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Synergismus scyentifica UTFPR

ISSN 2316-4689
http://periodicos.utfpr.edu.br/synscy

Concreto com adição de cinza do bagaço de cana-de-açúcar com


granulometria específica
1 2
Lucas Samuel Alves Sergio Tunis Martins Filho

23 novembro 2017

Resumo – A expressiva produção sucroalcooleira no Brasil desponta grande geração de resíduos, produzindo
uma considerável quantidade de cinzas provenientes da queima do bagaço de cana-de-açúcar utilizado na
cogeração de energia elétrica nas usinas. A construção civil percorre um caminho onde a sustentabilidade é
constantemente deixada em segundo plano, e os processos produtivos são agressivos ao meio ambiente,
realizados em grande escala, com utilização massiva de recursos não renováveis, e está em constante
crescimento. Este cenário apresenta oportunidades para alternativas sustentáveis buscando promover opções
de reaproveitamento e redução de resíduos, em busca de um produto final competitivo e menos ofensivo ao
meio que vivemos. Visando essas oportunidades, o presente trabalho busca incluir a cinza pesada do bagaço
de cana-de-açúcar (CBC) como substituto parcial do agregado miúdo na produção de concreto estrutural. A
análise foi conduzida avaliando a inclusão de CBC com granulometria passante na peneira 0,30 mm, em
porcentagens de 30, 40 e 50%, comparando os resultados com um traço padrão convencional. Os traços
foram avaliados quanto a consistência, resistências à compressão e tração, e absorção por imersão e por
capilaridade. Os resultados obtidos apontam para a viabilidade da utilização da cinza, visto que os traços
confeccionados com substituição apresentaram propriedades similares ou superiores ao traço de referência, se
mostrando a altura de diversas aplicações no campo da construção civil.

Palavras-chave: Concreto. Cinza do bagaço de cana-de-açúcar (CBC). Agregado miúdo.

1. INTRODUÇÃO resistência mecânica tornou o concreto um dos


materiais mais comuns na engenharia. Em
De acordo com Gartner (2004), o concreto de
complemento a essa análise, a indústria de cimento
cimento Portland é o material mais utilizado pelo ser
Portland contribui com mais de 7% do CO 2 produzido
humano na terra, perdendo apenas para água. Em
no planeta (MALHOTRA, 2002), onde para cada
2012, o Brasil alcançou a quinta posição no ranking
tonelada de cimento Portland produzido, cerca de
da produção mundial de cimento Portland, que
uma tonelada de CO2 é emitida na atmosfera
atingiu 3,8 bilhões de toneladas, com a qual o Brasil
(METHA, 2002). Tais fatos demonstram a
contribuiu com 68,8 milhões (SNIC, 2012). A
necessidade de incorporar os conceitos sustentáveis
maleabilidade, baixo custo de aplicação, e alta
1 lucasalves02@gmail.com, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Maringá, Paraná, Brasil.
2 sergiotunis@utfpr.edu.br, Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR, Câmpus Apucarana, Apucarana, Paraná, Brasil.

