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ÍNDICE

PARTE I

1 GENERALIDADES SOBRE A GUINÉ-BISSAU .................................................... 1

1.1 GEOGRAFIA .............................................................................................................................1

1.2 SITUAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA ...............................................................................1

1.3 SITUAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA .......................................................................................2

1.4 ECONOMIA DO PAÍS E SECTORES DE ACTIVIDADE ..........................................................3

1.5 PRODUÇÃO E O CONSUMO ALIMENTAR .............................................................................5

1.6 SALUBRIDADE E AMBIENTE ..................................................................................................6

1.7 ALFABETIZAÇAO, EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E ACESSO À INFORMAÇÃO .......................8

2 ESTADO DA SAÚDE DAS POPULAÇÕES ........................................................ 10

2.1 MORBILIDADE........................................................................................................................10

2.2 MORTALIDADE ......................................................................................................................12

3 O SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE .................................................................. 14

3.1 NÍVEIS E FUNÇÕES DO SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE ................................................14

3.2 AS ESTRUTURAS DE GESTÃO ............................................................................................17

3.3 AS ESTRUTURAS DE PRESTAÇÃO DE CUIDADOS ...........................................................18

3.4 A COBERTURA E A QUALIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ...................................25

3.5 AS ESTRUTURAS DE FORMAÇÃO E DE PESQUISAS .......................................................28

3.6 AS LIGAÇÕES FUNCIONAIS .................................................................................................28

3.7 O SECTOR PRIVADO ............................................................................................................29

4 PROGRAMAS NACIONAIS E SISTEMAS DE APOIO ....................................... 31

4.1 OS PROGRAMAS NACIONAIS ..............................................................................................32

4.2 OS SISTEMAS DE APOIO .....................................................................................................39

5 RECURSOS HUMANOS...................................................................................... 43
5.1 GESTÃO .................................................................................................................................43

5.2 EFECTIVOS ACTUAIS ...........................................................................................................43


5.2.1 Categorias de pessoal ..................................................................................................43
5.2.2 Distribuição dos efectivos por habitantes e por regiões (ver anexo I) ..........................43
5.2.3 Distribuição dos efectivos por estruturas sanitárias ......................................................45
5.2.4 Aspectos qualitativos ....................................................................................................45
5.3 CONDIÇÕES DE TRABALHO E MOTIVAÇÃO ......................................................................46

5.4 FORMAÇÃO............................................................................................................................47
5.4.1 Escola Técnica de Quadros de Saúde .........................................................................47
5.4.2 Escola Superior de Medicina ........................................................................................48
5.4.3 Formação Continua.......................................................................................................49
5.4.4 Formação no exterior ....................................................................................................49
5.5 MECANISMOS DE COORDENAÇÃO E QUADRO INSTITUCIONAL ...................................50
5.5.1 Comissão de Coordenação da Formação e Aperfeiçoamento Profissional
COCOFAP ....................................................................................................................50
5.5.2 Escola Nacional de Saúde ............................................................................................50
5.6 ASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS .........................................................................................50

5.7 O SECTOR PRIVADO NA SAÚDE .........................................................................................51

5.8 ASSISTÊNCIA TÉCNICA ........................................................................................................51

5.9 SÍNTESE DOS PROBLEMAS .................................................................................................52

6 APROVISIONAMENTO EM MEDICAMENTOS ESSENCIAIS ............................ 53

6.1 HISTORIAL .............................................................................................................................53

6.2 ASPECTOS INSTITUCIONAIS ...............................................................................................54

6.3 O CICLO DE APROVISIONAMENTO E OS SEUS PRINCIPAIS PROBLEMAS ...................54

6.4 0 SECTOR PRIVADO .............................................................................................................56

7 FINANCIAMENTO DO SECTOR DE SAÚDE...................................................... 57

7.1 EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO DE FUNCIONAMENTO.......................................................57

7.2 EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO PÚBLICO (PIP) .................................58

7.3 EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO FORA D0 PIP ......................................................................59

7.4 ANÁLISE D0 FINANCIAMENTO EXTERNO ..........................................................................59

7.5 OUTRAS FONTES DE FINANCIAMENTO .............................................................................60


7.5.1 Seguro de doença .........................................................................................................60
7.5.2 Iniciativa da Bamako .....................................................................................................60
7.6 ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS ............................................................................................61
7.6.1 Processo de elaboração do orçamento ........................................................................61
7.6.2 Procedirnentos de execução orçamental ......................................................................63
7.6.3 A remuneração dos funcionários pelos doadores .........................................................64
7.6.4 Consequências dos problemas relacionados com a coordenação da Ajuda Externa ..64

PARTE II

1 RESUMO DO PERFIL SANITÁRIO: SITUAÇÃO ACTUAL E TENDÊNCIAS ..... 67

1.1 PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE .................................................................................67

1.2 FACTORES RELACIONADOS COM A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DO


SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE ..........................................................................................68
1.2.1 Cobertura efectiva dos serviços ....................................................................................68
1.2.2 Factores ligados às instituições, à sua gestão e financiamento ...................................70
1.3 FACTORES RELACIONADOS COM HÁBITOS, COSTUMES E COMPORTAMENTOS ......71

1.4 FACTORES RELACIONADOS COM O CONTEXTO SOCIO-ECONÓMICO E COM O MEIO


AMBIENTE ..............................................................................................................................72

2 POLÍTICA SANITÁRIA, PRIORIDADES E ESTRATÉGIAS FUNDAMENTAIS .. 74

2.1 A POLÍTICA SECTORIAL DA SAÚDE NA GUINÉ BISSAU ...................................................74

2.2 O PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SANITÁRIO (PNDS) : OBJECTIVOS,


ESTRATÉGIAS E ACTIVIDADES PRINCIPAIS .....................................................................75

PARTE III

1 O PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SANITÁRIO - OBJECTIVOS,


ESTRATÉGIAS E ACTIVIDADES PRINCIPAIS .................................................. 82

2 ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE: QUADRO


CONCEITUAL E DESCRIÇÃO GERAL............................................................... 98

2.1 NÍVEIS.....................................................................................................................................98

2.2 FUNÇÕES DOS TRÊS NÍVEIS ............................................................................................101

2.3 AS ESTRUTURAS ................................................................................................................103

2.4 AS LIGAÇÕES FUNCIONAIS ...............................................................................................105

3 A ORGANIZAÇÃO DO "DISTRITO SANITÁRIO", INCLUINDO A DOS


CUIDADOS DIFERENCIADOS A NÍVEL CENTRAL......................................... 107

3.1 A ÁREA SANITÁRIA .............................................................................................................107

3.2 AS ESTRUTURAS DE REFERÊNCIA ..................................................................................109

3.3 A GESTÃO A NÍVEL DAS REGIÕES SANITÁRIAS : DIRECÇÕES E EQUIPAS REGIONAIS


DE SAÚDE ............................................................................................................................116
3.4 O FINANCIAMENTO COMUNITÁRIO ..................................................................................120

3.5 PERSPECTIVAS PARA O FINANCIAMENTO DOS CUSTOS CORRENTES A NÍVEL


LOCAL E REGIONAL E POLÍTICA DE PREÇOS ................................................................121

4 ESPECIFICIDADES REGIONAIS ...................................................................... 124

4.1 BAFATÁ E GABÚ ..................................................................................................................124

4.2 BIOMBO ................................................................................................................................125

4.3 BOLAMA/BIJAGÓS ...............................................................................................................126

4.4 CACHEU / S. DOMINGOS ....................................................................................................126

4.5 OIO ........................................................................................................................................127

4.6 QUÍNARA E TOMBALI ..........................................................................................................128

4.7 SECTOR AUTÓNOMO DE BISSAU .........................................................................................128

5 APOIO DO NÍVEL CENTRAL ÀS REGIÕES..................................................... 130

5.1 MISSÃO DOS PROGRAMAS ...............................................................................................130

5.2 ANÁLISE DE ALGUMAS FUNÇÕES ACTUAIS DOS PROGRAMAS ..................................131


5.2.1 Vigilância epidemiológica ............................................................................................131
5.2.2 Distribuição de preservativovs, medicamentos, anticoncepcionais, vacinas, materiais
clínicos e outros, equipamentos .................................................................................131
5.2.3 "Medicamentos Essenciais" ........................................................................................131
5.2.4 Formação ....................................................................................................................131
5.2.5 A supervisão ...............................................................................................................132
5.2.6 As pesquisas ...............................................................................................................134
5.3 INTEGRAÇÃO.......................................................................................................................134
5.3.1 A integração dos Programas Técnicos Centrais .........................................................134

6 DESENVOLVIMENTO E FORMAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS............. 136

6.1 OBJECTIVOS, ESTRATÉGIAS E METAS ...........................................................................136

6.2 REDISTRIBUIÇÃO E REFORÇO DA GESTÃO DO PESSOAL DE SAUDE .......................137


6.2.1 Necessidades futuras em recursos humanos .............................................................138
6.3 MOTIVAÇÅO .........................................................................................................................140
6.3.1 Habitação ....................................................................................................................140
6.3.2 Salario e subsidios ......................................................................................................141
6.3.3 Carreira .......................................................................................................................142
6.4 REFORÇO INSTITUCIONAL E DO PROCESSO DE GESTÃO DOS RECURSOS
HUMANOS A NÍVEL CENTRAL E REGIONAL ....................................................................142
6.4.1 Desenvolvimento de programas de formação contínua coordenados com os
mecanismos de supervisão ........................................................................................142
6.4.2 Escola Nacional de Saude ..........................................................................................143
6.4.3 Bolsas de Estudo e Especialização ............................................................................143
6.4.4 A organização e modernização de processos da Direcção de Recursos Humanos ..143
6.5 SSIDADES EM ASSISTÊNCIA TÉCNICA ............................................................................144

6.6 INDICADORES .....................................................................................................................145

7 IEC E COLABORAÇÃO INTERSECTORIAL .................................................... 146

7.1 INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO................................................................146

7.2 COLABORAÇÃO INTERSECTORIAL ..................................................................................147


7.2.1 O finaciamento comunitário, administração territorial e questões juridicas ................147
7.2.2 Coordenação intersectorial e IEC ...............................................................................148
7.2.3 Infraestruturas e comunicação ....................................................................................148
7.2.4 Desenvolvimento dos recursos humanos ...................................................................149

8 A GESTÃO DO PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SANITÁRIO . 150

8.1 QUADRO ORGÂNICA E INSTITUCIONAL DO MINSAP .....................................................152


8.1.1 Quadro orgânico .........................................................................................................152
8.1.2 O processo de Descentralização ................................................................................154
8.2 PLANIFICAÇÃO, SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO .................................................................154
8.2.1 O Ciclo de planificação ...............................................................................................154
8.2.2 O Sistema de Informação Sanitária e o Centro de Informação e Estatística ..............157
8.2.3 A Coordenação da Ajuda Externa - Mesas redondas anuais de seguimento
do PNDS .....................................................................................................................161
8.2.4 Os procedimentos e a Gestão administrativa e financeira : o reforço
institucional da DAF ....................................................................................................163
8.3 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO PNDS ..............................................................................164

9 ORÇAMENTO DO PNDS E PERSPECTIVAS PARA O FINANCIAMENTO


DO SECTOR ...................................................................................................... 166

9.1 O ORÇAMENTO DO PNDS ..................................................................................................166

9.2 FINANCIAMENTO DO SECTOR: PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO .................................171


Minsap - Guiné-Bissau 1 PNDS - 1997-2001

PARTE I

1 GENERALIDADES SOBRE A GUINÉ-BISSAU

1.1 GEOGRAFIA

A Répública da Guiné-Bissau fica situada na Costa Ocidental da África, limitada a Norte pela
República do Senegal, a Leste e Sul pela República da Guiné-Conakry e a Oeste pelo Oceano
Atlântico. A sua superfície total é de 36 125 Km2 dos quais apenas 27 700 Km2 constituem a
superfície emersa devido à fraca elevação do país, relativamente ao nível médio das águas do mar; as
marés penetram no interior até cerca de 150 km, fazendo com que algumas áreas fiquem parcial ou
totalmente inacessíveis durante parte do ano.

O país é constituído por uma parte continental e uma parte insular que engloba o Arquipélago de
Bijagós, composto por cerca de 90 ilhas e ilhéus, dos quais sòmente 17 são habitados.

Podem-se identificar essencialmente três zonas, uma costeira no Oeste, uma de transição no centro,
caracterizada por planaltos ligeiramente ondulados e uma zona de planalto e de colinas na Região de
Boé.

A topografia favorece a existência de duas zonas de alta potencialidade produtiva, as zonas


influenciadas pelas marés e as zonas circundantes às grandes bacias dos Rios Geba e Corubal,
devido à grande disponibilidade de águas superficiais. O rio Corubal, cuja corrente é muito rápida
favorece o habitat dos simulídeos, moscas portadoras da filaria Onchocerca volvulos, o agente
infeccioso causador da oncocercose.

Na Guiné-Bissau verificam-se duas estações climáticas, uma seca que vai de Novembro a Abril e
outra de chuva que se estende de Maio a Outubro, estando as duas condicionadas pelo regime dos
ventos. No Norte-Leste o clima é do tipo "sudanês" com muito calor e pouca humidade, enquanto no
Sul o clima é do tipo "sub-guineense", caracterizado por uma forte precipitação e temperaturas menos
elevadas. A precipitação pode alcançar níveis aproximados de 2500 mm no Sul, enquanto no Norte
têm sido registadas precipitações da ordem dos 1400 mm. Tem-se verificado desde a década de 50
uma tendência progressiva de declínio das precipitações.

1.2 SITUAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA

Ex-colónia portuguesa, a independência da Guiné-Bissau foi proclamada unilateralmente pelo PAIGC


(Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo-Verde) em Setembro de 1973, após uma Luta
Armada de Libertação Nacional que durou cerca de 12 anos, tendo vindo a ser reconhecida por
Portugal em Setembro de 1974.

Administrativamente o país está dividido em 8 (oito) regiões e 1 (um) sector autónomo, a saber as
Regiões de Bafatá, Biombo, Bolama/Bijagós, Cacheu, Gabú, Oio, Quínara, Tombali e Sector
Autónomo de Bissau, a capital. As regiões estão por sua vez divididas em sectores ( 36 no total) e
estes em secções, compostas por " tabancas" (aldeias). As regiões e sectores são dirigidos por
Comités de Estado, encabeçados por um Presidente. As administrações regionais e sectoriais
dispõem de escassos recursos para o seu financiamento, sobretudo materiais e humanos. A
perspectiva das eleições autárquicas poderão eventualmente conduzir à implantação de verdadeiros
órgãos autónomos com meios e poderes para promover a desejada planificação regional e local e
respectiva execução com vista ao real desenvolvimento económico e social das regiões.
Com base na legitimidade histórica de ter conduzido a Luta de Libertação Nacional, o PAIGC atribuiu-
se o estatuto de única força política dirigente da sociedade, à imagem de muitos estados africanos
recentemente criados, situação que preveleceu até 1991.
Minsap - Guiné-Bissau 2 PNDS - 1997-2001

A liberalização política culminou com a realização de eleições pluralistas no segundo semestre de


1994, tendo o PAIGC ganho as mesmas por maioria absoluta e por conseguinte formado o governo.

A maioria dos quadros dirigentes da administração pública carece ainda de formação específica em
matéria de gestão e de administração. Estas limitações explicam substancialmente a instabilidade
institucional e as barreiras que se verificam no processo de consolidação das instituções. Neste
contexto qualquer exercício de planeamento e respectiva implementação revelam-se por enquanto
bastante complicados, ainda que imprescindíveis, especialmente no âmbito do PAE que continua a
impôr limites orçamentais aos vários departamentos do governo, implicando em severas restrições à
capacidade de intervenção pública.

Devido às profundas mudanças ocorridas após o início do processo de democratização tem-se feito
esforços no sentido da instauração progressiva de um estado de direito. As revisões constitucionais
feitas em 1991 e 1993 reconhecem a separação dos poderes legislativo, executivo e judicial e
proporcionam um quadro mais favorável à harmonizção da organização adminsitrativa dos diferentes
ministérios .

Apesar da necessidade e dos benefícios resultantes da ajuda externa, a actuação concorrencial dos
diferentes parceiros e doadores encontra-se entre os factores exógenos que exercem maior pressão
sobre o já fraco sistema administrativo. Na falta de um mecanismo eficiente de coordenação, cada um
tenta, evidentemente, fazer prevalecer idéias e metodologias próprias, muitas vezes contraditórias ou
mesmo encerrando potenciais conflitos. As propostas ou projectos apresentados nem sempre se
coadunam com as reais necessidades e capacidade de gestão do país, tanto mais que a maior parte
dos recursos humanos qualificados são absorvidos pelas administrações e serviços técnicos dessas
mesmas organizações.

Apesar da vontade amiúde manifesta os doadores difícilmente conseguem actuar em


complementaridade e de forma coordenada. Esta situação dificulta sobremaneira a elaboração e
implementação de planos integrados, quer a nível nacional, regional ou local; revela-se com bastante
acuidade a necessidade de todos os parceiros reforçarem o empenho em contribuir de forma concreta
e sistemática no reforço da coordenação e integração das acções, assim como na capacitação e
utilização racional dos recursos humanos, quer ao seu nível, como ao nível do Estado. Só deste
modo poderão ter interlocutores válidos e a garantia de resultados encorajadores relativamente às
acções por eles apoiadas.

1.3 SITUAÇÃO SÓCIO-DEMOGRÁFICA

O Recenseamento Geral da População e Habitação, realizado em dezembro de 1991 pelo Instituto


Nacional de Estatísticas e Censo apresenta o número aproximado de 1(um) milhão de habitantes,
representando um aumento de cerca de 215 628 pessoas em relação ao censo anterior (1979) e uma
taxa de crescimento médio anual de 2.3%, no período entre 1979 e 1991. Trata-se assim de um país
com uma densidade de 30 habitantes por Km2. Os efectivos da população do SAB permitiram
confirmar as tendências sempre crescentes do êxodo rural, tendo-se verificado uma taxa média de
crescimento anual de 5%, superior ao dobro da taxa média global. As mulheres representam 51.6% da
população contra 48.4% de homens.

A esperança de vida à nascença é uma das mais baixas do continente africano, a saber 44 anos
(1990).
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Culturalmente observam-se dois grupos principais, os animistas, que predominam nas zonas
costeiras e os muçulmanos no leste. Entre os animistas o grupo maior é representado pelos balantas,
que são igualmente o maior grupo étnico do país; os demais grupos são constituídos por manjacos,
papéis, mancanhas, beafadas,bijagós, felupes, nalús. Os muçulmanos são essencialmente
representados por fulas e mandingas.

A presença de tão grande diversidade étnica determina a existência de um mosaico linguístico no qual
se podem reconhecer cerca de 30 línguas.

Apesar da riqueza incontestável que constitui o património linguístico, não deixa de constituir uma das
grandes limitações no contacto dos técnicos de saúde com as populações e à produção e difusão das
mensagens de saúde. O crioulo, simbiose das línguas dos povos colonizadores, o português muito
particularmente, e as línguas autóctones desempenhou durante a Luta Armada de Libertação Nacional
um papel de extrema importância como factor de comunicação e unificação; é actualmente
considerado língua franca do país, na medida em que é falado por mais de 50% da população,
sobretudo urbana.

Os baixos níveis de informação, alfabetização e escolarização favorecem a persistência de algumas


tradições e costumes nocivos à saude, nomeadamente de:
• precários hábitos de higiene, favorecendo doenças como as parasitoses, infecções dermatológicas,
cólera e outras.
• atribuição das causas das doenças a factores místicos resultando na rejeição dos serviços de
saúde ou recurso tardio às mesmas, provocando grande parte das vezes em fatalidades.
• práticas nefastas á saúde da mulher e da criança, tais como o casamento/maternidade precoces e
a excisão, que aumentam indubitàvelmente o risco de morbi-mortalidade materna e infantil ; a
sedução e o abuso sexual de raparigas
• repartição inequitável dos alimentos no seio da familia, em desfavor das crianças e mulheres
• reduzida percepção da importância da prevenção da doença e promoção da saúde na contribuição
para o bem-estar e o desenvolvimento

1.4 ECONOMIA DO PAÍS E SECTORES DE ACTIVIDADE

A Guiné - Bissau está classificada entre os países menos avançados, com um PNB inferior a 240
USD/habitante. O Relatório Mundial sobre o desenvolvimento humano de 1995 coloca a Guiné-Bissau
no 163º lugar num total de 174 países, com um Índice de Desenvolvimento Humano de 0,212 (PNUD,
1996).

Os sistemas de produção no país representam estratégias de sobrevivência com a finalidade de


assegurar uma renda familiar adequada. Assim as principais actividades são a agricultura, a criação
de animais e a pesca. Tanto na zona rural como urbana a força de trabalho reside nos adultos,
(principalmente as mulheres) e nos filhos maiores, constituindo pouco mais de metade da população (
a percentagem da população potencialmente activa, dos 15 aos 45 anos é de 53.4% )( INEC,1991).

Os produtos estratégicos para exportaçao são o peixe, a madeira e a castanha de cajú; ainda que
ocupando uma posição menos importante são ainda exportados o óleo de palma, o coconote , o
algodão e outros produtos agrícolas, sobretudo para os países vizinhos através das fronteiras
terrestres. Poderão constituir importante contribuicão para a economia a exploração de bauxite e de
petróleo. A exploração de bauxite favoreceria igualmente o desenclavamento da regiao do Boé, com
repercursoes extremamente positivas relativamente ao acesso aos serviços de saúde e a reduçao dos
custos dos investimentos e serviços.
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Um dos problemas maiores da economia do país reside na fraqueza das suas infrastruturas e
estruturas de produção, tanto agrícolas como industriais. O nível embrionário do desenvolvimento
industrial, aliado a uma agricultura fortemente centrada no principal produto de exportação, a castanha
de cajú, condiciona o país a satisfazer as suas necessidades em bens de consumo através da
importação. O nível modesto das exportações provoca um desequilíbrio da balança comercial. Em
1994 o déficit era de 9,6 milhões de USD.

Outro problema importante da economia guineense é o peso da dívida pública que é actualmente
cerca de 900 milhões de dólares americanos. A dívida comercial foi reduzida de 26% a 5% entre 1987
e 1994, enquanto as dívidas bilaterias e multilaterias aumentaram respectivamente de 50% e 45%.

Apesar de continuarem a ser os principais sectores económicos do país a agricultura e a indústria


acusam uma diminuição notável da sua contribuição ao PIB, a favor do comércio, dos serviços e da
construção.

Nos primeiros cinco anos de governação na Guiné-Bissau a planificação da economia foi marcada por
estruturas, métodos e princípios extremamente centralizados, com a adopção de políticas cambiais
irreais, a assumpção de custos de um sector público não produtivo, o pagamento de importações sem
a contrapartida de uma adequada renda nacional e de um investimento sólido no sector mais
produtivo, o agrícola. Foi inevitável uma crise macroeconómica séria, traduzida por enormes déficites
orçamentais, financiados cada vez mais pelo Banco Central, e uma dependência crescente do
financiamento externo, contribuindo para alimentar a inflacção. Esta crise engendrou uma mudança na
liderança política em 1980 e o primeiro período de estabilização económica e ajustamento estrutural.

Com a adopção do 1º.Programa de Ajustamento Estrutural (PAE), 1987-89, iniciou-se uma nova fase
de governação que enveredou por uma orientação económica de tipo liberal, em que o Estado se
desengaja de certas funções a favor do sector privado e da sociedade civil, preferencialmente numa
visão de curto prazo. É assim suprimido o monopólio do comércio e o controle dos preços pelo
Estado, salvo os relativos aos produtos derivados do petróleo; o Banco Nacional inicia uma reforma
financeira, com a separação das funções do Banco Central, de financiamento do comércio e de
financiamento do desenvolvimento (Guiné-Bissau, Conferência da Mesa Redonda, Genebra, 29-30
Nov.94).

O segundo PAE (1990), cujo objectivo era implementar as reformas sociais, monetária, financeira e
as privatizacões, foi suspenso em 1992 devido à falta de cumprimento das condicões exigidas,
principalmente as relativas às politicas financeiras.

Em 1993 os indicadores revelavam ainda uma inflacção galopante e uma grande depreciação do Peso
Guineense no mercado paralelo, uma acumulação considerável dos atrasados da dívida e uma
compressão da actividade económica, pelo que as autoridades decidiram implementar o «Programa
Sombra» que permitiu a estabilizaçao de equilíbrios macro-financeiros e estruturais, cuja execução
foi seguida pelos serviços do FMI, tendo resultado numa melhoria substancial da situação, a saber: a
redução da taxa de expansão da massa monetária de 111% (1992) a 40,5% (1994), a redução da
distorsão das taxas de câmbio, a redução das despesas públicas, o aumento da taxa de crescimento
real da economia de 2.75%, a queda da taxa de inflacção para 30% (88% em 1992), a redução do
déficit das operações correntes com o estrangeiro, apesar da deterioração dos termos de troca (idem).

No entanto a não implementação de medidas fiscais complementares previstas contribuiram para a


redução das receitas públicas; as reformas da função pública e das empresas privadas foram
conduzidas a um ritmo mais lento do que previsto. A dívida externa é equivalente ao triplo do PIB e o
serviço da dívida externa é equivalente a 100% das exportações de bens e serviços não factoriais.

O governo reconhece que apesar dos progressos atingidos em 1993, subsistem desequilíbrios
macroeconómicos consideráveis que o obrigam a prosseguir a aplicação de uma política financeira
restritiva, combinada com medidas estruturais severas para que o país possa atingir os objectivos de
crescimento satisfatório, de estabilidade dos preços de diversificação das exportações e, ulteriormente
de viabilidade externa, tendo elaborado neste sentido, em Junho de 1994, em conjunto com o Banco
Mundial e o FMI, o Documento Quadro de Política Económica e Financeira para 1994-97 (PFP).
Em Janeiro do corrente ano foi formalizada a integração do país na União Económica Monetária Oeste
Africana (UEMOA) e na União Monetária Oeste Africana (UMOA). A data oficial para o início da
mudança da actual moeda (peso) para o Franco CFA é o dia 2 de Maio de 1997. Perspectaiva-se
Minsap - Guiné-Bissau 5 PNDS - 1997-2001

uma maior estabilidade económica e um maior rigôr na gestão. Prevê-se que inicialmente, durante o
período de adaptação o recrudescimento de algumas dificuldades financeiras para as populações,
consequentemente de alguns problemas sócio-económicos.

1.5 PRODUÇÃO E O CONSUMO ALIMENTAR

Os cereais constituem as principais culturas alimentares destinadas ao consumo interno e, no seu


seio o arroz assume inquestionàvelmente a posição mais importante. O conjunto dos outros cereias é
principalmente representado por milho bassil, sorgo, fonio,etc. Durante o período de 1988 a 1992,
verificou-se uma evolução significativa na produção de arroz, tendo passado de 88 para 116 mil
toneladas, o que representa um aumento aproximado de 13%. Em 1992 esse aumento sofreu uma
redução de 6%. A produção dos outros cereais, durante o mesmo período variou em média de 44 a 56
mil toneladas para depois diminuir em 20%. (Inquérito Agrícola, DEA).

Embora os tubérculos (mandioca, inhame, batata-doce, manfafa) sejam considerados de segundo


plano na alimentação a sua produção é feita em todo o país, tendo começado a ganhar maior
importância, devido provàvelmene à liberalização do mercado.

O clima e a morfologia variada dos solos na Guiné-Bissau favorecem a fruticultura e a horticulttura.


Assim uma grande variedade de frutas é produzida no país: mangas, citrinos, bananas, papaias,
ananás, cola, goiaba, etc. Existe também uma grande variedade de frutos silvestres: "cabaceira",
"veludo", "fole", " miséria", "mandiple", "tamarina", "manpataz", "banana santcho", "manganaça", etc.
Alguns legumes silvestres também são consumidos com muita frequência, tais como folhas de "
baguitche", de amarante, de mandioca, de batata-doce, de inhame, de abóbora, de "cabaceira", etc..
Toda esta variedade de produtos pode ser utilizada quer no estado natural, quer em preparações,
quer em sumos, sorvetes, como até sob forma de medicamento, conforme os casos.

A castanha de cajú é a principal cultura de exportação, seguida da cana sacarina e da mancarra.

A pecuária contribui em pelo menos 10% do PIB agrícola (5 % PIB total) (1993, FAO, BAD, FIDA).
Dentre os produtos de origem animal destacamos as carnes bovina, ovina, caprina, de porco, aves e
leite de vaca.

Devido à extensão da sua zona costeira (200 km) e à área da sua plataforma continental (38 000
km2), a Guiné-Bissau apresenta uma grande potencialidade haliêutica.

O modelo de consumo alimentar guineense permanece do tipo tradicional agrícola, à base de cereais
(arroz fundamentalmente), gorduras (entre as quais o óleo de palma é a mais importante), alguns
produtos hortícolas associados a um pouco de peixe. A diversificação da dieta é proporcional ao
aumento do poder aquisitivo e ascensão social dos individuos.

O consumo de calorias per capita/dia é de 1874 Kcal, quer dizer ligeiramente acima da recomendação
mínima da FAO para a manutenção dos requerimentos diários. A percentagem de gorduras e
proteínas é aceitável. Suiblinhe-se que as principais fontes de proteína são os produtos do mar e o
arroz, o que se explica por um lado pelos preços proibitivos para a maioria da população e por outro
por razões culturais, sendo a carne reservada para as grandes cerimónias e rituais tradicionais.

As mulheres desempenham um papel capital na produção de alimentos quer relativamente à


agricultura, sobretudo de subsistência, à pecuária e a pesca, como na conservação, transformação e
comercialização dos alimentos. Reconhece-se actualmente que cerca de 70% das actividades
agrícolas são feitas pelas mulheres (1994, A mulher vista pelo censo 91).

Apesar desta contribuição crucial, inclusive nos períodos de maior vulnerabilidade fisiológica, assim
como as crianças ela é vítima de descriminação no que respeita a repartição familiar dos alimentos,
tanto em quantidade como em qualidade. A quase totalidade dos tabús alimentares dizem respeito
às mulheres e crianças, especialmente nos períodos de maior risco, a gravidez, a amamentação e a
primeira infância.
Minsap - Guiné-Bissau 6 PNDS - 1997-2001

Dados de um estudo do UNICEF (1989) apontam uma incidencia média de recém-nascidos em


hospitais entre 1984 e 1985 da ordem de 17% com baixo peso.

A situação do estado nutricional das crianças no 1º semestre de vida é favorecida pelos apreciáveis
índices de amamentação. A introdução tardia, aleatória e incorrecta de suplementação alimentar
prejudica o crescimento e desenvolvimento posteriores das crianças a partir dos 6 meses até aos 3
anos de idade, altura em que as crianças adquirem maior autonomia relativamente à satisfação das
suas necessidades alimentares (colecta de alimentos silvestres e outros) e maior capacidade de
disputar com os mais velhos o prato familiar. O último inquérito nacional sobre a situação nutricional,
realizado no ambito do projecto «População, saúde e nutrição», financiado pelo Banco Mundial e
executado pelo ILADAP e o MINSAP, data de 1991 e revela que 58,6% das crianças menores de 5
anos se encontravam abaixo de 1 desvio padão e 32,9% abaixo de 2 desvios-padrão relativamente ao
indicador peso/idade. Mais de metade portanto das crianças guineenses encontram-se em situação de
risco nutricional.

A mesma fonte refere-se ao Índice de Massa Corporal de Quetelet que aplicada à população adulta
revela que 40% desta se encontra em risco de má nutriçáão.

Dados hospitalares sugerem que 70% das mulheres sofrem de anemia, provavelmente ferripriva,
associada às parasitoses e ao enorme dispêndio de energia. Sublinhe-se o já referido baixo consumo
de carnes, demais alimentos ricos em proteinas e o aparente consumo insuficiente de folhas verdes,
ricas em ferro e vitamina A. No que respeita os demais micronutrientes existem dados disponíveis
sobre a carência de iodo que revela uma situação grave para as regiões de Bafatá, Gabú e uma parte
da região de Oio (sectores de Farim e Mansabá). É de sublinhar o facto dessas regiões responderem
às características gerais identificadas para as regiões com carência de iodo, a saber o distanciamento
relativamente ao mar e o baixo consumo de produtos haliêuticos frescos.

Apesar da Guiné-Bissau não ser autosuficiente do ponto de vista alimentar, os níveis e características
de consumo anteriormene referidos sugerem que as causas da má nutrição não seriam
fundamentalmente imputáveis à produção e disponibilidade alimentar, mas sobretudo aos
conhecimentos sobre as necessidades nutricionais, dos factores e população de risco, das
possibilidades de diversificação e equilíbrio alimentar através de um melhor aproveitamento dos
recursos alimentares disponíveis localmente. Trata-se em suma de um problema de segurança
alimentar das famílias atribuível ao baixo nível de informação e educação, agravado pelo contexto de
pobreza generalizada.

1.6 SALUBRIDADE E AMBIENTE

Atribui-se ao clima e às condiçoes de salubridade da água e do ambiente, aliadas a práticas


inadequadas de higiene uma posição importante entre as causas de doenças infecciosas,
contribuindo, na Guiné-Bissau com cerca de 9% da mortalidade geral e mais de 50% das mortes
infantis. Referimo-nos aos cinco grupos de doenças ligadas a água e ao ambiente:
• as diarréias, desinterias e febres entéricas
• as doenças virais, tal como a poliomielite e hepatite A
• parasitas sem hospedeiro intermediário como o anquilostoma; parasitas com hospedeiro aquático
intermediário, como o clonorchis; parasitas com um animal como hospedeiro, como a ténia do
porco
• doenças transmitidas por insectos vectores que necessitam de água para proliferar, como os
mosquitos vectores do paludismo e das moscas vectoras da oncocercose
• doenças da pele e dos olhos, tais como o tracoma e scabiose.
a) Aprovisionamento em água

A DGRN do MEIRN publicou em Novembro de 1995 um relatório sobre a «problemática da água e do


saneamento na Guiné-Bissau», cujos estratos mais pertinentes para este documento passamos a
transcrever.

As águas subterrâneas constituem o recurso utilizado para o aprovisionamento em água potável. Ele é
utilizado de forma limitada também para a irrigação e abeberamento do gado.
Minsap - Guiné-Bissau 7 PNDS - 1997-2001

A água é em geral de boa qualidade, verificando-se em alguns casos teores de ferro e de salinidade
superiores aos limites de potabilidade. O teor em ferro verifica-se mais no leste e a salinidade no
ocidente. A estrutura aquífera ao sul do rio Geba é pouco conhecida, nomeadamente no Arquipélago
de Bijagós e poderá incluir lençóis de água salgada. Os níveis pizométricos estão próximos del nível
do mar, o que faz com que a inclinação da superfície pizométrica seja muito pequena.

A construção de furos e de poços viu-se confrontada a determinados problemas como a invasão de


areia, a utilização de materiais não adaptados à propriedade corrosiva da água, a secagem dos poços,
a intrusão do sal, a poluição dos lençóis por falta de isolamento, a qualidade da água não aceite pela
população. Tendo em conta a complexidade hidrogeológica da Guiné-Bissau, convém que qualquer
furo seja precedido pela elaboração de um projecto que tenha em conta as condições hidrológicas
locais; inquéritos no terreno ou estudos geofísicos podem ser necessários.

Em 1991 a exploração das águas subterrânea foi estimada em 15 milhões de m3; um terço deste
volume era destinado ao Sector Autónomo de Bissau.

Sòmente 28 % da população, ou seja 26% em meio rural e 36% em meio urbano, declararam em 1991
ter acesso à água potável em quantidade e qualidade ( «taxa de satisfação»). No entanto a existência
de 2155 pontos de água construídos em todo o país implica uma cobertura teórica superior à taxa de
satisfação declarada pela população. A diferença poderá ser explicada pela sub utilização dos pontos
de água construídos ou porque certos pontos de água necessitam de reabilitação ou ainda porque a
população opta pela utilização das fontes face à alternativa de pagamento da reparação e
manutenção das bombas manuais. A DGRN realiza um inquérito nacional ao nível rural para avaliar a
situação real relativamente ao estado de aprovisionamento em água e saneamento.

A taxa de satisfação acima mencionada deverá aumentar devido à incidência de 900 novos pontos de
água que estão a ser construídos por projectos nas regiões de Gabú, Bafatá, Oio, Cacheu e Biombo.
A conclusão destes projectos em 1998 determinará uma cobertura em aprovisionamento em água
potável rural de 52%, o que aumentará a taxa de satisfação nacional em água potável para 48%. Após
a conclusão destes projectos as regiões ainda deficitárias (com uma cobertura em água potável
inferior à media) serão Tombali, Bissau, Bolama e Bafatá.

O consumo nacional anual de água potável foi estimado em 1991 em 6.2 milhões de m3. As
necessidades em água potável ao nível nacional seriam de 26 Milhões de m3/ano em 2001. Esta
estimação foi baseada numa perspectiva de um crescimento populacional do mesmo rítmo que no
período de 1980-1990 e uma cobertura completa da população com um aprovisionamento moderno.

De forma geral pode-se considerar que os recursos em água satisfazem largamente as necessiades,
devendo-se considerar com cautela as necessidades das zonas costeiras e nas bacias, onde os
recursos em água são limitados.

b) Saneamento

Sem medidas sanitárias relativas ao controle das águas usadas e das excreta, como complemento
dos projectos de aprovisionamento em água potável, o impacto deste último sobre a melhoria da
saúde da população não terá o impacto desejado.

Poucos investimentos foram orientados para o saneamento. No centro de Bissau existe uma antiga
rede enterrada de colecta de águas pluviais; esta rede é vetusta e a maioria das valas já não funciona.
Em sete bairros populares, circundando o centro da cidade foram construídos canais betonados a céu
aberto. Os bairros mais periféricos não dispõem de drenagem para as águas pluviais.

Em Bissau existe um só esgoto que já não está operacional e servia o Hospital Simao Mendes. As
casas do centro da cidade são equipadas de fossas sépticas, por vezes ligadas aos colectores de
águas pluviais, por vezes a fontes. Não existe serviço moderno de limpeza das fossas.

Estima-se que a populaçao coberta com instalaçõoes adequadas de saneamento é da ordem de 30%
(UNICEF - 1995). A grande maioria das habitações dos bairros populares está equipada de fossas
simples não ventiladas as quais são deslocadas quando cheias.

A falta de capacidade de gestão das autoridades locais para a evacuação do lixo doméstico constitui
Minsap - Guiné-Bissau 8 PNDS - 1997-2001

um grande problema, sendo o lixo muitas vezes deitado nos canais das águas pluviais. Os locais de
descarga de lixo não estão preparados.

Não existem redes de águas usadas nem de colecta de lixo sólido nos centros semi-urbanos; sòmente
alguns canais betonados ao longo das principais vias permitem o escoamento das águas pluviais.

Está previsto um estudo de viabilidade do projecto de saneamento para Bissau e três outros centros, o
que deverá contribuir para estabelecer critérios técnicos, de gestão e institucionais para o
desenvolvimento das futuras instalações sanitárias. Relativamente ao meio rural estima-se em torno
de 20% (UNICEF, 1995), a taxa de população coberta por instalações sanitárias, mesmo muito
rudimentares. Segundo um inquêrito nacional de Março 1997, efectuado conjuntamente pelo MEIRN e
o MINSAP, a proporção que utiliza latrinas tradicionais situa-se a volta de 38%.

O relatório da DGRN sublinha que o desenvolvimetno do saneamento passa por um esforço de


concertação entre as instituições implicadas (MINSAP, MEIRN , Equipamento Social, autoridades
locais), orientada primeiro para a recolha de informação sobre os reais problemas de higiene sanitária
e ambiental, assim como para a necessidade real da população em saneamento. Esta análise deveria
ser completada pela elaboração de um plano de acção baseado na participação das comunidadees e
a utilização de tecnologias sustentáveis.

A recente epidemia de cólera demonstrou a urgência de realizar um esforço particular no que respeita
a educação sanitária e ambiental da população, a fim de se conseguir a diminuição das doenças de
origem hídrica através de uma mudança de atitude relativamente aos hábitos de higiene.

1.7 ALFABETIZAÇAO, EDUCAÇÃO, FORMAÇÃO E ACESSO À INFORMAÇÃO

A Guiné-Bissau é um país que apresenta uma taxa de analfabetismo de adultos da ordem dos 80% e
uma taxa de escolarizaçao de 40%. A imprensa escrita atinge òbviamente uma pequena parte da
população alfabetizada, essencialmente concentrada na capital, ainda assim com extrema
irregularidade.

A alfabetização está inserida no sistema de ensino de adultos e jovens em dois níveis, o formal e o
não formal. O nível formal opera através dos cursos nocturnos, cujos programas carecem ainda de
adaptação aos interesses e perfis dos grupos alvos; visa atender os adultos que pretendem ser
alfabetizados, mas devido à insuficiente capacidade do ensino diurno, acaba por absorver também as
crianças, contribuindo assim para aumentar os riscos de violências contra as raparigas,
gravidez/maternidade precoce e abandono escolar por parte das raparigas. Razões ligadas ao
precário fornecimento de energia eléctrica limitam o funcionamento dos cursos nocturnos à capital.
Minsap - Guiné-Bissau 9 PNDS - 1997-2001

O nível não formal foi caracterizado em 1976 pela campanha de alfabetização, cujo objectivo era
alfabetizar mais de 505 adultos e permitir aos camponeses retomarem a sua vida politica, sócio-
cultural e possibilidades económicas e financeiras das famílias. Uma das finalidades da campanha era
favorecer o aumento da produção e da produtividade. Os resultados evidenciaram-se muito aquèm
dos esperados, tendo a causa fundamental sido atribuída ao problema da língua de ensino, o
português, que não é falado pela esmagadora maioria da população.

De 1980 até à data presente a alfabetização tem sido inserida em outros projectos e programas
sociais e/ou de desenvolvimento, nomeadamente os projectos de Desenvolvimento Rural Itegrado,
mais conhecido por «alfabetizaço funcional;». Além do português, o crioulo e outras línguas locais têm
sido utilizadas na alfabetização, consoante o perfil dos beneficiários e a finalidade do processo de
ensino.

A alfabetização continua a ser uma das prioridades no âmbito da definição da política de ensino no
país e várias iniciativas muito recentes, ligadas sobretudo ao desenvolviemnto do movimento das
ONG preconizam o relançamento desta acção, integrando outras componentes sociais e económicas
de forma mais efectiva, tais como saúde, nutrição, planeamento familiar, economia doméstica,
contabilidade e gestão financeira, etc.

Os canais de mass-média são ainda muito limitados no país. Teòricamente a Rádio Difusão Nacional
(RDN) deveria cobrir todo o território nacional, operando em AM e FM, mas na realidade atinge a
capital e uma pequena percentagem da população rural. Em 1995 verificou-se uma explosão de rádios
privadas, existindo actualmente em nº de 4, sendo uma das quais comercial, 2 privadas, uma
estação da Rádio França Internacional (RFI) e uma da Rádio Difusão Portuguesa (RDP). Começam e
emergir também as rádios comunitárias, existindo actualmente 1 no Bairro de Quelélé em Bissau, 1
em S.Domingos (norte) e 1 em Cubucaré (sul), todas instaladas com o apoio de uma ONG nacional.

As rádios privadas não garantem por enquanto a cobertura de todo o país e apresentam um nível
ainda incipiente de programas de informaçao e educaçao de massas. Alguns programas de saúde são
emitidos quase diàriamente em português, crioulo e outras línguas locais.

A cobertura da Televisão da Guiné-Bissau (TV-GB) deveria também cobrir todo o território nacional
mas a sua cobertura efectiva reduz-se à capital e outros centros urbanos do interior do país. Dos 300
aparelhos financiados pelo governo português, foram instaladas menos de 50 televisores comunitários
e grande parte encontram-se confrontados com problemas de manutenção.

Actualmente não são difundidos programas regulares de saúde pela TV-GB. Os produtores
evidenciam interesse em emitir tais programas, mas referem dificuldades de ordem financeira e
material, tais como transporte, equipamentos técnicos , etc. A crise no fornecimento de energia
eléctrica condiciona sobremaneira a utilização dos aparelhos de televisão.
Minsap - Guiné-Bissau 10 PNDS - 1997-2001

2 ESTADO DA SAÚDE DAS POPULAÇÕES

2.1 MORBILIDADE

Paludismo, diarréias e infecções respiratórias agudas são as razões mais frequentes de consulta,
tanto a nível dos centros de saúde como a nível dos Hospitais; para além disso a tuberculose, as
doenças sexualmente transmissíveis, a lepra, a anquilostomíase, o oncocercose, o sarampo, a má-
nutriçao e o tétano neonatal constituem outras entidades importantes.

Um inquérito nacional feito em 19931 num total de 3116 crianças menores de 5 anos revelou que
45,9% tiveram febre, 27,2% tiveram diarréia (o que corresponde mais ou menos a 5 episódios por
criança e por ano), 17,7% tiveram tosse e 4,5% tiveram dificuldades respiratórias nas 2 semanas
precedentes ao inquérito.

No que respeita o paludismo, mais de 90% dos casos é causado pelo Plasmódio Falciparum e trata-
se de uma doença endémica cujo número de casos aumenta significativamente durante a época das
chuvas. Só o paludismo é causa de mais ou menos 50% das consultas em todas as regiões e para
todas as faixas de idade 2, o que indica que, para além da importância do paludismo como problema
de saúde pública, haja provavelmente uma fraca diferenciação no diagnóstico. A gravidade desta
doença está ligada por um lado ao aumento da taxa de absenteísmo e por outro à contribuição para a
taxa de mortalidade das crianças menores de 5 anos e nas grávidas, constituindo por isso um elevado
custo social e económico, com um impacto negativo no desenvolvimento socio-económico do país.

O fraco nível de saneamento contribui para altas prevalências de parasitoses intestinais, diarréias
agudas e crónicas e outras doenças ligadas à transmissão feco-oral, tais como hepatites e febre
tifóide. Estudos no âmbito do projecto Bandim revelaram a importância da infecção com o protozoário
Cryptosporidium parvum, presente em 7,4% das diarréias e associada a diarréia persistente, má
nutrição e um risco relativo de mortalidade de 2-3 vezes 3. Sobre a schistosomíase existem sómente
dados fragmentários.
Em 1987, 1994 e em 1996 houve epidemias de cólera; a epidemia de 1994 registou 16189 casos com
290 mortos; O maior número de casos foi registado em Bissau, a capital (79%).

As Infecções Respiratórias Agudas (IRA) incluindo o Sarampo constituem problemas importantes


na Guiné Bissau. O sarampo está associado com à má-nutrição e tem impacto na morbi-mortalidade
além do período da doença aguda. Epidemias de sarampo aparecem com periodicidade de 4-5 anos,
mas este espectro epidemiológico poderá vir a mudar com o aumento da taxa de cobertura da
vacinação contra esta doença.

Nutrição
Dados de rotina referentes ao ano 1995 do SHE apontam uma incidência média de recém-nascidos
em hospitais e centros de Saúde de 20% com baixo peso (á 2500 gramas). Um estudo mais recente
em Bissau cita 15,5% o baixo peso ao nascer.

A situação do estado nutricional das crianças no 1º semestre de vida é favorecida pelos apreciáveis
índices de amamentação. A introdução tardia, aleatória e incorrecta de suplementação alimentar
prejudica o crescimento e desenvolvimento posteriores das crianças a partir dos 6 meses até aos 3
anos de idade, altura em que as crianças adquirem maior autonomia relativamente à satisfação das
suas necessidades alimentares (colecta de alimentos silvestres e outros) e maior capacidade de
disputar com os mais velhos o prato familiar.

O último inquérito nacional sobre a situação nutricional, realizado no âmbito do projecto "População,
saúde e nutrição", financiado pelo Banco Mundial e executado pelo ILADAP e o MINSAP, data de

1
Relatório do Inquérito sobre as doenças diarreicas, doenças respiratórias e amamentação, realizado de 24/5 a 11/6 de 1993,
MINSAP/OMS.
2
Perfís sanitários regionais, Março 1996 (dados referentes a 1995); Sistema de Informação sanitá_ia, SHE;
3
Mølbak K, Højlyng N, ea, Cryptosporidiosis in infancy and childhood mortality in Guinea Bissau, West Africa. BMJ 1993; 307:
417-20.
Minsap - Guiné-Bissau 11 PNDS - 1997-2001

1991 e revela que 32,9% (95% CI: 26,5-39,3%) das crianças menores de 5 anos se encontravam
abaixo de 2 desvios-padrão relativamente ao indicador peso/idade. Um terço portanto das crianças
guineenses encontram-se em situação de risco nutricional (para estas crianças o risco de morrer é 2,2
vezes maior em relação às crianças melhor nutridas 4).

As anemias, associadas às parasitoses e ao enorme dispêndio de energia, são frequentes e


contribuem para a elevada mortalidade infantil e materna.

Sublinhe-se o já referido baixo consumo de carnes, demais alimentos ricos em proteinas e o aparente
consumo insuficiente de folhas verdes, ricas em ferro e vitamina A. Um pequeno estudo feito em
Belém (Bissau) sobre o impacto de suplementação de vitamina A às crianças nas idades de 6 e 9
meses mostrou uma sobrevivência ligeiramente melhor dessas crianças, apesar desta diferença não
ser significativa: estudos com maior abrangência seriam indicados.

No que respeita os demais micronutrientes existem dados disponíveis sobre a carência de iodo que
revela uma prevalência grave de bócio para as regiões de Bafatá, Gabú e uma parte da região de Oio
(sectores de Farim e Mansabá), os bócios visíveis variando entre 40 e 65% 5. É de sublinhar o facto
dessas regiões responderem às características gerais identificadas para as regiões com carência de
iodo, a saber o distanciamento relativamente ao mar e o baixo consumo de produtos haliêuticos
frescos.

Apesar da Guiné-Bissau não ser autosuficiente do ponto de vista alimentar, os níveis e características
de consumo anteriormente referidos sugerem que as causas da má nutrição não seriam
fundamentalmente imputáveis à produção e disponibilidade alimentar, mas sobretudo aos
conhecimentos sobre as necessidades nutricionais, dos factores e população de risco, das
possibilidades de diversificação e equilibrio alimentar através de um melhor aproveitamento dos
recursos alimentares disponíveis localmente. Trata-se em suma de um problema de segurança
alimentar das famílias atribuível ao baixo nível de informação e educação, agravado pelo contexto de
pobreza generalizada.

As consultas para Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) representam 5% das consultas


externas dos adultos, sendo a terceira causa da procura de serviços nesta faixa de idade.

A Sida torna-se mais e mais um problema sério de saúde pública. Em 1987, a seroprevalência de
VIH-2 situava-se a 8,6% das grávidas, 5,3% dos doadores de sangue e 36,7% das prostitutas. Com
idade, essa seroprevalência tem tendência de aumentar, até 20% na faixa de 40-65 anos 6.

Resultados preliminares de um estudo em 3 bairros de Bissau em 1996 entre 2101 pessoas de mais
de 15 anos, mostraram uma seroprevalência de 5,6% para VIH-2; 1,5% para VIH-1 e 1,1% para uma
infecção dupla VIH-1 e -2. 7 A vigilância sentinela nas grávidas mostra uma tendência de aumento da
infecção VIH-1 desde 1988, de 0,1% (1988: n=2539) até 0,5% (1994: n=1061); a infecção com VIH-2
mostra-se estacionária nessas amostras a volta de 6% 8.

Número de casos cumulativos de SIDA notificados à OMS é de 786 (de 1987 até dezembro 1995:
PNLS/MINSAP).

Dados do Banco de Sangue mostram que o teste TPHA (para sífilus) é positivo em 5% dos doadores
de sangue (1994: 98/1963 ou 5% - 1995: 72/1266 ou 5,6%).

4
Nutritional status as a predictor of cild survival: summarizing the association and quantifying its global impact, D.G.Schroeder
& K.H.Brown, Bulletin of the World Health Organization, 1994, 72(4): 569-579.
5
Inquérito sobre a prevalência de bócio, abril - maio 1995, MINSAP/OCCGE/OMS
6
HIV-2 infection and AIDS in Guinea-Bissau, West Africa; Anders Nauclér, Doctoral dissertation, Lund, 1991.
7
Olav Larsen et al., Projecto Bandim, comunicação pessoal;
8
Laboratório Nacional de Saúde Pública, MINSAP (em colaboração com National Bacteriological Laboratory, Stockholm)
Minsap - Guiné-Bissau 12 PNDS - 1997-2001

A infecção com VIH-2 parece estacionária entre 1987 e 1994 e reflecte uma situação endémica; a
seroprevalência do VIH-2 na Guiné-Bissau é a mais elevada do mundo. Os dados actuais apontam
para uma epidemia massiva nos próximos anos visto as suas tendências actuais de aumento. As
regiões de Bafatá e Gabú registam maior número de casos de doenças sexualmente transmissíveis,
inclusive da SIDA.

Entre os factores determinantes desta situação pode-se citar os parceiros sexuais múltiplos, a elevada
frequência das doenças sexualmente transmissíveis (DST) e a utilização limitada de preservativos.
Os resultados de um estudo sócio-comportamental realizado em 1990 pelo INEP, confirmam que perto
de 30% dos adultos têm mais de um parceiro sexual.

A tuberculose segue o padrão dos outros países africanos, com aumento da incidência ligada à
infecção com VIH. Não existem dados sobre o risco anual de infecção da tuberculose, mas na base da
situação nos países vizinhos este pode ser estimado em 2-2,5% , correspondendo com uma
incidência de 100-125 casos de tuberculose com baciloscopia positivo por cada 100.000 habitantes. A
alta incidência de novos casos na cidade de Bissau, até 7 por mil nos últimos anos, está ligado
parcialmente à não-disponibilidade de serviços de diagnóstico e tratamento na periferia fzendo co que
os doentes se concentram em Bissau. A lepra está no declínio, seguindo também as tendências nos
países da Africa. Em 1985 foram diagnosticados 397 novos casos contre 85 no ano 1994.

A Oncocercose prevalece sobretudo nas regiões de Gabu e Bafata. São mais afectadas as tabancas
na bacia do rio Corubal, com uma prevalência média de 17%. Um inquérito que data de 1990 revelou
que há umas 12 tabancas na bacia do rio Corubal onde a doença é hiper-endémica, com 30-50% da
população infectada pelo Oncocercus volvulos. No nordeste a oncocercose está presente numa parte
da bacia do rio Geba, com prevalências menores no ordem de 9%. Numa avaliação recente de 5
tabancas nesta área, em 1995, a prevalência tinha baixado considerávelmente até um nível médio de
1%. Estima-se o número de cegos devido à oncocercose em 1400 indivíduos.

Nas cidades, e sobretudo em Bissau, novos problemas de saúde começam a aparecer e a exigir as
suas vítimas: acidentes de viação, problemas com assaltos e agressão, delinquências ligadas ao uso
de drogas. A vida nas cidades, com altas taxas de desemprego e a desagregação das estruturas
sociais está também associada ao aparecimento de hipertensão arterial, problemas mentais e à
marginalização de certos grupos.

2.2 MORTALIDADE 9

Mortalidade nas crianças

A mortalidade peri-neonatal (respectivamente os nados mortos e a mortalidade no primeiro mês) se


situa a 10% (da qual perinatal: 4,7% e neonatal: 5,6%). Entre os períodos 90-92 e 93-95 verifica-se
uma tendência de reducção da mortalidade neonatal, sobretudo nas regiões de Biombo, Gabu e
Bafata. Contudo, a mortalidade peri-neonatal é mais baixa na região de Biombo e mais elevado em
Gabu, Bafata e Oio. As etnias Fula e Balanta mostram maior mortalidade peri/neonatal em relação aos
Mandinga e Pepel. O tetano neonatal é responsável para 20% da mortalidade neonatal.

A mortalidade pós-neonatal (entre 1 e 11 meses de idade) é na média 9,2%. Ela é mais baixa em
Cacheu e mais elevada em Biombo.

A mortalidade infantil, sendo a soma da mortalidade peri-/neonatal e pós-neonatal, é estimada em


145 por mil (rural: 150-175; urbano: 100-120). Existe um risco especial para as crianças que nascem
das nulliparas, possívelmente relacionado com o impacto do paludismo na primeira gravidez.

A mortalidade acumulada das crianças até 5 anos é de 277 por mil (rural: 300-350; urbano:200-
250). Esta taxa é mais baixa para a etnia Manjaco (240 por mil) e mais elevada nos Papeís (337 por
mil). O sexo masculino mostra uma surmortalidade de 10% em relação ao feminino. Os gêmeos

9
A maior parte dos dados refere-se aos estudos prospectivos do projecto de Bandim - Joaquim Gomes, Peter Aaby; estes
estudos englobam duma parte as regiões de Cacheu, Bimbo, Oio, Bafata e Gabu de outra parte os bairros de Bandim e Belém
no SAB. As regiões de Bolama/Bijagos, Quinara e Tombali não são contempldas nesses estudos.
Minsap - Guiné-Bissau 13 PNDS - 1997-2001

apresentam maior risco, até 2,5 vezes aos nascidos singulares. Factores com impacto importante na
mortalidade das crianças são a educação da mãe, o estatuto sócio-económico da família, o sexo da
criança, a etnia e deficientes condições higienicas 10.

