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Quarta, 19 de Fevereiro de 2020

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Colossenses 2.6-12 - Um Alerta Fundamentado na Suficiência
de Cristo
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Paulo disse no v. 5 que se alegrava pelo fato dos crentes de Colossos


estarem firmes na fé. Conforme visto, isso significa que eles mantinham
um forte apego ao evangelho que lhes fora pregado pelo apóstolo.
Basicamente, os colossenses tinham crido em Cristo como o Filho de
Deus encarnado (Hb 2.14) que, vindo ao mundo, morreu pelos nossos
pecados e ressuscitou para a nossa justificação (Rm 4.25).  Era essa a
mensagem a que eles estavam fortemente arraigados.

O v. 6 traz em seu início a palavra “portanto”, tradução de um termo grego


geralmente usado no sentido inferencial. Assim, é como se Paulo começasse o novo parágrafo com a
palavra “conseqüentemente”, ligando esse trecho ao v. 5. O apóstolo está como que dizendo: “Vocês
abraçaram firmemente a fé (v. 5), conseqüentemente... (v. 6)”. A seguir, contudo, Paulo não diz de pronto
quais são as conseqüências esperadas dessa fé. Em vez disso, ele se refere a ela novamente, usando,
porém, outras palavras, ou seja, ele afirma que os seus leitores haviam recebido Cristo Jesus.  Dessa forma,
Paulo identifica o crer com o receber, fazendo o leitor cristão moderno se lembrar fatalmente de João 1.12.

Essa identificação do crer em Cristo com o receber Cristo é fundamental para a compreensão da natureza da
fé salvadora. A fé que salva não é a mera adoção de um conjunto de proposições doutrinárias. Não se
constitui no simples assentimento intelectual que acolhe e repete mecanicamente as teses principais da
teologia cristã. Tampouco consiste numa opinião positiva sobre Cristo e seus ensinos.[1] Não! Crer em
Cristo no sentido salvífico é recebê-lo.

Não há dúvida de que o verbo usado aqui por Paulo e traduzido como “receber” tem o sentido de aceitar o
que foi dito sobre Cristo.[2] Porém, é muito intensa também a idéia de unir-se a ele. Na verdade, o sentido de
associação é tão forte no verbo empregado aqui que algumas vezes ele é usado para se referir ao ato de
desposar uma mulher, ou seja, “recebê-la” como esposa (Mt 1.20,24).

Desse modo, o conceito de fé salvadora não se esgota numa resposta cerebral positiva ao que o evangelho
ensina. Ainda que isso a componha, a fé que salva vai além e se manifesta numa disposição interior de unir-
se a Cristo, de entregar-se como uma esposa a ele, passando a lhe pertencer por toda a vida.

Ao fim do v. 6, Paulo aponta o que deve vir logo depois do crer. O texto diz: “continuem a viver nele” ou,
literalmente, “andem” nele. O sentido presente aqui denota o viver sob a autoridade e a influência de Cristo
(1.10). Trata-se de uma construção semelhante a que se encontra em Gálatas 5.16, onde a idéia é
claramente a de sujeição ao domínio do Espírito Santo.
O crente deve andar em Cristo porque, conforme Paulo recorda no próprio texto, Cristo Jesus é “o Senhor”, ou
seja, ele é o Deus soberano.  A menção do senhorio divino de Jesus aqui não é incidental. Paulo o destaca
com o fim de desfazer os falsos conceitos de Cristo que estavam sendo disseminados na região de
Colossos, os quais definiam Jesus como mais uma das emanações de Deus, ou seja, um anjo entre outros.
[3] Essa cristologia reducionista desencorajava a fé e desmotivava a sujeição a Cristo, sendo necessário
remover qualquer sombra dela da mente da igreja, a fim de que sua obediência e devoção ao Salvador
fossem completas.

