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24.dez.2019 às 2h00
que conserva a herança liberal que triunfou no trágico século 20. Mas o que é
essa herança? Que valores ela defende? E, já agora, que autores devem ser
lidos e relidos para lembrá-la?
É Natal. Se o leitor ainda não comprou todos os presentes, existem três livros
já publicados no Brasil que merecem atenção particular.
(https://www1.folha.uol.com.br/fronteiras-do-pensamento/2019/11/premio-nobel-mario-vargas-llosa-fala-sobre-a-
Angelo Abu/Folhapress
O resultado dessa evolução está presente na obra, que procura fazer pelo
liberalismo o mesmo que Edmund Wilson conseguiu com o clássico “To the
Finland Station” para a ideia socialista: uma reconstituição histórica e
teórica.
A viagem começa com Adam Smith, prossegue com Ortega y Gasset, inclui
um quarteto fundamental (Hayek, Popper, Isaiah Berlin, Raymond Aron) e
termina com Jean-François Revel. São autores que
recusam o “chamado da tribo”, ou seja, o retorno à sociedade fechada das
mentalidades primitivas.
É um mistério que intrigou vários autores, como Elie Halevy, e que conhece
no livro uma tentativa de resposta: na Inglaterra, ao contrário do que se
passou no continente europeu, havia uma “tradição de liberdade” que
sempre se opôs ao poder ilimitado.
A tradição era a liberdade, não o abuso; o que implicou, por exemplo, que o
primeiro grande conservador moderno (Edmund Burke) tenha sempre
procurado conservar esse patrimônio, quer na Revolução Americana, quer
na Revolução Francesa, ao contrário de outros conservadores da Europa
continental.
Moral da história?
futuro-incerto.shtml)que
corroem as nossas democracias são uma ameaça para a
esquerda tradicional.
Isso é parte da verdade. Não é toda a verdade. A ameaça não é apenas para a
esquerda. É também para a direita democrática e liberal, aberta ao
pluralismo (como em Vargas Llosa), ciosa das liberdades fundamentais
contra os abusos do poder (como em Espada) e relutante em trocar a
dignidade da consciência moral pelo reles cálculo do poder pelo poder
(como em Moreira).
Ler esses três livros ajuda a lavar a alma das sujidades políticas do nosso
tempo. E a olhar para o futuro com o otimismo que falta no presente.
Bom Natal.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2019/12/tres-
livros-para-lavar-a-alma.shtml