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Apontamentos de Matemática Essencial

Conteúdos abordados neste fascículo

• Conjuntos
• Os números naturais – O conjunto N
• Múltiplos e divisores naturais
• Critérios de divisibilidade em N
• Os números inteiros - o conjunto Z
• Os números racionais - o conjunto Q
• Os números irracionais - o conjunto I
• Uma equação irracional
• O Princípio da Indução
• Número de divisores de um número natural
• Achando o último algarismo
• Compondo equações quadráticas
• Operando com números inteiros: dois problemas interessantes
• Uma potência de potência e uma venda com lucro: dois exercícios simples
• Operando com números inteiros II
• Forma (S,P) de uma equação do segundo grau
• Números congruentes
• Proporcionalidade entre grandezas
• Regra de três composta
• Cuidado com a regra de três
• MDC e MMC
• Sistema de numeração binário
• Sistema de numeração romano
• Potências e radicais - parte I
• Potências e radicais - parte II
• Lógica Matemática I
• Lógica Matemática II
• Lógica Matemática III
• Relações Binárias
• Funções I
• Funções II
• Funções III
• Funções IV
• Uma certa função
• Uma certa classe de funções
• Calcule o valor desta função
• Módulo I
• Módulo II
• Módulo III
• Números congruentes
• Domínio e conjunto imagem de uma função real de variável real

• Trigonometria I
• Trigonometria II
• Trigonometria III

Francisco do Rosário Domingos 1


Apontamentos de Matemática Essencial

• Trigonometria IV
• Trigonometria V
• Trigonometria VI
• Trigonometria VII
• Trigonometria VIII
• Trigonometria IX
• Exercícios Resolvidos de Trigonometria
• Funções Trigonométricas Inversas
• Teorema dos Senos - TS
• Teorema dos Cosenos - TC
• Teorema das Áreas - TA
• Um Produto de Senos e Cosenos
• Dois Problemas de Trigonometria
• Três Exercícios de Trigonometria
• Três círculos tangentes entre si
• Uma soma de senos
• Equações Trigonométricas I
• Equações Trigonométricas II
• Uma torre sob vários ângulos

• Logaritmo
• Exercícios de Logaritmo I
• Exercícios de Logaritmo II
• Exercícios de Logaritmo III
• Noção de cálculo
• Limites
• Derivadas I
• Derivadas II
• Limites de funções - Exercícios I
• Enchendo o tanque
• Geometria Analítica I
• Geometria Analítica II
• Geometria Analítica III
• Geometria Analítica IV
• Geometria Analítica V
• Exercícios de Geometria Analítica
• Elipse
• Hipérbole
• Parábola
• Hipérbole Equilátera
• A excentricidade das cônicas
• Sistema de coordenadas polares
• Sistema Linear
• Sistemas Lineares IV
• Polinómios e equações algébricas
• Produto de Stevin
• Equações recíprocas

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Apontamentos de Matemática Essencial

Conjuntos

A teoria avançada dos conjuntos foi desenvolvida por volta do ano 1872 pelo matemático
alemão Georg Cantor (1845 / 1918) e aperfeiçoada no início do século XX por outros
matemáticos, entre eles, Ernst Zermelo (alemão - 1871/1956), Adolf Fraenkel (alemão - 1891/
1965), Kurt Gödel (austríaco - 1906 /1978), Janos von Newman (húngaro - 1903 /1957), entre
outros.

O que se estuda deste assunto ao nível do segundo grau e exigido em alguns vestibulares, é
tão somente uma introdução elementar à teoria dos conjuntos, base para o desenvolvimento de
temas futuros, a exemplo de relações, funções, análise combinatória, probabilidades, etc

2 - Conjunto: conceito primitivo; não necessita, portanto, de definição.

Exemplo: conjunto dos números pares positivos: P = {2,4,6,8,10,12, ... }.

Esta forma de representar um conjunto, pela enumeração dos seus elementos, chama-se
forma de listagem. O mesmo conjunto também poderia ser representado por uma propriedade
dos seus elementos ou seja, sendo x um elemento qualquer do conjunto P acima, poderíamos
escrever:
P = { x | x é par e positivo } = { 2,4,6, ... }.

2.1 - Relação de pertinência:

Sendo x um elemento do conjunto A , escrevemos x ∈ A,


onde o símbolo ∈ significa "pertence a".
Sendo y um elemento que não pertence ao conjunto A , indicamos esse fato com a notação
y ∉ A.

O conjunto que não possui elementos , é denominado conjunto vazio e representado por φ .
Com o mesmo raciocínio, e opostamente ao conjunto vazio, define-se o conjunto ao qual
pertencem todos os elementos, denominado conjunto universo, representado pelo símbolo U.
Assim é que, pode-se escrever como exemplos:
∅ = { x; x ≠ x} e U = {x; x = x}.

2.2 - Subconjunto

Se todo elemento de um conjunto A também pertence a um conjunto B, então dizemos que


A é subconjunto de B e indicamos isto por A ⊂ B.

Notas:
a) todo conjunto é subconjunto de si próprio. ( A ⊂ A )
b) o conjunto vazio é subconjunto de qualquer conjunto. (∅ ⊂ A)
c) se um conjunto A possui m elementos então ele possui 2m subconjuntos.
d) o conjunto formado por todos os subconjuntos de um conjunto A é denominado
conjunto das partes de A e é indicado por P(A).
Assim, se A = {c, d} , o conjunto das partes de A é dado por P(A) = {φ , {c}, {d}, {c,d}}
e) um subconjunto de A é também denominado parte de A.

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3 - Conjuntos numéricos fundamentais

Entendemos por conjunto numérico, qualquer conjunto cujos elementos são números. Existem
infinitos conjuntos numéricos, entre os quais, os chamados conjuntos numéricos fundamentais,
a saber:

3.1 - Conjunto dos números naturais

N = {0,1,2,3,4,5,6,... }

3.2 - Conjunto dos números inteiros

Z = {..., -4,-3,-2,-1,0,1,2,3,... }
Nota: é evidente que N ⊂ Z.

3.3 - Conjunto dos números racionais

Q = {x | x = p/q com p ∈ Z , q ∈ Z e q ≠ 0 }. (o símbolo | lê-se como "tal que").


Temos então que número racional é aquele que pode ser escrito na forma de uma fração p/q
onde p e q são números inteiros, com o denominador diferente de zero.
Lembre-se que não existe divisão por zero!.
São exemplos de números racionais: 2/3, -3/7, 0,001=1/1000, 0,75=3/4, 0,333... = 1/3,
7 = 7/1, etc.

Notas:
a) é evidente que N ⊂ Z ⊂ Q.
b) toda dízima periódica é um número racional, pois é sempre possível escrever uma dízima
periódica na forma de uma fração.
Exemplo: 0,4444... = 4/9

3.4 - Conjunto dos números irracionais

Q' = {x | x é uma dízima não periódica}. (o símbolo | lê-se como "tal que").
Exemplos de números irracionais:
π = 3,1415926... (número pi = razão entre o comprimento de qualquer circunferência e o seu
diâmetro)
2,01001000100001... (dízima não periódica)
√ 3 = 1,732050807... (raiz não exata).

3.5 - Conjunto dos números reais

R = { x | x é racional ou x é irracional }.

Notas:
a) é óbvio que N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ R
b) Q' ⊂ R
c) um número real é racional ou irracional; não existe outra hipótese!

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4 - Intervalos numéricos

Dados dois números reais p e q, chama-se intervalo a todo conjunto de todos números reais
compreendidos entre p e q , podendo inclusive incluir p e q. Os números p e q são os limites
do
intervalo, sendo a diferença p - q , chamada amplitude do intervalo.
Se o intervalo incluir p e q , o intervalo é fechado e caso contrário, o intervalo é dito aberto.
A tabela abaixo, define os diversos tipos de intervalos.

TIPOS REPRESENTAÇÃO OBSERVAÇÃO


INTERVALO FECHADO [p;q] = {x ∈ R; p ≤ x ≤ inclui os limites p e q
q}
INTERVALO ABERTO (p;q) = { x ∈ R; p < x < exclui os limites p e q
q}
INTERVALO FECHADO A [p;q) = { x ∈ R; p ≤ x < inclui p e exclui q
ESQUERDA q}
INTERVALO FECHADO À (p;q] = {x ∈ R; p < x ≤ exclui p e inclui q
DIREITA q}
INTERVALO SEMI-FECHADO [p;∞ ) = {x ∈ R; x ≥ p} valores maiores ou iguais a p.
INTERVALO SEMI-FECHADO (- ∞ ; q] = { x ∈ R; x ≤ valores menores ou iguais a q.
q}
INTERVALO SEMI-ABERTO (-∞ ; q) = { x ∈ R; x < valores menores do que q.
q}
INTERVALO SEMI-ABERTO (p; ∞ ) = { x > p } valores maiores do que p.

Nota: é fácil observar que o conjunto dos números reais, (o conjunto R) pode ser representado
na forma de intervalo como R = ( -∞ ; + ∞ ).

5 - Operações com conjuntos

5.1 - União ( ∪ )

Dados os conjuntos A e B , define-se o conjunto união A ∪ B = { x; x ∈ A ou x ∈ B}.


Exemplo: {0,1,3} ∪ { 3,4,5 } = { 0,1,3,4,5}. Percebe-se facilmente que o conjunto união
contempla todos os elementos do conjunto A ou do conjunto B.

Propriedades imediatas:
a) A ∪ A = A
b) A ∪ φ = A

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c) A ∪ B = B ∪ A (a união de conjuntos é uma operação comutativa)


d) A ∪ U = U , onde U é o conjunto universo.

5.2 - Interseção ( ∩ )

Dados os conjuntos A e B , define-se o conjunto interseção A ∩ B = {x; x ∈ A e x ∈ B}.


Exemplo: {0,2,4,5} ∩ { 4,6,7} = {4}. Percebe-se facilmente que o conjunto interseção contempla
os elementos que são comuns aos conjuntos A e B.

Propriedades imediatas:
a) A ∩ A = A
b) A ∩ ∅ = ∅
c) A ∩ B = B ∩ A ( a interseção é uma operação comutativa)
d) A ∩ U = A onde U é o conjunto universo.

São importantes também as seguintes propriedades :


P1. A ∩ ( B ∪ C ) = (A ∩ B) ∪ ( A ∩ C) (propriedade distributiva)
P2. A ∪ ( B ∩ C ) = (A ∪ B ) ∩ ( A ∪ C) (propriedade distributiva)
P3. A ∩ (A ∪ B) = A (lei da absorção)
P4. A ∪ (A ∩ B) = A (lei da absorção)
Observação: Se A ∩ B = φ , então dizemos que os conjuntos A e B são Disjuntos.

5.3 - Diferença: A - B = {x ; x ∈ A e x ∉ B}.


Observe que os elementos da diferença são aqueles que pertencem ao primeiro conjunto, mas
não pertencem ao segundo.
Exemplos:
{ 0,5,7} - {0,7,3} = {5}.
{1,2,3,4,5} - {1,2,3} = {4,5}.

Propriedades imediatas:
a) A - φ = A
b) φ - A = φ
c) A - A = ∅
d) A - B ≠ B - A ( a diferença de conjuntos não é uma operação comutativa).

5.3.1 - Complementar de um conjunto


Trata-se de um caso particular da diferença entre dois conjuntos. Assim é , que dados dois
conjuntos A e B, com a condição de que B ⊂ A , a diferença A - B chama-se, neste caso,
complementar de B em relação a A .
Simbologia: CAB = A - B.
Caso particular: O complementar de B em relação ao conjunto universo U, ou seja , U - B ,é
indicado pelo símbolo B' .Observe que o conjunto B' é formado por todos os elementos que não
pertencem ao conjunto B, ou seja:
B' = {x; x ∉ B}. É óbvio, então, que:

a) B ∩ B' = φ
b) B ∪ B' = U

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c) φ' = U
d) U' = φ

6 - Partição de um conjunto
Seja A um conjunto não vazio. Define-se como partição de A, e representa-se por part(A),
qualquer subconjunto do conjunto das partes de A (representado simbolicamente por P(A)),
que satisfaz simultaneamente, às seguintes condições:
1 - nenhuma dos elementos de part(A) é o conjunto vazio.
2 - a interseção de quaisquer dois elementos de part(A) é o conjunto vazio.
3 - a união de todos os elementos de part(A) é igual ao conjunto A.

Exemplo: Seja A = {2, 3, 5}


Os subconjuntos de A serão: {2}, {3}, {5}, {2,3}, {2,5}, {3,5}, {2,3,5}, e o conjunto vazio - Ø.
Assim, o conjunto das partes de A será:
P(A) = { {2}, {3}, {5}, {2,3}, {2,5}, {3,5}, {2,3,5}, Ø }
Vamos tomar, por exemplo, o seguinte subconjunto de P(A):
X = { {2}, {3,5} }
Observe que X é uma partição de A - cuja simbologia é part(A) - pois:
a) nenhum dos elementos de X é Ø .
b) {2} ∩ {3, 5} = Ø
c) {2} U {3, 5} = {2, 3, 5} = A
Sendo observadas as condições 1, 2 e 3 acima, o conjunto X é uma partição do conjunto A.
Observe que Y = { {2,5}, {3} } ; W = { {5}, {2}, {3} }; S = { {3,2}, {5} } são outros exemplos de
partições do conjunto A.

Outro exemplo: o conjunto Y = { {0, 2, 4, 6, 8, ...}, {1, 3, 5, 7, ...} } é uma partição do conjunto Z
dos números inteiros, pois {0, 2, 4, 6, 8, ...} ∩ {1, 3, 5, 7, ...} = Ø e {0, 2, 4, 6, 8, ...} U {1, 3, 5,
7, ...} = Z

7 - Número de elementos da união de dois conjuntos

Sejam A e B dois conjuntos, tais que o número de elementos de A seja n(A) e o número de
elementos de B seja n(B).
Nota: o número de elementos de um conjunto, é também conhecido com cardinal do conjunto.

Representando o número de elementos da interseção A ∩ B por n(A ∩ B) e o número de


elementos da união A ∪ B por n(A ∪ B) , podemos escrever a seguinte fórmula:
n(A ∪ B) = n(A) + n(B) - n(A ∩ B)

8 - Exercícios resolvidos:

1) USP-SP - Depois de n dias de férias, um estudante observa que:


a) choveu 7 vezes, de manhã ou à tarde;
b) quando chove de manhã não chove à tarde;
c) houve 5 tardes sem chuva;
d) houve 6 manhãs sem chuva.
Podemos afirmar então que n é igual a:
a)7
b)8
*c)9

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d)10
e)11

2) 52 pessoas discutem a preferência por dois produtos A e B, entre outros e conclui-se que o
número de pessoas que gostavam de B era:
I - O quádruplo do número de pessoas que gostavam de A e B;
II - O dobro do número de pessoas que gostavam de A;
III - A metade do número de pessoas que não gostavam de A nem de B.
Nestas condições, o número de pessoas que não gostavam dos dois produtos é igual a:
*a)48
b)35
c)36
d)47
e)37

3) UFBA - 35 estudantes estrangeiros vieram ao Brasil. 16 visitaram Manaus; 16, S. Paulo e


11, Salvador. Desses estudantes, 5 visitaram Manaus e Salvador e , desses 5, 3 visitaram
também São Paulo. O número de estudantes que visitaram Manaus ou São Paulo foi:
*a) 29
b) 24
c) 11
d) 8
e) 5

4) FEI/SP - Um teste de literatura, com 5 alternativas em que uma única é verdadeira,


referindo-se à data de nascimento de um famoso escritor, apresenta as seguintes alternativas:
a)século XIX
b)século XX
c)antes de 1860
d)depois de 1830
e)nenhuma das anteriores

Pode-se garantir que a resposta correta é:


a)a
b)b
*c)c
d)d
e)e

9 - Exercícios propostos

1 - Se um conjunto A possui 1024 subconjuntos, então o cardinal de A é igual a:


a) 5
b) 6
c) 7

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d) 9
*e)10

2 - Após um jantar, foram servidas as sobremesas X e Y. Sabe-se que das 10 pessoas


presentes, 5 comeram a sobremesa X, 7 comeram a sobremesa Y e 3 comeram as duas.
Quantas não comeram nenhuma ?
*a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 0

3) PUC-SP - Se A = ∅ e B = {∅ }, então:
*a) A ∈ B
b) A ∪ B = ∅
c) A = B
d) A ∩ B = B
e) B ⊂ A

4) FGV-SP - Sejam A, B e C conjuntos finitos. O número de elementos de A ∩ B é 30, o


número de elementos de A ∩ C é 20 e o número de elementos de A ∩ B ∩ C é 15.
Então o número de elementos de A ∩ (B ∪ C) é igual a:
*a)35
b)15
c)50
d)45
e)20

5) Sendo a e b números reais quaisquer, os números possíveis de elementos do conjunto


A = {a, b, {a}, {b}, {a,b} } são:
*a)2 ou 5
b)3 ou 6
c)1 ou 5
d)2 ou 6
e)4 ou 5

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Os números naturais - o conjunto N

Os números naturais: o conjunto N


N = {1,2,3,4,5,6, ... , 19,20, ... , 1001, 1002, ... , 10000001, ... }

Notas elucidativas:

a) os números naturais surgiram da necessidade de contagem dos elementos de um conjunto pelo homem
primitivo e, neste sentido, o zero ( 0 ) não seria um número natural.

b) por volta do ano 458 DC, o zero foi introduzido pelos hindus, para representar a coluna vazia dos
ábacos, daí sua denominação original de sunya (vazio).
Ábaco - segundo o dicionário Melhoramentos - 7ª edição: calculador manual para aritmética, formado
de um quadro com vários fios paralelos em que deslizam botões ou bolas móveis.
Veja a ilustração a seguir, obtida no Museo Pedagógico José Pedro Varela - poeta e educador
uruguaio 1845 - 1879. Caso você visite o site acima, para retornar à esta página, clique em VOLTAR no
seu browser.

Nota: observe acima à direita, a linha vazia no ábaco, significando o zero.

c) no entanto, como o zero atende às propriedades básicas dos números naturais, ele pode ser considerado
um número natural, não obstante a premissa contrária não conflitar a teoria. Assim, não deveremos
estranhar quando aparecer em provas de vestibulares o conjunto N como sendo N = {0, 1, 2, 3, 4, 5, ... },
definindo-se um outro conjunto sem o zero:
N* = N - {0} = {1,2,3,4, ... }. Como esta forma de abordagem é a mais usual, consideraremos o zero como
sendo um número natural, no que se segue.

d) o conjunto dos números naturais é infinito.

Propriedades:

1 – Todo número natural n, possui um sucessor indicado por suc(n), dado por
suc(n) = n + 1. Exemplo: suc(32) = 32 + 1 = 33.

2 – Dados dois números naturais m e n, ocorrerá uma e somente uma das condições :
m = n : m igual a n (igualdade)
m > n : m maior do que n (desigualdade)
m < n : m menor do que n (desigualdade). Esta propriedade é conhecida como Tricotomia.

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Nota: Às vezes teremos que recorrer aos símbolos ≥ ou ≤ os quais possuem a seguinte leitura:
a ≥ b : a maior do que b ou a = b.
a ≤ b : a menor do que b ou a = b

Assim por exemplo, x ≤ 3, significa que x poderá assumir em N, os valores 3,2,1 ou 0.


Já x < 3, teríamos que x seria 2, 1 ou 0.

Operações em N

1 – Adição: a + b = a mais b.a + b = a mais b.

Propriedades:

Dados os números naturais a, b, c, em N, são válidas as seguintes propriedades:

1.1 – Fechamento: a soma de dois números naturais é sempre um número natural. Diz-se então que o
conjunto N dos números naturais é fechado em relação à adição.

1.2 – Associativa: a + (b + c) = (a + b) + c

1.3 – Comutativa: a + b = b + a

1.4 – Elemento neutro: a + 0 = 0 + a = a . Zero é o elemento neutro da adição.

1.5 – Unívoca: o resultado da adição de dois números naturais é único.

1.6 – Monotônica: Uma desigualdade não se altera, se somarmos um mesmo número natural a
ambos os membros, ou seja, se a > b então a + c > b + c.

2 – Subtração: Observa-se que a subtração (diferença) é uma operação inversa da adição.


Se a + b = c então dizemos que a = c – b ( c menos b). É óbvio que o conjunto N não é fechado em
relação à subtração, pois a subtração (diferença) entre dois números naturais, nem sempre é um outro
número natural. Por exemplo, a operação 3 – 10 não teria resultado no conjunto N dos números naturais.
Das seis propriedades do item anterior, verifica-se que a operação subtração possui apenas aquelas dos
sub-itens (1.5) e (1.6).

3 – Multiplicação: é um caso particular da adição (soma), pois somando-se um número natural a si


próprio n vezes, obteremos a + a + a + ... + a = a . n = a x n
Na igualdade a . n = b, dizemos que a e n são os fatores e b é o produto.

Propriedades:

Dados os números naturais a, b e c, são válidas as seguintes propriedades:

3.1 – Fechamento: a multiplicação de dois números naturais é sempre outro número natural. Dizemos
então que o conjunto N dos números naturais é fechado em relação à operação de multiplicação.

3.2 – Associativa: a x (b x c) = (a x b) x c ou a . (b . c) = (a . b) . c

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3.3 – Comutativa: a x b = b x a

3.4 – Elemento neutro: a x 1 = 1 x a = a. O número 1 é o elemento neutro da multiplicação.

3.5 – Unívoca: o resultado da multiplicação de dois números naturais é único.

3.6 – Monotônica: : Uma desigualdade não se altera, se multiplicarmos ambos os membros, por um
mesmo número natural, ou seja, se a > b então a x c > b x c.

3.7 – Distributiva: a x (b + c) = (a x b) + (a x c).

4 – Potenciação: é um caso particular da multiplicação, onde os fatores são iguais. Assim é que
multiplicando-se um número natural a por ele mesmo n vezes, obteremos a x a x a x a x ... x a que será
indicado pelo símbolo
a n , onde a será denominado base e n expoente.
Assim é que, por exemplo, 53 = 5.5.5 = 125, 71 = 7, 43 = 4.4.4 = 64, etc.

5 – Divisão: é um caso particular da subtração, senão vejamos: o que significa dividir 17 por 3? Significa
descobrir, quantas vezes o número 3 cabe em 17, ou seja: 17 – 3 – 3 – 3 – 3 - 3 e restam 2. Podemos
escrever a expressão anterior como:
17 = 5 . 3 + 2 . O número 17 é denominado dividendo, o número 3 é denominado divisor, o número 5 é
denominado quociente e o número 2 é denominado resto.
De uma maneira geral, dados os números naturais D, d, q e r, poderemos escrever a relação
D = d.q + r com 0 ≤ r < d.
Se r = 0, dizemos que a divisão é exata, ou seja, não deixa resto. A demonstração da existência e da
unicidade dos números D, d, q e r, pode ser vista nos compêndios de Teoria dos Números e não cabe aqui
nestas notas introdutórias. A relação vista acima é conhecida como Teorema de Euclides.

5.1 – Exercícios resolvidos

Dividindo-se o número 245 por um número natural b, obtém-se quociente 5 e resto r. Determine o valor
da soma dos valores possíveis para b.

Solução:

Pela exposição anterior, poderemos escrever:


245 = 5.b + r com 0 ≤ r < b .

Da primeira expressão, tiramos: r = 245 – 5b


Substituindo na segunda, vem:
0 ≤ 245 – 5b < b

Podemos desmembrar a dupla desigualdade acima em duas, a saber:

0 ≤ 245 – 5b e 245 – 5b < b

Resolvendo a primeira: 0 ≤ 245 – 5b ∴ 5b ≤ 245 ∴ b ≤ 49.

Resolvendo a segunda: 245 – 5b < b ∴ 245 < 6b ∴ 6b > 245 ∴b > 40, 83...

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Ora, sendo b um número natural maior do que 40,83 e menor ou igual a 49, vem que os valores possíveis
para b serão: 41, 42, 43, 44, 45, 46, 47, 48 e 49.
A soma dos valores possíveis para b será então,
S = 41 + 42 + 43 + 44 + 45 + 46 + 47 + 48 + 49 = 405.

Resposta: 405

UNICAMP 1994 – 2ª fase – A divisão de um certo número inteiro N por 1994 deixa resto 148. Calcule o
resto da divisão de N + 2000 pelo mesmo número 1994.

Solução:

Pelo Teorema de Euclides visto acima, poderemos escrever:

N = 1994.q + 148, onde q é o quociente.

Analogamente, para N + 2000, teremos:

N + 2000 = 1994.Q + r, onde Q é o novo quociente e r é o novo resto.

Podemos escrever: N = 1994.Q – 2000 + r

N = 1994.Q – (1994 + 6) + r
N = 1994.Q – 1994 – 6 + r
N = 1994(Q - 1) + r - 6
N – 1994(Q – 1) - r + 6 = 0

Substituindo o valor de N fica:

1994.q + 148 – 1994(Q – 1) - r + 6 = 0

1994(q – Q +1) + (154 – r) = 0

Ora, sendo Q, q e r naturais, a soma acima será nula, se e somente se ocorrer


q – Q + 1 = 0, ou seja, Q = q + 1 e 154 - r = 0.
Como estamos interessados no novo resto r, vem imediatamente que: r = 154.

Resposta: 154

Outra maneira de resolver o problema, talvez mais simples, seria:

Temos pelo enunciado:

N = 1994.q + 148

Adicionando 2000 a ambos os membros, vem:

N + 2000 = 1994.q + 2000 + 148

N + 2000 = 1994.q + 2000 + 148

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Decompondo 2000 na soma equivalente 1994 + 6, fica:

N + 2000 = 1994.q + 1994 + 6 + 148

N + 2000 = 1994.(q + 1) + 154

Logo, o novo quociente é q + 1 e o novo resto é igual a 154.

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Múltiplos e divisores naturais

1 – Múltiplo e divisor de um número natural

Dizemos que um número natural n divide um número natural m, quando m : n não deixa resto,
ou seja, a divisão é exata. Representamos simbolicamente: n|m. Nestas condições, n é um
divisor de m e m é um múltiplo de n.

Exemplos:

2 divide 16 ou seja, 2|16 porque 16:2 = 8 e resto = zero. Portanto, 2 é divisor de 16 e 16 é


múltiplo de 2.

5 divide 35 ou seja, 5|35 porque 35:5 = 7 e resto = zero. Portanto, 5 é divisor de 35 e 35 é


múltiplo de 5.

7 divide 105 ou seja, 7|105 porque 105:7 = 15 e resto = zero. Portanto, 7 é divisor de 105 e
105 é múltiplo de 7.

Notas:

a) O conjunto dos divisores naturais de n será representado por D(n).

Exemplos:

D(3) = {1,3}
D(20) = {1,2,4,5,10,20}
D(6) = {1,2,3,6}

b) O conjunto dos múltiplos naturais de n será representado por M(n).

Exemplos:

M(2) = {0,2, 4, 6, 8, ...}


M(5) = {0,5,10,15, ...}

c) Os múltiplos de 2 são denominados números pares. Os demais números naturais são


denominados números ímpares. Assim, denotando por P o conjunto dos números pares e por I
o conjunto dos números ímpares, poderemos escrever:
P = {0, 2, 4, 6, 8, 10, 12, ... }
I = {1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, ... }
Observa-se que ambos os conjuntos são infinitos.

Propriedades imediatas:

P1) A unidade (ou seja, o número 1) divide qualquer número natural ou seja, 1|n, para todo n
natural.

P2) Zero não divide nenhum número natural, ou seja, não existe divisão por zero. Imagine se
você tivesse que dividir dez objetos por zero pessoas. Claro que isto não seria possível. Grave

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bem isto: a divisão por zero não existe.

P3) Todo número natural diferente de zero, divide o número zero, ou seja, para
n ≠ 0, n | 0, para todo n não nulo.

P4) Todo número natural diferente de zero, divide a si próprio, ou seja, para n ≠ 0, n | n para
todo n não nulo. Esta propriedade é conhecida como propriedade reflexiva.

P5) Sendo m, n e p três números naturais, se m | p e p | n então m | n. Esta propriedade é


conhecida com propriedade transitiva.

Exemplo:

2 divide 6 pois 6 : 2 = 3 (divisão exata).


6 divide 42 pois 42 : 6 = 7 (divisão exata). Logo,
2 divide 42. Realmente, 42 :2 = 21 (divisão exata).

P6) Todo número natural não nulo, é múltiplo de si mesmo. Isto decorre da propriedade P4.

P7) Zero é múltiplo de todo número natural não nulo. Isto decorre da propriedade P3.

2 – Número primo e número composto

Dizemos que um número natural p diferente de um ( p ≠ 1) é primo quando ele só possui dois
divisores: ele próprio e a unidade. Caso contrário, o número é composto.

Assim, se o conjunto dos divisores naturais de p, representado por D(p), for igual a
D(p) = {1, p}, p é um número primo.
Ora, os divisores de 2, são apenas a unidade (1) e ele mesmo (2). Logo, 2 é um número primo.
Portanto, 2 é o único número natural primo que é par.
Sendo ℘ o conjunto dos números primos, poderemos escrever:
℘ = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 47, 53, 57, 59, 61, ..., 359, ... , }
O conjunto dos números primos é infinito.

Todo número composto pode ser escrito como um produto de números primos. Isto é
conhecido como Teorema Fundamental da Aritmética – TFA.

Exemplos:

12 = 3.2.2
15 = 3.5
49 = 7.7
105 = 7.5.3
240 = 2.120 = 2.5.2.2.2.3 = 5.24.3

Na prática, podemos usar o seguinte esquema:

Seja o caso de 240 acima. Teremos:

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240 |2
120 |2
60 |2
30 |2
15 |3
5|5
1|

Então: 240 = 2.2.2.2.3.5 = 24.3.5

A decomposição de um número em fatores primos, é conhecida também como fatoração , já


que o número é decomposto em fatores de uma multiplicação.

Usando o dispositivo prático acima, vamos fatorar o número 408.

Teremos:

408 |2
204 |2
102 |2
51 |3
17 |17
1|

Então: 408 = 2.2.2.3.17 = 23.3.17

3 – MDC – Máximo divisor comum

Dados dois números naturais a e b não nulos, define-se o máximo divisor comum – MDC, como
sendo o maior natural que divide simultaneamente a e b.

O MDC de dois números será indicado por (a, b).

Óbvio que se tivermos o MDC de n números naturais a1, a2, a3, ... , an , indicaremos por
(a1, a2, a3, ... , an)

Exemplos:

Determine o MDC dos naturais 10 e 14, ou seja, determine (10, 14).

Os divisores positivos de 10 são: 1, 2, 5, 10.


Os divisores positivos de 14 são: 1, 2, 7, 14.
Os divisores comuns, são, portanto: 1 e 2.

Portanto, o máximo divisor comum é igual a 2 e, indicamos: (10, 14) = 2.

Pode-se indicar também como: MDC(10,14) = 2. Preferimos a primeira forma, por ser mais
sintética.

Determine (4, 10, 14, 60), ou seja, o MDC dos números naturais 4,10,14 e 60.

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Os divisores positivos de 4 são: 1, 2, 4


Os divisores positivos de 10 são: 1, 2, 5, 10
Os divisores positivos de 14 são: 1, 2, 7, 14
Os divisores positivos de 60 são: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 10, 12, 15, 60

Os divisores comuns são, portanto: 1 e 2.

Portanto o MDC é igual a 2, ou seja: (4, 10, 14, 60) = 2

O método de decomposição de um número num produto de fatores primos, sugere uma nova
forma para o cálculo do MDC de dois números naturais não nulos, a e b, ou seja, para o cálculo
de (a,b).

Assim, seja calcular o MDC de 408 e 240.

Como já vimos acima, temos:

408 = 2.2.2.3.17 = 23.3.17


240 = 2.2.2.2.3.5 = 24.3.5

Tomando os fatores comuns elevados aos menores expoentes, teremos:

(408, 240) = 23.3 = 8.3 = 24 , que é o MDC procurado.

Portanto, (408, 240) = 24.

O MDC do exemplo anterior, poderia ser também determinado pelo método das divisões
sucessivas, cujo dispositivo prático é mostrado a seguir:

1 1 2 3

408 | 240 | 168 | 72 | 24

168 | 72| 24| 0

Para entender o dispositivo prático acima, basta observar que:

408:240 = 1 com resto 168


240:168 = 1 com resto 72
168:72 = 2 com resto 24
72:24 = 3 com resto zero.

Portanto o MDC procurado é igual a 24, conforme já tínhamos visto antes.

Nota: Se o MDC de dois números naturais a e b for igual à unidade, ou seja,


(a,b) = 1, dizemos que a e b são primos entre si, ou que a e b são co-primos.

Ou seja:

(a, b) = 1 ⇔ a e b são primos entre si (co-primos).

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Exemplo: (7, 5) = 1 ∴ 5 e 7 são primos entre si.

4 – MMC – Mínimo múltiplo comum

Dados dois números naturais a e b não nulos, define-se o mínimo múltiplo comum – MMC,
indicado por <a,b> , como sendo o menor natural positivo, múltiplo comum de a e b.

Exemplo: Determine o MMC dos naturais 10 e 14.

Os múltiplo positivos de 10 são: 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100, 110, ...
Os múltiplos positivos de 14 são: 14, 28, 42, 56, 70, 84, 98, 112, 126, 140, ...
Portanto, o mínimo múltiplo comum é igual a 70 e, indicamos: <10,14> = 70.

Pode-se indicar também como MMC(10,14) = 70.

Aqui, também, preferimos a primeira forma, por ser mais sintética.

Dos exemplos anteriores, vimos que: (10,14) = 2 e <10,14> = 70. Observe que:

10.14 = 2.70 = 140 = (10,14).<10,14> = MDC(10,14) . MMC(10,14)

Pode-se provar que, dados dois números naturais positivos a e b, teremos sempre que o
produto desses números é igual ao produto do MDC pelo MMC desses números, ou seja:

(a,b) . <a,b> = MDC(a,b) . MMC(a,b) = a . b

Observe que se dois números naturais positivos a e b são primos entre si


(co-primos), o MDC entre eles é igual a 1, ou seja (a, b) = 1 e, portanto, teremos:

1.<a,b> = a . b ∴ <a, b> = a . b , ou seja: O Mínimo Múltiplo Comum – MMC de dois números
primos entre si é igual ao produto deles.

Exemplos:

<3, 5> = 3.5 = 15


<7, 5, 3> = 7.5.3 = 105

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Critérios de divisibilidade em N

Já sabemos que se um número natural a não nulo, é divisor de um número natural b, então a
divisão b:a é exata, ou seja, possui resto nulo. Poderemos escrever então, com base no
teorema de Euclides: b = q . a, onde q é um número natural denominado quociente.
Diz-se neste caso que o número natural b é divisível pelo número natural a, ou simplesmente,
b é divisível por a.

Exemplos:

10 é divisível por 5, porque 10:5 = 2 e resto zero → 10 = 2.5


81 é divisível por 3, porque 81:3 = 27 e resto zero → 81 = 27.3
1220 é divisível por 5, porque 1220:5 = 244 e resto zero → 1220 = 244.5, etc

Vamos analisar alguns casos principais de divisibilidade em N - conjunto dos números naturais
- por 2, 3, 4, 5, 9 e 10, apresentando uma justificativa para cada caso.

Divisibilidade por 2

Um número natural é divisível por 2 quando é par.

Com efeito, seja n um número par; como todo número par é múltiplo de 2, podemos escrever:
n = q.2 com q natural, de onde tiramos n/2 = q, ou seja, n é divisível por 2.

Exemplos:

512 é divisível por 2 pois é par.


108 é divisível por 2 pois é par.
1234564 é divisível por 2 pois é par.

Divisibilidade por 3

Um número natural é divisível por 3, quando a soma dos seus algarismos é também divisível
por 3.

Com efeito, seja abcd um número genérico de 4 algarismos. Usando o princípio do valor
posicional, poderemos escrever:

abcd = 1000.a + 100.b + 10.c + d


abcd = (999a + a) + (99b + b) + (9c + c) + d

Arrumando convenientemente, fica:

abcd = 999a + 99b + 9c + (a + b + c + d)

Ora, para que o número abcd seja divisível por 3, o segundo membro da igualdade acima
deverá ser também divisível por 3, ou seja, o quociente
999a + 99b + 9c + (a + b + c + d) / 3 deve ter resto nulo.
Então, deveremos ter necessariamente neste caso, que a soma a + b + c + d seja divisível por

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3, pois as demais parcelas já são todas múltiplas de 3.


Observe que 999a / 3 = 333a, 99b / 3 = 33b e 9c / 3 = 3c.

Nota: se um número é divisível por 2 e por 3, ele também será divisível por 6.

Exemplos:

234 é divisível por 3, pois 2 + 3 + 4 = 9 e 9 é divisível por 3.


1002 é divisível por 3, pois 1 + 0 + 0 + 2 = 3 e 3 é divisível por 3.
1971 é divisível por 3, pois 1 + 9 + 7 + 1 = 18 e 18 é divisível por 3.
334560 é divisível por 3, pois 3 + 3 + 4 + 5 + 6 + 0 = 21 e 21 é divisível por 3.
Observe que, como 334560 é também divisível por 2, porque é par, ele também será divisível
por 6. Realmente, 334560 : 6 = 55760 e o resto é igual a zero.

Divisibilidade por 4

Um número natural é divisível por 4, quando os dois últimos algarismos da direita formam um
número divisível por 4.

Com efeito, seja abc um número genérico de 3 algarismos. Pelo princípio do valor posicional,
poderemos escrever:
abc = 100a + 10b + c

Como 100a é divisível por 4, o segundo membro da igualdade somente será divisível por 4 se
10b + c for divisível por 4, o que justifica a regra acima.

Exemplos:

1404 é divisível por 4, pois 04 = 4 é divisível por 4.


1280 é divisível por 4, pois 80 é divisível por 4.
1432028 é divisível por 4, pois 28 é divisível por 4.
200000016 é divisível por 4, pois 16 é divisível por 4.

Divisibilidade por 5

Um número natural é divisível por 5, quando o seu último algarismo é 0 ou 5.

Com efeito, seja abcd um número qualquer de 4 algarismos. Poderemos escrever pelo princípio
do valor posicional:

abcd = 1000.a + 100.b + 10.c + d


Ora, é fácil perceber que o segundo membro da igualdade acima somente será divisível por 5,
se a parcela d for igual a 0 ou 5. Observe que as demais parcelas, 1000a, 100b e 10c já são
múltiplas de 5.

Exemplos:

1235 é divisível por 5, pois termina em 5.


12000 é divisível por 5, pois termina em zero.

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Divisibilidade por 9

Um número natural é divisível por 9, quando a soma dos seus algarismos é também divisível
por 9.

Com efeito, seja abcd um número genérico de 4 algarismos. Usando o princípio do valor
posicional, poderemos escrever:

abcd = 1000.a + 100.b + 10.c + d


abcd = (999a + a) + (99b + b) + (9c + c) + d

Arrumando convenientemente, fica:

abcd = 999a + 99b + 9c + (a + b + c + d)

Ora, para que o número abcd seja divisível por 9, o segundo membro da igualdade acima
deverá ser também divisível por 9, ou seja, o quociente
999a + 99b + 9c + (a + b + c + d) / 9 deve ter resto nulo. Então, deveremos ter
necessariamente neste caso, que a soma a + b + c + d seja divisível por 9, pois as demais
parcelas já são todas múltiplas de 9.
Observe que 999a / 9 = 111a, 99b / 9 = 11b e 9c / 9 = c.

Exemplos:

918 é divisível por 9, pois 9 + 1 + 8 = 18 e 18 é divisível por 9.


1233 é divisível por 9, pois 1 + 2 + 3 + 3 = 9 e 9 é divisível por 9.

Divisibilidade por 10

Um número natural é divisível por 10 quando o seu último algarismo é 0.

Com efeito, seja abcd um número genérico de 4 algarismos. Usando o princípio do valor
posicional, poderemos escrever:

abcd = 1000.a + 100.b + 10.c + d

Para que o segundo membro da igualdade acima seja divisível por 10, basta que
d = 0, já que as parcelas 1000a, 100b e 10c são evidentemente divisíveis por 10.

Exemplos:

1250 é divisível por 10, pois termina em zero.


134000 é divisível por 10, pois termina em zero.

Exercício resolvido:

Um número de três algarismos 2b3 é adicionado ao número 324, obtendo-se 5c7.


Se 5c7 é divisível por 9, o valor de b + c é igual a:
(1) 6

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(2) 7
(3) 8
(4) 9
(5) 10

Solução:

Temos a soma:

2b3
324
---------
5c7

Daí tiramos que b + 2 = c.

Como 5c7 é divisível por 9, teremos que 5 + c + 7 é divisível por 9 e, portanto, c = 6,


pois neste caso, 5 + c + 7 = 5 + 6 + 7 = 18 e 18 é divisível por 9.
Como b + 2 = c, vem que b + 2 = 6, de onde tiramos b = 4.
Logo, b + c = 4 + 6 = 10, que é a resposta procurada.

Verificação:
2b3 = 243
5c7 = 563
Realmente, 243 + 324 = 567 e 567 é divisível por 9, pois 5 + 6 + 7 = 18 e 18 é divisível por 9.

Agora resolva este:

Determine os algarismos a e b no número 32a471b, de modo que este número seja divisível
por 9 e por 10.
Resposta: a = 1 e b = 0.

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Os números inteiros: o conjunto Z

Z = {... , – 4, – 3, – 2, –1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, ... }


O conjunto dos números inteiros é infinito. A escolha da letra Z para representar o conjunto dos
números inteiros, deve-se ao fato da palavra Zahl em alemão, significar número.

É trivial entender que o conjunto dos números naturais N é um subconjunto do conjunto dos
números inteiros Z, ou seja: N ⊂ Z.

Define-se o módulo de um número inteiro como sendo o número sem o seu sinal algébrico.
Assim é que , representando-se o módulo de um número inteiro x qualquer por |x|, poderemos
citar como exemplos:
| –7 | = 7; | – 32 | = 32; | 0 | = 0; etc
O módulo de um número inteiro é, então, sempre positivo ou nulo.

Chama-se oposto (ou simétrico aditivo) de um número inteiro a ao número – a.

Propriedades dos números inteiros:

1 – Todo número inteiro n, possui um sucessor indicado por suc(n), dado por suc(n) = n + 1.
Exemplos: suc(– 3) = – 3 + 1 = - 2; suc(3) = 3 + 1 = 4.

2 – Dados dois números inteiros m e n, ocorrerá uma e somente uma das condições :
m = n [ m igual a n ] (igualdade)
m > n [ m maior do que n ] (desigualdade)
m < n [ m menor do que n] (desigualdade).
Esta propriedade é conhecida como Tricotomia.

Nota: Às vezes teremos que recorrer aos símbolos ≥ ou ≤ os quais possuem a seguinte leitura:
a ≥ b [ a maior do que b ou a = b ].
a ≤ b [ a menor do que b ou a = b ]

Assim por exemplo, x ≤ 3, significa que x poderá assumir em Z os valores


3, 2, 1, 0, -1, -2, -3, - 4, ...

Já x < 3, teríamos que x seria 2, 1, 0, -1, -2, -3, -4, ...

É óbvio que o zero é maior do que qualquer número negativo ou na sua forma equivalente,
qualquer número negativo é menor do que zero.

... –10, – 9, – 8, – 7, – 6, – 5, – 4, – 3, – 2, – 1, 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, ...

Operações em Z

1 – Adição: a + b = a mais b.

A adição de dois números inteiros obedece às seguintes regras:

a ) números de mesmo sinal : somam-se os módulos e conserva-se o sinal comum.

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Exemplos:

(-3) + (-5) + (-2) = - 10


(-7) + (-6) = - 13

b) números de sinais opostos: subtraem-se os módulos e conserva-se o sinal do maior em


módulo.

Exemplos:

(-3) + (+7) = + 4
(-12) + (+5) = -7

Propriedades:

Dados os números inteiros a, b e c, são válidas as seguintes propriedades:

1.1 – Fechamento: a soma de dois números inteiros é sempre um número inteiro. Diz-se então
que o conjunto Z dos números inteiros é fechado em relação à adição.

1.2 – Associativa: a + (b + c) = (a + b) + c

1.3 – Comutativa: a + b = b + a

1.4 – Elemento neutro: a + 0 = 0 + a = a . Zero é o elemento neutro da adição.

1.5 – Unívoca: o resultado da adição de dois números inteiros é único.

1.6 – Monotônica: Uma desigualdade não se altera, se somarmos um mesmo número inteiro a
ambos os membros, ou seja, se a > b então a + c > b + c.

2 – Subtração: Observa-se que a subtração (diferença) é uma operação inversa da adição.


Se a + b = c então dizemos que a = c – b ( c menos b). É óbvio que o conjunto Z é fechado em
relação à subtração, pois a subtração (diferença) entre dois números inteiros, sempre será um
outro número inteiro. Por exemplo, a operação 3 – 10 não teria resultado no conjunto N dos
números naturais, mas possui resultado no conjunto Z dos números inteiros, ou seja -7.

A subtração de dois números inteiros será feita de acordo com a seguinte regra:

a – b = a + (-b)

Exemplos:

10 – (-3) = 10 + (+3) = 13
(-5) – (- 10) = (-5) + (+10) = +5 = 5
(-3) – (+7) = (-3) + (-7) = - 10

3 – Multiplicação: é um caso particular da adição (soma), pois somando-se um número inteiro a


si próprio n vezes, obteremos a + a + a + ... + a = a . n = a x n
Na igualdade a . n = b, dizemos que a e n são os fatores e b é o produto.

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A multiplicação de números inteiros, dar-se-á segundo a seguinte regra de sinais:

(+) x (+) = +

(+) x (-) = -

(-) x (+) = -

(-) x (-) = +

Apresentaremos uma justificativa para a regra acima, mais adiante neste capítulo, ou
seja, o porquê de MENOS x MENOS ser MAIS!

Exemplos:

(-3) x (-4) = +12 = 12


(-4) x (+3) = -12

Propriedades:

Dados os números inteiros a, b e c, são válidas as seguintes propriedades:

3.1 – Fechamento: a multiplicação de dois números inteiros é sempre outro número inteiro.
Dizemos então que o conjunto Z dos números inteiros é fechado em relação à operação de
multiplicação.

3.2 – Associativa: a x (b x c) = (a x b) x c ou a . (b . c) = (a . b) . c

3.3 – Comutativa: a x b = b x a

3.4 – Elemento neutro: a x 1 = 1 x a = a. O número 1 é o elemento neutro da multiplicação.

3.5 – Unívoca: o resultado da multiplicação de dois números inteiros é único.

3.6 – Uma desigualdade não se altera, se multiplicarmos ambos os membros, por um mesmo
número inteiro positivo, ou seja, se a > b então a . c > b . c

3.7 - Uma desigualdade muda de sentido, se multiplicarmos ambos os membros por um


mesmo número inteiro negativo, ou seja: a > b então a . c < b . c

Exemplo: 10 > 5. Se multiplicarmos ambos os membros por (-1) fica - 10 < - 5. Observe que o
sentido da desigualdade mudou.

3.8 – Distributiva: a x (b + c) = (a x b) + (a x c).

A propriedade distributiva acima, nos permite apresentar uma justificativa simples, através de
um exemplo, para o fato do produto de dois números negativos resultar positivo, conforme
mostraremos a seguir:

Considere o seguinte produto:


A = (7 – 5) x (10 – 6) cujo resultado já sabemos ser 2 x 4 = 8.

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Desenvolvendo o primeiro membro, aplicando a propriedade distributiva da multiplicação em


relação à adição,
vem:
A = (7x10) + [7x(-6)] +[(-5)x10] + [(-5)x(-6)]
A = 70 – 42 – 50 + [(-5)x(-6)]
Como já sabemos que A = 8, substituindo fica:
8 = 70 – 42 – 50 + [(-5)x(-6)]
Isolando o produto [(-5)x(-6)], vem:
[(-5)x(-6)] = 8 – 70 + 42 + 50 = 8 + 42 + 50 – 70 = 100 – 70 = 30

Observa-se então que realmente

[(- 5)x(- 6)] = 30 = + 30.

4 – Potenciação: é um caso particular da multiplicação, onde os fatores são iguais. Assim é que
multiplicando-se um número inteiro a por ele mesmo n vezes, obteremos a x a x a x a x ... x a
que será indicado pelo símbolo a n , onde a será denominado base e n expoente. Assim é que,
por exemplo, 53 = 5.5.5 = 125, 71 = 7, 43 = 4.4.4 = 64, etc.

Com base nas regras de multiplicação de números inteiros, é fácil concluir que:

a) Toda potencia de base negativa e expoente par não nulo, tem como resultado um número
positivo.

Exemplos:

(-2)4 = +16 = 16
(-3)2 = +9 = 9
(-5)4 = +625 = 625
(-1)4 = + 1 = 1

b) Toda potencia de base negativa e expoente ímpar, tem como resultado um número negativo.

