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avaliação na
educação infantil
Andréa Garcia Furtado
CAPA
Superintendente Prof. Paulo Arns da Cunha
Reitor Prof. José Pio Martins
Pró-Reitora Acadêmica Profa. Márcia Teixeira Sebastiani
Diretor de EAD Prof. Roberto de Fino Bentes
Gerente Editorial e de Tutoria Profa. Manoela Pierina Tagliaferro
Gerente de Metodologia Profa. Dinamara Pereira Machado
Autoria Profa. Andréa Garcia Furtado
Supervisão Editorial Fabieli Campos Higashiyama
e Pâmella de Carvalho Stadler
Análise de Qualidade Betina Dias Ferreira
Edição de Texto Elisa Novaski Cordeiro e Giovane Michels
Design Instrucional Alexandre Oliveira e Lucelí de Souza Fabro
Layout de Capa Valdir de Oliveira
Imagem de Capa Juliano Henrique
Edição de Arte Denis Kaio Tanaami
Diagramação Regiane Rosa
Design Gráfico Juliano Henrique
Estágio de Design Gráfico Luiza Morena Moraes e Willian Batista
Revisão Marilene Christine Costa Gonçalves
e Marina López Moreira
CDU 371.26
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autora, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autora a emissão de conceitos. Nenhuma parte
desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos
direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Copyright Universidade Positivo 2014
Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido
Curitiba-PR – CEP 81280-330
Ícones
Afirmação Curiosidade
Assista
Dicas
Biografia
Esclarecimento
Conceito
Contexto Exemplo
Sumário
Apresentação ................................................................................................................... 7
A autora ........................................................................................................................... 8
Capítulo 1
Um foco reflexivo sobre a intencionalidade do planejamento na educação infantil ..... 9
1.1 Planejamento: busca da intencionalidade didática ............................................................. 9
1.2 A intencionalidade do planejamento na educação infantil .............................................. 17
1.3 Níveis de planejamento ...................................................................................................... 23
1.4 Planejar para quem, quando e como ................................................................................ 27
1.4.1 Planejar para quem? .......................................................................................................................................................... 28
1.4.2 Quando devemos planejar? ............................................................................................................................................... 31
1.4.3 Como devemos planejar? ................................................................................................................................................... 32
Referências .................................................................................................................... 36
Capítulo 2
Planejamento: espaço físico, tempos, diversificação
das atividades e materiais didáticos ............................................................................. 39
2.1 Tempos, espaços e a diversificação das atividades ..................................................... 39
2.2 Seleção e uso dos materiais didático-pedagógicos ................................................... 55
Referências .............................................................................................................................. 62
Capítulo 3
É preciso avaliar na educação infantil? ......................................................................... 63
3.1 Concepções de avaliação na educação infantil ........................................................... 63
3.2 Para que, quando e o que fazer com os resultados da avaliação ............................. 71
Referências .............................................................................................................................. 89
Capítulo 4
As diferentes maneiras de avaliar ................................................................................. 91
4.1 Instrumentos de avaliação, observação, registro e portfólio .................................... 91
4.2 A participação da família na avaliação das crianças .................................................. 98
4.3 Práticas avaliativas e processos de inclusão .............................................................. 111
Referências ............................................................................................................................ 113
Apresentação
Este livro tem como objetivo discutir questões atuais relacionadas com o campo
teórico-prático da Pedagogia a respeito dos indissociáveis processos de planejamen-
to e avaliação na educação infantil. O papel dos profissionais da educação diante das
múltiplas realidades existentes é de grande importância na formação humana que
ocorre no espaço da educação infantil, uma vez que é nesse espaço que se iniciam tra-
balhos pedagógicos que visam à cidadania plena de todos os envolvidos.
Reflexões sobre a intencionalidade existente em ambos os processos – planeja-
mento e avaliação – são também abordadas. As necessidades e as condições das insti-
tuições de educação infantil e a valorização da participação dos envolvidos são vistos
aqui como aspectos fundamentais a serem considerados no momento de planejar, exe-
cutar e avaliar, na busca por uma educação de qualidade.
A Autora
A professora Andréa Garcia Furtado é Mestre em Educação, na linha de
Políticas Públicas e Gestão pela Universidade Tuiuti do Paraná (2010). É Especialista
em Psicopedagogia com complementação do Magistério Superior pelo Instituto
Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão (2001) e Graduada em Pedagogia, com habi-
litação em Supervisão Escolar e Magistério em Educação Infantil e nas Séries Iniciais,
pela Universidade Tuiuti do Paraná (2000). Tem experiência na área de Educação com
ênfase em Educação Infantil, Ensino Fundamental Anos Iniciais e Ensino Superior.
Currículo Lattes:
<lattes.cnpq.br/0825765033808764>
a antecipar resultados;
Há, ainda, aqueles que acreditam que planejar é totalmente desnecessário, uma
vez que, com as crianças na fase de educação infantil, deveríamos tão somente impro-
visar, adotando uma perspectiva assistencialista de atendimento. Nessa visão, não há
um planejamento para a efetiva articulação entre o cuidar e o educar, já que na ação
puramente assistencialista não se discute e não se planeja o educar.
É extremamente relevante, na educação infantil, a inserção do educar, visan-
do ao desenvolvimento infantil de forma a comportar os aspectos físicos, cognitivos
e emocionais. Segundo Bondioli e Mantovani (1998), partindo dessa visão integrada
do desenvolvimento infantil – que é consciente dos aspectos cognitivos implicados na
percepção da criança, bem como na relação entre o cuidar e o educar –, uma tarefa es-
sencial do professor será a de especificar, em função desse domínio perceptivo e rela-
cional, os modos e os objetivos de um planejamento em todas as suas etapas.
Na realidade, grande parte do trabalho do educador está mais na organização dos espaços, dos
materiais, dos tempos, dos percursos, de maneira que as crianças sejam orientadas indireta-
mente ao uso do ambiente que permita escolhas diversas quanto à capacidade, às necessidades,
a possibilidade de estarem em grupo ou sozinhas. (BONDIOLI; MANTOVANI, 1998, p. 125).
Planejar é: elaborar – decidir que tipo de sociedade e de homem se quer e que tipo de
ação educacional é necessária para isso; verificar a que distância se está deste tipo de
ação e até que ponto se está contribuindo para o resultado final que se pretende; pro-
por uma série orgânica de ações para diminuir essa distância e para contribuir mais para
o resultado final estabelecido; Executar – agir em conformidade com o que foi proposto;
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e Avaliar – revisar sempre cada um destes momentos e cada uma das ações, bem como
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cada um dos documentos deles derivados.
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A instituição de ensino é o local privilegiado em ? ?
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relação à sistematização de conteúdos curricu-
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Ter em vista as
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a Intencionalidade
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educativa.
A avaliação leva ao A reflexão facilita a
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cumprimento do execução do que foi
que foi planejado. programado.
Diante do exposto até agora, fica claro que os processos de elaboração, execu-
ção e avaliação sofrem influências significativas do contexto sociocultural da comu-
nidade envolvida. Na esfera escolar, o professor tem o papel de ser a ponte entre o
projeto político pedagógico da instituição – planejado a partir da realidade vivida por
determinado público – e o atendimento e conhecimentos relevantes a serem socializa-
dos. Assumimos, nesta obra, que o professor exerce um papel ativo e interativo, desa-
fiando as crianças para a descoberta dos ambientes onde estão sendo construídos os
trabalhos formativos, e o posicionamento do professor deve estar exposto no planeja-
mento de suas atividades.
A reflexão crítica do planejamento é essencial para as transformações e mudan-
ças almejadas no contexto educacional, buscando uma ação pautada em uma dada
concepção. A reflexão necessita identificar os elementos que influenciam a prática
educativa, de modo a procurar entender como estes interferem no dia a dia.
Nossos atos estão sempre ligados a nossas intenções pedagógicas. As ações edu-
cativas que se efetuam no âmbito da educação formal e não formal possuem em co-
mum o fato de terem uma intencionalidade envolvida, isto é, saber aonde se pretende
chegar e por quais motivos realizamos esforços por alguma causa, pois sejam quais fo-
rem as práticas educativas, sempre possuímos um posicionamento quanto a crenças,
valores, interesses, ideologias e demais motivações para nossos atos. Ainda que não se
queira, o silêncio diz muito sobre nossas ações. E mais: a passividade também comuni-
ca sobre o nosso posicionamento frente à realidade que vivenciamos diariamente em
nosso trabalho educativo.
Assim, o desenvolvimento de nossa criticidade permite-nos um olhar mais sensí-
vel e criativo quanto aos desafios que enfrentamos diariamente para a efetivação do
processo de ensino-aprendizagem do educando.
