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A RELAÇÃO ENTRE VÍNCULOS AFETIVOS E O MEDO DE DIRIGIR1

Bruna Rodrigues Barboza2


Nelson Flávio Corrêa Nachif3

RESUMO

O medo é uma reação de alerta muito importante para a sobrevivência dos seres humanos,
mas, quando em excesso ele pode vir a prejudicar e tornar-se incapacitante em diversos
momentos da vida de um indivíduo, como quando este está no trânsito e deve dirigir um
veículo. Considerando que dirigir, hoje em dia, é sinônimo de necessidade e praticidade, este
trabalho visa contribuir para análise e discussão acerca do medo de dirigir, assim como dos
aspectos psicológicos envolvidos nesse contexto. Os aspectos objetos desse estudo serão
aqueles que se manifestam, possivelmente, a partir dos vínculos afetivos desenvolvidos nos
sujeitos dessa pesquisa e que desencadeiam o medo de dirigir, objetivando fazer uma relação
entre eles. Os dados foram coletados a partir da experiência de estágio específico, com ênfase
em Saúde na Contemporaneidade, com grupos do projeto Vencendo o Medo de Dirigir, de
parceria do Departamento de Transito de Mato Grosso do Sul - Detran-MS com a
Universidade Católica Dom Bosco, cujos encontros foram realizados na clínica-escola da
instituição.

Palavras-chave: Medo de Dirigir; Trânsito; Vínculos Afetivos.

ABSTRACT

Fear is a very important alert reaction to the survival of human beings, but when in excess it
can come to harm and become disabling at various times in the life of an individual, as when
it is in traffic and how to run a vehicle. Whereas direct, nowadays, is synonym of necessity
and practicality, this paper aims to contribute to analysis and discussion of fear of driving, as
well as the psychological aspects involved in this context. Aspects of the study objects are
those that manifest themselves, possibly from the affective links developed in the subject of
this research and that trigger fear of driving, in order to make a relationship between them.
The data were collected from the specific internship experience, with an emphasis on Health
in contemporary times, with project groups Winning the Fear of driving, traffic Department's
affiliate of Mato Grosso do Sul – Detran-MS with the Catholic University Gift Bosco, whose
meetings are held in the clínic.

Keywords: Afraid to Drive; Transit; Affective Ties.

1
Artigo apresentado como requisito de avaliação final na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II (TCC-
II) do décimo semestre do curso de graduação em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB)
2
Acadêmica do curso de Psicologia, e-mail: bruna.r_barboza@hotmail.com
3
Acadêmico do curso de Psicologia, e-mail: nelsonfcnachif@gmail.com
2

INTRODUÇÃO

Esse artigo trata-se da problemática do medo de dirigir e do relato de experiência dos


grupos formados através do projeto Vencendo o Medo de Dirigir, de parceria do Detran-MS
com a Universidade Católica Dom Bosco - UCDB. Segundo o Detran/MS, existe um grande
número de pessoas, mulheres e homens, que se inscreveram para a primeira habilitação e
apresentam quadro de fobia, medo, nervosismo, inquietação, insegurança e pavor para dirigir.
Com base nisso, este órgão em parceria com a Clínica-Escola da UDCB, desenvolveu este
projeto. Ele estabelece como objetivos “Proporcionar aos candidatos a condutores de veículos
que possuem medo, nervosismo e insegurança pra dirigir, um programa educativo, terapêutico
e de autoajuda, condições para tornarem-se condutores confiantes, seguros e sem bloqueios.”.
(DETRAN/MS)
Os dados para análise foram coletados na prática de Estágio Específico III e V, com
ênfase em Saúde da Contemporaneidade. Portanto, o método é um relato de experiência do
estágio que foi realizado na Clínica-Escola da Universidade Católica Dom Bosco, na sexta-
feira de cada semana, no período matutino. A formação dos grupos e o trabalho com estes, ao
longo do ano, foi a primeira etapa do projeto. As outras etapas serão realizadas no Detran-MS
com a equipe de instrutores. Só foram para a segunda etapa aqueles indivíduos que atingirem
o mínimo de 70% de presença.
A abordagem escolhida para a prática de estágio foi a Gestalt-Terapia. A prática do
estágio dividiu as pessoas em dois grupos. Os encontros do primeiro grupo aconteceram uma
vez por semana, nas sextas-feiras, das 9h00min as 10h30min. Este teve início no mês de abril
e encerrou na primeira semana de julho de 2016, totalizando 10 encontros. O segundo grupo
foi formado após o período de férias, iniciando no final do mês de julho e tendo duração até
final de novembro de 2016.
Dirigir é algo de vital importância no ritmo da vida moderna e uma ação corriqueira.
Sendo assim, por ser tão comum, não conseguir conduzir um veículo pode causar grandes
problemas. Entre eles tem frustração, constrangimento em situações sociais, dificuldades no
âmbito profissional, ansiedade e outros, já que restringe a locomoção e deixa as os indivíduos
dependentes de outros meios, como a carona, ônibus, taxi e ir andando ao seu destino. Essas
pessoas podem vir a desenvolver crenças de que são fracassados e inferiores.
Existem diversos motivos que levam as pessoas a desenvolver o medo de dirigir. É
comum as mesmas explicarem a origem desse medo devido a um acidente no transito ou a um
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quase acidente. A partir dessa situação, muitos indivíduos se veem impossibilitados


