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CADERNOS DE TEATRO
Publicação de "O TABLADO" sob o
patrocínio do Instituto Brasileiro de
Educação, Ciência e Cultura
(lBECC)
Diretor responsável:
Maria Clara Machado
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I
Redatores:
Júlia Pena da Rocha
.Rubens Corrêa
Sônia Cavalcanti
Maria Tereza Vargas
Vânia Velloso Borges
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Secretária:
Vera Pedrosa
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Tesoureira:
Eddy Rezende
Composição:
Ana Letycia
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1 _ I
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PROBLEMAS
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1
Não será, porém, renegando indistintamente as técnicas conhecidas e os:
recursos cênicos de outros países, nao será fechando a porta a seus autores, di-
retores e atores que se criarao as condições para a formação de um teatro ori-
ginal. Com raríssimas exceções,
. . ainda -não
. ." tem o Brasil.
. ~
um..tipo,
. e- estilo de tea-
' ' . ' ~
tro Que honre e dê a medida de nossa cultura, como ocorre em relação às outras .
artes.
A lei do terço ' é um convite e um 'desafio, quase uma provocação
ao talento dos nossos escritores. Nêsse sentido, embora contrariando em parte •
uma das resoluções da conferência de Veneza Promovida pela Unesco - ela nos-
parece oportuna. Pelo menos, por enquanto. Se não der certo, poderá ser revo-
gada. Mas até lá, esperemos que os nossos jovens dramaturgos .apresentem -peças .'
que, pela qualidade artística e valor universal de seu conteúdo, sejam dignas tan- •
to do que dêles merece o nosso público quanto do que de nós esperam as platéias.
de outros países.
E que sôbre o medíocre "r uim, mas nosso" prevaleça a fórmula " bom.
mas nosso" - o que é a maneira mais segura de ser bom para todos.
A.M.M_
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Nossa capar
Os anjinhos. de " O Boi e o Bur ro no Caminho de Belém" de M. C. Machado.
Foto de H. Franceschi.
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o ESPíRITO DE CELEBRACAO
~' - . ~ -.. • I ·
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Jacques Copeau
3
APROVEITE A EXPERI~NCIA DOS OUTROS
'"
TEATRO AMBULANTE - Nota s ôbre Jean Dastê
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Fig. 1
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. Viajantes, tendo que se ad aptar aos mais variados locais (cinemas, palcos
mal equipados, salas de escola, pátios ), devem levar consigo material mais fàcil-
mente adaptável, reduzido, sem contudo cair num despojamento incompreensí-
vel àquele público. São usados dois sistemas: 1.0 -barraca: batentes ligados
por dobradiças com parafusos, permitindo a obtenção dos mais variados tarna-
nhos (3 a 4,5 m de altura por 4 a 7 m de largura - v. fi g. 1). A montagem dêsse
dispositivo poderá ser feita em menos de uma hora e a instalação de luzes e
o restante exigirá no máximo duas horas e meia. 2.°: praticável e cubos: um pra-
ticável e alguns cubos (de O,60m e O,40m) comporão a cena. Muito bom arranjo
para espet áculo que exija certo despoj amento e certa imponência. (fig. 2).
Fig. 2
Entre !1ÓS, onde já se faz notar uma inflação de valores novos nas capitais,
seria preciso que surgisse uma nova visão do interior na qual não se visse mais
o "excursionar" como uma improvisaçao e maneira de conseguir o que a cidade
não deu . Não nos esqueçamos entretanto que para haver uma autenticidade nesta
expansão é necessário uma revisão urgente no repertório apenas apto a limita-
çoes próprias do g ôsto burguês e intelectualizado das grandes cidades.
Rio de Janeiro e São P aulo não são senhores absolutos do prazer do teatro.
Redescobrissemos nós o verdadeiro sentido do espetáculo e do direito à poesia
de todo e qualquer homem e chegarí amos certamente a h orizontes mais amplos.
M. T.
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5
o TE AT~ O lUEDIEVAL
N o entanto, o espírito fes tivo não desa pareceu d o pouo, por mais
qu e a Igreja tentasse abafar os v estígios dos festivais pagãos. Sàbiamen-
t e, a Igreja canalizou para seu seio 'êste espírito, e foi êste o germ e d o res-
surgimento d o teatro. Na Igreja, estavam todos juntos, eram to dos iguais
p erante Deus. Antes d o S éculo IX , os padres d e uma igreja in seriram na
Mi ssa paráfrases do texto sagrado. No mosteiro d e St. Gal!, fo i- se dividin-
d o a m issa em partes cantadas e partes faladas, para m aior compreensão
por parte dos fié is. O costume foi -se espalhando . Em ocasiões "especiais in -
trodu ziam-se episódios interiores representados pelos padres. Deix ou- se de di-
zer a Missa tôda em latim, qu e poucos compreendiam , anexando-se partes
nas lín guas v ernácu las. A intTodução do diálogo entre os padres, represen-
tando " persona gens" é que marca o verdadeiro nascimento d o teatro na
•
Ig reja. A Missa em si já continha todos os elementos que fazem o dram a ri -
tu alístico - o movimento' cerírnoniu], o acompanhamento m usical e mes-
mo uma esp écie d e diá logo em que tomav a parte o côro. O Drama litúr-
gico é o primeiro passo para os Mistérios, ou se ja, os dram as medievais que
representauam. incide ntes bíb li cos com p letos. D o X ao XII S éculos os dra-
m as lit'úTgicos contam, na Páscoa, a Paix ão; no Na tal, a Nativ idade , a R essur-
reição, etc. Hou v e tam bém tentd iva s d e literatura dramática pOT parte de re-
ligiosos. Escrev eu- se um a " Pa' r ão d e Cristo" que incorporava muitas linhas
d e Euríped es, o que mostra que não se hav ia totalmente perdido contacto com
o teatro dássico e houve uma jcvem fr eira, Hr osv it ha, que escrev eu algu-
mas peças onde se notava a influência d e T erêncio.