“[...] A prática [baseia-se] numa significação, seja ela ideológica, interesseira, utilitária, alienada,
qual seja, não é processo mecânico, automático, aleatório, casuístico. [...] Há na ação conscien-
te [...] um fim, [...] uma marca humana que é a intencionalidade” (VASCONCELLOS, 2010, p. 11).
O filme O Sorriso de Monalisa, direção de Mike Newell (EUA, 2003), pode proporcionar uma re-
flexão sobre fatores que influenciam mudanças da prática pedagógica do professor, atribuindo
melhorias na consolidação de objetivos educacionais.
Qual caminho eu
devo seguir?
Para onde
você quer ir?
Não sei
exatamente.
Lewis Carrol, no livro Alice no País das Maravilhas, apresenta a situação em que
Alice está em uma estrada que possui dois caminhos. Alice, então, pergunta para o coe-
lho qual caminho deve seguir, ao passo que o coelho responde com outra pergunta:
“Para onde você quer ir?”. Quando Alice diz que não sabe aonde quer chegar, o coelho
complementa: “Se você não sabe para onde ir, tanto faz qual dos caminhos irá tomar”.
Fica claro, assim, que definir a intencionalidade é de suma importância no mo-
mento de organizar um planejamento no contexto educacional. É preciso saber com
clareza quais são os objetivos almejados para que, a partir deles, possamos refletir os
caminhos, estratégias e instrumentos necessários para chegar aonde desejamos.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 17
Faz-se necessário refletir sobre aonde queremos chegar com nossa ação educativa,
pois, mesmo que tenhamos condições favoráveis, elas não serão úteis se não soubermos
quais são os objetivos a serem alcançados. É fundamental, no processo educativo, deli-
near os caminhos a serem percorridos, e se durante o percurso encontrarmos intempé-
ries, devemos ter flexibilidade para realizar os ajustes necessários para a consolidação de
nossas ações, afinal, como já foi dito, o planejamento não é algo estático.
Frequentemente, ouvimos de profissionais da educação infantil de variadas regiões
do país que devemos nos pautar “da prática pela prática”, isto é, no senso comum do pro-
fessorado existe certa predileção por questões práticas e a percepção de que a teoria está
muito distante da realidade. No entanto, sabemos que essa fala não é própria de profis-
sionais comprometidos com excelência em educação, com a reflexão sobre os nossos atos
e sobre concepções de infância e de ser humano, pois essas questões possuem íntima re-
lação com as variadas necessidades que surgem da prática. Observe a figura a seguir.
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No que diz respeito à educação infantil, não basta apenas considerar as práticas
relativas ao educar ou tão somente do cuidar no ato do planejamento. Esses processos
devem estar articulados em benefício do desenvolvimento integral das crianças.
Os conteúdos curriculares nesse nível de educação estão nos murais, nos corre-
dores pré-escolares, nas salas de aula, na brinquedoteca e nos demais espaços da ins-
tituição. Estão inclusos, também, nas dinâmicas estabelecidas com as crianças pelos
profissionais da educação, de maneira que os conteúdos conceituais, atitudinais e pro-
cedimentais ganham vivacidade no dia a dia da educação infantil.
Assim, dando vida aos conteúdos curriculares por meio da articulação entre o cui-
dar e o educar, compreendemos que a complexidade da prática educativa se dá com
base na configuração da realidade vivida em nossa rotina pedagógica, mas, também,
na complexidade de planejar de acordo com as influências diversas do meio extrains-
titucional. Essas esferas devem ser consideradas pelo profissional da educação no
ato de planejar, na busca por um olhar sistêmico sobre as múltiplas variáveis que per-
meiam o fazer educativo e seus resultados.
Portanto, percebe-se que as finalidades educativas devem realizar conexão com a
realidade. O plano de ação no escopo do planejamento depende das necessidades que
surgem da comunidade atendida, de modo a gerar os objetivos a serem alcançados, os
quais, por sua vez, dependem de reflexões contínuas que, de modo cíclico, dão subsí-
dios aos planos de ação a serem desenvolvidos.
O ser humano, assim como os demais animais, é movido por necessidades.
Entretanto, somos capazes de refletir e antecipar nossas atividades, ao contrário dos
outros seres vivos. A capacidade do ser humano de planejar, portanto, precisa ser valo-
rizada, pois permite que tenhamos maiores chances para alcançar nossos objetivos e,
assim, realizemos planos de ação com flexibilidade na articulação entre teoria e práti-
ca. Veja o esquema a seguir:
Necessidade
Planos de ação
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 22
A antecipação da prática nos auxilia a ter uma visão geral dos possíveis aconteci-
mentos/eventos, bem como de ações pedagógicas indispensáveis a serem trabalhadas
no cotidiano institucional pré-escolar. Antecipar possibilita prever ações de segurança,
assim como suprir as necessidades básicas do cuidar e do educar no âmbito da educa-
ção infantil. Ações preventivas são extremamente importantes, pois podem evitar si-
tuações indesejáveis que exijam do professor medidas imediatas, além de garantir, por
muitas vezes, a consolidação de propostas do projeto político pedagógico.
Dentro do contexto da área de saúde, é possível evitar doenças por meio da pre-
venção, com vacinas ofertadas à população, por exemplo. Quando planejamos em
educação infantil, evitamos males dos quais não queremos que nosso público atendi-
do padeça. Prever situações não desejáveis também contribui para evitar gastos des-
necessários e desperdício de esforço e tempo. Portanto, programar-se antecipando
ações, eventos e incluindo ações preventivas otimiza o trabalho realizado. Trata-se de
um ciclo que se retroalimenta ininterruptamente: a reflexão norteia nossas ações e
nossas ações norteiam nosso ato reflexivo.
Como já foi abordado, na educação infantil o planejamento por parte dos profis-
sionais da área é imprescindível, especialmente porque as práticas pedagógicas são
bastante dinâmicas e possuem um caráter de provisoriedade. Assim, alguns aspec-
tos podem ser previstos; outros, não. Por exemplo: não sabemos quando uma crian-
ça apresentará febre alta ou em que momento fará suas necessidades fisiológicas em
suas roupas, mesmo que já tenha saído das fraldas há algum tempo. Mas temos como
certeza que materiais e espaços higiênicos devem estar disponíveis e a agenda tele-
fônica com os números dos familiares/responsáveis deve ser previamente organizada
para contatos em casos de emergência.
O que queremos dizer aqui é que, de fato, há questões imprevisíveis. No entanto,
aquilo que podemos prever deve ser colocado no planejamento pré-escolar levando-se
em conta necessidades e características bastante particulares dessa fase pré-escolar.
Prever alimentação, materiais de higiene, telefones de emergência, atividades peda-
gógicas e quantidade necessária de profissionais para cuidar e educar as crianças é o
mínimo necessário que se espera de uma boa instituição de educação infantil, que se
preocupa com a segurança e bem-estar das crianças, respeitando-as e respeitando as
expectativas de suas famílias.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 23
José Carlos Libâneo é doutor em Filosofia e História da Educação pela PUC-SP. Fez pós-dou-
torado na Universidade de Valladollid, na Espanha. Foi coordenador e vice-coordenador do
Programa de Pós-Graduação na UFG e na UCG.
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quais são os ingredientes para fazer um
bolo é imprescindível, mas não podemos di-
zer que é suficiente. Se decidirmos colocar
ovos crus como cobertura ao final, é pro-
vável que não obtenhamos o resultado esperado para um bolo. É possível, também,
que durante a execução da receita encontremos dificuldades, por exemplo, o fermen-
to comprado pode não funcionar como o esperado por algum motivo qualquer, embora
esteja dentro da validade e seja de uma marca conhecida e utilizada outras vezes. Isso
demandará ajustes, como ir à padaria ou ao mercado com rapidez para se providenciar
outro fermento e dar continuidade à feitura do bolo.
Sabemos também, de antemão, que as chances de um fermento com o prazo de
validade vencido dar certo em uma receita é muito menor. Incluí-lo propositalmente
na receita seria arriscado, não é mesmo? Dessa forma, podemos entender que há uma
sequência lógica quanto aos fatos que se sucedem, de maneira que um planejamento
precisa, também, seguir um senso lógico quanto aos tempos, espaços, recursos e ne-
cessidades/expectativas em questão.
Assim como no exemplo anterior, na educação é possível dizer que os níveis de
planejamento nos auxiliam na organização quanto à dinamização e otimização de tem-
pos, espaços, recursos e atividades a serem realizadas na fase pré-escolar. Não se trata
de uma receita única e estanque, mas, sim, de uma organização mínima quanto à re-
flexão e aplicação de práticas pedagógicas no âmbito da educação infantil.