No v. 7, o apóstolo ensina que o andar em Cristo deve ser assinalado por constância inabalável. De fato,
segundo ele os crentes deviam estar “enraizados” no Senhor, ou seja, deviam criar profundas e fortes raízes
de fidelidade, dependência e sujeição a ele. Além da figura extraída do contexto agrícola, Paulo reforça a
idéia de solidez usando a linguagem própria da construção civil. Ele diz: “edificados nele”. O termo usado
aqui, além de sugerir a permanência firme sobre um alicerce, comporta também a noção de dinamismo, ou
seja, a imagem de uma edificação que cresce (At 20.32; Jd 20-21). Assim Paulo faz nesse trecho uma
referência ao crescimento espiritual que decorre da sólida comunhão com Cristo (1Pe 2.4-5).

Disso tudo se depreende que o verdadeiro andar no Senhor implica perseverança e crescimento. O crente
que vive nele tem a firmeza de uma grande árvore cujas raízes profundas a prendem fortemente ao solo
bom. Esse crente também tem sua vida espiritual construída sobre o sólido alicerce que é Cristo, ou seja,
sobre a constante comunhão com ele. Essa comunhão promove crescimento no conhecimento da verdade e
na santificação.

Paulo acrescenta a isso tudo a expressão “firmados na fé”. O particípio usado aqui mantém a noção de
permanência presente em todo o v. 7. Trata-se de uma advertência para que os colossenses retivessem o
conjunto de verdades doutrinárias que tinham aprendido de Epafras (1.7,23). Isso fica claro por meio das
palavras “como foram ensinados”. Mais uma vez o apóstolo encoraja os seus leitores a rejeitarem o ensino
novo e fraudulento que se espalhava pelo vale do rio Lico e os admoesta a perseverar com vigor nas
doutrinas verdadeiras que lhes foram entregues no início (1Tm 4.16; Hb 13.9; 2Jo 9; Jd 3).

A última cláusula do v. 7 mostra que o real andar em Cristo, com suas marcas de perseverança, crescimento
e apego à sã doutrina, deve também ser assinalado por transbordante gratidão. Sob o senhorio de Cristo, em
crescente comunhão com ele e abraçado fortemente às verdades da sua Palavra, o crente é capaz de
desenvolver uma noção mais clara da imensidão da graça que lhe foi dada. Assim, ele deve se empenhar
para que a murmuração, as queixas e as frustrações cedam lugar à imensa gratidão que decorre da
percepção de quem Cristo realmente é, do que consistiu sua obra de salvação e do privilégio que representa
ter sido alcançado por ele.

O verbo que Paulo usa para se referir à gratidão e traduzido aqui como transbordar aponta para algo que
progride e que vai além do suficiente. O apóstolo fala, assim, de uma gratidão rica, nutrida pelo homem que
conhece as riquezas de Cristo (2.3).

Movido pelo desejo de que os colossenses revelassem firmeza na fé, Paulo os exorta a ficarem atentos para
que ninguém os escravizasse com falsos ensinos (v. 8). Ele os admoesta para que “tenham cuidado”! O
imperativo usado por Paulo aqui tem o sentido figurado de manter os olhos da mente bem abertos,
discernindo as coisas e percebendo o que é perigoso.  Num mundo em que a verdade está constantemente
sob ataque, essa é a postura que o crente deve adotar em todo o tempo.

Os falsos ensinos acerca dos quais Paulo alertava os colossenses eram “filosofias vãs e enganosas”, ou
seja, tratavam-se de sistemas de pensamento vazios que, além de serem incapazes de produzir qualquer
efeito salutar na vida das pessoas, também as confundia e ludibriava. Essas filosofias tinham como base
meras “tradições humanas”, ou seja, idéias e práticas inventadas por homens e por eles entregues aos
outros.[4]
De fato, os mestres gnósticos, desde o início, se gabavam de serem detentores de doutrinas e fórmulas
secretas que transmitiam aos seus seguidores e iniciados. No século 2, eles diziam que seus ensinos
haviam sido revelados por Jesus a um círculo reduzido de discípulos e que estes receberam ordens de
transmitir tais segredos somente a quem julgassem dignos. Sabe-se, porém, que os “mistérios” dos mestres
gnósticos não passavam de imitações mal elaboradas de sistemas filosóficos helenistas, de mitos pagãos
grosseiros e de histórias de comediógrafos gregos antigos como Homero.[5]

Paulo percebera, já nas origens desse sistema enganoso, que ele não ia além de invenções da mente sem
Deus, transmitidas por promotores da mentira que tentavam explorar os que lhes davam ouvidos (1Tm 6.3-5;
2Pe 2.1-3). Nesse sentido, um verdadeiro abismo se abria entre as fantasias da gnose e a doutrina cristã,
pois esta não consistia de fábulas e havia se originado no próprio Deus (1Co 2:7-13; Gl 1.11-12; Ef 3.3-5; Cl
1.26-28; 2Pe 1.16, 21).

