impacto ou processos geológicos
sobre as transferências de recursos para ações de socorro, assistência correlatos.
às vítimas, restabelecimento de serviços essenciais e reconstrução
nas áreas atingidas por desastre, e sobre o Fundo Especial para
Calamidades Públicas - FUNCAP.

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MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

2011 em detalhes Conheça os Estados e municípios que estão testando o Cartão


de Pagamento de Defesa Civil:

Decreto nº 7.505, de 27.07.2011: Institui o Cartão de Pagamento Alagoas Campestre, Muricy, Quebrangulo, São José da
Lage e União dos Palmares
da Defesa Civil, ferramenta lançada em agosto de 2011 para inovar
Pernambuco Água Preta, Barreiros, Catendem Maraial e
Saiba mais sobre a forma como até então era feito o repasse de recursos emergenciais Palmares
o Seminário
Internacional sobre para Estados e municípios. Rio de Janeiro Bom Jardim, Nova Friburgo, Petrópolis,
Gestão Integrada de Sumidouro e Teresópolis
Risco e Desastres O cartão foi apresentado no Seminário Internacional sobre Gestão Santa Catarina Blumenau, Brusque, Gaspar, Itajaí e Rio do Sul
acessando o link : Integrada de Riscos e Desastres, ocorrido no mês de abril em Brasília, Rio Grande do Sul Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Novo Hamburgo,
http://www.defesacivil. Igrejinha, Taquara
e sua implantação é resultado de uma articulação entre o Ministério
gov.br/seminario/
corpo.asp?id=5828 da Integração Nacional, o Banco do Brasil, a Controladoria Geral da Foi o que se passou em Santa Catarina com as inundações do
União, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e início de setembro. O Estado foi um dos cinco selecionados para o
Gestão. projeto piloto, junto com os municípios de Blumenau, Brusque, Itajaí,
Rio do Sul e Gaspar, sendo estes os primeiros a testar efetivamente o
O Cartão de Pagamento de Defesa Civil destaca-se pela sua
uso do Cartão de Pagamento da Defesa Civil.
capacidade de dar agilidade ao repasse de recursos e transparência
aos gastos públicos. É também um instrumento para dar poder aos A agilidade no repasse de recursos passa a depender de dois
órgãos municipais de defesa civil ao transformar as Coordenadorias fatores fundamentais, de um lado deve estar a agilidade também
Municipais de Defesa Civil – COMDEC em unidades de orçamento. dos municípios em providenciar a documentação necessária para
abertura de conta no Banco do Brasil e cumprir os demais requisitos
A partir de 31 de agosto, cinco Estados e cinco municípios,
exigidos pela Controladoria Geral da União e Ministério da
de cada um desses Estados, passaram a realizar um piloto de
Integração Nacional. De outro a necessidade de uma lei orçamentária
operacionalização, com o objetivo de verificar os procedimentos
para recursos de resposta.
e a tecnologia empregados para habilitação do Cartão. A proposta
do Ministério da Integração Nacional é que, em situação de Hoje, a cada novo desastre é preciso providenciar um crédito
normalidade, Estados e municípios já estejam habilitados para extraordinário, que se dá normalmente pela emissão de uma MP.
receber os recursos emergenciais quando um desastre ocorrer. Em geral, a medida provisória tem duração de quatro a seis meses,
fazendo com que desastres próximos estejam cobertos pelos
anteriores.

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MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Neste dimensionamento de recursos reside a orientações foi lançado e está sendo distribuído pela Secretaria de
importância dos municípios em repassar informações Defesa Civil - SEDEC.
detalhadas sobre os danos causados pelos desastres.
Medida Provisória nº 547, de 11.10.2011: Altera a Lei nº 6.766, de
Quanto mais informações forem fornecidas ao
19 de dezembro de 1979; a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, e
Ministério da Integração Nacional melhor é sua Conheça a Medida
a Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010. Provisória nº 547, de
avaliação. Um dos maiores desafios para implantação
11.10.2011 na íntegra
do Cartão está no processo de comunicação e A mais recente legislação em Defesa civil no Brasil trata da acessando o link http://
conscientização dos municípios para sua importância, atuação de municípios no gerenciamento de riscos, em especial os www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-
e na resistência de algumas administrações públicas relacionados à ocorrência de escorregamentos de grande impacto ou
2014/2011/Mpv/547.
locais pela transparência que o uso do cartão dará processos geológicos correlatos. htm

aos gastos públicos. Além disso, algumas discussões


Municípios incluídos em um cadastro a ser elaborado pelo
apontam para a dificuldade de utilizar cartões em
Governo Federal terão de:
localidades mais remotas, e para momentos em que
serviços como fornecimento de energia elétrica, por I - elaborar mapeamento contendo as áreas propícias à ocorrência
exemplo, ficam comprometidos devido ao desastre, de escorregamentos de grande impacto ou processos geológicos
que serão verificados e discutidos caso a caso. correlatos; 

II - elaborar plano de contingência e instituir Núcleos de Defesa


Destaca-se ainda que a implantação do Cartão de Pagamento
Civil, de acordo com os procedimentos estabelecidos pelo órgão
de Defesa Civil e a utilização do Portal da Transparência não
coordenador do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC; 
alteram o processo de prestação de contas dos órgãos de defesa civil,
permanecendo necessário o cumprimento de todos os trâmites legais III - elaborar plano de implantação de obras e serviços para a
e apresentação de notas fiscais à Secretaria Executiva do Ministério redução de riscos; 
da Integração Nacional.
IV - criar mecanismos de controle e fiscalização para evitar a
Entre os principais pontos de atenção presentes na fiscalização edificação em áreas propícias à ocorrência de escorregamentos de
do Ministério da Integração Nacional está o emprego dos recursos grande impacto ou processos geológicos correlatos; e 
apenas para ações de socorro, assistência e restabelecimento. Obras
V - elaborar carta geotécnica de aptidão à urbanização,
de reconstrução, por exemplo, não podem ser realizadas com os
estabelecendo diretrizes urbanísticas voltadas para a segurança dos
recursos do cartão, mas há ainda muita dúvida sobre como aplicar
novos parcelamentos do solo urbano. 
os recursos de resposta. Para diminuir equívocos, um manual de
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MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

A lei também trata de providências para redução do risco, dentre a importância do fortalecimento das instituições de Defesa Civil
as quais, a execução de plano de contingência e de obras de segurança municipais.
e, quando necessário, a remoção de edificações e o reassentamento
Regulamentada pelo Decreto nº 7.257, de 04 de agosto de 2010, a
dos ocupantes em local seguro.
Medida Provisória 494, que foi convertida na Lei nº12340, define que
Veja na íntegra a
conversão da MP nº484
Destacam-se ainda alterações à Lei nº 10.257, de 2001, que o SINDEC será composto por órgãos e entidades da administração
para a Lei nº 12340 estabelece diretrizes gerais para política urbana, e passa a ser pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios
acessando o link:
acrescida pelo artigo 42, que aborda temas como a necessidade e das entidades da sociedade civil, que atuarão de forma articulada,
http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ de municípios criarem seus Planos de Expansão Urbana em tendo a SEDEC como órgão coordenador.
Ato2007-2010/2010/ atendimento às diretrizes do Plano Diretor, e determina que a
Lei/L12340.htm Em seu artigo 7º, o Fundo Especial para Calamidades Públicas
aprovação de projetos de parcelamento do solo urbano em áreas
- FUNCAP, criado pelo Decreto‐Lei 950/69, foi reativado. Outro
de expansão urbana ficará condicionada à existência do Plano de
avanço advindo da Medida Provisória é que ficam autorizados o
Expansão Urbana.
Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes - DNIT e o
Ministério da Defesa a recuperar estradas destruídas, e o Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome a doar estoques
Aspectos legais do sindec públicos de alimentos às populações atingidas por desastres.

Em sua regulamentação, a Medida Provisória nº 494 fortalece o


Desde o dia 1º de dezembro de 2010, o SINDEC passou a ser
CENAD - Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres
regido pela Lei nº 12340. Anteriormente estava sendo regido pela
da SEDEC, que atua na agilidade da resposta à emergência e monitora
Medida Provisória nº 494 de 02 junho de 2010.
riscos e ameaças de maior prevalência no país.
A Lei nº 12340 ao dispor sobre os objetivos e ações da Defesa Civil
O Decreto de regulamentação também reestrutura o Conselho
no Brasil, organiza e dá agilidade à atuação do governo federal
Nacional de Defesa Civil - CONDEC, o qual integra o Sistema como
em apoio aos entes federados em casos de calamidade pública ou
órgão colegiado, de natureza consultiva. Reduziu‐se a quantidade
situação de emergência..
de Ministérios que faziam parte do Conselho e abriu‐se espaço para
A Lei vai ao encontro das diretrizes aprovadas na 1ª Conferência a participação de dois representantes dos Estados e Distrito Federal,
Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária e retrata três representantes dos municípios e garantiu três representantes da
uma necessidade trazida pelos 1.500 delegados representantes dos sociedade civil, outra reivindicação da maioria dos delegados da 1ª
Estados, Distrito Federal e Municípios brasileiros, que destacaram CNDC.
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MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Uma mudança que trouxe impacto na dinâmica de atuação dos Comissão Especial Interna do Senado
órgãos estaduais e municipais de Defesa Civil, foi o conceito de
Federal - Alterações no Sistema Nacional
situação de emergência e estado de calamidade pública, associados
Situação de aos novos procedimentos para o reconhecimento destas situações
de Defesa Civil - SINDEC
emergência: o
reconhecimento pelo
pelo Governo Federal. Saiba mais sobre a

poder público de A Comissão do Senado foi aprovada em 18 de maio de 2011 com Comissão do Senado,
Se antes o processo estava vinculado à homologação do Estado, acessando os links:
situação anormal, o objetivo de identificar os fatores limitantes e as oportunidades
http://www.senado.
provocada por hoje basta requerimento do ente federado dirigido à SEDEC, em
de atuação da Defesa Civil no Brasil, propor alterações no Sistema gov.br/atividade/
desastres, causando
até dez dias da data do desastre, contendo informações sobre as comissoes/comissao.
danos superáveis pela Nacional de Defesa Civil e construir uma proposta de constituição
comunidade afetada. características do evento, a localidade afetada e a estimativa de asp?origem=SF
de uma Força Nacional de Defesa Civil. Tem como presidente o &com=1553 e http://
danos, para que seja realizada analise técnica e justificada ou não
Senador Jorge Viana e como relator o Senador Casildo Maldaner. www.senado.gov.br/
Estado de
a necessidade da participação do Governo Federal. atividade/materia/
calamidade pública:
Entre os principais pontos de discussão desta comissão estão: detalhes.asp?p_cod_
o reconhecimento
mate=99350
pelo poder público
de situação anormal,
• Ampliação do foco das ações de Defesa Civil para a prevenção,
provocada por Comissões e seus trabalhos carreira profissional e fortalecimento institucional;
desastres, causando
sérios danos à • Reformulação do Fundo Especial para Calamidades Públicas-
comunidade Algumas comissões atuam hoje em âmbito legislativo federal
FUNCAP, com proposta de alteração para Fundo Nacional
afetada, inclusive à tratando de assuntos correlatos a desastres e Defesa Civil, a exemplo
incolumidade ou à vida para a Defesa Civil - FUNDEC, e a criação de uma contribuição
de seus integrantes. da Comissão Mista Permanente Sobre Mudanças Climáticas do
a ser cobrada dos seguros privados, com alíquota de 1% sobre
Senado Federal.
o valor do prêmio;
Merecem destaque a Comissão Especial de Defesa Civil do Senado
• Mudança cultural para valorização das ações de prevenção,
Federal e a Comissão Especial Medidas Preventivas Diante de
reconhecimento social e investimentos;
Catástrofes Climáticas da Câmara dos Deputados.
• Agilidade em casos de catástrofes para a necessária garantia de
Vamos agora conhecer um pouco mais sobre o trabalho dessas
recursos sem demora.
Comissões:

46 47
MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Veremos agora a justificativa para implantação da Comissão que a atuação dos órgãos brasileiros pareça ineficaz e absolutamente
Especial Interna do Senado Federal: improvisada.

