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– A missão de José.
– Recorrer a José para que nos ensine a viver junto de Maria e de Jesus.
Tal como Maria, José era da casa e da família de David3, da qual nasceria o
Messias, segundo havia sido prometido por Deus: Suscitarei da tua
posteridade, depois de ti, aquele que sairá das tuas entranhas, e firmarei o seu
reino. Ele me construirá um templo, e eu estabelecerei o seu trono para
sempre4. Assim, Jesus, que herdara o sangue de David pelo lado materno, foi
recenseado na casa real por meio de José, pois “Aquele que veio ao mundo
devia ser recenseado segundo os usos do mundo”5.
Deus previra que o seu Filho nascesse numa família como as outras, pois a
vida de Jesus tinha que ser igual à dos demais homens: devia assim nascer
indefeso e, portanto, necessitado de um pai que o protegesse e que lhe
ensinasse o que todo o pai ensina aos seus filhos.
II. “A SÃO JOSÉ – diz Santo Agostinho num sermão – não só se deve o
nome de pai, como se deve mais a ele do que a qualquer outro”7. E acrescenta
a seguir: “Como era pai? Tanto mais profundamente pai quanto mais casta foi a
sua paternidade. Alguns pensavam que era pai de Nosso Senhor Jesus Cristo
tal como são pais os outros, os que geram segundo a carne [...]. Por isso diz
São Lucas: Pensava-se que era pai de Jesus. Por que diz apenas que se
pensava? Porque o pensamento e o juízo humanos se referem àquilo que
costuma acontecer entre os homens. E o Senhor não nasceu do germe de
José. Mas à piedade e à caridade de José nasceu um filho da Virgem Maria,
que era Filho de Deus”8.
Foi muito grande o amor de José por Maria. “Devia amá-la muito e com
grande generosidade quando, sabendo do seu desejo de manter a
consagração que havia feito a Deus, aceitou desposá-la, preferindo renunciar a
ter descendência a viver separado daquela a quem tanto amava”9. O seu amor
foi limpo, delicado, profundo, sem mistura de egoísmo, respeitoso. E o próprio
Deus selou definitivamente a sua união com Maria (já estavam unidos pelos
esponsais e, por isso, o anjo lhe dissera: Não temas receber Maria, tua
esposa) mediante um novo vínculo ainda mais forte, que era o comum destino
na terra de cuidarem juntos do Messias.
Como seria o relacionamento de José com Jesus? “José amou Jesus como
um pai ama o seu filho, dando-lhe tudo o que tinha de melhor. Cuidou daquele
Menino como lhe tinha sido ordenado, e fez dele um artesão: transmitiu-lhe o
seu ofício. Por isso os vizinhos de Nazaré se referiam a Jesus indistintamente
como faber e fabri filius (Mc 6, 8; Mt 13, 55), artesão e filho do artesão. Jesus
trabalhou na oficina de José e junto de José. Como seria José, como teria
actuado nele a graça, para ser capaz de desempenhar a tarefa de educar o
Filho de Deus nos aspectos humanos?
“Porque Jesus devia parecer-se com José: no modo de trabalhar, nos traços
do seu carácter, na maneira de falar. No realismo de Jesus, no seu espírito de
observação, no seu modo de sentar-se à mesa e de partir o pão, no seu gosto
por expor a doutrina de maneira concreta, tomando como exemplo as coisas da
vida corrente, reflecte-se o que foi a infância e a juventude de Jesus e,
portanto, o seu convívio com José”10.
Se procurarmos a intimidade com José nestes poucos dias que faltam para o
Natal, ele nos ajudará a contemplar esse mistério inexplicável de que foi
testemunha silenciosa: a Virgem Maria com o Filho de Deus feito homem em
seus braços.
São José compreendeu imediatamente que toda a razão de ser da sua vida
era aquela Criança, precisamente enquanto criança, enquanto ser necessitado
de ajuda e de protecção; como o era também Maria, que o próprio Deus lhe
confiara para que a recebesse em sua casa e protegesse. Como Jesus
agradeceria todos os cuidados e atenções de José para com Maria!