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am re pr es en ta do s na s Ig re ja s, Ca te dr ai s, es co la s
Os dr am as lit úr gi cos er as v ez es at é na :; n :lV es
·';/ ~i·énicas e m on ás ticas , no s cl au str os , ad ro s, pó rt Ic os e
ig in do pa tc os do la do de Jo ra da s I gr ej as .
la te rc:.is. Com o te m po f or am -s e er é nó s. Sa be m os qu e
~oucos no m es de au to re s do s M is té rio s ch eg ar am at
os erc .;m o Na SC Im en to de J e s u s, a Ad o·r a-
»s ep isó di os m ai s r ep re se nt ad
ag os , a Fu ga ao Ea ito . o M as sa cr e do s ln oc en -
f'.ã o aos Pa st or es, os ~ Re is M e dr am at iz ou
an Bo de l, Ru te bo eu f qu
' t es o Al gu ns au to re s: o f7' nc ês Je pe nd eu -s e e fo i sa lvc >
o hi stó rm do pa dr e qu e ve nd eu c.; al m a ao D ia bo , ar re
Hi lá rio qu e es cr ev eu um "M ila gr e de Sã o
lJ raças à in te rv en çã o dt:, Vi r ge m , e
u po s ou ci cl os de
l~icolau", a "R es su rr ei çã o de L áz aro" e "D an ie l". Há tr ês gr
o T es ta m en to ; o do No vo Te st am en to , do Qu e há
Mist ér io s - o M is té rio do Ve lh s Ap ó3 -
nh ec da a d e A rn ou l G r eb an e o do A to do
-iu r ias v er sõ es, se nd o a m ais co ep isó di os
os M ila gr es qu e, em ve z de 7'e la ta r
tolos. Ne st a ép oca su rg ir am uz ia m o e Lem en -
bi b licos, co nt av am as vi da s dos S an to s. Os M iía gr es in tr od
oc ur a de re al is m o. As pe ça s er am r€ pr es en ta da !.
to có m ic o, e Urrl-a ce rta pr us e- en -s c én e
pelo s pa dr es e, ocas iona Lm en te , pe lo s m en in os do c ôr o. A "n
de Va le nc ien n ês , ha v ia um lo ng o pa [( ~,
da um ta nt o re al ist a , Na ci de.:d e ta çõ es ": vi nd o
ta va m rc p re se nt ud as to tia « as " es
de m ad ei re.: , só br e o qu al es A p la -
a e o 1-'ur ga tó rio , at é ch eg ar c o Cé u .
do In fe rn o, pa ssav a pela te rr e se de s -
s se m ui to pr oe m in en te , e qu
t éi a m ed ie v al ex ig ia qu e o In fe rn o fo ce nt en as de
nt aç ão - fa zia - se um fo go d e
se m ui to re al is m o à sua r ep re se di ab in ho s, e o
v ela s, m ui to, br ilh o at rá ve s da ce na . Ha v ia m u ito s ca Ld eir õe s e
Di abo era se m pr e re pr es en ta do pe lo m el ho r at or có m ic o.
f ei ra s e pr aç as pe lo s "j og ra is " e pe lo s
O te at ro fo i le va do pa ra as nu m
gr up os am bu la n te s, qu e re pr es en ta v am
"p ag ea nt s" ingLe ses, qu e er am v es t ia m ; no de
o d e ba ix o, os at ar es se
pa lc o-'carroça, de de is an da re s. N
ci m a, re pr es en ta va m .
en te a se r fu nd ad o fo i o d e Pa ris , em 14 02 .
O pr im ei ro te at ro pe rm an
al o po vo co m eç ou a r ec la m ar um a
Co m o de cl ín io do po de rio feud n-
me nto , e a de m on st ra r um a no v a v on ta de de ap re
ce rta lib er da de de pe nse.: se "m éd ia " , m ai s
de r, de co m pr ee nd er . Su rg ia um a no va cl as se - um a cl as
is tu ra in cr Íi! el da cr ed u lid ad e an tig a co m
,
in de pe nd en te . H ou v e, po is , um a m cia , de in ge nu i-
o im pu ls o de um a no va cu ltu ni., de su pe rs tiç ão e in de pe nd ên
o co m re a lis mo . O te at ro fo i im pr eg n ad o
dad e e es pe rt ez a, de es pí ri to m ág ic , as "S ot t ie s" e as
dê st e es pírit o, e foi ne ssa ép oc a qu e sU 7'g ir am os M ila gr es
co rr es po nd ia m à de go ria na lit er at ur a po é-
M or a Lid ad es . As M or al id ad es fa m os a m or a-
in te nç ão di dá tic as . Em "E v er ym an ",
tic a e eram d e co nt eú do e , na In -
hu m an is m o. H ou ve ta m b ém
lid ad e, en co nt ra -s e o ge rm e do no vo de u às M or al i-
in ad o de In te rl úd io , qu e su ce
gl at er nl. , um t ip o de peça de no m
da de s e an te ce de u o ve rd ad ei ro te at ro có m ic o in gl ês .