O objetivo desta Comissão é, nesse contexto, identificar os fatores


limitantes da atuação da defesa civil no Brasil. Para tanto, é preciso
JUSTIFICAÇÃO PARA IMPLANTAÇÃO DA COMISSÃO
entender como o sistema está estruturado, quais os meios de que dispõe
O desastre na região serrana do Rio de Janeiro, em janeiro para enfrentar situações de emergência e de calamidade pública, qual
de 2011, afetou mais de 170 mil pessoas, deixando mais de 14 mil a eficácia das ações (em especial de prevenção), entre outras questões.
desabrigados, 23 mil desalojados e mais de 850 mortos. Em junho de Mostra-se imprescindível, também, pesquisar problemas e soluções
2010, Alagoas e Pernambuco sofreram com inundações, que atingiram locais para que as experiências regionais sejam compartilhadas entre
95 municípios, provocando 46 mortes e deixando 69 desaparecidos, 53 todos os atores envolvidos com o tema em âmbito nacional.
mil desabrigados e mais de 100 mil desalojados. Mas não são apenas
Espera-se que, ao final dos trabalhos da Comissão, o Senado Federal
as enchentes que levam sofrimento à população. Secas, incêndios
disponha de um conhecimento sistematizado sobre o assunto, podendo
florestais e outros desastres de origem natural e/ou humana atingem
contribuir de maneira ainda mais abalizada para o aprimoramento
freqüentemente todas as regiões do país, causando perdas humanas e
da Defesa Civil brasileira nos aspectos legislativo, orçamentário e
graves prejuízos econômicos.
fiscalizatório.
Para fazer frente a catástrofes como essas, é dever do Estado
Estamos convictos da importância do tema não apenas para aliviar
brasileiro realizar a defesa permanente contra calamidades públicas.
o sofrimento das famílias atingidas por catástrofes, mas também para
Nesse sentido, cabe à Defesa Civil promover um conjunto de ações
prevenir a ocorrência de desastres, sejam eles naturais, humanos ou
preventivas, de socorro e assistência às vítimas, de restabelecimento de
mistos.
serviços essenciais e de reconstrução das áreas atingidas por desastres.
http://www.senado.gov.br, acessado em 20.11.2011
Contudo, apesar dos esforços das autoridades responsáveis, fica a
impressão de que inexistem ações efetivas de prevenção e de que a
resposta do Estado em situações de desastre é descoordenada e depende
muito da capacidade de auto-organização da sociedade. Essa sensação
é ainda mais marcante se compararmos a realidade brasileira com os
desastres que ocorreram em 2011 na Austrália. Merece admiração o
sistema de alerta e resposta aos desastres naquele país, que fazem com

48 49
MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Comissão Especial de Medidas • Criação do Fundo Nacional da Proteção Civil (Funpec), com
recursos advindos do Imposto de Renda, do Imposto sobre
Preventivas Diante de Catástrofes
Produtos Industrializados (IPI), dos prêmios de loteria e dos
Climáticas da Câmara dos Deputados royalties do petróleo. A proposta indica que ao menos 50% dos
recursos do fundo sejam aplicados em prevenção. Saiba mais sobre a
A Comissão da Câmara dos Deputados foi instalada em 16 Comissão da Câmara,
• Criação da carreira de agente de proteção civil. acessando o link:
de março de 2011, tendo como presidente a deputada Perpétua
http://www2.camara.
Almeida, e como relator do grupo, o deputado Glauber Braga. • Apoio técnico e financeiro aos Estados para que criem centros gov.br/atividade-
Com a proposta de estudar e apresentar propostas para prevenir legislativa/comissoes/
de operação de desastres, responsáveis por ações de prevenção.
comissoes-temporarias/
catástrofes climáticas, os trabalhos da comissão devem se encerrar especiais/54a-
• Implantação do Sistema Nacional de Informações e
em dezembro, com apresentação do relatório final. legislatura/medidas-
Monitoramento de Desastres, identificação e mapeamento de preventivas-diante-de-
O relatório deve ser submetido à análise do Legislativo e do áreas de risco, monitoramento de desastres, e revitalização de catastrofes

governo federal, e está organizado em três partes. bacias hidrográficas.

A primeira parte apresenta um projeto de lei com a criação do


Estatuto da Proteção Civil; a segunda refere-se a uma indicação de
proposta de emenda à Constituição (PEC); e a última parte apresenta Grupo de trabalho da sedec
indicações de medidas ao Executivo para um novo marco regulatório sobre legislação - proposições
para a Defesa Civil no Brasil.
e tendências
“O mote principal é virar a página de um País que investe
maciçamente em reconstrução para investir em prevenção”, disse
Após a 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência
o deputado Glauber Braga à Agência Câmara de Notícias.
Humanitária, concluída em março de 2010, e com a aprovação
das 104 diretrizes ao final da etapa nacional, a SEDEC organizou
Grupos de Trabalho (GT) para estudar e criar ferramentas de
Entre os principais pontos de discussão desta comissão estão:
análise de viabilidade e implantação das proposições.
• Revisão da atual legislação, proposta de emenda à constituição
e criação de um estatuto.

50 51
MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Entre os grupos de trabalho criados está o GT sobre Legislação, • Política Nacional prioritariamente destinada à garantia de
que trabalha desde o início de 2011 avaliando as legislações anteriores medidas eficazes para reduzir os riscos de desastres, visando à
e propondo alterações na atual legislação de Defesa Civil. proteção da população em seu território e convergente com a
UNISDR.
Este grupo prepara uma minuta que será apresentada ao Conselho
Nacional de Defesa Civil (CONDEC) para ratificação e posterior • Criação da Escola Nacional de Proteção Civil, sendo ela parte
encaminhamento à Casa Civil. integrante da estrutura do órgão central, e com a finalidade de
expandir o conhecimento sobre gestão de riscos e desastres à
As proposições estão principalmente voltadas para:
população e aos profissionais da área.
• Implantação de carreira;
• Visão ampliada do Centro Nacional de Gerenciamento
• Uma nova política nacional de proteção civil; de Riscos e Desastres (CENAD) como parte integrante da
estrutura do órgão central, e responsável, em âmbito federal,
• Uma visão ampliada do Centro Nacional de Gerenciamento de
pela articulação e coordenação da preparação e da resposta aos
Riscos e Desastres (CENAD);
desastres.
• Alterações no atual Fundo Especial para Calamidades Públicas
• Normatização do GADE e formação de equipe técnica
(FUNCAP);
multidisciplinar a ser coordenada, operacionalizada e
• Investimentos em mapeamento de risco; mobilizada pelo CENAD para desenvolver ações de preparação

• Divisão de responsabilidades entre União, Estados e municípios. e resposta a desastres em território nacional ou internacional.

• Estabelecimento de ações de identificação e mapeamento


de áreas de risco de forma mais cooperativa entre os entes
Agora vamos conhecer um pouco mais algumas dessas políticos.
proposições:
• Apoio à resposta a Estados e municípios apenas após o
• Alinhamento com a terminologia da Estratégia Internacional esgotamento da capacidade de resposta dos responsáveis,
para Redução de Desastres das Nações Unidas (UNISDR), considerando que: (a) as ações de resposta e recuperação serão
propondo que a redução de desastres seja realizada por ações da responsabilidade do município; (b) esgotada a capacidade de
de (a) prevenção; (b) mitigação; (c) preparação; (d) resposta; resposta e recuperação do município, o Estado será responsável
(e) recuperação. pela execução dessas ações; (c) esgotada a capacidade de

52 53
MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

resposta e recuperação do município, do Estado ou do DF, o


Você chegou ao final desta segunda unidade.
Governo Federal realizará o apoio complementar.
Nesta segunda parte você conheceu um pouco da história da
• Transferência de recursos financeiros pela União para a
legislação da Defesa Civil, as mudanças ocorridas do ano de 1943
execução de ações de prevenção, mitigação e preparação para
até os dias de hoje. Vimos também o ano de 2011 em detalhes,
desastres, com aplicação de recursos para prevenção somente
as importantes mudanças ocorridas para agilizar os processos de
nas áreas identificadas como suscetíveis a desastres e seleção
ajuda à população em casos de desastres. Conheceu os aspectos
das transferências pautada pela priorização de intervenções de
legais do SINDEC, a Comissão Especial Interna do Senado
grande porte em áreas de risco iminente e de benefício amplo.
Federal e a Comissão Especial de Medidas Preventivas Diante de
• Requisitos para recebimento de recursos, além das demais Catástrofes Climáticas da Câmara dos Deputados. Finalizamos
exigências da estrutura normativa que rege o tema: (a) Órgão com as proposições e tendências do Grupo de Trabalho da SEDEC.
local implantado e estruturado; (b) Comprovação de recursos
Realize a atividade proposta no Ambiente Virtual
alocados para ações de proteção civil no respectivo orçamento;
de Aprendizagem - AVA. Realize também as atividades
(c) Comissão de elaboração do Plano de Carreira da Proteção
complementares e opcionais abaixo.
Civil, previsto o prazo de 2 anos para sua implantação.
Bons estudos!
• Fundo Nacional de Proteção Civil - FUNPROC. Com a
finalidade de: resposta, recuperação, prevenção, preparação
e mitigação. Patrimônio constituído por fontes de recursos
ATIVIDADES PROPOSTAS
alternativos e cotas que serão integralizadas anualmente pela
União, Estados, DF e municípios. REFLETINDO:

1. Na sua opinião, ao longo dos anos e das mudanças da legislação


da Defesa Civil, qual delas foi a mais significativa para a população
brasileira?

2. Cite algumas das atribuições das Comissões Especiais.

3. Em que circunstâncias e com que objetivo o Grupo de Trabalho


da SEDEC foi criado?

54 55
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final desta unidade, você será capaz de compreender:


• A Defesa Civil como Sistema;
• A organização institucional das Coordenadorias Municipais
de Defesa Civil;
• O conhecimento permanente das ameaças e riscos;
• A preparação para enfrentamento dos desastres;
• Como funciona o sistema de monitoramento e alerta;
• A gestão aproximada com instituições públicas e cidades
vizinhas;
• A interação permanente com a comunidade;
• A ênfase na prevenção em todas as fases de atuação;
• A educação permanente para a convivência com riscos;

• A visibilidade institucional.

Caro aluno:

MÓDULO III
Nesta unidade do Curso de Capacitação Básica de Defesa Civil
iremos apresentar a visão de Defesa Civil como sistema. Veremos
a organização institucional das Coordenadorias Municipais de
Defesa Civil, o conhecimento das ameaças e riscos de desastres
COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS e o funcionamento do sistema e monitoramento e alerta de
desastres. Conheceremos a importância da aproximação da

DE ESTRUTURAÇÃO E gestão municipal com instituições públicas, cidades vizinhas e


com a comunidade. Os benefícios que a educação permanente

FUNCIONAMENTO pode trazer para a convivência com os riscos e como pode se dar a
prevenção de desastres em todas as fases de atuação.

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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Comdecs: Aspectos podem ocorrer nos domínios de cada território considerado.

Práticos de Estruturação e Um exemplo é o desastre de CODAR HT.DLX-21.603,


relacionado com o colapso da coleta de lixo. Qualquer cidade que
Funcionamento tiver seu sistema de captação de resíduos prejudicado, seja por uma
Vetor: Que serve
de veículo ou
Saiba mais sobre
greve de funcionários, por encerramento de contratos ou qualquer intermediário para os
a Codificação de
germes patogênicos ou
Ameaças, Riscos e Todas as cidades têm riscos de desastres, desde as mais pequenas outro problema, terá um grande desafio pela frente. parasitas; hospedeiro
Desastres – CODAR até as grandes metrópoles. intermediário.
acessando o link http:// Se levarmos em conta que cada cidadão produz em média 1 kg
www.defesacivil.gov. Desastre, na sua conceituação mais pedagógica, é o resultado de lixo por dia, basta imaginar, por exemplo, o caos que uma capital
br/codar/desastres_
naturais.asp
de um evento adverso, natural ou provocado pelo homem, sob brasileira pode enfrentar no caso deste desastre.
um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais
São Paulo, por exemplo, tem 14 milhões de habitantes, em apenas
além de consequentes prejuízos econômicos e ambientais.
um dia sem coleta de lixo terá um alto vetor de doenças abandonado
O perfeito entendimento desse conceito é fundamental para que em suas ruas.
as estruturas de Defesa Civil sejam criadas e estruturadas de modo
As pequenas cidades também têm seus graves problemas, mesmo
a exercer com competência suas atividades.
quando sua vocação tende à ocupação maior em zonas rurais.
Há na sociedade brasileira e na própria comunidade que milita
Recentemente, órgãos da imprensa divulgaram uma importante
com defesa civil uma tendência a achar que são desastres somente os
infestação de insetos nas plantações de eucalipto, em algumas partes
acidentes decorrentes de chuvas, de seca ou de eventos climáticos em
do país. Considerando que o eucalipto é uma importante fonte de
geral. Essa percepção equivocada tem levado muitas cidades que não
renda para inúmeros produtores, que a produção de carvão para
sofrem com essas situações a não se organizarem para responder
a indústria siderúrgica tem como matéria-prima essa espécie de
sistemicamente às inúmeras ameaças e vulnerabilidades existentes.
árvore, percebe-se como os danos econômicos e sociais poderão ser
A codificação de desastres e ameaças brasileira, CODAR possui importantes caso haja perda de florestas inteiras.
153 desastres. Todas as codificações relatam eventos adversos que
E falamos apenas de dois potenciais desastres pouco comentados
acontecendo sob um ecossistema vulnerável, podem causar um ou
nas conversas dos militantes da proteção civil no país.
mais desses danos: humanos, materiais, ambientais ou sociais.
A histórica opção pelo transporte rodoviário no nosso país,
Isso implica que os gestores públicos estejam preparados para
cruzando os rios e riachos da nossa nação, também constitui uma
prevenir, responder e restaurar os eventos que potencialmente

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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

grave vulnerabilidade a desastres decorrentes do derramamento “isso é problema da defesa civil!”, como se algo tão complexo
de produtos perigosos. Os inúmeros tombamentos de carretas pudesse ser reduzido a um órgão ou instituição secundária.
transportando produtos tóxicos que ao serem derramados escorrem
Defesa Civil é um sistema, não um órgão. Todos
Sistêmica: uma visão pelos sistemas de drenagem e contaminam as fontes de captação de Sinistro: Calamidade,
sistêmica consiste fazem parte e têm o privilégio de ajudar e avaliar, para desastre ou
na habilidade em
água, também devem ser objeto de acompanhamento daqueles que acontecimento que traz
consolidar uma rede permanente de ações preventivas,
compreender os detêm a responsabilidade de prever os riscos e desastres no nosso consigo grandes perdas
sistemas de acordo com
de preparação de resposta e de reconstrução dos efeitos materiais.
país.
a abordagem geral dos desastres.
dos sistemas, ou seja,
Os sinistros mencionados apenas reforçam a necessidade de
ter o conhecimento Essa complexa teia de competências e funções deve e precisa ser
do todo, de modo a enxergar a defesa civil de uma forma sistêmica, onde todos os
coordenada para que as tarefas específicas, dentro de um cronograma
permitir a análise órgãos públicos, as entidades privadas e a comunidade constituem
ou a interferência no fundamental, contemplem intervenções oportunas para evitar ou
as engrenagens para movimentar a sofisticada máquina que tem
mesmo.
para enfrentar os sinistros potenciais da comunidade.
como nobre missão a proteção global da comunidade.

