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SUMÁRIO

Isabella Almeida
Como conseguir ser mais persistente nos
estudos e outros projetos
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Rodrigo Padilha
Passei na OAB. E agora? Como atuar no
Mercado de Advocacia?
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Lenio Streck
O Direito Fundamental de o Concursando
ter uma Resposta Correta
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Como conseguir ser mais
persistente nos estudos e
outros projetos
Isabella Almeida

Você já começou algum projeto e desistiu no meio do caminho? E quando promete que na
segunda-feira irá começar a estudar com seriedade ou fazer aquela dieta que tanto promete,
mas no meio da semana você perde o foco e não consegue dar prosseguimento?

Muitas vezes isso acontece porque você apenas pensa no resultado, mas nunca pensa no
caminho que deverá percorrer.

Algumas técnicas são bem úteis para que você consiga superar esses momentos de dificuldade
e consiga ser persistente:

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TENHA CONSCIÊNCIA DE QUE ANTES DA
MELHORA VOCÊ PASSARÁ PELO MOMENTO DE
DIFICULDADE
Antes de toda melhora há o momento da piora! A partir do momento que você reconhece isso
e toma consciência dos desafios que deverá enfrentar, dar prosseguimento aos seus projetos
se torna mais fácil.

O melhor exemplo para essa situação é: pense que você deseja iniciar uma dieta. No primeiro
dia tudo vai muito bem. Porém, a partir do momento que começa a sentir fome, que o tempo
passa e que você não vê resultados na balança, você começa a ficar desanimado, e quando se
assusta, já perdeu o foco e desistiu do seu objetivo.

Trazendo para a nossa realidade, que é estudar e ser aprovado em concurso público, você
sabe que deseja ser aprovado. Porém, não está preparado para todos os dias ter que fazer
as mesmas coisas, estudar várias matérias (inclusive matérias que não gosta), responder às
pessoas por que tanto você estuda, estudar sem previsão de publicação do edital. São diversas
situações que irão ocorrer com você e que não havia pensado anteriormente. Se você não tem
consciência disso, diante da situação de piora, irá desistir do seu objetivo.

Por isso, tenha consciência de que antes que os bons resultados apareçam você passará por
momentos de dificuldade.

ESTABELEÇA ATOS E CONSEQUÊNCIAS


Não seja radical quanto as suas atitudes e procure uma margem do que é aceitável na sua
rotina. Quando você é totalmente intolerante à alguma situação que possa atrapalhar o seu
objetivo, quando você “sai da linha”, um pouquinho que seja, você logo pensa que já está tudo
perdido.

Como exemplo, pense que hoje você deveria estudar durante toda a tarde e noite. Mas por
alguma razão não pôde estudar à tarde, então você logo pensa assim: “já que eu não estudei
de tarde, então não vou estudar à noite também, pois vou aproveitar para descansar”; “já perdi
meu dia de estudo mesmo”. No exemplo da dieta, você foi para uma festa dizendo que não iria
comer nada. Chegando lá, você logo pensa “já que eu comi um doce, não faz mal comer mais
um”, e quando você se assusta já está bem distante do que havia prometido para si mesmo.

Para melhorar essa questão, estabeleça atos e consequências. Por exemplo, se você quiser
ir à praia ao final de semana, então terá que ter cumprido a meta da semana. Nesse caso,
estará livre para fazer coisas que gosta! Se for para a festa, então poderá comer alguns doces.
Estabeleça um limite.

Não seja totalmente intolerante quanto ao que você não deve fazer, porque isso atrapalha a

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sua persistência. Crie uma margem do que é tolerável e estabeleça atos e consequências.

Estudar para concursos públicos requer persistência. O mais difícil dessa caminhada não é
estudar de fato, mas sim conseguir lidar com todas as situações que acontecem durante essa
trajetória.

Gostou da dica de hoje? Acesse  www.planejaconcursos.com  e obtenha materiais e


planejamentos de estudo.