Na mortalidade infantil, segundo dados hospitalares, o paludismo responde por 35%, seguido pelas
doenças diarréicas (15%) e infecções respiratórias agudas (15%). Na pediatria do HNSM, a
mortalidade hospitalar ronda os 10% dos internamentos (dados 1995, HNSM).

Mortalidade materna

Segundo Gomes e Aaby (estudos prospectivos, relatório 1996), a mortalidade materna situa-se a volta
de 700 por cem mil nados vivos (até 4 meses pós-parto) ou 540 por cem mil (até 6 semanas pós-
parto). No período 1990-1995 observou-se uma ligeira diminuição, apesar de não ser significativa. De
salientar que a mortalidade materna é mais elevada nas Fulas e Balantas.

A mortalidade materna tem sido referida em muitos documentos sendo 914 /0.000 nados vivos, com
base num estudo sobre a mortalidade materna feita em 1990 11. As metodologias totalmente
diferentes dos dois estudos referidos não permitem qualquer conclusão quanto à evolução da
mortalidade materna na década passada. A mortalidade materna é consistentemente mais elevada em
Gabú do que nas outras regiões, o que pode estar relacionado com a prática do casamento precoce e
da excisão acentuada nessa zona. Dados revelam que em Gabu aparecem mais casos de
desproporção cefalo-pélvica e em Biombo há mais casos de infecções pós-parto.

As mães com gravidez gemelar apresentam um risco de morrer 5,3 vezes maior do que as mães com
gravidez singular.

No HNSM faleceram 55 mulheres no ano 1995, duma causa materna (num total de 6363 nados vivos),
sendo as causas principais hemorragias (21), eclampsias (8) e septicémias (6) 12.

10
Crowding and health in low-income settlements. Case study report, Bissau. Copenhagen: COWIconsult, 1995; Aaby P,Jensen
H, et al.
11
A mortalidade materna na Guiné Bissau - Um estudo epidemiológico, Margarida Oosterbaan, Virgínia Barreto, OMS/MINSAP,
1990.
12
Dados da Maternidade do HNSM, apresentados numa conferência clínica, 1996.
Minsap - Guiné-Bissau 14 PNDS - 1997-2001

3 O SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE

Na análise do sistema nacional de saúde aqui apresentada, utilizamos um modelo esquematizado na


seguinte figura 13:

O Sistema Nacional de Saúde na Guiné Bissau

(ver quadro)

Assim, apresenta-se sucessivamente os diferentes níveis com as respectivas funções do sistema


nacional de saúde, as estruturas de gestão, as estruturas de prestação de cuidados, as estruturas de
formação e pesquisa, assim como as ligações funcionais entre estas diferentes estruturas. Na parte
3.4 são relatados brevamente dos "outputs" dos serviços de saúde em termos de cobertura e
qualidade de serviços prestados. Por fim fala-se um bocado do sector privado que está se desenvolver
no país. Quanto às estruturas de gestão, os programas técnicos e algumas funções de apoio são
tratados em mais detalha no capítulo 4 deste tomo.

3.1 NÍVEIS E FUNÇÕES DO SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE

Distingue-se no Sistema Nacional de Saúde 3 níveis: central, regional e local.

A nível central o Ministério da Saúde Pública é responsável pela gestão global das actividades em
prol da saúde: por um lado há a elaboração de políticas e estratégias, a regulamentação e fiscalização
das actividades e a mobilização e coordenação da ajuda externa e por outro lado distingue-se a
orientação técnica e o apoio operacional e logístico para os diferentes programas e actividades
sanitárias.

Ao plano da prestação de cuidados existem 2 hospitais nacionais: o Hospital Nacional Simão Mendes
e o Hospital 3 Agosto, que devem oferecer cuidados especializados ditos terciáreos no contexto da
Guiné Bissau. Para resolver certos problemas de saúde existem centros de referência de âmbito
nacional, que têm por papel de fornecer cuidados diferenciados a certos grupos alvo: o Hospital Raoul
Follereau (tuberculose), o Hospital de Cumura (lepra), o Centro Mental (psiquiatria), o Centro de
Reabilitação Motora (deficientes) e o Centro de Referência SMI.

A divisão em Regiões Sanitárias segue a divisão administrativa com excepção feita para a Região
Administrativa de Bolama/Bijagós que está subdividida em 2 Regiões Sanitárias: Bolama e as Ilhas
Bijagós.

O papel do nível regional é de traduzir as políticas nacionais em estratégias operacionais


• Seminário nacional sobre "O Desenvolvimento do Sistema de Saúde" realizado em Abril 1994 tinha
recomendado para se separar os sectores de São Domingos/Bigene da região de Cacheu e de
conferi-los a autonomia duma Região Sanitária, pela razão do seu isolamento pelo rio Cacheu e
suas características específicas como zona frontaleira.

Em Agosto 1994, foi criada a Direcção do Sector Autónomo de Bissau, equiparada em princípio com
as Direcções Regionais de Saúde, mas que tem certos problemas de autoridade, originando, além da
sua recente criação, de:
• sua localização no capital, onde está até certo ponto em concorrência e com sobre-posições de
competências com programas e serviços centrais;
• os poucos recursos que dispõe: existem apenas 3 CS e alguns postos no SAB, dos quais só o CS
de Bandim está bem equipado;
• a ausência quase completa de ajuda externa para a própria Direcção, nem em termos de
assistência técnica nem apoio financeiro; os apoios destinados aos CS no SAB têm sido geridos
sem grande participação da Direcção do SAB, em parte porque tinham sido planificados antes da
13
Modelo apresentado pela Drª Dominique Egger, OMS, na ocasião do seminário sobre o desenvolvimento dos sistemas de
saúde, Abril 1994.
Minsap - Guiné-Bissau 15 PNDS - 1997-2001

sua criação;

Os Hospitais Regionais constituem o primeiro nível de referência para serviços como a cirurgia, a
transfusão sanguínea, a radiologia, examens laboratoriais diferenciados, etc.

A nível local o país é subdividido em 36 sectores administrativos, sem contar com o sector autónomo
de Bissau, que é equiparado com uma região. Este nível é considerado como o nível operacional cujo
papel é de efectuar o pacote de actividades previsto para o primeiro escalão dos cuidados primários
de saúde. Desde a independência da Guiné Bissau, as comunidades locais têm sido fortemente
encorajadas a participar na definição dos serviços e actividades sanitárias, sobretudo na área da
saúde comunitária ("saúde de base").
Minsap - Guiné-Bissau 16 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 17 PNDS - 1997-2001

3.2 AS ESTRUTURAS DE GESTÃO

a) O Ministério da Saúde Pública

O Ministério de Saúde Pública tem duas Direcções Gerais, a DGSP que representa a própria missão
do MINSAP em termos de coordenação das actividades e programas técnicos, e a DGPC, que reuna
os serviços e funções de apoio e estratégicos 14.

No âmbito da Direcção Geral da Saúde Pública, os Programas Nacionais 15, muitas vezes com uma
abordagem vertical, tiveram uma autoridade importante. Cada um destes cerca de 10 programas tem
o seu próprio director. Eles têm as suas próprias estruturas, organização, sistema de gestão
(planificação, seguimento e supervisão, avaliação e sistema de informação) e recursos. Estes
programas de facto gozaram uma autonomia considerável, incluindo no que diz respeito à mobilização
e controle dos seus recursos financeiros. Alguns destes programas são mais ricos que outros, as
diferenças sendo por vezes mais o reflexo de influências exteriores que das prioridades como sentidas
pelos nacionais.

A Direcção Geral de Planificação e Cooperação integra a maior parte dos serviços e funções de
apoio, tais como a Direcção de Administração e Finanças/Património, a Direcção dos Recursos
Humanos, a Planificação e a Coordenação da Ajuda Externa 16.

Os maiores estrangulamentos a nível do ministério central são:


• Um nível de comunicação insuficiente, apesar dos esforços feitos nos últimos tempos neste sentido
para estabelecer reais mecanismos de coordenação, tais como o despacho conjunto dos dois
directores gerais com Ministro, a restituição conjunta de missões importantes de parceiros
internacionais, o reforço do Gabinete do Minstro, a constitição do Grupo de Consolidação para o
PNDS e a criação da Comissão coordenadora para a área de formação;
• Uma resposta fragmentária aos problemas de saúde da população, devido a uma multitude de
programas que respondem a patologias específicas antes de promover uma abordagem holística e
integrada;
• Uma demasiada centralização de certas funções, que limitem as regiões no pleno exercísio do seu
papel;
• Um número de quadros com alta qualificação ainda insuficiente, factor limitante na capacidade de
resposta do Ministério.

b) Nas regiões

Nas regiões encontram-se as equipas regionais de saúde, chefiadas por um médico como Director
Regional, que em certos casos trabalha também a nível do HR. A experiência destes médicos na área
da saúde pública tem sido bastante limitada e a sua preparação na área da administração e gestão
costuma ser mais fraca ainda. As equipas regionais contam um número entre 8 e 12 técnicos; além
do Director Regional fazem parte geralmente o Enfermeiro Chefe, o Supervisor "CPS" (responsável
para as USB), uma parteira responsável par as actividades de SMI, o responsável H/K, o
responsável para o PAV, o "financeiro", um estatístico, o Director do HR e o responsável na área dos
laboratórios (geralmente o chefe do laboratório do HR). É de salientar que os chamados financeiros
são praticamente retidos em Bissau pelo peso do processo de desbloqueamento de verbas do OGE e
não assumem portanto o papel de administrador de região.

14
Ver esquema no capítulo 4: Programas Nacionais e Sistemas de Apoio.
15
Ver também o capítulo II.3: " Os Programas Nacionais e os Sistemas de Apoio" para uma descrição mais específica dos
diferentes programas e sistemas de apoio.
16
Para detalhas sobre estes serviços e funções refere-se aos demais capítulos deste Tomo I, nomeadamente aos capítulos 4
(Sistemas de apoio), 5 (Recursos Humanos) e 7/8 (Financiamento do sector, adminsitração financeira e Ajuda externa).
Minsap - Guiné-Bissau 18 PNDS - 1997-2001

As Direcções Regionais de Saúde com as suas Equipas Regionais de Saúde evoluiram na década
passada funções tanto estratégicas, transformando políticas e estratégias nacionais em planos
operacionais conforme as realidades regionais, como de apoio operacional, no sentido de
aprovisionamento, supervisão, formação contínua, avaliaçaõ e controle e gestão de recursos.

Sobretudo a partir dos anos 90, viu-se um processo de descentralização e de integração de


programas de saúde. O Programa de Reforço da Gestão Sanitária (PRGS), apoiado pela OMS,
contribuía para uma planificação global das actividades num verdadeiro trabalho de equipa e a partir
de problemas considerados prioritários para o desenvolvimento da respectiva região. Os parceiros
locais (bilaterais ou ONG) foram estreitamente envolvidos neste processo com impacto positivo na
colaboração deles e na utilização dos recursos que as regiões dispõem. O processo permitiu desta
forma uma maior polivalência e consolidação das equipas regionais.

Se aumentaram as responsabilidades das regiões para a implementação das estratégias e programas


nacionais, o grau de autoridade deles resta ainda limitado, sobretudo no que respeita a gestão de
recursos financeiros. Nos últimos anos viu-se uma tendência de alocação directa de certos apoios
externos às regiões, cuja gestão é mais ou menos dividida entre a Equipa Regional e a Assistência
Técnica que opera a nível da respectiva região. Neste âmbito, as exigências em termos de
competências das equipas regionais de saúde aumentaram e a introdução da Iniciativa de Bamako
acentuou esta tendência, como se pode já verificar na região de Gabú.

c) A nível local

A nível local são as equipas técnicas dos próprios Centros de Saúde e Hospitais de Sector que
planificam as suas actividades. Além da prestação de serviços do primeiro nível, eles têm um papel na
recolha de dados e na supervisão e formação contínua dos agentes comunitários. Geralmente existe
uma boa noção da área de responsabilidade de cada CS.

Na região de Gabu existe desde 1990 uma co-gestão das unidades sanitárias pela comunidade
através dos Comités de Gestão no âmbito da Iniciativa de Bamako. O estatuto e o funcionamento
destes Comités de Gestão foi objecto de avaliações em Fevereiro 1993 e Outubro 1995. Estas
reflexões mostraram resultados encorajadores quanto ao papel dos CG no controle das receitas e das
despesas do CS por um lado e por outro lado no papel dos CG como "intermediários" entre a
população e a equipa técnica. Foi verificada uma boa aceitação do programa de financiamento
comunitário por parte das populações, devendo-se sobretudo à melhor disponibilidade de
medicamentos nos serviços públicos. Esta aceitação é também ilustrada pelo aumento da taxa de
utilização dos serviços entre 1990 e 1995. Viu-se que o enquadramento dos CG é um processo de
longa duração em que se deve encontrar compromisos sobretudo no que respeita às questões do
grau de autonomia do CG na utilização das receitas e da compatibilidade do estatuto voluntário com
carga de trabalho prevista. Nos fins de 1995 foi elaborado um pacote legislativo referente a Iniciativa
de Bamako que foi aprovado no Conselho de Ministros em Março 1997.

3.3 AS ESTRUTURAS DE PRESTAÇÃO DE CUIDADOS

a) Hospitais Nacionais e Centros de Referência de âmbito nacional

Hospital Nacional Simão Mendes

O HNSM é em princípio uma instituição prestadora de cuidados de saúde terciários e secundários


(para o SAB). Mesmo que o hospital consuma 27% do Orçamento do Estado do MINSAP, e 30-35%
dos medicamentos distribuidos na rede dos serviços públicos, o hospital sofre na realidade de falta de
equipamentos e materiais clínicos. A maior parte dos doentes atendidos no HNSM é originária de
Bissau; de facto, o hospital funciona também como nível primário, daí a congestão em termos do
atendimento. A maternidade do HNSM atende entre 60 e 70% de todos os partos atendidos em
Bissau; só recentemente, em 1995, começou a funcionar uma segunda maternidade no CS Bandim.

O estado de manutenção de vários departamentos é precário. Um programa de reabilitação financiado


pelo BAD tem sofrido grandes atrasos. Existem médicos especialistas só nas áreas de cirurgia,
oftalmologia, pediatria e cardiologia. O HNSM não possui uma secção de Anatomia-patológica e não
Minsap - Guiné-Bissau 19 PNDS - 1997-2001

existe por enquanto uma biblioteca médica.

É ainda de salientar que o hospital tem vínculos com a Faculdade de Medicina e a Escola Técnica de
Quadros de Saúde. O hospital dispõe de uma pequena unidade de produção de soros que em 1995
produziu 13.500 litros de diferentes soros, o que não cobre as necessidades próprias do hospital.

O disfuncionamento do HNSM é devido a um complexo de causas interdependentes e cumulativas,


entre os quais os mais importantes:
• a motivação do pessoal,
• a deterioração da competência clínica,
• a irregularidade dos aprovisionamentos em medicamentos, material clínico-cirúrgico, reagentes,
fichas e instrumentos de gestão, etc.
• a falta de manutenção dos equipamentos.

Entretanto, o Estado da Guiné Bissau está a gastar um montante significativo em assistência médica
para evacuações para Portugal, através da Junta Médica Nacional. No primeiro semestre de 1996
foram aprovados 247 evacuações, ultrapassando a quota de 180 bolsas de tratamento previstos nos
acordos bilaterais. Estas evacuações, estimadas em 300 por ano no período 1994-1995, representam
um peso financeiro importante, tanto para Portugal, que paga as despesas da própria assistência
hospitalar, para a Guiné Bissau, os seguros pagando a viagem, como para os próprios doentes e
acompanhantes em termos de estadia.

Hospital 3 de Agosto

Antigo hospital militar no período colonial, o Hospital 3 Agosto é uma segunda instituição com
cuidados especializados, com serviços complementares aos do HNSM, nomeadamente a ortopedia, a
fisioterapia, a otorinologia, a estomatologia e a medecina de trabalho e legal. Não existe nem um
serviço de urgências nem um bloco cirúrgico.

O estado físico da infra-estrutura encontra-se num avançado estado de degradação; também em


termos de equipamentos o hospital enfrenta grandes carências.

Entretanto, várias partes das antigas instalações do hospital albergam actualmente serviços centrais
do MINSAP (Depósito Central de Medicamentos, Direcção do SAB, SNIECS, Programa do PAV,
Projecto Franco-Guinéense DST, Cecomes).

Centro de Reabilitação Motora

"Centro de Reabilitação Motora" ou "Centro de Próteses" desenvolve fundamentalmente actividades


de fisioterapia e reabilitação motora e dispõe duma oficina para a confecção de próteses. Após um
período de grande actividade durante o qual beneficiou de apoio técnico e financeiro da Cooperaçaõ
Holandesa, desde 1987-1988 o centro encontra-se cada vez mais numa situação de degradação física
e inoperacionalidade, falta de matérias primas, falta de manutenção dos aparelhos, etc. A população
alvo deste centro terá sempre limitações também em termos de contribuições financeiras, facto que
condiciona a instauração de sistemas de recuperação de custos.

Fora do centro estão a ser desenvolvidas algumas actividades de reabilitação motora e reabilitação de
base comunitária através duma ONG nacional e de um centro de reabilitação privado, que
conseguiram mobilizar apoios do Diocese, do SNV e da Fundação Liliane.
Minsap - Guiné-Bissau 20 PNDS - 1997-2001

Centro de Saúde Mental

Centro de Saúde Mental foi construido em 1984 como centro de referência para doenças do foro
neuropsiquiátrico, com atribuições de prestação de cuidados, formação e investigação. A infra-
estrutura física merece vários melhoramentos. Nos últimos anos não existe extensão das actividades
a nível das regiões; a existência de um programa nacional de saúde mental no centro de referência
com a sua carga diária de doentes pode ser uma das causas, além de factores materiais como a falta
de um meio de transporte adequado.

O Centro ganhou uma certa reputação na sub-região e recebe vários doentes provenientes dos países
vizinhos.

Hospital Raoul Follereau: Hospital de referência para tuberculose

Este hospital é o centro de referência que complementa e apoia os objectivos do Programa Nacional
de Luta contra a Tuberculose no sentido do combate à tuberculose e outras pneumopatias. O hospital
beneficia de um apoio do AIFO, que assegura 95% do orçamento actual o que constitue um risco para
a continuidade das actividades quando o protocolo de acordo com AIFO expirar.

Hospital de Cumura: Leprosaria

O centro foi fundado em 1953 como leprosaria; em 1979 foi entregue à Missão Católica na base dum
protocolo de acordo entre o MINSAP e a Diocese. Recebe apoio do AIFO no quadro do Programa
Nacional de Luta contra a Lepra e a Tuberculose. O centro tem como atribuições o diagnóstico,
tratamento e a reabilitação dos doentes de lepra. O MINSAP contribui em termos de recursos
humanos, atribuição de medicamentos e alimentação (no orçamento de Biombo).

Centro de Referência Saúde Materno-Infantil

CR/SMI é um centro de referência nacional com atribuições relativas a aspectos promocionais,


preventivos, docentes e de investigação, em relação à saúde da mãe e da criança. O centro faz
consultas prénatais, consultas de PF, vacinações, consultas de crianças. De facto, o CR faz a
cobertura duma parte da população da cidade de Bissau em cuidados, definidos no pacote mínimo. O
centro recebe vários apoios e tendo beneficiado duma recente reabilitação, o seu estado de
manutenção é bom, como também o seu equipamento que é adequado.

Existem também Centros de Referência para a SMI nas regiões de Bafatá e de Gabú. Todos estes
casos constituem situações urbanas, em que existe penúria em infra-estruturas para os cuidados
primários de saúde.

b) Hospitais Regionais

Existem Hospitais Regionais em Canchungo, Gabú, Bafatá e Catió: são todos hospitais que
satisfazem os critérios dos hospitais do primeiro nível de referência, com bloco cirúrgico, possibilidade
de transfusão e outros cuidados secundários. Está prevista a criação de um Hospital Regional em
Mansoa, com apoio da Cooperação Francesa.

Hospital de Canchungo beneficia do apoio técnico e financeiro da Cooperação Chinesa (custos de


funcionamento a volta de 1.500.000 USD por ano); este hospital está bem equipado, num bom estado
de manutenção, limpo e com um bom nível de organização dos serviços. Os Hospitais de Gabú e
Bafatá estão num estado de manutenção mais precário; eles beneficiam de apoio técnico de
voluntários do PNUD de nacionalidade Cubana. O hospital de Catió, que foi reabilitado pela ONG
CUAMM e que está razoávelmente equipado, beneficia dum apoio técnico e financeiro da parte da
Cooperação Holandesa/UNICEF.

Da apresentação dos diagnósticos dos respectivos hospitais pode-se concluir que todos funcionam
também como centro de cuidados primários.

Quanto à cobertura do país para os cuidados secundários o leste está coberta pelos HR de Gabú e
Bafatá, com dificuldades para as partes mais distantes destas regiões, sobretudo em estação de
Minsap - Guiné-Bissau 21 PNDS - 1997-2001

chuvas (p.e. Boé). No sul, o hospital de Catió devia poder responder às necessidades das regiões de
Tombali e Quinara (população total menos de 150.000), o problema sendo as vias de acesso,
nomeadamente a estrada Buba-Catió e a travessia Bedanda-Catió. No norte, com o HR de
Canchungo e a perspectiva do HR em Mansoa, haverá uma cobertura razoável de Cacheu e Oio, com
problemas para as populações norte do rio Cacheu. Uma zona altamente problemática é a região de
Bolama/Bijagos, e mesmo um bloco cirúrgico em Bubaque resolve só parte do problema.

c) Centros de Saúde, Hospitais de Sector e Unidades de Saúde de Base

Centros de Saúde e Hospitais de Sector

Existem 116 Centros de Saúde na Guiné Bissau (ver quadro); além desses existem 11 Hospitais de
Sector.

O equipamento e estado de manutenção dos CS nas diferentes regiões é variável: não existe um
sistema regular de manutenção de equipamentos ou infra-estruturas. Reequipamento, manutenção e
reabilitação de centros com alto grau de deterioração dependem quase na sua totalidade dos
doadores.

Na prática, a maioria dos Hospitais de Sector efectua actividades comparáveis com Centros de Saúde,
com uma área de responsabilidade e uma população coberta e mesmo com volume de actividades
comparável.

Existem agora 11 Hospitais de Sector: em São Domingos, Bubaque, Bissorã, Farim, Cossé, Sonaco,
Quebo, Cacine, Tite, Empada e Fulacunda.

Da tabela que se segue, pode-se rubricar as regiões em 4 grupos , quanto à disponibilidade e


adequação da rede de infra-estruturas para o primeiro nível de atendimento:
• O Sector Autónomo de Bissau, e até certo ponto os outros centros urbanos, onde quase não existe
uma rede de infra-estruturas sanitárias; com crescimento rápido de Bissau essa situação torna-se
cada vez mais grave; por outro lado, são os Hospitais Centrais que estão a substituir-se aos
Centros de Saúde quanto às actividades;
• As regiões de Bafatá e Oio têm menor densidade de Infra-estruturas primárias;
• A parte insular: as Ilhas Bijagós principalmente; as regiões de Cacheu (Jeta, Pexice) e Tombali
também têm ilhas; nessas zonas a maior densidade em CS se justifica em termos de
acessibilidade equitativa;
• As regiões de Tombali, Quinara e Bolama com abundância de infra-estruturas, facto que
compromete o custo-eficácia da utilização, actual e futura, dos recursos, tanto pessoal (40 quadros
de saúde para uma população de 8800 pessoas em Bolama !), equipamentos, motorizadas,
geleiras e outros materiais, investimentos para a formação e enquadramento dos Comités de
Gestão, etc.
Minsap - Guiné-Bissau 22 PNDS - 1997-2001

Quadro

Região População N° N° HS N° N° Pop por N° Observações


CS HR CS e/ou USB
HS
BAFATA 158.000 12 1 (Cossé) 1 12.154 86 Nos 12 CS está incluido o CR/SMI em
Bafatacidade.
BIOMBO 61.550 8 - - 7.694 3 8 Areas sanitárias ; Cumura, Quinhamel e
Ondame tem centros de SMI religiosos
BIJAGOS 18.512 11 1 (Bubaque) - 1.543 46 -
BOLAMA 8.779 2 - - 4.390 2 Incluido CS Ilha de Galinhas
CACHEU 156.600 17 1 (São Dom) 1 8.700 85 Os sectores de São Dom. E Bigene
constituem uma subregião c/6 CS et 1 HS
GABU 145.200 17 1 (Sonaco) 1 8.067 162 Nos 17 CS, está incluido o CR/SMI de Gabu ;
das 19 áreas sanit., Tumanna não tem CS ;
OIO 168.350 15 2 (Farim e previs 9.903 98 CS Lendem pertence à Igreja Evangélica ;
Bissorã) to
QUINARA 47.600 12 3 (Empada, - 3.173 57
Tite e -
Fulcunda)
SAB 237.200 4 - - 59.300 3 Os CS so : Bandim, Belém, Ajuda e Antula ;
As «USB» (com pessoal do estado) são :
Quelele, Luanda e Ilheu do Rei ; Há 2 HC e 5
CR nacionais ; O CR/SMI está por enquanto
incluido nos CR de âmbito nacional ;
TOMBALI 75.600 19 2 (Quebo e 1 3.600 118
Cacine) -

TOTAL 1.077.100 116 11 4 660

Saúde Comunitária : Unidades de Saúde de Base

A nível das tabancas, existem 660 Unidades de Saúde de Base, que asseguram um mínimo de
cuidados curativos, preventivos e promocionais. Em várias regiões, as USB tem um papel importante
como ponto focal da estratégia avançada. Cada USB conta 2-4 agentes de saúde de base e também 2-
4 matronas. Em princípio, esses agentes comunitários não são remunerados; um apoio do PAM causou
alguma desordem nas tabancas quanto à questão sobre quem deveria beneficiar deste apoio.

As farmácias das USB funcionam através dum sistema de prépagamento chamado "abota". As USB
ganharam certa fama na literatura internacional, sobretudo por causa deste sistema de seguro
comunitário ou "abota" pela qual foi atribuido um prémio da parte da OMS/Afro em Abril 1993 no quadro
duma conferência sobre iniciativas comunitárias (CISCA).

As Unidades de Saúde de Base são consideradas como estruturas comunitárias que recebem apoios e
orientações do sistema nacional de saúde em termos de formação e recursos materiais. Elas são
subordinadas às modalidades de tomada de decisão a nível das tabancas.

As diferentes práticas dos doadores que actuam nas regiões quanto ao financiamento dos materiais de
construção, de manutenção, de equipamento (inicial ou de substituição), do tipo de formação e
reciclagem (local ou central) comprometeram até certo ponto a metodologia original da instalação das
USB.
Minsap - Guiné-Bissau 23 PNDS - 1997-2001

No período inicial do projecto Saúde de Base, nos fins dos anos 70, o pequeno número de USB
permitiu um acompanhamento intensivo, tendo beneficiado dum grande interesse e apoio da parte dos
doadores e de assistência técnica. O aumento gradual da escala do programa, comprometeu até certo
ponto esse acompanhamento intensivo e sentiu-se o peso dos investimentos envolvidos, apesar dos
custos unitários da manutenção, (re)equipamento e formação e reciclagem serem modestes.

Existem poucos dados sobre a cobertura e a qualidade dos serviços das USB. A nível do país, o
porcentagem das USB que está efectivamente a funcionar varia consoante o acompanhamento,
supervisão e reciclagens dos agentes comunitários e a disponibilidade de medicamentos. A linha
hierárquica quanto à supervisão e reciclagem é variável: são envolvidos a DRS, em algumas regiões
responsáveis sectoriais e finalmente os enfermeiros do CS da área.
Minsap - Guiné-Bissau 24 PNDS - 1997-2001

Resumo de alguns indicatores : Hospitais Centrais e Centros de Referencia de âmbito Nacional -


1995

HNSM H3A C. Mental C. Reabil. H. Raoul F. H. Cumura CR/SMI


Mot.
Atribuiçao do orçamento do MINSAP
Orçamento 1995 (OGE), Milhões de PG 8.797 2.751 568 399 1.173 ? 250
%-agem do orçamento do MINSAP : (1995) 27,0% 8,4% 1,7% 1 ?2% 3,6% ? 0,8%
Dos quais : despesas ligado ao pessoal : (%) 37% 38% 44% 64% 39% ? 89%
despesas para alimentação 40% 42% 28% 0% 21% ? 0%

Recuperaçao de custos receitas


Receitas registadas em 1995 : (milhões de PG) 204 201 0 49 100 ? ?
Como %-agem do orçamento (parte OGE) da instituição 2,3% 7,3% 12,2% 8,5%
Pessoal
N° Médicos (Especialistas e Clinica Geral) 54 7 3 1 5 1 8
N° Enfermeiros de Curso Geral (Parteiras C. Geral) 105 (+8) 16 7 1 5 3 11(+1)
N° Enfermeiros Auxiliares (Parteiras Auxiliares) 190 (+29) 68 17 8 12 5 ..(+4)
Técnicos Labo 12 4 0 0 0 0 1
Auxiliar Labo 38 14 0 0 7 4 2
Outros Técnicos do nivel sup. E/ou médio 44 13 5 10 14 ... 5
Meis de transporte
N° viaturas (ambulâncias, automóvel, carrinhas, ...) 3 0 2 0 3 ? 2 (do progr)
Manutençao
Estado de manutenção da infra-estrutura Mau Muito mau Razável/ Mau Muito Mau Bem Bem/ Bem
Razável
Orestaçao de srviços
N° Camas 389 87 60 0 116 80 0
N° Consultas Externas (ano 1995) 81.982 7.989 903 5.186 31.156
N° Internamentos (ano 1995) 14.947 273 337 770 240 0
N° Obitos (ano 1995) 893 14 3 109
Parceiros
Doadores envolvidos PAM, BAD , PAM OMS AIFO (85% Diocese FNUAP
Diocese, CEE do AIFO Radda Barnen
Radda orçamento UNICEF
Barnen, CEE global) OMS
BM (ME) PAM
BM
Minsap - Guiné-Bissau 25 PNDS - 1997-2001

3.4 A COBERTURA E A QUALIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Durante os últimos anos o serviço de epidemiologia conseguiu sistematizar a colheita e análise dos
dados de rotina 17. Apesar dos grandes e admiráveis esforços do SHE, a disponibilidade e fiabilidade
dos dados de rotina deixa ainda a desejar, pelas seguintes razões:
• A sub-estimação da faixa de idade de 0 a 11 meses a partir dos dados do recenseamento da
população de 1991: ela é estimada numa média de 3,0%; Em geral, a falta de 'denominadores'
fiáveis torna difícil a estimativa correcta das coberturas (p.e. do PAV).
• Em certas regiões, o pessoal de saúde tem tendência para mudar os números sobre a quantidade
dos actos médicos, após a introdução de sistemas regionais de incentivos baseados na prestação
de serviço.
• Visto que a definição e a aplicação dos critérios de certos indicadores não estão padronizadas a
nível nacional, nem sempre é possível fazer comparações entre as regiões. Por exemplo, a
proporção de mulheres grávidas de alto risco de alto risco varia consideravelmente e acaba mesmo
por perder sentido; definindo a excisão como um factor de alto risco, a régião de Gabú considera
que 80% das mulheres grávidas são de alto risco. Em outras regiões esta percentagem de ARO é
nítidamente inferior, posto que os critérios de "ARO" são diferentes.
• O hospital Simão Mendes não fornece dados sobre o número de consultas e outros actos médicos e
preventivos.
• Já não existem dados sobre o volume de actividades curativas e preventivas realizadas pelos
agentes sanitários nas Unidades de Saúde de Base (USB).

Tem sido limitada a validação dos dados de rotina, por intermédio das inquéritos específicos (inquéritos
de cobertura vacinal, inquéritos sobre a incidência das doenças diarréicas, análises de comportamento
en caso de gravidez ou de doença, inquéritos CAP, etc.). No que se segue, apresenta-se alguns dados
de forma illustrativa, uma vez que a qualidade dos dados não permita apresentações e comparações
exaustivas.

a) Acessibilidade geográfica dos serviços

Um critério stático que é muitas vezes utilizado para a acessibilidade geográfica dos serviços é a
proporção da população que vive dentro de um raio de 5 kilómetros de um serviço de saúde. Nas
porcentagens que figuram na seguinte tabela não são tomadas em consideração as Unidades de
Saúde de Base e as actividades desenvolvidas no quadro da estratégia avançada, que aumentam a
acessibilidade para determinados serviços.

As coberturas de BCG e da primeira consulta prénatal são consideradas como indicadores mais
práticos da acessibilidade geográfica. Estas cifras demonstram que a rede dos CS é relativamente bem
desenvolvida.

b) Utilização e cobertura dos serviços

Consulta curativa

Na tabela que se segue figuram também as taxas de utilização dos serviços curativos, a partir dos
dados do SHE, incluindo consultas nos CS e nos hospitais, para os anos 1995 e 1996. A interpretação
destas taxas de utilização é difícil: primeiro, trata-se de duma taxa de todas as consultas confundidas: o
conceito "nova consulta" ou "novo episódio de doença" não é utilizado na Guiné Bissau, o que dificulta
comparações internacionais. Em Gabú viu-se um ligeiro aumento da taxa de utilização no período de
1990 até 1995, provavelmente devido a uma melhor disponibilidade de medicamentos após a
introdução da IB. Em Biombo vê-se que 62% de todas as consultas curativas são feitas nos 3 centros
das missões (em relação aos 7 centros públicos), que pode estar ligado a uma melhor disponibilidade
de medicamentos e materiais, um melhor acolhimento ou ao facto dos cuidados aí serem mais baratos.
O número de serviços é também importante, tanto mais que a distribuição de medicamentos está ainda
ligada ao número de serviços (Quinara, Bolama, Bijagos).
Regiões Acessibilidade Cobertura Consultas Cobertura partos Taxa de utilização consulta
prénatais assistidos curativa (N°cons./hab./ano)

17
Ver capítulo 4 deste Tomo I: O Sistema Nacional de Informação Sanitária.
Minsap - Guiné-Bissau 26 PNDS - 1997-2001

(Dados rotina 1994)


Pop. que vive < Cobertura BCG Dados rotina Dados rotina Dados rotina Dados rotina
5Km dum (Inquérito 1994) 1994 1995 1995 - SHE 1996 - SHE
CS/HS/HR
Bafata ... 94% 49% 43% 18% 0,18 0,24
Biombo 69% 88% 123% 142% 41% 1,24 1,39
Bissau >90% 94% 66% 59% 57% 0,13 0,08
Boloama/Bijagos >90% 92% 63% 71% 19% 1,10 1,06
Cacheu ... 92% 53% 50% 20% 0,58 0,55
Gabu 46% 92% 77% 77% 20% 0,44 0,38
Oio 35% 90% 62% 53% 17% 0,26 0,32
Quinara ... 90% 79% 82% 20% 0,85 0,82
Tombali 54% 89% 92% 60% 26% 0,42 0,35
Guiné Bissau 92% 63% 63% 29% 0,41 0,41

Tuberculose

Baseando-se num risco anual de infecção de 2 - 2.5 %, que é habitual nessa zona da África, a taxa de
despistagem dos casos com baciloscopia positiva é de 80-88%. O grande aumento do total de casos de
tuberculose é devido em parte ao aumento dos casos com baciloscopia negativo. A nível do Hospital
Raoul Follereau, só 40% dos casos têm baciloscopia positiva.

Ano Total casos de TBS despistados Dos quais com baciloscopia positivo
1991 972 778 (80%)
1993 1.763 1.059 (60%)
1995 1.828 945 (52%)

No ano 1996 95% dos doentes foram tratados com quimioterapia de curta duração (2SRHZ/6TH). No
período 1993-1995 a porcentagem de doentes que completaram o tratamento foi de 58% (todos
doentes, quer dizer tanto os com baciloscopia positivo como negativo). A meta preconizada pela
OMS/UICT é completar o tratamento de 85% dos casos com baciloscopia positiva. A taxa de abandono
é relativamente elevada, 26%, o que reflecte um aspecto da qualidade dos serviços, nomeadamente a
continuidade dos cuidados.

Consultas prenatais e assistência ao parto

A taxa de cobertura para as primeiras consultas prénatais se situa à volta de 65% (1994-1995, ver
tabela), na base duma previsão das grávidas de 4,5% da população. O número médio de consultas por
grávida era de 2,8 nestes anos. A porcentagem das grávidas detectada como sendo da Alto Risco
Obstétrico oscilla entre os 10 e 20 % com excepção feita para Gabú que tem uma porcentagem muito
mais elevada (60-80%) devido aos critérios próprios desta região.

Entre 25 e 30% das grávidas têm um parto assistido por pessoal competente num CS ou hospital (em
Bissau 60%). Para além destes, um bom número de partos é assistido a nível das USB, por matronas,
mas não existem dados fiáveis por falta de um sistema de colheita de dados nesse nível.

A cobertura das mulheres em idade fertil com a vacina antitetánica evoluiu duma forma positiva entre
1990 e 1994 18:

Cobertura MIF com vacina anti-tetánica TT1 TT2 TT3


Avaliação Internacional PAV 1990 (MINSAP/OMS/UNICEF/OCCGE) 60% 39% 11%
Avaliação Internacional PAV 1994 (MINSAP/OMS/UNICEF/OCCGE) 70% 57% 36%

Consulta planeamento familiar

Estima-se a prevalência da utilização dos métodos modernos em 12% para Bissau, 5% para as outras

18
Nos dados de rotina a cobertura é calculada como proporção entre o número de total de vacinas TT aplicadas num ano e o
número total de mulheres em idade fértil; a cobertura com vacina antitetánica sendo de natureza cumulativa, este modo de
c_culo dá uma sub-estimação da cobertura real.
Minsap - Guiné-Bissau 27 PNDS - 1997-2001

conglomerações urbanas e apenas 1% nas zonas rurais.

Consulta puericultura e PAV

A comparação dos dados de rotina para a cobertura de BCG e para as primeiras consultas de
puericultura mostra que não há sómente a questão da subestimação do grupo de idade de 0-1 ano.
Provavelmente os critérios da definição duma "primeira consulta" (p.e. primeira em relação ao ano ou
ao mês ?) não são bem seguidos; além disso, a divergência entre os dados para o BCG e da primeira
consulta de puericultura (pesagem, aconselhamento nutricional,etc.) indicam que estes serviços não
são oferecidos duma forma integrada.

Região Cobertura nas crianças de 0- Cobertura de vacinas, crianças na idade de 12 Criaças completamente
1 ano, dados de rotina 1994 meses, Avaliações internacionais do PAV vacinadas, crianças de 12-23
meses
(Aval. Internac. 1990 e 1994)
BCG Serv. De BCG Sarampo Crianças
puericultura, completamente
primeira vacinadas
consulta
1990 1994 1990 1994 1990 1994 1990 1994
Bafata 118% 49% 98% 94% 48% 51% 24% 39% 54% 66%
Biombo 151% 35% 82% 88% 30% 44% 18% 26% 27% 46%
Bolama/Bijagos 91% 27% 95% 94% 45% 49% 36% 41% 48% 51%
Cacheu 111% 65% 86% 92% 34% 46% 17% 30% 32% 55%
Gabu 131% 84% 85% 92% 48% 46% 35% 32% 49% 48%
Oio 106% 215% 95% 92% 48% 51% 17% 20% 62% 63%
Quinara 131% 186% 82% 90% 25% 40% 11% 23% 40% 51%
Tombali 116% 149% 89% 90% 32% 39% 19% 19% 38% 39%
79% 136% 89% 89% 48% 36% 25% 18% 50% 34%
Guiné Bissau 112% 102% 90% 92% 42% 46% 22% 30% 48% 53%

A cobertura do BCG é muito boa, como mostra a avaliação internacional de 1994. Este facto dá boas
perspectivas para aumentar a cobertura das outras vacinas a partir de estratégias que visam a
recuperação destas crianças depois do primeiro contacto. A porcentagem de crianças completamente
vacinadas na idade de 1 ano (estudo cohort) era de 30 % para o país; isto é devido em parte a uma
vacinação tardia: avaliando as crianças que têm 12 até 23 meses no momento da avaliação (estudo
transversal) esta taxa era de 53% (BCG: 96%; Sarampo: 68%).

Em relação à cobertura do PAV de 1990 (inquérito internacional com mesma metodologia) a cobertura
vacinal aumentou ligeiramente.

c) Qualidade dos serviços de saúde

Existem várias indicações de que a qualidade da prestação de serviços deixa ainda a desejar, entre as
quais já foram referidas o desperdício entre a cobertura de BCG e a cobertura das crianças
completamente vacinadas na idade de 1 ano e a elevada taxa de abandono dos doentes de
tuberculose. De todas as consultas feitas em 1995 e 1995, 45% foram para paludismo segundo os
dados de rotina do SHE, indicando em parte pouca diferenciação no diagnóstico.
Minsap - Guiné-Bissau 28 PNDS - 1997-2001

A observação de práticas medicais no HNSM e em alguns HR e CS urbanos durante as missões de


Tiddens/Chabot 19 em 1995 e de Van Balen/Mercenier 20 em 1996 revelaram problemas sérios no que
diz respeito à qualidade dos serviços, sobretudo no sector hospitalar. As causas desta situação são
complexas e interligadas e tem haver com problemas de competência clínica, motivação, fequentes
roturas de materiais, reagentes e medicamentos, equipamentos em avario, limitado acesso à literatura,
ausência de processos clínicos individuais, falta duma prática de auditorias medicais regulares ou outro
tipo de orientação e liderança clínica. A elevada proporção de auxiliares entre os técnicos de saúde
com fraco nível de formação de base contribui também para uma qualidade insuficiente dos serviços.

Quanto às práticas de prescrição de medicamentos, um estudo feito em colaboração com a Faculdade


de Medecina 21 em 1995 mostrou um uso exagerado de antibióticos e injectáveis a nível dos CS;
durante a epidemia de cólera de 1994 foi evidenciado a utilização abusiva de soros. A diffusão do
manual de diagnóstico e tratamento contribuiu no entanto para uma pescrição mais racional nos CS.

Na apreciação da população, é sobretudo a penúria em medicamentos que é associada a má


qualidade, razão pela qual preferem ir directamente numa farmácia privada: no estudo acima referido,
43% das 779 pessoas que visitaram uma farmácia privada, compraram medicamentos em auto-
medicação.

3.5 AS ESTRUTURAS DE FORMAÇÃO E DE PESQUISAS

ETQS, Faculdade de Medecina

LNSP, CMT, Bandim

As estruturas de formação são tratadas no capítulo sobre os Recursos Humanos, a pesquisa e as


instituições de pesquisa são tratadas no capítulo sobre os Programas e Serviços Nacionais.

3.6 AS LIGAÇÕES FUNCIONAIS

a) Entre as estruturas de gestão

As visitas de supervisão são irregulares; controle financeiro sobre as receitas ou a utilização de fundos
de projectos ou do orçamento geral do estado quase não existe; encontros ou visitas são anunciados à
última hora; informações não circulam; pedidos não são respondidos, etc. Desde alguns anos, a
organização foi bastante melhorada a nível de algumas regiões, em parte graças ao Programa de
Reforço da Gestão Sanitária.

Os principais problemas continuam a ser a falta de coordenação e de comunicação dentro do MINSAP,


nomeadamente entre as duas Direcções Gerais e entre o nível central e as regiões. Esta situação é
complicada pela abordagem fragmentada dos programas técnicos, cada um operando duma forma
autónoma com seu próprio sistema de gestão e seus recursos.

O Conselho Directivo, orgão consultivo do Gabinete do Ministro e Directores Gerais com os Directores
Regionais, reuniu algumas vezes só em 1995. O Conselho Técnico, orgão que foi concebido como
consultivo entre os Programas e Serviços centrais e a DGSP, não chegou de funcionar desde a
elaboração dos seus estatutos em 1994.

19
Tiddens, H., Chabot,J. e colab. - Formação clínica e saúde pública no quadro do Projecto do Sector Social em Guiné Bissau,
KIT, Abril 1995.
20
Van Balen,H. e Mercenier, P. - Place des Hôpitaux Régionaux et de l'Hôpital Simão Mendes dans le contexte du Plan
National de Développement Sanitaire de Guiné Bissau, Outobro 1996.
21
Estudo feito no âmbito da missão de revisão do programa de medicam. essenciais, ver anexo 6 do relatório,
KIT/MINSAP/UNICEF, Junho 1995.
Minsap - Guiné-Bissau 29 PNDS - 1997-2001

b) Entre as formações sanitárias

O sistema de referência e contra-referência com retro-informação não está definido e formalizado


claramente entre os diferentes níveis de cuidados (USB-CS-HR-HC). Uma grande parte dos
atendimentos nos hospitais poderia ter sido feita num Centro de Saúde: de facto, os hospitais estão a
funcionar em parte como grandes "centros de saúde" para as cidades. O pessoal dos hospitais,
nomeadamente os médicos, não está envolvido na supervisão técnica dos CS.

c) Estruturas e mecanismos de coordenação intersectoriais

A nível central, a coordenação intersectorial seria normalmente da competência do Secretariado do


Estado do Plano. Várias iniciativas têm sido lançadas no sentido de criação de comissões
intersectoriais em determinadas áreas com resultados bastante magros. No decurso de 1995, havia
uma tentativa de coordenação intersectorial a volta das chamadas metas intermédias coordenada pelo
gabinete do Primeiro Ministro. Na prática, os contactos intersectoriais têm tido um carácter ad hoc, p.e.
durante a epidemia de cólera, ou durante missões de avaliação ou seminários relativos a temas como
mulheres e desenvolvimento, água, desenvolvimento urbano, SIDA, saneamento do meio ambiente e
campanhas de remoção de lixos.

A nível regional e local, os contactos são mais fáceis e se desenvolvem de forma informal. Os
Gabinetes de Plano coordenam normalmente a acção intersectorial, mas eles não funcionam
dividamente em nenhuma região, provavelmente também devido ao processo da descentralização
administrativa ainda não ter atingido altos níveis de autoridade.

A consciência do impacto dos outros sectores na saúde das populações parece não ser comum: a
influência que as áreas como água, saneamento, educação e alfabetização de mulheres, estradas e
comunicação social têm nos indicadores de mortalidade e morbilidade deverá ser reconhecida. Mesmo
dentro do sector da saúde, nem o nível central, nem as regiões estão acostumados a considerar estes
aspectos na planificação ou a procurar a colaboração com estes outros sectores. A abordagem é, com
poucas excepções, sectorial: na teoria todos reconhecem a multi-factorialidade da saúde, mas na
prática o acento está na organização dos serviços de saúde. Há toda uma necessidade de se definir as
responsabilidades do Ministério da Saúde Pública nesses campos, de definir a plataforma para
formalizar as discussões e acções no domínio da intesectorialidade e de especificar junto aos outros
sectores as respectivas estratégias.

3.7 O SECTOR PRIVADO

Em 1990, no discurso de fim de ano, o Presidente da República fez uma importante menção sobre a
liberalização da Medicina. Desde então, vários consultórios médicos e da enfermagem abriram as suas
portas e passaram a atender muitos doentes. Não se conhece o número exacto de consultórios
existentes em Bissau, calcula-se que seja superior a 30 e estão espalhados por toda a cidade. O
despacho do Primeiro Ministro de 21.1.93 (Nº 02/GPM/92) formalizou até certo ponto esta liberalização
da medicina, conferindo ao MINSAP a competência para autorização de abertura das referidas
unidades privadas. Conforme este despacho, o MINSAP deveria ter apresentado uma legislação e
regulamentação para o efeito, mas que no entanto se aguarda.

Neste momento estima-se que mais de 90% dos médicos está com um pé na função pública e outro na
clínica privada. Esta situação gera facilmente dúvidas quanto à utilização de materiais e equipamentos
públicos, serviços públicos de laboratório, de radiologia etc e do próprio tempo e horários que os
funcionários passam no serviço público e privado. Alguns gabinetes privados fazem intervenções
cirúrgicas do tipo grande cirurgia em espaços pequenos e atraiem as pessoas com publicidade sobre
isso. Existem ligações ou mesmo consultórios dentro de farmá_ias privadas. O acento nas actividades
dos gabinetes privados é naturalmente no curativo, o preço para uma consulta, sem medicamentos ou
análises laboratoriais, variando entre 15.000 e 300.000 PG (início 1997).

Um aborto provocado ou uma apendectomia podem custar 3.000.000 até 5.000.000 PG. O conjunto
destas questões merece uma reflexão junto à ordem dos médicos e as demais associações de
Minsap - Guiné-Bissau 30 PNDS - 1997-2001

profissionais de saúde, a fim de discutir determinadas questões deontológicas, para chegar a uma
regulamentação desse sector privado e de garantir a qualidade dos serviços aí prestados.

No entanto, é claro que o sector privado constitui uma realidade incontornável e complementar no
sistema nacional de saúde. Além disso, as actividades privadas permitem aos profissionais de saúde
suplementar os baixos salários da função pública.

O sector privado compreende também as organizações com intuito não-lucrativo, entre os quais
nomeadamente as igrejas, que dão uma contribuição importante e muitas vezes exemplar. Verifica-se
no entanto uma necessidade constante para coordenar as acções a fim de evitar situações de
concorrência, p.e. relativamente à gratuidade ou não dos medicamentos.

A medecina tradicional assume um papel importante na resolução dos problemas de saúde da


população, para parte da população constituindo o único recurso em caso de doença ou sofrimento. O
Ministério da Saúde Pública reconhece o papel e o valor cultural deste sector e manifestou sempre a
sua vontade de se desenvolver relações mais estreitas. Em 1991 houve um encontro em Bula entre
tradipraticantes e representantes do MINSAP.
Minsap - Guiné-Bissau 31 PNDS - 1997-2001

4 PROGRAMAS NACIONAIS E SISTEMAS DE APOIO

INTRODUÇÃO

No capítulo precedente apresentou-se o Sistema Nacional de Saúde com os seus diferentes níveis e
sua organização. A própria missão do sector da saúde é muitas vezes definida em relação a
determinados problemas ou doenças prioritários ou em relação a certos grupos vulneráveis. Fala-se
neste contexto de Programas Técnicos. A aplicação destes programas técnicos depende de um
conjunto de sistemas e funções de apoio, relacionados com os recursos e com funções de gestão.

Os programas técnicos chamados "verticais" são administrados a nível central e executados a nível
local como subsistema com o seu próprio pessoal, recursos e às vezes as suas próprias estruturas.
Estes programas, devido também aos modos de financiamento dos mesmos, asseguram geralmente
eles-próprios os seus sistemas e funções de apoio. Numa organização "horizontal" dos programas,
todas as actividades que incumbem a um nível da pirâmide sanitária são coordenadas pelo respectivo
nível e os sistemas e funções de apoio referem-se ao conjunto de programas técnicos levado a cabo. A
maioria dos programas descritos neste capítulo têm uma mistura destas características, tendo uma
organização mais vertical a nível central e geralmente mais horizontal a nível local.

A seguinte tabela resume os Programas Técnicos e Sistemas de Apoio no sistema nacional de saúde :

Programas Técnicos Funções e Sistemas de Apoio


Definição Conjunto de actividades e meios dedicados a um ou Conjunto de funções muitas vezes ligadas às estruturas
mais objectivos específicos, geralmente em relação a que servem antes de tudo para apoiar a implementação
um problema de saúde (doença) específico ou a um dos programas técnicos
grupo vulnerável e que é aplicado no terreno.
Exemplos • Progama Medicamentos Essenciais/Consulta Recursos:
22
curativa • Recursos Humanos
• SMI/PF • Recursos Financeiros (OGE, Ajuda externa,
• PAV Sistemas de Recuperação de Custos)
• CDD • Aquisição de equipamentos, materiais, meios de
• Nutrição transporte e Manutenção
• Paludismo • Medicamentos Essenciais
• Hansen e Koch • Infraestruturas e Manutenção
• DST/SIDA • FUNÇÕES DE GESTÃO:
• SNIECS • Administração e Finanças
• Oncocercose • Sistema de Informação Sanitária
• Higiene, saneamento e Epidemiologia • Formação e IEC
• Saúde Comunitária • Coordenação Ajuda Externa
• Saúde Mental • Supervisão e Seguimento
• Reabilitação Motora • Planificação
• Logística
• Avaliação
• Colaboração Intersectorial

22
O Programa de Medicamentos Essencias é tratado no capítulo 6, os aspectos de Saúde Comunitária, Saúde Mental e
Reabilitação Motora são tratados no capítulo 2.
Minsap - Guiné-Bissau 32 PNDS - 1997-2001

4.1 OS PROGRAMAS NACIONAIS

a) Saúde Materno-Infantil e Planeamento Familiar

Missão

O programa foi criado em 1978 com a missão de assegurar e coordenar as actividades que visam a
promoção da saúde materna e infantil, com acento nos aspectos de normatização, formação e
supervisão. Mais tarde veio acrescentar-se o componente do planeamento familiar.

Ao lado do programa funciona o Centro de Referência SMI com a missão de oferecer serviços
preventivos e curativos às mulheres e crianças e de servir de local para estágios para a formação de
técnicos. O papel de referência nunca foi bem esclarecido ou normatizado, pelo que tem sido bastante
discutido. Na realidade os centros de saúde referem os seus pacientes directamente para os hospitais.
A acumulação da direcção do programa e da direcção do centro de referência não abonava a favor da
percepção da missão de cada uma destas. Nas recentes avaliações feitas tanto pela Rädda Barnen 23
como pelo FNUAP 24 concluiu-se que o programa não desempenha as reais atribuições que lhe são
conferidas a nível nacional.

Principais actividades

O programa desenvolveu muitos estudos e elaborou materiais e instrumentos no domínio da SMI/PF.


As numerosas actividades na área da formação, acrescidas de uma ausência no seguimento e
avaliação das mesmas concorreu para elevar a um segundo plano a elaboração de normas,
orientações e a supervisão. Em 1995 foi elaborado o primeiro documento de política nacional de
planeamento familiar. Existem boas relações com outras entidades sobre témas como a excisão e o
planeamento familiar e há uma interacção positiva com a maternidade do HNSM.

Por ser no momento o executor de dois grandes projectos na área, está também ligado a actividades
tais como a construção e reabilitação, a distribuição de materiais de PF e o fornecimento de
equipamentos aos CS.

Recursos

Desde a sua criação, beneficiou de apoios de vários organismos. Nos últimos anos os projectos da
Rädda Barnen e do FNUAP constituiram apoios importantes e incluiram assistência técnica. O apoio do
FNUAP tem sido mais dirigida para o planeamento familiar e a gestão financeira do projecto enquanto
que o da Rädda Barnen concentra-se no domínio da obstetrícia. Entre os outros doadores podemos
citar a OMS, o UNICEF, o Banco Mundial e o PAM.

Principais estrangulamentos

A abordagem do programa tem sido bastante vertical e orientada essencialmente para actividades
operacionais, enquanto o impacto do programa em termos de orientação das Direcções Regionais
constitui um ponto fraco. Além disso verifica-se certa sobreposição de atribuições com outros
programas como o CDD/IRA, o PAV, a nutrição e o próprio CR/SMI.

Se bem que a formação tem contribuido consideravelmente para o aperfeiçoamento do pessoal nos
diferentes níveis, a coordenação da mesma dentro da perspectiva do desenvolvimento global do
sistema nacional de saúde apresenta ainda alguns problemas.

23
Revisão do apoio da Rädad Barnen ao Programa de SMI/PF da Guiné Bissau, Ignácio Alvarenga, Gabriel Cá, Staffan Reinius
e Bengt Sandkull, Maio 1996
24
Relatório da Avaliação, Projecto GBS/94/PO1, Apoio ao Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil incluindo o
Planeamento Familiar, MINSAP/FNUAP, Carlos Laudari, Fevereiro 1997.
Minsap - Guiné-Bissau 33 PNDS - 1997-2001

b) Paludismo

Missão

paludismo constituindo um problema de saúde pública importante na Guiné Bissau, em 1992 e com o
apoio da OMS 25 foi formulado um programa global de luta contra esta doença. Por ter sido concebido
muito ambicioso, o mesmo não chegou de ser implementado. Além disso, os dois directores
acumulavam esta função com outros cargos, o que contribuiu em parte para a lenta evolução. Em 1995
foi discutido o Plano Nacional de Luta contra o Paludismo, base para a política no mesmo domínio.

Principais actividades

Além da elaboração do documento politico-estratégico sobre o paludismo, o programa fez um esforço


para preparar guias de formação destinados aos enfermeiros dos CS sobre o diagnóstico e o
tratamento do paludismo. O próprio programa organizou e animou a formação a nível das regiões. Em
1996 foi organizado uma semana com actividades de IEC para sensibilizar as autoridades políticas, a
sociedade civil e os organismos internacionais sobre os problemas ligados ao paludismo.