É nesse contexto que surge, no âmbito municipal, a Coordenadoria


Municipal de Defesa Civil - COMDEC, que jamais pode ser vista
Defesa Civil: Sistema, não órgão
como uma instituição que se basta em si mesma, mas que reúne e
direciona todas as forças disponíveis para a proteção das cidades.
Entendermos que defesa civil não é um órgão, mas um
conjunto de ações de prevenção, assistência, socorro e
restauração de desastres acontecidos ou potenciais, é
A COMDEC é uma instituição fundamental na
fator fundamental para que uma comunidade esteja
proteção social. Deve ser dotada de profissionais
realmente protegida de suas ameaças.
compromissados, com habilidades de relacionamento
e forte comprometimento com o trabalho em equipe.
Se todos os gestores da Prefeitura, do Estado e da União e também
os executores de cada um dos órgãos públicos não entenderem essa
verdade, jamais teremos defesa civil atuante no país.

Somente quando esse conceito estiver enraizado na cultura da


política nacional, deixaremos de ouvir respostas insensatas como:
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Organização Institucional da COMDEC • Interação permanente com a comunidade;

• Educação para convivência com o risco;


O Brasil é um país continental, com mais de cinco mil municípios
• Visibilidade institucional;
com tamanhos, populações, geografias, economias e realidades
Dados do censo de
diferentes.
2010, divulgado pelo
IBGE em: http://www.
ibge.com.br/home/
Não é viável estabelecer um padrão para a organização das Conhecimento permanente das ameaças
COMDECs, visto que essas realidades influenciam na composição
estatistica/populacao/
censo2010/resultados
e riscos
da equipe, que tem a missão de coordenar o sistema municipal de
defesa civil.
Já mencionamos que há 153 desastres catalogados no CODAR,
Nosso país tem extremos significativos: São Paulo, terceiro apesar de a mídia se ater apenas àqueles que acontecem nas grandes
orçamento do país com mais de dez milhões de habitantes, contrasta cidades, que causam mortes ou os decorrentes das chuvas.
com a Serra da Saudade em Minas Gerais, com apenas 810 pessoas
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil deve conhecer e
vivendo de recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
mapear todas as ameaças e riscos de seu espaço territorial. Isso
Embora com grandes diferenças, todas as duas precisam de uma
inclui tanto o perímetro urbano quanto o rural.
COMDEC atuante, pois os desastres não escolhem espaços pelo seu
tamanho ou poder econômico, mas sim pelas suas vulnerabilidades. A partir do conhecimento das ameaças mais prováveis e com
vulnerabilidades mais acentuadas um criterioso mapeamento deve
Para se definir o tamanho e a organização do órgão coordenador
ser feito para cada tipo de desastre.
de proteção civil, é preciso entender suas principais características
funcionais: A falta de recursos financeiros para mapear e conhecer riscos não
justifica a ausência desse importante instrumento de planejamento.
• Conhecimento permanente das ameaças e riscos;
Mesmos as cidades pequenas com pequeno orçamento têm condições
• Atuação preventiva em todas as fases da defesa civil; de mapear seus riscos.

• Preparação para enfrentamento dos desastres; Há uma equivocada percepção de que riscos só podem ser
mapeados mediante caras consultorias, com equipamentos
• Gestão aproximada com as instituições públicas e cidades
sofisticados e utilizando coordenadas geográficas, o que é um grande
vizinhas;
engano.

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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

As cidades, sobretudo as maiores e que disponham de grandes Não se prepara para aquilo que não se conhece!!! Mapear e
receitas, podem e devem utilizar as tecnologias disponíveis para conhecer as ameaças e vulnerabilidades é fator fundamental
obter um mapeamento detalhado e completo. Mas as pequenas para prevenir e se preparar para o enfrentamento dos desastres,
COMDECs podem utilizar até mapas publicitários, que quase independentemente do tamanho da cidade ou comunidade.
sempre encontramos nos postos de gasolina, padarias e outros
estabelecimentos comerciais. Abaixo podemos ver um exemplo de
mapa: Preparação permanente para
enfrentamento dos desastres

O conhecimento dos desastres potenciais no espaço da cidade


vai proporcionar à COMDEC a possibilidade de se preparar para o
enfrentamento, ou seja, para a resposta que o evento exigir.

A visão sistêmica, onde todos têm consciência que defesa civil não
é um órgão mas um conjunto de ações, desenvolvida por todos
os atores sociais no espaço comunitário, contribui para que a
instituição COMDEC tenha o tamanho e a estrutura adequada
para cada município.
Para conseguir informações sobre as ameaças e vulnerabilidades,
a COMDEC de poucos recursos pode utilizar os alunos do ensino A instituição de coordenação das atividades de
médio, para uma pesquisa histórica com os moradores mais proteção civil precisa ter os recursos necessários
antigos, e delimitar com eles, por exemplo, uma “mancha falada” para fazer frente à sua missão, que é monitorar
da maior inundação conhecida ou registrada na cidade. Isso pode permanentemente as ameaças, apontar medidas de
ser feito com desastres de escorregamentos, derramamento de prevenção e se manter preparada para responder aos
produtos perigosos, enfim, qualquer tipo de desastre. eventos críticos acontecidos.

Por outro lado, as grandes cidades ao mapear seus riscos e bem O tamanho da área urbana, o número de habitantes, a quantidade
conhecê-los, devem ter uma estrutura mínima de pessoal e recursos de locais de risco e a recorrência de desastres vão proporcionar o
para monitorá-los, seja pela visita periódica de seus técnicos ou pelo dimensionamento ideal da estrutura da COMDEC.
acionamento da comunidade em risco.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

É preciso reiterar que não se pode exigir que uma cidade de 5.000 públicas possam adotar medidas atenuantes para os problemas
habitantes com relevo de planície, sem recorrência de sinistros, tenha previstos.
a mesma estrutura de uma cidade com relevo acentuado, ocupação
Para tanto, mecanismos de comunicação horizontal e vertical
de encostas e vales, ao longo de cursos de água e que sofre com
entre os entes públicos municipais e de forma transversal com os
inundações e escorregamentos todos os anos.
demais órgãos do Sistema Nacional precisam estar bem definidos na
Independente do tamanho e da quantidade de recursos humanos forma e na personificação dos contatos pré-estabelecidos.
e logísticos que uma COMDEC disponha, ela só será eficiente se
Um plano de contingência bem elaborado, baseado nas realidades
estiver preparada para coordenar os atores sociais disponíveis na
locais, construído a partir da colaboração dos atores públicos
comunidade para as ações de prevenção e resposta às calamidades.
envolvidos e da comunidade destinatária, torna-se um poderoso
Para isso é fundamental a elaboração de planos de contingência instrumento para evitar improvisos, desperdício de recursos e
para cada tipo de ameaça instalada na cidade. principalmente tempo.

O plano de contingência é a formalização de uma Quando esse planejamento é feito a partir de seus
estratégia de enfrentamento dos desastres onde estão atores, todos se sentem responsáveis pela sua execução,
descritas as características do evento a ser enfrentado, as estratégias estabelecidas refletem a realidade
os locais possíveis de acontecimento, o número possível e o ensaio simulado de sua aplicação, além
provável de afetados e as ações de prevenção e resposta de aproximar os envolvidos, permite a correção dos
que o poder público estabeleceu para enfrentá-los. equívocos e consequentemente traz mais segurança
para todos.
Nesse planejamento todos os recursos disponíveis na Prefeitura
devem estar catalogados e cada setor, com sua vocação, deve ser Como mencionamos, um sistema de monitoramento e alarme
listado com suas missões específicas de atuação. deve ser estabelecido para que a oportunidade de implementação
do plano de contingência seja conhecida. Por ser um instrumento
Todas as disponibilidades logísticas e de recursos humanos
tão importante, merece uma explicação mais detalhada.
devem estar catalogados, com os líderes estabelecidos e os contatos
registrados.

As medidas de prevenção e preparação bem descritas devem


proporcionar o estabelecimento de formas de monitoramento,
alertas e alarmes para que tanto a comunidade quanto as instituições
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Sistema de monitoramento e alerta Para exemplificar, pode ser citado o desastre ocorrido em Miraí,
em Minas Gerais, no ano de 2007. Houve o rompimento de uma

Sistemas de monitoramento e alerta para desastres barragem de rejeitos de mineração que inundou um terço da

em linhas gerais são instrumentos utilizados para cidade e ainda causou danos em mais cinco outros municípios,

acompanhar a evolução de sinais perceptíveis de que inclusive no Estado do Rio de Janeiro. Apesar dos graves danos

há a probabilidade de acontecerem eventos adversos materiais, nenhuma vida humana foi perdida, fruto de um

que podem resultar em danos à comunidade. sistema de monitoramento e alerta simples mas que funcionou
efetivamente.
Há uma tendência em acreditar que os sistemas de monitoramento
Por recomendação da Defesa Civil de Minas Gerais, a empresa
e alerta devem ser estabelecidos a partir de sofisticados
responsável pela barragem construiu um ponto de monitoramento
instrumentos tecnológicos que permitem informações precisas
visual no maciço onde um funcionário permanecia 24 horas olhando
sobre situações causadoras de calamidades. Na realidade,
a evolução do nível da água e dos sinais de resistência da barragem.
sistemas de monitoramento e alerta devem ser a união de todas as
informações disponíveis ou desenvolvidas pelos interessados ou Como ocorreram fortes precipitações entre os dias 05 e 07 de
destinatários, que vão propiciar a tomada de decisões preventivas janeiro, o monitor, ao perceber que o nível subia rapidamente e que
e de preparação, com o máximo de antecedência possível. poderia haver o rompimento, emitiu o alerta para as autoridades
municipais, que conseguiram retirar todas as famílias das áreas de
Sendo assim, qualquer comunidade pode estabelecer seus
risco.
sistemas, a partir das informações disponíveis e alcançáveis, seja
pela tecnologia disponível, seja por ações criativas decorrentes do Os sistemas de monitoramento podem ser entendidos como de
conhecimento da realidade local. previsão e de constatação. Os de previsão, como o próprio nome
diz, indicarão o que poderá acontecer. O monitoramento de
Já que a internet está acessível em quase todas as localidades do
constatação verifica o comportamento que está acontecendo ou
mundo, podemos citar como exemplo o uso dos sites de previsão do
que já aconteceu e indica ações de prevenção e preparação para
tempo. Esse é um valioso instrumento que deve ser utilizado para
evitar danos maiores à comunidade.
compor um sistema para evitar os danos decorrentes dos desastres.
A partir do conhecimento da probabilidade das precipitações para Isso significa que cada cidade, dependendo de seu tamanho,
um determinado município, outras ações de monitoramento podem população, quantidade e qualidade de suas áreas de risco, vai
ser estabelecidas para compor um conjunto de informações mais desenvolver seu sistema de monitoramento e alerta, baseado na sua
precisas sobre os eventos esperados. possibilidade tecnológica e na criatividade para atendimento de suas
68 necessidades. 69
MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Identificadas as suas possibilidades, o sistema municipal de O certo é que não há como conceber uma COMDEC, por mais
defesa civil deve estabelecer junto com a população as formas simples que seja, que não tenha um mapa com os riscos e ameaças da
de monitoramento, os meios de comunicação dos alertas, de cidade, um plano de contingência e que não possua um sistema de
modo a manter permanente credibilidade e principalmente o alerta com os recursos e possibilidades disponíveis na comunidade.
desenvolvimento de ações preventivas e de preparação, descritas no
plano de contingência.

