Álgebra Linear: Determinantes

Notas de aula de Álgebra Linear

Prof. Estevan Grosch Tavares

ATENÇÃO: As notas de aula são roteiros e descrições elementares dos assuntos

abordados em sala de aula. Elas não são completas. Portanto, elas não
substituem o livro para um aprendizado completo!

2) Determinantes
Neste módulo será apresentado o conceito de determinante.
Determinante é basicamente uma operação (ou função), na qual o argumento é
uma matriz, e que retorna um escalar após a operação. Não somente isso o
determinante é uma operação muito importante para várias aplicações que
envolvem matrizes.
Antes de introduzir a definição de determinante, deve-se saber o
conceito de permutação. Considerando a sequência numérica 1, 2, 3, diz-se que
dois elementos de uma permutação formam uma inversão se estão em ordem
inversa à permutação principal. Por exemplo, a permutação 1, 3, 2 se encontram
na forma inversa (classe ímpar) à sequencia original, enquanto a permutação 3,
1, 2 se encontram na forma padrão (classe par) de permutação. Na tabela abaixo
demonstra com maior detalhe todas as permutações possíveis e suas classes, de
acordo com a sequencia inicial a,b,c.

SEQUENCIA TIPO
“1-2-3” PAR
“3-1-2” PAR
“2-3-1” PAR
“2-1-3” ÍMPAR
“1-3-2” ÍMPAR
“3-2-1” ÍMPAR

Ainda, outras considerações a saber são o conceito de termo principal

e termo secundário. Basicamente, termo principal é o produtório de todos os
elementos da diagonal principal, enquanto que o termo secundário é o
produtório de todos os elementos da diagonal secundária, de uma matriz
quadrada.
Termo Principal = a 11 a 22 a 33 ⋯a nn
Termo Secundário = a n1 a n−1 2 a n−2 3 ⋯a 1n

Com os conceitos acima apresentados, pode-se anunciar a definição de

determinante de uma matriz.

Determinante De Uma Matriz

Determinante é uma operação aplicada sobre uma matriz quadrada,
que consiste na soma algébrica dos produtos, que se obtém efetuando todas as

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permutações dos segundos índices do termo principal fixados os primeiros

índices, e afetando-se os produtos do sinal + ou -, conforme a permutação dos
segundos índices de classe par ou de classe ímpar:
det ( A)=∑ (−1) a 1 i (1) a 2 i (2) a3 i (3) ⋯a n i (n)
p

Onde:
1) p é o número de inversões da permutação principal (par ou ímpar)
2) i(1) i(2) i(3) … i(n) é uma permutação qualquer do conjunto
(1,2,3,...,n).
3) No produto entre os elementos da matriz ( a 1 i 1 a 2 i 2 a 3i  3⋯a n i n  ),
um e somente um elemento de cada linha, bem como somente um elemento de
cada coluna da matriz A entram como fator da multiplicação.
4) Existem n! permutações do conjunto (1,2,3,...,n), o que resulta a
formação de n! produtos do tipo a 1 i 1 a 2 i 2 a 3i  3⋯a n i n  .

A representação integral do determinante de uma matriz é conhecida

por notação de Cayley. É representada por uma matriz cuja as entidades
limitantes são dois traços verticais.

∣ ∣
a11 a 12 a 13 ⋯ a1n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n
det ( A)= a 31 a 32 a 33 ⋯ a3n
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn

A equação previamente apresentada para o cálculo do determinante de

uma matriz é deveras complexa. Existem regras simplificadas para matrizes de
baixa ordem. Vale ressaltar que estas regras básicas são a aplicação da
formulação para o cálculo de determinantes já mencionado.
Para uma matriz 2x2, tem-se a multiplicação cruzada. O determinante é
a subtração do termo principal com o termo secundário.

Para uma matriz 3x3, utiliza-se a regra de Sarrus. Repete-se as duas

primeiras colunas à direita do quadro da matriz. Os termos positivos do
desenvolvimento são o termo principal e os produtos dos elementos dispostos
paralelamente à diagonal principal. Os termos negativos são o termo secundário
e os produtos dos elementos dispostos paralelamente à diagonal secundária.