Ao lado do próprio programa de Paludismo o LNSP, com apoio da Cooperação Sueca e um laboratório
de referência sueco, tem desenvolvido estudos operacionais sobre a utilização de mosquiteiros
impregnados e o mesmo laboratório faz o seguimento da sensibilidade aos antipalúdicos das espécias
de plasmódio vigentes. A partir de 1990 são relatados casos de resistência a cloroquina de tipo R1.

Recursos

programa tem sido apoiado principalmente pela OMS. Nos últimos anos o UNICEF tem contribuido com
apoios ponctuais. Outros doadores intervêem na área da aquisição de antipalúdicos, no âmbito do
financiamento global do programa de medicamentos essenciais.

Principais estrangulamentos

O programa é ainda muito jovem para se fazer uma avaliação exaustiva. Há uma clara necessidade de
continuar os esforços iniciados no sentido de fazer aceitar e melhorar a aplicação dos critérios de
diagnóstico e tratamento do paludismo preconizados pelo programa. Estas orientações deverão apoiar-
se em dados epidemiológicos sobre a sensibilidade dos plasmódios aos antipalúdicos. Os resultados
positivos dos estudos sobre os mosquiteiros impregnados terão que resultar numa divulgação dessa
estratégia ou em estudos operacionais visando a sua divulgação.

c) Programa alargado de vacinações

Missão

Programa Alargado de Vacinações (PAV) tem por objectivo coordenar e promover a vacinação contra
seis doenças: Pólio, Tétano, Difteria, Tosse convulsa, Sarampo e Tuberculose.

Principais actividades

A Direcção Central do programa assegura todo o sistema de aprovisionamento em vacinas, desde a


recepção, o armazenagem a nível central até a distribuição para as sedes regionais e unidades
sanitárias. O programa assegurou até agora a maior parte dos recursos para a rede de frio: geleiras,
termos, petróleo, manutenção.

25
Missão Guadaloupe, OMS, 1992.
Minsap - Guiné-Bissau 34 PNDS - 1997-2001

O PAV também forneceu um parte importante dos meios de transporte na periferia. De facto, os meios
de transporte postos à disposição das regiões pelo Programa PAV, em combinação com o serviço de
manutenção e o abastecimento regular em gasóleo e gasolina a partir do programa, constituiram até
recentemente para todas as regiões um dos apoios mais importantes em termos de transporte e
logística.

O programa assegurou durante muitos anos todo o circuito de aprovisionamento em vacinas sem
grandes falhas e com resultados satisfatórios em termos de cobertura vacinal. As estratégias
preconizadas pelo programa são a vacinação a partir dos postos fixos, a estratégia avançada e as
campanhas nas zonas de baixa cobertura. O programa elaborou um manual de instruções práticas
para as actividades de vacinação.

A secção da logística do PAV foi até muitas vezes utilizada pela DGSP no âmbito de outros programas
ou projectos. O PAV foi o primeiro programa cujo sistema de informação foi integrado no sistema
nacional gerido pelo SHE.

Recursos

programa beneficia principalmente de apoio do UNICEF, tanto para a compra de vacinas como para
custos de funcionamento, incluindo até 1995 subsídios para o pessoal. Outros doadores que costumam
intervir são a OMS e a Rotary.

Princi pais estrangulamentos

Existe uma unidade autónoma denominada "Vacinação internacional" que fornece também vacinas aos
escolares e para o tratamento de raiva e cujo enquadramento irá merecer uma reflexão posterior.

d) Controle de doenças diarréicas

Missão

Este programa foi criado em 1992 com objectivo de diminuir a morbimortalidade ligada às doenças
diarréicas. A missão é de promover o tratamento racional das diarréias nos serviços de saúde e de
contribuir para melhores conhecimentos e práticas referente às diarréias no seio da população.

Principais actividades

Entre as principais actividades do programa, pode-se citar a realização de um inquérito nacional em


junho 1993, a elaboração de materiais de formação e de um manual de tratamentode diarréias,
actividades próprias de formação, fornecimento de materiais para o tratamento aos CS e supervisão
dos técnicos no terreno. O acento das actividades foi posto na promoção da utilização de sais de
reidratação oral (SRO) e criação de unidades de reidratação oral nas infraestruturas sanitárias. O grupo
alvo mais visado são as crianças de menos de 5 anos.

O programa está envolvido em actividades intersectoriais com áreas como o saneamento do meio, a
comunicação social e o sector da água.

Ultimamente, o programa tentou fazer também cobertura das Infecções Respiratórias Agudas (IRA) em
termos de orientações de tratamento e de prevenção e procurou a colaboração com o programa PAV.

Recursos

Desde 1992, o Programa tem recibido apoio financeiro da parte da OMS e entre 1992 e 1994 beneficiou
de uma assistência técnica a tempo inteiro, também financiada pela OMS. A partir de 1995, o UNICEF
tem prestado o seu apoio.
Minsap - Guiné-Bissau 35 PNDS - 1997-2001

Principais estrangulamentos

O programa deu grande contributo para aumentar a consciência da importância da reidratação oral no
tratamento de diarréia, quer para o pessoal de saúde quer a nível da população. Apesar do serviço de
epidemiologia monitorar a utilização de SRO, não existem dados fiáveis que possam indicar uma
evolução das práticas de tratamento de diarréias. As práticas observadas durante as epidemias de
cólera a nível do Hospital Nacional Simão Mendes testemunham o uso abusivo de soros endovenosos
e um desconhecimento total das possibilidades do tratamento oral por parte da maioria dos médicos.

e) Lepra e tuberculose - (hansen e koch, h/k)

Missão

Constituindo a Lepra sério problema de saúde pública na Guiné-Bissau, foi criado em 1980 o Programa
Nacional de Luta contra a Lepra onde se integrou em 1986 a luta contra a tuberculose. O programa tem
como objectivo diminuir a morbi-mortalidade causada pela Lepra e TB, principalmente através dum
diagnóstico e tratamento precoces.

Principais actividades

O programa supervisa as actividades a nível das regiões através dos supervisores regionais H/K
integrados nas equipas regionais de saúde. Coordena também as actividades dos hospitais de
referência: Hospital Raoul Follereau e Hospital de Cumura. A nível dos hospitais regionais foram
construídas enfermarias para o internamento dos doentes de TB durante os primeiros 2 meses da fase
intensiva do tratamento. Até recentemente, o programa distribuía ele-próprio os medicamentos para TB
e lepra, assegurava o transporte para os supervisores regionais e fazia a sua avaliação específica.

Recursos

Desde 1980, o grande apoio apoio técnico e financeiro provém da cooperação italiana através da AIFO
(Associazione Italiana Amigi de Raoul Follereau) e nos últimos anos o montante global deste apoio tem
sido repartido com o Hospital Raoul Follereau, incluindo subsídios tanto para o pessoal do programa
como do hospital.

Principais estrangulamentos

Os dados epidemiológicos referentes à lepra são encorajadores e apontam para uma eliminação
gradual deste problema. A situação da endemia de tuberculose no país é preocupante. Na verdade, aos
habituais factores determinantes da doença, veio juntar-se a infecção pelo HIV. Enquanto a
despistagem parece bastante satisfatória, a taxa de abandono no tratamento de TB é elevada. Tem-se
registado roturas de estoque de medicamentos de TB.

O programa tem aplicado uma abordagem vertical e centralizado, com acento no papel das estruturas
hospitalares, sobretudo o HRF em Bissau, contribuindo assim para que muitos doentes deixassem de
ser tratados nas respectivas regiões de origem.

No entanto, uma recente avaliação constatou que o número de centros onde se faz o diagnóstico
laboratorial é elevado segundo as orientações OMS/UICT. Esta descentralização pode comprometer a
qualidade desses exames visto que o sistema de controle de qualidade é ainda incipiente.
Minsap - Guiné-Bissau 36 PNDS - 1997-2001

f) Doenças sexualmente transmissíveis e sida

Missão

O Programa Nacional de Luta contra a SIDA foi criado em 1986, depois do aparecimento dos primeiros
casos da doença (naquela altura só VIH-2) em 1985. Os objectivos gerais do primeiro Plano a Médio
Prazo foram a prevenção da transmissão do VIH e os cuidados aos indivíduos infectados.

Principais actividades

As principais actividades do programa têm consistido na vigilância epidemiológica, IEC e formação. A


nível do HNSM existía uma unidade de aconselhamento, ligada ao programa.
Com vista a uma mobilização intersectorial e geral da sociedade criou-se um Comité Nacional de Luta
contra a SIDA, que nunca funcionou. Anualmente comemora-se o Dia Mundial de SIDA.

Existem muitas actividades na área da SIDA mais ou menos independentes: no princípio de 1996 foi
lançado pela PSI um programa de marketing social de preservativos; o LNSP e o projecto de Bandim
contribuem com estudos sobre a infecção VIH; vários organismos e ONG's actuam no domínio da IEC,
entre as quais Cecomes, apoiado pela Comunidade Europeia. A cooperação Francesa executa um
projecto de vigilância e tratamento de DST em Bissau e na região de Oio, que será futuramente
integrado ao programa nacional de DST/SIDA.

O programa tendo sido criado com perspectiva de luta contra a SIDA, começou necessariamente a
apontar também as outras doenças sexualmente transmissíveis; neste quadro foram elaborados os
ordinogramas para as DST e existe já uma tendência de se falar do programa DST/SIDA.

No primeiro trimestre de 1996 teve lugar um Seminário Nacional de Consenso sobre SIDA, com
participação de vários sectores, que serviu de base para o 2º Plano a Médio Prazo.

Recursos

Houve financiamentos e apoios de vários organismos, entre os quais OMS, PNUD, CEE, USAID,
Africare, ASDI, UNICEF, AGUIBEF, DCA, Corpo da Paz, ADPP. O maior investimento em termos de
volume foi do programa PSI, financiado na primeira fase pelo Banco Mundial.

Principais estrangulamentos

Embora a SIDA seja reconhecida como importante problema de saúde pública, verifica-se que na
prática a gestão da mesma não é assumida como tal. Isto pode estar relacionado em parte com o
carácter temperado do VIH-2 que por enquanto é dominante na Guiné Bissau. A expansão da epidemia
de VIH-1 que se aguarda nos próximos anos incitará uma melhor coordenação na área das DST e
SIDA, como já se viu no seio dos doadores com a iniciativa de coordenação dos financiamentos no
âmbito do ONU/SIDA (UNAIDS).

O diagnóstico laboratorial é neste momento limitado a Bissau e Canchungo, limitando assim o acesso à
transfusão sanguinea segura.

g) Nutrição

Missão

Até 1990 a nutrição foi uma das vertentes do programa Nacional de SMI/PF, tendo como principal
acção a reabilitação dos desnutridos e o aconselhamento interpessoal no domínio da nutrição. Em 1990
foi criado o núcleo de nutrição, com mandato mais amplo no sentido da vigilância nutricional e da
promoção da segurança alimentar, incluindo as suas dimensões intersectoriais.
Minsap - Guiné-Bissau 37 PNDS - 1997-2001

Principais actividades

Como actividades o programa tem elaborado materiais de formação e participa na formação de técnicos
no domínio de nutrição, através da organização de seminários para o efeito, com contribuições nos
currículos da ETQS e através de supervisões às regiões. Tem promovido ou participado também na
formação de técnicos da educação, agricultura e ONG's, no âmbito da nutrição e segurança alimentar.
Em 1995, realizou um estudo sobre a prevalência de bócio a nível do país. Co-organizador do
seminário sobre o Plano Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) contribui dessa forma à
formulação da política do país em matéria de alimentação e nutrição. Ainda a nível intersectorial
desenvolveu contactos com produtores de sal na perspectiva da iodização da mesma.

Na sede do programa, existe uma unidade que funciona como centro de recuperação nutricional
ambulatório que se prevê transferir por não constar entre as suas atribuições.

Recursos

Os apoios tem vindo da parte da OMS, sobretudo para o equipamento do escritório e o estudo de
prevalência de bócio. UNICEF apoia desde 1990 a promoção da amamentação e prevê-se uma
importante contribuição desta agência no que respeita as carências em micronutrientes, nomeadamente
a distribuição de vitamina A e cápsulas de iodo e a iodização do sal.

Principais estrangulamentos

A integração e a relação do núcleo de nutrição com o programa de SMI/PF merece uma nova atenção,
visto uma certa sobreposição das atribuições no que respeita as actividades de seguimento nutricional
das crianças, a reabilitação nutricional, etc. No entanto, as tarefas intersectoriais (segurança alimentar,
educação em matéria de higiene dos alimentos, iodização do sal, etc.) e as tarefas de investigação
justificam a continuição dum programa separado do SMI/PF.

A base de dados sobre a situação nutricional (má-nutrição, anemias, avitaminose A, etc.) é bastante
fraca. O sistema de recolha de dados epidemiológicos de rotina inclui o número de novos casos de má-
nutrição graves do mês, sem referência clara ao denominador deste número e é registado também o
número dos nascimentos com peso inferior aos 2500 gramas. Este último indicador mostra grandes
variações consoante a região e mereceriam maior análise para verificar se indicam diferenças reais
entre as regiões ou fraquezas no sistema de notificação.

h) Oncocercose

Missão

O Programa Nacional de Luta Contra a Oncocercose teve início em 1986 e está sediado em Gabú. A
missão é a luta contra o oncocercose, visando a redução de vectores (simulia) e a carga microfilariana
na comunidade. A população exposta encontra-se no leste do país, sobretudo na bacia do rio Corubal,
com um foco menor na bacia do rio Gêba. Trata-se de um programa rigorosamente vertical, sem
qualquer ligação com as equipas regionais nem com as estruturas sanitárias periféricas. O programa
tem de facto ligações sub-regionais como zona de extensão do programa OCP (Onchocercose Central
Programe), baseado em Ouagadougou.

Principais actividades

Predominam as actividades de vigilância epidemiológica e tratamento em massa - com Ivermectina - ,


através da equipa móvel do Programa, uma vez ao ano na bacia do rio Gêba, e duas vezes ao ano na
bacia do rio Corubal.

Os resultados de inquéritos revelaram uma redução drástica dos casos positivos na bacia do rio Gêba,
passando a prevalência de 9% em 89/90 para 0,9% em 1995.
Minsap - Guiné-Bissau 38 PNDS - 1997-2001

Recursos

A OCP/OMS até aqui financiou o programa, tendo sido alguns recursos utilizados também nos países
vizinhos visto o carácter subregional do programa. A OCP decidiu retirar progressivamente o apoio
técnico e financeiro aos países participantes até ao ano 2002, devolvendo a cada país os encargos da
gestão: "Programa de Devolução".

Principais estrangulamentos

Um atelier realizado em Maio/96, tendo por objectivo de definir as grandes linhas do programa de
devolução, propôs uma alteração radical da estratégia, abandonando o modo vertical, e integrando-o no
Sistema Nacional de Saúde e adoptando um sistema de tratamento de base comunitário.

i) Serviço de higiene e saneamento

Missão

Criado em 1978, este serviço foi incumbido de elaborar normas técnicas de intervenção nos domínios
de água e saneamento, pronunciar-se do ponto de vista sanitário sobre os estabelecimentos e produtos
alimentares, água e meio ambiente. O principal objectivo deste serviço é de diminuir a incidência das
doenças transmissíveis através de factores do meio ambiente.

Principais actividades

As actividades têm sido essencialmente operacionais com vistorias e inspecções a estabelecimentos e


vendedores de produtos alimentares em Bissau, desinfecção de poços e manutenção da sanidade nos
hospitais, sobretudo durante as epidemias de cólera. Foram elaboradas normas técnicas e formados
alguns técnicos das regiões, contudo na maioria das vezes recorre-se aos técnicos centrais para a
realização das actividades. O serviço tem desenvolvido relações de trabalho intersectoriais com outros
ministérios, nomeadamente com os Recursos Hídricos e o Ministério do Ambiente. E é assim que em
1996 participou na realização da Primeira Conferência sobre o Ambiente e na mesa redonda sobre
Água, Saneamento e Saúde. Em 1996-97 participou na preparação e realização no território nacional
do estudo sobre água e saneamento e em 1997 houve a organização conjunta do lançamento da
Iniciativa Africa 2000. Tem havido uma estreita colaboração com o LNSP.

Recursos

Tem recebido apoio técnico e financeiro essencialmente da OMS, contudo durante a epidemia de cólera
de 1994 recebeu um considerável apoio da Cooperação Portuguesa em produtos de desinfecção e
outros materiais. Ultimamente tem recolhido algum fundo através das vistorias, dinheiro esse utilizado
para algumas actividades no terreno, mas essencialmente para incentivo aos técnicos que trabalham no
terreno, tentando assim minimizar subornos.

Principais estrangulamentos

Embora se tenha administrado alguns cursos práticos às regiões, as actividades operacionais têm sido
desenvolvidas pelo nível central, constituindo mesmo o essencial das sus actividades. As nspecções
são irregulares e deverão merecer uma abordagem bastante delicada tendo em conta a possibilidade
de aliciação. Assim, a descentrlização e o desempenho de um papel mais orientador deverão constituir
as prioridades deste serviço.
Minsap - Guiné-Bissau 39 PNDS - 1997-2001

4.2 OS SISTEMAS DE APOIO

a) O sistema nacional de informação sanitária

Por definição, um sistema nacional de informação sanitária é constituído por um conjunto de


mecanismos e de procedimentos que visam recolher, analisar, divulgar e utilizar dados necessários à
planificação e gestão dos sistemas de saúde.

Em princípio, uma planificação correcta em qualquer nível do sistema de saúde necessita da


disponibilidade e da boa gestão de informações. Trata-se de informações relativas aos "inputs", ao
"processo" 26, aos "outputs" e ao "impacto". No momento actual, a recolha, a qualidade e a análise dos
dados e a própria noção dum sistema nacional de informações sanitárias global ao serviço do processo
de planificação, está ainda longe do que pode ser considerado ideal.

A recolha e a análise dos dados sobre os "outputs" (utilização dos serviços, coberturas, qualidade) e o
"impacto" (morbidade, mortalidade) são da responsabilidade do Serviço de Higiene e Epidemiologia. O
sistema de recolha e da análise dos dados epidemiológicos e estatísticas é ainda jovem.
O actual serviço de Epidemiologia tomou forma a partir de 1992, com a afectação de um médico
director do serviço e com apoio e assistência técnica da Cooperação Francesa. Neste momento, o
serviço compreende uma equipa de 14 pessoas bem treinadas e motivadas em matéria de análise
epidemiológica e estatística. Um conjunto de dados referentes aos diferentes programas e actividades é
recolhido mensalmente em todos os centros de saúde e hospitais e é enviado, através das DRS, ao
SHE onde os dados são introduzidos num banco de dados informatizado. Existe um manual de
instruções e o SHE dá retroinformações às regiões e aos programas, entre outros através dum boletim
trimestral. No fim de 1994 registou-se uma boa capacidade de resposta do SHE em termos de vigilância
e coordenação das actividades no âmbito da epidemia de cólera.

No entanto, apesar dos grandes progressos num curto espaço de 3-4 anos, existem ainda várias
dificuldades. Um problema preocupante é a baixa fiabilidade dos dados, da qual alguns factores foram
expostos no capítulo sobre a cobertura e qualidade da prestação de serviços (ver I.3.4.). Citamos o
problema de denominador para o grupo de 0-1 ano, a falta de padronização de certos indicadores que
não permite comparações interregionais, o não fornecimento regular dos seus dados, nomeadamente
do HNSM. Subsistem por parte de alguns programas solicitações paralelas de informações, às vezes
para satisfazer pedidos específicos dos financiadores e que tem perturbado o trabalho de rotina.

Se bem que a nível das regiões haja uma evolução para não servir simplesmente de veículo para
transmitir os dados, mas utilizá-los realmente no seu processo de planificação, a nível dos próprios CS
e hospitais os dados ainda não são analizados e utilizados de forma satisfatória. Enquanto o pessoal
não reconhecer e comprender a importância das informações recolhidas, utilizando-as no seu trabalho
de dia em dia, será difícil obter um preenchimento correcto e atempado das informações exigidas.

b) Supervisão, seguimento, controle e avaliação

A supervisão do nível central para as regiões não está a ser feita duma forma regular e integrada,
apesar das declarações de boas intenções nesse sentido. A supervisão específica dos programas e
certos serviços está a ser feita, com regularidade variável consoante o programa. Alguns programas
centrais fazem supervisões directamente até ao nível local, sem concertação com a região. As regiões
queixam-se frequentemente das visitas imprevistas do nível central. A regularidade e modadlidades da
supervisão das regiões para os Centros de Saúde e a supervisão dos Centros de saúde para as USB é
muito variável segundo a região. Geralmente há uma disponibilidade de fundos para assegurar as
despesas de deslocação das visitas do nível central às regiões, mas a nível das regiões essa
disponibilidade não é universal e se existir, os montantes são na maioria irrisórios.

26
Quanto às informações sobre os inputs e o processo, referimos aos demais capítulos deste tomo-1 para mais detalhes (ver
cap.5 sobre recursos humanos, cap.6 sobre medicamentos, cap.7 e 8 sobre financiamento e ajuda externa).
Minsap - Guiné-Bissau 40 PNDS - 1997-2001

Os sistemas de controle da utilização de recursos materiais, do património existente e da execução


financeira são ainda parcelares e não sistematizados. No âmbito da Iniciativa de Bamako existem
mecanismos mais palpáveis na região de Gabú para o controle da utilização dos medicamentos e das
receitas. A maior parte das regiões está consciente da limitada capacidade em gestão financeira e
algumas procuraram o concurso do CENFA para remediá-la. A nível dos projectos a gestão financeira e
o controle são ainda dominados pelos parceiros, directamente ou através de unidades de gestão dos
projectos.

Várias regiões instituiram uma certa rotina de avaliações tri- ou semestrais; em Gabú a avaliação
semestral está ligada à orçamentação e planificação dos fundos provenientes da recuperação de
custos, e o Comité de Gestão está envolvido nesse processo. A nível central, são os programas de luta
contra a lepra e a tuberculose e o Programa Alargado de Vacinações que têm organizado avaliações
regulares. A avaliação integrada de todos os programas tem sido um desejo, mas continuam em
perspectiva.

c) A pesquisa e as instituições de pesquisa

A pesquisa tem por objectivo obter dados e informações relativos aos principais problemas de saúde e
aos seus determinantes e sobre a eficácia e eficiência das intervenções levadas a cabo no âmbito do
sistema de saúde. Estas informações normalmente devem completar e validar as informações
provenientes do sistema de rotina e permitir as autoridades competentes definir melhor as prioridades e
tomar decisões em conformidade. As instituições que intervêm de uma forma ou outra nesta área são o
laboratório Nacional de Saúde Pública, o Serviço de Higiene e Epidemiologia, o Centro de Medecina
Tropical, o Projecto de Bandim e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas.

Laboratório Nacional de Saúde Pública (LNSP)

O LNSP é o laboratório de referência nacional apoiado através da Cooperação Sueca por um


laboratório de referência em Stockholm. O LNSP é responsável pela formação dos técnicos de
laboratório no país e tem atribuições na área de controle da qualidade dos laboratórios periféricos. O
LNSP desenvolve actividades interligadas de prestação de serviço, de vigilância epidemiológica e de
pesquisa. O apoio da Cooperação Sueca tem-se concentrado no funcionamento e nas análises feitas
no próprio laboratório, muitas vezes ligadas à pesquisa. O organismo Canadiano PRIMTAF
desenvolveu a partir de 1995 um programa de apoio aos laboratórios da região de Bafatá, que engloba
aspectos de aprovisionamento em reagentes, formação e controle de qualidade.

Centro de Medecina Tropical (CMT)

Esta formação tem como objectivo, desenvolver pesquisas no domínio das doenças tropicais. Outro
objectivo do Centro é de fomentar a criação de um potencial humano e ciêntífico para execução de
programas de luta contra as grandes endemias.

Na prática o Centro de Medecina Tropical funciona como se fosse uma policlínica.

Projecto de Saúde de Bandim

O Projecto de Bandim é uma unidade de pesquisa epidemiológica ligada a um instituto Dinamarquês,


que iniciou as suas actividades em 1978. Os estudos visam sobretudo a epidemiologia e controle de
sarampo, o estado de saúde em bairros urbanos com alta densidade populacional ("crowding"), a
epidemiologia de diarréias e a infecção de HIV. Desde 1990, o projecto iniciou um estudo prospectivo
sobre a mortalidade de mulheres e crianças em 5 regiões do país. Um componente do projecto basea-
se no treinamento de quadros nacionais na área das pesquisas. Existe uma intensa cooperação com o
SHE, o LNSP e o CS de Bandim, além de contactos com projectos nos países vizinhos: MRC (Gambia)
e ORSTOM (Senegal).
Minsap - Guiné-Bissau 41 PNDS - 1997-2001

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP)

O INEP é uma instituição nacional com carácter personalizado, que tem atribuições no campo da
coordenação de estudos e pesquisas nos diferentes sectores da sociedade. O instituto possui também
um Biblioteca Nacional.

Além das instituições acima referidas, existem actividades de estudos e pesquisas iniciadas por
programas técnicos, hospitais, faculdade de medecina, regiões, projectos, etc. Todos estes estudos
envolvem questões de pertinência, ética e custos, pondo-se o problema da coordenação na área de
pesquisas, a partir da validação dos protocolos de estudo, a definição de prioridades em matéria de
pesquisas, o seguimento das actividades, a validação de resultados, a divulgação, a utilização e o
aproveitamento dos próprios estudos. Segundo a lei orgânica publicada no Boletim Oficial de 2.8.94 o
papel desta coordenação competería à Direcção de Serviço de Higiene e Epidemiologia.

d) Logística, transporte e manutenção de infra-estruturas e equipamentos

Por não ser uma actividade planificada, a manutenção preventiva e regular tem sido negligenciada,
dando prioridade às grandes reabilitações, substituição de meios de transporte e compra de novos
equipamentos, cujos financiamentos são mais fáceis de mobilizar. A manutenção depende quase
totalmente da ajuda externa e tem sido variável, consoante a política dos parceiros envolvidos. Um
levantamento nos CS e hospitais pôs em evidência que em todo lado existem sistemas de rádio VHF,
aparelhos de Rx, meios de transporte, panéis solares e demais aparelhos que não funcionam por falta
de peças ou manutenção. O serviço de manutenção do PAV, apoiado pelo UNICEF, que assegurava
um sistema de manutenção para a rede de frio e também para meios de transporte, fazia excepção a
esta regra.

Por outro lado, como a manutenção depende da ajuda externa, a gestão tem sido feita directamente
pelo próprio parceiro ou através de programas verticais e regiões e esta fragmentação contribuiu para
que o serviço de Património, subordinado à DAF, nunca assumisse plenamente a sua atribuição
coordenadora neste âmbito. As experiências com a execução dos fundos de contrapartida da
Comunidade Europeia mostraram, que este serviço deverá melhorar a sua capacidade de seguimento
de obras, organização de concursos para obras e demais aspectos da sua atribuição.

No que diz respeito aos meios de comunicação, em particular telefone e rádio VHF, nota-se uma
grande deficiência na operacionalidade contínua dos mesmos. Nos fins de 1996, o SHE estabeleceu
uma rede de radiocomunicação com as sedes regionais. Em algumas regiões como Tombali, Bijagós e
Cacheu existem possibilidades de comunicação por rádio entre as DRS e os CS.

O fornecimento de equipamentos e meios de transporte por diferentes programas e projectos faz


também com que haja uma falta de estandartização das mesmas no que diz respeito às marcas, o que
por sua vez não facilita a manutenção. Não existe neste momento um sistema regular de seguimento
de inventários e do património. Existem listas estandartizadas de equipamento e mobiliário para o nível
dos CS e USB, mas que merecem revisão e seguimento.

O anexo apresenta o ponto da situação quanto às viaturas existentes no MINSAP e a distribuição sobre
os serviços e programas nacionais e as regiões. Várias regiões e serviços elaboraram normas para a
utilização dos meios de transporte, o que reflecte uma consciência e preocupação com os elevados
custos envolvidos. É certo que no contexto da situação actual de remuneração da função pública, o
papel dos meios de transporte ultrapassa por vezes as simples necessidades dos serviços e torna-se
um instrumento de valorização do pessoal.

O aprovisionamento em medicamentos é tratado no capítulo 6 deste tomo I; a distribuição de outros


materiais clínicos, reagentes, materiais de escritório, combustíveis e fichas e instrumentos de gestão,
varia também por programa, região e/ou financiador. É importante lembrar que a irregularidade deste
aprovisionamento tem um impacto negativo na motivação do pessoal técnico e na qualidade dos
serviços prestados.
Minsap - Guiné-Bissau 42 PNDS - 1997-2001

e) O serviço nacional de informação, educação e comunicação para a saúde - sniecs

O Serviço Nacional de Informação, Educação e Comunicação para a Saúde (SNIECS) é a instituição do


Ministério da saúde Pública que tem por missão apoiar os Serviços e Programas da Saúde, quer do
nível central ou regional, no domínio da Informação, Educação e Comunicação para a Saúde. O
objectivo principal é promover comportamentos individuais e colectivo que favorecem a saúde.

O domínio da IEC é de grande interesse para os doadores, tanto os governamentais, internacionais


como não-governamentais, nacionais e estrangeiros. As instituições e as actividades de IEC para a
saúde são fragmentadas: carece-se duma política global e duma acção concertada no domínio da IEC.
Reconhece-se que a IEC é muito importante a todos os níveis e em cada programa, além de ser uma
das principais estratégias nas actividades intersectoriais. As ligações e as atribuições mútuas em
relação à saúde entre o SE da Comunicação Social e o SNIECS não são muito claras . Alguns
organismos têm departamentos especializados no domínio da IEC, p.e. UNICEF e OMS. O FNUAP tem
uma assistência técnica para a parte IEC a nível do Progama Nacional SMI/PF. Existe ainda um
projecto CECOMES, com especificidade para a IEC no domínio da SIDA e que tem relações com o
Programa Nacional de Luta contra a SIDA. O SNIECS não conseguiu até agora assumir o verdadeiro
papel que é de coordenar a IEC dentro do sector saúde.

O SNIECS beneficiou nos últimos anos de apoios de CECI, OMS, Banco Mundial, Cooperação
Francesa, FNUAP e CEE. O serviço está bem equipado: tem estúdio para a produção e montagem de
material audiovisual, laboratório para fotografia e todo equipamento informático necessário para a
produção de material educativo e animado. O pessoal tem formação adequada para essas técnologias
o que contribui para a sua motivação.

O SNIECS vende os seus serviços às entidades do MINSAP ou fora do MINSAP. Pode-se dizer que o
SNIECS ganhou grande experiência em termos de produção de material, que tem boa qualidade
técnica e creativa. No entanto, há uma fraqueza no que diz respeito às metodologias e abordagens em
matéria de IEC: como influenciar os comportamentos, atitudes e práticas (CAP), a partir de estudos de
CAP, conceituação das mensagens e testagem do impacto das mesmas. As regiões assim como as
entidades centrais recebem de facto pouco apoio neste sentido do SNIECS.
Minsap - Guiné-Bissau 43 PNDS - 1997-2001

5 RECURSOS HUMANOS

5.1 GESTÃO

A actividade de Desenvolvimento dos Recursos Humanos do MINSAP, até ao presente, tem sido
limitada, à produção da força de trabalho para as estruturas do sistema de saúde, através da
promoção e realização de programas de formação, quer de base, quer de especialização e acções
diversas de formação contínua.

A definição das atribuições e as ligações funcionais merecem uma reflexão fundamental,


nomeadamente a relação com o Gabim, com a DGPC, onde está oficiosamente subordinado, e com a
DGSP; gestã o ad hoc, com despachos directos para o Gabim. A Lei orgânica do MINSAP foi
publicada em outubro 1994, mas está em revisão actualmente no quadro do PNDS.

Os outros aspectos, tais como o desenvolvimento de uma verdadeira política de recursos humanos,
os processos de planeamento e, mesmo, as decisões sobre medidas institucionais de gestão dos
Recursos Humanos, nunca foram objecto de grande atenção. O Departamento responsável pelos
Recursos Humanos ocupava-se sobretudo das tarefas impostas pela administração corrente. Não
existe uma orientação coerente de formação de quadros nem uma relação com um processo de
planificação das necessidades. Por este motivo, as informações disponíveis sobre a situação dos
Recursos Humanos eram escassas e ultrapassadas.

Para além disso, a falta de normas (ou falta de divulgação de normas, como no caso do decreto da
Função Pública..) para transferências, alocação do pessoal, definição e critérios para aplicação de um
sistema de carreiras profissionais; normas (e acordo do MINFIN !) para subsídios de risco, de vela, de
deslocação e de isolamento.

No início de 1996 foi organizado pelo MINSAP o primeiro encontro Nacional sobre Recursos
Humanos, contando com a colaboração dos Ministérios da Função Pública e das Finanças. Este
encontro tinha por objectivo identificar os principais problemas relativos aos Recursos Humanos da
Saúde e obter dados para um plano de curto prazo, para iniciar o processo necessário à resolução
dos mesmos. Isso constitui um primeiro passo bastante encorajador.

5.2 EFECTIVOS ACTUAIS

5.2.1 Categorias de pessoal

O quadro de pessoal do MINSAP comporta 78 categorias. Destas, apenas 9 têm mais de 20


elementos. Esta situação é resultante, por um lado, da falta de uma orientação de enquadramento
bem definida (quadro de RH com dotações por categoria) e, por outro lado, da influência do factor
formação: as categorias eram criadas de acordo com a designação dos cursos feitos em diversos
países, que os recém admitidos exibiam. Este é um dos problemas com que depara a contagem de
efectivos e a implementação de carreiras.

5.2.2 Distribuição dos efectivos por habitantes e por regiões (ver anexo I)
As variações inter-regiões, no que respeita à distribuição das diferentes categorias técnico-
profissionais relativamente à população, são evidentes no quadro que se segue que é completado
pela análise gráfica em anexo (anexo 1) :
Minsap - Guiné-Bissau 44 PNDS - 1997-2001

Distribuição do pessoal do MINSAP, por tipo de estrutura e por nível do sistema de saúde
Enf. Enf. Part. Técn Aux. Técn. Técn. Adm./ Pessoal Outros
Médicos Geral Aux. Parteira aux. Lab. Lab. Diagn. Farm. Secret. Apoio Técnicos TOTAL

Adm. Central (*) 6 9 2 0 0 0 0 0 8 22 60 36 143


Unidades 90 171 298 22 39 26 86 43 2 19 133 49 978
Referência
Sub-total 1 96 180 300 22 39 26 86 43 10 41 193 85 1121
% 58% 50% 37% 33% 53% 65% 53% 77% 56% 59% 46% 94% 48%
ERS 13 28 11 6 4 1 3 0 5 17 15 1 104
HR (5) 25 42 136 7 4 5 23 11 2 3 88 4 350
CS/HS 31 107 363 32 26 8 50 2 1 9 121 0 750
Sub-total 2 69 177 510 45 34 14 76 13 8 29 224 5 1204
% 42% 50% 63% 67% 47% 35% 47% 23% 44% 41% 54% 6% 52%
TOTAL 165 357 810 67 73 40 162 56 18 70 417 90 232527

Fonte: DRHO (Junho 1996) (*) Na Administração Central é incluido o Depósito Central de Medicamentos

Número de Habitantes por Categoria Profissional - nível Central e por Regiões

Habitantes Por
Regiões Médico Enf Geral Enf.Aux. Parteira G. Part. Aux.
Un. Referência (*) 1.077.391 11.971 6.301 3.615 48.972 27.625
Bafatá 158.000 15.800 6.320 2.290 3.160 158.000
Bijagós 18.512 9.256 3.085 926 9.256 9.256
Biombo 61.550 30.775 4.103 3.078 15.388 15.388
Bolama 8.779 4.390 1.463 399 4.390 4.390
Cacheu 156.600 11.186 6.023 2.610 1.398 78.300
Gabú 145.200 14.520 4.400 1.886 7.260 36.300
Oio 168.350 24.050 8.418 2.215 2.405 56.117
Quínara 47.600 7.933 3.967 850 1.983 15.867
Tombali 75.600 10.800 4.200 1.163 1.800 75.600
SAB "Região" (**) 237.200 26.356 14.825 5.271 10.782 19.767
Guiné-Bissau - TOTAL 1.077.391 6.530 3.018 1.330 16.080 14.759

Fonte: DRHO (Junho 1996) (*) Considera-se a população total do país (**) Só os RH do nível Regional

De assinalar as variações muito importantes entre as diferentes regiões em todas as categorias.

A relação de 1 médico para menos de 10 000 habitantes, apenas se verifica no total e nas regiões de
Quinara, de Bolama e de Bijagós. Estas duas últimas regiões com 8.779 e 18.512 habitantes
respectivamente, são constituídas por diversas ilhas com importantes problemas de acessibilidade e
comunicação.

Em relação aos enfermeiros do curso geral: mais desprivilegiados são Bafata, Cacheu (os dois com
HR ) e Oio (sem HR por enquanto); mais privilegiado: Bolama, Bijagos (justificado dado a geografia),
Quinara e Biombo (sem HR!);

Outra análise útil na apreciação da situação é a da relação entre os principais profissionais entre si de
que se dá conta no quadro 3.
Este quadro mostra que existem igualmente variações importantes nas relações dos profissionais
considerados nas diferentes regiões.

27 O recenseamento do Ministério da Função Pública e Trabalho, publicado em Fevereiro de 1997 regista para o MINSAP um
total de 2256 funcionários no activo. Entretanto, alguns funcionários não recenseados foram detectados e a situação tem vindo
a ser corrigida.
Minsap - Guiné-Bissau 45 PNDS - 1997-2001

Relação entre as principais categorias por regiões, nas Un.Referência e no país

Habitantes Por
Regiões Médico Enf Geral Enf.Aux. Parteira G. Part. Aux.
Un. Referência (*) 1.077.391 11.971 6.301 3.615 48.972 27.625
Bafatá 158.000 15.800 6.320 2.290 3.160 158.000
Bijagós 18.512 9.256 3.085 926 9.256 9.256
Biombo 61.550 30.775 4.103 3.078 15.388 15.388
Bolama 8.779 4.390 1.463 399 4.390 4.390
Cacheu 156.600 11.186 6.023 2.610 1.398 78.300
Gabú 145.200 14.520 4.400 1.886 7.260 36.300
Oio 168.350 24.050 8.418 2.215 2.405 56.117
Quínara 47.600 7.933 3.967 850 1.983 15.867
Tombali 75.600 10.800 4.200 1.163 1.800 75.600
SAB "Região" (**) 237.200 26.356 14.825 5.271 10.782 19.767
Guiné-Bissau - TOTAL 1.077.391 6.530 3.018 1.330 16.080 14.759

(*) Só existe a categoria auxiliar

É bem patente a falta de parteiras a todos os níveis do sistema de saúde.

Ambos os sexos têm quase a mesma representação (M = 49% ; F = 51%) no grupo de enfermeiras
diplomadas e que, no das auxiliares de enfermagem, o sexo feminino tem 68% enquanto o masculino
tem 32 %. Na periferia, as mulheres são em menor número que no nível central prejudicando as
actividades de saúde materna. Mais desprivilegiados s o Tombali e Bolama; relativamente
privilegiados s o Quinara, Biombo e o SAB

Um parte das diferenças entre as regiões podem ser explicadas por variações ligadas ao tipo de
estruturas sanitárias e sua distribuição no país (pelo facto de algumas regiões possuirem um hospital
regional e outras não).

5.2.3 Distribuição dos efectivos por estruturas sanitárias

A análise dos dados (ver anexo 2 e 3) merece os seguintes comentários.

De uma maneira geral verifica-se que, quase metade de todos os efectivos de saúde se encontram em
Bissau (estruturas de referencias do nível central), enquanto que a população do Sector Autónomo de
Bissau, mesmo somando-lhe a população do sector de Biombo, é apenas pouco mais de um quarto
de toda a população do país.

Pode dizer-se que a distribuição dos Recursos Humanos, não é equitativa e que as categorias mais
qualificadas se concentram nas Unidades de Referência. Quanto ao seu número, sobretudo nas
categorias auxiliares ou pessoal de apoio (64% do total dos efectivos), é considerado excessivo. A
anexo 1 mostra aquela distribuição com maior pormenorização:

5.2.4. Aspectos qualitativos

A qualidade dos recursos humanos da saúde é outro aspecto que merece uma análise profunda dado
que existem já muitas referências à sua debilidade.

As capacidades de um número significativo de médicos, quer para o diagnóstico (mesmo para


doenças habituais simples), quer para a prescrição são, muitas vezes, insuficientes e inadequadas,
tanto no nível periférico, como no nível central28.

No quadro do Projecto do Sector Social1 (PSS) do Banco Mundial, e relativamente à promoção de


enfermeiros auxiliares a enfermeiros gerais, concluiu-se que o número de auxiliares com as

28 Place des Hopitaux Regionaux et de L’Hopital National Simão Mendes dans le Contexte du Plan National de Developpement
Sanitaire de Guinée-Bissau, Rapport de Mission, Prof.P.Mercenier et H.Van Balen, 14-29 octobre 1996.
Minsap - Guiné-Bissau 46 PNDS - 1997-2001

capacidades mínimas necessárias para a frequência daquelas promoções era relativamente baixo, o
que torna impraticável a solução de reconversão desta categoria de pessoal.
É de referir, ainda no que respeita à qualidade, a carência, em todos os grupos profissionais, de
formação ética e deontológica. Este facto é posto em evidência em variadíssimas situações, algumas
do domínio público.
Toda a situação no respeitante à qualidade se pode explicar, em grande parte, pelo baixo nível da
educação de base do sistema educativo do país e terá certamente também algo a ver com a
heterogenidade das formações, e inadequação dos valores veiculados durante a instrução, aos que
são desejáveis para os profissionais de saúde na Guiné-Bissau; não podemos deixar de referir ainda,
alguns outros factores que se prendem com a falta de regulamentação e coordenação do ensino a
nível do MINSAP, com as demais condições do exercício e a inadequação dos modelos e, ainda, com
a saída dos quadros mais qualificados para outras funções no país ou para fora do país.

5.3 CONDIÇÕES DE TRABALHO E MOTIVAÇÃO

As condições de trabalho são difíceis. As causas são múltiplas e interrelacionadas mas podem ser
resumidas nas carências organizativas de todas as estruturas estatais em todos os níveis:
• Más instalações e falta de equipamento, na maior parte dos casos devido a ausência de
manutenção ou mesmo mau uso, irregularidade de fornecimento de medicamentos e outros
consumíveis, ausência de orçamento de tesouraria para as despesas mais comuns, falta de meios
de comunicação etc.;
• Salários baixos e irregularidades do sistema de pagamentos, são outro problema a equacionar
relativamente a este aspecto. Há já uns anos o governo promoveu uma redução do horário de
trabalho para 32,5h semanais num único período diário. Esta medida, juntamente com o
alargamento do sector da saúde à iniciativa privada, permitiu o desenvolvimento do pluriemprego
dos profissionais de saúde nas zonas urbanas;
• As condições de vida nas zonas urbanas são já difíceis mas, ainda assim, um pouco menos
pessoas do que na periferia onde se torna difícil satisfazer as necessidades mais elementares
(habitação, água e electricidade, escolas para os filhos, comércio) e onde o isolamento se faz
sentir pesadamente.
Todas aquelas condições determinam a grande relutância dos quadros da saúde (e outros) em
fixarem-se fora das cidades e apenas aceitarem ir para zonas periféricas a título precário (existe, entre
os quadros, a crença de que, cumprido um período mais ou menos alargado em outras zonas, todos
devem vir a ser colocados em Bissau). Parece ser esta uma das causas para que a resolução das
questões da habitação seja sempre imputada à entidade empregadora e é, provavelmente também,
uma das causas que está na base de que esta questão não tenha tido, até ao presente, outro tipo de
abordagem.

Os que aceitam a colocação na periferia sem incentivos, pressionam o sistema por todos os meios
para serem transferidos para Bissau. Este problema é sentido por outros sectores da administração
pública. A sua resolução apela para reflexões e decisões de fundo, de caracter multisectorial. A
importância relativa dos sistemas de per diems (formação, missões) e consultorias nacionais eståo na
base de certas distorsões, pouca perspectiva e fuga para o exterior, para sectores privados ou para o
circuito das organizações de desenvolvimento.
Dificuldade de fixar (bons) quadros na periferia, relacionada com facto que o sistema de
remuneraçöes colaterais favorece o nível central (per diems viagens, montantes fixos relacionados
com a chefia de certos programas e direcções a nível central.
Minsap - Guiné-Bissau 47 PNDS - 1997-2001

5.4. FORMAÇÃO

Sob a tutela do MINSAP existem duas escolas de formação que têm vindo a formar uma parte
significativa dos médicos (mais de 40%) e a quase totalidade dos outros técnicos e auxiliares que
prestam serviço nas estruturas de saúde do país:

5.4.1. Escola Técnica de Quadros de Saúde

Foi fundada em 1974 em Bissau. A sua finalidade é formar Quadros Técnicos de Saúde de vários
níveis e sectores e desenvolver ou participar em projectos e/ou programas de pesquisa.

As instalações são próprias e de construção recente (1990) financiada pelo BAD. Tem um efectivo de
11 professores (incluindo um assistente técnico) e 5 monitores. Conta ainda com a colaboração, em
tempo parcial, para leccionarem disciplinas específicas, com mais 11 professores. O número de
professores excessivo para o número de alunos, a partir de 1990, tem sido aproveitada para chamar
os professores a desempenhar outras funções de responsabilidade no sistema de saúde,
nomeadamente em planeamento e em organização e métodos.
Desde 1989 nåo tem havido recrutamento para curso geral de enfermagem , devido às mesmas
exigências de entrada como para a Escola Superior de Medecina (11anos de escolaridade);

Nas instalações, apesar da nova construção, já aparecem muitas deficiências, como o sistema de
drenagem e problemas de segurança;

Falta de equipamento e biblioteca mostram também uma falta de iniciativa para pedir apoios, tendo
em conta que organzaçöes como a OMS eståo dispostas a dar gratuitamente livros para as
bibliotecas;

Produção da ETQS desde a sua fundação


74 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 Total
Anos

Cursos

Enfermagem - - 27 15 15 20 27 - 11 5 20 24 16 20 17 - - - - - - - 217
Geral

Auxiliar de 18 14 16 18 17 25 24 42 46 60 141 165 34 14 36 - - - - - - - 670


Enfermagem

Parteira - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 14 14
Geral

Auxiliar de - - - - - - - - 24 17 14 20 24 13 25 14 - - - - - - 151
Parteira

Auxiliar de - - - - - - 10 10 13 15 12 12 12 16 16 - - - - - - - 116
Laboratório

Promoção - - - - - - - - - - - - - - - - 24 27 15 - 18 * 84
Aux. de

Promoção - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 22 22 * 44
Aux. De

Parteira

Promoção de - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - *
Aux. De

laborat.

TOTAL GERAL 1296

Fonte: ETQS (Junho 1996) * Cursos em actividade


Minsap - Guiné-Bissau 48 PNDS - 1997-2001

A Escola vem contando com quatro fontes de financiamento :

Governo, PSS/Banco Mundial, Radda Barnen e OMS. Cada uma financia um aspecto o que não
impede que exista insuficiência de meios financeiros entre outros problemas dos quais se salientam:
• ausência ou limitação de capacidades pedagógicas e de formações específicas diferenciadas;
• questões organizacionais e condições de trabalho semelhantes às de outras estruturas do
MINSAP;
• debilidade da formação continua.
• Dados os recursos já dispendidos e tendo em vista a eficiência impõe-se a urgente revisão das
funções objectivos e meios desta escola.

5.4.2 Escola Superior de Medicina

Foi criada em 1986 e funciona num edifício composto de quatro salas com uma capacidade de 15 a 30
pessoas e tem três Laboratórios.

O corpo docente é composto por 25 Professores Cubanos e, ao nível Nacional, conta com o Director,
os Assistentes Médicos e outros Quadros Superiores, no total de 15. Desde a sua criação 69 médicos
foram formados :

Problema da capacidade da escola em relação às projeções das necessidades em médicos do país:


com os 166 médicos existentes e os 75 que eståo no "pipeline", as necessidades do país såo
largamente satisfeitas

Deficiências no funcionamento, no equipamento e no nível de cuidados do HNSM e dúvidas no que


diz respeito à garantia da qualidade do ensino

O financiamento, provém do Orçamento Geral do Estado (despesas locais de funcionamento), da


Cooperação Cubana (salários dos efectivos Cubanos), da Cooperação Holandesa (viagens dos
professores cubanos) e da OMS (subsídios dos estudantes).

Os problemas que afectam, neste momento, a Escola Superior de Medicina são múltiplos e podem
equacionar-se a partir dos seguintes aspectos: falta de um corpo docente nacional; falta de
instalações com as condições mínimas exigíveis para este tipo de formação; falta de serviços
hospitalares onde a prática clínica possa ser tomada como modelo para a formação médica; falta de
bibliografia e de material didáctico. Todos estes aspectos e o próprio enquadramento da ESM
impõem a necessidade de reflexão e decisão, adequadas à necessidade e características do país.

Relação das matrículas e saídas dos médicos da Escola Superior de Medicina

Anos 1° 2° 3° 4° 5° 6° TOTAL
1986/87 27 0 0 0 0 0 27
1987/88 30 25 0 0 0 0 55
1988/89 21 26 23 0 0 0 70
1989/90 17 29 29 22 0 0 97
1990/91 27 17 19 27 23 0 113
1991/92 13 30 8 18 27 23 119
1992/93 21 14 18 7 18 27 95
1993/94 27 10 8 15 9 19 90
1994/95 0 0 0 0 0 0 0
1995/96 31 14 7 8 15 10 85

Fonte (ESM - Junho 1996) (*) Neste ano lectivo a ESM não funcionou por falta de financiamento
Minsap - Guiné-Bissau 49 PNDS - 1997-2001

5.4.3 Formação Continua

Não tendo existido, ainda, um plano organizado para formação contínua a nível do sistema de saúde,
esta tem vindo a fazer-se sob a forma de seminários, cursos de curta duração e supervisão sob a
forma de actividades formativas próprias dos diferentes programas verticais e direcções de serviços,
com coordenação praticamente inexistente, quer ao nível central, quer ao nível regional Indefinição da
questão a quem incumbe a coordenação da formação contínua.

PRGS constituiu um programa de formaç o importante que apoiou a consolidar as equipas regionais;
no entanto, tinha também tendência a se verticalizar e a desenvolver as suas actividades sem
coordenaç o com a DGSP

No quadro do PSS 1 têm sido efectuados alguns cursos de promoção dos auxiliares e encontra-se em
andamento um programa de formação post-graduada para médicos, que deveria iniciar-se em
Setembro de 1996. Encontra-se atrasado em relação ao cronograma previsto devido a algumas
circunstâncias que se espera ver resolvidas em breve.

A falta de coordenação dessas actividades quer pelos serviços de direcção do nível central (DGSP,
DRHO), quer pelas Direcções Regionais ou das Unidades de Saúde mais diferenciadas e sendo, além
disso, realizadas sem participação das instituições de formação, apresentam-se sem conexão com
objectivos, necessidades e, mesmo, directivas dos diferentes níveis do sistema de saúde e tornando,
aparentemente, incoerentes todos os esforços na área da formação.

Importância dos per diems, que traz certos desvios nos objectivos da formaçåo.
Compartimentalização e verticalização dos programas e serviços, cada um com os seus parceiros e
fontes específicas de financiamento contribuiu para a anarquia no pacote global de formação contínua

5.4.4 Formação no exterior

A formação de base no exterior do país efectua-se através do Ministério de Educação Nacional. As


escolhas dependem da motivação dos alunos que terminam a 12ª. Classe e, ainda, do número de
bolsas existentes, ou seja, da oferta de formação nos países em que vai efectuar-se.

A maior parte dos quadros que saem para cursos de longa duração no exterior não regressam ao país
ao fim dos seus estudos29.

Não se conhecem os custos totais de grande parte dessas formações. O número de médicos enviados
para formação tem sido muito superior ao das demais categorias e dos que saíram, por exemplo, no
período 86-95, em numero de 12, apenas 5 regressaram após os estudos e se encontram a trabalhar
no sistema de saúde.

A formação no exterior, sobretudo no nível de post-graduação, tem sido utilizada também, por um
lado, como incentivo aos quadros, com o objectivo de permitir troca de experiências e, por outro lado,
para procurar uma melhor contribuição desses quadros para melhoria da qualidade dos serviços
prestados.

29 Ver anexoII - quadros b) e c) sobre bolsas e bolseiros


Minsap - Guiné-Bissau 50 PNDS - 1997-2001

5.5 MECANISMOS DE COORDENAÇÃO E QUADRO INSTITUCIONAL

5.5.1 Comissão de Coordenação da Formação e Aperfeiçoamento Profissional COCOFAP30

Por Ordem de Serviço nº. 57/95 de 15 de Agosto foi constituída a Comissão de Coordenação da
Formação e Aperfeiçoamento Profissional do MINSAP. É presidida por S. Exª. o Ministro da Saúde
Pública e constituída pelos 2 Directores-Gerais, Directores das duas Instituições de Formação
dependentes do MINSAP, Director dos Recursos Humanos, Director de Formação do PSS,
Representante da OMS e Representante do Sindicato da Saúde. A Comissão tem vindo a elaborar
critérios de selecção para as candidaturas aos cursos de longa duração, incluindo especializações, e
estuda o regulamento de coordenação da formação contínua.

Tem reunido regularmente conforme as necessidades mas, pelo menos, uma vez cada 2 meses e, até
ao momento, estudou e decidiu sobre os aspectos seguintes:
• Elaboração e aprovação de critérios para selecção de candidatos a bolsas de estudo quer para o
país, quer para o estrangeiro;
• Elaboração e aprovação de critérios para selecção de formadores para cursos de post-graduação
no domínio do PSS;
• Estudo dos critérios para coordenação da formação contínua (ainda em fase de revisão);
• Decisões finais sobre os candidatos a diferentes tipos de formação;
• Estudo de proposta de regulamento interno da COCOFAP (em fase de revisão).

Estas actividades mostram os esforços que o MINSAP vem empenhando para a coordenação dos
aspectos relativos à formação.

5.5.2 Escola Nacional de Saúde

Como acabamos de verificar, as acções de formação fazem-se em diferentes locais, com diferentes
abordagens e, ainda, de forma algo descoordenada o que não contribui para uma utilização eficaz e
eficiente dos recursos sempre escassos. Além disso, a comunicação e a troca de experiências entre
as diferentes organizações não é fácil o que conduz também a uma certa forma de desperdício.

Para fazer face a essas dificuldades nasceu, em Janeiro de 1994, a ideia de criação da Escola
Nacional de Saúde (ENS). A criação desta instituição de formação visa a congregação de todos os
aspectos da formação do MINSAP, desde a formação de base (ETQS e ESM) à formação contínua,
em especial a formação contínua de longa duração, com o objectivo, não só de melhorar a eficiência e
a eficácia das acções de formação, mas também de ir criando condições para a existência de um
corpo docente nacional bem coordenado e em coerência com as necessidades de formação do
sistema de saúde do país. Beneficiaria de apoios da parte do BM (Integraçao da componente
formação do PSS I), da OMS e da Holanda.

Tendo sido já elaborados o projecto de estatutos e o quadro jurídico da referida ENS aguardam a
aprovação no conselho dos Ministros para entrarem em fase de execução.

5.6 ASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS

Existe há mais de 4 anos uma Associação Nacional de Enfermeiros (ANEGB), cujo funcionamento
tem sido algo irregular:

Por não ter havido oportunidades de reunir a Assembleia Geral, a ANEGB tem funcionado
deficientemente, reagindo sobretudo em datas comemorativas como por exemplo no dia Internacional
de Enfermagem.

Quanto a outras associações apenas há a referir que foi criada uma Ordem dos Médicos mas que
praticamente não funcionou, desde a sua criação. Nos últimos tempos, um grupo de médicos tem
estado a trabalhar para a sua reactivação.

30 Anexo 4 - Documentos sobre criação e institucionalização da COCOFAP


Minsap - Guiné-Bissau 51 PNDS - 1997-2001

A existência e actividade destas organizações é, sob todos os pontos de vista, desejável, sobretudo
pelo papel relevante que podem desempenhar nos aspectos éticos e deontológicos das profissões de
saúde.

5.7 O SECTOR PRIVADO NA SAÚDE

A falta de regulamentação para o exercício de actividades privadas e de regras para cohabitação dos
sistemas público e privado, torna muito difícil identificar quantos e quais os funcionários do MINSAP
com dupla actividade. Há apenas a noção, baseada em algumas observações e factos conhecidos, de
que muitos dos técnicos de saúde a exercer actividades privadas são, ao mesmo tempo, funcionários
do sistema público de saúde. A regulamentação destas actividades é outro dos aspectos que a
activação das associações profissionais do sector da saúde pode contribuir para solucionar.