Se as cidades mais populosas, com mais recursos orçamentários


Gestão aproximada com instituições
têm as maiores possibilidades tecnológicas, a grande extensão públicas e cidades vizinhas
territorial ocupada e a alta concentração populacional dispersa
em muitas áreas de risco podem desfavorecer uma comunicação A visão sistêmica, conforme já abordamos anteriormente, implica
eficiente dos alertas emitidos. num entendimento primordial de que defesa civil não é um órgão,
mas um sistema que contém todas as demais instituições públicas
Já as cidades menores, se por um lado, pela escassez financeira não
da cidade.
se têm tanto acesso às caras tecnologias, a proximidade da população
com o poder público local, a geografia propícia a uma comunicação Todo sistema precisa de uma coordenação, é aí que entra a
rápida e próxima e o menor número de locais de risco, favorecem e COMDEC. A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, portanto,
muito o sucesso da emissão e entendimento dos alertas. Sem contar jamais pode ser considerada pelos outros atores da prefeitura como
que o uso de soluções criativas como os de sinos de igrejas, sistemas um setor operacional que se basta. Jamais pode haver, nas discussões
de comunicação de alto falante disponíveis em paróquias e carros de internas do poder público a expressão: “isso é problema da defesa
som são muito eficientes nestas comunidades menores. civil”. Quando isso acontece é porque ainda não se absorveu a
cultura sistêmica de que todos são responsáveis pelo “conjunto de
As redes sociais são ferramentas importantes para divulgação de
ações de prevenção, socorro, assistência e recuperação”, conceito
alertas e instruções preventivas. Muito acessadas pelas pessoas,
já consagrado da atividade.
principalmente pela juventude que permanece por várias
horas em contato, essas redes proporcionam importante elo de Para que uma COMDEC efetivamente funcione, deve interagir
relacionamento entre a COMDEC e a comunidade. Com o cuidado permanentemente com todos os setores da prefeitura,
de manter esses espaços sempre atualizados, para que não caiam identificando as vocações de cada um para a contribuição na
em descrédito, o uso de redes sociais deve ser implementado em prevenção, preparação, resposta e reconstrução dos desastres
todas as cidades onde as Coordenadorias Municipais de Defesa prováveis da cidade.
Civil são verdadeiramente atuantes.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Isso significa também que a posição hierárquica da COMDEC


no organograma do poder público municipal deve possibilitar
um diálogo compatível com os escalões de decisão, visto que nos
Organograma: momentos cruciais, antes e durante os eventos de calamidade, as
Gráfico da estrutura
hierárquica de uma
orientações e recomendações emitidas devem ser prontamente
organização social atendidas, de modo imperativo, para evitar desgastes institucionais
complexa, no qual
desnecessários.
estão representados,
ao mesmo tempo, os
Da mesma forma, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil
diversos elementos
do grupo e suas deve manter estreito relacionamento com as COMDECs das Populações instaladas em áreas de risco ao longo da bacia hidrográfica
respectivas relações. cidades vizinhas, para que os sistemas de monitoramento e alerta
Empresas operadoras de barragens, por exemplo, são parceiras
se complementem, os fenômenos que trazem consequências para
fundamentais no monitoramento e emissão de alertas contra
as cidades sejam comunicados e protocolos de resposta possam ser
enchentes e inundações.
compartilhados.
Chuvas que caem em grandes quantidades às vezes não são
Não raras vezes, uma chuva e uma inundação que ocorrem
percebidas na cidade e podem chegar de forma brusca como “cabeças
em uma cidade, se devidamente avisadas podem permitir ações
d’agua” que provocam inundações surpreendentes. Quando a
de prevenção e preparação com muitas horas de antecedência.
COMDEC tem relacionamento estreito com os operadores de
As chuvas que caem em Campos do Jordão (SP) e que provocam
barragens, estes podem informar a chegada desses fenômenos e
aumento considerável do Rio Sapucaí têm sido avisadas às cidades
permitir que um alerta seja emitido para a população, com horas
mineiras de Itajubá, Santa Rita do Sapucaí e Pouso Alegre e têm
de antecedência e, consequentemente, proporcionar que medidas de
permitido comemoráveis resultados na prevenção de danos humanos
prevenção e preparação sejam efetivadas.
e materiais para as populações instaladas em áreas de risco ao longo
desta bacia hidrográfica. Ao contrário das ações que demandam tecnologia e gastos,
a gestão aproximada requer apenas iniciativa, conhecimento
Essa solidariedade entre as COMDECs de cidades vizinhas
das vulnerabilidades locais, capacidade de relacionamento e
também deve acontecer com todos aqueles que detêm informações
disposição para implementação de uma rede de relacionamentos
importantes sobre eventos que possam provocar desastres nas
proativa.
comunidades.


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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

A realidade sistêmica das atividades de defesa civil também torna Interação permanente com a
necessária a estreita cooperação entre órgãos estaduais e federais
comunidade
instalados na localidade. Apenas para citar um exemplo, a garantia
das ações da polícia administrativa do poder público municipal
É realmente impossível pensar que alguma política pública pode
necessita quase sempre do apoio da Polícia Militar local. Não raras
ser definida e organizada sem a participação de seus destinatários.
vezes, os policiais militares de cidades pequenas são a única presença
Em defesa civil não é diferente. Aliás, pela natureza sistêmica da
do ente estatal na comunidade e servem, portanto, de elo de ligação
atividade, a participação comunitária é condição sem a qual não se
entre a COMDEC e o sistema estadual de defesa civil.
pode prevenir, preparar e responder a qualquer desastre.
Em cidades médias e grandes, quando os entes federais e estaduais
Como podemos mapear um local de risco, conhecer as
estão instalados, toda essa capacidade técnica, logística e vocacional
vulnerabilidades, monitorar as ameaças e emitir os alertas sem
deve estar considerada nos planos de contingência.
termos um contato permanente com as pessoas destinatárias
Na prática, significa que reuniões permanentes de integração destes serviços?
sistêmica devem ser rotina e o conhecimento das potencialidades
Uma Coordenadoria Municipal de Defesa Civil competente,
institucionais e até mesmo pessoais deve ser uma premissa
independente de seu tamanho ou estrutura, deve ser uma instituição
profissional da COMDEC.
intimamente ligada com a comunidade local.
Isso vem indicar que ao escolher um gestor para dirigir a
Todo plano de contingência só será bem-sucedido se discutido
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, o prefeito deve levar
e organizado com a participação daqueles que convivem com a
em conta que o perfil deste profissional precisa conter aspectos
ameaça e, portanto, têm a noção exata daquilo que funciona e não
relacionados à liderança servidora, capacidade agregadora,
funciona em termos de ações práticas.
iniciativa, criatividade e aptidão para a gestão em tempos de crise.
Não cabe na função de coordenador municipal de Defesa Civil A formação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC)
um homem ou mulher com vaidades pessoais e institucionais através da organização de grupos comunitários envolvidos é fator
acentuadas, sem capacidade de negociação e foco nos objetivos primordial para o sucesso preventivo e também de resposta aos
sublimes que envolvem as ações de gestão de desastres. desastres locais.

O coordenador municipal que se envolve cotidianamente com as


pessoas moradoras de áreas vulneráveis exerce seu papel da forma
mais sublime e tem a possibilidade de formar times treinados e
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

envolvidos que, com entusiasmo e dedicação voluntária, podem A interação permanente com a comunidade é fator de
salvar muitas vidas todos os anos. oportunidades e precisa ser perseguida através de intervenções
práticas de aproximação. Quando a administração pública municipal
Incontáveis são as oportunidades neste sentido. A juventude tem
tem o foco na aproximação comunitária e todas as instituições se
grande energia para ações operacionais e é um contingente que pode
Sistema de Comando veem como parte do SINDEC, tudo fica mais fácil.
em Operações –
ser aproveitado para atividades extensivas, desde que devidamente
SCO: Ferramenta liderada e incentivada. Os diversos projetos em execução, nas diversas pastas de gestão,
gerencial indicada para
são oportunidades que a COMDEC pode aproveitar para estreitar os
a administração de As instituições religiosas têm grande apelo ético para servir as
desastres, que permite laços com as pessoas envolvidas. A utilização do Programa de Saúde
comunidades onde estão inseridas e muitas vezes não sabem como
a atuação de múltiplas da Família, por exemplo, constitui-se em uma excelente porta de
agências de forma fazê-lo. O segmento evangélico, por exemplo, por possuir várias
acesso para que os agentes se tornem líderes do NUDEC.
coordenada e eficiente. denominações, tem uma influência considerável, principalmente nas
áreas mais populosas. Se devidamente contatadas, essas instituições As reuniões dos conselhos de segurança pública também podem
podem ser úteis de muitas formas. Há exemplos onde os templos se tornar fóruns de discussão sobre os sinistros que afetam a
são utilizados como pontos de encontro, locais de abrigo temporário comunidade.
e até postos de comando do Sistema de Comando em Operações -
Basta o coordenador municipal de Defesa Civil ser proativo,
SCO.
acessível e entusiasmado, que terá certamente todas as chances de
As comunidades católicas, clubes de serviço e organizações fazer um grande trabalho.
governamentais também são bastante acessíveis a servirem quando
chamadas. São inúmeras as possibilidades para que a COMDEC
possua uma rede de relacionamentos devidamente treinada para Ênfase na prevenção em todas as fases
enfrentar os desastres da cidade.
de atuação
Além de potencializar todo o sistema, o relacionamento com a
comunidade fortalece a autoridade política do coordenador de As fases de defesa civil já são nossas conhecidas: prevenção,
defesa civil. Exercendo uma liderança proativa, com foco nos preparação, resposta e reconstrução.
objetivos institucionais, com visão servidora, a COMDEC se
Por estarem didaticamente assim definidas, pode-se achar que não
fortalece como agente influenciador de grupos organizados,
há uma interseção entre esses momentos e que existe uma divisão
o que a coloca em condição de ser ouvida no círculo de decisão
bem definida de quando termina uma fase e começa outra. Não
municipal.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

