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CEPED UFSC
Florianópolis, 2011
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Excelentíssima Senhora Dilma Vana Rousseff APRESENTAÇÃO
MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL
Excelentíssimo Senhor Fernando Bezerra de Souza Coelho
O maior objetivo das ações de Defesa Civil é a proteção da vida
SECRETÁRIO NACIONAL DE DEFESA CIVIL
e a redução do risco de desastres. Para tanto, as políticas públicas
Excelentíssimo Senhor Humberto de Azevedo Viana Filho
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES nessa área incluem, além de ações estruturais, a preparação das
Excelentíssimo Senhor Rafael Schadeck comunidades em áreas de risco e a capacitação dos agentes de defesa
civil.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Magnífico Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina
Um dos problemas comuns em todos os níveis do Sistema Nacional
Professor Álvaro Toubes Prata, Dr. de Defesa Civil (SINDEC) é a rotatividade entre os membros que o
Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal de Santa Catarina compõem. Dessa forma há sempre novos agentes, não capacitados,
Professor Edson da Rosa, Dr. atuando em todos os níveis.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES A Secretaria Nacional de Defesa Civil por meio do Programa de
Diretor Geral Formação Continuada em Gestão de Riscos e Ações de Proteção Civil
Professor Antonio Edesio Jungles, Dr. visa estabelecer orientações de prevenção, mitigação, preparação,
Diretor Técnico e de Ensino resposta e reconstrução na busca de uma sociedade proativa para a
Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr. redução do risco de desastres, em consonância com as entidades e
Diretor de Articulação Institucional órgãos que tratam do assunto em âmbito mundial.
Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.
Por tudo isso, um grande desafio da atualidade concentra-se no
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA estabelecimento de comunidades mais resilientes, promovendo uma
Superintendente Geral maior conscientização da importância da redução de desastres como
Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.
um importante componente do desenvolvimento sustentável. Neste
enfoque, a Sedec lança a Capacitação Básica em Defesa Civil para
formar aqueles que atuam diretamente junto a estas comunidades.
Rafael Schadeck
Diretor do Departamento de Minimização de Desastres
Coordenação de Conteúdo
Sarah Marcela Chinchilla Cartagena
Textos
Alexandre Lucas Alves
Juliana Frandalozo Alves dos Santos
Sarah Marcela Chinchilla Cartagena
Entrevistados
Márcio Luiz Alves
Werneck Martins Carvalho
Transcrição
Maria Pérola Cardoso Figueiredo
Apoio
Pedro Paulo de Souza
Acompanhamento pedagógico
Fernando Spanhol
Revisão Final
Barbara Pettres
Índice Organização Institucional da COMDEC ..................................62
Conhecimento permanente das ameaças e riscos ....................63
Introdução..............................................................................................12 Preparação permanente para enfrentamento dos desastres ...65
MÓDULO I............................................................................................14 Sistema de monitoramento e alerta ..................................68
Defesa civil no brasil e no mundo..........................................16 Gestão aproximada com instituições públicas e cidades
vizinhas..........................................................................................71
Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC .........................18
Interação permanente com a comunidade ...............................75
Quanto à estrutura, o SINDEC é composto por:..............19
Ênfase na prevenção em todas as fases de atuação ..................77
Política Nacional de Defesa Civil ...............................................22
Educação permanente para convivência com o risco...............80
Diretrizes da Política Nacional de Defesa Civil:.......................22
Visibilidade institucional.............................................................81
Metas da Política Nacional de Defesa Civil – ano base 2000..26
Conclusão ......................................................................................83
Classificação dos Desastres..........................................................27
MÓDULO IV.........................................................................................86
CODAR – Codificação de Desastres, Riscos e Ameaças ........30
Conceituação em Gestão de Risco e Desastre .............................88
MÓDULO II...........................................................................................34
Gestão de Riscos: Teoria e Prática .................................................97
História da legislação...............................................................36
Gestão Integrada ..........................................................................99
2011 em detalhes...........................................................................40
Quadro de Ação de Hyogo ........................................................100
Aspectos legais do sindec ....................................................... 44
Decretações e liberação de recursos ........................................103
Comissões e seus trabalhos.......................................................46
Participação técnica, científica e política ................................103
Comissão Especial Interna do Senado Federal - Alterações no
Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC.............................47 Avaliação e Mapeamento de Risco ..........................................105
Comissão Especial de Medidas Preventivas Diante de Catástrofes Plano de Contingência ...............................................................109
Climáticas da Câmara dos Deputados.......................................50
Passo a passo do plano de contingência ..........................112
Grupo de trabalho da sedec sobre legislação - proposições
e tendências....................................................................................51 Componentes básicos de um plano de contingência .....115
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Caro aluno:
E POLÍTICA NACIONAL
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MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Sob o aspecto dos órgãos nacionais de gestão, há o investimento O SINDEC organiza a Defesa Civil no Brasil
para modernização e reestruturação do CENAD – Centro Nacional definindo seu universo de atuação como a REDUÇÃO
de Gerenciamento de Riscos e Desastres; e do CEMADEN - Centro DE DESASTRES, a partir do objetivo de planejar,
de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. articular e coordenar as ações em todo o território Desastre: resultado
de eventos adversos,
Conheça o material nacional. À frente do SINDEC está a Secretaria sejam eles naturais
da Campanha
Por fim, há a dedicação de institutos de pesquisas, universidades
Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração ou provocados pelo
Cidades Resilientes e demais instituições ligadas à área, na avaliação do cenário homem, sobre um
– idealizada pela Nacional, responsável pela sua articulação,
internacional e verificação de tendências aplicáveis à realidade ecossistema vulnerável.
UNISDR e replicada coordenação e supervisão técnica. Os desastres
no Brasil pela SEDEC- brasileira, tendo como principal referência os trabalhos da Estratégia
promovem danos
acessando o site http:// Internacional para Redução de Desastres da Organização das Nações humanos, materiais
defesacivil.gov.br/ Quanto à estrutura, o SINDEC é composto por:
Unidades (UNISDR, na sigla em inglês). ou ambientais e
cidadesresilientes/
consequentes prejuízos
index.html
econômicos e sociais.
Como você deve estar percebendo, os esforços para tornar a Órgão Superior: Conselho Nacional de Defesa Civil - CONDEC,
Defesa Civil cada vez mais preparada para reduzir riscos e que integra o SINDEC como órgão colegiado, de natureza consultiva,
desastres, ampliar sua atuação em ações de gestão de riscos com tendo como atribuição propor diretrizes para a política nacional de
Saiba mais sobre • Estados e Distrito Federal (dois representantes); Órgãos de Apoio: órgãos públicos e entidades privadas, Você pode conhecer na
as Coordenadorias associações de voluntários, clubes de serviços, organizações não- íntegra o documento
Regionais de Defesa • Municípios (três representantes); da Política Nacional de
Civil – CORDEC
governamentais, associações de classe e comunitárias, que apoiam Defesa Civil acessando
acessando o site http:// • Sociedade civil (três representantes). os demais órgãos integrantes do Sistema. http://www.defesacivil.
www.defesacivil.gov.br/ gov.br/politica/index.
sindec/regionais.asp asp
Órgãos Regionais: as Coordenadorias Regionais de Defesa Ainda na estrutura do SINDEC estão o CENAD - Centro Nacional
Civil - CORDEC, ou órgãos correspondentes, localizadas nas cinco de Gerenciamento de Riscos e Desastres e o GADE - Grupo de Apoio
macrorregiões geográficas do Brasil e responsáveis pela articulação a Desastres. Em sua regulamentação a Medida Provisória nº 494
e coordenação do Sistema em nível regional. fortalece o CENAD, que atua na agilidade da resposta à emergência
e monitora riscos e ameaças de maior prevalência no país.
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MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Aprovada pelo Conselho Nacional de Defesa Civil- CONDEC, Diretriz nº3: Apoiar Estados e municípios na implementação
trata-se de um documento de referência para todos os órgãos de de Planos Diretores de Defesa Civil, com a finalidade de garantir a
Defesa Civil e estabelece diretrizes, planos e programas prioritários redução de desastres, em seus territórios.
para o desenvolvimento de ações de redução de desastres em todo o
País, bem como a prestação de socorro e assistência às populações
afetadas por desastres. Diretriz nº4: Promover a ordenação do espaço urbano,
objetivando diminuir a ocupação desordenada de áreas de riscos de
Por ter sido elaborado em 1995, o documento desastres, com a finalidade de reduzir as vulnerabilidades das áreas
apresenta metas para o ano de 2000. É neste ponto, urbanas aos escorregamentos, alagamentos e outros desastres.
por exemplo, que se propõe a revisão e modernização
da Política Nacional de Defesa Civil. Conhecer a
história, compreender as relações do presente é o que Diretriz nº5: Estabelecer critérios relacionados com estudos e
nos possibilita pensar e planejar o futuro. avaliação de riscos, com a finalidade de hierarquizar e direcionar
o planejamento da redução de riscos de desastres para as áreas de
Vamos agora conhecer as Diretrizes da Política maior vulnerabilidade do território nacional.
Nacional de Defesa Civil:
Diretriz nº1: Atribuir a um único Sistema - o Sistema Nacional Diretriz nº6: Priorizar as ações relacionadas com a Prevenção de
de Defesa Civil (SINDEC) a responsabilidade pelo planejamento, Desastres, através de atividades de avaliação e de redução de riscos
22 23
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Diretriz nº7: Implementar a interação entre os órgãos do governo Diretriz nº 11: Buscar novas fontes de recursos financeiros
e a comunidade, especialmente por intermédio das Coordenadorias para o Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC, aprimorar os
Municipais de Defesa Civil – COMDEC ou órgãos correspondentes mecanismos existentes e implementar:
e dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil - NUDEC, com a
• Os recursos relacionados com o Fundo Especial para
Saiba mais sobre o finalidade de garantir uma resposta integrada de toda a sociedade. Leia o Decreto do
FUNCAP acessando:
Calamidades Públicas - FUNCAP; Decênio Internacional
http://www.defesacivil. para Redução de
gov.br/mp494/index.