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nos produtos da construção civil, dotada de uma empacotamento, e juntamente com a pasta cimentícia
filosofia altamente esbanjadora. Atualmente, o Brasil define as propriedades reológicas do material durante
se posiciona como o maior produtor mundial de o processo de mistura e quando no estado fresco
açúcar e álcool, e nesse processo industrial, durante a (CASTRO; PANDOLFELLI, 2009), além de melhorar
extração do caldo de cana-de-açúcar, a resistência à compressão e durabilidade.
aproximadamente 30% da cana se transforma em Neste contexto, foi estabelecida a Política Nacional
bagaço, biomassa de suma importância como fonte de Resíduos Sólidos, pela Lei N° 12305: 2010
energética, onde 95% destes são utilizados para (BRASIL, 2010), que considera qualquer cidadão,
queima em caldeiras, ao redor do pais, para geração físico ou jurídico, de direito público ou privado,
de eletricidade, produzindo como resíduo final a cinza responsável, direta ou indiretamente, pela geração de
do bagaço de cana-de-açúcar (DE PAULA et al., resíduos sólidos e as que desenvolvam ações
2009). Do total de bagaço queimado, cerca de 10% relacionadas à gestão integrada, ou gerenciamento de
se transforma em cinza (DE PAULA, 2006), como resíduos sólidos.
resíduo final do ciclo produtivo nas usinas
O presente trabalho pretende proporcionar práticas
sucroalcooleiras.
sustentáveis em conjunto com o desenvolvimento
Pesquisas atuais apontam que a cinza do bagaço de tecnológico de matérias de construção, que além de
cana-de-açúcar (CBC) apresenta propriedades reativas promover reuso e reciclagem de um resíduo
e pozolânicas, o que imediatamente despontou abundante, pode melhorar o desempenho de concreto
diversos estudos considerando a substituição do de cimento Portland.
cimento Portland em matrizes cimentícias por
Vale destacar que a pesquisa se estende em verificar o
porcentagens de CBC. Em contrapartida, de acordo
desempenho do concreto com inserção de CBC para
com Lima et al. (2011), a homogeneidade na
uma determinada granulometria, visto que, de acordo
produção de cinzas não pode ser exigida do processo
com vários autores, a cinza pesada é uma adição
industrial, que raramente possui controle operacional
mineral com benefícios evidentes (MARTINS FILHO,
da temperatura na combustão e no resfriamento das
2015; HOJO, 2014; ALTOÉ, 2012; AZEVEDO, 2002;
cinzas, onde esses procedimentos acabam por produzir
MARTINS; MACHADO, 2010; SALES; LIMA, 2010;
cinzas sem reatividade hidráulica. Assim, a cinza
SOUZA et al., 2007; CORDEIRO, 2006).
proveniente da queima do bagaço pode ser
considerada um material pozolânico ou um material 2. MATERIAIS E MÉTODOS
inerte, classificando-a como cinza leve e cinza pesada,
respectivamente, levando em conta sua capacidade Para fabricação dos corpos de prova foram utilizados
reativa (MARTINS FILHO, 2015). Cimento Portland tipo CP II-Z-32, areia natural
quartzosa, agregado graúdo de origem basáltica, e
A produção de concretos especiais, em análise neste
para substituição parcial do agregado miúdo, a cinza
trabalho, caminha lado a lado com os conceitos de
pesada do bagaço de cana-de-açúcar. A CBC foi
empacotamento de partículas. O interesse por tal
coletada em uma Usina na região de Maringá/PR.
assunto aumentou nos últimos anos nas diferentes
Posteriormente ao armazenamento, a mesma foi
áreas da engenharia, tal interesse é justificado pelo
disposta em bandejas e exposta ao sol para secagem,
fato de grande parte dos materiais serem partículas de
onde uma vez completamente seca, foi peneirada de
diferentes formas e tamanhos. A trabalhabilidade
forma a separar-se a fração fina do material,
inicial do concreto depende de vários aspectos, sendo
composta pelo passante na peneira de abertura
um essencial as características físicas dos agregados.
0,30 mm.
Assim, a distribuição granulométrica adequada é de
fundamental importância, pois promove o Os agregados foram caracterizados quanto a

