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Acompanhamento Arqueológico das Obras na

Quinta do Pátio de Água: Notícias Preliminares


sobre a Necrópole da Ermida de Santo António
(Montijo)
Liliana Campeão dos Santos*

RESUMO:
Notícias preliminares sobre os trabalhos arqueológicos realizados durante as obras de
requalificação da Quinta do Pátio de Água (Montijo), os quais incluíram a realização de uma
sondagem de diagnóstico no interior da Ermida de Santo António.

A autora refere a presença de uma necrópole cristã, bem como, identifica algumas estruturas e
artefactos arqueológicos, que ajudam a compreender a História da Quinta do Pátio de Água,
com reminiscências desde o século XVI/ XVII.

ABSTRACT:

Preliminary reports on archaeological work carried out during the works of rehabilitation of the
Quinta do Pátio d’ Água (Montijo), which included the completion of the diagnostic survey
carried out in the Chapel of St. Anthony.

The author mentions the presence of a Christian necropolis, as well as identify some structures
and archaeological artefacts, which help to understand the History of the Quinta do Pátio d’
th th
Água, with reminiscences from the 16 / 17 century.

RÉSUMÉ:

Les rapports préliminaires sur les travaux archéologiques effectués au cours des travaux de
réhabilitation de Quinta do Pátio d’Água (Montijo), qui comprenait l'achèvement de l'étude
diagnostique réalisée dans la chapelle de St. Anthony.

L’auteur mentionne la présence d’une nécropole chrétienne, ainsi que d’identifier certaines
structures et d’objets archéologiques, qui aident à comprendre l’histoire de Quinta do Pátio
éme éme
d’Água (Montijo), avec des réminiscences du siècle XVI / XVII .

*
Arqueóloga. Serviço de Arqueologia do Museu Municipal do Montijo. Câmara Municipal de
Montijo.

1
1. Introdução: Razões da Intervenção

O presente artigo sintetiza os resultados da intervenção arqueológica realizada na Quinta do


1
Pátio de Água, em 2009 . Esta intervenção desenvolveu-se no âmbito das obras de
requalificação deste imóvel, situado no Concelho e na Freguesia do Montijo, e enquadra-se na
política de requalificação patrimonial implementada pela Câmara Municipal do Montijo.

O projecto de obras, promovido pela Autarquia em parceria com a Administração Central, visou
a reestruturação dos espaços habitacionais da casa principal da Quinta do Pátio d’ Água, com
o intuito de alojar os serviços da Junta de Freguesia do Montijo e alguns departamentos
camarários, tentando preservar a linguagem e coerência arquitectónicas das preexistências
construtivas.

Ao serem projectadas obras no subsolo da Quinta do Pátio d’ Água, quer no interior, quer no
exterior dos diversos sectores, incluindo na Ermida de Santo António, tornava-se imperativo
proceder ao acompanhamento arqueológico nas áreas referidas a fim de minimizar o impacto
dessas acções.

Atendendo à importância patrimonial do conjunto, classificado como imóvel de interesse


2
público desde 2002, a equipa técnica de arqueologia , de acordo com a aprovação do
IGESPAR, I.P. e da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo, encetou o
acompanhamento arqueológico.

Quando a equipa de arqueologia iniciou o acompanhamento, a obra já se encontrava numa


fase adiantada dos trabalhos. As valas estavam abertas no subsolo, algumas das quais a uma
profundidade considerável, não sendo possível colidir os materiais arqueológicos ainda
presentes nos entulhos das mesmas com as estratigrafias presentes nos diferentes cortes
observáveis.

Verificámos também que, os trabalhos previstos para o interior dos diversos sectores
pertencentes à Casa da Quinta do Pátio d’ Água e o interior da Ermida de Santo António, já se
encontravam iniciados.

Para além disso, no pátio Este da Quinta, uma das zonas, provavelmente, mais sensível, já se
achava construído um edifício envidraçado, originariamente denominado de espelho de água,
que se estabelecia junto à parede Este da Ermida de Santo António.

1
Os trabalhos decorreram do dia 23 de Março a 29 de Julho de 2009.
2
Os Trabalhos Arqueológicos foram executados pelo Serviço de Arqueologia da Autarquia e pela
empresa TPF, Planege, S.A.; Arqueólogas Responsáveis: Paula Alves Pereira (TPF) e Liliana Campeão
dos Santos (C.M.Montijo); Antropóloga: Mara Antunes (TPF).

2
Tendo em conta estas limitações iniciais, a equipa técnica tentou resgatar, durante
acompanhamento arqueológico, os elementos patrimoniais possíveis para a compreensão
histórica e arqueológica do local.

3
2. Enquadramento Geográfico e Geológico

O Município do Montijo situa-se no extremo Norte do Distrito de Setúbal, na região centro e faz
2
parte da área Metropolitana de Lisboa, estendendo-se por uma área geográfica de 348,4 km .

A Quinta do Pátio d’ Água localiza-se no Concelho e freguesia do Montijo, numa das principais
artérias da cidade – a Avenida dos Pescadores. Com uma cota de 6 metros, implanta-se na
Carta Militar à escala de 1:25 000, na folha 432, com as seguintes coordenadas geográficas
38º 42’ 24,73’’ N e 8º 58’ 38,71’’ O.

Fig.1 – Fotografia aérea da cidade do Montijo, localização da Quinta do Pátio d’ Água.

A geologia da região do Montijo é caracterizada pela ocorrência sedimentares datadas do


Miocénico, do Pliocénico e do Quaternário (FIGUEIREDO, SANTOS, 2006, 13), cuja Quinta do
Pátio d’ Água está implantada em terrenos com areias de formação Pliocénica de Santa Marta,
constituída, na base, por aglomerados pouco espessos e descontínuos, seguidos por areias

4
finas e grosseiras (PAIS et alii, 2006, 21). Esta formação resultou de um pequeno mar que
parece ter coberto a maior parte da península de Setúbal, entre Lisboa e a Arrábida, formando
um golfo que avançava desde o Montijo até ao Pinhal Novo (ZBYSZEWSKI & FERREIRA,
1968, 8).

Fig.2 – Extracto da Carta Geológica com a localização da Quinta do Pátio d’ Água em terrenos Pliocénicos da
Formação de Santa Marta. Fonte: Carta Geológica de Portugal 1:50 000, Folha 34-D.

5
3. Enquadramento Histórico do local

As origens da quinta remontam ao século XVI, sendo a casa de habitação, a capela ou oratório
as possíveis edificações primitivas.

A Ermida de Santo António, de acordo com a lápide patente na galilé, foi erigida por Duarte
Roiz Pimentel, fidalgo da Casa d’el Rei D. João III, situação também comprovada pelas
3
Visitações da Ordem de Santiago de 1564 , onde vem mencionado a licença do Rei D.
Sebastião para a sua edificação. À luz dos registos escritos, chega até nós a indicação de que
a prática funerária na ermida se iniciou, possivelmente, no século XVI, tendo permanecido a
mesma prática até ao XVIII:

“Aos 7 de Julho de 1572 faleceu Pêro Varela (…) não fez testamento
está enterrado na Capela de Santo António junto do degrau da capela”

“Aos 27 de Setembro de 1580 faleceu Duarte Roiz Pimentel fez


testamento está enterrado em Santo António na capela na sua própria
sepultura(…)”

“No primeiro dia do mês de Julho de 1597 faleceu Francisca Roiz


mulher de Duarte Roiz Pimentel está enterrada dentro na Ermida de
Santo António junto do altar com as suas filhas e marido fez testamento
4
(…)”

Esta quinta, beneficiando de uma situação privilegiada em relação à vila, e à proximidade do


rio, conservou-se na posse da mesma família por longos anos (CARVALHO et alii, 2009, 55).

No século XVII, a quinta constituía uma importante fonte de rendimento e a sua administração
era feita à distância, através de encarregados locais, facto bastante comum na época,
conforme comprovam os diferentes aforamentos da quinta efectuados por António Novais
5
Pimentel.

No século XVIII, a mesma, designada à época por Quinta do Casado, era uma das mais
prósperas de Aldeia Galega do Ribatejo pois, segundo Padre António Carvalho da Costa, tinha
boas casas, produzia laranjas da China e outras frutas, possuindo ainda marinhas, pinhais e
um moinho com seis engenhos, actual Moinho do Cais (COSTA, 1706-1712).

3
Direcção Geral de Arquivos: Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Mesa de Consciência e Ordens,
Mestrado de Santiago, Aldeia Galega, Visitação de 1564-1565. Microfilme 4912. Folha 24.
4
Arquivo Distrital de Setúbal. Registos Paroquiais de Aldeia Galega do Ribatejo, Livros 1/1 e 1/2.
5
Arquivo Distrital de Setúbal. Registos Notariais de Aldeia Galega do Ribatejo.