é bem assim! A prevenção deve ser a permanente perseguição de Nas ações de resposta, os deslocamentos em áreas de risco devem
todo o Sistema Nacional de Defesa Civil. Em todos os momentos, ser constantemente e conscientemente estudados, para que veículos
na preparação, durante a resposta ou mesmo na reconstrução, não sejam tragados ou levados por correntezas sem que haja tempo
o pensamento preventivo deve nortear todo o planejamento e para socorro.
desenvolvimento das ações em andamento.
Outro exemplo prático é a correta administração de abrigos.
Para exemplificar, podemos citar a aquisição de Esses importantes centros de acolhimento devem ser sempre
equipamentos de proteção individual para os agentes de administrados com a visão preventiva de violência física, moral e
resposta. Deve-se sempre considerar a proteção contra sexual. Não são raros os casos de estupros em abrigos públicos e uma
ameaças específicas do desastre a ser respondido. Se o situação desta pode ser pior que as perdas materiais decorrentes dos
agente for treinado para atendimento em inundações, desastres naturais.
as botas adquiridas deverão proporcionar proteção
Na reconstrução, todos os olhos deverão estar voltados para que
contra contaminação por leptospirose, por exemplo.
os projetos não mantenham as vulnerabilidades anteriores. Não
Já não podemos conceber a falta de capacete quando
é concebível a reconstrução de uma ponte no mesmo local e nas
o socorro ocorrer em áreas sujeitas a deslizamento.
mesmas dimensões daquela que foi levada pela correnteza. Há de se
Quando da aquisição desses equipamentos, que é em
encontrar outro local, reforçar suas estruturas ou até mesmo mudar
tese uma atividade de preparação, a prevenção de
sua forma para que o desastre não se repita.
desastres secundários deve ser considerada.
Também não se pode reconstruir casas em locais onde manchas
Durante as ações de resposta, o aspecto preventivo também tem de inundação são frequentes ou em que os riscos geológicos
de ser observado. Nos planos de ação devem estar considerados são evidentes. Toda reconstrução deve levar em consideração a
comportamentos que evitarão novos desastres e acidentes. prevenção de novos desastres. Nos projetos e na execução das obras
São comuns atitudes sem respaldo técnico, desenvolvidas em de reconstrução, a COMDEC não pode se omitir e deixar de fazer
momentos críticos, que expõem vidas em risco. A “síndrome do sua crítica profissional. Muitas vezes, pela natureza das ações que
herói” não pode fazer parte da cultura de uma comunidade onde envolvem outros setores públicos, não são observados aspectos
há uma COMDEC atuante. Ninguém deve ser encorajado, seja técnicos essenciais para que os desastres não se repitam. Novamente,
pelo clamor do momento, seja pelos holofotes das câmaras de apenas se a cultura local privilegiar uma visão sistêmica da defesa
televisão, a tentar manobras sem equipamentos e preparo técnico. civil, é que todos os atores serão chamados a opinar em projetos tão
Além das implicações jurídicas que uma falha proporciona, a importantes.
perda de uma vida humana é irrecuperável.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Pensar em prevenção é pensar na economia global. Quando se Por meio de encontros comunitários, utilizando os diversos
previne qualquer tipo de sinistro, não se poupam apenas recursos segmentos organizados no espaço social, pode-se criar uma
orçamentários ou financeiros, se poupam tempo, sofrimento cultura preventiva para a adoção de comportamentos desejáveis a
e desgastes psicológicos, tanto dos afetados quanto dos que fim de evitar danos humanos e materiais e diminuir os prejuízos
estão conduzindo ou atuando. Assim, energias que podem ser econômicos e sociais.
canalizadas para ações mais proativas também são poupadas.
As escolas também são fundamentais nesse processo contínuo
Toda COMDEC deve pensar preventivamente! Sempre! de treinamento, pois além da oportunidade de sensibilizar as
crianças desde os primeiros anos de vida, também possuem espaços
convidativos para ações práticas e agradáveis de mobilização.
Educação permanente para convivência Um coordenador municipal proativo, aproveitando a visão
com o risco sistêmica da atividade, deve aproximar-se da Secretaria Municipal
de Educação, para que juntos possam implementar projetos de
O passivo histórico de ocupação de áreas de risco herdado pelos capacitação comunitária e obter assim os incontestáveis resultados
gestores públicos atuais indica que não há soluções definitivas a da educação continuada.
serem implantadas em curto prazo, sobretudo no tempo de um
Programas como o Agente de Defesa Civil Mirim, grupos de teatro
mandato de quatro anos.
e outras atividades lúdicas têm demonstrado grande alcance para
Além das impossibilidades orçamentárias, há também questões mudança cultural de comunidades inteiras, onde a aproximação pela
sociais e até geográficas que impedem, por exemplo, a retirada de educação tem proporcionado ótimos avanços no comportamento
grandes massas de áreas de risco. Há cidades que simplesmente não preventivo e reativo dos moradores de áreas de risco.
têm mais espaço para expansão urbana e, portanto, não têm como
fazer a transposição de populações vulneráveis. Muitos aspectos
sociais e até jurídicos envolvem essas questões que definitivamente Visibilidade institucional
não são de fácil solução.

Enquanto as intervenções estruturais não são possíveis, a educação A natureza operacional e comunitária das Coordenadorias

para a percepção e convivência com o risco é fundamental. Municipais de Defesa Civil indica que seus agentes devem ser
reconhecidos de relance em todas as situações onde a instituição
estiver presente.

80 81
MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

A aproximação constante com pessoas instaladas em áreas Não obstante a missão principal do órgão ser a coordenação de
vulneráveis, os trabalhos de campo relacionados com as vistorias todos os atores municipais de proteção civil, alguns serviços essenciais
de monitoramento e as ações de resposta em caso de sinistros, são diretamente prestados e acompanhados pela COMDEC. As
demandam uma identificação visual a distância. vistorias preventivas solicitadas pelos moradores em áreas de risco
são um exemplo dessa atuação direta. É preciso que a comunidade
A COMDEC é uma instituição que deve estar sempre presente.
saiba a quem recorrer quando alguma rachadura, algum abatimento
As pessoas se sentirão mais seguras se constantemente perceberem a
de solo, alguma indicação de risco se manifeste em sua casa. É
presença dos agentes da defesa civil na comunidade. A legitimidade
necessário haver facilidade de contato em casos de desastres. A
técnica para orientações preventivas, para ações compulsórias e
visibilidade institucional da COMDEC deve contemplar facilidade
para gestão de múltiplas agências precisa do revestimento de uma
de acesso, seja pelo uso do telefone 199 nas cidades de maior porte,
autoridade ostensiva, reconhecida de prontidão.
ou pela existência de um local físico bem identificado, onde todos
É primordial que todos os agentes de defesa civil usem colete. A saibam que ali funciona o órgão de defesa civil nas cidades pequenas.
autoridade percebida de um agente que usa colete é diferente até
“Quem não é visto não é lembrado”! Se a comunidade não percebe
mesmo daquele que usa apenas um uniforme comum, inscrito
de relance a instituição de defesa civil, se não tem na consciência a
em camiseta de malha. Para o agente, sua identificação pública
forma mais rápida de acionamento, não sabe em que circunstâncias
lhe confere segurança para o trabalho, evitando a necessidade
deve recorrer a ela, conclui-se que a COMDEC não funciona!
de apresentações excessivas. Para o destinatário dos serviços,
o uso do colete traduz confiança técnica, autoridade pública e
visualização distante.
Conclusão
O uso do colete para a garantia da visibilidade institucional
permite também um precioso ganho político para a gestão municipal.
As Coordenadorias Municipais de Defesa Civil são importantes
Quando agentes da COMDEC trabalham em uma comunidade
órgãos gestores dentro do Sistema Nacional responsável pela proteção
sem visibilidade, não são percebidos pelas pessoas. Quando há
contra desastres no Brasil.
identificação pelo colete, de longe todos notam a presença do poder
público e podem, inclusive, testemunhar os esforços desprendidos A realidade de um país continental, com mais de cinco mil

para a solução dos problemas locais. municípios de características muito diferentes, impõe que a
estruturação institucional deve contemplar um alinhamento
A visibilidade institucional também deve ser perseguida por meio
doutrinário capaz de ser empregado dentro das limitações de cada
de mecanismos que facilitem o acesso da população aos serviços
cidade.
82 prestados diretamente pela COMDEC. 83
MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Estabelecer e exigir padrões tecnológicos, estruturais e


Você chegou ao final desta terceira unidade.
orçamentários de forma igualitária de cada COMDEC é promover
o descrédito e o abandono dos ideais de prevenção, preparação, Nesta terceira parte você conheceu a visão de Defesa Civil
resposta e reconstrução dos diversos desastres que assolam os mais como Sistema e a organização institucional das Coordenadorias
longínquos rincões do Brasil. Municipais de Defesa Civil. Vimos o conhecimento das ameaças e
riscos de desastres e o funcionamento do sistema de monitoramento
Proteção civil é algo que deve ser construído a partir de ideais
e alerta de desastres. Conhecemos a importância da aproximação
contínuos de aprimoramento, buscando sempre a adoção do que
da gestão municipal com instituições públicas, cidades vizinhas e
há de mais moderno em tecnologia! Mas também é um exercício
com a comunidade. Também vimos os benefícios que a educação
constante de criatividade, para aproveitamento de todo o potencial
permanente pode trazer para a convivência com os riscos e como
logístico, cultural e comunitário de cada comunidade.
pode se dar a prevenção de desastres em todas as fases de atuação.
A interação permanente com as pessoas em áreas de risco,
Realize a atividade proposta no Ambiente Virtual
aproveitando o conhecimento e a percepção que elas têm de seus
de Aprendizagem - AVA. Realize também as atividades
próprios problemas, tem se mostrado instrumento poderoso para o
complementares e opcionais abaixo.
encontro de soluções criativas, baratas e eficientes.
Bons estudos!
O compartilhamento dessas intervenções proativas socializando
conhecimentos e experiências por categoria de cidades semelhantes,
também pode ser uma ferramenta de promoção do progresso da
ATIVIDADES PROPOSTAS
proteção civil no Brasil.
REFLETINDO:
Todas as cidades podem ter uma Coordenadoria de Defesa Civil
atuante, competente e proativa! 1. De acordo com o que temos estudado, qual o conceito de
desastre?
“Se todos quisermos, podemos fazer deste país uma grande
nação!” Essa frase foi atribuída a Tiradentes, mártir da Inconfidência 2. De forma resumida, explique algumas das atribuições e a

Mineira, e nos valemos dela para a proteção civil. importância das COMDECs.

3. Na sua opinião, qual a importância da educação na prevenção


dos riscos de desastres?

84 85
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ao final desta unidade, você será capaz de compreender:

• Os conceitos envolvidos na Gestão de Riscos e Desastres;

• A Gestão de Riscos;

• A Gestão Integrada entre municípios, Estados e União;

• O Marco de Ação de Hyogo;

• As decretações e liberação de recursos pelos Estados e União;

• A participação técnica, científica e política na Defesa Civil;

• A Avaliação e o Mapeamento de Risco;

• Todo o processo envolvido para a realização de um Plano de


Contingência.

Caro aluno:

MÓDULO IV
Nesta última unidade do curso de Capacitação Básica veremos os
conceitos envolvidos na Gestão de Riscos e Desastres e a Gestão
Integrada entre municípios, Estados e União. Conheceremos as
decretações e o processo de liberação de recursos pelos Estados e
GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS União e o Marco de Ação de Hyogo. Veremos também como é o
processo para a realização de um Plano de Contingência.
DE DESASTRES Bons estudos!

86 87
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Conceituação em Gestão de Ameaças naturais: são as grandes-chuvas, terremotos,


vulcões, furacões, tornados e vendavais. Podem ser geológicas,
Risco e Desastre meteorológicas, hidrológicas, oceânicas e biológicas

Saiba mais sobre Conhecermos os termos usuais e sua aplicação é importante


o Manual de tanto para padronizar o entendimento na utilização de conceitos Ameaças antropogênicas: também chamadas de ameaças de
Planejamento em
Defesa Civil acessando quanto para definir estratégias e ações que coordenem esforços origem humana (biológicas e tecnológicas), referem-se a explosões,
o link http://www. integrados de autoridades, especialistas e sociedade em geral na incêndios, contaminação industrial, radiação nuclear, lixo tóxico,
defesacivil.gov.
gestão de riscos e desastres. ruptura de represas, acidentes de transporte e vazamento de
br/publicacoes/
publicacoes/ material químico ou biológico.
Hoje vivemos um período de crescente interesse no assunto,
planejamento.asp
fazendo com que pesquisadores e gestores públicos passem a
Saiba mais sobre a olhar com mais atenção para os conceitos em Gestão de Riscos e
Politica Nacional Vulnerabilidade: abrange as características e circunstâncias
Desastres, ampliando as discussões, articulando-se às tendências
de Defesa Civil, de uma comunidade, sistema ou meio que os tornam suscetíveis
conforme já vimos nos internacionais e modernizando documentos e diretrizes oficiais.
aos efeitos danosos de uma ameaça. Vários fatores influenciam
módulos anteriores,
acessando o link http:// Neste contexto, os conceitos trabalhados aqui provêm do diretamente na vulnerabilidade, tais como: socioeconômicos,
www.defesacivil. culturais, religiosos, ambientais, físicos, institucionais, falta de
material desenvolvido pela UNISDR, da Política Nacional de Defesa
gov.br/publicacoes/
publicacoes/pndc.asp Civil, do Manual de Planejamento em Defesa Civil e de entrevistas informação e conscientização pública, o reconhecimento oficial
com especialistas na área. limitado de risco e medidas de preparação e negligência da gestão
ambiental.
Vamos agora observar com atenção os conceitos, lembrando que
alguns já foram vistos nos módulos anteriores:

Ameaça: fenômeno, substância, atividade humana ou condição Risco: combinação da ameaça com a vulnerabilidade que resulta
perigosa que pode causar transtornos ou danos humanos, materiais na probabilidade de ocorrência de um evento e suas consequências.
ou ambientais. As ameaças podem ter várias origens que podem As definições de risco ficam mais precisas de acordo com a
atuar de forma isolada ou combinada: geológicas, meteorológicas, necessidade do uso - avaliação de riscos, gestão de riscos, risco
hidrológicas, oceânicas, biológicas e tecnológicas. aceitável, entre outros.