emocionalmente, e por vezes, fisicamente – a partir da somatização -, de conduzir um veículo.
No entanto, essa origem não é uma regra, pois se sabe da existência de muitos
indivíduos que nunca se envolveram em acidente de trânsito e, ainda assim não conseguem
dirigir. Possivelmente, isso pode estar ligado a algum fato que ocorreu durante o
desenvolvimento psíquico da pessoa que apresenta esse medo. São essas outras possíveis
causas que nos levaram a direcionar o estudo, a partir dessa problemática: de algum modo, os
vínculos afetivos, ao longo do desenvolvimento do indivíduo, podem, entre outros sintomas,
causar o medo de dirigir? E em caso positivo, como isso ocorre?
Diante de tal problemática, buscaremos identificar, através desse trabalho, os
principais fatores que geram no indivíduo o medo de dirigir; excluindo aqueles já
mencionados de acidente ou quase acidente. Considerando que dirigir, hoje dia, é sinônimo de
praticidade, necessidade e conforto.
Partiremos da seguinte hipótese: vínculos afetivos, de modo geral, quando não bem
desenvolvidos ou falhos, podem ser geradores de todos esses sintomas. Essas questões de
vínculos podem desencadear, entre outras coisas, experiências traumáticas e fatores
ansiógenos; estes que também podem influenciar ou agravar o medo de dirigir.
O objetivo desse trabalho é explorar a relação entre os vínculos afetivos e o medo de
dirigir, através do relato de experiência de estágio específico no acompanhamento de um
grupo terapêutico e temático com essa característica, para verificar, entre eles, a existência de
possíveis causas afetivas que originaram esse sintoma.
Dada à amplitude do problema proposto e com o intuito de atingir o objetivo desse
estudo, nos propusemos a conhecer e identificar as queixas presentes em cada indivíduo,
relacionadas ao medo de dirigir; caracterizar aquelas sem uma causa evidente, como acidente
ou quase acidente; investigar as ansiedades e inseguranças desses indivíduos; relacionar os
vínculos afetivos com as dificuldades relacionadas ao trânsito e; verificar e avaliar os
resultados obtidos no grupo, através das técnicas utilizadas ao longo deste.
É comum haver uma confusão e indiscriminação dos termos Medo e Fobia de dirigir.
No entanto, é importante que a diferença seja esclarecida para uma melhor compressão do
trabalho. Portanto, é necessário definir, caracterizar e, por fim, diferenciar esses dois termos e
conceitos.
O medo é reação inerente a todo ser humano e pode ser direcionado a vários objetos e
questões. André (2007), afirma que nos proteger é a principal função dessa reação e funciona
como um sinal de alerta. Ela é útil e esperada em situações que os indivíduos estejam diante
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de perigos reais. No entanto, existem pessoas que manifestam um medo desproporcional à


situação apresentada. Em algumas situações, isso pode ser controlado depois que o indivíduo
percebe a manifestação exagerada. Porém, nem todas as pessoas conseguem fazer isso. E é
nesse momento que essa reação passa a gerar frustrações e sofrimentos, e torna-se
incapacitante.
É comum que as pessoas tenham medo e fiquem mais atentas ao dirigirem por
avenidas e ruas movimentadas. No entanto, isso não impede que o indivíduo continue
dirigindo e consiga chegar a seu destino. Isso acontece quando o medo é proporcional à
situação. Por outro lado, em um medo desregulado, desproporcional, a pessoa pode ter
reações como ficar paralisada, descer e ir andando, chorar, tem ataque de pânico e ter
sintomas físicos, como tremores, sudorese, aumento da frequência cardíaca e outros.
Segundo Ballone (2001 apud SOARES JÚNIOR, 2013), quando ao insistir em dirigir,
o indivíduo apresenta sintomas físicos, este tem fobia. Por outro lado, quando a pessoa evita
conduzir, de modo exagerado, mas não apresenta sintomas físicos, esta possui medo de
dirigir. Esses sintomas podem ser palpitação, sudorese, falta de ar, mãos frias e outros.
O medo de dirigir pode atingir qualquer tipo de pessoa, desde pessoas que não
conseguem tirar a carteira de habilitação, até aquelas que já possuem a CNH e até o carro,
mas não faz isso. Muitas até já dirigiram durante muito tempo e então, por diversos motivos,
passou a ver essa ação tão comum como algo assustador.
Esse medo atinge um grande número de pessoas e, infelizmente, muitas delas se
privam a vida toda e acabam tornando-se dependentes nesse contexto, pois não buscam
tratamento. Parte desses indivíduos podem ter um medo exarcebado, e outra parte pode ter
fobia de dirigir (CALÓ, 2005).
O perfil dos indivíduos que tem medo de dirigir geralmente é determinado pelas
seguintes características: extremamente responsáveis e organizados, inteligentes e detalhistas,
sensíveis e com um medo exarcebado de errar. Não aceitam críticas, são perfeccionistas e
possuem elevado índice de desempenho. Alguns desses indivíduos podem ter ansiedade
generalizada elevada e apresentar transtorno de pânico, fobia social, depressão e até
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (CORASSA; BELINA, 2000, 2003 apud SOARES
JÚNIOR, 2013).
Quando a posse e direção de um carro representa perigo, ameaça e desprazer, isso é
devido ao momento que a pessoa é dominada pelo medo, e o veículo deixa evidente o seu
sentimento de fracasso, insegurança e fragilidade (SOARES JÚNIOR, 2013).
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A respeito desse tipo específico de medo, Bellina (2005) explica que por ser atividade
múltipla e, portanto, envolver números e diversos comportamentos, essa atividade que é o
dirigir, pode possuir diferentes estímulos e aspectos. Existem indivíduos cujo medo é de
causar um acidente e atropelar alguém; outros que o móvito de ansiedade é a possibilidade de
perder o controle do automóvel; aqueles que sentem medo de passar por viadutos e túneis e;
até aqueles que não gostam de se sentir expostos e observados, por receio de serem criticados
e ficarem constrangidos.
É importante justificar o porquê do medo de dirigir ser encontrado mais na população
feminina em relação à masculina. Um dos motivos, provavelmente, se deve ao fato da cultura
a qual estamos inseridos, determinar um padrão masculino em que o homem não possa
demonstrar fragilidade. Esse fato faz com que a procura deles por tratamento para o medo ou
fobia de dirigir seja consideravelmente menor em relação à mulher, justamente para não
serem expostos por esse medo que os caracteriza como frágeis diante da nossa cultura.
O uso do medo na infância serve, entre outras coisas, para que as crianças aprendam a
respeitar e temer as pessoais mais velhas e as coisas consideradas erradas, ou seja, serve para
moldar o comportamento das crianças, tornando-as obedientes e comportadas. Tessari (2008,
apud QUEIROZ, 2013, p,23) ressalta esse fato ao afirmar que “[...] a criança não possui os
medos que o adulto tem, mas vai aprendendo a tê-los ao longo da vida. Geralmente as pessoas
usam do medo para educar as crianças, submetendo-as às normas de conduta, aos usos e
costumes da sociedade.”
Essas questões de cultura e criação estão diretamente relacionadas a outros motivos do
medo de dirigir ser encontrado mais em mulheres. Segundo Bellina (2005 apud QUEIROZ,
2013), existem três aspectos que justificam isso. Um deles é o modo como meninos e meninas
são criados. O carro já é considerado objeto masculino, pois desde criança os garotos são
incentivados a brincar com bicicleta e carrinhos de brinquedo, ao passo que as garotas são
estimuladas com brinquedos mais afetuosos e “delicados”, ligados a aspectos do lar e da
maternidade, como bonecas, fogões e panelinhas. O segundo aspecto seria o fato de mulheres
serem, geralmente, mais ansiosas do que os homens, tornando-as, desse modo, mais
propensas a sentir medo. E o terceiro e último aspecto está ligados a diferença de prioridades
entre os dois sexos. O homem geralmente estabelece o carro como prioridade para conquistar
a autonomia financeira. Já a mulher priorizam estudos, ajudar os pais, adquirir casa própria,
constituir família e, por último, o carro.
A partir desses dados, questionamos os motivos que levam a maioria desses indivíduos
a terem essas características e, esse fato nos faz refletir onde esses sentimentos têm origem, já
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que nem sempre o medo está ligado diretamente a um acidente ou quase acidente. Portanto, é
possível que exista uma relação com vínculos afetivos ao longo do desenvolvimento dessas
pessoas?
Existe uma pesquisa que foi realizada com 4 mil pessoas que apresentavam esse medo
ou fobia e ela mostra que de todos os participantes, 40% sofreram acidente e não estavam
dirigindo. Do restante, 28% nunca sofreram acidente. Esses resultados tornam possível
concluir que as causas desse problema não são necessariamente ligadas diretamente ao objeto
ou evento fóbico, ou seja, ao automóvel ou ao acidente ou quase acidente (BELLINA apud
SOARES JÚNIOR, 2013). Essa pesquisa quantitativa, apenas aborda a existência das pessoas
que nunca sofreram acidente, mas têm medo de dirigir, porém não aprofunda a questão. Esse
fato nos permite fazer uma reflexão sobre a importância da problemática que queremos
desenvolver no presente artigo.
Cantini, Jessye Almeida et al. (2013) também abordam a questão da escassez de
pesquisas nesse sentido sobre o medo de dirigir, afirmando que:

