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Objeto .......................................................................................................................................................... 4
Características .............................................................................................................................................. 4
Direito constitucional vs. Teoria da Constituição ....................................................................................... 4
Ordem Jurídica ............................................................................................................................................. 5
Constitucionalismo ........................................................................................................................................ 5
Gomes Canotilho ...................................................................................................................................... 5
Maria Lúcia Amaral ................................................................................................................................... 6
Miguel Nogueira de Brito ......................................................................................................................... 6
Maurizio Fioravanti................................................................................................................................... 6
Constitucionalismo Moderno ................................................................................................................... 6
4 Fases do Constitucionalismo: ................................................................................................................ 7
Constitucionalismo das Origens – séc. XIV até cerca de 1776................................................................ 7
Constitucionalismo das Revoluções – 1787 até 1799 (EUA e França) .................................................... 7
Constitucionalismo da Época Liberal – 1814 até 1917 .......................................................................... 7
Constitucionalismo da Democracia Constitucional – a partir de 1945 ................................................... 8
Governo Moderado .................................................................................................................................. 8
Proteção da Pessoa Humana ..................................................................................................................... 9
Ideias de Filósofos ................................................................................................................................ 9
Textos Políticos .................................................................................................................................... 9
Fase da Democracia Constitucional...................................................................................................... 9
Génese e Metamorfose: Direitos do Homem ............................................................................................ 9
Racionalização do Poder Político ............................................................................................................. 10
Filósofos do Constitucionalismo .................................................................................................................. 11
Constitucionalismo Britânico ....................................................................................................................... 12
Constitucionalismo Norte-Americano .......................................................................................................... 15
Tipos históricos de Estado ........................................................................................................................... 20
Surgimento do Estado Moderno .................................................................................................................. 20
Formas Históricas de Estado Constitucional ................................................................................................ 21
Estado Liberal ......................................................................................................................................... 21
Estado Social e Democrático de Direito ................................................................................................... 21
Estado pós-social e democrático de Direito ....................................................................................... 22
Estado ......................................................................................................................................................... 22
Conceito Jurídico de Estado ................................................................................................................... 22
Teoria dos três elementos do Estado ..................................................................................................... 22
POVO .................................................................................................................................................. 22
Cidadania – Lei da Nacionalidade ................................................................................................................ 24
TERRITÓRIO ........................................................................................................................................ 26
PODER POLÍTICO ................................................................................................................................. 26
Estados soberanos e outras comunidades ............................................................................................. 26
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Objeto
Doutrina Tradicional:
• Marcelo Rebelo de Sousa – Fins e funções do Estado bem como a organização,
titularidade, exercício e controlo do poder político.
• Jorge Miranda – Parcela da ordem jurídica que rege o próprio Estado
• Perspetiva alemã – o que estuda o Estado
Paulo Otero:
• O direito Constitucional deve ser deslocado para a pessoa humana
MELO ALEXANDRINO:
• Refuta Paulo Otero: A pessoa humana é o fim de todo o Direito, mas não pode ser vista
como o objeto do Direito Constitucional. Thomas Paine – “A Liberdade é o fim, a
Constituição é o instrumento”
• Refuta Doutrina Clássica: Não se pode reduzir ao Estado, pois faltariam a própria ideia
de Constituição, os direitos fundamentais e a garantia jurídica da Constituição.
• Estatuto fundamental do político – forma jurídica de ordenação do político
o Normas que definem o poder político do Estado
o Normas que definem os direitos fundamentais das pessoas perante o Estado
o Normas que garantem o cumprimento da Constituição
Características
1. SUPREMACIA: as normas constitucionais estão no topo da pirâmide normativa.
2. ESTADUALIDADE: centralidade do Estado como produtor e destinatário principal das
normas constitucionais. Principal garante da realização das normas.
3. POLITICIDADE: natureza simultaneamente jurídica e política de muitas estruturas,
normas e instituições constitucionais.
4. COMPLEXIDADE: variedade e pluridimensionalidade das normas.
5. INCOMPLETUDE: a Constituição é apenas uma moldura externa (ordem-quadro) que
deixa espaço às decisões do legislador e opções da sociedade e dos cidadãos.
6. ABERTURA: permite uma sensibilidade de adaptação face à realidade – abertura
axiológica (a valores), abertura estrutural (novas estruturas políticas, económicas e
sociais), abertura normativa (outras normas e interpretações), abertura temporal (ao
futuro).
7. PERMANÊNCIA: estabilidade e até uniformidade das principais normas de Direito
Constitucional (contraria a ideia de Otto Mayer de que “o Direito Constitucional passa e o
Direito Administrativo fica”)
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Para alguns autores não interessa uma Teoria da Constituição desligada do Direito
Constitucional positivo. Para outros é incerto o lugar da Teoria da Constituição.
Mas os problemas, modelos e construções do mundo moderno em transformação não podem
deixar de ser trabalhados pela Teoria da Constituição.
Ordem Jurídica
Jorge Miranda: Direito Constitucional é o tronco comum e as outras disciplinas são os Ramos.
o Diogo Freitas do Amaral opõe-se
Menezes Cordeiro: Direito Privado é o Direito comum – pano de fundo a que ligam todos os
outros ramos incluindo o Direito Constitucional
MELO ALEXANDRINO:
➢ Devemos respeitar a autonomia de cada ramo do Direito.
➢ As regulações constitucionais dessas matérias são apropriações parciais de domínios.
➢ A haver um direito comum do Direito Público seria o Direito Administrativo (Paulo
Otero)
➢ O Direito constitucional é um ramo de Direito com características muito especiais – daí
que não possa ser o tronco comum de ondem saem todos.
Constitucionalismo
Gomes Canotilho
Há vários constitucionalismos – limitações do poder político do Estado tendo em vista a garantia
dos direitos.
• Constitucionalismo Moderno: movimento político, social, cultural que questiona (a
partir do sec. XVIII) o domínio político sugerindo uma nova forma de ordenação e
fundamentação do poder político.
o O poder deixa de vir de Deus para o Rei e passa a ser dado pelo povo
• Constitucionalismo Antigo: conjunto de princípios escritos ou consuetudinários
alicerçadores da existência de direitos estamentais perante o monarca
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Maurizio Fioravanti
O constitucionalismo é um movimento de pensamento orientado a prosseguir finalidades
políticas concretas – traduz-se na limitação dos poderes públicos e na afirmação de esferas de
autonomia normativamente garantidas.
• Esferas de liberdade garantidas por normas políticas.
• 2 Lados do Constitucionalismo:
a) Lado Limite do poder político – negativo ou de resistência – ideia de
moderação, limitação do poder, garantia dos direitos individuais, separação
dos poderes, de tutela judicial.
Antítese da decisão arbitrária – oposto do governo despótico e da vontade
(não do Direito), MacIlwain
b) Construção da Unidade Política – positivo ou de participação – ideias de
consenso, de participação, de contrato social, de soberania, de
racionalização e etc.
Limite e destinado a proteger aqueles que compõe o todo da comunidade e o outro
lado destina-se ao prosseguimento do interesse comum.
Ex: UE ou ONU, possuem o lado limite mas sem o princípio de unidade política – o que
contraria a ideia de constitucionalismo global
Constitucionalismo Moderno
Melo Alexandrino: fenómeno moderno ligado ao nascimento do Estado moderno na Europa –
séc. XIV – mas já passou por um sem número de transformações.
Maria Lúcia Amaral: constitucionalismo é herdeiro natural do ideal antigo do governo
moderado mas que traz uma rutura com a tradição clássica
1. Fundamento do poder político provém da vontade e não de uma realidade
transcendente.
2. Ordem fundamental de uma comunidade política deve resultar de uma Constituição
escrita (resultado da decisão soberana da nação)
3. Poderes legitimados pela constituição
4. Pertença à comunidade política pela condição de cidadão
5. Direitos do homem têm primado sobre qualquer outro valor e devem ser respeitados
pelo poder político.