Veja também:
• Segura o tempo. Ele voa!

• A quantidade do tempo que você estuda significa qualidade?

• Como criar uma rotina

Conheça a obra da autora (Clique aqui!)

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Passei na OAB. E agora?
Como atuar no Mercado de
Advocacia?
Rodrigo Padilha

Passei na OAB – e agora? Essa é uma das perguntas que eu mais recebo dos contatos da minha
lista de e-mails, e ela reflete uma grande preocupação que muitos advogados recém-formados
possuem.

Como você já sabe, para atuar como advogado no Brasil é imprescindível que o profissional da
área seja aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

E se o exame da OAB já é um grande desafio, depois de passar por ele surge outro ainda maior:
e agora? Como atuar no mercado de advocacia? O que devo fazer? Qual carreira devo seguir?

Vou falar sobre isso logo abaixo, mas, antes, quero falar rapidinho como você pode pegar a sua
carteira da OAB após a aprovação.

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PASSEI NA OAB E AINDA NÃO PEGUEI MINHA
CARTEIRA
Antes de mais nada, pense sobre isso! Depois de ser aprovado no Exame, a etapa seguinte é
se inscrever nos quadros da OAB:

1. Para começar, você precisará do Certificado de Aprovação do Exame de Ordem. Esse


documento fica pronto entre 15 e 30 dias após a divulgação dos resultados;

2. Normalmente quem é aprovado recebe um e-mail com uma convocação para retirar
esse certificado. Busque o e-mail em sua caixa de entrada e, caso não o encontre,
verifique com sua seccional sobre o procedimento;

3. Consulte sua seccional ou subseção para preencher o formulário de inscrição e verificar


a documentação necessária;

4. Entregue o formulário preenchido e os documentos solicitados na sua seccional. É


importante que não falte nada, pois os pedidos de inscrição só serão encaminhados
com a documentação completa;

5. Depois de entregar o requerimento, uma comissão interna irá avaliar o seu pedido. Se
tudo estiver correto, você será convocado para a cerimônia de entrega da carteira, que
pode demorar até 2 meses.

Fique atento: não esqueça das taxas a serem pagas e da anuidade. Esses valores variam de
acordo com a seccional. Jovens advogados (com até 5 anos de inscrição) pagam meia anuidade
e no primeiro período o pagamento é proporcional aos meses restantes do ano.

PASSEI NA OAB E ESTOU ESPERANDO AS


OPORTUNIDADES
“Ok, passei na OAB e agora já recebi minha carteira. Vou só esperar, que as
oportunidades vão surgir!”

Se você pensar assim, vai continuar exatamente onde está: com a carteira, mas sem trabalho.

Depois de ter a carteira da OAB é que o jogo começa a ficar “bom” – e que os desafios do
mercado começam a surgir. Por isso, você precisa passar por duas etapas importantes:

ESCOLHA QUE TIPO DE ADVOGADO VOCÊ SERÁ


Eu já escrevi um post falando sobre os Tipos de advogados e suas atuações no mercado de
trabalho. Decidir que tipo de advogado você vai ser é fundamental para manter o foco em sua
carreira jurídica. Os tipos mais populares são:

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• Funcionário Público;

• Embaixador;

• Representante Jurídico;

• Advogado Associado;

• Advogado Individual;

• Advogado Correspondente.

DEFINA QUAL SERÁ A SUA ESPECIALIZAÇÃO


Ok, você passou na OAB, e agora? Vai ficar de braços cruzados esperando a oportunidade?

Como eu já falei, se essa é a sua opção, me desculpe, mas a probabilidade de a oportunidade


não aparecer é gigantesca.

Portanto, arregace as mangas e escolha uma área para se especializar.