d eu -s e no Sé cu lo XV . Ha v ia co nf ra ria s,
A au to no m ia da co m éd ia am a
s sa ns so uc y" , e os " S ot s" , qu e se de st inl i.v
co m o a Ba so ch e, os "l ia lla nt u le nt os , ca rn e-
Ulstralr o po vo da le m br an ça das gu er ra s . Br am to do s tu rb
. P od e- se t7 aç ar u ml i. lin ha de sd e o in ic io da
'va Lescos, ]:Lrçante s e al e gr es irç a do
am d e LfJ. H aL Le , pa ss ad o pe lo s S ot s, a " Ft
co m éd ia j ru nc es u, co m Ad a G ri ng oi re .
ne st es "C ad e7 no s" ), ch eg an do
'm es tre P ,er re Pa ui el in " (a7 ,a Lisa da e é ap re -
"P ri nc ip e do s Pa rv os ", em qu
de pr in cí p ios do sé cu lo XV I, au to r do
s en tid o
), o Pa pa , o Re i e o Po v o, n um
se n ta dct a Ig re ja (c om o M er e S ot te ob ra pr im a da
'n iti da m en te d e ce nsur a. Po d e- se di ze r qu e P a t h e li n é li.
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COMO FAZER UM ESPETACUl.õ
'. • ,, . .. o ATOR
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ESTUDO nA PERSONAGEM - A primeira atitude do ator para com sua
personagem é descobrir o que o autor quer retirar dela em função da peça e do
intérprete; isso é conseguido por longas e cautelosas leituras, conversas com o
diretor, pesquisas feitas em tôrno de outras obras do autor e referências à peça
em questão. Depois de acumular material relacionado à época, costumes, con-
dição social e comportamento psicológico da personagem dentro da peça, pode
o ator iniciar os ensaios da leitura em conjunto; aí podem ser melhor observadas
as relações com as outras personagens por ocasião do estudo das inflexões e ca-
racterísticas gerais do tipo. Pouco a pouco a operação vai-se consumando: um
dia o olhar, depois atitudes, andar, sorriso, respiração, tudo isso realizado com o
auxílio e- a crítica do Diretor que por sua maior capacidade de julgar imparcial-
mente, orienta o ator para a esfera final prevista pelo autor.
Em resumo, o segrêdo do personagem está no texto do autor, na imagí-
nação e honestidade do diretor e no entusiasmo do intérprete.
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"- NÃO HÁ PERSONAGEM QUE NÃO DEVA SER COMPOSTO. N.ÃÓ
HÁ BOM COMEDIANTE QUE NÃO SEJA DE COMPOSIÇÃO. NÃO EXISTE
PAPEL C!UE NÃO SEJA DE COMPOSIÇÃO."
I
JEAN VILAR
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GR.ÁNDES VU Ltos DO TEATRO UNivERSÁl
GIL VICENTE
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MONóLOGO DO VAQUEIRO
la
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A nossa aldeia já agora. Quão alegre e quão ufana
Per ela vim saber cá a v ossa mãe não estará,
se certo é e, à uma , tôda a nação,
qua pariu vossa Nobreza? Com razão,
Crei' que sim, que Vossa Alteza qu e de tal rei procedeu
td está o mais nobre que nasceu:
que d e isto m esmo dá fé. seu pendão .
Mui alegre e prazenteira, não sofre comparação.
m ui u fana e esclarecida, Que p a i, que filho , e que mãe!
mui p erfeita e mui luzida , Oh! que avó, que avós os seus!
muito mais que de antes era. E suas tias, também!
Oh! , que beem tão principcL1, E endito o Senhor dos céus
u niv ersal! porque ell'tal família t em!
Nun ca se viu prazer tal! V iva o príncipe logrado
Por m inha fé - v ou saltar! aue é o bem aparentado!
Eh! zagal, Se agora vagar tivera
diz hé, diz lá: - saltei mal? e depressa não viera,
Quem queres que não rebente maldito seja eu então
de alegria e garalhado! se aqui a conta não dera
De todos tão desejado , de esta sua geração.
este príncipe excelente. Será rei Dom João Terceiro ,
oh !que r ei terá de ser! o herdeiro
A meu ver, da fama que nos deixaram,
devíam os por em gritos nos tempos em que reinaram
, a. alegria e a esperança, o Segundo e o Primeiro
que até os nosso cabritos e ind'outros que passaram!
desde hontem . có'a folga nça, Mas fic aram -m e lá fora
não cuidam já de pascer. uns trinta ou mais companheiros,
E todo o gado retouça, p astores, zagaes, porqueiras,
tôda a tristeza se quita; c v ou chamá-los agora;
com esta nova bendita el!es trazem p'ra o nascido
to do o mundo se alvoroça. esclarecido,
eh !, que alegria tamanha , ovos e leite fresquinhos,
a m ontanha e um cento d e bolinhos;
e os prados refl oriram , o
mais troux eram.
pcrque agarre se cumpnram queijos, m el - o que puderam . . .
cá nesta mesma cabana E ora os quero ir chamar,
tôdas as glórias d e Espanh a? m as por v ia dos puxões,
Que grão prazer sentirá ~ gar r e m os f igurões
a grão côrte castelhana!• p'ra a gente poder entra r.
-
" O TEATRO O HÁBITO FAZ O l\10NGE"
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Alguns conselhos para o figurinista amador.
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A.
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ROLAND BARTHES
I
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,EFEITOS SONORO~
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Os efeitos sonoros no teatro lião podem ser nunca de uma realidade total.