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Legislação
Nacional
Projeto
Político
Pedagógico
Níveis de
planejamento
Design Gráfico: Luiza Morena Moraes
Planejamento
de Ensino
Plano de
Aula
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 26
A palavra reflexão vem do verbo latino reflectire que significa “voltar atrás”. É, pois, um
(re)pensar, ou seja, um pensamento em segundo grau. [...] Refletir é o ato de retomar, re-
considerar os dados disponíveis, revisar, vasculhar numa busca constante de significa-
do. É examinar detidamente, prestar atenção, analisar com cuidado. E é isto o filosofar.
(SAVIANI, 1987, p. 23).
É importante lembrar, mais uma vez, que os fatores que influenciam no dia a dia
pré-escolar são oriundos de um macroambiente. A pré-escola não é um local isolado
do mundo: para além de seus muros estão influências políticas, econômicas e sociocul-
turais de uma estrutura social na qual a instituição de educação infantil está inserida.
A legislação vigente de um país quanto às diretrizes que norteiam a ação educativa, as
crises econômicas locais e mundiais, guerras, conflitos, greves, tendências científicas e
culturais são alguns exemplos de como a escola precisa estar atenta aos novos conhe-
cimentos que surgem, buscando adaptar suas formas de consolidação de objetivos à
realidade a sua volta.
Esses fatores citados provocam mudanças na legislação, no referencial curricular,
nas tendências administrativas etc. Dessa forma, é importante que os diversos níveis
de planejamento realizem reflexões contínuas sobre as práticas educativas.
É muito importante que o profissional da educação esteja atualizado quanto às
inovações referentes à sua área de atuação, mas também é relevante que ele se atuali-
ze quanto às transformações que se dão nas demais áreas do conhecimento, especial-
mente os adendos referentes à legislação em vigor, como os que tratam do respeito à
diversidade étnico-racial, por exemplo. Uma questão relevante que precisamos estar
a par refere-se à universalização do ensino obrigatório da criança a partir dos quatro
anos de idade.
Indica-se a leitura da Lei n. 9.394/1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacio-
nal, que em seu art. 4°, inciso I (Redação dada pela Lei n.12.796 de 2013), aborda a educação
básica, na pré-escola.
acabado. Isso significa que há flexibilidade e ajustes necessários que devem ser feitos
no “meio do caminho”. Esse caminhar, portanto, não é distante da realidade vivida na
rotina pré-escolar. A responsabilidade pelo planejamento em educação infantil dentro
de uma gestão democrática e participativa é de todos os envolvidos.
Nunca é demais repetir: no trabalho pré-escolar, não podemos perder de vista o
desenvolvimento integral das crianças. Desse modo, o planejamento na educação infan-
til apresenta relação direta com o desenvolvimento do ensino e com a aprendizagem,
portanto, deve ser valorizado no espaço da educação infantil. Nessa perspectiva, ao rea-
lizar o planejamento, o professor considera o desenvolvimento integral, as interações
entre professor e crianças e entre as próprias crianças, bem como o contexto escolar.
Dispondo dessas premissas, podemos deduzir que o público-alvo a ser priori-
tariamente considerado em nosso planejamento são as crianças e suas respectivas
necessidades, tendo como pressuposto o direito constitucional, as particularidades/es-
pecificidades próprias de sua fase de formação humana e o respeito devido aos familia-
res dessas crianças. É importante dizer, nesta esfera, que a educação infantil se tornou
obrigatória com base na Lei n. 12.796 de 4 de abril de 2013.
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Desse modo, precisamos ter em mente que planejamentos feitos nos anos ante-
riores não devem ser simplesmente repassados ano a ano sem as devidas reflexões,
atualizações e alterações. Além disso, mudanças na infraestrutura da instituição po-
dem ser úteis para a garantia dos direitos das crianças, especialmente no que se refe-
re a sua segurança. É fundamental também prever reformas necessárias à dignidade e
respeito às condições das crianças de inclusão, buscando acolhê-las em suas necessi-
dades específicas e dando-lhes suporte para a melhor qualidade de vida possível.
Quando nos referimos às condições para uma instituição inclusiva, a quais carac-
terísticas estamos fazendo menção?
Um espaço de educação infantil que inclua crianças com necessidades especiais
corresponde àquele que integra e inclui todos. Isto é, que consegue fazer com que to-
dos, respeitando os ritmos de cada um em suas possibilidades e limitações, consigam
aprender e se desenvolver de modo integral. A organização do espaço deve respeitar
as diferenças, criando um ambiente rico em diferentes estímulos e oportunidades para
aprender. Algumas perguntas sempre devem ser feitas: o espaço respeita as diferen-
ças? Cria um ambiente rico em diferentes estímulos e oportunidades para aprender?
A diferença se constitui em um fator importante para os processos de aprendiza-
gem, gerando o referido desenvolvimento integral. Os desafios postos pelas diferen-
ças podem se constituir em oportunidades de trocas de experiências enriquecedoras.
Entretanto, podem surgir desafios nesse processo inclusivo, como: quantidade de
profissionais da educação insuficientes para dar suporte ao bom atendimento a todos
os presentes; falta de professores formados especificamente para trabalhar com edu-
cação infantil; falta de apoio das famílias; falta de recursos materiais, entre outros.
Um planejamento-padrão uniforme corre o risco de não incluir características
próprias de uma comunidade de determinada região nordestina ou tradições muito va-
lorizadas de determinado grupo do Sul do país, por exemplo. É importante garantir as
diretrizes nacionais e os direitos humanos universais, sem perder de vista as particu-
laridades político-econômicas e sociocul-
turais das comunidades e das crianças
atendidas em nossas instituições de edu-
cação infantil. É preciso salientar a impor-
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Muitas vezes, é possível encontrar profissionais que alegam abrir mão da reflexão
por conta da necessidade de dar maior dinamismo ao processo. No entanto, o que pare-
ce uma “perda de tempo” inicial pode ser justamente o que irá acelerar e dar maior qua-
lidade às práticas educativas, além de evitar prejuízos quanto aos recursos financeiros,
materiais e de tempo. Portanto, nessa perspectiva, não podemos confundir flexibilida-
de com práticas aligeiradas e descompromissadas.
Prever o que pode acontecer em ações futuras pode ajudar frente às adversidades
indesejáveis. Por exemplo, quando alguém planeja dar uma festa e calcula seus gastos
pela quantidade de convidados, evita desperdício de alimentos. Em uma instituição de
educação infantil, uma festa de tradição da comunidade pode ser incluída na gestão dos
recursos a serem utilizados, evitando-se desperdícios. Outro exemplo é incluir na ges-
tão de recursos materiais de segurança e treinamento de prevenção contra incêndios.
A leitura do primeiro volume dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil,
elaborados pelo Ministério da Educação, auxilia na compreensão dos conteúdos atitudinais,
conceituais e procedimentais.
“Quando, num Projeto de Trabalho, imaginam-se coisas muito perfeitas ou complexas, duran-
te sua execução é preciso ir aproximando a ideia à realidade, e isto leva o aprendiz a ir lidando
com as suas frustrações no decorrer do trabalho” (BARBOSA, 1999, p. 40).
A necessidade de proporcionar à criança uma proteção especial está enunciada nas Declarações
sobre os Direitos da Criança e na Declaração dos Direitos da Criança Adotada pela Assembleia
Geral de 20 de novembro de 1959, e reconhecida na Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Vale destacar a importância de que a criança esteja ciente dos motivos para o
aprendizado de determinados conteúdos e das estratégias usadas para atingir esse fim.
Para tanto, o professor precisa ponderar sobre o desafio e/ou problema e os ritmos de
aprendizagens diferentes de cada criança. A vivência de conflitos não deve ser vista de
forma negativa, pois pode promover criatividade e ampliação de conhecimentos à medi-
da que se busca a solução para situações-problema que surgem no cotidiano infantil.
Quanto à promoção da criatividade e a ampliação de conhecimentos, é funda-
mental ofertar momentos em que haja incentivo para questionamentos por parte da
criança. Essa postura evita que a criança apresente um comportamento tido como
adequado, porém superficial, pois pode estar desprovida de um conhecimento interna-
lizado sobre o que executa.
Sugere-se a leitura da obra O currículo: uma reflexão sobre a prática, de J. G. SACRISTÁN, Porto
Alegre: Artmed, 1998, que apresenta um olhar crítico e minucioso sobre a importância do cur-
rículo para a educação.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 35
© M.studio / / Fotolia
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 36
Referências
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BARBOSA, L. M. S. Projeto de Trabalho: uma forma de atuação psicopedagógica. 2. ed.
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BONDIOLI, A.; MANTOVANI, S. Manual da Educação Infantil: de 0 a 3 anos. 9. ed. Porto
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O SORRISO de Monalisa. Direção: Mike Newell. EUA: Columbia TriStar, 2003. Película
(125 min).