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granulometria e módulo de finura, massa específica foi determinada através do rompimento de corpos de
real, massa unitária e volume de vazios. A prova cilíndricos, segundo ABNT NBR 5739:2007, já
granulometria destes agregados foi determinada de a resistência a tração foi definida conforme ABNT
pelo ensaio de peneiramento, conforme ABNT NBR NBR 7222:2011. Os ensaios para determinação da
NM 248:2003, já a massa específica real dos absorção de água por imersão e índice de vazios, e
agregados miúdos foi definida através do ensaio do absorção de água por capilaridade foram realizados
picnômetro, e dos agregados graúdos do ensaio da segundo recomendação das normas ABNT NBR
balança hidrostática, seguindo as normas ABNT NBR 9778:2009 e ABNT NBR 9779:2012, respectivamente.
NM 52:2009 e ABNT NBR NM 53:2009 Os ensaios citados têm como finalidade a
respectivamente. A massa unitária e os espaços vazios caracterização do concreto endurecido. Para
seguiram recomendação da ABNT NBR NM 45:2009, caracterização do concreto fresco foi determinada sua
e foram determinadas inclusive para as misturas de consistência através do ensaio de abatimento do
areia e cinza, nas percentagens analisadas. Quanto a tronco de cone (slump test), conforme ABNT NBR
dosagem do concreto, tomou-se como referência o NM 47:1998.
seguinte traço, em massa: 1:2,060:2,940 e a/c de 0,55 Uma vez caracterizados todos os agregados, e
(NUNES, 2009), o qual foi utilizado para confecção realizados os ensaios para o concreto fresco e
do traço padrão, e das respectivas substituições. endurecido, conduziu-se um estudo comparativo,
Partindo então da referência citada, calculou-se o tendo como referência o traço padrão, para avaliação
consumo de materiais para cada traço. do desempenho das substituições nas propriedades
Tabela 1 – Materiais necessários para produção de cada traço verificadas.

CBC
Cimento Areia Brita Água
Traço Pesada 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
(Kg) (Kg) (Kg) (l)
(Kg)

3.1. Caracterização dos agregados


Traço Padrão 12,00 24,720 35,300 - 6,6
Realizados os ensaios de peneiramento, segundo as
Traço 30% 12,00 17,304 35,300 7,416 6,6 recomendações das normas, plotaram-se as curvas
granulométricas dos agregados.
Traço 40% 12,00 14,832 35,300 9,888 6,6

Traço 50% 12,00 12,360 35,300 12,360 6,6

Total 48,00 69,22 141,20 29,66 26,40

Como se trata de um estudo comparativo, procurou-


se respeitar a mesma ordem de adição dos materiais
na betoneira, bem como mesmo tempo de mistura
para todos os quatro traços.
Quantificou-se os corpos de prova que seriam
necessários para realização dos ensaios de Figura 1 – Curva granulométrica da areia natural quartzosa

caracterização, sendo 3 para resistência à compressão Plotadas as curvas, os agregados foram classificados
com 7 dias de cura, 3 para resistência à compressão conforme ABNT NBR 6502:1995, com base nas
com 28 dias de cura, 3 para resistência à tração com porcentagens retidas. A areia e a cinza pesada do
28 dias de cura, 3 para absorção por imersão, e 3 bagaço de cana-de-açúcar foram ambas classificadas
para absorção por capilaridade, totalizando 15 corpos como areia média, sendo de características
de prova para cada traço. A resistência à compressão granulométricas semelhantes, o que sustenta a

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premissa da substituição. bem como das misturas, obteve-se os resultados


dispostos em tabela.
Quando abordadas as misturas, o ensaio foi realizado
para as respectivas misturas de 30, 40 e 50% de CBC
em massa, sendo o complemento feito com areia.
Tendo em análise os resultados obtidos para tais
misturas, pode-se verificar certa tendência nos
mesmos, sendo que proporcionalmente a adição de
cinza, a massa unitária da mistura aumenta, e o
volume de vazios diminui, ou seja, há um maior
Figura 2 – Curva granulométrica da brita de basalto
empacotamento de partículas, maior massa, e menos
vazios no mesmo volume.