5.8 ASSISTÊNCIA TÉCNICA

O MINSAP tem beneficiado de diversas missões de assistencia técnica no quadro de acordos de


cooperação bi e multilateral com vários países e organizações. Nem sempre têm sido bem
aproveitadas estas missões devido a carências várias que se prendem com a coordenação e com a
nomeação dos homólogos, a que não tem sido dada a melhor atenção. De acordo com os dados
disponíveis, o quadro de assistentes técnicos em missões de caracter prolongado é o que apresenta
no anexo 4, totalizando 62 assistentes técnicos, dos quais 50 médicos. Entre esses 22 såo assistentes
cubanos (VNU) professores na ESM, com actividades de ensino no HNSM. Práticamente esses
médicos da VNU nåo eståo nos postos desde alguns meses devido a razöes administrativas (abril
1997).

Se contarmos os assistentes do VNU da ESM, existem 16 a nivel central e 26 nas regiöes.


Paradoxalmente, o SAB nåo beneficia de nenhuma assistência técnica. E igualmente a situaçåo de
Quinara e Bolama. O HNSM so beneficia da assistência técnica permanente de 2 médicos.
Minsap - Guiné-Bissau 52 PNDS - 1997-2001

5.9 SÍNTESE DOS PROBLEMAS

Factores que determinam o desenvolvimento dos recursos humanos

Grupos de determinantes dos problemas de Problemas em RH


saúde
• Factores relacionados com a organização e o • Distribuição inadequada de pessoal (excessos e faltas);
funcionamento do sistema de saúde
• Falta de incentivos e de motivação;
• Descoordenação das actividades e da gestão;
• Formação inadequada ou insuficiente;
• Ausência de supervisão adequada.

• Factores relacionados com hábitos, costumes e • Formação inadequada ou insuficiente também nos aspectos
comportamentos culturais, morais e éticos.

• Factores relacionados com o contexto sócio- • Ausência ou inadequação de alojamentos (moradia);


económico e o meio ambiente
• Pouca integração no meio.
• Baixos salários;
• Condições de trabalho precárias em vários aspectos
Minsap - Guiné-Bissau 53 PNDS - 1997-2001

6 APROVISIONAMENTO EM MEDICAMENTOS ESSENCIAIS 31

6.1 HISTORIAL

Desde a independência existe na Guiné Bissau um sistema de gratuidade de medicamentos e


distribuições trimestrais de quotas para as infra-estruturas públicas, se bem que já existia uma
modesta contribuição das populações para a consulta curativa. Em 1978, iniciou-se uma experiência
de prépagamento para os medicamentos a nível das Unidades de Saúde de Base: sistema " Abota"
que persiste até hoje. A partir de abril 1990 a região de Gabú iniciou uma variante da Iniciativa de
Bamako. As taxas de recuperação de custos variavam nos últimos anos entre 25 e 100% do valor
FOB dos medicamentos, com variações devendo se à alta taxa de inflação do Peso Guinéen (1990:
1USD = 2.185 PG; 1996: 1USD = 25.000 PG).

A Guiné Bissau depende para o aprovisionamento em medicamentos do sector público quase


totalmente dos seus parceiros internacionais, uma situação que implica grande vulnerabilidade para o
sistema. Isto se mostrou pela retirada da Italia em 1989 e a da Suécia em 1995.

A Guiné Bissau fez progressos substanciais em matéria de política de medicamentos essenciais:


existe um Formulário Nacional de Medicamentos (1989); o Manual de Diagnóstico e Tratamento
(1989) encontra-se e está sendo utilizado na maioria dos Centros de Saúde; em 1993 foi aprovada a
Legislação Farmacêutica que foi publicada em 1996 e aguarda agora a sua aplicação efectiva. Em
1995 foi elaborado um pacote legislativo no âmbito da Iniciativa de Bamako que foi aprovado no
Conselho de Ministros de 19.3.1997.

A avaliação em Janeiro de 1992 da Cooperação Suéca chamou atenção para um maior esforço para a
formação em matéria de prescrição e utilização de medicamentos, e também uma redefinição de
todo o sistema de gestão e a sua monitoragem. O Seminário Nacional sobre o Financiamento do
Sistema de Saúde (Março 1995) fez como recomendações a recuperação progressiva dos custos dos
medicamentos num prazo de 10 anos e a observação dos princípios da Iniciativa de Bamako. Os ME
serão vendidos do Depósito Central para os Depósitos Regionais, dos Depósitos Regionais para
Hospitais e Centros de Saúde e daí para o público. A diferença entre os preços de compra e o de
venda permitirá uma porcentagem a cada nível, Depósito Central, Depósitos Regionais e Estruturas
Sanitárias para fazer cobertura às despesas correntes.

A revisão recente do Programa de Medicamentos Essenciais feita no âmbito do projecto de


cooperação MINSAP/Holanda/UNICEF fez recomendações concretas para uma melhor definição do
sistema de aprovisionamento e nomeadamente da sua gestão. As recomendações retidas nessa
revisão foram discutidas numa reunião com os doadores e constituiram para os principais parceiros
uma condição para o engajamento futuro deles no esquema de co-financiamento dos ME.

31
Referências:
• Revisão do Programa Nacional dos Medicamentos Essenciais na perspectiva da Iniciativa de Bamako,
MINSAP/Coop.Hol./UNICEF, Bissau, Julho 1995;
• Memorando Seminário sobre o financiamento do Sistema de Saúde, Bissau, Março 1995;
• Relatório da avaliação Suéca, Janeiro 1992;
• Formulário Nacional de Medicamentos, MINSAP
• Lei orgânica do Ministério da Saúde Pública, Novembro 1994;
Minsap - Guiné-Bissau 54 PNDS - 1997-2001

6.2 ASPECTOS INSTITUCIONAIS

O Programa de ME está associado à DSF. O Programa tem por objectivo um melhor


aprovisionamento em ME no país, desde a selecção, a aquisição, o armazenamento, a distribuição até
a utilização dos ME. Especialmente no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento, esse programa
não engaja só a DSF: o Programa de ME é um conjunto abstracto de funções multidisciplinares, que
não pode ser atribuido só à DSF, mesmo que o Director dos Serviços farmacêuticos possa ser o
coordenador deste conjunto de funções.

A DSF integra o DCM, a Comissão Nacional de Medicamentos e o Serviço de Inspecção


Farmacêutica.

A Comissão Nacional de Medicamentos é um orgão consultativo da DSF e tem por tarefa fundamental
a actualização periódica do Formulário Nacional e das listas de ME a serem utilizadas nos diferentes
tipos de serviços; a comissão deve também reger a lista de medicamentos autorizados a ser
importados no sector privado. A dita Comissão não funciona há 4 anos. A DSF está actualmente
empenhada na redinamização desta Comissão.

6.3 O CICLO DE APROVISIONAMENTO E OS SEUS PRINCIPAIS PROBLEMAS

Um sistema de aprovisionamento de ME comporta as funções de Selecção, Aquisição,


Armazenamento, Distribuição, Utilização e finalmente a Gestão dessas funções.

a) Selecção

O Formulário Nacional de Medicamentos contemple quatro listas diferentes, utilizadas nos diferentes
níveis de cuidados: USB, CS, HS (CS com possibilidade de hospitilização) e HR e HC. Estas listas
merecem revisões, mas enquanto a Comissão Nacional de Medicamentos não funciona, isto não pode
ser feito.

b) Aquisição Financiamento e disponibilidades de fundos

A grande maioria dos medicamentos destinados ao sistema público é comprado com apoio exterior e
importado (UNIPAC, Copenhague; IDA, Amsterdão; França, etc.). O quadro seguinte mostra a
participação dos parceiros no financiamento dos ME.

Organismo Montante (* 1.000 USD$)


1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Suécia 100 400 400 400 400 400 - -
Italia 250 - - - - - - - -
UNICEF 100 100 100
BM (Saúde e população) 100 100 100
BM (PASI) 50 50 50 50 50
BM (PSS) 50 100
Japão 400
França 70 70 70 70 70 70 100 ?
OMS 25 25 25 25 15 45
Holanda 180 180 180 150 150
República China - ?
...
Minsap - Guiné-Bissau 55 PNDS - 1997-2001

Além destes fundos que serviram para a compra de ME que davam entrada directamente no Depôsito
Central de Medicamentos, existem "entradas paralelas": HR Canchungo (Cooperaçâo Chinesa), Hosp.
Farim (coop. Francesa), Programa H/K (AIFO), uma séria de CS que têm relaçôes com religiosos no
terreno (armazem CARITAS), Sào Domingos (UNHCR), anticonceptivos e ME para actividades SMI
(FNUAP), HR Catio (CUAMM), Regiâo de Cacheu (grupos de émigrantes), etc.

Apesar do nào existir um sistema de controle de qualidade no pais, a regulamentaçâo dos paises
exportadores garantem uma boa qualidade. Para certos medicamentos, como soros, os custos do
transporte sâo relativamente elevados; a unidade de produçâo de soros do HNSM tem uma
capacidade limitada.

Os intervalos entre as requisiçôes à UNIPAC e as chegadas tem sido dema-siado longos, até 9
meses, o que nào facilita uma gestâo adequada de estoques.

Se as necessidades minimas sâo estimadas entre 750.000 e 1.000.000 USD por ano ou seja à volta
de 1 USD per capita com bom acesso aos serviços de saùde, podemos constater que um dos maiores
problemas é a insuficiência dos fundos para cobrir as necessidades reais. Para o periodo de 1995 até
2000 os compromisses confirmados sâo da ordem de 400.000 USD anualmente, o que é insuficiente.

Outro problema preocupante é que os fundos nem sempre estâo disponiveis no momento em que se
precisa fazer as requisiçôes dos ME.

Constata-se neste momento uma certa reticência da parte dos parceiros quanto ao cofinanciamento
do Programa de ME, devido principalmente à demora da formalização e implementação dos sistemas
de gestão de estoques e de recuperação de custos. Entretanto, existem sistemas informais e não
regulamentados de recuperação de custos a varios niveis, dos quais o sistema de "abota"; as
"vendas não registadas" escapam qualquer contrôle !

c) Armzenamenta e Distribuição

As condições fisicas de armazenamento no Depósito Central são razoàveis; os problemas da


eficiência do aviamento e da segurança estâo a ser remediados. A farmàcia do HNSM necessita de
uma reabilitaçâo importante. Actualmente, todas as regiôes salvo Tombali têm um depôsito regionai
de construçào recente, sô o de Gabù funcionando segundo as modalidades da IB neste momento.
Quase todas as regiôes dispunham jà de um espaço para a estocagem dos medicamentos destinados
às USB. A nivel dos hospitais e centros de saùde, as condiçôes de armazenamento sào variàveis.

0 Depósito Central neste momento faz a distribuição para todos os centros de saùde, hospitais
regionais, depositos regionais das USB, e também para certos jardins infantis, quarleis militares,
prisées e escolas; assim o Depôsito Central tem a volta de 120 "clientes". Com a criação de Depôsitos
Regionais, a distribuiçào serà descentralizada.

Requisiçôes e critérios de atribuiçâo às regiôes e aos hospitais

As requisiçôes das unidades sanitàrias não são baseadas no consumo anterior, com excepção para
os centros de saúde de Gabú. Os centros de saúde recebem lotações trimestrais fixas, segundo uma
classificação dos centros feita nos anos 80; se a atribuição trimestral não fôr suficiente, existe a
possibilidade de apresentar requisições "extras". Comparando as regiões nof periodo de 1992 até
1995, podemos distingui-las em 3 grupos (ver anexo ....) :
• Bafata, Biombo, Cacheu e Oio : com atribuição média de 0,25 USD (FOB) per capita e por ano;
Gabú faz parte deste grupo com atribuição ligeiramente superior ás outras regiões do grupo : 0,35
USD (FOB) per capita e por ano refletido a prioridade dada à regiâo de Gabú como zona piloto
para a Iniciativa de Bamako;
• Quinara, Tombali e Bolama/Bijagós : com atribuições de 0,80 até 1,20 USD (FOB) per capita e por
ano; reflectindo a atribuição de acordo com o grande nùmero de infra-estruturas; . Sector
Autônomo de Bissau: com 50 até 55% do valor de todos medicamentos distribuidos no pais
destinados aos Hospitais Centrais e Centros de Referência; atribuição média per capita e por ano
1,4-1,5 USD (FOB).
Verifica-se várias roturas de estoque nos últimos anos, mesmo roturas de medicamentos vitais como a
cloroquina. Esta situação tornou-se cada vez mais alarmante no periodo 1995 - 1996.
Minsap - Guiné-Bissau 56 PNDS - 1997-2001

d) Utifização

Um manual de diagnôstico e tratamento destinado aos centros de saùde foi distribuido em todo o pais
desde 1992, acompanhado por um programa de formação sobre a sua utilização.

Um inquérito feito durante a missão de revisão do programa de ME em 1995 e a missão que formulou
um projecto de pós-graduação em Março 1995 confirmaram que existem problemas na utilização
racional. Dai recomenda-se a existência de actividades de IEC para promover um consumo racional
de medicamentos pelos doentes.

6.4 0 SECTOR PRIVADO

0 número de farmàcias privadas é cerca de 60, dos quais 40 operam em Bissau.


Nâo existem informações sobre o volume das imporlações para o sector privado, dado que os
procedimentos para autorização de imporlações não são formalizados entre o MINSAP/DSF e a
alfândega.

Um inquérito revelou que nas farmàcias privadas, o preço médio por receita era de 8 USD; 85% das
pessoas que apresentavam uma receita numa farmàcia privada compravam logo, mas só uma parte
dos medicamentos receitados: o preço que pagavam foi em média 6 USD. Além do circuito das
farmàcias privadas, encontra-se também medicamentos nos mercados. Embora mais acessiveis à
populaçâo em termos de preço, estes medicamentos às vezes não têm o minimo de garantia da
identidade, origem ou prazo do produto.

Após a publicação da nova legislação, no inicio de 1996, a inspecção farmacêutica começou a


exercer um maior controle sobre este sector privado, tanto formal como informal.
Minsap - Guiné-Bissau 57 PNDS - 1997-2001

7 FINANCIAMENTO DO SECTOR DE SAÚDE

0 orçamento ordinário do MINSAP é totalmente determinado pela disponibilidade de recursos, isto é,


depende da oferta e não de uma avaliação analitica das necessidades definidas em função da
dimensão dos programas e das suas prioridades e do financiamento requerido para as operações e
manutenções. Por falta de recursos no Orçamento Geral do Estado não se prevê que esta situação se
altere num futuro prõximo.

Os gastos no sector de saúde diminuiram quase 40% entre 1989 e 1991 em relação ao periodo
anterior ao ajustamento (1983 à 1989) mas, aumentaram entre 1993 e 1994, numa parcela do PIB
correspondente a 1% que representa, apenas a metade do nivel alcançado em outros paises africanos
de baixo rendimento.

A descentralização da administração da saúde começou recentemente em 1987 e tem com objectivo


melhorar o fornecimento de serviços de saúde, mas este mecanismo não ajudou muito devido à
limitaçâo dos recursos financeiros provenientes do OGE.

Assim a dotação do sector da saùde representa uma proporção que oscila à volta de 10% do
Orçamento Geral do Estado entre 1993 à 1995. Em 1996 a referida proporção passou à 14% devido
ao aumento do fundo de contra partida nacional que atingiu 17,727 Bilhões de pesos guineenses.
Com o mesmo efeito o PIB destinado a este sector passou de 0,7% à 1.2% durante o mesmo periodo.
(ver o quadro) para financiar as despesas de funcionamento e de investimento público.

Proporção do financiamento de Saúde em relação ao OGE e PIB (corrente) de 1993 - 1996 na Guiné-Bissau
Designação 1993 1994 1995 1996
PIB (Bilhões PG) 2.379,00 3.092,00 4.615,00 6.035,00
OGE (Bilhões PG) 170,85 291,20 331,70 503,60
Saúde 17,68 29,44 30,09 71,03
Funcionamento 16,70 28,57 29,90 55,76
Ivestimento 0,98 0,87 0,19 15,27
% Saúde/OGE 10,4 10,1 9,1 14,1
% Saúde/PIB 0,7 1,0 0,7 1,2

Fonte : DGPPC/MINSAP
Obs : Taxa de Câmbio media anual de USD : 1993 : 10.082 ; 1994 : 12.892 ; 1995 : 18.073 ; 1996 : 23.789

As principais fontes de financiamento deste sector provêm do Orçamento Geral do Estado, composto
pelas despesas de funcionamento e de investimento, o Programa de Investimento Público (PIP) onde
contam os fundos provenientes de Ajuda externa par os diferentes projectos, as despesas sobre ajuda
externa (investimento fora do PIP) que são despesas que não estão contabilizadas no Ministério do
Plano e por fim a participação comunitária (caixa da providência social e contribuição das familias).

7.1 EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO DE FUNCIONAMENTO

A dotação orçamental é quase totalmente destinada a suportar as despesas correntes que


correspondem a mais de 90% do montante total. A composição das despesas públicas no sector da
saúde demonstra que a conta de salários e remunerações é responsável, em média e porcerca de
45,5% do montante total (1993 à 1996), e o restante são as despesas de funcionamento, tais como:
de operações, manutenções e viagens para o estrangeiro e as de investimento (ver o quadro).
Minsap - Guiné-Bissau 58 PNDS - 1997-2001

Na proposta inicial do orçamento de funcionamento do MINSAP em 1995, propunha-se diminuir mais


o peso das despesas com pessoal na base do aumento das variáveis. Mas isso não se verificou e a
proporção das despesas com pessoal para o referido ano voltou a aumentar passando de 40% a 52%
do orçamento total consignado ao MINSAP.

Mas como foi salientado, em 1996 verificou-se uma diminuição importante das despesas relativas com
o pessoal (32%) porque, houve aumento do montante dos fundos de contrapartida nacional (FCPN)
num valor de 742.368 USD. Estes fundos que provêm do apoio internacional, sâo destinados a
suportar as despesas não salariais, em particular os investimentos.

Em relação ao quadro n°3, em 1995, vê-se uma tendência de aumento do peso do orçamento do
sector hospitalar em detrimento das Direcções regionais, facto que se explica fundamentalmente pelo
aumento do nivel das despesas com alimentação nos Hospitais Simão Mendes e 3 de Agosto. Mas a
tendência global mostra uma transferência dos fundos do nivel central para as regiões, no sentido de
favorecer a sua autonomia e a politica de descentralização do sistema de saúde.

Assim a dotação das Direcções regionais para os anos 1995 e 1996, mostra uma tal tendência de
aumento, o que pressupõe uma retribuição e execução deste orçamento para os niveis periféricos.

Distribução do orçamento do MINSP por rubricas e por anos

Rubricas 1993 1994 1995 1996


Montante % Montante % Montante % Montante %
Salário e subsidios 904.180 53 995.808 45 879.323 52 976.356 32
Combustiveis/lubrificantes 85.300 5 36.901 2 25.452 1 37.521 1
Outras despesas de 528.860 31 1.048.418 47 709.688 42 1.351.633 45
funcionamento
Construções/reparações 30.000 2 130.950 6 45.538 3 360.546 12
Equipamento e mobiliários 157.660 9 1.438 0 44.763 3 278.826 9
TOTAL 1.706.000 100 2.213.515 100 1.704.764 100 3.004.881 100

Fonte : DGPC/MINSAP

7.2 EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO DE INVESTIMENTO PÚBLICO (PIP)

Este orçamento é constituido por um lado, pelos fundos de contrapartida nacional provenientes da
venda de ajuda alimentar e outros bens de consumo que o governo recebe da comunidade
internacional e, por outro, pelo apoio internacional para financier nos projectos e programas de saúde.
Estes fundos são geridos pelo Ministério do Plano e Cooperação Internacional.

A disponibilidade dos referidos fundos (financiamento interno) tem sido irregular, dependendo do
volume do apoio internacional (produtos de primeira necessidade), o que tem constituido dificuldades
ao funcionamento normal dos projectos e programas de saúde. De modo geral, a insuficiência dos
fundos de contrapartida nacional tem constituido obstáculo ao arranque de alguns programas e
projectos.

Mas a análise da afectação e execução deste orçamento levanta neste contexto a questão de
compatibilidade do nivel das despesas do MINSAP com a politica do sector. Na realidade os
orçamentos de funcionamento e de investimento do MINSAP são determinados pela disponibilidade
de recursos em vez de, serem elaborados em consonância com a estratégia sectorial baseada na
avaliação de necessidades tendo em conta prioridades e objectives sectoriais.
Minsap - Guiné-Bissau 59 PNDS - 1997-2001

Em 1996, a previsão do PIP correspondeu a 4,671 milhões, mostrando assim que alguns
financiamentos não foram tomados em consideração no momento da programação em particular os
dos programas e/ou projectos verticais tais como: Oncocercose, Sida etc. Mas o conjunto das
despesas programadas no PIP está inscrito no quadro da politica do MINSAP.

7.3 EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO FORA D0 PIP

As despesas fora do PIP representam cerca de 45% da ajuda externa, o que permite salientar que, a
totalidade das despesas está a cima do que foi apresentado pelo Ministério do Plano, que sub estimou
as despesas com Assistência Técnica. Mas na realidade este PIP constitue uma parte importante das
despesas de saúde na Guiné-Bissau, apesar de não corresponder, às vezes, as prioridades do pais.

7.4 ANÁLISE D0 FINANCIAMENTO EXTERNO

Em termos práticos as despesas de saúde dependem da ajuda externa. Esta situação torna as
actividades de planificação sanitária incertas e dependentes das doações. Geralmente, existem
dificuldades de coordenação na implementação das actividades dos cuidados primários de saúde,
nomeadamente no que diz respeito ao aspectos seguimentos das acções. As informações sobre as
actividades desenvolvidas na execução dos projectos nem sempre estão disponiveis no Ministério.
Esta situação é devida à debilidade de informação e dos mecanismos de coordenação entre estes
organismes e a Direcção Geral de Planificação, e Cooperação do Ministério da Saúde Pública.
Através do Quadro n°3, constatamos que os organismos internacionais participam activamente na
implementação das actividades dos serviços de saúde na Guine-Bissau.

De 1994 a 1996, o conjunto da previsão do financiamento internacional sofreu uma pequena


diminuição passando de 14,4 à 13,5 milhões de USD correntes. Neste montante global, as previsões
relativas ao Funcionamento e 0Assistência Técnica correspondem a mais de metade da soma global
que consta neste quadro 3 enquanto, as previsões para a conrtratação local do pessoal e missões são
muito baixas, em relação à previsão total. A mesma situação se verifica com os medicamentos,
apesar de se ter incluindo todas as programações dos diferentes organismos que intervêm a nivel
nacional.

As taxas médias da execução efectiva destas previsões não são disponiveis devido à falta de um
sistema de seguimento eficiente da programação. As referidas taxas não devem estar muito longe da
média nacional que está à volta de 70% , para os anos de 1994 e 1995, devido à organização e a
realização das eleições multi-partidárias de 1994 que se estenderão por todo o ano e os preparativos
da nova equipa ministerial que foi instalado no fim do mesmo ano, tiveram efeitos no que respeita a
redução da execução das actividades programadas.

Relação do apoio externo no financiamento das activades de Saúde 1994-1996 na Guiné-Bissau

1994 1995 1996


Fonctionnement 4.383.646 1.938.065 3.120.267
Personnel 769.423 906.026 825.967
Médicaments 987.434 758.630 861.822
Formation 1.429.470 1.862.818 1.625.006
Investissements 1.780.744 3.090.532 2.404.362
Missions 177.608 280.657 226.190
Assistance technique 4.732.103 4.417.973 4.225.234
Divers 128.283 223.180 173.475
TOTAL 14.388.711 13.477.881 13.463.324

Fonte : DGPPC/MINSAP.
Minsap - Guiné-Bissau 60 PNDS - 1997-2001

Aproximadamente mais de 90% da assistência internacional é constituida de donativos, o resto,


apenas 10%, são empréstimos geralmente negociados entre o governo e os multi-laterais, tais como o
Banco Africano de Desenvolvimento e o Banco Mundial.

Em termos globais estima-se a participação da assistência internacional em mais de 80% das


despesas de saúde. Esta contribuição é estimada em 85% entre 1992 e 1994 e pensamos que a
situação não deve ser muito diferente para 1995 e 1996 suportando assim apenas 100% das
despesas de investimento e 85% das de funcionamento. Por outro lado mais de metade desta
assisténcia externa é consagrada à zona rural para implementação dos cuidados primários de saúde.

A inconveniência deste apoio, é que, por vezes os projectos não têm continuidade. A duração de vida
termina com a duração dos acordos. Esta situação implica uma dependência permanente do exterior.
Além disso, muitas das vezes, as flutuações externas são dificeis de medir na medida em que não
dispomos de informação que permitem seguir e avaliar de forma sistemática o comportamento dos
doadores.

7.5 OUTRAS FONTES DE FINANCIAMENTO

Em complemento ao Orçamento Geral do Estado destinado a saúde e da ajuda externa existem


outras formas de financiamento interno baseadas na participação comunitária para suportar algumas
actividades de prestação de serviço de saúde, afim de completar as dotações governamentais do
sector. Estas modalidades de participação são: o Seguro de Doença e a Iniciativa de Bamako que
actuam da forma seguinte:

7.5.1 Seguro de doença

No ministério de Assuntos Sociais e Promoção Feminina existe a Direcção da Providência Social, na


qual existe um serviço de seguro de doença destinado a cobrir os trabalhadores do sector privado. As
empresas que participam nesta cotização, contribuem com 14% dos salários de cada um dos
trabalhadores e por sua vez cada um deles paga 8% do seu salário beneficiando de um reembolso de
50% à 80% das despesas de cuidados recebidos. As despesas de saúde cobertas por este sistema
passaram de 176.000 à 403.000 USD entre 1992 à 1994.

Como já foi dito, existe um sector privado lucrativo que dispõe de clinicas e gabinetes
de consultas onde os utentes pagam o custo dos cuidados recebidos. Os preços de
consultas variam de 15.000 à 400.000 pesos guineenses. Este sector é na realidade
totalmente informal devido à inexistência de um quadro juridico e dum sistema de controle.

7.5.2 Iniciativa da Bamako

A iniciativa de Bamako é uma estratégia destinada a promover a participação dos utilizadores no


financiamento dos serviços de saúde. 0 objectivo desta estratégia visa pôr a disposição da população
um sistema adequado de cuidados de saúde com no sentido de disponibilizar os medicamentos e
ganhar a confiança da população oferecendo serviços de qualidade.

Quanto a gestão, as receitas provenientes desta iniciativa estão a ser geridas pôr um comité de
gestão compostos dos técnicos de saúde, e a própria população.
Minsap - Guiné-Bissau 61 PNDS - 1997-2001

Este sistema tem sido aceitação por grande parte das populações na medida em que os utilizadores
estão dispostos a pagar para poder aumentar a gama e a qualidade dos cuidados. Um dos problemas
fondamental está relacionado com o nivel de equilibrio entre os preços a fixar e a possibilidade de
pagamento por parte dos utilizadores no sentido de manter a equidade vertical e horizontal.

Para apoiar essa politica, o conselho de Ministro aprovou no dia 19 de março de corrente ano os
diplomas legislativos e reguladores de comparticipação dos utentes no financiamento do sistema de
saúde.

Essa ocasião permitirá adequar o financiamento do sistema de saúde e introduzir reformas que visam
estabelecer normas e regulamentos para melhorar a qualidade dos serviços. Actualmente esta politica
de comparticipação, que começou em Gabú em 1989, está à ser expandidas nas regiões segundo o
caiendário pré estabelecido.

Além de iniciativa de Bamako existe uma outra forma de participação comunitária (contribuição
financeira) chamada abota, sendo uma quotização que se realiza a nivel de uma comunidade para
mobilizar fundos destinados a suportar as despesas comunitùarias. A referida politica, na Guiné-
Bissau visa garantir, o abastecimento de medicamentos às USB. As modalidades de contribuição
variam de uma comunidade para outra. Em algumas localidades, somente os adultos pagam enquanto
que noutras, todas as pessoas com mais de cinco (5) anos de idade devem contribuir para o
financiamento de saúde.

No que diz respeito à gestão, os fundos provenientes das contribuições são remetidos ao enfermeiro
chefe que assegura a supervisão das USB. 0 referido enfermeiro remete-os, ao supervisor regional
que, pôr sua vez, remete o montante acompanhado de requisição à Direcção Regional de Saúde.

Os preços praticados cobrem apenas 50% - 100% do FOB dos medicamentos em algumas regiões.
Um dos problemas a ultrapassar está relacionado com a identificação dum mecanismo eficaz de
substituição do sistema de Abota pela lniciativa de Bamako.

7.6 ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS

7.6.1 Processo de elaboração do orçamento

a) Orçamento Geral do Estado

0 orçamento anual da saúde (OGE) é elaborado segundo o seguinte esquema:

1. Pedido de propostas orçamentais do Ministério das Finanças aos demais ministérios


2. Elaboração do plano de despesas anuais pelos departementos, direcções, serviços e
administrações regionais do MINSAP
3. Análise das propostas financeras pela DGPC do MINSAP e elaboração de um orçamento
preliminar discutido ao nivel das duas direcções-gerais e do Gabinete do Ministro
4. Preparação da proposta orçamental final e apresentação ao Ministro das Finanças
5. Consolidação a este nivel das propostas orçamentais dos diferentes ministérios e apresentação do
Orçamento Geral do Estado ao Conselho dos Minstros e à Assembléia Nacional
6. Publicação do orçamento final

Os diferentes serviços e direcções não precisam de elaborar documentas adicionais para justificar os
seus pedidos financeiros. A única obrigação é o respeito pela estrutura contabilistica nacionai na
formulação das propostas orçamentais. Os documentos explicativos ou justificativos adicionais
apresentados por certos serviços limitam-se, na maioria das vezes, a uma simples lista com a
descriminação das despesas previstas por categorias orçamentais.
Minsap - Guiné-Bissau 62 PNDS - 1997-2001

Até recentemente nenhum limite orçamental prévio é fornecido pelo Ministério das Finanças. A
elaboração das propostas orçamentais era essencialmente baseada nas estimativas das
necessidades financeiras feitas pelos próprios serviços na base das despesas anteriores. A dotação
orçamental final reduzia em geral as propostas dos serviços a 50 % do montante proposto, incitando-
os assim a fazer propostas orçamentais sobrestimadas.

A proposta orçamental do Ministério é preparada pelo Departamento de Planificação em colaboraçao


com o DAF, que fornece essencialmente dados salariais. Na realidade não se verifica discussão com
os serviços sobre as suas propostas orçamentais, nem ao nivel da direcção do ministério sobre os
recursos atribuidos em função das prioridades. As propostas orçamentais dos serviços são
essencialmente controladas para identificar os erros e inconsistências e em seguida compiladas para
se transformarem na proposta oficial do Ministério. Esta será em seguida apresentada sem demais
documentos justificativos. Em Novembro de 1994 uma circular do Ministério das Finanças estipula
pela primeira vez que as propostas orçamentais devem ser acompanhadas de um levantamento
detalhado dos recursos do sector. Na realidade esta medida não é efectiva, salvo para os veiculos, por
inexistência de inventários.

Os principais problemas no processo de elaboração dos orçamentos podem resumir-se como segue:

1. A elaboração do orçamento continua a ser um acto relativamente mecânico. Não existem


mecanismos de concertação efectivos entre as dircções e serviços e os responsáveis do Ministério.
Este orçamento não é objecto de um debate entre os diferentes técnicos e não reflecte portanto as
opções politicas e as opções prioritárias do Ministério.

2. Uma comunicação limitada entre o Ministério das Finanças e o MINSAP, condicionada pela
ausência de guiões, assim como do quadro de referência sobre os limites orçamentais e as
despesas prioritárias. Persistem numerosas incertezas no que respeita certos detalhes técnicos de
elaboração do orçamento (o MINSAP deverá incluir previsoes com vista ao aumento dos salários ?
Deverá ter em conta a inflacção e se sim na base de que taxa ? Quai é o limite orçamental e quai
a margem de negociação ?)

3. Não existe uma base de dados actualizada que reagrupe o conjunto dos recursos do MINSAP,
assim como o custo e o estado dos mesmos (assim como não existe plano de manutenção aos
niveis centrais e regional)

4. As propostas orçamentais não são baseadas em planos de acção regionais ou em programas


anuais dos serviços. Trata-se de uma recondução de orçamentos anteriores sem análise das
necessidades em função das prioridades estabelecidas. Por outro lado os orçamentos não são
baseados num cálculo detalhado dos custos das diferentes actividades.

5. Por vezes o MINSAP não é informado de certos acordos contratuais entre o governo e as
organizações internacionas, implicando uma contra-partida financeira nacional. Nestas condições
não lhe é possivel tê-los em conta no seu exercicio de orçamentação.

6. Existem poucas informações disponiveis sobre a diferença dos custos entre as regiões
(fornecimento de serviços, transporte de energia, água), cujas variações são por vezes
consideráveis, o que não é tomado em consideração por ocasião da dotação orçamental às
regiões.

7. As informações sobre o estado de pagamento dos atrasados não estão disponiveis no MINSAP.
Minsap - Guiné-Bissau 63 PNDS - 1997-2001

b) Orçamento de investimento

A Guiné-Bissau adoptou o Programa de Investimento Público (PIP) como instrumento de gestão e de


coordenação de projectos e programas de ajuda ao sector público (p.e. a saúde) financiados por
agências doadoras, bi ou multilaterais. 0 PIP é desenvolvido e seguido pelo Ministério do Plano. 0
Ministério sectorial contribui normalmente na sua elaboração, mas de facto a coordenação entre a
elaboração do orçamento ordinário (OGE da autoria do Ministério das Finanças) e a elaboração do
PIP foi até recentemente praticamente inexistante, apesar do conjunto dos programas se inscreverem
normalmente no quadro da politica do MINSAP.

A isto se acrescenta o facto de que o OGE financia essencialmente as rubricas de funcionamento e o


PIP cobre, além das despesas de investimento, uma parte importante de despesas de funcionamento,
da ordem dos 50%, o que torna mais crucial o problema da coordenação destes dois orçamentos.

7.6.2 Procedirnentos de execução orçamental

Os procedimentos de desembolso são regidos pelas regras e mecanismos fixados pelo Ministério das
Finanças e idênticos para todos os ministérios. Os contabilistas de cada serviço são responsáveis pela
preparação de toda a documentação necessária e velam pelo respeito das rubricas orçamentais e
pelo controle da disponibilidade dos fundos. 0 processo de desembolso dos fundos é complicado,
longo e pouco eficiente. Os pontos seguintes merecem ser realçados:

1. Todas as transferências de documentos entre as diferentes instituições são efectuadas pelos


contabilistas pessoalmente. Uma das consequências é a permanência dos contabilistas regionais
por mais de 50% do seu tempo. Uma outra consequência é o custo adicional elevado ligado às
viagens, alojamentos, etc...

2. As transferências dos fundos entre o Ministérios das Finanças, o MINSAP e as adminiatrações


regionais efectua-se na maioria das vezes em espécie (cash), com todos os riscos inerentes

3. Existe um fraco controle directo do pagamento dos salários pelo nivel central do ministério ao nivel
das egioes e dos serviços

4. Fora os salários, os pagamentos cash ao nivel dos serviços e das regiões são raros, limitados na
maioria das vezes ao combustivel, às pequenas reparações e à compra de pequenos materais de
escritório e de manutenção. A maioria das despesas são pagas directamente a partir do MINSAP
(material e equipamento médico, medicamentos, grandes reparações, água e energia,
investimentos, etc...)

5. A execução dos orçamentos continua ser um processo altamente centralizado, apesar do processo
de descentralização operacional recentemente iniciado. Verificase tanto para os recursos
financeiros provenientes do orçamento nacional, como para os provenientes das agências
internacionais. As autoridades regionais beneficiam de uma flexibilidade muito fraca na utilização
dos fundos que lhes são afectados

6. O essencial das compras e despesas realizadas em beneficio do MINSAP são realizadas na base
de fundos fornecidos pelas agências internacionais e pelos financiadores; via de regra estes
utilizam os próprios procedimentos de compra e execução de despesas.

Identificação, aprovação e execução de projectos; condições e modalidades de desbloqueamento;


formatos para relatórios; obrigação de efectuar certas despesas no pais doador; preferências para
determinadas áreas de cooperação; modalidades para incentivar nacionais ligados aos projectos,
etc...

Multilateral Bilateral Organizações Não-Governementais


BAD Canada Acção para Dessenvolvimento
Minsap - Guiné-Bissau 64 PNDS - 1997-2001

BM Cuba Africare
FNUAP Estados Unidos da América Agências Muçulmanos Africanos
OMS França Amici Raoul Follereau
PAM Holanda ANDES
PNUD Italia Corpo de Paz
UE Japão Danish Church Aid-DCA
UNHCR Portugal Fundaçao o Gulbenkian
UNICEF Républica de China Suécia Grupo de Voluntariado Civil - GVC
Igreja Catolica
Igreja Evangélica
Medicus Mundi Italia
Oranizaçoes de Migrantes
PRIMTAF
Rädda Barnem
VSO

Não existe uma base de dados sobre toda a ajuda externa, apesar do facto de ter sido introduzido em
1996 um sistema informatizado para coordenar a ajuda externa e monitorar os diferentes fluxos de
recursos na área da saúde (EHMDAC: Environment and Health information for Management of
Development ACtivities, OMS, 1995). Assim, não é fácil dizer qual é o envelope total da ajuda externa
para o sector da saúde nos últimos anos. A análise da repartição da ajuda por diferentes categorias de
custos é ainda mais defeituosa. Como muitos doadores fazem eles próprios a gestão administrativa
dos projectos, faltam também dados sobre o nivel da execução dos projectos. Esta situação é
decorrente por um lado da fraca capacidade de seguimento dos serviços competentes do MINSAP, do
outro lado com os diferentes sistemas de gestão preconizados pelos organismos. Às vezes existe uma
certa reticência da parte dos doadores de fornecer os dados referente a gestão financeira e da parte
dos nacionais de assumir a responsabilidade para essa gestão.

Apesar das partes envolvidas aceitarem a necessidade de um diálogo permanente entre os


representantes dos projectos e os responsáveis do MINSAP, não existe até agora um forurn regular
para a discussão dos problemas do sector de saúde. No entanto, houve algumas reuniões
temáticas, por exemplo sobre a lniciativa de Bamako, sobre o aprovisionamento em Medicamentos
Essenciais, sobre SIDA e reuniões de urgência no âmbito da Cólera. Pelo menos em duas ocasiões,
discutiu-se especificamente a coordenação da ajuda externa : em Abril 1991, o Ministério da Saúde
Pública organizou uma primeira reunião com todos os projectos e programas envolvidos no sector da
saúde, e em 1994, a OMS convidou os doadores para uma reflexão no momento duma visita do dr
Jancloes, chefe do ICO.

7.6.3 A remuneração dos funcionários pelos doadores

Os organismos de cooperação têm diferentes politicas quanto ao pagamento de suplementos de


salários, per diems, consultorias nacionais, etc... Esse sistema de "remuneração colateral" é muito
importante em relação aos salários oficiais da função pública e constitui um mecanismo através do
qual os organismos de cooperação tentam aumentar a motivação do pessoal envolvido nos seus
projectos, reduzir o absenteismo e a tendência de desenvolver actividades paralelas, evitar ou reduzir
a corrupção ou reter os bons quadros no seio dos ministérios.

7.6.4 Consequências dos problemas relacionados com a coordenação da Ajuda Externa

a) Ausência a nivel do MINSAP duma visão clara e global de todas as intervenções, assim como
os respectives conteúdos, com consequências negativas em relação ao custo-eficácia e à
distribuição equitativa destas mesmas intervenções. lsto pode-se traduzir em disparidades na
repartição da ajuda pelas diferentes regiões ou pelos diferentes niveis de prestação de cuidados.
Além disso esta situação conduz a uma perda de oportunidades de sinergia entre as intervenções
e até mesmo a duplicidade de financiamentos para a mesma actividade.
Minsap - Guiné-Bissau 65 PNDS - 1997-2001

b) Limitação de iniciativa por parte do MINSAP em relação aos parceiros de, desenvolvimento, que
vêm com propostas não necessáriamente correspondantes às prioridades definidas pelo Ministério.
Isto pode conduzir a uma falta de apropriação pelos nacionais da responsabilidade sobre as
actividades desenvolvidas no âmbito de projectos de cooperação. Por outro lado, o MINSAP não
encorajando um quadro global e integrado para as intervenções no sector, favorece financiamentos
verticais nos quais os doadores se sentem mais visiveis e que lhes permitem melhor controle.

c) No caso especifico da gestão dos Recursos Humanos, a ausência duma politica coerente dos
doadores em matéria de indemnizações e remunerações tem consequências perversas. Isto
pode até conduzir a uma concorrência entre os próprios doadores : entre a multitude de seminários
e formações organizados sem nenhuma coordenação, quem oferece os maiores per diems tem
mais posibilidades de atrair os participantes.

d) Nem sempre é permitida a utilização alternativa dos fundos postos à disposição pela comunidade
internacional, pelo que a priorização entre escolhas e opções com diferentes custos está sujeita a
distorções. Isto conduz a uma negligência relativamente a consideraçõs de eficiência
("opportunity costs"), nomeadamente na escolha entre assistência técnica e motivação do pessoal
nacional ou na escolha entre substituição e manutenção de meios de transporte e equipamentos.

e) É claro que a extrema dependência não favorece a sustentabilidade do sistema de saúde, ainda
mais que essa dependência refere-se também aos custos de funcionamento do sistema e abrange
mesmo o pagamento de incentivos ao pessoal.
Minsap - Guiné-Bissau 66 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 67 PNDS - 1997-2001

PARTE II

1 RESUMO DO PERFIL SANITÁRIO: SITUAÇÃO ACTUAL E TENDÊNCIAS

A saúde da população depende de um certo número de factores com uma influência recíproca entre
si, reagrupados como segue:

CONTEXTO
SOCIO-ECONÓMICO
E MEIO AMBIENTE

COBERTURA EFECTIVA
DE SERVIÇOS DE SAÚDE

CARACTERÍSTICAS ORGANIZAÇÃO E
DEMOGRÁFICAS ESTADO DE SAÚDE FUNCIONAMENTO DO
E BIOLÓGICAS SISTEMA NACIONAL DE
SAÚDE
QUADRO INSTITUCIONAL,
GESTÃO E
FINANCIAMENTO DO
SISTEMA NACIONAL DE

HÁBITOS, COSTUMES E
COMPORTAMENTOS

1.1 PRINCIPAIS PROBLEMAS DE SAÚDE

Os perfis sanitários regionais, as estatísticas hospitalares, assim como um certo número de estudos
efectuados por diferentes organismos na Guiné-Bissau indicam que os principais problemas de saúde
para diferentes grupos da população são os seguintes :

Principais problemas de saúde e grupos alvos

Grupos vulneráveis: Causas de morbi/mortalidade:


Crianças • Paludismo
• Diarréias
• Infecções Respiratórias Agudas
• Sarampo
• Desnutrição
Mulheres grávidas • Complicações ligadas à gravidez e parto (hemorragias, anemias, rupturas uterinas,etc)
Recém-Nascidos • Problemas dos recém-nascidos (Tétano Neo-Natal; sofrimento fetal;prematuridade)
• Paludismo
Adolescentes • Paludismo
• DST/SIDA (impacto actual e potencial)
Adultos • Paludismo
• DST/SIDA (impacto actual e potencial)
• Tuberculose (aumento ligado à VIH)

A identificação destes problemas prioritários deve guiar as acções sanitárias. Uma grande parte
destes problemas pode ser prevenida por medidas relativamente simples e pouco onerosas. De entre
os problemas alguns são mais complexos por apresentarem várias dimensões, requerendo por
conseguinte uma abordagem multidisciplinar e intersectorial.
Minsap - Guiné-Bissau 68 PNDS - 1997-2001

1.2 FACTORES RELACIONADOS COM A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA


NACIONAL DE SAÚDE

(v. também cap.2/ 1ª parte)

1.2.1 Cobertura efectiva dos serviços

A cobertura efectiva de certas componentes dos Cuidados Primários de Saúde, tais como a consulta
curativa primária, a vacinação, os cuidados maternos, etc., fornece uma indicação clara sobre a
performance do sistema sanitário. Esta cobertura é o resultado da disponibilidade, acessibilidade e
utilização dos serviços.

a) Disponibilidade

A partir da independência da Guiné-Bissau, em 1974, esforços consideráveis foram empreendidos


para oferecer a toda a população serviços de saúde de base pràticamente em cada aldeia. Estes
esforços foram reactivados a partir de 1990 quando o governo exprimiu claramente a sua vontade de
descentralizar o sistema de saúde.

A transferência de responsabilidade às regiões exige a presença do pessoal em quantidade suficiente


e com formação adequada. Tomando como exemplo os serviços de saúde materna, existem ainda
regiões sem uma parteira qualificada. A ETQS já organizou em consequência cursos de promoção
para enfermeiras auxiliares, tendo através desta modalidade formado 51 parteiras; continua no
entanto a subsistir um importante déficit de parteiras, tendo como base pelo menos uma parteira por
cada centro de saúde.Além do déficit de certas categorias de pessoal, verifica-se também uma certa
má distribuição em desfavor da periferia.

O sector hospitalar desempenha um papel e oferece serviços muito variáveis segundo as regiões,
devido em parte a razões históricas (a presença e o apoio de organismos tem uma grande influência
nos serviços) e à falta de uma política hospitalar. O HNSM desempenha o papel de um serviço de
primeiro contacto para uma grande parte da população de Bissau, tendo em conta o número reduzido
de centros de saúde. Desempenha também o papel de hospital de 1ª referência para o SAB, Biombo
e as ilhas. De assinalar também a existência de poucos serviços especializadas na Guiné-Bissau,
devido à ausência de competências e/ou meios de investigação/tratamentos necessários. Por
conseguinte um número significativo de casos são referidos ou evacuados para o estrangeiro,
Portugal e Senegal, representando grandes custos.

O próprio estado físico de uma grande parte da infrastrutura é precário com uma enorme variação de
uma região a outra. O hospital central, salvo alguns serviços que foram restaurados com a ajuda da
comunidade internacional, encontra num estado avançado de degradação e depara-se com falta de
equipamentos, mesmo os mais rudimentares e também com frequentes rupturas de abastecimento de
medicamentos essenciais, como a cloroquina. A população recorre cada vez mais às farmácias
privadas, que demonstram um importante crescimento na capital.

Tendo em conta que as necessidades em saúde da população evoluem com o tempo e que surgirão
novos problemas e fenómenos (SIDA, consumo de drogas, aumento da imigração urbana, etc.), é
necessário rever e redifinir periòdicamente o pacote de serviços mínimos para todos os níveis do
sistema. É igualmente necessário assegurar-se da complementaridade dos serviços fornecidos nos
três níveis, assim como do sistema de referência e contra-referência. São os serviços prestados que
por sua vez determinam o tipo de infrastuturas e de equipamentos necessários, assim como o tipo de
pessoal adequado.

b) Acessibilidade

A Guiné-Bissau possui uma rede de infrastruturas sanitárias relativamente bem desenvolvida. Prova
disto são as taxas de cobertura do BCG e da primeira consulta pré-natal, que se situam à volta de
90%.

No primeiro nível da pirâmide sanitária existem fundamentalmente dois tipos de estruturas: as USB e
os centros de saúde. Ainda que as USB só ofereçam serviços bastante primários com um pessoal
pouco qualificado (agentes de saúde de base e matronas), mantidos essencialmente pelas rspectivas
Minsap - Guiné-Bissau 69 PNDS - 1997-2001

comunidades, não são infrastruturas sem custos para o sector de saúde (construção, equipamento,
manutenção, formação e supervisão do pessoal).

Por outro lado existe em média um Centro de Saúde para 7 000 habitantes (variações: ....), com
excepção do Sector Autónomo de Bissau, onde a média se situa à volta de 60 000 habitantes. É
legítimo interrogar-se se é racional manter ou ampliar a cobertura das USB. Existem regiões no sul do
país (Bolama, Quínara e Tombali) onde se verifica um excesso de centros de saúde, òbviamente com
efeitos sobre os recursos já muito limitados. A estratégia avançada a partir do Centro de Saúde, como
já acontece em certas regiões, poderia igualmente contribuir para o aumento da acessibilidade das
populações aos serviços de saúde de base.

Existem por outro lado os hospitais de referência no segundo escalão do sistema, mas cujo acesso é
muito variável segundo as regiões, pois o mesmo depende da rede de estradas e da rede fluvial.

Sublinhe-se igualmente que devido principalmente a razões históricas existe uma grande variação
entre as infrastruturas do mesmo tipo tanto no que se refere à construção como ao equipamento,
dimensionamento, organização do espaço e do número de camas, merecendo eventualmente uma
maior harmonização.

c) Utilização

A utilização dos serviços de saúde depende antes de mais da qualidade dos cuidados, tanto do ponto
de vista técnico como da percepção dos utilizadores, que depende também em parte dos custos.

Em 1990 as únicas informações que permitiam uma análise evolutiva eram as estatísticas sobre a
cobertura vacinal. Comparando os dados de 1995 aosde 1990, constata-se uma ligeira melhoria, que
pode ser interpretada de várias maneiras. As estatísticas mundiais mostram que numa grande parte
dos países, com dificuldades económicas importantes, verifica-se uma estagnação ou mesmo
retrocesso da cobertura vacinal. Considerando entretanto que a acessibilidade dos serviços de saúde
na Guiné-Bissau é satisfatória, seria desejável uma melhoria mais significativa da cobertura vacinal.

A fraca taxa de partos efectuados sob a vigilância de parteiras qualificadas explica-se em grande parte
pela falta desta categoria de pessoal. Em todo o caso, a relativa fraca utilização dos centros de saúde,
o recurso importante à medicina tradicional aos serviços privados (centros de saúde mantidos por
missionários ou ONG; gabinetes privados), ou ainda pelos que detêm os meios, dos serviços no
estrangeiro (muitas pessoas vão tratar-se em Dakar), parecem indicar que em relação ao consumidor:
• a qualidade dos serviços e dos cuidados no sector público nem sempre estão à altura das
expectativas;
• os serviços não tomam em consideração a identidade sócio-cultural dos utilizadores;

A qualidade ainda insuficiente de certos serviços pode ser atribuída a diferentes factores, todos
interligados :
• a falta de competências técnicas necessárias a certos actos, devido a um pessoal por vezes
insuficientemente qualificado e/ou formado de maneira heterogénea;
• as estrututas dos serviços de saúde nem sempre muito acolhedoras devido à forma de
organização ou à atitude do pessoal;
• a desmotivação de uma grande parte do pessoal devida à pouva incitação para trabalhar no sector
público (níveis de salário que não permitem fazer face às necessidades e condições de trabalho
em geral insatisfatórias; as descrições de tarefas nem sempre se coadunam ao trabalho actual; a
ausência de um verdadeiro planos de carreira; mecanismos de controle e supervisão por vezes
insuficientes).
Minsap - Guiné-Bissau 70 PNDS - 1997-2001

O contexto sócio-cultural e as necessidades de certos grupos da população requerem estruturas e


serviços adaptados. Para incitar as mulheres a utilizar os serviços de maternidade, requer-se uma
boa compreensão, senão mesmo uma certa integração das tradições e costumes locais. Os
adolescentes hesitam muitas em vir falar dos problemas ou das questões que estão ligadas à sua vida
sexual, se o pessoal sanitário não lhes garante um mínimo de sigilo e serviços ajustados às suas
preocupações.

Neste contexto é importante que as comunidades e os utilizadores em geral participem na definição


dos serviços de saúde. Na Região de Gabú, no âmbito da implemenação da Iniciativa de Bamako,
foram eleitos e formados os comités de gestão onde estão incluídos membros da comunidade; por
enquanto os comités de gestão têm participado essencialmente na gestão financeira das áreas
sanitárias, mas prevê-se também a sua participação gradual na microplanificação das referidas áreas,
portanto na análise da situação sanitária e na decisão sobre as prioridades e estratégias. Estas
iniciativas são porém relativamente isoladas e merecem uma maior apoio e extensão nos próximos
anos.

Um outro factor importante para a utilização dos serviços é o respectivo custo. As informações
disponíveis actualmente sobre a capacidade e aceitação da comunidade em pagar os serviços é muito
limitada. De facto, de forma generalizada, já é solicitado à população uma contribuição financeira para
os cuidados através diversos mecanismos (sistema de abota, recuperação de custos através dos
medicamentos, pagamento directo dos serviços pelos utentes). Estes procedimentos não são de facto
formalizados e, por conseguinte muito pouco controlados. A aprovação recente dos diplomas
referentes à recuperação de custos estes problemas serão decerto paulatinamente saneados.

1.2.2 Factores ligados às instituições, à sua gestão e financiamento

Os estrangulamentos económicos e a reforma da função pública na Guiné-Bissau, induziram uma


reflexão sobre a optimização dos recursos a todos os níveis do sistema através de uma
descentralização do sistema de saúde e de uma melhor integração dos serviços e programas de
saúde. Tendo em conta que os resultados de um estudo efectuado em 1989 conjuntamente pelo
MINSAP, a OMS e o UNICEF, conduziram à conclusão de que na ocasião as regiões eram muito
pouco operacionais, tendo sido em consequência implementada uma estratégia para melhorar as
capacidades de gestão ao nível regional.

O Programa de Reforço da Gestão Sanitária (PRGS), apoiado pela OMS, permitiu a criação de
verdadeiras equipas a nível regional. Estas equipas aprenderam a trabalhar em conjunto e a tomar
iniciativas para resolver os problemas percebidos como prioritários para o desenvolvimento sanitário
da respectiva região. Os parceitros locais (bilaterais ou ONG) foram estreitamente associados a este
processo, o que teve frequentemente um impacto muito positivo sobre os recursos de que dispõem as
regiões. Isto traduz-se nomeadamente pela integração de certas actividades, como a formação
contínua e a supervisão do pessoal dos centros de saúde. Desenvolveu-se uma certa polivalência
entre os membros que compõem as referidas equipas. No plano administrativo a maioria das equipas
partilham os mesmos locais, assim como os recursos de que dispõem, incluindo os meios de
transporte.

O desenvolimento de iniciativas regionais conduziu na maior parte dos casos a uma reorganização
dos sistemas de saúde, sendo actualmente necessária uma certa harmonização. Este é o caso, por
exemplo, do sistema de informação, o qual apesar de deixar uma brecha para as especificidades
regionais, deverá permitir uma comparação de certos dados no plano nacional. Para a preparação do
PNDS, foi portanto necessário pôr-se de acordo sobre o conteúdo e a apresentação dos perfis
sanitários regionais, que tentam integrar todas as informações relacionadas com a saúde (informações
gerais, utilização dos recursos e estatísticas sanitárias).
Minsap - Guiné-Bissau 71 PNDS - 1997-2001

Se as regiões têm a prerrogativa das responsabilidades pela implementação das estratégias e dos
programas nacionais, têm ainda um grau de autoridade relativamente limitado, assim como um
controlo restrito dos recursos, financeiros em particular. As próximas etapas para uma maior
descentralização do sistema requerem uma reflexão sobre três aspectos fundamentais:
• a valorização de postos de alta responsabilidade ao nível regional no plano da formação (os
directores regionais têm uma formação muito limitada em saúde pública) e do salário (os directores
regionais não têm a possibilidade de aumentar os seus rendimentos com a prática da medicina
privada como acontece em geral com os médicos que trabalham nos estabelecimentos sanitários);
• a gestão financeira, incluindo os procedimentos de pagamento e o sistema de contabilidade, que
poderão sofrer modificações consideráveis com a entrada da Guiné-Bissau na zona do Franco
CFA;
• as intenções dos outros sectores e a política governamental em matéria de municipalidades.

A descentralização do sistema de saúde conduziu o nível central a rever o seu papel e funções em
relação às regiões. Existem com efeito ainda certos programas e serviços que continuam
completamente centralizados. Existem também alguns programas nacionais que realizam actividades
operacionais, nomeadamente ao nível do Sector Autónomo de Bissau. Esta região tem por
consequência algumas dificuldades em assumir o papael e funções que lhe são inerentes.

Ao nível central a reflexão sobre a melhor maneira de gerir diversos programas e optimizar os
recursos existentes só agora foi iniciada. Ela é muito mais complexa, porque os actores são mais
numerosos e os interesses claramente mais consideráveis. Para os programas técnicos e serviços de
apoio trata-se, num primeiro momento de rever o seu apoio às regiões a fim de melhor responder às
suas necessidades em saúde e de lhes delegar todas as tarefas operacionais. Tornou-se
evidentemente que são necessárias mudanças organizacionais e estruturais, porque:
• a comunicação entre as duas direcções-gerais e a coordenação das actividades é ainda
insuficiente, assim como entre elas e as regiões, apesar do grande esforço realizados neste
sentido;
• os programas técnicos têm ainda uma abordagem muito fragmentada, porque têm como objecto
patologias específicas em vez de grupos da população que partilham de forma global os mesmos
problemas; eles gozam por vezes também de uma grande autonomia com recursos e sistemas
próprios de gestão;
• existe um certo número de serviços de apoio que continuam fracos (serviços de
manutenção/reparação; a DAF) ou funcionam parcialmente (a Unidade de Coordenação da Ajuda
Externa).