Exemplos:

(-2)3 = - 8
(-5)3 = - 125
(-1)13 = - 1

5 – Divisão: O conjunto Z dos números inteiros não é fechado em relação à adição, pois o
quociente de dois números inteiros nem sempre é um inteiro.

A divisão de números inteiros, no que concerne à regra de sinais, obedece às mesmas regras
vistas para a multiplicação, ou seja:

(+) : (+) = +

(+) : (-) = -

Francisco do Rosário Domingos 27


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(-) : (+) = -

(-) : (-) = +

Exemplos:

(–10) : (– 2) = + 5 = 5
(– 30) : (+ 5) = – 6

Para finalizar, vamos mostrar duas regras de eliminação de parêntesis ( ), que poderão ser
bastante úteis:

R1) Todo parêntese precedido do sinal + pode ser eliminado, mantendo-se os sinais das
parcelas interiores.

Exemplo:

+ (3 + 5 – 7) = 3 + 5 – 7 = 1

R2) Todo parêntese precedido do sinal – pode ser eliminado, desde que sejam trocados os
sinais das parcelas interiores.

Exemplos:

– (3 + 4 – 7) = – 3 – 4 + 7 = 0
– (–10 – 8 + 5 – 6 ) = 10 + 8 – 5 + 6 = 19
– (–8 – 3 – 5 ) = 8 + 3 + 5 = 16

Exercícios resolvidos

1 – A temperatura de um corpo variou de – 20º C para 20º C. Qual a variação total da


temperatura do corpo?

Solução: Sendo ∆T a variação total da temperatura, vem:


∆T = Tfinal – Tinicial = 20 – (– 20) = 20 + 20 = 40 º C.

2 – Um veículo movendo-se a uma velocidade de 20 m/s, parou após 50 m. Qual a variação da


velocidade até o veículo parar?

Solução: Sendo ∆v a variação total da velocidade, vem:


∆V = vfinal – vinicial = 0 – 20 = – 20 m/s.

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Os números racionais - o conjunto Q

I – Introdução

Sendo a e b dois números inteiros, com a condição de b não nulo, chama-se número racional ao
quociente a / b .

Assim, são exemplos de números racionais:

2/3, -3/5, 87/95, ... , etc

O conjunto dos números racionais é representado pela letra Q . O uso da letra Q deriva da palavra inglesa
quotient , que significa quociente, já que a forma geral de um número racional é um quociente de dois
números inteiros.

Como todo número inteiro a pode ser escrito na forma a / 1 = a , concluímos que todo número inteiro é
também um número racional. Assim, é trivial perceber que o conjunto dos números inteiros está contido
ou é um subconjunto do conjunto dos números racionais, ou seja: Z ⊂ Q .

Os números racionais podem também ser representados na forma de um número decimal, ou seja, na
forma i,d onde i é a parte inteira e d a parte decimal.

Por exemplo, 4/5 = 0,8 ; 3/5 = 0,6 ; 2/3 = 0,6666... ; 20/3 = 6,3333... ; etc

Observe que todas as dízimas periódicas (também conhecidas como números decimais periódicos) são
números racionais, uma vez que elas podem ser escritas
na forma a / b com b ≠ 0.

Exemplos:

1 – Escreva na forma a / b o número racional r = 1,25252525...

Sendo r = 1,252525... , multiplicando ambos os membros por 100, teremos:


100.r = 125,252525...

Subtraindo estas igualdades membro a membro, fica:

100r – r = 125,252525... – 1,252525... , de onde tiramos:


99.r = 124 , e, portanto, r = 124 / 99.

2 – Escreva na forma a / b a dízima periódica s = 2,0353535...

Sendo s = 2,0353535... , multiplicando ambos os membros por 10, teremos:


10.s = 20,353535...

Multiplicando ambos os membros da igualdade anterior por 100, teremos:


100.10s = 100.20,353535...

Francisco do Rosário Domingos 29


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1000.s = 2035,353535...

Subtraindo membro a membro a segunda da primeira igualdade, vem:

1000.s – 10.s = 2035,353535... - 20,353535...


990.s = 2015, e, portanto, s = 2015 / 990

Quando o número racional está representado na forma a / b onde a e b são inteiros, com b não nulo,
costumamos denominar a de numerador e b de denominador, sendo o número a / b conhecido como
fração ordinária.

Propriedade fundamental das frações:

Uma fração ordinária não se altera, se multiplicarmos o seu numerador e denominador, por um mesmo
número diferente de zero.

Assim é que:

a / b = a . n / b . n para n diferente de zero.

Exemplo: 2/3 = 4/6 = 8/18 = 24/54 = ... , etc

Notas:

1 – Se o denominador de uma fração ordinária for igual a 10 (ou a uma potencia de dez), ela é conhecida
como fração decimal.

Exemplos: 3 / 10; 625 / 1000.

2 – Um número racional da forma a / 100 é conhecido como porcentagem e indicado simbolicamente


por a % .

Exemplos:

a) 25 / 100 = 25 %
b) 75 / 100 = 75 %
c) 1 / 100 = 1 %

Usando uma terminologia comumente aceita, se a < b, dizemos que a fração é própria e se a > b ,
dizemos que a fração é imprópria. Se a for um múltiplo de b, a fração a / b será um número inteiro e a
fração é dita aparente.

Assim, por exemplo, 5 / 7 é uma fração própria, 9 / 5 é uma fração imprópria e


10 / 5 = 2 é uma fração aparente. Saliente-se que trata-se apenas de uma terminologia consagrada pelo
uso, sem nenhum sentido prático e, eu diria, talvez até inútil.

É importante acrescentar que o conjuntos dos números racionais é denso e infinito, ou seja, dados dois
números racionais r1 e r2, sempre existirá um número racional r
tal que r1 < r < r2 .

Francisco do Rosário Domingos 30


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Por exemplo, entre os números inteiros 7 e 8 não existe nenhum outro número inteiro, porém existe um
número infinito de números racionais entre eles. 7,1; 7,9; 7,0045; 7,999; .. etc são apenas alguns dos
infinitos exemplos possíveis.

II – Operações com números racionais

a) Adição e subtração

Sejam os números racionais a / b e c / d onde a, b, c e d são números inteiros com b e d diferentes


de zero.

A soma e a subtração destes números racionais, obedecem à seguinte regra:

(a / b) ± (c / d) = (ad ± bc) / (bd)

Observe que se os denominadores b e d forem iguais, a igualdade acima


se reduz a:

(a / b) ± (c / b) = (a ± c) / b

que é um caso particular da expressão geral.

Ou seja: para somar duas frações de mesmo denominador, adicionam-se os numeradores e mantém-se o
denominador comum.

Exemplos:

a) (2 / 5) - (1 / 5) = (2 - 1) / 5 = 1 / 5

b) (4 / 3) + (8 / 3) = (4 + 8) / 3 = 12 / 3 = 4

c) (2 / 5) + (3 / 4) = (2 . 4 + 5 . 3) / (5 . 4) = 23 / 20

d) (5 / 3) – (3 / 4) = (5 . 4 – 3 . 3) / (3 . 4) = 11 / 12

b) Multiplicação

Sejam os números racionais a / b e c / d onde a, b, c e d são números inteiros com b e d diferentes


de zero.

A multiplicação obedece à seguinte regra geral:

(a / b) . (c / d) = (a . c) / (b . d)

Ou seja, para multiplicar duas frações, multiplicamos entre si, os numeradores e os denominadores.

Exemplos:

a) (2 / 3) . (5 / 7) = (2 . 5) / (3 . 7) = 10 / 21

Francisco do Rosário Domingos 31


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b) (3 / 4) . (7 / 6) = (3 . 7) / (4 . 6) = 21 / 24

Observe que a fração 21 / 24, pode ser simplificada, dividindo-se numerador e denominador por 3,
resultando 7 / 8.

c) Divisão

Sejam os números racionais a / b e c / d onde a, b, c e d são números inteiros com b e d diferentes


de zero.

A divisão obedece à seguinte regra geral:

(a / b) : (c / d) = (a / b) . (d / c) = (a . d) / (b . c)

A regra é então comumente enunciada como: para dividir uma fração por outra, basta multiplicar a
primeira pelo inverso da segunda.

Justificativa:

Seja a fração F = (a / b) : (c / d)

Pela propriedade fundamental das frações, vista no início do texto, poderemos multiplicar o numerador e
denominador por (d / c), resultando:

F = (a / b) . (d / c) : (c / d) . (d / c)

Simplificando a expressão acima, lembrando que (c / d) . (d / c) = 1, vem, finalmente que F = (a / b) . (d /


c) = (a . d) / (b . c), conforme indicado na fórmula acima.

Exemplos:

a) (2 / 3) : (4 / 5) = (2 /3) . (5 / 4) = (2 . 5) / (3 . 4) = 10 / 12 = 5 / 6.

b) (3 / 7) : (2 / 9) = (3 / 7) . (9 / 2) = (3 . 9) / (7 . 2) = 27 / 14

d) Potenciação

(a / b)n = an / bn para b diferente de zero.

Exemplo: (2 / 5)3 = 23 / 53 = 8 / 125

III - Exercícios

1 – Calcule 3/5 de 60.

Solução: 3/5 de 60 = (3/5) . 60 = (3 . 60) / 5 = 180 / 5 = 36.

2 – Calcule 3/5 de 2/3.

Solução: 3/5 de 2/3 = (3/5) . (2/3) = (3.2) / (3.5) = 6 / 15 = 2 / 5.

Francisco do Rosário Domingos 32


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3 – Calcule 2/5 dos 3/4 de 40.

Solução: 2/5 dos 3/4 de 40 = (2/5).(3/4) . 40 = (2.3.40) / (5.4) = 240 / 20 = 12.

4 – Calcule 30 % de 70.

Solução: 30 % de 70 = (30 / 100) . 70 = (30.70) / 100 = 2100 / 100 = 21.

5 – Calcule 15 % de 60 %.

Solução: 15 % de 60 % = (15/100) . (60 / 100) = (15.60) / (100.100) = 900 / 10000. Mas, 900 / 10000 = 9
/ 100 = 9 % .

6 – Calcule 3/2 dos 0,121212 ... de 33 % de 2400.


Resposta: 144

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Os números irracionais - o conjunto I

1 – Introdução

Vimos na aula anterior , os números racionais, aqueles que podem ser escritos na forma de uma fracção
a / b onde a e b são dois números inteiros, com a condição de que b seja diferente de zero, uma vez que
sabemos da impossibilidade matemática da divisão por zero.

Vimos também, que todo número racional pode ser escrito na forma de um número decimal periódico,
também conhecido como dízima periódica.

Vejam os exemplos de números racionais a seguir:

3 / 4 = 0,75 = 0,750000...

- 2 / 3 = - 0,666666...

1 / 3 = 0,333333...

2 / 1 = 2 = 2,0000...

4 / 3 = 1,333333...

- 3 / 2 = - 1,5 = - 1,50000...

0 = 0,000... etc

Existe entretanto, uma outra classe de números que não podem ser escritos na forma de fração
a / b , conhecidos como números irracionais , os quais serão abordados de uma forma elementar neste
capítulo.

2 – Os números irracionais

Assim como existem as dízimas periódicas, também existem as dízimas não periódicas que são
justamente os números irracionais, uma vez que elas nunca poderão ser expressas como uma fração do
tipo a / b .

Exemplos de dízimas não periódicas ou números irracionais:

a) 1,01001000100001000001...

b) 3,141592654...

c) 2,7182818272...

d) 6,54504500450004... etc

Existem dois tipos de números irracionais: os algébricos e os transcendentes.


Os números irracionais algébricos, são as raízes inexatas dos números racionais, a exemplo de √2 , √5 ,

Francisco do Rosário Domingos 34


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√17 , √103 , ... etc, ou qualquer outra raiz inexata.

Já os números irracionais transcendentes complementam aqueles irracionais algébricos, sendo os


exemplos mais famosos de números irracionais transcendentes, o número π (pi), o número de Euler e ,
cujos valores aproximados com duas decimais são respectivamente 3,14 e 2,72 .

O número π representa a razão do comprimento de qualquer circunferência dividido pelo diâmetro da


mesma circunferência e o número e é a base do sistema de logaritmos neperianos.

É interessante comentar, que ao tratarmos na prática, dos números irracionais, deveremos sempre adotar
os seus valores aproximados, uma vez que , por serem dízimas não periódicas, os valores adotados serão
sempre aproximações.

Um exemplo clássico de não racionalidade de um número, é o caso da


raiz quadrada de dois.

O valor aproximado da raiz quadrada de dois ( √2 ) é igual a 1,414. Vamos analisar o porquê do
número √2 não ser racional:

Para isto , vamos utilizar o método da redução ao absurdo, que consiste em negar a tese, e concluir pela
negação da hipótese.

Vamos supor inicialmente, por absurdo, que √2 seja um número racional.


Ora, neste caso, e se isto fosse verdadeiro, o número √2 poderia ser escrito na forma de uma fração
irredutível a / b , ou seja, com a e b primos entre si , e, portanto, teríamos:

√2 = a / b , onde a e b são inteiros, com b diferente de zero.

Quadrando ambos os membros da igualdade anterior, teremos:

2 = a2 / b2 , de onde tiramos a2 = 2.b2 .

Ora, como a2 é o dobro de b2, é correto afirmar que a é um número par.


Sendo a um número par, podemos escreve-lo na forma a = 2k, onde k é um número inteiro. Daí, vem
que: (2k)2 = 2b2 ou 4k2 = 2b2 , de onde tiramos que
b2 = 2k2 , ou seja, b também é par. Ora, sendo a e b pares, o quociente a / b não seria uma fração
irredutível, já que o quociente de dois números pares é outro número par. Vemos portanto que isto nega a
hipótese inicial de que a fração a / b seja irredutível, ou seja, de que a e b sejam primos entre si. Logo,
concluímos que afirmar que √2 é racional , é falso , ou seja, √2 não é um número racional, e, portanto, √2
é um número irracional.

Nota: dois números inteiros são ditos primos entre si, se o máximo divisor comum
(MDC) destes números for igual à unidade, ou seja: MDC (a,b) = 1.

3 – Identificação de números irracionais

Fundamentado nas explanações anteriores, podemos afirmar que:

3.1 – todas as dízimas periódicas são números racionais.

Francisco do Rosário Domingos 35


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3.2 – todos os números inteiros são racionais.

3.3 – todas as frações ordinárias são números racionais.

3.4 – todas a s dízimas não periódicas são números irracionais.

3.5 – todas as raízes inexatas são números irracionais.

3.6 – a soma de um número racional com um número irracional é sempre um número irracional.

3.7 – a diferença de dois números irracionais, pode ser um número racional.


Exemplo: √5 - √5 = 0 e 0 é um número racional.

3.8 – o quociente de dois números irracionais, pode ser um número racional.


Exemplo: √8 : √2 = √4 = 2 e 2 é um número racional.

3.9 – o produto de dois números irracionais, pode ser um número racional.


Exemplo: √5 . √5 = √25 = 5 e 5 é um número racional.

3.10 – a união do conjunto dos números irracionais com o conjunto dos números racionais, resulta num
conjunto denominado conjunto R dos números reais.

3.11 – a interseção do conjunto dos números racionais com o conjunto dos números irracionais, não
possui elementos comuns e, portanto, é igual ao conjunto vazio ( ∅ ).

Simbolicamente, teremos:

QUI=R

Q∩I=∅

Francisco do Rosário Domingos 36


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Uma equação irracional

Resolva a equação irracional seguinte:

Solução:

A raiz quadrada no denominador do primeiro membro nos indica claramente que x é


um número real positivo, pois não existe raiz quadrada real de número negativo e o
denominador de uma expressão não pode ser nulo, pois não existe divisão por
zero.
A equação acima é dita irracional porque contém uma incógnita sob radical, no
caso o √x .

Posto isto, façamos √x = y , de onde tiramos x = y2 .


Substituindo na equação dada fica:

50y2 / y = (y2 / 2) + 500

Simplificando, lembrando que y > 0, pois y = √x , vem:

50y = y2 / 2 + 500

Multiplicando ambos os membros por 2, teremos:

100y = y2 + 1000

Arrumando convenientemente, vem:

y2 – 100y + 1000 = 0

Trata-se de uma equação do segundo grau em y , do tipo ay2 + by + c = 0, cuja


resolução pode ser feita pela aplicação da fórmula de Bhaskara:
y = (-b ± √∆) / 2a onde ∆ = b2 – 4ac, termo conhecido como discriminante.
No nosso caso temos: a = 1, b = -100 e c = 1000.
Aplicando a fórmula acima teremos então:
y = (100 ± 20√15) / 2 = 50 ± 10√ √15

Lembrando que y > 0, observe que ambas raízes servem ao problema, já que
tanto 50 + 10√15 como 50 - 10√15 são números positivos.

Lembrando que x = y2 vem, substituindo:

x = (50 ± 10√15)2 = 502 ± 2.50.10√15 + (10√15)2 = 4000 ± 1000√15

Portanto, as raízes procuradas são:

Francisco do Rosário Domingos 37


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x = 4000 + 1000√15 OU x = 4000 - 1000√15

Portanto, as raízes da equação dada são dois números irracionais, cujos valores
aproximados são :

x1 = 4000 + 1000√15 ≅ 7872,9833


x2 = 4000 - 1000√15 ≅ 127,0167

Por simples substituição dos valores na equação original, confirmamos que os


valores acima são realmente as soluções da equação proposta.

Francisco do Rosário Domingos 38


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O Princípio da Indução

I – Introdução

Consultando um Dicionário você encontrará a seguinte definição para Indução : ato ou efeito de induzir ;
raciocínio em que de casos particulares se tira uma conclusão genérica .
O Princípio da Indução – PI , nos fornecerá um método seguro para comprovar propriedades envolvendo
números naturais, obtidas pela observação de casos particulares.
Este tópico, infelizmente, não é abordado na maioria dos livros de Matemática do segundo grau, o que é
uma pena, pois ele é uma ótima oportunidade de familiarizar o aluno desde o início, com as
demonstrações de propriedades, que geralmente são aceitas sem nenhum tipo de prova. A simples
apresentação de fórmulas aos alunos, sem demonstrar a sua origem, pode inclusive ser a responsável pela
quase ojeriza e até aversão que muitos estudantes tem em relação à Matemática.
Ainda que o Princípio de Indução se aplique tão somente às demonstrações de propriedades envolvendo
números naturais, ainda assim é um bom comêço.

II – O Princípio da Indução

Seja N = {1 , 2 , 3 , 4 , 5 , ... , n , ... } o conjunto dos números naturais.


Seja P(n) uma determinada propriedade relativa aos números naturais.
O Princípio da Indução – PI – afirma que:

Se P(1) for verdadeira e o fato de P(n) ser verdadeira implicar em P(n + 1) também ser verdadeira então a
propriedade P(n) é verdadeira para todo número natural n.

Em resumo e simbolicamente:
(a) P(1) é verdadeiro
(b) P(n) é verdadeiro ⇒ P(n + 1) é verdadeiro,

Ou simplificadamente P(n) ⇒ P(n + 1)

∴ P é verdadeira para todo número natural.

P(1) é conhecido como Condição Inicial .


P(n) é conhecido como Hipótese de Indução .

O PI – Princípio da Indução é uma poderosa ferramenta para a demonstração de propriedades relativas


aos números naturais.

Vamos a seguir dar exemplos simples de uso do Princípio da Indução :

1) Prove por indução que a soma dos n primeiros números naturais é dada por
S(n) = n (n+1) / 2

Temos: S(n) = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + ... + n = n (n + 1) / 2

(a) É óbvio que S(1) se verifica pois, S(1) = 1 (1 + 1) / 2 = 1

(b) Supondo que S(n) é verdadeira, vamos desenvolver S(n + 1) :

Francisco do Rosário Domingos 39


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S(n + 1) = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + ... + n + (n + 1)
Usando a hipótese de indução, vamos substituir na expressão acima, o valor de S(n).
Teremos:
S(n + 1) = n (n + 1) / 2 + (n + 1)
Desenvolvendo o segundo membro, fica:
S(n +1) = [n (n + 1) + 2(n + 1)] / 2 = [(n + 1) (n + 2)] / 2 = [(n+1) [(n+1) + 1] / 2
que é a mesma fórmula para (n+1).
Logo, S(n) = n (n+1) / 2 é verdadeira para todo n natural.

2) Prove por indução que a soma dos n primeiros números ímpares é dada por
S(n) = 1 + 3 + 5 + 7 + ... + (2n – 1) = n2

(a) S(1) = 12 = 1 é verdadeira.


(b) Partindo da veracidade de S(n) vamos obter S(n +1):
S(n+1) = 1 + 3 + 5 + 7 + (2n – 1) + [2(n+1) – 1]
Usando a hipótese de indução S(n) = n2 e substituindo na expressão acima fica:
S(n+1) = n2 + [2(n+1) – 1] = n2 + 2n + 2 – 1 = n2 + 2n + 1 = (n + 1)2
Ora, S(n+1) = (n + 1)2 é a mesma fórmula para (n + 1).
Logo, a fórmula dada é válida para todo n natural.

3) Prove por indução a seguinte igualdade válida em N.

S(n) = 1.2 + 2.3 + 3.4 + ... + n (n + 1) = [n (n +1) (n + 2) / 3]

(a) S(1) é verdadeira pois S(1) = [1 (1 +1) (1 + 2) / 3] = 2


Ora, se você calcular S(1) usando a expressão do primeiro membro também encontrará o resultado 2 pois
S(1) = 1.2 = 2.

(b) Vamos agora supor a veracidade de S(n) e concluir pela veracidade de S(n + 1).
Com efeito,
S(n+1) = 1.2 + 2.3 + 3.4 + n (n+1) + (n+1) (n+2)
Usando a hipótese de indução e substituindo o valor conhecido de S(n) vem:
S(n+1) = [n (n +1) (n + 2) / 3] + (n+1) (n +2)
Desenvolvendo e simplificando a expressão acima fica:
S(n+1) = [n (n+1) (n+2) + 3(n+1) (n +2)] / 3
Colocando (n+2) em evidencia, fica:

S(n + 1) = [(n+2) [n (n + 1) + 3(n + 1)]] / 3


Colocando agora (n + 1) em evidencia, vem finalmente:
S(n+1) = [(n+1) (n +2) (n +3) ] / 3 que é a mesma fórmula para (n +1). Logo, fica provada a veracidade
da fórmula dada para todo n natural.

III – Princípio da Indução Generalizado

O Princípio da Indução pode ser também enunciado de uma forma generalizada como segue:

Se P(k) com k ∈ N , n ∈ N e k < n , for verdadeira e o fato de P(n) ser verdadeira implicar em P(n + 1)
também ser verdadeira então a propriedade P(n) é verdadeira para todo número natural n.

Em resumo e simbolicamente:

Francisco do Rosário Domingos 40


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(a) P(k) é verdadeiro


(b) P(n) é verdadeiro ⇒ P(n + 1) é verdadeiro
Ou simplificadamente,
P(n) ⇒ P(n + 1)
∴ P é verdadeira para todo número natural maior ou igual a k.

P(k) é conhecido como Condição Inicial .


P(n) é conhecida como Hipótese de Indução .

Observe que a única diferença em relação ao parágrafo ( I ) acima é que consideramos na condição
inicial um valor k não necessariamente igual a 1 embora k possa assumir também este valor unitário.

Vamos a seguir dar exemplos simples de uso do Princípio da Indução Generalizado:

1 – Prove por indução que 3n2 – n > 23 para todo n > 2.

(a) P(3) = 3.32 – 3 = 24 > 23 e portanto P(3) é verdadeira.

(b) Admitindo a validade de 3n2 – n > 23 para todo n > 2 (hipótese de indução) , vamos provar que ela é
também válida para (n +1).
Com efeito,
3(n +1)2 – (n + 1) = 3 (n2 + 2n + 1) – n – 1 = 3n2 + 6n + 3 – n – 1 = (3n2 – n ) + 6n + 2

Usando a hipótese de indução 3n2 – n > 23 para todo n > 2 e substituindo na expressão acima, vem:

3(n +1)2 – (n + 1) = (3n2 – n ) + 6n + 2 > 23 + 6n + 2 = 25 + 6n > 23

Logo a propriedade P(n) é válida para todo n > 2.

2 – Prove por indução que 2 n > n 2 para todo natural n > 4.

(a) P(5) é verdadeira pois 2 5 > 5 2 ou 32 > 25.

(b) Admitindo a validade da hipótese de indução 2 n > n 2 para todo natural n > 4, vamos provar que ela
também é válida para (n + 1).
Com efeito,
2 n+1 = 2 n . 2 > n 2 . 2 > n 2
Adicionando (1 + 2n) a ambos os membros da desigualdade, o que não altera o seu sentido, vem:
2n2 + (1 + 2n) > n2 + (1 + 2n)
Podemos então escrever:
n2 + n2 + 2n + 1 > n2 + 2n + 1
Observando que n2 + 2n + 1 = (n + 1)2, vem substituindo:
n2 + (n + 1)2 > (n + 1)2 = (n + 1)2
Portanto, P(n) ⇒ P(n + 1) e a propriedade está demonstrada, pois partimos de
P(n) : 2n > n2 e chegamos a P(n + 1) : 2n+1 > (n + 1)2 ou seja: P(n) ⇒ P(n +1).

IV – Considerações finais

O Princípio da Indução – PI embora seja um instrumento poderoso para provar se uma determinada
propriedade P entre números naturais é ou não verdadeira, ele entretanto não é capaz de fornecer ou

Francisco do Rosário Domingos 41


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deduzir uma propriedade se ela for desconhecida. Na maioria dos casos, a intuição e a observação de
casos particulares pode levar ao estabelecimento de uma determinada fórmula ou propriedade entre
números naturais, a qual deverá ser provada ou demonstrada. Aí é que entra o Princípio da Indução para
que através da sua utilização, seja efetuada a demonstração da propriedade.

Outro aspecto muito importante a ser considerado é que nem sempre uma propriedade válida para alguns
valores da variável envolvida n é válida para todo número natural n. Um exemplo clássico é a expressão
n2 + n + 41 com n ∈ N , que representa números primos para n variando de 1 a 40. Já para n = 41
teríamos:
412 + 41 + 41 = 41(41 + 1 + 1) = 41.43 = 1763 que não é número primo pois é divisível por 1, 41, 43 e
1763.
Ou seja, a propriedade: [P(n) = n2 + n + 41 é um número primo com n ∈ N ], é válida para n = 1, 2, 3, 4,
... , 37, 38, 39 e 40 mas falha para n = 41, o que nos mostra claramente que admitir a veracidade de uma
propriedade baseada apenas na verificação de alguns casos particulares é uma temeridade.

Agora resolva estes:

1 - Prove por indução que 4n2 – 3n > 2 para n > 1.

2 - Prove por indução que 2 + 4 + 6 + 8 + ... + 2n = n (n +1) para todo n ∈ N.


Lembretes:
a) lembre-se que o número par que vem após 2n é 2n + 2.
b) observe que n2 + 3n + 2 = (n + 1) (n + 2)

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Número de divisores de um número natural

1 - Quantos são os divisores positivos de 120 ?

Os divisores positivos de um número natural n são todos os números naturais p > 0


tais que n dividido por p resulta num outro número natural m. Diz-se então que p
divide n e indica-se p | n .
É claro que n = p.m .
Exemplos: os divisores positivos de 2 são 1 e 2.; os divisores positivos de 3 são 1 e 3;
os divisores positivos de 4 são 1, 2 e 4; os divisores positivos de 5 são 1 e 5; os
divisores positivos de 6 são 1, 2, 3 e 6; os divisores positivos de 7 são 1 e 7; os
divisores positivos de 8 são 1,2.4 e 8; os divisores positivos de 9 são 1,3 e 9; os
divisores positivos de 10 são 1, 2, 5 e 10; os divisores positivos de 11 são 1 e 11; os
divisores positivos de 12 são 1, 2, 3, 4, 6 e 12, e assim sucessivamente.

Notas:
1 – quando um número natural só possui como divisores, ele próprio e a unidade (1),
ele é dito um número primo. Assim, são números primos: 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23,
29, 31, ... Existem infinitos números primos e isto pode ser demonstrado. A primeira
demonstração deste fato singular deve-se a Euclides (matemático grego que viveu no
ano 300 DC).
2 – fatorar um número natural significa escrevê-lo como um produto de fatores primos
com expoentes naturais.
Exemplo: 12 = 4.3 = 2 2 . 3 . Então 2 2 . 3 é a forma fatorada de 12.

Retornando ao problema proposto:


Os divisores positivos de 120 serão: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 15, 20, 24, 30, 40, 60 e
120, num total de 16 divisores.

Vamos mostrar uma forma de encontrar o número de divisores positivos de 120, utilizando
um raciocínio conhecido com Princípio Fundamental da Contagem:

Fatorando o número 120, teremos: 120 = 8 . 3 . 5 = 2 3 . 3 . 5 = 2 3 . 3 1 . 5 1

Observe que sendo 120 = 2 3 . 3 1 . 5 1 , é claro que os divisores de 120 terão que
necessariamente serem números da forma 2 x . 3 y . 5 z onde x = 0, 1, 2 ou 3; y = 0 ou 1 ; z =
0 ou 1.

Portanto, existem 4 valores possíveis para x, 2 valores possíveis para y e 2 valores possíveis
para z. Pelo Princípio Fundamental da Contagem, o número total de possibilidades será então
dada pelo produto
4.2.2 = 16.
Resposta: 120 possui 16 divisores positivos.

2 – Determine o número de divisores positivos de 1800.

Inicialmente devemos fatorar o número 1800.


1800 = 2 3 . 3 2 . 5 2
Os divisores de 1800 serão então da forma 2 x . 3 y . 5 z , onde x = 0, 1, 2 ou 3;
y = 0, 1 ou 2; z = 0, 1 ou 2. Existem então 4 valores possíveis para x, 3 valores possíveis para

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y e 3 valores possíveis para z .


Pelo Princípio Fundamental da Contagem , o número total de possibilidades será então igual
a 4.3.3 = 36. Portanto, o número 1800 possui 36 divisores positivos.

O uso do raciocínio acima, nos permite enunciar a seguinte regra prática:


Dado um número natural n cuja forma fatorada é n = 2 x . 3 y . 5 z . ... ,
o número de divisores positivos de n será igual ao produto (x + 1).(y + 1) . (z + 1) . ...

Exemplos:
a) 12 = 2 2 . 3 1 ∴ número de divisores positivos de 12 = (2+1).(1+1) = 6
b) 150 = 2 1 . 3 1 . 5 2 ∴ número de divisores positivos de 150 = (1+1).(1+1).(2+1) = 12

3 – Qual o número de divisores positivos de 1.000.000 ?

1.000.000 = 10 6 = (2 . 5) 6 = 2 6 . 5 6 . Logo, teremos:


Número de divisores positivos de 1000000 = (6+1).(6+1) = 49
Portanto, 1.000.000 possui 49 divisores positivos.

4 – Qual o número de divisores de 5.000.000 ?

5.000.000 = 5 . 10 6 = 5 . (2 . 5) 6 = 5 . 2 6 . 5 6 = 2 6 . 5 7
Portanto, o número de divisores positivos de 5.000.000 será igual a:

n = (6+1) . (7+1) = 7 . 8 = 56
Portanto, 5.000.000 possui 56 divisores positivos.

5 - Qual o número de divisores positivos de 100.000.000 ?

100.000.000 = 10 8 = (2 . 5) 8 = 2 8 . 5 8
Portanto, o número de divisores positivos de 100.000.000 será igual a:
n = (8+1) . (8+1) = 9.9 = 81
Portanto, 100.000.000 possui 81 divisores positivos.

Agora resolva este:

Qual o número de divisores positivos de 7.200.000 ?


Resposta: 162 divisores positivos.

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Achando o último algarismo

1) Qual o último algarismo de 32000 ?

Solução:

Observe que 32000 = (32)1000 = 91000

Ocorre que toda potência inteira de 9 termina em 1, se o expoente for par, ou em 9 se o expoente for
ímpar.

Exemplos:
90 = 1, 91 = 9 , 92 = 81 , 93 = 729 , 94 = 6561 , ... , e assim sucessivamente.
Logo, como 32000 = 91000 , sendo 1000 um número par, concluímos que o último algarismo de 32000 , ou
seja, o seu algarismo das unidades é igual a 1.

2) Qual o último algarismo de 32003 ?

Solução:

Observe que 32003 = 32002 . 3 = (32)1001 . 3 = 91001 . 3


Já sabemos do exercício 1 que 91001 termina em 9, pois 1001 é ímpar. Logo, ao multiplicar um número
terminado em 9 por 3, é evidente que o último algarismo será 7, pois 3x9 = 27. Logo, o último algarismo
de 32003 é igual a 7.

3) Qual o último algarismo de 4.32002 ?

Solução:

Observe que 4.32002 = 4.(32)1001 = 4.91001


Como 91001 termina em 9 porque 1001 é ímpar (veja o exercício 1 acima), ao multiplica-lo por 4, resultará
em um número terminado em 6, pois 4x9 = 36. Logo, o último algarismo de 4.32002 é igual a 6.

4) Qual o último algarismo de 7.340000 ?

Solução:

Observe que 7.340000 = 7.(32)20000 = 7.920000


Como 920000 termina em 1 porque 20000 é par, é óbvio que ao multiplica-lo por 7, resultará num número
terminado em 7, pois 7x1 = 7. Logo, o último algarismo de 7.340000 é igual a 7.

5) Qual o último algarismo de 22000 ?

Solução:

Observe que 22000 = (22)1000 = 41000

Ocorre que toda potência inteira de 4 termina em 4 se o expoente for ímpar ou em 6 se o expoente for par,
para expoentes inteiros maiores do que 1. Veja os exemplos a seguir:
42 = 16 , 43 = 64 , 44 = 256 , 45 = 1024 , ... , e assim sucessivamente.

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Portanto, como 22000 = 41000 e 1000 é par, concluímos que o último algarismo de 22000 é igual a 6.

6) Qual o último algarismo de 22003 ?

Solução:

Observe que 22003 = 2.22002 = 2.(22)1001 = 2.41001


Como 41001 termina em 4, pois 1001 é ímpar, concluímos que 22003 = 2.41001 termina em 8, pois 2x4 = 8.
Logo, 22003 tem 8 como seu último algarismo, ou seja, termina em 8.

7) Qual o último algarismo de 22000 + 22003 ?

Solução:

Observe que 22000 + 22003 = 22000 (1 + 23) = 9.22000 = 9.(22)1000 = 9.41000


Como 41000 termina em 6 pois o expoente 1000 é par (veja exercício 5), concluímos que 9.41000 = 22000 +
22003 irá terminar em 4 pois 9x6 = 54.

8) Qual o último algarismo de 31998 + 32000 ?

Solução:

Observe que:
31998 + 32000 = 31998(1+32) = 31998.10 = (32)999.10 =10.9999

Logo 31998 + 32000 vai terminar em 0, pois todo número inteiro multiplicado por 10 termina em zero.

Agora resolva estes:

a) Qual o algarismo das unidades de 22004 ?


Resposta: 6

b) Qual o último algarismo de 51000000 ?


Resposta: 5

c) Qual o algarismo das unidades de 21998 + 32000


Resposta: 5

Notas:
1 - o algarismo das unidades de um número inteiro é também o seu último algarismo.

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Compondo equações quadráticas

A equação do segundo grau cujas raízes x1 e x2 satisfazem às condições


2x1 + 3(x2 – 4x1) – 10 = 0 e 4x1 + 3x2 – 12 = 0 é:
a) 147x2 – 581x + 80 = 0
b) 147x2 + 581x – 80 = 0
c) 149x2 – 567x + 80 = 0
d) 149x2 – 567x – 80 = 0
e) 741x2 – 756x + 18 = 0

Solução:

Neste tipo de problema, devemos partir da forma (S,P) da equação do segundo grau, ou seja:
x2 – Sx + P = 0, onde S é a soma das raízes e P o produto das raízes, ou seja:

x1 + x2 = S e x1 . x2 = P.

Portanto, desenvolvendo as igualdades do enunciado, vem:


2x1 + 3(x2 – 4x1) – 10 = 0 ∴ 2x1 + 3x2 – 12x1 – 10 = 0
Reduzindo os termos semelhantes para simplificar, fica:
3x2 – 10x1 – 10 = 0 ⇒ 3x2 – 10 x1 = 10

Analogamente,
4x1 + 3x2 – 12 = 0 ∴ 4x1 + 3x2 = 12

Temos então, o seguinte sistema de equações do primeiro grau:


– 10 x1 + 3x2 = 10
4x1 + 3x2 = 12

Vejam que tranquilidade: os termos em x2 podem ser eliminados apenas subtraindo uma equação
da outra, uma propriedade válida, uma vez que se

A=B
e
C=D
então
A – C = B – D.

Portanto, subtraindo membro a membro as igualdades acima, fica:


– 10x1 – 4x1 + 3x2 – 3x2 = 10 – 12
–14x1 = -2 ∴ x1 = -2 / -14 = 2/14 = 1/7

Ora, sendo x1 = 1/7, substituindo este valor em qualquer das duas equações do sistema acima, vem:
4(1/7) + 3x2 = 12 ∴ 4/7 + 3x2 = 12 ∴
3x2 = 12 – 4/7 = 84/7 – 4/7 = (84-4)/7 = 80/7 de onde vem x2 = 80 / 21.

Logo, x1 = 1/7 e x2 = 80/21

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Ora, como a equação procurada é da forma x2 – Sx + P = 0 e


S = x1 + x2 e P = x1 . x2 teremos:
S = 1/7 + 80/21 = 3/21 + 80/21 = 83/21
P = (1/7).(80/21) = (1.80) / (7.21) = 80/147
Então, a equação procurada será: x2 – (83 / 21)x + (80 / 147) = 0
Para eliminar os denominadores 21 e 147, vamos multiplicar ambos os membros da equação acima por
147, pois 147 é o mínimo múltiplo comum (MMC) de 21 e 147.
MMC(21,147) = 147.
Fica então:
147x2 –147.(83x / 21) + 147(80 / 147) = 0
Efetuando as operações indicadas, vem:
147x2 – 581x + 80 = 0

Portanto, a alternativa correta é a de letra A.

Agora resolva esta:

Escreva uma equação do segundo grau cujas raízes x1 e x2 satisfazem às condições


2x1 – 3x2 – 3(x1 – x2) – 14 = 0 e 4x1 – 6(x1 – 2x2) – 52 = 0.
Resposta: x2 +12x – 28 = 0

Francisco do Rosário Domingos 48


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Operando com números inteiros: dois problemas interessantes

Nota: os enunciados dos dois problemas a seguir, foram enviados por um visitante do site. Como nem
sempre tenho tempo de responder a todos os e-mails que recebo, normalmente publico as soluções
solicitadas na forma de arquivo. Tenho procedido assim já há muito tempo pois, entendo que
universalizando as soluções no site, estarei ajudando a um número maior de pessoas. Este é o 310º
arquivo publicado no site, que este ano estará completando 10 anos! Sim, os primeiros arquivos foram
publicados em 1995, embora em outro provedor! Lembrem-se que em 1995 a INTERNET estava apenas
começando no BRASIL.

1 Determine o menor número inteiro positivo que dividido por 39 dá resto 16 e dividido por 37, dá resto
36.

Solução:

Sendo D o dividendo , d o divisor, q o quociente e r o resto, sabemos que D = d.q + r , onde


D, d , q e r são números naturais com 0 ≤ r < d . Esta relação é conhecida como Teorema de Euclides
(filósofo e matemático grego do século III A.C.).

Podemos então escrever, sendo D o número inteiro positivo procurado:

D = 39q + 16
D = 37q' + 36, onde D é o dividendo procurado e q e q' são os respectivos quocientes.

Observe que as expressões acima são da forma y = ax + b cuja representação gráfica dos pontos (x,y) no
plano cartesiano é uma reta para a, b, x e y reais. Como as igualdades acima estão definidas em N –
conjunto dos naturais, evidentemente que as representações gráficas não serão retas (contínuas), porém os
pontos determinados pelos pares ordenados (q, D) ou (q',D) serão pontos colineares ou seja, alinhados.

Posto isto, podemos considerar q e q' como sendo a variável independente x (por analogia com a equação
da reta y = ax + b) e, D como a variável dependente y e escrever o seguinte sistema de equações:

y = 39x + 16
y = 37x + 36

lembrando que estamos considerando aqui apenas os valores inteiros positivos das variáveis x e y.

Agora, basta resolver o sistema acima e achar o valor de y = D.

Subtraindo membro a membro as igualdades acima, fica:

y – y = (39x + 16) – (37x + 36)


0 = 39x + 16 – 37x – 36
0 = 2x – 20, de onde tiramos x = 10.
Substituindo em qualquer uma das equações, teremos finalmente:

y = 39x + 16 = 39.10 + 16 = 390 + 16 = 406.

Ora, já sabemos que y = D e, portanto, o número procurado é igual a 406.

Francisco do Rosário Domingos 49


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Verifique que de fato, 406 dividido por 39 dá 10 e resto 16 e que também 406 dividido por 37 dá 10 e
resto 36.

Nota: uma vez entendida a metodologia acima, poderemos resolver o mesmo problema usando a seguinte
forma prática:

Como D = 39q + 16 e D = 37q' + 36


Podemos escrever D = 39q + 16 = 37q' + 36

Fazendo q = q' e substituindo: 39q + 16 = 37q + 36 de onde vem q = 10.


Nota: fazendo q = q' , obteremos apenas uma solução do problema, ou seja, a menor solução inteira
positiva pedida no enunciado.

Substituindo, vem finalmente D = 39.10 + 16 = 406 , que é o menor número inteiro positivo que satisfaz
ao problema proposto.

Generalizando ...
Se a pergunta fosse: quais os números naturais que divididos por 39 deixam resto 16 e divididos por
37, deixam resto 36 , o problema teria infinitas soluções. Veja a seguir, a solução apresentada para este
caso generalizado, pelo ilustre visitante do site, Hélio M. Fragoso, publicada com a devida permissão:

Seja N o número procurado. Chamemos de q1 e q2 os quocientes da divisão de N por 39 e 37,


respectivamente. Segundo o enunciado do problema, teremos:

Sendo q1 um número inteiro, o numerador da fração acima deve ser


múltiplo do denominador. Logo,

onde n é um número inteiro.

Como q2 é um número inteiro, a expressão entre parêntesis deve


também ser um número inteiro, que chamaremos de k.

Francisco do Rosário Domingos 50


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Substituindo (B) em (A) resulta:

Substituindo q1 da expressão (D) na igualdade inicial

Fazendo k = 0, k = 1, k = 2 etc. obtemos os valores de N que satisfazem


às condições do problema.

2 Resolver a equação 8x + 12y = 23, de modo que x e y sejam positivos e sua soma, um número inteiro.

Solução:

Tirando o valor de y fica: y = (23 – 8x) / 12

O problema pede que x + y seja um número inteiro com a condição de que x e y sejam positivos. Teremos
então, substituindo o valor de y:

x + (23 – 8x) / 12 = (12x) / 12 + (23 – 8x) / 12 = (4x + 23) / 12

O problema impõe a condição que a soma acima seja um número inteiro. Portanto, o numerador 4x + 23
deve ser um múltiplo de 12 ou seja: 4x + 23 = 12k onde k é um inteiro. Daí tiramos
x = (12k – 23) / 4 . Lembrando que x deve ser positivo, conforme dito no enunciado da questão,
deveremos também ter x = (12k – 23) / 4 > 0 , o que resulta 12k – 23 > 0 ou 12k > 23 ou k > 23/12 ou
seja k > 1,916... .
Como k é inteiro, os valores possíveis para k serão k = 2, 3, 4, 5, 6, ...

Como y = (23 – 8x) / 12 , vem substituindo o valor de x obtido acima:

y = [23 – 8(12k – 23)/4] / 12 = [(23 – 24k + 46)] / 12 = (69 – 24k) / 12

Francisco do Rosário Domingos 51


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Lembrando que o problema impõe que y deve ser positivo, deveremos ter:

y = (69 – 24k) / 12 > 0, o que resulta 69 – 24k > 0 ou 69 > 24k ou 24k < 69, o que resulta
k < 2,875. Como k é inteiro, deveremos ter k = 2, 1, 0, -1, -2, -3, ... .

Portanto para que x seja positivo vimos acima que k = 2, 3, 4, 5, ... e para que y seja positivo vimos
também que
k = 2, 1, 0, -1, -2, -3, ... . Para que ambos sejam positivos, deveremos ter evidentemente k = 2, que é o
único valor de k que atende simultaneamente às duas condições.

Portanto, como k = 2, os números procurados serão obtidos substituindo o valor de k nas expressões
obtidas acima:

x = (12k – 23) / 4 = (12.2 – 23) / 4 = (24 – 23) / 4 = 1/4

y = (69 – 24k) / 12 = (69 – 24.2) / 12 = (69 – 48) / 12 = 21/12

Resposta: x = 1/4 e y = 21/12.

Nota: observe que x e y satisfazem ao enunciado pois são ambos positivos e a soma resulta num número
inteiro, ou seja: (1/4) + (21/12) = (3/12) + (21/12) = 24/12 = 2. Além disso, substituindo x e y na equação
original resulta
8(1/4) + 12(21/12) = 2 + 21 = 23.

Agora resolva estes:

1) Determinar o menor número inteiro positivo que dividido por 40 dá resto 18 e dividido por 38, dá resto
26.
Resposta: 178

2) Determinar os números naturais que divididos por 40 deixam resto 18 e divididos por 38, deixam resto
26.
Resposta: números da forma 760k + 178, onde k = 0, 1, 2, 3, 4, ... .

3) Resolver a equação 6x + 10y = 21, de modo que x e y sejam positivos e sua soma um número inteiro.
Resposta: x = 9/4 e y = 3/4.

Francisco do Rosário Domingos 52


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Uma potência de potência e uma venda com lucro: dois exercícios simples

Nota: os enunciados dos dois problemas a seguir, foram enviados a mim através e-mail de dois
visitantes do site. Como nem sempre tenho tempo de responder a todos os e-mails que recebo,
normalmente publico as soluções solicitadas na forma de arquivo. Tenho procedido assim já há
muito tempo pois, entendo que universalizando as soluções no site, estarei ajudando a um
número maior de pessoas. Este é o 320º arquivo publicado no site, que este ano estará
completando 10 anos! Sim, os primeiros arquivos foram publicados em 1995, embora em outro
provedor! Lembrem-se que em 1995 a INTERNET estava apenas começando no BRASIL.

1 - O número N é o número 1 seguido de 100 zeros. Nestas condições, o número N N é o número


1 seguido de:
a) 100 N zeros
b) N2 zeros
c) 102N zeros
d) NN zeros
e) 110N zeros

Solução:

O número 10m , com m inteiro positivo, é um número formado por 1 seguido de m zeros.

Exemplos:
101 = 10
102 = 100
103 = 1 000
104 = 10 000
105 = 100 000
...................................
1010 = 10 000 000 000
e assim sucessivamente.

Aproveitando a oportunidade, relembramos que o número 10 – m , com m inteiro positivo, é um número


formado por 1 precedido de m zeros.
Exemplos:
10 – 1 = 0,1
10 – 2 = 0,01
10 – 3 = 0,001
10 – 4 = 0,0001
.............................
10 – 8 = 0,00000001
e assim sucessivamente.

Voltando à questão proposta:

Sabemos que o número 1 seguido de 100 zeros é igual a 10100 , ou seja, N = 10 100 .

Portanto, como 10100 = N, o número N N será igual a:

Francisco do Rosário Domingos 53


Apontamentos de Matemática Essencial

A conclusão acima baseia-se na seguinte propriedade das potências: (a m)n = a m.n , conhecida com
potência de potência.

Ora, sabemos que o número 10 m com m inteiro positivo é um número formado por 1 seguido de m zeros.
Logo, 10100N será um número formado por 1 seguido por 100N zeros, o que nos leva tranqüilamente à
alternativa A.

Agora resolva este:

O número M é o número 1 seguido de 1000 zeros. Nestas condições, o número M M é o número 1 seguido
de:
a) 100 M zeros
b)1000M zeros
c) 1002M zeros
d) MM zeros
e) 1100M zeros

Resposta: B

2 – Um comerciante comprou dois carros de marcas A e B por um preço total de


R$ 27000,00. Vendeu A com lucro de 10% e o B com prejuízo de 5%. Se no total o comerciante teve um
lucro de R$ 750,00, determine os preços de aquisição dos carros.

Solução:

Sejam x e y os preços de aquisição dos carros de marcas A e B respectivamente. Naturalmente teremos


que x + y = 27000.

Pelo enunciado, os carros foram vendidos da seguinte forma:


A: com lucro de 10%, ou seja:
ao preço de (100% + 10%).x = 110%.x = (110/100).x = 1,10x

B: com prejuízo de 5%, ou seja:


ao preço de (100% - 5%).y = 95% . y = (95/100).y = 0,95y
Daí, é válido escrever: 1,10 x + 0,95 y = 27750, já que o comerciante lucrou R$750,00 sobre os
R$27000,00 gastos na compra dos dois carros.