A filosofia que ameaçava os colossenses também se baseava nos “princípios elementares deste mundo”.
Essa expressão é usada em Gálatas 4.3,9-10 para se referir a uma forma de religiosidade que impunha a
observância de regras judaicas aos crentes. Em Colossenses os “princípios elementares” também estão
associados à rigorosa obediência de normas (Cf. 2.16,20-21), e é por isso que Paulo alerta seus leitores no
sentido de que ninguém os escravize. Porém, é possível ir além e detectar o que subjazia as severas
exigências do sistema gnóstico.

O pensamento helenista, em várias de suas manifestações, abrigava a idéia de que inúmeros seres
espirituais habitavam a atmosfera ao redor da terra. Esses seres eram considerados os senhores da criação,
os elementos (stoicheia) dominadores do universo que, controlando os astros, eram capazes de determinar o
destino dos homens.  Segundo essas concepções, para se verem livres das fatalidades impostas pelo
movimento das estrelas, as pessoas deviam honrar as divindades padroeiras dos corpos celestes. Isso não
somente as salvaria de um destino mau, mas também as ajudaria a progredir no processo de livramento da
prisão da matéria. O modo como essas entidades espirituais podiam ser honradas abrangia a adoração
expressa (2.18) e o rigor ascético que também traria purificação ao devoto.

É bem possível que esses fatores marcavam o jovem gnosticismo que se espalhou pelo vale do Lico nos
dias de Paulo. Vendo, assim, que a igreja estava sendo ameaçada por mitos tão grosseiros, o apóstolo
insistiu que somente Cristo é o Senhor das coisas criadas, tanto visíveis quanto invisíveis (1.15-16), devendo
ele só ser honrado, o que o cristão deve fazer recusando qualquer modelo de pensamento que se baseie em
fantasias da mente humana e que não tenha como fundamento a verdade do evangelho centralizada em
Cristo.

O v. 9 fornece a base para a admoestação constante do versículo precedente. Paulo exorta os crentes a fugir
de filosofias não centralizadas em Cristo porque nele “habita corporalmente toda a plenitude da divindade”.

Esse é um dos versículos mais importantes para a cristologia do Novo Testamento. A partir dele pode-se
afirmar a união das naturezas divina e humana em Cristo, doutrina conhecida como União Hipostática.
Também com base nesse texto pode-se concluir que a “corporalidade” de Jesus não foi obstáculo para sua
plena divindade. Essa verdade, sem dúvida, foi a que Paulo quis transmitir especialmente aqui, pois a heresia
que se propagava na região de Colossos a contrariava em vários aspectos.

É impossível traçar os contornos específicos do gnosticismo dos dias de Paulo. Aliás, em todas as épocas
essa filosofia apresentou grande variedade de formas, sendo difícil defini-la de maneira precisa e completa.
Seja como for, parece certo que o gnosticismo sempre ensinou a existência de um ser perfeito, eterno e
ingênito, mais tarde chamado de Protopai. Esse ser, da mesma forma que o sol emite seus raios, fez
emissões que foram identificadas como anjos ou “poderes” espirituais. Cada uma dessas emissões ou éões
carregava em si fragmentos da divindade. Assim, o ser perfeito e as entidades que ele emitira formavam em
conjunto a plenitude ou o Pleroma da essência divina. Essa essência jamais poderia habitar em um corpo
físico, pois, conforme já dito, na cosmovisão gnóstica a matéria é má, uma vez que se originou da ignorância
de um éon emitido pelo “Protopai”.  
É fácil perceber que o v. 9 desmantela o sistema descrito acima em cada um dos seus pontos.
Primeiramente, ao usar a expressão “nele”, Paulo aponta a exclusividade de Cristo na participação da
divindade, negando que os anjos se igualassem a ele nesse aspecto. Paulo descreve essa participação
usando o verbo “residir”. A habitação de que Paulo fala aqui não é a mesma de que desfrutam os crentes (Jo
14.23; 1Co 3.16). A própria heresia que Paulo combate fornece o pano de fundo para a compreensão correta
da natureza dessa habitação, a saber: Cristo, e não os anjos, tem substância divina.