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 37
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Para aprofundar seus conhecimentos, não deixe de pesquisar sobre os RCN de 1998 no site do MEC.
© oksun70 / / Fotolia
lhores estratégias para alcançar os objetivos de
aprendizagem propostos.
a) Atividades permanentes
As atividades permanentes são aquelas que res-
pondem a cuidados básicos do cuidar e educar e ne-
cessitam ser constantes. Segundo os RCN, a escolha
dos conteúdos que definem os tipos de atividades
permanentes a serem realizadas com frequência re-
gular, diária ou semanal depende das prioridades
elencadas a partir da proposta curricular.
Entre atividades permanentes, podemos citar:
• rodas de conversa;
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• apreciação musical;
• brincadeiras no espaço interno e externo da instituição educacional;
• cuidados com o corpo;
• jogos de escrita, numéricos e de construção.
b) Sequência de atividades
Ainda de acordo com os RCN, a sequência de atividades refere-se a atividades didá-
ticas planejadas e orientadas com o objetivo de promover uma aprendizagem específica e
definida em um determinado período de tempo. É possível que as atividades tenham vá-
rias etapas para que as crianças possam enriquecer seus conhecimentos prévios. São se-
quenciadas com o objetivo de oportunizar desafios de complexidade gradativamente
aumentada, consolidando-se em uma progressão relativa aos níveis a serem enfrentados
pela turma. Dessa forma, há uma ampliação dos conhecimentos no que diz respeito ao que
foi proposto, isto é, a criança é desafiada em diferentes atividades diante de um mesmo
conhecimento.
Para tanto, as etapas de trabalho precisam dar condições à reelaboração e ao enri-
quecimento de conhecimentos anteriores, de modo a permitir a utilização destes em ou-
tros contextos. A sequência de atividades pode ser utilizada, por exemplo, no processo de
adaptação da criança na instituição de educação infantil e também nas etapas para repre-
sentação da figura humana, resolvendo problemas a partir de diferentes proposições.
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c) Projetos de trabalho
Os projetos de trabalho referem-se a um conjunto de atividades que remetem a
conhecimentos específicos construídos a partir de um dos eixos de trabalho. Estes, por
sua vez, organizam-se ao redor de um problema para ser resolvido ou de um produto
final que se deseja obter. O uso de projetos possibilita múltiplas relações, ampliando
ideias sobre um assunto específico. Esse aprendizado pode ser generalizado para ser-
vir de referência para outras situações, e é importante que os desafios apresentados
sejam possíveis de serem enfrentados pelas crianças. A duração varia conforme o obje-
tivo, assim como variam o interesse e a motivação demonstrados pelas crianças.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 42
“Como jogo, a obra de arte conhece um momento de invenção que libera as potencialidades da
memória, da percepção, da fantasia: é a alegria pura da descoberta que pode suceder as bus-
cas intensas ou sobrevir num repente de inspiração: heureka!” (BOSI, 1995, p. 16).
Sugerimos que em seu planejamento estejam presentes atividades como: rodas de apreciação de
trabalhos artísticos, contação de histórias, brincadeiras musicais e de faz de conta, empréstimo
de livros, jogos e brincadeiras que envolvam a linguagem e o raciocínio lógico-matemático.
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É preciso aguçar a curiosidade das crianças, A criança precisa se sentir livre para explorar
mas em um ambiente seguro. o ambiente e desenvolver sua imaginação.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 45
Os espaços para as crianças foram repensados a partir do século XVI, quando sur-
giram novas concepções de infância e de criança. Gradualmente, vestimentas, mo-
biliários e acessórios foram adequados a seu tamanho e suas necessidades físicas e
psicológicas. Portanto, seguindo essa tendência de respeito às necessidades das crian-
ças, os espaços escolares também devem ser pensados a seu favor, uma vez que na
contemporaneidade a criança ganha centralidade.
Na Idade Média, a criança não possuía espaços, atividades e vestimentas de acordo com sua
faixa etária, suas necessidades e características próprias da sua condição de infante. A centra-
lidade não estava na criança, ou seja, não se colocava a criança no centro das preocupações no
meio adulto.
Explorar ambientes naturais pode gerar bastante alegria e motivação para as crianças.
Bosques e jardins são muito bem-vindos se ofertarem segurança para os pequenos. Eles aju-
dam no desenvolvimento integral da criança, pois são um espaço natural rico em estímulos e
possibilidades de brincadeiras.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 46
Os espaços físicos das instituições de educação infantil deverão ser coerentes com a sua
proposta pedagógica, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais, e com as
normas prescritas pela legislação pertinente, referentes a: localização, acesso, segurança,
meio ambiente, salubridade, saneamento, higiene, tamanho, luminosidade, ventilação e
temperatura, de acordo com a diversidade climática regional. (CNE, 2000).
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Ampliar o repertório cultural das crianças é fundamental. Além de passeios em parques, mu-
seus, teatros, circos e demais espaços provedores de experiências significativas, também é
possível oportunizar momentos em que estes venham até a instituição.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 49
Quanto aos movimentos infantis exploratórios, a sala de aula pode ser dividida e
organizada de maneira a facilitar a exploração por parte das crianças, conforme segue.
No livro Com a Pré-Escola nas Mãos: uma alternativa curricular para a educação infantil, organiza-
do por Sônia Kramer (São Paulo: Ática, 2009), podemos encontrar sugestões de como organizar
as áreas movimentada, semimovimentada e tranquila potencializando os espaços existentes.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 50
As tomadas de decisão quanto aos objetos a serem utilizados em sala e demais es-
paços devem se adequar às condições físicas da pré-escola. Isso evitará desinteresse e/
ou tumulto no local escolhido para desenvolver determinadas atividades. É importante
ponderar sobre os espaços e materiais com base nos diversos interesses do grupo, as-
sim como sobre os conhecimentos a serem explorados e descobertos. É preciso tam-
bém destinar espaços para a equipe pedagógico-administrativa para a realização de
planejamentos e reuniões, entre outras atividades.
Vale destacar a relevância da participação das crianças na decoração dos espaços
escolares. A confecção de objetos decorativos e brinquedos precisam ser resultado da
efetiva participação das crianças, que são, dessa forma, valorizadas, tendo sua liberda-
de de ação para o desenvolvimento da autonomia e da criatividade reconhecida.
Quando há materiais produzidos por crianças da mesma faixa etária no ambiente,
a criança sente maior identificação com o espaço, pois encontra semelhança nas ideias
e nos sentimentos, resultando em maior motivação em frequentar a educação infantil.
Não podemos esquecer que as crianças da educação infantil têm necessidades
bem próprias dessa fase. É sempre relevante, repetimos, a articulação entre o cuidar
e o educar, de modo que há a necessidade de prever espaços reservados para o sono,
para higiene e para alimentação, e essas necessidades precisam ser supridas com tran-
quilidade e carinho. No espaço reservado para o sono, deve haver cobertores e traves-
seiros limpos e confortáveis. É preciso garantir que esse local seja seguro e que esteja
visível aos olhos dos profissionais da educação.
Espaços reservados para hortas podem incentivar uma alimentação saudável e nutritiva, além
de consolidar a aprendizagem quanto à necessidade de organização e colaboração entre as
próprias crianças para o início e manutenção da horta.
Os espaços de higiene, assim como todo o resto, devem ser limpos e seguros. O
mobiliário deve conter os materiais de higiene próprios para crianças. O local reserva-
do para alimentação, como não poderia deixar de ser, deve priorizar a limpeza e a se-
gurança, ofertando copos e demais utensílios de plástico higienizados.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 51
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Objetos da sala de aula: a escolha dos objetos utilizados Higiene: os ambientes de higiene devem
em sala e demais espaços deve ser apropriada para as ser limpos e seguros.
condições físicas da pré-escola.
É possível que ocorram alternativas para o uso dos espaços. Sugere se o exercí-
cio de atividades lúdicas. Entre estas, podemos citar: esportes, oficinas de trabalho
(com materiais recicláveis), danças, corais, filmes, desenhos infantis e outras ativida-
des saudáveis que tragam alegria e aprendizado às crianças. É preciso realizar várias
adaptações e ajustes no intuito de aproveitar da melhor maneira possível os recursos
disponíveis.
Promover momentos de culinária com segurança e higiene é uma grande opor-
tunidade para se trabalhar atenção, concentração, memória, raciocínio matemático e
coordenação motora por parte das crianças. Receitas como salada de frutas e mousse
de maracujá podem estimular o gosto por frutas, por exemplo.
Para que as crianças se tornem mais autoconfiantes de suas capacidades e se-
guras em suas tomadas de decisão cotidianas, é necessário um ambiente que estimu-
le a criatividade, a compreensão e a superação de desafios cotidianos. Vale lembrar
que o fato de serem crianças não significa que não possam desenvolver atividades
com independência e responsabilidade em situações-problema que surjam nas rotinas
vivenciadas.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 52
“Na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, os direitos das crianças são
classificados em três categorias: os direitos de provisão, os direitos de proteção e os direitos
de participação” (SMITH; CRAFT, 2010, p. 95).