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4 Fases do Constitucionalismo:
Para Melo Alexandrino e Fioravanti é possível identificar quatro fases do constitucionalismo.
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Governo Moderado
Início do Constitucionalismo no séc. XIV – recondução do poder político a regras e a instituições
jurídicas com fins de garantia.
No entanto tem raízes filosóficas mais antigas.
PLATÃO: Constituição dos antepassados – não tem uma origem súbita e é decreta ao longo dos
tempos de forma conciliadora e plural. Constituição mista.
ARISTÓTELES: todas as formas de governo são legítimas – não se pode é aceitar quando
degeneram e destinam a servir interesses particulares de um, vários ou muitos. Constituição dos
antepassados é um modelo de constituição média.
Defende ao contrário de Platão (na 1ª fase) um governo de leis e não de homens.
POLÍBIO: antecipa Montesquieu – forma de governo simples e fundada num único centro de
poder é instável, daí necessitar de haver uma separação de poderes. Tem que assentar em várias
estruturas – magistraturas romanas.
JOÃO DE SALISBURY: o dever do Rei é promover a justiça e a equidade é absoluto, sendo que a
violação da equidade produz a tirania – contra a qual é possível o direito de resistência.
S. TOMÁS DE AQUINO: deve-se agir para o bem da comunidade de modo equitativo e justo –
admite o direito de resistência numa constituição mista e de poder temperado.
MARSÍLIO DE PÁDUA: ao poder legislativo cabe o poder governativo, que lhe está subordinado.
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Ideias de Filósofos
HOBBES: fim último do Estado é o cuidado com a sua própria conservação e com uma vida mais
satisfeita. Coloca a pessoa em primeiro.
ROUSSEAU: preservar a liberdade primitiva – quanto mais o estado cresce, menos liberdade
Textos Políticos
A garantia dos direitos individuais vem à cabeça dos documentos fundadores do
Constitucionalismo das Revoluções.
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LOCKE: limitado pelo fim de garantir a vida, liberdade, propriedade e pela prossecução do bem
comum. Separação de poderes e subordinação do poder executivo à lei.
MONTESQUIEU: limitado pelo direito, pelo pluralismo social e pela moderação. Controlo
recíproco entre os vários poderes – pesos e contrapesos.
ROSSEAU: limitado pela soberania do povo- conceito de vontade geral e regra da maioria.
KANT: limitado pelo princípio da liberdade que impõe a garantia dos direitos. Mas também pela
moderação e recusa do despotismo.
Há manifestações de formas de regulação do poder político para além das fronteiras do Estado:
Ius cogens, Direito da União Europeia, Tribunal Constitucional, ONU e etc.
Não se pode ainda falar em constitucionalismo global: crise das constituições no plano interno,
ascendente poder económico sobre o político e o jurídico. Não há uma construção da unidade
política.
Melo Alexandrino discorda de Rui Medeiros e afirma que o Constitucionalismo global é um
“ficcionismo utópico”.
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Filósofos do Constitucionalismo
Contratualismo – estado não surge naturalmente mas sim por um contrato social.
HOBBES (1588-1679) contratualista – pessimismo antropológico, homem egoísta; Estado de Natureza é um estado
de guerra de todos contra todos -> evolui para um estado de sociedade (garante a segurança). Tudo passa pelo
contrato social – direitos das pessoas alienados do estado (em favor do político).
a. Proteção da pessoa humana: fim último do Estado é o cuidado com a preservação dos homens e com uma
vida mais satisfeita (busca da felicidade)
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado para garantir a segurança dos súbditos e a equidade
(num estado de todos contra todos, cria-se a lei para uma igualdade na “submissão de todos à mesma lei”).
LOCKE (1632-1704) iluminista e contratualista – por natureza os homens são livres e iguais. Há uma delegação de
poderes em favor do poder político (que o povo pode revogar).
Nem tudo passa pelo contrato social, os direitos naturais passam à margem do contrato (que só preconiza o bem
comum – manutenção da propriedade, direitos próprios do Homem). Tem que haver uma tolerância em relação às
religiões e uma forte teoria da separação de poderes: Legislativo e Executivo
➔ Legislativo: poder predominante (primazia sobre o poder executivo).
Há um consentimento voluntário da aceitação do contrato social, dá também o direito de insubordinação. Ex:
revolução gloriosa no Reino Unido e esclarecimentos sobre tal à cabeça da constituição dos EUA
a. Proteção da pessoa humana: preservar e garantir a liberdade, a vida e a propriedade (coisas próprias do
homem).
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado para garantir a liberdade, a vida e a propriedade.
MONTESQUIEU (1689-1755) iluminista – “O Espírito das Leis”, 1748 – só se pode encontrar a liberdade em governos
moderados.
Defesa da separação dos poderes onde não há proeminência de uns sobre os outros, há uma paridade: poder
legislativo (parlamento – cidadãos escolhem os seus representantes; povo titular de soberania mas que não a exerce
de forma permanente e delega nos representantes), poder executivo (Rei) e poder judicial (invisível e nulo).
a. Proteção da pessoa humana: num governo moderado, a garantia da liberdade depende da separação dos
poderes (mas com um elevado grau de interdependência. Art.111º da CRP)
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado pelo Direito, pelo pluralismo social e pela
moderação – controlo do poder na interdependência dos mesmos (pesos e contrapesos)
ROSSEAU iluminista e contratualista – “O Contrato Social”, 1761 – otimismo antropológico no Estado de Natureza,
cujos direitos naturais passam para o contrato social.
Nega a representação política – soberania não pode ser alienada em favor dos representantes, defende democracia
direta.
Ideia da Vontade Geral, expressa pela Regra da Maioria – o poder legislativo é o poder superior do Estado e a vontade
da maioria prevalece (os direitos fundamentais são trunfos contra isto).
a. Proteção da pessoa humana: preservar a liberdade primitiva (Estado Natureza). Quanto mais um Estado
cresce, mais oprime a liberdade.
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado pela soberania do povo.
KANT iluminista e contratualista – ligação entre paz e propriedade privada. A Liberdade e a Igualdade são direitos
inatos e alienáveis.
Teoriza a dignidade da pessoa humana (art. 1º da CRP – para Paulo Otero, a vontade popular é subordinada à
dignidade da pessoa humana).
Governo de leis e não de homens – princípio de igualdade de todos perante a lei: meramente formal, pois havia visíveis
contrariedades.
a. Proteção da pessoa humana: liberdade, direito único, originário e inato.
b. Racionalização e Limitação do Poder Político: limitado pelo princípio da maioria, na função atribuída à lei.
Separação de poderes.
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Constitucionalismo Britânico
Formação e Evolução
1. Fase dos Primórdios – predomínio do Rei
Início em 1215 com a concessão da Magna Carta (que confere logo a Inglaterra a fase
de Estado Estamental)
2. Fase de Transição – predomínio da Câmara dos Lordes, no Parlamento Bicameral
Início no séc. XVII até 1832.
Imensas lutas políticas entre vários grupos.
Revolução de 1648 confere soberania ao parlamento e há a instituição de uma república
(até 1660)
1688 – Revolução Gloriosa: na linha das primeiras cartas de direitos, não pretende
senão confirmar, consagrar, reforçar direitos, garantias, privilégios.
3. Fase Contemporânea - predomínio da Câmara dos Comuns, no Parlamento Bicameral
Início em 1832 até à atualidade.
Processo de democratização que alargou o sufrágio de censitário (apenas homens com
altos rendimentos votam) para universal.
Sobreposição Institucional
Órgãos com legitimidades diversas não se anulas e sim complementam-se.
Jorge Miranda: Instituições de natureza completamente diversa coexistem e
interpenetram-se ao longo dos tempos.
• Parlamento = Rei + Câmara dos Comuns + Câmara dos Lordes
Não existe uma decomposição de poderes políticos em abstrato, mas sim uma
colaboração. A doutrina de Montesquieu enaltece esta forma de governo misto.