:eles nos ajudam a criar o clima da peça, juntamente com a luz, o cenário, rou-
pas, etc. Sob êste prisma é que devem ser julgados e ' criticados.
Atualmen te, para se produzir um efeito sonoro o recurso mais usado é o
disco, com o amplifi cador . Vê-se aí uma influência do rádio no teatro. Os ruí-
dos, em discos, que no r ádio são perfeítos, não saem tão bem no teatro. Istd .......
porque aqui o som estar á em contacto mais direto com o público e a menor
falha ou defeíto ser á logo percebida. Os discos depois de algum tempo adqui-
rem chiados ocasionados pelo ar r anhar da agulha, dificílimos de ocultar. Além
do mais os sons produzidos por discos nunca são bem gravados e são quase irre- .
conhecíceis. No rádio usam sempre a sonoplastia manual para suprir a de-
ficiência do disco. Há t ambém o inconveniente de não se poder controlar exa-
tamente as entrad as. O ruído participa do clima da peça como se fôsse uma per-
sonagem. Qualquer atrazo ou êrro na "deixa" implica no descontrôle dos at ares.
O disco pode ser usado para aj udar os efeitos sonoros manuais, mas nunca como
substituto dêstes.
E é por isso que os efe itos manuais devem ser utilizados, na medida do
possível. .
Ao usarmos os efeitos sonoros é -nreciso ter semnre ~m mente duas coi-
-
sas: a) aproximarmo-nos o mais possível da realidade; b) termos em vista o es-
tilo da peça. P ara isso ao criar-se um efeito son o! o, começar-se por 'pro-
curar ouvir o mais possível o som que se está Querendo imitar, isto é, é preciso
analisar o som - ver o seu volume, tom e ritmo. Feito isto procuram-se desco-
brir ou fabricar instr umentos qu e produzam o som d esej ado. Obtid o o som,
chegou então a hora de submetê-lo à aprovação do diretor. É bom frisar aqui
que às vêzes não há a mínima relação entre o método usado para produzir um
som e a maneira pela qual êle é obtido na vida real.
Apesar de ~ á existir em alguns processos mais antigos p ara se produzirem
cer tos ruídos, êste é o campo do teatro menos explorado. Portanto cab e a nós
agor a trabalharmos um pouco e usarmos a nossa imaginação p ara r eerguer esta
parte técnica tão esquecida mas que tem o seu real valor.
Nas !'leças infantis levadas !'leIo O TABLADO, conseguimos efeitos mara-
vilhosos de sugest ão e r itmo. Por exemplo : o barulho da personagem "Prima
Bolha", de "Pluft", f oi conseguido da seguinte maneira: uma vasilha de lata com
água pela metade. Sopra-se na água por meio de um tubo de borracha. Para
se conseguir um bom efeito (er a preciso quatr o ou mais bolh as ) variamos a
gr ossura elo cano de borr acha.
No "Rapto das Cebolinhas", para conseguir mos dar o ambiente de mis-
tério, o "ladr ão", era sempre acompa nhado por um barulho característico: reco-
r eco e t ambor, no ~ual se batia com escovinha de " jazz".
O t r iângulo serve par a imitar as batidas de um relógio ou então para dar
o tom de alegria. A marimba é de muito efeito nas cenas líricas.
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Aqui damos algumas sugestoes de como obt er certos efeitos sonoros:
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A EXPRESSÃO CORPORAL
, Jan Doat
,
Devemos procurar um método lógico, com o qual possamos ·exercitar o
eorpo, do mesmo modo que "trabalhamos" a voz com um manual de dicção.
- Antes de mais nada o aluno deve aprender a sper fe icoar o mecanismo
corporal, com os seguintes exercícios: r elaxamentos, respiração, movimentação
de um músculo, ou um gr upo de músculos, tendo o resto do corpo relaxado.
- Relaxamento : antes de exercitar cada parte do corpo é preciso obter
dêle um relaxamento completo: - eis como fazê-lo: deite-se no chão e feche os
olhos. Relaxe os músculos do pescoço, do abdornem, das pernas de tal modo que
o cotovelo, a mão, o joelho, o pé quando forem levantados, tombem como qual-
quer objeto ou coisa: morta.
- Respir ação - após o relaxamento cuidaremos da r espiração. Exercí-
cio para o aparelho respiratório: começa r sempre por expirar completamente:
aspirar em seguida vaga rosa mente ; dizer um trecho de poesia cuidando de aper-
feiçoar a dicção, conservar o pescoço, o braço e as pernas bem relaxados. Dito
o texto, soltar a respiração, aspirar mais demorada mente, dizer duas vêzes a
mesma frase e daí por diante ir acrescentando uma nova frase, sendo que na
última frase do último exercício a atenção deve ser mais vigilante qu anto ao
relaxamento corporal e a pureza de dicção.
- Retíf 'cacão da posição de rela xamento durante o exer cício respirató-
rio: - a posição h orizontal não pode ser defei tuosa; ela é um estágio preparató-
rio de urna correta p csi ção em !lé. - Procure encostar as costa s t otalmente no
chão.
- Posicâo em pé: esta posição deverá ser vir de base àquilo que se dese-
i ar expressar depois: o corpo de uma certa personagem, num determinado local,
seus sentimentos e sensações.