Temos então um sistema de equações do primeiro grau formado pelas equações:

x + y = 27000
1,10x + 0,95y = 27750

Da primeira equação vem que y = 27000 – x . Substituindo na segunda, fica:

1,10x + 0,95(27000 – x) = 27750

Efetuando as operações indicadas, vem:

Francisco do Rosário Domingos 54


Apontamentos de Matemática Essencial

1,10x + 0,95.27000 – 0,95x = 27750

1,10x + 25650 – 0,95x = 27750

1,10x - 0,95x = 27750 – 25650


0,15x = 2100
x = 2100 / 0,15 = 210000/15 = 14000

Justificando a operação acima, para aquelas milhares de pessoas que já esqueceram como dividir um
número por um número decimal:

A regra básica para dividir decimais é simples: basta igualar o número de casas decimais dos dois
números dados e dividir os números resultantes como se fossem inteiros. No presente caso, como 0,15
possui duas casas decimais, escrevemos 2100 como 2100,00 (igualamos o número de casas decimais) ,
desprezamos as vírgulas, o que resulta 210000/15 = 14000.

Exemplos:

a) 2 / 0,002 = 2,000 / 0,002 = 2000 / 2 = 1000


b) 2,56 / 0, 0001 = 2,5600 / 0,0001 = 25600 / 1 = 25600
c) 0,06 / 0, 003 = 0,060 / 0,003 = 60 / 3 = 20
d) 0,04 / 0,0002 = 0,0400 / 0,0002 = 400 / 2 = 200

Não resisti a fazer este comentário, porque após a popularização do uso das calculadoras eletrônicas no
Brasil (por volta de 1970), muita gente começou a esquecer as regras das operações elementares. Fazer
contas sem usar calculadoras, ainda é um bom exercício para religar neurônios !. É conveniente ressaltar
que acho muito importante e adequado o uso das calculadoras mas, não se deve nunca perder de vista
também o exercício do uso do cérebro, dádiva da Natureza.

Voltando à questão:
Como x = 14000 e x + y = 27000, resulta que y = 27000 – x = 27000 – 14000 = 13000.

Resposta: os preços de aquisição dos carros A e B são R$14000,00 e R$13000,00, respectivamente.

Agora resolva este:

Um comerciante comprou dois carros usados de marcas X e Y por um preço total de


R$ 30000,00. Vendeu X com lucro de 20% e Y com prejuízo de 10%. Se no total o comerciante teve um
lucro de R$ 300,00, determine os preços de aquisição dos carros.

Resposta: X: R$11000,00 e Y: R$19000,00

Francisco do Rosário Domingos 55


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Operando com números inteiros II

Determinar os números naturais que divididos por 40 deixam resto 18 e divididos por 38 deixam resto 26.

Solução:

Sendo D o dividendo, d o divisor e q o quociente, já sabemos que D = dq + r com 0 ≤ r < d.


Nestas condições, poderemos escrever, sendo D o número procurado:

D = 40q1 + 18
D = 38q2 + 26
onde q1 e q2 são os quocientes e, portanto, números inteiros.

Podemos inferir das duas igualdades acima, que 40q1 + 18 = 38q2 + 26 . Daí, vem:
40q1 = 38q2 + 26 – 18 = 38q2 + 8
Então, poderemos escrever:
q1 = (38q2 + 8) / 40

Como q1 é um número inteiro, o numerador 38q2 + 8 é um múltiplo de 40, ou seja:


38q2 + 8 = 40n , onde n é um número inteiro.

Daí tiramos que q2 = (40n – 8) / 38 = (38n + 2n – 8) / 38 = n + 2[(n – 4) / 38]


Nota: observe que substituir 40n por 38n + 2n é apenas um artifício para ajudar na simplificação, pois isto
fez aparecer 38n / 38 que é igual a n. Portanto,

q2 = n + 2[(n – 4) / 38] = n + (n – 4) / 19, onde q2 e n são números inteiros.

Como a soma de dois números inteiros é um outro número inteiro, sendo n inteiro, a fração
(n – 4) / 19 deverá ser também um número inteiro e, portanto, n – 4 será múltiplo de 19, o que nos permite
escrever n – 4 = 19k onde k é também inteiro.

Logo, n = 19k + 4

Substituindo o valor de q2 acima, na expressão de q1 visto anteriormente e efetuando os cálculos, fica:

Portanto, q1 = n e como vimos acima que n = 19k + 4, vem imediatamente que


q1 = 19k + 4.

Ora, o número natural procurado é dado por D = 40q1 + 18, conforme vimos no início desse texto. Logo,
substituindo, vem finalmente:

D = 40(19k + 4) + 18 = 760k + 160 + 18 = 760k + 178 onde k é um número inteiro positivo ou nulo, ou
seja, k = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, ...

Resposta: os números naturais que divididos por 40 deixam resto 18 e divididos por 38 deixam resto 26
são da forma ϕ = 760k + 178 com k = 0, 1, 2, 3, 4, ...

Francisco do Rosário Domingos 56


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Nota: substituindo os valores de k na solução geral, obteremos:


k = 0 ⇒ ϕ = 178
k = 1 ⇒ ϕ = 938
k = 2 ⇒ ϕ = 1698
k = 3 ⇒ ϕ = 2458
k = 4 ⇒ ϕ = 3218
e assim sucessivamente. Observem que a seqüência 178, 938. 1698, 2458, 3218, ... é uma Progressão
Aritmética – PA de razão 760.

Francisco do Rosário Domingos 57


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Forma (S,P) de uma equação do 2º grau

Seja a equação ax2+bx+c = 0. Dividindo ambos os membros por a ≠ 0, vem:


x2 + (b/a)x + (c/a) = 0
Sendo x1 e x2 as raízes, temos as seguintes fórmulas para a soma S e o produto P das raízes.

Ora, poderemos escrever então:


S = -b / a ⇒ -S = b/a
Substituindo os valores de b/a e c/a na equação acima, vem finalmente:
x2 – Sx + P = 0, que é a forma (S,P) da equação do 2º grau.

Esta maneira de apresentar a equação do 2º grau é bastante conveniente, uma vez que
permite conhecer a soma das raízes e o produto das raízes, sem resolver a equação. Este fato,
facilita até a solução mental da equação, sem aplicação da fórmula de Bhaskara.

Exemplos:

a) x2 – 5x + 6 = 0
Soma das raízes = S = 5
Produto das raízes = P = 6
Ora, os números que somados dá 5 e multiplicados dá 6, são 2 e 3 que são as raízes da
equação.

b) x2 – x – 12 = 0
S = 1 e P = -12
Os números que somados é igual 1 e multiplicados dá - 12 são 4 e –3 , que são as raízes da
equação.

c) x2 +3x - 4 = 0
S = - 3 e P = -4
Os números que somados dá –3 e multiplicados dá –4 são –4 e 1, que são as raízes da
equação.

d) x2 + x - 999000 = 0
S = -1 e P = -999000
Verifique mentalmente que as raízes são -1000 e 999.
A solução pela fórmula de Bhaskara seria um pouco trabalhosa. Perceberam?

e) x2 – (1+√ 3)x + √ 3 = 0
Verifique mentalmente que as raízes são 1 e √ 3.

Com a prática, você será capaz de resolver muitas equações do 2º grau, sem o uso da fórmula
de Bhaskara, com o uso do método acima.

Francisco do Rosário Domingos 58


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Nota: a fórmula de Bhaskara – matemático hindu do século XII – é dada por:


2 onde ∆ = b2 – 4ac (∆ : é conhecido como discriminante da equação).
x = (-b ± √∆) / 2a
Esta fórmula – atribuída a Bhaskara – resolve a equação do segundo grau ax2 + bx + c = 0,
com a ≠ 0.
Observe que se ∆ = 0, a equação possui duas raízes reais e iguais; se ∆ > 0, a equação possui
duas raízes reais e distintas entre si; se ∆ < 0, a equação não possui raízes reais.

Com a forma (S,P) da equação do 2º grau [x2 – Sx + P=0], podemos resolver o problema
inverso da determinação das raízes, ou seja, compor a equação cujas raízes são conhecidas.
Exemplo: Qual a equação do 2º grau cujas raízes são 10 e 78?
Temos: S = 10+78 = 88 e P = 10.78 = 780
Logo, a equação é: x2 – 88x + 780 = 0.

Qual a equação cujas raízes são -4 e 100?


Temos: S = -4 + 100 = 96 e P = -4(100) = -400
Logo, a equação procurada é x2 - 96x – 400 = 0.

Qual a equação cujas raízes são w -1 e w+1?


Temos: S = w –1 + w + 1 = 2w
P = (w –1)(w+1) = w2-1
Logo, a equação procurada é:
x2 – 2wx + w2 – 1 = 0.

Agora resolva mentalmente a equação x2 + 100x – 60000 = 0


Resposta: as raízes são -300 e 200.

Francisco do Rosário Domingos 59


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Proporcionalidade entre grandezas

1 - O que é uma grandeza?

Entende-se por grandeza, como sendo qualquer entidade susceptível de ser medida.
As grandezas classificam-se em dois tipos fundamentais:

Grandezas escalares - aquelas que ficam perfeitamente caracterizadas apenas pelo


conhecimento de um número que expresse a sua medida numa determinada unidade.
Exemplos: massa, 20 kg ; volume, 12 m3 ; comprimento, 50 m ; tempo, 60 s, etc.

Grandezas vetoriais - aquelas que para ficarem perfeitamente caracterizadas, necessitam além
de um número que expresse a sua medida numa determinada unidade (o seu módulo), que
sejam especificados o sentido e a direção. São representadas através Vetores.

Exemplos: força, velocidade, aceleração, intensidade de campo elétrico, etc.

Nota: no que se segue, poderemos nos referir a grandezas vetoriais, sem levar em conta o seu
aspecto vetorial. Explico: ao nos referirmos a uma velocidade (grandeza vetorial) de 80 km/h,
por exemplo, não estaremos interessados , na sua direção ou no seu sentido, e sim
unicamente no seu módulo, ou seja 80 km/h. O tratamento vetorial da velocidade, interessaria,
se estivéssemos dando uma abordagem do ponto de vista da Física. Para uma abordagem de
proporcionalidade, como nos propomos aqui, não necessitamos de tal enfoque.
É conveniente ressaltar de passagem, que ao nos referirmos à velocidade, por exemplo,
estaremos nos referindo sempre à velocidade média, uma vez que a velocidade instantânea de
um móvel no tempo t = t0, teria que ser calculada usando-se Derivadas.

2 - Proporcionalidade direta

Sejam G1 e G2 , duas grandezas dependentes das variáveis X e W, respectivamente, que


assumem valores conforme tabela abaixo:

G1 X1 X2 X3 X4 ... Xn
G2 W1 W2 W3 W4 ... Wn

Dizemos que G1 e G2 estão em proporção direta quando,

Onde k é denominado constante de proporcionalidade.

Das igualdades acima, podemos inferir que genericamente, teremos X / W = k, de onde vem,
X = k . W, sendo k a constante de proporcionalidade.
Dizemos então, que a variável X é diretamente proporcional à variável W, segundo a constante
k.

Francisco do Rosário Domingos 60


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NOTA: se Y é diretamente proporcional a X, indicamos simbolicamente isto por:


Y α X . (α = alfa , primeira letra do alfabeto grego).

Exemplo:
Considerando que um disquete custa $0,80 é razoável supor que:

Quantidade 2 5 8 10 20 30 50 100
Preço total ( $) 1,60 4,00 6,40 8,00 16,00 24,00 40,00 80,00

Observamos que as variáveis PREÇO e QUANTIDADE, são diretamente proporcionais, pois:


1,60/2 = 4,00/5 = 6,40/8 = 8,00/10 = 16,00/20 = 24,00/30 = ... = 0,80, que, no caso é a
constante de proporcionalidade.
Podemos então concluir que a Quantidade Q e o Preço P, no exemplo acima, estão
relacionados pela sentença P = 0,80 . Q . Assim, conhecido Q, determinaríamos o valor de P
usando a fórmula anterior. Exemplo: 200 disquetes custariam $160,00.

Cabe aqui, entretanto, um comentário:


E se fossem 1.000.000.000.000 (um trilhão de disquetes?). Pela fórmula, chegaríamos a:
P = 1.000.000.000.000 x 0,80 = $800.000.000.000, ou seja 800 bilhões! De sã consciência,
você pagaria 800 bilhões por 1 trilhão de disquetes?
Acho que não! Primeiro, porque 800 bilhões, são 800 bilhões e segundo, porque eu acho que
nem existem
1 trilhão de disquetes no mundo!

Portanto, é conveniente lembrar que ao aplicarmos um modêlo matemático para traduzir um


determinado problema, temos de estar atentos aos limites de validade do modêlo. No exemplo
acima, por exemplo, poderíamos considerar que talvez 1000 disquetes fosse o nosso limite
(talvez um pouco mais), o que nos levaria a interpretar o nosso modêlo, ou seja, a equação P =
0,80.Q com as limitações
Q ≤ 1000 e P ≤ 800.

3 - Proporcionalidade inversa

Sejam G1 e G2 , duas grandezas dependentes das variáveis X e W, respectivamente, que


assumem valores conforme tabela abaixo:

G1 X1 X2 X3 X4 ... Xn
G2 W1 W2 W3 W4 ... Wn

Dizemos que G1 e G2 estão em proporção inversa quando,


X1.W1 = X2.W2 = X3.W3 = X4.W4 = ... = Xn.Wn = k = constante
Onde k é a constante de proporcionalidade.

Das igualdades acima, podemos inferir que genericamente, teremos X . W = k, sendo k a


constante de proporcionalidade.
Dizemos então, que as variáveis X e Y são inversamente proporcionais, segundo a constante k.

Francisco do Rosário Domingos 61


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Exemplo:
Considerando que um carro terá de percorrer a distancia de 240 km entre duas cidades, é
razoável supor que:

Velocidade (km/h) 20 40 50 80 100 125 200 240


Tempo de duração (h) 12 6 4,8 3 2,4 1,92 1,2 1

Observamos que as variáveis VELOCIDADE e TEMPO, são inversamente proporcionais, pois:


20.12 = 40.6 = 50.4,8 = 80.3 = 100.2,4 = 125.1,92 = 200.1,2 = 240.1 = k , onde k no caso é a
constante de proporcionalidade.

Podemos então concluir que, no exemplo acima, a VELOCIDADE V e o TEMPO T, estão


relacionados pela sentença V.T = 240. Assim, conhecido V, determinaríamos o valor de T
usando a fórmula anterior.

Aqui, também, vale a observação do item anterior. Por exemplo, se a velocidade fosse 100.000
km/h, obteríamos um tempo igual a 0,0024h = 8,64 segundos! Ora, isto é um absurdo no
mundo material!

Portanto, é conveniente relembrar que ao aplicarmos um modêlo matemático para traduzir um


determinado problema, temos de estar atentos aos limites de validade do modêlo. No exemplo
acima, por exemplo, poderíamos considerar que talvez 200 km/h fosse o nosso limite (talvez
um pouco mais), o que nos levaria a interpretar o nosso modêlo, ou seja, a equação V.T = 240
com as limitações
V ≤ 200 e T ≤ 1,2h.

Notas:
Se Y é diretamente proporcional a X, indicamos simbolicamente: Y α X.
Se Y é inversamente proporcional a X, podemos dizer que Y é diretamente proporcional a 1/X e
indicamos :
Y α (1 / X).

4 - Resolvendo problemas

14 trabalhadores, trabalhando 10 dias de 8 horas, conseguem fazer 56000 metros de certo


tecido. Quantos dias de 6 horas serão necessários a 9 trabalhadores para fazerem 32400
metros do mesmo tecido?

Solução:
Sejam:
T = número de trabalhadores
D = número de dias
H = número de horas de trabalho por dia
L = comprimento de tecido

é plausível supor que:


D aumentando, T diminui, portanto D α 1 / T

Francisco do Rosário Domingos 62


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D aumentando, H diminui, portanto D α 1 / H


D aumentando, L aumenta, portanto, D α L

Assim, é que poderemos escrever:


D = k.(1 / T).(1 / H) . L = k.L / T.H, ou seja: D = k . L / T . H

Para determinar o valor da constante k, substituamos D, T, H e L pelos valores conhecidos:


10 = k.56000 / 14.8 . Daí tiramos k = 10.14.8 / 56000 = 0,02

Portanto, a fórmula em vermelho acima, fica:


D = 0,02.L / T.H

Logo, usando os valores do enunciado, poderemos escrever:


D = 0,02. 32400 / 9.6 = 648 / 54 = 12
Portanto, serão necessários 12 dias.

Agora resolva este:

20 trabalhadores, em 10 dias de 8 horas, conseguem fazer 16000 metros de certo tecido.


Quantos dias de 10 horas seriam necessários para 10 trabalhadores, fazerem 32000 metros do
mesmo tecido?

Resposta: 32 dias

NOTA: observe que não usamos aqui o conceito de regra de três (rule of three - em inglês) e
nem falamos dela, e, entretanto, conseguimos resolver os problemas.

Encontrei as seguintes preciosidades, na revista RPM n.º 9 / 2º semestre 1986, publicação da


Sociedade Brasileira de Matemática - num artigo do Prof. Geraldo Ávila - pag. 8, as quais
reproduzo sintetizadas e adaptadas:

1. a regra de tres, ao que tudo indica, surgiu na Índia e entrou na Europa, através dos
árabes.
2. ela foi muito usada no comércio, por vários séculos, porém como simples regra.
3. Brahmagupta - matemático indiano - já no século VII da nossa era - usava as técnicas
da regra de tres.
4. os livros modernos de Matemática, americanos, já não incorrem no mesmo arcaísmo de
abordagem, ainda presentes nos livros brasileiros e, não usam nem mesmo, a
expressão "rule of three" (regra de tres).
5. A propósito, recentemente o Prof. Ralph P. Boas, da "Northwestern University" ,
celebrou este fato em versos publicados na revista "American Mathematical Monthly" -
02/86 - pag. 115 - e que reproduzimos a seguir:

What has become of the rule of the three,


Simple or double, once popular pair?
Students today no longer see
Alligation, or tret and tare.

O que aconteceu com a regra de tres,

Francisco do Rosário Domingos 63


Apontamentos de Matemática Essencial

Simples ou composta, outrora um par tão popular?


Os estudantes de hoje não mais reconhecem
"Alligation" ou "tret" e "tare" .

Francisco do Rosário Domingos 64


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Regra de três composta

1 – Introdução

No capítulo sobre Proporcionalidade entre grandezas, introduzimos um


tratamento mais técnico à questão. Aqui, entretanto, daremos um
enfoque mais prático, apresentando um método infalível, para resolver
qualquer problema de regra de três composta que possa aparecer na sua
vida!.

Recomendo enfaticamente, que você revise o arquivo Proporcionalidade


entre grandezas, clicando no link acima.

O Método Prático consiste em:

a) escrever em coluna as variáveis do mesmo tipo, ou seja, aquelas


expressas na mesma unidade de medida.

b) Identificar aquelas que variam num mesmo sentido (grandezas


diretamente proporcionais) e aquelas que variam em sentidos opostos
(grandezas inversamente proporcionais), marcando-as com setas no mesmo
sentido ou sentidos opostos, conforme o caso.

c) A incógnita x será obtida da forma sugerida no esquema abaixo,


dada como exemplo de caráter geral.

Sejam as grandezas A, B, C e D, que assumem os valores indicados


abaixo, e supondo-se, por exemplo, que a grandeza A seja diretamente
proporcional à grandeza B, inversamente proporcional à grandeza C e
inversamente proporcional à grandeza D, podemos montar o esquema a
seguir:

Neste caso, o valor da incógnita x será dado por:

Observem que para as grandezas diretamente proporcionais,


multiplicamos x pelos valores invertidos e para as grandezas
inversamente proporcionais, multiplicamos pelos valores como aparecem
no esquema.

Francisco do Rosário Domingos 65


Apontamentos de Matemática Essencial

Exemplo:

STA CASA – SP – Sabe-se que 4 máquinas, operando 4 horas por dia,


durante 4 dias, produzem 4 toneladas de certo produto. Quantas
toneladas do mesmo produto seriam produzidas por 6 máquinas daquele
tipo, operando 6 horas por dia, durante 6 dias?
a) 8 b) 15 c) 10,5 d) 13,5

Se você tentar usar a metodologia indicada no capítulo


Proporcionalidade entre grandezas , não obstante ser um método mais
rigoroso e até mais bonito, você perderia mais tempo na resolução.

Vejamos a solução:

Observe que a produção em toneladas é diretamente proporcional ao


número de máquinas, ao número de dias e ao número de horas/dia.
Portanto:

Portanto, seriam produzidas 13,5 toneladas do produto, sendo D a


alternativa correta.

2 – Exercícios resolvidos e propostos

2.1 – Vinte e cinco teares trabalhando oito horas por dia, durante 10
dias, fizeram 1200 metros de certo tecido. Vinte teares trabalhando
nove horas por dia durante dezoito dias, produzirão quantos metros do
mesmo tecido?

Nota: Tear – máquina destinada a tecer fios, transformando-os em pano


ou tecido. Plural: teares.

SOLUÇÃO:

Observe que o comprimento do tecido é diretamente proporcional ao


número de teares, ao número de dias e ao número de horas/dia.

Francisco do Rosário Domingos 66


Apontamentos de Matemática Essencial

Portanto:

Resp: 1944 m

2.2 – Em uma fábrica, vinte e cinco máquinas produzem 15000 peças de


automóvel em doze dias, trabalhando 10 horas por dia.
Quantas horas por dia, deverão trabalhar 30 máquinas, para produzirem
18000 peças em 15 dias?

Solução:

Observe que:

Aumentando o número de horas/dia, aumenta o número de peças, diminui o


número de dias necessários e diminui o número de máquinas necessárias.

Portanto:

Resp: 8 h

2.3 – Certo trabalho é executado por 15 máquinas iguais, em 12 dias de


10 horas. Havendo defeito em três das máquinas, quantos dias de 8
horas deverão trabalhar as demais, para realizar o dobro do trabalho
anterior?

Solução:

Aumentando o número de dias, diminui o número de horas/dia necessários


e diminui o número de máquinas necessárias.
Podemos também dizer que para realizar o dobro do trabalho, o número
de dias deve aumentar.
Portanto, podemos montar o seguinte esquema:

Francisco do Rosário Domingos 67


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Logo,

Resp: 37,5 dias

Agora resolva estes dois:

1 - Em uma residência, no mês de fevereiro de um ano não bissexto,


ficaram acesas, em média, 16 lâmpadas elétricas durante 5 horas por
dia e houve uma despesa de R$ 14,00. Qual foi a despesa em março,
quando 20 lâmpadas iguais às anteriores ficaram acesas durante 4 horas
por dia, supondo-se que a tarifa de energia não teve aumento?

Resp: R$15,50

2 - Um livro está impresso em 285 páginas de 34 linhas cada uma com 56


letras em cada linha. Quantas páginas seriam necessárias para
reimprimir esse livro com 38 linhas por página, cada uma com 60
letras?

Resp: 238 páginas

Francisco do Rosário Domingos 68


Apontamentos de Matemática Essencial

Cuidado com a regra de três

Um trabalhador recebeu a incumbência de fazer a capinação de um


terreno circular de 3 metros de raio, cobrando pelo trabalho o valor
de $10,00.
Qual seria o preço justo a ser cobrado para capinar um terreno
semelhante, porém com 6 metros de raio?

Solução:

Vamos por partes:

1 – Capinação
Ação de capinar; retirar do solo, a planta gramínea conhecida como
capim.

2 – Alguns mais desavisados, seriam compelidos a afirmar imediatamente


e equivocadamente, que deveria ser cobrado $20,00, uma vez que 6
metros é o dobro de 3 metros. Ledo engano!.

3 – Observe que a área capinada pelo eficiente trabalhador é igual a


S = π.r2, onde r é o raio do círculo capinado.
Sendo r = 3m, vem S = π.32 = (9π
π) m2.

NOTAS:
1 – a área S de um círculo de raio r é igual a S = πr2.
2 - m2 = metro quadrado

Na capinação de uma área circular de 6 metros de raio, ele teria


capinado uma área S’ = π.(r’)2 = π.62 = (36.π
π) m2.

Formamos agora, a seguinte regra de três simples e direta:

ÁREA(m2) PREÇO ($)


π
9π 10
36ππ x

Como o preço a ser cobrado, deve ser diretamente proporcional ao


trabalho realizado, vem imediatamente que:

x = 10.36π / 9π = 10.4 = $40,

Em resumo:

Se for cobrado $10 para capinar um terreno circular de 3 metros de


raio, então, o valor justo a ser cobrado para capinar um terreno
circular de 6 metros de raio, deve ser igual a $40,.

Francisco do Rosário Domingos 69


Apontamentos de Matemática Essencial

Muitas pessoas achariam $20 um valor justo! Por isto eu lembro:


estudem Matemática, mesmo que vocês pretendam ingressar em cursos que
não sejam da área de Ciência Exatas!

Francisco do Rosário Domingos 70


Apontamentos de Matemática Essencial

MDC e MMC

1 - MDC - MÁXIMO DIVISOR COMUM

Definição: dados dois números inteiros a e b não nulos, define-se o máximo divisor comum - MDC, como
sendo o maior inteiro que divide simultaneamente a e b.
O MDC de dois números será indicado por MDC (a, b).
Óbvio que se tivermos o MDC de n números inteiros a1, a2, a3, ... , an , indicaremos por
MDC (a1, a2, a3, ... , an)

Exemplos:

1 - Determine o MDC dos inteiros 10 e 14.


Os divisores positivos de 10 são: 1, 2, 5, 10.
Os divisores positivos de 14 são: 1, 2, 7, 14.
Os divisores comuns, são, portanto: 1 e 2.
Portanto, o máximo divisor comum é igual a 2 e, indicamos: MDC(10,14) = 2.

2 - Determine MDC (4, 10, 14, 60)


Os divisores positivos de 4 são: 1, 2, 4
Os divisores positivos de 10 são: 1, 2, 5, 10
Os divisores positivos de 14 são: 1, 2, 7, 14
Os divisores positivos de 60 são: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 10, 12, 15, 60
Os divisores comuns são, portanto: 1 e 2.
Portanto o MDC é igual a 2, ou seja: MDC (4, 10, 14, 60) = 2

Notas:

1.1 - um número inteiro positivo p ≠ 1 é denominado número primo, se e somente se os seus divisores
positivos são 1 e p. Pode-se provar que o conjunto dos números primos é um conjunto infinito.

Sendo P o conjunto dos números primos, podemos escrever:


P = {2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 61, ... }
Observa-se que 2 é o único número par que é primo.

1.2 - todo número inteiro maior do que 1, que não é primo, pode ser decomposto num produto único de
fatores primos. Esta afirmação é conhecida como o Teorema Fundamental da Aritmética - TFA.

Exemplos:

15 = 5.3
40 = 5.8 = 5.2.2.2 = 5.23
120 = 40.3 = 5.2.2.2.3 = 5.23.3
240 = 2.120 = 2.5.2.2.2.3 = 5.24.3

Na prática, podemos usar o seguinte esquema:


Seja o caso de 240 acima. Teremos:

Francisco do Rosário Domingos 71


Apontamentos de Matemática Essencial

240 |2
120 |2
60 |2
30 |2
15 |3
5 |5
1|

Então: 240 = 2.2.2.2.3.5 = 24.3.5


A decomposição de um número em fatores primos, é conhecida também como fatoração , já que o
número é decomposto em fatores de uma multiplicação.

Usando o dispositivo prático acima, vamos fatorar o número 408.


Teremos:

408 |2
204 |2
102 |2
51 |3
17 |17
1|

Então: 408 = 2.2.2.3.17 = 23.3.17

1.3 - O método de decomposição de um número num produto de fatores primos, sugere uma nova forma
para o cálculo do MDC de dois números inteiros não nulos, a e b, ou seja, para o cálculo de MDC (a,b).

Assim, seja calcular o MDC de 408 e 240.


Como já vimos acima, temos:
408 = 2.2.2.3.17 = 23.3.17
240 = 2.2.2.2.3.5 = 24.3.5
Tomando os fatores comuns elevados aos menores expoentes, teremos:
MDC (408, 240) = 23.3 = 8.3 = 24 , que é o MDC procurado.
Portanto, MDC (408, 240) = 24.

1.4 - o MDC do exemplo anterior, poderia ser também determinado pelo método das divisões sucessivas,
cujo dispositivo prático é mostrado a seguir:

1 1 2 3
408 | 240 | 168 | 72 | 24

168 | 72| 24| 0

Francisco do Rosário Domingos 72


Apontamentos de Matemática Essencial

Para entender o dispositivo prático acima, basta observar que:


408:240 = 1 com resto 168
240:168 = 1 com resto 72
168:72 = 2 com resto 24
72:24 = 3 com resto zero.
Portanto o MDC procurado é igual a 24, conforme já tínhamos visto antes.

1.5 - se o MDC de dois números inteiros a e b for igual à unidade, ou seja, MDC (a,b) = 1, dizemos que a
e b são primos entre si, ou que a e b são co-primos.
Ou seja:
MDC (a, b) = 1 ⇔ a e b são primos entre si (co-primos).
⇔ a e b são primos entre si (co-primos).
Exemplo: MDC (7, 5) = 1 ∴ 5 e 7 são primos entre si.

2 - MMC - MÍNIMO MÚLTIPLO COMUM

Definição: dados dois números inteiros a e b não nulos, define-se o mínimo múltiplo comum - MMC,
indicado por MMC (a,b) , como sendo o menor inteiro positivo, múltiplo comum de a e b.

Exemplo:

Determine o MMC dos inteiros 10 e 14.


Os múltiplo positivos de 10 são: 10, 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80, 90, 100, 110, ...
Os múltiplos positivos de 14 são: 14, 28, 42, 56, 70, 84, 98, 112, 126, 140, ...
Portanto, o mínimo múltiplo comum é igual a 70 e, indicamos: MMC(10,14) = 70.

Dos exemplos anteriores, vimos que: MDC (10,14) = 2 e MMC(10,14) = 70. Observe que:
10.14 = 2.70 = 140 = MDC(10,14) . MMC(10,14)

Pode-se provar que, dados dois números inteiros positivos a e b, teremos sempre que o produto desses
números é igual ao produto do MDC pelo MMC desses números, ou seja:

MDC(a,b) . MMC(a,b) = a . b

Observe que se dois números inteiros positivos a e b são primos entre si


(co-primos), o MDC entre eles é igual a 1, ou seja MDC (a, b) = 1 e, portanto, teremos:
1.MMC(a,b) = a . b ∴ MMC(a, b) = a . b , ou seja:

O Mínimo Múltiplo Comum de dois números primos entre si é igual ao produto deles.

Exemplos:

MMC(3, 5) = 3.5 = 15
MMC(7, 5, 3) = 7.5.3 = 105

Dois exercícios simples:

1 - O máximo divisor de dois números é igual a 10 e o mínimo múltiplo comum deles é igual a 210. Se
um deles é igual a 70, qual o outro?

Francisco do Rosário Domingos 73


Apontamentos de Matemática Essencial

Solução:

Ora, pelo que vimos acima, 10.210 = 70.n ∴ n = 30.

2 - Encontre um par ordenado (m,n) de números inteiros, que verifique a relação


MDC(180, 1200) = 180m + 1200n.

Solução:

Inicialmente, vamos determinar o MDC entre 180 e 1200:


Os divisores positivos de 180 são:
1, 2, 3, 6, 9, 10, 12, 15, 18, 20, 30, 60, 90 , 180.
Os divisores positivos de 1200 são:
1, 2, 3, 4, 6, 8, 10, 12, 15, 20, 25, 30, 40, 50, 60, 80, 100, 120, 150, 200, 300, 400, 600, 1200.

Portanto, o máximo divisor comum - MDC - de 180 e 1200 é igual a 60, ou seja:
MDC(180, 1200) = 60
Nota: poderíamos, é claro, determinar o MDC por qualquer um dos métodos indicados neste texto.

Observe agora, que:

1200 = 180.7 - 60
1200 - 180.7 = - 60
Multiplicando ambos os membros por ( - 1), fica:
- 1200 + 180. 7 = 60
180.7 - 1200 = 60

180.7 + 1200( - 1) = 60

Comparando com os dados do enunciado da questão, teremos:


MDC (180, 1200) = 180m + 1200n = 60
Logo, vem imediatamente que m = 7 e n = -1, e portanto, o par ordenado (7, -1) é uma solução inteira da
equação 180m + 1200n = 60.

.Agora resolva este:


Se MDC (210, 1225) = 210a + 1225b, pede-se determinar um par (a,b) de números inteiros, que satisfaça
a igualdade acima.
Resp: a = 6 e b = - 1.

Francisco do Rosário Domingos 74


Apontamentos de Matemática Essencial

Sistema de numeração binário

1 – O Sistema de numeração decimal

Já conhecemos o sistema de numeração decimal ou de base 10, que


utiliza os 10 algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 para
representação dos números reais.

Um aspecto muito importante da representação de um número ou seja, do


seu numeral, é o valor posicional dos algarismos que o compõe. Assim,
por exemplo, no número 234 – duzentos e trinta e quatro – o algarismo
2 possui valor posicional 200, o algarismo 3 possui valor posicional
30 e o algarismo 4, possui valor posicional 4.
Podemos escrever:
234 = 200 + 30 + 4
234 = 2.100 + 3.10 + 4.1
234 = 2.102 + 3.101 + 4.100

Analogamente, poderemos citar outros exemplos:

6542 = 6000 + 500 + 40 + 2


6542 = 6.1000 + 5.100 + 4.10 + 2
6542 = 6.103 + 5.102 + 4.101 + 2.100

508 = 500 + 0 + 8
508 = 5.100 + 0.10 + 8
508 = 5.102 + 0.101 + 8.100

Nota: cabe aqui distinguir número, numeral e algarismo.

NÚMERO = exprime a idéia de quantidade.


NUMERAL = símbolo utilizado para representar o número.
ALGARISMO = numerais de 0 a 9, no sistema de numeração decimal – base
10, letras I,V,X,L,C,D e M no sistema de algarismos romanos, etc

Exemplo: O número trinta é representado no sistema de numeração


decimal pelo numeral 30, no qual foram utilizados os algarismos 3 e 0.

Voltando à questão do sistema de numeração decimal, um número de


numeral (abcd...j) composto por n algarismos
a, b, c, ..., j pode ser representado genericamente por:

(abcd...j) = a.10n-1 + b.10n-2 + c.10n-3 + ... + j.100


onde (abcd...j) possui n algarismos.

Exemplos:

A) Seja o número duzentos e cinqüenta e oito, cujo numeral no sistema


decimal é 258. Poderemos escrever:
258 = 2.100 + 5.10 + 8.1 = 2.102 + 5.101 + 8.100

Francisco do Rosário Domingos 75


Apontamentos de Matemática Essencial

B) Seja o número vinte e cinco mil e duzentos, cujo numeral é 25200.


Poderemos escrever:
25200 = 2.104 + 5.103 + 2.102 + 0.101 + 0.100

C) Seja o número treze milhões duzentos e quarenta e tres mil


trezentos e vinte e cinco, cujo numeral no sistema decimal é 13 243
325. Poderemos escrever:
13243325 = 1.107 + 3.106 + 2.105 + 4.104 + 3.103 + 3.102 + 2.101 + 5.100

2 – O Sistema de numeração binário

Analogamente ao sistema de numeração decimal, que usa os dez


algarismos 0,1,2,3,4,5,6,7,8 e 9 para representar os números na base
10, podemos considerar o sistema de numeração binário, que utiliza os
dois algarismos 0 e 1 para representar os números na base 2.

Nota: De uma forma genérica, um sistema de numeração de base b,


com b maior ou igual a 2, será aquele sistema que usará os algarismos
0,1,2,3, ..., b – 1.

Exemplos:

Sistema de base 10: são usados os algarismos 0,1,2,3,...,9.

Sistema de base 8: são usados os algarismos 0,1,2,3,..7. Este sistema


também é conhecido como sistema octal.

Sistema de base 2: são usados os algarismos 0 e 1.


Este sistema também é conhecido como sistema binário.

Sistema de base 16: são usados os algarismos 0,1,2,3,4,5,6,7,8,9 e os


símbolos A,b,C,d,E,F para representar os numerais 10,11,12,13,14 e 15,
respectivamente.

Como este sistema utiliza as letras A,b,C,d,E,F para representar os numerais 10,11,12,13,14 e 15
respectivamente, alguns numerais escritos na base 16 podem possuir somente letras.

Exemplos:

O numeral 64218 escrito na base 16 fica: FAdA


O numeral 12237514 escrito na base 16 fica: bAbACA
O numeral 186 escrito na base 16 fica: bA
Convido o leitor a comprovar os exemplos acima, após a leitura integral deste texto.

Este sistema também é conhecido como sistema hexadecimal.

Retornando à questão do sistema binário – objetivo deste arquivo - e,


sem maiores delongas, usando uma analogia com o sistema de base 10,
poderemos escrever o numeral de um número de base 2 na base 10, da
seguinte forma:

Francisco do Rosário Domingos 76


Apontamentos de Matemática Essencial

Dado o número de numeral (abcd...j) composto por n algarismos (todos


iguais a 0 ou 1), escrito na base 2, ou seja, utilizando apenas os
algarismos ou dígitos 0 e 1, poderemos convertê-lo para a base 10, da
seguinte forma:

(abcd...j)(2 = (a.2n-1 + b.2n-2 + ... + j.20) na base 10.


Nota: (abcd...j)(2 representa um numeral escrito na base 2, onde
a,b,c,d, ...,j são iguais a 0 ou 1.

Exemplos:

101(2 = 101 na base 2 = 1.22 + 0.21 + 1.20 = 5 (5 escrito na base 10).

111(2 = 111 na base 2 = 1.22 + 1.21 + 1.20 = 7 (7 escrito na base 10).

1010(2 = 1.23 + 0.22 + 1.21 + 0.20 = 10 (10 escrito na base 10).

10001(2 = 1.24 + 0.23 + 0.22 + 0.21 + 1.20 = 17 (17 escrito na base 10).

E para converter um número dado na base 10 para a base 2?

Bem, neste caso, deveremos usar o seguinte algoritmo:

Dividir sucessivamente o número por 2, ...


Para justificar este algoritmo, vamos inicialmente, considerar a base
10.

Seja o numeral 248.


Dividindo 248 sucessivamente por 10, vem, usando a igualdade
Dividendo = Quociente x Divisor + Resto:

248 = 24 x 10 + 8
24 = 2 x 10 + 4
2 = 0 x 10 + 2
Observe os algarismos de baixo para cima: 248

Seja o numeral 1346.


Dividindo sucessivamente por 10, vem, usando a igualdade
Dividendo = Quociente x Divisor + Resto:
1346 = 134 x 10 + 6
134 = 13 x 10 + 4
13 = 1 x 10 + 3
1 = 0 x 10 + 1
Observe os algarismos de baixo para cima: 1346

Analogamente, teríamos para escrever um numeral na base 2, ou seja,


utilizando-se somente os algarismos 0 e 1:

Exemplo I) Seja o numeral 7 na base 10.

Dividindo sucessivamente por 2, vem, usando a igualdade


Dividendo = Quociente x Divisor + Resto:

Francisco do Rosário Domingos 77


Apontamentos de Matemática Essencial

7 = 3 x 2 + 1
3 = 1 x 2 + 1
1 = 0 x 2 + 1
Observe os algarismos de baixo para cima: 111
Portanto, 7 na base 10 é representado por 111 na base 2.

Exemplo II) Seja o numeral 15 na base 10.

Dividindo sucessivamente por 2, vem, usando a igualdade


Dividendo = Quociente x Divisor + Resto:
15 = 7 x 2 + 1
7 = 3 x 2 + 1
3 = 1 x 2 + 1
1 = 0 x 2 + 1
Observe os algarismos de baixo para cima: 1111
Portanto, 15 na base 10 é representado por 1111 na base 2.

Exemplo III) Seja o numeral 12 na base 10:

Dividindo sucessivamente por 2, vem, usando a igualdade


Dividendo = Quociente x Divisor + Resto:
12 = 6 x 2 + 0
6 = 3 x 2 + 0
3 = 1 x 2 + 1
1 = 0 x 2 + 1
Observe os algarismos de baixo para cima: 1100
Portanto, 12 na base 10 é representado por 1100 na base 2.

Exemplo IV) Seja o numeral 260 na base 10:


Dividindo sucessivamente por 2, vem, usando a igualdade
Dividendo = Quociente x Divisor + Resto:
260 = 130 x 2 + 0
130 = 65 x 2 + 0
65 = 32 x 2 + 1
32 = 16 x 2 + 0
16 = 8 x 2 + 0
8 = 4 x 2 + 0
4 = 2 x 2 + 0
2 = 1 x 2 + 0
1 = 0 x 2 + 1

Observe os algarismos de baixo para cima: 100000100


Portanto, 260 na base 10 é representado por 1100000100 na base 2.

Exemplo V) Seja o numeral 35:


Dividindo sucessivamente por 2, vem, usando a igualdade
Dividendo = Quociente x Divisor + Resto:
35 = 17 x 2 + 1
17 = 8 x 2 + 1
8 = 4 x 2 + 0
4 = 2 x 2 + 0
2 = 1 x 2 + 0

Francisco do Rosário Domingos 78


Apontamentos de Matemática Essencial

1 = 0 x 2 + 1
Observe os algarismos de baixo para cima: 100011
Portanto, 35 na base 10 é representado por 100011 na base 2.

Agora, como exercício, converta os seguintes numerais escritos na base


10, para a base 2:
a) 100
b) 26
c) 9
d) 225

Respostas:
a) 1100100
b) 11010
c) 1001
d) 11100001

Nota: os computadores digitais utilizam o sistema de numeração na base


2, daí a sua importância estratégica.

Francisco do Rosário Domingos 79


Apontamentos de Matemática Essencial

Sistema de numeração romano

1 – Introdução

O sistema de numeração romano existe há um pouco mais de 2000 anos


e utiliza os numerais I, V, X, C, D e M para representação dos números
inteiros positivos. Hoje, trata-se de um sistema praticamente em
desuso, valendo entretanto a sua abordagem, pelo seu valor histórico.
O uso do sistema romano atualmente, restringe-se tão somente a algumas
aplicações tais como a numeração de capítulos de livros, a ordem
cronológica dos papas, a ordem cronológica de reis e rainhas,
mostradores de alguns tipos de relógios, designação dos séculos etc.

Exemplos:
Século XXI, Papa Pio XII, Papa João Paulo II, Dom Pedro II etc.

Numeral Valor absoluto


I 1
V 5
X 10
L 50
C 100
D 500
M 1000

2 – Regras básicas para escrita dos numerais romanos

2.1 – somente as letras I, X, C e M podem ser repetidas e, no máximo,


três vezes consecutivas.

2.2 – as letras V, L e D não podem ser repetidas.

2.3 – letras repetidas, adicionam-se.


Exemplos: III = 3, XXX = 300, MMM = 3000, CC = 200 etc.

2.4 – letra à esquerda de outra de maior valor absoluto, subtrai-se; à


direita, soma-se.
Exemplos:
XL = 40 (L = 50 – X = 10)
LX = 60 (L = 50 + X = 10)
IV = 4
VI = 6
MI = 1001
XIV = 14
XVI = 16

2.5 – letra encimada por um traço horizontal, vale 1000 vezes o seu
valor absoluto. A única exceção é o numeral I, para o qual não se
aplica esta regra.Cada traço adicional, multiplica o valor anterior
por 1000.

Francisco do Rosário Domingos 80


Apontamentos de Matemática Essencial

Exemplos:

Alguns exemplos aleatórios de numerais hindu-arábicos expressos como


numerais romanos:

356 = CCCLVI
1254 = MCCLIV
78 = LXXVIII
2001 = MMI
1952 = MCMLII
3.674.690 = MMM DCLXXIV DCXC

A data oficial do descobrimento do Brasil seria: XXII.IV.MD


A data da proclamação da república no Brasil seria: XV.XI.MDCCCLXXXIX

NOTAS:

1 – não existe representação para o zero neste sistema de numerais


romanos. Aliás, o zero, tal como conhecemos hoje, foi introduzido
pelos hindus por volta do ano 500 depois de Cristo. Apenas para ajudar
a situar-se no tempo, a queda do Império Romano do Ocidente deu-se no
ano 476 depois de Cristo.

2 – O sistema de numeração hindu-arábico (o sistema atual,que utiliza


os algarismos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, e 9) somente começou a ter
uso rotineiro na Europa, por volta do ano 976 depois de Cristo.

3 – O sistema de numeração romano não usa o valor posicional dos


algarismos, o que de uma certa forma, limitou e tornou proibitivo o
uso dos mesmos nos cálculos.

Francisco do Rosário Domingos 81


Apontamentos de Matemática Essencial

Potências e radicais - parte I

1 – Potência de expoente natural

Sendo a um número real e n um número natural maior ou igual a 2, definimos a n-ésima


(enésima) potência de a como sendo:

an = a.a.a.a.a. … .a

onde o fator a é repetido n vezes, ou seja, o produto possui n fatores.

Denominamos o fator a de base e n de expoente; an é a n-ésima potência de a.

Portanto, potência é um produto de n fatores iguais.

A operação através da qual se obtém uma potência, é denominada potenciação.

Exemplos:

72 = 7.7 = 49

25 = 2.2.2.2.2 = 32

63 = 6.6.6 = 216

107 = 10.10.10.10.10.10.10 = 10000000 (dez milhões)

106 = 10.10.10.10.10.10 = 1000000 (um milhão)

Nota:

Observe que a potência 10n é igual a 1 seguido de n zeros.

Assim, por exemplo, 1010 = 10000000000 (dez bilhões).

1.1 – Convenções:

a) potência de expoente zero

a0 = 1

Exemplos: 45670 = 1; 2430 = 1; (- 2001)0 = 1

Francisco do Rosário Domingos 82


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b) potência de expoente unitário

a1 = a

Exemplos: 231 = 23; 20011 = 2001.

1.2 – As potências de expoente 2 e 3 recebem nomes especiais, a saber:

a2 = a.a, é lido como a ao quadrado.

a3 = a.a.a, é lido como a ao cubo.

1.3 – Propriedades das potências

São válidas as seguintes propriedades das potências de expoentes naturais, facilmente


demonstráveis:

P1) am . an = am+n
Exemplo: 25.23 = 25+3 = 28 = 2.2.2.2.2.2.2.2 = 256

P2) am : an = am-n
Exemplo: 57:54 = 57-4 = 53 = 5.5.5 = 125

P3) (am)n = am.n


Exemplo: (42)3 = 42.3 = 46 = 4.4.4.4.4.4 = 4096

P4) am.bm = (a.b)m


Exemplo: 23.43 = (2.4)3 = 83 = 8.8.8 = 512

P5) am:bm = (a:b)m


Exemplo: 124:34 = (12:3)4 = 44 = 4.4.4.4 = 256

P6) a-n = 1/an


Exemplo: 5-2 = 1/52 = 1/5.5 = 1/25

Esta propriedade decorre de P2, ou seja: a-n = a0/an = a0-n = a-n.

Nota: estas propriedades também são válidas para expoentes reais.

Exercício:

Calcule o valor da expressão a seguir:

A = {[(23.24 : 43)]5}-2

Francisco do Rosário Domingos 83


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Desenvolvimento:

A = {[(27 : (22)3)]5}-2 = {[27 : 26]5}-2 = {[21]5}-2 = 2-10 = 1/210 = 1/1024

2 - Radicais

A forma mais genérica de um radical é:

onde c = coeficiente, n = índice e A = radicando.

O radical acima é lido como: c raiz n-ésima (enésima) de A.

Se n = 2, costuma-se não representar o número 2 e lê-se como c raiz quadrada de A.

Se n = 3, lê-se o radical como c raiz cúbica de A.

Exemplos:

que é lido com 5 raiz cúbica de 25, onde 5 é o coeficiente, 3 é o índice e 25, o radicando.

√10 que é lido como 3 raiz quadrada de 10, onde 3 é o coeficiente, 2 (não indicado, por
3√
convenção) é o índice e 10, o radicando.

2.1 - Potência de expoente fracionário

Exemplo:

A propriedade acima decorre de:


Seja x = am/n . Podemos escrever: xn = (am/n)n e, daí, xn = am de onde vem, extraindo-se a raiz
n-ésima de ambos os membros:

Francisco do Rosário Domingos 84


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2.2 – Introduzindo o coeficiente num radical

Uma importante propriedade dos radicais é a seguinte:

Exemplo:

Portanto, para introduzir um coeficiente num radical, basta elevar este coeficiente a um
expoente igual ao seu índice.