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Propriedades
i) O determinante de uma matriz não se altera quando se rocam as
linhas pelas colunas.
det  AT =det  A

ii) Trocando-se entre duas linhas,ou duas colunas de uma matriz, o

determinante muda de sinal.

∣ ∣∣ ∣
a11 a 12 a 13 ⋯ a 1n a 11 a12 a 13 ⋯ a 1n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n a 31 a32 a 33 ⋯ a 3n
a 31 a 32 a 33 ⋯ a 3n =− a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn
Notem que a segunda e terceira linhas foram permutadas!

∣ ∣∣ ∣
a11 a 12 a 13 ⋯ a 1n a 11 a13 a 12 ⋯ a 1n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n a 21 a 23 a 22 ⋯ a 2n
a 31 a 32 a 33 ⋯ a 3n =− a 31 a33 a 32 ⋯ a 3n
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn a n1 a n3 a n2 ⋯ a nn
Aqui houve a permuta entre as colunas 2 e 3.

iii) Se uma matriz possui duas linhas ou duas colunas de iguais,

então o determinante é nulo.

∣ ∣
a11 a 12 a 13 ⋯ a 1n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n =0
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn
A repetição do índice da segunda linha significa que a segunda e terceira linha
são iguais. O mesmo procede para colunas iguais:

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∣ ∣
a11 a 12 a 12 ⋯ a 1n
a 21 a 22 a 22 ⋯ a 2n
a 31 a 32 a 32 ⋯ a 3n =0
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n2 ⋯ a nn

iv) Se uma matriz possui uma linha (ou coluna) constituída de

elementos todos nulos, então o determinante é nulo.

∣ ∣ ∣ ∣
a11 a 12 a 13 ⋯ a 1n a11 a 12 0 ⋯ a1n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n a 21 a 22 0 ⋯ a 2n
0 0 0 ⋯ 0 =0 ou a 31 a 32 0 ⋯ a3n =0
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn a n1 a n2 0 ⋯ a nn
v) Quando se multiplicam por um escalar os elementos de uma
linha, ou de uma coluna, o determinante fica multiplicado por este escalar.

∣ ∣∣ ∣
 a 11  a12  a 13 ⋯ a 1n a 11 a12 a 13 ⋯ a 1n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n
a31 a 32 a 33 ⋯ a 3n = a 31 a32 a 33 ⋯ a 3n
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn

∣ ∣∣ ∣
a11 a 12 a 13 ⋯ a1n a11 a 12 a 13 ⋯ a 1n
a 21  a 22 a 23 ⋯ a 2n a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n
a 31  a 32 a 33 ⋯ a3n = a 31 a 32 a 33 ⋯ a 3n
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1  a n2 a n3 ⋯ a nn a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn

Vale lembrar que o produto de uma matriz por um escalar não segue a mesma
regra que o produto de um determinante por um escalar.

vi) Se duas linhas (ou colunas) de uma matriz são proporcionais,

então o determinante é nulo.

∣ ∣∣ ∣∣ ∣
a11 a 12 a 13 ⋯ a 1n a 11  a 13 a13 ⋯ a 1n a 11 a13 a 13 ⋯ a1n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n a 21  a 23 a 23 ⋯ a 2n a 21 a 23 a 23 ⋯ a 2n
a 31 a 32 a 33 ⋯ a 3n = a 31  a 33 a33 ⋯ a 3n = a 31 a33 a 33 ⋯ a 3n =0
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn a n1  a n3 a n3 ⋯ a nn a n1 a n3 a n3 ⋯ a nn

E assim também procede para linhas proporcionais.

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vii) Se a matriz A, cada elemento de uma linha (ou coluna) é uma

soma de duas parcelas, o determinante da matriz pode ser expresso sob a forma
de uma soma dos determinantes de duas matrizes.