Os primeiros estudos nessa área tinham como foco as consequências


psicológicas nas vítimas de acidentes de trânsito. Nesses estudos, notou-se
que o diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e o medo
de dirigir eram relativamente comuns em indivíduos envolvidos em
acidentes. No entanto, estudos com população geral, ou seja, com pessoas
que não experimentaram um evento traumático, são escassos. Ainda assim,
parte da população parece também apresentar esse medo. Com isso, não há
dados conclusivos sobre a prevalência do medo de dirigir na população em
geral. (p.125)

A partir da revisão da literatura e de trabalhos acerca dessa temática, podemos


perceber que a maioria destes refere-se aos indivíduos que possuem essa dificuldade por
terem sofrido um acidente no trânsito ou um quase acidente. O fato de existirem poucos
trabalhos sobre isso e, consequentemente, pouca informação, faz as pessoas que vivenciam
essa situação, sem terem passado por um trauma no trânsito, sentirem-se sozinhas em sua
angustia e sem informações de fonte científica.
Pensamos que explorar esse recorte da população é necessário para uma melhor
avaliação da ocorrência e gravidade do medo de dirigir e também dos fatores que originaram
esse sintoma. Isso pode vir a possibilitar, futuramente, traçar planos de tratamento mais
condizentes com a especificidade da demanda e verificar como os vínculos afetivos podem
possuir influência direta nessa origem.
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A partir desse trabalho temos a chance de entrar em um campo menos explorado sobre
a questão do medo de dirigir, pois são poucas as pesquisas que abordam outros motivos
geradores desse sintoma.
Devido a todas essas características e dados acerca do trânsito, dos indivíduos e de
cargas emocionais e afetivas – não apenas comportamentais -, envolvidas nesse contexto,
percebemos a importância cada vez maior da Psicologia do Trânsito, tanto para os
profissionais de psicologia, quanto para as demais pessoas.
O surgimento da Psicologia do Trânsito, de acordo com Rozestraten (1981), surgiu
como consequência de abundantes pesquisas em diversos laboratórios, institutos e centro de
pesquisa por volta de 1971 e 1981.
Sendo uma área da psicologia, a Psicologia do Trânsito estuda os comportamentos das
pessoas no trânsito, por meio de métodos científicos válidos. Estuda, além disso, os fatores e
processos internos e externos, conscientes ou inconscientes que provocam ou alteram esses
comportamentos (ROZESTRATEN, 2012).
Foi através das políticas de prevenção e de segurança no trânsito, entre outros meios,
que os conhecimentos psicológicos foram inseridos no trânsito rodoviário. Algumas dessas
políticas tinham o objetivo de reconhecer e limitar quais pessoas tinha tendência, do ponto de
vista psicológico, a envolverem-se em acidentes no contexto do trânsito. Essa verificação era
realizada durante o processo de adquirir a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A raiz
dessa política sobre acidentes vem de décadas antes da regulamentação da Psicologia no
Brasil. Hoje em dia ainda existem essas políticas. (SILVA, 2012)
Nesse período de pré-regulamentação da profissão do psicólogo, as medidas de
trânsito estabelecidas foram cruciais para o que viria a ser a prática do psicólogo inserido no
contexto do trânsito. De acordo com Silva, (2012), um marco legal que estabeleceu as bases
para essas práticas, foi o primeiro Código Nacional de trânsito, pelo Decreto de lei número
2.994 de 1941, que definiu que os exames médico, fisiológico e psicológico deveriam ser
obrigatórios para as pessoas que queriam conduzir veículos. No exame psicológico, o critério
para ser aprovado era possuir o mínimo do perfil psico-fisiológico exigido para a tarefa. Do
contrário ele poderia ser recusado.
Os trabalhos estrangeiros desenvolvidos na Alemanha por Tramm, na França por
Lahy, na Espanha por Mira y López e nos Estados Unidos da América por Munsterberg e
Viteless, foram de forte influência para a estruturação da tarefa e avaliar as condições
psicológicas dos candidatos à motorista (CAMPOS, 1951 apud GUNTHER; SILVA, 2009).
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Nessa época, pode-se perceber, portanto, que o principal objetivo da psicologia


inserida no contexto no trânsito, era apenas voltado para o ser humano, selecionando,
orientando e instruindo os mesmos.
Ao mesmo tempo, segundo Gunther e Silva (2009), existia uma teoria que estava
sendo muito debatida internacionalmente. Era a chamada teoria da propensão aos acidentes,
ou accident proneness. Eles afirmam que:

Segundo essa teoria, algumas pessoas são mais propensas do que outras a se
envolver em acidentes, o que justificava a elaboração de um processo de
habilitação para identificar os indivíduos propensos/não propensos aos
acidentes - quer dizer, os indivíduos aptos/inaptos para dirigir - e, desse
modo, esperava-se aumentar a segurança no trânsito. (p.164)