Figura 3 – Curva granulométrica da CBC

Quanto as massas específicas dos agregados miúdos, Figura 4 – Dispersão comparativa para as misturas de 30, 40 e 50%
as quais foram determinadas através do ensaio do
picnômetro, obteve-se uma massa específica real de 3.2. Caracterização do concreto fresco
2,721 g/cm³ para a areia natural quartzosa, e de Tendo em pauta a análise da consistência e
2,695 g/cm³ para a CBC. Tal similaridade nos trabalhabilidade, os resultados de slump test foram
resultados é outro fato sustentante à premissa da dispostos em tabela.
substituição, visto que a CBC é predominantemente
Tabela 3 – Valores de abatimento para cada traço
composta de sílica, assim como a areia. Já para o
Traço Slump test (cm)
agregado graúdo, do método da balança hidrostática
Traço Padrão 8,00
aferiu-se um valor de 2,838 g/cm³, e 2,103% de
Traço 30% 5,00
absorção de água.
Traço 40% 5,00
Tabela 2 – Resultados de massa unitária e volume de vazios para os Traço 50% 2,00
agregados e misturas de areia + CBC
Massa unitária (g/cm³) Volume de vazios (%)
Percebe-se que a trabalhabilidade do concreto
1,512 44,42
Areia
diminui, conforme se acrescenta a CBC. Este
1,727 39,14
Brita
comportamento se justifica pelo fato de que a CBC
Mistura 30% 1,588 41,47 visivelmente absorve mais água, devido ao teor de
carbono presente no material, que é extremamente
Mistura 40% 1,593 41,25
fino, o que torna o concreto mais seco. Como se trata
Mistura 50% 1,606 40,70 de um estudo comparativo, manteve-se a proporção
água/cimento mesmo tendo menor trabalhabilidade,
No que se refere as massas unitárias dos agregados, somente então atentou-se para uma confecção mais

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cuidadosa dos corpos de prova. padrão. Considerando 40% de substituição, o


desempenho foi o mesmo que o traço anterior.
3.3. Caracterização do concreto endurecido
Em contrapartida, analisando o traço com 50% de
A figura 5 destaca o concreto confeccionado e substituição, o concreto apresenta resistência inferior
observa-se sua coloração que fica mais escura à aos outros traços analisados, mesmo considerando o
medida que se adiciona mais cinza, da esquerda para desvio padrão.
direita.

Figura 5 – Corpos de prova de concreto

Rompidos os corpos de prova destinados a


determinação da resistência a compressão, obteve-se
os resultados tabelados.

Tabela 4 – Valores de resistência a compressão com 7 dias de cura


Desvio Figura 6 – Comportamento da resistência a compressão com 7 dias de cura,
Média bem como respectivos desvios padrão
FCk7 (MPa) Padrão
(MPa)
Traço (MPa)
Quando com 28 dias de cura, verifica-se
1 2 3 comportamento semelhante ao observado a 7 dias. O
Traço traço confeccionado com 30% de substituição
22,55 24,09 22,10 1,04 22,91
Padrão apresenta aumento na resistência, quando comparado
Traço ao traço padrão, o traço com 40% de substituição
24,04 23,40 24,70 0,65 24,05
30%
mantém a mesma resistência em relação aos traços
Traço
40%
24,99 24,51 24,53 0,27 24,68 padrão e 30%, considerando os respectivos desvios
Traço padrão.
21,83 19,09 17,33 2,27 19,42
50% Porém, o traço que apresenta 50% de substituição,
Tabela 5 – Valores de resistência a compressão com 28 dias de cura continua com resistência inferior aos demais.
Desvio
Média
FCk28 (MPa) Padrão
(Mpa)
Traço (Mpa)

1 2 3

Traço
29,34 29,18 29,93 0,39 29,48
Padrão
Traço
28,73 30,89 31,35 1,40 30,32
30%
Traço
29,96 30,34 29,38 0,48 29,89
40%
Traço Figura 7 – Comportamento da resistência a compressão com 28 dias de
28,31 25,74 27,94 1,39 27,33 cura, bem como respectivos desvios padrão
50%
Vale destacar que são inúmeras as variáveis que
Analisando os resultados obtidos, verifica-se que para
podem interferir nos resultados obtidos. Como o
7 dias de cura, o concreto confeccionado com 30% de
concreto do traço 50% obteve consistência mais seca,
substituição da areia por CBC, apresenta um aumento
com menor slump test, pode-se inferir que qualquer
na resistência à compressão com referência ao traço
deficiência na confecção dos corpos de prova interfere