88 89
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Percepção de risco: impressão ou juízo intuitivo sobre a natureza Redução do risco de desastre: consiste no trabalho conceitual
ou grandeza de um risco determinado. A percepção de risco varia e prático que coordena esforços sistemáticos na redução do grau
conforme aspectos psicológicos, valores morais, socioculturais, de exposição às ameaças e vulnerabilidades, com gestão ambiental
éticos, econômicos, tecnológicos e políticos de um indivíduo ou adequada, prevenção e melhoramento na preparação para
grupo social. desastres. Trabalhar para reduzir o risco é mais eficiente que tentar
reduzir os desastres, pois quando se trata de desastres naturais não
há como minimizar as ameaças como, por exemplo, chuvas intensas,
Resiliência: soma das capacidades de um sistema, comunidade ventos fortes e um terremoto.
ou sociedade de resistir, enfrentar, absorver, adaptar-se e recuperar-
se de eventos adversos de forma eficaz, com a preservação e
restauração de suas estruturas e funções básicas. Gestão de risco de desastre: processo sistemático de uso de
políticas administrativas, organização, habilidades e capacidades
operacionais para implantar políticas e fortalecer as capacidades
Desastre: resultado da concretização de uma ameaça, um evento de enfrentamento, a fim de reduzir o impacto negativo dos
adverso, natural ou provocado pelo homem, sobre um ecossistema desastres naturais e a possibilidade de um desastre. A gestão do
vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais, e risco de desastre se faz, na maior parte do tempo, em períodos
consequentes prejuízos econômicos e sociais. de normalidade, com medidas de prevenção e preparação, para
que a ocorrência do desastre seja menos impactante e a resposta e
Uma discussão mais atual propõe como definição: produtos
reconstrução sejam mais eficazes.
e processos decorrentes da transformação e crescimento da
sociedade, do modelo global de desenvolvimento adotado, Com a evolução e ampliação da Defesa Civil, que pode ser definida
dos fatores socioambientais relacionados a modos de vida que como a atuação da sociedade organizada na proteção de si própria,
produzem vulnerabilidades sociais e, portanto, vulnerabilidade hoje se trabalha com a gestão integrada de risco e desastre.
aos desastres.
É a integração da sociedade civil organizada com os órgãos
Incluem aspectos como pobreza, ocupação inadequada do governamentais em ações que visam coordenar procedimentos a
solo, ocupação de áreas de risco, inexistência de equipamentos fim de prevenir, evitar e minimizar riscos e desastres, reduzindo
urbanos e insuficiência de políticas que atendam as necessidades danos e prejuízos.
da população.

90 91
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Tal postura é intimamente ligada a uma visão de desenvolvimento Dano: intensidade das perdas humanas, materiais ou ambientais
sustentável da sociedade e que não pensa em fases distintas, senão ocorridas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e aos
em uma sequência complexa de fases integradas horizontalmente, ecossistemas, como consequência de um desastre ou acidente.
de onde se aceita que aquilo que é feito em uma etapa do processo
gera consequências, positivas ou negativas, numa etapa seguinte.
Prejuízo: medida financeira da perda. Quantifica o valor
econômico, social e patrimonial de um determinado bem, em
Capacidade: combinação de todos os atributos estruturais e circunstâncias de desastre ou acidente.
não-estruturais disponíveis dentro de uma comunidade, sociedade
ou organização que pode ser utilizada para atingir a resiliência.
A capacidade inclui desde a infraestrutura física, institucional e Mudanças climáticas: o Painel Intergovernamental sobre
de mobilização comunitária até o conhecimento e capacidades Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês) define mudanças
humanas como atitude, liderança e relações sociais. A medida climáticas como uma variação no estado do clima que pode ser
da capacidade abrange as possibilidades de um grupo social em medida estatisticamente com base em estudos de um longo período
comparação aos objetivos desejados. de tempo - pelo menos décadas de medição, podendo chegar a
milênios.

Mudanças no clima são sempre observadas em longo prazo,


Medidas estruturais: qualquer estrutura física construída para
por isso os estudos sobre o assunto ainda não são conclusivos. No
reduzir ou evitar os possíveis impactos de riscos, ou a aplicação de
entanto, já apontam relação direta entre mudanças climáticas e o
técnicas de engenharia para ampliar a resistência e resiliência de
aumento na ocorrência e intensidade de desastres no mundo todo,
estruturas ou sistemas contra ameaças.
de acordo com o IPCC e a ONU. Independente das mudanças no
clima há fenômenos climáticos como El Niño e La Niña que alteram
o ciclo de chuvas e também incidem diretamente sobre a ocorrência
Medidas não-estruturais: qualquer medida relacionada ao uso
de desastres.
do conhecimento, práticas ou acordos já existentes para reduzir
os riscos e impactos, particularmente através de políticas e leis,
sensibilização comunitária, formação e educação.
Prevenção: engloba o conjunto de ações que visam evitar que o
desastre aconteça ou diminuir a intensidade de suas consequências.

92 93
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Preparação: reúne o conjunto de ações que visam melhorar Sistema de alerta e alarme: conjunto de habilidades necessárias
a capacidade da comunidade frente aos desastres, incluindo para gerar e disseminar informações que alertem indivíduos,
indivíduos, organizações governamentais e organizações não- comunidades e organizações diante da ocorrência de uma
governamentais, para atuar no caso da ocorrência de um desastre. ameaça, a fim de que possam se preparar adequadamente e com
antecedência, para reduzir a possibilidade de ocorrência de perda ou
dano. Um sistema de alerta inclui quatro elementos fundamentais:
Resposta: abrange o conjunto de ações destinadas a reconstruir (1) o conhecimento do risco, (2) monitoramento da área, (3)
a comunidade atingida por um desastre, propiciando o seu retorno à comunicação ou a divulgação de alertas e, (4) as capacidades locais
condição de normalidade, sempre levando em conta a minimização para responder ao alerta recebido.
de novos desastres.
O alerta é o primeiro sinal para a preparação diante de uma
ameaça iminente, já o alarme é o aviso de que a ameaça já está
se concretizando. É na fase de alarme que os órgãos de resposta
Reconstrução: abrange o conjunto de ações destinadas a
entram em ação, as comunidades são evacuadas para áreas
reconstruir a comunidade atingida, propiciando o seu retorno à
seguras, a fim de minimizar perdas e danos. O sistema de alerta
condição de normalidade, sempre levando em conta a minimização
e alarme só funciona em conjunto com medidas de prevenção e
de novos desastres.
preparação comunitária.

Mitigação: diminuição ou a limitação dos impactos adversos das


Marco de Ação de Hyogo: documento assinado em 2005,
ameaças e dos desastres.
na província de Hyogo, Japão, que estabelece uma abordagem
Frequentemente, não se pode prevenir todos os impactos abrangente e coordenada para redução de riscos de desastres. O
adversos das ameaças, mas se pode diminuir consideravelmente resultado esperado é “a redução substancial das perdas de desastre,
sua escala e severidade mediante diversas estratégias e ações. em vidas e propriedades, como bens sociais, bens econômicos e
Como nem sempre é possível evitar por completo os riscos dos ambientais das comunidades e países.”
desastres e suas consequências, as tarefas preventivas acabam
Endossado pela ONU, o documento é constituído de diretrizes que
por se transformar em ações mitigatórias (de minimização dos
coordenam os trabalhos de redução de risco de desastre promovidos
desastres), por esta razão, algumas vezes, os termos prevenção e
ou incentivados pela Estratégia Internacional para Redução de
mitigação são usados indistintamente.
Desastres como forma de estabelecer meios de cooperação entre
94 governos, organizações e atores da sociedade civil. 95
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Proteção Civil / Defesa Civil: conjunto de ações preventivas, de


socorro, assistenciais, reabilitadoras e reconstrutivas destinadas a
Gestão de Riscos: Teoria e
evitar ou minimizar desastres, preservar o moral da população e Prática
restabelecer a normalidade social.
A redução de risco de desastre, que consiste na redução
A finalidade da defesa civil é promover a segurança
da probabilidade da ocorrência de um desastre ou da
global da população, em circunstâncias de desastres
diminuição dos seus efeitos, deve ser trabalhada sob
naturais, antropogênicos e mistos. O objetivo da
duas vertentes: redução de ameaças ou redução de
defesa civil é a redução dos desastres, em seus quatro
vulnerabilidades.
aspectos globais: prevenção, preparação, resposta e
reconstrução. Entretanto, para o que hoje denominamos de desastres naturais
torna-se demasiadamente complexo trabalhar na redução de
Em vários países o termo utilizado é o de Proteção Civil, para
ameaças, tais como chuvas intensas, ventos fortes e terremotos, de
trazer o conceito para um aspecto mais ampliado. No Brasil,
maneira que ações para reduzir vulnerabilidade têm ganhado cada
diversos espaços discutem e estudam propostas para a mudança
vez mais espaço.
de Defesa para Proteção Civil.
Assim, para fortalecer as medidas de redução de riscos de desastres,
processo ainda principiante no Brasil, é preciso fortalecer também
Situação de emergência: reconhecimento legal do poder público a participação comunitária, pois toda gestão de risco tem início
de situação anormal provocada por desastres, causando danos na localidade em que os desastres acontecem.
suportáveis e superáveis pela comunidade afetada.
Na prática isso significa que cada cidadão deve investir tempo,
dedicação e recursos para conhecer melhor seu bairro e quais os
tipos de eventos mais comuns que afetam sua região, como por
Estado de calamidade pública: reconhecimento legal pelo poder
exemplo, se há alagamentos, se ali costumeiramente incidem ventos
público de situação anormal provocada por desastres, causando
fortes, vendavais ou granizo. Ao considerar todos esses elementos,
sérios danos à comunidade afetada, inclusive à segurança e à vida
todas as ameaças, é possível construir uma casa de maneira mais
de seus integrantes, sendo necessária a aplicação de recursos
segura. Ao invés de usar uma telha de fibra de 4 milímetros, pode-
externos.
se usar uma de 6 milímetros, por exemplo, que é mais resistente ao
granizo; ou fazer amarrações diferentes na sua estrutura de telhado,

96 97
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

tornando-o mais resistente aos ventos; ou ainda construir a casa e todo o planejamento urbano de um município deve considerar
com estrutura mais alta considerando que pode haver alagamento; as ameaças a que está exposto.
e mesmo evitar a ocupação de áreas de encostas ou de vale de rios,
Temos, por exemplo, muitos prejuízos em rodovias por conta de
frequentemente expostos a inundações e deslizamentos.
cortes de terreno e diminuição de trechos que visam exclusivamente
É preciso, portanto, que a gestão de risco esteja mais latente nas a economia de recursos financeiros, sem pensar que os danos
comunidades, ampliando sua percepção de risco e refletindo em futuros podem inverter essa relação de economia.
atitudes como a limpeza dos córregos, por exemplo.

Ampliar a percepção de risco é perceber-se corresponsável pela


resiliência de sua comunidade, e deixar de lado a noção de que
Gestão Integrada
da cerca para fora, a responsabilidade é exclusivamente do poder
público. Um dos conceitos que trabalhamos na primeira parte deste
módulo foi a gestão integrada, que veremos agora tendo em vista
Por sua vez, o poder público municipal tem igualmente o papel
aplicações práticas.
de pensar a gestão de risco e a defesa civil como algo fundamental
e importante, de maneira a evitar que o desastre provoque danos e A referência à gestão integrada denota a participação de

prejuízos muitas vezes irreparáveis. municípios, Estados e União no trabalho de redução de riscos de
desastres, além da participação de toda a população, organizada
Em países mais desenvolvidos ou principalmente nos países
em comunidades. Pode parecer redundante falar na gestão
orientais, o órgão de infraestrutura municipal, por exemplo, tem
integrada de risco, mas à medida que se busca inserir a comunidade
na análise de risco o ponto de partida para a construção de uma
na gestão é preciso destacar alguns pontos.
rodovia, de um hospital ou de uma escola, garantindo que suas
estruturas e sua localização sejam o menos vulnerável possível aos Não se pode mais admitir que as comunidades atribuam a

desastres. culpa pelos desastres a terceiros. Ao considerar que interferimos,


todos, no meio em que vivemos, e que somos todos responsáveis
Municípios, Estados e União pagam muito caro por não investir
pelas edificações, estradas, plantações, produção e destinação de
recursos em prevenção ou adequadamente em reconstrução.
lixo, desmatamentos, etc., perceberemos que somos ao mesmo
A prevenção não está somente no trabalho educativo com
tempo afetados e fabricantes do risco e do desastre. E desta forma,
comunidades e produção de cartilhas e materiais de divulgação.
devemos ser todos gestores do risco.
Ela está na própria infraestrutura pública, em que estradas, pontes