6
6
A ermida, dedicada a Santo António, foi profundamente remodelada em 1744 (RAMA, 1906,
48). As reformas setecentistas deverão ter ampliado a primitiva ermida, para além de integrar
sobre o arco triunfal, o brasão da família. Em 1789, na sequência dos graves danos causados
pelo cataclismo de 1755, foi reconstruída por Simão Novais Pimentel, como atesta a lápide
ainda hoje existente no nartex deste templo religioso, embora as obras nesta época não
tivessem sido concluídas.

Devido à proximidade do Cais dos Vapores, o serviço da Mala Posta do Alentejo foi
transferido, na segunda metade do século XIX, para a Quinta do Pátio d’ Água, altura em que
foi aberto um poço no seu pátio. Este serviço funcionou até ao final de 1863, aquando da sua
extinção.

No período oitocentista, o Estado Liberal assiste a grandes dificuldades financeiras que se


contrapõem com os desmedidos rendimentos das ordens religiosas, facto que incidiu num
processo social de reforma, culminando na extinção das Ordens Religiosas, em 1834
(MATTOSO, 1998, 228). Nesta época a Ermida de Santo António, tal como várias Igrejas no
7
país, ficou interdita, tendo sido vandalizada . Foram atribuídas a este espaço religioso
múltiplas utilizações, tais como, abegoaria, oficina de carpinteiro e até casa de espectáculos.

O comandante Santos Fernandes, neto de José Francisco Fernandes – procurador do


marquês de Soídos, que recebeu a quinta, parte por herança e parte por compra –, inicia, na
década de 40 do século XX, uma importante campanha de obras, segundo projecto de 1919
encomendado ao arquitecto Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957).

Desta intervenção adquiriu o estilo de casa portuguesa, não lhe faltando varanda alpendrada,
rótulas, aplicações azulejares, beirais e mansardas. Destacam-se, nesta intervenção, a
aplicação de azulejos revivalistas de estilo Neoclássico e Rococó, do século XX,
reaproveitados de outros locais, com escala desajustada em relação aos espaços aplicados,
cuja intenção foi revestir decorativamente e exaustivamente as paredes interiores do edifício
(CALADO & PACHECO, 2005, 34).

O arranjo decorativo deste século incluiu um programa de iluminação filtrada por um conjunto
de vitrais aplicados na casa e na ermida da quinta (CALADO & PACHECO, 2005, 41).
Verificamos, na casa principal, o revestimento dos tectos, escada principal e corrimão em
madeiras exóticas.

6
A ermida foi remodelada por ordem de Francisco Novaes Casado Pimentel de Faria e Cerveira para nela
se fazerem as sepulturas dos seus antepassados e sucessores. O brasão foi colocado no arco que
separa a nave principal da ermida da capela-mor.
7
Os azulejos, de invocação antoniana, foram marcados com punções incisivas nos olhos dos santos ai
representados.

7
A ermida ganhou a feição actual destacando-se, na fachada principal, a rosácea com vitral
dedicado a Santo António, o campanário e a galilé; na fachada lateral, virada à Avenida dos
Pescadores, evidenciam-se três janelas com vitrais alusivos a Santo António, São João e São
Pedro e na parede da capela-mor, um vão, de menores dimensões, igualmente preenchido
8
com vitral de temática eucarística, todos de autoria de Ricardo Leone .

Na década de 70 do século XX, ainda na posse da família de Santos Fernandes, foi alugado à
Santa Casa da Misericórdia, tendo funcionado neste espaço o Lar de São José até à aquisição
deste imóvel pela autarquia, em 1997.

A obra efectuada na Quinta do Pátio d’ Água, em 2009, contribuiu para a salvaguarda e o


enriquecimento do património histórico deste elemento arquitectónico, importante agente de
memória e de identidade da cidade do Montijo.

8
Ricardo Leone, responsável pela revitalização da arte do vitral em Portugal, no início do século XX.

8
4. Descrição dos Trabalhos Arqueológicos

O projecto de engenharia previa a introdução de rede subterrânea de iluminação, de


saneamento, de pluviais e de electricidade nas zonas adjacentes e no interior dos diferentes
sectores da Quinta.

No decorrer da empreitada foram abertas cerca de 93 valas ao longo do edifício da casa


principal da Quinta do Pátio d’ Água e da Ermida de Santo António, incluindo nos pátios
situados a Oeste, Este e Sul. Foram também acompanhados os trabalhos nos diferentes
sectores interiores da Quinta.

Para além dos trabalhos de acompanhamento arqueológico previstos, decidiu-se, com o apoio
do Vereador do sector de obras e meio ambiente da Autarquia, realizar uma sondagem
arqueológica no interior da Ermida de Santo António na perspectiva de poder contribuir para o
conhecimento arqueo-estratigráfico do local, cujas fontes manuscritas do século XVI, XVII e
XVIII, atestam a existência de uma necrópole cristã no seu interior.

Durante o acompanhamento arqueológico foi aplicado o método de Barker (1998) e Harris


(1997). Para o efeito, individualizaram-se as unidades estratigráficas mediante os sectores
intervencionados e na zona exterior da quinta, onde foram abertas diversas valas para a
instalação das infra-estruturas previstas. Foram atribuídos diferentes sectores às divisões
interiores da Quinta do Pátio d’ Água.

4.1. Acompanhamento Arqueológico

No desenvolvimento do acompanhamento arqueológico, que decorreu entre os meses de


Março a Julho de 2009 (de forma intermitente e conforme a calendarização da obra), foi
possível reconhecer alicerces de fundação associadas ao actual edifício, ao muro de
delimitação da propriedade e à Ermida de Santo António. Foram ainda descobertas outras
estruturas – duas, na vala 23 (aberta paralelamente à fachada sul da casa principal da quinta)
e uma, na vala 61 (aberta paralelamente à fachada Este da mesma casa). A primeira estrutura
estende-se para Sul e prolonga-se em profundidade. É composta por aparelho de alvenaria de
pedra calcária e arenito, medianamente aparelhada, com presença de reboco em argamassa.

9
Fig.3 – Estrutura de alvenaria de pedra, u.e. [11004], identificada na abertura da vala 23.

Para além desta, foi identificada, na mesma vala, outra estrutura, a u.e. [11005], composta por
aparelho similar à anterior, mas com orientação Este-Oeste. Esta unidade encontrava-se
menos definida e já truncada a Oeste e estendia-se para Sul.

Face ao curto prazo para a execução da empreitada não foi possível reconhecer integralmente
estes elementos, desconhecendo-se, por esta razão, a função exacta destas estruturas. No
entanto, atendendo ao tipo de aparelho que ambas apresentam, poderão tratar-se de antigos
alicerces da quinta dos séculos XVI-XVII, cuja feição com certeza não seria idêntica à actual.

Também se reconheceu no pátio Este, na vala n.º 61, uma estrutura – u.e. [18940] –, que
corresponde ao alicerce de sustentação do anterior alpendre existente junto à fachada Este da
casa principal da quinta. Esta é constituída por aparelho de alvenaria de pedra calcária e
arenito, ligada por argamassa de areia e cal, de gradação clara.

10
Fig.4 – Estrutura de fundação do antigo alpendre existente junto à fachada Este da Casa principal da Quinta do Pátio d’
Água.

As movimentações de terras durante a execução do acompanhamento decorreram em


sedimentos de características arenosas, cuja gradação variou entre o bege e o castanho-
escuro, com presença de entulhos contemporâneos e modernos. Algumas das valas chegaram
mesmo a atingir o nível geológico, vislumbrando-se areias pliocénicas da formação de Santa
Marta.

4.1.1. Sector 1

Designou-se de sector 1, o armazém interior situado a Oeste, no piso térreo da casa principal
da quinta. Quando a equipa técnica iniciou o acompanhamento arqueológico, os trabalhos de
subsolo já tinham começado sem o respectivo acompanhamento.

No entanto, pôde-se observar a existência de uma caleira da época contemporânea, com


orientação Norte-Sul, construída para escoamento de águas nas décadas de 40 ou 50 do
século XX.

Para além deste elemento, também foi possível observar que as fundações das paredes Sul e
Norte poderão remontar ao século XVI ou XVII. Atendendo às características do aparelho
construtivo, similares aos aparelhos das estruturas identificadas no pátio sul da quinta, e
analisando a planta da casa principal da quinta, cujas paredes deste sector são tão espessas

11
quanto as observadas na Ermida de Santo António, poderemos apontar a construção deste
sector para o século XVI ou XVII.

É de salientar que os diferentes registos escritos apontam para a existência de uma quinta
desde o século XVI. Em 1570, existem referências ao Morgadio de Santo António (incluindo a
ermida), pertença de D. Duarte Pimentel, fidalgo de D. João III. Entre 1590 e 1662, embora não
apareçam referências à data da venda, a quinta foi comprada a Francisco de Mesquita. Em
1662, há notícia da venda da vivenda, passando esta propriedade, a partir desta data, para
posse de várias famílias.