Matriz Britânica
• Gomes Canotilho: supremacia cronológica do constitucionalismo inglês:
➔ Surge antes do séc. XIV – A Magna Carta do séc. XIII confere a base da constituição
inglesa, ao conferir alguns direitos.
➔ Base do constitucionalismo Europeu – direitos alargados a todos os ingleses e
depois tornados, por Locke, em Direitos do Homem.
• Marcas do Constitucionalismo:
1. Liberdade pessoal – de todos os ingleses.
2. Processo justo regulado por leis (due processo of law) – garantia de liberdade
e segurança com o Estado a seguir o Direito.
Henry Bracton – recolheu as leis e costumes, desenvolveu a ideia de
dois poderes: o governativo que compete ao Rei, o de declarar o
Direito compete ao Rei no Parlamento.
3. Interação dinâmica dos tribunais e das leis – as decisões dos juízes ingleses
vão cimentando o direito comum (common law). Juízes são senhores da
common law porque a fazem e continuam a fazer mediante a sua
jurisprudência.
Edward Coke – defende os ancient common laws and custos of the
realm, que é a própria constituição; leis e costumes são o direito
comum que precede as leis parlamentares (chegou a defender o
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
❖ Ivo Barroso: constituição apenas em sentido antigo e não moderno, uma vez que o
moderno envolve a forma, as leis e etc. Tem apenas função na organização do
Estado.
Atualidade:
Matriz Dominante:
• Constituição mista, expressa na soberania do Parlamento. Rule of Law. Convenções
institucionais.
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Forma de Estado:
Distribuição do poder político no território – modo como o estado dispõe o seu poder
• Estado unitário descentralizado – há parlamentos regionais
• “Estado unitário regionalizado” – União real
• JOMI: fala em União Pessoal
Regime Político:
Natureza da relação entre os governantes e os governados
• Democracia parlamentar
Sistema de Governo:
Como se estruturam as relações entre os vários órgãos do poder político do Estado – modo de
relacionamento dos órgãos que exercem a função política
• Sistema Parlamentar de Gabinete
• Principais órgãos – função política:
o Monarca – designado por sucessão hereditária. Símbolo da unidade nacional: a
Coroa.
Poderes formais – “prerrogativa” de dissolução da câmara dos comuns
o Governo – responde perante o parlamento – função administrativa
▪ Gabinete – núcleo das decisões políticas fundamentais do estado; o PM
e ministros mais importantes têm assento.
▪ Primeiro-Ministro – líder do partido mais votado, por convenção
constitucional.
Eixo da vida política – a partir de 2015 deixou de ter o poder de dissolver
o parlamento, que passa a caber ao próprio parlamento (a moção de
confiança, mesmo rejeitada, já não dissolve o parlamento)
▪ Ministério
o Parlamento Bicameral
▪ Câmara dos Comuns – eleitos por sufrágio universal (mandato 5 anos)
– função legislativa
▪ Câmara dos Lordes – 92 são designados por sucessão hereditária
Direitos e Liberdades:
• Advêm do costume e da common law.
• Tecnicamente não há direitos fundamentais no Reino Unido, mas são reconhecidos em
documentos históricos (ex: human rights act) e nas decisões dos tribunais.
Sistema Eleitoral:
• Sistema Maioritário Uninominal a uma volta – apenas se ele um deputado em cada
círculo eleitoral. Que tem como consequência:
Sistema de Partidos:
• Sistema Bipartidário – partido conservador e trabalhista
• Em circunstâncias excecionais forma-se um terceiro partido dos liberais democratas
• Forte organização e disciplina partidária
• As diversas alas dos partidos limitam a maioria que está no governo
• A oposição tem muita força e é chamada de Governo-Sombra. Tal como a opinião
pública.
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Constitucionalismo Norte-Americano
Formação e Evolução
Um ato de protesto das colónias contra Inglaterra originou a Revolução.
“Sem representantes não há impostos” – “no taxation without representation” – como as colónias
não tinham parlamento não se podia cobrar impostos. A Coroa inglesa reage e faz as “leis
intoleráveis” em 1774 – dá lugar à revolta e à guerra.
Matriz Norte-Americana
• Marcas do Constitucionalismo:
1. Direitos de Tradição Britânica
2. Recusa do princípio da soberania do parlamento – acima da lei do parlamento deve
existir uma lei superior que o limite
3. Soberania do povo (poder constituinte) – rompe com a omnipotência do
parlamento e compete ao povo o exercício do poder constituinte (que se exerce
raramente, apenas nos “momentos constituintes”) – a constituição começa com
“We The People”.
o Montesquieu – organização de poderes separados
4. Define as regras do poder político limitado pela constituição – o povo define a lei
superior cujo conteúdo são as regras que vão disciplinar o poder político,
normativamente limitado pela constituição.
o Thomas Paine – a Constituição era a norma anterior e limitadora do poder
do Estado; a base do governo é um misto de autonomia e consenso
5. Poder dos tribunais fiscalizarem as leis ordinárias – nulas se ofenderem a
constituição – fiscalização da constitucionalidade. Defende-se a constituição do
legislador ordinário instalando uma fiscalização da mesma.
o Locke – fundamento racional das leis fundamentais
o Coke – era necessário que as normas fundamentais se tornassem
vinculativas e garantidas pelos tribunais
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Atualidade
Matriz Dominante:
• Moderada ou Lockeana – primado da constituição, direitos fundamentais como limites
da ação do estado, equilíbrio de poderes e etc.
Forma de Estado:
Distribuição do poder político no território – modo como o estado dispõe o seu poder
• Estado Composto Federal – dupla estrutura do poder político com sobreposição de
constituições, a do Estado Federal e a dos 50 estados federados (semi-soberanos,
apenas na ordem interna) – federalismo perfeito
Regime Político:
Natureza da relação entre os governantes e os governados
• Democracia constitucional
Sistema de Governo:
Como se estruturam as relações entre os vários órgãos do poder político do Estado – modo de
relacionamento dos órgãos que exercem a função política
• Presidencialismo
• Principais órgãos – função política:
o Presidente – eleito por sufrágio universal formalmente indireto (4 anos) Art. II,
secção 1, 1. – Função administrativa
• Os eleitores elegem o Colégio dos Grandes Eleitores, que
elegem o presidente.
• Na prática, quando se elege o Colégio dos Grandes Eleitores já
se sabe quem será o presidente pois votam-se em eleitores de
um dos partidos e eles não podem mudar o voto
Juntamente é eleito um vice-presidente
Poder executivo monista – presidente escolhe colaboradores, não vigora sistema de
colegialidade, não pode dissolver o congresso nem o congresso pode demitir o
presidente – o governo é presidido pelo presidente.
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Direitos e Liberdades:
• Consagrados na constituição – que os enuncia expressamente nos 10 primeiros
aditamentos (Bill of Rights).
• Supremo tribunal revela direitos não enumerados no Bill of Rights – as decisões do
tribunal acabam por ser o fundamento das práticas/leis – função jurisdicional
Sistema Eleitoral:
• Sistema Maioritário Plurinominal a uma volta – o partido que tiver mais votos num
certo círculo eleitoral fica com todos os lugares em disputa.
• Para o Congresso é maioritário uninominal a uma volta.
Sistema de Partidos:
• Sistema Bipartidário – partido republicano e democrata.
• Partidos sem organização central, nem disciplina partidária – surgem como estruturas
locais focadas no processo eleitoral (máquinas eleitorais)
• Cada partido tem alas distintas – várias correntes de opinião; flexibilidade ideológica.
Constitucionalismo Francês
Formação e Evolução
Inicia-se com a Revolução Francesa de 1789 - Onde surge a Declaração dos Direitos do Homem
e do Cidadão.