A psicologia começou a contribuir com o trânsito rodoviário no Brasil, na medida em


que havia uma demanda social forte e considerável, nesse momento da história, e também,
justificativas científicas para a implementação de um processo de avaliação psicológica para
motoristas (GUNTHER; SILVA, 2009). Os mesmo autores ainda citam Mange, (1956) e
Rozestraten, (1988), quando estes colocaram que o os engenheiros eram considerados os
primeiro psicólogos do trânsito, e foram eles que aplicaram as técnicas psicológicas nos
condutores, formando assim o campo de trabalho da Psicologia do Trânsito e essa área de
atuação profissional.
“A Psicologia do trânsito configurou-se como uma das primeiras áreas de atuação do
psicólogo desde o início do reconhecimento da Psicologia no País.” (SILVA, 2012, p.181).
Segundo Gunther e Silva (2009), esse reconhecimento aconteceu na década de 1960, mais
precisamente em 27 de agosto de 1962, através da Lei nº 4.119, e foi regulamentada em 21 de
janeiro de 1964 pelo Decreto nº 53.464.
Após a regulamentação, esses profissionais do contexto do trânsito já possuíam
experiência na aplicação de testes, assim como afirmaram Hoffmann e Cruz, (2003) e
Dagostin, (2006) (apud GUNTHER; SILVA, 2009):

Vale ressaltar que os profissionais que atuavam na avaliação das condições


psicológicas para dirigir já contavam com a tradição de mais de uma década
na aplicação dos exames psicológicos. (p.165)
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Através dessas pesquisas, portanto, podemos determinar que o psicólogo inserido no


contexto do trânsito já atua a muito tempo com esse tipo de demanda. Porém, no inicio, antes
da regulamentação da profissão e até um tempo depois, o foco de trabalho era apenas na
aplicação de testes psicológicos para verificar se o candidato a condutor possuía ou não
tendência a envolver-se em acidentes de trânsito. Isso determinava, do ponto de vista
psicológico, que poderia ou não tirar prosseguir para retirar a Carteira Nacional de
Habilitação (CNH).
Conforme Gunther e Silva (2009), apenas em 1968 foi regulamentada a criação dos
serviços psicotécnicos nos estados, dentro dos Departamentos de Trânsito, através do avanço
da legislação de trânsito. Desde essa criação, o psicólogo se inseriu nos DETRANs para o
processo de habilitação, e passou a fazer o exame psicotécnico dos condutores - chamado de
avaliação pericial. Atualmente esse procedimento é obrigatório para todos os indivíduos em
processo de habilitação, e também, para aqueles que dirigem como profissão, a renovação da
CNH (VIEIRA et al., 1956; SPAGNHOL, 1985; BRASIL, 2012 apud GUNTHER; SILVA,
2009).
Com o avanço da área, fez-se necessário uma atuação mais ampla do profissional
psicólogo nesse contexto, tanto em pesquisas quanto na prática. Rozestraten (1981, p.141),
portanto, define que:

Este tipo de Psicologia estuda, portanto, o comportamento dos pedestres - de


todas as idades -, do motorista amador e profissional, do motoqueiro, do
ciclista, dos passageiros e do motorista de coletivos, e num sentido mais
largo ainda, de todos os participantes do tráfego aéreo, marítimo, fluvial e
ferroviário. De modo geral, no entanto, a Psicologia do Trânsito se restringe
ao comportamento dos usuários das rodovias e das redes viárias urbanas
(ROZESTRATEN,1981, p.141).

Apesar de esses comportamentos parecerem simples, eles são na verdade bastante


complexo, pois envolvem uma série de questões a serem observadas e estudadas, como a
tomada e o processamento de informações, a aprendizagem e conhecimento de símbolos e
normas, o processo de atenção, a motivação, a percepção, a memória de curto e longo prazo, a
previsão de situação e, inúmeras outras possibilidades que merecem estudo mais aprofundado,
para a análise da tarefa de conduzir veículos. Possibilidades essas que são extremamente
importantes para evitar acidentes.
A característica principal da população que vai compor esse grupo será o medo ou
fobia de dirigir. Entre essas pessoas também estarão presentes aquelas que dirigem, mas não
conseguem tirar a CNH, seja por reprovação na prova teoria, na avaliação psicológica ou na
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prova prática. Parte desses indivíduos já sofreu algum trauma no trânsito, direta ou
indiretamente, e outra parte nunca passou por uma situação assim. Trabalharemos com dados
do grupo como um todo, mas com foco nas questões das pessoas desse ultimo delineamento.
Dois instrumentos foram utilizados. O primeiro foi um questionário denominado
Questionário Inicial sobre Aspectos Psicológicos do Dirigir/Exame produzido pelo professor
e supervisor Renan da Cunha Soares Júnior. Esse instrumento teve como finalidade a
caracterização dos sujeitos e obtenção de maiores informações e, assim, escolher as melhores
técnicas para as finalidades propostas. O segundo instrumento utilizado foram os Inventários
de Beck. Deste fizemos uso das escalas de Depressão (BDI), de Ansiedade (BAI) e de
Desesperança (BHS) (CUNHA, J.A., 2001).
As sessões seguiram um padrão quanto à sua estrutura. Todas elas possuíam um tema,
estabelecido previamente em supervisão, a respeito de algum processo psicológico envolvido
no medo de dirigir. Com isso definido, era aplicado um “quebra-gelo” com a finalidade de
descontração, interação e aquecimento para o grupo. Posteriormente era realizada a
Psicoeducação sobre os principais conceitos, sintomas, consequências positivas e negativas
em relação ao tema proposto. A terceira técnica era a aplicação de alguma dinâmica ou
atividade que ajudasse a demonstrar, explorar, explicar e desenvolver o conteúdo do dia, a
partir da participação, colaboração e cooperação de todos, de forma integrada. Essa técnica
também tem como finalidade produzir uma reflexão, na prática, dos assuntos abordados. Por
fim, era feito uso de técnicas de relaxamente e respiração. Esses relaxamentos mudavam a
cada sessão, e a partir de certo momento, as técnicas passaram a ser utilizadas dentro de outro
tipo de relaxamento, que é o de visualização, onde os integrantes do grupo eram incentivados
a entrarem em contato com o objeto alvo de seus medos, através da imaginação e fazendo uso
de sentidos humanos.
Os encontros aconteciam na Clínica Escola da UCDB em uma sala reservada. Esta é
ampla, arejada e bem iluminada. Dentro dela são disponibilizadas lousa branca e canetas
próprias para ela, computador, projetor e cadeiras e mesas. A sala também conta com sistema
de ar-condicionado e controle para sua regulação. Os materiais utilizados nas sessões foram
escolhidos de acordo com as atividades realizadas e em número suficiente para todos.
A abordagem escolhida para o presente artigo é a Teoria da Gestalt e Gestalt-Terapia.
Essa abordagem também deu base para a teoria e técnicas na formação e desenvolvimento do
grupo.
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ANÁLISE E DISCUSSÕES