• Projetos capazes de atrair apoio tecnológico e/ou financeiro Desastres acessando:
asp Diretriz nº8: Implementar programas de mudança cultural das agências internacionais e/ou de cooperação bilateral. http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/DNN/
e de treinamento de voluntários, objetivando o engajamento de
Anterior%20a%20
comunidades participativas, informadas, preparadas e conscientes 2000/1991/Dnn348.
de seus direitos e deveres relativos à segurança comunitária contra Diretriz nº 12: Implementar as atividades do Comitê Brasileiro htm
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MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Diretriz nº15: Promover a inclusão de conteúdos relativos à com ameaças, vulnerabilidades e riscos, em 80 municípios situados
redução de desastres, valorização da vida humana, primeiros em áreas de maior risco de desastres.
socorros e reanimação cardiorrespiratória nos currículos escolares.
Meta nº5: Promover, em todos os municípios com mais 20
mil habitantes, estudos de riscos de desastres, objetivando o
Os desastres são
produtos e processos
microzoneamento urbano, com vistas à elaboração do Plano
decorrentes da
Vamos ver agora as Metas da Política Nacional de Diretor de Desenvolvimento Municipal, de acordo com o previsto
transformação e Defesa Civil – ano base 2000: na Constituição Federal de 1988 (Art. 182, parágrafo primeiro).
crescimento da
sociedade, do
modelo global de
desenvolvimento
Meta nº6: Implementar o Sistema de Informações sobre Desastres
adotado, dos fatores Meta nº1: Implementar 2.400 Coordenadorias Municipais de
socioambientais no Brasil - SINDESB, objetivando uma melhor difusão.
Defesa Civil - COMDEC, com prioridade para os municípios de
relacionados a modos
de vida que produzem maior risco.
vulnerabilidades
sociais e, portanto, Classificação dos Desastres
vulnerabilidade aos
desastres. Incluem Meta nº2: Implementar 120 projetos de Desenvolvimento de
aspectos como
Recursos Humanos, qualificando profissionais de defesa civil, em A classificação dos desastres é outro tema de constante reflexão
pobreza, ocupação
todos os níveis do SINDEC, permitindo a estruturação de quadros na Política Nacional de Defesa Civil. O principal ponto de avaliação
inadequada do solo,
ocupação de áreas de permanentes, altamente capacitados e motivados. é a necessidade ou não de articularmos nosso padrão aos padrões
risco, inexistência de internacionais, e a implicação disto nas ações locais de avaliação e
equipamentos urbanos
e insuficiência de
mapeamentos de riscos, por exemplo.
políticas que atendam Meta nº3: Implementar 12 (doze) Centros Universitários de
as necessidades da Assim sendo, a Política Nacional de Defesa Civil classifica os
população
Estudos e Pesquisas sobre Desastres - CEPED, estimulando,
desastres da seguinte maneira:
inclusive, os Cursos de Especialização em Planejamento e Gestão
em Defesa Civil.
Quanto à evolução:
Meta nº4: Promover o estudo aprofundado de riscos, bem como • Desastres súbitos ou de evolução aguda, como deslizamentos,
a organização de banco de dados e de mapas temáticos relacionados enxurradas, vendavais, terremotos, erupções vulcânicas,
26 chuvas de granizo e outros; 27
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
• Desastres de evolução crônica ou gradual, como seca, erosão de origem externa que atuam independentemente da ação
ou perda de solo, poluição ambiental e outros; humana.
QUADRO NO 2
Sistematização da Codificação Alfabética e Numérica dos
Desastres Humanos ou Antropogênicoss Quanto à Natureza ou à
Causa Primária.
CODAR
Classificação
Alfabético Numérico
Desastres Humanos CODAR-H CODAR-2
Desastres Humanos de Natureza Tecnológica CODAR-HT CODAR-21
Desastres Humanos de Natureza Social CODAR-HS CODAR-22
Desastres Humanos de Natureza Biológica CODAR-HB CODAR-23
QUADRO NO 3
CODAR – Codificação de Desastres, Riscos e Ameaças Sistematização da Codificação Alfabética e Numérica dos
Desastres Mistos Quanto à Natureza ou à Causa Primária.
CODAR
Ainda dentro da Política Nacional de Defesa Civil está instituída Classificação
Alfabético Numérico
a Codificação de Desastres, Riscos e Ameaças, somando 158 tipos Desastres Mistos CODAR-M CODAR-3
Desastres Mistos Relacionados com a Geodinâmica CODAR-ME CODAR-31
de desastres e considerando a classificação entre naturais, humanos
Terrestre Externa
e mistos. Desastres Mistos Relacionados com a Geodinâmica CODAR-MI CODAR-32
Terrestre Interna
A codificação completa pode ser consultada no documento
original. Para efeitos didáticos, inserimos a tabela geral de
classificação:
30 31
MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Bons estudos!
ATIVIDADES PROPOSTAS
REFLETINDO:
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MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Caro aluno:
MÓDULO II
iremos apresentar a evolução ao longo dos anos da Legislação
da Defesa Civil e as mudanças ocorridas em 2011. Veremos os
aspectos legais do Sistema Nacional de Defesa Civil - SINDEC,
conheceremos um pouco do trabalho da Comissão Especial
Bom estudo!
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MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
História da legislação
Decreto-lei é um
Já vimos no Módulo I como surgiu a Defesa Civil no Brasil e os Os Decretos, no
decreto com força principais fatos que desenharam sua organização. sistema jurídico
de lei, que emana brasileiro, são
do Poder Executivo, Decreto 64.568, de 22.05.1969: cria um Grupo de Trabalho para
previsto nos sistemas Veremos a seguir um pouco da história da legislação da Defesa atos meramentes
legislativos de alguns
elaborar plano de defesa permanente contra calamidades públicas. administrativos da
Civil através dos Decretos e Leis, a partir de 1943 até 2011.
países. Os decretos- competência dos
leis podem aplicar-se chefes dos poderes
à ordem econômica, Vamos passar agora para um olhar mais atento ao longo dos anos:
executivos (presidente,
fiscal, social, territorial
governadores e
e de segurança, com
legitimidade efetiva prefeitos). Um decreto
de uma norma é habitualmente
administrativa e usado pelo chefe do
poder de lei desde a poder executivo para
sua edição, sanção e Decreto-Lei nº 83.839, de 13.08.1979: cria a Secretaria Especial
fazer nomeações e
publicação no diário ou
jornal oficial de Defesa Civil - SEDEC, vinculada ao Ministério do Interior. regulamentações de
leis,, entre outras
Decreto-Lei nº 5.861, de 30.09.1943: Modifica a denominação
coisas.
de Defesa Passiva Antiaérea, para Serviço de Defesa Civil, sob a
supervisão da Diretoria Nacional do Serviço da Defesa Civil, do
Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
Através do Decreto nº
12628 de 17 de junho
de 1943, ficou clara a Decreto nº 97.274, de 16.12.1988: institui a organização do
finalidade da Defesa
Passiva, que era o
Sistema Nacional de Defesa Civil – SINDEC, incluindo, pela primeira
estabelecimento de vez, ações de prevenção como atribuições de defesa civil.
métodos, precauções
de segurança que
garantiam não só a
proteção da moral e Lei nº 3.742, de 04.04.1960: reconhece a necessidade de ressarcir
da vida da população,
assegurando-lhe a
prejuízos causados por desastres naturais, dispondo sobre os
normalidade, como a mecanismos federais para tal.
proteção do patrimônio
material, cultural e
artístico da Nação. Lei nº 10.954, de 29.09.2004: institui, no Programa de Resposta
aos Desastres, o Auxílio Emergencial Financeiro.
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MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
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MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Decreto nº 7.505, de 27.07.2011: Institui o Cartão de Pagamento Alagoas Campestre, Muricy, Quebrangulo, São José da
Lage e União dos Palmares
da Defesa Civil, ferramenta lançada em agosto de 2011 para inovar
Pernambuco Água Preta, Barreiros, Catendem Maraial e
Saiba mais sobre a forma como até então era feito o repasse de recursos emergenciais Palmares
o Seminário
Internacional sobre para Estados e municípios. Rio de Janeiro Bom Jardim, Nova Friburgo, Petrópolis,
Gestão Integrada de Sumidouro e Teresópolis
Risco e Desastres O cartão foi apresentado no Seminário Internacional sobre Gestão Santa Catarina Blumenau, Brusque, Gaspar, Itajaí e Rio do Sul
acessando o link : Integrada de Riscos e Desastres, ocorrido no mês de abril em Brasília, Rio Grande do Sul Santa Maria, Santa Cruz do Sul, Novo Hamburgo,
http://www.defesacivil. Igrejinha, Taquara
e sua implantação é resultado de uma articulação entre o Ministério
gov.br/seminario/
corpo.asp?id=5828 da Integração Nacional, o Banco do Brasil, a Controladoria Geral da Foi o que se passou em Santa Catarina com as inundações do
União, os Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e início de setembro. O Estado foi um dos cinco selecionados para o
Gestão. projeto piloto, junto com os municípios de Blumenau, Brusque, Itajaí,
Rio do Sul e Gaspar, sendo estes os primeiros a testar efetivamente o
O Cartão de Pagamento de Defesa Civil destaca-se pela sua
uso do Cartão de Pagamento da Defesa Civil.
capacidade de dar agilidade ao repasse de recursos e transparência
aos gastos públicos. É também um instrumento para dar poder aos A agilidade no repasse de recursos passa a depender de dois
órgãos municipais de defesa civil ao transformar as Coordenadorias fatores fundamentais, de um lado deve estar a agilidade também
Municipais de Defesa Civil – COMDEC em unidades de orçamento. dos municípios em providenciar a documentação necessária para
abertura de conta no Banco do Brasil e cumprir os demais requisitos
A partir de 31 de agosto, cinco Estados e cinco municípios,
exigidos pela Controladoria Geral da União e Ministério da
de cada um desses Estados, passaram a realizar um piloto de
Integração Nacional. De outro a necessidade de uma lei orçamentária
operacionalização, com o objetivo de verificar os procedimentos
para recursos de resposta.
e a tecnologia empregados para habilitação do Cartão. A proposta
do Ministério da Integração Nacional é que, em situação de Hoje, a cada novo desastre é preciso providenciar um crédito
normalidade, Estados e municípios já estejam habilitados para extraordinário, que se dá normalmente pela emissão de uma MP.
receber os recursos emergenciais quando um desastre ocorrer. Em geral, a medida provisória tem duração de quatro a seis meses,
fazendo com que desastres próximos estejam cobertos pelos
anteriores.