Matriz Francesa
• Marcas do Constitucionalismo:
1. Corte com o Passado – procura criar uma ordem social e política totalmente nova,
rutura com a constituição histórica e com os direitos até aí concedidos
2. Proclamação de novos direitos – os direitos do homem e do cidadão são
proclamados como direitos individuais e totalmente novos.
3. Repousa no artifício do contrato social – assente nas vontades humanas e
exprimindo-se num texto escrito chamado Constituição
4. Poder constituinte pertence à nação
o Abade de Sieyés – distingue entre poder constituinte e poder constituído.
Prima pela soberania da nação e a representação política.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Atualidade
Matriz Dominante:
• Confluência de matrizes: Rousseauniana – ideia de lei como expressão da vontade geral,
na soberania popular e no referendo; Constitucionalismo Liberal e Bonapartista.
Forma de Estado:
Distribuição do poder político no território – modo como o estado dispõe o seu poder
• Estado Unitário
Regime Político:
Natureza da relação entre os governantes e os governados
• Democracia constitucional
Sistema de Governo:
Como se estruturam as relações entre os vários órgãos do poder político do Estado – modo de
relacionamento dos órgãos que exercem a função política
• Sistema de Governo Ambivalente
• Semipresidencialismo – resulta da Constituição. Sistema de Coabitação: maioria
parlamentar diverge da maioria parlamentar
• Hiper-presidencialismo – prática institucional mais frequente: domínio completo do
presidente da política francesa.
O presidente torna-se o chefe da maioria parlamentar e escolhe o Primeiro-Ministro que
tem uma relação de subalterno com o PR, que aniquila dos poderes do PM –
instrumentalizado pelo PR.
• Principais órgãos:
o Presidente da República – eleito por sufrágio universal (5 anos) Art. 6º
➔ Eixo da vida política de quem o Governo depende.
➔ Preside ao Conselho de Ministros, pode dissolver o parlamento
(Art. 12º) e tem iniciativa de revisão constitucional
➔ Subalterna o Governo e o Parlamento
➔ Poderes de negociação. Art. 52º
o Governo
• Chefiado pelo Primeiro-Ministro: Responsável político perante
a Assembleia. Art. 49º e 50º
Poder Executivo Dualista – tanto o governo como o presidente exercem o poder
executivo
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Direitos e Liberdades:
• Vigora a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) que é complementada
com o Preâmbulo da Constituição de 1946.
• O Conselho Constitucional reconhece a relevância jurídica destes documentos
Sistema Eleitoral:
• Sistema Maioritário Uninominal a duas voltas. Art. 7º
Sistema de Partidos:
• Sistema Multipartidário
• Tendência de formação de dois blocos: o da esquerda e o da direita
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
São pautados pela ausência de constituição em sentido formal, a ausência de igualdade jurídica entre as pessoas e de
direitos e liberdades fundamentais.
Estado Oriental
• Estados de grande dimensão.
• Teocracia – origem divina do poder.
• Sociedades hierarquizadas e desiguais.
• Diminutas garantias dos indivíduos.
Estado Grego
• Estados de reduzidas dimensões territoriais (municípios: Cidade-Estado)
• Religião fundamenta a comunidade.
• Princípio da igualdade cívica – comunidade política dos cidadãos dá liberdade no âmbito da participação
política e não no plano individual.
• Diversas formas de governo.
• Coordenadas da democracia moderna e da teorização do poder político: formas de governo, ideias de
governo misto, várias dimensões de justiça.
Estado Romano
• Não vigora igualdade cívica – organização hierárquica e escalonada do poder tendo uma base aristocrática.
• Nação desenvolve poder político uno.
• Estruturação do sistema política sobre a cidadania e o município.
• Reconhecimento de direitos ao cidadão romano e posteriormente o ius gentium.
• Separação de poder político e poder privado.
• Coordenação entre poder central e poder regional e local.
• Valores ordem cristã (última fase).
Estado Medieval
Não se pode falar de Estado – é impróprio o uso do termo
• Ausência de poder central e unificado
• Limitação teológica, moral e política do poder da Cristandade mas com ausência de mecanismos de tutela.
• Identificação do bem comum como finalidade do poder político.
• Distinção entre Rei e tirano e admissão do direito de resistência.
• Concreta aplicação da ideia de constituição mista.
• Relevância do costume
• Afloramentos da soberania do povo
Ao Estado passa a corresponder uma nação (comunidade ligada por laços histórico-culturais).
Há uma progressiva secularização (separação da política da religião).
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Estado Liberal
I. Chega ao Reino Unido com a Glorious Revolution (séc. XVII), aos EUA e à França com as
revoluções do séc. XVIII e aos restantes países da Europa no séc. XIX
II. Reino Unido: rule of law; Alemanha: Estado de Direito (rechtsstaat); França: Estado
Constitucional (état constitutionnel)
III. Contraponto ao estado de polícia: limitado e organizado juridicamente, garantindo
direitos fundamentais, governos representativos e diferença entre titularidade do poder
político (povo) e exercício do mesmo (governantes)
IV. Burguesia como classe dominante: liberdade económica e segurança de propriedade –
separação entre sociedade e Estado, intervenção mínima do Estado (guarda noturno),
regulação pelo Direito.
V. Estado é pessoa jurídica com funções repartidas e supremacia da lei.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Estado
Ponto de vista material: comunidade política organizada que exerce uma determinada
autoridade sobre um território
Ponto de vista organizativo: conjunto de órgãos que prosseguem diversas atividades
Ponto de vista jurídico: pessoa coletiva
Elementos formais: nome, reconhecimento a nível internacional, símbolos nacionais
Rebelo de Sousa: povo fixado num determinado território que institui, por vontade própria,
dentro desse território, um poder político relativamente autónomo.
POVO
Conceito jurídico: conjunto das pessoas que se encontram ligadas ao Estado através de um
vínculo jurídico de cidadania ou nacionalidade.
22
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Cidadania
Vínculo jurídico que liga uma pessoa a um determinado Estado.
Não se exclui que a pessoa tenha mais que uma nacionalidade (plurinacional) ou nenhuma
(apátrida)
Atribuição da cidadania:
• Ius Sanguinis – determinado pela filiação; prevalece em Portugal (Jorge Miranda)
• Ius Solis – determinado pelo local de nascimento; cada vez vem tendo mais relevância
(na integração dos filhos de imigrantes)
• Estados mais antigos -> ius sanguinis
Estados mais recentes -> ius soli
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Art. 1º - Nacionalidade originária: adquirida pelo nascimento ou por ato ou facto jurídico que
se reporte ao nascimento.
• Efeito da lei
• Efeito da vontade
Capítulo II – Cidadania não originária: cidadania derivada, adquirida por ato ou facto jurídico
que não se prende com o nascimento.
Modalidades de aquisição da cidadania não originária:
• Efeito (da lei e) da vontade (art.º 2.º a 4.º),
• Adoção (art.º 5.º) (por ato de outrem, o adotante)
• Naturalização (arts. 6.º e 7.º)
➢ A cidadania tem que ser o vínculo jurídico-político que une um indivíduo a um Estado
soberano na ordem jurídica internacional (com capacidade e competência internacional
plena)
Titularidade de direitos
Os cidadãos não originários gozam de todos os direitos dos cidadãos originários, por decorrência
do princípio da universalidade (art.12º/1 CRP)
É inconstitucional qualquer restrição de direitos fundamentais dos cidadãos
portugueses não originários, a não ser que a Constituição expressamente a admita ou
determine (como o art. 122.º que reconhece capacidade eleitoral passiva para
Presidente da República apenas aos portugueses de origem).
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Não poder: ter direitos políticos (direitos eleitorais e etc.); direitos e deveres reservados
pela Constituição apenas a cidadãos portugueses (originários ou não originários) –
art.15, nº3 CRP1
Outras nacionalidades
Paulo Otero: A lei portuguesa não pode definir as regras de aquisição da cidadania de outro
Estado: vigora o princípio da competência exclusiva de cada Estado para a definição dessas
mesmas regras.