Para uma maior gestão dos programas e de recursos, em vez de introduzir imediatamente mudanças
estruturais importantes, trata-se sobretudo de:
• desenvolver e reforçar os mecanismos de comunicação e de coordenação entre as direcções e os
departamentos, assim como com as regiões (o Serviço de Epidemiologia e a Direcção de Recursos
Humanos já começaram a trabalhar neste sentido);
• integrar progressivamente certas componentes (formação contínua e supervisão, nomeadamente)
dos programas técnicos;
• colocar à disposição de certos serviços que são vitais para a gestão do PNDS, o DAF por exemplo,
os recursos necessários, incluindo a assistência técnica.

No que respeita a viabilidade do sector da saúde, é necessário sublinhar a sua extrema dependência
em relação ao exterior. Praticamente todos os custos de investimento e uma parte crescente dos
custos recurrentes são financiados pela ajuda externa. Tanto a nível central como a nível das regiões,
são assegurados pelo Governo parte essencial das despesas de funcionamento, incluindo os salários
dos funcionários, ainda que de forma muito irregular. O orçamento de funcionamento é exíguo e não
permite realizar de forma satisfatória as actividades de supervisão, abastecimento e formação
contínua sem ajuda dos parceiros locais. Além da mobilização dos recursos exteriores, o MINSAP
deverá por seu lado esforçar-se para:
• mobilizar mais recursos internos;
• optimizar os recursos existentes (serviços de manutenção e de reparação; utilização racional do
equipamento em geral, dos meios de transporte em particular e dos medicamentos).

1.3 FACTORES RELACIONADOS COM HÁBITOS, COSTUMES E COMPORTAMENTOS


Minsap - Guiné-Bissau 72 PNDS - 1997-2001

No início deste capítulo referiu-se à interdependência dos determinantes do estado de saúde, entre os
quais se incluíu os hábitos, costumes e comportamentos. Obviamente que alguns têm uma influência
positiva sobre a saúde, enquanto que outros exercem uma influência negativa. Sem pretender fazer
uma descrição exaustiva, apresenta-se a seguir alguns comportamentos e costumes, com maior
ênfase provavelmente sobre os negativos, na medida em que são motivo de maior preocupação, com
vista à sua solução e não por exercerem um peso maior na situação sanitária.

Entre os hábitos, costumes e comportamentos com influência positiva na saúde citamos :


• A amamentação, que apesar de não ser exclusiva até os 6 meses, conforme as actuais
recomendações, é preponderante durante este período e prolongada até cerca dos dois anos de
idade, contribuindo assim para prevenir as diarréias e a desnutrição no 1º semestre de vida,
consequentemente a mortalidade infantil. Durante o período da amamentação as crianças estão
quase permanentemente em companhia das mães, geralmente às costas, o que contribui também
para que possam usufruir de vigilância permanente, cuidados e protecção. Esta proximidade é
igualmente benéfica para o equilíbrio psico-afectivo da criança e da mãe.
• A abstinência sexual das mulheres durante o período da amamentação, favorecendo o
espaçamento dos nascimentos. Este factor contribui para prevenir os problemas ligados à
gravidez, nomeadamente as anemias e desnutrição, os abortos e nado-mortos.
• O sistema de solidariedade familiar e comunitária que permite a atenção necessária aos indivíduos
quando se encontram em situação de vulnerabilidade, tanto no que respeita o seu estado de saúde
como a sua situação socio-financeira.
• O conhecimento e utilização corrente de métodos e recursos eficazes de terapia tradicional que
permite uma auto reponsabilização ou o recurso a pessoas de reconhecida experiência,
nomeadamente a utilização de infusões para reidratação oral ou tratamento das diarréias (sumo de
cabaceira, chá de folhas de goiaba, água de arroz,etc.), tratamento de feridas através de
determinadas folhas maceradas, tratamento de certas formas de hepatite, de doenças mentais, de
pele, de ossos. Estas medidas favorecem a economia de tempo, dos custos e a rapidez da acção.
• Os grupos de idades e os convívios diários da família, importantes para a transmissão de
mensagens e conhecimentos e a troca de experiências ...

Entre os hábitos, costumes e comportamentos com influência negativa na saúde citamos:


• A excisão com um notável impacto em relação às hemorragias e infecções que podem provocar a
morte, a transmissão do VIH e traumas psicológicos;
• Gravidez precoce, que contribui para o elevado índice de morbi-mortalidade materna e infantil;
• Relações sexuais precoces e promiscuidade: aumento da transmissão das DST/SIDA, gravidez
precoce;
• Desperdício de colostro devido aos rumores de que é nefasto à saúde da criança; desmame
brusco; introdução tardia e incorrecta da suplementação alimentar; inclusão da alimentação das
crianças na "tijela" familiar; destribuição inequitável de alimentos no seio da famíla, desfavorecendo
as mulheres e crianças. Estes comportamentos determinam uma frequência, quantidade e
qualidade de alimentos inadequados para as crianças com repercussão negativa no
desenvolvimento e crescimento infantil, favorecendo as anemias e desnutrição das mulheres,
sobretudo das grávidas e contribuindo para a elevação das diarréias infantis, desnutrição e morte.
• Drogas, Álcool, Tabaco;
• Cerimónias funébres prolongadas: impacto na propagação de doenças, p. e. cólera
• Automedicação - Impacto: morbilidade, mortalidade, resistência aos medicamentos, principalmnte
aos antibióticos e antipalúdicos.

Tendo em conta a amplitude das práticas negativas para a saúde das populações e apesar de
algumas experiências já em curso (por exemplo com o Ministério da Educação/INDE/Projecto de
Educação para a Vida, Recursos Hídricos, ONG, etc.), denota-se ainda muita passividade
relativamente à promoção da colaboração intersectorial (IEC, comunicação social, educação formal e
informal, etc.).

1.4 FACTORES RELACIONADOS COM O CONTEXTO SOCIO-ECONÓMICO E COM O MEIO


AMBIENTE

Os problemas abaixo descriminados estão directamente ligados à situação de saúde e a sua solução
reclama uma abordagem intersectorial, a promover também pelo sector de saúde:
Minsap - Guiné-Bissau 73 PNDS - 1997-2001

Os níveis salariais são extremamente baixos pelo que é dificil supôr o desempenho adequado das
funções e tarefas do pessoal nas condições salariais actuais, que não têm qualquer relação com o
custo da vida.

Apesar da cobertura poder ser considerada boa as características geográficas da Guiné-Bissau


aliadas às dificuldades de comunicação condicionam a cobertura relativamente aos diferentes níveis
de cuidados, especialmente nas ilhas; condicionam também o acesso aos serviços de referência e a
transmissão de mensagens (IEC).

Por vezes este problema, conduz a soluções erróneas e demasiado onerosas; por exemplo a
construção de outros hospitais com cuidados secundários implicaria sem dúvida mais custos a médio
e longo prazos do que o investimento na melhoria da rede viária, fluvial e outros sectores do sistema
de comunicação...

O acesso à água em quantidade e qualidade é limitado, assim como também é baixo o nível de
saneamento. Estes factores causam a diminuição da higiene pessoal, doenças da pele, doenças com
transmissão ligada à água, em especial na zona urbana onde as necessiddes ultrapassam as
capacidades dos sistemas de saneamento e das redes de distribuição de água com consequente
degradação do ambiente, penúria de água para consumo e saneamento e recrudescência de doenças
transmissíveis e mortalidade, sobretudo das crianças.

O êxodo rural, principalmente em direcção à capital onde se verifica uma taxa média de crescimento
de 5% por ano no Sector Autónomo de Bissau (SAB), provoca a deterioração das condições de
higiene e saneamento já agravadas pela cobertura insuficiente dos serviços de saúde. Regista-se
ainda o surgimento de problemas de saúde essencialmente "urbanos" : ataques cardíacos, cancro,
alcoolismo, toxicomania, acidentes de viação, agressão, VIH, DST. É de sublinhar também a
deterioração das estruturas familiares e sistemas de entre-ajuda social, doenças mentais, o aumento
do número de pessoas na terceira ou quarta idade, indefesos e frequentemente incapazes de pagar
os serviços de saúde.

Baixo nível do sistema de educação e de informaçao em geral, e posição desfavorecida das meninas
e mulheres, em particular, quanto à escolarização e alfabetização. Este factor está fortemente ligado a
crenças e práticas nefastas e à marginalização das mulheres. Está sobejamente demonstrado que o
nível de educação sobretudo das mulheres está estreitamente relacionado com a atenção e qualidade
dos cuidados dispensados às crianças.
Minsap - Guiné-Bissau 74 PNDS - 1997-2001

2 POLÍTICA SANITÁRIA, PRIORIDADES E ESTRATÉGIAS FUNDAMENTAIS

2.1 A POLÍTICA SECTORIAL DA SAÚDE NA GUINÉ BISSAU

Sendo a saúde resultado e condição indispensável para manter o equilíbrio macro-económico e


assegurar o desenvolvimento do país, a política sectorial de saúde é, consequentemente, parte
integrante da política de desenvolvimento global do Governo da Guiné Bissau. Entre os sectores
sociais o programa do actual governo prioriza a educação e a saúde; o referido programa visa
"assegurar à nossa população os serviços de saúde de base de qualidade, fornecendo cuidados
materno-infantis, curativos, preventivos e promocionais", no âmbito dos cuidados primários de saúde;
a mesma política inclui ainda entre os grandes objectivos a promoção da participação comunitária e da
medicina tradicional .

Como já referido no capítulo anterior, ao definirmos a saúde das populações no sentido mais amplo de
"bem estar" é óbvio reconhecer que tem muitos determinantes, directos e indirectos. Foram
distinguidos factores relacionados com o contexto sócio-económico e com o meio ambiente, factores
relacionados com hábitos, costumes e comportamentos, além dos factores relacionados com a
organização e o funcionamento do Sistema Nacional da Saúde, que nem sempre são os mais
importantes.

Ainda que o Ministério da Saúde Pública tenha como missão melhorar, promover e vigiar o estado de
saúde dos cidadãos do país, geralmente uma grande parte das suas preocupações, competências e
atribuições mais directas se inscrevem no quadro do Sistema de Saúde, nomeadamente dos serviços
públicos. No entanto para que este ministério não se resuma a um ministério de serviços públicos de
saúde , deve assumir um papel coordenador em relação às actividades intersectoriais que visam uma
abordagem integrada do contexto sócio-económico, o meio ambiente, os hábitos, costumes e
comportamentos e o estado de saúde das populações. Além disso, ele deve desempenhar um papel
regulador e orientador no que respeita o sector privado, tanto lucrativo como não-lucrativo.

Na base da política do Governo está o princípio da "Saúde Para Todos". Este princípio implica uma
cobertura e um acesso universais a um pacote de cuidados primários de saúde de qualidade e uma
distribuição equitativa dos recursos de que dispõe o país . O princípio da equidade exige uma atenção
particular aos grupos mais vulneráveis da sociedade, que actualmente possam não ter acesso ao
sistema de saúde, por razões financeiras, geográficas ou culturais.

Princípios directores da política sectorial de saúde

• Consolidação dos Cuidados Primários de Saúde através dum pacote mínimo de actividades (PMA)
a ser garantido por todos os centros de saúde e que respondam às necessidades das populações;
promover-se-á desta forma a implicação efectiva das comunidades na resolução dos seus
problemas de saúde, inclusive no domínio do financiamento e da gestão financeira a nível local
segundo a estratégia da Iniciativa de Bamako, cuja expansão, associada a outros sistemas de
financiamento, deverá garantir a viabilidade dos serviços de saúde;

• Maior acesso aos serviços de saúde, aproximando-se da população através do reforço da


estratégia avançada e um melhor enquadramento dos agentes comunitários; implementação de
mecanismos para que a recuperação de custos não limite o acesso de certas camadas da
população aos serviços de saúde;

• Distribuição equitativa dos recursos, tanto humanos, materiais como financeiros;

• Melhoria do funcionamento dos serviços de saúde e da qualidade da prestação de cuidados,


inclusive os aspectos de acolhimento;
Minsap - Guiné-Bissau 75 PNDS - 1997-2001

• Descentralização gradual do sistema de saúde, melhorando cada vez mais as capacidades de


gestão a nível das regiões sanitárias e garantindo progressivamente mais recursos e poderes
quanto à gestão e controle dos mesmos pelas direcções regionais de saúde;

• Definição e desenvolvimento de uma política para os recursos humanos, incluindo um plano global
de formação e estratégias globais para melhorar as condições de trabalho do pessoal de saúde;

• Desenvolvimento de uma melhor colaboração intersectorial e reforço da estratégia de Informção,


Educação e Comunicação (IEC), tanto intra como intersectorial; dinamização dos mecanismos e
foruns para a coordenação das actividades intersectoriais.

As estratégias do sector da saúde devem visar uma articulação e uma complementaridade perfeita
entre os níveis central, regional e local, com estruturas e instituições operacionais que respondam às
necessidades da população em matéria de cuidados curativos, preventivos e promocionais.

O reforço das capacidades em gestão a todos os níveis deverá melhorar a elaboração, a execução, o
seguimento e a avaliação da Política Nacional de Saúde e do Plano Nacional de Desenvolvimento
Sanitário, que é o instumento desta política.

A pesquisa no sector da saúde deverá desempenhar um papel mais efectivo no desenvolvimento do


sistema nacional de saúde e, na medida do possível, deverá contribuir para identificar as abordagens,
as estratégias e as tecnologias adaptadas ao contexto geográfico, económico e sociocultural da
Guiné-Bissau.

A valorização dos aspectos positivos da medicina e da farmacopeia tradicionais na Guiné-Bissau está


também contemplada no âmbito da política sectorial. Um maior esforço deverá ser feito no sentido da
concretização de acções com vista a uma valorização efectiva deste importante componente da
cultura nacional.

2.2 O PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SANITÁRIO (PNDS) : OBJECTIVOS,


ESTRATÉGIAS E ACTIVIDADES PRINCIPAIS

a) Objectivos gerais e específicos; resultados esperados do pnds

• O objectivo geral do Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário é contribuir para a melhoria


da situação sócio-económica e do bem-estar da população da Guiné Bissau

• O objectivo específico do PNDS é reforçar o sistema nacional de saúde, incluindo os serviços de


prestação de cuidados, as estruturas de gestão e as suas ligações funcionais tanto intrasectoriais
como intersectoriais, a todos os níveis, de forma a responder às necessidades gerias e específicas
de cada região. 32

32
Ver representação do sistema nacional de saúde (Quadro Dominique)
Minsap - Guiné-Bissau 76 PNDS - 1997-2001

Da análise dos problemas principais e na base dos princípios da Política Nacional de Saúde foram
retidos quatro resultados esperados do PNDS que contribuirão para alcançar o objectivo
específico:

I. Os serviços de saúde, tanto de primeiro contacto como os de referência, asseguram


cuidados de qualidade (globais, contínuos, integrados) e acessíveis a todos

II. A gestão e a distribuição dos recursos financeiros e materiais será mais eficiente, mais
equitativa e mais transparente, através do reforço da capacidade institucional a todos os
níveis do sistema nacional de saúde

III. A qualidade, a eficiência e a distribuição dos recursos humanos são melhoradas através da
articulação de estratégias específicas de formação e de gestão
IV. A promoção da saúde, incluindo a luta contra a SIDA, é assegurada, através duma
colaboração intersectorial reforçada e através duma abordagem de IEC

b) Considerações estratégicas

I. Os serviços de saúde, tanto de primeiro contacto como os de referência, asseguram


cuidados de qualidade (globais, contínuos, integrados) e acessíveis a todos.

Com objectivo de diminuir a dependência da ajuda externa no que diz respeito ao funcionamento do
sistema nacional de saúde, e também de assegurar a qualidade e perenidade dos serviços, uma
parte das despesas recorrentes locais deverá ser coberta progressivamente por receitas provenientes
de um sistema de tarificação dos actos médicos, nomeadamente da venda de medicamentos.

Esta recuperação de custos será parcial, em função da capacidade financeira das populações que
será avaliada através de estudos específicos para o efeito. Prevê-se assim a expansão da "Iniciativa
de Bamako" a qual visa a gestão dos fundos recuperados a partir desta comparticipação pela
comunidade (a chamada "Co-Gestão Comunitária"). A aplicação de uma parte das receitas seria
assegurada por um Comité de Gestão, constituido por representantes da comunidade, da saúde e da
administração local. Será considerado o papel importante das mulheres na gestão dos recursos e na
tomada de decisões no âmbito dos Comités de Gestão. As delegações locais do Ministério da
Administração Interna terão um papel importante no enquadramento destes comités de gestão.

A introdução da "Iniciativa de Bamako" deverá contribuir para o reforço do "Pacote Mínimo de


Actividades" (v. Tomo II/cap.3), a nível periférico do sistema nacional de saúde. Uma parte deste
pacote mínimo deverá ser garantida até ao nível das tabancas, o que exige a deslocação regular dos
técnicos de saúde até este níve, designada "Estrategia Avançada", em relação à qual as Unidades
de Saúde de Base continuarão a ser um ponto focal. A finalidade é atingir uma cobertura quase
completa da população em cuidados básicos (aumento da acessibilidade).

A responsabilidade pelo desenvolvimento e planificação deste pacote mínimo caberia aos Centros de
Saúde, cada um responsável pela sua área sanitária em conformidade com a redefinição do Mapa
Sanitário do país, que constitui objecto deste PNDS. A planificação ao nível das áreas sanitárias é
designada "microplanificação".

A nível do Sector Autónomo de Bissau, que desde 1994 dispõe duma Direcção de Saúde com a sua
Sede "Regional". O PNDS prevê a mobilização de recursos para a extensão e a promoção da rede
dos Centros de Saúde existentes: além de insuficientes a maioria dos Centros de Saúde no Sector
Autónomo de Bissau encontra-se num estado degradante e este facto impede o Hospital Nacional
Simão Mendes de assumir de maneira eficaz o seu papel de hospital de cuidados secundários e
terciários. Uma vez estabelecida uma rede de infraestruturas de CS em Bissau, o HNSM assumirá a
função de referência relativamente aos cuidados secundários para o SAB, Biombo, Bolama e Bubaque
e terciários para todo o país.
Minsap - Guiné-Bissau 77 PNDS - 1997-2001

No que respeita os cuidados secundários e terciários serão priorizados os esforços e recursos para o
funcionamento adequado de um único hospital de referência, a saber o HNSM; os serviços do H3A
deverão ser integrados ao HNSM. O futuro do Hospital de referência para a tuberculose deve ser
estudado na perspectiva duma revisão global do programa de luta contra esta doença.

Considera-se que nas regiões a cobertura dos cuidados secundários é suficientamente garantida com
a presença e o bom funcionamento dos Hospitais Regionais de Gabú, de Bafata, de Canchungo, de
Catió e futuramente de Mansoa. Existem no entanto certas zonas onde serão previstos na nova carta
sanitária os CS do tipo "A", com possibilidades de intervenção cirúrgica de urgência, transfusão de
sangue, pequenos aparelhos de Rx, etc. Esta medida impõe-se dado o isolamento destas zonas:
trata-se de situações excepcionais, visto que o número de população servida por estes centros de
saúde do tipo "A" não justificam normalmente, na base de uma análise de cust-eficácia, os
investimentos e custos de funcionamento de um hospital de referência. Exemplos de situações que
poderiam justificar um tal CS "A" são Bubaque, São Domingos, Quebo e Bolama.

Os outros antigos Hospitais de Sector serão reclassificados na nova carta sanitária e terão atribuições
e recursos comparáveis a um centro de saúde "tipo".

Para garantir a funcionalidade do sistema de referência prevê-se a possibilidade de acesso directo às


estruturas de referência das pessoas que assim o entenderem, mediante pagamento de uma tarifa
diferencial; os pacientes referidos dos CS terão ainda o privilégio da precedência relativamente aos
que acedam directamente.

II. A gestão e a distribuição dos recursos financeiros e materiais será mais eficiente, mais
equitativa e mais transparente, através do reforço da capacidade institucional a todos os
níveis do sistema nacional de saúde.

A comunicação a nível do MINSAP


Verifica-se a necessidade de uma melhor definição e reforço dos mecanismos de concertação e de
coordenação a todos os níveis do sistema de saúde, em particular a nível das Direcções Gerais. Uma
revisão do quadro orgânico do MINSAP está actualmente em curso, a fim de que o MINSAP possa
responder melhor às funções e atribuições que foram redefinidas no âmbito do PNDS.

Finanças a nível central


A comunicação entre o MINSAP e o MINFIN deverá ser reforçada, sobre o contexto geral da
orçamentação, dos salários e efectivos dos funcionários, a projecção da inflação, tectos orçamentais,
margens de manobra, a regulamentação dos sistemas de recuperação de custos, etc.

Revela-se necessário melhorar os procedimentos da orçamentação, tendo em consideração as


prioridades do PNDS e os dados sistematizados sobre a ajuda externa; estandardizar os formatos dos
orçamentos a todos os níveis; definir bem o processo de aprovação e assegurar a retroinformação às
entidades que elaboram as propostas orçamentais.

SIS
Reforçar a coordenação através da integração num único Sistema de Informação Sanitária os
diferentes bancos de dados, que possa servir ao processo de planificação; deverão ser integradas
informações sobre:
• Dados do SIS (sentido estrito) :
∗ Dados de rotina, recolhidos mensalmente em cada área sanitária;
∗ Dados mais específicos e mais dispendiosos quanto à recolha: sistema de centros sentinelas;
∗ Dados a serem recolhidos pontualmente através de inquéritos;
∗ Dados e informações qualitativos e relativos ao funcionamento do pessoal que farão objecto
dos termos de referência da supervisão nos diferentes níveis;
• Dados referentes à gestão e seguimento da ajuda externa: EHMDAC;
• Dados referentes aos Recursos Humanos;
• Dados da DAF/Património:
∗ Dados financeiros e administrativos relativos à execução dos projectos e do OGE (ligação com
EHMDAC);
∗ Dados referentes às infraestruturas, aos equipamentos, aos mobiliários eaos eios de transporte:
Sistema de inventários contínuos, ligado com aspectos sobre estado de manutenção.
Minsap - Guiné-Bissau 78 PNDS - 1997-2001

Integração dos programas nacionais


Revela-se pertinente rever periòdicamente a missão dos programas nacionais, a afectação de
recursos, assim como seguir em que medida a missão e o funcionamento dos respectivos programas
são compatíveis com a necessidade de chegar a um sistema global de cuidados integrados.

Na medida do possível deve-se integrar a gestão e a execução dos programas verticais no sistema
regular de saúde: supervisão integrada, polivalência do pessoal regional e nas áreas sanitárias,
reorganização da utilização dos meios de transporte, integração da colecta e análise dos dados no
SIS, etc.

Capacidade de gestão a nível regional


Com vista à desconcentração efectiva da gestão de recursos, serão reforçadas as capacidades de
gestão e de administração das Equipas Regionais de Saúde; gradualmente, e em função destas
mesmas capacidades regionais, serão descentralizadas determinadas funções relativas à
administração financeira, à orçamentação, etc.

Proceder-se-á à introdução de sistemas de gestão dos meios de transporte que visam a eficiência e a
utilização racional dos mesmos.

Colaboração Público-Privado
Certas funções não são inerentes à missão do Ministério de Saúde e consequentemente o MINSAP
não devia manter pessoal para as mesmas (p.e. construção e seguimento de obras, manutenção de
viaturas, etc.); existem reservas relativamente à capacidade do MINSAP em organizar certas
actividades com maior eficácia que os particulares; por outro lado o MINSAP, aliás o estado não
poderá assegurar nem agora nem no futuro toda a gama de serviços e cuidados que as populações
possam requerer: o papel do MINSAP é em primeiro lugar a normatização técnica e das tarifas das
actividades sanitárias.

O MINSAP deverá também assumir o papel da protecção das camadas da população que não têm ou
correm o risco de perder o acesso ao mínimo de cuidados.

A promoção da colaboração entre o sector público e o sector privado não lucrativo tais como as
confissões religiosas e ONG com actividades sanitárias, deverá estar inscrita entre as prioridades; é
necessário assegurar a complementaridade e a coerência das intervenções destas organizações
através da informação, negociação e regulamentação, nomeadamente estimular a colaboração com
as igrejas no que diz respeito aos cuidados para os deficientes.

Evidencia-se a necessidade de fazer com que o sistema de aprovisionamento em medicamentos


essenciais evolua para um estatuto parapúblico ( ver medicamentos essenciais a seguir);

Deve-se promover, regulamentar e seguir a colaboração com o sector privado lucrativo para funções
como a manutenção e a construção, a limpeza de grandes instituições, a formação em determinados
domínios, certos cuidados terciários (p.e.clínicas privadas);

Manutenção dos equipamentos, das infraestruturas e dos meios de transporte


Serão desenvolvidos sistemas apropriados para a manutenção e padronização dos recursos
materiais: meios de transporte, equipamentos e elaborados normas, modalidades e procedimentos
para a colaboração com o sector privado neste âmbito: contratos com oficinas para a manutençaõ de
viaturas; contratos para a fiscalização de obras, a execução de concursos públicos, os contratos com
empreiteiros para a manutenção das infraestruturas, etc.
Minsap - Guiné-Bissau 79 PNDS - 1997-2001

Medicamentos Essenciais e participação Comunitária/Co-financiamento Comunitária


O Programa de Medicamentos Essenciais está e estará estreitamente ligado à Iniciativa de Bamako.
Existem várias modalidades de aplicação da "Iniciativa de Bamako" em diferentes países, mas as
características básicas são comuns: trata-se sempre de um reforço dos Cuidados Primários de Saúde,
com acento nos seguintes elementos:
• A recuperação de custos na perspectiva da IB, tanto dos actos médicos (consulta curativa,
exame de laboratório, intervenção cirúrgica, consulta prenatal, parto, etc.) como dos
medicamentos, pressupõe que os fundos recuperados sejam reinvestidos no local onde foram
gerados (Centro de Saúde, Hospital Regional, Hospital Simão Mendes, etc.).
• A recuperação de custos deve permitir uma diminuição da dependência tanto da ajuda externa
como do financiamento do estado e, consequentemente, a sustentabilidade do sistema.
• Outro ponto essencial é a participação da população na gestão dos próprios serviços,
incluindo a gestão financeira, que por esta razão deve ser transparente.

Os fundos são utilizados para fins que têm por objectivo:


• Melhorar a qualidade do "Pacote Mínimo de Actividades" ;
• Aumentar a cobertura deste Pacote Mínimo através de deslocações regulares nas tabancas :
"Estratégia Avançada", na qual as USB constituem um ponto focal.

Os "Depósitos" e "Postos de Venda de Medicamentos" constituirão um elemento extremamente


importante dentro do sistema de saúde: a recuperação de custos na base da venda de medicamentos
deverá gradualmente assegurar não só a manutenção de stock de medicamentos, mas também os
custos correntes inerentes ao sistema de aquisição, distribuição, estocagem e gestão (custos
correntes do sistema das "lojas"); além disso essa recuperação deverão ainda gerar fundos que
servirão para cobrir custos correntes das estruturas de cuidados: diz-se que os Medicamentos
Essenciais constituem "o motor" do sistema de saúde.

Sendo "o motor" do sistema de saúde, deverá existir uma certa independência do sistema de
depósitos e farmácias públicas em relação ao estado: o cofre (e a conta bancária) do Depósito Central
de Medicamentos deverá ser bem distinta da do tesouro; o dinheiro recuperado servirá para o
reabastecimento de medicamentos e não para outras despesas do Estado ou do MINSAP. A
comunidade internacional garantirá inicialmente o financiamento das importações dos medicamentos;
o sistema poderá evoluir para um estatuto para-público, com um conselho de administração onde
participam ao lado do representante do MINSAP (o Director dos Serviços Farmacêuticos)
representantes dos doadores neste sector (OMS, UNICEF, outros).

Isenções, equidade e solidaridade


A respeito das isenções não se verifica por ora um consenso relativamente aos doentes de
tuberculose e lepra, mães e crianças, doentes mentais e deficientes físicos, pessoas idosas e
grávidas, pessoal de saúde, militares e antigos combatentes. Tantas isenções poderão condenar a IB
ao fracasso antes da sua implementação em todo o país. Propôem-se alguns princípios de base e
algumas pistas para desenvolver a solidaridade.

Princípios
• A solidaridade é organizada "fora da loja", quer dizer que cada vez que um doente recebe
medicamentos numa farmácia, deve haver uma entrada de dinheiro naquela farmácia; o dinheiro
pode eventualmente vir de outra parte (fundo de solidaridade, serviços dos assuntos sociais,
seguros de riscos de doença, instituições religiosas, .....);
• É preciso seguir o poder de compra das populações para se assegurar que não se inviabiliza o
acesso de certos grupos da população aos serviços de saúde, por motivos financeiros.
• Os medicamentos destinados a certos grupos específicos poderíam ser financiados
exclusivamente pelo governo (orçamento dos Assuntos Sociais ou do MINSAP) ou por um
organismo de cooperação, por exemplo os medicamentos para tuberculose e lepra, medicamentos
utilizados para certas campanhas (iodo, ivermectina,....).
• Deve-se fazer uma distinção entre mecanismos de solidaridade em diferentes níveis:
∗ Ø para casos individuais (pessoas com incapacidade de pagar os custos do seu tratamento),
∗ Ø entre diferentes áreas sanitárias dentro de uma região (áreas deficitárias dentro duma região,
p.e. Boé em Gabú);
∗ Ø entre regiões sanitárias dentro do país (apoio para regiões com díficil acesso e áreas
sanitárias que servem poucas pessoas, como a situação nas Ilhas Bijagós)
Minsap - Guiné-Bissau 80 PNDS - 1997-2001

• Parte dos fundos recuperados a cada nível poderia servir para fundos de solidaridade; devem ser
claramente definidos os procedimentos para utilização e a atribuição destes fundos de
solidaridade. A nível das áreas sanitárias poderia ser o Comité de Gestão a gerir este fundo.

III. A qualidade, a eficiência e a distribuição dos recursos humanos são melhoradas através da
articulação de estratégias específicas de formação e de gestão.

Os princípios baseiam-se no funcionamento do sistema de saúde com menos pessoal, mas


melhor pago. Como já referido prevê-se um sistema funcional de supervisão integrada, tanto do nível
central para as regiões com do nível regional para as áreas sanitárias. A boa prestação de serviço
deve ser incentivada e deve haver perspectivas de carreira claras.

O recrutamento local com base nos fundos provenientes da recuperção de custos deve ser
regulamentado.

Reforçar a formação contínua dos técnicos de saúde, não sómente no plano clinico, mas também nas
áreas de organização e gestão, no plano da deontologia e da comunicação interpessoal (acolhimento,
organização do CS, atitudes e comportamentos dos agentes de saúde e da população);

A curto prazo deve ser aprovado um Plano Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Humanos,
que inclui:
• As normas para os efectivos e para as qualificações dos agentes de saúde por cada nível de
cuidados, considerando critérios de eficiência, carga de trabalho, etc.
• Uma projecção das necessidades a médio prazo, na base das normas estabelecidas e dos
efectivos existentes;
• Um plano de formação tanto no interior como no exterior; a evolução da Escola Superior de
Medecina com vista ao excedente em médicos que se está a criar;
• Um plano para a formação contínua do pessoal de saúde;
• O aperfeiçoamento dum banco de dados informatizado sobre o pessoal de saúde;
• As normas para o seguimento da evolução das carreiras individuais;
• Medidas concretas para promover a afectação de mulheres na periferia do sistema de saúde; de
uma forma mais genérica as medidas, critérios e procedimentos para garantir uma distribuição
equitativa dos recursos humanos a favor dos grupos de risco, seja rural ou peri-urbano;

Visto a importância da coerência deste Plano Nacional de Desenvolvimento dos Recursos Humanos
na perspectiva da Saúde Pública, a sua elaboração é da responsabilidade conjunta da DRHO/DGPC e
da DGSP .

A base desse plano é a definição do plano de cobertura, quer dizer o mapa sanitário, incluindo a
definição das normas para a afectação dos recursos humanos a cada nível da pirâmide sanitária. A
definição destas normas é em primeiro lugar uma responsabilidade da Direcção Geral da Saúde
Pública.

IV. A promoção da saúde, incluindo a luta contra a SIDA, é assegurada, através duma
colaboração intersectorial reforçada e duma política de IEC.

IEC
Tendo em conta que a prevenção e a promoção da saúde constituem as principais estratégias da
política nacional de saúde e considerando o peso que têm os hábitos, costumes e comportamentos
entre as determinantes de saúde torna-se necessário desenvolver uma estratégia subsidiária de IEC
que vise a mudança das atitudes, das práticas nefastas e dos comportamentos prejudiciais à saúde. A
referida estratégia deverá ser de âmbito nacional, contemplando abordagens intra e intersectoriais.
Minsap - Guiné-Bissau 81 PNDS - 1997-2001

Deve-se prever a inclusão de actividades de pesquisa e análise para fundamentar e aprofundar os


conhecimentos sobre as atitudes, práticas e comportamentos a fim de melhor definir e caracterizar os
grupos alvo, assim como orientar a acção. O material produzido deverá ser testado através de
pesquisas operacionais. Um maior esforço deverá ser feito no sentido de uma maior diversificação
possível dos mecanismos e canais de comunicação ultrapassando a produção de materiais educativos
e material audiovisual para os mass-média. A nível intrasectorial será preciso procurar-se
especialistas em comunicação social, visto que o serviço existente do SNIECS até aqui se tem
concentrado na produção de materiais.

Deverão ser reforçados os aspectos de comunicação interpessoal e comunicação participativa nas


estratégias de IEC e neste contexto dar um acento especial às actividades a nível periférico a ao
reforço das capacidades do pessoal nos centros de saúde.

Deverão ser desenvolvidos contactos com outros serviços do MINSAP e com as regiões sanitárias a
fim de melhorar a coordenação intrasectorial no âmbito da IEC.

No quadro das atribuições das Equipas Regionais de Saúde deve-se prever a coordenação das
acções de IEC e das actividades intersectoriais.

Colaboração intersectorial
Como já referido, tanto no Tomo I como na introdução deste capítulo, a saúde é uma resultante de
vários determinantes, razão pela qual a abordagem dos problemas de saúde deverá ser o mais
possível encarada no âmbito da intersectorialidade, envolvendo actores múltiplos a todos os níveis.

O sector de saúde não poderá aliás garantir sózinho a saúde: o melhoramento dos indicadores sócio-
sanitários pressupõe uma abordagem intersectorial que envolva vários parceiros e sectores, como o
aprovisionamento em água, a educação e a informação, a construção de vias de acesso, a protecção
do ambiente, a promoção e alfabetização das mulheres, a agricultura, as condições da habitação, o
desenvolvimento e a descentralização do nível administrativo, a criação de emprego, sobretudo para
os jovens, a urbanização, ...

Impõe-se assim definir com uma certa clareza os intervenientes e respectivas atribuições, assim como
o quadro de relacionamento, numa perspectiva de complementaridade e numa base de coordenação
racional.
Minsap - Guiné-Bissau 82 PNDS - 1997-2001

PARTE III

1 O PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SANITÁRIO - OBJECTIVOS,


ESTRATÉGIAS E ACTIVIDADES PRINCIPAIS

INTRODUÇÃO

Na segunda parte do Tomo I fez-se um resumo da situação actual e das tendências quanto à situação
sanitária da Guiné Bissau. Como aí referido, o estado da saúde das populações tem muitos
determinantes, directos e indirectos: distinguimos factores relacionados com o contexto sócio-
económico, com o meio ambiente, com hábitos, costumes e comportamentos, além dos factores
relacionados com a organização e o funcionamento do Sistema Nacional da Saúde. Ainda que o
Ministério da Saúde Pública tenha como missão melhorar, promover e vigiar o estado da saúde dos
citadãos do país, geralmente uma grande parte das suas preocupações, competências e atribuições
mais directas estão relacionadas com o Sistema e os Serviços de Saúde, nomeadamente os Serviços
Públicos. O Ministério da Saúde Pública deve assumir cada vez mais um papel coordenador quanto às
actividades intersectoriais que visam a inter-relação entre o contexto socio-económico, o meio
ambiente, os hábitos, costumes e comportamentos e o estado de saúde das populações. Deve ainda
desempenhar um papel regulador e orientador no que respeita o sector privado, tanto lucrativo como
não-lucrativo.

No quadro que se segue resumiu-se os factores e constrangimentos mais importantes para o estado
de saúde no contexto da Guiné Bissau. É de salientar que muitas das relações entre estes factores
são recíprocas :

Contexto Socio-económico Cobertura efectiva de serviços de


e Meio Ambiente saúde
Dependência ajuda externa; Desequilíbrios na definição do Mapa
baixo nível salarial; fraco nível sanitário: Quase inexistência duma
educacional; limitado acesso à rede de CS em Bissau e abundância
água; rias e ilhas limitando a de CS no sul, insuficiente definição
essibilidade geográfica do papel e complementaridade dos
diferentes níveis do sistema de
saúde, fraca qualidade dos serviços,
falta duma política hospitalar, falta de
parteiras na periferia, lente evolução
dos sistemas de co-gestão e co-
Características Estado de saúde financiamento comunitários
demográficas e biológicas Problemas principais:
Êxodo rural, taxa de paludismo, diarréias, infecções Organização e
crescimento de Bissau de respiratórias agudas, funcionamento
5%; características étnicas; complicações ligadas à do Sistema
fenómenos de migração; gravidez e parto, doenças Nacional de
população essencialmente sexualmente transmissíveis e Saúde
jovem com fertilidade SIDA, desnutrição, sarampo e
tuberculose Quadro institucional, gestão e
elevada
financiamento do Sistema
Nacional de Saúde
Deficiências na coordenação da
Hábitos, costumes e ajuda externa, na supervisão, no
comportamentos aprovisionamento em ME, gestão
Casamento precoce, excisão centralizada com ainda pouca
feminina, ceremónias funébres, autoridade das regiões, fraca
promiscuidade, alcool, capacidade de gestão e de
automedicação absorção, sistemas de informação
parciais e incompletos, programas
técnicos fragmentados,
desequilíbrios na distribuição e
alocação de recursos humanos,
financeiros e materiais, problemas
de motivação dos RH e na
Como também foi dito, o princípio de Saúde para Todos como base da política do governo,
coordenaçãoimplica
da formação,
uma cobertura e um acesso universal a um pacote de cuidados primários de saúde sistemas
de qualidade, e financeira e
de gestão
contabilidade insuficientemente
desenvolvidos
Minsap - Guiné-Bissau 83 PNDS - 1997-2001

uma distribuição equitativa dos recursos de que dispõe o país. O princípio da equidade exige uma
atenção particular aos grupos mais vulneráveis da sociedade, que actualmente nem sempre têm o
devido acesso ao sistema de saúde, por razões financeiras, geográficas ou culturais.

Nas páginas que se seguem, as estratégias preconizadas no Plano Nacional de Desenvolvimento


Sanitário são apresentadas sob forma de Quadro Lógico, antecedido por uma apresentação gráfica do
mesmo.
Minsap - Guiné-Bissau 84 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 85 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 86 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 87 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 88 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 89 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 90 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 91 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 92 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 93 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 94 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 95 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 96 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 97 PNDS - 1997-2001
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2. ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE SAÚDE: QUADRO CONCEITUAL


E DESCRIÇÃO GERAL

INTRODUÇÃO

Na reflexão que se iniciou em Abril 1994, o sistema nacional de saúde foi definido como o conjunto de
elementos interdependentes que visa ter um impacto positivo no estado de saúde das populações, por
intermédio de actividades de promoção de saúde, de prevenção, de cuidados curativos e de
reabilitação. Uma grande parte das funções do sistema pertencem ao sector público, mas no entanto,
outras funções costumam ser ou poderão no futuro ser assumidas, por estruturas comunitárias e
tradicionais ou pelo sector privado, tanto de fim lucrativo ou não. As iniciativas e os comportamentos
individuais em matéria de saúde constituem outros factores importantes com impacto no estado de
saúde.

Cada sistema de saúde é um conjunto de funções e instituições centralizadas e descentralizadas. O


desenvolvimento dos sistemas de saúde com os seus equilíbrios entre centralização e
descentralização, papel do sector público e privado, especialização / polivalência e integração, traduz-
se num processo evolutivo; consequentemente, as reformas apresentadas no quadro deste PNDS
devem ser vistas como etapas que ultrapassam o seu período de vigência.

Um certo número de elementos da reorganização do sistema nacional de saúde foram claramente


definidos, a planificação e calendarização dessa reorganização fazendo parte do PNDS. Exemplos
são o sistema de recuperação de custos co-gerido pela população nas áreas sanitárias, a gestão de
Medicamentos essenciais, a racionalização do mapa sanitário, a supervisão integrada do nível central
às regiões e o reforço institucional do MINSAP.

Outros elementos merecem estudos e reflexões mais aprofundados para permitir o desenvolvimento
de políticas e estratégias operacionais viáveis e o PNDS prevê na medida do possível acções e
estudos necessários. Exemplos são o estatuto e funcionamento dos hospitais, a relação entre sector
privado e sector público, o desenvolvimento duma política para a implantação duma rede de
laboratórios periféricos e o funcionamento efectivo da Escola Nacional de Saúde.

2.1. NÍVEIS

O Sistema Nacional de Saúde é estruturado essencialmente em 3 níveis: Central (Nacional), Regional


e Periférico (Local); distingue-se a cada nível estruturas de gestão, estruturas de prestação de
cuidados e estruturas de formação e pesquisa. Além disso, existem a cada nível estruturas às quais
cabe normalmente a coordenação para a acção intersectorial.
No estes 3 níveis são representados numa pirâmide sanitária.

No contexto da Guiné Bissau, são as regiões sanitárias que correspondem ao conceito de "distrito
sanitário". Distinguem-se 11 regiões sanitárias: as regiões administrativas de Bolama/Bijagós e a de
Cacheu são subdivididas nas regiões sanitárias de Bolama, Bijagós, Cacheu e São Domingos (esta
última compreende os sectores administrativos de São Domingos e Bigene). A subdivisão de
Bolama/Bijagós justifica-se pela posição central de Bubaque em relação às Ilhas Bijagós em termos
de comunicação de um lado e do papel geopolítico e histórico de Bolama por outro. A subdivisão da
região de Cacheu tem origem no isolamento relativo e nos problemas de comunicação com os dois
sectores norte do rio de Cacheu.
Minsap - Guiné-Bissau 99 PNDS - 1997-2001

As regiões sanitárias são subdivididas em entidades chamadas "Áreas Sanitárias": áreas geográficas
com uma população compreendida entre 7.000 - 12.000 habitantes, cada uma coberta por um Centro
de Saúde. As áreas sanitárias respeitam os limites dos sectores administrativos, quer dizer que dentro
de um sector administrativo poderá haver 1, 2 ou mais áreas sanitárias, mas uma área sanitária em
princípio não abrange o território de dois sectores administrativos vizinhos. Este critério é importante
na medida em que a organização administrativa a nível local prédetermina e condiciona a
coordenação com outros sectores e poderá também vir a enquadrar e influenciar a organização da
participação comunitária através dos comités de gestão.

Em certas zonas do país, devido a características geográficas específicas, as áreas sanitárias não
obedecem ao critério populacional acima referido: estas situações constituem compromissos entre o
critério de custo-eficácia dos recursos (infraestrutura, pessoal, equipamentos, meios de transporte)
duma área sanitária e a rentabilidade das actividades nesse nível de um lado e a acessibilidade das
populações aos serviços sanitários por outro lado, quer dizer a equidade. Exemplo pertinente é a
situação nas Ilhas Bijagós.

Em outras partes do país no entanto, as mesmas considerações de custo-eficácia determinaram a


diminuição do número de áreas sanitárias em relação ao número de infraestruturas sanitárias
existentes. Esta situação verifica-se sobretudo no sul do país, onde existem relativamente muitas
infraestruturas; parte destas infraestruturas foi reclassificada como Posto de Saúde, enquadrado no
contexto de uma área sanitária e subordinados ao Centro de Saúde e ao Comité de Gestão da
respectiva área.

As Unidades de Saúde de Base continuam com boa aceitação no contexto da Guiné Bissau; no
âmbito do PNDS elas são consideradas como ponto focal para a organização da estratégia avançada
nas áreas sanitárias. No entanto, o conceito de saúde comunitária não integra sómente a rede das
USB, mas também aspectos da participação comunitária e dos sistemas tradicionais de cuidados,
além de ela visar influenciar os comportamentos em matéria de saúde a nível individual e das famílias.
Minsap - Guiné-Bissau 100 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 101 PNDS - 1997-2001

2.2. FUNÇÕES DOS TRÊS NÍVEIS

O conjunto das funções de cada nível dentro desse sistema é resumido na tabela.

A nível das estruturas de gestão é o Ministério de Saúde que é responsável pelo desenvolvimento
da política da saúde, da normatização e da planificação estratégica. A Guiné Bissau sendo um
pequeno país, o nível central tem simultaneamente determinadas tarefas de apoio em relação às
regiões sanitárias.

As Regiões Sanitárias têm tanto funções estratégicas como operacionais; elas traduzem a política
nacional em actividades concretas no terreno, adaptando-a ao contexto e às especificidades locais.
A nível local prevê-se a instalação gradual de Comités de Gestão nas áreas sanitárias, que co-
participarão na planificação e avaliação das actividades dos Centros de Saúde.

No que respeita a prestação de cuidados há três níveis de atendimento, cada um com a sua
especificidade e que são complementares: o primeiro nível de atendimento é a rede dos CS que tem
por principal missão a prestação de cuidados no âmbito do chamado "Pacote Mínimo de Actividades"
na sua respectiva área sanitária. O primeiro nível de referência consiste nos Hospitais Regionais. O
Hospital Nacional Simão Mendes é considerado tanto como primeiro nível de referência
(nomeadamente para o Sector Autónomo de Bissau e para as regiões de Biombo, Bolama e Bijagós)
como também nível de cuidados terceários para determinados serviços, para todo o país.

A repartição de tarefas entre o primeiro nível de atendimento e os hospitais de referência é regida


pelos seguintes princípios:
• deve haver uma repartição complementar, quer dizer o que é feito a nível dos CS ouem casa não é
feito a nível dos hospitais de referência e vice versa, para evitar competição entre hospital e CS;
• o CS é onde se faz o primeiro contacto e a síntese da situação do indivíduo e da família, sendo o
local que pode melhor situar o doente no seu contexto local, familiar e pessoal; o CS assume a
responsabilidade pela globalidade e continuidade dos cuidados e reune as informações
necessárias do doente e das famílias;
• o hospital de referência é a estrutura onde são levadas a cabo as actividades técnicas que não
podem ser descentralizadas; uma referência para o hospital pode ser feita por necessidade de um
exame diagnóstico, de um conselho de um especialista, de uma intervenção cirúrgica ou porque o
doente não pode ser tratado em ambulatório e deve ser hospitalizado; o hospital tem um papel
técnico e de apoio.

Esta complementaridade nas funções entre os Centros de Saúde e os hospitais subentende que haja
uma rede funcional de CS em toda a parte, o que não é o caso neste momento nas cidades,
especialmente em Bissau, Canchungo e Bafatá.
Minsap - Guiné-Bissau 102 PNDS - 1997-2001

FUNÇÕES NÍVEL CENTRAL NÍVEL REGIONAL NÍVEL LOCAL


Elaboração de Políticas, Compete ao NC, responsabilidade Papel consultativo para NC Papel consultativo para NR
Legislação, cunjunta das duas Direcções Gerais,
Regulamentação: mecanismos de coordenação a definir;
Planificação, Planificação política, normativa e Planos Estratégicos Regionais Microplanificação das
Afectação de recursos : estratégica, meio termo (2-5 anos); de acordo com as orientações actividades da area na base
Comissão Técnica de Planificação e a política do MINSAP; das orientações do NR;
(composição ? NC, NR; sob tutela Plano Anual (operacional)
DGPPC);
Mobilização de recursos, Preparação OGE; negociação com Propôr orçamento regional Recolha de receitas,
• Orçamento do Estado MINFIN e Conselho Ministros; para OGE; Mobilização de mobilização da população;
• Ajuda externa Negociação com parceiros (decisão: "parceiros locais" em
• Obtenção de receitas: Gabim, após parecer da Comissão coordenação com NC;
Técnica de Planificação ?); Recuperação de custos;
Tarificação;
Controle das Receitas e DAF, sob orientação MINFIN; DRS e Depósito Regional de Gestão dos fundos da
Despesas, Gestão Papel da DSF/DCM na parte dos fundos Medicamentos, sob orientação recuperação de custos,
Financeira: provenientes dos ME; DAF; incluindo "abota": Comité de
Gestão, sob orientação
ERS
Aprovisionamento: Medicamentos: Depósito Central; Depósito Regional/ERS -
Combustíveis, Registos, fichas, etc.:
Unidade Logística (?)
Manutenção: Serviço de Património: normas, fichas Seguimento/ comunicação do Seguimento / comunicação
de controle do património estado de manutenção e das do estado de manutenção
necessidades
Afectação e Gestão Recrutamento e afectação segundo Transferência intra-regional;
Recursos Humanos Plano Quadro; Transferências entre Apresentação das
regiões e serviços; Mediação em casos necessidades ao NC;
que ultrapassam o nível dos serviços e
regiões; Nomeação, Exoneração e
Promoção;
Construção infra- Autorização (Planificação), concursos, Papel consultivo para NC -
estruturas: plantas estandartes (Património);
Colaboração inter- Secretariado de Estado do Plano Redinamização dos Gabinetes CG ? Estruturas a nível do
sectorial: Regionais de Plano Sector Administrativo ?
Coordenação e Sob coordenação da DGPPC; Decisão: Coordenação dos -
colaboração da ajuda Gabim/Comissão Técnica Planificação intervenientes a NR; Parecer
externa: (?) nos projectos que afectam a
região;
Formação, IEC: Formação inicial, Formação no Formação contínua a nível Apoio na Formação ASB,
estrangeiro, Orientações (módulos) para regional e inter-regional; Matronas;
a formação a NR; Acesso orgãos
comunicação social
Pesquisas: Aprovação de protocolos, validação e Propôr e fazer pesquisas, -
coordenaçao das pesquisas; papel consultivo;
Prestação de serviços de Cuidados tercários, especilizados (HC, Cuidados secundários, Execução dos programas
saúde: CR/Nacionais); primeiro nível de referência de Cuidados Primários de
Evacuações (Junta médica) (HR); Saúde (CS, USB): PMA;
Supervisão: Ao NR: supervisão integrada (DGSP) e Supervisão dos CS (Areas Supervisão USB
supervisão específica (programas e Sanitárias) e Comités de
serviços centrais) Gestão (?)
Seguimento e avaliação: Actividades das regiões, dos serviços e Actividades das areas Seguimento actividades dos
programas centrais; seguimento sanitárias e hospitais regionais; CS pelo Comité de Gestão;
projectos e ajuda externa; Organização Recolha de dados, análise e Recolha, compilação,
SNIS; retro-info; (SNIS) análise de dados (SNIS);
Inspecção Geral Inspecção, propôr sanções Inspecção, comunicação NC -
Minsap - Guiné-Bissau 103 PNDS - 1997-2001

2.3 AS ESTRUTURAS

a) Estruturas de gestão

A nível central a estrutura de gestão é constituida pelos serviços e programas técnicos do Ministério
da Saúde. Para assegurar uma melhor coordenação entre as diferentes direcções do MINSAP foram
desenvolvidos fluxogramas com descrição detalhada das responsabilidades dos diferentes
departamentos, sobretudo no que diz respeito ao ciclo de planificação, à coordenação e gestão da
ajuda externa e aos circuitos de informação, em detalhe no capítulo 8 sobre a gestão do PNDS. A
coordenação entre as duas Direcções Gerais de saúde Pública e Planificação e Cooperação mereceu
especial atenção neste capítulo: entre os mecanismos que deverão assegurar uma melhor
coordenação podemos citar o despacho conjunto dos dois Directores Gerais com o(a) Ministro(a),
reuniões de enquadramento e de restituição conjuntas com missões de avaliação, formulação de
novos acordos de cooperação, etc. e a criação do Comité de Gestão com atribuições nas áreas de
planificação e coordenação da ajuda externa, composto por elementos das duas Direcções Gerais. Foi
estabelecido que a DGSP assume por delegação do Ministro o primado nas relações com as regiões
sanitárias, o que significa na prática que as informações relativas às regiões provenientes e com
destino aos Serviços Centrais deverão passar pela DGSP. O reforço institucional das Direcções de
Serviços de DAF e de Recursos Humanos é considerado prioritário no âmbito do PNDS.
No que respeita os programas técnicos, além duma melhor definição da missão de cada programa,
prevê-se uma certa integração em duas entidades, a saber a "Saúde de Família" (saúde reproductiva)
e as Grandes Endemias.

Os vários serviços e funções do nível central são tratados em maior detalhe nos outros capítulos
desse tomo II, que tratam respectivamente do apoio operacional e técnico às regiões (cap.5); sobre o
desenvolvimento dos recursos humanos, incluindo a formação (cap.6); sobre a IEC e a colaboração
intersectorial (cap.7); e sobre a gestão do PNDS (cap.8).

A nível regional, as equipas regionais de saúde continuarão desempenhar um papel importante nos
seus respectivos sistemas de saúde regionais. Gradualmente e paralelamente ao reforço das
capacidades de gestão nesse nível, o MINSAP procederá a uma decentralização (deconcentração)
dos poderes de gestão dos recursos em favor das ERS. Quanto à composição das ERS, dar-se-á
mais acento à qualidade dos membros da equipa com uma diminuição do número de pessoas; na
perspectiva da descentralização e as estratégias de recuperação de custos o engajamento de
administradores profissionais torna-se indispensável. Os directores dos HR serão chamados ter um
papel mais importante nas ERS e deverão nomeadamente participar nas actividades de supervisão
dos Centros de Saúde. Ver capítulo 3.2.

A nível local a introdução da estratégia chamada "Iniciativa de Bamako" visa uma co-gestão da
população na planificação, avaliação e na gestão de recursos dos Centros de Saúde, e mais
especificamente na gestão dos fundos que provêem da recuperação de custos e que são previstos ser
retidos e reinvestidos no nível local. O Comité de Gestão é composto por quatro representantes das
populações e pelo técnico de saúde responsável da Área Sanitária.

b) Formações sanitárias

A nível central, o Hospital Nacional Simão Mendes assume prioritariamente a função de primeiro
nível de referência para o SAB e para as regiões de Biombo, Bolama e Bijagós e por outro lado a
função de prestação de certos cuidados terciários para todo o território nacional. É nesse nível que o
MINSAP prevê a presença de especialistas nos diferentes domínios de medecina e é aqui que serão
concentradas as tecnologias que não podem ser descentralizadas devido a critérios de custo-eficácia
ou devido à competência do pessoal necessário.

No que respeita ao Hospital 3 Agosto, o MINSAP acha que os seus serviços deverão
progressivamente ser integrados ao HNSM: visto de um lado o fraco nível de funcionamento dos dois
hospitais e visto o grau de degradação em que se encontra o H3A, os esforços serão concentrados na
reabilitação e no funcionamento adequado do HNSM (ver capítulo 3).
Os centros de referência de âmbito nacional continuarão a desempenhar o seu papel específico;
estes centros são:
Minsap - Guiné-Bissau 104 PNDS - 1997-2001

• Centro Mental de Brá: doenças psiquiátricas;


• Centro de Reabilitação Motora: deficientes físicos;
• Hospital Raoul Follereau: tuberculose;
• Hospital de Cumura: lepra;
No âmbito da luta contra a tuberculose, a despistagem e o tratamento serão mais desconcentrados e
consequentemente, parte da capacidade do Hospital Raoul Follereau poderá ser utilizada para outras
doenças respiratórias. Na perspectiva do PNDS, o Centro de Referência SMI/PF terá o estatuto de
Centro de Saúde do Sector Autónomo de Bissau. Ver também capítulo 5.4.

A nível das regiões sanitárias, os Hospitais de Referência oferecem serviços que ultrapassam o
nível técnico ou a competência dos CS. Eles não fornecem em princípio o pacote de cuidados
primários e o acesso aos hospitais é limitado aos doentes referidos a partir dos CS. Poderão
eventualmente ser aceites a nível dos hospitais, mas com menor prioridade e tarifa preferêncial.
Tendo em conta critérios de custo-eficácia dos equipamentos, instalações e competências, não está
previsto que todas as regiões sanitárias disponham de um Hospital Regional, o HR servindo uma
população mínima de 120.000 a 150.000 habitantes: ver tabela a seguir.