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MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Neste dimensionamento de recursos reside a orientações foi lançado e está sendo distribuído pela Secretaria de
importância dos municípios em repassar informações Defesa Civil - SEDEC.
detalhadas sobre os danos causados pelos desastres.
Medida Provisória nº 547, de 11.10.2011: Altera a Lei nº 6.766, de
Quanto mais informações forem fornecidas ao
19 de dezembro de 1979; a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, e
Ministério da Integração Nacional melhor é sua Conheça a Medida
a Lei nº 12.340, de 1º de dezembro de 2010. Provisória nº 547, de
avaliação. Um dos maiores desafios para implantação
11.10.2011 na íntegra
do Cartão está no processo de comunicação e A mais recente legislação em Defesa civil no Brasil trata da acessando o link http://
conscientização dos municípios para sua importância, atuação de municípios no gerenciamento de riscos, em especial os www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_Ato2011-
e na resistência de algumas administrações públicas relacionados à ocorrência de escorregamentos de grande impacto ou
2014/2011/Mpv/547.
locais pela transparência que o uso do cartão dará processos geológicos correlatos. htm
A lei também trata de providências para redução do risco, dentre a importância do fortalecimento das instituições de Defesa Civil
as quais, a execução de plano de contingência e de obras de segurança municipais.
e, quando necessário, a remoção de edificações e o reassentamento
Regulamentada pelo Decreto nº 7.257, de 04 de agosto de 2010, a
dos ocupantes em local seguro.
Medida Provisória 494, que foi convertida na Lei nº12340, define que
Veja na íntegra a
conversão da MP nº484
Destacam-se ainda alterações à Lei nº 10.257, de 2001, que o SINDEC será composto por órgãos e entidades da administração
para a Lei nº 12340 estabelece diretrizes gerais para política urbana, e passa a ser pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos municípios
acessando o link:
acrescida pelo artigo 42, que aborda temas como a necessidade e das entidades da sociedade civil, que atuarão de forma articulada,
http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ de municípios criarem seus Planos de Expansão Urbana em tendo a SEDEC como órgão coordenador.
Ato2007-2010/2010/ atendimento às diretrizes do Plano Diretor, e determina que a
Lei/L12340.htm Em seu artigo 7º, o Fundo Especial para Calamidades Públicas
aprovação de projetos de parcelamento do solo urbano em áreas
- FUNCAP, criado pelo Decreto‐Lei 950/69, foi reativado. Outro
de expansão urbana ficará condicionada à existência do Plano de
avanço advindo da Medida Provisória é que ficam autorizados o
Expansão Urbana.
Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes - DNIT e o
Ministério da Defesa a recuperar estradas destruídas, e o Ministério
do Desenvolvimento Social e Combate à Fome a doar estoques
Aspectos legais do sindec públicos de alimentos às populações atingidas por desastres.
Uma mudança que trouxe impacto na dinâmica de atuação dos Comissão Especial Interna do Senado
órgãos estaduais e municipais de Defesa Civil, foi o conceito de
Federal - Alterações no Sistema Nacional
situação de emergência e estado de calamidade pública, associados
Situação de aos novos procedimentos para o reconhecimento destas situações
de Defesa Civil - SINDEC
emergência: o
reconhecimento pelo
pelo Governo Federal. Saiba mais sobre a
poder público de A Comissão do Senado foi aprovada em 18 de maio de 2011 com Comissão do Senado,
Se antes o processo estava vinculado à homologação do Estado, acessando os links:
situação anormal, o objetivo de identificar os fatores limitantes e as oportunidades
http://www.senado.
provocada por hoje basta requerimento do ente federado dirigido à SEDEC, em
de atuação da Defesa Civil no Brasil, propor alterações no Sistema gov.br/atividade/
desastres, causando
até dez dias da data do desastre, contendo informações sobre as comissoes/comissao.
danos superáveis pela Nacional de Defesa Civil e construir uma proposta de constituição
comunidade afetada. características do evento, a localidade afetada e a estimativa de asp?origem=SF
de uma Força Nacional de Defesa Civil. Tem como presidente o &com=1553 e http://
danos, para que seja realizada analise técnica e justificada ou não
Senador Jorge Viana e como relator o Senador Casildo Maldaner. www.senado.gov.br/
Estado de
a necessidade da participação do Governo Federal. atividade/materia/
calamidade pública:
Entre os principais pontos de discussão desta comissão estão: detalhes.asp?p_cod_
o reconhecimento
mate=99350
pelo poder público
de situação anormal,
• Ampliação do foco das ações de Defesa Civil para a prevenção,
provocada por Comissões e seus trabalhos carreira profissional e fortalecimento institucional;
desastres, causando
sérios danos à • Reformulação do Fundo Especial para Calamidades Públicas-
comunidade Algumas comissões atuam hoje em âmbito legislativo federal
FUNCAP, com proposta de alteração para Fundo Nacional
afetada, inclusive à tratando de assuntos correlatos a desastres e Defesa Civil, a exemplo
incolumidade ou à vida para a Defesa Civil - FUNDEC, e a criação de uma contribuição
de seus integrantes. da Comissão Mista Permanente Sobre Mudanças Climáticas do
a ser cobrada dos seguros privados, com alíquota de 1% sobre
Senado Federal.
o valor do prêmio;
Merecem destaque a Comissão Especial de Defesa Civil do Senado
• Mudança cultural para valorização das ações de prevenção,
Federal e a Comissão Especial Medidas Preventivas Diante de
reconhecimento social e investimentos;
Catástrofes Climáticas da Câmara dos Deputados.
• Agilidade em casos de catástrofes para a necessária garantia de
Vamos agora conhecer um pouco mais sobre o trabalho dessas
recursos sem demora.
Comissões:
46 47
MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Veremos agora a justificativa para implantação da Comissão que a atuação dos órgãos brasileiros pareça ineficaz e absolutamente
Especial Interna do Senado Federal: improvisada.
48 49
MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Comissão Especial de Medidas • Criação do Fundo Nacional da Proteção Civil (Funpec), com
recursos advindos do Imposto de Renda, do Imposto sobre
Preventivas Diante de Catástrofes
Produtos Industrializados (IPI), dos prêmios de loteria e dos
Climáticas da Câmara dos Deputados royalties do petróleo. A proposta indica que ao menos 50% dos
recursos do fundo sejam aplicados em prevenção. Saiba mais sobre a
A Comissão da Câmara dos Deputados foi instalada em 16 Comissão da Câmara,
• Criação da carreira de agente de proteção civil. acessando o link:
de março de 2011, tendo como presidente a deputada Perpétua
http://www2.camara.
Almeida, e como relator do grupo, o deputado Glauber Braga. • Apoio técnico e financeiro aos Estados para que criem centros gov.br/atividade-
Com a proposta de estudar e apresentar propostas para prevenir legislativa/comissoes/
de operação de desastres, responsáveis por ações de prevenção.
comissoes-temporarias/
catástrofes climáticas, os trabalhos da comissão devem se encerrar especiais/54a-
• Implantação do Sistema Nacional de Informações e
em dezembro, com apresentação do relatório final. legislatura/medidas-
Monitoramento de Desastres, identificação e mapeamento de preventivas-diante-de-
O relatório deve ser submetido à análise do Legislativo e do áreas de risco, monitoramento de desastres, e revitalização de catastrofes
50 51
MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Entre os grupos de trabalho criados está o GT sobre Legislação, • Política Nacional prioritariamente destinada à garantia de
que trabalha desde o início de 2011 avaliando as legislações anteriores medidas eficazes para reduzir os riscos de desastres, visando à
e propondo alterações na atual legislação de Defesa Civil. proteção da população em seu território e convergente com a
UNISDR.
Este grupo prepara uma minuta que será apresentada ao Conselho
Nacional de Defesa Civil (CONDEC) para ratificação e posterior • Criação da Escola Nacional de Proteção Civil, sendo ela parte
encaminhamento à Casa Civil. integrante da estrutura do órgão central, e com a finalidade de
expandir o conhecimento sobre gestão de riscos e desastres à
As proposições estão principalmente voltadas para:
população e aos profissionais da área.
• Implantação de carreira;
• Visão ampliada do Centro Nacional de Gerenciamento
• Uma nova política nacional de proteção civil; de Riscos e Desastres (CENAD) como parte integrante da
estrutura do órgão central, e responsável, em âmbito federal,
• Uma visão ampliada do Centro Nacional de Gerenciamento de
pela articulação e coordenação da preparação e da resposta aos
Riscos e Desastres (CENAD);
desastres.