Gostaria de destacar aqui 9 diferentes áreas da advocacia que tem sido ótimas escolhas:

1. Direito Civil

2. Direito Ambiental

3. Direito Comercial

4. Direito da Tecnologia da Informação

5. Direito do Consumidor

6. Direito Contratual

7. Direito Penal

8. Direito Trabalhista

9. Direito Tributário

Se você busca uma especialização imediata, não deixe de considerar também alguns cursos
gratuitos sobre Direito. O aperfeiçoamento constante pode ser o grande diferencial, tanto se
você for empreender quanto se for em busca de uma vaga em um escritório.

Eu fiz uma lista com 9 ótimos cursos para advogados que você pode se matricular gratuitamente
e assistir às aulas online. Nem todos são da área jurídica, mas ainda assim são essenciais para
ajudar a desenvolver suas habilidades profissionais.

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TENHA UM BOM CURRÍCULO
Ainda mais se o que você busca no momento é ser contratado por um escritório de advocacia
já estabelecido (ao invés de seguir o empreendedorismo jurídico, que vou falar mais adiante),
esse passo é ainda mais importante.

Afinal de contas, o currículo vai ser a sua porta de entrada para o mercado de trabalho. É com
ele que você vai contar a sua história para pessoas que ainda não te conhecem.

Montar um bom currículo é sempre um grande desafio para quem está começando uma carreira
como advogado. A minha dica aqui é que o documento seja claro, objetivo e completo.

Para ajudar você, destaco alguns pontos que são fundamentais na hora de elaborar o seu currículo:

• Dados pessoais;

• Objetivo;

• Escolaridade;

• Experiências profissionais;

• Cursos, projetos e palestras;

• Conhecimento em idiomas e informática;

• Habilidades pessoais;

• Diferenciais.

No artigo Currículo de advogado recém-formado, eu destaco com mais detalhes cada um dos


pontos citados.

COMPREENDA O EMPREENDEDORISMO JURÍDICO


O fato é: só quem consegue pensar na advocacia como um negócio consegue ficar à frente e
pode almejar o sucesso.

Muito se fala em novos ramos do Direito (neste vídeo  falo sobre 10 ramos excelentes!), mas
acontece que você não tem que procurar novas oportunidades achando que o mercado do direito
está saturado. Não é isso! O mercado na verdade não é saturado, mas, sim, mal trabalhado.

Michael Gerber, no livro “O Mito do Empreendedor”, diz que o profissional de sucesso não deve
entender DO negócio e sim DE negócio. Isso faz total diferença na sua programação mental.

Você que passou na OAB e agora está entrando no mercado de advocacia deve saber muito
de Direito, certo?

Afinal, foi isso que você estudou intensamente nos últimos anos.

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O problema é que um advogado que só sabe Direito, se abrir um escritório, vai falir, pois
não entende de fluxo de caixa, gestão, gerenciamento de pessoas e nada mais que envolva o
negócio em si. E o direito não é um fim, é um meio pelo qual você roda seu negócio!

É por essa razão que eu criei o aulão de empreendedorismo jurídico, disponível abaixo. São mais
de 30 minutos de uma verdadeira aula de Empreendedorismo Jurídico (mais especificamente
sobre marketing jurídico), que eu divulgo gratuitamente.

E agora?

Bom, se você quer trabalhar com empreendedorismo jurídico (e essa é uma opção fantástica)
e aproveitar os novos ramos da advocacia, entenda DE negócio.

Vou citar 12 ramos novos da área jurídica que você pode aproveitar e começar a trabalhar e,
se você quiser saber mais sobre cada uma delas, pode assistir ao vídeo que está no final do
texto, ok?

1. Mercado de energia

2. Recuperação judicial de crédito

3. Agronegócio

4. Compliance

5. Trading

6. Direito de infraestrutura

7. Fusões e aquisições

8. Direito cibernético

9. Direito ambiental

10. Petróleo e gás

11. Direito do Entretenimento

12. Direito Desportivo

Antes de finalizar, ressalto: se especialize!

Independente de ter escolhido um ramo novo do direito ou um mais antigo, tenha em mente
que estamos na época da especialização, do nicho, onde as pessoas estão procurando cada vez
mais por serviços e soluções mais específicas e menos genéricas.