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nos valores finais, dificultando a moldagem destes. enquanto o traço confeccionado com 50% de
Além disso, a maior inserção de CBC, material mais substituição resultou em uma resistência inferior aos
poroso e com fragmentos de matéria orgânica, demais.
demanda mais água de amassamento para manter a Mesmo considerando os desvios padrão, pode-se
mesma trabalhabilidade de traços sem adição. Com afirmar que mesmo apresentando valor médio inferior
isso, a maior necessidade de absorção pode aos demais, o traço com 50% de substituição
comprometer a quantidade de água necessária para demonstra resultado satisfatório quando comparado
hidratar o cimento e endurecer o concreto, ao traço padrão.
comprometendo parcialmente a resistência da mistura.
Quanto a absorção de água por imersão, índice de
Ainda assim, é valido afirmar que a substituição da
vazios e absorção de água por capilaridade, cujos
areia pela CBC, nas percentagens de 30 e 40% tende
resultados seguem.
a garantir maior resistência à compressão, sem
Tabela 7 – Valores de absorção de água por imersão
comprometer o traço padrão.
Absorção (%)
Assim como na resistência à compressão, foi
Ensaio 1 2 3 Média
determinada a resistência à tração, e os valores
dispostos em tabela. Traço Padrão 6,93 7,08 7,02 7,01

Tabela 6 – Valores de resistência a tração com 28 dias de cura Traço 30% 6,94 5,32 5,96 6,07
FTk28 (MPa) Desvio
Média
Traço Padrão Traço 40% 6,48 6,39 5,15 6,01
(Mpa)
1 2 3 (Mpa)

Traço Traço 50% 5,02 5,10 4,72 4,95


2,58 2,65 2,55 0,05 2,60
Padrão
Tabela 8 – Valores de índice de vazios
Traço 30% 2,76 2,70 3,14 0,24 2,87
Índice de vazios (%)
Ensaio 1 2 3 Média
Traço 40% 2,73 2,92 3,17 0,22 2,94
Traço Padrão 15,85 16,20 15,80 15,95
Traço 50% 2,90 2,81 2,18 0,39 2,63
Traço 30% 15,82 12,24 13,80 13,95

Traço 40% 14,82 14,38 11,86 13,69

Traço 50% 11,57 11,75 10,79 11,37

Figura 8 – Comportamento da resistência a tração com 28 dias de cura,


bem como respectivos desvios padrão

Interpretando os valores obtidos, observa-se


comportamento semelhante aos resultados obtidos
para resistência à compressão, tendo os traços de 30 e Figura 9 – Valores médios de absorção por imersão e índice de vazios para
cada traço
40% com maior média de resistência à tração,
Analisando os valores obtidos, observa-se uma

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diminuição gradativa na absorção, bem como no visualizado na figura 8. O comportamento semelhante


índice de vazios, conforme aumenta-se a adição de pode ser justificado com base nos mesmos princípios
cinza no concreto. citados anteriormente, onde a inserção de partículas
de granulometria conhecida promoveu um arranjo
Tabela 9 – Valores de absorção de água por capilaridade
Absorção (g/cm²) mais compacto das mesmas, diminuindo os vazios
Ensaio 1 2 3 Média capilares do conjunto, consequentemente, diminuindo
os vazios que poderiam ser preenchidos por água.
Traço Padrão 0,60 0,48 0,67 0,58