Em algumas situações onde o acesso ao hospital de referência é dificil, haverá a possibilidade dos CS
nessas zonas disporem de competências, técnicas e/ou funções que normalmente competem ao HR,
como p.e. a transfusão de sangue, a cirurgia de urgência, assistência ao parto com ventosa.

A nível local, as áreas de responsabilidade dos Centros de Saúde são chamadas "Áreas Sanitárias":
cada área tem um único centro de saúde. Cada CS têm por principal missão a prestação de cuidados
e o fornecimento do chamado "Pacote Mínimo de Actividades" na sua respectiva área sanitária. O
pessoal mínimo de um Centro de Saúde "tipo" compreende 1 enfermeiro do curso geral, 1 parteira, 1
enfermeiro auxiliar e 1 servente; um terço até a metade dos CS terá também um auxiliar de
laboratório. Nas zonas urbanas, nas ilhas e em algumas situações isoladas, as atribuições,
actividades, população coberta e consequentemente as normas para o pessoal e outros recursos
diferem do "normal": O capítulo 3.1. dá um descrição mais detalhada da organização e dos recursos
necessários numa área sanitária.

Região sanitária População (1996) Hospital de CS com algumas atribuições do Nº total de Areas
Referência HR ("A" ) Sanit.(ou de CS)
Bafatá 159,345 HR Bafatá 14
Bijagós 18,769 HNSM Bubaque 11
Biombo 61,421 HNSM 8
Bolama 8,710 HNSM Bolama 2
Cacheu 85,307 HR Canchungo 10
Gabu 152,845 HR Gabu 19
Oio 165,329 HR Mansoa Farim 15
Quinara 46,801 HR Catió Tite 6
SAB 249,018 HNSM 14
São Domingos 69,433 HR Canchungo São Domingos 7
Tombali 79,256 HR Catió 8
Guiné Bissau 1,096,234 114

c) Instituições de formação e de pesquisa

Visto o tomanho do país, as necessidades em quadros de saúde e considerando os motivos de


eficiência, as duas instituições de formação, a ETQS e a Faculdade de Medecina, irão integrar-se
numa única Escola Nacional de Saúde (ENS). Na medida do possível, grandes projectos que visem
a formação do pessoal de saúde serão enquadrados no âmbito dessa ENS. Esta ENS terá como
missão a formação de quadros de saúde conforme as necessidades do país, seja para o sistema
público ou para o sector privado.

A ENS terá também um papel importante na coordenação da formação contínua dos técnicos de
saúde. Visto as necessidades em médicos e o número de médicos que estão no circuito de formação,
não haverá novos ingressos de candidatos para a faculdade de medecina no âmbito deste PNDS; a
perspectiva a médio prazo para a formação de médicos para a Guiné Bissau será revista à luz da
Minsap - Guiné-Bissau 105 PNDS - 1997-2001

planificação das necessidades e da evolução das capacidades dos formadores e instituições


nacionais, nomeadamente a capacidade e a qualidade da prestação de serviços no HNSM. A ENS
continuará no entanto cumprir um papel importante na formação contínua e pós-graduada dos
médicos e a formação dos estudantes de medecina no "pipeline". Ver capítulo 6.2.: Recursos
Humanos e Formação.

No que diz respeito às instituições de pesquisa, a coordenação, que inclui a validação tanto dos
protocolos como dos resultados e a utilização e divulgação dos resultados das pesquisas caberá ao
Serviço de Higiene e Epidemiologia. As instituições que têm um papel importante ou exclusivo no
domínio da pesquisa são:

• Laboratório Nacional de Saúde Pública


• Centro de Medecina Tropical
• Projecto Bandim
• Direcção de Serviços de Higiene e Epidemiologia;

A missão e as actividades principais dos diferentes institutos de pesquisas são tratados no capítulo
3.2.

2.4 AS LIGAÇÕES FUNCIONAIS

a) Entre as estruturas de gestão

Nível central e nível regional

O Conselho Directivo é o orgão de consulta que coadjuva o Ministro na definição, orientação e


controle da política do MINSAP.

O Conselho Técnico da DGSP (CT/DGSP) é um orgão colegial de consulta na área de saúde para
apoio à Direcção Geral de Saúde Pública e surge como uma instância que, embora não sendo de
decisão, detém uma apreciável autoridade resultante da sua composição e da análise colectiva de que
beneficiam as suas recomendações.

O Ministério de Saúde irá criar um grupo de supervisores nacionais que assegurará uma
supervisão integrada do nível central às regiões. Estes supervisores terão um papel importante quanto
ao contacto entre uma determinada região, os diferentes serviços e programas centrais, incluindo a
DRHO e a DAF. Nos processos e fluxos de planificação e de coordenação da ajuda externa, estes
supervisores serão igualmente chamados a desempenhar o seu papel quando estiverem relacionados
com a respectiva região em que os supervisores estejam envolvidos. Ver capítulo 5.1.

A coordenação da formação contínua é assegurada pela Direcção dos Recursos Humanos, pelo
menos ao nível prático. Mais tarde parte desta atribuição poderá ser delegada à ENS, com a evolução
desta instituição. É de salientar que os planos de formação das regiões e das entidades centrais,
fazendo parte integrante dos respectivos planos anuais, obedecem ao processo e ao ciclo de
planificação anual e daí merecem parecer do Comité de Gestão (ver capítulo 6).

Um mecanismo crucial de coordenação consiste no processo de planificação anual, processo


apoiado pelos supervisores nacionais. Os referidos planos anuais das regiões serão submetidos ao
parecer técnico do Comité de Gestão, assegurando a sua coerência com o PNDS (ver capítulo 8). A
retro-informação sanitária, a avaliação anual e as reuniões de concertação previstas no processo da
planificação anual constituem outros mecanismos de coordenação e ligação entre o MINSAP e as
DRS.
Minsap - Guiné-Bissau 106 PNDS - 1997-2001

Nível regional e áreas sanitárias

As ligações funcionais entre as Direcções Regionais e as Áreas Sanitárias são construidas


essencialmente à volta dos seguintes processos:
• Supervisão das DRS às Áreas Sanitárias;
• Avaliação e Programação semestral (Micro-planificação), com participação de todas as Áreas
Sanitá_ias e respectivos Comités de Gestão. Embora as modalidades não sendo ainda
pormenorizadas, a própria planificação anual da região se inspira logicamente nesse processo de
microplanificação;
• Envio, análise e retroinformação em relação ao Sistema de Informação Sanitária regional;
• Formação contínua;

b) Entre as formações sanitárias: sistema de referência e contra-referência

Supervisão: participação dos médicos clínicos na supervisão dos níveis inferiores;

Organização formal do sistema de referência e contra-referência: normas para as indicações, guias,


retroinformação, etc.

c) Estruturas e mecanismos de coordenação intersectorial

Estes mecanismos são tratados em detalhe no capítulo 7 desde partia 3.


Minsap - Guiné-Bissau 107 PNDS - 1997-2001

3 A ORGANIZAÇÃO DO "DISTRITO SANITÁRIO", INCLUINDO A DOS CUIDADOS


DIFERENCIADOS A NÍVEL CENTRAL

3.1 A ÁREA SANITÁRIA

O primeiro nível de atendimento no sistema nacional de saúde situa-se nas Áreas Sanitárias. Uma
área sanitária compreende uma população média de 7.000 a 12.000 habitantes e cada área é servida
por um centro de saúde com um mínimo de pessoal, equipamentos, meio de transporte e uma
infraestrutura adequada. As áreas sanitárias são alias as áreas de responsabilidade dos Centros de
Saúde: cada área tem um único centro de saúde. Cada CS têm por principal missão a prestação de
cuidados e o fornecimento do chamado "Pacote Mínimo de Actividades" na sua respectiva área
sanitária, compreendendo essencialmente:

a) O pacote mínimo de actividades nas areas sanitárias

• a consulta curativa, incluindo a disponibilização de medicamentos essenciais e um diagnóstico


laboratorial mínimo,
• a consulta prenatal,
• o seguimento das crianças de 0-5 anos, incluindo a vacinação das crianças de 0-1 ano e a
reabilitação nutricional ambulatório,
• o planeamento familial,
• o combate às grandes endemias,
• a assistência ao parto (nas cidades: CS "B" urbanos e hospitais) e
• a educação para a saúde e discussões sobre aspectos intersectoriais e de organização
comunitária em prol da saúde.
• a organização e a coordenação das actividades sanitárias a nível da área sanitária
(microplanificação, SIS, actividades de formação e supervisão destinadas às USB e PS);

Dependente da situação geográfica em cada área sanitária no que diz respeito à acessibilidade aos
serviços oferecidos a nível do CS, a equipa do CS desenvolve actividades fora do próprio centro na
chamada "Estratégia avançada"; o número de "pontos" visitados nesse âmbito depende da
dispersão da população na respectiva área e poderá sempre ser adaptado segundo a cobertura dos
serviços prestados. Os Postos de Saúde e as Unidades de Saúde de Base constituam pontos
preferenciais para a organização da estratégia avançada. A frequência dessas visitas é no mínimo 4 -
6 vezes por ano para poder garantir uma boa cobertura das vacinas na idade de 1 ano. Os Centros de
Saúde dispõem de uma motorizada para a estratégia avançada. As actividades mínimas que são
levadas a cabo durante a estratégia avançada são:

b) Actividades da Estratégia Avançada

• o seguimento das crianças de 0 - 5 anos, incluindo a vacinação das crianças de 0 - 1 ano;


• despistagem de casos de malnutrição, de tuberculose e lepra, epilepsia, doenças sexualmente
tranmissíveis, deficiências físicas, etc. conforme a morbilidade local e as prioridades definidas;
• despistagem de casos de ARO;
• educação para a saúde e discussões sobre aspectos intersectoriais e de organização comunitária
em prol da saúde

Gestão da area sanitária : Comités de Gestão

A responsabilidade para a gestão das actividades nesse nível é repartida entre a equipa técnica do CS
e a população, representada no Comité de Gestão da área sanitária. O Comité de Gestão é
composto por quatro representantes das populações de cada Área Sanitária, eleitos em segundo grau
e pelo técnico de saúde responsável da ea Sanitária.

Os Comités de Gestão são previstos preparar os projectos de plano semestral de actividades da A.S.
incluindo o respectivo orçamento (processo de Microplanificação semestral). Estes planos são
submetidos à aprovação da Comissão Regional de Seguimento, junto com o relatório de actividades
Minsap - Guiné-Bissau 108 PNDS - 1997-2001

e contas do semestre passado. Nesta Comissão Regional de Seguimento participem membros da


Equipa Regional de Saúde, dois membros de cada Comité de Gestão da respectiva região, os
técnicos responsáveis das Á_eas Sanitárias e um representante do poder local 33.

Classificação Centros de Saúde

Se bem que todas as Áreas Sanitárias tenham a mesma missão em termos de fornecimento do
Pacote Mínimo de Actividades (PMA), podem existir pequenas diferenças ou acentos nas atribuições
dos diferentes CS, consoante a situação rural ou urbano, o isolamento (particularmente as áreas
insulares), a acessibilidade ao hospital de referência. De acordo com cada uma dessas situações
distinguimos os seguintes tipos de centros de saúde:

CS "C" O Centro de Saúde "tipo", quer dizer a norma;


CS "C", urbano CS tipo nas grandes cidades, cobertura duma população um bocado
maior; têm médico;
CS "C", "Bijagos" CS responsável para todo o PMA, mas para uma população limitada,
insular;
CS "B" CS normais, que devido à distância ao HR e ao isolamento, têm
camas (de hospedagem e de hospitalização) e que têm médico; a
maior parte da antiga categoria "Hospital de Sector" está classificada
como CS "B";
CS "B", urbano CS nas cidades com maternidade e serviço de urgência de 24/24
horas; têm médicos;
CS "A" CS que estão localizados em zonas tão isoladas ou inacessíveis e
que para além das características mencionadas em relação aos CS
"B", terão a possibilidade de certas intervenções e tecnologias que
normalmente são reservadas aos Hospitais Regionais, como p.e.
cirurgia de urgência, transfusão sanguinea, etc.

Nas áreas sanitárias urbanas e nas áreas sanitárias isoladas (ver parte sobre CS "A" e "B" mais a
frente), os centros de saúde dispõem minimamente de um médico e estes centros serão também
priveligiados na planificação dos laboratórios de CS. Tanto quanto possível, as áreas sanitárias estão
compreendidas nos limites geográficos dos sectores administrativos para permitir o contacto com as
estruturas administrativas actuais e futuras neste nível. Mais detalhes sobre o Centro de saúde "tipo",
com descrição detalhada do PMA, os recursos necessários e a classificação dos diferentes Centros de
Saúde são fornecidos no anexo.

Dentro duma área sanitária podem existir Postos de Saúde que servem como postos avançados do
CS da area. Estes PS constituem um compromisso para as situações em que a população não tem
acessibilidade fácil am CS: um compromisso entre acessibilidade dos serviços oferecidos e custo-
eficácia dos recursos postos à disposição duma área sanitária. Os PS não dispõem onsequentemente
de todos os recursos previstos para os CS: quanto ao pessoal eles só têm um enfermeiro auxiliar e
eles não dispõem de uma motorizada ou geleira; em termos de planificação, envio de dados
estatísticos, etc eles dependem e são subordinados ao CS e ao CG da área.

As Unidades de Saúde de Base são estruturas comunitárias que são supervisadas técnicamente
pelos CS e que servem para facilitar o contacto entre o CS e a população, sobretudo nos locais onde
a população vive muito distante do CS. As USB facilitam também os contactos com a população no
âmbito da estratégia avançada. Os cuidados prestados nas USB são dum nível que a partir duma
certa evolução podem ser assumidos pelas próprias famílias: pensos para feridas, prevenção de
desidratação nos casos de diárreia, etc.
No âmbito do PNDS não se prevê uma extensão da rede existente das USB: visa-se em primeiro lugar
o funcionamento adequado das USB já existentes e o seu enquadramento em termos de supervisão,
reciclagem dos agentes comunitários e um aprovisionamento regular em medicamentos segundo os
mesmos trámites descritos para a Iniciativa de Bamako. Em termos práticos isto significa que o
orçamento do PNDS não contempla a substituição dos equipamentos e mobiliários ou a manutenção e
reabilitação das casas, voltando com isso para a política original do projecto saúde de base, em que
33
Ver o decreto-lei "Estrutura Orgânica de Implementação da Iniciativa de Bamako", aprovado e Conselho de Ministros,
março 1997.
Minsap - Guiné-Bissau 109 PNDS - 1997-2001

estas rúbricas tinham sido definidas como responsabilidades da própria comunidade. No entanto, na
política de tarifas dos medicamentos prevê-se um desconto para as compras das USB a nível dos
Depósitos Regionais.

c) Recursos e custos unitários das Áreas Sanitárias

Uma análise do orçamento atribuido a cada região mostra, apesar da racionalização do Mapa
Sanitário que foi um dos objectos deste PNDS, que o custo unitário das Áreas Sanitárias em Bolama,
Bijagos, Quinara e Tombali continua em cima do das outras regiões. Esta situação está relacionada
com o carácter geográfico, em parte insular desta parte do país, e por outro lado é determinado pela
existência de muitas infaestruturas em Quinara e Tombali que, mesmo sendo classificadas como
Postos de Saúde com menor dotação de pessoal e equipamentos, pesam no orçamento das Áreas
Sanitárias. No entanto, o Mapa Sanitário como foi definido, é o resultado de compromissos
parcialmente justificados pela situação geográfica do país e de outra parte originando de factores
sociopolíticos. Com a evolução da co-participação na gestão das Áreas Sanitárias no âmbito da
Iniciativa de Bamako, a população ganhará maior consciência sobre os custos, a rentabilidade e a
eficiência das actividades e poderá desta forma também participar activamente na redefinição
contínua do Mapa Sanitário.

d) Plano de cobertura : o Mapa Sanitário

O Mapa Sanitário figura no anexo que apresenta também algumas observações sobre o mesmo.
Como foi dito no ponto anterior, o Mapa Sanitário não é e nunca poderá ser estático, mas evoluirá com
o desenvolvimento do país. A própria população, co-participando na gestão dos serviços e consciente
dos custos e da qualidade dos serviços prestados, terá de ter um papel decisivo na definição do plano
de cobertura, sob a orientação do MINSAP.
Se por enquanto os Centros de Saúde têm na sua maioria um estatuto público, com excepção para os
centros em que as diferentes Igrejas são envolvidas, o MINSAP não exclue a priori a possibilidade de
ONG's, Igrejas ou outros assumirem a responsabilidade para determinadas Áreas Sanitárias, na base
de um protocolo de acordo e de acordo com a política e as orientações nacionais que respeitam as
modalidades de gestão, a tarificação e o conteúdo do PMA para este nível.

3.2 AS ESTRUTURAS DE REFERÊNCIA

Nível de Referência: Hospital Nacional, Hospitais Regionais e CS "A" e "B"

Os Hospitais de Referência oferecem serviços que ultrapassam o nível técnico ou a competência dos
CS. Doentes podem ser referidos ao hospital por diferentes motivos: para ter a opinião de um médico
ou especialista, para tecnologias diagnósticas ou terapêuticas só disponíveis no hospital ou porque o
doente não pode ser tratado ambulatóriamente e precisa ser hospitalizado. Os hospitais não fornecem
em princípio o pacote de cuidados primários e o acesso aos hospitais é limitado aos doentes referidos
a partir dos CS. Doentes querendo fazer a consulta directamente no hospital sem passar num CS,
poderão eventualmente ser aceites, mas com menor prioridade e tarifa preferencial.

Até agora os hospitais prestam também serviços como primeiro nível de atendimento, mas no futuro e
gradualmente esta situação será contornada. No seguinte quadro são resumidas as razões que
justificam uma divisão de tarefas entre o CS e o hospital.
Minsap - Guiné-Bissau 110 PNDS - 1997-2001

Porquê o hospital não é adaptado para servir de primeiro nível de atendimento

• O custo de um tratamento a nível do hospital é bem superior ao custo a nível de um Centro de


Saúde: até 10-25 vezes maior segundo certas estimações;
• O fornecimento de cuidados primários a nível de um hospital faz com que o hospital fica
sobrecarregado, ao detrimento da prestação de cuidados diferenciados às pessoas que o
precisam;
• Esse mesmo sobrecargo de trabalho nos hospitais dá a impressão que é preciso alargar ainda
mais os hospitais, com pressões para investir mais nesse sector hospitalar, assim negligenciando
cada vez mais o estabelecimento de uma rede de Centros de Saúde; os CS também não
conseguem competir com os hospitais em termos de prestígio;
• Além da maior custo-eficacia dos Centros de Saúde em relação aos hospitais, os Centros de
Saúde oferecem outras vantagens , que fazem com que os problemas de saúde tratados neste
nível, são melhor tomados em conta:
∗ Os CS situam-se mais pertos da população, não só em termos de distância, mas também em
termos de barreiras socioculturais;
∗ A situação nos bairros permite ao pessoal don CS conhecer melhor as condições em que
vivem os habitantes desse mesmo bairro; permite ao pessoal também de entrar em contacto
mais facilmente com elementos ou organizações a nível da comunidade;
∗ O CS consegue melhor integrar os diferentes cuidados (vacinas, seguimento de crescimento,
consulta prenatal da mãe, consulta curativa, planeamento familiar,...), lá onde no hospital estes
serviços são fornecidos geralmente por diferentes técnicos em diferentes departamentos;
∗ A prescrição de medicamentos a nível dos CS é geralmente muito mais racional ; a
estandardização do tratamento para as doenças mais comuns garante uma boa qualidade do
tratamento, com menos efeitos secundários e a menor custo;
∗ No CS o contacto com os doentes sendo mais individualizado, o CS permite assegurar melhor
a continuidade dos cuidados para as doenças crónicas (tuberculose, lepra, diabete, epilepsia,
malnutrição, ....) ou de retomar contacto com doentes que abandonaram o tratamento dessas
mesmas doenças

O quadro desenha o âmbito e os limites da prestação de cuidados e das tecnologias previstas nos
níveis do CS, do Hospital e do HNSM. O quadro dá uma perspectiva global sem ser exaustivo. Para
os Hospitais Regionais prevê-se médicos generalistas e polivalentes, com suficiente experiência pelo
menos nas especialidades de cirurgia, obstetrícia, pediatria e medecina. O HNSM deverá
gradualmente dispôr de médicos especialistas, minimamente nas áreas de cirurgia geral, medecina
interna, pediatria, ginecologia/obstetria, oftalmologia, otorinologia, dermatologia, anestesia, radiologia,
patologia anatómica, psiquiatria, neurologia e cardiologia. Estas especialidades determinarão por
outro lado as necessidades em formação e especialização do pessoal de enfermagem e outro.

Como foi indicado no capítulo 2, tendo em conta os critérios de custo-eficácia dos equipamentos,
instalações e competências, não estão previstos Hospitais Regionais para todas as regiões sanitárias.
Em algumas situações onde o acesso ao hospital de referência é dificil, haverá a possibilidade dos CS
nessas zonas disporem de competências, técnicas e/ou funções que normalmente competem ao HR,
como p.e. a transfusão de sangue, a cirurgia de urgência, assistência ao parto com ventosa. Estes CS
são designados como CS "A" e têm certas atribuições que normalmente competem aos hospitais;
estas atribuições não são estandardizadas mas variam consoante a situação, as exigências e a
situação sanitária do local onde eles são previstos. No entanto, deve-se lembrar que as atribuições
desses CS "A" são compromissos no sentido do "mal menor": o CS nunca será capaz de fornecer
estes serviços com a mesma qualidade dos hospitais de referência no caso destes hospitais
funcionarem correctamente. O objectivo então não será de outros CS "adicionarem" também estas
atribuições, mas os CS "A" deixarem de ter estas funções extra logo que o acesso ao hospital de
referência melhorar através de melhores sistemas de comunicação, infraestrutura rodoviária,
transporte marítimo ou aérea, etc.
Minsap - Guiné-Bissau 111 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 112 PNDS - 1997-2001

Os CS "B" constituam outro compromisso: estes CS se situam em meio rural nos sítuos bastante
isolados e por esta razão dispõem de camas; estas camas não são todas camas de hospitalização,
mas podem ser consideradas como "camas de hospedagem". Camas de hospedagem servem para
uma pessoa que mora muito longe alojar-se sem que esta pessoa precisar de cuidados de
hospitalização (p.e. mulheres que ficam a espera do parto). O custo dessa cama em termos de
alimentação ou de pessoal suplementar é consequentemente menor em relação a uma cama de
hospitalização; eventualmente essas camas de hospedagem poderiam ser exploitadas pelo CG. Por
causa do isolamento também, estes CS "B" dispõem dum médico como responsável da área e na
planificação dos laboratórios para CS, estes centros têm prioridade.

Falando da gestão dos hospitais, o PNDS prevê um estatuto parapúblico para os hospitais, com
autonomia financeira. No parágrafo seguinte que fala do HNSM as estratégias para melhorar a gestão
dos hospitais são mais explicitadas.

O hospital nacional simão mendes : propostas estratégicas

No que respeita a organização, a situação actual e o futuro do HNSM só poderão ser consideradas no
contexto global da organização dos cuidados no Sector Autónomo de Bissau. Este ponto foi muito
sublinhado pela missão Van Balen - Mercenier. Sòmente através de uma redistribuição das
actividades sanitárias de primeiro contacto do SAB através de uma rede de centros de saúde urbanos
o HNSM poderá entrever desempenhar o seu papel de primeiro nível de referência para o SAB, assim
como para as regiões de Biombo e Bijagós, e de nível de referêncianacional. Este ponto constitui
praticamente uma condição prévia.

Em termos orçamentais, o cadrage orçamental do PNDS mostra que o financiamento de um hospital


terciário-universitário a curto prazo é incoerente com o recursos disponíveis e a população coberta
(fraca eficiência). A referência de 3º nível deveria de preferência ser organizada em relação aos
recursos actuais na sub-região. A lógica de eficiência macroeconómica impele-nos então a considerar
num primeiro momento as formações sanitárias de referência de capital ao nível das regiãos sanitárias
do país com maior população.

Um grupo de reflexão nacional sobre a reforma do sector hospitalar (1996) descreveu os problemas e
procedeu à análise causal. O conjunto dos problemas podem ser reagrupados sob três grandes
rubricas:
(i) a qualidade medíocre dos cuidados;
(ii) a fraca gestão;
(iii) a ausência de integração do hospital nacional no sistema de organização dos cuidados.

As estratégias propostas em Abril de 1997 por um grupo de trabalho do HNSM com o apoio da OMS
residem nos seguintes pontos:

1. Atribuir ao HNSM um verdadeiro papel de lº nível de referência para o Sector Autónomo de Bissau,
seja para uma população de 300 - 350 000 habitantes. Um papel de referência nacional poderá ser
desempenhado em certos domínios para os quais as competências existem, mas isso não
constituirá a prioridade numa primeira fase de refinanciamento do HNSM;

2. Diminuir o número de camas contabilizadas como operacionais (p.e. a 300 - 350). Este número
será revisto anualmente por ocasião da mesa-redonda em função da evolução da utilização dos
serviços e das limitações financeiras. Isto não implica evidentemente a eliminação física de uma
parte das camas mas simplesmente uma orçamentação orientada por um número reduzido de
camas realmente operacionais. Lembramos que actualmente existem 410 camas funcionais sobre
470 e que a taxa de ocupação média não excede 50% (extrapolação na base de dados
disponíveis);

3. Actualizar rapidamente as funções e a lista de prestações a redistribuir no Simão Mendes, o que


será possível por consenso entre os dirigentes do HNSM e do MINSAP;
Minsap - Guiné-Bissau 113 PNDS - 1997-2001

4. Realizar com o apoio de um engenheiro biomédico e de equipamentos, a avaliação das


necessidades para a recuperação das infrastruturas e dos plateaux técnicos do Simão Mendes em
função das prestações que serão realizadas na base de uma capacidade operacional de 250
camas. Este estudo deveria ser realizado rapidamente, (ver termos de referência em anexo) e os
dados deveriam estar disponíveis rapidamente para poderem ser integrados no orçamento
(componente "investimento") do PNDS e no plano de acção 1998 do MINSAP.

5. Implementar de melhoria da cobertura do SAB em CPS, o que implica (medidas prioritárias):


• a aceleração do processo de implantação dos novos centros de saúde programados no PNDS.
É indispensável que seja realizado num curto prazo. Considera-se que é geralmente necessário
mais de 2 anos na Guiné-Bissau entre a decisão de construir e a conclusão da infrastrutura. No
caso da estratégia proposta, este não constitui um prazo aceitável. Somente uma vontade
política forte poderá convencer os parceiros do bem fundado do Plano;
• a redistribuição progressiva do pessoal adequado do HNSM para os Centros Urbanos,
prioritariamente os agentes bem qualificados (médicos, parteiras, enfermeiros), que beneficiem
da confiança da população. Se se pretende que o HNSM funcione realment como hospital de
referência, é indispensável poupá-lo das actividades de primeiro escalão;
• a curto prazo a coordenação (papel normativo do MINSAP) e a implementação de mecanismos
de colaboração entre o sector público e o ector privado, visando favorecer o delestage do
Simão Mendes e a colmatar em parte a fraqueza inicial da cobertura de CPS na zona urbana;
• paralelamente ao ponto precedente a elaboração de quadro legal e normativo para as
actividades clínicas privadas. Para o efeito poderia imaginar-se sob a égide do PNDS a criação
de "fundos" cuja finalidade seria favorecer a subvenção de organizações sem fins lucrativos
privados e do sector privado lucrativo que se inscreveriam no quadro da política do PNDS,
munidos de "contratos" ligando os diferentes parceiros e de leis destinadas a fazer respeitar a
uns e outros a ética do MINSAP (acessibilidade, equidade, ...;
• o reforço da Direcção Regional de SAúde do SAB em meios de funcionamento, nomeadamente
pelo apoio da sssistência técnica especializada na problemática da saúde urbana e a
coordenação entre os diferentes sectores públicos e privados;
• a generalização da participação financeira dos beneficiários e a implemenação de comités de
gestão (estratégia IB) a exemplo do que é feito nas regiões, insistindo sobre a importância de
implementar um sistema de facturação eficaz, relativaemnte aos pacientes, o Estado, as
sociedades privadas,..., beneficiários dos serviços prestados;
• a garantia de seguro no abastecimento de medicamentos e a sua acessibilidade através da luta
contra as fraudes e a promoção-marketing do Medicamento Essencial;
• tornar efectiva a autonomia de gestão do Simão Mendes. Este ponto constitui paraticamente a
condição prévia necessária a todo o refinanciamento do Simão Mendes. Com efeito os
potenciais beneficiários saídos da gestão autónoma e a completa autoridade do Conselho de
administração, incluindo o pessoal, condicionam o sucesso da estratégia, incccluindo a
motivação do pessoal através da responsabiização e o interesse pelas receitas, portanto pelas
actividades e respectiva qualidade, assim como a transparência orçamental. Esta passagem
obrigatória deverá ser feita com o apoio de um assistente técnico administrador hospitalar com
experiência na implementação de sistema de gestão do tipo "privado" na África subsaeliana e
na formação de quadros nacionais em técnicas de gestão de empresa. As actividades a realizar
são as seguintes:

6. Elaboração e adopção de um estatuto jurídico;


• implementação de estruturas de gestão e estatutárias (conselho de administração, comité de
gestão);
• elaboração de um sistema de gestão que permita controlar e securiser os fluxos financeiros, o
pessoal, o sistema Hotel-Restaurante-Lavandaria...;
• elaboração de sistemas que permitam a aquisição de fontes adicionais de financiamento tais
como a criação de quartos de luxo...;
• informatização da gestão, da contabilidade e da facturação
Minsap - Guiné-Bissau 114 PNDS - 1997-2001

• desenvolvimento e implementação de um sistema de informação sanitária de rotina permitindo


a análise da utilização dos serviços de prestação de cuidados, de serviços de apoio, assim
como as informações orçamentais e contabilísticas pertinentes. Este sistema deveria constituir
o principal instrumento de seguimento e de planificação do hospital;
• implementação de um sistema de manutenção eficaz. Neste quadro as missões de assistência
técnica de curta duração poderiam ser previstas;
• identificação de eventuais geminações com formações que respondam às actuais
preocupações do HNSM, nomeadament nos domínios de administração e gestão, mas também
em matéria de manutenção e melhoria da qualidade sos cuidados;
• organização de viagens de estudo dos quadros e técnicos na sub-região, em hospitais com
capacidade idêntica, eventualmente privatizados, nos quais um processo de autonomia e de
melhoria da qualidade dos cuidados tenha sido iniciada e funcione de maneira convincente,
(incluindo os estatutos júrídicos e o organigrama). Este último ponto deveria logicamente
constituir uma condição prévia ao refinanciamento do HNSM.

7. Em matéria de formação, inicial e contínua, as actividades previstas terão como objectivo:


• melhorar as capacidades de gestão dos recursos, financeiros, humanos e materiais, incluindo a
manutenção, em relação à qual serão previstas missões pontuais de apoio à instalação de um
sistema de manutenção;
• alargar progressivamente e maneira realista tanto financeiramente (adequação dos
investimentos aos recursos de funcionamento disponíveis) como em termos de competências, a
gama de prestações à de um hospsital de referência nacional. Como mencionado no início do
capítulo, esta extensão sera posterior à recuperação do Simão Mendes como centro de
referência regional (1º nível de referência) e será feito progressivamente tendo em conta a
melhoria da eficácia do hospital, assim como os recursos disponíveis (estes deveriam
logicamente aumentar com a introdução da autonomia de gestão). Este ponto poderá ser alvo
de revisões por ocasião das mesas-redondas anuais. Paralelamente às formações formais, uma
dinâmica de intercâmbio médico deverá ser iniciada (peer's review, staffs, etc.). En ce qui
concerne la mise à niveau technique des médecins elle devra se faire en étroite collaboration
avec le projet PSS I, Banco Mundial. De forma geral será necessário garantir uma melhor
comunicação/colaboração entre os responsáveis do HNSM e o Ministério da Saúde;
• desenvolver rapidamente um plano concertado de formação de especialistas que tenha em
conta as necessidades prioritárias a médio e longo prazo dos centros de referência, tanto ao
nível do Simão Mendes como das regiões.

8. Desencadear um processo de melhoria da qualidade de cuidados. Além das estratégias em


matéria de formação, de mise à niveau dos plateaux técnicos e de informação sanitária, já
mencionados anteriormente, as actividades seguintes serão realizadas.
• melhoria da gestão individual do paciente ( processo indivudual, arquivo, etc.);
• desenvolvimento de rotinas e procedimentos;
• implementação de sistemas de controle de qualidade (seguimento das infecções nosocomiales,
análise das situações críticas, perfil de prescritor, etc.).

Conclusões

Actividades a inciar rapidamente:

1. Realizar através de um engenheiro biomédico e de equipamentos a avaliação das necessidades de


recuperação das infrastuturas e dos plateaux técnicos;

2. A aceleração do processo de implantação de novos centros de saúde programados no PNDS;

3. Redistribuição progressiva do pessoal;

4. Implementação de mecanismos de colaboração entre o sector público e o sector privado;

5. Reforço da direcção do hospital (assistência técnica);

6. Reforço da Direcção Reegional da Saúde do SAB;


Minsap - Guiné-Bissau 115 PNDS - 1997-2001

7. Generalização da participação financeira dos beneficiários;


8. Outorgação de uma autonomia de gestão efectiva ao Simão Mendes.

Certos elementos são particularmente urgentes porque condicionam o prosseguimento do processo.


Trata-se da autonomia de gestão assortie da direção do hospital. Além disso a avaliação das
necessidades por um engenheiro biomédico e de equipamentos deveria permitir rapidamente uma
orçamentação realista dos investimentos necessários ao nível do PNDS.

Os Centros de Referência de Ambito Nacional: perspectivas globais para o futuro

Centro Mental e Centro de Reabilitação Motora


Estes centros continuam a funcionar e a prestar serviços aos grupos alvos específicos de doentes
mentais e deficientes físicos. Além de constituir centros de referência com a sua prestação de serviço,
estes centros têm também atribuições na orientação dos diferentes níveis do sistema de saúde sobre
respectivamente a saúde mental e a reabilitação motora. A revisão e descrição detalhada dos
respectivos programas estão previstas no decorrer deste PNDS.

Hospital de Tuberculose
O Hospital Raoul Follereau continua assumir o seu papel do hospital de referência para os doentes de
tuberculose. Na estratégia da luta contra a tuberculose preconiza-se tratar os doentes o mais perto
possível do seu domicílio e se uma hospitalização se impõe, por exemplo na primeira fase de
tratamento intensivo, de interna-los nos HR ds regiões de origem. Este desconcentração poderá criar
uma capacidade no Hospital Raoul Follereau para outras doenças respiratórias. Por outro lado
aguarda-se um aumento da incidência de tuberculose nos próximos anos devido à infecção HIV. Na
base das discussões sobre o futuro estatuto deste hospital está o princípio da luta contra a
tuberculose constituir um problema de responsabilidade pública, com cuidados essencialmente
gratuitos.

Hospital de Lepra - Cumura


Este hospital continua com gestão confiada à Igreja Católica. Os protocolos de acordo sobre este
centro de referência são revistos regularmente em harmonia entre o MINSAP, o Programa de Luta
contra ea Lepra e a Tuberculose e a Igreja Católica.

O Laboratório Nacional de Saúde Pública


O LNSP continua desempenhar um papel extremamente importante como laboratório de referência
nacional com uma ligação em termos de assistència técnica e financeira da parte da Cooperação
Sueca. O papel do LNSP em relação à rede de laboratórios periféricos em termos de
aprovisionamento, controle de qualidade, formação e reciclagem de técnicos ferá objecto de estudos
no âmbito do PNDS ao fim de se chegar a uma política global no que respeita os laboratórios.
O LNSP estabelecerá relações com o serviço de Higiene e Nutrição no âmbito do controle de
alimentos e água.
Minsap - Guiné-Bissau 116 PNDS - 1997-2001

3.3 A GESTÃO A NÍVEL DAS REGIÕES SANITÁRIAS : DIRECÇÕES E EQUIPAS REGIONAIS DE


SAÚDE

a) Atribuições

Como orgãos de administração regional compete às Direcções Regionais de Saúde assegurar a


execução da política de saúde definida superiormente através da coordenação de todas as
actividades sanitárias na respectiva região, sejam as actividades desenvolvidas pelos serviços
públicos, privados ou ainda de projectos, incluindo a coordenação das actividades intersectoriais com
impacto na saúde das populações.

As Direcções Regionais de Saúde articulam-se com as instituições de solidariedade social,


associações e entidades privadas que desenvolvem actividades empresariais no âmbito da saúde,
tendo em vista a protecção eficaz da saúde dos indivíduos, das famílias e da comunidade.

Funções/actividades principais e grau de autoridade

As actividades duma Equipa Regional de Saúde consistem na planificação Regional, incluido o


enquadramento do processo de microplanificação semestral das áreas santárias; a supervisão,
seguimento e avalição das actividades nas áreas sanitárias; o apoio logístico, incluindo a manutenção
e o aprovisionamento em medicamentos essenciais; a formação contínua dos quadros da região e
finalmente; a coordenação intra- e intersectorial das actividades em prol da saúde incluindo as
actividades de Informação, Educação e Comunicação (IEC). No quadro sobre as funções dos
diferentes níveis no capítulo 2, as funções do nível regional são relatadas às funções dos níveis
central e local.

Organigrama

Director Regional

Director Adjunto Administrator

Financeiro Aux. de Administraçao

Director Hosp. Reg. Medicam. Essenciais Saude da Familia Grandes Endemias

Resp. Laboratorios

A DRS

A DRS é o orgão que toma as decisões relativas às atribuições e funções acima referidas, enquanto a
ERS é a equipa técnica que tem um papel preparativo e executivo em relação às atribuições da
DRS. A diferença entre ERS e DRS é relativa desde que em muitas regiões as decisões importantes
são tomadas nas reuniões conjuntas da ERS. A composição da DRS reflecta até certo ponto a
hierarquia que existe no seio da ERS.
Propõe-se no quadro do PNDS uma evolução gradual para maior autonomia das DRS/ERS,
favorescendo a descentralização:
Minsap - Guiné-Bissau 117 PNDS - 1997-2001

• Em materia de preparação, execução e controle de orçamentos (OGE, Receitas de sistemas de


recuperação de custos e fundos da ajuda externa); (orientação DAF );
• Em matéria de recolha, tratamento, interpretação e tomada de decisões na base do sistema de
informação regional;
• Em matéria da coordenação da formação contínua na respectiva região, em colaboração e em
concenso com os actores nesse domínio a nível central (DGSP, DRHO, Progr. Técnicos, ENS,
Supervisores Nacionais) e com base numa séria de módulos que dão as orientações técnicas e
metodológicas;
• Em matéria de distribuição e aprovisionamento de ME, através dos Depósitos Regionais de
Medicamentos;
• Em matéria de gestão do pessoal a nível da região;

b) Orgãos e composição

Direcção Regional de Saúde

• Director Regional
• Adjunto do Director Regional
• Administrador Regional

Equipa Regional de saúde

• Direcção Regional (ver ponto anterior: 3 elementos)


• Director Hospital Regional 34
• Responsável SMI/PF
• Responsável Depósito Regional de Medicamentos
• Responsável Grandes Endemias (GE)

Observações

1. Quanto às categorias profissionais dos membros da ERS/DRS chegou-se às seguintes conclusões:


• Director Regional, perfil profissional : saúde pública e administração;
• Director adjunto, perfil profissional : saúde pública e administração;
• Administrador, perfil profissional : administrador 35;
• Responsável Grandes Endemias (GE), perfil profissional, enf.curso geral ou médico;
• Responsável SMI/PF, perfil profissional : parteira de curso geral;
• Responsável DRM, perfil profissional : técnico de farmácia;
• Director HR, perfil profissional : Médico

2. Outros elementos da ERS, outras funções na ERS :


• Caso houver, faz(em) parte da ERS o(s) conselheiro(s) técnico(s);
• O responsável do laboratório a nível do HR poderá ser chamado participar na ERS para
aspectos ligados à rede dos laboratorios 36;
• As funções de responsável Saúde Comunitária, responsável IEC e responsável para o Sistema
de Informação Sanitária Regional serão assumidas/repartidas entre os membros da equipa
regional;

34
Nas regiões sanitárias que não têm HR, a ERS estabelece contactos com o Director do HR que faz cobertura da respectiva
região sanitária; os médicos responsáveis dos CS "A" poderão ser chamados a participar na ERS na medida que esses CS
jogam um papel intermediário no sistema de referência.
35
O MINSAP iria recrutar e colocar gradualmente administradores de profissão em todas as regiões sanitárias, que para além
da administração e contabilidade, teriam a coordenação dos serviços gerais, do património, da logística e da manutenção.
36
Nas regiões que não têm HR, é o responsável do HR que faz cobertura da respectiva região que desempenhará este papel;
Minsap - Guiné-Bissau 118 PNDS - 1997-2001

3. O novo organigrama e a nova composição das DRS/ERS deverão ser gradualmente


implementados e será efectivo até nos fins de 1998.

4. O número de 6 elementos chaves para a Equipa Regional (para além do Director do Hospital e
Responsável dos laboratórios que são todos dois funcioná_ios do HR e participam a tempo parcial
a nível da ERS) é indicativo e não rígido: podem aparecer situações que justificam a alocação de
elementos suplementares (epidemia de cólera, fase crítica no desenvolvimento do sistema de
saúde regional, situação sanitápia precária, etc.). É recomendada uma certa abertura da parte das
ERS de convidarem pessoas de outros sectores, de ONG's locais, etc para participar em
determinadas actividades da ERS, como por exemplo o enquadramento dos Comités de Gestão, a
planificação anual, etc.

5. Orgãos consultativos :
• Conselho directivo ou conselho técnico regional: intrasectorial; ERS mais responsáveis das
Areas Sanitárias;
• Conselho Regional de Saúde ou Conselho Regional de Desenvolvimento: intersectorial;
com participação do Governador, Director Regional e Adjunto, Director do HR, Plano,
Educação, Obras Públicas, Promoção Feminina, Recursos Naturais, ONG's regionais,
representante dos deputados regionais, ....
• Comissão Regional de Seguimento da Iniciativa de Bamako é constituída pelo respectivo
Director Regional da Saúde, Director do Hospital Regional, Enfermeiro-Chefe e Responsável
Financeiro Regional, pelos Enfermeiros-Chefes de todas as Áreas Sanitárias da região, por um
responsável do Poder Local, por dois representantes de cada um dos Comités de Gestão da
região e pelo responsável do Depósito Regional de Medicamentos. Poderão ser convidados a
participar nas reuniões das Comissões Regionais de Seguimento da Iniciativa de Bamako,
entidades públicas e privadas nacionais, bem como representantes de agências estrangeiras de
cooperação.
Minsap - Guiné-Bissau 119 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 120 PNDS - 1997-2001

c) Recursos necessários

Investimentos

• Construção/reabilitação sedes regionais;


• Construção/reabilitação Depósito Regional de Medicamentos;
• Construção/reabilitação casas/moradias;
• Meios de transporte: 2 carros, tipo landcruiser; 2 motorizadas; Ambulância(s) (além das
ambulâncias previstas para os HR se prevê algumas ambulâncias para as regiões com dificuldades de
acesso; as modalidades de gestão destas ambulâncias poderiam ser comunitárias e farão objecto
duma definição posterior) ; Barcos, canoas: Bijagos ! mas também Tombali, Cacheu, Bolama
• Equipamentos e mobiliário: cf listas estandardizadas;
• (geleiras, fax ?, telefona ou rádio, computadores com impresora e UPS, mapas, material IEC e de
formação, gerador, fotocopiadora ?, retroprojector, video, projector diapos, ...)
• Assistência técnica: ver parágrafo sobre assistência técnica no capítulo 6: recursos humanos;

Funcionamento

• Combustíveis, manutenção, peças sobressalentes e documentação para meios de transporte;


• Material de escritório: Papel, agrafes, pastas de arquivo, toner, disquetas, lapis e canetas, etc. etc.
• Telefona, electricidade, água;
• Subsídios de deslocação (supervisão, logística, aprovisionamento, formação, ...)
• Manutenção sede regional;
• Pagamento serviços oferecidos pelo NC (formadores, aprovisionamento ME, supervisão );
• Custos de reuniões de coordenação, de planificação ou de avaliação;
• Salários dos membros da ERS/DRS;

3.4 O FINANCIAMENTO COMUNITÁRIO

Introdução : planificação global para a expansão da iniciativa de Bamako

A Iniciativa de Bamako tem como principais características:

1. Melhoração da qualidade dum PMA


2. Aumentar e extender a cobertura do PMA, entre outros pela organização da estratégia avançada;
3. Recuperação de custos
4. Gestão transparente
5. Participação comunitária,

Estes princípios estão estreitamente interligados: A recuperação de custos deve, através da gestão e
reutilização local dos fundos recuperados, permitir tanto a melhoria da qualidade (disponibilidade ME,
satisfação pessoal, ...) e a organização da estratégia avançada (custos de gasolina, de deslocação, da
manutenção da motorizada, ....). A gestão deve ser transparente para incitar e permitir a participação
da população.

Embora artificial, as grandes acções para a introdução da IB que deveriam normalmente andar em
conjunto, foram planificadas em quatro blocos. Visto a crise actual na garantia do financiamento
exterior dos ME para o sector público, que tem haver com uma perca de confiança da parte dos
doadores em relação à utilização e à gestão dos medicamentos; visto também o facto da recuperação
de custos tendo sido aplicada já quase em tode parte de forma anárquica e oficiosa, a introdução de
um sistema de gestão uniforme e transparente se impõe (Bloco 2) com certa urgência. A introdução e
o enquadramento dos Comités de Gestão (Bloco 3) será um processo mais gradual, que se iniciará a
partir de 2 ou 3 áreas sanitárias em várias regiões e o rítmo da expansão em cada região irá depender
das capacidades e experiências adquiridas.

A melhoria da qualidade do Pacote Mínimo de Actividades é um processo contínuo, que já está em


curso, mas que será mais sistematizado através duma melhor organização da supervisão às regiões e
Minsap - Guiné-Bissau 121 PNDS - 1997-2001

através duma melhor coordenação da formação contínua. O quadro seguinte mostra estes 4 grandes
blocos :

TEMPO  
2. Introdução dum sistema de Gestão de estoques de medicamentos e das receitas
da recuperação de custos
1. Condições preliminares 3. Participação comunitária:
e actividades Eleição, enquadramento e seguimento dos Comités de Gestão nas Áreas
prepratórias para a Sanitárias; Organização da Microplanificação e orçamentação nas Áreas Sanitárias
introdução da IB
4. Melhorar a qualidade de prestação de cuidados para as actividades do PMA,
incluindo a utilização racional de medicamentos

Uma descriçõ detalhada das actividades previstas para a expansão da Iniciativa de Bamako encontra-
se no anexo.

3.5 PERSPECTIVAS PARA O FINANCIAMENTO DOS CUSTOS CORRENTES A NÍVEL LOCAL E


REGIONAL E POLÍTICA DE PREÇOS

Na área piloto de Gabú, onde foi lançado desde 1990 a Iniciativa de Bamako, uma avaliação feita em
Maio 1995 37 permitiu mostrar que o custo médio de 14 Centros de Saúde nesta região foi de 10.876
USD ou 1,39 USD/capita, incluindo salários, medicamentos e outros custos correntes e custos de
amortização. As receitas cobriram entre 10 e 20% destas despesas totais. Esta taxa de recuperação
de custos em relação aos custos totais é muito mais elevada nos países como Benin, Guiné Conakry
ou Mali, onde se situa entre 40 e 60%. A diferença está essencialmente na tarificação dos
medicamentos, o preço médio dos medicamentos em Gabú se situando num nível de 60% do preço
real (CIF), onde este se situa a volta de 250% nos outros países.

O seminário nacional sobre o financiamento do sistema de saúde de Março 1995 recomendou para
instituir gradualmente um sistema de recuperação de custos permitindo num prazo de 10 anos cobrir
80% dos custos dos medicamentos, além dos custos de funcionamento não salariais nas áreas
sanitárias: ver o esquema na página seguinte e o anexo. Em Março 1997 foi discutido uma proposta
de política de tarificação para o nível local, aguardando formalização (ver anexo ...). Orientações para
os hospitais deverão seguir. Como foi dito anteriormente, a adopção do quadro legal e nomeadamente
o estatuto dos Comités de Gestão em Março 1997 constitui um passo importante para a divulgação da
Iniciativa de Bamako.

O quadro legal será completado com a preparação de um estatuto parapúblico tanto para os hospitais
como para os depósitos central e regionais.

Medidas de acompanhamento para assegurar a equidade: Isenções, equidade e solidaridade

Ao respeito das isenções as discussões sempre se animam: doentes de tuberculose e lepra, mães e
crianças, doentes mentais e deficientes físicos, pessoas idosas e grávidas, pessoal de saúde, militares
e antigos combatentes. Tantas opiniões e tantas isenções poderão condamnar a IB antes da sua
divulgação para todo o país.

37 The Bamako Initiative Program in Guinea Bissau: assesment, analysis and recommendations, Agnes Soucat, Maio 1995;
UNICEF.
Minsap - Guiné-Bissau 122 PNDS - 1997-2001

Por outro lado existe uma clara necessidade de contornar a situação actual com tarifas não
formalizadas. Até certo ponto a população está a ser prejudicada enquanto deve recorrer às
farmácias e clínicas privadas, onde um serviço público poderia oferecer um pacote básico de serviços
e medicamentos a um custo mais reduzido. Uma parte do fluxo de dinheiro que está neste momento a
fazer crescer os diferentes serviços privados, poderá constituir uma fonte de financiamento
suplementar para o sector público.

Concluiu-se alguns princípios de base e algumas pistas para desenvolver a solidaridade :

• A solidaridade é organizada "fora da loja", quer dizer que cada vez que um doente recebe
medicamentos numa farmácia, deve haver uma entrada de dinheiro naquela farmácia; o dinheiro
pode eventualmente vir de outra parte (fundo de solidaridade gerido pelo Comité de Gestão na
Área sanitária, serviços dos assuntos sociais, seguros de riscos de doença, instituições religiosas,
etc.);
• É preciso seguir e monitorar o poder de compra das populações para se assegurar que não
sejam excluidos certos grupos da população do acesso aos serviços de saúde, por motivos
financeiros.
• Os medicamentos destinados a certos grupos específicos deverão ser financiados exclusivamente
pelo governo (orçamento do MINSAP) ou por um organismo de cooperação; exemplos são
medicamentos para tuberculose e lepra, ou medicamentos utilizados para certas campanhas (iodo,
ivermectina,....).
• Deve-se fazer uma distincção entre mecanismos de solidaridade em diferentes níveis:
∗ para casos individuais (pessoas com incapacidade de pagar os custos do seu tratamento),
∗ entre diferentes Áreas Sanitárias dentro de uma região (áreas deficitárias dentro duma região,
p.e. Boé em Gabu);
∗ entre regiões sanitárias dentro do país (apoio para regiões com díficil acesso e areas sanitárias
que servem só poucas pessoas, como a situação nas Ilhas Bijagos)
• Parte dos fundos recuperados a cada nível poderia servir para fundos de solidaridade; devem ser
claramente definidos os procedimentos para utilização e a atribuição destes fundos de
solidaridade. A nível das áreas sanitárias poderia ser o Comité de Gestão a gerir este fundo.
Minsap - Guiné-Bissau 123 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 124 PNDS - 1997-2001

4 ESPECIFICIDADES REGIONAIS

A situação sanitária é genèricamente idêntica em todo o país, tendo em conta as reduzidas dimensões
territoriais, a homogeneidade do clima e a situação sócio-económica. Apesar disso podem ser
identificadas algumas diferenças entre as regiões e até mesmo entre grupos sociais, diferenças essas
que vão desde as de ordem geográfica até às de carácter epidemiológico e organizativo.

As informações relativas à divisão administrativa e sanitária, à dimensão populacional e à definição e


classificação das estruturas sanitárias podem ser consultadas no capítulo 3 do Tomo II que descreve o
mapa sanitário defenido no âmbito do presente plano.

Na descrição que se segue optou-se por reagrupar determinadas regiões, tendo em conta a
identidade geográfica e social e a semelhança do perfil sanitário. Por se tratar de um resumo do
diagnóstico já apresentado no Tomo I, enfatisando apenas as situações específicas, foi omitida a
citação das fontes dos dados.

4.1 BAFATÁ E GABÚ

As regiões de Bafatá e Gabú estão ambas situadas no leste do país, apresentando as mesmas
características quer ambientais, como sócio-culturais, onde predominam populações islamizadas.

Do ponto de vista epidemiológico podem-se sublinhar as seguintes particularidades:


• carência de iodo, com uma prevalência superior a 50%;
• oncocercose, cuja prevalência média é da ordem de 17%, com uma variação entre 1% e 50%; o
número de cegos devido à oncocercose é estimado em cerca de 1 400 indivíduos;
• elevado índice de mortalidade materna devido essencialmente à maternidade precoce
(desproporção cefálico-pélivica) e sequelas da excisão;
• relativamente às epidemias de cólera, num total de 3 no país, tem-se constatado que estas
regiões têm sido poupadas; apesar de não ter sido por enquanto comprovado por algum estudo, é
de referir que se trata de uma região seca; por outro lado, a observação e o conhecimento
sociológico apontam para maior observância de hábitos de higiene na população islamizada do
que na animista, nomeadamente a não coabitação com animais e a frequência da higiene das
mãos; além disso, os rituais fúnebres dos grupos islamizados são muito breves e não contemplam
grande proximidade nem manipulação dos cadáveres.

Relativamente ao Sistema de Saúde Gabú possui 3 áreas sanitárias isoladas pelo Rio Corubal, a
saber Lugadjole, com 2 960 hab., Dandum com 2 770 hab. e Cancissé com 6 250 hab.; estas três
áreas têm respectivamente 77%, 7% e 24% da população em situação de isolamento. Na Região de
Bafatá foi possível ultrapassar os problemas de acessibilidade e isolamento após a construção de uma
boa rede de estradas em toda a região.

A Região de Gabú é a única que implementa há já cinco anos a estratégia de "Iniciativa de Bamako",
recuperando fundos através da venda de medicamentos em todas as áreas sanitárias, pondo fim às
rupturas de stock, implicando as comunidades na gestão do sistema de saúde e passando a dispôr de
meios próprios para a motivação do pessoal, com evidentes benefícios para a melhoria da qualidade
das prestações.

A proximidade destas regiões às fronteiras terrestres, muito difusas, entre a Guiné-Bissau a Guiné-
Conakry e o Senegal expõe a sua população jovem ao tráfico e consumo de estupefacientes.
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Relativamente aos problemas epidemiológicos acima referidos algumas acções estão em curso:
• a implementação de um Programa Nacional de Luta contra a Carência de Iodo, com ênfase na
iodação do sal produzido no país e na promoção do consumo do sal iodadolano Nacional;
• um Programa Regional de Luta contra a Oncocercose, até então vertical, mas que se encontra na
fase de devolução e integração no sistema regional de saúde;
• um programa de vigilância e cuidados relativamente às mulheres em situação de Alto Risco
Obstétrico; em Gabú este programa contou no início com a participação de algumas ONG.

4.2 BIOMBO

A Região de Biombo é a região mais próxima da capital.

Entre os problemas epidemiológicos sublinha-se a mortalidade pós-natal, devido a recurso tardio aos
serviços de saúde, analfabetismo e ao recurso preferencial à medicina tradicional.

No que respeita o sistema sanitário verifica-se uma boa utilização dos serviços privados (Igrejas
Católica e Evangélica), devido entre outros factores, à qualidade do acolhimento e do cuidados, à
gratuidade dos medicamentos; apesar de constituir um factor positivo em si a coexistência dos dois
sistemas resulta na prática em duplicidade de prestação de serviço, tendo em conta que o nível de
coordenação é ainda insatisfatório.

Do ponto de vista cultural regista-se tempo prolongado das cerimónias fúnebres pela etnia papel,
predominante na Região de Biombo; as ditas cerimónias implicam grande aglomeração de pessoas,
conservação e manipulação de cadáveres num período médio de 6 a 8 dias, constituindo um factor
favorável ao alastramento de epidemias (ex.: cólera) e outras infecções decorrentes do precário nível
de higiene que normalmente se verifica nestas circunstâncias.

As actividades produtivas relacionadas com a campanha de cajú têm particular expressão nesta
região, pelo que durante pelo menos 3 meses do ano o sistema sanitário vê-se confrontado com um
aumento significativo de população instalada em acampamentos, com os riscos decorrentes, quais
sejam, os acidentes e proliferação de diarréias e infecções.

Devido à proximidade da capital (entre 1/2 a 2h por via terrestre), e à sua dimensão gegráfica e
populacional, esta região não possui um hospital de referência regional,sendo os casos referidos ao
Hospital Nacional, situado na capital.