• Alterações no atual Fundo Especial para Calamidades Públicas
• Normatização do GADE e formação de equipe técnica
(FUNCAP);
multidisciplinar a ser coordenada, operacionalizada e
• Investimentos em mapeamento de risco; mobilizada pelo CENAD para desenvolver ações de preparação
• Divisão de responsabilidades entre União, Estados e municípios. e resposta a desastres em território nacional ou internacional.
52 53
MÓDULO II - ASPECTOS LEGAIS CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
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MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• A visibilidade institucional.
Caro aluno:
MÓDULO III
Nesta unidade do Curso de Capacitação Básica de Defesa Civil
iremos apresentar a visão de Defesa Civil como sistema. Veremos
a organização institucional das Coordenadorias Municipais de
Defesa Civil, o conhecimento das ameaças e riscos de desastres
COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS e o funcionamento do sistema e monitoramento e alerta de
desastres. Conheceremos a importância da aproximação da
FUNCIONAMENTO pode trazer para a convivência com os riscos e como pode se dar a
prevenção de desastres em todas as fases de atuação.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
grave vulnerabilidade a desastres decorrentes do derramamento “isso é problema da defesa civil!”, como se algo tão complexo
de produtos perigosos. Os inúmeros tombamentos de carretas pudesse ser reduzido a um órgão ou instituição secundária.
transportando produtos tóxicos que ao serem derramados escorrem
Defesa Civil é um sistema, não um órgão. Todos
Sistêmica: uma visão pelos sistemas de drenagem e contaminam as fontes de captação de Sinistro: Calamidade,
sistêmica consiste fazem parte e têm o privilégio de ajudar e avaliar, para desastre ou
na habilidade em
água, também devem ser objeto de acompanhamento daqueles que acontecimento que traz
consolidar uma rede permanente de ações preventivas,
compreender os detêm a responsabilidade de prever os riscos e desastres no nosso consigo grandes perdas
sistemas de acordo com
de preparação de resposta e de reconstrução dos efeitos materiais.
país.
a abordagem geral dos desastres.
dos sistemas, ou seja,
Os sinistros mencionados apenas reforçam a necessidade de
ter o conhecimento Essa complexa teia de competências e funções deve e precisa ser
do todo, de modo a enxergar a defesa civil de uma forma sistêmica, onde todos os
coordenada para que as tarefas específicas, dentro de um cronograma
permitir a análise órgãos públicos, as entidades privadas e a comunidade constituem
ou a interferência no fundamental, contemplem intervenções oportunas para evitar ou
as engrenagens para movimentar a sofisticada máquina que tem
mesmo.
para enfrentar os sinistros potenciais da comunidade.
como nobre missão a proteção global da comunidade.
• Preparação para enfrentamento dos desastres; Há uma equivocada percepção de que riscos só podem ser
mapeados mediante caras consultorias, com equipamentos
• Gestão aproximada com as instituições públicas e cidades
sofisticados e utilizando coordenadas geográficas, o que é um grande
vizinhas;
engano.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
As cidades, sobretudo as maiores e que disponham de grandes Não se prepara para aquilo que não se conhece!!! Mapear e
receitas, podem e devem utilizar as tecnologias disponíveis para conhecer as ameaças e vulnerabilidades é fator fundamental
obter um mapeamento detalhado e completo. Mas as pequenas para prevenir e se preparar para o enfrentamento dos desastres,
COMDECs podem utilizar até mapas publicitários, que quase independentemente do tamanho da cidade ou comunidade.
sempre encontramos nos postos de gasolina, padarias e outros
estabelecimentos comerciais. Abaixo podemos ver um exemplo de
mapa: Preparação permanente para
enfrentamento dos desastres
A visão sistêmica, onde todos têm consciência que defesa civil não
é um órgão mas um conjunto de ações, desenvolvida por todos
os atores sociais no espaço comunitário, contribui para que a
instituição COMDEC tenha o tamanho e a estrutura adequada
para cada município.
Para conseguir informações sobre as ameaças e vulnerabilidades,
a COMDEC de poucos recursos pode utilizar os alunos do ensino A instituição de coordenação das atividades de
médio, para uma pesquisa histórica com os moradores mais proteção civil precisa ter os recursos necessários
antigos, e delimitar com eles, por exemplo, uma “mancha falada” para fazer frente à sua missão, que é monitorar
da maior inundação conhecida ou registrada na cidade. Isso pode permanentemente as ameaças, apontar medidas de
ser feito com desastres de escorregamentos, derramamento de prevenção e se manter preparada para responder aos
produtos perigosos, enfim, qualquer tipo de desastre. eventos críticos acontecidos.
Por outro lado, as grandes cidades ao mapear seus riscos e bem O tamanho da área urbana, o número de habitantes, a quantidade
conhecê-los, devem ter uma estrutura mínima de pessoal e recursos de locais de risco e a recorrência de desastres vão proporcionar o
para monitorá-los, seja pela visita periódica de seus técnicos ou pelo dimensionamento ideal da estrutura da COMDEC.
acionamento da comunidade em risco.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
É preciso reiterar que não se pode exigir que uma cidade de 5.000 públicas possam adotar medidas atenuantes para os problemas
habitantes com relevo de planície, sem recorrência de sinistros, tenha previstos.
a mesma estrutura de uma cidade com relevo acentuado, ocupação
Para tanto, mecanismos de comunicação horizontal e vertical
de encostas e vales, ao longo de cursos de água e que sofre com
entre os entes públicos municipais e de forma transversal com os
inundações e escorregamentos todos os anos.
demais órgãos do Sistema Nacional precisam estar bem definidos na
Independente do tamanho e da quantidade de recursos humanos forma e na personificação dos contatos pré-estabelecidos.
e logísticos que uma COMDEC disponha, ela só será eficiente se
Um plano de contingência bem elaborado, baseado nas realidades
estiver preparada para coordenar os atores sociais disponíveis na
locais, construído a partir da colaboração dos atores públicos
comunidade para as ações de prevenção e resposta às calamidades.
envolvidos e da comunidade destinatária, torna-se um poderoso
Para isso é fundamental a elaboração de planos de contingência instrumento para evitar improvisos, desperdício de recursos e
para cada tipo de ameaça instalada na cidade. principalmente tempo.
O plano de contingência é a formalização de uma Quando esse planejamento é feito a partir de seus
estratégia de enfrentamento dos desastres onde estão atores, todos se sentem responsáveis pela sua execução,
descritas as características do evento a ser enfrentado, as estratégias estabelecidas refletem a realidade
os locais possíveis de acontecimento, o número possível e o ensaio simulado de sua aplicação, além
provável de afetados e as ações de prevenção e resposta de aproximar os envolvidos, permite a correção dos
que o poder público estabeleceu para enfrentá-los. equívocos e consequentemente traz mais segurança
para todos.
Nesse planejamento todos os recursos disponíveis na Prefeitura
devem estar catalogados e cada setor, com sua vocação, deve ser Como mencionamos, um sistema de monitoramento e alarme
listado com suas missões específicas de atuação. deve ser estabelecido para que a oportunidade de implementação
do plano de contingência seja conhecida. Por ser um instrumento
Todas as disponibilidades logísticas e de recursos humanos
tão importante, merece uma explicação mais detalhada.
devem estar catalogados, com os líderes estabelecidos e os contatos
registrados.
Sistema de monitoramento e alerta Para exemplificar, pode ser citado o desastre ocorrido em Miraí,
em Minas Gerais, no ano de 2007. Houve o rompimento de uma
Sistemas de monitoramento e alerta para desastres barragem de rejeitos de mineração que inundou um terço da
em linhas gerais são instrumentos utilizados para cidade e ainda causou danos em mais cinco outros municípios,
acompanhar a evolução de sinais perceptíveis de que inclusive no Estado do Rio de Janeiro. Apesar dos graves danos
há a probabilidade de acontecerem eventos adversos materiais, nenhuma vida humana foi perdida, fruto de um
que podem resultar em danos à comunidade. sistema de monitoramento e alerta simples mas que funcionou
efetivamente.
Há uma tendência em acreditar que os sistemas de monitoramento
Por recomendação da Defesa Civil de Minas Gerais, a empresa
e alerta devem ser estabelecidos a partir de sofisticados
responsável pela barragem construiu um ponto de monitoramento
instrumentos tecnológicos que permitem informações precisas
visual no maciço onde um funcionário permanecia 24 horas olhando
sobre situações causadoras de calamidades. Na realidade,
a evolução do nível da água e dos sinais de resistência da barragem.
sistemas de monitoramento e alerta devem ser a união de todas as
informações disponíveis ou desenvolvidas pelos interessados ou Como ocorreram fortes precipitações entre os dias 05 e 07 de
destinatários, que vão propiciar a tomada de decisões preventivas janeiro, o monitor, ao perceber que o nível subia rapidamente e que
e de preparação, com o máximo de antecedência possível. poderia haver o rompimento, emitiu o alerta para as autoridades
municipais, que conseguiram retirar todas as famílias das áreas de
Sendo assim, qualquer comunidade pode estabelecer seus
risco.
sistemas, a partir das informações disponíveis e alcançáveis, seja
pela tecnologia disponível, seja por ações criativas decorrentes do Os sistemas de monitoramento podem ser entendidos como de
conhecimento da realidade local. previsão e de constatação. Os de previsão, como o próprio nome
diz, indicarão o que poderá acontecer. O monitoramento de
Já que a internet está acessível em quase todas as localidades do
constatação verifica o comportamento que está acontecendo ou
mundo, podemos citar como exemplo o uso dos sites de previsão do
que já aconteceu e indica ações de prevenção e preparação para
tempo. Esse é um valioso instrumento que deve ser utilizado para
evitar danos maiores à comunidade.
compor um sistema para evitar os danos decorrentes dos desastres.