A exclusividade do Senhor Jesus na participação da essência de Deus recebe realce ainda maior quando o
Apóstolo usa a expressão “toda a plenitude”. Ao contrário do que ensinavam os falsos mestres, o Pleroma
divino não estava fragmentado e espalhado entre as diferentes entidades espirituais. Antes, em sua inteireza
estava concentrado em Cristo e nele só. A expressão que Paulo usa é enfática. Nenhuma fagulha sequer de
divindade é deixada aos poderes espirituais. Nesse ponto é preciso destacar que o que “habita” em Cristo é a
essência da divindade e não apenas qualidades divinas. Paulo fala aqui do estado de ser Deus, o que vai além
de afirmar simplesmente que Cristo tinha atributos divinos.[6]

Novo golpe desferido contra o gnosticismo vem por meio da palavra “corporalmente”. Através desse termo,
Paulo rechaça o conceito de Cristo que o definia como uma entidade espiritual travestida de um corpo
aparente (2Jo 7). Sua corporeidade era real (1Jo 4.2), o que o tornou autêntico participante da natureza
humana e viabilizou sua obra substitutiva (Rm 8.3; Hb 2.14-15). Ademais, seu contado máximo com a
concretude da matéria ocorrido no fato da encarnação, em nada o corrompeu, permanecendo a essência da
divindade intacta e completa nele (Jo 1.14), o que deve estimular a devoção do crente ao seu Senhor feito
carne.

No v.10 Paulo se volta para a condição do homem que está ligado a Cristo. Os gnósticos se jactavam entre si
dizendo que pertenciam a uma classe especial de pessoas. Conforme dito acima (veja-se o comentário a
2.3), os mestres posteriores dessa heresia se apresentavam como perfeitos e diziam até que era impossível
que se corrompessem, independentemente das obras que praticassem. Eles arrogavam para si não somente
o privilégio de terem um conhecimento pleno dos mistérios de Deus, mas também de serem portadores de
uma substância “pneumática” que os situava na mais alta classe de homens.

É bem possível que já nos dias de Paulo, os doutores da mentira dissessem coisas muito semelhantes,
apodando os crentes comuns de pessoas inferiores a quem faltavam esses altos benefícios espirituais. O
apóstolo, portanto, ataca essas idéias no v. 10. Ele nega que os conhecedores da falsa gnose sejam homens
aperfeiçoados. Segundo Paulo, os cristãos é que o são. Somente os crentes “receberam a plenitude” e isso
por “estarem nele”, isto é, em Cristo.

Isso significa que os cristãos não são perfeitos em si (como os gnósticos diziam acerca deles próprios), mas
por estarem ligados a Cristo desfrutam de salvação completa e têm, de forma plena, a totalidade dos
recursos de que precisam para crescer em santidade. Assim, eles não precisam seguir filosofias vãs, nem
tradições humanas, nem tampouco normas aparentemente piedosas (v. 8), pois bebem da fonte verdadeira
de sabedoria e redenção (1Co 1.30). Pelo fato de em Cristo habitar a plenitude de Deus (v. 9), e pelo fato de
estarem unidos a ele, tudo de que os cristãos precisam para a vida e a piedade está à sua disposição
(2Pe1.3). Em Cristo, pois, eles desfrutam da condição perfeita de salvos e podem crescer no rumo da plena
santidade (Fp 1.6). Estando “enraizados e edificados nele” (v. 7), nada lhes falta para a salvação ou para a
santificação da vida. É nesse sentido que os crentes estão aperfeiçoados.