A atribuição da cidadania cabe ao domínio reservado de cada Estado -> a fixação dos
pressupostos de atribuição da sua nacionalidade.
1
Quando o artigo se refere de uma forma a algo e nos queremos pronunciar sobre o contrário/inverso
de tal, usamos a expressão “a contrario sensu”
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
TERRITÓRIO
Rebelo Sousa: Uma das características do Estado é a sedentariedade, não se pode conceber um
Estado nómada ou sem território, na medida que o Estado é um fenómeno essencialmente
espacial
PODER POLÍTICO
Marcello Caetano: faculdade exercida por um podo de, por autoridade própria (não recebida
de outro poder), instituir órgãos que exerçam o senhorio de um território e nele criem e
imponham normas jurídicas, dispondo dos necessários meios de coação.
26
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Jean Bodin: Estado soberano é a comunidade política cujo poder político reveste a forma de
soberania entendida esta como o poder político supremo na ordem interna e independente
da ordem internacional.
Estado Não-Soberano
• Estados Protegidos – poder político tutelado pelo Estado protetor que orienta as
relações internacionais e/ou a política interna
• Estados Federados – poder político encontra-se subordinado ao poder político da
federação (única que dispõe de soberania plena)
DIREITO INTERNACIONAL
Estado Soberano – titular do direito de celebrar tratados (ius tractuum); receber e enviar
representantes diplomáticos (ius legationis); fazer a guressa (ius belli)
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Formas de Estado
Como o estado dispõe o seu poder – distribuição do poder político no território. “Relações que
se instauram entre o poder político e o território” (Rolla)
Estado Unitário
Apenas um poder político dotado de autoridade constituinte em todo o território.
CENTRALIZADO
Monopólio das decisões por parte do poder político central – monolitismo que recusa o
pluralismo de poderes públicos dentro do território do Estado.
Ex: Angola, cujo presidente declarou não criar autarquias locais antes de 2017
DESCENTRALIZADO
Existência de outras pessoas coletivas territoriais para além do Estado.
Coexistência do poder central e o poder concelhio/municipal – descentralização administrativa
– administração indireta e das autarquias locais.
REGIONAL
Descentralização político-administrativa e existência de poderes políticos (legislativos,
governativos) autónomos – confiados a certas pessoas coletivas públicas territoriais.
Marcelo Rebelo de Sousa: dispõe de uma só Constituição, elaborada por uma instância em que não
participam as regiões enquanto tais e em que se verifica uma descentralização política das regiões
autónomas com a aprovação dos órgãos legislativos centrais – não há soberania na ordem interna e
o estatuto é aprovado pela AR, não há cidadania.
Âmbito do Território:
➢ Integral – todo o Estado está regionalizado. Ex: Itália
➢ Parcial – apenas parte do Estado está regionalizado. Ex: Reino Unido (está tudo
regionalizado – tem parlamentos próprios – exceto Inglaterra, cujo parlamento é o
mesmo que o do país)
➢ Periférico – casos singulares de regionalização. Ex: Portugal (só as Ilhas)
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Estado Composto
Há vários poderes políticos dotados de autoridade constituinte no território – cujos poderes se
articulam em distintos níveis territoriais.
Confederação – associação de Estados para determinados fins.
União Pessoal – existência de um Chefe de Estado comum a dois Estados (Ex: Portugal em 1580
e 1640 – dinastia filipina)
ESTADO FEDERAL
1. Afirmaram-se fora da Europa e têm uma base republicana
2. Regem-se pelo princípio da igualdade dos Estados
3. Vários ordenamentos federais admitem a possibilidade de secessão
Federalismo Perfeito
➢ Estados independentes que decidem criar uma realidade político-constitucional
superior. (Os estados podem sair)
➢ Fundação originária. Ex: EUA
Federalismo Imperfeito
➢ Um Estado Unitário transforma-se num Estado Federal por conveniência política. Ex:
Brasil e Bélgica
➢ Os estados federados podem ou não participar na revisão constitucional.
UNIÃO REAL
MRS: Dois ou mais Estados, sem perderem a sua autonomia, adotam uma Constituição comum,
prevendo a existência de um ou mais órgãos também comuns – a par de órgãos particulares
inerentes a cada qual.
JOMI: Ao passo que na federação há um fenómeno de sobreposição, aqui há um fenómeno de
fusão.
Ex: Reino Unido de Portugal e do Brasil (1815 e 1822)
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Fins do Estado
O Estado não é um fim em si mesmo, o Estado é um instrumento ao serviço da pessoa humana
(o fim último do Direito e da sociedade política).
SUSTENTABILIDADE
• Pressuposto da Constituição
• Fim “partilhado” do planeta e não deixa de ser considerado um fim próprio do Estado
• A segurança da vida coletiva ficaria em risco
Funções do Estado
Atividades desenvolvidas de forma permanente pelos órgãos do poder político do Estado, tendo
em vista a realização dos respetivos fins. Dizem respeito: Principais grupos de atividade;
Modalidades de ação desenvolvidas no tempo de forma contínua
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Critério Formal – atende à forma externa revestida por cada uma das atividades
Critério Orgânico – relaciona as funções com as características dos órgãos
Melo Alexandrino
Fins do Estado = Marcello Caetano
Funções do Estado parecido a Marcelo Rebelo de Sousa, acrescenta:
➢ Plano constituinte:
o Ação Constituinte – ato excecional e isolado no tempo.
o Função de Revisão Constitucional
➢ Função política – programa de governo
➢ Função legislativa – atos legislativos
➢ Função jurisdicional – sentenças e acórdãos
➢ Função administrativa – atos administrativos e operações matérias e regulamentos.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Estado como pessoa coletiva – comunidade política é capaz de exprimir uma vontade e de lhe
dar execução através de órgãos que a representam.
• Pessoa de base associativa: conjunto de pessoas que congregam para prosseguirem em
conjunto fins e desenvolvendo atividades, sendo representadas por órgãos que atuam
em representação do povo = MELO ALEXANDRINO
• Teoria do fisco: fase final do Estado de polícia – concebeu-se o Estado como pessoa
jurídica, Fisco age sobre o património como agente privado podendo vir a ser
responsabilizado. Titular de direitos e deveres.2
• O Estado é uma construção jurídica, é uma obra do Direito. É uma construção técnico-
jurídica que permite atribuir certos direitos e deveres – é um esquema de imputação.
2
Savigny diz que isto é uma ficção do Direito.
32
Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Estrutura
Órgãos simples e complexos – conforme sejam unitários ou possuam outros órgãos no seu seio
Obrigatoriedade de Existência
Há órgãos de existência obrigatória – regra geral.
Certos órgãos são de existência facultativa. Ex: Vice-Primeiro Ministro
Funções Desempenhadas
Deliberativos – se tomam decisões
Consultivos – apenas aconselham ou emitem pareceres sobre os atos dos órgãos deliberativos
Primários ou auxiliares: consoante decidem ou ajudem a decidir
Órgãos políticos, legislativos, jurisdicionais e administrativos – está em causa a função do Estado
que desempenham.
Número de Titulares
Singulares – só têm um titular: decisão é produto de apenas uma pessoa
Colegiais – têm uma pluralidade de titulares
• Vantagens: Decisão provém da deliberação; Controlo intraorgânico do poder; Decisão
precedida de discussão; Outras pessoas fora do órgão podem participar (como peritos,
representantes de grupos de interesses, cidadãos)
• Desvantagens: Mais lento a decidir; Diluição de responsabilidades.
JOMI = o eleitorado é um órgão nos casos de referendo – exprime uma vontade e a este é
imputável essa vontade
MELO ALEXANDRINO = o eleitorado é o equivalente funcional a um órgão, ainda que atípico
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Quórum de Deliberação – art. 116º/2 CRP – número de deputados que tem de estar
presente para poder haver votação e serem legítimas (sem este número, há uma
inconstitucionalidade formal).