A partir do conhecimento da probabilidade das precipitações para Isso significa que cada cidade, dependendo de seu tamanho,
um determinado município, outras ações de monitoramento podem população, quantidade e qualidade de suas áreas de risco, vai
ser estabelecidas para compor um conjunto de informações mais desenvolver seu sistema de monitoramento e alerta, baseado na sua
precisas sobre os eventos esperados. possibilidade tecnológica e na criatividade para atendimento de suas
68 necessidades. 69
MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Identificadas as suas possibilidades, o sistema municipal de O certo é que não há como conceber uma COMDEC, por mais
defesa civil deve estabelecer junto com a população as formas simples que seja, que não tenha um mapa com os riscos e ameaças da
de monitoramento, os meios de comunicação dos alertas, de cidade, um plano de contingência e que não possua um sistema de
modo a manter permanente credibilidade e principalmente o alerta com os recursos e possibilidades disponíveis na comunidade.
desenvolvimento de ações preventivas e de preparação, descritas no
plano de contingência.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
A realidade sistêmica das atividades de defesa civil também torna Interação permanente com a
necessária a estreita cooperação entre órgãos estaduais e federais
comunidade
instalados na localidade. Apenas para citar um exemplo, a garantia
das ações da polícia administrativa do poder público municipal
É realmente impossível pensar que alguma política pública pode
necessita quase sempre do apoio da Polícia Militar local. Não raras
ser definida e organizada sem a participação de seus destinatários.
vezes, os policiais militares de cidades pequenas são a única presença
Em defesa civil não é diferente. Aliás, pela natureza sistêmica da
do ente estatal na comunidade e servem, portanto, de elo de ligação
atividade, a participação comunitária é condição sem a qual não se
entre a COMDEC e o sistema estadual de defesa civil.
pode prevenir, preparar e responder a qualquer desastre.
Em cidades médias e grandes, quando os entes federais e estaduais
Como podemos mapear um local de risco, conhecer as
estão instalados, toda essa capacidade técnica, logística e vocacional
vulnerabilidades, monitorar as ameaças e emitir os alertas sem
deve estar considerada nos planos de contingência.
termos um contato permanente com as pessoas destinatárias
Na prática, significa que reuniões permanentes de integração destes serviços?
sistêmica devem ser rotina e o conhecimento das potencialidades
Uma Coordenadoria Municipal de Defesa Civil competente,
institucionais e até mesmo pessoais deve ser uma premissa
independente de seu tamanho ou estrutura, deve ser uma instituição
profissional da COMDEC.
intimamente ligada com a comunidade local.
Isso vem indicar que ao escolher um gestor para dirigir a
Todo plano de contingência só será bem-sucedido se discutido
Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, o prefeito deve levar
e organizado com a participação daqueles que convivem com a
em conta que o perfil deste profissional precisa conter aspectos
ameaça e, portanto, têm a noção exata daquilo que funciona e não
relacionados à liderança servidora, capacidade agregadora,
funciona em termos de ações práticas.
iniciativa, criatividade e aptidão para a gestão em tempos de crise.
Não cabe na função de coordenador municipal de Defesa Civil A formação dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC)
um homem ou mulher com vaidades pessoais e institucionais através da organização de grupos comunitários envolvidos é fator
acentuadas, sem capacidade de negociação e foco nos objetivos primordial para o sucesso preventivo e também de resposta aos
sublimes que envolvem as ações de gestão de desastres. desastres locais.
envolvidos que, com entusiasmo e dedicação voluntária, podem A interação permanente com a comunidade é fator de
salvar muitas vidas todos os anos. oportunidades e precisa ser perseguida através de intervenções
práticas de aproximação. Quando a administração pública municipal
Incontáveis são as oportunidades neste sentido. A juventude tem
tem o foco na aproximação comunitária e todas as instituições se
grande energia para ações operacionais e é um contingente que pode
Sistema de Comando veem como parte do SINDEC, tudo fica mais fácil.
em Operações –
ser aproveitado para atividades extensivas, desde que devidamente
SCO: Ferramenta liderada e incentivada. Os diversos projetos em execução, nas diversas pastas de gestão,
gerencial indicada para
são oportunidades que a COMDEC pode aproveitar para estreitar os
a administração de As instituições religiosas têm grande apelo ético para servir as
desastres, que permite laços com as pessoas envolvidas. A utilização do Programa de Saúde
comunidades onde estão inseridas e muitas vezes não sabem como
a atuação de múltiplas da Família, por exemplo, constitui-se em uma excelente porta de
agências de forma fazê-lo. O segmento evangélico, por exemplo, por possuir várias
acesso para que os agentes se tornem líderes do NUDEC.
coordenada e eficiente. denominações, tem uma influência considerável, principalmente nas
áreas mais populosas. Se devidamente contatadas, essas instituições As reuniões dos conselhos de segurança pública também podem
podem ser úteis de muitas formas. Há exemplos onde os templos se tornar fóruns de discussão sobre os sinistros que afetam a
são utilizados como pontos de encontro, locais de abrigo temporário comunidade.
e até postos de comando do Sistema de Comando em Operações -
Basta o coordenador municipal de Defesa Civil ser proativo,
SCO.
acessível e entusiasmado, que terá certamente todas as chances de
As comunidades católicas, clubes de serviço e organizações fazer um grande trabalho.
governamentais também são bastante acessíveis a servirem quando
chamadas. São inúmeras as possibilidades para que a COMDEC
possua uma rede de relacionamentos devidamente treinada para Ênfase na prevenção em todas as fases
enfrentar os desastres da cidade.
de atuação
Além de potencializar todo o sistema, o relacionamento com a
comunidade fortalece a autoridade política do coordenador de As fases de defesa civil já são nossas conhecidas: prevenção,
defesa civil. Exercendo uma liderança proativa, com foco nos preparação, resposta e reconstrução.
objetivos institucionais, com visão servidora, a COMDEC se
Por estarem didaticamente assim definidas, pode-se achar que não
fortalece como agente influenciador de grupos organizados,
há uma interseção entre esses momentos e que existe uma divisão
o que a coloca em condição de ser ouvida no círculo de decisão
bem definida de quando termina uma fase e começa outra. Não
municipal.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
é bem assim! A prevenção deve ser a permanente perseguição de Nas ações de resposta, os deslocamentos em áreas de risco devem
todo o Sistema Nacional de Defesa Civil. Em todos os momentos, ser constantemente e conscientemente estudados, para que veículos
na preparação, durante a resposta ou mesmo na reconstrução, não sejam tragados ou levados por correntezas sem que haja tempo
o pensamento preventivo deve nortear todo o planejamento e para socorro.
desenvolvimento das ações em andamento.
Outro exemplo prático é a correta administração de abrigos.
Para exemplificar, podemos citar a aquisição de Esses importantes centros de acolhimento devem ser sempre
equipamentos de proteção individual para os agentes de administrados com a visão preventiva de violência física, moral e
resposta. Deve-se sempre considerar a proteção contra sexual. Não são raros os casos de estupros em abrigos públicos e uma
ameaças específicas do desastre a ser respondido. Se o situação desta pode ser pior que as perdas materiais decorrentes dos
agente for treinado para atendimento em inundações, desastres naturais.
as botas adquiridas deverão proporcionar proteção
Na reconstrução, todos os olhos deverão estar voltados para que
contra contaminação por leptospirose, por exemplo.
os projetos não mantenham as vulnerabilidades anteriores. Não
Já não podemos conceber a falta de capacete quando
é concebível a reconstrução de uma ponte no mesmo local e nas
o socorro ocorrer em áreas sujeitas a deslizamento.
mesmas dimensões daquela que foi levada pela correnteza. Há de se
Quando da aquisição desses equipamentos, que é em
encontrar outro local, reforçar suas estruturas ou até mesmo mudar
tese uma atividade de preparação, a prevenção de
sua forma para que o desastre não se repita.
desastres secundários deve ser considerada.
Também não se pode reconstruir casas em locais onde manchas
Durante as ações de resposta, o aspecto preventivo também tem de inundação são frequentes ou em que os riscos geológicos
de ser observado. Nos planos de ação devem estar considerados são evidentes. Toda reconstrução deve levar em consideração a
comportamentos que evitarão novos desastres e acidentes. prevenção de novos desastres. Nos projetos e na execução das obras
São comuns atitudes sem respaldo técnico, desenvolvidas em de reconstrução, a COMDEC não pode se omitir e deixar de fazer
momentos críticos, que expõem vidas em risco. A “síndrome do sua crítica profissional. Muitas vezes, pela natureza das ações que
herói” não pode fazer parte da cultura de uma comunidade onde envolvem outros setores públicos, não são observados aspectos
há uma COMDEC atuante. Ninguém deve ser encorajado, seja técnicos essenciais para que os desastres não se repitam. Novamente,
pelo clamor do momento, seja pelos holofotes das câmaras de apenas se a cultura local privilegiar uma visão sistêmica da defesa
televisão, a tentar manobras sem equipamentos e preparo técnico. civil, é que todos os atores serão chamados a opinar em projetos tão
Além das implicações jurídicas que uma falha proporciona, a importantes.
perda de uma vida humana é irrecuperável.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Pensar em prevenção é pensar na economia global. Quando se Por meio de encontros comunitários, utilizando os diversos
previne qualquer tipo de sinistro, não se poupam apenas recursos segmentos organizados no espaço social, pode-se criar uma
orçamentários ou financeiros, se poupam tempo, sofrimento cultura preventiva para a adoção de comportamentos desejáveis a
e desgastes psicológicos, tanto dos afetados quanto dos que fim de evitar danos humanos e materiais e diminuir os prejuízos
estão conduzindo ou atuando. Assim, energias que podem ser econômicos e sociais.
canalizadas para ações mais proativas também são poupadas.
As escolas também são fundamentais nesse processo contínuo
Toda COMDEC deve pensar preventivamente! Sempre! de treinamento, pois além da oportunidade de sensibilizar as
crianças desde os primeiros anos de vida, também possuem espaços
convidativos para ações práticas e agradáveis de mobilização.