Por isso, escolha um setor e estude com profundidade; entre de cabeça nessa área! Use as
dicas de especialização e de cursos que passei acima e escolha um nicho que faça sentido para
sua vida e objetivos profissionais.

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Em resumo: sempre que você se perguntar “Passei na OAB, e agora?”, tenha em mente que
você deve obter sua carteira da Ordem, se preparar para ter um negócio enquanto advogado e
sempre buscar se especializar na área, ok? Seus desafios estão apenas começando!

Veja também:
• Direito Digital: O Advogado Frente à Evolução da Internet

• Empreendedorismo Jurídico: Tudo que Você Precisa Saber

• Captação de clientes: a OAB permite? Conheça a regras

Conheça as obras do autor (Clique aqui!)

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O Direito Fundamental de o
Concursando ter uma
Resposta Correta
Lenio Streck

Por que o concursando tem de ficar refém da burrice da banca?

Hoje  falarei dos erros cometidos pela Justiça ao negar a correção correta das provas de
concursos públicos. Mas, para isso, tenho que voltar no tempo.

Há tempos existia no Brasil uma Súmula (400 do STF) que dizia: “Decisão que deu razoável
interpretação a lei, ainda que não seja a melhor, não autoriza recurso extraordinário pela letra
a do art. 101, III, da Constituição Federal.”

Houve um julgamento, nos anos 80, de dois recursos pelo STF, cujas decisões, na origem,
eram antagônicas. A mesma lei e duas decisões absolutamente antagônicas. Com base na
S-400, ambos os recursos não foram conhecidos, porque as duas interpretações, embora
contraditórias, mostravam-se… razoáveis. Vejam parte do diálogo (RTJ 92/1129) dos embargos
infringentes:

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Perguntava o ministro Antonio Neder:  “Onde se acha nisso o razoável?”  Ao que o ministro
Moreira Alves respondeu: “quando declaro que uma interpretação é razoável, nem por isso estou
declarando que outra interpretação, sobre o mesmo dispositivo, também não possa ser razoável.
(…)”.

“A verdade é uma só; a


razoabilidade não.”
O ministro Cordeiro Guerra, entrando na discussão, perguntou: “Mas, se as duas são antagônicas
e ambas são razoáveis, qual a melhor?” Em resposta, o ministro Moreira Alves disse: “Quando
entramos em divergência, a minha interpretação, para mim, é razoável. Uma terceira pessoa que
declara que ambas as opiniões são razoáveis, não entra em contradição, pois não emitiu juízo sabre
a veracidade, que esta, sim, é única, de qualquer delas (…)”. E complementou: “A verdade é uma só;
a razoabi1idade não.”

Depois de intensa discussão, o Supremo Tribunal Federal conhece e recebe os embargos de


divergência. Todavia, em 16 de março de 1982, muda a orientação da 2ª Turma da corte,
passando a não conhecer de embargos dessa natureza.

Essa discussão só acaba com a CF em 1988. E não de imediato. Veja-se a complexidade e até
onde chegou a discussão: para os ministros Carlos Velloso e Gueiros Leite (no STJ), a Súmula
400 era inaplicável porque contrariava o livre convencimento. Como visto, o Direito brasileiro
é rico em contradições e perplexidades: se, de um lado, o que sustentava a S-400 era um total
relativismo nas decisões (não era a verdade que importava), a sua principal crítica era feita com
base em outra tese discricionário-relativista (livre convencimento).

A S-400 foi revogada. A maioria já dela não lembra. Mas, na prática, ainda fazemos “como os
nossos pais”. A S-400 simbolizou o decisionismo, o discricionarismo e a desnecessidade de se
buscar respostas corretas. Afinal, se a decisão era razoável (o que é isto – a razoabilidade?),
ainda que não a melhor, dela não se podia reclamar. No fundo, uma confissão do fracasso da
teoria do Direito. Tratava-se do suprassumo da jurisprudência defensiva.