Algumas acções já foram empreendidas para sanear as situações problemáticas, por exemplo:
• reforço da educação sanitária e sensibilização da população com vista à apresentação atempada
das crianças doentes às estruturas sanitárias;
• definição do Pacote Mínimo de Actividades (PMA) para cada estabelecimento sanitário, quer
público, quer privado e melhor coordenação das actividades essenciais, nomeadamente a
vacinação;
• sensibilização das populações para abolição das cerimónias fúnebres prolongadas.

Algumas acções estão ainda previstas:


• continuação da sensibilização e educação para a saúde;
• coordenação entre os sectores público e privado no que respeita a reabilitação nutricional;
• unificação dos dois laboratórios em Quinhamel;
• harmonização do sistema entre os serviços públicos e privados.
Minsap - Guiné-Bissau 126 PNDS - 1997-2001

4.3 BOLAMA/BIJAGÓS

Bolama e Bijagós, constituem do ponto de vista administrativo uma só região, mas do ponto de vista
sanitário foram desdobradas em duas. Bolama é uma ilha e Bijagós constitui um arquipélago, estando
ambas situadas no sul do país.

No que respeita a situação epidemiológica os problemas específicos nas ilhas são a filariose e o
tracoma. Em Bolama as complicações durante o parto constituem a 5ª causa de morte.
A tatuagem, prática tradicional dos povos das ilhas, constitui um risco para as contaminações por via
sanguínea, incluindo o VIH/SIDA e a hepatite B.

Tendo em conta a insularidade destas regiões e o precário sistema de transportes e comunicação,


sobretudo entre as ilhas, as equipas de saúde encontram-se numa situação de franco isolamento, com
grandes dificuldades de cobertuta e implementação de programas consistentes de supervisão,
avaliação e formação contínua e evacuação de doentes.

As dificuldades de comunicação estiveram também na origem da decisão de criar 2 direcções


regionais na mesma região administrativa, o que acarreta maiores custos para o MINSAP.

Do ponto de vista económico pode-se afirmar que são regiões com um fraco desenvolvimento, mas
com potencialidades prometodoras, essencialmente no domínio do turismo. O desenvolvimento do
turismo e da pesca favorecem uma grande circulação de pessoas entre as ilhas, o continente e o
estrangeiro, constituindo um risco para a entrada e propagação de epidemias e vícios, nomeadamente
a cólera e o consumo de drogas.

Relativamente às acções empreendidas, pode-se citar na Região de Bubaque:

• estudos epidemiológicos e quimioprofilaxia para combate à filariose;


• prevenção do tracoma através da educação sanitária;
• comparticipação da comunidade e outros organismos na trasferência dos casos graves;
• prevenção da SIDA através da informação.

Está previsto um estudo epidemiológico sobre o tracoma na zona de maior incidência (Caravela).
Para atenuar os problemas de evacuação e tendo em conta o isolamento da ilha preconiza-se o
estatuto de Centro de Saúde " A " para o Centro de Saúde de Bubaque; quer dizer que terá algumas
atribuições de um hospital regional e estará consequentemente apto a atender situações de
emergência, como cesarianas e outras cirurgias simples, transfusão sanguínea, etc.

4.4 CACHEU / S. DOMINGOS

A Região de Cacheu é uma das regiões situadas no norte do país, constituída por uma parte
continental e outra insular. Administrativamente constituem uma só região, mas devido a
especificidades geográficas que dificultam o seguimento e controle das activiades a partir da sede
regional, Cacheu, S.Domingos foi definida como Sub-região sanitária, com autonomia de gestão.

Relativamente aos problemas epidemiológicos salientam-se:


• a equistossomíase
• elevada incidência do HIV no Sector de Caió, devido à associação de 2 factores essenciais, a
pobreza e a migração, constituída principalmente pela etnia manjaca, que é considerada como a
de maior mobilidade migratória no país.
Minsap - Guiné-Bissau 127 PNDS - 1997-2001

No que se refere ao sistema de saúde, verifica-se uma grande dificuldade em respeitar os princípios
definidos pela carta sanitária, na medida em que as populações destas regiões beneficiam de forte
apoio dos emigrantes e de organiçações estrangeiras, tendo possibilidades financeiras para investir na
melhoria da sua situação sanitária; a aspiração das populações é construtuir estabelecimentos de
saúde no local de origem das comunidades que disponibilizam os recursos; esta estratégia implica na
construção aleatória dos referidos estabelecimentos, aumenta-os de forma não planificada nem
controlada, comprometendo viabilidade a médio e longo prazo, tanto em termos de recursos
financeiros para manutenção como humanos.

A autonomia do Sector de S.Domingos, que incui Bigene no mapa sanitário, não foi ainda formalizada
pelo MINSAP, de modo que existem compreensões e abordagens diferentes tanto no seio do MINSAP
como de outros actores, nomeadamente agências de financiamento.
Compreendendo uma parte insular (ilhas de Pecixe e Geta) a Região de Cacheu apresenta,
consequentemente, problemas de acessibilidade e referência; no Sector de S.Domingos verificam-se
zonas muito isoladas e de difícil acesso.

Parte da Região de Cacheu, incluindo o Sector de S.Domingos encontra-se numa situação de


instabilidade, devido à fronteira com o Senegal, onde se verifica um contencioso bélico entre o
Governo e o Movimento Independentista de Casamance; esta região acolhe em consequência parte
dos refugiados, constituindo uma pressão maior sobre o sistema sanitário.

Entre as soluções encontradas para resolver ou amenizar os problemas apontados citamos:


• estudos epidemiológicos sobre a equistossomíase;
• controlo e tratamento trimestral dos casos de equistossomíase
• constituição de equipas móveis no seio da equipa regional de saúde;
• reforço da sensibilização das comunidadades e dos emigrantes relativamente à compreensão e
aceitação dos princípios do mapa sanitário, consequentemente da necessidade de investimentos
racionais;
• aquisição de meios de transporte mais adequados à situação geográfica, nomeadamente motos e
de um bote com motor fora de bordo;
• maior aproximação entre o sistema oficial de saúde e os curandeiros.

Prevê-se:
• a formalização e melhor operacionalização da autonomia de S.Domingos/Bigene, como região
sanitária
• dotar o Centro de Saúde de S. Domingos de serviços de emergência, nomeadamente um Banco
de sangue e uma sala de cirurgia afim de aumentar a capacidade de resposta a determinados
casos complicados, ultrapassando deste modo as dificuldades de referência impostos pelas
limitações geográficas;
• reforço da colaboração com os parceiros, nomeadamente as missões católicas e os emigrantes;

4.5 OIO

A região de Oio, situada no norte do país. A população é bastante diversificada, mas constituída
essencialmente por fulas e mandingas (islamizados) e balantas (animistas).

O problema epidemiológico específico é a carência de iodo, localizada em dois sectores dos 5


sectores administrativos, Farim e Mansabá, onde a prevalência da endemia é superior a 60%.

A Região de Oio é uma Região muito grande e muito dispersa, tanto no sentido Norte/Sul, como no
sentido Este/Oeste,; além desta dispersão possui ainda um rio que isola parte da região, precisamente
a capital regional onde está sediada a direcção regional de saúde; o resto da equipa regional fica
instalada do outro do rio. Esta situação não abona a favor de uma coordenação eficaz no seio da
equipa regional, nem de uma acessibilidade equitativa aos serviços. Os problemas acentuam-se
devido ao funcionamento muito irregulae dos transportes fluviais, sobretudo a jangada que assegura a
travessia de pessoas e viaturas de um lado para outro das margens do rio.
Minsap - Guiné-Bissau 128 PNDS - 1997-2001

Entre as acções empreendidas salienta-se:


• estudos sobre a prevalência do bócio e um plano de acção baseado na diversificação alimentar e
no consumo de sal iodado;

Prevê-se ainda:
• a promoção da melhoria da qualidade do sal produzido em Farim e respectiva iodização para
consumo e comercialização; é de referir que o Sector de Farim é o maior produtor e
comercializador de sal no país, actividade feminina por excelência;
• construção de um hospital regional;
• possibilidades de realização de cesarianas no Cenetro de Saúde de Farim, tendo em conta o
isolamento deste sector.

4.6 QUÍNARA E TOMBALI

Quínara e Tombali são duas regiões situadas no sul do país. Relativamente ao sistema sanitário é um
tanto ou quanto disperso devido à baixa densidade populacional, como a abundancia de CS,
implicando numa baixa utilização dos serviços.

Estas duas regiões constituíram o refúgio priviligiado dos guerrilheiros do PAIGC e palco da guerra
contra o colonialismo, pelo que durante algum tempo foi inevitável a implantação de estabelecimetos
sanitários por motivações políticas, tanto para responder às aspirações das respectivas populações,
como para empregar o pessoal de saúde herdado da guerra, constituído essencialmente por
socorristas. Esta situação condicionou também durante todos estes anos a qualidade dos recursos
humanos na região, com consequente repercussão no desenvolvimento do sistema sanitário regional.
O cenário começa a mudar progressivamente com as mudanças sócio-económicas e políticas, assim
como com a inevitável renovação do pessoal.

Apesar de melhorias notáveis, estas duas regiões enfrentam ainda consideráveis problemas de
comunicação, sobretudo a Região de Tombali. Havia-se referido anteriormente à dispersão geográfica
que associada à existência de ilhas aumenta os problemas de cobertura e supervisão.

Para ultrapassar as dificuldades foi efectuada a racionalização do mapa sanitário e um grande esforço
na dotação de pessoal qualificado a nível dos estabelecimentos sanitários.

4.7 SECTOR AUTÓNOMO DE BISSAU

O Sector Autónomo de Bissau (SAB) corresponde à cidade de Bissau, capital do país. Do ponto de
vista sanitário o SAB estava até há relativamente pouco tempo subordinado directamente às
direcções dos programas técnicos centrais e à própria direcção do MINSAP. Não havendo uma
estrutura descentralizada, nem um sistema de hierarquia ou de coordenação, as orientações tinham
origem múltipla, as abordagens verticais e pontuais e ninguém respondia efectivamente pelo
seguimento das actividades. Após anos de aturada reflexão sobre as estratégias mais adequadas à
gestão desta região, o MINSAP decidiu implementar a recomendação das Jornadas de Saúde
Pública, atribuindo o estatuto de região sanitária ao SAB e procedendo à sua organização em
consequência. Após algumas tentativas frustradas de instalação de uma direcção no SAB, o MINSAP
consegue em 1994 instalar formalmente e em estruturas físicas próprias, uma equipa técnica de
saúde para assumir a gestão, constituída por um director, médico, 3 enfermeiros, um dos quais é o
sub-director, 1 parteira e um técnico de laboratório.
Minsap - Guiné-Bissau 129 PNDS - 1997-2001

Tendo em conta, por um lado, a tradição instalada durante perto de 20 anos de autonomia de todos os
estabelecimentos sanitários do SAB, e, por outro da acção directa de várias entidades e instâncias
nesses mesmos estabelecimentos a autoridade não se concretiza apenas pela existência de uma
Direcção Regional de Saúde. Vão ser necessários alguns anos de trabalho intenso e muita habilidade
nas relações com os vários actores em presença para gradualmente se conseguir fazer compreender,
aceitar e respeitar as normas inerentes ao funcionamento de uma região sanitária.

Apresentando o SAB uma realidade sanitária, administrativa, económica e sócio-cultural, muito


própria e complexa é de se esperar que a composição e as atribuições da Direcção de Saúde, assim
como o plano de cobertura não obedeçam aos mesmos critérios que as demais regiões. De momento
é difícil descrever de forma exacta as perpectivas, sendo mais sensato prever alguns cenários
possíveis e progredir conforme as capacidades e limitações, tanto dos rescursos financeiros como
humanos.

A colaboração sectorial, estratégia de excelência no SAB será a mais difícil de concretizar, porquanto
os demais departamentos, estatatais ou outros, não possuím níveis e estruturas de gestão
descentralizadas, equiparadas à direcção e equipa regional de saúde. Esta estratégia será
fundamental para a abordagem dos problemas inerentes à urbanização, grupos sociais
marginalizados, prostituição, drogas,etc..

O Hospital de Referência para o SAB é o Hospital Nacional Simão Mendes, o qual só poderá, como já
foi repetido em vários capítulos, cumprir a sua missão de referência secundária relativamente ao SAB,
Biombo e algumas ilhas e terciária para todo o país, com uma eficiência e qualidade satisfatória
quando fôr possivel implementar nesta região sanitária uma sistema de saúde acessivel e funcional
para a maioria da população.

O SAB conta de momento com apenas 4 Centros de Saúde, prevendo-se a construção de uma
dezena no decurso do PNDS para reduzir o número de habitantes por área sanitária de 60 000 para
uma média de 15 000 a 30 000, tornando-o assim numa região mais eficiente.
Minsap - Guiné-Bissau 130 PNDS - 1997-2001

5 APOIO DO NÍVEL CENTRAL ÀS REGIÕES

Uma das questões amplamente debatidas no decurso do processo de elaboração do PNDS foi o papel
dos programas centrais, no sentido de uma melhor estruturação, revisão das atribuições, filosofia de
intervenção e mecanismos de coordenação.

Actualmente a quase totalidade dos programas e serviços funcionam de forma autónoma, numa
abordagem essencialmente vertical, assumindo funções que se duplicam ou não lhes são inerentes,
em deetrimento das atribuições específicas, condicionando assim o cumprimento das respectivas
missões. A origem desta situação reside na combinação de vários factores:
• a não observância da lei orgânica, que é pouco divulgada no seio dos responsãveis e técnicos do
MINSAP
• não existem mecanismos de concertação e de coordenação formais entre os serviços do MINSAP,
sendo estas resultantes da vontade e esforços individuais, facultativos e aleatórios
• o mau funcionamento dos serviços
• o condicionamento por parte dos financiadores dos programas, devido aos modos de gestão,
seguimento e avaliação estabelecidos.

Entre as funções desempenhadas pelos programas e que não são compatíveis com a respectiva
missão sublinham-se as funções operacionais (quer dizer na área da prestação de cuidados).
Exemplos:
• Aconselhamento pelo PNLS;
• Relação CR/SMI e Programa SMI/PF;
• Relação Hospital Raoul Follereau e PNLT;
• Equipas móveis e despistagem e tratamento da ONCO.

5.1 MISSÃO DOS PROGRAMAS

De acordo com os domínios e alvos específicos, a natureza e abramgêcia de cada um, a missão
global dos programas técnicos consiste essencialmente em:
• apoiar o MINSAP na elaboração de políticas e estratégias globais;
• propôr normas, procedimentos, indicadores, suportes de gestão e recursos necessários às
actividades operacionais;
• participar na definição das necessidades e interpretação das informações, tanto de rotina, como de
estudos e pesquisas e sessões de avaliação regional e nacional;
• participar na concepção, validação e eventualmente na execução de estudos e pesquisas;
• elaborar e rever regularmente os currículos, programas e módulos de formação;
• prestar apoio técnico às equipas regionais, consoante as necessidades identificadas,
especialmente no referente à formação contínua;
• integrar as equipas de supervisão da Direcção-Geral da Saúde Pública;
• colaborar com a DIECS na concepção e validação dos programas, mensagens e suportes de
Informação, Educação e Comunicação;
• contribuir para a definição das necessidades em medicamentos, materiais e equipamentos
relativos ao respectivo programa.
Minsap - Guiné-Bissau 131 PNDS - 1997-2001

5.2 ANÁLISE DE ALGUMAS FUNÇÕES ACTUAIS DOS PROGRAMAS

5.2.1 Vigilância epidemiológica

Esta componente não deve ser da competência de cada programa e serviço, mas do Serviço de
Epidemiologia, não é recomendável que cada programa e serviço recolha, trate e analise os dados de
que precisa. No entanto, cada programa ou serviço determinará, em colaboração com a Epidemiologia
e a DGSP o tipo de dados e informações de que necessita; estas informações podem ser de
diferentes subsistemas do SIS (Sisitema de Informação Sanitária):
• dados de rotina recolhidos mensalmente, em cada Área Sanitária e em cada estabelecimento de
saúde;
• dados mais específicos e mais dispendiosos quanto à recolha: sistemas de postos sentinela;
• dados a serem recolhidos pontualmente através de inquéritos e pesquisas operacionais;
• dados e informações qualitativas relativos ao funcionamento do pessoal que farão objecto dos
termos de referência da supervisão nos diferentes níveis.

Outro papel dos programas e serviços em relação ao SIS seria o de dar parecer antes da divulgação
de informações, tendo em conta que a interpretação de certos dados pode requerer um conhecimento
técnico específico no âmbito de um determinado programa.

Torna-se necessário dialogar com os parceiros para chegar a um compromisso entre a necessidade
de ter um SIS coerente e global, com dados pertinentes e necessários para a planificação e a
avaliação do sistema de saúde e que podem realmente servir aos diferentes actores, nas Á.S., nas
ERS, nos demais estabelecimentos de saúde e a ível central, e, por outro lado às exigências dos
parceiros, financiadores e respectivas sedes.

5.2.2 Distribuição de preservativovs, medicamentos, anticoncepcionais, vacinas, materiais clínicos e


outros, equipamentos

Considera-se também que é outra área que não deve ser da competência de cada programa e
serviço. Neste contexto deve-se fazer a distinção entre um programa e o parceiro que apoia o
programa. Por exemplo, a AIFO pode apoiar o financiamento dos ME através do DCM e não através
do Programa Nacional de Tuberculose; o FNUAP pode apoiar em materiais, equipamentos e
preservativos também mediante o circuito do DCM e não através do Programa de Saúde Materna e
Infantil.

O mesmo se aplica às funções de construção, reabilitação, manutenção de infrastruturas, compra e


manutenção de meios de transporte e compra e distribuição de combustíveis. Enquanto não houver
ainda estruturas devidamente organizadas a nível do MINSAP que possam efectivamente assumir a
gestão dessas tarefas, o próprio organismo pode assumi-la ou deverá contemplar-se o papel que o
sector privado poderá assumir nas áreas de logística, construção e distribuição; certos serviços já têm
contratos com oficinas para a manutenção de viaturas; há também exemplos de execução de
componentes de construção por terceiros (AGEOPPE, ...); na área da formação também existem
exemplos de delegação (CENFA: informática , administração).

5.2.3 "Medicamentos Essenciais"

Esta componente constitui um programa, ainda que diferente dos outros. Deve ser compreendido
como conceito que abrange todo o ciclo de aprovisionamento em medicamentos essenciais; neste
ciclo há atribuições que incumbem à Comissão Nacional de MEdicamentos (selecção dos ME
segundo o tipo de estrutura; registo dos medicamentos autorizados para venda nas farmácias
privadas). A aquisição, a
quantificação das necessidades, o armazenamento e a distribuição cabem ao DCM.

A utilização e nomeadamente a prescrição é uma responsabilidade multidisciplinar, que envolve os


clínicos, os programas técnicos, a DGSP e DCPS, além da contribuição da DSF no âmbito puramente
farmacêutico.
5.2.4 Formação
Minsap - Guiné-Bissau 132 PNDS - 1997-2001

Modalidades de Formação

Em vez das formações realizadas por decisão dos programas e de forma dispersa, preconiza-se que a
formação contínua seja feita por módulos, segundo as necessidades das regiões ou de carreira dos
técnicos. Poderá ainda haver formações por necessidade de introdução de conceitos e técnicas novas
por parte dos programas técnicos. Sempre que possível a formação deverá ser feita numa abordagem
integrada. As actividades de formação deverão também ser sempre o melhor possível aproveitadas
como sessões de consolidação de conhecimentos.

Actores na Formação

• Equipa Regional de Saúde;


• Responsáveis e pessoal dos programas técnicos;
• Monitores da ETQS;
• Outros técnicos (clínicos, etc.) que tenham preparação e capacidade para tal.

Papel de cada actor

A Equipa Regional de Saúde deverá constituir a equipa de formadores para a região, podendo ser
reforçada pelos responsáveis dos programas técnicos, os monitores da ETQS ou demais técnicos
sempre que necessário. Os responsáveis dos programas e outras pessoas recurso a nível nacional
poderão também ser identificados para participarem na formação da equipa regional como formadores
de formadores.

É reservado aos monitores da ETQS o papel fundamental de formadores no âmbito dos cursos
regulares e de promoção. Deveriam ainda prestar sempre o apoio necessário à organização e
formulação metodológica e pedagógica no âmbito da formação contínua e assessorar tècnicamente o
departamento de formação contínua do MINSAP. Caberia a este departamento a coordenação e o
seguimento de todas as actividades de formação contínua.

5.2.5 A supervisão

A supervisão deve ser considerada como um conjunto de medidas que visam asssegurar o
cumprimento das actividades pelo pessoal de saúde duma forma eficaz, aumentar as competências
no trabalho, motivar o pessoal e reforçar a formação contínua. Tem como finalidade:
• identificar factores favoráveis e dificuldades na execução das arefas, necessidades em formação e
em materiais;
• discutir e propôr medidas para corrigir ou ultrapassar uma prestação de serviço inadequada;
• lembrar, discutir, explicar e justificar o fundamento dos objectivos dos diferentes programas de
saúde; verificar se estes objectivos respondem às necessidades das populações e se existem
divergências entre os responsáveis nacionais e regionais, os agentes de saúde no terreno e os
utilizadores dos serviços de saúde;
• analizar o que motiva o pessoal de saúde; identificar e aplicar mecanismos para aumentar a
motivação do pessoal; responsabilizar o pessoal.

Objecto da Supervisão

A supervisão do nível central às regiões visa as Equipas Regionais de Saúde no cumprimento das
suas tarefas, tanto nos aspectos organizacionais e de gestão, no seguimento da execução dos
programas técnicos a nível da região como também no desenvolvimento dos sistemas de apoio.

Para melhor percepção das actividades desenvolvidas a nível da região, a supervisão não deverá
resusmir-se às discussões e visitas na sede da DRS/ERS, mas abranger também alguns Centros de
Saúde (Áreas Sanitárias) e Unidades de Saúde de Base no tereno.

Durante essas visitas, o objecto da equipa do nível central deverá ser essencialmente a supervisão do
nível regional: quer dizer que o NC procederá à supervisão do NR numa das actividades e
responsabilidades mais importantes duma ERS, a saber a supervisão dos responsáveis das áreas
sanitárias. Espera-se do supervisor do nível central uma dupla visão: observar ao mesmo tempo os
responsáveis regionais na maneira de fazerem a supervisão e observar também o pessoal do centro
Minsap - Guiné-Bissau 133 PNDS - 1997-2001

de saúde desenvolver as respectivas actividades.

Quem supervisa a nível nacional? Selecção e formação de supervisores

Deverá ser exigido de um supervisor do nível central uma visão global de todo o sistema de saúde;
além de ser polivalente, deverá ter uma certa autoridade e poder responder à maior parte das
questões que se apresentem durante uma visita de supervisão. Isto significa que este grupo de
supervisores deverá ter um contacto intensivo e recíproco não só com os programas técnicos, mas
também com a Direcção-Geral de Saúde Pública.

Propõe-se que a selecção do grupo de supervisores seja feita através de um duplo concurso: numa
primeira etapa seriam seleccionadas 10 - 15 pessoas que fariam uma formação intensiva; no fim da
formação um teste faria a segunda selecção da qual seriam retidas 6 - 8 pessoas. Os candidatos
seriam escolhidos entre os directores dos programas, os professores da ETQS, os chefes de serviço,
alguns clínicos ou outros técnicos que tenham revelado capacidades para tal. Certos programas ou
serviços tendo um papel chave, deveiam fornecer pelo menos um elemento para o grupo de
supervisão; se por acaso nenhum dos candidatos destes programas ou serviços chaves for aprovado
no concurso, deve-se questionar a pertinência da revisão do elenco dos tecnicos do referido
programa.

Os programas continuarão a dar o seu apoio técnico às regiões e terão relatórios da supervisão
integrada para orientar-se quanto às necessidades em apoio técnico específico do respectivo
programa.

Quem supervisa a nível regional?

Seguindo o mesmo raciocínio a este nível também o grupo de supervisores seria limitado ao Director
Regional, o seu adjunto (geralmente o enfermeiro-chefe) e o responsável da SMI/PF; deveriam
também ser seleccionadas pessoas que conheçam bem a região.

Formação

Não há dúvida de que é preciso formar as pessoas para a supervisão. Não se trata de um seminário
pontual em supervisão: os supervisores não deverão constituir um grupo isolado, mas deverão manter
relações intensivas com os diferentes programas e direcções a nível central. Neste sentido este grupo
merece um acompanhamento contínuo.

Restituição, Retro-informação e Seguimento

De cada visita de supervisão será feito um relatório, que deverá ser discutido com a DGSP e em
seguida enviado à região visitadas e aos programas. O relatório incluirá uma parte que reflicta a
restituição feita a nível da região no fim da visita.

Se o Conselho Técnico (CT/DGSP) fôr instituído poderá constituir um foro no seio do qual estes
relatórios ppoderão ser discutidos com os programas técnicos. O CT constituiría ao mesmo tempo o
órgão de seguimento.
Minsap - Guiné-Bissau 134 PNDS - 1997-2001

5.2.6 As pesquisas

Entende-se a pesquisa como busca de elementos de informação ou estudo aprofundado para


aumentar o conhecimento sobre uma determinada situação ou para resolver problemas.

Enquadramento Institucional

Deverá ser identificado um organismo para a coordenação da pesquisa. Apresentam-se duas opções:
• Criar uma Subcomissão de Pesquisa no CT/DGSP;
• Coordenação pelo Serviço de Epidemiologia

Está ainda por definir também a coordenação das pesquisas a nível intersectorial. A este nível a
actividade fundamental seria a análise de pertinência dos estudos, a validadção de protocolos, o
seguimento dos trablhos e validação dos resultados.

5.3 INTEGRAÇÃO

O entendimento que se tem da integração é a realização das actividades afins numa base de
harmonia de princípios e normas, de complementaridade e sinergia; incluir-se-á alguns programas ou
actividades afins num único para facilitar a ligação entre as diferentes componentes e/ou serviços,
permitindo o trabalho conjunto duma forma coordenada, na base de afinidade de princípios, objectivos
e estratégias.

O Programa de Reforço de Gestão Sanitária permitiu a nível regional avanços signgificativos no que
respeita a organização do trabalho, planificação e seguimento das actividades. A nível dos programas
centrais a forma de organizar e planificar destes últimos permaneceu diferente de um para outro, sem
obedecer a um sistema de coordenação e avaliação. Verifica-se frequentemente duplicação de
actividades e de recursos, incluindo os financeiros, uma acentuada dispersão dos elementos das
equipas regionais para responder às múltiplas solicitações dos programas, assim como perturba o
esforço da abordagem integrada das actividades operacionais.

Assim sendo impõe-se a necessidade de uma planificação mais harmoniosa e coerente entre os
níveis centrais e operacionais.

Riscos potenciais

• A situação e a capacidade institucionais do MINSAP (poder de decisão, eficácia da administração e


das finanças; a dinâmica do seguimento das acções)
• A centralização excessiva;
• A dificuldade de mudança das mentalidades.

Eventuais domínios de integração

• Apoio técnico: a metodologia e os princípios de intervenção dos programas deverão ser coerentes
• com as estratégias globais preconizadas para o sistema de saúde nacional e regional; os
objectivos devem ser complementares e interactivos;
• Elaboração de normas: mesmos critérios, alvo de uma análise conjunta e de uma adopção
concertada entre serviços afins. Exemplos: as normas de saúde reprodutiva devem ser compiladas
num manual único, idem IEC, Higiene e Saneamento (incluindo higiene do meio, higiene do
indivíduo, água, alimentos, etc.);
• Informação: coordenação pela Epidemiologia;
• ME: DSF, ME;
• Formação: Instituições de formaçãoo, programas e regiões (triângulo)
• Supervisão: DGSP e equipa de supervisores;
• Transporte e equipamentos: sistema de coordenação centralizado;
• Administração e Finanças: a dotação e gestão financeira coordenadas pela DGSP.

5.3.1 A integração dos Programas Técnicos Centrais


Minsap - Guiné-Bissau 135 PNDS - 1997-2001

Para efeitos de integração erão abordados prioritariamente os serviços Saúde da Família, Grandes
Endemias, Higiene e Nutrição.

Objectivos

1. Saúde da família
• Garantir a coerência e complementaridade dos objectivos, estratégias e acções de todas as
componentes do programa;
• Prestar cuidados de saúde baseados na abordagem integral do indivíduo e da família;
• Racionalizar os recursos.

Incluirá os actuais programas SMI/PF, PAV (excluindo a logística, que integrará a Direcção dos
Serviços Farmacêuticos), CDD/IRA, Reabilitação Nutricional, no quadro da Direcção dos Cuidados
Primários de Saúde (DCPS)/DGSP.

2. Grandes Endemias:
• Utilizar o mais racionalmente possível os recuros, sobretudo humanos;
• Harmonizar no máximo as estratégias e programação das componentes;
• Aumentar a capacidade de coordenação das actividades pela DGSP.

Englobará os actuais programas de Paludismo, Hansen/Tuberculose, DST/SIDA e Oncocercose.

3. Higiene e Nutrição
• Harmonizar as políticas, estratégias e acções sectoriais no domínio da água, dos alimentos e do
meio, inseridos numa estratégia global de segurança alimentar e nutricional e de protecção
ambiental;
• Contribuir para uma participação mais coerente e eficaz do MINSAP nas acções de âmbito
intersectorial nos domínios acima referidos;
• Racionalizar os recursos

Integrará as componentes político-estratégica do actual programa de nutrição e segurança alimentar e


nutricional e o Serviço de Higiene e Saneamento, sob a Direcção de Higiene e Epidemiologia/DGSP.

O processo de integração dos programas

De forma geral o processo será realizado em duas etapas. A primeira etapa será de transição, visando
instalar os responsáveis e técnicos dos serviços a integrar num único espaço físico para melhor
conhecimento mútuo e das respectivas actividades, amadurecimento e assimilação conjunta da
estratégia de integração, ensai do exercício de coordenação e de planificação conjunta. Servirá
também para a elaboração dos programas nacionais segundo as abordagens e estratégias propostas
no presente plano.

A segunda etapa será de criação e instalação efectiva conforme a missão e atribuições a definir
durante a etapa de transição.

É de sublinhar que o processo de integração já está em curso devendo a primeira etapa ser concluída
até Setembro do corrente ano.
Minsap - Guiné-Bissau 136 PNDS - 1997-2001

6 DESENVOLVIMENTO E FORMAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS

A contribuição dos recursos humanos para a qualidade dos cuidados de saude é um elemento chave.
Efectivamente, a accão dos diferentes agentes que se ocupam dos cuidados de saude pode, em
grande medida, fazer a diferença desde a qualidade do contacto com o publico, até a qualidade de
gestao dos meios disponiveis. Tudo depende da competência e do envolvimento das pessoas
escolhidas e a quem foi confiada a missao de cuidar de outras pessoas.

6.1 OBJECTIVOS, ESTRATÉGIAS E METAS

Nos próximos 5 anos, o plano de desenvolvimento dos recursos humanos tem como objectivo
melhorar a utilização e o desempenho dos recursos humanos através de três estratégias
complementares e que se reforçam mutuamente. Essas estratégias e as metas visadas encontram-se
resumidas no quadro 1.

Estratégias e metas nos proximos 5 anos

Estratégias Metas
1. Redistribuição e reforço da gestão do pessoal de saude • Implementar progressivamente as novas normas de
afectação do pessoal
• Actualizar de forma continua a base de dados
informatizada e introduzi-la em cada região
• Modernizar fisicamente a administração do pessoal
(armários e pastas)
• Implementar e fazer funcionar as estruturas e
mecanismos de coordenação entre a DRH e os outros
departamentos, instituiçoes de formação e regiões
2. Melhoria das condições de trabalho e motivação do • Rever a tabela de salário
pessoal
• Rever os critérios de atribuição dos diferentes subsidios,
incluindo os de risco
• Rever e melhorar o sistema de pagamento, incluindo os
subsidios (processo e regularidade) a todos os niveis do
sistema de saude
• Desenvolver e aplicar um novo plano de carreiras
• Estabelecer e aplicar um sistema de bolsas de estudo
(formação contínua e especialização) que responda às
necessidades do país
• Melhorar as condições de alojamento do pessoal
conforme as necessidades estabelecidas (construção,
reabilitação e equipamento)
3. Formação e reforço institucional • Criar a ENS
• Formar enfermeiros e parteiras em numero suficiente para
cobrir as necessidades actuais (ver as normas de
afectação)
• Organizar cursos de aperfeiçoamento e especialização
em diferentes dominios, conforme as necessidades e
prioridades do PNDS
• Desenvolver/reforçar os sistemas de formação contínua,
articulados com os mecanismos de supervisão em prática
nas DRS nos dominios de gestão, administração e
contabilidade
Desenvolver um plano a médio e a longo prazo de formação
no exterior

O Desenvolvimento dos Recursos Humanos pode ser considerado como o factor-chave da mudança
necessária para a operacionalização eficaz do PNDS. A implementação de uma estratégia sem as
outras, tem pouca probabilidade de provocar as mudanças desejadas. Por exemplo, por si só, a
formação não pode, em caso algum, resolver o problema de maldistribuição do pessoal e a dificuldade
em mantê-lo nos postos, sobretudo na periferia.
A grande maioria dos factores que devem ser implicados neste desenvolvimento ultrapassa
largamente o âmbito do Ministério da Saúde devendo resultar de uma colaboração estreita e
Minsap - Guiné-Bissau 137 PNDS - 1997-2001

empenhada de todos os outros sectores governamentais e muito principalmente dos mencionados a


seguir: Ministério da Educação, Ministério da Função Pública, Ministério das Finanças, Ministério das
Obras Públicas e Ministério do Plano e Cooperação.

Sem a abordagem empenhada e multisectorial que preconizamos será certamente impossível atingir o
resultado esperado que abaixo se enuncia e, sem esse resultado positivo, todos os outros resultados
esperados do PNDS ficarão em risco elevado de fracasso.

6.2 REDISTRIBUIÇÃO E REFORÇO DA GESTÃO DO PESSOAL DE SAUDE

a) Normas de dotação de recursos

Foram estabelecidas novas normas baseando-se no seguinte:


• reorganização do sistema sanitário que levou a uma redefinição do papel dos centros de saude
(ver mapa sanitario).
• necessidade de melhorar a qualidade dos serviços e consequentemente a do pessoal de saude
• procura de um equilibrio entre a especialização do pessoal garantindo ao mesmo tempo uma certa
polivalência, sobretudo onde os serviços requerem uma melhor integração
• massa salarial e a reforma da funcão publica que não permitem aumentar o numero do pessoal de
saude

Estas normas, tanto qualitativas como quantitativas, são as seguintes :

Quadro mínimo de dotação por estrutura sanitária (nível regional)

CS "A" CS "B" urbano CS "B" CS "C" CS "C" Hospital Equipa


rural urbano rural Regional Regional
Médicos 2 3 1 1 0 5 1
Enfermagem geral 2 6 1 2 1 5 1
Enfermagem aux 6 6 2 2 1 15 0
Parteira geral 1 3 1 1 1 2 1
Parteira aux 2 2 0 2 0 4 0
Techn. laboratorio 0 1 0 0 0,5 2 0
Techn. aux. labo 2 2 1 2 0 4 0
Tec. Radiologia 0 0 0 0 0 1 0
Tec. Oftalmologia 0 0 0 0 0 1 0000
0
Tec. Estomatologia 0 0 0 0 0 1 0
Tec. Farmácia 0 0 0 0 0 1 1
Aux. Administrativo 0 1 0 1 0 1 1
Administrador 0 0 0 0 0 1 1
TOTAL 15 24 6 11 3,5 43 6

A nivel local (de base), onde haverá um centro de saude do tipo C ou B, considera-se indispensável a
existência de um(a) enfermeiro (a) e de uma parteira(ambos do curso geral), que repartirão as
actividades previstas no pacote minimo como segue:
O enfermeiro e a parteira deverão participar ainda, das reuniões de seguimento e avaliação, bem
como da formação e supervisão das matronas e das Unidades de Saúde de Base. Dependendo da
complexidade e da necessidade de realização de outras actividades a equipa poderá agregar outros
técnicos, como o auxiliar de laboratório. O objectivo é que durante os próximos 5 anos, 50% das áreas
sanitárias desenvolvam actividades laboratoriais. No futuro e numa perspectiva de polivalência e
economia de recursos há que decidir se esta actividade não poderá ficar a cargo da enfermeira geral
pelo menos em áreas sanitárias de pouco movimento.

Técnico envolvido Resumo das actividades (para lista exaustiva, ver anexo)
Enfermeira geral Consulta curativa
Consulta puericultura: crianças 0-2 anos
PAV: crianças 0-1 ano
Minsap - Guiné-Bissau 138 PNDS - 1997-2001

Rastreio, tratamento e seguimento de doenças crónicas e grandes endemias


Administraçao; recolha, tratamento e análise de dados;
Manutenção da infra-estrutura e dos meios de transporte
Estrategia avançada
Parteira Consulta prenatal
Planeamento familiar
Partos assistidos
Estrategia avançada

Os demais centros de saúde (C urbano, B rural e urbano, e A) terão mais técnicos, de acordo com as
actividades previstas, que podem incluir internamento, assistência de urgência e partos. Em síntese, a
composição do quadro de recursos humanos para as diferentes estruturas sanitárias do nível
periférico é definida por tipo de estrutura segundo o PMA..

USB : supervisionados pelos centros de saúde, os agentes de saúde de base são escolhidos no seio
da população num total de 2 (devem saber ler e escrever) e quatro matronas. Não são remunerados
pelo governo, recebendo simplesmente apoio em termos de prestação de serviços pela população. A
politica do ministério concernete às USB não é de aumentar o número, mas sim de melhorar a sua
qualidade.

A nivel regional

A ERS é constituida por 6 elementos, dentre os quais 2 com formaçåo em saude publica e
administraçåo e um administrador profisssional. O Director do hospital regional participa parcialmente
na ERS. A diminuição do número de elementos é devido à integração dos Programas e a procura de
uma polivalência no seu seio. A reorganização do sistema e a descentralização implica um aumento
da carga e da qualidade de trabalho de administração, o que leva o ministério a considerar importante
a existência de um administrador profissional na região. Contudo, o recrutamento deste elemento
coloca um problema, pois por um lado não seria possivel contratar um bom administador com o salário
da Função Pública, e por outro um salário superior pago sómente ao administrador causaria mal estar
na equipa.

Hospitais

As normas de dotação para os hospitais regionais apresentadas no quadro 2 são indicativas e serão
redefinidas considerando o número de camas e as actividades a desenvolver em cada hospital .
Relativamente ao Hospital Nacional e aos Centros de Referência ver cap. 3.2.

6.2.1 Necessidades futuras em recursos humanos

Se comparamos as novas normas aplicadas ao novo mapa sanitário com o pessoal actual, podemos
ver que existe a nivel das regiões, todas as categorias confundidas, um défice de 85 pessoas. No
interior das diferentes categorias , o maior défice encontra-se a nivel das parteiras, enquanto existe
um excedente de enfermeiros auxiliares (ver anexo 1). O quadro abaixo resume as necessidades nas
principais categorias ao nível das regiões.
Considerando que uma das prioridades do PNDS é organizar e desenvolver a equipa básica para a
prestação dos cuidados de saude previstos no PMA, o preenchimento das vagas que serão abertas
nos próximos 5 anos deverá ser feito quase exclusivamente com parteiras (visando cobrir o défice
existente) e enfermeiras gerais (visando aumentar a qualidade dos cuidados de saude à população).
Minsap - Guiné-Bissau 139 PNDS - 1997-2001

Pessoal existente e necessário no nível periférico

Categorias Previsão Existente Diferença


Médicos 81 69 -12
Enf. Geral 196 177 -19
Enf. Auxiliar 324 510 186
Parteira 147 45 -102
Part. Aux. 66 34 -32
Tec. Labo 13 14 1
Aux. Labo 113 76 -37
Tec.Diagn 12 13 1
Tec. Farm. 13 8 -5
Adm/Contab. 13 0 -13
Aux. Adm. Cont. 38 29 -9
Servente 212 167 -45
Cozinheiro 21 20 -1
Lavadeira 18 15 -3
Motorista 13 22 9
Aux. Estatística 12 14 2
Secretária 5 6 1
Logistico 9 2 -7
TOTAL 1306 1221 -85

No que concerne a redistribuição prevê-se :


• transferir o pessoal dos hospitais centrais (HNSM, Hospital 3 de Agosto e CR/SMI) para os novos
centros de saude a construir no SAB;
• afectar o pessoal recém formado prioritáriamente nas regiões mais desfavorecidas.

Como não há disponibilidade de enfermeiras gerais e de parteiras, propõe-se que os recursos do


PNDS para o periodo 1997/2001 deverão ser dedicados à formação dessas categorias profisionais, de
forma a reforçar, com base na formação de pessoal com maior nivel técnico, a estratégia de melhorar
a qualidade.

No momento existem 48 quadros formados aguardando vaga.

Profissionais de saúde formados aguardando vaga

Categorias Médicos Enf. Tec. Tec. R-X Tec. Hig. Tec. Oft. Tec. Tec. Est. Psic. Farm. TOTAL
País formação geral labo. Fisio.

Guiné Bissau 10 - - - - - - - - - 10

Cuba 4 9 4 3 2 6 4 3 1 36

outros países 1 - - - - - - - - 1 2

TOTAL 15 9 4 3 2 6 4 3 1 1 48

Fonte: DRHO - Janeiro 1997

De acordo com os dados disponiveis existem ainda outros técnicos em formação no exterior e que não
terminaram ainda os estudos, devendo estar disponíveis nos próximos anos.

Profissionais de saúde em formação 97/98


Minsap - Guiné-Bissau 140 PNDS - 1997-2001

Categorias Medicina Tec. laboratório Tec. enfermagem Tec. farmácia Parteira Farmacêutico
ETQS + ESM 23 25 - 10 15 -
Exterior 8 1 1 - - 1
Total 31 26 1 10 15 1

Fonte: DRHO - Janeiro de 1997

Estimando que não haverá mais de 10-20% de saídas (reforma, demissão, óbitos) do MINSAP nos
proximos cinco anos, e tendo em conta as capacidades institucionais actuais, estão previstas as
seguintes entradas e saidas das principais categorias :

Entradas e saídas da Funçao Publica previstas para o MINSAP, 1997 a 2001

ANOS Médico Enf. geral Enf.Aux. Parteira Part. Aux. Adm.Cont. TOTAL

1997 saída - - 100 - - - 100


entrada 15 9 - 14 - 3 41
1998 saída - - 40 - 10 - 50
entrada - 1 - - - 6 7
1999 saída - - 40 - 10 - 50
entrada - - - 30 - 4 34
2000 saída - - 50 - 10 - 50
entrada - 30 - 30 - - 60
2001 saída - - 50 - 10 - 60
entrada - 30 - 30 - - 60
TOTAL saída - - 280 40 - 320
entrada 15 70 - 104 - 13 202

Para além da formação de base, prevêem-se outras formaçöes (continua, aperfeiçoamento,


especializações) com o intuito de melhorar a qualidade do pessoal existente a todos os niveis do
sistema.

6.3 MOTIVAÇÅO

6.3.1 Habitação

Para o periodo do PNDS o MINSAP preconiza construir e reabilitar residências para os funcionários
afectos às áreas sanitárias. Os principais beneficiários serão os preconizados no documento (lotaçåo
minima de pessoal). Cada habitaçåo será constituida de alojamentos para duas familias. O quadro que
se segue ilustra a distribuiåo regional.
Minsap - Guiné-Bissau 141 PNDS - 1997-2001

Alojamentos existentes e habitações necessárias para as AS e ERS

Regiões Formaçao sanitaria e dotaçao minima N° Alojamentos Habitação Pes. Alojam. Habitações N°
existente a da Exist. a Total
nas AS
CR CU CB BR BU A PS Total Por Em construir ERS p/ERS construir a
pess. reabilitar construção nas AS (6) p/ERS construir
3,5 11 2 6 24 15 2 P/AS
Bafata 8 3 0 1 0 0 0 67 18 17 16 6 1 2,5 18,5
Biombo 8 0 0 0 0 0 0 28 19 0 4,5 6 4 1 5,5
Bijagos 3 0 7 0 0 1 0 39,5 13 18 4 6 5 0,5 4,5
Bolama 0 0 1 0 0 1 0 17 2 0 7,5 6 0 3 10,5
Cacheu 7 1 1 0 0 0 5 47,5 5 0 21 6 2 2 23
Gabu 16 1 0 2 0 0 0 79 23 0 28 6 6 0 28
Oio 13 0 0 1 0 1 3 72,5 11 12 25 6 6 0 25
Quinara 2 0 0 3 0 1 8 56 4 26 6 0 3 29
Tombail(* 5 0 0 2 0 0 14 57,5 66 0 0 6 6 0 0
) 6 0 0 0 0 1 0 36 0 0 18 6 4 1 19
S.Doming
Total 59,5 5 9 9 0 5 30 550 142 47 150 60 30 13 163

(*) Tem mais 8 residências que as necessárias de acordo com as actuais definições

Prevê-se a construção segundo os critérios de prioridade seguintes: A maior necessidade de


habitação ao nível da região e, dentro desta, as zonas mais isoladas e de mais difícil acesso.
Prioritáriamente dever-se-á assegurar a construção, reforma e instalação do pessoal nas áreas
sanitárias CBi, CR e BR.

O calendário previsto por região é o que se segue

Ano região 1998 1999 2000 2001 SOMA


Bafatá 2 5 6 6 19

Biombo - - 4 2 6

Bijagós 5 - - - 5

Bolama 7 - 4 - 11

Cacheu 3 5 5 10 23

Gabú 5 5 5 13 28

Oio - 5 10 10 25

Quínara 4 12 8 5 29

São Domingos 2 4 6 7 19

Total 28 36 48 53 165

6.3.2 Salario e subsidios

Propor estudo inter-sectorial sobre níveis salariais sobretudo dos quadros técnicos da saúde.Ter em
atençao o relatório “Remunerations consenties par le Système des Nations Unies à la Contrepartie
Nationale des Projets” (1996).

Vela

Rever o processo de pagamento, incluindo na folha de pagamento mensal com base no mês vencido
e melhorar os critérios de atribuição deste subsídio. O Ministério da Função Pública e trabalho
mostrou-se favorável a este procedimento que deverá ser negociado com o Ministério das Finanças.
Minsap - Guiné-Bissau 142 PNDS - 1997-2001

Risco

Como acima. Considerando que o pagamento de risco é estabelecido segundo critérios relacionados
com o local e o processo de trabalho com exposição permanente ou temporária a agentes ou
elementos de risco para a saúde, como a manipulação de material contendo agentes infecciosos,
substâncias lesivas, etc.

Isolamento

Mesmo que acima. Nos termos do artigo 168 do Estatuto do Funcionalismo, aqueles que prestam
serviço permanente em localidades de fronteira ou em zonas afastadas consideravelmente de
qualquer centro populacional ou de difícil acesso, devem receber a gratificação de isolamento.

Chamadas

Os critérios para o pagamento deste tipo de subsídio precisam ser bem elaborados, de forma a
associar procedimentos de controlo reais e de fácil avaliação.

Prémios

Nas áreas sanitárias serão atribuidos prémios dos fundos da recuperação de custos, pelo Comité de
Gestão, conforme a realização das actividades. Existe uma disponibilidade da parte de alguns
organismos de incitar as áreas sanitárias e regiões a atingirem um certo grau de desempenho das
actividades através de "contratos de desempenho", contudo é um aspecto que merece ainda uma
reflexão antes de se fazer uma proposta às regiões.

6.3.3 Carreira

Fazer a revisão do decreto sobre as carreiras, com base numa lógica mais simples e prática, que
esteja em sintonia com as modificações em curso no contexto nacional e no sistema de saúde, e com
as limitações de despesas com pessoal.

Prever que o enquadramento possa ter inicio em 1998.

Formar comissão que integre representação do Ministério da Função Pública e Trabalho.

6.4 REFORÇO INSTITUCIONAL E DO PROCESSO DE GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS A


NÍVEL CENTRAL E REGIONAL

6.4.1 Desenvolvimento de programas de formação contínua coordenados com os mecanismos de


supervisão

Formaçåo continua (ver anexo 2)

• Dar continuidade ao programa de internato vertical integrado utilizando os assistentes técnicos


nacionais e os formandos na primeira turma.38

• Promover a formação de 24 enfermeiras gerais nas especialidades de Pediatria (7), Neo-natologia


(7) e Saúde Materna/Obstetrícia (10).

• Promover a formação de 15 enfermeiras gerais nas especialidades de Instrumentista (7),


Traumatologia (2), Queimados (2), Cuidados Intensivos (2) e Electrocardiografia (2).

• Reforço do programa de formação em gestão a nível regional e de centros e postos de saúde


através do prosseguimento do PRGS e Iniciativa de Bamako, dentro das actividades regulares da
ENS e possível acréscimo de conteúdos e da capacitação pedagógica para sua multiplicação.39

38 Com base no programa que está em vias de começar pelo CFG/PSS1/BM. Os custos com os assistentes técnicos nacionais
e subsídios com os alunos podem ter a mesma referência do PSS1.
Minsap - Guiné-Bissau 143 PNDS - 1997-2001

• Desenvolvimento de programa de formação em gestão hospitalar para os directores, enfermeiras


chefe e administradores dos hospitais.40

• Formação e desenvolvimento (técnico e em gestão) segundo as prioridades e necessidades do


sistema de saúde

6.4.2 Escola Nacional de Saude

Implantação da Escola Nacional de Saúde através da integração das actividades de formação de base
e contínua actualmente desenvolvidas pela ESM, ETQS, CFG/PSS1 e Dep. Formação (ver Tomo I,
cap. 2.3.5.2).

Desenvolvimento de programas de formação de base e especialização visando :


• completar o quadro de pessoal das estruturas sanitárias com as categorias prioritárias definidas
(parteira e enfermeira geral);
• substituir, em parte, os quadros técnicos que saíram ou venham a sair no período;
• aumentar a capacidade de decisão e de execução dos técnicos de saúde nas estruturas sanitárias
de nível local e nas unidades de referência;
• compatibilizar o curriculum e o processo pedagógico com as definições do sistema de saúde (ex.
PMA) e com os problemas de saúde mais frequentes e as prioridades estabelecidas (ex. MI,
paludismo, DST, IRA, TBC, etc..)41

Programa de Formação de Parteira Geral e Enfermeiro Geral (3 anos, recrutamento 9a. Classe e
11a classe respectivamente)

Parteira Enfermeiro
inicio fim no alunos inicio fim nºalunos
turma 1 1997 2000 30 1997 2000 30
turma 2 1998 2001 30 1998 2001 30
turma 3 1999 2002 30
turma 4 2000 2003 30
total - - 120 60
int.verticall - - - 1998 1999 30
enfermeiras - - - 1997 2003 39
Total - - - - - 69

6.4.3 Bolsas de Estudo e Especialização

A atribuição de bolsas de estudo e a realização de actividades de formação contínua e especialização


submetem-se a prioridades técnicas e equitativas estabelecidas pelo PDRH/PNDS. Esas prioridades
serão submetidas à Comissão de Coordenação da Formação e Aperfeiçoamento Profissional que as
apreciará e procederá à aprovação do mapa da formação de acordo com calendário previamente
estabelecido.

6.4.4 A organização e modernização de processos da Direcção de Recursos Humanos

Organização é assegurada através de :


• desenvolvimento e implementação de normas e critérios para :
∗ admissão e mobilização dos Recursos Humanos;
∗ concursos e progressão profissional;
∗ descentralização do controlo de faltas e licenças;
∗ atribuição dos subsídios;
∗ operacionalização / aplicação das carreiras;
∗ para procedimentos disciplinares;
∗ processos de formação de todos os níveis
• dsenvolvimento de processos e critérios de supervisão, de coordenação e de apoio com objectivo
de criação de um sistema nacional descentralizado de avaliação de desempenho.

39 Examinar também o uso complementar do programa implementado recentemente no Brasil: GERUS.


40 Examinar a possibilidade de uso da mesma perspectiva proposta para gestão institucional no PSS1/BM.
41 Cf. Relatório do Grupo de Trabalho sobre o Hospital de Referência e Pacote Mínimo de Actividades.
Minsap - Guiné-Bissau 144 PNDS - 1997-2001

• mnutenção e melhoria do Sistema de Informação e Gestão de Recursos Humanos da Saúde


(SIGRHS) e sua descentralização para as Regiões.
• frmação em serviço dos funcionários do nível Central e das Regiões sobre os procedimentos de
administração e gestão dos Recursos Humanos.

6.5 SSIDADES EM ASSISTÊNCIA TÉCNICA

A assistência técnica é considerada como factor de primeiro plano no processo actual de


desenvolvimento. É através dela que se deve realizar o processo de transferência de conhecimento e
de técnologia com o objectivo final da valorização dos recursos humanos nacionais. A simples
substituição de mão-de-obra qualificada não poderá justificar-se senão no caso existir uma
programação racional que englobe a formação e preparação de nacionais para preencher estes
postos chaves.

Uma das principais conclusões tiradas da experiência vivida ao longo destes últimos anos foi a de que
os resultados práticos da cooperação técnica não contribuiram suficientemente para o
desenvolvimento das capacidades nacionais, uma conclusão que merece tanto mais reflexão tendo
em conta os elevados custos envolvidos na cooperação técnica.

Tanto a Assistência Técnica de longa como de curta duração no âmbito do PNDS deverão ser objecto
de uma programação pormenorizada, com vista à racionalização da assistência técnica e uma maior
apropriação do PNDS pelos nacionais. Esta programação deverá contemplar os seguintes aspectos :

Selecção

Elaboração minuciosa dos termos de referência e se possível, pedir o currículo de vários candidatos
para se poder fazer uma melhor selecção.

Homólogo(s)

Os perfís e termos de referência dos homólogos nacionais deverão ser vistos em conjunto com os
termos de referência da assistência técnica e a selecção e presença deste(s) homólogo(s) deverá ser
considerada como condição para o recrutamento de assistentes técnicos; deve-se dar especial
atenção à divisão de trabalho e de responsabilidades entre assistentes técnicos e homólogos
nacionais, p.e. em relação a procedimentos administrativos ou financeiros; no caso de missões de
curta duração, os homólogos nacionais poderão eventualmente proceder a trabalhos preparatórios, a
fim dum aproveitamento mais eficiente das missões.

Enquadramento, seguimento e avaliação

Os AT de longa duração merecem uma boa introdução no sistema nacional de saúde e deve-se
prever regularmente sessões de restituição das experiências e dificuldades; avaliações podem ter um
carácter local/nacional e também bipartido. Para as missões de curta duração deve-se prever além
duma sessão introdutória pelo menos duas sessões de restituição, dos quais uma no meio caminho
para esclarecer eventuais ambiguidades na interpretação dos termos de referência.

Necessidades financeiras suplementares

Deve haver uma garantia para o financiamento das actividades e programas supostos a serem
apoiados por uma assistência técnica; neste âmbito pode-se pensar em equipamentos, actividades de
formação ou implicações em termos do orçamento de funcionamento do MINSAP.
O MINSAP

Procederá cada ano à elaboração dum relatório sobre a Assistência Técnica, devendo ser
apresentado à mesa redonda anual. Este relatório contemplará a avaliação do programa em curso e a
revisão dum plano a médio e longo prazo, e trata nomeadamento das prioridades e conteúdos do
programa de assistência técnica, dos aspectos financeiros e das previsões para a substituição da
assistência técnica ao longo prazo.
Minsap - Guiné-Bissau 145 PNDS - 1997-2001

No anexo 1 são considerados os postos chave e prioritários para o programa de assistência técnica no
âmbito do PNDS: é de salientar que se observa uma diminuição gradual da assistência técnica de
longa duração, compensado até certo ponto por missões de curta duração, cujo volume é estável
durante o período em perspectiva.

6.6. INDICADORES

(desenvolver por ano e por trimestre de acordo com cada objectivo e precedências -> quadro lógico)

1. A diferença entre o número de pessoal de saúde existente e o previsto por nível de cuidados e por
estrutura de saúde
2. A relação entre o número de formações previsto e realizado e o número de pessoas com
aproveitamento nas formações - (pré e pós-testes)
3. A relação entre a disponibilidade real e a disponibilidade teórica de recursos humanos
4. O estado de actualização do banco de dados dos recursos humanos (relatórios semestrais).
Minsap - Guiné-Bissau 146 PNDS - 1997-2001

7 IEC E COLABORAÇÃO INTERSECTORIAL

Considerando que a saúde é resultado e também condição indispensável para o desenvolvimento


económico e social do país e envolve quase todos os sectores e a sociedade em geral, o MINSAP
considera como uma das prioridades 42 a concertação e o desenvolvimento de acções intersectoriais e
de IEC, como forma de maximizar as intervenções e de promover a saúde, responsabilizando-se cada
um (governo, privados, ONG, população, etc.) pela contribuição que lhe cabe na melhoria do estado
de saúde da população.