Apesar das referências escritas e das tipologias das estruturas apontarem a antiguidade do
sector para o século XVI ou XVII, o facto da equipa técnica não ter acompanhado os trabalhos
no sector logo no inicio da obra e uma vez que não foram identificados níveis selados, não será
possível comprovar a cronologia do sector.

4.1.2. Sector 2

O sector 2 atribui-se ao armazém situado a Este do espaço anterior. A cota de afectação da


empreitada em curso, impossibilitou, à semelhança do sector 1, determinar a antiguidade do
compartimento pois, tal como já se afirmou, não se atingiram níveis selados. No entanto, as
fundações das paredes Sul e Norte do edifício apresentam espessuras idênticas às observadas
no sector 1.

Ao longo do acompanhamento arqueológico, foi possível observar niveis de revolvimento e


aterro que reflectem as diferentes intervenções realizadas neste local. Consequentemente, os
materiais cerâmicos recolhidos no sector apresentam uma ampla cronologia (séculos XVI ao
XX).

4.1.3. Sector 3 (Ermida de Santo António)

O acentuar de algumas deficiências ao nível de infiltrações e humidades no telhado, nas


paredes e a degradação do piso em tijoleira da Ermida de Santo António, levou a que o
projecto de engenharia, traçado para a Quinta do Pátio d’ Água, também englobasse obras de
beneficiação e restauro no interior e no exterior deste templo religioso.

12
Estas obras de melhoramento previam, no interior, o levantamento do pavimento existente, em
tijoleira, o rebaixamento do nível do solo, a picagem das paredes, a coloração de rebocos e a
execução da instalação eléctrica no edifício. Quanto ao exterior, a intervenção circunscrevia-se
à reparação, à limpeza e à caiação das paredes, à instalação da rede eléctrica e à iluminação
do edifício através da instalação de focos de luz subterrâneos na zona da galilé da ermida.

9 10
Também o recheio artístico da ermida, composto por azulejos do século XVI e XVIII e vitrais
de Ricardo Leone, já anteriormente referidos, necessitavam de uma intervenção urgente devido
ao seu estado de conservação.

A intervenção no exterior do edifício religioso contou com a escavação de valas nas áreas
adjacentes à Ermida de Santo António, as quais revelaram os alicerces de fundação da anterior
parede Sul deste templo religioso.

Para além destas, foram executados dois orifícios na zona da galilé, com cerca de 25
centímetros de diâmetro cada, para a instalação de focos de iluminação exterior. Pode-se
observar, aquando da perfuração de um dos orifícios (localizado a Norte do acesso ao nártex),
um pavimento em tijoleira. Desta forma, reconhece-se que este espaço exterior esteve
anteriormente integrado no interior da ermida.

Fig.5 – Fotografia da Capela de Santo António. Quinta do Pátio de Água, início do século XX. Crédito fotográfico:
Biblioteca Municipal Manuel Giraldes da Silva. Câmara Municipal de Montijo.

Ao invés, no outro orifício, localizado a Sul, não foi reconhecido o pavimento, possivelmente,
porque o acesso à ermida era feito pela porta principal virada para o interior da quinta e através
de uma porta lateral, virada para a actual Avenida dos Pescadores, que ainda hoje se encontra
gradeada no mesmo local.

9
Azulejos enxaquetados verde e branco existentes num nicho da capela-mor.
10
Azulejos com invocação Antoniana do século XVIII que revestem as paredes Norte, Sul e do nártex da
ermida.

13
Tendo em conta a sensibilidade do sector, cujos primeiros registos de enterramentos datam da
década de 70 do século XVI e uma vez que a remoção da tijoleira foi iniciada sem a presença
da equipa técnica de arqueologia, a mesma decidiu que o rebaixamento do piso previsto para o
sector seria realizado faseadamente e sem recursos mecanizados.

Foi-nos possível realizar a seguinte leitura estratigráfica:

U.E. [900] – Sedimento arenoso de grão médio a fino, heterogéneo, de coloração bege
acastanhada, com presença de cerâmica de construção constituída por argamassa, telha e
tijolo (bastante frequente), azulejos (ocasional), cerâmica comum (frequente), ambas de época
Moderna e Contemporânea. Para além das cerâmicas, anteriormente descritas, verificou-se a
presença de fragmentos de pedra calcária e arenito.

U.E. [901] – Sedimento de características arenosas, bastante homogéneo, de grão fino, de


coloração castanho e gradação clara;

U.E. [902] – Interface negativa de forma rectangular;

U.E. [903] – Sedimento arenoso de coloração castanho-escuro, com presença de carvões


ocasionais;

U.E. [904] – Sedimento arenoso de coloração castanho, pouco homogéneo, com inclusão de
cerâmica de construção (muito frequente), cerâmica comum (frequente), fragmentos de
azulejos e azulejos (frequente), ladrilhos (frequente) e fragmentos de faiança (ocasional);

U.E. [905] – Sedimento arenoso de coloração castanho-escuro, com inclusão de espólio


osteológico em contexto de revolvimento;

U.E. [906] – Sedimento arenoso de coloração castanho-escuro, degradação escura, bastante


heterogénea, com inclusão de fragmentos de cerâmica de construção (frequente), de cerâmica
comum (frequente), de cerâmica vidrada (ocasional), de faianças (ocasional), fragmentos de
vidro, azulejo e carvões (ocasionais);

U.E. [907] – Sedimento arenoso de coloração cinzenta, homogéneo e solto;

U.E. [908] – Derrube constituído por sedimento de características arenosas, de grão médio a
fino, castanho claro, com inclusão de azulejos enxaquetados (muito frequente), argamassa
(muito frequente), argamassa com pinturas a fresco (frequente) e espólio osteológico (raro);

14
U.E. [909] – Pavimento composto por lajes de tijoleira, dispostos de forma irregular. Este nível
de pavimentação encontra-se disposto no sentido Norte, Norte-Sul e Este-Oeste, formando um
U;

U.E. [910] – Sedimento arenoso, de coloração bege, pouco homogéneo, com inclusão de
argamassa;

U.E. [911] – Sedimento arenoso bastante heterogéneo de grão médio e de coloração castanho,
com inclusão de fragmentos de pedras de calcário e cerâmica de construção (ladrilho);

U.E. [912] – Sedimento arenoso de grão médio a fino, bastante homogéneo, de coloração bege
acastanhado;

U.E. [913] – Sedimento arenoso, de grão médio a fino e de coloração castanho-escuro;

U.E. [914] – Sedimento arenoso de grão médio, de coloração bege, com presença de
argamassa e cal, bastante heterogéneo e compacto;

U.E. [915] – Sedimento arenoso de grão fino, homogéneo, de coloração bege acastanhado e
de gradação escura.

U.E. [916] – Sedimento areno-argiloso de coloração cinzento acastanhado, de grão fino,


medianamente homogéneo, apenas com a inclusão de fragmentos cerâmica de construção.

U.E. [917] – Sedimento arenoso de grão médio, de coloração castanho-escuro, bastante


heterogéneo.

U.E. [918] – Fiada de azulejos enxaquetados de coloração branca e verde, localizada a


Nordeste da capela.

U.E. [1000] - Derrube constituído por sedimento arenoso de grão médio, de coloração
castanho esbranquiçado com inclusão de fragmentos de argamassa de coloração castanho e
de gradação clara, proveniente de paredes (muito frequente), fragmentos de argamassa com
pintura a fresco (moderado), fragmentos de cerâmica de construção (moderado) e azulejos
enxaquetados monocromáticos, com peças que variam entre a coloração o verde manganês, o
azul claro, o azul-turquesa e o branco. A superfície apresentava-se irregular.

Os níveis de aterro identificados aquando do acompanhamento arqueológico no sector são,


possivelmente, resultado das difentes campanhas de obras efectuadas no interior da Ermida de
Santo António.

O mais recente, a u.e [900], corresponde, provavelmente, a um nível de aterro colocado no


interior da ermida para altear a última fase de pavimentação em tijoleira efectuada neste local.

15
Esta campanha de obras poderá inscrever-se na execução do projecto do arquitecto Pardal
Monteiro, desenvolvida nesta capela durante a década de 40 e 50, do século XX. Dos
artefactos identificados em contexto de revolvimento salientam-se alguns fragmentos de
cerâmica comum, vidrada e faiança, fragmentos de cachimbo em caulino com e sem
decoração, espólio osteológico solto, fragmentos de azulejos, fauna, ferro (pregos) e
fragmentos de vidro.