Bom, hoje se eliminam/exterminam recursos de outro modo, talvez de modo menos sofisticado
do que a S-400… Ontem e hoje, infelizmente o importante não é dar respostas corretas; o que
importa é dar uma resposta (qualquer) mesmo que em contradição com outra. Basta ver as
respostas dadas aos embargos de declaração aos milhares todos os dias. Que coisa, não?

Por que estou lembrando disso? Para falar de recente decisão do STJ, que confirmou a sina
de que gostamos de relativismos e/ou “verdades pela metade”. Não nos importa o certo e o
errado. Joio e trigo são a mesma coisa. Nem para concurso público consideramos a hipótese de

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que haja respostas corretas e incorretas. Não. A banca do concurso tem plenipotenciaridade.
Se a banca pergunta sobre a teoria de Müller e diz bobagem, o concursando não pode recorrer.
Afinal, segundo o STJ, na linha do STF, só é possível anular questão de concurso se houver
flagrante ilegalidade.1

Brincando, eu diria: dizer burrice sobre determinado autor ou teoria é…apenas burrice da
banca; mas não é ilegalidade. Por exemplo, se a banca coloca uma questão com várias respostas
plausíveis (ou até não plausíveis), não é ilegalidade. Simbolicamente, trata-se de uma espécie de
repristinação de algo “tipo Súmula 400”. O STJ, no caso (REsp 1.528.448) negou recurso que
buscava anular duas questões de uma prova de 2009 para a carreira de policial rodoviário federal.

Nesse REsp, os recorrentes alegaram que uma questão não tinha resposta correta e a outra não
estava prevista no edital. No voto vencedor, a ministra Assusete Magalhães destacou que em
ambos os casos não há, de plano, comprovação de ilegalidade, o que inviabiliza a interferência
do Poder Judiciário.

Para a ministra, não se trata de exame de legalidade do processo seletivo, mas sim de
inconformismo dos recorrentes com o poder discricionário da banca examinadora quanto à
elaboração de questões. Mas, permito-me dizer: esse é o problema e não a solução. Como
dar poder discricionário à banca? Quer dizer que a banca tem o poder de, discricionariamente,
colocar a resposta que quiser? E depois, com o mesmo poder discricionário (sic), negar recurso
sob a alegação de que a banca é soberana? Só por isso já não seria uma ilegalidade?

A ministra lembrou que a jurisprudência do STJ entende que o Judiciário deve apenas apreciar
a legalidade do concurso, “sendo-lhe vedado substituir-se à banca examinadora para apreciar os
critérios utilizados para a elaboração e correção das provas, sob pena de indevida interferência no
mérito do ato administrativo”. OK. Só que, se a banca erra, parece evidente que o Judiciário
deva mostrar qual é a resposta correta. Sob pena de criar um raciocínio tautológico.

A banca faz uma questão ambígua ou equivocada e o Judiciário não corrige porque isso não seria
flagrante ilegalidade? Eu aceitaria o argumento, se o STJ dissesse o que significa flagrante ilegalidade.

Veja-se que a própria ministra chega a dizer que o próprio fato de a controvérsia demandar
parecer técnico especializado significa que os erros alegados não são de fácil comprovação.
Pois, de novo, permito-me dizer que a solução do problema se transforma no problema da
solução. Se é de difícil comprovação, quem sabe a banca não tenha errado? Para mim, qualquer