Educação permanente para convivência Um coordenador municipal proativo, aproveitando a visão
com o risco sistêmica da atividade, deve aproximar-se da Secretaria Municipal
de Educação, para que juntos possam implementar projetos de
O passivo histórico de ocupação de áreas de risco herdado pelos capacitação comunitária e obter assim os incontestáveis resultados
gestores públicos atuais indica que não há soluções definitivas a da educação continuada.
serem implantadas em curto prazo, sobretudo no tempo de um
Programas como o Agente de Defesa Civil Mirim, grupos de teatro
mandato de quatro anos.
e outras atividades lúdicas têm demonstrado grande alcance para
Além das impossibilidades orçamentárias, há também questões mudança cultural de comunidades inteiras, onde a aproximação pela
sociais e até geográficas que impedem, por exemplo, a retirada de educação tem proporcionado ótimos avanços no comportamento
grandes massas de áreas de risco. Há cidades que simplesmente não preventivo e reativo dos moradores de áreas de risco.
têm mais espaço para expansão urbana e, portanto, não têm como
fazer a transposição de populações vulneráveis. Muitos aspectos
sociais e até jurídicos envolvem essas questões que definitivamente Visibilidade institucional
não são de fácil solução.
Enquanto as intervenções estruturais não são possíveis, a educação A natureza operacional e comunitária das Coordenadorias
para a percepção e convivência com o risco é fundamental. Municipais de Defesa Civil indica que seus agentes devem ser
reconhecidos de relance em todas as situações onde a instituição
estiver presente.
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MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
A aproximação constante com pessoas instaladas em áreas Não obstante a missão principal do órgão ser a coordenação de
vulneráveis, os trabalhos de campo relacionados com as vistorias todos os atores municipais de proteção civil, alguns serviços essenciais
de monitoramento e as ações de resposta em caso de sinistros, são diretamente prestados e acompanhados pela COMDEC. As
demandam uma identificação visual a distância. vistorias preventivas solicitadas pelos moradores em áreas de risco
são um exemplo dessa atuação direta. É preciso que a comunidade
A COMDEC é uma instituição que deve estar sempre presente.
saiba a quem recorrer quando alguma rachadura, algum abatimento
As pessoas se sentirão mais seguras se constantemente perceberem a
de solo, alguma indicação de risco se manifeste em sua casa. É
presença dos agentes da defesa civil na comunidade. A legitimidade
necessário haver facilidade de contato em casos de desastres. A
técnica para orientações preventivas, para ações compulsórias e
visibilidade institucional da COMDEC deve contemplar facilidade
para gestão de múltiplas agências precisa do revestimento de uma
de acesso, seja pelo uso do telefone 199 nas cidades de maior porte,
autoridade ostensiva, reconhecida de prontidão.
ou pela existência de um local físico bem identificado, onde todos
É primordial que todos os agentes de defesa civil usem colete. A saibam que ali funciona o órgão de defesa civil nas cidades pequenas.
autoridade percebida de um agente que usa colete é diferente até
“Quem não é visto não é lembrado”! Se a comunidade não percebe
mesmo daquele que usa apenas um uniforme comum, inscrito
de relance a instituição de defesa civil, se não tem na consciência a
em camiseta de malha. Para o agente, sua identificação pública
forma mais rápida de acionamento, não sabe em que circunstâncias
lhe confere segurança para o trabalho, evitando a necessidade
deve recorrer a ela, conclui-se que a COMDEC não funciona!
de apresentações excessivas. Para o destinatário dos serviços,
o uso do colete traduz confiança técnica, autoridade pública e
visualização distante.
Conclusão
O uso do colete para a garantia da visibilidade institucional
permite também um precioso ganho político para a gestão municipal.
As Coordenadorias Municipais de Defesa Civil são importantes
Quando agentes da COMDEC trabalham em uma comunidade
órgãos gestores dentro do Sistema Nacional responsável pela proteção
sem visibilidade, não são percebidos pelas pessoas. Quando há
contra desastres no Brasil.
identificação pelo colete, de longe todos notam a presença do poder
público e podem, inclusive, testemunhar os esforços desprendidos A realidade de um país continental, com mais de cinco mil
para a solução dos problemas locais. municípios de características muito diferentes, impõe que a
estruturação institucional deve contemplar um alinhamento
A visibilidade institucional também deve ser perseguida por meio
doutrinário capaz de ser empregado dentro das limitações de cada
de mecanismos que facilitem o acesso da população aos serviços
cidade.
82 prestados diretamente pela COMDEC. 83
MÓDULO III - COMDECs: ASPECTOS PRÁTICOS DE ESTRUTURAÇÃO E FUNCIONAMENTO CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Mineira, e nos valemos dela para a proteção civil. importância das COMDECs.
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MÓDULO I - REFLEXÕES HISTÓRICAS, SINDEC E POLÍTICA NACIONAL CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• A Gestão de Riscos;
Caro aluno:
MÓDULO IV
Nesta última unidade do curso de Capacitação Básica veremos os
conceitos envolvidos na Gestão de Riscos e Desastres e a Gestão
Integrada entre municípios, Estados e União. Conheceremos as
decretações e o processo de liberação de recursos pelos Estados e
GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS União e o Marco de Ação de Hyogo. Veremos também como é o
processo para a realização de um Plano de Contingência.
DE DESASTRES Bons estudos!
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MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Ameaça: fenômeno, substância, atividade humana ou condição Risco: combinação da ameaça com a vulnerabilidade que resulta
perigosa que pode causar transtornos ou danos humanos, materiais na probabilidade de ocorrência de um evento e suas consequências.
ou ambientais. As ameaças podem ter várias origens que podem As definições de risco ficam mais precisas de acordo com a
atuar de forma isolada ou combinada: geológicas, meteorológicas, necessidade do uso - avaliação de riscos, gestão de riscos, risco
hidrológicas, oceânicas, biológicas e tecnológicas. aceitável, entre outros.
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MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Percepção de risco: impressão ou juízo intuitivo sobre a natureza Redução do risco de desastre: consiste no trabalho conceitual
ou grandeza de um risco determinado. A percepção de risco varia e prático que coordena esforços sistemáticos na redução do grau
conforme aspectos psicológicos, valores morais, socioculturais, de exposição às ameaças e vulnerabilidades, com gestão ambiental
éticos, econômicos, tecnológicos e políticos de um indivíduo ou adequada, prevenção e melhoramento na preparação para
grupo social. desastres. Trabalhar para reduzir o risco é mais eficiente que tentar
reduzir os desastres, pois quando se trata de desastres naturais não
há como minimizar as ameaças como, por exemplo, chuvas intensas,
Resiliência: soma das capacidades de um sistema, comunidade ventos fortes e um terremoto.
ou sociedade de resistir, enfrentar, absorver, adaptar-se e recuperar-
se de eventos adversos de forma eficaz, com a preservação e
restauração de suas estruturas e funções básicas. Gestão de risco de desastre: processo sistemático de uso de
políticas administrativas, organização, habilidades e capacidades
operacionais para implantar políticas e fortalecer as capacidades
Desastre: resultado da concretização de uma ameaça, um evento de enfrentamento, a fim de reduzir o impacto negativo dos
adverso, natural ou provocado pelo homem, sobre um ecossistema desastres naturais e a possibilidade de um desastre. A gestão do
vulnerável, causando danos humanos, materiais e ambientais, e risco de desastre se faz, na maior parte do tempo, em períodos
consequentes prejuízos econômicos e sociais. de normalidade, com medidas de prevenção e preparação, para
que a ocorrência do desastre seja menos impactante e a resposta e
Uma discussão mais atual propõe como definição: produtos
reconstrução sejam mais eficazes.
e processos decorrentes da transformação e crescimento da
sociedade, do modelo global de desenvolvimento adotado, Com a evolução e ampliação da Defesa Civil, que pode ser definida
dos fatores socioambientais relacionados a modos de vida que como a atuação da sociedade organizada na proteção de si própria,
produzem vulnerabilidades sociais e, portanto, vulnerabilidade hoje se trabalha com a gestão integrada de risco e desastre.
aos desastres.
É a integração da sociedade civil organizada com os órgãos
Incluem aspectos como pobreza, ocupação inadequada do governamentais em ações que visam coordenar procedimentos a
solo, ocupação de áreas de risco, inexistência de equipamentos fim de prevenir, evitar e minimizar riscos e desastres, reduzindo
urbanos e insuficiência de políticas que atendam as necessidades danos e prejuízos.
da população.
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MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Tal postura é intimamente ligada a uma visão de desenvolvimento Dano: intensidade das perdas humanas, materiais ou ambientais
sustentável da sociedade e que não pensa em fases distintas, senão ocorridas às pessoas, comunidades, instituições, instalações e aos
em uma sequência complexa de fases integradas horizontalmente, ecossistemas, como consequência de um desastre ou acidente.
de onde se aceita que aquilo que é feito em uma etapa do processo
gera consequências, positivas ou negativas, numa etapa seguinte.
Prejuízo: medida financeira da perda. Quantifica o valor
econômico, social e patrimonial de um determinado bem, em
Capacidade: combinação de todos os atributos estruturais e circunstâncias de desastre ou acidente.
não-estruturais disponíveis dentro de uma comunidade, sociedade
ou organização que pode ser utilizada para atingir a resiliência.
A capacidade inclui desde a infraestrutura física, institucional e Mudanças climáticas: o Painel Intergovernamental sobre
de mobilização comunitária até o conhecimento e capacidades Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês) define mudanças
humanas como atitude, liderança e relações sociais. A medida climáticas como uma variação no estado do clima que pode ser
da capacidade abrange as possibilidades de um grupo social em medida estatisticamente com base em estudos de um longo período
comparação aos objetivos desejados. de tempo - pelo menos décadas de medição, podendo chegar a
milênios.