Existem registos escritos de que no cataclismo de 1755, o Tejo invadiu algumas das ruas de
Aldeia Galega do Ribatejo (actual Montijo) tendo a Ermida de Santo António ruído (LUCAS,
1997, 31). O que nos parece ser possível, quer pelo testemunho ainda hoje existente na lápide
11
embutida na parede esquerda da Galilé, localizada à entrada da referida ermida , quer ainda,
pelos entulhos e pelo derrube identificados no interior da Ermida durante o acompanhamento,
u.e.’s [908] e [1000]. Estes aterros e o derrube são compostos por argamassas com pinturas a
fresco, fragmentos de aparelho da anterior parede Norte da ermida e azulejos enxaquetados de
monocromáticos, que formam composições geométricas, cujos elementos azulejares
apresentam diferentes colorações (verde manganês, azul turquesa e branco). Estes azulejos
poderão corresponder a restos do programa decorativo anteriormente existentes neste espaço
religioso antes do terramoto.

Foi identificado, in situ, um pavimento em tijoleira, a u.e. [909], em mau estado de conservação,
que poderá equivaler à última fase de pavimentação anterior a 1755.

Para além destas realidades foi descoberto, in situ, uma fiada de azulejos enxaquetados
monocromáticos de coloração verde e branca (u.e [918]), identificada na parede Norte e Este
da Ermida de Santo António. Estes deverão corresponder à mesma época dos azulejos do
século XVI presentes no nicho (depósito para galhetas), localizados junto ao altar, na parede
Sul da Capela-mor. Assim, é possível explicar a baixa cota a que estes últimos se encontravam
antes do acompanhamento arqueológico.

11
Cuja Leitura é: “ (…) SEU SUCESSOR ESTA IGREJA SE ARRUINOU, E CAHIO: E NO-ANNO DE
1(7)89 / A MANDOU REEDIFICAR, SEU 6TO NETO, SIMÃO NETO PEREIRA PATO DE / NOVAIS
PIMENTEL, CAVALEIRO PROFESSO NA ORDEM DE CHRISTO (…)”

16
Fig.6 – Aspecto dos azulejos enxaquetados identificados in situ e do derrube constatado junto a estes azulejos.
Fotografia: Liliana Campeão dos Santos.

É de salientar que o espaço religioso sofreu diferentes campanhas de obras anteriores ao


terramoto de 1755, uma no final do século XVI e outra nos anos 40 do século XVIII. A primeira
efectuou-se em 1590, quando é mandado fazer um oratório por D. Francisca Rodrigues,
casada com Duarte Rodrigues Pimentel. A segunda foi realizada no ano de 1744, altura em
que o mesmo espaço religioso foi reformado e acrescentado, por iniciativa de Francisco Novais
Casado Pimentel de Faria e Cerveira. Assim, a fiada de azulejos enxaquetados identificados in
situ, poderá inscrever-se numa das campanhas de obras referidas anteriormente.

Há ainda a mencionar que na parede Norte da ermida, por detrás dos azulejos enxaquetados,
foi identificado outro programa decorativo anterior aos referidos azulejos. Este programa é
composto por pinturas a fresco policromas sobre argamassa, cuja coloração varia entre o ocre,
laranja avermelhado, o amarelo, castanho e preto.

17
Fig.7 - Fragmentos de argamassa com pintura a fresco, onde predomina a coloração ocre e amarela. Apresentam
motivos florais e vegetalistas e geométricos (linhas e círculos).

Sabemos também que no final do século XVIII, em 1789, esta ermida foi reedificada por
Simões Novais Pimentel, não chegando este proprietário a finalizar as obras neste local.

Após se atingir a cota de 50 centímetros, propostos para o rebaixamento do piso, e depois da


identificação da unidade estratigráfica [1000], procedeu-se ao início da sondagem de
diagnóstico no mesmo local onde se identificaram os azulejos enxaquetados, a Nordeste da
Ermida de Santo António.

18
4.2. Sondagem de Diagnóstico na Ermida de Santo António: A
Identificação de uma Necrópole Cristã

O enigma da morte desperta nas sociedades humanas modos diferentes de lidar com a
ausência. É através de rituais funerários, que marcaram diferentes épocas, que se percebe a
convivência de uma sociedade com o fim da vida (FABIÃO, 2008, 4).

Na época cristã, a partir da Idade Média, os enterramentos eram realizados no interior e ao


redor dos templos religiosos, na esperança de ressurreição e de evitar influências diabólicas
sobre os mortos (Requievit in Pace - Descanse em Paz -, expressão usada pelo Cristianismo).

Os livros de óbitos, fontes patrimoniais preciosas na imortalização das gentes do passado,


constituem hoje valiosos recursos na construção da história local. Através destes, Pôde-se
averiguar as diferentes necrópoles que desde o século XVI existiram na antiga Vila de Aldeia
Galega do Ribatejo:

Anos Necrópoles

• Ermida de São Sebastião (interior, adro e


nas imediações);
De 1500 a 1600 • Igreja Matriz do Espírito Santo (interior,
adro e nas imediações);
• Igreja da Misericórdia (interior e adro);
• Ermida de Santo António (interior);
• Igreja de São Tiago da Póvoa (interior);

• Igreja Matriz do Espírito Santo (interior,


adro e nas imediações);
• Igreja da Misericórdia (interior e adro);
• Ermida de Nossa Senhora da Graça dos
De 1600 a 1700 Agostinhos (interior);
• Ermida de Santo António (interior);
• Ermida de Nossa Senhora da Atalaia
(interior);
• Ermida de São Sebastião (interior, adro e
nas imediações);
• Igreja de São Jorge de Sarilhos Grandes;
• Cemitério da Misericórdia (a partir de
1689);
• Igreja de São Tiago da Póvoa (adro e
interior);

• Igreja Matriz do Espírito Santo (interior,


adro e nas imediações);
• Igreja da Misericórdia (interior e adro);
• Cemitério da Misericórdia;
• Ermida de Santo António (interior);
De 1700 a 1800

19
• Ermida de Nossa Senhora da Atalaia
(interior e adro);
• Ermida de São Sebastião (interior, adro e
nas imediações);
• Recolhimento/Hospício de Nossa
Senhora da Conceição e Igreja do mesmo
recolhimento (orago a Senhor Jesus dos
Aflitos) – a partir de 1736 – (interior e no
cemitério);

• Igreja Matriz do Espírito Santo (interior,


adro e nas imediações) – até 1856;
• Igreja da Misericórdia (interior e adro) –
De 1800 a 1900 até 1840;
• Cemitério da Misericórdia – até 1844.
• Adro da Igreja de São Sebastião – até
1852.
• Cemitério público de São Sebastião – a
12
partir de 1833 até aos nossos dias.

Em Aldeia Galega do Ribatejo (actual Montijo) apesar de se continuar a utilizar os espaços


religiosos como locais funerários até 1852, é no século XVII que surge o primeiro cemitério
desta região, obra da Santa Casa da Misericórdia (ALEIXO, 1999, 11) e, mais tarde, na
segunda metade do século XVIII, o cemitério do Recolhimento/Hospício de Nossa Senhora da
Conceição, anteriormente, existente no Bairro dos Pescadores.

“ (…) Aos seis de Maio de Seis centos e oitenta e nove sepultaram


A. Marcos que casualmente se afogou no cais desta Villa (…)
criado de Álvaro Roiz filho de António Gomes e de Anna
Domingues de freguesia de Samtiago (…) morto terá treze ou
quatorze annos está sepultado no semitério da Misericórdia
13
(…)”.

sa
“(…)A Madre Maria Madalena recolhida no Recolhimento de n.
ra
Sen. da Conceição desta Villa (…) tendo recebido todos os
sacramentos jaz sepultada no cemitério do mesmo Recolhimento
tendo falecido em seis de Agosto de mil sete centos setenta e sete
14
(…)”

12
A uniformização dos enterramentos no cemitério público de Aldeia Galega do Ribatejo, dá-se em 1856.
Descrição usual identificada: “Aos nove dias do mez de Agosto de oitocentos e cincoenta e seis, nesta
Freg.ª do Espírito Santo de Aldegalega do Ribatejo faleceo Margarida Ignacia = menor = com 10 annos de
idade, filha de Manoel de Gouveia Palpita e de Maria Joze da Piedade moradores nesta Villa. E para
constar fiz este termo e assignei (…)”. Arquivo Distrital de Setúbal. Registos Paroquiais de Aldeia Galega
do Ribatejo. Livro de Óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo n.º 2/7. Folha 225.
13
Arquivo Distrital de Setúbal. Registos Paroquiais de Aldeia Galega do Ribatejo. Livro de óbitos de
Aldeia Galega do Ribatejo. 1688-1728, Folha 6 (frente).
14
Arquivo Distrital de Setúbal. Registos Paroquiais de Aldeia Galega do Ribatejo. Livro de óbitos de
Aldeia Galega do Ribatejo.1760-1795, Folha 85 (frente).