Esta propriedade é bastante útil também, para a simplificação de radicais, pois às vezes, a
depender do tipo de problema que está sendo abordado, pode tornar-se necessário percorrer o
caminho inverso. Assim, por exemplo,

2.3 – Raiz de raiz

Outra propriedade muito importante dos radicais é a que segue:

Exemplo:

A operação com radicais é denominada RADICIAÇÃO e, esta operação é a inversa da


POTENCIAÇÃO.

Isto decorre de:

Exemplos:

Como 2 elevado a 4 é igual a 16, dizemos que 2 é uma raiz quarta de 16.

Francisco do Rosário Domingos 85


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Como 3 elevado a 2 é igual a 9, dizemos que 3 é uma raiz quadrada de 9.


Como 5 elevado a 3 é igual a 125, dizemos que 5 é uma raiz cúbica de 125, etc

Francisco do Rosário Domingos 86


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Potências e radicais - parte II

Racionalização de denominadores

1 – O que significa?

Como o próprio nome indica, racionalizar o denominador de uma fração, significa escreve-la
de uma forma equivalente, mantendo o seu valor inicial, sem que ela contenha, entretanto, um
número irracional no denominador. É importante ressaltar, que a racionalização do
denominador de uma fração, não a torna racional mas, apenas, elimina o termo irracional do
seu denominador, o que de uma certa forma facilita os cálculos necessários à análise de um
determinado problema.

Apenas de passagem, lembramos que os números irracionais são todas as dízimas não
periódicas ou as raízes não exatas de números reais.

Podemos citar como exemplos de números irracionais:

A = 1,01001000100001... (dízima não periódica)


B = 0,123567012432756284... (dízima não periódica)
C = π = 3,14159... (dízima não periódica)
D = √2 = 1,414... (raiz não exata e também uma dízima não periódica)
E = √3 = 1,732... (raiz não exata e também uma dízima não periódica)
F = 2√3 (raiz não exata e também uma dízima não periódica) etc

Observe que números como 0,34343434... , 0,2222222..., 3,1717171717... etc, por serem
dízimas periódicas, não são números irracionais e sim, números racionais.

É importante ressaltar uma questão importante:

Um número racional pode sempre ser escrito como uma fração da forma a/b com a e b
sendo números inteiros, com b diferente de zero e os números irracionais não podem ser
escritos na
forma de fração a/b.

Por exemplo, 0,333333... que é uma dízima periódica, pode ser escrito como 1/3 pois 1/3 =
0,3333... e, portanto, é um número racional.

Outros exemplos de dízimas periódicas ou seja, números racionais:

0,21212121... = 21/99
0,342342342... = 342/999
0,888888... = 8/9 etc

Já o número √2, por exemplo, que é uma raiz não exata, nunca poderá ser escrito como uma
fração do tipo a/b com a e b sendo números inteiros, com b diferente de zero.

Francisco do Rosário Domingos 87


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Voltemos então à questão da racionalização de denominadores.

2 – Racionalização de denominadores

Como regra geral, para racionalizar o denominador de uma fração, basta multiplicar o
numerador e denominador desta, por um termo conveniente denominado Fator Racionalizante.

Saber escolher o fator racionalizante corretamente caracteriza-se como a parte mais importante
da solução do problema. Vejamos alguns exemplos elucidativos:

a)

Observe que o fator racionalizante no caso acima foi √2.


b)

c)

Agora racionalize a seguinte fração:

Resposta:

Agora resolva o seguinte desafio:

Racionalize a fracção:

Francisco do Rosário Domingos 88


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Lógica Matemática I

1 - INTRODUÇÃO

A Lógica Matemática, em síntese, pode ser considerada como a ciência do raciocínio e da


demonstração. Este importante ramo da Matemática desenvolveu-se no século XIX, sobretudo
através das idéias de George Boole , matemático inglês (1815 - 1864), criador da Álgebra
Booleana, que utiliza símbolos e operações algébricas para representar proposições e suas
inter-relações.

As idéias de Boole tornaram-se a base da Lógica Simbólica, cuja aplicação estende-se por
alguns ramos da eletricidade, da computação e da eletrônica.
A lógica matemática (ou lógica simbólica), trata do estudo das sentenças declarativas também
conhecidas como proposições , as quais devem satisfazer aos dois princípios fundamentais
seguintes:

Princípio do terceiro excluído: uma proposição só pode ser verdadeira ou falsa , não havendo
outra alternativa.

Princípio da não contradição: uma proposição não pode ser ao mesmo tempo verdadeira e
falsa.

Diz-se então que uma proposição verdadeira possui valor lógico V (verdade) e uma proposição
falsa possui valor lógico F (falso). Os valores lógicos também costumam ser representados por
0 (zero) para proposições falsas ( 0 ou F) e 1 (um) para proposições verdadeiras ( 1 ou V ).

As proposições são indicadas pelas letras latinas minúsculas: p, q, r, s, t, u, ...

De acordo com as considerações acima, expressões do tipo, "O dia está bonito" , "3 + 5" , "x é
um número real" , "x + 2 = 7", etc., não são proposições lógicas, uma vez que não poderemos
associar a ela um valor lógico definido (verdadeiro ou falso).

Exemplificamos a seguir algumas proposições, onde escreveremos ao lado de cada uma delas,
o seu valor lógico V ou F. Poderia ser também 1 ou 0.

p: " a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual a 180º " ( V )


q: " 3 + 5 = 2 " ( F )
r: " 7 + 5 = 12" ( V)
s: " a soma dos ângulos internos de um polígono de n lados é dada por Si = (n - 2) . 180º " ( V )
t: " O Sol é um planeta" ( F )
w: " Um pentágono é um polígono de dez lados " ( F )

2 - Símbolos utilizados na Lógica Matemática

∼ não

∧ e

Francisco do Rosário Domingos 89


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∨ ou

→ se ... então

↔ se e somente se

| tal que

⇒ implica

⇔ equivalente

∃ existe

∃| existe um e somente
um

∀ qualquer que seja

3 - O Modificador Negação

Dada a proposição p , indicaremos a sua negação por ~p . (Lê-se " não p " ).
Ex.: p: Três pontos determinam um único plano ( V )
~p: Três pontos não determinam um único plano ( F )
Obs.: duas negações eqüivalem a uma afirmação ou seja, em termos simbólicos: ~(~p) = p .

4 - Operações lógicas

As proposições lógicas podem ser combinadas através dos operadores lógicos ∧ , ∨ , → e ↔ ,


dando origem ao que conhecemos como proposições compostas . Assim , sendo p e q duas
proposições simples, poderemos então formar as seguintes proposições compostas: p∧ q , p∨
q , p→ q , p↔ q (Os significados dos símbolos estão indicados na tabela anterior).
Estas proposições compostas recebem designações particulares, conforme veremos a seguir.
Conjunção: p∧ q (lê-se "p e q " ).
Disjunção: p∨ q (lê-se "p ou q ") .
Condicional: p→ q (lê-se "se p então q " ).
Bi-condicional: p↔ q ( "p se e somente se q") .

Conhecendo-se os valores lógicos de duas proposições simples p e q , como determinaremos


os valores lógicos das proposições compostas acima? Ah! caro vestibulando! Isto é conseguido
através do uso da tabela a seguir, também conhecida pelo sugestivo nome de TABELA
VERDADE.

Sejam p e q duas proposições simples, cujos valores lógicos representaremos por 0 quando
falsa (F) e 1 quando verdadeira (V). Podemos construir a seguinte tabela simplificada:

Francisco do Rosário Domingos 90


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p q p∧q p∨q →q
p→ p↔
q

1 1 1 1 1 1

1 0 0 1 0 0

0 1 0 1 1 0

0 0 0 0 1 1

Da tabela acima, infere-se (deduz-se) que:

• a conjunção é verdadeira somente quando ambas as proposições são verdadeiras.


• a disjunção é falsa somente quando ambas as proposições são falsas.
• a condicional é falsa somente quando a primeira proposição é verdadeira e a segunda
falsa.
• a bi-condicional é verdadeira somente quando as proposições possuem valores lógicos
iguais.

Ex.: Dadas as proposições simples:


p: O Sol não é uma estrela (valor lógico F ou 0)
q: 3 + 5 = 8 (valor lógico V ou 1)
Temos:
p∧ q tem valor lógico F (ou 0)
p∨ q tem valor lógico V (ou 1)
p→ q tem valor lógico V (ou 1)
p↔ q tem valor lógico F (ou 0).

Assim, a proposição composta "Se o Sol não é uma estrela então 3 + 5 = 8" é logicamente
verdadeira, não obstante ao aspecto quase absurdo do contexto da frase!

Não quero lhe assustar, mas o fato das proposições verdadeiras (valor lógico 1) ou falsas (valor
lógico 0), não podem estar associadas à analogia de que zero (0) pode significar um circuito
elétrico desligado e um (1) pode significar um circuito elétrico ligado? Isto lembra alguma coisa
vinculada aos computadores? Pois é, caros amigos, isto é uma verdade, e é a base lógica da
arquitetura dos computadores!
Seria demais imaginar que a proposição p∧ q pode ser associada a um circuito série e a
proposição p∨ q a um circuito em paralelo?
Pois, as analogias são válidas e talvez tenham sido elas que mudaram o mundo!

Francisco do Rosário Domingos 91


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Lógica Matemática II

Vimos no texto anterior, a tabela verdade - reproduzida abaixo - que permite determinar o valor
lógico de uma proposição composta, conhecendo-se os valores lógicos das proposições
simples que a compõem.

p q ∧q
p∧ ∨q
p∨ →q
p→ ↔q
p↔

1 1 1 1 1 1

1 0 0 1 0 0

0 1 0 1 1 0

0 0 0 0 1 1

Nota: valor lógico verdadeiro = 1 ou V


valor lógico falso = 0 ou F

Podemos observar que é muito fácil entender (e o nosso intelecto admitir) as regras contidas
na tabela acima para a conjunção, disjunção e equivalência, ou seja:
a conjunção "p e q" só é verdadeira quando p e q forem ambas verdadeiras.
A disjunção "p ou q" só é falsa quando p e q forem ambas falsas.
A bi-condicional só e falsa quando p e q possuem valores lógicos opostos.

Quanto à condicional "se p então q" , vamos analisá-la separadamente, de modo a facilitar o
entendimento das regras ali contidas:

p q →q
p→

V V V

V F F

F V V

F F V

O raciocínio a seguir, será a base da nossa análise:


Se é dada uma proposição p e é possível fazer-se um raciocínio válido que nos conduza a
outra proposição q, consideraremos que p→ q é verdadeira.
Visto isso, vamos analisar as quatro possibilidades contidas na tabela acima:

1º) p é V e q é V: somente através de um raciocínio válido é possível partir de uma proposição


verdadeira para outra também verdadeira. Logo, p→ q é verdadeira.

Francisco do Rosário Domingos 92


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2º) p é V e q é F: não existe raciocínio válido capaz de , partindo-se de uma proposição


verdadeira chegar-se a uma proposição falsa. Logo, neste caso, p→ q é falsa.

3º) p é F e q é V: É possível partir de uma proposição falsa e chegar-se através de um


raciocínio válido, a uma proposição verdadeira. Isto é um pouco difícil de entender, mas
acompanhe o exemplo abaixo:
Sejam as proposições:
p: 10 = 5 (valor lógico F)
q: 15 = 15 (valor lógico V)
Através de um raciocínio válido, vamos mostrar que é possível a partir de p (falsa), chegar a
q(verdadeira). Com efeito, se 10 = 5, então podemos dizer que 5 = 10. Somando membro a
membro estas igualdades vem: 10+5 = 5+10 e portanto 15 = 15. Portanto a partir de p FALSA
foi possível, através de um raciocínio válido chegar-se a q VERDADEIRA. Logo, p→ q é
verdadeira

4º) p é F e q é F: É possível partir de uma proposição falsa e chegar-se através de um


raciocínio válido, a uma proposição também falsa. Senão vejamos:
Sejam as proposições:
p: 10 = 5 (valor lógico F)
q: 19 = 9 (valor lógico F)

Através de um raciocínio válido, vamos mostrar que é possível a partir de p FALSA, chegarmos
a q também FALSA. Com efeito, se 10 = 5, então, subtraindo uma unidade em cada membro,
obteremos 9 = 4. Somando agora membro a membro estas duas igualdades, obtemos 10+9 =
5+4 e portanto 19 = 9, que é a proposição q dada. Logo, p→ q é verdadeira (V).

Exercícios:

1) Sendo p uma proposição verdadeira e q uma proposição falsa, qual o valor lógico da
proposição composta r: (p∧ ∼ q) → q ?

Solução: Teremos, substituindo os valores lógicos dados: p = V , q = F e ~q = V .


r: (V ∧ V) → F , logo, pelas tabelas acima vem: r: V → F e portanto r é falsa. Valor lógico F ou 0.

2) Qual das afirmações abaixo é falsa?


a) se Marte é um planeta então 3 = 7 - 4.
b) a soma de dois números pares é um número par e 72 = 49.
c) 3 = 5 se e somente se o urso é um animal invertebrado.
d) se 102 = 100 então todo número inteiro é natural.
e) 2 = 32 - 7 ou a Terra é plana.

Analisando os valores lógicos das proposições simples envolvidas e usando-se as tabelas


anteriores, concluiremos que apenas a proposição do item (d) é falsa, uma vez que 102 = 100 é
V e "todo número inteiro é natural" é F ( o número negativo -3 por exemplo é inteiro, mas não é
natural) . Portanto, temos V → F , que sabemos ser falsa. (Veja a segunda linha da tabela
verdade acima).

Francisco do Rosário Domingos 93


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Lógica Matemática III

Resumo da Teoria

1 - Tautologias e Contradições

Considere a proposição composta s: (p∧ q) → (p∨ q) onde p e q são proposições simples


lógicas quaisquer. Vamos construir a tabela verdade da proposição s :
Considerando-se o que já foi visto até aqui, teremos:

p q ∧q
p∧ ∨q
p∨ ∧ q) → (p∨
(p∧ ∨ q)

V V V V V

V F F V V

F V F V V

F F F F V

Observe que quaisquer que sejam os valores lógicos das proposições simples p e q, a
proposição composta s é sempre logicamente verdadeira. Dizemos então que s é uma
TAUTOLOGIA.
Trazendo isto para a linguagem comum, considere as proposições: p: O Sol é um planeta
(valor lógico falso - F) e q: A Terra é um planeta plano (valor lógico falso - F), podemos concluir
que a proposição composta "Se o Sol é um planeta e a Terra é um planeta plano então o Sol é
um planeta ou a Terra é um planeta plano" é uma proposição logicamente verdadeira.

Opostamente, se ao construirmos uma tabela verdade para uma proposição composta,


verificarmos que ela é sempre falsa, diremos que ela é uma CONTRADIÇÃO.
Ex.: A proposição composta t: p ∧ ~p é uma contradição, senão vejamos:

p ~p ∧ ~p
p∧

V F F

F V F

NOTA: Se uma proposição composta é formada por n proposições simples, a sua tabela
verdade possuirá 2n linhas.
Ex.: Construa a tabela verdade da proposição composta t: (p∧ q) ∨ r
Teremos:

Francisco do Rosário Domingos 94


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p q r ∧ q)
(p∧ ∧ q) ∨ r
(p∧

V V V V V

V V F V V

V F V F V

V F F F F

F V V F V

F V F F F

F F V F V

F F F F F

Observe que a proposição acima não é Tautologia nem Contradição.

Apresentaremos a seguir, exemplos de TAUTOLOGIAS, as quais você poderá verifica-las,


simplesmente construindo as respectivas tabelas verdades:

Sendo p e q duas proposições simples quaisquer, podemos dizer que as seguintes proposições
compostas, são TAUTOLOGIAS:

1) (p∧ q) → p
2) p → (p∨ q)
3) [p∧ (p→ q)] → q (esta tautologia recebe o nome particular de "modus ponens")
4) [(p→ q) ∧ ~q] → ~p (esta tautologia recebe o nome particular de "modus tollens")

Você deverá construir as tabelas verdades para as proposições compostas acima e comprovar
que elas realmente são tautologias, ou seja, na última coluna da tabela verdade teremos V V V
V.

NOTAS:
a) as tautologias acima são também conhecidas como regras de inferência.
b) como uma tautologia é sempre verdadeira, podemos concluir que a negação de uma
tautologia é sempre falsa, ou seja, uma contradição.

2 - Álgebra das proposições

Sejam p , q e r três proposições simples quaisquer, v uma proposição verdadeira e f uma


proposição falsa. São válidas as seguintes propriedades:

Francisco do Rosário Domingos 95


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a) Leis idempotentes
p∧ p = p
p∨ p = p

b) Leis comutativas
p∧ q = q∧ p
p∨ q = q∨ p

c) Leis de identidade
p∧v=p
p∧f=f
p∨v=v
p∨f=p

d) Leis complementares
~(~p) = p (duas negações eqüivalem a uma afirmação)
p ∧ ~p = f
p ∨ ~p = v
~v = f
~f = v

e)Leis associativas
(p∧ q)∧ r = p∧ (q∧ r)
(p∨ q)∨ r = p∨ (q∨ r)

f) Leis distributivas
p∧ (q∨ r) = (p∧ q) ∨ (p∧ r)
p∨ (q∧ r) = (p∨ q) ∧ (p∨ r)

g) Leis de Augustus de Morgan


~(p∧ q) = ~p ∨ ~q
~(p∨ q) = ~p ∧ ~q

h) Negação da condicional
~(p→ q) = p∧ ~q

Todas as propriedades acima podem ser verificadas com a construção das tabelas verdades.
Vamos exemplificar verificando a propriedade do item (h):
Para isto, vamos construir as tabelas verdades de ~(p→ q) e de p∧ ~q :

Tabela1:

p q →q
p→ → q)
~(p→

V V V F

V F F V

Francisco do Rosário Domingos 96


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F V V F

F F V F

Tabela 2:

p q ~q ∧ ~q
p∧

V V F F

V F V V

F V F F

F F V F

Observando as últimas colunas das tabelas verdades 1 e 2 , percebemos que elas são iguais,
ou seja, ambas apresentam a seqüência F V F F , o que significa que ~(p→ q) = p∧ ~q .

Exs.:
1) Qual a negação da proposição composta: "Eu estudo e aprendo"?
Do item (g) acima, concluímos que a negação procurada é: "Eu não estudo ou não aprendo".

2) Qual a negação da proposição "O Brasil é um país ou a Bahia é um estado" ?


Do item (g) acima, concluímos que a negação é: "O Brasil não é um país e a Bahia não é um
estado".

3) Qual a negação da proposição: "Se eu estudo então eu aprendo" ?


Conforme a propriedade do item (h) acima, concluímos facilmente que a negação procurada é:
"Eu estudo e não aprendo"

Francisco do Rosário Domingos 97


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Relações Binárias

INTRODUÇÃO
Neste capítulo, vamos estudar apenas os tópicos necessários para um perfeito entendimento
do assunto que será abordado no capítulo seguinte: Funções.

PAR ORDENADO : conjunto ordenado de dois elementos, representado pelo símbolo (x;y)
onde x e y são números reais, denominados respectivamente de abcissa e ordenada.
Ex: Par ordenado (6; -3) : abcissa = 6 e ordenada = -3.

Propriedade: dois pares ordenados são iguais , quando são respectivamente iguais as
abcissas e as ordenadas. Em termos simbólicos:
(x;y) = (w;z) ⇔ x = w e y = z
Ex: (2x - 4; y) = (- x; 7) ⇔ 2x - 4 = - x e y = 7 ∴ x = 4/3 e y = 7.

PLANO CARTESIANO : também conhecido como sistema de coordenadas retangulares ;


Trata-se de um conceito introduzido no século XVII pelo matemático e filósofo francês René
Descartes, para representar graficamente o par ordenado (xo;yo). Consiste basicamente de dois
eixos orientados que se interceptam segundo um angulo reto, num ponto denominado origem.
O eixo horizontal é denominado eixo das abcissas e o eixo vertical é denominado eixo das
ordenadas. Denominamos o ponto O de origem do plano cartesiano, sendo nulas a sua abcissa
e a sua ordenada, ou seja, O(0;0).

Observe que o plano cartesiano pode ser subdividido em quatro regiões , que são
denominadas Quadrantes. Temos então o seguinte quadro resumo:

QUADRANTE ABCISSA ORDENADA


1º quadrante + +
2º quadrante - +
3º quadrante - -
4º quadrante + -

Obs:
1) a equação do eixo Ox é y = 0 e do eixo Oy é x = 0.
2) o gráfico de y = x é uma reta denominada bissetriz do primeiro quadrante.
3) o gráfico de y = -x é uma reta denominada bissetriz do segundo quadrante.

MÓDULO DE UM NÚMERO REAL : Entende-se por módulo ou valor absoluto do número real
ae
escreve-se  a , o seguinte:
 a = a se a ≥ 0
 a = -a se a < 0

Francisco do Rosário Domingos 98


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Por esta definição, o módulo de um número positivo ou nulo (não negativo) é o próprio número
e o módulo de um número negativo é o simétrico desse número.
Exs:  7 = 7 ;  -5 = 5 ;  0 = 0 ;  7 - 10 =  -3 = 3

São válidas as seguintes propriedades relativas às igualdades e desigualdades modulares:


P1)  w = 0 ⇔ w = 0
P2)  w = b , onde b > 0 ⇔ w = b ou w = - b
P3)  w ≥ b , onde b> 0 ⇔ w ≥ b ou w ≤ - b
P4)  w ≤ b , onde b> 0 ⇔ -b ≤ w ≤ b

PRODUTO CARTESIANO : Dados dois conjuntos A e B , definimos o produto cartesiano de A


por B , que indicamos pelo símbolo AxB , ao conjunto de todos os pares ordenados (x;y)
onde x∈ A e y ∈ B. Em termos simbólicos, podemos escrever:
AxB = { (x;y); x ∈ A e y ∈ B}
Ex: {0;2;3} x {5; 7} = { (0;5) , (0; 7) , (2;5) , (2;7) , (3;5}, (3;7) }

Obs: Sendo A e B conjuntos quaisquer, temos:


a) o produto cartesiano de um conjunto A por ele mesmo, ou seja AxA é representado por A2 .
Assim , podemos escrever: A x A = A2 .
b) A x B ≠ B x A (o produto cartesiano é uma operação não comutativa)
c) A x φ = φ
d) n(A x B) = n(A) . n(B) , onde n(A) e n(B) representam os números de elementos de A e de B,
respectivamente.

RELAÇÃO BINÁRIA

Dados dois conjuntos A e B , chama-se relação de A em B , a qualquer subconjunto de AxB.


Em termos simbólicos, sendo ℜ uma relação de A em B , podemos escrever:
ℜ = { (x;y) ∈ AxB ; x ℜ y }
Ex: ℜ = { (0;3) , (2;5) , (3;0) } é uma relação de A = { 0;2;3;4} em B = {3;5;0}.

NOTAS:
1) ℜ ⊂ AxB
2) o conjunto A é o conjunto de partida e B o conjunto de chegada ou contradomínio.
3) se (x;y) ∈ ℜ , então dizemos que y é imagem de x , pela relação ℜ .
4) a expressão xℜ y eqüivale a dizer que (x;y) ∈ ℜ .
5) dada uma relação ℜ = { (x;y) ∈ AxB ; x ℜ y } , o conjunto dos valores de x chama- se
domínio da relação e o conjunto dos valores de y chama-se conjunto imagem da relação.
6 - o número de relações possíveis de A em B é dado por 2n(A).n(B) .
7 - Dada uma relação ℜ = { (x,y) ∈ AxB ; x ℜ y } , define-se a relação inversa ℜ -1 como sendo:
ℜ -1 = { (y,x) ∈ BxA ; y ℜ x }.
Ex: F = { (0,2) , (3.5) , (4,8) , ( 5,5) }
F-1 = { (2,0) , (5,3) , (8,4) , (5,5) }.

Agora, tente resolver as questões a seguir.

1 - Sendo A = {x ∈ N; 1 < x < 4} e B = {x ∈ Z; 5 < x < 10}, o conjunto imagem da relação


S = {(x,y) ∈ AXB; x + y = 9} é:
a) {4,5,6}

Francisco do Rosário Domingos 99


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*b) {6,7}
c) {5,6,7}
d) {7}
e) {1}

2 - Sendo n(A) = 2 e n(B) = 3, então o número de elementos de p(A) X p(B) é:


a)4
b)8
c)16
*d)32
e)64

3 - UFBA - Sejam: A = { 1 , 5 } ; B = { -1 , 0 , 1 }; R = {(x , y) ∈ AxB } e


F = conjunto dos pontos do plano, simétricos aos pontos de R em relação à primeira bissetriz.
Dos conjuntos e relações dados, pode-se afirmar:
I) A imagem da relação inversa de R é o conjunto A.
II) O domínio de F é o conjunto B.
III) R tem 5 elementos.
IV) Em F há pontos pertencentes ao eixo Ox.
V) Existe um único ponto de R que pertence à primeira bissetriz.
São verdadeiras:
a) todas
b) nenhuma
c) III e IV
*d) I, II e V
e)somente I

4 - UEFS - Sendo A = { 1, 3 } e B = [-2 , 2], o gráfico cartesiano de AxB é representado por:


a) 4 pontos
b) 4 retas
c)um retângulo
d)retas paralelas a Ox
*e) dois segmentos de reta

5 - Sabendo-se que n(AxB) = 48 , n(BxC) = 72 , n(p(A)) = 256, podemos afirmar que n(AxC) é:
a)64
b)72
*c)96
d)128
e)192

6 - UFCE - Dado um conjunto C , denotemos por n(p(C)) o número de elementos do conjunto


das partes de C. Sejam A e B dois conjuntos não vazios, tais que n(p(AxB)) = 128 e n(B) >
n(A). Calcule n(p(B)) / n(p(A)).
Resp: 64

Francisco do Rosário Domingos 100


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Funções I

1 - Definição

Dados dois conjuntos A e B não vazios , chama-se função (ou aplicação) de A em B,


representada por
f : A → B ; y = f(x) , a qualquer relação binária que associa a cada elemento de A , um único
elemento de B .
Veja o capítulo Relações Binárias nesta página clicando AQUI.

Portanto , para que uma relação de A em B seja uma função , exige-se que a cada x ∈ A
esteja associado um único y ∈ B , podendo entretanto existir y ∈ B que não esteja associado a
nenhum elemento pertencente ao conjunto A.

Obs : na notação y = f(x) , entendemos que y é imagem de x pela função f, ou seja:


y está associado a x através da função f.

Exemplo:

f(x) = 4x+3 ; então f(2) = 4.2 + 3 = 11 e portanto , 11 é imagem de 2 pela função f ;


f(5) = 4.5 + 3 = 23 , portanto 23 é imagem de 5 pela função f , f(0) = 4.0 + 3 = 3, etc.

Para definir uma função , necessitamos de dois conjuntos (Domínio e Contradomínio ) e de


uma fórmula ou uma lei que relacione cada elemento do domínio a um e somente um
elemento do contradomínio .

Quando D(f) ⊂ R e CD(f) ⊂ R , sendo R o conjunto dos números reais , dizemos que a função
f é uma função real de variável real . Na prática , costumamos considerar uma função real de
variável real como sendo apenas a lei y = f(x) que a define , sendo o conjunto dos valores
possíveis para x , chamado de domínio e o conjunto dos valores possíveis para y , chamado
de conjunto imagem da função . Assim , por exemplo , para a função definida por y = 1/x ,
temos que o seu domínio é D(f) = R* , ou seja o conjunto dos reais diferentes de zero (lembre-
se que não existe divisão por zero) , e o seu conjunto imagem é também R* , já que se y = 1/x ,
então x = 1/y e portanto y também não pode ser zero .

Dada uma função f : A → B definida por y = f(x),


podemos representar os pares ordenados (x,y) ∈ f onde x ∈ A e y ∈ B ,num sistema de

Francisco do Rosário Domingos 101


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coordenadas cartesianas .
O gráfico obtido será o gráfico da função f .

Assim , por exemplo , sendo dado o gráfico cartesiano de uma função f , podemos dizer que:

a ) a projeção da curva sobre o eixo dos x , nos dá o domínio da função .

b ) a projeção da curva sobre o eixo dos y , nos dá o conjunto imagem da função .

c ) toda reta vertical que passa por um ponto do domínio da função , intercepta o gráfico da
função em no máximo um ponto .

Veja a figura abaixo:

2 -Tipos de funções

2.1 - Função sobrejetora

É aquela cujo conjunto imagem é igual ao contradomínio .


Exemplo:

Francisco do Rosário Domingos 102


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2.2 - Função injetora

Uma função y = f(x) é injetora quando elementos distintos do seu domínio , possuem imagens
distintas,
isto é:
x1 ≠ x2 ⇒ f(x1) ≠ f(x2) .

Exemplo:

2.3 - Função bijetora

Uma função é dita bijetora , quando é ao mesmo tempo , injetora e sobrejetora .

Exemplo:

Exercícios resolvidos:

1 - Considere três funções f, g e h, tais que:


A função f atribui a cada pessoa do mundo, a sua idade.
A função g atribui a cada país, a sua capital
A função h atribui a cada número natural, o seu dobro.

Francisco do Rosário Domingos 103


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Podemos afirmar que, das funções dadas, são injetoras:


a) f, g e h
b) f e h
c) g e h
d) apenas h
e) nenhuma delas

Solução:

Sabemos que numa função injetora, elementos distintos do domínio, possuem imagens
distintas, ou seja:
x1 ≠ x2 ⇒ f(x1) ≠ f(x2) .

Logo, podemos concluir que:

f não é injetora, pois duas pessoas distintas podem ter a mesma idade.
g é injetora, pois não existem dois países distintos com a mesma capital.
h é injetora, pois dois números naturais distintos, possuem os seus dobros também distintos.
Assim é que concluímos que a alternativa correta é a de letra C.

2 - Seja f uma função definida em R - conjunto dos números reais - tal que
f(x - 5) = 4x. Nestas condições, pede-se determinar f(x + 5).

Solução:

Vamos fazer uma mudança de variável em f(x - 5) = 4x, da seguinte forma:


x-5=u∴x=u+5

Substituindo agora (x - 5) pela nova variável u e x por (u + 5), vem:


f(u) = 4(u + 5) ∴ f(u) = 4u + 20

Ora, se f(u) = 4u + 20, teremos:


f(x + 5) = 4(x+5) + 20 ∴ f(x+5) = 4x + 40

Agora resolva este:

A função f em R é tal que f(2x) = 3x + 1. Determine 2.f(3x + 1).


Resp: 9x + 5

3 - Paridade das funções

3.1 - Função par

A função y = f(x) é par, quando ∀ x ∈ D(f) , f(- x ) = f(x) , ou seja, para todo elemento do seu
domínio,
f( x ) = f ( - x ). Portanto , numa função par, elementos simétricos possuem a mesma imagem.

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Uma conseqüência desse fato é que os gráficos cartesiano das funções pares, são curvas
simétricas em relação ao eixo dos y ou eixo das ordenadas.

Exemplo:

y = x4 + 1 é uma função par, pois f(x) = f(-x), para todo x. Por exemplo,
f(2) = 24 + 1 = 17 e f(- 2) = (-2)4 + 1 = 17

O gráfico abaixo, é de uma função par.

4.2 - Função ímpar

A função y = f(x) é ímpar , quando ∀ x ∈ D(f) , f( - x ) = - f (x) , ou seja, para todo elemento do
seu domínio, f( - x) = - f( x ). Portanto, numa função ímpar, elementos simétricos possuem
imagens simétricas. Uma conseqüência desse fato é que os gráficos cartesianos das funções
ímpares, são curvas simétricas em relação ao ponto (0,0), origem do sistema de eixos
cartesianos.

Exemplo:

y = x3 é uma função ímpar pois para todo x, teremos f(- x) = - f(x).


Por exemplo, f( - 2) = (- 2)3 = - 8 e - f( x) = - ( 23 ) = - 8.

O gráfico abaixo é de uma função ímpar:

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Nota: se uma função y = f(x) não é par nem ímpar, dizemos que ela não possui paridade.

Exemplo:

O gráfico abaixo, representa uma função que não possui paridade, pois a curva não é simétrica
em relação ao eixo dos x e, não é simétrica em relação à origem.

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Funções II

1 - FUNÇÃO INVERSA

Dada uma função f : A → B , se f é bijetora , então define-se a função inversa f -1 como sendo a
função de B em A , tal que f -1 (y) = x .

Veja a representação a seguir:

É óbvio então que:


a) para obter a função inversa , basta permutar as variáveis x e y .
b) o domínio de f -1 é igual ao conjunto imagem de f .
c) o conjunto imagem de f -1 é igual ao domínio de f .
d) os gráficos de f e de f -1 são curvas simétricas em relação à reta y = x ou seja , à bissetriz do
primeiro quadrante .

Exemplo:
Determine a INVERSA da função definida por y = 2x + 3.
Permutando as variáveis x e y, fica: x = 2y + 3
Explicitando y em função de x, vem:
2y = x - 3 ∴ y = (x - 3) / 2, que define a função inversa da função dada.

O gráfico abaixo, representa uma função e a sua inversa.

Observe que as curvas representativas de f e de f-1, são simétricas em relação à reta


y = x, bissetriz do primeiro e terceiro quadrantes.

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Exercício resolvido:
A função f: R → R , definida por f(x) = x2 :
a) é inversível e sua inversa é f -1 (x) = √ x
b) é inversível e sua inversa é f -1(x) = - √ x
c) não é inversível
d) é injetora
e) é bijetora

SOLUÇÃO:
Já sabemos que somente as funções bijetoras são inversíveis, ou seja, admitem função
inversa. Ora, a função f(x) = x2, definida em R - conjunto dos números reais - não é injetora,
pois elementos distintos possuem a mesma imagem. Por exemplo,
f(3) = f(-3) = 9. Somente por este motivo, a função não é bijetora e, em conseqüência, não é
inversível.

Observe também que a função dada não é sobrejetora, pois o conjunto imagem da função f(x)
= x2 é o conjunto R + dos números reais não negativos, o qual não coincide com o
contradomínio dado que é
igual a R. A alternativa correta é a letra C.

2 - FUNÇÃO COMPOSTA

Chama-se função composta ( ou função de função ) à função obtida substituindo-se a variável


independente x , por uma função.

Simbologia : fog (x) = f(g(x)) ou gof (x) = g(f(x)) .

Veja o esquema a seguir:

Francisco do Rosário Domingos 108


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Obs : atente para o fato de que fog ≠ gof , ou seja, a operação " composição de funções " não é
comutativa .

Exemplo:
Dadas as funções f(x) = 2x + 3 e g(x) = 5x, pede-se determinar gof(x) e fog(x).
Teremos:
gof(x) = g[f(x)] = g(2x + 3) = 5(2x + 3) = 10x + 15
fog(x) = f[g(x)] = f(5x) = 2(5x) + 3 = 10x + 3
Observe que fog ≠ gof .

Exercícios resolvidos:

1 - Sendo f e g duas funções tais que: f(x) = ax + b e g(x) = cx + d . Podemos afirmar que a
igualdade gof(x) = fog(x) ocorrerá se e somente se:
a) b(1 - c) = d(1 - a)
b) a(1 - b) = d(1 - c)
c) ab = cd
d) ad = bc
e) a = bc

SOLUÇÃO:
Teremos:
fog(x) = f[g(x)] = f(cx + d) = a(cx + d) + b ∴ fog(x) = acx + ad + b
gof(x) = g[f(x)] = g(ax + b) = c(ax + b) + d ∴ gof(x) = cax + cb + d

Como o problema exige que gof = fog, fica:


acx + ad + b = cax + cb + d

Simplificando, vem:
ad + b = cb + d
ad - d = cb - b ∴ d(a - 1) = b(c - 1), que é equivalente a d(a - 1) = b(c - 1), o que nos leva a
concluir que a alternativa correta é a letra A. .

2 - Sendo f e g duas funções tais que fog(x) = 2x + 1 e g(x) = 2 - x então f(x) é:


a) 2 - 2x
b) 3 - 3x
c) 2x - 5
*d) 5 - 2x
e) uma função par.

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SOLUÇÃO:
Sendo fog(x) = 2x + 1, temos: f[g(x)] = 2x + 1
Substituindo g(x) pelo seu valor, fica: f(2 - x) = 2x + 1
Fazendo uma mudança de variável, podemos escrever 2 - x = u, sendo u a nova variável.
Portanto, x = 2 - u.

Substituindo, fica:
f(u) = 2(2 - u) + 1 ∴ f(u) = 5 - 2u
Portanto, f(x) = 5 - 2x , o que nos leva à alternativa D.

Agora resolva esta:

Dadas as funções f(x) = 4x + 5 e g(x) = 2x - 5k, ocorrerá gof(x) = fog(x) se e somente se k for
igual a:
*a) -1/3
b) 1/3
c) 0
d) 1
e) -1

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Funções III

Tipos particulares de funções

1 FUNÇÃO CONSTANTE

Uma função é dita constante quando é do tipo f(x) = k , onde k não depende de x .
Exemplos:
a) f(x) = 5
b) f(x) = -3

Nota : o gráfico de uma função constante é uma reta paralela ao eixo dos x .

Veja o gráfico a seguir:

2 FUNÇÃO DO 1º GRAU

Uma função é dita do 1º grau , quando é do tipo y = ax + b , onde a ≠ 0 .


Exemplos :
f(x) = 3x + 12 ( a = 3 ; b = 12 )
f(x) = -3x + 1 (a = -3; b = 1).

Propriedades da função do 1º grau :

1) o gráfico de uma função do 1º grau é sempre uma reta .

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2) na função f(x) = ax + b , se b = 0 , f é dita função linear e se b ≠ 0 f é dita função afim .


Nota: consta que o termo AFIM foi introduzido por Leonhard Euler (pronuncia-se óiler) -
excepcional matemático suíço - 1701/1783).
3) o gráfico intercepta o eixo dos x na raiz da equação f(x) = 0 e, portanto, no ponto de
abcissa x = - b/a .
4) o gráfico intercepta o eixo dos y no ponto (0 , b) , onde b é chamado coeficiente linear .
5) o valor a é chamado coeficiente angular e dá a inclinação da reta .
6) se a > 0 , então f é crescente .
7) se a < 0 , então f é decrescente .
8) quando a função é linear, ou seja, y = f(x) = ax , o gráfico é uma reta que sempre passa na
origem.

Exercício resolvido:

1 - Determine a função f(x) = ax + b, sabendo-se que f(2) = 5 e f(3) = -10.

SOLUÇÃO:
Podemos escrever:
5 = 2.a + b
-10 = 3.a + b

Subtraindo membro a membro, vem:


5 - (- 10) = 2.a + b - (3.a + b)
15 = - a ∴ a = - 15

Substituindo o valor de a na primeira equação (poderia ser na segunda), fica:


5 = 2.(- 15) + b ∴ b = 35.
Logo, a função procurada é: y = - 15x + 35.

Agora resolva esta:


A função f é definida por f(x) = ax + b. Sabe-se que f(-1) = 3 e f(3) = 1, então podemos afirmar
que f(1) é
igual a:
*a) 2
b) -2
c) 0

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d) 3
e) -3

3 FUNÇÃO DO 2º GRAU

Uma função é dita do 2º grau quando é do tipo f(x) = ax2 + bx + c , com a ≠ 0 .


Exemplos: f(x) = x2 - 2x + 1 ( a = 1 , b = -2 , c = 1 ) ;
y = - x2 ( a = -1 , b = 0 , c = 0 )

Gráfico da função do 2º grau y = ax2 + bx + c : é sempre uma parábola de eixo vertical .

Propriedades do gráfico de y = ax2 + bx + c :

1) se a > 0 a parábola tem um ponto de mínimo .


2) se a < 0 a parábola tem um ponto de máximo
3) o vértice da parábola é o ponto V(xv , yv) onde:
xv = - b/2a
yv = - ∆ /4a , onde ∆ = b2 - 4ac
4) a parábola intercepta o eixo dos x nos pontos de abcissas x' e x'' , que são as raízes da
equação ax2 + bx + c = 0 .
5) a parábola intercepta o eixo dos y no ponto (0 , c) .
6) o eixo de simetria da parábola é uma reta vertical de equação x = - b/2a.
7) ymax = - ∆ / 4a ( a < 0 )
8) ymin = - ∆ /4a ( a > 0 )
9) Im(f) = { y ∈ R ; y ≥ - ∆ /4a } ( a > 0 )
10) Im(f) = { y ∈ R ; y ≤ - ∆ /4a} ( a < 0)
11) Forma fatorada : sendo x1 e x2 as raízes da de f(x) = ax2 + bx + c , então ela pode ser
escrita na forma fatorada a seguir :
y = a(x - x1).(x - x2)

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Exercícios Resolvidos

1 - UCSal - Sabe-se que -2 e 3 são raízes de uma função quadrática. Se o ponto


(-1 , 8) pertence ao gráfico dessa função, então:
a) o seu valor máximo é 1,25
b) o seu valor mínimo é 1,25
c) o seu valor máximo é 0,25
d) o seu valor mínimo é 12,5
*e) o seu valor máximo é 12,5.

SOLUÇÃO:
Sabemos que a função quadrática, pode ser escrita na forma fatorada:
y = a(x - x1)(x - x2) , onde x1 e x2, são os zeros ou raízes da função.

Portanto, poderemos escrever:


y = a[x - (- 2 )](x - 3) = a(x + 2)(x - 3)
y = a(x + 2)(x - 3)

Como o ponto (-1,8) pertence ao gráfico da função, vem:


8 = a(-1 + 2)(-1 - 3)
8 = a(1)(-4) = - 4.a
Daí vem: a = - 2

A função é, então: y = -2(x + 2)(x - 3) , ou y = (-2x -4)(x - 3)


y = -2x2 + 6x - 4x + 12
y = -2x2 + 2x + 12

Temos então: a = -2 , b = 2 e c = 12.


Como a é negativo, concluímos que a função possui um valor máximo.
Isto já elimina as alternativas B e D.

Vamos então, calcular o valor máximo da função.


∆ = b2 - 4ac = 22 - 4 .(-2).12 = 4+96 = 100
Portanto, yv = - 100/4(-2) = 100/8 = 12,5
Logo, a alternativa correta é a letra E.

2 - Que número excede o seu quadrado o máximo possível?


*a) 1/2
b) 2
c) 1
d) 4
e) -1/2

SOLUÇÃO:
Seja x o número procurado.
O quadrado de x é x2 .
O número x excede o seu quadrado , logo: x - x2.
Ora, a expressão anterior é uma função quadrática y = x - x2 .

Francisco do Rosário Domingos 114


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Podemos escrever:
y = - x2 + x onde a = -1, b = 1 e c = 0.
O valor procurado de x, será o xv (abcissa do vértice da função).

Assim,
xv = - b / 2.a = - 1 / 2(-1) = 1 / 2
Logo, a alternativa correta é a letra A .

Agora resolva estes similares:

1 - A diferença entre dois números é 8. Para que o produto seja o menor possível, um deles
deve ser:
a) 16
b) 8
*c) 4
d) -4
e) -16

2 - A diferença entre dois números é 8. O menor valor que se pode obter para o produto é:
a) 16
b) 8
c) 4
d) -4
*e) -16

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Funções IV

Exercícios resolvidos e propostos

1 - Se f(x) = 1/[x(x+1)] com x ≠ 0 e x ≠ -1, então o valor de S = f(1) + f(2) + f(3) + ... + f(100) é:
a)100
b) 101
c) 100/101
d) 101/100
e) 1

SOLUÇÃO:
Temos:

Portanto,
f(1) = 1/1 - 1/2
f(2) = 1/2 - 1/3
f(3) = 1/3 - 1/4
f(4) = 1/4 - 1/5
f(5) = 1/5 - 1/6
.........................
..........................
...........................
f(99) = 1/99 - 1/100
f(100) = 1/100 - 1/101

Somando membro a membro as igualdades acima (observe que os termos simétricos se


anulam entre si), vem:
f(1) + f(2) + f(3) + ... + f(100) = 1 - 1/101 = 100/101, o que nos leva à alternativa C.

2 - UCSal - Sejam f e g funções de R em R, sendo R o conjunto dos números reais, dadas por
f(x) = 2x - 3 e f(g(x)) = -4x + 1. Nestas condições, g(-1) é igual a:
a) -5
b) -4
c) 0
*d) 4
e) 5

SOLUÇÃO:
Como f(x) = 2x -3, podemos escrever: f[g(x)] = 2.g(x) - 3 = - 4x + 1
Logo, 2.g(x) = - 4x +4 ∴ g(x) = -2x + 2
Assim, g(-1) = -2(-1) + 2 = 4.
Logo, a alternativa correta é a letra D.

3 - O conjunto imagem da função y = 1 / (x - 1) é o conjunto:


a) R - { 1 }
b) [0,2]

Francisco do Rosário Domingos 116


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c) R - {0}
d) [0,2)
e) (-2 ,2]

SOLUÇÃO:
Se y = 1 / (x - 1), então x - 1 = 1 / y.
Como o conjunto imagem é o conjunto dos valores de y, percebemos que y não pode ser nulo,
pois não existe divisão por zero.
Logo, o conjunto imagem é R - {0}, o que nos leva à alternativa C.

4 - Determine o domínio da função y = (x+1) / (x - 2).

SOLUÇÃO:
Como não existe divisão por zero, vem imediatamente que: x - 2 ≠ 0 ∴ x ≠ 2.
Logo, o domínio da função será D = R - {2}, onde R é o conjunto dos números reais.

Agora resolva estes:

1 - UFBA - Se f (g (x) ) = 5x - 2 e f (x) = 5x + 4 , então g(x) é igual a:


a) x - 2
b) x - 6
c) x - 6/5
d) 5x - 2
e) 5x + 2

Resp: C

2 - A função f é tal que f(2x + 3) = 3x + 2. Nestas condições, f(3x + 2) é igual a:


a) 2x + 3
b) 3x + 2
c) (2x + 3) / 2
d) (9x + 1) /2
e) (9x - 1) / 3

Resp: D

3 - Qual o domínio da função y = (x - 4)1/4 ?


Resp: D = [4, ∞ ).

4 - Qual o conjunto imagem da função y = 1/x?


Resp: Im = R - {0}.

5 - Qual o domínio da função y = (senx)/x ?


Resp: D = R - {0}.

6 - Sendo f(x) = senx e g(x) = logx, pede-se determinar o valor de g[f(π /2)].
Resp: 0

Francisco do Rosário Domingos 117


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7 - Elabore o gráfico da função y = [x] , de domínio R, onde [x] significa o maior inteiro contido
em x, assim definido:
[x] = maior inteiro que não supera x.

Exemplos:
[2] = 2
[2,01] = 2
[0,833...] = 0
[-3,67...] = -4
[-1,34...] = -2, etc

Resp:

Francisco do Rosário Domingos 118


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Uma certa função

Seja f uma função definida para todo x real, satisfazendo as condições:

Então, f(–3) vale:

a) –6
b) 0
c) 1/2
d) 2
e) –1

Solução:

Podemos escrever, usando as definições dadas no enunciado:


Para x = -3:
f(-3 + 3) = f(-3).f(3) ou f(0) = f(-3).2

Podemos também escrever:


Para x = 0:

f(0 + 3) = f(0).f(3) ou f(3) = f(0).f(3), de onde concluímos que o valor de f(0) é:


f(0) = f(3)/f(3) = 2/2 = 1.

Daí, vem, por substituição, lembrando que f(0) = f(-3).2 e que f(0) = 1:
1 = f(-3).2, de onde concluímos imediatamente f(-3) = 1/2, o que nos leva à alternativa C.

Agora resolva este:

PUC-RS - Se f é uma função tal que f(1) = a, f(π) = b e f(x + y) = f(x) . f(y), ∀ x, y ∈ R, então f(2
+ π) é igual a:

a) a
b) b
2
c) a b
2
d) ab
e) a + b

Resposta: alternativa C.

Simbologia:
∀ - qualquer que seja, para todo.
∈ - pertence a
π - número irracional pi, cujo valor aproximado é 3,1416.

Francisco do Rosário Domingos 119


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Uma certa classe de funções

Determine todas as funções f tais que

quaisquer que sejam os números reais x, y.

Solução:

Fazendo x = y = 0, já que todas as funções f que satisfazem à condição dada, pelo enunciado,
estão definidas para todo x e y real, vem:
f(02) – f(02) + 2.0 + 1 = f(0 + 0).f(0 – 0)

Daí, vem:
f(0) – f(0) + 1 = f(0).f(0) = [f(0)] 2 .
Como f(0) - f(0) = 0, vem:
0 + 1 = [f(0)] 2
1 = [f(0)] 2, de onde vem: f(0) = ± 1.

Pelo conceito de função , o elemento 0 não poderá ter duas imagens (1 e –1), e, portanto,
apenas um desses valores deve ser válido.