Permitir que as crianças participem ativamente por meio de interações sociais faz
com que o provimento de suas necessidades infantis seja mais produtivo. Logo, escu-
tar os alunos contempla o apoio ao desenvolvimento individual e coletivo.
Assim, essas práticas permitem o progresso cognitivo da comunicação com o meio
vivenciado diariamente pela criança. A referida comunicação, oriunda do ambiente com
o qual a criança entra em contato, traz canais de expressão e interpretação de significa-
dos que serão contextualizados nos aspectos físicos, psicológicos e socioculturais.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 53
É nossa obrigação proteger nossas crianças. Quando sabemos de maus tratos e/ou negligên-
cias ocorridas, somos obrigados por lei a comunicar ao Conselho Tutelar da respectiva loca-
lidade, sem prejuízo de outras providências legais. A obrigatoriedade da notificação está no
art. 13, do ECA.
“É por meio da interação com os outros que o indivíduo recorta e significa o meio, daí se poder
pensar que o meio humano tem um status duplo: é ao mesmo tempo ‘meio ambiente’ (e os outros
são parte do ambiente) e ‘meio de ação’ nesse ambiente [...]” (CARVALHO; PEDROSA; FERREIRA,
2012, p. 72).
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 54
“Um agricultor que conhecesse tudo sobre a terra e sobre as plantas teria, mesmo assim, pouca
colheita se não dispusesse de nenhum instrumento de trabalho” (GANDIN, 2009, p. 7).
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 56
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“Na escola infantil, é preciso contemplar diferentes âmbitos de intervenção. Cada um per-
mitirá às diferentes crianças aprenderem todos os conteúdos próprios dessa faixa etária”
(BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 1999, p. 169).
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 57
A música pode alegrar muito o ambiente da educação infantil. Ela promove diver-
são e descontração, auxiliando para que as crianças se sintam mais felizes e à vonta-
de no espaço pré-escolar. Assim, alguns momentos da semana podem ser reservados
para a musicalidade.
O brincar é fundamental na infância. Os materiais didático-pedagógicos devem
acompanhar essa necessidade, pois se trata de uma oportunidade preciosa de apren-
dizado. É brincando que as crianças constroem ou modificam objetos em uma atuação
cooperativa com as demais. Elas, nesse âmbito, partilham experiências e socializam
conhecimentos e significados. Cumpre dizer que, além de aprender, a criança acaba
também por ensinar, de modo que oportunizar experiências de contato interpessoal
propicia trocas importantes na formação humana.
“O ato de brincar corresponde a uma motivação movida pela curiosidade, envolta por um dire-
cionamento de inventividade, interesse por aventuras, fomentando, ainda, a expressividade de
caráter científico e artístico. O brincar propicia, além disto, a saúde e a qualidade de vida dos
alunos” (CARVALHO; PEDROSA; FERREIRA; 2012).
BRUEGEL, Pieter the Elder. Children's Games, 1559-60. Oil on wood: 118 x 161 cm. Kunsthistorisches Museum,
Vienna. Domínio Público.
Pieter Bruegel (1525-1569) foi um pintor de Brabante, situada ao norte da atual Bruxelas, célebre por seus
quadros retratando paisagens, multidões e cenas do campo. A obra “Jogos Infantis” (1560) contém por volta
de 250 personagens participando de cerca de 80 brincadeiras infantis tradicionais da época do pintor. O
resgate de brincadeiras antigas pode ser de grande valia para nossas crianças de hoje.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 59
[...] um “arquivo didático” que pode funcionar como memória histórica de cada institui-
ção. Enquanto estava lendo o que elas disseram, lembrava-me que nossos arquivos cos-
tumam estar repletos de papéis que nunca serão examinados de novo, que muitos pátios
tem um setor ocupado com móveis deteriorados – que talvez pudessem ser restaurados.
No entanto, não posso esquecer a resposta radiante de uma diretora com a qual estivera
conversando sobre oficinas e inovações didáticas. Seu rosto iluminou-se em determinado
momento da conversa: descobrira que finalmente poderia retirar as mesas de areia que
estavam jogadas no sótão da escola há muitos anos.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 60
Os recursos nem sempre são atrativos por si próprios. Nesse sentido, a presença
do profissional da educação é essencial para realizar as mediações necessárias. Além
disso, é importante trabalhar com as crianças a própria voz do(a) professor(a), que
pode criar diferentes climas, propiciando relaxamento ou agitação. Além disso, a mí-
mica e os movimentos podem despertar o interesse das crianças.
Em suma, o espaço, o ambiente humano e os materiais didático-pedagógicos de-
vem refletir uma abordagem pedagógica de pensamento orientando as suas práticas
de uso. É preciso ter coerência no uso de autores, linhas pedagógicas, espaços e re-
cursos utilizados. Para isso, é preciso debruçar-se nos estudos sobre educação infan-
til, inclusive voltando-se para o desenvolvimento científico e tecnológico que permeia
nossas ações cotidianas.
Transparências
e retroprojetor
A construção de uma brinquedoteca pode ser muito significativa aos trabalhos pedagógicos de-
senvolvidos na instituição de educação infantil. Isso porque, por meio dela, é possível trabalhar a
exploração de formas, cores e texturas por parte das crianças, que podem brincar livremente.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 62
Referências
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CUBERES, M. T. G. et al. Educação Infantil e Séries Iniciais: articulação para a alfabetiza-
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SMITH, A. P.; CRAFT, A. O Desenvolvimento da Prática Reflexiva na Educação Infantil.
Porto Alegre: Artmed, 2010.
3 É preciso avaliar na educação infantil?
O projeto político pedagógico está incluso nos princípios de uma gestão democrática. Esta é uma
forma de gerir uma instituição de maneira que possibilite a participação, transparência e demo-
cracia. Assim como o Conselho Escolar, o PPP tem leis para assegurá-lo (LDB/1996, art. 12).
Jussara Hoffmann é mestre em Educação pela UFRJ e leciona, desde 1997, na Faculdade de
Educação da UFRGS. É uma das mais renomadas pesquisadoras em avaliação, cujos estudos sa-
lientam o compromisso de os educadores promoverem melhores condições de aprendizagem.
O filme O Triunfo (The Ron Clark Story/The Triumph), Canadá/EUA, 2006, direção de Randa
Haines, pode proporcionar reflexões sobre a rotulação de alunos, o respeito à diversidade das
famílias e a necessidade de avaliação diagnóstica para a melhoria da qualidade de ensino.
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A avaliação deve levar em conta a A atuação do professor vai além de O espaço precisa ser democrático para
participação individual e coletiva. controlar e classificar os alunos. estudo e discussão das propostas
avaliativas.
O processo de avaliação das aprendizagens dos alunos tem de refletir não apenas o exa-
me dos conteúdos trabalhados em sala de aula, mas aspectos mais abrangentes, ligados à
formação do cidadão. Em vez de corresponder somente ao desempenho do aluno em uma
determinada disciplina, o processo de avaliação discente articula-se ao projeto pedagógi-
co da escola e aos objetivos educacionais que se apresentam como missão da instituição
de ensino. (KENSKI, 2004, p. 141).
“[...] a avaliação escolar adquire [...] um status de relevância dentro da prática educativa [...]
Isto indica que a avaliação, as notas, a aprovação ou a reprovação acabam sendo muito mais
significativas dentro da escola que o próprio conhecimento” (GODOI, 2010).
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Avaliação positiva na escola contemporânea Aprendizagem significativa e participação
É preciso que as crianças assimilem uma atitude positiva frente à nova realidade
educativa em que logo estarão inseridas. A participação dos familiares nesse contexto
é fundamental. Podemos, por exemplo, incentivar os familiares a aproveitarem os mo-
mentos de curiosidade e as diversas reações por parte das crianças para levarem-nas à
nova escola, agendando, inclusive, entrevistas breves com professores do primeiro ano.
A avaliação pode ser utilizada de modo estratégico para se alcançar bons resulta-
dos no dia a dia pré-escolar. Se, por meio de observação, registro e portfólio, apenas
para citar alguns exemplos, retirarmos informações relevantes sobre conteúdos concei-
tuais, atitudinais e procedimentais desenvolvidos em sala e demais espaços, é possível
encontrar meios de valorizar o que já parece estar bom e buscar caminhos para superar
desafios encontrados.
Como já foi retratado, de acordo com a legislação brasileira, não há promoção de
níveis na educação infantil, isto é, não há reprovação ou aprovação.
Isso quer dizer que não há motivo para avaliar o alunado?