20
O cemitério público municipal veio a criar-se só no primeiro quartel do século XIX, à
semelhança da maior parte das regiões de Portugal. Esta prática foi preconizada pelos
diferentes alvarás e decretos que exigiam o abandono da prática funerária no interior dos locais
15
de culto religioso por questões de saúde pública (RAPOSO, 1995, 27), tornando-se até “ (…)
expressamente proibido enterrar os mortos dentro de qualquer igreja, ou capela da freguesia,
ou concelho, onde houver cemitério público (…)” (SERRÃO, 1992, 403).

À luz dos registos escritos, referidos anteriormente, foi possível reunir todos os enterramentos
sepultados no interior da Ermida de Santo António. Estes contam com cerca de 69 inumações
(lista em anexo), que incluíam não só os instituidores da Quinta do Pátio d’ Água e seus
descendentes, mas também outras pessoas que estavam, de alguma forma, ligadas à família,
como eram os criados e escravos que trabalhavam na quinta.

A realização de uma sondagem de diagnóstico na ermida teve como principais objectivos


confirmar a existência de uma necrópole no seu interior, estabelecer – através de diferentes
indicadores – os limites cronológicos da utilização da ermida como espaço sepulcral,
caracterizar as respectivas práticas de enterramento efectuadas no seu interior, caracterizar o
tipo de população que foi enterrada no seu interior e verificar o potencial estratigráfico do local.

Previamente ao inicio dos trabalhos, foi realizado o levantamento topográfico deste local e
adoptada uma quadriculagem de um metro por um metro, em toda a zona interior. Foi aberta,
numa primeira fase, uma sondagem no quadrante Nordeste da ermida, com sensivelmente dois
metros por dois metros, nas quadrículas I2, I3, J2, J3 e K3, e, numa segunda fase, após o
alargamento da sondagem inicial, para mais dois metros quadrados, nas quadrículas H2 e H3.

No plano 1, foram identificados várias realidades estratigráficas com características de aterro.


Embora a unidade estratigráfica [1000] se destaque das restantes realidades observadas neste
plano devido às suas características, a mesma poderá ser um derrube, pois manifesta a
presença muito frequente de fragmentos de argamassa de coloração castanha clara,
proveniente de paredes, ladrilho, cerâmica de construção e azulejos enxaquetados
monocromáticos e fragmentos de argamassa com pintura a fresco, idênticos aos observados
na zona inferior da parede Norte da ermida, por detrás dos azulejos, in situ, identificados no
acompanhamento do Sector 3. Coloca-se a possibilidade deste derrube ser consequente do
terramoto de 1755, cujos registos escritos e materiais confirmam que afectou este espaço
religioso.

Antes da definição do plano 2, foi identificado na unidade estratigráfica [1001] um ceitil de D.


Afonso V (1438-1481), um alfinete, fragmentos de azulejos, fragmentos de cerâmica de
construção, espólio osteológico solto e fragmentos de argamassa com pinturas a fresco. Esta

15
Alvarás de 27 de Março de 1805 e de 15 de Outubro de 1806; Decretos de 21 de Setembro de 1835 e
de 18 de Setembro de 1844.

21
unidade é composta por um depósito de características sedimentares arenosas de coloração
castanho-escuro que se estendia junto à parede Norte da ermida. Trata-se de um nível de
aterro, justificando-se, desta forma, a presença de um numisma do século XV, de espólio
osteológico humano solto e de um alfinete.

Aquando da definição do segundo plano, verificámos a existência do alicerce de fundação do


pilar Norte do arco que separa a nave da ermida da capela-mor (u.e. [1008]), e a respectiva
vala de fundação (u.e. [1004]). Pôde-se constatar, através da análise do aparelho construtivo
desta estrutura de alvenaria de pedra e tijolo, que existiram duas fases construtivas. Uma mais
antiga, constituída por aparelho de alvenaria de pedra calcária ligada por argamassa de areia e
cal, de coloração amarelada e outra mais recente, composta por aparelho de alvenaria de tijolo,
sem furos, ligados por argamassa de areia e cal de coloração amarelada com a inclusão de
fragmentos de azulejos enxaquetados, com características de aterro. Esta última fase
construtiva poderá ser posterior ao século XVIII, consequência da necessidade de elevar a cota
de todo o edifício. Os fragmentos de azulejos enxaquetados intercalados na segunda fase do
aparelho deste alicerce confirmam o reaproveitamento destes para esta fase construtiva.

Ressalta-se também, neste plano, na quadricula J3, um depósito sedimentar de características


arenosas, de grão fino, bastante solto, com inclusão de cal e argamassa de coloração branca
(u.e. [1012]). Este estrato permaneceu nos planos n.º 3 e 4 e estendeu-se para as quadrículas
I3, J2, H2 e H3.

No plano n.º 3 identificou-se um nível de pavimento em tijoleira, a u.e. [1011] e, associado a


este, uma estrutura positiva bastante consolidada, de superfície medianamente regular,
constituída por argamassa de areia e cal, de coloração branca, com laivos de coloração
amarelada, a u.e. [1016].

Atendendo às realidades descritas, é a partir do plano n.º 4 que se esclarecem as unidades


estratigráficas observadas anteriormente, pois compreende-se que a unidade de cal, u.e.
[1012], e a unidade de argamassa, u.e. [1016], estão associadas ao pavimento em tijoleira
detectado no plano anterior. Este é constituído por tijoleira de forma rectangular (17 cm x 14
cm), com disposição irregular.

No limite Sul das quadrículas I3 e J3, foram recolhidas tijoleiras no sentido Sul-Norte e
Sudeste-Noroeste. No limite Nordeste da quadrícula J2, aparenta ter sido disposto no sentido
Oeste-Este e está bastante destruído.

Durante a escavação do plano n.º 3, detectou-se a presença de um interface negativo, apenas


definido no plano n.º 5, que afectou a totalidade da área da sondagem. Este é o responsável
s
pela destruição do pavimento em tijoleira e das inumações primárias n.º 1, 2 e 3, detectadas
no plano n.º 6. Esta vala parece ter sido realizada para se proceder à inumação do
enterramento n.º 4, único que se apresentava completo.

22
Todos os enterramentos referidos anteriormente, correspondem a indivíduos não adultos, com
orientação cristã, à excepção do enterramento n.º 3, localizado no limite sul da quadricula J2, a
cerca de 30 centímetros de distancia do enterramento n.º 2, que se tratava de um individuo em
estado fetal, com cerca de 7 a 8 meses lunares, e cuja orientação era Este-Oeste.

O enterramento n.º 1 encontrava-se localizado nas quadrículas J2 e K2 e não estava completo.


Verificou-se a ausência do crânio, da mandíbula e de algumas vértebras cervicais,
possivelmente cortadas aquando da abertura da vala referida. Corresponde a uma inumação
de um indivíduo não adulto, que teria cerca de 4 a 6 anos de idade na altura da morte. Foi
identificada no enchimento deste enterramento, na unidade estratigráfica [1034], à esquerda do
fémur esquerdo, a ocorrência de um ceitil de D. Manuel I (1495-1521). No estudo antropológico
realizado no terreno e no laboratório, foi possível verificar uma alteração da extremidade distal
da diáfise do úmero direito, provocada, possivelmente, por uma fractura, que posteriormente
desenvolveu uma infecção activa na altura da morte.

À cota do enterramento n.º 3, mas sem ligação com o mesmo, detectou-se o enterramento n.º
2, uma criança, que teria entre 6 a 18 meses de idade na altura da morte que, à semelhança da
inumação primária 1, também foi cortada pela vala do enterramento n.º 4. Desta inumação
primária restaram apenas os membros inferiores, parte do coxal direito (ischium e púbis), o
coxal esquedo (ischium, ilium e púbis) e o sacro.

O plano de escavação n.º 6 regista desde logo diversas situações que implicam o alargamento
da área intervencionada, com o afloramento do enterramento n.º 4 e do ossário n.º 1 no limite
Oeste da sondagem.

O enterramento n.º 4 corresponde à inumação mais recente detectada na sondagem de


diagnóstico. Este equivale a um indivíduo não adulto que baixou à terra quando tinha cerca de
10 anos de idade. Foi processado o alargamento da sondagem para as quadrículas H2 e H3,
após a detecção deste enterramento, pois na quadrícula I2 apenas se observavam os
membros inferiores e o coxal deste indivíduo. Após o alargamento e a sua definição, verificou-
se que o ritual funerário deste este diferia dos restantes, pois detectou-se a utilização de cal
viva sobre este indivíduo aquando da sua deposição, e nas zonas adjacentes a este. Este
processo era recorrente em Portugal nas épocas modernas e contemporâneas, não só, devido
à necessidade de higienização do espaço interior das Igrejas, relacionado com enfermidades e
pestes existentes nos defuntos, mas também, para permitir a aceleração da decomposição dos
corpos. Este elemento (CaO), ao entrar em contacto com tecidos moles tem a capacidade de
os destruir, através de uma reacção química provocada pela desidratação destes. No entanto,
não foram identificados quaisquer indícios de patologias neste infante durante o estudo
antropológico efectuado.