O equilíbrio do corpo tende ao meio do pé e não ao calcanhar. O equilíbrio
da fr ente para' t rás é o melhor. A cabeça procura tocar um ponto bem alto;
a base da bacia projeta-se para fre nte. O peso do corpo é deslocado o mais pos-
sível para o busto. Somente os músc ulos internos das per nas irão fazer esfôrço
par sustentar o corpo. Servindo-nos dessas posições (deitadas e em pé) e mpree n-
deremos agora a sér ie de exercícios cuj a fi nalidade é faze r agir um múscul o ou
um gr upo de músculos, perma nece ndo o resto r elaxado, obtendo assim uma
"libertação do cor po".
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3.° - erguer os braços em cruz como se fôssemos tocar com cada um dêles uma
parede distanté. O braço, o ante-braço, o punho e os dedos devem par-
ticipar do movimento. A um dado momento "cor tar" a tensão do braço
atê o cotovelo, de modo que o esfôrço de tensão não vá além dos om-
bros e a .parte superior do braço; enquanto isto o antebraço, os punhos
e a mão deverão balançar-se como pêndulos, sem fôrça própria obede-
cendo a lei da gravidade, e acabando por pararem. É preciso cuidar
que o esfôrço de tensão continue no braço e na parte mais alta do peito.
O ~escoço e o abdomen devem estar relaxados.
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4.° - distanciar uma nerria da outra para equilíbrio e depois começar pelo
princípio do exercício 3, levando todo o esfôrço muscular ao local indi-
cado pela fi g. 7. Trata-se de mover o mais alto do peito, sem mover con- .
tudo o pescoço, a parte mais baixa do peito e a bacia (só ser á possível
uma movimentação imperceptível).
5.° - fazer um círculo tão aberto quanto permita o treinamento. Obser var
o pescoço.
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5 b •
6.° - cem cs pés juntos tentar fazer com a bacia um movimento em círculo
num plano paralelo ao do corpo, ficando o pescoço, a parte mais alta do
husto, e as nádegas alheios ao exercício (fig. 8).
7.° - deitado em posição zero, levantar uma perna, baixá-la, levantar em se-
guida a outra perna, tendo o cuidado de manter o abdomen relaxado,
durante o esfôrço que os rins e as nádegas dispenderem (músculo adu-
tor). É um exercício mais fácil do que aparenta ser. Obtido o primeiro
resultado, traçar um círculo com a perna erguida, observando sempre o
relaxamento do abdomen.
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8.0 - em pé, levantar uma perna, com bastante es í ôrco, das nádegas ao dedo
do pé. "Cor tar" bruscamente a par tir do joelho, num movimento de
pêndulo. É a réplica (d a perna ) ao exercício 3.
9.0 - t r açar um círculo (tanto quanto permita o t reinamento) com a ponta do
p é. Exercícío semelhan te ao exercícío 5. Concent rando-se o esfôrço d e
tensão numa das extremidades do corpo, a difi culd ade reside no equi-
líbrio que se deve manter sem crispação.
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RECITAÇÃO CORAL
A Recita ção coral é um gênero difícíl. Dêle não se deve abusar. Há, no
entanto, resposta àqueles que o condenam sem apelação, acusando-o de arti-
ficial. Com efeito, o fat o de dez pessoas enunciarem a um mesmo tempo uma
mesma coisa, não deixa de ser artificial, mas não o é mais do que o monólogo
de uma única pessoa diante do público. E o teatro em si, não é artifício? Não
seria possível tocar vozes humanas como se fossem instrumentos, e com elas 01'-
ganizar uma or quest ra do mesmo modo como se forma uma orquestra de vio-
Imos? A voz h umana não existe apenas para a expressão individual - pode
servir para que, num cantar comum , choremos, lamentemos ou possamos rir sô-
br e o nosso destino.
Para que não pareça artificial, é preciso que a leitura coral não 'seja inó-
cua, isto é, a leitura a muit as vozes deve acrescentar sen timentos novos, deve pro-
duzir um efeito estético di verso - o efeito da or questra, como contrastado com
o do solo - já que o sentimento comu nicado ao público é a expressão não do
individuo, mas d a comunidade.
Os antigos dizia m e cantavam em côro, adestrados por escolas profissio-
n ais e corife us. O c ôro era preciso e belo, uma arte que atingir a a perfeição e
• que possu ía , no teatr o, seu lugar r eservado.
Há, no século vint e, um novo movimento dirigido no senti do de r etomar as
antigas tradições corais. A estética moderna permite e renova esta tradição -
lembrem-se das cinco mulheres de "Cr ime na Catedr al", que fal am em côro, r e-
presentando uma experiência legitima e uma busca de re novação e enriqueci-
men t e des formas teatrais.
U fato do se ter abus ado - e como! - d o gênero, nã o é razão par a que o
não ousemos mais abordar . A lem brança de r ecitações insípidas e grotescss
deverá emprestar nos mais prudência na busca dos efeitos, que devem ser si m-
p:es, embora intensos. _
O r.trno deve ser p erfeitame nte igual, as sílabas Isn çadas como notas iguais
de uma fr ase musical, as pausas devem ser ~ ouc o numer osas, ~ois, do contrário,
o ritmo fic aria demasiad o cor tado. P ara evitar êst e defeit o, ~ o de 's e, mesmo, en-
cade xr vários versos, um após o outr o, sempre d e modo igual, sem atr op êlos p
sem pr ecipitações seguidas d e pausas lentas, sem r etardamentcs nem silêncio.