Exige a maioria dos membros para que se possam tomar deliberações legítimas, ou seja, 116 –
tendo a AR 230 deputados, art.148º em conjunto com a lei ordinária.
Havendo um empate, a votação é repetida por mais duas vezes e rejeitada se persistir o empate.
Pode-se também ter em conta os Votos de Qualidade ou Desempate.
Casos Práticos
a. Verificar se há quórum ou não – art. 116º/2 + art. 148º + lei eleitoral AR
b. Passar para as maiorias de aprovação – art. 116º/3
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Representação Política
É diferente em Direito Privado e em Direito Público.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Moral: muito discutida se é ou não um limite do poder do Estado. Embora haja uma progressiva
receção e jurisdicionalização das normas da moral.
• Referências às justas exigências da moral (art. 29º/2 da Declaração Universal dos
Direitos do Homem) como fundamento a limitações ao exercício de “direitos
fundamentais”
• Administração Pública sujeita a padrões de moral – subordinação da atividade a
princípios como justiça, imparcialidade e boa-fé
• Militares sujeitos ao acatamento de normas éticas
• Órgãos que se pronunciam sobre normas éticas (CNECV)
• Moral atua ao nível da consciência individual dos titulares dos órgãos do estado (como
as declarações de voto, proteção da objeção de consciência)
o Grande parte das demissões dos titulares de Órgãos do Estado acontece por
violações de padrões éticos
Limitações Jurídicas
Ius Cogens: normas imperativas de Direito internacional às quais não é possível qualquer
derrogação – resultantes do costume internacional de alcance universal.
• Corrente Ampliativa – normas de direitos humanos universais são de ius cogens.
• Corrente Restritiva – Melo Alexandrino – relativamente poucas as verdadeiras normas
de ius cogens, pois o Direito Internacional é ditado pela lei do mais forte.
Normas como igualdade jurídica dos Estados, liberdade de pensamento, proibição de
genocídio, escravatura e descriminação racial.
Existe uma corrente doutrinária que fala no Direito Suprapositivo como uma ordem axiológica
suprapositiva, fundamentada na consciência jurídica geral com uma força prevalecente e em que uma lei
moral objetiva serviria de referência à lei positiva. Haveria uma subordinação do poder político à esta
ordem que assentaria em (Paulo Otero):
➢ Respeito e dever pela vida humana
➢ Proibição da utilização da pessoa como um meio
➢ Direito ao livre desenvolvimento da personalidade
➢ Proibição do arbítrio
➢ Direito de se recusar a cometer uma injustiça
Melo Alexandrino: Moral é sistema autónomo do direito, embora haja interferência, não se admite o
direito suprapositivo.
Constituição: principal limite ao poder político pois é uma norma jurídica que prevalece sobre a
lei e constitui um padrão de regulação e controlo efetivo da vida política do Estado (lei
fundamental do Estado).
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
A Constituição não pode ser meramente formal – a Coreia do Norte tem constituição, por
exemplo (Reis Novais). Tem que ser uma Constituição Normativa – prevê as principais estruturas
que limitam o Estado.
• Direitos Fundamentais – garantia do habeas corpus, liberdade religiosa e etc. – armas
que protegem as pessoas contra as intromissões do Estado. Asseguram a distância entre
a pessoa e o Estado.
• Mecanismos de Controlo do poder do Estado – desde a fiscalização política à
jurisdicional.
• Princípios – dignidade da pessoa humana, pluralismo da organização política, separação
e interdependência de poderes, constitucionalidade das leis, responsabilidade civil das
entidades públicas e etc. – todos estes princípios estão consagrados na Constituição.
Direito Internacional Público: normas que asseguram a proteção da pessoa humana (os direitos
humanos) limitam os Estados que ficam vinculados a específicos deveres de respeito, proteção
e promoção desses direitos, podendo incorrer em condenações decretadas por órgãos da
comunidade internacional (ex: Tribunal Internacional de Justiça, Tribunal Europeu dos Direitos
do Homem e etc.)
Lei Ordinária: submissão dos decisores políticos à lei – rule of law. Os órgãos do Estado estão
submetidos à Constituição e à lei, cujo legislador não tem sempre plena liberdade de revogar ou
modificar.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Regimes Políticos
= Formas de Governo (JOMI) = Modelos politico-constitucionais (Paulo Otero)
Maquiavel: Monarquia e República -> poder pertence aos cidadãos e não existem súbditos
Regime Político: Relação entre o poder político e a comunidade, natureza das relações entre
os governantes e os governados – relacionamento institucional entre governantes e
governados, tendo-se em conta a titularidade e o exercício efetivo do poder constituinte,
existência e peso das instituições e naturezas e graus das formas de participação dos governados
no exercício do poder.
Regimes Democráticos
• Não há ideologia ou doutrina dominante.
• Efetiva limitação pela separação de poderes.
• Proteção dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
• Cidadãos participam na designação dos governantes e exercem um controlo ao poder
político.
• Democracia representativa.
Regimes de Transição
Passagem de autoritarismos para sistemas democráticos – países de língua portuguesa.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Totalitarismo
Hannah Arend: as classificações clássicas dos regimes políticos revelaram-se inadequadas para
a pior das formas de governo que alguma vez existiu – mal absoluto que já não pode ser atribuído
a motivos humanamente compreensíveis cujos elementos são:
• Terror – duplicidade e instrumentalização do Estado ao serviço de uma ideologia;
ausência de estrutura; não-Direito; arbitrariedade; caos e crueldade como regra de
ação; instrumentalização e aniquilamento da pessoa; irracionalidade.
• Fusão – intervenção do poder totalitário em todas as esferas da vida individual e social;
dissolução da pessoa e dos grupos de massas; expressão da vontade inorgânica da
coletividade pelo chefe infalível; despolitização; racismo; instrumentalização política de
todos os recursos ao alcance do poder totalitário.
Em suma: ideologia como princípio absoluto de governo; existência de poder político ilimitado
face ao Direito e à Moral; completa aniquilação e instrumentalização da pessoa humana,
manipulada e dissolvida na massa (completa desvalorização do papel social e político do
indivíduo que, transformado de sujeito em objeto, se acha totalmente subordinado e
instrumentalizado à prossecução dos interesses do Estado – PAULO OTERO)
Sistema de Governo
Relacionamento institucional entre os diferentes órgãos do poder político – forma como se
estruturam (modo de relacionamento no exercício da função política) os órgãos do poder político
soberano do Estado, envolvendo: elenco desses órgãos, composição, competência, inter-
relação, modo de funcionamento e processo de designação e estatuto dos titulares.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Um regime político ditatorial não pode deixar de se traduzir num sistema de governo ditatorial
(MRS)
• Sistemas de governo de regimes Totalitários – fusão e caráter de partido único implicam
a impossibilidade duma qualquer repartição racional do poder, que nem chega a haver
sistema de governo: inexistência de regras que configuram um poder (que é ilimitado)
• Sistemas de governo de regimes Autoritários – sem divisão de poderes. Historicamente,
JOMI identifica:
o Monarquia limitada (carta constitucional francesa de 1814)
o Sistema de governo representativo simples (constituição de Angola de 2010)
o Sistema convencional (concentração na assembleia – constituição francesa de
1793)
o Sistema de governo soviético (concentração partido hegemónico)
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Sistema Presidencialista
• Chefe de Estado eleito por sufrágio universal direto (ainda que nos EUA não seja
formalmente direto)
• Não existe dualidade no executivo – Chefe de Estado é simultaneamente chefe do
Governo -> Executivo monista
• Separação orgânica entre Chefe de Estado e o Parlamento – não respondem
politicamente um perante o outro.
o Separação rígida com um conjunto de freios e contrapesos que mantêm o
sistema em equilíbrio
Sistema Semipresidencial
A multiplicidade do conceito comprova a dificuldade em entender e aplicar o conceito –
controvérsia da consistência do conceito que junta a componente presidencial e a componente
parlamentar.