23
Fig.8 – Fotografia em plano do Enterramento n.º 4. Fotografia: Mara Antunes.

Para além das inumações primárias referidas, no plano n.º 6, foram detectados vestígios de
inumações anteriores, ossário n.º 1, pelo menos cinco indivíduos, dois adultos e três não
adultos. Este ossário foi exumado no limite Norte das quadrículas H2, I2 e J2. O seu limite
Oeste foi definido apenas no plano n.º 11, devido ao alargamento da sondagem para as
quadrículas H2 e H3.

A vala realizada para a deposição do enterramento n.º 4 foi cheia por dois níveis de aterro.
Primeiramente pela u.e. [1010], onde se identificaram dois ceitis de D. João IV (1640-1656) e,
posteriormente, pela u.e. [1013], que corresponde ao enchimento do ossário e do enterramento
n.º 4.

16
No enchimento do ossário, u.e [1013], foram descobertas diferentes contas de rosário , vários
alfinetes – que talvez tenham servido para prender os diferentes sudários que envolviam as
inumações anteriores –, fragmentos de cachimbo em caulino seiscentistas e setecentistas (de
fabrico Inglês) e uma panela em cerâmica comum da época Moderna.

16
Foram detectadas contas em osso, marfim e vidro com dimensões diversas, algumas das quais com ou
sem decoração.

24
Fig.9 – Panela em cerâmica comum identificada na Sondagem 1, junto ao ossário. Fotografia: Liliana Campeão dos
Santos.

Parece-nos que a constituição do ossário n.º 1, que se estabelece a Norte e a uma cota
semelhante ao enterramento n.º 4, se deu no momento da deposição do enterramento referido.

Muito perto do prazo previsto para a finalização dos trabalhos, a equipa de acordo com as
directivas recebidas pelo IGESPAR, I.P., optou por realizar apenas a escavação na quadrícula
J3.

No plano n.º 13 aflorou um novo enterramento – um infante (enterramento n.º 8), muito
incompleto e destruído, possivelmente, pelo enterramento n.º 4. Este teria, na altura da morte,
entre os 3 a 9 meses de idade e encontrava-se localizado no limite a Norte das quadrículas I3 e
J3, realizando-se, por esta razão, o alargamento da micro-sondagem para a quadrícula I3.
Apenas foi possível observar o crânio (completo), vértebras, costelas, coxal, membros
superiores e inferiores do lado direito do esqueleto. Da análise patológica efectuada no campo,
foi possível observar periostite activa (inflamação da membrana externa do osso), no membro
superior direito, nas 2.ª e 3.ª costelas direitas, na base occipital e no osso temporal direito.

Descrição mais detalhada merece um indivíduo adulto, do sexo masculino (enterramento n.º 9),
com mais de 50 anos de idade, que não terá tido uma vida fácil – o estudo antropológico
detectou-lhe patologias oral, articular e não articular. Este encontrava-se depositado nas
quadrículas I3 e J3 e, à semelhança do anterior, também não se encontrava completo na altura
da exumação, pois foi cortado possivelmente quando o enterramento n.º 8 desceu à terra.
Apresentava apenas o lado direito do esqueleto e os dois pés. O indivíduo foi possivelmente,
envolto em sudário e inumado directamente no subsolo, pois foi identificado aquando da
exumação deste enterramento (no enchimento), um alfinete em liga de cobre (objecto utilizado
para prender o sudário). A sondagem finalizou com o levantamento desta inumação primária.

25
Fig.10 – Esquema geral dos enterramentos e do ossário identificados na sondagem de diagnóstico efectuada no
interior da Ermida de Santo António. Desenhos: Liliana Campeão dos Santos e Mara Antunes. Grafismo: Liliana
Campeão dos Santos.

Fig.11 – Numismas identificados na Sondagem de diagnóstico efectuada no interior da Ermida de Santo António. 1-
Ceitil de D. Afonso V. A/ Ilegível. Castelo sobre mar de ondas contínuas (?). R/ Escudo de Portugal. Legenda: . REX
[…]; 2 – Real e Meio de D. João IV. A/ Acrupas de Reais. Legenda: IOANNES IIII DG REX PORTU - ‘,-. R/ REX XVIII;
no campo, a indicação do valor: 1 ½; 3 – Ceitil de D. Manuel I. A/ Castelo sobre mar de ondas contínuas. Legenda: +
I.EMAN […]. R/ Escudo de Portugal Legenda: + I. EM […]; 4 – Ceitil de D. Afonso V. A/ Castelo com torreões sem
ameias sobre o mar de ondas soltas (?). Legenda: […]; R/ Escudo de Portugal. Legenda: : PORT […]; 5 – Real e Meio
de D. João IV. A/ Armas reais. Legenda: IO[NA]NES III[I DG RE]X PORTUGALI. R/ R[E]X XVIII; no campo, a marca de
valor 1 ½..

26
5. BREVE CONSIDERAÇÃO SOBRE O CONJUNTO ARTEFACTUAL

Os materiais arqueológicos identificados no âmbito da sondagem de diagnóstico efectuada no


interior da Ermida de Santo António, contam com várias contas de rosário em marfim, osso e
vidro, com e sem decoração, uma mola de colar, 5 numismas, vários alfinetes, 1 colchete, uma
panela em cerâmica comum, fragmentos de azulejos enxaquetados, fragmentos de cerâmica
de construção (ladrilho em tijoleira), fragmentos de pratos em faiança e fragmentos de uma
taça em vidro (estas duas últimas tipologias, de pequena dimensão e pouco significativas).

Fig.12 – Amostra de algumas contas de rosário em osso, marfim e vidro e de elementos de cruz identificadas na
Sondagem 1 (enchimento do ossário n.º 1).

Os restantes materiais arqueológicos foram recolhidos, em contexto de revolvimento, durante o


acompanhamento arqueológico, constituídos, maioritariamente, por:

- Fragmentos de cerâmica comum onde predominam as formas de panelas, de alguidares e de


bilhas; fragmentos de cerâmica vidrada, com escorridos melados e a verde melado, onde
predominam as formas de alguidares, panelas e pratos;

27
Fig.13 – Fragmentos de cerâmica comum e vidrada. 1 – Fragmento de bordo e pega de frigideira; 2 – Fragmento de
bordo e bojo de alguidar em cerâmica vidrada; 3 – Fragmento de bojo de jarrão em cerâmica vidrada, apresenta
decoração vidrada a melado e verde-manganês; 4 – Fragmento de testo em cerâmica comum; 5 – Fragmento de fundo
de taça em cerâmica comum; 6 – Fragmento de taça, com pé em anel, de cerâmica vidrada, apresenta na superfície
interior vidrado melado e no exterior vidrado de coloração castanho.

- Fragmentos de faianças dos séculos XVII e XVIII, com decoração em semicírculos, florais,
tipo “contas” e de linhas contíguas, em azul de cobalto e vinhático, onde predominam as
formas de pratos, taças e alguidares;

Fig.14 – Fragmentos de faiança com decoração em azul de cobalto. 1 – Fragmento de fundo e arranque da parede de
prato, apresenta duas linhas contíguas em azul de cobalto; 2, 5 e 9 – Fragmentos de bordo de taças com decoração
tipo contas policroma (azul de cobalto e vinhatico); 3, 4 e 7 – Fragmentos de pratos com decoração de semicírculos em

28
azul de cobalto; Fragmento de fundo de taça, apresenta uma linha contígua fechada, ao centro uma cruz, rematada
com pequenas linhas curvas em azul de cobalto; 8 – Fragmento de fundo de prato com decoração tipo “renda” que
preenche o centro do prato, rematado por cinco linhas contíguas em azul de cobalto; 10 – Fragmento de bordo de prato
com decoração em vinhático; 11 e 13 – Fragmentos de paredes de prato em azul de cobalto, com decoração em linhas
rectas e ondulantes; 12 – Fragmento de fundo de prato com decoração floral em azul de cobalto.

- Fragmentos de cerâmica contemporânea onde predominam as formas de pratos e taças; e


fragmentos de vidro de diferentes colorações.

Fig.15 – Fragmentos de vidro. Peças 1, 2, 3 e 5: fragmentos de garrafas (gargalo). A peça 3 apresenta vidro azul-
cobalto; Peças 4 e 6: fragmento de fundo de taça em vidro incolor; Peças 7: fragmento de tampa em vidro verde-
garrafa.

No âmbito do acompanhamento foi identificado, ainda, um machado em ferro, um numisma do


reinado de D. João V (1706-1750) e um botão com decoração, na vala n.º 4.

