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- Cultura POP, Nova MPB e Cultura Queer do jeito que você gosta! -
É que Virginie Despentes escreve sem arrependimentos, sem pedir desculpas, sem tomar atalhos, sobre temas
urgentes como pornografia, cultura do estupro, e trabalho sexual. O livro é um perfeito reflexo de sua imagem –
hoje uma loura que veste ternos e blusas de bandas de rock. Rebelde, ela cita personas do imaginário popular
que tem uma energia transcendente aos gêneros binários estabelecidos e constrói uma biografia corrosiva.
“Escrevo a partir da feiura e para as feias, as caminhoneiras, as frígidas, as mal comidas, as incomíveis, as histéricas, as
taradas, todas as excluídas do grande mercado da boa moça. E começo assim para que tudo fique claro: não me desculpo de
nada, não vim aqui para reclamar. ”
Sempre utilizando a academia para contar sobre suas experiências, Despentes cria pontes com clássicos como
Simone de Beauvoir, Virginia Woolf e Angela Davis – cada página, é como um soco no estômago, onde
questões estonteantes passam pela cabeça do leitor a partir das provocações da feminista: seria o Estado uma
mãe perversa, e não um pai autoritário? Podemos criar tecnologias de proteção social às trabalhadoras sexuais?
Se a pornografia de fato atua enquanto pedagogia, como podemos criar novos códigos de linguagem de gênero?
“Este livro é um grito — de dor, de guerra, de liberdade. Em nome de todas as mulheres que não se enquadram, mas também
de todos os seres que fogem de estereótipos.”
O trabalho de Despentes é resultado de uma vivência árdua e áspera, onde o tempo para ela já passou em
diversos contextos, cidades e velocidades: teve uma infância onde gozou de grande liberdade, o que levou a
desenvolver características consideradas “masculinas”, participou do movimento punk na França, teve
relacionamento com o filósofo Paul Beatriz Preciado que até hoje a descreve como “um ser perfeito”, tornou-se
diretora de cinema, enfrentando censuras devido aos temas de seus filmes.
“Querer ser um homem? Sou melhor do que isso. Não dou a mínima para o pênis. Não dou a mínima para a barba e para a
testosterona, tenho tudo que preciso em termos de agressividade e coragem. Mas é claro que quero tudo, como um homem,
num mundo de homens, quero desafiar a lei. Frontalmente. ”
‘Teoria King Kong‘ é o feminismo da Marcha das Vadias, das trans, das trabalhoras sexuais, das mulheres que
foram desprivilegiadas e subjugadas. Virginie pede: “Sejam mais King Kong e menos Kate Moss“. O feminismo viril
de Despentes é um feminismo onde as proposições são o direito ao próprio corpo, o direito ao trânsito sem
assédio, o direito ao próprio gozo. O feminismo de Virginie Despentes coloca faz chocar o feminismo burguês,
higienizado e bem-comportado. Despentes convoca todas as mulheres e excluídas à guerra.
“Como se explica que nos últimos trinta anos nenhum homem tenha produzido nenhum texto inovador sobre a
masculinidade? Eles que são tipicamente loquazes e tão competentes quando se trata de discorrer sobre as mulheres? Como
se explica esse silêncio em relação a eles mesmos? Porque sabemos que quanto mais falam, menos dizem sobre o essencial,
sobre o que têm realmente na cabeça. Talvez queiram que sejamos agora nós que falemos deles? Querem, por exemplo, que
digamos o que pensamos dos estupros coletivos? Diremos que eles querem mesmo é foder entre si, olhar para os paus uns dos
outros, excitar-se juntos; diremos que eles têm vontade de meter nos cus uns dos outros.”
Com a tag baise-moi, feminismo, filosofia feminista, marcia bechara, n-1 edições, teoria king kong, virginie
despentes
Alisson Prando tem 23 anos e mora em São Bernardo do Campo. É estudante de Filosofia, pela Universidade
Metodista de São Paulo (UMESP), Comunicação Social, Filosofia Feminista e Contemporânea (Espaço Revista
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CULT), e História do Corpo nas Artes Visuais (Instituto Tomie Ohtake). Seus passatempos navegam entre ler
livros de seus filósofos favoritos, como Nie sche, Adorno e Paul B. Preciado, enquanto ouve Madonna, Karina
Buhr ou Lady Gaga. Não acredita em deus, mas acha que se ele existisse com certeza seria um artista
transgressor. Acredita nas redes sociais como uma espécie de laboratório do pensamento do inconsciente
coletivo. Tem mania de entrevistar pessoas e uma coleção de souvenires dos shows mais legais que já viu. Ver
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