Na verdade, existem muitos aspectos a serem avaliados e que podem constituir
conhecimentos úteis para o ingresso no ensino fundamental. Conquistas aparente-
mente não significativas, como aprender a guardar pertences próprios ou participar da
arrumação de brinquedos em sala, podem significar o aprendizado de valores, como:
responsabilidade coletiva, autonomia, ter a limpeza como aliada em sua rotina diária.
Assim, avaliar se as crianças adquiriram esse aprendizado no espaço pré-escolar é de
grande importância.
Nesse contexto, vale destacar que é muito importante que o professor tenha or-
ganização e desenvolva senso de planejamento, uma vez que o trabalho em sala de
aula com os pequenos é bastante dinâmico. Frequentemente, no Brasil, há muitas
crianças na sala de aula, exigindo do professor cuidado e compreensão no agir, pois
não podemos deixar de dar atenção a todas as crianças.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 73
No século XIII, as crianças eram retratadas como miniadultos, não existia uma diferenciação
do adulto com as particularidades de uma criança. “Assim que a criança deixava os cueiros [...]
ela era vestida como os outros homens e mulheres de sua condição” (ARIÈS, 2001, p. 32).
Desse modo, nossos estudos devem estar voltados para as conquistas, des-
cobertas e pesquisas relevantes para as nossas crianças e, nessa medida, o processo
avaliativo deve acompanhar os objetivos traçados no projeto político pedagógico da
instituição de educação infantil. Basicamente, a avaliação precisa ser coerente e har-
mônica com a intencionalidade existente no PPP, acompanhando as inovações de nos-
sa época. De outro modo, ela se torna inútil e improdutiva, configurando-se apenas
num frágil compromisso com alunos, familiares e comunidade.
Por meio de dados obtidos pelas avaliações, é possível realizar comparações com
o que produzimos atualmente e o que ocorria nos sistemas de ensino no passado.
Dessa maneira, podemos refletir sobre aquilo que é e foi produzido nos mais variados
processos de ensino-aprendizagem, de modo a planejarmos com maior propriedade as
formas do trabalho pedagógico, incorporando, quando possível ou necessário, as ino-
vações que surjam, na perspectiva de consolidar contínuas melhorias no desenvolvi-
mento integral da criança.
É muito importante reservar tempo para ações avaliativas. Essas ações devem ser
pensadas com antecedência por parte da instituição e de profissionais da educação,
pois é no momento do planejar que traçamos a intencionalidade e as formas de obten-
ção de determinados resultados almejados. O processo avaliativo não condiz com uma
simples execução burocrática.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 74
12 Domingo
13 Segunda-feira Ação avaliativa 1
14 Terça-feira
15 Quarta-feira
É preciso estar atento para o fato de que o projeto político pedagógico contempla
a avaliação nas suas variadas dimensões:
• avaliação diagnóstica;
• avaliação processual/formativa.
A avaliação diagnóstica compreende as observações e os registros que se refe-
rem às influências diversas sobre a criança, isto é, um acompanhamento avaliativo, em
que podemos identificar conhecimentos prévios, assim como aspectos que ainda estão
em desenvolvimento na criança. Esses aspectos remetem à necessidade de estabeleci-
mento de estratégias metodológicas por parte do professor, com o intuito de possibili-
tar o desenvolvimento integral da criança.
No caso de crianças de inclusão e que apresentam necessidades especiais, tam-
bém é possível precisar quais instrumentos e suportes serão necessários para um me-
lhor atendimento de suas condições de aprendizagem.
A avaliação com função diagnóstica constitui-se em um momento dialético do
processo de desenvolvimento da ação e do crescimento da autonomia. Assim, a ques-
tão não está em tentar uniformizar o comportamento apresentado pelo aluno, mas em
criar condições de aprendizagem que permitam que ele, qualquer que seja seu nível,
evolua na construção de seu conhecimento.
Baseado em fatos reais, o filme Um Sonho Possível (John Lee Hancock, EUA, 2009) pode pro-
porcionar reflexões sobre influências das condições político-econômicas e socioculturais sobre
os alunos e a respeito da importância dos processos avaliativos numa atuação diagnóstica.
A formação da criança sofre influências variadas, que podem ser vistas pelo pro-
fessor como oportunidades de aprendizados que têm função e utilidade em determi-
nado contexto e período.
“As decisões [...] não são tomadas apenas no início do trabalho. O professor define os contor-
nos do que pretende desenvolver [...] na sua prática, durante o desenrolar do processo, que irá
clarificando para si e para os educandos e, com os educandos, as metas a serem alcançadas”
(VEIGA, 2011, p. 70).
Ter organização quanto aos métodos utilizados para se avaliar as crianças é fundamental. É im-
portante não deixar acumular materiais produzidos pelas crianças e registros a serem feitos
para o final de um bimestre ou trimestre.
Movimento
Quanto à área formativa movimento, o documento aponta para uma necessária reflexão sobre
o ambiente da instituição, com vistas à motricidade saudável, de maneira a questionar se o am-
biente é suficientemente desafiador, se propicia situações de ação e interação. Nessa fase da
educação infantil, gestos, ritmos corporais, modos de deslocamento no espaço, linguagem ex-
pressiva e participação em jogos e brincadeiras que incluam a motricidade podem ser avaliados.
Música
Na área da música, é levada em consideração a atenção auditiva, demonstrada com reações
diversas, incluindo imitação, capacidade de expressão musical por meio da voz, do corpo e com
diversos meios sonoros.
Artes visuais
As artes visuais tratam das expressões singulares que remetem a produções criativas e espon-
tâneas, em que modelos prontos e mecânicos são substituídos pela liberdade de expressão das
crianças como sujeitos produtores.
Natureza e sociedade
Na área da natureza e sociedade, é imprescindível propiciar às crianças o contato direto com o am-
biente, assim como a investigação exploratória, de modo a observar a participação das crianças em
situações desafiadoras propostas pelo professor.
Matemática
Como última área de formação, tem-se a matemática e a sua proposta de avaliação. Esta refere-
-se a mapear e acompanhar o pensamento da criança sobre noções matemáticas. São ofertados
e avaliados momentos de participação em contagem oral e referências temporais e espaciais, de
modo que o ritmo de aprendizagem infantil seja respeitado.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 81
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conversa, pinturas em papel sulfite, fotos que
registram momentos participativos do grupo
e outros já mencionados expressam do que
o grupo tem participado e vivenciado nessa
A diversificação de atividades evita a monotonia.
fase da educação infantil.
Formas de expressão verbal ou não devem ser incentivadas para que as crianças de-
senvolvam a sua comunicação efetiva com o mundo que as cerca, demonstrando inclusi-
ve o que já aprenderam e o que ainda estão aprendendo. Desenvolver a comunicação da
criança é muito útil no âmbito pedagógico, não somente porque facilita o aprendizado,
mas também porque conseguimos saber com maior facilidade do que de fato a criança
se apropriou e se consegue atuar de forma autônoma ou não.
Acompanhar estudos científicos sobre as necessidades infantis nas diversas fai-
xas etárias pode ser útil. Isso porque esses estudos nos ajudam a ter parâmetros sobre
quando e onde estejamos tendo expectativas superiores ou inferiores ao que as crian-
ças dão conta de realizar. É preciso tomar cuidado com os limites/ritmos das crianças:
podemos deixar à margem um potencial latente ou exigir que elas aprendam conteúdos
que não dariam conta em determinado momento.
É preciso sempre muita reflexão, cautela e carinho, visando acompanhar os passos
pré-escolares e o desenvolvimento físico, emocional e cognitivo das crianças. Também
é essencial buscar compreender a cultura local, pois ela pode influenciar nos modos da
atuação pedagógica e das próprias crianças no espaço pré-escolar.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 82
Fique alerta! Quando pensamos em avaliação em educação infantil, temos que tomar cuida-
do para não avaliar conteúdos de uma educação precoce, mas também não podemos deixar de
avaliar conteúdos que sejam importantes para o desenvolvimento integral da criança.
COMUNICAÇÃO COMUNICAÇÃO
VERBAL NÃO VERBAL
de que nossa memória nos sabotou. Uma pauta de registro prática e objetiva a ser le-
vada conosco pode nos ajudar a não esquecer fatos e elementos importantes.
Assim como já exposto, há situações, faixas etárias e crianças diferentes entre si,
de modo que podemos selecionar quais seriam as melhores estratégias e instrumen-
tos de observação e registro para cada caso. Dessa maneira, é fundamental que todos
os instrumentos que decidirmos usar no momento do planejamento de atividades pe-
dagógicas estejam acessíveis. A sala deve estar sempre bastante organizada, para que
seja fácil encontrar os referidos instrumentos, uma vez que a atuação nesse ambiente
na educação infantil exige muito dinamismo.