Fig.16 - Dez réis, D. João V. A/ Armas reais. Legenda: IOANNES.V.DEI.GRATIA. R/ PORTUGALLAE.ET.


ALGARBIORUM.REX; no campo, entre dois florões, a marca de valor X e a data 1736.

29
Também foram descobertos, no acompanhamento do interior da Ermida de Santo António,
fragmentos de argamassa com pintura a fresco, com motivos vegetalistas e florais, fragmentos
de cachimbos em caulino, com e sem decoração.

Os materiais recolhidos encontram-se em depósito no Museu Municipal do Montijo, tendo-se


procedido à sua lavagem, à sua marcação e ao seu estudo através da sua inventariação.

30
6. Considerações Finais

Como foi atrás referido, durante o acompanhamento arqueológico realizado no exterior foram
descobertas estruturas no pátio Sul da quinta que estavam provavelmente associadas a
anteriores construções ai existentes que poderão remontar aos séculos XVI ou XVII.

É de destacar o acompanhamento arqueológico efectuado no sector 3 (Ermida de Santo


António) que revelou resultados inéditos para a história desta ermida. A descoberta do
pavimento, possivelmente correspondente à penúltima fase de pavimentação deste local, dos
azulejos enxaquetados identificados in situ, restos do programa decorativo do século XVI, e
das pinturas a fresco sobre argamassa, identificadas por detrás destes últimos, revelam que
este espaço religioso foi alvo de diferentes campanhas de obras, comprovadas agora
materialmente. Os níveis de aterro e o derrube identificados neste sector dão conta desta
realidade. No derrube e num nível de aterro identificou-se uma grande quantidade de azulejos
de padrão, que talvez tenham correspondido a uma das soluções artísticas deste local.

A sondagem realizada no interior da Ermida de Santo António confirma a utilização deste


espaço como necrópole, bem evidenciada pelos diferentes enterramentos, e um ossário
exumados na zona Nordeste do corpo deste espaço religioso.

Os trabalhos de escavação confirmam os registos escritos sobre este edifício religioso. De


17 18
acordo com os elementos de datação e as fontes escritas disponíveis e, apesar de alguns
numismas terem sido identificados em contexto de aterro devido ao espaço ter sido alvo de
constante revolvimento de terras, podemos indicar que a utilização desta necrópole se poderá
balizar, pelo menos, entre a segunda metade do século XV e o final do século XVIII.

Tendo em conta os poucos elementos recolhidos nesta intervenção e fazendo a ponte com
outros trabalhos do mesmo género realizados em necrópoles do distrito de Setúbal, podemos
referir, com algumas reservas que, o ritual funerário praticado nesta ermida era realizado
através do envolvimento de sudário no corpo falecido, preso, por sua vez, com alfinetes de liga
de cobre e enterrado directamente no subsolo, em covaxo simples. Em relação aos objectos
associados ao ritual, não foram encontrados objectos in situ. Este facto justifica-se porque as
19
necrópoles deste período são locais com estratigrafias complexas e em constante alteração
explicando-se, desta forma, apenas a descoberta de numismas e contas de rosário em

17
Numismas dos reinados de D. Afonso V, D. Manuel I e D. João IV.
18
Arquivo Distrital de Setúbal. Registos Paroquiais de Aldeia Galega do Ribatejo. Os primeiros
enterramentos registados na década de 70 do século XVI e os últimos nos anos 40 do século
XVIII.
19
Sempre que alguém falecia era aberta nova vala para proceder ao respectivo enterramento, processo
que, muitas vezes, provocava a destruição de outras inumações.

31
contexto de revolvimento, provavelmente, associadas a anteriores enterramentos dispostos
neste local.

Dos seis enterramentos e ossário reconhecidos, pode-se retirar uma mínima análise do que
seria a população de Aldeia Galega do Ribatejo na Idade Moderna. No entanto é de salientar o
número elevado de infantes reconhecidos nesta intervenção, bem como, atendendo aos
registos dos diferentes enterramentos, esta necrópole tinha, possivelmente, uma utilização de
cariz privado.

Não foi possível, lamentavelmente, escavar até ao nível geológico e assim permitir apurar todo
o potencial arqueológico do local. Pois a sua realização obrigaria ao prolongamento dos
trabalhos muito para além dos prazos acordados com o dono da obra. Dado terem sido
detectados mais enterramentos que não foram postos a descoberto, importava salvaguardar
esta área da necrópole, permitindo assim, no futuro próximo, uma nova investigação neste
sítio.

Atendendo à descoberta da necrópole e dos novos elementos artísticos referidos, decidiu-se


que as obras de beneficiação e de conservação e restauro do interior da Ermida de Santo
António, anteriormente previstas para este local, seriam realizadas no âmbito do futuro projecto
a desenvolver neste sítio arqueológico, o qual incluirá a escavação integral da necrópole.

Um estudo aprofundado e metodologicamente orientado neste local irá permitir a


caracterização histórica, a determinação das diferentes fases de reconstrução, a organização
espacial da necrópole, o estudo da população que aqui foi sepultada (idade, doenças, dieta e
cultura) e assim contribuir para o conhecimento do património histórico do concelho do Montijo.

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer ao Museu Monográfico de Conímbriga pelo restauro realizado aos


diferentes numismas provenientes desta investigação e, em especial, ao Dr. Jorge Ruivo pela
classificação dos numismas aqui apresentados.

32
7. Levantamentos dos Enterramentos realizados na Ermida de Santo
António: Registos Paroquiais de Aldeia Galega do Ribatejo20

Rolo 160 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo (Livro 1/1)

Maria Antunes (mulher de António Roiz) – 13 de Outubro de 1571 – enterrada dentro de Santo
António.

Folha 287 (verso)


Pêro Varella de (…) – de Julho de 1572 – está enterrado em Santo António.

Folha 288 (verso)


Álvaro de Meyra – 8 de Outubro de 1574 – enterrado em Santo António.

(…) – 19 de Abril de 1574 – enterrado em Santo António.

Folha 289 (frente)


Joana (escrava de João Gomes de Figueiredo) – 6 de Abril de 1574 – enterrada em Santo
António.

Folha 300 (verso)


Fernando (escravo de Duarte Roiz) – 10 de Fevereiro de 1576 – está enterrado na Capela de
Santo António)

Jordão (escravo de Duarte Roiz) – 28 de Julho de 1576 – está enterrado em Santo António.

Folha 301 (verso)


Isabel Roiz (sogra de Fernão Roiz) – 28 de Maio de 1577 – está enterrada na Capela de Santo
António.

Folha 303 (frente)


Andresa (escrava de Duarte Roiz) – 8 de Outubro de 1577 – está enterrada na Capela de
Santo António.

Folha 304 (frente)


Pedro F (…) F (…) – 4 de Agosto de 1578 – está enterrado na Capela de Santo António.

Folha 304 (verso)

20
Arquivo Distrital de Setúbal. Registos Paroquiais de Aldeia Galega do Ribatejo. Microfilmes (Rolo 160,
161, 172 e 173.

33
Graça Roiz (mulher de Jorge Roiz) – 5 de Agosto de 1578 – enterrada dentro da Capella de
Santo António com o seu pai.

Folha 305 (frente)


Francisco Roiz – 19 de Maio de 1579 – está enterrado dentro da Ermida de Santo António.

Folha 307 (verso)


Duarte Roiz Pimentel – 27 de Setembro de 1580 – está enterrado na Capela de Santo António
na capela na sua própria sepultura.

Francisca Roiz (mulher de Duarte Roiz Pimentel) – 1 de Julho de 1597 – enterrada na Ermida
de Santo António junto ao altar com as suas filhas e marido.

Catarina Roiz – 15 de Fevereiro de 1598 – enterrada dentro na Ermida de Santo António.

Maria (…): a Palmelloa – 19 de Julho de 1598 – enterrada na Ermida de Santo António.

Amador F (...) – 7 de Julho de 1605 – enterrado em Santo António.

Pedro Afonso (pescador) – 21 de Agosto de 1605 – enterrado na Ermida de Santo António.

Manuel Luís – 8 de Novembro de 1605 – enterrado na Ermida de Santo António.

António (…) – 11 de Maio de 1606 – enterrado na Ermida de Santo António.

Folha 272 (verso)


Joana Fragosa (mulher de Nuno Ramais Pimentel) – 16 de Abril de 1607 – enterrada na
Ermida de Santo António.

Folha 274 (frente)


Margarida Roiz (mulher de Rodrigo Roiz: sapateiro) – 29 de Janeiro de 1608 – enterrada dentro
na Ermida de Santo António.

Folha 274 (verso)


António (filho de Fernão Roiz: Pescador) – 28 de Abril de 1608 – está enterrado em Santo
António.