No primeiro encontro do grupo, mesmo focando nas apresentações e pontos principais


de como iríamos trabalhar, já foi possível perceber o quanto esse tipo de terapia e abordagem
são benéficas, no sentido de criar um ambiente de acolhimento onde as pessoas podem
interagir sobre os mesmos problemas. Esse fato demonstra a importância de estar em um local
de empatia, onde podem expressar seus medos, expectativas e receios, com outras pessoas que
passam pelas mesmas situações, sem a preocupação de serem julgados, como eles diziam que
acontece com frequência fora do setting terapêutico. Diversos membros do grupo
demonstraram esses julgamentos externos; “Sempre que eu falo que tenho medo de dirigir, as
pessoas dizem “Nossa, com essa idade e você não dirige! É tão fácil!”. Me sinto uma
fracassada”. Esse processo de expressarem-se sem receio por estar com pessoas que têm algo
em comum faz parte do processo grupal, este que é a vida inteira e íntima do grupo, que se
forma de forma lenta e a partir do momento que duas pessoas ou mais se encontram e se
propõe algo em comum (RIBEIRO, 1994), nesse caso o medo ou fobia de dirigir. Esse
processo desenvolveu-se cada dia mais, conforme as sessões avançavam.
Considerando que o objetivo é fazer uma relação entre vínculos afetivos e o medo de
dirigir, o primeiro dado importante do grupo surgiu quando os participantes foram enviados
pelo Detran-MS para que fossem divididos em grupo e respondessem um questionário, o
Questionário Inicial Sobre Aspectos Psicológicos do dirigir/Exame. Entre as perguntas do
questionário, eles deveriam responder a seguinte: Há quanto tempo você percebe que sente
medo de dirigir?. De um total de 27 pessoas, 51,8% responderam “Sempre tive medo”. Outra
pergunta, “Você já esteve envolvido em um acidente ou quase acidente?”, confirma esse
dado, mostrando que 74,1% das pessoas responderam nunca ter se envolvido em um acidente
ou quase acidente. E por fim, mais uma pergunta que serve para essa análise foi “Com que
frequência você já dirigiu?”, onde 46,1% responderam “Nunca” (dirigi). Esse dado comprova
que o medo de dirigir não aparece apenas em pessoas que se envolveram ou quase se
envolveram em acidentes de trânsito, como muitos pensam. Isso também fica evidente devido
ao fato de existirem poucos trabalhos e pesquisas que se refiram a outros possíveis motivos.
Se o indivíduo sempre teve o medo, isso nos faz refletir quais as causas prováveis e até onde
elas podem estar relacionadas aos vínculos afetivos de cada pessoa.
Aos poucos, e já estabelecido um vínculo com o grupo e entre o grupo, foram surgindo
questões e afirmações voltadas para vínculos que estão envolvidas nos aspectos psicológicos
do medo de dirigir. Cada sessão possuía um tema específico e este foi definido e trabalhado
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com ele através de atividades práticas e discussões que surgiam no aqui e agora, este que é
um conceito da Psicologia da Gestalt e utilizado na Gestalt Terapia, abordagem aqui utilizada.
A respeito desse trabalho no aqui e agora, Ribeiro (1985) afirma que ao usarmos a
fenomenologia – pressuposto filosófico da Gestalt Terapia - como método, trabalhamos o
aqui e agora. É nele que ocorre a totalidade e, só é possível ter acesso real à pessoa quando se
tem acesso à sua totalidade. Ele ainda vai além, e acrescenta que usar a fenomenologia é estar
atento à pessoa como um todo, tanto naquilo que ela fala quanto ao que ela não fala, ou seja,
estar atento às roupas, gestos, comportamentos, mudanças de expressão, e outros, pois tudo no
ser humano tem significado. “Não é o sintoma que está em terapia, é a pessoa como um todo”
(RIBEIRO, 1985).
Na sessão de tema “Autoestima” eles assistiram uma psicoeducação em slides com
definições, características de pessoas com autoestima elevada e daquelas com baixa
autoestima e, por fim, as possíveis consequências que podem acometer os indivíduos com
baixa autoestima. Durante a apresentação, cerca de um terço dos integrantes do grupo se
emocionou. No entanto, foi na atividade prática que eles começaram a expressar verbalmente
o que estavam pensando e sentindo. Para essa dinâmica foi realizada uma introdução pedindo
que cada um deles pensasse na pessoa que mais amam no mundo, aquela pessoa que eles dão
mais amor, carinho, cuidados e por quem desejam dar mais de seu tempo. Após algum tempo
para que pensassem nesse indivíduo, eles receberam a informação que um por vez seria
levado para ver essa pessoa e quando cada um voltasse, eles deveriam manter-se em silêncio.
Um por vez, eles foram chamados e conduzidos para a parte externa da sala onde se viam de
frente a um espelho grande, de modo que refletisse o corpo inteiro dos mesmos. Quando de
frente com sua própria imagem, todos eles se emocionaram, expressando as mais diversas
reações, desde lágrimas, até suspiros e frases como “Sou eu! Eu devo me amar mais e em
primeiro lugar...”.
Essa tarefa teve como objetivo o autoconhecimento e o dar-se conta de quem é de
verdade e de sua real importância. Ela foi extremamente importante, pois possibilitou que os
indivíduos desenvolvessem sua aware. Eles precisaram olha para si mesmo, internamente e
literalmente nesse caso, para adquirirem a consciência da consciência sobre eles mesmos. Eles
precisaram tornar-se inteiros, colocar-se como um todo naquele contexto.
Awareness é um conceito essencial da Psicologia da Gestalt. Segundo Ribeiro (2006)
awareness é a consciência da própria consciência. Ou também pode ser definida como um
processo pelo qual a pessoa se torna consciente da própria consciência, no mundo, aqui e
agora. O autor afirma que:
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Trata-se de uma consciência de apreensão de totalidades, como se todo meu


ser se resumisse em um único ato de cognição emocional. Não é algo
puramente cognitivo, é a expressão vivenciada e consciente de que somos
seres de relação, em um profundo dar-se conta por meio de uma sensação de
integração de todas as minhas partes em um único ato de percepção interna.
(p.74)