Qu "ndo se mostrar adequada uma aceler ação, deve-se cuidar que não rompa o
ritmo ger al. Depois de escolhido, entre os vár ios possíveis, o efe ito deve ser
r ealizado simplesmente, sem afetações. Pode-se utilizar, por exemplo, subidas
bruscas de t om, aqui e ali, articulações mais marcadas, uma recitação apen as
mur murada e lançada num s ôpro, uma única palavr a gritada no meio d o
verso, etc.
•
19
•
,
20
• , .
••
JOGOS DRAl\IÀTIéóS
o F ogo: o acom panh amento deve ser feito por um violão, cavaquinho ou qual-
quer instrumento de corda. O rítmo é dado a cada tempo do [ ôgo,
Prlmeiro temos frio:
Os alunos chegam cm diversas atitudes caracteristicas de
quem sente frio. O instrumento acompanha em tom menor (t riste ) .
Segundo: façamos uma fogueira:
Um aluno bate na testa, todos fazem movimentos para se
aquecerem e poderem trabalhar - movimento de ginástica. Acom-
panhamento " tom maior".
'ferceiro: catemos lenha:
Ao ritmo da música (a escolher) apanham lenha. Movi-
mento em conjunto daqueles que vão tirar os galhos secos das ár-
vores e daqueles que catam no chão.
Quarto: empilhemos a lenha: .
Os alunos fazem um semi-círculo. Os dois do meio se abai-
xam, apanham a lenha e passam à vizinhança. Rítmo dado pelo vio-
lão. Apressar gradativamente.
Quinto: cansaço: •
O violão pára de repente e rasqueia um acorde. Os alunos
param o exercicio e enxugam a testa.
Sexto: acendamos o fogo:
O violão pára. Cada qual se abaixa, segura o pé do vizinho
da esquerda (não precisa levantar o pé), risca um fósforo, imita o
barulho, e em seguida deve [ogâ -lo, em conjunto, sôbre a fogueira
(centro). .
A chama sobe: Neste momento, um aluno previamente escolhido, sal-
ta para o centro, ajoelha-se, e se encolhe. É a chama. Os outros
ainda em semi-c írculo se atiram ao chão de barriga para baixo e
ritmados, sopram para que a chama suba.
O violão dará o ritmo, apenas por percursão, sem notas. A chama se
eleva, pouco a pouco.
Calor: todos se sentam (em ferradura); enquanto se aquecem, a
chama dansa no meio do semi-círculo. O violão toca uma canção que
evoque o rítmo do fogo.
•
•
Jôgo dramático baseado numa canção
. .' 21
JÔgo dramático baseado numa hist6ria
-.-
22
o QUE VAMOS ~Er~ESENTA~?
o PEDIDO DE CASAMENTO
•
Autor: Anton Tchekhov
,• Peça em um ato I
,
Análise; Iván Vasílievich Lómov vem pedir a mão da filha de seu vizinho,
Stepán Stepánovich Chubokov, grande proprietário de terras. O pedido é bem
recebido por êste. A filha , entretanto, não sabendo a razão da visita do rapaz,
, não lhe dá tempo de formular o p edido. Começa uma discussão a respeito das
terras que ambas as famílias possuiam, à qual se vem juntar o pai da moça. A
discussão vai aumentando em intensidade, até o momento em que o pretendente,
furioso, retira-se, sem ter podido atingir sua finalidade. Depois da partida, o
pai mostra' à filha a intenção do rapaz de pretender sua mão. A moça fica de-
sesperada por ter perdido a ocasião de casar-se e implora ao pai que vá buscar
o vizinho. í!:ste volta, e começam então os três a falar sôbre generalidades, ten-
t ando a moça encaminhar a conversa para o assunto que a interessa. Mas, nova-
mente, surge um desentendimento, desta vez por causa de cachorros, cada um
achando que o seu é superior ao do outro. A coisa degenera em insultos a ponto
de fazer com que o pretendente caia desmaiado numa cadeira, o que assusta a
moça, pensando que, talvez, o rapaz tenha morrido. Finalmente; volta a si, há
beijos, o casamento fica resolvido, e quando tudo parecia solucionado, uma n ova
discussão surge entre os noivos, enquanto o pai grita, cada vez mais alto: "Cham-
• pagnel Champagne! " .
Idéia: Tendo como pretexto um pedido de casamento, surge a oposição .
entre dois temperamentos igualmente teimosos e entre duas famílias igualment e I
presas às suas terras e às suas posses, criando uma situação cômica, de rivalida-
des, que, presumivelmente, continuará mesmo depois da união das duas famílias.
Mecanismo: Marcar bem os temperamentos, o da moça, autoritário, tei-
moso, e o do rapaz, também teimoso mas pusilânime a fim de que a comicidade
surja do choque dessas duas personagens.
Person- gcns: Step án (proprietário rural, homem teimoso e interess eiro,
fortemente " r es:> a terra ); Natalia (sua filha, de vinte e cinco anos, autoritária,
empreendedcra ): Iván (h omem são mes impressionável).
Cen ãr io: Realista; a a ção passa-se numa sala da propriedade rural de
Step án. '
Roupas: Realistas: Iván, vestido de modo cerimonioso, luvas brancas, d e
acôrdo com o pedido
- f • >
que vem fazer ; Natalia, vestido caseiro e avental; Stepán,
camponês rico. . ' .
Quem n nde montar: Gente moça em geral, estudantes, gr upos amadores
ou profissionais. Pode ser completada talvez, com outra peça.
Público; Qualquer espécie de público.
s, C.
o JA RR O.