• Governo formado em função dos resultados parlamentares
• Constituição e sobrevivência do Governo depende da confiança parlamentar
• Distinção de funções entre Chefe de Estado e Chefe do Governo
• Chefe de Estado eleito por sufrágio universal
• Governo responsável perante o Chefe de Estado e perante o Parlamento
• Chefe de Estado pode dissolver o Parlamento e vetar leis.
Variabilidade e dependência dos fatores políticos.
No caso francês, pode haver alturas de “Hiperpresidencialismo” quando a maioria no
Parlamento é a mesma que a do Presidente.
Sistema Diretorial
• Conceção rígida da separação de poderes
• Poder executivo entregue a um órgão colegial (Diretório)
• Não há responsabilidade entre o Diretório e o Parlamento.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Modos de Escrutínio – apuramento dos mandatos a partir dos votos expressos pelos eleitores
• Sistemas Maioritários: eleito o candidato que obtiver o maior número de votos. Não
admite a representação dos vencidos. Persiste no mundo anglo-saxónico.
o Uma Volta – eleito candidato independentemente da maioria
o Duas Voltas – maioria absoluta na primeira volta ou uma maioria numa nova
eleição.
o Vantagens – simplicidade, estabilidade governativa, aproximação dos eleitos e
dos eleitores, menor influência dos diretórios partidários
o Desvantagens – injustiça na representação dos partidos menos votados,
discrepâncias entre votos e mandatos.
Sistemas de Partidos
Modo através do qual se exprim o número, peso eleitoral e influência dos diversos partidos
existentes num determinado Estado. Classificam-se os sistemas tendo em conta o número de
partidos, peso eleitoral, influência real que dispõe no acesso, exercício e controlo do poder
político do Estado.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Regimes Democráticos
➢ Sistema Bipartidário – que se distingue em
o Bipartidarismo Perfeito: um dos maiores partidos obtém cerca de 90% dos votos
(ex: EUA)
o Bipartidarismo Imperfeito: um dos maiores partidos obtém 75% ou 80% dos
votos, o que confere a outro partido o equilíbrio do sistema (ex: Reino Unido,
Alemanha)
o Condicionado: fatores da ordem cultural, política ou social limitam a influência
real dos partidos
➢ Sistema Multipartidário – que se distingue em
o Perfeito: quando existem três ou mais partidos que têm um peso eleitoral
aproximado (ex: Espanha)
o Imperfeito: um dos partidos alcança pelo menos 35% dos votos (ex: Portugal)
o Condicionado: há fatores que limitam os partidos (ex: Portugal no PREC)
Douglas W. Rae – regra geral que todos os sistemas eleitorais favorecem os grandes partidos
em detrimento dos pequenos (não há sistemas proporcionais puros); quanto maior a dimensão
dos sistemas eleitorais, maior o número de partidos; maior o benefício do partido mais votado.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Tem que se ter em conta a articulação de vários fatores étnicos, culturais, nacionalistas e
linguísticos.
Reino Unido: sistema maioritário uninominal a uma volta -> bipartidarismo imperfeito,
estabilidade governativa -> concentração de poderes no governo, sistema parlamentar de
gabinete.
EUA: sistema maioritário a uma volta -> bipartidarismo perfeito, sistema de governo
presidencial
França: sistema maioritário a duas voltas -> sistema multipartidário (presença de blocos
eleitorais – esquerda e direita). Liderança do Presidente da República -> fator determinante é a
prática constitucional
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Em sentido próprio diante da realidade estadual, não é uma lei fundamental da sociedade, mas
fundamental para a sociedade por ser: conjunto limitado de realidades sociais, quadro de
princípios parcial e fragmentário, função dos direitos e liberdades para assegurar a
diferenciação entre o Estado e a Sociedade.
Distinção:
➢ Existe sempre uma constituição material ainda que possa faltar em sentido formal
(Reino Unido)
➢ Há leis materialmente constitucionais que não são formalmente – como costumes ou
interpretações constitucionais
➢ Nem todas as normas da Constituição material estão na formal (ex: disposições sobre a
língua portuguesa)
➢ A Constituição formal pode ser deliberadamente afastada (ex: Hitler)
➢ Há um alargamento da Constituição material e formal
➢ Corolários da Constituição formal: rigidez, supremacia e fiscalização
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Flexíveis: aquelas que podem ser alteradas pelo processo estabelecido para as leis ordinárias.
• Em regra, as Não-Escritas são flexíveis – Reino Unido – fáceis de alterar por lei
parlamentar mas muitas vezes permanecem relativamente estáveis.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Nominal: não consegue regular o processo político, ficando sem realidade existencial, por falta
de correspondência prática política.
As normas foram derrogadas por práticas consuetudinárias de sentido inverso – ideia de
Constituição simbólica.
Há um desfasamento entre a realidade constitucional e o texto -> regimes autoritários ou de
transição.
• Constituição é um fato no armário que será usado quando o corpo político nacional
crescer.
Poder Constituinte
Faculdade de um povo, no exercício da sua autoridade suprema, dar a si próprio uma
Constituição.
Originário: cria-se uma constituição “ex-novo”, a partir do nada – produz normas escritas,
costumes e interpretações.
Derivado: revê-se uma constituição – preferimos falar em Poder de Revisão
Este poder surge apenas com o Constitucionalismo das Revoluções, estando associado a Locke
e a Sieyés a teorização do poder constituinte.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
A origem do poder é atribuída ao povo que fundamenta a autoridade soberana, até então só
reconhecida a Deus ou ao monarca. Há uma racionalização e institucionalização do poder
político.
Características
França
• Originário – nenhum poder anterior lhe serve de fundamento
• Autónomo – pode dispor independentemente sobre a ordenação da vida política da
comunidade
• Omnipotente – não está subordinado a nenhuma regra
• Inesgotável – continua permanentemente “operacional”
Reino Unido
• Limitação do poder político pelo Direito Natural pôs em causa a Omnipotência
o Há limites transcendentes (do Direito Natural), limites imanentes (decorrem da
própria identidade do Estado), limites heterónomos (da articulação com outros
ordenamentos).
o MRS: condicionamentos estruturais e condicionamentos de valor
o Nogueira de Brito: recusa limites transcendentes e imanentes
o Blanco de Morais: sem limites
Natureza
Miguel Nogueira de Brito
• Poder constituinte acima da Constituição formal – “autoridade capaz de adotar a
concreta decisão do conjunto sobre o modo e a forma da própria existência política,
determinando assim a existência política como um todo”
• Poder jurídico – a ordem jurídica é que dá vida à unidade política do Estado
• Constituição só pode ser imputada ao povo estando reunidas as condições mínimas da
separação de poderes e garantia de direitos -> só existe no ato de fazer a Constituição.
Melo Alexandrino
• Essencialmente jurídico, traz consigo a afirmação de uma nova ordem de validade –
com os princípios que dão corpo a nova Constituição material.
• Autoridade e poder no sentido político
• Incindibilidade do poder político do jurídico – encruzilhada do Direito e Política
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Referendo: normas objeto de consulta são elaboradas por um órgão democrático num contexto
de pluralismo e liberdade de participação política
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Vicissitudes Constitucionais
Quaisquer eventos que se projetam sobre a subsistência da Constituição ou alguma das suas
normas.
Expressas: Derrogação – existências de regulamentações constitucionais específicas contrárias
a um princípio geral da Constituição; Transição Constitucional – passagem a uma nova
Constituição material através do aproveitamento das regras que regulam o processo de revisão.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Fontes Secundárias (mediatas): dizem respeito a Direito constitucional vivente, não são
assistidas de imperatividade nem terem sanção jurisdicional, função subsidiária e não
constituem manifestações do poder constituinte.