7.1 INFORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO

A IEC constitui uma das quatro estratégias principais do PNDS, visto a sua importância em todo o
proceso de promoção da saúde. A estrutura estratégica e coordenadora do MINSAP no âmbito da
IEC é a DIECS, que passa a ser uma direcção de serviço tendo em conta a importância que o
MINSAP confere a esta estratégia e a transcendência por quase todos os programas e serviços.

A dispersão e os conflitos existentes em matéria de IEC, condicionam a falta de coordenação e


consequentemente a não racionalização dos recursos, subutilização dos equipamentos existentes
tanto no MEPS, como no CECOMES determinam a necessidade da integração das componentes IEC
dos diferentes Programas, a saber o SNIECS e o CECOMES na DIECS, que no cumprimento da sua
missão deve recorrer ao apoio dos Programas e serviços para a definição dos conteúdos. A sua
missão pode ser resumida no seguinte:
• elaborar um programa de IEC de acordo com as prioridades sanitárias definidas;
• assegurar o seguimento e avaliação do impacto das actividades de IEC;
• elaborar módulos de formação em IEC e colaborar com a ENS na integração da IEC no curriculum;
• elaborar, produzir e distribuir materiais de IEC;
• participar na concepção e realização de estudos e pesquisas.

A concretização das acções de IEC passa pelo seguinte :

a) Reforço das capacidades institucionais da DIECS

Reconhecida a fraqueza do nivel central em matéria de IEC, tendo-se desenvolvido sobretudo a parte
de produção, preconiza-se a capacitação dos seus quadros para o cumprimento da missão que lhe é
confiada, nomeadamente em matéria de planificação, implementação, seguimento e avaliação de um
programa de IEC. Isso será efectuado através de formações e de afectação junto ao DIECS de uma
assistência técnica de longa duração. Provavelmente um apoio técnico de curta duração será
necessaria para finalizar um programa de IEC, aprofundando as estratégias nacionais com base
numa análise aprofundada da realidade sócio-cultural, demográfica, sanitária e económica.

b) Realização sistemática, por todos os que têm contacto directo com os utentes, de educação
sanitária

A prestação de conselhos e orientações elementares aos utentes, incluindo o aconselhamento sobre


SIDA/DST devem ser efectuados pelos profissionais que os atendam. Reconhecendo a falta de
preparação dos técnicos de saúde, um trabalho prévio deve ser realizado visando mudar o
comportamento destes perante a população, seguida de uma formação em cascata sobre educação
sanitária serão formados primeiro os responsáveis regionais de IEC que por sua vez asseguram a
formação dos outros.

42
Ver Cap.VI e Quadro lógico
Minsap - Guiné-Bissau 147 PNDS - 1997-2001

c) Introdução da disciplina IEC nos curriculos de formação da ENS

Prevendo a perenidade e a globalização da realização das acções de IEC no futuro, já na formação de


base dos profissionais de saúde deve constar tal disciplina. A ENS em colaboração com a DIECS
elaboram os módulos de formação, devendo esta última apoiar na administração dos cursos.

d) Realização de pesquisas sobre CAP

Como é agora reconhecido, o sucesso das acções empreendidas devem-se basear numa sondagem
permanente da aceitação por parte da população e dos entraves, possibilitando a adaptação das
estratégias. É nesta óptica que o MINSAP pretende ter informações actualizadas sobre o assunto.

Por outro lado, os responsáveis que são chamados a efectuar intervenções (tanto através das mass-
média como directamente ao publico) devem ser dotados de conhecimentos sobre técnicas de
comunicação.

7.2 COLABORAÇÃO INTERSECTORIAL

Como já referido no início deste capítulo os intervenientes na promoção da saúde são inúmeros, e
quando falamos da criação de condições para a prevenção da saúde, o papel do MINSAP torna-se
ínfimo (vacinação, deteção precoce de desvios da norma e de necessidades de atenção especial),
comparado ao dos restantes intervenientes. Esta multiplicidade de intervenientes faz com que a
concertação e a complementaridade das acções seja fundamental, o que passa indubitavelmente pela
criação de órgãos de coordenação eficientes a todos os niveis.

Neste sentido, na reunião de validação intergovernamental realizada em fevereiro de 1997 procedeu-


se à análise dos problemas e teceu-se algumas reflexões e recomendações sobre as estratégias a
adoptar para a resolução das questões comuns. Quatro aspectos essênciais foram tratados:
• o finaciamento comunitário, administração territorial e questões juridicas;
• coordenação intersectorial e IEC;
• infraestruturas e comunicação;
• desenvolvimento dos recursos humanos

7.2.1 O finaciamento comunitário, administração territorial e questões juridicas

Tendo em conta a origem e o estatuto comunitário das receitas dos Centros de Saúde não se verifica
contradição entre a necessidade de retenção destes fundos a nível local para garantir a
sustentabilidade das respectivas actividades e a exigência de devolução das receitas das instituições
públicas ao MINFIN.No entanto deve-se prever:
• a instituição de mecanismos de gestão tanto das receitas provenientes dos actos médicos como da
venda de medicamentos por forma a garantir a transparência da utilização e justificação da
comparticipação comunitária junto aos utentes;
• a informação ao MINFIN dos fluxos financeiros para efeitos de registo e controle;
• contactos do MINSAP com o MINFIN e o MASPF, a fim de estabelecer critérios e normas que
garantam a acessibilidade dos indigentes aos serviços de saúde.

A atribuição de um estatuto parapúblico ao sistema DCR/DRM constitui uma condição essencial à


viabilização das respectivas funções;por outro lado deve haver uma participação dos municípios,
MINFIN e autoridades locais na gestão e controle do sistema, tendo em conta a complexidade, a
dinâmica, a transparência e sustentabilidade incontornáveis do processo.

O desenvolvimento da cooperação com o sector privado, com fins lucrativos ou não, merece uma
reflexão. Deve-se elaborar a legislação e regulamentação sobre o sector privado da saúde, estando
implicados neste processo o MINSAP, na qualidade de coordenador e outras entidades tais como os
Ministérios do Comércio, Justiça, etc.
Processo de desbloqueamento das verbas do Orçamento Geral do Estado (OGE)
Minsap - Guiné-Bissau 148 PNDS - 1997-2001

Tendo em conta que em 1996 o Orçamento de Investimento do MINSAP foi financiado fora do OGEe
que o país está no processo de adesão à UMOA, com todas as exigências e implicações no sistema
de organização económica e a necessidade de diminuir os efeitos indesejáveis que possam daí
advir,a necessidade de evitar situações de fraca captação de receitas por parte do estado, a
incompatibilidade da prática de financiamento de certas despesas correntes no sector social através
de fundos de contrapartida da União Europeia e a exigência de utilização de recursos próprios para o
efeito no quadro da adesão do país à UMOA prevê-se:
• a incorporação das despesas de investimento no OGE , à luz do programa monetário acordado
com o FMI;
• o reforço da capacidade institucional;
• a criação de fundos de maneio e a consequente apresentação de peças justificativas das
despesas, como condição extremamente importante para o desbloqueio dos referidos fundos;
• maior prudência na utilização de fontes de financiamento externo para cobrir as despesas locais;
• a quantificação do PNDS, através da elaboração de um orçamento que reflicta as actividades do
plano e o impacto da execução do mesmo na política monetária do país.

7.2.2 Coordenação intersectorial e IEC

Tendo-se reconhecido a falta de coordenação como um dos problemas essências e que se traduz
pela duplicidade e incomplementaridade das acções e pela ineficácia dos múltiplos órgãos de
coordenação, torna-se indispensável o estabelecimento de diferentes mecanismos de colaboração e
coordenação intra e intersectorial, a criação de órgãos de coordenação a cada nível e a criação ou
reformulação de leis e regulamentos. São propostos alguns órgãos de coordenação a nível central :
• Conselho de Ministros para o Ambiente (CMA) presidido pelo Primeiro Ministro,o secretariado
permanente seria o CTA, seria integrado por 11 Ministros , reunindo-se trimestralmente e sempre
que necessário.
• Comité Técnico para o Ambiente ( CTA): presidido rotativamente pelos Directores-gerais, o
secretariado permanente seria o Director-Geral do Ambiente, integra os directores-gerais dos 11
Ministérios e reune-se trimestralmente e sempre que necessário (antecede a reunião da CMA).
• Grupos Técnicos Intersectoriais (GTI): a coordenação e o secretariado de cada grupo são
assegurados por um Director-Geral, integra os técnicos de diferentes ministérios afins e reune-se
mensalmente e sempre que necessário. Poderão ser criados sub grupos para questões específicas
(epidemias,catástrofes,etc.). Estes grupos são constituidos consoante os temas, tendo-se já sido
definidos alguns, a saber: Promoção da Saúde e IEC (GTS/IEC),incuindo a SIDA; Grupo Técnico
para Segurança Alimentar e Nutrição (GTSAN) e Grupo Técnico para a Gestão do
Espaço(GTGE) 43.

7.2.3 Infraestruturas e comunicação

A necessidade de construção de infrastruturas sanitárias para garantir a acessibilidade segundo o


mapa sanitário e a qualidade de prestação de cuidados , e as dificuldades com que se vem
defrontando amiúde o MINSAP para a aquisição de terrenos, principalmente no S.A.B. implicam que
qualquer construção de infrastruturas sanitárias no país obedeça ao Plano Nacional de
Desenvolvimento Sanitário e por outro lado a questão do SAB seria resolvido aplicando o Plano
Director Urbanístico da cidade de Bissau, aprovado em 18.01.95 em Conselho de Ministros e
Publicado em Outubro de 1996 no Boletim Oficial, a fim de garantir a disponibilidade ou reserva de
terrenos para as infrastruturas sanitárias.

43
Ver Declaração Final da Reunião de Validação Inter-Governamental, Fevereiro 1997
Minsap - Guiné-Bissau 149 PNDS - 1997-2001

7.2.4 Desenvolvimento dos recursos humanos 44

Considerando as estratégias do desenvolvimento dos recursos humanos para a saúde tornam-se


necessárias as seguintes acções:
• a revisão do decreto sobre as carreiras de saúde por forma a adequá-los à nova conjuntura
política, socil e económica, na base da experiência dos países da sub-região; a referida revisão
deverá envolver os técnicos dos Ministérios da Função Pública e Trabalho e das Finanças;
• a publicação do decreto que institui os subsídios de isolamento aos funcionários colocados em
zonas de difícil acesso; a direcção do MINSAP deverá deligenciar junto ao MFPT e MF para o seu
cumprimento; a verba destinada a este efeito poderá ser inscrita no O.G.E./97, antes da sua
apresentação pelo governo à ANP;
• a concessão experimental do subsídio de isolamento aos funcionários colocados nas regiões de
grande isolamento;
• a definição dos grupos profissionais do MINSAP que deverão integrar as carreiras especiais de
saúde, na medida em que não é extensivo a todos os funcionários do sector;
• o reforço da verba do sector saúde no O.G.E., definido como prioritário, no âmbito da área social;
• a revisão salarial dos quadros de saúde, criando para o efeito um grupo de trabalho que integre o
MFPT e o MF;
• a criação de condições de motivação e retenção dos quadros na periferia, através não só da
disponibilização de habitação, como de outras infrastruturas, nomeadamente escolas com os
respectivos docentes qualificados, água e energia eléctrica;
• a priorização do MINSAP pelo MFPT, no âmbito do programa de licenciamento voluntário dos
trabalhadores da Função Pública;
• a ponderação dos efeitos da adesão do país à UMOA e da integração à UEMOA;
• que a Direcção-Geral da Função Pública do MFPT colabore na identificação das necessidades de
formação e na selecção dos candidatos à formação contínua (reciclagem, superação e
aperfeiçoamento) dos quadros administrativos de saúde a nível regional, dada a experiência
acumulada na matéria e o número de formadores de que dispõe;
• a outorgação de um subsídio no país (Guiné-Bissau) aos profissionais que frequentam estágios ou
cursos no estrangeiro, independentemente das bolsas que lhes são atribuídas;
• a formação de formadores nacionais para assumirem a docência na Escola Nacional de Saúde;
• a criação de um mecanismo de coordenação entre o MINSAP e o MEN, no que respeita a
validação de diplomas e outros, na medida em que o MEN possui um departamento para o efeito;
• a representação dos sindicatos dos sectores de saúde e educação na Comissão de Coordenação
da Formação e Aperfeiçoamento Profissional, conforme critérios a definir.

A nivel regional o Gabinete do Plano desempenha um papel muito importante na coordenação das
acções intersectoriais. As autarquias, ONG's, Confissões religiosas e o sector privado devem ser
implicados tanto no processo de planificação , como na execução e avaliação, participando nas
reuniões anuais de planificação e nas de avaliação semestrais. A Comisão Regional de seguimento da
IB poderá convidá-los, bem como aos organismos doadores.

O mesmo se aplica ao nível local, e um exemplo desta forma de implicação da população como actor
de todo o processo é o Comité de Gestao no âmbito da IB, em que as decisões são tomadas
conjuntamente. A este nível as associações de base existentes (por ex. de mulheres,) , os animadores
rurais dos ministérios de Desenvolvimento Rural e Agricultura, e dos Recursos Naturais contribuem
na criação de uma motivação positiva da população face a saúde.

44
Ver cap.VI
Minsap - Guiné-Bissau 150 PNDS - 1997-2001

8 A GESTÃO DO PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SANITÁRIO

INTRODUÇÃO

Durante a elaboração do PNDS, a análise da situação actual e as discussões sobre as perspectivas


chegou-se a um consenso de que a gestão do PNDS, incluindo as suas várias fontes de
financiamento, deve visar o reforço institucional do Ministério da Saúde Pública e alias seguir as linhas
hierárquicas, as atribuições e funções dos diferentes departamentos do MINSAP, conforme ao
organigrama. A fraca capacidade institucional não deverá dar lugar à criação de células e unidades
fora do MINSAP, nem a uma mistura de funções e atribuições a nível de cada programa e serviço com
vista a curto prazo satisfazer as exigências dos financiadores ligados aos respectivos programas e
serviços. No entanto, o reforço institucional é um processo e enquanto certos serviços não tenham a
capacidade de exercer o seu papel, o objectivo deve ser de desenvolver estas capacidades. A
assistência técnica terá um papel importante a desempenhar no desenvolvimento destas capacidades
institucionais, mas deve-se cuidar para que a assistência técnica não substitua os nacionais e deve-se
portanto seleccionar cuidadosamente os respectivos homólogos.

Áreas de gestão

Quando se fala da gestão do PNDS estamos então a falar da gestão no Ministério da Saúde Pública, e
podemos distinguir nessa função de gestão as seguintes 3 áreas :

1. A gestão técnica, que se refere às actividades técnicas: a sua planificação, coordenação e


calendarização; o seguimento da eficácia e da pertinência em relação aos objectivos prosseguidos;
2. A gestão administrativa, que se refere aos recursos utilizados: a distribuição e afectação dos
recursos humanos; a aquisição, repartição e distribuição dos equipamentos, meios de transporte e
materiais medicais; a concepção, reprodução e distribuição dos instrumentos de gestão; a
organização da logística;
3. A gestão financeira, que se refere à contabilidade da utilização de fundos: o seguimento da
execução financeira dos projectos, a preparação de relatórios financeiros;

Em cada uma destas á_eas há um nível de execução e um nível de decisão; se bem que certas
decisões podem ser de facto da competência do serviço que executa, há outras que não relevam
enteiramente do referido serviço.
Minsap - Guiné-Bissau 151 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 152 PNDS - 1997-2001

8.1 QUADRO ORGÂNICA E INSTITUCIONAL DO MINSAP

8.1.1 Quadro orgânico

O novo organigrama do Ministério da Saúde Pública (C:\pnds\semjunho\gestpns2.xls) contempla o


Gabinete do Ministro e duas Direcções Gerais.

O Ministro tem o seu Gabinete, dirigido pelo Chefe de Gabinete do Ministro. A Inspecção Geral está
directamente ligada ao Gabinete do Ministro e tem por competência a fiscalização e inspecção de
todos os serviços, estabelecimentos e instituições do MINSAP, tanto no plano técnico como
administrativo. O Conselho Directivo é um orgão consultativo presidido pelo Ministro.
Existem ainda o Conselho Nacional de Saúde e a Assembleia Nacional de Saúde como orgãos
respectivamente de participação intersectorial e sectorial.

A Direcção Geral de Planificação e de Cooperação (DGPC) é o departamento estratégico, que tem


as funções de planificação, de coordenação da ajuda externa, de administração e da gestão dos
Recursos Humanos. No seio da Direcção de Planificação existe um Centro de Informação e
Estatística, onde os diferentes bancos de dados do MINSAP convergem para servir de base para o
processo de planificação. A DGPC reuna alias as grandes funções de apoio à Direcção Geral da
Saúde Pública (DGSP), que representa a própria missão do MINSAP de dirigir técnicamente a política
do sector e de coordenar e regulamentar as actividades sanitárias, sejam de ordem curativa,
preventiva, reabilitativa ou de promoção da saúde.

Visto que as funções das duas Direcções Gerais são indissociáveis e complementares, a coordenação
entre elas é considerada de maior importância e consequentemente vários mecanismos de
coordenação são estabelecidos e formalizados:
• o despacho conjunto dos dois Directores Gerais com o Ministro,
• a recepção e restituiçaõ conjunta de missões, seja de ordem técnico ou de seguimento e
• a criação do Comité de Gestão junto à DGPC que prepara os pareceres técnicos tanto sobre os
planos regionais e centrais como sobre os acordos de cooperação.

As Direcções Gerais comportam as seguintes direcções e serviços :

-- DGSP -- -- DGPC --

1. Direcção dos Cuidados Primários de Saúde: DCPS 1. Direcção dos Recursos Humanos: DRH
• Serviço de Saúde da Família: SF • Serviço de Formação e Aperfeiçoamento
• Serviço das Grandes Endemias: GE Profissional: FAP
• Serviço de Saúde Comunitária: SC • Serviço de Gestão dos Recursos Humanos: GRH

2. Direcção de Higiene e Epidemiologia: DHE 2. Direcção de Administração e Finanças: DAF


• Serviço de Epidemiologia: Epid • Serviço de Administração e Finanças: AF
• Serviço de Higiene e Nutrição: HN • Serviço do Património: Patr
• Serviço Contencioso
3. Direcção dos Serviços Farmacêuticos: DSF
• Serviço de Inspecção Farmacêutica: IF 3. Direcção de Planificação: DP
• Centro de Informação e Estatística: CIE
4. Direcção dos Serviços Hospitalares: DSH
• Serviço Nacional de sangue: SNS 4. Direcção de Coordenação da Ajuda Externa: DCAE
• Serviço de Diagnósticos Complementares: DC • Centro de Documentação: CD
• Junta Médica: JM

5. Direcção da Informação, Educação e Comunicação para a


Saúde: DIECS

A Direcção Geral da Saúde Pública tem o Conselho Técnico como orgão consultativo. Caso
necessário, os directores dos serviços e o próprio Director Geral do Gabinete de Plano participarão
neste Conselho Técnico.
Minsap - Guiné-Bissau 153 PNDS - 1997-2001

A prioridade atribuida à IEC no PNDS é reflectido pela passagem do núcleo da Educação Para a
Saúde no antigo organigrama para a DIECS no presente. A DIECS deverá integrar o núcleo
CECOMES.

A Direcção dos Serviços Hospitalares integra a Junta Médica, o Serviço Nacional de Sangue e o
Serviço de Diagnósticos Complementares (Radiologia, Laboratórios, Patologia Anatómica, Ecografia,
etc.) Os titulares desses serviços não exerçam necessariamente uma função administrativa a pleno
tempo, podendo continuar nos seus respectivos serviços.

Para um certo número de estabelecimentos está previsto um estatuto parapúblico, com autonomia
financeira: é o caso para o HNSM, os Hospitais Regionais, o Depósito Central e Regionais de
Medicamentos, a Escola Nacional de Saúde e o Laboratório Nacionl de Saúde Pública. O grau de
autonomia, a missão assim como as modalidades de interacção com as respectivas direcções de
tutela do MINSAP serão definidos ulteriormente e por cada instituição.

Os programas técnicos estarão depois do processo de integração (ver capítulo 5.3.) representados
nos serviços de Saúde da Família, Grandes Endemias e Higiene e Nutrição.

O Comité de Gestão

O orgão consultivo para a area de planificação é o Comité de Gestão, que daí desempenhará um
papel crucial no âmbito do PNDS. A sua finalidade é de preparar o parecer técnico sobre os planos
operacionais e estratégicos das regões, dos serviços centrais e das instituições personalizadas, para
além do parecer sobre os acordos de cooperação.

O número de planos sendo a volta de 30 (ver mais adiante no parágrafo sobre o ciclo de planificação),
o Comité de Gestão devera bem gerir o seu tempo, estabelecendo um calendário.

Compete ao Comité de Gestão :


1. De verificar se os planos e propostas de projectos são compatíveis e coerentes com o PNDS;
2. Se as actividades e estratégias respondem às deficiências de funcionamento de serviços ou de
cobertura em serviços essenciais ou ainda à situações epidemiológicas específicas numa
determinada região;
3. Se os pedidos de recursos são coerentes com as informações disponíveis nos diferentes bancos
de dados referntes ao pessoal, meios de transporte, etc.
4. Se o orçamento global é realista e tem suficiente cobertura, do OGE, da recuperação de custos ou
dum financiamento exterior;

O Comité de Gestão irá agendar a discussão sobre um determinado plano só após um trabalho de
preparação e de revisão de cada plano. Este trabalho preparativo inclui a desagregação da parte
referente ao orçamento geral do estado em cada plano. Esta desagregação deve permitir a
elaboração duma proposta de orçamento do Ministério da Saúde Pública para o Ministério das
Finanças.

O Comité de Gestão tem membros permanentes e não-permanentes; os membros permanentes do


Comité de Gestão são, para além dos dois Directores Gerais, o Director dos Cuidados Primários de
Saúde, de Serviços de Higiene e Epidemiologia, dos Recursos Humanos, da DAF, da Planificação e
da Coordenação da Ajuda Externa. Os membros não-permanentes podem originar das Direcções
Regionais, das outras Direcções de Serviço ou dum dos Serviços conforme a agenda da respectiva
sessão do Comité de Gestão.

É de salientar que para cumprir a sua missão, a DGPC, e mais especificamente a sua Direcção de
Planificação, que servirá de secretariado permanante do Comité de Gestão, deverá ser reforçado de
quadros com perfíl na area da saúde pública e epidemiologia, para além das capacidades na area da
economia da saúde. O PNDS propõe a nível da Direcção de Planificação dois assistentes técnicos:
um com perfíl de economista de saúde, outro com o de saúde pública, para um período de 3 anos e
que serão no mesmo tempo chamados a prestar a sua assistência à Direcção de Coordenação da
Ajuda Externa (DCAE).
O Centro de Informação e Estatística constituirá um centro que reuna os diferentes bancos de
dados do MINSAP: dados referentes às actividades sanitárias e estudos (Epidemiologia), à
disponibilidade e distribuição dos recursos humanos (DRH, SIGRH), à Ajuda Externa (Direcção de
Minsap - Guiné-Bissau 154 PNDS - 1997-2001

Coordenação da Ajuda Externa: EHMDAC), à situação das infraestruturas, equipamentos e meios de


transporte (Património) e à situação financeira (DAF). Se bem que este centro deverá ter uma certa
compreensão desses dados para poder apresenta-los conforme determinados formatos, a
interpretação dos dados é feita nos diferentes serviços de origem e a nível do Comité de Gestão.

O Centro de Documentação está directamente subordinado à DGPC e reuna as funções de arquivo


para o MINSAP e de biblioteca com informações técnicas e científicas.

8.1.2 O processo de Descentralização

O rítmo do processo de descentralização, quer dizer a transferência de responsabilidades e tarefas


dos serviços centrais para o nível regional, dependerá do reforço das capacidades gestionais das
Direcções Regionais de Saúde. Para alcançar melhorias efectivas neste âmbito, será importante
definir as estratégias para reter quadros com nível médio e superior nas regiões e para melhor
aproveitar a presença de assistentes técnicos a esse nível. A delegação da gestão financeira e
administrativa, seja de fundos provenientes da recuperação de custos, do orçamento de estado ou da
ajuda externa irá necessitar a presença de administradores qualificados a nível das regiões. Estes
administradores terão uma relação com a DAF/Património no MINSAP.

Em conclusão, a delegação de responsabilidades para o nível regional será feita duma forme gradual
e seguindo o nível de organização e maturidade de cada região.

A população terá um papel muito importante na gestão dos serviços de saúde. A estratégia da
Iniciativa de Bamako irá promover uma co-gestão não só no que diz respeito ao controlo dos recursos
e do financiamento dos serviços mas também nas discussões e decisões sobre prioridades e na
avaliação das actividades das respectivas areas sanitárias. No âmbito da Iniciativa de Bamako, a
população estará representado a nível das Areas Sanitárias nos Comités de Gestão e a nível regional
nas Comissões Regionais de Seguimento da Iniciativa de Bamako.

A descentralização geral da administração pública poderá vir a influênciar o processo de


descentralização no sector de saúde, se isto irá implicar a apresentação, aprovação e financiamento
dos planos sectoriais a nível da administração regional. Por enquanto, a descentralização geral do
aparelho do estado encontrará as mesmas dificuldades em termos de capacidades gestionais aos
níveis regionais e locais e o rítmo do processo será necessáriamente lento.

8.2 PLANIFICAÇÃO, SEGUIMENTO E AVALIAÇÃO

8.2.1 O Ciclo de planificação

O ciclo de planificação operacional (ver fluxograma c:\pnds\semjunho\gestpns3.xls) é anual e


inspira-se no Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário. Esta planificação envolve a globalidade
das actividades da instituição, direcção, região ou serviço em referência, quer dizer que cada entidade
terá um só plano anual. Dentro deste único plano estarão previstos as diferentes actividades, com
uma previsão do financiamento dessas actividades, tanto dos custos de funcionamento como os de
investimentos, e a sua repartição sobre as diferentes fontes de financiamento: orçamento do estado,
ajuda externa e sistemas de recuperação de custos.

Para facilitar e harmonizar o processo de planificação o Ministério da saúde Pública irá elaborar um
formato com orientações pormenorizadas quanto aos componentes do programa de actividades e
quanto à fiscalização dos diferentes recursos necessários para o plano. O formato será específico
para um determinado serviço, direcção ou entidade.
Minsap - Guiné-Bissau 155 PNDS - 1997-2001

As orientações contemplarão igualmente instruções quanto ao processo de elaboração do plano, a


competência e participação dos diferentes técnicos envolvidos e os pareceres necessários a nível da
respectiva direcção ou entidade. Assim poder-se-á prever por exemplo mecanismos de participação
para as autoridades administrativas, as áreas sanitárias ou os seus comités de gestão no processo de
planificação regional.

As seguintes entidades enviam os seus planos à Direcção de Planificação da DGPC, com cópia para
a DGSP, ao fim de serem submetidos ao parecer técnico do Comité de Gestão :
• As Direcções Regionais e as Direcções das Subregiões (11);
• A DGSP e cada uma das suas Direcções de Serviços (1+5);
• A DGPC e cada uma das suas Direcções de Serviços (1+3);
• As instituições de âmbito nacional com estatuto parapúblico (9) : (HNSM, 5 HR, LNSP, ENS,
DCM/DRM)

A Direcção Regional ou outra entidade que submete o plano estará presente na reunião do Comité de
Gestão onde o respectivo plano é agendado. A aprovação final dos planos é da competência do
Ministro, num despacho conjunto com o Director Geral da Saúde Pública e o Director Geral da
Planificação e de Cooperação. Eventuais deliberações finais ou contestações poderão ser feitas a
nível do Conselho Directivo do MINSAP.

Após aprovação, os planos são enviados à DGSP, à DRH, à DAF, ao Centro de Documentação e
Informação e aos parceiros de desenvolvimento implicados nos respectivas serviços e/ou direcções
regionais. A DAF assegura e/ou coordena o seguimento administrativo e financeiro, a DGSP assegura
o seguimento e avaliação técnica. O grupo de supervisores nacionais deverão obrigatoriamente dispor
duma cópia dos planos regionais para efectuar a sua missão. Na avaliação, são as mesmas entidades
que são envolvidas.

A DAF deverá receber todas as informações relativas a execução do orçamento, tanto a parte OGE, a
recuperação de custos e a ajuda externa. O Ministéro das Finanças recebe uma retroinformação sobre
as partes concernentes a execução do OGE e a recuperação de custos, o Ministério da Cooperação
Internacional e do Plano recebe as informações referentes ao Programa de Investimento Público.

O ciclo de planificação anual no quadro do pnds

Mès Actividades Responsável


Janeiro • Preparação relatorio preliminar de execução financeira do no • DAF, regioes, progr. E
precedente (documento a ser apresentado na Mesa Redonda Anual) srviços centrais
Fevereiro • Mesa Rdonda Anual • DGPC
Julho • Informação as regiões e entidades centrais sobre disponibilidades • DGPC, DAF
orçamentais • Regioes
• Elaboração primeiro esboço de plano anual reginal
Setembro • Reuniao anual de Avaliaçao integrada • DGSP, DHE, DGPC
• Concertaçao entre Regioes e Programas e Serviços Centrais sobre a
programaçao do ano seguinte (no âmbito do Conselho Técnico)
Outubro • Preparaçao relatorios para a Mesa Redonada Anual : • DGSP, DHE
Avaliaçao anual de Setembro • DCEA
Ajuda externa, incluido Assistência técnica • Respectivas entidades
• Preparaçao Planos Anuais Programas e Serviços Centrais • Regioes
• Finalizaçao Planos Anuais Regionais
Novembro • Finalizaçao Planos Anuais dos Programas e Serviços Centrais • Respectivas entidades
• Parecer Comité de Gestao sobre planos regionais e centrais • DGPC, DP
Dezembro • Elaboraçao do Plano Estrategico Anual, resumindo e compilando as • Comié de Gestao, DP
informaçoes essenciais dos planos regionais e centrais (documento a • Ministro, DGSP, DGPC
ser apresentado na Mesa Redonda Anual) • DGPC : DCEA e DP
• Aprobaçao Planos Anuais das diferentes estruturas
• Envio Planos (parciais) aos doadores
Minsap - Guiné-Bissau 156 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 157 PNDS - 1997-2001

8.2.2 O Sistema de Informação Sanitária e o Centro de Informação e Estatística

Por definição, um sistema nacional de informação sanitária é constituido por um conjunto de


mecanismos e de procedimentos que visam recolher, tratar, interpretar, divulgar e utilizar informações
necessárias à gestão dos sistemas de saúde. Para o efeito, este sistema deverá fornecer informações
sobre :
• os "inputs" do sistema de saúde: recursos humanos, infraestruturas e equipamentos, recursos
financeiros, etc.
• o "processo": planificação, supervisão, formação, prestação de cuidados, avaliação, manutenção,
etc.
• os "outputs": cobertura vacinal, utilização dos serviços curativos, actividades intersectoriais, etc.
• o "impacto" do conjunto do sistema sobre o estado de saúde das populações: Morbilidade,
mortalidade.

Os objectivos operacionais do SNIS são os seguintes :


1. Criar um sistema de informação coerente, fiável e performante que serve para guiar a planificação,
o seguimento, a avaliação, a correcção e a gestão dos serviços e programas sanitários;

2. Reforçar as capacidades de recolha, tratamento, análise, interpretação e utilização das


informações a todos os níveis;

A coordenação das informações provenientes dos subsistemas de Epidemiologia, Recursos


Humanos, Gestão da Ajuda Externa, DSF, DAF, Supervisores Nacionais será efectuada pela
Direcção de Planificação que será para o efeito reforçada a tempo parcial por elementos dos
serviços acima referidos. A Direcção de Planificação funciona como secretariado permanente do
Comité de Gestão. É no Centro de Informação e Estatística da Direcção da Planificação que os
diferentes subsistemas mandam a informação referente ao respectivo subsistema. Se bem que por
enquanto os diferentes serviços gerem o banco de dados deles e analizam a informação respectiva, o
CIE tem por função de relatar e fazer a síntese das diferentes informações umas com outras
consoante as necessidades do Comité de Gestão e do processo de planificação.

No subsistema dos Recursos Humanos já se iniciou a informatização dos dados referentes à


gestão dos recursos humanos com o software SIGHRS (Sistema de Informação e Gestão de
Recursos Humanos da Saúde), os dados relativos ao pagamento de salários (DAF) sendo
informatizados no âmbito do PINSAC (Projecto de Informatização dos Salários e da Administração
Central). Todos os processos individuais serão conferidos (será arquivada a fotocópia do bilhete de
identidade, dos diplomas, etc.) e actualizados com as informações sobre as formações (terão uma
autorização superior e contarão para progressão na carreira) e com informações provenientes das
regiões. (ver capítulo 6. Desenvolvimento e Formação de Recursos Humanos).

A Direcção de Coordenação da Ajuda Externa dispõe já do programa EHMDAC ao fim de melhorar


a gestão e coordenação da ajuda externa. Para uma melhor gestão dos medicamentos, foi já
desenvolvido um sistema de gestão de estoques e receitas que está para ser implementado a nível
das regiões. No que respeita à gestão financeira e à gestão do património, sistemas transparentes
serão desenvolvidos no âmbito do PNDS, especificamente o reforço institucional da DAF (ver 8.2.4.)

O fluxograma resuma o papel das diferentes entidades no fluxo de um sistema global de informação
sanitária.

Os outros componentes sendo discutidos em outros capítulos, as seguintes estratégias referem-se


principalmente à parte epidemiológica do sistema nacional de informação:
Minsap - Guiné-Bissau 158 PNDS - 1997-2001

a) Integração e coordenação das informações

A avaliação conjunta das actividades das regiões em setembro constitue um dos mecanismos de
coordenar as informações referentes aos diferentes programas de saúde. A supervisão integrada pode
ser considerada como outro mecanismo de coordenação no sistema de informação, os supervisores
nacionais devendo conhecer e dominar o essencial dos diferentes subsistemas.

A partir de 1997, a vigilância epidemiológica será organizada pelo Serviço de Epidemiologia,


integrando a vigilância até então realizada por alguns Programas, nomeadamente SIDA e
Tuberculose. Os inquéritos previstos pelo PNLS também serão realizados pela Epidemiologia.

Os estudos e pesquisas serão coordenados pela Epidemiologia, competindo-lhe a recomendação e


realização de novos estudos e pesquisas, a validação dos protocolos e dos resultados, recorrendo ao
parecer técnico e ético de outros consoante a necessidade.

A colaboração já iniciada com projectos de pesquisa, nomeadamente com o Projecto de Saúde de


Bandim será reforçada através da realização conjunta de estudos e pesquisas, de sessões de
validação dos dados de rotina, dos critérios de risco (p.e.ARO) e das estratégias preconizadas.

Os resultados dos diferentes estudos deverão ser regularmente divulgados e a sua utilização e
implicação para os programas de saúde devem fazer objecto de reflexões sérias.

b) Melhoria da qualidade das informações

As necessidades em informação e alguns indicadores foram definidos (outros serão definidos


posteriormente, ver quadro lógico), determinando as metodologias de recolha. Ainda as definições de
caso e critérios deverão ser estandartizados e será elaborado um novo manual do SIS.

Além dos 4 postos sentinela utilizados actualmente para o seguimento da infecção pelo VIH e sifilis
nas mulheres grávidas, serão criados mais 4 centros, seleccionados nas zonas rurais e urbanas, para
efeitos de seguimento de resistência aos antibióticos (DST !), antipalúdicos e para permitir o
seguimento da incidência de outras infecções. Estes centros desenvolverão contactos não só com o
serviço de Epidemiologia, mas também com o LNSP e o CMT.

Os estudos prospectivos a nível comunitário, como o estudo do Tétano Neonatal de grupo de Peter
Aaby, servirão para validar os dados de rotina.

A subestimação da população menor de um ano pelo censo de 1991, será corrigido a partir da taxa de
natalidade e da mortalidade infantil. A cobertura do BCG no inquérito de 1994 servirá para validar este
método de cálculo.

O controle da qualidade dos dados e a formação contínua através de supervisões regulares serão
efectuadas pelas equipas regionais de saúde sob a responsabilidade dos Directores Regionais.
Avaliações internas e uma avaliação externa logo em 1997 e no ano 2001 permitirão reorientar melhor
as acções.

c) Descentralização da utilização e gestão da informação às regiões

Descentralizar-se-á o SNIS às regiões, passando estas a responsabilizar-se não só pela recolha e


transmissão, como também pela interpretação, a qualidade e a tomada de decisões na base das
informações. As regiões serão dotadas gradualmente de bancos de dados regionais. A formação do
pessoal a todos os níveis será uma actividade prioritária nesse âmbito.

Além dos indicadores nacionais serão desenvolvidos indicadores característicos consoante a


especificidade das estratégias de cada região.
Minsap - Guiné-Bissau 159 PNDS - 1997-2001

A recolha das informações será organizada seguindo a divisão do novo mapa sanitário.

Uma atenção especial será dada ao nível local incentivando os enfermeiros a conhecer as suas áreas
sanitárias, complementando os dados estatísticos com outras informações qualitativas, por exemplo
utilizando o MARP (Método Activo de Pesquisa Participativa) que poderiam apoiá-los na orientação
das suas acções e na resolução dos problemas tendo em conta as aspirações da população e
possivelmente com o apoio desta.

Assim, a recolha de dados de mortalidade e natalidade nas tabancas (recorrendo à propria


população), de dados sobre as actividades das USB e a utilização do método MAPP poderiam
colmatar as lacunas dando uma base multifacetar para a planificação com a participação da
população.

A responsabilização do Director regional e a introdução de indicadores de regularidade deverão


contribuir para a transmissão atempada e regular das informações. A retroinformação será reforçada
tanto do nivel central ao regional, como do regional ao local.

A operacionalização do sistema de alerta precoce das infecções a potencial epidémico (não sómente
da cólera) permitirão uma tomada atempada de medidas com vista a controlar os surtos epidémicos
cada vez mais frequentes na região africana.
Minsap - Guiné-Bissau 160 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 161 PNDS - 1997-2001

8.2.3 A Coordenação da Ajuda Externa - Mesas redondas anuais de seguimento do PNDS

Visto a importância da ajuda externa no financiamento global do Sistema Nacional de Saúde, o Centro
de Coordenação da Ajuda Externa da DGPC tem no organigrama o estatuto duma Direcção de
Serviço. Esta Direcção terá um papel extremamente importante no que respeita a coordenação do
processo de negociação, alocação, gestão e seguimento da ajuda externa. O fluxograma segue a
mesma lógica do fluxograma para o processo da planificação com o Comité de Gestão como orgão de
coordenação numa posição chave tendo por competência de dar o seu parecer técnico sobre os
novos acordos de cooperação e o seguimento dos mesmos.

O Centro de Coordenação da Ajuda Externa já introduziu o programa EHMDAC lhe permitindo em


princípio de constituir um banco de dados actualizado sobre os projectos de cooperação e
consequentemente uma melhor informação da ajuda externa, por categoria de custos, tipo de ajuda e
níveis de alocação. Falta-lhe definir melhor os "outputs" e os formatos dos relatórios que deverão sair
desse software EHMDAC; a definição destes outputs será de facto uma actividade conjunta da DHE
(Epidemiologia), DGPC (Centros da Coordenação da Ajuda Externa e da Planificação), DGSP, DRH e
DAF, alias da competência do Comité de Gestão da DGPC.

No mês de fevereiro prevê-se organizar uma Mesa Redonda anual para o seguimento, a avaliação e a
revisão do PNDS. Nessa reunião serão apresentados aos parceiros:
• o relatório da avaliação anual das actividades das regiões e entidades centrais (Setembro);
• o relatório sobre a ajuda externa, incluindo a assistência técnica (Outubro);
• o relatório preliminar sobre a execução fnanceira (Janeiro);
Minsap - Guiné-Bissau 162 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 163 PNDS - 1997-2001

8.2.4 Os procedimentos e a Gestão administrativa e financeira : o reforço institucional da DAF

A execução orçamental, quanto à parte do Orçamento Geral do Estado, é da responsabilidade da


DAF. No âmbito da entrada do país na UEMOA todo o sistema de contabilidade pública está sujeito a
uma profunda reestruturação que visa melhor padronização de procedimentos, rigor e eficiência. Além
disso o OGE irá integrar nos próximos anos tanto a parte dos custos correntes como a parte referente
aos investimentos públicos, até então no PIP e controlada pelo Ministério do Plano e Cooperação
Internacional.

Para melhorar as capacidades da DAF em matéria da gestão de fundos e de contabilidade, o PNDS


prevê uma assistência técnica para um período de pelo menos 3 anos nesta direcção. A organização
de concursos públicos para a execução de obras e a aquisição de materiais e equipamentos poderá
eventualmente ser delegada a agências especializadas na matéria. O reforço da DAF já foi iniciado
com assistências ponctuais no quadro da utilização dos fundos de contrapartida da CU e deverá se
concertar com as reestruturações a nível do Ministério das Finanças no âmbito da UEMOA acima
referidas. Por outro lado dever-se-á desenvolver a nível da DAF uma certa diferenciação e
especialização no que diz respeito aos procedimentos e requisitos dos maiores parceiros em termos
da gestão dos seus apoios.

O desenvolvimento de sistemas de seguimento de inventários, a definição de procedimentos e


manuais para a manutenção e a padronização dos tipos de equipamentos e meios de transporte são
todos atribuições do Serviço de Património, aspectos das quais merecerão missões de curta duração
a fim de se estudar a situação actual, propôr os sistemas a serem instituidos, elaborar manuais de
procedimentos e introduzir os mesmos.

Para a parte da ajuda externa existem grosso modo três modalidades de execução dos orçamentos:

• Os projectos e/ou fundos são geridos pela própria organização de cooperação ou por uma
unidade de gestão que é financiado no âmbito do projecto :
O MINSAP tenta na medida do possível obter todas as informações sobre a execução do projecto
e os recursos envolvidos, seja humano, material ou financeiro. Estas informações são tratadas e
analizadas com utilização do software EHMDAC. Uma retroinformação é fornecida aos respectivos
parceiros de desenvolvimento e ao Ministério de Plano e Cooperação.

• O projecto e/ou os fundos são geridos pelo Ministério da Saúde ou uma das suas Direcções,
Regionais ou outra, ou Serviços Centrais :
Neste caso, é um administrador do MINSAP que trata de toda a gestão administrativa e financeira;
neste contexto, é essencial que todos os administradores nos diferentes departamentos do
MINSAP relevam da DAF ou tenham pelo menos relações estreitas de trabalho com a DAF. Os
relatórios financeiros são visados pela DAF e enviados como justificativos ou retroinformção aos
respectivos parceiros de desenvolvimento e ao Ministério do Plano e da Cooperação. Os dados
são introduzidos de forma resumida no software EHMDAC para melhor seguimento e coordenação
da ajuda externa.

• A terceira modalidade é provavelmente mais frequente e consiste numa combinação das


duas modalidades anteriores :
Parte dos fundos é gerido segundo modalidade 1, sobretudo rúbricas como o tratamento dos
assistentes técnicos, compra de materiais, medicamentos, equipamentos, meios de transporte, etc.
Outra parte de fundos é transferida para o MINSAP e gerido conforme a modalidade 2.

Mesmo que o orçamento do PNDS esteja apresentado segundo o nível de alocação dos fundos (Área
Sanitária, Direcção Regional de Saúde, Hospital Regional, etc.), isto não implica automaticamente a
descentralização da execução de todas as funções. Nomeadamente funções como a aquisição de
medicamentos e equipamentos e os concursos públicos para obras ou reabilitações continuarão
centralizadas, por motivos de complexidade e eficiência. A necessidade de se engajar administradores
profissionais a nível das regiões sanitárias, subordinados à DAF, já foi sublinhada e determinará até
certo ponto os limites da descentralização neste âmbito.

O seguinte quadro resuma duma forma esquemática como se prevê a execução dos diferentes
financiamentos e como eles se enquadram no âmbito do PNDS:
Minsap - Guiné-Bissau 164 PNDS - 1997-2001

Estado (OGE) Doadores/ONG com Doadores/ONG com Doadores/ONG com Doadores com
Fundos de gestao propria gestao mista : gestao delegada ao financiamentos fora
contrapartida (CE) O sistema de (AT, supply, MINSAP/PNDS da perspectiva do
financiamento subcontrataçoes e PNDS
cumunitario e a concursos sendo
gestao das tratados geralmente
instituiçoes pelo doador)
personalizadas
inseram-se nessa
coluna
    
Gestao pela DAF cf. Gestao pelo doador Ver colunas jacentes Gestao pela DAF, Pedir relatorios de
procedimentos MINFIN  apoiada com AT e de actividades e de
(com reestruturaçao fornecimento de acordo com as execuçao financeira
prevista no âmbito da relatorios ao MINSAP especificidades e
UEMOA) sobre execuçao exigências dos grandes
doadores (p.e. BM,
BAD, ...)
    
Inscrever no orçamento Inscrever no orçamento Inscrever no orçamento Inscrever no orçamento
PNDS combase na PNDS com base nas PNDS com base nas PNDS com base nas Sensibilizar para
tabua de tabuas de tabuas de tabuas de subscrever o PNDS
correspondência OGE- correspondência de correspondência de correspondência de
PNDS cada doador com cada doador com cada doador com
PNDS PNDS PNDS
    
PLANO GERAL DE CONTABILIDADE ANALITICA DO PNDS

Com chaves analiticas :


• por Centro de custo
• por objectivo do PNDS
• por programa e actividade

   
Retroinformaçao ao Rtroinformaçao ao Retroinformaçao ao Retroinformaçao ao
MINFIN e Governo doador doador doador

8.3 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO PNDS

Dos indicadores mencionados no quadro lógico (capítulo 1), os indicadores mais importantes foram
resumidos no quadro que se segue. As metas a serem alcançadas durante os diferentes anos do
PNDS são apresentados em anexo.
Minsap - Guiné-Bissau 165 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 166 PNDS - 1997-2001

9. ORÇAMENTO DO PNDS E PERSPECTIVAS PARA O FINANCIAMENTO DO


SECTOR

9.1 O ORÇAMENTO DO PNDS

O orçamento está apresentado nos 4 quadros que se seguem. O quadro a seguir (ctr-cust.pns) defina
os diferentes Centros de Custos utilizados:

a) Área Sanitária
b) Direcção Regional de Saúde
c) Hospital Regional

Estes primeiros 3 centros de custos constituem no primeiro quadro recapitulativo do PNDS (I) a
coluna "Regiões". A repartição do orçamento sobre os 3 centros de custos dentro da "região" figura no
segundo quadro: orçamento das regiões (II).

d) Hospital Nacional e Centros de Referência de âmbito nacional (HN/CR)

Estas instituições são especificadas no quadro III.

e) Programas

Neste centro de custos encontra-se os programas técnicos e os serviços de apoio operacional.

f) Direcções Centrais

O orçamento total monta até 58 milhões de USD sobre os 5 anos em referência, quer dizer 11,6
milhões de USD por ano.

Uma apresentação mais detalhada do orçamento, com repartição por região, por ano do PNDS e com
descrição dos critérios de cálculo utilizados, será fornecido ulteriormente.

Como se pode constatar, a parte reservada à Assistência técnica representa 22% do orçamento. É de
salientar que no decurso do PNDS prevê-se uma diminuição do peso da assistência técnica (ver
quadro sobre a AT no anexo). Nos últimos anos do PNDS a parte reservada à assistência técnica em
relação ao orçamento anual será entre 12 e 15%.
Minsap - Guiné-Bissau 167 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 168 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 169 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 170 PNDS - 1997-2001
Minsap - Guiné-Bissau 171 PNDS - 1997-2001

9.2 FINANCIAMENTO DO SECTOR: PERSPECTIVAS DE EVOLUÇÃO

A fim de avaliar os fundos disponíveis para a saúde serão passados em revistas os componentes das
fontes de financiamento do sector:
• As despesas do orçamento ordinário - OGE, reagrupamento de despesas de investimento e
sobretudo de funcionamento (essencialmente salários). Este orçamento integra a ajuda directa da
União Europeia (fundos de contrapartida).
• O Programa de Investimento Públicos elaborado pelo Ministério de Plano e no qual são inscritos os
fundos oficiais provenientes de ajuda externa, constituídos por diferentes projectos. Uma pequena
parte (cujo nível de execução é muito fraco (cerca de 5%) representa a contrapartida nacional.
• As despesas no âmbito da ajuda externa «fora do PIP», não contabilizadas ao nível do Ministério
do Plano (projectos diversos).
• Os recursos não negligenciáveis provenientes da população através dos sistemas de recuperação
dos custos dos medicamentos (p.e. a Iniciativa de Bamako) ou dos sistemas de seguro.

a) A evolução do orçamento de funcionamento do Estado (OGE) consagrado à saúde

Para 1997 o orçamento da saúde vai estabilizar-se em termos de flutuação de câmbio graças a
entrada do país na UEMOA. O orçamento de 1997 adoptado pelo Ministério das Finanças representa
2,53 milhões US$ (à taxa de 580 FCFA para 1 US$). Inclui a ajuda orçamental directa da união
europeia (fundo de contrapartida gerados pelo programa geral de importação). Esta deveria manter-se
constante de ano para ano e representar aproximadamente 1,25 Milhões de US$ por ano.

Se o governo respeita os seus compromissos e o PIB cresce, em FCFA, ainda que ligeiramente, e
graças ao apoio UE, o orçamento e as suas despesas executadas deveriam manter-se alem de 2,5
milhões de dólares durante os próximos 5 anos. No período 1997- 2001 podemos portanto esperar um
financiamento OGE do sector da ordem de 13 milhões USD para os 5 anos. Em caso de forte
degradação económica, este financiamento não poderia em caso nenhum descer de 2,25 milhões
US$ (salário + apoio UE) por ano, ou seja 11,25 milhões para o referido período. Em caso de melhoria
de receitas e na base de uma hipótese optimista de crescimentos de 5% por ano, poderiam dispôr de
14,6 milhões US$ para o período em questão. O intervalo não é muito grande, o que tranquiliza no
que respeita a parte do financiamento do sector coberta pelo OGE. No entanto não se pode perder de
vista que o financiamento do Estado através do OGE, é duma importância vital para o PNDS e ele
constitui no mesmo tempo o maior risco do PNDS, uma vez que financia a totalidade dos salários do
pessoal de saúde, motor de sistema.

b) O Programa de Investimento Público: Ministério do Plano

O PIP orçamentado em 1996 elevava-se a 4,7 milhões de US$. A execução teria sido de 4,5 milhões
de US$, o que é admirável uma vez que a metade das programações que se inscreveram no PIP de
1996 (2,33 dos 4,67 milhões) foram previsões de financiamentos do BAD dos quais nada foi
executado. Aparentemente, o PIP não representa um quadro completo e fiel da ajuda externa que o
sector recebe e os dados sobre a execução dos projectos incluidos merecem melhor precisão.

c) Os financiamentos extra-orçamentais

São os financiamentos não incluídos no OGE nem no PIP, que podem contemplar tanto as despesas
de investimento como do funcionamento, podendo as proporções variar grandemente de um doador a
outro. Uma estimativa feita no exercício orçamental de 1994 mostrava que num orçamento de 16
milhões US$ para a saúde, os financiamentos extra-orçamentais representavam 54%, os
financiamentos inscritos no PIP 31%, os restantes 2% eram relativos à participação financeira dos
pacientes. Estes números devem ser aproximados porque são baseados em estimativas. É de lembrar
que até ao momento o MINSAP não despõe de uma base de dados dinâmica que permita a análise, a
coordenação e a síntese do conjunto das fontes de financiamentos do sector, PIP e extra PIP, apesar
destes justificarem mais de 80% dos recursos financeiros injectados no sector.
Minsap - Guiné-Bissau 172 PNDS - 1997-2001

d) Os fundos provenientes da participação comunitária

Na base das projecções realizadas pela Direcção dos Serviços Farmacêuticos, pode-se estimar que
as receitas provenientes da venda de medicamentos poderiam atingir 4 até 5 milhões US$ nos
próximos 5 anos (baseia-se sobre uma recuperação do preço FOB passando de 100 a 250% em 10
anos). Estes estimativas baseadas em cenários de crescimentos pouco ambiciosos podem ser
considerados mínimos. Muitas experiências na sub-região demostraram que esta progressão poderia
ser muito mais rápida.

A isto poderia adicionar-se meio milhão US$ provenientes da venda de mostiqueiros impregnados
(Direcção das Grandes Endemias - Programa de Paludismo).

Estes fundos internos esperados, mais ou menos 7-8% do orçamento total, são benvindos porque
permitem geralmente, além do reabastecimento de medicamentos, prémios de motivação dificilmente
financiáveis de outras formas, mas essenciais no contexto actual dos níveis salariais. Em caso de
aceleração do processo poderiam ser ainda mais elevados.

e) Análise do financiamento global do PNDS

O quadro a seguir foi elaborado na base de orçamentos e despesas executadas, provenientes de


diferentes fontes; está incompleto e deve necessariamente ser melhorado. Tem todavia o mérito de
apresentar uma projecção relativa à disponibilidade em fundos externos. Este quadro deveria
constituir a base de discussão da mesa-redonda relativamente ao financiamento do PNDS. Pede-se
aos financiadores de bem querer perdoa-nos para eventuais erros nos montantes apresentados. As
correcções poderão ser feitas no decurso da mesa -redonda.

Para analisar o quadro é importante saber que :

• O seu objectivo é determinar as necessidades líquidas de financiamento em fundos externos.


Toma portanto em consideração o OGE, a contribuição das populações e os dons externos.
• Os dons externos foram estimados na base dos dados disponíveis e de discussões com os
principais representantes dos doadores. A assistência técnica foi estimada na base de 85.000 US$
em média por pessoa/ano.
• Os dons externos foram subdivididos em financiamentos «seguros» (com fortes indícios que se
prolongarão para o futuro) e financiamentos «pouco seguros ou desconhecidos» (não é possível
actualmente garantir a disponibilidade destas fontes de financiamento ou de conhecer o montante
global previsto).
• Os montantes anuais foram simplesmentes multiplicados por 5 para o período 1997-2001.
• Nos casos em que um financiador investe numa rúbrica claramente identificada no PNDS, foram
indicados os montantes financiados conforme as previsões do orçamento PNDS e não a totalidade
do investimento, se este for maior.

Graças a este quadro pode-se analisar a necessidade líquida de financiamento na base de diferentes
cenários:

• Cenário pessimista: OGE mínimo, insucesso na divulgação da Iniciativa de Bamako,


financiamentos pouco seguros reduzidos, sem novos financiadores.
• Cenário mais provável: OGE na ordem de 12,5 milhões US$, participação das populações de 4,5
milhões US$, obtenção limitada de financiamentos da categoria "pouco seguros ou
desconhecidos".
• Cenário optimista: OGE a 14,6 milhões US$, participação da população de 6,5 milhões US$,
obtenção da totalidade dos financiamentos pouco seguros.
Minsap - Guiné-Bissau 173 PNDS - 1997-2001

O resultado destes diferentes cenários seria :

Scénario
Pessimiste Le plus probable Optimiste
OGE 11,20 12,50 14,60
Population 1,50 4,50 6,50
dons surs 26,50 26,50 26,50
dons peu surs 5,00 8,00 10,00
Total 44,20 51,50 57,60
Budget PNDS 58,03 58,03 58,03
Besoins nets en financement 13,83 6,53 0,43

As necessidades líquida de financiamento oscilam entre 0,43 e 13,83 milhões US$, segundo as
hipóteses.

Os recursos em créditos BAD e BM são suficientes para cobrir as necessidades líquidas de


financiamento qualquer que seja o cenário. Entretanto, se os novos doadores intervêm ou se os
antigos aumentam os respectivos dons, o peso dos empréstimos BAD/BM seria reduzido e contribuiria
portanto para evitar o sobrendividamento externo do país.

Tendo sido o PNDS orçado na base de necessidade mínimas em 58 milhões US$ para 5 anos, o
cenário médio indica uma necessidade financiamento líquido provável de 6,53 milhões, seja 1,31
US$/ano, o que representa 11% das necessidades. Em caso de evolução favorável da situação
(economia nacional, doadores, recuperação de custos, etc.) a necessidade líquida seria somente de
0,43 milhões US$ para os 5 anos. Em caso de cenário desfavorável seria de 2,8 milhões US$/ano.

Em relação ao cenário intermediário três soluçóes cumulativas:


• disponiblização de fundos suplementares em particular de novos doadores, que idealmente
deveriam ser suficiente flexíveis para permitir ao Ministério da Saúde Pública orientar os
financiamentos para assegurar as rúbricas não cobertas pelo PNDS
• A reorientação dos recursos de certos projectos no sentido do PNDS.
• O aumento do montante dos empréstimos/créditos ao sector por intermédio do BAD ou do Banco
Mundial, solução menos desejável por favorecer o aumento da dívida externa do país.
• Será com certeza durante a mesa-redonda que poderão ser encontradas as soluções concretas.
Minsap - Guiné-Bissau 174 PNDS - 1997-2001

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