O mesmo autor afirmando que essa consciência acontece quando todo o ser, as
percepções, emoções, sentimentos, pensamentos, trabalham junto para que o indivíduo possa
resignificar o dado. Isso é captado apenas pela consciência, através da qual todo o ser da
pessoa se prepara para intervir ou não no mundo que se desvela.
Essa sessão trouxe dados mais importantes, acerca dos vínculos afetivos, após a
dinâmica, quando teve início um debate sobre os sentimentos, pensamentos e emoções
internas que foram desencadeados no dia. Muitos tomaram a iniciativa de expressar através de
palavras o que significou para eles e, quando o fizeram, questionamos os mesmo sobre as
possíveis associações entre esse tema e o desenvolvimento do mesmo com o medo de dirigir.
A partir dessa reflexão eles conseguiram entender que quando sua autoestima está
abaixo ou a ponto de não existir, eles deixam de gostar de si mesmos e perdem a confiança,
não acreditam que são capazes e sempre colocam outras pessoas e interesses acima de si
mesmos. Várias falas mostraram isso, como “Se eu não me amo e não confio em mim, não
consigo fazer nada, nem dirigir”; “Eu preciso me amar primeiro”; “Eu sempre amei primeiro a
minha família porque é que o me ensinaram desde que entendo por gente... É o que sempre vi,
e é que sempre achei certo. Mas agora eu vejo que esse jeito de agir com eles e com todo
mundo só me faz mal. E até na hora de vir procurar ajuda aqui eu pensei antes neles do que
em mim. A minha primeira vontade foi perder esse medo pra poder levar e buscar meus filhos
nos lugares. E depois pra parar de ouvir desaforos das pessoas e me sentir mal. Por último
pensei em perder por mim...”; “Nem gosto de dirigir, mas meu filho e meu marido me
pressionam o tempo todo, sobre tudo. Será então que eu faço tudo isso porque amo mais eles
antes de me amar? Acho que preciso aprender a dirigir a minha vida antes do carro (risos)”.
As duas últimas frases foram ditas por integrantes diferentes do grupo e seguidas pela
concordância geral dos outros, mostrando o quanto a reflexão teve efeito. Isso mostra o
quanto os vínculos afetivos e as relações interpessoais, principalmente com pessoas próximas,
podem influenciar a tal ponto que esses indivíduos realocam suas prioridades com base nas
prioridades do outro e, dessa forma, contribuem na questão do medo de dirigir.
Possivelmente, a sessão que trouxe mais conteúdos de vínculos afetivos, foi de tema
Autoimagem. Após a apresentação de slides da psicoeducação sobre o tema em questão, eles
14

assistiram a um vídeo de uma propaganda de um produto para a pele. O nome da propaganda


é “Retratos da real beleza”. Nesse vídeo, um perito em desenho de retrato-falado foi chamado
para desenhar pessoas a partir da Auto Descrição delas e depois desenhar elas novamente,
mas a partir da descrição de uma terceira pessoa. Por fim, cada um pôde comparar os dois
retratos e perceber como tinham a autoimagem distorcida e, também, como são críticos em
relação a si mesmos. Após assistir à propaganda, eles tiveram que escrever em uma folha
quatro defeitos deles mesmos, sendo dois atribuídos por outras pessoas e os outros dois
atribuídos por eles mesmos para si. E por fim, escreve duas qualidades para cada defeito que
colocaram.
No momento do debate, em que vieram á tona os conteúdos de cada um á respeito do
tema desenvolvido, fez-se presente outras questões sobre os relacionamentos interpessoais, os
vínculos com o próximo, e suas influências no medo ou fobia de dirigir. Foram levantadas
questões para reflexão sobre como eles se viam e como as outras pessoas os viam, e como
isso os prejudicam, não apenas no trânsito e no carro, mas em todos os aspectos de suas vidas.
Explicamos que a autoimagem é construída ao longo de toda a vida do indivíduo, mas que a
infância é o momento em que o indivíduo internaliza essas questões de forma mais rápida e,
geralmente, as tomam como verdade absoluta, já que uma fase de total aprendizagem sobre a
vida.
Objetivamos, também, com esse tema, fazê-los perceber que todas as situações no
geral, e o medo de dirigir em específico, devem ser vistas, para serem explicadas, através do
todo e não apenas da análise das partes isoladas. Ou seja, um indivíduo com medo de dirigir
deve buscar a explicação para isso não apenas em si mesmo, mas também nos outros, em seus
vínculos e relações interpessoais. Esse conceito vem da Teoria do Campo. Segundo Neves
(2013), Max Wertheimer, filósofo e psicólogo alemão, desenvolveu, de modo formal, a Teoria
do Campo, no início da década de 20. Essa teoria ele desenvolveu em torno da ideia de um
modelo organizado. A mesma faz parte das teorias estruturalistas, assim como também a
teoria gestáltica, e têm como base de pensamento científico a noção de que um fenômeno não
pode ser explicado pelo estudo isolado das partes e sim pelo todo. Portanto, tudo o que existe
e que acontece no mundo faz parte de um campo de inter-relações que se modifica e se
compõe o tempo todo.
A partir do momento em que os indivíduos conseguiram compreender como a
autoimagem é construída e como age sobre as pessoas na formação de sua personalidade,
pensamentos e comportamentos, eles mostraram, a partir de falas, como os vínculos
influenciam no medo de dirigir. Vários integrantes perceberam que se viam não de acordo
15

com o que eles acham de si mesmos, e sim como as outras pessoas os veem e sobre como
falam sobre eles, acreditando fielmente nessas verdades contestáveis. “Sempre escutei do meu
pai o quanto não sei fazer as coisas. Ele falava que eu era incapaz de fazer algo certo e meus
irmãos riam disso. Até hoje acredito nisso e meu marido e filhos não dizem o mesmo, mas
também nunca me falaram o contrário”. Essa frase foi dita por uma integrante do grupo, ao
tentar expressar a relação entre seu medo de dirigir e sua autoimagem. Os demais, ao ouvirem
isso, concordaram e deram início a uma série de histórias e momentos em que conduziram
suas vidas a partir da opinião dos outros, e desse modo, diminuíram a si mesmos, baseados
em tudo, menos suas próprias opiniões. “Até então eu achava que não gostava de dirigir, mas
na verdade as pessoas falam que eu não gosto e por isso sou preguiçosa, não aprendo e falo
que tenho medo!”.
Outra discussão desencadeada por esse tema e de relevância para este trabalho, foi a
respeito das questões de gênero e forma como a mulher é vista em nossa sociedade. A cultura
estabelece, desde criança, que os homens são os provedores da casa, os chefes das famílias e
aquele que é o dono do carro e responsável por dirigir, automóvel que ainda hoje é símbolo de
poder e status. E a mulher é a dona de casa que cuida dos afazeres domésticos, dos filhos e do
marido. Isso é evidente desde o momento que as garotas ganham bonecas e brinquedos que
imitam utensílios domésticos e os garotos ganham carrinhos e outras coisas. Essa discussão
do papel mulher foi importante e surgiu da compreensão dos próprios integrantes do grupo
sobre o ditado “Mulher no volante, perigo constante”. “Eu ouço isso desde que sou criança e
cresci acreditando que sou ruim porque sou mulher”, disse uma integrante do grupo. E outra
afirmou: “Meu marido não perde a chance de me falar isso e ouço em outros lugares e
situações o tempo todo. Acredito que essa imagem faz também faz com que sejamos a
maioria”, em referência ao grupo ter apenas um homem como integrante. Com a concordância
de todas as mulheres e frases semelhantes, é possível estabelecer que os vínculos afetivos
refletem, também, aspectos culturais, determinando as dinâmicas das relações interpessoais, e
trazendo consequências para o cotidiano de cada pessoa. As mulheres, ao ouvirem que são um
perigo no trânsito e, portanto, incapazes de não causar acidentes e não cometer erros,
internalizam essas falas e o modo domina suas situações. Vínculos afetivos desprovidos
desses estigmas culturais, podem não impedir, em todos os casos e totalmente, que uma
pessoa desenvolva medo ou fobia de dirigir, mas certamente não é um incentivador nem ajuda
a não agravar.
O modo como foram estabelecidos os vínculos de vários indivíduos do grupo, com o
pai, maridos e filhos homens, ou seja, com figuras masculinas próximas e intimidas, também
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mostram-se prejudiciais no contexto do trânsito. No Questionário Inicial Sobre Aspectos