98 99
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

A gestão de risco só é possível quando todos participam, e isso Desde sua criação, em 2005, são organizadas a cada dois anos as
requer uma mudança cultural. Cada um de nós, em nosso dia a Plataformas Globais de Redução de Risco de Desastre em Genebra,
dia, deve adotar atitudes que reduzam o risco, é preciso que isso Suíça. O Brasil esteve presente nas três edições (2007, 2009 e 2011)
se torne algo natural para a criança, o jovem, o adulto. oportunidades em que os países trocam experiências e atualizam as
metas para cumprimento do Quadro de Ação de Hyogo. Conheça o documento
É preciso investir na formação de redes e na conquista de reunido de Hyogo
parceiros, como os meios de comunicação, por exemplo, para que Destacam-se os compromissos de ampliar a participação e o quadro resumo,
acessando a Biblioteca.
tenham a redução de risco de desastre como um tema importante comunitária para a redução de risco de desastre, de incluir o
Saiba mais sobre
e não como algo factual quando acontecem os desastres. Na gestão tema nas prioridades do governo, de utilizar os espaços escolares
a campanha
integrada do risco, todos têm seu papel: os veículos de comunicação, para educação em redução de riscos de desastres, e enfatizar a Construindo Cidades
o poder público, os políticos, as instituições de ensino, enfim, toda importância de investir em escolas e hospitais seguros. Resilientes: Minha
cidade está se
a sociedade.
O Quadro de Ação de Hyogo prevê ainda que os países signatários Preparando, acessando
o original em inglês,
construam sua plataforma nacional de redução de risco de desastre,
através do link: http://
tarefa ainda não cumprida integralmente pelo Brasil. Um dos www.unisdr.org/
Quadro de Ação de Hyogo primeiros passos dados pelo país nessa direção é a replicação da english/campaigns/
campaign2010-2015/
Campanha Mundial organizada pela UNISDR, desde 2006.
O Quadro de Ação de Hyogo para 2005-2015: Aumento
Atualmente a campanha tem como tema Construindo Cidades
da resiliência das nações e das comunidades frente aos
Resilientes: Minha Cidade está se Preparando.
desastres é um documento criado e compartilhado
por 168 governos durante a Conferência Mundial Veja, na prática, cinco maneiras de desenvolver e construir sua
sobre a Redução de Desastres, realizada no Japão em participação na campanha:
janeiro de 2005. Trata-se ao mesmo tempo de um
Convencer Como?
compromisso e um guia de ação com vistas a reduzir Aumentar o grau de compromis- Organizando mesas redondas e
as perdas ocasionadas por desastres. Em 23 páginas, so com a urbanização sustentável, promovendo diálogos sobre políti-
reduzindo o risco de desastres em cas públicas entre as autoridades
o documento apresenta em detalhes os objetivos da todas as esferas governamentais e nacionais e locais em fóruns na-
contribuindo, em todos os níveis, cionais, regionais e internacionais,
Conferência Mundial, cinco prioridades de ação para para o processo de tomada de de- liderados pelos prefeitos, com o
os dez anos seguintes à sua elaboração, além de propor cisão. propósito de obter “pactos” nacio-
nais e locais de compromisso.
estratégias de aplicação e cumprimento.

100 101
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Estabelecer parcerias e Como? Decretações e liberação de recursos


articulações
Estabelecer alianças de trabalho Apoiando iniciativas de colabo-
entre as autoridades locais e na- ração entre os diferentes atores, Devemos compreender que as decretações de Situação
cionais, articulando atores locais, como alianças de governos locais
lideranças comunitárias, socieda- para a redução de riscos e incen- de Emergência (SE) e Estado de Calamidade Pública
Saiba mais sobre os dez de civil, universidades e organiza- tivando a formação de grupos de
(ECP), são distintas do processo de liberação de
passos da Campanha ções de classe. trabalho.
acessando o link: Informar Como? recursos pelos Estados e União.
http://defesacivil.gov.
br/cidadesresilientes/ Incrementar o grau de informa- Organizando audiências públicas; As decretações de SE e ECP são realizadas pelo poder público
index.html ção e mobilização sobre risco de incentivando espaços para diálo-
desastres urbanos, multiplicando gos; promovendo simulados e ou- municipal, e baseadas em uma avaliação da defesa civil municipal
conhecimento sobre formas de tras atividades locais; formando que dá origem ao decreto municipal, documento que descreve a
atuação dos governos locais e dos parcerias com os meios de comu-
cidadãos na criação e planejamen- nicação; comprometendo-se com natureza do evento e os principais danos materiais e humanos. No
to de estratégias para o desenvol- escolas e hospitais; e planejando caso em que diversos municípios vizinhos sofrem por um mesmo
vimento urbano, como construção outras atividades de sensibilização
de escolas e hospitais mais segu- social. desastre, o Estado pode também realizar o seu decreto.
ros e fortalecimento dos serviços
prestados pelos governos locais. Por sua vez, os pedidos para liberação de recursos, enviados a
Aprender Como?
Estados e União, devem obedecer aos requisitos de cada instituição

Aumentar o grau de conhecimento Desenvolvendo – em colaboração apoiadora. Para dar celeridade ao repasse de recursos a legislação
e melhorar o acesso às ferramen- com pesquisadores, profissionais, atual prevê que a documentação seja encaminhada diretamente
tas, tecnologia e oportunidades centros de capacitação e cidades
para o desenvolvimento de capa- que sirvam de referência – um do município para a União. Alguns Estados, entretanto, exigem
cidades para os governos e atores “Marco de Hyogo” para as autori- igualmente documentação para reconhecimento estadual e repasse
locais. dades locais, mediante um proces-
so de aprendizagem, capacitação, de recursos estaduais.
cooperação técnica e orientação
local sobre a forma de implantar
itens específicos do MAH em âm-
bito local.
Medir o progresso Como? Participação técnica, científica e política
Comunicar o progresso e o êxito Integrando a geração dos infor- Na gestão do risco, e nas ações de redução de risco de desastres, é
alcançado pelos governos locais mes globais sobre a execução
na execução dos “Dez Passos Es- do MAH e comunicando e com- importante estabelecer atribuições a três esferas de atuação.
senciais para Construir Cidades partilhando boas práticas e ex-
Mais Seguras”. periências.

102 103
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

Integrar a atuação técnica à política e científica é um caminho de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina atuam na forma de
para padronizar a atuação em defesa civil no país e fortalecer o CEPED.
Sistema Nacional de Defesa Civil.
O investimento em pesquisadores que estudem, produzam
A participação técnica é, talvez, a mais antiga e ainda hoje mais a conhecimento e tragam para discussão de toda a sociedade, é
atuante no Brasil, pois se refere aos profissionais que constroem fundamental para fazer do tema de defesa civil e gestão de desastres
a defesa civil em seu dia a dia. Seu conhecimento acumulado um valor que transborde estantes e bibliotecas acadêmicas. Após
localmente faz com que alguns municípios e Estados sejam mais 2008, houve no Brasil uma evolução muito grande na pesquisa,
atuantes que outros, pois historicamente investem mais em seus mas que ainda requer aprimoramento e compartilhamento,
profissionais. principalmente das áreas de meteorologia, física, geociências,
saúde pública, comunicação e psicologia.
A participação política, especificamente em seu aspecto
legislativo, pode determinar localmente a criação da carreira de
agente de defesa civil, a exemplo de municípios como Angra dos
Reis-RJ, Rio de Janeiro-RJ, Itajaí-SC, Jacareí-SP e Cabo do Santo
Avaliação e Mapeamento de Risco
Agostinho-PE que já têm ou já abriram concurso para o cargo.
Como vimos nos conceitos, a área de risco é uma área vulnerável
Além disso, em todos os níveis do legislativo há possibilidade de
sujeita à ocorrência de um evento adverso. Isso significa que é
fortalecer a defesa civil, e propor requisitos legais para sua execução.
necessário haver fatores acumulados para a ocorrência do desastre.
A redução de riscos de desastres precisa,
Se há uma vulnerabilidade, mas não existe ameaça, não
invariavelmente, de suporte jurídico e legal para
ocorrem desastres, pois não há risco. E se há ameaça,
tornar-se prioridade na administração pública e na
mas não existe vulnerabilidade, o risco não existe.
participação comunitária.
Por exemplo, se uma chuva forte cai em uma área
urbanizada, há risco de alagamento e deslizamento.
Já o enfoque científico é importante para transformar o
Mas, se a mesma chuva cai no meio do oceano não
conhecimento técnico, o empirismo e o conhecimento do dia a dia,
representa risco algum.
em conhecimento ampliado e disponibilizado a toda a sociedade.

Para isso a Política Nacional de Defesa Civil previu a criação de Para saber quais são os locais onde existe o risco e que,
doze Centros Universitários de Estudos e Pesquisas sobre Desastres portanto, devem receber maior atenção nas ações de
para o ano de 2000. Mas ainda em 2011, apenas os estados do Rio redução de risco e desastre, é feito um mapeamento de
104 risco. 105
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Para identificar o risco, o primeiro passo é fazer um levantamento Dentre as vulnerabilidades a serem mapeadas, uma que se
de dados históricos de recorrência de desastres. Por exemplo, para destaca é a vulnerabilidade social. A comunidade tem acesso à
considerar o risco de inundação deve-se considerar a série histórica educação, saúde e cultura? Há presença do tráfico de drogas ou
do nível do rio e das precipitações pluviométricas. Mesmo com essa outros problemas de segurança pública? Qual o nível de instrução
série em mãos, deve-se considerar que ela pode não se repetir ou da população daquela área? São perguntas que devem ser feitas
pode se alterar independente da previsão. para avaliar a aplicação de ações eficientes naquele local.

No desastre de novembro de 2008, em Santa Catarina, tivemos No campo institucional a vulnerabilidade deve considerar
uma chuva de 600 milímetros em três dias. Dentro das séries componentes e disputas políticas internas da comunidade e
históricas de chuvas, isso nunca havia sido registrado. Até 2004, não representações sociais, como igrejas, escolas e associações
havia probabilidade de furacão no Atlântico Sul. Então aconteceu o comunitárias, por exemplo.
furacão Catarina e depois dele, tivemos mais dois furacões. A partir
Outro fator importante é considerar as capacidades da
daí, o Estado passou a uma área de risco de furacão, o que era
comunidade que está na área de risco. Por muito tempo se
considerado impossível nessa parte do continente.
acostumou a considerar apenas a vulnerabilidade e a ameaça, sem
Conhecendo a relação histórica dos desastres, é hora de reconhecer levar em conta a importância da comunidade nesse processo. Os
as ameaças e as vulnerabilidades, pois aquela área que teve moradores conhecem o lugar onde moram e podem aprender a
desastres no passado pode ter sofrido modificações que ampliaram perceber o risco; além disso, possuem suas próprias capacidades
ou reduziram sua vulnerabilidade. Toda a intervenção humana de mobilização comunitária tanto para a prevenção e preparação
nessa área pode agravar ou minimizar o efeito das ameaças. quanto para a resposta ao desastre. E isso deve ser medido para
um mapeamento e uma atuação eficientes.
Como vimos, as ameaças podem ter origem natural ou
antropogênica e variam de acordo com o local analisado. Sua Por isso é importante trabalhar a percepção de risco da
incidência diante das vulnerabilidades será fator decisivo no comunidade. Ela deve saber reconhecer o risco no lugar onde vive,
momento de mapear o risco. caso contrário será resistente a uma ação.

Determinar que tipo de edificação é mais vulnerável, a geografia


do terreno, a vegetação, se a área foi modificada de seu estado
natural, se há plantações que oferecem risco, como bananais, ou
se está em APPs - Áreas de Proteção Permanente, como margens
de rios, são determinações que devem constar no mapa de risco.
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Com todas as variáveis que esse mapa pode ter, 1974 foram construídas três barragens de contenção de cheias.
somente levantar desastres anteriores não é suficiente Foram obras fundamentais, estruturantes para a redução de risco
para mapear o risco. Isso já foi constatado na prática. de desastre e baseadas no mapeamento das áreas de risco. Mesmo
No desastre de janeiro de 2011 que afetou a região assim, em outubro de 2011 houve uma enchente que superou todas
serrana do Rio de Janeiro muitas áreas que de acordo as barragens em cinco metros, o que mostrou que é necessário um
com o histórico não eram consideradas de risco foram novo planejamento que atualize os dados.
gravemente atingidas. Esse é um exemplo real da
Diariamente novas áreas são ocupadas com casas e produção
importância de considerar todos esses fatores para o
agrícola. Isso influencia diretamente o aumento da vulnerabilidade
mapeamento.
e das consequências da ameaça também.