A ut or : Lu igi Pi ra nd el lo •
P ec a em um at o.
de um a pe qu en a fa ze nd a , ad qu ire um ja rr o en or -
A ná lis e: D. Lo ló , pr op rie tá rio de va lo r,
m e pa ra gu ar da r o az ei te do a no to do . Ti do co m o ob i et o de gr an
su a im po rtâ nc ia , do cu id ad o q ue de vr vn t er
pr ev in e ao s em pr eg a do s de m an hã co m
o é o es pa nt o ao de p ar a re m um a
pa ra co m êl e. M as qu al nã sa qu an t o
é le m br ad a a fig ur a tã o m ist er io
o ja r ro qu eb ra do . P ar a co lá-lo ia ao of íci o
i Qu e h á an os de di ca -se na al de
co m pe te nt e de tio Di m a Li ca ss sô br e a
do s. Ap ós te rr ív el di sc us sã o
de co ns er t ad or de ob ie tos qu eb ra
se u of íd ' n,
ao en tr ar no ja r ro pa ra m el ho r ex ec ut ar
m an ei ra de co lá-lo , li se o j ar ro
o, pe rc eb en do en tã o qu e só po de rá s ai r da
tio Di m a se vê pr es ad vo ga do ,
pr op rie t ár i o) . Ch am ad o um
fô r qu eb ra do (a o q ue se op õe o ao ve lh o
an ei ra sa tis fa tó ria a qu es tã o, ês te pr op õe
a fii n de re so lv er de m e se ja q ue -
t êr ça pa r te do va lo r do j ar ro p ar a qu
co ns er ta do r pa ga r. u m a n da , re so lv e
ni ng ué m . Ti o Di m a nã o sa tis fe ito ai
br ad o se m pr ej uí zo de qu eb rá -lo
sid ên ci a at é Qu e D. Lo ló , de ci da -se a
en tã o al i fix ar es tra nh a re
p or liv re e es po nt ân ea vo nt a de . Os ca m po n ês es sã o ch ám ad os a co m em o- ,
"c as a" , m as se us ca n to s e da n ça s, sã o in te rr om -
ra r a in au gu ra çã o da no va rr o, à al eg r ia
pi do s pe lo de se sp êr o de D. Lo ló , qu e pr ef er e a qu eb ra do ja
da qu el a fe st a. o/ se ou -
an ce ira , e o pa no se fe ch a, po de nd
O ve lh o e o ja rr o r ol am a rib é m in h a! "
r: " A vi tó ria é m in ha ! A vi tó ria
vi r ai nd a a voz do co ns er ta do
lU ec an ism o: Co m éd ia, em rít m o vi vi ss imo. ce nt o pa trã o; Ti o
m os o e br ig ão , ce m po r
Pe rs on ag en s: D. Lo ló : ca m po nê s t ei ca m p on ês es vi-
Di m a, ve lh o te im os o ; A dv og a do : ca ric at ur al ; os r es ta nt es :
vos, ex ub er an t es , ex ag er ad os na ge sti cu la çã o. um a co rti na
da pr op rie da de ( po de se r su ge rid o po r
Ce ná rio : Si m pl es . Pá te o pi m en to s, su ge -
az ul ao f l.::-: j" : :::0 ce nt r o um a ár vo re e de ca da la do , ro m
rin do re sn ec tiv r m en te , um m ur o e um fin al de ca sa ).
Gu ar da -ro up a - Ro up as d e ca rn po n ês es , co lo rid as.
Pú bl ic o: To do s os pú bl ic os. lU . T•
•
•
•
st as tr ês pe ça s, ac ha m- se à di sp os i çã o do s in t e-
Có pi as m i m eo gr af ad as de s de ou tr os
BL AD O" . A te n de re m os ao s pe di do
r es sa do s n a Se cr e ta ria de "O TA ca da pe ça ). Os
bo lso P os ta l" (p re ço : Cr $ lO ,OÔ
Es ta do s, pe lo se rv iç o de " Re em
pe di do s de ve m se r en de ra ça do s a
•
Ve r a Pe dr os a.
•
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• • , •
A FARÇA DO ADVOGADO PATHELIN
,
(Autor anônimo. Peça escrita entre 1461 e 1469)
I déia - "P ar a um enganador, enganador e meio", ou: " Ladrão que r ouba la-
drão não faz mal não" .
P ersonagens: •
25
,
, •
(
NOTíCIAS DO TABLADO
•
No dia 26 de novembro o grupo comemorou os seus, cinco anos de exís-
tência com um "show saudosista" e uma ceia para os amigos.
O côro do Tablado dirigido por Roberto Regina deu uma audição no dia
29 de dezembro.
A estréia de "O Tempo e os Conways" está marcada para março; a atriz
Mr ria Sampaio gentilmente aceitou o convite do grupo para fazer o papel de
"Mrs. Conway". ...:.
Onde encontrar " Cader nos de Teatro"
no Distrito Federal:
O TabÍado - Av. Lineu de Paula Machado, 279
Livraria Agir. - México 98·B
Livraria Ler -
Livraria S. José -
Na Bahia:
Soni à Gahbi - Rua Recife 22 - Barra - Salvador.
Em São Paulo - Maria Tereza Vargas - Rua José Maria Lisboa 88
APt. 1. '
'.. . . . . - - ,
- - - - '-
26
NOTíCIAS DO IBECC
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Organizada pelo Instituto Internacional do Teatro, reuniu-se em Bom-
baim, da última semana de outubro a princípio de novembro de 1956, a Pri-
meira Conferência Mundial do Teatro. Participaram delegados de: perto de
vinte paises, tendo o Brasil sido representado pelos senhores Thomaz Santa
Rosa e Paulo Mendonça, ambos membros da Comissão do Teatro do IBECC.