Podemos fazer uso também de recursos intercalados, como diários de bordo,
computadores, gravadores, filmadoras e câmeras fotográficas. Vale destacar que as
tecnologias não são avançadas por si próprias, mas pela condição e intencionalidade
de uso, e são estes elementos que lhe dão ou não um caráter inovador. Assim, é mui-
to importante que estudos e atualizações sejam feitos para dar subsídios aos modos
como vamos utilizar esses recursos e suas devidas interpretações devem ser pautadas
em autores contemporâneos confiáveis.
Outra questão relevante está no fato de que precisamos ter respeito e sigilo pelas
informações e manifestações pessoais das crianças, isto é, dados e relatos só devem
ser expostos à família e à equipe pedagógico-administrativa.
Também é importante não criar rótulos para as
crianças, pois podem soar pejorativos e/ou a fa-
mília pode entender como algo imutável.
Rótulos, portanto, podem ser prejudiciais
ao futuro de uma criança, seja qual for a
A tecnologia auxilia no
idade em que ela se encontre. Devemos
© buchachon / / Fotolia. Design Gráfico: Willian Batista
registro de dados.
sempre ter em mente que uma crian-
ça que apresenta determinada atitude
agressiva e de resistência hoje pode se
tornar, por diversos motivos, uma criança
de comportamento oposto no futuro.
Em resumo, a forma que escolhemos para ava-
liar na educação infantil e seus instrumentos de ava-
liação dependem do dia a dia em sala de aula e demais espaços, com base nas ações
educativas e nas características próprias de cada turma, sempre de acordo com o que
é proposto no projeto político pedagógico da instituição de ensino.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 86
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Criar rótulos prejudica o desenvolvimento A análise dos resultados avaliativos
da criança. direciona o trabalho docente.
Referências
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VEIGA, I. P. A. V. (Coord.). Repensando a Didática. 21. ed. Campinas: Papirus, 2011.
4 As diferentes maneiras de avaliar
Neste capítulo, abordaremos questões relativas à observação e ao acompanha-
mento das crianças no espaço pré-escolar, bem como discutiremos sobre instrumentos
avaliativos que sejam compatíveis com os paradigmas de avaliação na contempora-
neidade. Assim, trataremos da importância da participação da família nos processos
avaliativos, englobando a funcionalidade das atuações em equipe para uma sociedade
mais democrática. Nessa perspectiva, serão abordados os objetivos que famílias e es-
colas têm em comum e a importância das parcerias desenvolvidas.
A avaliação da educação infantil toma esse fenômeno sociocultural (“a educação nos pri-
meiros cinco anos de vida em estabelecimentos próprios, com intencionalidade educa-
cional, configurada num projeto político-pedagógico ou numa proposta pedagógica”),
visando a responder se e quanto ele atende à sua finalidade, a seus objetivos e às diretri-
zes que definem sua identidade. Essa questão implica perguntar-se sobre quem o realiza,
o espaço em que ele se realiza e suas relações com o meio sociocultural. Enquanto a pri-
meira avaliação aceita uma dada educação e procura saber seus efeitos sobre as crianças,
a segunda interroga a oferta que é feita às crianças, confrontando-a com parâmetros e
indicadores de qualidade. Essa é feita por um conjunto de profissionais do sistema de en-
sino (gestores, diretores, orientadores pedagógicos e outros especialistas, professores),
pelos pais, dirigentes de organizações da comunidade etc. (BRASIL, 2011).
meio da qual são questionados os objetos e as atividades vistas como mais aprecia-
das pela da turma, assim como as que promovem aprendizagens significativas, que ali-
mentam a iniciativa e a curiosidade infantil.
Observar as crianças nos momentos das brincadeiras pode ser tornar uma ótima oportunida-
de para verificarmos o processo de desenvolvimento integral, pois é em situações como esta,
na convivência entre as crianças, que elas expressam o seu pensamento crítico e suas escolhas.
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As conquistas gradativas revelam o caráter evolutivo – a ser respeitado em sua
individualidade – da criança em todas as áreas. Hoffmann (2011) defende que, nesta
perspectiva, é preciso um olhar atento e curioso por parte do professor, estudando as
reações das crianças no espaço da educação infantil. A autora ainda defende um proces-
so avaliativo permanente de observação, registro e reflexão sobre as crianças. Assim, os
passos, avanços e dificuldades são constantemente observados, repercutindo em ações
que originarão novas intervenções e conhecimentos.
A parceria com os familiares é essencial. Procure estabelecer um diálogo aberto, franco e respei-
toso com os familiares ou responsáveis, procurando colocar-se no lugar deles de forma empática.
Originariamente, o portfólio é uma pasta grande e fina em que os artistas e fotógrafos inician-
tes colocam a mostra de suas produções, as quais apresentam a qualidade e abrangência de
seu trabalho, de modo a ser apreciado por especialistas e professores.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 97
Portfólios Registros
Destinam-se a reunir amostras Tendem a enfatizar aspectos pessoais
dos trabalhos das crianças e sociais, sendo também organizados
durante certo período de durante um tempo programado,
tempo, mostrando seu podendo, quando for possível, articular a
progresso por meio de experiência de trabalho com atividades
produções variadas. desenvolvidas fora da pré-escola.
Para tanto, é relevante considerar as crianças em suas histórias de vida, bem como em
seus ambientes socioculturais. Ainda nesse mesmo documento, as crianças são ditas co-
construtoras de um processo dinâmico e complexo de desenvolvimento pessoal e social.
Esse mesmo documento reforça a ideia que os registros no portfólio devem ser
variados, por exemplo: escrita, gravação de falas, diálogos, fotografias, vídeos, pro-
duções das crianças etc. Como dito anteriormente, observação e escuta qualificadas
devem ser intercaladas. Sugere-se que os professores anotem o que observam nas
crianças, assim como suas impressões e ideias. Também podem descrever sobre o en-
volvimento da criança nas atividades e com as demais crianças.
Célestin Freinet (1896-1966), pedagogo anarquista francês, propôs o Livro da Vida, uma espécie
de diário feito pelas próprias crianças com a escolha do momento e assunto que quiserem. Esse
registro pode ocorrer de variadas maneiras, como: desenhos, escrita, colagens e outras.
Desse modo, observação, escuta e registros podem ocorrer com o uso de pautas
e relatórios individuais contemplando fotos, anotações, falas das crianças, entre ou-
tros dados vistos como significativos.
Pauta, no contexto avaliativo em pedagogia, refere-se a uma lista ou tabela de registros que são fei-
tos por meio de observação e anotações pertinentes.
ambos os contextos.
O trabalho desenvolvido pelos profissio-
nais da educação precisa reconhecer os aspec-
tos mais significativos das formas socioculturais
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 99
apresentadas. Como ponto de partida dessa relação entre a pré-escola e a família, te-
mos o trabalho de adaptação e acolhimento das crianças ao iniciar a sua vida na educa-
ção infantil. Nesse momento, é importante que os familiares e os professores relatem
como foram os primeiros passos de inserção nesse novo espaço, para que estratégias
de adaptação e orientações necessárias sejam consolidadas.
Em um primeiro momento, sugere-se encaminhar familiares ou responsáveis para
que conheçam a instituição, explicando a função de cada espaço apresentado. Além
disso, é necessário que eles tenham conhecimento do quadro de profissionais que
atuam na instituição de educação infantil e suas respectivas responsabilidades. Esse
é o momento ideal para apresentar também o grupo/nível em que a criança será inse-
rida, normas regimentais, assim como a programação que será estabelecida com base
em determinada tendência pedagógica.
Na primeira reunião do ano, sugere-se informar às famílias sobre questões perti-
nentes, como as propostas de trabalho pedagógico e as formas de avaliação, além do es-
clarecimento de dúvidas concernentes ao encaminhamento dos trabalhos desenvolvidos.
A participação da família no espaço escolar e pré-escolar é importante, seja qual
for o âmbito educativo que decidirmos discutir. Além de poder auxiliar na fase inicial
para a adaptação das crianças ao ambiente, a família também pode assessorar no pe-
ríodo em que é feito um diagnóstico em relação aos conteúdos prévios e às necessi-
dades da turma em questão. No decorrer do ano, no processo de desenvolvimento
infantil, a família pode ajudar com estímulos, incentivos e acompanhamento das ativi-
dades a serem realizadas.
Bons livros de literatura infantil podem ser intercalados nos mais diversos gêneros textuais.
Uma prática a ser sugerida é a da “Maleta Viajante”, a qual pode conter, por exemplo, clássicas
lendas do folclore brasileiro, e pode circular de casa em casa.