A prova de que a totalidade dos recursos espirituais está concentrada em Cristo, em vez de se encontrar
esparsa entre anjos ou outras entidades, como diziam os falsos mestres, está no fato de que Cristo é a
cabeça de todos os seres angelicais. Os termos usados por Paulo (Tb. em 1.16 e 2.15) sugerem a idéia de
entidades detentoras de destacada autoridade (pode também ser traduzido como “principado”) e poder
(também vertido para o português como “potestade”). Cristo, porém, está acima delas (Mc 1.13; Ef 1.20-21;
Hb 1.3-8,13; 1Pe 3.22), reunindo em si toda a plenitude de Deus e dispensando a necessidade do homem
buscar benefícios espirituais em outros seres como faziam os hereges (2.18).
Ao que tudo indica, elementos do judaísmo também compunham a heresia colossense (Veja-se 2.16 e 3.11).
Geralmente os proponentes do cristianismo judaizante revelavam um forte apego á circuncisão como fator
crucial até mesmo para a salvação (At 15.1-5; Gl 5.2-3,6; 6.13-15) e é bem provável que essas idéias se
mesclassem com as vãs filosofias ensinadas pelos hereges na região do Vale do Lico.

Em face disso, Paulo explica a seus leitores que eles já tinham sido circuncidados (v.11; Fl 3.3). A
circuncisão dos cristãos, porém, não fora realizada por homens, como era o caso da circuncisão judaica.
Antes, tratava-se de uma intervenção sobrenatural de Cristo na vida dos que haviam crido nele.

De que consiste a circuncisão de Cristo? Paulo ensina que ela é “o despojar do corpo da carne”. O termo
usado aqui sugere tanto despojar, no sentido de remover ou despir (3.9), como desarmar, isto é, espoliar um
inimigo, privando-o de suas armas (2.15). No texto, o segundo sentido é o mais adequado. O que foi
espoliado foi o corpo da carne[7], ou seja, a natureza pecaminosa do homem que o mantém escravizado sob
o domínio do pecado (Rm 6.17-22) e morto em suas transgressões (v.13; Ef 2.1-5). Essa natureza não foi
inteiramente removida (Rm 7.15-24), mas sofreu um golpe violento por ocasião da conversão do crente e
perdeu, assim, o domínio sobre ele (Rm 6.14; 8.7-9). Esse milagre é também chamado de circuncisão do
coração (Rm 2.28-29).

O fenômeno da “circuncisão de Cristo” ocorreu a partir de um momento específico na vida dos crentes de
Colossos. Paulo diz que isso aconteceu quando eles foram sepultados com Cristo no batismo (v.12). O
batismo de que o apóstolo fala aqui é a cerimônia pública de iniciação cristã a que se submete o novo
discípulo do Senhor (Mt 28.19). Isso não significa que o rito batismal em si é capaz de “circuncidar o
coração” e muito menos salvar alguém. Aliás, o próprio Paulo, escrevendo aos coríntios, deixa transparecer a
irrelevância do batismo para a salvação (1Co 1.14-17). O que ocorre é que nos dias do Novo Testamento,
uma vez que o batismo era ministrado no ato da conversão (At 2.41; 8.12, 36-38; 16.33, etc.), muitas vezes o
rito exterior e o milagre da nova vida, com todas as suas implicações espirituais (inclusive o amortecimento
da natureza pecaminosa), eram apresentados como realidades simultâneas e interligadas (Rm 6.3-6; 1Pe
3.21). Não se deve, porém, atribuir ao batismo o que cabe somente à fé.[8] Ademais, o próprio versículo em
análise destaca a fé como o meio através do qual o crente recebe vida nova, livre do domínio da carne.

Paulo diz que na conversão/batismo os crentes foram sepultados e ressuscitados. Em Romanos 6.1-4, a
dinâmica morte – sepultamento – ressurreição aplicada ao homem que crê no Salvador é explicada com mais
detalhes. Ali o apóstolo ensina que a morte e o sepultamento do crente ocorridos no batismo, se deram em
relação ao pecado, de modo que não é admissível que o cristão viva sob o domínio da iniquidade que outrora
governou sua vida (Rm 6.1-3,6). Ademais, depois de ter sido morto e sepultado, o crente ressuscitou para
uma nova vida, marcada pela consagração a Deus (Rm 6.4), sendo seu dever empenhar-se por ajustar sua
conduta a essa nova realidade (Rm 6.11-13; Cl 3.1-3).[9]