4. CONCLUSÃO
Traço 30% 0,62 0,59 0,49 0,57
Os traços estudados apresentaram resultados de
Traço 40% 0,52 0,57 0,28 0,46 resistência característica à compressão satisfatórios
para a maioria dos usos na construção civil, o que
Traço 50% 0,20 0,18 0,18 0,19
combinado com os resultados positivos para absorção
Área Seção Transversal (cm²): 78,50 por imersão e capilaridade, e resistência característica
à tração, infere que a substituição parcial da areia,
Tal comportamento indica que a adição de cinza no
pela CBC, nas porcentagens de 30 e 40% são válidas
concreto, na granulometria estudada no presente
para o uso em concreto convencional, e
trabalho, promove menor índice de vazios, ou seja,
demonstraram melhorias em relação ao traço de
melhor empacotamento de partículas no conjunto,
referência. Em particular, a substituição de 50% da
tendo um arranjo mais compacto das mesmas, como
areia, mesmo apresentando resultados inferiores ao
verificado na determinação da massa unitária da
traço de referência, mantém os resultados satisfatórios
mistura (figura 4), que aumentou conforme foi
para o uso na construção civil.
adicionada CBC.
Destaca-se que os usos mais comuns na construção
civil, um concreto com resistência característica de 25
MPa pode ser usado para concretagem de pilares,
lajes e baldrames, e com 20 MPa, para concretagem
de contrapiso, calçadas, lajes e pequenas estruturas
ou residências (PORTAL DO CONCRETO, 2016).
Vale salientar, que no quesito trabalhabilidade há
algumas limitações, pois com o aumento do teor de
CBC, se tem menor slump, podendo comprometer o
Figura 10 – Valores médios de absorção de água por imersão para cada
traço lançamento do concreto em estruturas armadas.

Observando os valores da tabela 9, verifica-se


AGRADECIMENTOS
comportamento semelhante a absorção por imersão,
demonstrando diminuição gradativa conforme se A Universidade Estadual de Maringá e Universidade
adiciona a cinza no concreto, como pode ser Tecnológica Federal do Paraná.

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Synergismus scyentifica UTFPR

Concrete with the addition from sugarcane bagasse ash with specific
granulometry
3 4
Lucas Samuel Alves Sergio Tunis Martins Filho

23 novembro 2017

Abstract – The expressive sugar and alcohol production in our country rises a big residue generation,
producing, specifically, a considerable amount of ashes from the burning of sugarcane bagasse used at the co-
generation of electric power at the power plants. In parallel, the construction takes a pathway where
sustainability is constantly left behind, and the productive processes are aggressive to the environment,
performed at a big scale, with massive utilization of natural resources, and in a constant growth. This
scenario presents opportunities to sustainable alternatives seeking to promote reuse options and residue
generation reduction, in search of a competitive final product, and less offensive to the environment we live
in. Aiming this opportunities, the present paper seeks to include the heavy ash from sugarcane bagasse as a
partial replacement to the fine aggregate on the production of structural concrete. This analysis where
conducted evaluating the inclusion of sugarcane bagasse ash with granulometry passing the 0,30 mm sieve,
into 30, 40 and 50% percentages, matching the results with a standard conventional recipe. The recipes
where evaluated regarding the consistence, compression and traction resistances, and the water absorption by
immersion and capillarity. The achieved results point to the viability of sugarcane bagasse ash utilization,
since the recipes made with the replacement presented themselves with similar or superior properties than the
reference recipe, showing themselves fit to many applications into the construction field.

Keywords: Concrete. Sugarcane bagasse ash. Fine aggregate.

Correspondência:
Lucas Samuel Alves
Av. Colombo, 5790 JD, Maringá, Paraná, Brasil. CEP 87020-900

Recebido: 12/09/2017
Aprovado: 23/11/2017

Como citar: ALVES, Lucas Samuel; MARTINS FILHO, Sergio Tunis. Concreto com adição de cinza do
(NBR 6023) bagaço de cana-de-açúcar com granulometria específica. Syn. scy. UTFPR, Pato Branco, v.
1 2 , n. 1 , p. 2 3 7 – 2 4 6 . 2 0 1 7 . ISSN 2316-4689 (Eletrônico). Disponível em:
<https://periodicos.utfpr.edu.br/synscy>. Acesso em: DD mmm. AAAA.

DOI: “registro apenas quando a revista for depositada no portal do PERI”

Direito autoral: Este artigo está licenciado sob os termos da Licença Creative Commons
Atribuição 4.0 Internacional.

3 lucasalves02@gmail.com, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Maringá, Paraná, Brasil.


4 sergiotunis@utfpr.edu.br, Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR, Câmpus Apucarana, Apucarana, Paraná, Brasil.

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