Fazendo y = x na igualdade dada no problema, vem:


f(x2) – f(x2) + 2x + 1 = f(x + x) . f(x – x)

Como f(x2) = f(x2), vem da igualdade acima:


2x + 1 = f(2x).f(0)

Fazendo uma mudança de variável, colocando 2x = u, vem:


u + 1 = f(u).f(0)

Supondo f(0) = 1 (do resultado obtido acima), fica:


f(u) = u + 1

Supondo f(0) = -1 (também do resultado obtido acima), fica:


f(u) = - (u + 1)

Como é indiferente usar o símbolo u ou x, teremos:


f(x) = x + 1 ou f(x) = - (x + 1).

Seriam estas duas funções, a solução do problema proposto.


Mas, como é dito que f é uma função, f(0) não pode ter duas imagens (1 e –1), conforme já foi
relatado anteriormente.

Temos então que verificar os dois resultados, para saber qual a que satisfaz ao problema
proposto.

Francisco do Rosário Domingos 120


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Consideremos que y = f(x) = x + 1, seja uma solução procurada.

Como, já sabemos do enunciado que:

Vem,
f(x) = x + 1
f(x2) = x2 + 1
y = f(x) ⇒ y2 = [f(x)]2 = (x + 1)2

f(y2) = y2 + 1 = (x +1)2 + 1
f(x + y) = f[x + (x +1)] = f(2x + 1) = (2x + 1) + 1 = 2x + 2
f(x – y) = f[x – (x + 1)] = f(-1) = -1 + 1 = 0

Substituindo, vem:

x2 + 1 – [(x +1)2 + 1]+ 2x + 1 = (2x + 1).0


x2 + 1 –(x2 + 2x + 1 + 1)+ 2x + 1 = 0
x2 + 1 – x2 – 2x – 2 + 2x + 1 = 0

Simplificando, vem 0 = 0, e, portanto, a função y = f(x) = x + 1, satisfaz ao problema.

Por extensão, sabendo que f é uma função, é razoável supor que o valor de f(0) (que deve ser
único, pelo conceito de função ) é igual a f(0) = 1 e que o resultado f(0) = -1, não serve.

Deixamos como exercício para o visitante, verificar que f(x) = - (x+1), não satisfaz ao problema
proposto. Isto é fácil; basta seguir os passos indicados acima para f(x) = y = x + 1.

Portanto, a única função que obedece ao critério do enunciado do problema proposto, é a


função y = x + 1.

Resp: Só existe uma função que satisfaz à condição dada no enunciado e esta função é y = f(x)
= x + 1.

Francisco do Rosário Domingos 121


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Calcule o valor da função

Seja f uma função tal que f(n + 1) = [(2.f(n) + 1)] / 2 para todo n inteiro positivo e
f(1) = 2. Nestas condições, o valor de f(101) é:

(a) 102
(b) 101
(c) 86
(d) 76
(e) 52

Solução:

Teremos, fazendo n = 1, 2, 3, 4, ... na expressão f(n+1) = [(2.f(n) + 1) / 2:

n = 1 ⇒ f(1 + 1) = f(2) = [2.f(1) + 1] / 2 = [2.2 + 1] / 2 = 5 / 2


n = 2 ⇒ f(2 + 1) = f(3) = [2.f(2) + 1] / 2 = [2.(5 / 2) + 1] / 2 = 3
n = 3 ⇒ f(3 + 1) = f(4) = [2.f(3) + 1] / 2 = [2.3 + 1] / 2 = 7 / 2
n = 4 ⇒ f(4 + 1) = f(5) = [2.f(4) + 1] / 2 = [2.(7 / 2) + 1] / 2 = 4
...........................................................................................................
...........................................................................................................

Vamos resumir os valores obtidos acima:

f(1) = 2 = 4 / 2
f(2) = 5 / 2
f(3) = 3 = 6 / 2
f(4) = 7 / 2
f(5) = 4 = 8 / 2
........................
........................

Observe que o denominador é sempre 2 e o numerador é o valor de n acrescido de 3 unidades,


pois:

f(1) = 4 / 2 e 4 = 1 + 3
f(2) = 5 / 2 e 5 = 2 + 3
f(3) = 6 / 2 e 6 = 3 + 3
f(4) = 7 / 2 e 7 = 4 + 3
f(5) = 8 / 2 e 8 = 5 + 3
.......................................
.......................................

Observe que a lei de formação para um n inteiro positivo qualquer será então
f(n) = (n + 3) / 2

Portanto, o valor de f(101) será obtido fazendo n = 101, o que resulta:

Francisco do Rosário Domingos 122


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f(101) = (101 + 3) / 2 = 104 / 2 = 52

Agora resolva este:

Seja f uma função tal que f(n + 1) = [(2.f(n) + 1)] / 2 para todo n inteiro positivo e
f(1) = 2. Nestas condições, determine o valor de f(105) + f(109).

Resposta: 110

Francisco do Rosário Domingos 123


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Módulo I

Module or absolute value (Módulo ou valor absoluto)


"The positive value for a real number, disregarding the sign". Writen | x| . For example:
| 3| =3; | -4| =4, and | 0| =0.

Módulo ou valor absoluto


"O valor positivo do número real, desprezando-se o sinal. Escreve-se | x| . Por exemplo: | 3| = 3;
| -4| = 4,
e | 0| = 0".

1 - INTRODUÇÃO
Genericamente, podemos dizer que o módulo de um número real, é o número sem o seu sinal.
Assim, o módulo de -7 é 7, o módulo de -5 é 5, ... , etc.
Para representar o módulo de um número real a , usamos a notação | a| , que lê-se módulo de
a.
Podemos dizer que módulo é a operação de apagar o sinal, conforme pode-se perceber nos
exemplos acima.

2 - GENERALIDADES
2.1 - Seja x um número real qualquer. Das considerações do item (1)
acima, seria correto dizer que | x| = x ?. Claro que não! Senão vejamos:
Suponha x = -3; teremos: | -3| = 3 = -(-3) = - x. Portanto para x negativo, vale a igualdade | x| = -
x. Não se esqueça do fato que se x é negativo, então -x é positivo.
Somente para x positivo ou nulo é que vale a igualdade | x| = x.
Das considerações acima podemos concluir que o módulo ou valor absoluto de um número real
qualquer é sempre positivo ou nulo. Lembre-se que | 0| = 0.

Exercícios resolvidos.

1 - Qual o conjunto solução da equação | x + 1| + | x - 1| = 10 ?


Solução: Considere a reta numerada abaixo onde -1 e +1 são os valores que anulam as
expressões entre módulo:

Temos que considerar 3 casos:


1º caso: x < -1: neste caso, tanto x -1 como x+1 são negativos, e portanto:
| x-1| = -(x-1) e | x+1| = -(x+1) . Assim, substituindo as expressões em módulo pelos seus
valores válidos nesse intervalo, vem:
-(x-1) + [-(x+1)] = 10 ∴ -x + 1 -x -1 = 10 e, portanto x = -5.

2º caso: -1≤ x < 1: neste caso, x + 1 é positivo e x -1 é negativo, e, portanto:


| x+1| = x+1 e | x - 1| = -(x - 1). Assim, substituindo as expressões em módulo pelos seus
valores válidos nesse intervalo, vem:

Francisco do Rosário Domingos 124


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x + 1 + [-(x - 1)] = 10 e, logo chegamos à igualdade 0.x = 8 que é impossível, pois não existe
divisão por zero. Logo, nesse intervalo, a equação não tem solução.

3º caso: x ≥ 1 : nesse caso, tanto x + 1 quanto x - 1 são positivos e, portanto, teremos:


| x - 1| = x - 1 e | x + 1| = x + 1; substituindo as expressões em módulo pelos seus valores
válidos nesse intervalo, vem:
x - 1 + x + 1 = 10 ∴ 2x = 10 e, logo x = 5. Portanto, o conjunto solução da equação dada é: S =
{ -5, 5 }.

2 - Agora você deve resolver a equação: | 2x + 6| + | 2x - 6| = 80.


Resp: x = -20 ou x = 20 ou S = { -20, 20 }.

3 - Resolva a equação: | x| 2 - 10 | x| + 16 = 0.
Solução: Temos de considerar dois casos:
1º caso: x < 0 : neste caso, já sabemos que | x| = -x. Substituindo as expressões em módulo
pelos seus valores válidos nesse intervalo, vem:
(-x)2 - ( - 10x ) + 16 = 0 ∴ x2 + 10x + 16 = 0, que é uma equação do 2º grau de raízes -8 e -2
(verifique).

2º caso: x ≥ 0 : nesse caso, sabemos que | x| = x . Logo, substituindo, vem:


x2 - 10x + 16 = 0, que é uma equação do 2º grau de raízes 2 e 8 (verifique).
Logo, o conjunto solução da equação dada é: S = { - 8, - 2, 2, 8 }.

4 - Resolva a equação: | x| 2 - 20 | x| + 64 = 0.
Resp: S = { -16, -4, 4, 16 }

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

1 - Sendo y = | x - 5| + | 3x - 21| + | 12 - 3x| , se 4 < x < 5, podemos afirmar que:


a) y =14 - x
b) y = x - 14
c) y = 7x + 38
d) y = 0
e) y = 14x

2 - Resolva as seguintes equações modulares em R, conjunto dos números reais:


a)  2x - 3 = 5
b)  3x =  x + 2
c)  x2 - 4 = 5
Resp:
a) S = {-1, 4}
b) S = {-1/2, 1}
c) S = {-3, 3}

3 - UCSal/BA - O maior valor assumido pela função y = 2 -  x - 2 é:


a) 1
*b) 2
c) 3

Francisco do Rosário Domingos 125


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d) 4
e) 5

4 - UCSal/BA - O gráfico da função f de R em R, dada por f(x) =  1 - x - 2, intercepta o eixo


das abcissas nos pontos (a,b) e (c,d), com a < c. Nestas condições o valor de d + c - b - a é:
*a) 4
b) -4
c) 5
d) -5
e) 0

Francisco do Rosário Domingos 126


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Módulo II

1 – Definição

Das considerações da aula anterior, sabemos que o módulo de um número real é sempre
positivo ou nulo.

Exemplos:
| -6| = 6 , | 3| = 3 , | 0| = 0 , etc.

Considere x = -10. Sabemos que | x| = | -10| = 10.


Observe que sendo x = -10 um número negativo, o módulo é igual a 10, que é exatamente o
simétrico de –10, ou seja | -10| = -(-10) = 10.

Fica fácil portanto, entender a definição genérica de módulo de um número real apresentada a
seguir:

Dado um número real x , define-se:


| x| = x para x ≥ 0
| x| = -x para x < 0

Exemplos:

a) Seja y = | x - 3|

Para x = 3, temos x – 3 = 0 e portanto | y| = 0


Para x > 3, temos x – 3 > 0 e portanto | y| = x –3
Para x < 3, temos x – 3 < 0 e portanto | y| = - (x – 3) = -x + 3 = 3 – x

b) Seja y = | 2 - x|

Para x = 2, temos 2 – x = 0 e portanto | y| = 0


Para x > 2, temos 2 – x < 0 e portanto | y| = - (2 – x) = -2 + x = x – 2
Para x < 2, temos 2 – x > 0 e portanto | y| = 2 – x

c) Simplifique a expressão y = | 2x - 6| + | x- 3| , para o caso particular de x< 3.

SOLUÇÃO:

Ora, se x < 3 então 2x – 6 < 0 e portanto | 2x - 6| = - (2x – 6) = 6 – 2x


Analogamente, se x < 3 então x – 3 < 0 e portanto | x - 3| = - (x – 3) = 3 - x
Portanto, teremos finalmente:
y = 6 – 2x + 3 – x = 9 – 3x
Ou seja, y = 9 – 3x para x < 3.

Faça agora o mesmo problema para o caso de x > 3.


Resposta: y = 3x – 9

Francisco do Rosário Domingos 127


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2 – Outra definição importante para o módulo de um número real x é:

Exemplo: Resolva a equação a seguir:

SOLUÇÃO:

Pela definição vem: | 2x-6| = 12 ∴ 2x-6=12 ou 2x-6= -12


Portanto, x = 9 ou x = -3.

Agora tente resolver as duas questões a seguir:

1 - PUC/SP – O número de soluções da equação | | x| - 1| = 1, no universo R é:


a) 0
b) 1
c) 2
d) 3
e) 4

2 - VUNESP/SP – As raízes da equação | x| 2 + | x| - 6 = 0:


a) são positivas
b) tem soma igual a zero
c) tem soma igual a um
d) tem produto igual a seis
e) tem produto igual a menos seis

Resp: 1D 2B

Francisco do Rosário Domingos 128


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Módulo III - Inequações Modulares

1 - Introdução

Já sabemos que o módulo de um número real é um número positivo ou nulo, o que nos leva a
poder interpretar que o módulo de um número real está diretamente associado à noção de
distância.
Assim, dado um número real x, o módulo de x - representado por |x| - é igual geometricamente,
à distancia à origem O, do ponto P, representativo do número x na reta real - também
conhecida como reta numerada.

Consideremos por exemplo a reta numerada a seguir:

Teremos: |x| = distancia de P a O = dP,O


Vamos utilizar a interpretação geométrica do módulo vista acima, para resolver as
desigualdades ou inequações modulares.

Inequações do tipo |y| ≤ b, com b > 0.

Resolver a inequação acima, significa determinar quais os números reais cuja distancia à
origem O, são menores ou iguais ao número positivo b.
Da figura abaixo, infere-se imediatamente que os números procurados estão situados no
intervalo fechado [-b, b].

Assim, podemos escrever a seguinte regra geral:


|y| ≤ b ⇔ - b ≤ y ≤ b, para b real e positivo.

Inequações do tipo |y| ≥ b, com b > 0.

Resolver a inequação acima, significa determinar quais os números reais cuja distancia à
origem O, são maiores ou iguais ao número positivo b.
Utilizando o mesmo raciocínio anterior, concluímos imediatamente que os números procurados
estão situados nos intervalos (-∞ , - b] ou [b, +∞ ).
Assim, podemos escrever a seguinte regra geral:
|y| ≥ b ⇔ y ≥ b ou y ≤ - b, para b real e positivo.

Francisco do Rosário Domingos 129


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Veja a figura abaixo, a qual lhe ajudará no entendimento da importante propriedade vista
acima.

2 - Exercícios resolvidos

Resolva em R - conjunto dos números reais - as seguintes inequações modulares:


|2x + 5| ≤ 11

SOLUÇÃO:
Vem imediatamente que: -11 ≤ 2x + 5 ≤ 11
Somando -5 a todos os membros, fica: -16 ≤ 2x ≤ 6
Daí, então, dividindo tudo por 2, concluímos finalmente: -8 ≤ x ≤ 3.
Logo, o conjunto solução da inequação dada será o conjunto S dado por:
S = {x ∈ R; -8 ≤ x ≤ 3} , que, representado na forma de um intervalo real, seria indicado por S =
[-8, 3].
Graficamente, teríamos:

Observe que no conjunto R dos números reais, o conjunto solução da inequação dada é um
conjunto infinito formado por todos os números reais a partir de - 8 até +3.
Se, por exemplo, fosse pedido o conjunto solução da mesma inequação no conjunto Z dos
números inteiros, o conjunto solução seria FINITO, e igual a:
S = {-8, -7, -6, -5, -4, -3, -2, -1, 0, 1, 2, 3}.
Se, por exemplo, fosse pedido o conjunto solução da mesma inequação no conjunto N dos
números naturais, o conjunto solução seria FINITO, e igual a:
S = {0, 1, 2, 3}.

É muito importante estar atento ao conjunto universo adotado na questão proposta.


Caso não seja feita nenhuma referencia, deveremos considerar que o conjunto universo
adotado é sempre R - conjunto dos números reais.

|x - 1| > 5

Francisco do Rosário Domingos 130


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SOLUÇÃO:
Teremos: x - 1 > 5 OU x - 1 < - 5
Portanto, x > 6 OU x < - 4.
O conjunto solução em R, será então: S = {x ∈ R; x > 6 ou x < - 4} .
Na forma de intervalo, teremos: S = (-∞ , -4) ∪ (6, ∞ ).
Graficamente, teríamos:

Observe que, utilizando o conceito de diferença de conjuntos, poderemos exprimir o conjunto


solução S também na forma:
S = R - [-4, 6], onde R é o conjunto dos números reais.

|x + 3| + |2x - 8| ≥ 20

SOLUÇÃO:
Como não podemos somar diretamente os módulos, vamos considerar o que segue:
Observe que as expressões entre módulo, se anulam para x = -3 e x = 4.
Temos tres casos a considerar:
1º caso: x < -3
Neste caso, teremos:
x + 3 < 0 ⇒ |x + 3| = - (x + 3)
2x - 8 < 0 ⇒ |2x - 8| = - (2x - 8)
Assim, a inequação dada será equivalente a:
- (x + 3) - (2x - 8) ≥ 20 ou, eliminando os parênteses:
- x - 3 - 2x + 8 ≥ 20
Portanto, teremos que determinar os valores de x que satisfaçam à dupla desigualdade:
x < - 3 e - x - 3 - 2x + 8 ≥ 20.
Resolvendo este sistema de inequações, vem:
x < - 3 e x ≤ - 5, que é equivalente a x ≤ - 5.
Então, a primeira parte da solução do problema é o conjunto
S1 = {x ∈ R; x ≤ - 5} = ( - ∞ , -5].

2º caso: - 3 ≤ x < 4
Neste caso, teremos:
x + 3 > 0 ⇒ |x + 3| = x + 3
2x - 8 < 0 ⇒ |2x - 8| = - (2x - 8)
Assim, a inequação dada será equivalente a:
x + 3 - (2x - 8) ≥ 20
Portanto, teremos que determinar os valores de x que satisfaçam à dupla desigualdade:
- 3 ≤ x < 4 e x + 3 - (2x - 8) ≥ 20
Resolvendo este sistema de inequações, vem:

Francisco do Rosário Domingos 131


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-3≤x<4ex≤-9
Percebemos da figura abaixo, que a interseção é vazia, portanto, S2 = ∅ .

3º caso: x ≥ 4
Neste caso, teremos:
x + 3 > 0 ⇒ |x + 3| = x + 3
2x - 8 > 0 ⇒ |2x - 8| = 2x - 8
Assim, a inequação dada será equivalente a:
x + 3 + 2x - 8 ≥ 20
Portanto, teremos que determinar os valores de x que satisfaçam à dupla desigualdade:
x ≥ 4 e x + 3 + 2x - 8 ≥ 20
Resolvendo este sistema de inequações, vem:
x ≥ 4 e x ≥ 25/3, que é equivalente a x ≥ 25/3, conforme podemos observar na figura abaixo.

Portanto, a terceira solução parcial será: S3 = {x ∈ R; x ≥ 25/3} = [25/3, ∞ )


A solução geral da inequação dada será então:
S = S1 ∪ S2 ∪ S3 = ( - ∞ , -5] ∪ ∅ ∪ [25/3, ∞ ) = ( - ∞ , -5] ∪ [25/3, ∞ )
S = ( - ∞ , -5] ∪ [25/3, ∞ ).

SOLUÇÃO:
Observando que x2 - 10x + 25 = (x - 5)2 e lembrando que √ a2 = |a|, vem:
Para revisar módulo, CLIQUE AQUI. Para retornar, clique em VOLTAR no seu browser.

Portanto, |x - 5| ≤ 1 ⇔ -1 ≤ x - 5 ≤ 1 ⇔ -1 + 5 ≤ x - 5 + 5 ≤ 1 + 5 ⇔ 4 ≤ x ≤ 6.
Logo, o conjunto solução da inequação dada, será o intervalo real:
S = [4, 6].

|3x - 9| ≤ 2x

SOLUÇÃO:
Observe que a expressão entre módulo, se anula para x = 3.
Teremos então dois casos a considerar:
1º caso: x < 3 ⇒ 3x - 9 < 0 ⇒ |3x - 9| = -(3x - 9) = - 3x + 9
Portanto, a inequação fica: -3x + 9 ≤ 2x
Teremos então de resolver a dupla desigualdade:
x < 3 e -3x + 9 ≤ 2x

Francisco do Rosário Domingos 132


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Vem, x < 3 e 9 ≤ 5x ⇔ x < 3 e 9 /5≤ x ⇔ 9 /5≤ x < 3


Portanto, para o primeiro caso, teremos o conjunto solução parcial
S1 = [9/5, 3)

2º caso: x ≥ 3 ⇒ 3x - 9 ≥ 0 ⇒ |3x - 9| = 3x - 9
Portanto, a inequação fica: 3x - 9 ≤ 2x
Teremos então de resolver a dupla desigualdade:
x ≥ 3 e 3x - 9 ≤ 2x
Vem, x ≥ 3 e - 9 ≤ - x ⇔ 3 ≤ x e 9 ≥ x ⇔ 3 ≤ x e x ≤ 9 ⇔ 3 ≤ x ≤ 9
Portanto, para o segundo caso, teremos o conjunto solução parcial
S2 = [3, 9]
A solução geral da inequação proposta será então:
S = S1 ∪ S2 = [9/5, 3) ∪ [3, 9] = [9/5, 9].
S = [9/5, 9].
Graficamente, teríamos na reta real:

Agora, resolva esta:


|x - 3| + |x| + |x + 3| ≤ 9
Resposta: S = {x ∈ R; -3 ≤ x ≤ 3} = [-3, 3].

Francisco do Rosário Domingos 133


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Números Congruentes

1 - Introdução

O conceito de números inteiros congruentes é devido a Gauss - Karl Friedrick Gauss - físico,
matemático e astrônomo alemão (1777 - 1855), um dos estudiosos da Teoria dos Números.

A Teoria dos Números estuda as propriedades dos números inteiros, usando métodos
avançados. É uma disciplina obrigatória nos cursos regulares de Matemática, na Universidade.

Entre outros precursores dos estudos da Teoria dos Números, podemos citar:

Diophantus - 210 d.C./290 d.C. - matemático grego


Pierre de Fermat - 1601/1665 - matemático francês
Leonhard Euler - 1707/1783 - matemático suiço
Adrien Marie Legendre - 1752/1833 - matemático francês

A Teoria dos Números, entretanto, tem os seus primórdios no mundo antigo. Por exemplo,
Erathostenes (276 a.C./194 a.C - matemático norte africano - nascido em Cyrene, uma colônia
grega do norte da África na época) e Euclides (325 a.C./265 a.C. - matemático grego, autor da
célebre obra "Os elementos"), já tinham desenvolvido estudos sobre os números primos,
assunto que é objeto da atenção especial dos matemáticos, até os dias de hoje.

2 - Definição

Sejam a e b dois números inteiros. Diremos que o número a é congruente ao número b módulo
m , onde m é um número inteiro não nulo, se e somente se, a diferença
a - b for divisível por m ≠ 0.

A congruência dos números a e b módulo m, será indicada pelo símbolo


a ≡ b (mod m) .

Teremos, pela definição:


a ≡ b (mod m) ⇔ a - b = k . m , onde k e m são números inteiros, com m não nulo.

Podemos dizer que os números a e b são côngruos ou congruentes segundo o módulo m, ou


simplesmente congruentes módulo m.

Exemplos:

a) 10 ≡ 2 (mod 4) porque 10 - 2 = 8, e 8 é divisível por 4.


b) 35 ≡ 10 (mod 5) porque 35 - 10 = 25 e 25 é divisível por 5.
c) 12 ≡ 2 (mod 5) porque 12 - 2 = 10 e 10 é divisível por 5.

3 - A congruência é uma relação de equivalência em Z

Vamos inicialmente, revisar o conceito de relação entre conjuntos.


Sejam A e B dois conjuntos quaisquer, não vazios. Chama-se Relação F de A em B, a qualquer
subconjunto do produto cartesiano AxB.

Francisco do Rosário Domingos 134


Apontamentos de Matemática Essencial

Assim é que, por exemplo, sendo A = {2, 3, 5} e B = {5, 7}, teremos


AxB = {(2,5), (2,7), (3,5), (3,7), (5,5), (5,7)}.

Podemos dizer como exemplo, que:


F1 = {(2,5), (2,7), (3,5)} é uma relação de A em B
F2 = {(2,7), (3,5), (3,7), (5,5)} é uma relação de A em B. F3 = {(3,5), (5,5)} é uma relação de A
em B.

Sendo B = A, podemos dizer que qualquer subconjunto de AxA, é uma relação de A em A, ou


simplesmente, uma relação em A.

Uma relação F de A em A, é dita uma relação de eqüivalência em A, se satisfaz as seguintes


propriedades:

Propriedade Reflexiva: Para todo a ∈ A, (a,a) ∈ F.


Propriedade Simétrica: Se (a,b) ∈ F então (b,a) ∈ F, para quaisquer a e b ∈ A.
Propriedade Transitiva: Se (a,b) ∈ F e (b,c) ∈ F, então (a,c) ∈ F.

Exemplo:

A relação F = {(2,2), (3,5), (5,2), (3,2), (3,3), (5,5), (2,5), (5,3),(2,3)} é uma relação de
eqüivalência em A = {2, 3, 5}, pois as três propriedades acima são satisfeitas, conforme você
pode observar facilmente.

Vamos considerar agora uma relação R em Z - conjunto dos números inteiros - assim definida:
(x, y) ∈ R ⇔ x ≡ y (mod m), onde x ≡ y (mod m) significa
x é congruente a y módulo m, conforme vimos acima.

Podemos verificar que a relação R acima é uma relação de eqüivalência em Z, pois são
satisfeitas as três propriedades vistas anteriormente.

Vejamos:

1 - REFLEXIVA : para todo a ∈ Z, a ≡ a (mod m), pois a - a = 0 e 0 é divisível por m, com m não
nulo.
2 - SIMÉTRICA : se a ≡ b (mod m) então a - b = k.m . Ora se a - b é divisível por m, então b - a
também será divisível por m.
3 - TRANSITIVA : se a ≡ b (mod m) e b ≡ c (mod m) então a ≡ c (mod m) .

Com efeito,
a ≡ b (mod m) ⇔ a - b = k.m
b ≡ c (mod m) ⇔ b - c = k1.m
Somando membro a membro, vem: (a - b) + (b - c) = k.m + k1.m. Logo, simplificando, fica:
a - c = (k + k1).m e, sendo k + k1 = k2 também um número inteiro, concluímos pela transitividade
da relação dada.
Podemos dizer então, que a relação de congruência em Z é uma relação de equivalência.

Francisco do Rosário Domingos 135


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4 - Uma aplicação prática da relação de congruência: os calendários

Vamos considerar, por exemplo, o calendário do mês de Janeiro do ano 2000:

D S T Q Q S S
1
2 3 4 5 6 7 8
9 10 11 12 13 14 15
16 17 18 19 20 21 22
23 24 25 26 27 28 29
30 31

Observe que em cada coluna, estão dispostos números que são congruentes,
segundo o módulo 7.

No Domingo, estão os números congruentes com 2, módulo 7.


Na Segunda, estão os números congruentes com 3, módulo 7.
Na Terça, estão os números congruentes com 4, módulo 7.
Na Quarta, estão os números congruentes com 5, módulo 7.
Na Quinta, estão os números congruentes com 6, módulo 7.
Na Sexta, estão os números congruentes com 7, módulo 7.
No Sábado, estão os números congruentes com 1, módulo 7

Por exemplo, em que dia da semana vai cair o dia 25/01/2000, sem consultar o calendário
acima?

Basta procurarmos um número congruente com 25, módulo 7.


Dividindo 25 por 7 dá 3 e resto 4.
Logo, 25 ≡ 4(mod 7) e como 4 corresponde a uma Terça-feira, concluímos que o dia
25/01/2000 cairá numa Terça-feira.

Exercício Resolvido

Resolva a seguinte equação de congruência em Z.


Obs.: Z = conjunto dos números inteiros.

5x ≡ 4 (mod 3)

SOLUÇÃO:

Teremos: 5x - 4 = 3.k onde k é um número inteiro.


5x = 3k + 4 ∴ x = (3k + 4) / 5, com a condição de 3k + 4 ser múltiplo de 5 e k inteiro.
Logo, como os múltiplos de 5 são 0, ± 5, ± 10, ± 15, ± 20, ... , vem:
3k + 4 = 0 ⇒ k = -4/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = 5 ⇒ k = 1/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = -5 ⇒ k = -3

Francisco do Rosário Domingos 136


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3k + 4 = 10 ⇒ k = 2
3k + 4 = -10 ⇒ k = -14/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = 15 ⇒ k = 11/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = -15 ⇒ k = -19/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = 20 ⇒ k = 16/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = -20 ⇒ k = - 8
3k + 4 = 25 ⇒ k = 7
3k + 4 = -25 ⇒ k = -29/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = 30 ⇒ k = 26/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = -30 ⇒ k = -34/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = 35 ⇒ k = 31/3 (não serve pois k tem de ser inteiro).
3k + 4 = -35 ⇒ k = -13
.......................................
.......................................

Observe que os valores de k que satisfazem ao problema, são:


k = -3, 2, -8, 7, -13, ...

Podemos inferir que:


Valores positivos de k: 2, 7, 12, 17, ...
Valores negativos de k: -3, -8, -13, -18, ...

Então, as soluções da equação dada serão:


x = (3k + 4) / 5
k=2⇒x=2
k=7⇒x=5
k = 12 ⇒ x = 8
k = 17 ⇒ x = 11
..........................
..........................
k = -3 ⇒ x = -1
k = -8 ⇒ x = -4
k = -13 ⇒ x = -7
..........................
..........................

Os números que satisfazem à equação dada, escritos em ordem crescente, são:


... , -7, -4, -1, 2, 5, 8, 11, ...

Portanto, o conjunto solução da equação dada é o conjunto


S = {..., -7, - 4, -1, 2, 5, 8, 11, ... }
Observe que S é um conjunto infinito.

Agora, resolva a seguinte equação de congruência em Z:


x ≡ 2(mod 4)

Resposta: S = {..., -6, -2, 2, 6, 10, 14, ...}

Francisco do Rosário Domingos 137


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Domínio e conjunto imagem de uma função real de variável real

Já vimos no capítulo FUNÇÕES a definição de domínio (ou campo de definição) de funções reais de
variável real.
Falamos acima em função real de variável real. Bem, o que significa exatamente isto?
Partindo-se da premissa que você já conhece o conceito de FUNÇÃO , podemos dizer que uma função
f : A → B, definida por y = f (x) é uma função real de variável real , quando os conjuntos A e B são
subconjuntos de R ,
sendo R o conjunto dos números reais.

Nota: ao clicar nos links acima, para retornar a esta página clique em Voltar no seu browser.

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

Seja a função f: A → B ; y = f (x) .


Nestas condições, temos x ∈ A e y ∈ B. Os valores de x constituem o domínio da função f e os valores de
y constituem o conjunto imagem da função f . O conjunto B é chamado contradomínio.

Nestas condições, determine o domínio e o conjunto imagem das seguintes funções reais de variável real:

1 ) y = 1 + sqrt (x)
Nota: sqrt (x) = square root of x = raiz quadrada de x = √ x

Observando que a raiz quadrada de x é um número real se e somente se x for positivo ou nulo, vemos que
a condição de existência para y é que x ≥ 0. Portanto, o domínio da função dada será
D = {x ∈ R ; x ≥ 0} = R + (conjunto dos números reais não negativos).

Para determinar o conjunto imagem, temos que achar os valores possíveis para y.

Teremos então: y – 1 = sqrt (x). Como a raiz quadrada de um número real positivo ou nulo é outro
número positivo ou nulo, deveremos ter y – 1 ≥ 0 ou y ≥ 1.

Francisco do Rosário Domingos 138


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Portanto, o conjunto imagem da função é Im = {y ∈ R; y ≥ 1} = [1, ∞ ) ou seja, o conjunto dos


números reais maiores ou iguais a 1.

2 ) y = 3 + sqrt (x – 5)
Neste caso, a condição de existência para y é que x – 5 ≥ 0 ou seja, x ≥ 5. O domínio da função dada será
D = {x ∈ R ; x ≥ 5} = [5 , ∞ ) , ou seja, o intervalo de todos os números reais
maiores ou iguais a 5.

Para determinar o conjunto imagem, temos que achar os valores possíveis para y.
Teremos então: y – 3 = sqrt (x – 5 ). Como a raiz quadrada de um número real positivo ou nulo é outro
número positivo ou nulo, deveremos ter y – 3 ≥ 0 ou y ≥ 3.
Portanto, o conjunto imagem da função é Im = {y ∈ R; y ≥ 3} = [3, ∞ ) ou seja, o conjunto dos
números reais maiores ou iguais a 3.

3 ) y = 2 + sqrt (– x )
Neste caso, a condição de existência para y é que – x ≥ 0. Multiplicando ambos os membros dessa
desigualdade por – 1 , ela muda de sentido, ou seja, x ≤ 0. Portanto, o domínio da função será
D = {x ∈ R ; x ≤ 0} = R – (conjunto dos números reais não positivos).

Para determinar o conjunto imagem, temos que achar os valores possíveis para y.
Teremos então: y – 2 = sqrt (– x). Como a raiz quadrada de um número real positivo ou nulo é outro
número positivo ou nulo, deveremos ter y – 2 ≥ 0 ou y ≥ 2.
Portanto, o conjunto imagem da função é Im = {y ∈ R; y ≥ 2} = [2, ∞ ) ou seja,
o conjunto dos números reais maiores ou iguais a 2.

4 ) y = x / (2x – 6)
Aqui, a condição para a existência de y é que o denominador 2x – 6 seja diferente de zero, já que não
existe divisão por zero. Portanto, 2x – 6 ≠ 0 ou seja, x ≠ 3 . Portanto, o domínio desta função é
D = {x ∈ R; x ≠ 3} = R – {3}, ou seja, o conjunto de todos os números reais diferentes de 3.

Para determinar o conjunto imagem, temos que achar os valores possíveis para y.
Vamos então, explicitar x em função de y. Teremos:
De y = x / (2x – 6), poderemos escrever: y(2x – 6) = x . Efetuando as operações indicadas, vem:
2xy – 6y = x ∴ 2xy – x = 6y ∴ x(2y – 1) = 6y ∴ x = 6y / (2y – 1).

Ora, como não existe divisão por zero, deveremos ter 2y – 1 ≠ 0 ou seja 2y ≠ 1 e, finalmente, y ≠ 1/2 .
Portanto, o conjunto imagem da função dada é:
Im = {y ∈ R; y ≠ ½} = R – {1/2}, ou seja, o conjunto de todos os números reais diferentes de ½.

5 ) y = sqrt (x – 1) + sqrt (5 – x)
Neste caso, as condições para a existência de y são que x – 1 ≥ 0 e 5 – x ≥ 0 . Logo,
x ≥ 1 e 5 ≥ x o que é o mesmo que 1 ≤ x ≤ 5, ou seja, o domínio da função é
D = {x ∈ R; 1 ≤ x ≤ 5 } = [1, 5] (intervalo fechado dos números reais de 1 a 5).

Para determinar o conjunto imagem, teremos que achar os valores possíveis para y.
Como x pode variar em R (conjunto dos números reais) de 1 até 5, poderemos escrever para valores
inteiros de x :
Observação: claro que sendo x um número real, ele assume também valores não inteiros, os quais não
utilizaremos aqui, pois complicaria os cálculos, desnecessariamente.

Francisco do Rosário Domingos 139


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y = sqrt (x – 1) + sqrt (5 – x) = √ (x-1) + √ (5-x)


x = 1 ⇒ y = sqrt (1 – 1) + sqrt (5 – 1) = sqrt 0 + sqrt 4 = 0 + 2 = 2
x = 2 ⇒ y = sqrt (2 – 1) + sqrt (5 – 2) = sqrt 1 + sqrt 3 = 1 + √ 3 ≈ 1 + 1,732 ≈ 2,732
x = 3 ⇒ y = sqrt (3 – 1) + sqrt (5 – 3) = sqrt 2 + sqrt 2 = 2.sqrt2 = 2√ 2 ≈ 2.1,414 ≈ 2,818
x = 4 ⇒ y = sqrt (4 – 1) + sqrt (5 – 4) = sqrt 3 + sqrt 1 = √ 3 + 1 ≈ 1,732 + 1 ≈ 2,732
x = 5 ⇒ y = sqrt (5 – 1) + sqrt (5 – 5) = sqrt 4 + sqrt 0 = 2 + 0 = 2
Observe que para x inteiro de 1 a 5, y variou de 2 até voltar novamente a a 2, passando pelo valor máximo
2,818... = 2√ 2.

Portanto, o conjunto imagem desta função é Im = {y ∈ R ; 2 ≤ y ≤ 2√ 2} = [2, 2√ 2], ou seja, o intervalo


fechado de números reais de 2 a 2√ 2.

Nota: neste problema, não tentamos explicitar x em função de y por meios algébricos, pois o caminho
seria por demais tortuoso e até um certo ponto inviável, face ao trabalho imenso necessário. Seria na
verdade o que eu chamo de sacrifício sem glória! Usando derivadas – determinação dos pontos máximos
e mínimos de uma função – seria menos trabalhoso, mas, este assunto vocês só verão no 1º ano de
faculdade, para quem optar por cursos na área de ciências exatas.

Agora resolva este:


Qual o domínio e o conjunto imagem da função y = sqrt (x – 2) – sqrt (2 – x)?
Resposta: D = {2} e Im = {0}.

Um comentário importante.
Para que exista uma função f , são necessários dois conjuntos A e B e uma lei y = f (x) que a defina, ou
seja:
f: A → B ; y = f (x). Portanto, quando nos referimos a y = f (x) como sendo a própria função, estamos na
verdade cometendo um abuso de linguagem, pois estamos confundindo a função com a lei que a define .
Outro aspecto a ser considerado é que dada uma função, o seu domínio já existe implicitamente.
Perguntar qual o domínio de uma função, é também um abuso de linguagem. Contudo, estas formas de
expressão são tradicionalmente aceitas pelo uso, não se constituindo em propriamente um erro.
É conveniente entretanto que se tenha isto em mente.

No entanto, perguntar qual o conjunto imagem de uma função, não se constitui em abuso de linguagem
pois, normalmente, as funções são definidas por uma lei – f(x) – e por dois conjuntos A e B onde B é o
seu contradomínio. Aliás, é conveniente registrar que quando o conjunto imagem de uma função coincide
com o seu contradomínio, ela recebe a denominação especial de função sobrejetora.

Francisco do Rosário Domingos 140


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Trigonometria I

1 - Introdução

• Trigonometria: vocábulo criado em 1595 pelo matemático alemão Bartholomaus


Pitiscus (1561-1613), do grego trigonon (triângulo) e metron (medida).

• É claro que Hiparco (astrônomo e matemático grego (190 a.C. - 125 a. C.),
considerado o pai da Trigonometria, ainda não usava esta terminologia.

• A Astronomia foi a grande impulsionadora da Trigonometria.

• O desconhecimento dos números negativos, que se popularizou apenas no século


XVII, dificultou o desenvolvimento da Trigonometria.

• O documento mais antigo conhecido sobre o assunto, data-se do século II d.C. e


denominou-se Almagesto, de autoria de Ptolomeu. (Cláudius Ptolemaeus astrônomo
grego (90 - 168).

Afirma-se que Ptolomeu deixou o planeta Terra aos 78 anos.

Este grande astrônomo grego acreditava que a Terra era o centro do Universo, ao redor
da qual giravam Mercúrio, Lua, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno, em órbitas que
seriam círculos perfeitos! Sua concepção foi considerada como válida até o século XVI,
quando Nicolau Copérnico (astrônomo polonês - 1473/1543) a substituiu pela teoria
heliocêntrica (válida até hoje) e confirmada por Galileo Galilei (físico e astrônomo
italiano - 1564/1642).

• Por enquanto, vamos ver apenas a definição de círculo trigonométrico, após o resumo
histórico supra. Nos próximos textos, cuidaremos de desenvolver o resumo da teoria.
Chama-se Círculo Trigonométrico, ao círculo orientado de raio unitário, cujo centro é a
origem do sistema de coordenadas cartesianas, conforme figura
a seguir.

O círculo trigonométrico é orientado positivamente no


sentido ABA’B’A. O sentido AB’A’BA é considerado negativo.
Assim, o arco AB (ângulo reto) mede 90º e o arco AB’ mede -
90º . O arco ABA’ (ângulo raso) mede 180º ( ou p radianos) e o
arco AB’A’ mede (-180º).
O arco de uma volta completa (ABA’B’A) mede 360º ;
O arco AB’A’BA mede( -360º), ou seja, é um arco negativo.
Já sabemos que 360º = 2π radianos.

Podemos na Trigonometria, considerar arcos de mais de uma volta.


Sabendo que uma volta equivale a 360º , podemos facilmente reduzir qualquer arco à primeira
volta. Por exemplo, o arco de 12350º , para reduzi-lo à primeira volta, basta dividi-lo por 360º
(para eliminar as voltas completas) e considerar o resto da divisão. Assim é que, 12350º
dividido por 360º, resulta no quociente 34 e no resto 110º. Este valor 110º é então

Francisco do Rosário Domingos 141


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trigonométricamente equivalente ao arco de 12350º e é denominado sua menor determinação


positiva.

Dois arcos trigonométricos são ditos côngruos, quando a diferença entre eles é um número
múltiplo de 360º . Assim é que sendo x e y dois arcos trigonométricos, eles serão côngruos se e
somente se x - y = k . 360º , onde k é um número inteiro.

Portanto, para descobrir se dois arcos são côngruos, basta verificar se a diferença entre eles é
um múltiplo de 360º (ou 2π radianos, pois 2π rad = 360º).

Os arcos 2780º e 1700º , por exemplo são côngruos , pois

2780º - 1700º = 1080º e 1080º é divisível por 360º

(1080º / 360º = 3 , com resto nulo).

Exercício resolvido:

Quantos são os valores de m compreendidos entre 30 e 40, que tornam côngruos os arcos de
medidas (4m+10).180º e (3m-2).180º ?

Solução:

Pela definição de arcos côngruos dada acima, deveremos ter:

(4m+10).180º - (3m-2).180º = k . 360º , onde k é um número inteiro.


720m + 1800 -[540m - 360] = k . 360
720m + 1800 - 540m + 360 = k . 360
180m + 2160 = k . 360
180m = k . 360 - 2160
m = 2k - 12
Mas, pelo enunciado, temos 30 < m < 40. Logo:
30 < 2k - 12 < 40
42 < 2k < 52
21 < k < 26 ⇒ k = 22, 23, 24 ou 25.
Existem 4 valores possíveis para k e, portanto, também 4 valores possíveis para m,
já que m = 2k - 12.

Resposta: m possui 4 (quatro) valores distintos.

Testes Verdadeiro - Falso

1 - Os arcos de 4200º e 3480º são côngruos


2 - Os arcos de (- 420º ) e 300º são côngruos.
3 - O arco de 10.002º pertence ao segundo quadrante.
4 - O arco de (- 200º) pertence ao segundo quadrante.

Francisco do Rosário Domingos 142


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Gabarito:
1-V
2-V
3-F
4-V

Francisco do Rosário Domingos 143


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Trigonometria II

1 - Funções trigonométricas: seno, cosseno , tangente, cotangente, secante e


cossecante.

Considere a figura abaixo, onde está representado um círculo trigonométrico (centro na origem
e raio unitário).
Da simples observação da figura, temos os seguintes pontos notáveis:
A(1;0) , B(0;1) , A’(-1;0) e B’(0;-1).

Definiremos os seguintes eixos:

A’A = eixo dos cossenos (variando no intervalo real de -1 a +1)


B’B = eixo dos senos (variando no intervalo real de -1 a +1)
AT = eixo das tangentes → variando no intervalo real (-∞ , +∞ ).

Observe também que as coordenadas cartesianas do ponto U são:


x0 = abscissa e y0 = ordenada, ou seja: U(x0 , y0).

Considere o arco trigonométrico AU de medida a. Nestas condições definimos:


1 - Seno do arco de medida a = ordenada do ponto U = y0 e indicamos: sen a = y0 .
2 - Cosseno do arco de medida a = abscissa do ponto U = x0 e indicamos: cos a = x0

Lembrando que o raio do círculo trigonométrico é igual a 1 (por definição), concluímos que o
seno e o cosseno de um arco são números reais que variam no intervalo real de -1 a +1.

Da figura acima, podemos escrever: x02 + y02 = OU2; mas, OU = raio do círculo trigonométrico
e portanto vale 1.
Daí vem a seguinte relação entre o seno e o cosseno de um arco, já que x0 = cos a e y0 = sen
a:

sen2a + cos2a = 1

denominada relação fundamental da Trigonometria.

Francisco do Rosário Domingos 144


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Observando ainda a figura acima e considerando os sinais das ordenadas e das abscissa ou
seja, sinais do seno e do cosseno, podemos concluir que o seno é positivo para os arcos
compreendidos entre 0º e 180º (1º e 2º quadrantes) e negativo para os arcos compreendidos
entre 180º e 360º (3º e 4º quadrantes).

Já para o cosseno, usando a mesma consideração anterior, concluímos que o cosseno é positivo
para os arcos compreendidos entre 0º e 90º (1º quadrante) e para os arcos compreendidos
entre 270º e 360º (4º quadrante) e, negativo para os arcos compreendidos entre
90º e 180º (2º quadrante) e para os arcos compreendidos entre 180º e 270º (3º quadrante).

Valores notáveis do seno e cosseno:

sen 0º = sen 180º = cos 90º = cos 270º = 0


sen 90º = cos 0º = cos 360º = 1
sen 270º = cos 180º = -1

Ainda na figura anterior, observe o segmento AT.


O comprimento deste segmento, é por definição, a tangente do arco AU de medida a.
Indicamos isto escrevendo tg a = AT.
A escala adotada no eixo das tangentes é a mesma dos eixos das abscissa e das ordenadas.

Pela semelhança dos triângulos Ox0U e OAT, podemos escrever:

;
mas como y0 = sen a, x0 = cos a, AT = tg a e OA = 1, vem:

para cos a ≠ 0.

Nota: para saber o sinal da tangente nos 4 quadrantes, basta usar a regra de sinais da divisão,
já que a tangente é simplesmente o quociente do seno pelo cosseno, cujos sinais nos
quadrantes já conhecemos.

Somente como exemplo, como o seno e o cosseno são negativos no 3º quadrante, sendo a
tangente o quociente entre eles, concluímos que neste quadrante, a tangente será positiva,
pois menos dividido por menos dá mais!

Os inversos multiplicativos do seno, cosseno e tangente, recebem designações particulares a


saber:

1 - inverso do seno = cossecante (símbolo: cossec)


2 - inverso do cosseno = secante (símbolo: sec)
3 - inverso da tangente = cotangente (símbolo: cotg )

Assim, sendo a um arco trigonométrico, poderemos escrever:

Francisco do Rosário Domingos 145


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para sen a ≠ 0.

para cos a ≠ 0.

para sen a ≠ 0.

Exercícios Resolvidos

1. Qual o valor máximo da função y = 10 + 5 cos 20x ?

Solução:
O valor máximo da função ocorre quando o fator cos20x é máximo, isto é, quando cos 20x = 1.
Logo, o valor máximo da função será y = 10 + 5.1 = 15.

2. Qual o valor mínimo da função y = 3 + 5 sen 2x?

Solução:
O valor mínimo da função ocorre quando o fator sen2x é mínimo, isto é, quando sen2x = -1.
Logo, o valor mínimo da função será y = 3 + 5(-1) = - 2 .

3. Qual o valor máximo da função ?

Solução:
A função terá valor máximo, quando o denominador tiver valor mínimo. Para que o
denominador seja mínimo, deveremos ter cos 20x = 1 ∴
y = 10 / (6 - 2.1) = 10 / 4 = 5/2.
Portanto, o valor máximo da função é 5/2.

Qual seria o valor mínimo da mesma função?


Resposta: 5/4

4. Para que valores de m a equação sen 30x = m - 1 tem solução?

Solução:

Francisco do Rosário Domingos 146


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Ora, o seno de qualquer arco, é sempre um número real pertencente ao intervalo fechado [-
1,1]. Logo, deveremos ter: -1 ≤ m -1 ≤ 1∴ 0 ≤ m ≤ 2.

Agora calcule:

a) o valor mínimo da função y = 2 + 9sen4x.


b) o valor máximo da função y = 10 - cosx .
c) o valor de y = sen 180º - cos270º
d) o valor de y = cos 180º - sen 270º
e) o valor de y = cos(360.k) + sen(360.k), para k inteiro.

Respostas: a) - 7 b) 11 c) 0 d) 0 e) 1

Francisco do Rosário Domingos 147


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Trigonometria III

Fórmulas derivadas das fundamentais

Já sabemos as cinco fórmulas fundamentais da Trigonometria, a saber:


Dado um arco trigonométrico x , temos:

Fórmula I: Relação Fundamental da Trigonometria.

sen2x + cos2x = 1
[o mesmo que (senx)2 + (cosx)2 = 1]

Fórmula II: Tangente.

Fórmula III: Cotangente.

Fórmula IV: Secante.

Fórmula V: Cossecante.