Para realizar um mapeamento de risco é necessário conhecimento


técnico interdisciplinar de hidrologia, meteorologia, física,
engenharia, psicologia social, comunicação, geologia, geotécnica, Plano de Contingência
sociologia e assistência social. Quanto mais profissionais de áreas
variadas o mapeamento envolver, mais completo e preciso ele será. O Plano de Contingência é uma descrição de ações a
Também é muito importante a participação e o envolvimento da serem tomadas em resposta a um desastre. Funciona
comunidade, pois o trabalho é todo feito em nível local. Começa como uma ferramenta gerencial sistematizada com
da menor estrutura, uma comunidade, um bairro, daí se passa estratégias para coordenar as equipes de resposta,
para outras comunidades e bairros até abranger todo o município. a partir de uma estrutura organizacional integrada
para diminuir os danos provocados pela emergência.
Com um bom mapeamento de risco, as decisões políticas podem
ser trabalhadas para reduzir vulnerabilidades com políticas de O planejamento é feito para atender somente a resposta, não é
ocupação urbana, moradias sociais, mobilidade, saúde, saneamento, desenvolvido para prevenir desastres. Ele é fundamental para uma
educação, segurança pública, todas podem se basear em um mapa excelente atuação de socorro, assistência e reabilitação das áreas
de risco. de desastre a fim de estabelecer as prioridades e medidas iniciais

Depois de pronto, o mapa deve ser constantemente atualizado. a serem tomadas, a forma como os recursos serão empregados,

Essa necessidade pode ser observada no caso do Vale do Rio Itajaí, evitar o improviso e as consequências da falta de ordem gerada pelo

em Santa Catarina. É um vale que sofre com inundações registradas momento de quebra da normalidade. Para que seja abrangente,

desde 1951, quando começou a se fazer o registro histórico. Em ele deve ser elaborado em conjunto com um mapa de riscos, para

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que o cenário do possível desastre seja previamente conhecido e o • Descrição de autoridades e relacionamento entre as organizações
gerenciamento de recursos seja adequado. envolvidas, mostrando como as ações serão coordenadas. É
importante incluir nomes e contatos de autoridades e líderes
O plano considera todas as possibilidades geradas pelo desastre
locais e mantê-los atualizados, com descrição de cargos e
para estabelecer funções, responsabilidades, procedimentos gerais
equipe na normalidade e sua função na emergência, para
de alerta, reação institucional, inventário de recursos e como deve
serem mobilizados rapidamente e para que o staff de comando
ser a atuação de cada setor envolvido na resposta, autoridades
da operação esteja previamente decidido;
políticas, segurança, saúde, equipes de busca e resgate, logística,
infraestrutura, enfim, todas as equipes necessárias para as • Estabelecimento de instalações e áreas padronizadas para
operações. servir de base de operações para a organização das equipes. De
acordo com Oliveira (2010: 51), “as seis principais instalações
A elaboração do plano de contingência é feita pelas autoridades
padronizadas recomendadas pelo SCO são: posto de comando
do município, com participação das comunidades locais e
(PC), base de apoio, acampamento, centro de informações
coordenação da defesa civil. Não basta ter um plano de contingência
ao público, helibases e heliponto”.
dentro da prefeitura sem o conhecimento da comunidade, pois ele
não vai funcionar. Esse é um instrumento estratégico que deve • Descrição de como pessoas e instituições devem agir durante a
ser socializado, para que tenha a participação de todos, porque só emergência. Para isso as funções de cada membro das equipes
assim ele funciona. envolvidas na resposta devem estar bem definidas através do
Sistema de Comando de Operações, SCO. Também deve ser
O plano de contingência deve considerar informações pertinentes
prevista a participação de líderes comunitários e da própria
ao atendimento da emergência, tais como:
comunidade na resposta;
• Identificação de pessoal, equipamentos, instalações,
• Identificar ações que devem ser implementadas antes, durante
suprimentos e outros recursos disponíveis para a resposta às
e após a emergência. Um plano de contingência deve ser
emergências e como serão mobilizados;
testado através de simulações para que se mantenha atualizado
• A identificação da responsabilidade das organizações e dos e eficiente. Também deve ser amplamente divulgado para
indivíduos que desenvolvem ações específicas relativas ao conhecimento de toda a população, não apenas de autoridades
tipo de desastre mapeado que pode atingir aquele local. Por e equipes de emergência.
exemplo: técnicos especializados em enchentes, deslizamentos,
secas, etc.;

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MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

A participação da comunidade no plano de contingência é a área, análise preliminar de risco, definição da base de dados a ser
fundamental para ampliar as capacidades que, na resposta ao adotada e caracterização dos aspectos da área que possam afetar
desastre, vão fazer a diferença na redução de perdas e danos. as emergências..

Uma comunidade treinada de acordo com um plano de Dica: Faça uma revisão da legislação, das normas, dos planos e
contingência tem conhecimento prévio das rotas de fuga e das dos mecanismos de cooperação já existentes.
medidas de emergência para sair da área de risco quando o alerta
for dado e ajudar as equipes de resposta, que durante as primeiras
48 horas após o desastre vão estar sobrecarregadas. Segundo passo: Análise preliminar de riscos de desastres

No Japão temos um exemplo de comunidades bem treinadas Uma análise de risco é fundamental para a identificação
para responder a desastres. No terremoto de Kobe, em 2005, 97% de medidas de prevenção e preparação, com consequências
das vítimas soterradas foram resgatadas por seus vizinhos. No importantes para a resposta às emergências.
terremoto seguido de tsunami que devastou a costa leste do Japão,
Dica: Sob o ponto de vista do planejamento, a análise de risco
em março de 2011, as pessoas reagiam com calma e paciência diante
auxilia a equipe de planejamento a definir quais riscos devem ser
da estrutura de colapso do país. Não houve violência, saques, nem
priorizados, quais ações devem ser planejadas e que recursos
distúrbios sociais, pois as comunidades sabiam como agir diante de
provavelmente serão necessários. Nesse aspecto, o mapeamento
uma emergência.
de risco deve ser considerado.
Quando acontece o desastre as pessoas têm de saber o que fazer,
para onde ir, qual o caminho mais seguro, como se preparar.
O conhecimento da redução de risco de desastre deve ser Terceiro passo: Identificação dos recursos existentes
compartilhado para se ampliar a cultura de resiliência. A equipe de planejamento deve conhecer os recursos disponíveis
para a resposta às emergências.

Dica: A questão é listar e quantificar os recursos, de forma a


Passo a passo do plano de contingência
permitir uma comparação entre os recursos existentes e os recursos
que serão necessários para uma resposta efetiva à emergência.
Primeiro passo: Pesquisa

Consiste em uma revisão da estrutura de planos existentes para

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Quarto passo: Identificação dos aspectos especiais do Componentes básicos de um plano de contingência
planejamento

A equipe de planejamento também deve identificar aspectos Um Plano de Contingência formaliza uma visão geral

específicos que possam influenciar o planejamento, tais como: das organizações envolvidas na resposta a desastres e suas

características geomorfológicas, condições climáticas, necessidade responsabilidades.

de capacitação das equipes e da comunidade, quantas são e onde Enumera os requisitos legais para as operações de emergência,
estão as vias de transporte, existência de grupos com necessidades apresenta um sumário das situações em que o plano é aplicável,
especiais, existência de áreas de interesse especial, entre outras. expõe a concepção geral das operações e atribui responsabilidades
pelo planejamento e operação em emergências.

Quinto passo: Desenvolvimento do plano propriamente dito

Sugere-se que o Plano de Contingência utilize a seguinte estrutura


mínima:
Uma vez concluídas as etapas anteriores (passos 1 a 4), a equipe
de planejamento construirá o Plano de Contingência por meio da • Material de introdução;
seguinte sequência: • Descrição da finalidade do plano;
• Validação; • Situação e pressupostos básicos;
• Aprovação; • Operações (o que é preciso ser feito);
• Teste do plano através de exercícios; • Atribuição de responsabilidades ( quem faz o que);
• Manutenção do plano (planos são dinâmicos e precisam ser • Administração e logística (com que recursos o plano será
atualizados); implementado);

• Processos de melhoria, revisão e complementação. • Instruções para uso do plano;

• Instruções para manutenção do plano;

• Distribuição.

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Anexos e Apêndices tecnológicas, enfim, tudo o que pode gerar risco ou prever ameaças.

Entre os instrumentos utilizados estão o sistema de réguas


Anexos funcionais poderão ser utilizados para organizar as ações telemétricas, estações meteorológicas, radares, boias oceânicas,
relacionadas a uma determinada funcionalidade das operações em sismógrafos, radares, satélites, modelos matemáticos e modelagem.
Mais informações: emergências. Uma vez que os anexos funcionais são orientados para Há também instrumentos mais simples como pluviômetros feitos
sobre Anexos e as operações, seus usuários primários consistem nos integrantes em casa com garrafa pet, bastante usados no Brasil por pessoas
Apêndices de Plano
de Contingência em:
das organizações que realizarão estas atividades. da própria comunidade que são treinadas para lê-lo. É a partir do
GOMES JUNIOR, monitoramento que se estabelece o momento do alerta.
Carlos Alberto de Poderão ser utilizados também apêndices para ameaças
Araújo; ALVES, Márcio ou perigos específicos, que podem ser incluídos para fornecer Por exemplo, o monitoramento de um rio é feito constantemente,
Luiz. Capacitação em
informações adicionais mais detalhadas aplicadas à execução de pois quando o nível está alto pode provocar inundações, e quando
defesa civil: sistema
comando em operações funcionalidades específicas nas operações envolvendo uma ameaça o nível está baixo pode provocar escassez de água.
- SCO. Florianópolis: ou perigo em particular.
Lagoa Editora, 2004. O monitoramento serve para antever o futuro imediato, é um
136p. Disponível em: Eles são utilizados quando as características ou a legislação indicativo do que vai acontecer nas próximas horas ou nos
http://www.ceped.
ufsc.br/biblioteca/
referente a esta ameaça ou perigo exigirem algum procedimento próximos dias e o que vai controlar a necessidade de emissão do
outros-titulos/ específico. alerta.
capacitacao-em-defesa-
civil-sistema-comando- O alerta é a iminência da probabilidade de desastre. A partir
em-operacoes-
sco e também em
do mapa de risco se pode saber quais são os níveis críticos que
OLIVEIRA, Marcos Monitoramento, alerta e alarme antecedem o desastre e, a partir deles, decidir quais as formas
de. Livro Texto do mais eficientes de alerta.
Projeto Gerenciamento
de Desastres: A fase de monitoramento é o momento no qual se conhecem Alguns exemplos de instrumentos de alerta são: mensagens
Sistema de Comando e se acompanham todas as probabilidades de risco frente à
em Operações. de celular, e-mail ou mídias sociais, comunicados em meio de
Florianópolis: possibilidade da ameaça. comunicação, carros de som ou mesmo o telefone convencional. O
Ministério da
Integração Nacional, O monitoramento se faz a partir das necessidades do local e do alerta deixa todos de prontidão, equipes relacionadas no plano de
Secretaria Nacional tipo de ameaça e vulnerabilidades encontradas. contingência e comunidade em risco.
de Defesa Civil,
Universidade Federal O acompanhamento é feito tanto pela observação humana No momento em que a ameaça ultrapassa o nível
de Santa Catarina,
quanto através de equipamentos sofisticados ou mais simples, crítico e o risco começa a se tornar um desastre é o
Centro Universitário
de Estudos e Pesquisas considerando a meteorologia, o oceano, as variações geológicas, momento do alarme. É o momento em que se coloca o
sobre Desastres, 2010.
geofísicas, geomorfológicas e geográficas, o aumento populacional, plano de contingência em ação. Os métodos de alarme
82 p.
a ocupação de encostas e áreas de risco, intervenções humanas e são os mesmo do alerta. Mas nunca se deve confiar

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MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

em apenas um instrumento de alerta e alarme, pois


Finalizando
qualquer um deles pode falhar.
Você está chegando ao fim do Curso de Capacitação Básica
A diferença entre alerta e alarme fica então estabelecida
de Defesa Civil. Parabéns! A etapa da leitura do livro-texto
da seguinte forma: o alerta é uma condição próxima
está concluída, e com isso certamente você ampliou seu olhar
da ocorrência do desastre, a preparação; o alarme é o
desastre acontecendo, já é a resposta. sobre a Defesa Civil. Diante de todo o material estudado, vemos
que a Defesa Civil só existe e funciona com excelência tendo a
O alerta é o elemento principal, a partir do qual se estabelece cooperação de toda a sociedade. Esperamos que tenha gostado
um sistema de monitoramento eficaz, um veículo para dinamizar a
do conteúdo e que este curso seja realmente transformador na
informação e fazê-la chegar a todos os locais. Uma comunidade que
sua vida profissional.
conhece o risco e interpreta a informação dada pelo alerta possui
a capacidade de responder. Este último fator é fundamental. Não Agora acesse o AVA e realize a atividade final.
se pode dar o alerta se a comunidade não está preparada, pois isso
apenas vai gerar desordem. Se desejar realize também as atividades abaixo.

Em 2004, a Defesa Civil de Santa Catarina recebeu um aviso Bom estudo!


meteorológico de que se aproximava um evento classificado como
um furacão que ia atingir municípios do litoral sul catarinense.
Considerando a capacidade da população que seria atingida, a ATIVIDADES PROPOSTAS
raridade do evento que até então era inédito e sabendo que a
população entraria em pânico caso fosse alertada sobre um furacão, REFLETINDO:
ao qual não saberia como agir, a Defesa Civil alertou a população
1. Defina Gestão de Risco de Desastre.
através dos meios de comunicação para que se preparassem para
todos os efeitos de um furacão, como ventos fortes e tempestade, 2. O que é necessário para se realizar um mapeamento de risco?
mas não mencionando que seria um furacão. Dessa forma o alerta foi
emitido eficientemente a partir do conhecimento que a população 3. Quais as diferenças entre monitoramento, alerta e alarme?
tinha dos eventos.
4. No que consiste um Plano de Contingência?
O gestor que vai planejar a emissão do alerta deve considerar
como a população vai reagir com base na informação dada. Não
se pode simplesmente pegar o manual e ler, mas interpretar como
a comunidade vai reagir a esse alerta, como ela está preparada e
então definir a melhor forma de informar para a segurança da
118 população. 119
MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL

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