Rolo 160 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 1610 até 1639 (Livro 1/2)

34
Folha 121 (frente)
Maria da Costa (mulher de José Roiz) – 3 de Fevereiro de 1610 – está enterrada na Ermida de
Santo António desta Villa.

Pedro Gonçalves (alcunha pé de boi) – 1 de Janeiro de 1611 – está enterrado na Ermida de


Santo António.

Domingos F (veio para esta villa do Rego da Amoreira, homem de Maria do Rego) – 8 de
Janeiro de 1611 – está enterrado em Santo António.

Folha 122 (verso)


Salvador Soares Tomé (natural desta Villa) – 5 de Agosto de 1612 – está enterrado na Ermida
de Santo António.

Folha 123 (verso)


Bastião Francisco (carregador para os moinhos) – 4 de Junho de 1613 – está enterrado na
Ermida de Santo António.

Guiomar Lopes (mulher de Manoel de Rebelo) – 14 de Julho de 1613 – está enterrada na


Ermida de Santo António.

Fernão Roiz Pimentel – 13 de Dezembro de 1613 – está sepultado na Ermida de Santo


António. Testamento.

Folha 125 (verso)


Catarina (filha mais velha de Nuno Pimentel) – 6 de Novembro de 1616 – está enterrada na
Ermida de Santo António.

Folha 126 (frente)


Francisco Roiz – 22 de Junho de 1617 – foi enterrado na Ermida de Santo António.

A(…) Gomes (mulher de Fernão Roiz: o pescador) – 28 de Junho de 1617 – está enterrada em
Santo António.

Folha 126 (verso)


João Roiz – 29 de Julho de 1617 – está enterrado na Ermida de Santo António.

Folha 129 (verso)

35
Catarina Mendes (filha de … Roiz Pimentel e … Pimentel) – 20 de Agosto de 1622 – está
enterrada na Capela de Santo António.

Folha 134 (frente)


Maria (…) – 29 de Setembro de 1625 – está enterrada em Santo António.

Folha 138 (verso)


(…) da Silva (filho de Violante da Costa) – 2 de Novembro de 1630 – está enterrado em Santo
António.

Fernão Roiz (pescador) – 5 de Maio de 1631 – está enterrado em Santo António.

Folha 172 (verso)


Maria da Veiga (mulher de Sebastião Neto) – 3 de Junho de 1639 – está enterrada em Santo
António.

Rolo 160 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 1610 até 1639 (Livro 1/3)

Folha 122 (frente)


Nuno Novaes Pimentel – 11 de Agosto de 1651 – enterrado na Ermida de Santo António.

Folha 129 (verso)


Micaela de Almeida – 26 de Agosto de 1651 – na Igreja de Santo António.

Folha 130 (verso)


Maria Roiz (mulher Manuel Roiz: o gago) – 22 de Junho de 1651 – jaz em Santo António desta
Vila.

Folha 139 (verso)


Pedro Duarte Pimentel – 29 de Março de 1658 – jaz sepultado na Ermida de Santo António
desta Vila no canto Este da Capela -mor da dita Igreja.

Folha 140 (verso)


João Brás de Freitas – 28 de Janeiro de 1659 – jaz sepultado em a Ermida de Santo António
(…) na capela-mor da dita Ermida.

Rolo 160 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 1662 até 1671 (Livro 2/4): não foram
identificados enterramentos na Ermida de Santo António.

36
Rolo 161 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 1672 até 1687 (Livro 2/5)

Luís Henriques (filho de Salvador Henriques Andrade) – 23 de Abril de 1686 – enterrado na


Ermida de Santo António.

Rolo 172 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 1688 até 1728 (Livro 2/6)

Folha 10 (verso)
Maria Pedrosa (escrava de Francisco Novais) – 9 de Junho de 1691 – está sepultada na
Ermida de Santo António.

Folha 15 (frente)
André Fernandes (filho de Duarte Fernandes: natural da Freguesia de São Sião, Viseu) – 20 de
Novembro de 1692 – faleceu na Quinta do Saldanha, está sepultado na Ermida de Santo
António.

Folha 28 (verso)
Pedro (escravo de Francisco de Novais Casado) – 26 de Fevereiro de 1696 – jaz na Ermida de
Santo António.

Folha 44 (verso)
António (filho de Philipe Morais) – 20 de Setembro de 1696 – jaz em Santo António.

Folha 53 (verso)
Nicolau Henriques (morador de Alcochete) – 18 de Junho de 1698 – jaz na Ermida de Santo
António.

Folha 54 (frente)
Francisco de Novais (casado com Dona Antónia de Faria) – 2 de Agosto de 1698 – veio de
Lisboa para esta Vila em hum caixão o morto defunto (…) jaz na sua Ermida de Santo António
no arrabalde desta Vila.

Folha 59 (verso)
Manuel (filho de Clemente de Faria) – 13 de Junho de 1700 – jaz em Santo António.

Folha 66 (verso)
Dona Antónia de Faria (mulher de Francisco Novais Casado) – 22 de Dezembro de 1702 –
vieram (…) esta vila morto defunto (…) jaz na sua Ermida de Santo António.

37
Folha 67 (verso)
Hjeromina da Silva (que dizia ser casada com Manuel da Silva que vieram de Lisboa para esta
Vila) – 17 de Maio de 1703 – jaz na Ermida de Santo António.

Folha 70
Pedro (escravo de Manuel Nuno de Novais) – 19 de Setembro de 1702 – jaz em Santo António.

Folha 74 (frente)
Pedro Nunes (soldado de ….) – 21 de Junho de 1704 – jaz na Ermida de Santo António.

Folha 90 (frente)
Maria Duarte (casada com Roque Dias) – 21 de Dezembro de 1708 – jaz na Ermida de Santo
António.

Folha 99 (verso)
Miguel Carvalho (carregador do moinho do Saldanha) – 7 de Janeiro de 1712 – jaz na Ermida
de Santo António.

Folha 100 (frente)


Antónia Quaresma (era de Sarilhos Pequenos) – 23 de Maio de 1712 – jaz na ermida de Santo
António.

Folha 109 (frente)


Manuel Nuno de Morais (casado com D. Sebastiana de Novais) – 26 de Maio de 1715 –
faleceu apressadamente (…) jaz na Ermida de Santo António.

Folha 131 (frente)


João Caria – 6 de Dezembro de 1730 – jaz sepultado na Ermida de Santo António.

Folha 174 (verso)


Maria F. da Veiga (casada com António João: o pintor de alcunha) – 1 de Abril de 1724 –
sepultada na Ermida de Santo António.

Folha 183 (frente)


António Roiz (casado com Maria Antunes) – 20 de Janeiro de 1726 – jaz sepultado na Ermida
de Santo António (…) nesta Vila.

38
Folha 187 (verso)
Clemente de Faria (marido de Joana Baptista) – 15 de Dezembro de 1727 – sepultado na
Ermida de Santo António nesta Vila.

Rolo 172 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 1728 a 1761 (Livro 6)

Folha 23 (frente)
Rebela de Jesus (casada com Mateus Lopes) – 28 de Outubro de 1730 – sepultada na Ermida
de Santo António.

Folha 25 (verso)
João António (casado com Luisa Maria) – 4 de Junho de 1730 – jaz sepultado na Ermida de
Santo António.

Folha 33 (verso)
José Cordeiro (casado com Maria Baptista) – 13 de Agosto de 1732 – jaz sepultado na Ermida
de Santo António.

Folha 51 (frente)
Maria (filha de Francisco e da mulher Maria do Carmo) – 31 de Agosto de 1735 – jaz sepultada
em Santo António.

Folha 278 (frente)


Francisco de Novais Casado – 15 de Fevereiro de 1758 – sepultado na sua Ermida de Santo
António.

Rolo 172 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 2 de Dezembro de 1760 a Setembro
de 1795 (Livro 7): não foram identificados enterramentos na Ermida de Santo António.

Rolo 172 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 1 de Outubro de 1795 a 15 de Agosto
de 1806 (Livro 8 – 1/4): não foram identificados enterramentos na Ermida de Santo António.

Rolo 172 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 18 de Agosto de 1806 a 25 de Junho
de 1825 (Livro 9): não foram identificados enterramentos na Ermida de Santo António.

Rolo 172 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 25 de Junho de 1825 a 2 de Junho de
1833 (Livro 10 – 2/6): não foram identificados enterramentos na Ermida de Santo António.

Rolo 172 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 31 de Maio de 1833 a 18 de Maio de
1857 (Livro 2/7): não foram identificados enterramentos na Ermida de Santo António.

39
Rolo 173 – Livro de óbitos de Aldeia Galega do Ribatejo 18 de Maio de 1857 a 28 de
Dezembro de 1869 (Livro 9 - 3/9): não foram identificados enterramentos na Ermida de Santo
António.

40
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45

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