Nota: considere nas fórmulas acima, a impossibilidade absoluta da divisão por ZERO.
Assim, por exemplo, se cosx = 0, não existe a secante de x ; se sen x = 0, não existe a cosec
x, ...

Para deduzir duas outras fórmulas muito importantes da Trigonometria, vamos partir da
Fórmula I acima, inicialmente dividindo ambos os membros por cos2 x 0.
Teremos:

Das fórmulas anteriores, concluiremos inevitavelmente a seguinte fórmula que relaciona a


tangente e a secante de um arco trigonométrico x:
tg2x + 1 = sec2x

Francisco do Rosário Domingos 148


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Se ao invés de dividirmos por cos2x, dividíssemos ambos os membros por sen2x, chegaríamos a:
cotg2x + 1 = cosec2x

As duas fórmulas anteriores, são muito importantes para a solução de exercícios que
comparecem nos vestibulares, e merece por isto, uma memorização. Aliás, as sete fórmulas
anteriores, têm necessariamente de ser memorizadas, e isto é apenas o início! A Trigonometria,
infelizmente, depende de memorizações de fórmulas, mas, se você souber deduzi-las, como
estamos tentando mostrar aqui, as coisas ficarão muito mais fáceis! Portanto, fique
tranqüilo(a).

Francisco do Rosário Domingos 149


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Trigonometria IV

1 - Simplifique a expressão a seguir:

Solução:

Das aulas anteriores, poderemos escrever:

2 - Sendo x um arco tal que cosx = tgx , calcule senx.

Solução:

Sabemos que tgx = senx / cosx.


Substituindo tgx por cosx (dado do problema), vem:
cosx = senx / cosx donde vem: cos2x = senx. Mas,
cos2x = 1 - sen2x .
Substituindo, fica: 1 - sen2x = senx.
Daí, vem: sen2x + senx - 1 = 0
Fazendo senx = y e substituindo: y2 + y - 1 = 0.
Resolvendo esta equação do 2º grau, usando a fórmula de Bhaskara, fica:

Como y = senx, somos tentados a dizer que existem dois valores para senx, dados pela
igualdade acima. Lembre-se porém que o seno de um arco é um número que pode variar
de -1 a +1. Portanto, somente um dos valores acima satisfaz o problema ou seja:

que é a resposta procurada.

3 - Para que valor de m a expressão


y = (m - 1)(sen4x - cos4x) + 2cos2x + m.cosx - 2.cosx + 1 é independente de x?

Francisco do Rosário Domingos 150


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Solução:

Podemos escrever:
y = (m - 1)[(sen2x - cos2x)(sen2x + cos2x)] + 2cos2x + mcosx - 2cosx + 1
Como sen2x + cos2x = 1, substituindo, fica:
y = (m - 1)(sen2x - cos2x) + 2cos2x + mcosx - 2cosx + 1
y = msen2x - mcos2x - sen2x + cos2x + 2cos2x + mcosx - 2cosx + 1
Escrevendo tudo em função de cosx, lembrando que sen2x = 1 - cos2x, vem:
y = m(1 - cos2x) - mcos2x - (1 - cos2x) + cos2x + 2cos2x + mcosx - 2cosx + 1
y = m - mcos2x - mcos2x - 1 + cos2x + cos2x + 2cos2x + mcosx - 2cosx + 1
Simplificando os termos semelhantes, fica:
y = m + (4 - 2m)cos2x + (m - 2)cosx
Para que a expressão acima seja independente de x, deveremos ter necessariamente 4 - 2m =
0em-2=0
∴ m = 2, que é a resposta procurada.

4 - Agora resolva você mesmo:

Para que valor de m a expressão


y = m(sen4x - cos4x) + 2cos2x - 1 + m é independente de x?
Resposta: m = 1

5 - Sabendo que senx + cosx = m, calcule (m2 - 1)y sendo y dado pela expressão:

Resposta: m(3 - m2).

Sugestão: Eleve ambos os membros da igualdade dada ao cubo, ou seja:


(senx + cosx)3 = m3 , lembrando que (a+b)3 = a3 + b3 + 3(a+b).ab.
Eleve também ambos os membros da expressão dada ao quadrado, ou seja:
(senx + cosx)2 = m2 , lembrando que (a+b)2 = a2 + 2ab + b2.

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Trigonometria V

Cosseno da diferença de arcos

Dedução da fórmula

Considere a figura abaixo que representa uma circunferência trigonométrica (centro na origem
O(0,0) e raio unitário). Sejam a e b dois arcos trigonométricos com a > b.

Temos o arco PB de medida b e o arco PA de medida a. Nestas condições, podemos concluir


que o arco BA tem medida a - b.
Pelo teorema dos cossenos, sabemos que em qualquer triângulo, o quadrado da medida de um
lado é igual à soma dos quadrados das medidas dos outros dois lados, menos o dobro do
produto desses lados, pelo cosseno do ângulo que eles formam.

Assim, na figura acima, poderemos escrever, pelo teorema dos cossenos, para o triângulo OAB:
AB2 = OB2 + OA2 - 2. OB . OA . cos(a - b). (Equação 1)
Ora, OB = OA = 1 (raio do círculo trigonométrico, portanto, unitário).
AB = distancia entre os pontos A(cosa,sena) e B(cosb,senb).
Já vimos nesta página, a fórmula da distancia entre dois pontos; se você não se lembra, revise
os textos sobre Geometria Analítica .
Assim, substituindo os elementos conhecidos na fórmula acima (equação 1), vem:
(cosa - cosb)2 + (sena - senb)2 = 12 + 12 - 2.1.1.cos(a -b)
Desenvolvendo, vem:
cos2a - 2.cosa.cosb + cos2b + sen2a - 2.sena.senb + sen2b = 2 - 2cos(a - b)
Lembrando que cos2a + sen2a = cos2b + sen2b = 1 (Relação Fundamental da Trigonometria),
vem, substituindo:
1 + 1 - 2cosacosb - 2senasenb = 2 - 2cos(a - b)
Simplificando, fica:
-2[cosacosb + senasenb] = -2.cos(a - b)
Donde finalmente podemos escrever a fórmula do cosseno da diferença de dois arcos a e b:

cos(a - b) = cosa . cosb + sena . senb

Exemplo: cos(x - 90º) = cosx . cos90º + senx . sen90º


Ora, como já sabemos que cos90º = 0 e sen90º = 1, substituindo, vem finalmente:

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cos(x - 90º) = senx.

Se fizermos a = 0º na fórmula do cosseno da diferença, teremos:


cos(0 - b) = cos0 . cosb + sen0 . senb
E como sabemos que cos0 = 1 e sen0 = 0, substituindo, fica:

cos(- b) = cosb

Portanto:
cos( - 60º ) = cos60º = 1/2, cos( - 90º) = cos90º = 0, cos ( -180º) = cos 180º = -1, etc.
Se considerarmos a função y = cosx , como cos( - x ) = cosx , diremos então que a função
cosseno é uma função par. Reveja o capítulo de funções.

Para finalizar, tente simplificar a seguinte expressão:


y = cos(x - 90º) - cos(x - 270º).
Resposta: 2senx

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Trigonometria VI

Adição e subtração de arcos

1. Vimos em Trigonometria V, a dedução da fórmula do cosseno da diferença de dois arcos.


Apresentaremos a seguir, as demais fórmulas da adição e subtração de arcos sem as deduções,
lembrando que essas deduções seriam similares àquela desenvolvida para cos(a – b), com
certas peculiaridades inerentes a cada caso.

2. Sejam a e b dois arcos trigonométricos.

São válidas as seguintes fórmulas, que devem ser memorizadas! Repito aqui, que uma das
aparentes dificuldades da Trigonometria é essa necessidade imperiosa de memorização de
fórmulas. Entretanto, a não memorização levaria a perda de tempo para deduzi-las durante as
provas, o que tornaria a situação impraticável. Talvez, a melhor solução seria aquela em que os
examinadores que elaboram os exames vestibulares inserissem como anexo de toda prova, um
resumo das fórmulas necessárias à sua resolução, exigindo do candidato, apenas o
conhecimento e o raciocínio necessários para manipulá-las algébricamente e, aí sim teria sido
feito justiça! Fica a sugestão aos professores!.

Eis as fórmulas, já conhecidas de vocês, assim espero.

cos(a – b) = cosa . cosb + sena . senb


cos(a + b) = cosa . cosb – sena . senb
sen(a – b) = sena . cosb – senb . cosa
sen(a + b) = sena . cosb + senb . cosa

Nota: nas duas fórmulas da tangente, sempre leve em conta a absoluta impossibilidade da
divisão por zero!
Fazendo a = b nas fórmulas da soma, vem:
sen2a = 2sena . cosa
cos2a = cos2a – sen2a = 2cos2a – 1 = 1 – 2.sen2a

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Trigonometria VII

1 - Multiplicação de arcos

Problema: Conhecendo-se as funções trigonométricas de um arco a , determinar as funções


trigonométricas do arco n.a onde n é um número inteiro maior ou igual a 2.
Usaremos as fórmulas das funções trigonométricas da soma de arcos para deduzi-las.

1.1 - Seno e cosseno do dobro de um arco

Sabemos das aulas anteriores que sen(a + b) = sen a .cos b + sen b. cos a. Logo, fazendo a =
b, obteremos a fórmula do seno do dobro do arco ou do arco duplo:
sen 2a = 2 . sen a . cos a
Analogamente, usando a fórmula do cosseno da soma, que sabemos ser igual a
cos(a + b) = cos a . cos b - sen a .sen b
e fazendo a = b, obteremos a fórmula do cosseno do dobro do arco ou do arco duplo:
cos 2a = cos2a - sen2a

Da mesma forma, partindo da tangente da soma, obteremos analogamente a fórmula da


tangente do dobro do arco ou do arco duplo:

A fórmula acima somente é válida para tga ≠ 1 e tga ≠ -1, já que nestes casos o denominador
seria nulo! Lembre-se do 11º mandamento! NÃO DIVIDIRÁS POR ZERO! Sabemos que a
divisão por zero não é possível. Imagine dividir 2 chocolates por zero pessoas!!!

Exemplos:

sen4x = 2.sen2x.cos2x
senx = 2.sen(x/2).cos(x/2)
cosx = cos2(x/2) - sen2(x/2)
cos4x = cos22x - sen22x, ... , etc.

2 - Divisão de arcos
Vamos agora achar as funções trigonométricas da metade de um arco, partindo das anteriores.

2.1 - Cosseno do arco metade


Ora, sabemos que cos2a = cos2a - sen2a
Substituindo sen2a, por 1 - cos2a, já que sen2a + cos2a = 1, vem:
cos2a = 2.cos2a - 1. Daí, vem:
cos2a = (1+cos2a) / 2
Fazendo a = x/2, vem, cos2(x/2) = [1+cosx]/2.
Podemos escrever então a fórmula do cosseno do arco metade como:

Francisco do Rosário Domingos 155


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Obs: o sinal algébrico vai depender do quadrante ao qual pertence o arco x/2.

2.2 - Seno do arco metade


Podemos escrever: cos2a = (1-sen2a) - sen2a = 1 - 2sen2a
Daí vem: sen2a = (1 - cos2a)/2
Fazendo a = x/2 , vem: sen2(x/2) = (1 - cosx) / 2.
Podemos escrever então, a fórmula do seno do arco metade como segue:

Obs: o sinal algébrico vai depender do quadrante ao qual pertence o arco x/2.

2.3 - Tangente do arco metade


Dividindo membro a membro as equações 2.1 e 2.2 anteriores, lembrando que
tg(x/2) = sen(x/2) / cos(x/2), vem:

Obs: o sinal algébrico vai depender do quadrante ao qual pertence o arco x/2.

Exercício resolvido
Simplifique a expressão y = cossec2a - cotg2a

Solução:
Sabemos que cossec2a = 1 / sen2a e cotg2a = cos2a / sen2a . Logo,
y = (1/sen2a) - (cos2a/sen2a)
Simplificando, vem: y = (1 - cos2a) / sen2a . Portanto,

Portanto, cossec2a - cotg2a = tga.


Lembre-se que 1 - cos2a = sen2a.
Somente a título de ilustração, vamos ler a expressão resultado: A cossecante do dobro de um
arco subtraída da cotangente do dobro do mesmo arco é igual à tangente do arco. Aqui pra
nós: a linguagem simbólica não é muito mais fácil?

Francisco do Rosário Domingos 156


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3 - Transformação de somas em produto

Vamos deduzir outras fórmulas importantes da Trigonometria.


As fórmulas a seguir são muito importantes para a simplificação de expressões trigonométricas.

Já sabemos que:
sen(a + b) = sen a . cos b + sen b . cos a
sen (a - b) = sen a . cos b - sen b . cos a
Somando membro a membro estas igualdades, obteremos:
sen(a + b)+ sen(a - b) = 2.sen a . cos b.

Fazendo
a+b=p
a-b=q
teremos, somando membro a membro:
2a = p + q, de onde tiramos a = (p + q) / 2
Agora, subtraindo membro a membro, fica:
2b = p - q, de onde tiramos b = (p - q) / 2

Daí então, podemos escrever a seguinte fórmula:

Exemplo: sen50º + sen40º = 2.sen45º.cos5º

Analogamente, obteríamos as seguintes fórmulas:

Exemplos:

cos 30º + cos 10º = 2.cos20º.cos10º


cos 60º - cos 40º = -2.sen50º.sen10º
sen 70º - sen 30º = 2.sen20º.cos50º.

Francisco do Rosário Domingos 157


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Trigonometria VIII

Exercícios Resolvidos

1) Se sen3x + senx = cos3x + cosx, então:


a) senx = 0
b) cosx = 0
c) tgx = 1
d) sen2x = 1
e) tg2x = 1

Solução:
Vamos usar as fórmulas de transformação em produto, vistas na aula anterior. Reveja as
fórmulas se necessário, em Trigonometria VII.

Teremos:

Simplificando, vem:
2.sen2x.cosx = 2.cos2x.cosx. Ora, daí vem, simplificando:
sen2x = cos2x e, portanto, sen2x / cos2x = 1 ⇒ tg2x =1.
Portanto a igualdade dada equivale à igualdade tg2x = 1. Logo, letra E.
Nota: Lembre-se que sen h / cos h = tg h.

2) Determine o período da função y = sen20x.cos10x + sen10x.cos20x.

Solução:

Sabemos que sena.cosb+senb.cosa = sen(a+b).


Logo,
sen20x.cos10x+sen10x.cos20x = sen(20x+10x) = sen30x
Portanto, a função dada é equivalente a y = sen30x.
Mas, o período de uma função da forma y = senbx é dado por T = 2π / b.
Logo, o período da função dada será: T = 2π / 30 = π /15 radianos.
Resposta: o período da função é igual π /15 rad.

3) Qual o valor máximo da função y = f(x) definida por:

Solução:

Sabemos que cosx.cos4x - senx.sen4x = cos(x+4x) = cos5x

Francisco do Rosário Domingos 158


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Para concluir isto, basta lembrar da fórmula do cosseno da soma!


Portanto, podemos escrever:

Para que y seja MÁXIMO, devemos ter 100+cos5x = MÍNIMO.


É claro que isto ocorrerá para cos5x = -1.
Logo, o valor máximo da função será: y = 100 / (100 - 1) = 100/99.

Resposta: 100/99.

4) Seja dada a função y = f(x), definida por:

Nestas condições, pede-se calcular o valor de y = f(π /17).

Solução:

Vamos transformar em produto o denominador da função:

Mas, cos13x = cos(17x - 4x) = cos17x.cos4x + sen17x.sen4x.


Como x = π /17, vem imediatamente que 17x = π . Logo, substituindo vem:
cos13x = cosπ .cos4x + senπ .sen4x = -1.cos4x + 0.sen4x = - cos4x
Já que cos13x = - cos4x , para x = π /17, substituindo, vem finalmente:
y = - cos4x / (2.cos4x) = -1/2.

Resposta: y = - 1/2.

Francisco do Rosário Domingos 159


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Trigonometria IX

Período das funções trigonométricas

Considere uma função y = f(x) de domínio D. Seja x ∈ D um elemento do domínio da função f.


Consideremos um elemento p ∈ D.

Se f(x+p) = f(x) para todo x ∈ D, dizemos que a função f é periódica.

Ao menor valor positivo de p , denominamos período da função f.

Complicado? Não!
Veja o exemplo abaixo:

Seja y = f(x) = senx


Temos que f(x+2π ) = sen(x+2π ) = senx.cos2π + sen2π .cosx =senx .1 + 0.cosx = senx
ou seja, f(x+2π ) = f(x).
Portanto, sen(x+2π ) = senx

Da definição acima, concluímos que o período da função y = senx é igual a 2π radianos.

Analogamente, concluiríamos que:


O período da função y = cosx é 2π radianos.
O período da função y = secx é 2π radianos.
O período da função y = cosecx é 2π radianos.
O período da função y = tgx é π radianos.
O período da função y = cotgx é π radianos.

As afirmações acima equivalem às seguintes afirmações:


cos(x+2π ) = cosx|
sec(x+2π ) = secx
cosec(x+2π ) = cosecx
tg(x+π ) = tgx
cotg(x+π ) = cotgx

De uma forma genérica, poderemos dizer que o período T da função


y = a+b.sen(rx + q)
é dado por:

Observe que somente o coeficiente de x tem influencia para o cálculo do período da função.
A fórmula acima aplica-se também para o caso da função y = a + b.cos(rx+q).

No caso das funções y = a + b.tg(rx+q) ou y = a + b.cotg(rx+q) a fórmula a ser aplicada para o

Francisco do Rosário Domingos 160


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cálculo do período T é:

Exemplos:

Determine o período das seguintes funções trigonométricas:


a) y = sen(2x - 45º)
Resposta: T = 2π /2 = π radianos

b) y = 2.cos(3x+45º)
Resposta: T = 2π /3 rad = 120º . (Lembre-se que π rad = 180º).

c) y = 5 + 10.cos(π x + 2)
Resposta: T = 2π /π = 2 rad

d) y = tg(2x - π )
Resposta: T = π /2 rad

e) y = sen2x.cos4x + sen4x.cos2x
Resposta: A função pode ser escrita como y = sen(2x+4x) = sen6x
Logo, T = 2π /6 = π /3 rad ou 60º.

f) y = senx + cosx
Resposta: Antes de aplicar a fórmula do período, temos que transformar a soma do segundo
membro, num produto. Logo,

y = senx + sen(90º - x)

Observe que sen(90º-x) = sen90º.cosx - senx.cos90º = cosx.


Logo, a função dada poderá ser escrita como, usando a fórmula de transformação da soma de
senos em produto.

Portanto o período procurado será T = 2π /1 = 2π rad.

Agora resolva estes:

Determine o período das seguintes funções:


a) y = sen10x
Resposta: T = π /5 rad.

b) y = 1 + cos(2x+π /4)
Resposta: T = π rad.

Francisco do Rosário Domingos 161


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c) y = sen(x/3) + cos(x/2)
Resposta: T = 12π rad.

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Exercícios Resolvidos de Trigonometria

1 - (UNI-RIO) Os lados de um triângulo são 3, 4 e 6. O cosseno do maior ângulo interno desse


triângulo vale:

a) 11 / 24
b) - 11 / 24
c) 3 / 8
d) - 3 / 8
e) - 3 / 10

Solução:

Sabemos que num triângulo, ao maior lado opõe-se o maior ângulo. Logo, o maior ângulo será
aquele oposto ao lado de medida 6. Teremos então, aplicando a lei dos cossenos:

62 = 32 + 42 - 2 . 3 . 4 . cos β ∴ 36 - 9 - 16 = - 24 . cos β ∴ cos β = - 11 / 24 e, portanto, a


alternativa correta é a letra B.

Lembrete: TC - Teorema dos cossenos: Em todo triângulo, o quadrado de um lado é igual à


soma dos quadrados dos outros dois, menos o dobro do produto desses lados pelo cosseno do
angulo que eles formam.

2 - (UNESP) Se x e y são dois arcos complementares, então podemos afirmar que


A = (cosx - cosy)2 + (senx + seny)2 é igual a:

a) 0
b) 1/2
c) 3/2
d) 1
e) 2

Solução:

Desenvolvendo os quadrados, vem:


A = cos2 x - 2 . cosx . cosy + cos2 y + sen2 x + 2 . senx . seny + sen2 y
Organizando convenientemente a expressão, vem:
A = (cos2 x + sen2 x) + (sen2 y + cos2 y) - 2 . cosx . cosy + 2 . senx . seny
A = 1 + 1 - 2 . cosx . cosy + 2 . senx . seny
A = 2 - 2 . cosx . cosy + 2 . senx . seny
Como os arcos são complementares, isto significa que x + y = 90º ∴ y = 90º - x.
Substituindo, vem:
A = 2 - 2 . cosx . cos(90º - x) + 2 . senx . sen(90º - x)
Mas, cos(90º - x) = senx e sen(90º - x) = cosx, pois sabemos que o seno de um arco é igual ao
cosseno do seu complemento e o cosseno de um arco é igual ao seno do seu complemento.
Logo, substituindo, fica:
A = 2 - 2 . cosx . senx + 2 . senx . cosx
A = 2 + (2senxcosx - 2senxcosx) = 2 + 0 = 2 , e portanto a alternativa correta é
a letra E.

Francisco do Rosário Domingos 163


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3 - Calcule sen 2x sabendo-se que tg x + cotg x = 3.

Solução:

Escrevendo a tgx e cotgx em função de senx e cosx , vem:

Daí, vem: 1 = 3 . senx . cosx ∴ senx . cosx = 1 / 3. Ora, sabemos que


sen 2x = 2 . senx . cosx e portanto senx . cosx = (sen 2x) / 2 , que substituindo vem:
(sen 2x) / 2 = 1 / 3 e, portanto, sen 2x = 2 / 3.
Resposta: 2 / 3

4 - (ITA - 96) Seja α ∈ [0, π /2], tal que sen α + cos α = m .


Então, o valor de

é:

a) 2(m2 - 1) / m(4 - m2)


b) 2(m2 + 1) / m(4 + m2)
c) 2(m2 - 1) / m(3 - m2)
d) 2(m2 - 1) / m(3 + m2)
e) 2(m2 + 1) / (3 - m2)

Solução:

Quadrando ambos os membros da expressão dada, vem:


(sen α + cos α )2 = m2 . Desenvolvendo, fica:
sen2 α + 2 . sen α . cos α + cos2 α = m2
Simplificando, vem: 1 + 2 . sen α . cos α = m2 ∴ 1 + sen 2α = m2 e, portanto,
sen 2α = m2 - 1
Seguindo o mesmo raciocínio, vamos elevar ambos os membros da expressão dada ao cubo:
Lembrete: (a + b)3 = a3 + b3 + 3(a +b) . ab
Logo:
(sen α + cos α )3 = m3 . Desenvolvendo, vem:
sen3 α + cos3 α + 3 (sen α + cos α ) (sen α . cos α ) = m3
Lembrando que sen α + cos α = m e sen α . cos α = sen 2α / 2, e substituindo, fica:
sen3 α + cos3 α = m3 - 3 (m) . (m2 - 1) / 2
Substituindo esses valores encontrados na expressão dada, teremos então:

Francisco do Rosário Domingos 164


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E portanto, a alternativa correta é a letra C.

Francisco do Rosário Domingos 165


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Funções Trigonométricas Inversas

1 – Função arco seno

Considere a função y = senx . Sabemos que para achar a inversa, basta permutar x por y e
vice-versa. Nestas condições a inversa será x = seny.

Entretanto, sabemos do estudo geral das funções, que a inversa de uma função será também
uma função se e somente se a função dada for bijetora. Como sabemos que a função y = senx
não é bijetora em R, (se necessário, revise esse conceito no capítulo Funções) , para que a sua
inversa seja também uma função, deveremos definir um intervalo na qual a função seno seja
bijetora.
Este intervalo é: [-π /2, π /2]
Assim, a função f: [-π /2, π /2] → [-1, 1] definida por y = senx é bijetora.
Então, a inversa x = seny terá domínio [-1, 1] e conjunto imagem [-π /2, π /2] e, neste caso, será
também uma função.

A igualdade x = seny costuma ser escrita como y = arcsenx que lê-se: y é o arco cujo seno é x.
Em resumo: y = arcsenx para -1 ≤ x ≤ 1 e -π /2 ≤ x ≤ π /2.
Nunca esqueça que y = arcsenx ⇔ seny = x, considerando-se as limitações para x e y
impostas acima.

Exemplos:

a) sen π /6 = 1/2 ⇔ π /6 = arcsen (1/2)


b) sen π = 0 ⇔ π = arcsen 0
c) sen 0 = 0 ⇔ 0 = arcsen 0 (lê-se: 0 é o arco cujo seno é 0).

Exercício Resolvido

Qual o domínio e o conjunto imagem da função y = arcsen 4x?


Solução:
Podemos escrever: 4x = seny. Daí, vem:
Para x: -1 ≤ 4x ≤ 1 ⇒ -1/4 ≤ x ≤ 1/4. Portanto, Domínio = D = [-1/4, 1/4].
Para y: Da definição vista acima, deveremos ter -π /2 ≤ y ≤ π /2.
Resposta: D = [-1/4, 1/4] e Im = [-π /2, π /2].

Analogamente definiríamos as funções arco coseno e arco tangente .

1. Função arco coseno


y = arccosx ⇔ x = cosy , para 0 ≤ y ≤ π e –1 ≤ x ≤ 1.
Exemplo: cos 60º = 1/2, logo 60º = arccos 1/2 (Obs: 60º = π /3 rad)

2. Função arco tangente


y = arctgx ⇔ x = tgy , para -π /2 < y < π /2 e x ∈ R.
Exemplo: tg 45º = 1, logo 45º = arctg 1 (Obs: 45º = π /4 rad)

Francisco do Rosário Domingos 166


Apontamentos de Matemática Essencial

Exercícios Resolvidos:

1. Calcule y = tg(arcsen 2/3)

Solução:
Seja w = arcsen 2/3. Podemos escrever senw = 2/3. Precisamos calcular o cosw. Vem:
sen2w + cos2w = 1 (Relação Fundamental da Trigonometria).
Substituindo o valor de senw vem:
(2/3)2 + cos2w = 1 de onde conclui-se: cos2w = 1 – 4/9 = 5/9.
Logo:
cosw = ± √ 5 / 3. Mas como w = arcsen 2/3, sabemos que o arco w pode variar de
–90º a +90º, intervalo no qual o coseno é positivo. Logo: cosw = +√ 5 /3.
Temos então: y = tg(arcsen 2/3) = tgw = senw / cosw = [(2/3) / (√ 5/3)] = 2/√ 5
Racionalizando o denominador, vem finalmente y = (2√ 5)/ 5 que é o valor de y procurado.

2. Calcular o valor de y = sen(arc tg 3/4).

Solução:
Seja w = arc tg 3/4. Podemos escrever:
tgw = 3/4 ⇒ senw / cosw = 3/4 ⇒ senw = (3/4).cosw
Da relação fundamental da Trigonometria, sen2w + cos2w = 1, vem, substituindo o valor de
senw:
[(3/4).cosw]2 + cos2w = 1 ∴ 9/16.cos2w + cos2w = 1 ∴ 25/16 . cos2w = 1
cos2w = 16/25 ⇒ cosw = ± 4/5.
Como w = arctg 3/4, sabemos da definição da função arco tangente que w varia no intervalo
–90º a +90º , intervalo no qual o coseno é positivo.
Logo, cosw = + 4/5.
Mas, senw = (3/4).cosw = (3/4).(4/5) = 3/5 , e portanto:
y = sen(arctg 3/4) = senw = 3/5, que é a resposta procurada.

Agora resolva os seguintes:

1) Qual o domínio da função y = arccos(1 – logx)?

2) Resolver a equação: arcsenx = 2 arccosx

Respostas: 1) D = [1,100] 2) x = √ 3/2.

Francisco do Rosário Domingos 167


Apontamentos de Matemática Essencial

Teorema dos Senos – TS

Considere a figura abaixo, onde vemos um triângulo ABC inscrito numa circunferência de raio
R. Observe que também podemos dizer que a circunferência está circunscrita ao triângulo
ABC.

Na figura acima, temos:


AH = diâmetro da circunferência = 2R
(R = raio)
AO = OH = raio da circunferência = R
Medidas dos lados do triângulo ABC:
AB = c, BC = a e AC = b.
Para deduzir o teorema dos senos, vamos iniciar
observando que os ângulos H e B são
congruentes ou seja possuem a mesma medida,
pois ambos estão inscritos no mesmo arco CA.
Além disso, podemos afirmar que o ângulo ACH é
reto (90º), pois AH é um diâmetro. Portanto o
triângulo ACH é um triângulo retângulo.
Podemos então escrever:
sen H = sen B = cateto oposto / hipotenusa = AC /
AH = b/2R
Logo, fica: sen B = b / 2R e, portanto, b/senB = 2R.

Analogamente chegaríamos às igualdades


c/senC = 2R
a/senA = 2R
Como estas três expressões são todas iguais a 2R, poderemos escrever finalmente:

Esta expressão mostra que as medidas dos lados de um triângulo qualquer são proporcionais
aos senos dos ângulos opostos a estes lados, sendo a constante de proporcionalidade igual a
2R, onde R é o raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC.
Este é o teorema dos senos – TS.

O teorema dos senos visto acima, permite a dedução de uma importante fórmula para o cálculo
da área de um triângulo qualquer. Seja o triângulo ABC da figura abaixo, de altura h.

Francisco do Rosário Domingos 168


Apontamentos de Matemática Essencial

Sabemos que a área de um


triângulo e igual ao semiproduto
da base pela altura:
S = 1/2 . base . altura . Logo,
S = 1/2 . a . h

Mas, no triângulo retângulo CAH, podemos escrever:


sen C = cateto oposto/hipotenusa = h/b ⇒ h = b.senC
Substituindo na fórmula da área acima, vem:
S = 1/2.a.b.senC

Mas, sabemos do teorema dos senos que


c/senC = 2R, onde R é o raio da circunferência circunscrita ao triângulo ABC. Logo: senC = c /
2R
Portanto, S = 1/2.a.b.c/2R = abc/4R.
Temos então a seguinte fórmula para o cálculo da área de um triângulo qualquer:

onde a, b e c são as medidas dos lados do triângulo e R é o raio da circunferência circunscrita


ao triângulo e S a área do triângulo.
Já sabemos da Geometria Plana, que a área de um triângulo ABC, cujos lados medem
respectivamente a, b e c, é dada pela fórmula:

onde p é o semiperímetro do triângulo ou seja: p = (a+b+c) / 2


Esta fórmula é conhecida comumente como Fórmula de Heron.
Heron de Alexandria – célebre geômetra grego. Viveu no século 1º século da era cristã.
Assim, substituindo o valor de S da fórmula anterior, na fórmula S=abc/4R, encontraremos uma
fórmula útil para o cálculo do raio da circunferência circunscrita a um triângulo qualquer
de lados a, b e c:
Temos: S = abc / 4R ⇒ R = abc / 4S
Portanto,

Onde p, conforme vimos acima é o semiperímetro dado por p = (a+b+c)/2.

Francisco do Rosário Domingos 169


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Exemplo de aplicação: Vestibular da Univ. Federal do Ceará/1990


Seja R o raio do círculo circunscrito ao triângulo cujos lados medem 10m, 17m e 21m.
Determine em metros, o valor de 8R.

Solução:
Temos: a = 10, b = 17 e c = 21 ⇒ p = (10+17+21) / 2 = 24
Portanto, substituindo diretamente na fórmula acima, fica:

Como o problema solicita o valor de 8R, vem: 8R = 8.170/16 = 170/2 = 85.


Portanto, 8R = 85, que é a resposta do problema.
Resposta: 85m

Francisco do Rosário Domingos 170


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Teorema dos Cosenos – TC

Considere o triângulo ABC na figura abaixo:

AH = altura do triângulo em relação à base CB.


Medidas dos lados: AC = b, AB = c e CB = a.
Podemos escrever no triângulo AHB:
AH2 + HB2 = c2 (Teorema de Pitágoras).
Analogamente, podemos aplicar o teorema de
Pitágoras no triângulo AHC:
b2 = CH2 + AH2
Mas, CH = CB – HB = a – HB
Portanto: b2 = (a - HB)2 + AH2
b2 = a2 – 2.a.HB + HB2 + AH2
Observe que HB2 + AH2 = AB2 = c2
Então fica: b2 = a2 + c2 – 2.a.HB
No triângulo retângulo AHB, podemos escrever:
cosB = cateto adjacente/hipotenusa = HB/c
Daí, HB = c.cosB
Substituindo, fica:
b2 = a2 + c2 – 2.a.c. cosB
Da fórmula acima, concluímos que num triângulo qualquer, o quadrado da medida de um lado é
igual a soma dos quadrados das medidas dos outros dois lados, menos o dobro do produto das
medidas desses lados pelo coseno do angulo que eles formam.
Isto é o TEOREMA DOS COSENOS – TC.
Analogamente, poderemos escrever:
a2 = b2 + c2 – 2.b.c.cosA
c2 = a2 + b2 – 2.a.b.cosC

Em resumo:

a2 = b2 + c2 – 2.b.c.cosA
b2 = a2 + c2 – 2.a.c.cosB
c2 = a2 + b2 – 2.a.b.cosC

Exemplo 1: Num triângulo dois lados de medidas 4cm e 8cm formam entre si um angulo de 60º.
Qual a medida do outro lado?
Ora, sendo x a medida do terceiro lado, teremos:
x2 = 42 + 82 – 2.4.cos60º = 16 + 64 – 8.(1/2), já que cos60º = 1/2.
x2 = 16 + 64 – 4 = 76
x2 = 22.19 ⇒ x =2√ 19 cm
Exemplo 2: Determine o comprimento do lado de um hexágono regular inscrito num círculo de
raio R.

Francisco do Rosário Domingos 171


Apontamentos de Matemática Essencial

R = raio do círculo.
Sabemos que um hexágono regular possui 6 lados de medidas congruentes, ou seja de
medidas iguais. Observe que o angulo A é igual a 60º. Logo, o lado PQ do hexágono regular
será dado pelo teorema dos cosenos por:
PQ2 = R2 + R2 – 2.R.R.cos60º = 2R2 – R2 (Obs: cos60º = 1/2)
PQ2 = R2, de onde conclui-se: PQ = R.

CONCLUSÃO:
A medida do lado de um hexágono regular inscrito num círculo de raio R é igual a R. Esta é
uma propriedade importantíssima dos hexágonos regulares.
Vale a pena memorizar esta propriedade dos hexágonos regulares.

Francisco do Rosário Domingos 172


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Teorema das Áreas- TA

Sabemos de aula anterior, Teorema dos Senos que a área S de um triângulo ABC inscrito
numa circunferência de raio R e cujos lados medem a, b e c é dada pela fórmula:
S = abc /4R
Sabemos também, da teoria exposta no mesmo arquivo anterior, que
c/senC = 2R (Teorema dos senos – TS).
Podemos então dizer que c = 2R.senC
Substituindo na fórmula da área acima, vem:
S = a.b.2R.senC / 4R , que simplificada fica:
S = (1/2).ab.senC , onde C é o ângulo formado pelos lados de medidas a e b .
Portanto, a área de um triângulo qualquer é igual ao semi-produto das medidas de dois lados
pelo seno do angulo que eles formam entre si. Isto é o Teorema das áreas - TA.
Genericamente, podemos escrever a fórmula acima em função de qualquer par de medidas
dos lados a saber:

Exemplo : Dois lados de um triângulo medem 10cm e 20cm e formam entre si um angulo de
30º. Qual a área desse triângulo?
Solução: S = (1/2).10.20.sen30º = (1/2).10.20.(1/2) = 50cm2
Obs: sen30º = 0,5 = 1/2

Repetindo: a área de qualquer triângulo é igual a metade do produto de dois lados pelo seno do
angulo que eles formam.

Francisco do Rosário Domingos 173


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Um Produto de Senos e Cosenos

Simplifique a expressão E = 8 . sen10º . cos20º . sen50º ?

Solução:

Sabemos que :
sen(a+b) = senacosb + senbcosa
sen(a-b) = senacosb – senbcosa
Somando membro a membro, vem:
sen(a+b) + sen(a-b) = 2senacosb

Daí, vem:
sena.cosb = 1/2 [sen(a+b) + sen(a-b)]

Portanto:
sen10º . cos20º = 1/2 [sen(10º + 20º) + sen(10º - 20º)]
sen 10º . cos 20º = 1/2 [sen 30º + sen (- 10º)]
sen 10º . cos 20º = 1/2 [1/2 – sen 10º] Obs: sen( - 10º ) = - sen 10º

Substituindo na expressão dada, vem:


E = 8 . {1/2 [1/2 – sen 10º]}. sen 50º
E = 8 . [1/4 – (sen 10º)/2] . sen 50º
E = [2 – 4.sen 10º] . sen 50º
E = 2.sen50º - 4.sen 10º . sen 50º (Eq. 1)

Mas, sena . senb = 1/2 [cos(a-b) – cos(a+b)]


Logo:
sen10º . sen50º = 1/2 [cos(10º - 50º) – cos(10º + 50º)]
sen10º . sen50º = 1/2 [ cos40º - cos60º ] Obs: cos(-40º) = cos40º , pois a função coseno é par
ou seja f(-x) = f(x) para todo x.

Substituindo na Eq. (01) acima, vem:


E = 2.sen50º - 4(1/2[cos40º - cos60º])
E = 2.sen50º - 2.cos40º + 1 (Obs: cos60º = 1/2)
E = 2(sen50º - cos40º) + 1

Como 50º e 40º são ângulos complementares, vem que sen50º = cos40º
Daí vem, finalmente:
E = 2.0 + 1
Portanto, E = 1.
E = 8.sen10º.cos20º.sen50º = 1
E=1

Francisco do Rosário Domingos 174


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Dois Problemas de Trigonometria

Dada a função f : R → R, definida por f(x) = 2sen2x – cos2x, assinale V (verdadeiro) ou F


(falso) para cada afirmação a seguir:
1 - f é uma função par
2 - f é uma função ímpar
3 - o período de f é π rad
4 - f não é par e não é periódica
5 - f(π ) = 1

Resposta: FFVFF

Solução:

1. f é uma função par (valor lógico F)


Sabemos que uma função y = f(x) é PAR, quando f(-x) = f(x), para todo x pertencente ao seu
domínio.
Teremos, substituindo x por –x na lei que define a função:
f(-x) = 2sen(-2x) – cos(-2x)
Da teoria, sabemos que a função seno é ímpar e que a função coseno é par.
Logo: f(-x) = -2sen2x – cos2x = - (2sen2x +cos2x)
Portanto, f(-x) ≠ f(x); a função f não é par .

2. f é uma função ímpar (valor lógico F)


Uma função y = f(x) é ÍMPAR, quando f(-x) = - f(x), para todo x pertencente ao seu domínio. Do
item anterior, sabemos que f(-x) = - 2sen2x – cos2x
Como f(x) = 2sen2x – cos2x, vem que – f(x) = -2sen2x + cos2x
Logo, f(-x) ≠ - f(x); a função, então, não é ímpar.

3. O período de f é π rad (valor lógico V)


Temos f(x) = 2sen2x – cos2x .
Uma função y = f(x) é periódica de período T, quando f(x + T) = f(x) , para todo x pertencente
ao seu domínio. Logo, para verificar se a função f tem período π , basta calcular f(x+π ) e,
comparar com f(x).
Temos: f(x + π ) = 2sen2(x+π ) – cos2(x + π ) = 2sen(2x + 2π ) – cos(2x + 2π ) =
2sen2x – cos2x , que é exatamente igual a f(x). Logo, a função é periódica de período π rad.
Nota: as funções seno e coseno são periódicas de período 2π rad, ou seja:
sen(a + 2π ) = sena e cos(a + 2π ) = cosa

4. f não é par e não é periódica (valor lógico F)


Dos itens 01 e 03, concluímos que a afirmação 4 é falsa, pois trata-se de uma conjunção onde
uma proposição é verdadeira (f não é par) e a outra também é falsa (f não é periódica;
acabamos de ver, que f tem período π rad). Sempre é bom rever: veja os arquivos de Lógica
Matemática nesta página!.

π ) = 1 (valor lógico F)
5. f(π
Temos f(x) = 2sen2x – cos2x
Logo, f(π ) = 2sen2π - cos2π = 2.0 – 1 = -1
Portanto, a afirmação 5 é falsa.

Francisco do Rosário Domingos 175


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Determine o período e o valor máximo da função y = 2sen2x – cos2x.

Solução:

Para a determinação do período de uma função do tipo y = psenx + qcosx, é sempre


conveniente construir um triângulo retângulo.

Acompanhe com atenção:


Construa um triângulo de lados 1 e 2. Claro que a hipotenusa vale √ 5, pelo teorema de
Pitágoras. Seja θ o ângulo oposto ao lado de medida 1. Podemos escrever: (Pegue agora uma
folha de papel em branco e faça a figura); você desejaria a figura pronta, não é? Mas, é muito
importante que você a construa, para acompanhar a solução. Acho que é melhor assim, para
um perfeito entendimento. Daí, poderemos escrever:
senθ = 1/√ 5 (cateto oposto dividido pela hipotenusa}
cosθ = 2/√ 5 (cateto adjacente dividido pela hipotenusa)
Das expressões acima, vem que:
1 = senθ .√ 5
2 = cosθ .√ 5
Ora, f(x) = 2sen2x – cos2x = 2.sen2x – 1.cos2x
Substituindo os valores acima, vem:
f(x) = cosθ .√ 5.sen2x - senθ .√ 5.cos2x = √ 5(cosθ .sen2x - senθ .cos2x)
Observando cuidadosamente a expressão acima, perceberemos que o segundo fator da
multiplicação (em azul) é exatamente o seno da diferença de dois arcos. Vem então:
f(x) = √ 5[sen(2x - θ )]
Como o período da função y = a . sen(bx ± c) é igual a T = 2π /b, vem que:
T = 2π /2 = π rad.

Para calcular o valor máximo da função, sabendo que f(x) = √ 5[sen(2x + θ )], fica muito fácil.
Como o valor máximo da função seno é igual a 1, vem finalmente que:
f(x)max = √ 5 . 1 = √ 5

Respostas:
período = π rad
valor máximo = √ 5

Francisco do Rosário Domingos 176


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Três Exercícios de Trigonometria

1 – Dada a função:

f(x) = sen6x + cos6x – 2sen4x – cos4x + sen2x,

pede-se calcular o valor de

Solução:

Vamos inicialmente, simplificar a expressão que define a função dada. Temos:


f(x) = sen6x + cos6x – 2sen4 x – cos4 x + sen2x

Arrumando convenientemente, vem:


f(x) = sen6x – 2sen4x + sen2x + cos6x – cos4x

Fatorando a expressão convenientemente em relação a senx e cosx, vem:


f(x) = sen2x (sen4x – 2sen2x + 1) + cos4x(cos2x – 1)

Observe que:
sen4x – 2sen2x + 1 é igual a: (sen2x – 1)2.
Nota: Lembre-se que p2 – 2pq + q2 = (p – q)2 [produto notável].

Daí, substituindo, vem:


f(x) = sen2x(sen2x – 1)2 + cos4x(cos2x - 1)

Mas, sabemos da Trigonometria, que:


sen2x + cos2x = 1 (Relação Fundamental)
Portanto:
sen2x = 1 – cos2x = - (cos2x – 1) \ cos2x – 1 = - sen2x
cos2x = 1 – sen2x = - (sen2x – 1) ∴ sen2x – 1 = - cos2x

Substituindo na expressão da função, vem:


f(x) = sen2x[- cos2x]2 + cos4x (- sen2x)
f(x) = sen2x . cos4x – cos4x . sen2x
f(x) = sen2x.cos4x – cos4x . sen2x = sen2x.cos4x – sen2x.cos4x = zero.

Ora, f(x) é então igual a zero, independente do valor de x.

Portanto:

Francisco do Rosário Domingos 177


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E, portanto, a soma indicada é nula ou seja:

Resposta: 0

2 – Calcule o triplo do quadrado do coseno de um arco cujo quadrado da tangente vale 2.

Solução:

Seja x o arco. Teremos:


tg2x = 2
Desejamos calcular 3.cos2x, ou seja, o triplo do quadrado do coseno do arco.
Sabemos da Trigonometria que: 1 + tg2x = sec2x
Portanto, substituindo, vem: 1 + 2 = sec2x = 3
Como sabemos que:
secx = 1/cosx , quadrando ambos os membros vem:
sec2x = 1/ cos2x ∴ cos2x = 1/sec2x = 1/3 ∴ 3cos2x = 3(1/3) = 1
Portanto, o triplo do quadrado do coseno do arco cuja tangente vale 2, é igual à unidade.
Resposta: 1

Agora resolva este:


Se a . senx – cosx = 1 e b . senx + cosx = 1, calcule o produto a.b
Resposta: 1

Francisco do Rosário Domingos 178


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Três círculos tangentes entre si

Determine o diâmetro X na figura abaixo, sabendo-se que os tres círculos são tangentes entre
si.

Solução:

Observando atentamente a figura abaixo, podemos escrever:

No triângulo isósceles ABC, teremos aplicando a lei dos cosenos:


BC2 = AB2 + AC2 - 2.AB.AC. cos(BÂC)
(2r)2 = (50 - r)2 + (50 - r)2 - 2.(50 - r).(50 - r) . cos 120º

Nota: cos 120º = - 1 / 2.


4r2 = (50 - r)2 + (50 - r)2 + (50 - r)2
4r2 = 3(50 - r)2
4r2 / 3 = (50 - r)2

Francisco do Rosário Domingos 179


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(2r / √ 3)2 = (50 - r)2


2r / √ 3 = 50 - r
2r = 50√ 3 - √ 3.r
2r + √ 3.r = 50.√ 3
r(2 + √ 3) = 50. √ 3
Daí, vem:
r = 50. √ 3 /(2 + √ 3)
Racionalizando o denominador, vem:
r = 50(2√ 3 - 3)
O diâmetro, sendo o dobro do raio, vem, finalmente:
X = 100(2√ 3 - 3)

Portanto, o diâmetro procurado é igual a X = 100(2√ 3 - 3) mm , que corresponde a


aproximadamente
46,41 mm.

Francisco do Rosário Domingos 180


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Uma soma de senos

UFPE 1996 - Determine a menor solução real da equação:

Solução:

Lembrando da fórmula de transformação de soma em produto vista em Trigonometria, vem:

sen p + sen q = 2.sen [(p + q)/2] . cos [(p - q) / 2]

Fazendo p = πx / 423 e q = 2πx / 423 e substituindo na fórmula acima, obteremos:

sen(πx / 423) + sen(2πx / 423) = 2.sen[3πx / 423)/2].cos[(πx / 423)/2]

Voltando à expressão dada, substituindo fica:

2.sen(3πx / 846).cos(πx / 846) = cos(πx / 846)

Simplificando o fator comum, vem:

2.sen(3πx / 846) = 1

sen(3πx / 846) = 1/2


Mas, 1/2 = sen π/6; logo, substituindo fica:

sen(3πx / 846) = sen(π/6)

Portanto, o menor valor positivo de x será obtido da igualdade


3πx / 846 = π / 6

Se a/b = c/d, sabemos pela propriedade fundamental das proporções que ad = bc. Portanto:
(3πx).6 = 846.π

Resolvendo em relação a x, obteremos x = 47, que é a resposta da questão.

Francisco do Rosário Domingos 181


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Equações Trigonométricas I

1 – Introdução: as equações elementares

Equação trigonométrica elementar, é qualquer equação da forma


sen x = sen a, cos x = cos a e tg x = tg a, onde x é um arco trigonométrico incógnita – a ser determinado
– e a um arco trigonométrico qualquer.

Via de regra, qualquer equação trigonométrica não elementar, pode ser transformada numa equação
elementar, através do uso das relações trigonométricas usuais.

Nota: os arcos a e a + k.2π onde k é um número inteiro, possuem as mesmas extremidades inicial e final,
pois diferem entre si, por um número inteiro de voltas, ou seja:

π − a = k.2π
a + k.2π π

Este resultado é importante e, será utilizado para desenvolvimento do item 1.1 a seguir.

Observação: 2π = 360º = uma volta completa.

Para a solução das equações trigonométricas elementares, vamos estabelecer as relações fundamentais a
seguir:

1.1 – Arcos de mesmo seno

π − a) = sen a.
Já sabemos que sen (π

Usando o conceito contido na nota acima, sendo x um arco trigonométrico, as soluções gerais da
igualdade acima serão da forma:

x = (π - a) + k.2π ou x = a + k.2π.

x = π + 2k.π - a ou x = a + k.2π

x = (2k + 1)π - a ou x = 2kπ + a

Portanto, a solução genérica de uma equação do tipo


π - a ou x = 2kπ
sen x = sen a, será x = (2k + 1)π π + a.

Exemplo: seja a equação elementar sen x = 0,5.