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Sei da posição do STF (REx 632.853), que foi invocada pelo STJ, no sentido de que o PJ não pode substituir exame da ban-
ca. Entretanto, a posição do STF excepciona os casos de juízo de compatibilidade do conteúdo das questões do concurso
com o previsto no edital. Em suma, caberia ao judiciário apenas o exame da legalidade.
Há dois modos de compreender e superar o precedente do STF: primeiro — discutir o que é que legalidade. Por exemplo,
paradoxalmente, seria bizarro negar que uma questão tratando do próprio conceito do princípio da legalidade tivesse um
gabarito apontando para uma alternativa errada, fruto de burrice da banca (como sair dessa?).
Mais: no RS houve um debate que gerou muitas machucaduras em dezenas ou centenas de candidatos em um concurso: o
tribunal dizendo – corretamente – que uma questão não era nula e a Turma Recursal dizendo, incorretamente, que sim – em
ambos os casos, para o bem e para o mal, parece que superaram o óbice do precedente do STF (eis o ponto: para não anular,
necessariamente há que entrar no mérito e dizer que a pergunta ou a resposta não são nulas; ou seja, não há ponto arqui-
mediano: para dizer que não é caso de o judiciário “se meter”, é inexorável o exame da pergunta e/ou da resposta (sendo
mais simples: ao dizer que não pode se imiscuir, já se imiscui); segundo, é claro, fazendo uma distinguishing, conforme prevê
o art. 489 do CPC.

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candidato que se submete a um concurso público tem o direito fundamental a que a questão tenha
uma resposta correta e ele, candidato, tem o direito de vê-la aplicada. Se não pela banca, pelo
Judiciário. Por quem mais? Alteremos, pois, urgentemente a jurisprudência sobre esse tema.

(…) isso é ativismo às


avessas.
Por trás desse tipo de aparente autocontenção (self-restraint) está uma falsa questão. Na
verdade, isso é ativismo às avessas. O Judiciário, ao negar esse direito – para mim, fundamental,
porque um concurso lida com a coisa pública e filtra àqueles que lidarão com a vida e a liberdade
dos utentes – nega a jurisdição. Omite-se de forma inconstitucional.

Ora, o Judiciário decide até se o colarinho faz parte do chope (temos já quase uma epistemologia
do chope) e se a colocação de um ofurô em uma sacada é constitucional ou não. E, contra a lei,
concede licença paternidade de 180 dias para pai de gêmeos. Concede a metade da herança
para concubina adulterina. Não parece ser assim, digamos, self restraint… E, cá para nós, é uma
violência ficar fora de um concurso por causa de uma questão mal elaborada ou cuja resposta
é errada.

Ou seja, o Judiciário faz isso tudo e não consegue afastar aberrações (aliás, muito interessante
ver o conteúdo do AgRg no AREsp 500567 – no caso, o próprio doutrinador disse que a questão
era nula – Bingo), idiossincrasias e equívocos de bancas de concursos? Por que em um concurso
público o candidato tem de ficar refém, por vezes, da burrice – ou teimosia – de uma banca? Ou da
falta de preparo? Ou de exotismos, como a banca do concurso do MP-MG que perguntou sobre
a teoria da graxa – essa questão foi anulada pelo CNMP (essa mesma banca errou uma questão
que tratava da teoria de Müller e, se os candidatos não recorreram, é porque nem eles ou seus
professores de seus cursinhos entenderam a tese de Müller – ver aqui o que escrevi sobre isso).

Concursos são (devem ser) coisas da República. De todos. Façamos um teste: perguntem para
todas as pessoas que estão prestando concursos se elas querem depender da discricionariedade
da banca, ou, mais do que isso, caberia indagar se a própria ministra do STJ, que é magistrada de
carreira, aceitaria sua própria tese quando prestava concurso anos atrás? Cartas para a coluna.

Bom, com tanto relativismo e discricionarismos, quem sabe não seja melhor repristinar a
velha Súmula 400? Ou reescrevê-la especialmente para concursos públicos: “decisão de banca
examinadora que formula pergunta que demanda várias respostas não é nula, bastando as
respostas serem razoáveis, mesmo que erradas”. Ou: “mesmo que a banca pergunte bobagens
e cometa equívocos, o judiciário não pode se imiscuir, a não ser que haja ilegalidade”. O que é
ilegalidade? Bom, aí é que a porca torce o rabo.
Fonte: Conjur

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Veja também:
• O STF, sete erros… e um destino! E meu prognóstico, do qual discordo!

Conheça as obras do autor (Clique aqui!)

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