∣ ∣∣ ∣∣ ∣
a 11 a 12 a 13+ b1 ⋯ a1n a 11 a 12 a 13 ⋯ a 1n a 11 a 12 b1 ⋯ a 1n
a 21 a 22 a 23+ b2 ⋯ a 2n a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n a 21 a 22 b2 ⋯ a 2n
a 31 a 32 a 33+ b3 ⋯ a3n = a 31 a 32 a 33 ⋯ a 3n + a 31 a 32 b3 ⋯ a 3n
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3+ bn ⋯ a nn a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn a n1 a n2 bn ⋯ a nn

viii) Quando se somam aos elementos de uma coluna da matriz os

correspondentes de outra coluna, multiplicados por um escalar, o determinante
não se altera. Pode-se proceder de maneira análoga com as linhas.

∣ ∣∣ ∣
a 11 a 12 a 13 ⋯ a 1n
a 11 a 12 a 13 ⋯ a 1n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n
a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n
a 31 a 21 a32  a 22 a 33 a 23 ⋯ a 3n a 2n = a 31 a 32 a 33 ⋯ a 3n
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn

∣ ∣∣ ∣
a 11 a 12 a 13  a 14 ⋯ a1n a 11 a 12 a 13 ⋯ a 1n
a 21 a 22 a 23  a 24 ⋯ a 2n a 21 a 22 a 23 ⋯ a 2n
a 31 a 32 a 33  a 34 ⋯ a 3n = a 31 a 32 a 33 ⋯ a 3n
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
a n1 a n2 a n3 a n4 ⋯ a nn a n1 a n2 a n3 ⋯ a nn

ix) O determinante de uma matriz triangular superior é o termo

principal dela.

∣ ∣
a 11 a12 a 13 ⋯ a 1n
0 a 22 a 23 ⋯ a 2n
0 0 a 33 ⋯ a 3n =a 11 a 22 a 33 ⋯a nn
⋮ ⋮ ⋮ ⋱ ⋮
0 0 0 ⋯ a nn

Esta propriedade pode ser constatada facilmente através da expressão

formal do determinante de uma matriz qualquer
det  A=∑ −1 p a 1 i 1 a 2 i 2 a 3 i 3 ⋯a n i  n

onde tem-se somente a diagonal principal como a única sem elementos não
nulos.
x) Sejam A e B duas matrizes quadradas de mesma ordem.
Determinante do produto AB é o produto do determinante A pelo determinante
de B.

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det  AB=det  Adet  B

Determinante de uma matriz por escalonamento

Com base nas propriedades (ii), (viii) e (ix) de determinantes de
matrizes, é possível encontrar o determinante de uma matriz através das
operações elementares por linhas. Mais uma vez o processo de escalonamento
se faz uma útil aplicação, uma vez que com ela é possível o cálculo de
determinante de matrizes de ordem superior a 3x3, de maneira a evitar a
utilização da complicada fórmula para determinantes.
Exemplo:
Seja a matriz de ordem 3x3,

[ ]
3 4 1
1 1 2
−1 5 2
Calcule o determinante por escalonamento.

Solução:

∣ ∣
3 4 1
1 1 2 L1  L1−3 L2 ~
−1 5 2
L3 L3 L2
(1)

∣ ∣
0 1 −5
1 1 2 L3  L3−6 L1~
0 6 4
(2)

∣ ∣
0 1 −5
1 1 2 L2  L1~
0 0 34
(3)

∣ ∣
1 1 2
− 0 1 −5 =−34
0 0 34
(4)

Se resolver o determinante via método de Sarrus, o resultado será

também -34. Notem que se a operação de troca de linhas for efetuada, o sinal do
valor do determinante é trocado, conforme o passo (3).

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 Álgebra Linear: Determinantes

Referências

1) STEINBRUCH, A., Álgebra Linear e Geometria Analítica,

McGraw-Hill, Brasil, 1975.

2) LIPSCHUTZ, S., Álgebra Linear, Coleção Schaum, McGraw-Hill,

Brasil, 1972.