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Mesmo se o faz ainda por hábio, por prudência, por prazer ou como forma de pressão
sobre o outro, está cada vez menos submetida à necessidade de acompanhar o seu
discurso com gestos, posturas e mímicas expressivas.
Mas, acrescentemos, que a palavra continua até à idade adulta a jogar-se nestes dois
registos: o linguístico - da lingua como código que regulamenta a ordem e o uso dos
significantes, e o pré-linguistico, da expressão corporal, que sustenta esta palavra e da
entoação que a modula.
A escrita, pelo contrário consegue desembaraçar a significação das suas origens corporais,
embora o traçado gráfico com lápis ou caneta, registe ainda sob a forma de certos traços,
a subjectividade do escritor. Mas a máquina de escrever e o computador reduzem
drásticamente a mensagem a uma quase pura e estrita combinação de letras do alfabeto e
sinais de pontuação e acentuação. O “estilo” permite então à personalidade do autor e à
sua imagem do corpo depositar a sua marca nos textos.
A Língua não é pois apenas o que permite ao Ser Humano tomar conhecimento da sua
experiência do e no mundo ( mundo exterior), totalizando-a e unificando-a, mas o que nos
permite por em correspondência o mundo interno com os objectos ou actos externos.
A palavra não pode pois ser adquirida senão se a criança, estabelecendo a diferença entre
realidade externa e interna pode pô-las numa relação analógica.
Tal como referiu Annie Anzieu, a aquisição da palavra parece depender da aquisição da
marcha, quer dizer, da possibilidade para a criança de introduzir activamente a separação
espacial real da mãe. Para falar, quer dizer, para comunicar à distância, a criança deve ter
podido atravessar a angústia de separação e estabelecido com a mãe ou seu substituto a
boa distãncia entre o contacto fusional onde se perde e a distância extrema, longínqua,
onde a perde.
Didier Anzieu
FACTORES PRÓXIMOS
DA EVOLUÇÃO DA LINGUAGEM
Integridade neurológica.
Natureza da linguagem,
seu desenvolvimento,
pré-requisitos à sua aquisição,
condições ambientais que favorecem o seu desenvolvimento.
Um meio de comunicação.
Cabe à linguagem:
Ordenar a experiência e estabilizar o mundo interno e a relação com o ambiente.
Permite que a criança se liberte do concreto, limitado à experiência imediata e possa viajar no
espaço e tempo ilimitados do “possível”.
O dominio da linguagem é condição essencial para que o ser humano seja capaz de relembrar,
planear, relacionar, raciocinar e direccionar o curso da vida.
A linguagem assegura ainda uma função não menos importante: a da comunicação.