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É sabido que a disponibilidade afetiva da família é um dos requisitos principais
para o desenvolvimento integral infantil, uma vez que toda família é responsável pela
proteção e iniciação das crianças nas relações sociais, afetivas e intelectuais. Um papel
relevante a ser desenvolvido pelo do professor é promover a confiança da criança em
ambientes novos e nos adultos.
Para tanto, é preciso respeitar o tempo singular que cada criança leva para se
adaptar a novos ambientes, relações e descobertas justamente no momento em que
vivencia a separação e o reencontro com seus familiares e/ou responsáveis. Em relação
aos familiares, é de suma importância apoiá-los nesse momento de separação, portan-
to, é salutar demonstrar disponibilidade para diálogos de suporte.
É essencial que os familiares compreendam esses aspectos com clareza por meio
de reuniões e em momentos reservados de conversa. Tornar a família alheia a essas
questões pode dificultar sua participação e colaboração em todos os momentos do
processo educativo, pois a adesão às causas pede conhecimento e compreensão pré-
vios sobre os assuntos básicos envolvidos.
Esse pressuposto é válido para o âmbito curricular, isto é, é interessante que os
familiares ou responsáveis compreendam o conjunto de experiências por meio de ativi-
dades e interações que se dão no cotidiano da unidade educacional, pois se sabe que é
a partir do projeto político pedagógico e do currículo que os profissionais da educação
realizam sua programação didática. Tornar os familiares e responsáveis conscientes de
aspectos básicos relacionados ao projeto político pedagógico e ao currículo pode auxi-
liar no andamento dos processos educativos que se dão no espaço pré-escolar.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 101
Como podemos ver, são inúmeros os momentos em que a família se mostra im-
portante e até fundamental no meio educativo pré-escolar. Ora, se os familiares se
apresentam com um papel tão relevante nesses momentos citados, por que não tê-los
também no momento avaliativo?
Não se trata tão somente do merecido respeito em informar sobre as condições
de ensino-aprendizagem e sobre o desempenho da criança. Trata-se também de reco-
nhecer que a família pode trazer contribuições pertinentes, como: informações relati-
vas à saúde da criança, crises familiares que possam tê-la abalado, viagens frequentes
que possam ter interrompido por várias vezes suas atividades, entre outros aconteci-
mentos. Ela também pode esclarecer sua conduta desatenta, por exemplo, citando de-
terminado evento desconhecido.
A família também contribui com ideias relevantes concernentes ao suprimento da
demanda local da comunidade, ajudando o professor a conhecer a diversidade de con-
dições socioculturais, político-econômicas, religiosas e demais características próprias
do entorno da instituição.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 102
Vale destacar que os modos de atuação das instituições de ensino eram influen-
ciados, também, pelo modo de participação das famílias e vice-versa, ou seja, a parti-
cipação de familiares e/ou responsáveis nos processos avaliativos sofria influência das
questões históricas reportadas na Pedagogia Tradicional.
Na atualidade, o espaço pré-escolar e escolar assumiu um papel mais democrá-
tico, valorizando a participação ativa e integrada de todos os envolvidos no processo
educativo. O conceito de gestão democrática corresponde a uma tendência contem-
porânea de ensino, em que se reconhece como importante a participação de todos os
envolvidos nos processos educacionais. O autoritarismo não é bem-vindo e as práticas
democráticas são bastante valorizadas em todos os momentos e setores pedagógicos.
Não há espaço para autoritarismo, mas, sim, para a contribuição de todos que
possam colaborar. Dessa maneira, a família é bastante valorizada, pois ela pode con-
tribuir desde o ingresso da criança na instituição até a saída. A pré-escola e a escola,
isoladas da sociedade em seu contexto histórico, tornam-se improdutivas quando tra-
zem conceitos alheios ao que a sociedade de fato necessita para um fortalecimento
das ações democráticas.
A pré-escola e a família precisam ter um diálogo constante e uma parceria afina-
da, pois possuem os mesmos objetivos em comum: a formação integral e o bem-estar
das crianças. Se ambas tiverem uma convivência de recíproco apoio será muito mais
produtivo e mais fácil a consolidação dos objetivos traçados. Assim, é de extrema im-
portância que essa relação seja sempre pautada no respeito de ambas as partes.
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Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 104
É preciso entender que nosso bairro pode vir a influenciar o mundo e que o
mundo pode influenciar nosso bairro. Famílias e escolas precisam ser parceiras no
desenvolvimento de uma sociedade cada vez mais humana e igualitária, buscando ga-
rantir condições de vida digna e de escola de qualidade para todos. Para Kramer (2009,
p. 100), são dois os principais objetivos da interação instituição-família:
[...] de um lado, ela visa propiciar o conhecimento dos pais e responsáveis sobre a propos-
ta pedagógica que está sendo desenvolvida, para que possam discuti-la com a equipe. De
outro lado, essa interação favorece e complementa o trabalho realizado na escola com as
crianças, na medida em que possibilita que se conheçam seus contextos de vida, os cos-
tumes e valores culturais de suas famílias, e as diferenças ou semelhanças entre elas e em
relação à proposta.
Assista Crianças Invisíveis (2005). Trata-se de uma reunião de sete curtas-metragens, todos pro-
tagonizados por crianças de países diferentes e dirigidos por importantes cineastas, incluindo a
brasileira Kátia Lund. Cada uma das crianças desse filme retrata a realidade de seu país.
Desistências, apatia e resistência, seja por parte da criança, da família ou dos profis-
sionais da educação, podem ser sinais de que há necessidade de melhorias a serem reali-
zadas, por isso a importância do diálogo para que o papel da educação possa se efetivar.
A instituição tem a função social de garantir o acesso aos conhecimentos cien-
tíficos que permitam à criança tornar-se um cidadão crítico e reflexivo. A família, por
sua vez, não pode isentar-se de seu papel com relação à formação de suas crianças em
questões como hábitos, valores, saúde e outros que colaboram para o encaminhamen-
to pedagógico. Nesse sentido, o comparecimento da família em reuniões é visto como
fundamental. O convite às festividades e visitas à pré-escola deve ser incentivado, pois
auxilia na futura consolidação da parceria entre escola e família.
As reuniões realizadas na pré-escola devem propiciar momentos de integração
entre familiares e ambiente escolar. A integração tem como objetivo permitir aos fa-
miliares a oportunidade de conhecer, sentir e refletir sobre o que as crianças fazem em
sua rotina e sobre o que aprendem na instituição. É essencial incluir temas sugeridos
pelos familiares ou responsáveis e comunidade como pauta de reuniões.
Ressalta-se que devemos evitar reuniões de cobranças e reclamações acerca de al-
gumas crianças. Essas cobranças devem ser realizadas em momentos e locais reserva-
dos, pois as reuniões precisam ter foco em situações e esclarecimentos de questões de
interesse coletivo.
Sugere-se, ainda, a realização de exposições dos trabalhos infantis como forma de
aproximar familiares, comunidade e escola. Os familiares podem ser consultados sobre
o seu interesse em participar da confecção de materiais em conjunto com as crianças.
Confecção de brinquedos ou até mesmo enfeites assim como momentos reservados
para que os familiares possam contar a história de sua localidade e de sua origem po-
dem ser de grande valia nessa aproximação. Vale destacar que esses momentos tam-
bém podem ser inclusos nas avaliações feitas no espaço da educação infantil.
Essas práticas permitem que todos os membros envolvidos sintam-se valorizados e
possam compreender melhor o processo educativo pelo qual as crianças estão passando.
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Durante as reuniões, deve haver As cobranças e reclamações A reunião pode ser aproveitada
momentos de interação entre as direcionadas aos pais devem ser feitas como um momento para expor
famílias e a escola. isoladamente e em local reservado, os trabalhos dos alunos.
nunca durante a reunião dos pais.
Planejamento e Avaliação na Educação Infantil 107
Indica-se para a instituição de educação infantil uma caixinha de sugestões, dicas, elogios e
reclamações para otimizar a comunicação, com vistas à melhoria da qualidade de ensino.
Vale lembrar que a pré-escola não dinamiza processos educativos de forma isola-
da. Ela está inclusa em um macrossistema em que diversas variáveis políticas, econô-
micas e socioculturais precisam ser examinadas com cautela por parte de profissionais
da educação.
É por meio da avaliação institucional que podemos observar e refletir sobre as
condições de trabalho ofertadas pela organização, de maneira a buscar as alterações
necessárias. Isto é, a avaliação institucional se refere àquela em que as condições es-
truturais, clima organizacional e fatores humanos sofrem coletas e compilação de da-
dos, no intuito de se avaliar a qualidade de oferta de ensino e atendimento por parte
dos profissionais que ali atuam.
Para um maior conhecimento sobre a temática, sugere-se o livro Avaliação Educacional: cami-
nhando pela contramão (Petrópolis: Vozes, 2009) organizado por Luiz Carlos de Freitas.
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