Como 0,5 = sen 30º = sen π/6, vem, utilizando o resultado geral obtido acima:
sen x = sen π/6, de onde conclui-se:
x = (2k + 1).π - π/6 ou x = 2kπ + π/6, com k inteiro, que representa a solução genérica da equação dada.
Fazendo k variar no conjunto dos números inteiros, obteremos as soluções particulares da equação.
Assim, por exemplo, fazendo k = 0, obteremos por mera substituição na solução genérica encontrada
acima,
x = - π/6 ou x = π/6; fazendo k = 1, obteremos
x = 17π/6 ou x = 13π/6, e assim sucessivamente. Observe que a equação dada, possui um número infinito

Francisco do Rosário Domingos 182


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de soluções em R – conjunto dos números reais.

Poderemos escrever o conjunto solução da equação dada na forma geral:

S = {x| x∈R; x =(2k + 1)π - π/6 ou x = 2kπ + π/6, k ∈ Z}

Poderemos também listar os elementos do conjunto solução:

S = { ..., - π/6, π/6, 17π/6, 13π/6, ... }

1.2 – Arcos de mesmo cosseno

Já sabemos que cos (-a) = cos a.


Analogamente ao item 1.1 acima, poderemos escrever para as soluções gerais da igualdade acima:

x = (-a) + 2kπ ou x = a + 2kπ, sendo k um número inteiro.

Portanto, a solução genérica de uma equação do tipo


cos x = cos a, será dada por:
π + a ou x = 2kπ
x = 2kπ π - a, sendo k um inteiro.

1.3 – Arcos de mesma tangente

Já sabemos que tg(ππ + a)= tg a.


Analogamente ao item 1.1 acima, poderemos escrever para as soluções gerais da igualdade acima:
x = (π + a) + 2kπ ou x = a + 2kπ
Arrumando convenientemente, podemos escrever:
x = (2k + 1)π + a ou x = 2kπ + a, sendo k um número inteiro.

Observando que 2k é um número par e 2k + 1 é um número ímpar, para k inteiro,percebemos que


poderemos reunir as duas expressões acima numa única: x = kπ + a.

Portanto, a solução genérica de uma equação do tipo


π+a.
tg x = tg a , será dada por x = kπ

Assim, teremos em resumo:


sen x = sen a ⇔ x = (2k + 1)π
π - a ou x = 2kπ
π+a

cos x = cos a ⇔ x = 2kπ


π + a ou x = 2kπ
π-a

tg x = tg a ⇔ x = kπ
π+a
sendo k um número inteiro.
Nota: O símbolo ⇔ significa: equivale a.

O uso das igualdades acima, permite resolver qualquer equação trigonométrica elementar que possa ser
apresentada.
Como qualquer equação trigonométrica pode ser reduzida a uma equação elementar através de

Francisco do Rosário Domingos 183


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transformações trigonométricas convenientes, as igualdades acima são básicas para a resolução de


qualquer equação trigonométrica. Este é um aspecto muito importante.

2 – Equações trigonométricas resolvidas

Resolva as seguintes equações trigonométricas:

a) 2cosx – 3secx = 5

Solução:

Lembrando que secx = 1/cosx, vem, por substituição:


2.cosx – 3.(1/cosx) – 5 = 0
2.cosx – 3/cosx – 5 = 0
Multiplicando ambos os membros por cosx ≠ 0, fica:
2.cos2x – 3 – 5.cosx = 0
Arrumando convenientemente, teremos:
2.cos2x – 5.cosx – 3 = 0.

Vamos resolver a equação do segundo grau em cosx. Teremos:

Portanto, cosx = 3 ou cosx = -1/2.

A equação cosx = 3 não possui solução, já que o cosseno só pode assumir valores de –1 a +1.

Já para a equação cosx = -1/2, teremos:

cosx = -1/2 = cos120º = cos(2π/3)


Logo,
cosx = cos(2π/3)
Do resultado obtido no item 1.2 acima, poderemos escrever as soluções genéricas da equação dada:

x = 2kπ + 2π/3 ou x = 2kπ - 2π/3


Estas soluções podem ser reunidas na forma:
x = 2kπ ± 2π/3.

Logo, o conjunto solução da equação proposta será:

π ± 2π
S = {x | x = 2kπ π/3, k inteiro}.

b) 5tg2x – 1 = 7 secx
Resposta: x = kπ ou x = kπ + π/4.

c)3.senx - √3.cosx = 0

Francisco do Rosário Domingos 184


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Solução:

Teremos: 3.senx = √3.cosx


Dividindo ambos os membros por cosx ≠ 0, fica:
3.senx/cosx = √3.cosx/cosx = √3.
3.tgx = √3
tgx = √3/3 = tg30º = tg(π/6)
Vamos então resolver a equação elementar
tgx = tg(π/6)
Do exposto no item 1.3 acima, vem imediatamente que:

x = kπ + π/6.

d) √3.senx – cosx = 0.
Resposta: x = kπ + π/6.

e) tgx + cotgx = 2

Solução:

Substituindo tgx e cotgx pelos seus valores expressos em função de senx e cosx, vem:
senx/cosx + cosx/senx = 2

Efetuando a operação indicada no primeiro membro, vem:


(sen2x + cos2x)/(senx.cosx) = 2
Como sen2x + cos2x = 1, fica:
1/senx.cosx = 2
1 = 2.senx.cosx
1 = sen2x
sen2x = 1 = sen90º = sen(π/2).
sen2x = sen(π/2)
Aplicando o conhecimento obtido no item 1.1, vem:

2x = (2k+1)π - π/2 OU 2x = 2kπ + π/2.


Dividindo ambas as expressões por 2, fica:
x = (2k+1).π/2 - π/4 OU x = kπ + π/4.
Simplificando a primeira expressão, vem:
x = kπ + π/4 OU x = kπ + π/4.
Portanto, x = kπ + π/4, que é a solução procurada.

f) tgx + cotgx = 4/√3

Resposta: x = kπ + π/3 OU x = kπ + π/6.

g) 4(sen3x – cos3x) = 5(senx – cosx)

Solução:

Lembrando da identidade:

Francisco do Rosário Domingos 185


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A3 – B3 = (A – B) (A2 + AB + B2), poderemos escrever:


4(senx – cosx)(sen2x + senx.cosx + cos2x) = 5(senx - cosx)

Como sen2x + cos2x = 1, vem, substituindo:


4(senx – cosx)(1 + senx.cosx) = 5(senx – cosx)
Simplificando os termos em comum, vem:
4(1 + senx.cosx) = 5
1 + senx.cosx = 5/4
senx.cosx = 5/4 – 1 = 5/4 – 4/4 = 1/4
senx.cosx = 1/4

Multiplicando ambos os membros por 2, fica:


2.senx.cosx = 2(1/4)
2.senx.cosx = 1/2

Como já sabemos da Trigonometria que 2.senx.cosx = sen 2x, vem:


sen2x = 1/2 = sen30º = sen(π/6)
sen2x = sen(π/6)

Aplicando o conhecimento obtido no item 1.1 acima, fica:


2x = (2k+1)π - π/6 OU 2x = 2kπ + π/6
Dividindo ambas as expressões por 2, vem:
x = (2k+1).π/2 - π/12 OU x = kπ + π/12
Simplificando a primeira expressão, fica:
x = kπ + 5π/12 OU x = kπ + π/12, que é a solução procurada.
Portanto,

S = {x | x = kπ + 5π/12 ou x = kπ + π/12, k inteiro}.

h) Resolva a mesma equação anterior, no conjunto universo


U = [0, π/2].

Resposta: S = {5π/12, π/12}.

Nota: basta atribuir valores inteiros a k na solução geral vista no exercício anterior e considerar apenas
aqueles resultados compreendidos no intervalo dado [0,π/2].

Existem diversos tipos de equações trigonométricas, sendo impossível aborda-las num único arquivo,
motivo pelo qual, prometemos voltar ao assunto. Afirmamos entretanto, que qualquer que seja a equação
trigonométrica dada, através de transformações convenientes, sempre recairemos numa equação
elementar, dos tipos vistos nos itens 1.1, 1.2 e 1.3 acima.

Francisco do Rosário Domingos 186


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Equações Trigonométricas II

FUVEST – O conjunto solução da equação

é:

A) {π/2 + kπ ; k ∈ Z}

B) {π/4 + kπ ; k ∈ Z}

C) {kπ ; k ∈ Z}

D) {kπ/2; k ∈ Z}

E) {kπ/4 ; k ∈ Z}

Solução:

Desenvolvendo o determinante pela Regra de Sarrus obteremos:

-sen2x.senx.senx + sen2x.cosx.cosx = 0

sen2x.cosx.cosx – sen2x.senx.senx = 0

Colocando sen2x em evidencia, vem:

sen2x(cosx.cosx – senx.senx) = 0

sen2x.(cos2x – sen2x) = 0

Lembrando da Trigonometria que cos2x – sen2x = cos2x, vem:

sen2x.cos2x = 0

Deveremos ter então:

sen2x = 0 OU cos2x = 0.

Para resolver equações trigonométricas desse tipo, onde o segundo membro é nulo, poderemos raciocinar
da seguinte forma:

O seno de um arco se anula para os arcos da forma kπ, onde k é um número inteiro, ou seja, para os arcos:
0, π, 2π, ...

Francisco do Rosário Domingos 187


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Portanto, para que tenhamos sen2x = 0, deveremos ter


2x = kπ, de onde vem imediatamente que x = kπ/2, com k ∈ Z.

Analogamente, sabemos que o cosseno de um arco se anula para os arcos da forma kπ + π/2, onde k é um
número inteiro, ou seja, para os arcos π/2, 3π/2, ...

Assim, para que tenhamos cos2x = 0, deveremos ter


2x = kπ + π/2, de onde vem imediatamente que
x = kπ/2 + π/4, com k ∈ Z.

Teremos então, que as soluções procuradas serão:

π/2 OU x = kπ
x = kπ π/2 + π/4, com k ∈ Z.

Atribuindo valores inteiros a k em ambas soluções, obteremos:


k = 0 ⇒ x = 0 ou x = π/4
k = 1 ⇒ x = π/2 ou x = 3π/4
k = 2 ⇒ x = π ou x = 5π/4
............................
............................

Resumidamente e ordenadamente, teremos que x assumirá os valores:

..., 0, π/4, π/2, π, 3π/4, 5π/4, ...

Observe que estes arcos são da forma kπ/4, com k ∈ Z; portanto, a alternativa correta é a de letra E.

Francisco do Rosário Domingos 188


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Uma torre sob vários ângulos

O ângulo sob o qual um observador vê uma torre, duplica quando ele se aproxima 110
metros e triplica quando se aproxima mais 50 metros. Pede-se calcular a altura da torre.

Solução:

Considere a figura abaixo, construída obedecendo os dados do problema, ou seja: o ângulo


inicial x, duplica (2x) quando o observador se aproxima 110 m e triplica (3x) quando ele se
aproxima mais 50 m.

Se necessário comece revisando Trigonometria.

<>

Observe inicialmente o triângulo ABE. Como o ângulo externo <CBE mede 2x, pelo
teorema do
ângulo externo - TAE os ângulos não adjacentes devem somar 2x. Isto justifica o fato dos
ângulos <BAE e <BEA serem congruentes e iguais a x. Então, como os ângulos da base
possuem a mesma medida, o triângulo é isósceles, o que justifica o fato de que BE = AB =
110. Observe que o problema só fornece a distância AB. A distância BE foi obtida usando o
raciocínio acima.

Pela mesma razão, observando o ângulo externo <DCE de medida 3x, concluímos facilmente
que o ângulo <BEC deve medir x, pois 3x = 2x + x.
Só relembrando: o teorema do ângulo externo – TAE - afirma que num triângulo qualquer,
cada ângulo externo é igual à soma dos ângulos internos não adjacentes.

Pela simples observação do triângulo retângulo BDE, poderemos escrever:

sen 2x = DE / BE = h / 110 ∴ h = 110.sen 2x onde h é a altura procurada.

Vamos agora aplicar a lei dos senos ao triângulo BCE. Antes, observe que a medida do
ângulo <BCE é igual a 180º - 3x , ou seja, o ângulo oposto ao lado BE é igual a 180º - 3x.

Aplicando a lei dos senos: 50 / sen x = 110 / sen(180 – 3x)

Lembrando que sen(180 – a) = sen a, concluímos que sen(180 – 3x) = sen3x


Logo, a igualdade anterior fica: 50 / senx = 110 / sen3x o que é equivalente a:

Francisco do Rosário Domingos 189


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50.sen3x = 110.senx

Já sabemos da Trigonometria que sen3x = 3senx – 4sen3x

Substituindo na expressão anterior, vem:


50(3senx – 4sen3x) = 110senx
150senx – 200sen3x = 110senx

150senx – 110senx –200sen3x = 0


40senx – 200sen3x = 0

Colocando senx em evidencia:


senx . (40 – 200sen2x) = 0

Para que o produto acima seja nulo, deveremos ter


senx = 0 ou 40 – 200sen2x = 0

senx = 0 ⇒ x = 0, que não satisfaz ao problema pois o ângulo em questão é positivo e menor
do que 90º. Basta visualizar a figura acima para concluir isto.

Teremos então: 40 – 200sen2x = 0 ∴ 40 = 200sen2x ∴ sen2x = 40 / 200 = 1 / 5.

Temos pois sen2x = 1/5

Conhecemos sen2x e desejamos conhecer sen2x para usar na igualdade

h = 110.sen2x obtida acima, que resolve a questão.

Existem vários caminhos. Vou escolher um deles, que parece-me mais fácil.

Vamos calcular cos2x e, em seguida, pela Relação Fundamental da Trigonometria,


obter sen2x.

Sabemos que cos2x = 1 – 2sen2x

Substituindo o valor conhecido de sen2x vem:

cos2x = 1 – 2(1/5) = 1 – 2/5 = 5/5 – 2/5 = 3/5

Ora, cos22x + sen22x = 1 (relação fundamental da Trigonometria)


Portanto, substituindo o valor conhecido de cos2x vem:

(3/5)2 + sen22x = 1 \ sen22x = 1 – 9/25 = 25/25 – 9/25 = 16/25

de onde tiramos imediatamente que sen2x = ± 4/5.

Observe que sendo o ângulo x menor do que 90º , somente o valor positivo interessa. Logo,
sen2x = 4/5 e a altura h procurada será então, como vimos acima, igual a
h = 110.sen2x = 110.(4/5) = 440/5 = 88

Francisco do Rosário Domingos 190


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Portanto, a altura da torre é igual a 88 metros.

Agora resolva este:

No problema anterior, qual a distância do observador ao pé da torre no momento em que o


ângulo de visão é o triplo do ângulo inicial, ou seja, qual a medida de CD = y na figura do
início do texto?

Dica:
Observe na figura que (110 + 50 + y).tg x = h.
Basta calcular tg x, pois h já é conhecido do problema resolvido acima (h = 88 m).
Resposta: 16 metros.

Francisco do Rosário Domingos 191


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Logaritmo

1 - INTRODUÇÃO

O conceito de logaritmo foi introduzido pelo matemático escocês John Napier (1550-1617) e
aperfeiçoado pelo inglês Henry Briggs (1561-1630). A descoberta dos logaritmos deveu-se
sobretudo à grande necessidade de simplificar os cálculos excessivamente trabalhosos para a
época, principalmente na área da astronomia, entre outras. Através dos logaritmos, pode-se
transformar as operações de multiplicação em soma, de divisão em subtração, entre outras
transformações possíveis, facilitando sobremaneira os cálculos. Na verdade, a idéia de logaritmo
é muito simples, e pode-se dizer que o nome logaritmo é uma nova denominação para
expoente, conforme veremos a seguir.

Assim, por exemplo, como sabemos que 42 = 16 , onde 4 é a base, 2 o expoente e 16 a


potência, na linguagem dos logaritmos, diremos que 2 é o logaritmo de 16 na base 4. Simples,
não é?
Nestas condições, escrevemos simbolicamente: log416 = 2.

Outros exemplos:

152 = 225, logo: log15225 = 2


63 = 216, logo: log6216 = 3
54 = 625, logo: log5625 = 4
70 = 1, logo: log71 = 0

2 - DEFINIÇÃO

Dados os números reais b (positivo e diferente de 1), N (positivo) e x , que satisfaçam a relação
bx = N, dizemos que x é o logaritmo de N na base b. Isto é expresso simbolicamente da
seguinte forma: logbN = x. Neste caso, dizemos que b é a base do sistema de logaritmos, N é o
logaritmando ou antilogaritmo e x é o logaritmo.

Exemplos:
a) log28 = 3 porque 23 = 8.
b) log41 = 0 porque 40 = 1.
c) log39 = 2 porque 32 = 9.
d) log55 = 1 porque 51 = 5.

Notas:

1 - quando a base do sistema de logaritmos é igual a 10 , usamos a expressão logaritmo


decimal e na representação simbólica escrevemos somente logN ao invés de log10N. Assim é
que quando escrevemos logN = x , devemos concluir pelo que foi exposto, que 10x = N.

Existe também um sistema de logaritmos chamado neperiano (em homenagem a John Napier -
matemático escocês do século XVI, inventor dos logaritmos), cuja base é o número irracional
e = 2,7183... e indicamos este logaritmo pelo símbolo ln. Assim,

Francisco do Rosário Domingos 192


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logeM = ln M. Este sistema de logaritmos, também conhecido como sistema de logaritmos


naturais, tem grande aplicação no estudo de diversos fenômenos da natureza.

Exemplos:
a) log100 = 2 porque 102 = 100.
b) log1000 = 3 porque 103 = 1000.
c) log2 = 0,3010 porque 100,3010 = 2.
d) log3 = 0,4771 porque 100,4771 = 3.
e) ln e = 1 porque e1 = e = 2,7183...
f) ln 7 = loge7

2 - Os logaritmos decimais (base 10) normalmente são números decimais onde a parte inteira é
denominada característica e a parte decimal é denominada mantissa .

Assim por exemplo, sendo log20 = 1,3010, 1 é a característica e 0,3010 a mantissa.


As mantissas dos logaritmos decimais são tabeladas.

Consultando a tábua de logaritmo (qualquer livro de Matemática traz) , podemos escrever por
exemplo que log45 = 1,6532. As tábuas de logaritmos decimais foram desenvolvidas por Henry
Briggs, matemático inglês do século XVI. Observe que do fato de termos log45 = 1,6532 ,
podemos concluir pela definição de logaritmo que
101,6532 = 45.

3) Da definição de logaritmo, infere-se (conclui-se) que somente os números reais positivos


possuem logaritmo. Assim, não têm sentido as expressões log3(-9) , log20 , etc.

4) É fácil demonstrar as seguintes propriedades imediatas dos logaritmos, todas decorrentes da


definição:

P1) O logaritmo da unidade em qualquer base é nulo, ou seja:


logb1 = 0 porque b0 = 1.

P2) O logaritmo da base é sempre igual a 1, ou seja: logbb = 1 , porque b1 = b.

P3) logbbk = k , porque bk = bk .

P4) Se logbM = logbN então podemos concluir que M = N. Esta propriedade é muito utilizada na
solução de exercícios envolvendo equações onde aparecem logaritmos (equações logarítmicas).

P5) blogbM = M ou seja: b elevado ao logaritmo de M na base b é igual a M.

3 - PROPRIEDADES OPERATÓRIAS DOS LOGARITMOS

P1 - LOGARITMO DE UM PRODUTO

O logaritmo de um produto é igual a soma dos logaritmos dos fatores, ou seja:

Francisco do Rosário Domingos 193


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logb(M.N) = logbM + logbN

Exemplo: log20 =log(2.10) = log2 + log10 = 0,3010 + 1 = 1,3010. Observe que como a base
não foi especificada, sabemos que ela é igual a 10.

P2 - LOGARITMO DE UM QUOCIENTE

O logaritmo de uma fração ordinária é igual a diferença entre os logaritmos do numerador da


fração e do denominador, ou seja:
logb(M/N) = logbM - logbN

Exemplo: log0,02 = log(2/100) = log2 - log100 = 0,3010 - 2,0000 = -1,6990. Do exposto


anteriormente, podemos concluir que, sendo log0,02 = -1,6990 então 10-1,6990 = 0,02.

Da mesma forma podemos exemplificar:


log5 = log(10/2) = log10 - log2 = 1 - 0,3010 = 0,6990.

Observação: a não indicação da base, subtende-se logaritmos decimal (base 10).

Nota: Chamamos de cologaritmo de um número positivo N numa base b, ao logaritmo do


inverso multiplicativo de N, também na base b. Ou seja:
cologbN = logb(1/N) = logb1 - logbN = 0 - logbN = - logbN.
(menos log de N na base b).
Exemplo: colog10 = -log10 = -1.

P3 - LOGARITMO DE UMA POTENCIA

Temos a seguinte fórmula, facilmente demonstrável: logbMk = k.logbM.


Exemplo: log5256 = 6.log525 = 6.2 = 12.

P4 - MUDANÇA DE BASE

Às vezes, para a solução de problemas, temos necessidade de mudar a base de um sistema de


logaritmos, ou seja, conhecemos o logaritmo de N na base b e desejamos obter o logaritmo de
N numa base a . Esta mudança de base, muito importante na solução de exercícios, poderá ser
feita de acordo com a fórmula a seguir, cuja demonstração não apresenta dificuldades,
aplicando-se os conhecimentos aqui expostos.

Exemplos:
a) log416 = log216 / log24 (2 = 4:2)
b) log864 = log264 / log28 (2 = 6:3)
c) log25125 = log5125 / log525 = 3 / 2 = 1,5. Temos então que 251,5 = 125.

Francisco do Rosário Domingos 194


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Notas:
1 - na resolução de problemas, é sempre muito mais conveniente mudar um log de uma base
maior para uma base menor, pois isto simplifica os cálculos.

2 - Duas conseqüências importantes da fórmula de mudança de base são as seguintes:


a) logbN = logN / logb (usando a base comum 10, que não precisa ser indicada).
b) logba . logab = 1

Exemplos:
a) log37 . log73 = 1
b) log23 = log3 / log2 = 0,4771 / 0,3010 = 1,5850

4 - A FUNÇÃO LOGARÍTIMICA

Considere a função y = ax , denominada função exponencial, onde a base a é um número positivo e


diferente de 1, definida para todo x real.

Observe que nestas condições, ax é um número positivo, para todo x ∈ R, onde R é o conjunto dos
números reais.

Denotando o conjunto dos números reais positivos por R+* , poderemos escrever a função exponencial
como segue:
f: R → R+* ; y = ax , 0 < a ≠ 1

Esta função é bijetora, pois:


a) é injetora, ou seja: elementos distintos possuem imagens distintas.
b) É sobrejetora, pois o conjunto imagem coincide com o seu contradomínio.

Assim sendo, a função exponencial é BIJETORA e, portanto, é uma função inversível, OU SEJA,
admite uma função inversa.

Vamos determinar a função inversa da função y = ax , onde 0 < a ≠ 1.


Permutando x por y, vem:
x = ay ∴ y = logax

Portanto, a função logarítmica é então:


f: R+* → R ; y = logax , 0 < a ≠ 1.

Mostramos a seguir, os gráficos das funções exponencial ( y = ax ) e logarítmica


( y = logax ), para os casos a > 1 e 0 < a ≠ 1. Observe que, sendo as funções, inversas, os
seus gráficos são curvas simétricas em relação à bissetriz do primeiro e terceiro quadrantes, ou
seja, simétricos em relação à reta y = x.

Francisco do Rosário Domingos 195


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Da simples observação dos gráficos acima, podemos concluir que:

1 - para a > 1, as funções exponencial e logarítmica são CRESCENTES.


2 - para 0 < a ≠ 1, elas são DECRESCENTES.
3 - o domínio da função y = logax é o conjunto R+* .
4 - o conjunto imagem da função y = logax é o conjunto R dos números reais.
5 - o domínio da função y = ax é o conjunto R dos números reais.
6 - o conjunto imagem da função y = ax é o conjunto R+* .
7 - observe que o domínio da função exponencial é igual ao conjunto imagem da função
logarítmica e que o domínio da função logarítmica é igual ao conjunto imagem da função
exponencial. Isto ocorre porque as funções são inversas entre si.

Vamos agora, resolver os seguintes exercícios sobre logaritmos:

1 - Se S é a soma das raízes da equação log2 x - logx - 2 = 0 , então calcule o valor


de 1073 - 10S.

SOLUÇÃO:

Façamos logx = y; vem:


y2 - y - 2 = 0
Resolvendo a equação do segundo grau acima, encontramos: y = 2 ou y = -1.
Portanto,
logx = 2 OU logx = -1

Como a base é igual a 10, teremos:


log10x = 2 ∴ x = 102 = 100
log10x = -1 ∴ x = 10-1 = 1/10

Francisco do Rosário Domingos 196


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As raízes procuradas são, então, 100 e 1/10.


Conforme enunciado do problema, teremos:
S = 100 + 1/10 = 1000/10 + 1/10 = 1001/10

Logo, o valor de 1073 - 10S será:


1073 - 10(1001/10) = 1073 - 1001 = 72
Resp: 72

2 - Calcule o valor de y = 6x onde x = log32 . log63 .

SOLUÇÃO:
Substituindo o valor de x, vem:
y = 6log32 . log63 = (6log63)log32 = 3log32 = 2
Na solução acima, empregamos a propriedade blogbM = M , vista anteriormente.
Resp: 2

3 - UEFS - Sendo log 2 = 0,301, o número de algarismos de 520 é:


a) 13
b) 14
c) 19
d) 20
e) 27

SOLUÇÃO:
Seja n = 520 . Podemos escrever, usando logaritmo decimal:
log n = log 520 = 20.log5

Para calcular o valor do logaritmo decimal de 5, ou seja, log5, basta lembrar que podemos
escrever:
log 5 = log (10/2) = log 10 - log 2 = 1 - 0,301 = 0,699

Portanto, log n = 20 . 0,699 = 13,9800


Da teoria vista acima, sabemos que se log n = 13,9800, isto significa que a característica do log
decimal vale 13 e, portanto, o número n possui 13 + 1 , ou seja 14 algarismos.
Portanto, a resposta correta é a letra B.

4 - UFBA - Considere a equação 10x + 0,4658 = 368. Sabendo-se que


log 3,68 = 0,5658 , calcule 10x.

SOLUÇÃO:
Temos: 10x + 0,4658 = 368
Daí, podemos escrever:
log 368 = x + 0,4658 ∴ x = log 368 - 0,4658
Ora, é dado que: log 3,68 = 0,5658, ou seja:
log(368/100) = 0,5658

Logo, log 368 - log 100 = 0,5658 ∴ log 368 - 2 = 0,5658 , já que
log 100 = 2 (pois 102 = 100).

Francisco do Rosário Domingos 197


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Daí, vem então:


log 368 = 2,5658

Então, x = log 368 - 0,4658 = 2,5658 - 0,4658 = 2,1


Como o problema pede o valor de 10x, vem: 10.2,1 = 21
Resp: 21

5 - Se log N = 2 + log 2 - log 3 - 2log 5 , calcule o valor de 30N.

SOLUÇÃO:
Podemos escrever:
logN = 2 + log2 - log3 - log52
logN = 2 + log2 - log3 - log25
logN = 2 + log2 - (log3 + log25)
Como 2 = log100, fica:
logN = (log100 + log2) - (log3 + log25)
logN = log(100.2) - log(3.25)
logN = log200 - log75
logN = log(200/75)

Logo, concluímos que N = 200/75


Simplificando, fica:
N = 40/15 = 8/3
Logo, 30N = 30(8/3) = 80
Resp: 30N = 80

Agora, resolva estes:

1 - UFBA - Sendo log2 = 0,301 e x = 53 . , então o logx é:


*a) 2,997
b) 3,398
c) 3,633
d) 4,398
e) 5,097

2 - UEFS - O produto das raízes da equação log(x2 -7x + 14) = 2log2 é:


01) 5
02) 7
*03) 10
04) 14
05) 35

3 - UCSal - Se 12n+1 = 3n+1 . 8 , então log2 n é igual a:


a) -2
*b) -1
c) 1/2
d) 1
e) 2

Francisco do Rosário Domingos 198


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4 - UEFS - O domínio da função y = log [(2x-3)/(4-x)] é:


a) (-3/2,4)
b) (-4,3/2)
c) (-4,2)
*d) (3/2,4)
e) (3/2,10)

5 - UFBA - Determine o valor de x que satisfaz à equação log2 (x-3) + log2 (x-2) = 1.
Resp: 4

6 - UFBA - Existe um número x diferente de 10, tal que o dobro do seu logaritmo decimal
excede de duas unidades o logaritmo decimal de x-9. Determine x.
Resp: 90

7 - PUC-SP - O logaritmo, em uma base x, do número y = 5 + x/2 é 2. Então x é igual a:


a) 3/2
b) 4/3
c) 2
d)5
*e) 5/2

8 - PUC-SP - Se x+y = 20 e x - y = 5 , então log(x2 - y2 ) é igual a:


a) 100
*b) 2
c) 25
d) 12,5
e) 1000
Sugestão: observe que x2 - y2 = (x - y) (x + y)

NOTA: os enunciados das questões abaixo foram publicados no caderno FOVEST99 da Folha
de São Paulo de 03.10.98.
Vamos resolve-las!

1 – O volume de um líquido volátil diminui de 20% por hora. Após um tempo t, esse volume
fica reduzido à décima parte. Usando log2 = 0,30, podemos concluir que:

a) t = 8h
b) t = 9h
c) t = 10h
d) t = 12h
e) t = 15h

SOLUÇÃO: Seja Vt o volume do líquido no tempo t. Teremos:


V0 = V
V1 = (0,8).V
V2 = (0,8) . V1 = (0,8)2 . V
V3 = (0,8) . V2 = (0,8)3 . V
Observando as expressões acima, não deve ser difícil concluir que:

Francisco do Rosário Domingos 199


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Vt = (0,8)t . V
Como Vt = V/10 (dado do problema), vem: V/10 = (0,8)t . V
Cancelando o fator comum V, fica: 1/10 = (0,8)t ∴ 1/10 = (8/10)t
Pela definição e propriedades dos logaritmos, vem:

Portanto, resposta t = 10h e a alternativa correta é a de letra C.

2 – Se log2log2log2x = 2, quantos dígitos tem o número x no sistema decimal?

a) 5
b) 7
c) 9
d) 11
e) 13

SOLUÇÃO:
Sabemos que se logbN = x então bx = N.
Teremos então:
log2(log2log2x) = 2 ∴ log2log2x = 22 = 4
Analogamente, teremos:
log2x = 24 = 16
Portanto, vem finalmente que: x = 216
O problema agora é calcular o número de dígitos (algarismos) do número 216.
Seja P = 216 . Aplicando logaritmo decimal a ambos os membros, vem:
logP = log216 ∴ logP = 16.log2
Considerando log2 = 0,3010 (valor aproximado), fica:
logP = 16. 0,3010 = 4,816
Ora, se logP = 4,816, então o número P possui 5 algarismos (dígitos).
Portanto, a alternativa correta é a letra A.
NOTA: Na aula sobre logaritmos nesta homepage, explico a passagem acima. Mas, vou dar uma
dica aqui mesmo:
Se log N = c,mnz..., onde c > 0 é a parte inteira do logaritmo decimal (comumente
conhecida como característica do logaritmo decimal ) , podemos afirmar que N
possui c+1 algarismos.
Exemplos:
logP = 2,3012 ⇒ P possui 3 algarismos
logN = 5,978 ⇒ N possui 6 algarismos
logM = 35,7856 ⇒ M possui 36 algarismos.

3 – FUVEST – A figura mostra o gráfico da função logaritmo na base b. O valor


de b é:

Francisco do Rosário Domingos 200


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a) 1/4
b) 2
c) 3
d) 4
e) 10

SOLUÇÃO:
Do gráfico acima, é imediato que: logb 0,25 = -1 ∴ b –1 = 0,25 ∴ 1/b = 0,25
Portanto, b = 1/0,25 = 4. Logo a alternativa correta é a da letra D.

Se necessário, revise Logaritmos.

Nota: nos exercícios a seguir, a não indicação da base, significa logaritmo na base 10, ou seja,
log N = log10N.

1 – VUNESP – Se log 8 = 0,903 e log 70 = 1,845, então log 14 é igual a:

a) 1,146
b) 1,164
c) 1,182
d) 1,208
e) 1,190

Solução:

Observe que 14 = 2x7. Portanto,


log 14 = log (2.7) = log 2 + log 7

Francisco do Rosário Domingos 201


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Como log 8 = 0,903, poderemos escrever:


log 23 = 0,903 ∴ 3.log 2 = 0,903 ∴ log 2 = 0,903/3
log 2 = 0,301

Como log 70 = 1,845, poderemos escrever:


log 70 = log (7.10) = log 7 + log 10 = 1,845

Como o logaritmo decimal de 10 é igual a 1, ou seja,


log 10 = 1, vem imediatamente por substituição:
log 7 + 1 = 1,845 ∴ log 7 = 0,845.

Finalmente, log 14 = log (2.7) = log 2 + log 7


log 14 = 0,301 + 0,845 = 1,146
log 14 = 1,146

2 – CESGRANRIO – As indicações R1 e R2, na escala Ritcher, de dois terremotos estão


relacionadas pela fórmula
R1 – R2 = log(M1/M2), onde M1 e M2 medem a energia liberada pelos terremotos sob a forma de
ondas que se propagam pela crosta terrestre. Houve dois terremotos: um correspondente a R1
= 8 e outro correspondente a R2 = 6.
Então, a razão (M1/M2) vale:

a) 100
b) 2
c) 4/3
d) 10
e) 1

Solução:

Decorre imediatamente do enunciado que:


8 – 6 = log (M1/M2) = 2.
Logo, (M1/M2) = 102 = 100.

3 – Mackenzie – O volume de um líquido volátil diminui de 20% por hora.


Após um tempo t, seu volume se reduz à metade.
O valor que mais se aproxima de t é:

a) 2h 30 min
b) 2h
c) 3h
d) 3h 24 min
e) 4h
Dado: log 2 = 0,30.

Solução:

Seja Vo o volume inicial do líquido.

Francisco do Rosário Domingos 202


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Teremos para o volume V, lembrando que


100% - 20% = 80% = 0,80:
Após 1 hora: V = 0,80.VO
Após 2 horas: V = (0,80).(0,80.VO) = (0,80)2.VO
..............................................
Após n horas: V = (0,80)n.Vo

Quando o volume for a metade do volume inicial, teremos V = VO/2


Substituindo, fica:
VO/2 = (0,80)n . VO

Simplificando, vem: 1/2 = (0,80)n


Aplicando logaritmo decimal a ambos os membros, vem:

log(1 /2) = log (0,80)n


log 1 – log2 = n.log 0,80

log 1 – log 2 = n . log (8/10)


log 1 – log 2 = n.(log 8 – log 10)

log 1 – log 2 = n.(log 23 – log 10)


log 1 – log 2 = n.(3.log 2 – log 10)

Como log 1 = 0 e log 10 = 1, vem:


- log 2 = n.(3.log 2 – 1)

Substituindo o valor de log 2 = 0,30, fica:


- 0,30 = n.[3.(0,30) – 1]
-0,30 = n.(0,90 – 1)
-0,30 = - 0,10.n
n = -0,30/(-0,10) = 3h
n = 3h

4 – Resolva a equação seguinte:


log2(x2 + 2x – 7) – log2(x – 1) = 2

Solução:

Aplicando a propriedade de logaritmo de quociente, ou seja:


logbA – logbB = logb(A/B), vem:
log2[(x2 + 2x – 7)/(x – 1)] = 2

Lembrando que se logbN = c então bc = N, vem:


22 = [(x2 + 2x – 7)/(x – 1)
4(x – 1) = x2 + 2x – 7
4x – 4 - x2 - 2x + 7 = 0
2x – x2 + 3 = 0
x2 - 2x - 3 = 0

Francisco do Rosário Domingos 203


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Resolvendo esta equação do segundo grau, vem imediatamente:


x = 3 ou x = -1

Observe que a raiz x = -1 não serve ao problema, pois na equação dada,


log2(x2 + 2x – 7) – log2(x – 1) = 2, substituindo x por –1, as expressões entre parêntesis seriam
negativas e, como sabemos, não existe logaritmo de número negativo. Assim, a única solução
da equação proposta é x = 3.

5 – FUVEST – Se log 8 = a então log 5 vale:

a) a3
b) 5 a – 1
c) 1 + a/3
d) 2 a/3
e) 1 – a/3

Solução:

Podemos escrever:
log 23 = a ∴ 3.log 2 = a ∴ log 2 = a/3

Ora, 5 = 10/2 e, portanto,


log 5 = log(10/2) = log 10 – log 2 = 1 – a/3.
log 5 = 1 – a/3

Agora resolva este:

Se log2(x – y) = a, e x + y = 8, determine log2(x2 – y2).

Resposta: a + 3.

Se n = log(11/15) + log(490/297) – 2 log(7/9) então 10n é igual a:

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

Solução:

Francisco do Rosário Domingos 204


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Lembramos inicialmente que,quando a base do sistema de logaritmos não é informada,


subtende-se que a base é 10, ou seja:

log A = log10A

Aplicando as seguintes propriedades operatórias dos logaritmos:

P1) log (a / b) = log a – log b (logaritmo de um quociente).


P2) log (a . b) = log a + log b (logaritmo de um produto).
P3) log am = m.log a (logaritmo de uma potencia).

teremos:

n = log(11/15) + log(490/297) – 2 log(7/9)

n = log 11 – log 15 + log 490 – log 297 – 2(log 7 – log 9)

Observando que:
15 = 5.3 , 490 = 2.5.72 , 297 = 33.11 e 9 = 32

Vem imediatamente:
n = log11 – log(3.5) + log(2.5.72) – log(33.11) – 2.log7 + 2.log32

Desenvolvendo, fica:
n = log11 – (log5 + log3) + (log2 + log5 + log72) – (log33 + log11) – 2.log7 +
4.log3)

Eliminando os parênteses e simplificando, vem:


n = log11 – log5 – log3 + log 2 + log5 + 2.log7 – 3.log3 – log11 – 2.log7 + 4.log3

De onde conclui-se: n = log 2


Portanto, 10n = 10log2 = 2
Nota: 10log n = n.

Francisco do Rosário Domingos 205


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Limites

A Teoria dos Limites, tópico introdutório e fundamental da Matemática Superior, será vista aqui,
de uma forma simplificada, sem aprofundamentos, até porque, o nosso objetivo nesta página, é
abordar os tópicos ao nível do segundo grau, voltado essencialmente para os exames
vestibulares.
Portanto, o que veremos a seguir, será uma introdução à Teoria dos Limites, dando ênfase
principalmente ao cálculo de limites de funções, com base nas propriedades pertinentes.
O estudo teórico e avançado, vocês verão na Universidade, no devido tempo.
Outro aspecto importante a ser comentado, é que este capítulo de LIMITES abordará o
estritamente necessário para o estudo do próximo tópico: DERIVADAS.

O matemático francês - Augustin Louis CAUCHY - 1789/1857 , foi, entre outros, um grande
estudioso da TEORIA DOS LIMITES. Antes dele, Isaac NEWTON - inglês - 1642 /1727 e
Gottfried Wilhelm LEIBNIZ - alemão - 1646 /1716 , já haviam desenvolvido o Cálculo
Infinitesimal.

DEFINIÇÃO

Dada a função y = f(x), definida no intervalo real (a, b), dizemos que esta função f possui um
limite finito L quando x tende para um valor x0, se para cada número positivo ε , por menor que
seja, existe em correspondência um número positivo δ , tal que para
| x - x0 | <δ , se tenha |f(x) - L | < ε , para todo x ≠ x0 .
Indicamos que L é o limite de uma função f( x ) quando x tende a x0 , através da simbologia
abaixo:
lim f(x) = L
x→ x0

Exercício:
Prove, usando a definição de limite vista acima, que:
lim (x + 5) = 8
x→ 3

Temos no caso:
f(x) = x + 5
x0 = 3
L = 8.

Com efeito, deveremos provar que dado um ε > 0 arbitrário, deveremos encontrar um δ > 0,
tal que, para |x - 3| < δ , se tenha |(x + 5) - 8| < ε . Ora, |(x + 5) - 8| < ε é equivalente a | x
- 3 | < ε
Portanto, a desigualdade |x - 3| < δ , é verificada, e neste caso δ = ε .
Concluímos então que 8 é o limite da função para x tendendo a 3 ( x → 3) .

O cálculo de limites pela definição, para funções mais elaboradas, é extremamente laborioso e
de relativa complexidade.

Francisco do Rosário Domingos 206


Apontamentos de Matemática Essencial

Assim é que, apresentaremos as propriedades básicas, sem demonstrá-las e, na sequência, as


utilizaremos para o cálculo de limites de funções.

Antes, porém, valem as seguintes observações preliminares:

a) é conveniente observar que a existência do limite de uma função, quando x → x0 , não


depende necessariamente que a função esteja definida no ponto x0 , pois quando calculamos
um limite, consideramos os valores da função tão próximos quanto queiramos do ponto x0 ,
porém não coincidente com x0, ou seja, consideramos os valores da função na vizinhança do
ponto x0 .
Para exemplificar, consideremos o cálculo do limite da função abaixo, para x → 3.

Observe que para x = 3, a função não é definida. Entretanto, lembrando que x2 - 9 = (x + 3) (x


- 3), substituindo e simplificando, a função fica igual a f(x) = x + 3, cujo limite para x → 3 é
igual a 6, obtido pela substituição direta de x por 3.

b) o limite de uma função y = f(x), quando x → x0, pode inclusive, não existir, mesmo a função
estando definida neste ponto x0 , ou seja , existindo f(x0).

c) ocorrerão casos nos quais a função f(x) não está definida no ponto x0, porém existirá o
limite
de f(x) quando x → x0 .

d) nos casos em que a função f(x) estiver definida no ponto x0 , e existir o limite da
função f(x) para x → x0 e este limite coincidir com o valor da função no ponto x0, diremos que
a
função f(x) é CONTÍNUA no ponto x0 .

e) já vimos a definição do limite de uma função f(x) quando x tende a x0 , ou x → x0 .


Se x tende para x0 , para valores imediatamente inferiores a x0 , dizemos que temos um limite à
esquerda da função. Se x tende para x0 , para valores imediatamente superiores a x0 , dizemos
que temos um limite à direita da função. Pode-se demonstrar que se esses limites à direita e à
esquerda forem iguais, então este será o limite da função quando x → x0 .

Propriedades operatórias dos limites.

P1 - o limite de um soma de funções, é igual à soma dos limites de cada função.


lim ( u + v + w + ... ) = lim u + lim v + lim w + ...

P2 - o limite de um produto é igual ao produto dos limites.


lim (u . v) = lim u . lim v

P3 - o limite de um quociente de funções, é igual ao quociente dos limites.


lim (u / v) = lim u / lim v , se lim v ≠ 0.

Francisco do Rosário Domingos 207


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P4 - sendo k uma constante e f uma função, lim k . f = k . lim f

Observações: No cálculo de limites, serão consideradas as igualdades simbólicas, a seguir,


envolvendo os símbolos de mais infinito ( + ∞ ) e menos infinito ( - ∞ ), que representam
quantidades de módulo infinitamente grande. É conveniente salientar que, o infinitamente
grande, não é um número e, sim , uma tendência de uma variável, ou seja: a variável aumenta
ou diminui, sem limite.

Na realidade, os símbolos + ∞ e - ∞ , não representam números reais, não podendo ser


aplicadas a eles, portanto, as técnicas usuais de cálculo algébrico.

Dado b ∈ R - conjunto dos números reais, teremos as seguintes igualdades simbólicas:


b + (+ ∞ ) = + ∞
b+(-∞)=-∞
(+ ∞ ) + (+ ∞ ) = + ∞
(- ∞ ) + (- ∞ ) = - ∞
(+ ∞ ) + (- ∞ ) = nada se pode afirmar inicialmente. O símbolo ∞ - ∞ , é dito um símbolo de
indeterminação.
(+ ∞ ) . (+ ∞ ) = + ∞
(+ ∞ ) . 0 = nada se pode afirmar inicialmente. É uma indeterminação.
∞ / ∞ = nada se pode afirmar inicialmente. É uma indeterminação.

No cálculo de limites de funções, é muito comum chegarmos a expressões indeterminadas, o


que significa que, para encontrarmos o valor do limite, teremos que levantar a indeterminação,
usando as técnicas algébricas. Os principais símbolos de indeterminação, são:
∞-∞
∞.0
∞/∞
∞0
0/0
1∞
1- ∞

Vamos agora calcular alguns limites imediatos, de forma a facilitar o entendimento dos
exercícios mais complexos que virão em seguida:

a) lim (2x + 3) = 2.5 + 3 = 13


.....x→ 5

b) lim (x2 + x) = (+ ∞ )2 + (+ ∞ ) = + ∞ + ∞ = + ∞
.....x→ +∞

c) lim (4 + x3) = 4 + 23 = 4 + 8 = 12
.....x→ 2

d) lim [(3x + 3) / (2x - 5)] = [(3.4 + 3) / (2.4 - 5)] = 5


.....x→ 4

Francisco do Rosário Domingos 208


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e) lim [(x + 3) (x - 3)] = (4 + 3) (4 -3) = 7.1 = 7


.....x→ 4

LIMITES FUNDAMENTAIS

A técnica de cálculo de limites, consiste na maioria das vezes, em conduzir a questão até que se
possa aplicar os limites fundamentais, facilitando assim, as soluções procuradas.
Apresentaremos a seguir - sem demonstrar - cinco limites fundamentais e estratégicos, para a
solução de problemas.

Primeiro limite fundamental : O limite trigonométrico

Intuitivamente isto pode ser percebido da seguinte forma: seja x um arco em radianos, cuja
medida seja próxima de zero, digamos x = 0,0001 rad. Nestas condições, o valor de senx será
igual a
sen 0,0001 = 0,00009999 (obtido numa calculadora científica).
Efetuando-se o quociente, vem: senx / x = 0,00009999 / 0,0001 = 0,99999 ≈ 1.
Quanto mais próximo de zero for o arco x, mais o quociente (senx) / x se aproximará da
unidade, caracterizando-se aí, a noção intuitiva de limite de uma função.

Exercício:

Observe o cálculo do limite abaixo:

Observe que fizemos acima, uma mudança de variável, colocando 5x = u, de modo a cairmos
num limite fundamental. Verifique também que ao multiplicarmos numerador e denominador da
função dada por 5, a expressão não se altera. Usamos também a propriedade P4 vista no início
do texto.

Segundo limite fundamental : Limite exponencial

Onde e é a base do sistema de logaritmos neperianos, cujo valor aproximado é e ≈ 2,7182818.

Francisco do Rosário Domingos 209


Apontamentos de Matemática Essencial

Exercício:

Observe o cálculo do limite abaixo:

Terceiro limite fundamental : Conseqüência do anterior

Exercício:

Observe o cálculo do limite abaixo.


lim (1 + x)5/x = lim [(1 + x)1/x]5 = e5
x→ 0 ................x→ 0

Quarto limite fundamental : outro limite exponencial

Para a > 0.

Quinto limite fundamental

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Determine os seguintes limites:

a) lim (2 senx - cos2x + cotgx)


.....x→ π /2
Resp: 3

b) lim (5 - 1/x + 3/x2)


.....x→ ∞
Resp: 5

c) lim (4x3 - 2x2 + 1) / (3x3 - 5)


.....x→ ∞

Francisco do Rosário Domingos 210


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Sugestão: divida numerador e denominador por x3.


Resp: 4/3

d) lim (senx / tgx)


.....x→ 0
Resp: 1

e) lim (sen4x) / x
.....x→ 0
Resp: 4

f) lim [(1 + 1/x)x + 3


....x→ ∞
Resp: e

g) lim [(1 + x)m - 1] / mx


.....x→ 0
Resp: 1

Francisco do Rosário Domingos 211


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Derivadas I

Derivada de uma função y = f(x) num ponto x = x0

Considere a figura abaixo, que representa o gráfico de uma função y = f(x), definida num
intervalo de números reais.

Observando a figura, podemos definir o seguinte quociente, denominado razão incremental da


função y = f(x), quando x varia de x0 para x0 +  x0 :

Define-se a derivada da função y = f(x) no ponto x = x0, como sendo o limite da razão
incremental acima, quando ∆ x0 tende a zero, e é representada por f ' (x0) , ou seja:

Nota: a derivada de uma função y = f(x), pode ser representada também pelos símbolos
y ' ou dy/dx, notação introduzida por Wilhelm Gottfried Leibniz - matemático alemão (1646 -
1716), contemporâneo do físico e matemático inglês Isaac Newton ((1642-1727). As proezas
dos dois gênios no Cálculo Infinitesimal, você poderá ler no livro e: A HISTÓRIA DE UM
NÚMERO, de autoria de Eli Maor - Editora RECORD , traduzido para o português.