Tanto em Romanos como no texto em análise, o apóstolo afirma que o sepultamento e a ressurreição dos
crentes ocorreram juntamente com Cristo. Isso aponta para a participação dos cristãos nos benefícios
oriundos da morte e ressurreição do Senhor. De fato, quando crê no evangelho, o homem se une de tal forma
a Cristo que a morte de seu Senhor passa a ser também a sua morte, e a vida dele torna-se também a sua
vida (Gl 2.20). Essa união do crente com Cristo em sua morte e ressurreição lhe garante tanto o livramento
do pecado no presente (Rm 6.6-7; Cl 2.13) como a glorificação futura (Rm 6.5,8).

O v.12 termina destacando a fé como o instrumento mediante o qual Deus concedeu vida ao crente. Este
ressuscitou mediante (através de) a fé que teve como objeto o poder de Deus. De fato, a aceitação do
evangelho que, nos pontos principais da sua mensagem, agride os olhos da razão carnal (1Co 1.18), impõe a
necessidade de crer na onipotência divina. O aspecto dessa mensagem que Paulo destaca como ligado ao
poder de Deus é a ressurreição do Senhor. Certamente ele aponta esse componente da pregação cristã a fim
de repudiar o ensino dos mestres gnósticos que, reputando a matéria como má, rejeitavam a verdade de que
Cristo havia se levantado da sepultura num corpo físico (Lc 24.39; 1Co 15.12).

Pr. Marcos Granconato    


[1] As Escrituras fornecem exemplos da fé incapaz de salvar em João 2.23-25 e 12.42-43. Esse tipo de fé pode produzir
algum grau de comprometimento. Isso, porém, é temporário (Lc 8.13).

[2] Em João 1.12, o verbo usado é uma forma ligeiramente diferente. A forma idêntica a que Paulo usa em Colossenses
2.6, porém, está presente em João 1.11.

[3] Veja-se uma forte refutação dessa heresia em Hebreus 1.5 – 2.18.

[4] A palavra “tradição” tem o sentido de algo que foi entregue.

[5] Para uma análise mais precisa dessas informações, veja-se IRINEU DE LIÃO. Contra as heresias. Livro I, 25:5 e 30:14;
Livro II, 14. São Paulo: Paulus, 1995.

[6] Veja-se a importante distinção entre os termos gregos apresentada em THAYER, Joseph H. Greek-English lexicon of
the New Testament. Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1984. A primeira palavra, usada em Colossenses 2.9,
denota essência. A segunda se refere a atributos ou qualidades (Rm 1.20).

[7] Em Romanos, Paulo usa expressões semelhantes, ou seja, “corpo do pecado” (Rm 6.6) e “corpo desta morte” (Rm
7.24). Ambas se referem à natureza pecaminosa a que o apóstolo alude no texto em análise através da expressão “corpo
da carne”.

[8] A frase “Quem crer e for batizado será salvo” (Mc 16.16) pertence ao final prolongado de Marcos (16.9-20) e, por não
constar de dois dos principais manuscritos do NT, deve ser acolhida com cautela. Por outro lado, mesmo que esse texto
seja recebido como autêntico, não é correto entendê-lo como prova de que o batismo é necessário à salvação. O que
Marcos 16.16 ensina, na verdade, é que a fé salvadora é a fé comprometida, do tipo que leva quem a tem a se batizar
(Assim também em Atos 2.38). É como se o texto dissesse: “Quem crer com uma fé pública, assumida e comprometida,
o que é demonstrado através do batismo, será salvo”. A Bíblia mostra que há um tipo de fé que não é assim, sendo antes
marcada pela covardia, pela dissimulação, pela timidez e pela ocultação. Essa “fé” não deve ser confundida com a
verdadeira fé salvadora (Jo 12.42-43).

[9] A prática do batismo por imersão se sustenta, entre outras coisas, sobre essa associação que Paulo faz
entre o rito e a morte/ressurreição do cristão. Os imersionistas afirmam que o mergulho total do crente na
água preserva melhor o simbolismo do sepultamento, enquanto o levantar-se após a imersão transmite de
modo perfeito a idéia de ressurreição também simbolizada no rito.

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