Psicológicos do dirigir/Exame, 68% das pessoas responderam que sentem medo do
examinador da prova prática do Detran. Esse dado foi discutido em uma sessão onde cerca de
dois terços dos sujeitos disseram ter esse medo e afirmaram que o examinador lembra seus
maridos e filhos, estes que as pressionam o tempo todo e só sabem apontar seus erros, seja no
trânsito ou fora dele. “Nunca dei sorte com examinador. Sempre pegava um que não tinha
nenhuma paciência e só falava o que eu errava. Se eu quisesse ouvir isso, aprendia com meu
marido que me critica já faz isso sem eu ter que pagar”, afirmou umas das participantes.
Outras concordavam “Homem não tem paciência. Só sabe deixar a gente mais nervosa”.
Esse trabalho de deixar os indivíduos descreverem as questões e comportamentos, e
não explicar a eles, foi o que possibilitou que eles mesmo tomassem consciência sobre
algumas conclusões acerca de seus vínculos com outras pessoas e que estão relacionadas ao
medo de dirigir, na medida em que focaram no aqui e agora, no presente, e compartilharam,
interagiram e expressaram essas questões. Essa técnica chama-se Fenomenologia e é um
pressuposto filosófico da Gestalt Terapia. Yontef (1998) define que:

Fenomenologia é uma disciplina que ajuda as pessoas a sair de sua maneira


habitual de pensar, para que possa verificar a diferença entre o que está de
fato sendo percebido e sentido na situação presente e o que é um resíduo do
passado. (p.16)

Yontef (1998), afirma que, nesse sentido, a Gestalt-Terapia trata o que é sentido
“subjetivamente” no presente e o que é “objetivamente” observado, como dados importantes e
reais. O modo como o indivíduo se torna consciente é crucial para qualquer investigação
fenomenológica
Baseado na fenomenologia, o papel do gestalt-terapeuta é de não apenas observar e
facilitar o processo de experiência do cliente, mas também de prestar atenção em aspectos que
podem estar sendo inibidos da experiência do indivíduo. Aspectos que estão fora da
awareness atual são trazidos à awareness, ou seja, à consciência (GESTAL EM
MOVIMENTO, 2010).
Interpretar e projetar, e por isso, de acordo com Gestalt em Movimento (2010), em
Gestalt-Terapia a busca da compreensão é baseada no óbvio e não na interpretação. Fazer
fenomenologia nessa abordagem é buscar descrever, a partir da experiência, a vivência
sensorial usando awareness sensorial para chegar à awareness reflexiva.
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A Gestalt-Terapia propõe que o terapeuta pode ajudar o indivíduo na descrição de seu


comportamento, e não explicando o mesmo. Desse modo, a pessoa pode ir dando sentido às
suas vivências. Explorando isso temos que:

Na prática da fenomenologia utiliza-se a redução fenomenológica, processo


onde se busca a essência do fenômeno. A redução fenomenológica requer a
suspensão das atitudes, crenças, teorias do psicoterapeuta, é colocar em
suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de concentrar-
se a pessoa exclusivamente na experiência em foco, porque esta é a realidade
para ela. Assim, na fenomenologia usa-se a descrição do fenômeno e não a
explicação deste, a predominância do como sobre o porquê (GESTALT EM
MOVIMENTO, 2010).

Durante a realização da atividade de escrever qualidades e defeitos acerca de si


mesmos, muitos tiveram dificuldade. Ao serem questionados a respeito desse fato, eles
afirmaram que era difícil saber diferenciar as críticas dos outros das próprias críticas sobre si
mesmo. O desenvolvimento do Self foi o que desencadeou essa consciência dos mesmos em
relação a quem eles são de verdade, em relação ao seu interior e exterior. O self trata-se de
uma função de contatar da personalidade, e é um dos sistemas da personalidade através do
qual os indivíduos podem ser reconhecidos. O self tem a função de facilitar para cada pessoa a
percepção de si mesma, de fazer que ela sinta quem e como é. E essa sensação é o self sendo
experenciado. Ele é um atributo da personalidade que ajuda a estruturá-la (RIBEIRO, 2006).
Outra sessão importante e que desencadeou questões relevantes para o tema desse
artigo, foi a que teve Depressão como tema, mostrando que essa pode desencadear o medo ou
fobia de dirigir, ou pode ser desencadeada por ele. Os indivíduos foram instruídos a falar
coisas positivas e incentivadoras para outro integrante do grupo. Quando chegou o momento
de cada um falar como se sentiu ao ouvir as frases positivas e incentivadoras, vários falaram
sobre o fato de não ouvirem elogios com frequência, ou uma palavra de incentivo, e que
tentam não deixar isso afetar seu comportamento, mas é quase impossível. Um dos indivíduos
expressou sua frustração com a seguinte fala: “Quando faço algo certo, ninguém comenta, ou
quando quero fazer, ninguém incentiva, mas quando faço uma coisa errada ou não faço por
medo, apontam meu erro na mesma hora e me chamam de relaxada e preguiçosa por não
tentar. As pessoas que mais deveriam me ajudar são as que mais me condenam”.
Esse contato com o outro e consigo mesmo é essencial para todos, mas, como pôde ser
visto, também é fonte de ideias deturpadas que podem causar grandes prejuízos a longo prazo,
se o indivíduo não tiver um contato saudável e pleno consigo mesmo. A respeito de Contato,
18

que também é um conceito da Gestalt, Ribeiro (2006) afirma que, fazer contato é relacionar-
se, encontrar-se consigo mesmo e com o outro. Isso é feito sem jamais perder a perspectiva do
que acontece no mundo. Se reconhecer como sendo a si mesmo, olhar pra dentro e estar
presente a si mesmo, é o que chamamos de fazer contato.