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MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Preparação: reúne o conjunto de ações que visam melhorar Sistema de alerta e alarme: conjunto de habilidades necessárias
a capacidade da comunidade frente aos desastres, incluindo para gerar e disseminar informações que alertem indivíduos,
indivíduos, organizações governamentais e organizações não- comunidades e organizações diante da ocorrência de uma
governamentais, para atuar no caso da ocorrência de um desastre. ameaça, a fim de que possam se preparar adequadamente e com
antecedência, para reduzir a possibilidade de ocorrência de perda ou
dano. Um sistema de alerta inclui quatro elementos fundamentais:
Resposta: abrange o conjunto de ações destinadas a reconstruir (1) o conhecimento do risco, (2) monitoramento da área, (3)
a comunidade atingida por um desastre, propiciando o seu retorno à comunicação ou a divulgação de alertas e, (4) as capacidades locais
condição de normalidade, sempre levando em conta a minimização para responder ao alerta recebido.
de novos desastres.
O alerta é o primeiro sinal para a preparação diante de uma
ameaça iminente, já o alarme é o aviso de que a ameaça já está
se concretizando. É na fase de alarme que os órgãos de resposta
Reconstrução: abrange o conjunto de ações destinadas a
entram em ação, as comunidades são evacuadas para áreas
reconstruir a comunidade atingida, propiciando o seu retorno à
seguras, a fim de minimizar perdas e danos. O sistema de alerta
condição de normalidade, sempre levando em conta a minimização
e alarme só funciona em conjunto com medidas de prevenção e
de novos desastres.
preparação comunitária.
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tornando-o mais resistente aos ventos; ou ainda construir a casa e todo o planejamento urbano de um município deve considerar
com estrutura mais alta considerando que pode haver alagamento; as ameaças a que está exposto.
e mesmo evitar a ocupação de áreas de encostas ou de vale de rios,
Temos, por exemplo, muitos prejuízos em rodovias por conta de
frequentemente expostos a inundações e deslizamentos.
cortes de terreno e diminuição de trechos que visam exclusivamente
É preciso, portanto, que a gestão de risco esteja mais latente nas a economia de recursos financeiros, sem pensar que os danos
comunidades, ampliando sua percepção de risco e refletindo em futuros podem inverter essa relação de economia.
atitudes como a limpeza dos córregos, por exemplo.
prejuízos muitas vezes irreparáveis. municípios, Estados e União no trabalho de redução de riscos de
desastres, além da participação de toda a população, organizada
Em países mais desenvolvidos ou principalmente nos países
em comunidades. Pode parecer redundante falar na gestão
orientais, o órgão de infraestrutura municipal, por exemplo, tem
integrada de risco, mas à medida que se busca inserir a comunidade
na análise de risco o ponto de partida para a construção de uma
na gestão é preciso destacar alguns pontos.
rodovia, de um hospital ou de uma escola, garantindo que suas
estruturas e sua localização sejam o menos vulnerável possível aos Não se pode mais admitir que as comunidades atribuam a
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A gestão de risco só é possível quando todos participam, e isso Desde sua criação, em 2005, são organizadas a cada dois anos as
requer uma mudança cultural. Cada um de nós, em nosso dia a Plataformas Globais de Redução de Risco de Desastre em Genebra,
dia, deve adotar atitudes que reduzam o risco, é preciso que isso Suíça. O Brasil esteve presente nas três edições (2007, 2009 e 2011)
se torne algo natural para a criança, o jovem, o adulto. oportunidades em que os países trocam experiências e atualizam as
metas para cumprimento do Quadro de Ação de Hyogo. Conheça o documento
É preciso investir na formação de redes e na conquista de reunido de Hyogo
parceiros, como os meios de comunicação, por exemplo, para que Destacam-se os compromissos de ampliar a participação e o quadro resumo,
acessando a Biblioteca.
tenham a redução de risco de desastre como um tema importante comunitária para a redução de risco de desastre, de incluir o
Saiba mais sobre
e não como algo factual quando acontecem os desastres. Na gestão tema nas prioridades do governo, de utilizar os espaços escolares
a campanha
integrada do risco, todos têm seu papel: os veículos de comunicação, para educação em redução de riscos de desastres, e enfatizar a Construindo Cidades
o poder público, os políticos, as instituições de ensino, enfim, toda importância de investir em escolas e hospitais seguros. Resilientes: Minha
cidade está se
a sociedade.
O Quadro de Ação de Hyogo prevê ainda que os países signatários Preparando, acessando
o original em inglês,
construam sua plataforma nacional de redução de risco de desastre,
através do link: http://
tarefa ainda não cumprida integralmente pelo Brasil. Um dos www.unisdr.org/
Quadro de Ação de Hyogo primeiros passos dados pelo país nessa direção é a replicação da english/campaigns/
campaign2010-2015/
Campanha Mundial organizada pela UNISDR, desde 2006.
O Quadro de Ação de Hyogo para 2005-2015: Aumento
Atualmente a campanha tem como tema Construindo Cidades
da resiliência das nações e das comunidades frente aos
Resilientes: Minha Cidade está se Preparando.
desastres é um documento criado e compartilhado
por 168 governos durante a Conferência Mundial Veja, na prática, cinco maneiras de desenvolver e construir sua
sobre a Redução de Desastres, realizada no Japão em participação na campanha:
janeiro de 2005. Trata-se ao mesmo tempo de um
Convencer Como?
compromisso e um guia de ação com vistas a reduzir Aumentar o grau de compromis- Organizando mesas redondas e
as perdas ocasionadas por desastres. Em 23 páginas, so com a urbanização sustentável, promovendo diálogos sobre políti-
reduzindo o risco de desastres em cas públicas entre as autoridades
o documento apresenta em detalhes os objetivos da todas as esferas governamentais e nacionais e locais em fóruns na-
contribuindo, em todos os níveis, cionais, regionais e internacionais,
Conferência Mundial, cinco prioridades de ação para para o processo de tomada de de- liderados pelos prefeitos, com o
os dez anos seguintes à sua elaboração, além de propor cisão. propósito de obter “pactos” nacio-
nais e locais de compromisso.
estratégias de aplicação e cumprimento.
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Aumentar o grau de conhecimento Desenvolvendo – em colaboração apoiadora. Para dar celeridade ao repasse de recursos a legislação
e melhorar o acesso às ferramen- com pesquisadores, profissionais, atual prevê que a documentação seja encaminhada diretamente
tas, tecnologia e oportunidades centros de capacitação e cidades
para o desenvolvimento de capa- que sirvam de referência – um do município para a União. Alguns Estados, entretanto, exigem
cidades para os governos e atores “Marco de Hyogo” para as autori- igualmente documentação para reconhecimento estadual e repasse
locais. dades locais, mediante um proces-
so de aprendizagem, capacitação, de recursos estaduais.
cooperação técnica e orientação
local sobre a forma de implantar
itens específicos do MAH em âm-
bito local.
Medir o progresso Como? Participação técnica, científica e política
Comunicar o progresso e o êxito Integrando a geração dos infor- Na gestão do risco, e nas ações de redução de risco de desastres, é
alcançado pelos governos locais mes globais sobre a execução
na execução dos “Dez Passos Es- do MAH e comunicando e com- importante estabelecer atribuições a três esferas de atuação.
senciais para Construir Cidades partilhando boas práticas e ex-
Mais Seguras”. periências.
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Integrar a atuação técnica à política e científica é um caminho de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina atuam na forma de
para padronizar a atuação em defesa civil no país e fortalecer o CEPED.
Sistema Nacional de Defesa Civil.
O investimento em pesquisadores que estudem, produzam
A participação técnica é, talvez, a mais antiga e ainda hoje mais a conhecimento e tragam para discussão de toda a sociedade, é
atuante no Brasil, pois se refere aos profissionais que constroem fundamental para fazer do tema de defesa civil e gestão de desastres
a defesa civil em seu dia a dia. Seu conhecimento acumulado um valor que transborde estantes e bibliotecas acadêmicas. Após
localmente faz com que alguns municípios e Estados sejam mais 2008, houve no Brasil uma evolução muito grande na pesquisa,
atuantes que outros, pois historicamente investem mais em seus mas que ainda requer aprimoramento e compartilhamento,
profissionais. principalmente das áreas de meteorologia, física, geociências,
saúde pública, comunicação e psicologia.
A participação política, especificamente em seu aspecto
legislativo, pode determinar localmente a criação da carreira de
agente de defesa civil, a exemplo de municípios como Angra dos
Reis-RJ, Rio de Janeiro-RJ, Itajaí-SC, Jacareí-SP e Cabo do Santo
Avaliação e Mapeamento de Risco
Agostinho-PE que já têm ou já abriram concurso para o cargo.
Como vimos nos conceitos, a área de risco é uma área vulnerável
Além disso, em todos os níveis do legislativo há possibilidade de
sujeita à ocorrência de um evento adverso. Isso significa que é
fortalecer a defesa civil, e propor requisitos legais para sua execução.
necessário haver fatores acumulados para a ocorrência do desastre.
A redução de riscos de desastres precisa,
Se há uma vulnerabilidade, mas não existe ameaça, não
invariavelmente, de suporte jurídico e legal para
ocorrem desastres, pois não há risco. E se há ameaça,
tornar-se prioridade na administração pública e na
mas não existe vulnerabilidade, o risco não existe.
participação comunitária.
Por exemplo, se uma chuva forte cai em uma área
urbanizada, há risco de alagamento e deslizamento.
Já o enfoque científico é importante para transformar o
Mas, se a mesma chuva cai no meio do oceano não
conhecimento técnico, o empirismo e o conhecimento do dia a dia,
representa risco algum.
em conhecimento ampliado e disponibilizado a toda a sociedade.