• Praxis: costumes sem obrigatoriedade
• Convenções constitucionais: podem ser quebradas, típicas do constitucionalismo
britânico
• Jurisprudência constitucional: em sistemas que o precedente releva
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Normas
Distinção entre Regras e Princípios
No plano das normas – de uma disposição decorrem várias normas que podem ser regras ou
princípios, distinção de Hesser desenvolvida por Dworkin.
Princípios:
➢ Maria Lúcia Amaral: conteúdo mais amplo e indeterminado, função que não se esgota
em si mesma e modo de realização de diferentes maneiras.
➢ Alexy: tendência vinculativa obrigatória para se realizar na medida do possível e do
melhor possível – mandados de otimização suscetíveis de preenchimento em graus
diversos, ponderando o valor relativo de cada um (importância e dimensão do peso)
➢ Envolve ponderação na prevalência de um sobre outro – não se sacrifica totalmente um
em relação ao outro e há um baleancamento.
➢ Habermas: pretensão de validade não especificada
Regras:
➢ Alexy: normas que se preenchem – são aplicáveis ou não (tudo ou nada)
➢ Quando entram em conflito, uma delas não é válida
➢ Verificada a previsão, segue-se a consequência – não há ponderação.
➢ Habermas: fornecem a solução de um problema
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Pensemos no caso do casamento homossexual – à luz do art. 13º/2, 36º e 16º + 16º DUDH
– e do aborto – à luz do art. 24º/1 e Acórdão 617/2006 – como são entendidos
constitucionalmente.
As regras clássicas são despromovidas a pontos de vista parciais e deixa de assentar no texto e
nas opções da Constituição, para se transferir para o consenso dos intérpretes – a Constituição
é um recipiente vazio, de onde podem sair as mais variadas interpretações: “não estamos já
perante interpretação, mas em face de uma permanente alteração da Constituição sob a
designação de interpretação” (Nogueira de Brito)
Identificaram 2 falácias:
Des-Integração
• Abordagem da Constituição por vias que ignoram o facto de que as suas partes estão
ligadas num todo e não são simples ramos desprendidos.
• Ex: EUA – olha-se para o V Aditamento e permite a pena de morte, mas é
desintegrado, pois o VI diz que penas cruéis não são permitidas
• Casamento Homossexual: leem-se os artigos com base no disposto nessas
normas isoladamente desprezando a complexidade do casamento
• Aborto: lê-se a norma individualmente e despreza-se outras normas
constitucionais que mandam proteger outras realidades
Hiper-Integração
• Abordagem da Constituição por vias que ignoram o facto não menos importante do todo
conter partes distintas que refletem diferentes premissas (muitas vezes incompatíveis)
• A Constituição é como se falasse com voz única que exprime uma visão unitária de uma
sociedade política ideal – com base num ideal assentam tudo. Dignidade da pessoa humana,
Paulo Otero. Transição para o socialismo, CRP.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
➢ É impossível o documento ser todo coerente – ele é conflitual e está penetrado por
visões contraditórias.
o Na nossa Constituição, em 1976 havia contradições políticas (até à revisão de
1982), contradições jurídicas e contradições ao nível das expetativas (igualdade,
justiça, solidariedade, bem-estar) que dá um caráter latente de Constituição
nominal com subordinação do jurídico ao político.
• Casamento Homossexual: considerar-se a não-descriminação
• Aborto: inviolabilidade da vida humana
O caminho mais adequado será o que integra as diferentes partes da Constituição sem incorrer
numa híper-integração.
1. Texto – ponto de partida, sem se recorrer à estrutura. Há um vínculo com o texto que e
entendido como padrão de conduta juridicamente vinculativo.
2. Estrutura – quadro de princípios que dá solidez ao edifício constitucional (expressa
relações organizativas entre postulados estruturais fundamentais que enformam a
Constituição como um todo). Extrapola-se para essa dimensão superior.
Justifica a legitimidade das soluções do legislador, que não são definitivas e há uma
reversibilidade dessas decisões.
3. História – bem como a doutrina e precedentes.
Nas contradições deve residir a força por quando for possível uma última palavra, a
Constituição terá perdido o seu papel numa sociedade em mudança (Tribe, Dorf)
Direito é como a literatura, carece de interpretação.
Casamento Homossexual: nada decide sobre a questão. Decide apenas o mínimo (tal
e qual uma ordem quadro) e remete o resto para o legislador (esfera de decisão
política), que olha para os valores agora existentes. Da proibição de não
discriminação, não derivam mais direitos imediatos.
Aborto: como está enunciado num princípio, tem de conviver com outros princípios
(como o desenvolvimento da personalidade e a liberdade). Não pode excluir que o
legislador tenha margem de opção sobre as formas de proteção da vida humana e na
decisão do que é ou não crime.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
A doutrina tradicional não serve à Constituição pois procura identificar uma vontade da norma
– assenta no dogma da vontade e está desligada da realidade do Direito constitucional, não
fornecendo resposta para os casos mais difíceis – não explicam como o tribunal chega às suas
decisões.
A Constituição e o poder constituinte ainda não decidiram nada e apenas deixaram
pontos de apoio para a decisão. Nenhuma vontade real pode ser averiguada da vontade
objetiva ou subjetiva do constituinte.
O Tribunal Constitucional, partidário de elementos tradicionais, começa a fazer apelo a
outros tópicos como a “correspondência com a decisão e os valores da Constituição”
e/ou as “considerações das conexões políticas, sociológicas, históricas”.
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Sebenta Constitucional – 2015/2016 DNB
Casamento Homossexual3: a doutrina defende que o art. 13º/2 é regra geral que pode
ser revogada por regra especial que consagra e admite solução diferenciadora. Relativiza
a norma mas não pode ser interpretada isoladamente e deve-se conciliar a não
descriminação e a proteção do casamento.
Aborto: indaga-se sobre os valores e os deveres de proteção da vida humana e das
restrições implicitamente autorizadas. Concilia os interesses constitucionais da
autonomia e desenvolvimento da mulher e da vida.
Sendo uma ordem-quadro, aberta e fragmentária, não poderia deixar de haver lacunas que são
integradas no seio da própria constituição sem recurso às normas da legislação ordinária, pelos
critérios da analogia, previstos no art. 10º CC: norma que o intérprete criaria à luz do espírito do
sistema.
O critério pode ser remeter para a lei ordinária, Direito internacional ou Direito Europeu.
Direitos fundamentais dos presos preventivos podem ser limitados? A Constituição só prevê para
condenados (art. 30º/5).
- Sofrem certas limitações pois têm estatuto especial, analogia com o art. 30º/5. Não é
equivalente aos condenados pois beneficiam de presunção de inocência.
Dissolução da AR, como deixa o Governo? CRP não acautela a situação (art. 186º)
- Fica como governo de gestão por analogia ao art. 234º/2 -> Melo Alex concorda com Jomi, pois
é justificada, uma vez que o Governo depende da AR.
Prazo para o presidente promulgar lei revisão constitucional? CRP apenas diz que é obrigado a promolugar
(art. 286º/3)
- Tem 8 dias para promulgar. Analogia ao 136º/2 e 3 que prevê outro caso de promulgação
obrigatória.
3
Sobre o tema, 3 pontos de vista:
1. JOMI: Inconstitucional por não está de acordo com a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
2. Não consagrar o casamento seria uma violação do princípio da igualdade
3. Melo Alexandrino, Vital Moreira: Constituição nada diz sobre o assunto que remete para o legislador
ordinário.
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Funções da Constituição
Para que serve a Constituição: regula o poder político, confere unidade ao Estado e assegura os direitos
liberdades e garantias.
Esta sistematização apenas serve para regimes democráticos, que hoje vivem crises de
constitucionalismo. Nega-se a ideia de Constituição Dirigente – mal regula o jurídico, quanto
mais o resto da sociedade.
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Realização da Constituição
As normas constitucionais não se aplicam como as demais normas – em virtude do conteúdo da
Constituição, da disponibilidade dos participantes e do tipo de procedimento necessário.
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