A essência do contato, mais que estar em contato com o outro, é estar em


contato consigo mesmo. Estar em contato consigo mesmo ou com o outro
ocorre em diferentes níveis: do sentir, do pensar, do fazer, do falar. Estas,
entre outras, são quatro formas de estar em contato consigo e com o outro, e
os diversos níveis de contato relacionam-se com esses diferentes sistemas.
(RIBEIRO, 2006, p.91)

O mesmo autor ainda afirma que o sentido que a pessoa dá à realidade fora do contato,
determina a intensidade e duração deste. Somente a pessoa que tem consciência da sua
totalidade, pode estar inteira no contato. Segundo a Gestalt-terapia, a forma, ou seja, o tocar,
olhar, falar, ouvir e a qualidade do contato estabelecido serão expressos de modo variável, ou
seja, é expressos de acordo com a história de vida de cada indivíduo, da história de contatos
estabelecidos pelo mesmo, dos significados que atribuiu a estes e, consequentemente, de
como os introjetou, de maneira a estruturar sua realidade interna. No caso tema em questão, é
expresso através do medo de dirigir.
Outros autores também falam sobre esse conceito. Erving e Polster (2001) afirmam
que o contato é muito mais do que apenas intimidade ou reunião, pois ele só pode ser feito por
pessoas independentes, entre seres separados. Somente esses são capazes de entrar em
contato. Para se familiarizar com o contato pleno, o indivíduo deve fazer isso como um todo,
com todo o corpo, toda a mente, ou seja, plenamente, e não em partes.
“O contato é o sangue vital do crescimento, o meio para mudar a si mesmo e a
experiência que se tem do mundo. A mudança é um produto inevitável do contato [...]”
(ERVING; POLSTER, 2001, p. 113). Ou seja, um contato, um vínculo estruturado em cima
de ideias negativas, gera consequências negativas. O medo de dirigir se encaixa perfeitamente
na falta de confiança em si mesmo e nas ideias erradas acerca do seu eu, que uma pessoa
estabelece a partir do contato com outro e falta de contato necessário e eficaz contigo mesmo.
A mudança por meio do contato simplesmente acontece, de acordo com os mesmos
autores. Ou seja, não é necessário que o indivíduo precise tentar mudar por meio do contato.
Este é incompatível com permanecer o mesmo. Ele não é uma característica da qual tenhamos
consciência, igual não temos da gravidade quando estamos andando. Ou seja, estando no aqui
e agora, ele é automático.
19

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal propósito deste trabalho foi explorar a relação entre os vínculos afetivos e
o medo de dirigir através dos resultados de um relato de experiência com grupos terapêuticos
formados por pessoas com essa característica em comum, para verificar a existência, entre
eles, de possíveis causas afetivas que podem ter originado esse sintoma.
Através de sessões com os grupos, utilizando técnicas especificas em cada encontro,
conseguimos alcançar o objetivo deste trabalho, identificando as queixas presentes e cada
indivíduo, relacionadas com o medo de dirigir; caracterizando aquelas sem causa evidente
como acidente ou quase acidente; investigando as ansiedades e inseguranças dessas pessoas;
fazendo uma relação dos vínculos afetivos com as dificuldades relacionadas ao trânsito e;
verificando e avaliando os resultados obtidos no grupo.
A problemática da pesquisa era se, de algum modo, os vínculos afetivos, ao longo do
desenvolvimento do indivíduo, podem causar o medo de dirigir, e em caso positivo, como
isso ocorreria. Os maiores pontos de relevância para o nosso estudo foram os discursos a
respeito das inseguranças dos participantes em relação às criticas negativas que recebem
principalmente de seus familiares, ao longo da vida. Conseguimos identificar que essas
críticas, palavras e frases negativas, sobre eles, partindo de pessoas com vínculo tão forte
quanto membros da família, fizeram com que se tornassem pessoas inseguras, com
sentimentos de menos valia, inferioridade, com baixa autoestima, entre outros, refletindo,
desse modo, no ato de dirigir, causando o medo.
Outro ponto de relevância foi a questão de gênero, indicada pela composição quase
total de mulheres no grupo, mostrando o quanto elas são mais atingidas por esse tipo de medo.
Através da prática em saúde com os grupos, foi possível ver claramente o quanto, ainda hoje,
repercute a construção histórica e cultural da diferença de gêneros e dos papéis do homem e
das mulheres, trazendo prejuízos para grande parte das mulheres. Ideias de fragilidade e de
dependência são associadas às mulheres, informações essas que vêm da cultura, onde sempre
foram vistas como “sexo frágil”, diferente dos homens que simbolizam, entre outras coisas,
poder e proteção. Portanto, o papel de dona do lar, servindo para cuidar dos filhos e maridos,
foi e ainda é atribuído às mulheres, e papel de provedor do lar, protetor, aos homens. Portanto,
o carro que simboliza força, poder, autonomia, e o ato de dirigir, é atribuído como função
predominantemente masculina, embora seja uma visão errônea e ultrapassada.
Diante de todos esses pontos, podemos afirmar que as hipóteses levantadas no início
deste trabalho foram confirmadas. No entanto, a bibliografia não correspondeu às nossas
20

expectativas, pois, apesar de ser possível encontrar diversos trabalhos com o tema Medo de
Dirigir, apenas um dos que foram encontrados explanava como causa outra explicação que
não a de envolvimento ou quase envolvimento em acidente, e ainda assim feita de maneira
breve. Esse fato nos mostra a importância de uma ampliação de pesquisas e referencial teórico
acerca do tema, abordando os aspectos psicológicos envolvidos nas outras possíveis causas.
Portanto, sugerimos que outras pesquisas com essas finalidades e características sejam feitas,
já que esse é um tema de extrema relevância para a Psicologia e, outras possíveis áreas.
Por fim, podemos afirmar que todo esse processo de descobertas e aprendizagem, foi
de total importância para a nossa formação acadêmica, construção não apenas profissional,
como também pessoal, pois nos deu a possibilidade de refletir sobre a importância do papel da
Psicologia e do Psicólogo nesse processo.
21

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