Para isso a Política Nacional de Defesa Civil previu a criação de Para saber quais são os locais onde existe o risco e que,
doze Centros Universitários de Estudos e Pesquisas sobre Desastres portanto, devem receber maior atenção nas ações de
para o ano de 2000. Mas ainda em 2011, apenas os estados do Rio redução de risco e desastre, é feito um mapeamento de
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MÓDULO IV - GESTÃO E REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES CAPACITAÇÃO BÁSICA EM DEFESA CIVIL
Para identificar o risco, o primeiro passo é fazer um levantamento Dentre as vulnerabilidades a serem mapeadas, uma que se
de dados históricos de recorrência de desastres. Por exemplo, para destaca é a vulnerabilidade social. A comunidade tem acesso à
considerar o risco de inundação deve-se considerar a série histórica educação, saúde e cultura? Há presença do tráfico de drogas ou
do nível do rio e das precipitações pluviométricas. Mesmo com essa outros problemas de segurança pública? Qual o nível de instrução
série em mãos, deve-se considerar que ela pode não se repetir ou da população daquela área? São perguntas que devem ser feitas
pode se alterar independente da previsão. para avaliar a aplicação de ações eficientes naquele local.
No desastre de novembro de 2008, em Santa Catarina, tivemos No campo institucional a vulnerabilidade deve considerar
uma chuva de 600 milímetros em três dias. Dentro das séries componentes e disputas políticas internas da comunidade e
históricas de chuvas, isso nunca havia sido registrado. Até 2004, não representações sociais, como igrejas, escolas e associações
havia probabilidade de furacão no Atlântico Sul. Então aconteceu o comunitárias, por exemplo.
furacão Catarina e depois dele, tivemos mais dois furacões. A partir
Outro fator importante é considerar as capacidades da
daí, o Estado passou a uma área de risco de furacão, o que era
comunidade que está na área de risco. Por muito tempo se
considerado impossível nessa parte do continente.
acostumou a considerar apenas a vulnerabilidade e a ameaça, sem
Conhecendo a relação histórica dos desastres, é hora de reconhecer levar em conta a importância da comunidade nesse processo. Os
as ameaças e as vulnerabilidades, pois aquela área que teve moradores conhecem o lugar onde moram e podem aprender a
desastres no passado pode ter sofrido modificações que ampliaram perceber o risco; além disso, possuem suas próprias capacidades
ou reduziram sua vulnerabilidade. Toda a intervenção humana de mobilização comunitária tanto para a prevenção e preparação
nessa área pode agravar ou minimizar o efeito das ameaças. quanto para a resposta ao desastre. E isso deve ser medido para
um mapeamento e uma atuação eficientes.
Como vimos, as ameaças podem ter origem natural ou
antropogênica e variam de acordo com o local analisado. Sua Por isso é importante trabalhar a percepção de risco da
incidência diante das vulnerabilidades será fator decisivo no comunidade. Ela deve saber reconhecer o risco no lugar onde vive,
momento de mapear o risco. caso contrário será resistente a uma ação.
Com todas as variáveis que esse mapa pode ter, 1974 foram construídas três barragens de contenção de cheias.
somente levantar desastres anteriores não é suficiente Foram obras fundamentais, estruturantes para a redução de risco
para mapear o risco. Isso já foi constatado na prática. de desastre e baseadas no mapeamento das áreas de risco. Mesmo
No desastre de janeiro de 2011 que afetou a região assim, em outubro de 2011 houve uma enchente que superou todas
serrana do Rio de Janeiro muitas áreas que de acordo as barragens em cinco metros, o que mostrou que é necessário um
com o histórico não eram consideradas de risco foram novo planejamento que atualize os dados.
gravemente atingidas. Esse é um exemplo real da
Diariamente novas áreas são ocupadas com casas e produção
importância de considerar todos esses fatores para o
agrícola. Isso influencia diretamente o aumento da vulnerabilidade
mapeamento.
e das consequências da ameaça também.
Depois de pronto, o mapa deve ser constantemente atualizado. a serem tomadas, a forma como os recursos serão empregados,
Essa necessidade pode ser observada no caso do Vale do Rio Itajaí, evitar o improviso e as consequências da falta de ordem gerada pelo
em Santa Catarina. É um vale que sofre com inundações registradas momento de quebra da normalidade. Para que seja abrangente,
desde 1951, quando começou a se fazer o registro histórico. Em ele deve ser elaborado em conjunto com um mapa de riscos, para
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que o cenário do possível desastre seja previamente conhecido e o • Descrição de autoridades e relacionamento entre as organizações
gerenciamento de recursos seja adequado. envolvidas, mostrando como as ações serão coordenadas. É
importante incluir nomes e contatos de autoridades e líderes
O plano considera todas as possibilidades geradas pelo desastre
locais e mantê-los atualizados, com descrição de cargos e
para estabelecer funções, responsabilidades, procedimentos gerais
equipe na normalidade e sua função na emergência, para
de alerta, reação institucional, inventário de recursos e como deve
serem mobilizados rapidamente e para que o staff de comando
ser a atuação de cada setor envolvido na resposta, autoridades
da operação esteja previamente decidido;
políticas, segurança, saúde, equipes de busca e resgate, logística,
infraestrutura, enfim, todas as equipes necessárias para as • Estabelecimento de instalações e áreas padronizadas para
operações. servir de base de operações para a organização das equipes. De
acordo com Oliveira (2010: 51), “as seis principais instalações
A elaboração do plano de contingência é feita pelas autoridades
padronizadas recomendadas pelo SCO são: posto de comando
do município, com participação das comunidades locais e
(PC), base de apoio, acampamento, centro de informações
coordenação da defesa civil. Não basta ter um plano de contingência
ao público, helibases e heliponto”.
dentro da prefeitura sem o conhecimento da comunidade, pois ele
não vai funcionar. Esse é um instrumento estratégico que deve • Descrição de como pessoas e instituições devem agir durante a
ser socializado, para que tenha a participação de todos, porque só emergência. Para isso as funções de cada membro das equipes
assim ele funciona. envolvidas na resposta devem estar bem definidas através do
Sistema de Comando de Operações, SCO. Também deve ser
O plano de contingência deve considerar informações pertinentes
prevista a participação de líderes comunitários e da própria
ao atendimento da emergência, tais como:
comunidade na resposta;
• Identificação de pessoal, equipamentos, instalações,
• Identificar ações que devem ser implementadas antes, durante
suprimentos e outros recursos disponíveis para a resposta às
e após a emergência. Um plano de contingência deve ser
emergências e como serão mobilizados;
testado através de simulações para que se mantenha atualizado
• A identificação da responsabilidade das organizações e dos e eficiente. Também deve ser amplamente divulgado para
indivíduos que desenvolvem ações específicas relativas ao conhecimento de toda a população, não apenas de autoridades
tipo de desastre mapeado que pode atingir aquele local. Por e equipes de emergência.
exemplo: técnicos especializados em enchentes, deslizamentos,
secas, etc.;
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A participação da comunidade no plano de contingência é a área, análise preliminar de risco, definição da base de dados a ser
fundamental para ampliar as capacidades que, na resposta ao adotada e caracterização dos aspectos da área que possam afetar
desastre, vão fazer a diferença na redução de perdas e danos. as emergências..
Uma comunidade treinada de acordo com um plano de Dica: Faça uma revisão da legislação, das normas, dos planos e
contingência tem conhecimento prévio das rotas de fuga e das dos mecanismos de cooperação já existentes.
medidas de emergência para sair da área de risco quando o alerta
for dado e ajudar as equipes de resposta, que durante as primeiras
48 horas após o desastre vão estar sobrecarregadas. Segundo passo: Análise preliminar de riscos de desastres
No Japão temos um exemplo de comunidades bem treinadas Uma análise de risco é fundamental para a identificação
para responder a desastres. No terremoto de Kobe, em 2005, 97% de medidas de prevenção e preparação, com consequências
das vítimas soterradas foram resgatadas por seus vizinhos. No importantes para a resposta às emergências.
terremoto seguido de tsunami que devastou a costa leste do Japão,
Dica: Sob o ponto de vista do planejamento, a análise de risco
em março de 2011, as pessoas reagiam com calma e paciência diante
auxilia a equipe de planejamento a definir quais riscos devem ser
da estrutura de colapso do país. Não houve violência, saques, nem
priorizados, quais ações devem ser planejadas e que recursos
distúrbios sociais, pois as comunidades sabiam como agir diante de
provavelmente serão necessários. Nesse aspecto, o mapeamento
uma emergência.
de risco deve ser considerado.
Quando acontece o desastre as pessoas têm de saber o que fazer,
para onde ir, qual o caminho mais seguro, como se preparar.
O conhecimento da redução de risco de desastre deve ser Terceiro passo: Identificação dos recursos existentes
compartilhado para se ampliar a cultura de resiliência. A equipe de planejamento deve conhecer os recursos disponíveis
para a resposta às emergências.
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Quarto passo: Identificação dos aspectos especiais do Componentes básicos de um plano de contingência
planejamento
A equipe de planejamento também deve identificar aspectos Um Plano de Contingência formaliza uma visão geral
específicos que possam influenciar o planejamento, tais como: das organizações envolvidas na resposta a desastres e suas
de capacitação das equipes e da comunidade, quantas são e onde Enumera os requisitos legais para as operações de emergência,
estão as vias de transporte, existência de grupos com necessidades apresenta um sumário das situações em que o plano é aplicável,
especiais, existência de áreas de interesse especial, entre outras. expõe a concepção geral das operações e atribui responsabilidades
pelo planejamento e operação em emergências.
• Distribuição.
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Anexos e Apêndices tecnológicas, enfim, tudo o que pode gerar risco ou prever ameaças.
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