Dois temas principais ocuparam a atenção dos delegados: '
1 - O teatro para o povo
2 - O teatro para a j uvent ude
Dividida a Conferência em dois grupos de trabalho, em função das ques-
tões em estudo e das especialidades e preferência dos delegados, acompanhou
o Professor Santa Rosa as deliberaçoes sôbre o teatro para a juventude, tendo
o Senhor Paulo Mendonça sido incluido na comissão de teatro para o povo.
As trocas de informações e pontos de vista, em ambos os setores, foi
extremamente interessante e construtivas as sugestões apresentadas, sob a for-
ma de recomendações aos diferentes governos para que amparem a atividade
teatral, a fim de que possa desenvolver-se plenamente sem sofrer as imposi-
ções do comercialismo ou as limitações ditadas pela falta absoluta-de recursos.
Porque maior atenção foi dada ao problema da existência efetiva de
uma atividade teatral, apoiada em bases materiais sólidas, do que as questões
teóricas ou de definição do Que seja o verdadeiro teatro popular ou . o verda-
deiro teatro para a juventude. Tanto num caso quanto no outro, a opinião ge-
r al foi de que, antes de determinar a natureza profunda dessas formas 'de tea-
tro, é necessário criar as condições básicas para que possam existir. Isso é
particularmente exato no que diz respeito ao teatro para o povo, sôbre o qual
houve acôrdo unânime no sentido de entend ê-lo simplesmente como sendo "as
•
melhores peças, montadas da melhor maneira, e colocadas ao alcance da maio-
ria". Já no caso de teatro para a juventude, os debates tomaram rumo mais
especializado, colocando em foco os vários aspectos do problema: ' teatro para
crianças feito Dor crianças, teatro para crianças feito por adultos, teatro para
os jovens, teatro escolar e universitário, etc.
De qualquer forma, dominou a Conferência a preocupação de assegurar,
sobretudo nos paises de nivel econômico mais baixo, a possibilidade de fazer
teatro - coisa impraticável se não houver casas de espetáculo, aparelhamento
técnico, cursos especializados, publicações, etc. Daí a necessidade. onde a ini-
ciativa privada não encontrar campo suficientemente favorável, de um deci-
dido apoio dos governos, seja construindo teatro e abrindo escolas, seja sub-
vencionando as companhias profissionais e amadoras, seja reduzindo ou supri-
mindo os impostos que pesam sôbr e a atividade teatral.
Entre as decisões práticas tomadas, sobressai a da realização de um fes-
tival internacional do teatro, com sede cada ano num país diferente, e no qual
seriam apresentadas, pelas companhias participantes, duas peças: uma que se-
ria a mesma para tôdas, tiradas dó gr ande repertório internacional (Shakespear e,
Moli êre, etc.) - com o objetivo de comparar estilos e concepções - e outra
que seria representativa dos diversos repertórios . nacionais.
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P. M .
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PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE LíNGUA FALADA NO TEATRO
28
Na reunião preparatória efetuada na Academia de Letras da Bahia fo-
ram eleitas as comissões de Trabalho composta na Se çâo Filológica.
Trabalhos apresentados pela Cemissão A: 1/1. l{evah - L' évolution de
la pronunciation au Portugal et au Brésil du XVIe si êcle à nos jours 2/ Ant ô-
nio Hoaiss - Tentativa de descrição do sistema vocálico do Português culto
da área carioca. 3/ Ruy Affonso - Padronização da Prosódia Brasileira.
4/ Maria José Carvalho - Uma língua padrão para o teatro. 5/ Eugenio Asen-
cio - Delos mornos a los autos de Gil Vicente. 6/ Luiza Barreto Leite - A
linguagem falada no teatro e sua educação. 7/ L. F . Lindley Cintra - Traba-
lhos realizados em Portugal para o Atlas linguistico da Península Ibérica.
8/ Maria Amélia Pontes Vieira - A humanização do teatro de Terêncio atra-
vés do perfil de uma personagem de "O eunuco de Parrnenâo". 9/ Octavian
Nandris - La langue du théâtre Iidêle de l' époque et du milieu. 10/ Antônio
José Chediak - "Aspectos da Linguagem do J:<.:spraiado, Sul de Minas". 11/ M.
Fouché - Le langage dans le théâtre Irançais contemporain. 12/ Lilia Nunes
- Necessidade de padronização nas escolas de teatro. 13/ Amália Beatriz Cos-
ta - Fórmulas de tratamente em 3 comédias de Martins Pena.
Comissão B: Afonso Rui - O Primeiro Teatro no Brasil. 2/ Bella K. Jo-
zef - A linguagem dramática de Gonçalves Dias; Leonor de Mendonça; 3/ Uni-
verso poético e universo dramático de F. Garcia Lorca - Maurice Molho. 4/ Tea-
tro uruguayo (siglo XIX - Primer cuarto del siglo XX) - Walter Rela. 5/ An-
tenor Nascentes - A linguagem no teatro.
As teses foram aprovadas e figurarão nos Anais do Congresso.
O Professor Danilo Ramires (do Departamento Nacional do SESC, Rio
de Janeiro) compareceu a uma das reuniões de trabalho da Comissã o de Lín-
gua F :.lada do Teatro como Diretor do Teatro do SESC em Salvador.
As Comissões se reuniram na Academia de Letras da Bahia, onde igual-
mente foram realizadas as sessões plenárias.
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J. L BARRAULT