Observe que quando ∆ x0 → 0 , o ponto Q no gráfico acima, tende a coincidir com o ponto P da
mesma figura., definindo a reta r , que forma um ângulo β com o eixo horizontal (eixo das

Francisco do Rosário Domingos 212


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abcissas), e, neste caso, o ângulo SPQ = α .tende ao valor do ângulo β .


Ora, quando ∆ x0 → 0 , já vimos que o quociente ∆ y0 / ∆ x0 representa a derivada da função
y = f(x) no ponto x0. Mas, o quociente ∆ y0 / ∆ x0 representa , como sabemos da Trigonometria,
a tangente do ângulo SPQ = α , onde P é o vértice do ângulo.
Quando ∆ x0 → 0 , o ângulo SPQ = α , tende ao ângulo β .

Assim, não é difícil concluir que a derivada da função y = f(x) no ponto x = x0 , é igual
numericamente à tangente do ângulo β . Esta conclusão será muito utilizada no futuro.

Podemos escrever então:

β
f '(x0) = tgβ

Guarde então a seguinte conclusão importante:

A derivada de uma função y = f(x) num ponto x = x0 , coincide numericamente com o valor da
tangente trigonométrica do ângulo formado pela tangente geométrica à curva representativa de
y = f(x), no ponto
x = x0.

Estou falando há muito tempo em DERIVADAS, e ainda não calculei nenhuma!

Vamos lá!

Existem fórmulas para o cálculo das derivadas das funções - as quais serão mostradas no
decorrer deste curso - mas, por enquanto, vamos calcular a derivada de uma função simples,
usando a definição. Isto servirá como um ótimo exercício introdutório, que auxiliará no
entendimento pleno da definição acima.

Calcule a derivada da função y = x2 , no ponto x = 10.

Temos neste caso:


y = f(x) = x2
f(x + ∆ x) = (x + ∆ x)2 = x2 + 2x.∆ x + (∆ x)2
f(x + ∆ x) - f(x) = x2 + 2x.∆ x + (∆ x)2 - x2 = 2x.∆ x + (∆ x)2
∆ y = f(x + ∆ x) - f(x) = x2 + 2x.∆ x + (∆ x)2 - x2 = 2x.∆∆ x + (∆
∆ x)2

Portanto,

Observe que colocamos na expressão acima, ∆ x em evidencia e, simplificamos o resultado


obtido.

Francisco do Rosário Domingos 213


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Portanto a derivada da função y = x2 é igual a y ' = 2x .


Logo, a derivada da função y = x2, no ponto x = 10 , será igual a : y ' (10) = 2.10 = 20.

Qual a interpretação geométrica do resultado acima?

Ora, a derivada da função y = x2 , no ponto de abcissa x = 10 , sendo igual a 20, significa que
a tangente trigonométrica da reta tangente à curva y = x2 , no ponto x = 10 , será também
igual a 20, conforme teoria vista acima.

Ora, sendo β o ângulo formado por esta reta tangente com o eixo dos x , β será um ângulo tal
que tg β = 20. Consultando uma tábua trigonométrica OU através de uma calculadora
científica, concluímos que β ≈ 87º 8' 15" .

Então, isto significa que a reta tangente à curva de equação y = x2 , no ponto de abcissa x =
10, forma com o eixo dos x um ângulo igual aproximadamente a β ≈ 87º 8' 15" .

Agora, calcule como exercício inicial, usando a definição, a derivada da função y = 5x no ponto
de abcissa x = 1000 .
Resposta: 5.

1 - Vimos na lição anterior, que a derivada de uma função y = f(x) no ponto x = x0 pode ser
determinada, calculando-se o limite seguinte:

Onde:

A rigor, para o cálculo da derivada de uma função, teremos que calcular o limite acima, para
cada função dada. É entretanto, de bom alvitre, conhecer de memória as derivadas das
principais funções. Não estamos aqui, a fazer a apologia do "decoreba" , termo vulgarmente
utilizado para a necessidade de memorização de uma fórmula. Achamos entretanto, que, por
aspectos de praticidade, o conhecimento das fórmulas de derivação de funções, seja de
extrema importância, sem, entretanto, eliminar a necessidade de saber
deduzi-las, quando necessário.

Assim, lembrando que a derivada de uma função y = f(x) pode ser indicada pelos símbolos
y ' , f ' (x) ou dy/dx , apresentaremos a seguir, uma tabela contendo as derivadas de algumas
das principais funções elementares, restringindo nesta primeira abordagem, a oito funções
elementares básicas, além das derivadas da soma, produto e quociente de duas funções.

Francisco do Rosário Domingos 214


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FUNÇÃO DERIVADA
y = k , k = constante y'=0
y = k.x y'=k
y=x y' = 1
y = xn y ' = n.x n - 1
y=ax,1¹a>0 y ' = a x . ln a
y=ex y'=ex
y = sen(x) y ' = cos(x)
y = cos(x) y ' = - sen(x)
y = tg(x) y ' = sec2 (x)
y=u+v y ' = u' + v'
y = u.v y' = u'.v + u.v'
y=u/v,v¹0 y' = (u'.v - u.v') / v2

y = log a x y´ =(1/x).logae

y = ln x y´ = 1/x

Notas:
a) e = base do sistema de logaritmos neperianos, um número irracional
de valor aproximado e ≅ 2, 72
b) u = u(x) e v = v(x) são funções deriváveis no ponto x.

Exemplos:

a) y = 1000 ⇒ y ' = 0
b) y = 200x ⇒ y ' = 200
c) y = x5 ⇒ y ' = 5x4
d) y = x + sen(x) ⇒ y ' = x ' + (senx) ' = 1 + cos(x)
e) y = x3 + x2 ⇒ y ' = 3x2 + 2x
f) y = sen(x) + cos(x) ⇒ y ' = cos(x) - sen(x)
g) y = 1 / x ⇒ y ' = (1'.x - 1. x') / x2 = - 1 / x2
h) y = x.sen(x) ⇒ y ' = x'. sen(x) + x . (senx)' = sen(x) + x.cos(x)
i) y = x + tg(x) ⇒ y ' = 1 + sec2 (x)

Agora determine a derivada da função y = x2.tg(x).


Resposta: y ' = 2.x.tg(x) + [x.sec(x)]2
2 - Equação da reta tangente à curva representativa da função y = f(x) no ponto x = x0
Considere a figura abaixo:

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Seja determinar a equação da reta r tangente à curva y = f(x), no ponto x = x0.


Já sabemos da aula anterior , que tg β = f '(x0) , onde β é o ângulo formado pela reta r com o
eixo dos x e f '(x0) é o valor da derivada da função y = f(x) no ponto de abcissa x = x0.
Também já sabemos da Geometria Analítica que o valor da tg β é igual ao coeficiente angular
m da reta r , ou seja: m = tg β . Como já sabemos da Analítica que a equação da reta r, é
y - y0 = m(x - x0) , vem imediatamente que a equação da reta tangente procurada será então
dada por:

y - y0 = f '(x0) (x - x0)

Exemplo:
Qual a equação da reta tangente à curva representativa da função
y = f(x) = 4x3 + 3x2 + x + 5, no ponto de abcissa x = 0 ?

Ora, f '(x) = 12x2 + 6x + 1.


Portanto, a derivada no ponto de abcissa x = 0, será: f '(0) = 12.02 + 6.0 + 1 = 1
Logo, f ' (0) = 1.
Portanto, para achar a equação da reta tangente no ponto de abcissa x = 0, basta agora,
determinar o valor correspondente de y da função, para x = 0.
Teremos: x = 0 ⇒ y = f(0) = 4.03 + 3.02 + 6.0 + 5 = 5
Então, o ponto de tangência é o ponto P(0, 5). Daí, vem finalmente que:
y - 5 = 1 . (x - 0) ∴ y - 5 = x ∴ y = x + 5 .
Resposta: a equação da reta tangente à curva y = 4x3 + 3x2 + 6x + 5 , no ponto P(0,5) , é
y = x + 5.
Agora resolva este:
Determinar a equação da reta tangente à curva representativa da função y = x3 ,
no ponto P de abcissa x = 2.
Resposta: y = 12x - 16.

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Calcular o limite seguinte:

Solução:
Observe que substituindo x por 4, obteremos a indeterminação 0/0. Temos que “levantar” esta
indeterminação, usando certos critérios algébricos.

Multipliquemos numerador e denominador pelos fatores racionalizantes do denominador e do


numerador.

Teremos então:

Simplificando, obteremos:

Observando que (2x-8)/(x-4) = 2(x-4)/(x-4) = 2, para x ≠ 4, vem:

Comentários adicionais:

1)Lembre que o fator racionalizante de (√a - √b) é (√a + √b).

2)0/0 é um símbolo de indeterminação; neste problema, obtemos o


valor 2√2/3 para o limite da função dada; outros problemas levarão a outros valores, daí, a
designação de indeterminação. O problema proposto a seguir, é um exemplo disto.

Calcule o seguinte limite:

Francisco do Rosário Domingos 217


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Nota: observe que substituindo x por zero (conforme indicado no limite), obteremos a
indeterminação 0/0.

Resposta: 5/4 = 1,25.

NOTA: a resolução desta questão requer noções de derivadas

Um tanque tem a forma de um cilindro circular reto de raio da base


r = 5m e altura h = 10m. No tempo t = 0, o tanque começa a ser enchido com água, que entra
no tanque com uma vazão de 25 m3/h. Com qual velocidade o nível da água sobe? Depois de
quanto tempo o tanque estará cheio?

SOLUÇÃO:

Veja a figura abaixo:

Já sabemos que o volume de um cilindro reto de raio da base R e altura h é dado


pela fórmula V = π.R2.h

Sendo x o nível da água no tanque, é óbvio que poderemos escrever:

V = π.52.x = 25.π.x (1)


A vazão de 25 m3/h é justamente a derivada dV/dt.

Derivando a expressão (1) em relação a x, vem imediatamente:


dV/dx = 25π

Derivando a expressão (1) em relação a t, vem:

Ora, a velocidade v com que o nível da água sobe é, exatamente dx/dt. Substituindo os valores
conhecidos, vem finalmente:

Francisco do Rosário Domingos 218


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25 = 25π .v, de onde tiramos v = 1/π m/h ou aproximadamente,


v = 0,318 m/h.

Portanto, o nível da água sobe à uma razão de 0,318 metros por hora.

O tempo que levará para encher o tanque será então:


T = 10m / 0,318 m/h = 31,4h = 31h + 0,4h = 31h + 0,4.60min
T = 31 horas e 24 minutos.

Francisco do Rosário Domingos 219


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Geometria Analítica I

1 - Introdução

A Geometria Analítica é uma parte da Matemática , que através de processos particulares ,


estabelece as relações existentes entre a Álgebra e a Geometria. Desse modo , uma reta , uma
circunferência ou uma figura podem ter suas propriedades estudadas através de métodos
algébricos .
Os estudos iniciais da Geometria Analítica se deram no século XVII , e devem-se ao filósofo e
matemático francês René Descartes (1596 - 1650), inventor das coordenadas cartesianas
(assim chamadas em sua homenagem), que permitiram a representação numérica de
propriedades geométricas. No seu livro Discurso sobre o Método, escrito em 1637, aparece a
célebre frase em latim "Cogito ergo sum" , ou seja: "Penso, logo existo".

1.1 - Coordenadas cartesianas na reta

Seja a reta r na Fig. abaixo e sobre ela tomemos um ponto O chamado origem.
Adotemos uma unidade de medida e suponhamos que os comprimentos medidos a partir de O,
sejam positivos à direita e negativos à esquerda.

O comprimento do segmento OA é igual a 1 u.c (u.c = unidade de comprimento). É fácil


concluir que existe uma correspondência um a um (correspondência biunívoca) entre o
conjunto dos pontos da reta e o conjunto R dos números reais. Os números são chamados
abscissas dos pontos. Assim, a abscissa do ponto A’ é -1, a abscissa da origem O é 0, a
abscissa do ponto A
é 1, etc.
A reta r é chamada eixo das abscissas.

1.2 - Coordenadas cartesianas no plano

Com o modo simples de se representar números numa reta, visto acima, podemos estender a
idéia para o plano, basta que para isto consideremos duas retas perpendiculares que se
interceptem num ponto O, que será a origem do sistema. Veja a Fig. a seguir:

Dizemos que a é a abscissa do ponto P e b é a ordenada do ponto P.


O eixo OX é denominado eixo das abscissas e o eixo OY é denominado eixo das ordenadas.
O ponto O(0,0) é a origem do sistema de coordenadas cartesianas.

Francisco do Rosário Domingos 220


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Os sinais algébricos de a e b definem regiões do plano denominadas QUADRANTES.


No 1º quadrante, a e b são positivos, no 2º quadrante, a é negativo e b positivo, no 3º
quadrante, ambos são negativos e finalmente no 4º quadrante a é positivo e b negativo.

Observe que todos os pontos do eixo OX tem ordenada nula e todos os pontos do eixo OY tem
abscissa nula. Assim, dizemos que a equação do eixo OX é y = 0 e a equação do eixo OY é
x = 0.
Os pontos do plano onde a = b, definem uma reta denominada bissetriz do 1º quadrante, cuja
equação evidentemente é y = x.
Já os pontos do plano onde a = -b (ou b = - a), ou seja, de coordenadas simétricas, definem
uma reta denominada bissetriz do 2º quadrante, cuja equação evidentemente é y = - x.
Os eixos OX e OY são denominados eixos coordenados.

Exercícios Resolvidos

1) Se o ponto P(2m-8 , m) pertence ao eixo dos y , então :

a) m é um número primo
b) m é primo e par
c) m é um quadrado perfeito
d) m = 0
e) m < 4

Solução:
Se um ponto pertence ao eixo vertical (eixo y) , então a sua abscissa é nula.
Logo, no caso teremos 2m - 8 = 0, de onde tiramos m = 4 e portanto a alternativa correta é a
letra C, pois 4 é um quadrado perfeito (4 = 22).

2) Se o ponto P(r - 12 , 4r - 6) pertença à primeira bissetriz , então podemos afirmar que :

a) r é um número natural
b) r = - 3
c) r é raiz da equação x3 - x2 + x + 14 = 0
d) r é um número inteiro menor do que - 3 .
e) não existe r nestas condições .

Solução:
Os pontos da primeira bissetriz (reta y = x), possuem abscissa e ordenada iguais entre si. Logo,
deveremos ter: r - 12 = 4r - 6 de onde conclui-se r = - 2.
Das alternativas apresentadas, concluímos que a correta é a letra C, uma vez que -2 é raiz da
equação dada. Basta substituir x por -2 ou seja:
(-2)3 - (-2)2 + (-2) + 14 = 0 o que confirma que -2 é raiz da equação.

3) Se o ponto P(k , -2) satisfaz à relação x + 2y - 10 = 0 , então o valor de k 2 é :

a) 200
b) 196
c) 144

Francisco do Rosário Domingos 221


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d) 36
e) 0

Solução:
Fazendo x = k e y = -2 na relação dada, vem: k + 2(-2) - 10 = 0.
Logo, k = 14 e portanto k2 = 142 = 196.
Logo, a alternativa correta é a letra B.

2 - Fórmula da distância entre dois pontos do plano cartesiano

Dados dois pontos do plano A(Xa,Ya) e B(Xb,Yb) , deduz-se facilmente usando o teorema de
Pitágoras a seguinte fórmula da distancia entre os pontos A e B:

Esta fórmula também pode ser escrita como: d2AB = (Xb - Xa)2 + (Yb - Ya)2 , obtida da anterior,
elevando-se ao quadrado (quadrando-se) ambos os membros.

Exercício Resolvido

O ponto A pertence ao semi-eixo positivo das ordenadas ; dados os pontos B(2 , 3) e C(-4 ,1) ,
sabe-se que do ponto A se vê o segmento BC sob um ângulo reto . Nestas condições podemos
afirmar que o ponto A é :

a) (3,0)
b) (0, -1)
c) (0,4)
d) (0,5)
e) (0, 3)

Solução:
Como do ponto A se vê BC sob um ângulo reto, podemos concluir que o triângulo ABC é
retângulo em A. Logo, vale o teorema de Pitágoras: o quadrado da hipotenusa é igual à soma
dos quadrados dos catetos. Portanto, podemos escrever: AB2 + AC2 = BC2 (BC é a hipotenusa
porque é o lado que se opõe ao ângulo reto A). Da fórmula de distância, podemos então
escrever, considerando que as coordenadas do ponto A são (0,y) , já que é dado no problema
que o ponto A está no eixo dos y e portanto sua abscissa é nula:

AB2 = ( 0 - 2 )2 + ( y - 3 )2 = 4 + ( y - 3 )2
AC2 = ( 0 - (-4))2 + ( y - 1)2 = 16 + ( y - 1 )2
BC2 = ( 2 - (-4))2 + ( 3 - 1 )2 = 40

Substituindo, vem: 4 + ( y - 3 )2 + 16 + ( y - 1 )2 = 40  ( y - 3 )2 + ( y - 1)2 = 40 - 4 - 16 =


20

Francisco do Rosário Domingos 222


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Desenvolvendo, fica: y2 - 6y + 9 + y2 - 2y + 1 = 20 ∴ 2y2 - 8y - 10 = 0 ∴ y2 - 4y - 5 = 0 , que


resolvida, encontramos y = 5 ou y = -1. A raiz y = -1 não serve, pois foi dito no problema que
o ponto A está no semi-eixo positivo . Portanto, o ponto procurado é A(0,5), o que nos leva a
concluir que a alternativa correta é a letra D.

3 - Ponto médio de um segmento

Dado o segmento de reta AB , o ponto médio de AB é o ponto M ∈ AB tal que AM = BM .


Nestas condições, dados os pontos A(x1 , y1) e B(x2 , y2) , as coordenadas do ponto médio
M(xm , ym) serão dadas por:

Exercício Resolvido

Sendo W o comprimento da mediana relativa ao lado BC do triângulo ABC onde A(0,0), B(4,6) e
C(2,4) , então W2 é igual a:

a) 25
b) 32
c) 34
d) 44
e) 16

Solução:
Chama-se mediana de um triângulo relativa a um lado, ao segmento de reta que une um
vértice ao ponto médio do lado oposto. Assim, a mediana relativa ao lado BC será o segmento
que une o ponto A ao ponto médio de BC. Das fórmulas de ponto médio anteriores, concluímos
que o ponto médio de BC será o ponto M( 3, 5). Portanto, o comprimento da mediana
procurado será a distância entre os pontos A e M. Usando a fórmula de distância encontramos
AM = √ 34 ou seja raiz quadrada de 34. Logo, W = √ 34 e portanto W2 = 34, o que nos leva a
concluir que a resposta correta está na alternativa C.

4 - Baricentro de um triângulo

Sabemos da Geometria plana , que o baricentro de um triângulo ABC é o ponto de encontro das
3 medianas . Sendo G o baricentro , temos que AG = 2 . GM onde M é o ponto médio do lado
oposto ao vértice A (AM é uma das 3 medianas do triângulo).
Nestas condições , as coordenadas do baricentro G(xg , yg) do triângulo ABC onde A(xa , ya) ,
B(xb , yb) e C(xc , yc) é dado por :

Francisco do Rosário Domingos 223


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Conclui-se pois que as coordenadas do baricentro do triângulo ABC, são iguais às


médias aritméticas das coordenadas dos pontos A , B e C.

Assim, por exemplo, o baricentro (também conhecido como centro de gravidade) do triângulo
ABC onde A(3,5) , B(4, -1) e C(11, 8) será o ponto G(6, 4). Verifique com o uso direto das
fórmulas.

Exercício resolvido

Conhecendo-se o baricentro B(3,5), do triângulo XYZ onde X(2,5) , Y(-4,6) , qual o


comprimento do segmento BZ?

Solução:
Seja o ponto Z(a,b). Temos, pela fórmula do baricentro:
3 = (2 - 4 + a) / 3 e 5 = (5 + 6 + b) / 3
Daí, vem que a = 11 e b = 4. O ponto Z será portanto Z(11, 4).
Usando a fórmula da distância entre dois pontos, lembrando que B(3,5) e Z(11,4),
encontraremos BZ = 651/2 u.c. (u.c. = unidades de comprimento).

Agora resolva este:

Os pontos A(m, 7), B(0, n) e C(3, 1) são os vértices de um triângulo cujo baricentro é o ponto
G(6, 11). Calcule o valor de m2 + n2.
Resposta: 850

1 - O uso do Determinante de terceira ordem na Geometria Analítica

1.1 - Área de um triângulo

Seja o triângulo ABC de vértices A(xa , ya) , B(xb , xc) e C(xc , yc) . A área S desse triângulo é
dada por
S = 1/2 . | D | onde  D é o módulo do determinante formado pelas coordenadas dos vértices
A,BeC.

Temos portanto:

Francisco do Rosário Domingos 224


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A área S é normalmente expressa em u.a. (unidades de área)


Para o cálculo do determinante de terceira ordem, utilizamos a conhecida e prática regra de
Sarrus.

1.2 - Condição de alinhamento de três pontos

Três pontos estão alinhados se são colineares , isto é , se pertencem a uma mesma reta .
É óbvio que se os pontos A , B e C estão alinhados , então o triângulo ABC não existe , e
podemos pois considerar que sua área é nula ( S = 0 ) .
Fazendo S = 0 na fórmula de área do item 1.1 , concluímos que a condição de alinhamento dos
3 pontos é que o determinante D seja nulo , ou seja : D = 0 .

Exercício resolvido:

Se os pontos P(3 , 5) , Q(-3 , 8) e C(4 , y) são colineares , então o valor de y é :

a) 4
b) 3
c) 3,5
d) 4,5
e) 2

Solução:

Para que estes pontos estejam alinhados (pontos colineares), deveremos ter:

Desenvolvendo o determinante pela Regra de Sarrus, obtemos:


- 32 - 3y + 15 + 24 - 3y + 20 = 0  y = 9/2 = 4,5.
Portanto a alternativa correta é a letra D.

2 - Equação geral da reta.

Seja r a reta que passa pelos pontos A(xa , ya) e B(xb , yb).
Seja P(x , y) um ponto qualquer desta reta . Pela condição de alinhamento de 3 pontos ,
podemos escrever:

Francisco do Rosário Domingos 225


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Desenvolvendo o determinante acima obtemos:


(Ya - Yb) . x + (Xa - Xb) . y + (XaYb - XbYa) = 0 .

Fazendo Ya - Yb = a , Xa - Xb = b e XaYb - XbYa = c , decorre que todo ponto P(x,y)


pertencente à reta , deve verificar a equação :
ax + by + c = 0
que é chamada equação geral da reta r .

Exemplos:
2x + 5y - 4 = 0 (a = 2 , b = 5 , c = -4)
3x - 4y = 10 (a = 3 , b = -4 , c = -10); observe que podemos escrever 3x - 4y - 10 = 0.
3y + 12 = 0 (a = 0 , b = 3 , c = 12)
7x + 14 = 0 (a = 7 , b = 0 , c = 14)
x = 0 (a = 1 , b = 0 , c = 0) ordenadas .→ equação do eixo Oy - eixo das
y = 0 (a = 0 , b = 1 , c = 0) → equação do eixo Ox - eixo das abscissas .

Observações:
a) a = 0 → y = - c/b (reta paralela ao eixo dos x )
b) b = 0 → x = - c/a (reta paralela ao eixo dos y)

3 - Posição relativa de duas retas

Sabemos da Geometria que duas retas r e s no plano podem ser :

Paralelas : r ∩ s = ∅
Concorrentes : r ∩ s = { P } , onde P é o ponto de interseção .
Coincidentes : r = s.

Dadas as retas r : ax + by + c = 0 e s : a’x + b’y + c’ = 0 , temos os seguintes casos :

→ as retas são coincidentes .

→ as retas são paralelas .

as retas são
concorrentes
.

Exercícios resolvidos

1 - OSEC-SP - Qual a posição relativa das retas r : x + 2y + 3 = 0 e s: 4x + 8y + 10 = 0 ?

Solução:
Temos que: 1 / 4 = 2 / 8 ≠ 3 / 10 (segundo caso acima) e, portanto as retas são paralelas.

Francisco do Rosário Domingos 226


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2 - Dadas as retas r : 3x + 2y - 15 = 0 ; s : 9x + 6y - 45 = 0 e t : 12x + 8y - 60 = 0 ,


podemos afirmar:
a) elas são paralelas
b) elas são concorrentes
c) r ∩ t ∩ s = R
d) r ∩ s ∩ t = R2
e) as três equações representam uma mesma reta .

Solução:
Primeiro vamos verificar as retas r e s: 3 / 9 = 2 / 6 = -15 / -45 (primeiro caso acima) e
portanto as
retas r e s são coincidentes.
Comparando agora, por exemplo a reta r com a reta t , teremos:
3 / 12 = 2 / 8 = -15 / -60 (primeiro caso acima);
Portanto as retas r, s e t são coincidentes, ou seja, representam a mesma reta.
Logo a alternativa correta é a letra E.

3) Para se determinar o ponto de interseção de duas retas , basta resolver o sistema de


equações formado pelas equações das retas. Nestas condições , pede-se calcular as
coordenadas do ponto de interseção das retas r : 2x + 5y - 18 = 0 e s : 6x - 7y - 10 = 0.

Solução:
Da equação da reta r tiramos: x = (18 - 5y) / 2 (eq. 1);
substituindo na equação da reta s vem:
6[(18-5y) / 2] - 7y -10 = 0 ∴ 54 - 15y - 7y - 10 = 0 ∴ 44 - 22y = 0 ∴ 44 = 22y ∴ y = 2;
substituindo o valor de y na eq. 1 fica: .x = (18 - 5.2) / 2 = 4.
Portanto o ponto de interseção é o ponto P(4,2).

Agora resolva esta:


Qual a área do triângulo ABC de vértices A(2,5), B(0,3) e C(1,1)?
Resposta: S = 3 u.a. (3 unidades de área)

Determine a equação da reta que passa nos pontos P(2,5) e Q(1,4).

Solução:

Sendo G(x,y) um ponto qualquer da reta cuja equação é procurada, podemos escrever:

Aplicando a regra de Sarrus para desenvolver o determinante de 3ª ordem acima, vem:


- 4x - 2y - 5 + 8 + y + 5x = 0 ⇒ x - y + 3 = 0 que é a equação geral procurada. Observe que
a equação da reta também poderá ser escrita como y = x + 3. Esta última forma, é conhecida
como equação reduzida da reta, como veremos a seguir.

Francisco do Rosário Domingos 227


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1 - Outras formas de equação da reta

Vimos na seção anterior a equação geral da reta ou seja ax + by + c = 0.


Vamos apresentar em seqüência , outras formas de expressar equações de retas no plano
cartesiano:

1.1 - Equação reduzida da reta

Seja a reta r de equação geral ax + by + c = 0 . Para achar a


equação reduzida da reta , basta tirar o valor de y ou seja : y = (-
a/b)x - c/b .
Chamando - a/b = m e - c/b = n obtemos y = mx + n que é a
equação reduzida da reta de
equação geral ax + by + c = 0 .
O valor de m é o coeficiente angular e o valor de n é o coeficiente linear da reta .
Observe que na equação reduzida da reta , fazendo x = 0 , obtemos y = n , ou seja, a reta r
intercepta o eixo dos y no ponto (0 , n) de ordenada n .

Quanto ao coeficiente angular m , considere a reta r passando nos pontos A(x1 , y1) e B(x2 , y2)
.
Sendo y = mx + n a sua equação reduzida ,podemos escrever:
y1 = mx1 + n e y2 = mx2 + n .
Subtraindo estas equações membro a membro , obtemos
y1 - y2 = m (x1 - x2) .
Logo , a fórmula para o cálculo do coeficiente angular da reta que passa pelos dois
pontos (x1 , y1) e (x2 , y2) é :

Se considerarmos que as medidas Y2 - Y1 e X2 - X1 são os catetos de um triângulo retângulo,


conforme figura abaixo podemos concluir que o valor de m é numericamente igual à tangente
trigonométrica do ângulo α . Podemos então escrever m = tg α , onde o ângulo α é
denominado inclinação da reta . É o ângulo que a reta faz com o eixo dos x.
A tgα , como vimos é igual a m , e é chamada coeficiente angular da reta . Fica portanto
bastante justificada a terminologia coeficiente angular para o coeficiente m.
Observe que se duas retas são paralelas , então elas possuem a mesma inclinação ; logo,
concluímos que os seus coeficientes angulares são iguais.

Agora resolva este:

Analise as afirmativas abaixo:


(01) toda reta tem coeficiente angular .
(02) uma reta perpendicular ao eixo dos y tem coeficiente angular nulo .
(04) se a inclinação de uma reta é um ângulo obtuso o seu coeficiente angular é positivo
(08) se o coeficiente angular de uma reta é positivo , a sua inclinação será um ângulo agudo .
(16) se o coeficiente angular de uma reta é nulo , ela é obrigatoriamente coincidente com o

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eixo das abscissas .


(32) uma reta perpendicular ao eixo das abscissas não tem coeficiente angular .

Determine a soma dos números associados às sentenças verdadeiras.


Resp: 02+08+32 = 42

Equação segmentária da reta

Considere a reta representada na fig. a seguir:

Verificamos que a reta corta os eixos coordenados nos pontos (p,0) e (0,q).
Sendo G(x,y) um ponto genérico ou seja um ponto qualquer da reta, através da condição de
alinhamento de 3 pontos, chegamos facilmente à equação segmentária da reta:

Nota: se p ou q for igual a zero , não existe a equação segmentária (Lembre-se: não existe
divisão por zero); portanto , retas que passam na origem não possuem equação segmentária.

Exercício resolvido

Ache a equação segmentária da reta de equação geral 2x + 3y - 18 = 0.

Solução:
Podemos escrever: 2x + 3y = 18 ; dividindo ambos os membros por 18 vem:
2x/18 + 3y/18 = 18/18  x / 9 + y / 6 = 1. Vemos portanto que p = 9 e q = 6 e portanto a
reta corta os eixos coordenados nos pontos A(9,0) e B(0,6).

Equações paramétricas da reta

Quando um ponto qualquer P(x , y) de uma reta vem com suas coordenadas x e y expressas
em função de uma terceira variável t (denominada parâmetro), nós temos nesse caso as
equações paramétricas da reta.

x = f(t) onde f é uma função do 1o. grau


y = g(t) onde g é uma função do 1o. grau

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Nestas condições , para se encontrar a equação geral da reta , basta se tirar o valor de t em
uma das equações e substituir na outra .

Exercício resolvido

Um móvel descreve uma trajetória retilínea e suas coordenadas em função do tempo t , são:
x = 3t + 11
y = -6t +10
Qual a equação segmentária dessa trajetória?

Solução:
Multiplicando ambos os membros da 1ª equação paramétrica por 2, vem: 2x = 6t + 22.
Somando agora membro a membro com a 2ª equação, obtemos: 2x + y = 32 (observe que a
variável t é eliminada nessa operação pois 6t + ( -6t ) = 0 ). Dividindo ambos os membros da
equação obtida por 32 fica:
2x / 32 + y / 32 = 32 / 32 ∴ x / 16 + y / 32 = 1, que é a equação segmentária procurada.

Retas perpendiculares

Sabemos da Geometria Plana que duas retas são perpendiculares quando são concorrentes e
formam entre si um ângulo reto (90º) . Sejam as retas r: y = mr x + nr e s: y = ms x + ns .
Nestas condições podemos escrever a seguinte relação entre os seus coeficientes angulares:
ms = - 1 / mr ou mr . ms = -1 .
Dizemos então que se duas retas são perpendiculares, o produto dos seus coeficientes
angulares é igual a -1.

Deixaremos de demonstrar esta propriedade, não obstante a sua simplicidade, mas se você se
interessar em ver a demonstração, mande-me um e-mail solicitando.

Exercício resolvido

Dadas as retas de equações (2w - 2)x + (w - 1)y + w = 0 e (w - 3)y + x - 2w = 0, podemos


afirmar que:

a) elas são perpendiculares para qualquer valor de w


b) elas são perpendiculares se w = 1
c) elas são perpendiculares se w = -1
d) elas são perpendiculares se w = 0
e) essas retas não podem ser perpendiculares

Solução:
Podemos escrever para a 1ª reta: y = [-(2w-2) / (w-1)].x - w /(w-1).

Analogamente para a 2ª reta: y = [-1 / (w-3)].x + 2w / (w-3). Ora, os coeficientes de x são os


coeficientes angulares e, pelo que já sabemos, a condição de perpendicularidade é que o
produto desses coeficientes angulares seja igual a -1. Logo:

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Efetuando os cálculos indicados e simplificando-se obtemos: w2 - 2w + 1 = 0, que é equivalente


a
(w - 1)2 = 0, de onde conclui-se que w = 1.

Mas, cuidado! Observe que w = 1 anula o denominador da expressão acima e, portanto é


uma raiz estranha, já que não existe divisão por zero! Apesar das aparências, a raiz w = 1 não
serve! Logo, a alternativa correta é a letra E e não a letra B como ficou aparente.

I - Ângulo formado por duas retas

Sendo mr e ms os coeficientes angulares das retas r e s respectivamente , a tangente do ângulo


agudo θ formado pelas retas é dado por :

Notas:
1 - Ângulo agudo: ângulo cuja medida está entre 0 e 90º.

2 - Observe dois casos particulares da fórmula anterior, que merecem ser mencionados:

a) se as retas r e s, ao invés de serem concorrentes, fossem paralelas, o ângulo θ seria nulo e


portanto tg θ = 0 (pois tg 0 = 0). Nestas condições, o denominador da fórmula teria que ser
nulo, o que resultaria em mr = ms , ou seja, os coeficientes angulares teriam que ser iguais. Já
vimos isto num texto anterior, mas é bom repetir: RETAS PARALELAS POSSUEM COEFICIENTES
ANGULARES IGUAIS.

b) se as retas r e s fossem além de concorrentes, PERPENDICULARES, teríamos θ = 90º . Neste


caso a tangente não existe ( não existe tg 90º , sabemos da Trigonometria); mas se
considerarmos uma situação limite de um ângulo tão próximo de 90º quanto se queira, sem
entretanto nunca se igualar a 90º , a tangente do ângulo será um número cada vez maior,
tendendo ao infinito. Ora, para que o valor de uma fração seja um número cada vez maior,
tendendo ao infinito, o seu denominador deve ser um número infinitamente pequeno, tendendo
a zero. Nestas condições, o denominador da fórmula anterior 1+mr . ms seria um número tão
próximo de zero quanto quiséssemos e no limite teríamos 1 + mr . ms = 0.

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Ora, se 1 + mr . ms = 0, podemos escrever que mr . ms = -1, que é a condição necessária e


suficiente para que as retas sejam perpendiculares, conforme já vimos num texto anterior
publicado nesta página. Assim, é sempre bom lembrar: RETAS PERPENDICULARES POSSUEM
COEFICIENTES ANGULARES QUE MULTIPLICADOS É IGUAL A MENOS UM.

Exercício resolvido

Determine o ângulo agudo formado pelas retas r : 3x - y + 2 = 0 e s : 2x + y - 1 = 0.

Solução:
Para a reta r : y = 3x + 2. Logo, mr = 3.
Para a reta s : y = - 2x + 1. Logo, ms = -2.
Substituindo os valores na fórmula anterior e efetuando os cálculos, obtemos tgθ = 1, o que
significa que o ângulo entre as retas é igual a 45º, pois tg45º = 1.
(Faça os cálculos para conferir).

II - Estudo simplificado da circunferência

Considere a circunferência representada no plano cartesiano , conforme abaixo , cujo centro é o


ponto C(xo , yo) e cujo raio é igual a R , sendo P(x , y) um ponto qualquer pertencente à
circunferência .

Podemos escrever: PC = R e pela fórmula de distancia entre dois pontos, já vista em outro
texto publicado nesta página, teremos: (x - x0)2 + (y - y0)2 = R2 , que é conhecida como
equação reduzida da circunferência de centro C(x0,y0) e raio R. Assim, por exemplo, a equação
reduzida da circunferência de raio 5 e centro no ponto C(2,4) é dada por: (x - 2)2 + (y - 4)2 =
25.

Caso particular: Se o centro da circunferência coincidir com a origem do sistema de


coordenadas cartesianas ou seja o ponto O(0,0) , a equação reduzida da circunferência fica:
x2 + y2 = R2

Para obter a Equação Geral da circunferência, basta desenvolver a equação reduzida .


Temos:
x2 - 2x . xo + xo2 + y2 - 2y . yo + yo2 - R2 = 0 .

Fazendo -2xo = D , -2yo = E e xo2 + yo2 - R2 = F , podemos escrever a equação


x2 + y2 + D x + E y + F = 0 (Equação geral da circunferência).

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Então , concluímos que quando os coeficientes de x2 e y2 forem unitários , para determinar as


coordenadas do centro da circunferência , basta achar a metade dos coeficientes de x e de y ,
com os sinais trocados ou seja : x0 = - D / 2 e y0 = - E / 2 .

Se os coeficientes de x2 e de y2 não forem unitários , temos que dividir a equação pelo


coeficiente de x2 que é sempre igual ao coeficiente de y2 , no caso da circunferência.

Para o cálculo do raio R , observemos que F = xo2 + yo2 - R2 .


Mas, xo = - D / 2 e yo = - E /2 . Logo , podemos escrever a seguinte equação para o cálculo do
raio R a partir da equação geral da circunferência:

Cuidado! Para que a equação x2 + y2 + D x + E y + F = 0 , possa representar uma


circunferência, tem de ser atendida a condição D2 + E2 - 4.F > 0 , pois não existe raiz quadrada
real de número negativo .

Observe que se D2 + E2 - 4.F = 0 , a equação x2 + y2 + D x + E y + F = 0 representa apenas


um ponto do plano cartesiano! Por exemplo : x2 + y2 + 6x - 8y + 25 = 0 é a equação de um
ponto! Verifique.

Qual a sua interpretação para o caso D2 + E2 - 4F ser negativo? Ora, como não existe raiz
quadrada real de número negativo, conclui-se facilmente que a circunferência não existe neste
caso!

Exemplo:
Dada a equação x2 + y2 - 6x + 8y = 0, temos: D = - 6 , E = 8 e F = 0.
Logo, pelas igualdades anteriores, podemos determinar as coordenadas do centro e o raio
como segue:

xo = - (-6) / 2 = 3 ; yo = - 8 / 2 = -4 e R = 5 (faça as contas).


Portanto, o centro é o ponto C(3, -4) e o raio é igual a 5 u.c (u.c = unidade de comprimento).

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Matemática não tem idade!

A - Exercícios resolvidos

1 – E.E. Lins/1968

Dados os vértices P(1,1) , Q(3,- 4) e R(- 5,2) de um triângulo, o comprimento da mediana que
tem extremidade no vértice Q é:

a) 12,32
b) 10,16
c) 15,08
d) 7,43
e) 4,65

Solução:

Seja o triângulo PQR abaixo:

Sendo M o ponto médio do lado PR, o segmento de reta QM será a mediana relativa ao lado
PR.
Sendo os pontos P(1,1) e R(-5,2), o ponto médio M será: M(-2, 3/2).
Observe que:
-2 = [1 + (- 5)]/2 e 3/2 = (1 + 2)/2.

Em caso de dúvida, reveja Geometria Analítica clicando AQUI.

O comprimento da mediana procurado, será obtido calculando-se a distancia entre os pontos Q


e M.

Usando a fórmula da distancia entre dois pontos, vem:

Francisco do Rosário Domingos 234


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Portanto, a alternativa correta é a letra D.

2 – EPUSP/1966

Os pontos do plano cartesiano que satisfazem à equação sen(x – y) = 0 constituem:

a) uma reta
b) uma senóide
c) uma elipse
d) um feixe de retas paralelas
e) nenhuma das respostas anteriores

Solução:

O seno é nulo para os arcos expressos em radianos: 0, π , 2π , 3π , 4π, ... , kπ , onde k é um


número inteiro. Logo:
sen(x - y) = 0 ⇒ x – y = kπ

Daí, vem:
π ∴ y = x - kπ
- y = - x + kπ π , k ∈ Z.

Fazendo k variar no conjunto Z, obteremos um número infinito de retas de mesmo coeficiente


angular m = 1 e, portanto, paralelas, ou seja:
...................................................................
k = - 1 reta: y = x + π
k = 0 reta: y = x
k = 1 reta: y = x - π , e assim sucessivamente.
...................................................................

Portanto, a alternativa correta é a letra D (um feixe de retas paralelas).

3 – A equação x2 – y2 + x + y = 0 representa no sistema de coordenadas cartesianas:

a) uma hipérbole
b) uma elipse
c) uma circunferência
d) uma parábola
e) duas retas

Solução:

Temos: x2 – y2 + x + y = 0 ; podemos escrever:


(x – y)(x + y) + (x + y) = 0;

Observe que (x-y)(x+y)= x2 - y2

Fatorando, fica:
(x + y) (x – y + 1) = 0

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Para que o produto acima seja nulo, deveremos ter necessariamente:


x + y = 0 ou x – y + 1 = 0 ;

Logo,
y = - x ou y = x + 1, que são as equações de duas retas, o que nos leva à alternativa E.

B - Exercícios propostos

1 – FAUUSP/1968 – Determine a área do triângulo ABC onde A, B e C são, respectivamente, os


pontos médios dos segmentos MN, NP e PM, sendo
M(-1, -5), N(1,3) e P(7, -5).

Em caso de dúvida, reveja ponto médio de um segmento e


cálculo de área de um triângulo.

Resp: 8 u.a (8 unidades de área).

2 – EPUSP/1963 – Dado o ponto A(1,2), determine as coordenadas de dois pontos P e Q,


situados respectivamente sobre as retas y = x e y = 4x, de tal modo que A seja o ponto médio
do segmento PQ.

Em caso de dúvida, reveja equação da reta.

Resp: P(4/3,4/3) e Q(2/3,8/3)

3 – FAUUSP/1968 – Determine a equação da reta que passa pelo centro da circunferência de


equação 2x2 + 2y2 + 4x + 1 = 0 e é perpendicular à reta de equação x + 2y - 1 = 0.

Em caso de dúvida,reveja circunferência.

Resp: y = 2x + 2

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Elipse

1 – Definição:

Dados dois pontos fixos F1 e F2 de um plano, tais que a distancia entre estes pontos seja igual a
2c > 0, denomina-se elipse, à curva plana cuja soma das distancias de cada um de seus pontos
P à estes pontos fixos F1 e F2 é igual a um valor constante 2a , onde a > c.
Assim é que temos por definição:
PF1 + PF2 = 2 a
Os pontos F1 e F2 são denominados focos e a distancia F1F2 é conhecida com distancia focal
da elipse.
O quociente c/a é conhecido como excentricidade da elipse.
Como, por definição, a > c, podemos afirmar que a excentricidade de uma elipse é um número
positivo menor que a unidade.

2 – Equação reduzida da elipse de eixo maior horizontal e centro na origem (0,0).

Seja P(x, y) um ponto qualquer de uma elipse e sejam F1(c,0) e F2(-c,0) os seus focos. Sendo
2a o valor constante com c < a, como vimos acima, podemos escrever:
PF1 + PF2 = 2.a

onde o eixo A1A2 de medida 2a, é denominado eixo maior da elipse e o eixo B1B2 de medida
2b, é denominado eixo menor da elipse.

Usando a fórmula da distancia entre dois pontos, poderemos escrever:

Observe que x – (-c) = x + c.

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Quadrando a expressão acima, vem:

Com bastante paciência , desenvolvendo a expressão acima e fazendo a2 – c2 = b2 , a


expressão acima depois de desenvolvida e simplificada, chegará a:

b2.x2 + a2.y2 = a2.b2

Dividindo agora, ambos os membros por a2b2 vem finalmente:

que é a equação da elipse de eixo maior horizontal e centro na origem (0,0).

Notas:
1) como a2 – c2 = b2 , é válido que: a2 - b2 = c2, onde c é a abcissa de um dos focos da
elipse.
2) como a excentricidade e da elipse é dada por e = c/a , no caso extremo de termos b = a,
a curva não será uma elipse e sim, uma circunferência, de excentricidade nula, uma vez que
sendo b = a resulta c = 0 e, portanto e = c/a = 0/a = 0.
3) o ponto (0,0) é o centro da elipse.
4) se o eixo maior da elipse estiver no eixo dos y e o eixo menor estiver no eixo dos x, a
equação da elipse de centro na origem (0,0) passa a ser:

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EXERCÍCIOS RESOLVIDOS E PROPOSTOS

1 – Determine a excentricidade da elipse de equação 16x2 + 25y2 – 400 = 0.

SOLUÇÃO: Temos: 16x2 + 25y2 = 400. Observe que a equação da elipse não está na forma
reduzida. Vamos dividir ambos os membro por 400. Fica então:

Portanto, a2 = 25 e b2 = 16. Daí, vem: a = 5 e b = 4.


Como a2 = b2 + c2 , vem substituindo e efetuando, que c = 3
Portanto a excentricidade e será igual a : e = c/a = 3/5 = 0,60
Resposta: 3/5 ou 0,60.

2 – CESCEA 1969 – Determine as coordenadas dos focos da elipse de equação


9x2 + 25y2 = 225.

SOLUÇÃO: dividindo ambos os membros por 225, vem:

Daí, vem que: a2=25 e b2=9, de onde deduzimos: a = 5 e b = 3.


Portanto, como a2 = b2 + c2, vem que c = 4.
Portanto, as coordenadas dos focos são: F1(4,0) e F2(-4,0).

3 – Determine a distancia focal da elipse 9x2 +25y2 – 225 =0.

SOLUÇÃO: a elipse é a do problema anterior. Portanto a distancia focal ou seja, a distancia


entre os focos da elipse será:
D = 4 – (- 4) = 8 u.c (u.c. = unidades de comprimento).

4 – Calcular a distancia focal e a excentricidade da elipse 25x2 + 169y2 = 4225.


Resposta: e = 12/13 e df = 2c = 24.

5 – Determinar a equação da elipse com centro na origem, que passa pelo ponto P(1,1) e tem
um foco F(-√ 6 /2, 0).
Resposta: x2 + 2y2 = 3.

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Hipérbole

1 – Definição:

Dados dois pontos fixos F1 e F2 de um plano, tais que a distancia entre estes pontos seja igual a
2c > 0, denomina-se hipérbole, à curva plana cujo módulo da diferença das distancias de cada
um de seus pontos P à estes pontos fixos F1 e F2 é igual a um valor constante 2a , onde a < c.
Assim é que temos por definição:
 PF1 - PF2  = 2 a

Os pontos F1 e F2 são denominados focos e a distancia F1F2 é conhecida com distancia focal
da hipérbole.
O quociente c/a é conhecido como excentricidade da hipérbole.
Como, por definição, a < c, concluímos que a excentricidade de uma hipérbole é um número
positivo maior que a unidade.
A1A2 é denominado eixo real ou eixo transverso da hipérbole, enquanto que B1B2 é
denominado eixo não transverso ou eixo conjugado da hipérbole. Observe na figura acima
que é válida a relação:
c2 = a2 + b2
O ponto (0,0) é o centro da hipérbole.

2 – Equação reduzida da hipérbole de eixo transverso horizontal e centro na origem (0,0)

Seja P(x, y) um ponto qualquer de uma hipérbole e sejam F1(c,0) e F2(-c,0) os seus focos.
Sendo 2.a o valor constante com c > a, como vimos acima, podemos escrever:
 PF1 - PF2  = 2 a
Usando a fórmula da distancia entre dois pontos, poderemos escrever:

Observe que x – (-c) = x + c.


Quadrando a expressão acima, vem:

Francisco do Rosário Domingos 240


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Com bastante paciência e aplicando as propriedades corretas, a expressão acima depois de


desenvolvida e simplificada, chegará a:
b2.x2 - a2.y2 = a2.b2, onde b2 = c2 – a2 , conforme pode ser verificado na figura acima.

Dividindo agora, ambos os membros por a2b2 vem finalmente:

Obs: se o eixo transverso ou eixo real (A1A2) da hipérbole estiver no eixo dos y e o
eixo não transverso ou eixo conjugado (B1B2) estiver no eixo dos x, a equação da
hipérbole de centro na origem (0,0) passa a ser:

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS E PROPOSTOS

1 – Determine a excentricidade da hipérbole de equação 25x2 - 16y2 – 400 = 0.

SOLUÇÃO: Temos: 25x2 - 16y2 = 400. Observe que a equação da hipérbole não está na forma
reduzida. Vamos dividir ambos os membro por 400. Fica então:

Portanto, a2 = 16 e b2 = 25. Daí, vem: a = 4 e b = 5.


Como c2 = a2 + b2 , vem substituindo e efetuando que c = √ 41
Portanto a excentricidade e será igual a : e = c/a = √ 41 /4 = 1,60
Resposta: 1,60.

2 – Determine a distancia focal da hipérbole de equação 25x2 – 9y2 = 225 .

SOLUÇÃO: Dividindo ambos os membros por 225, vem:

Daí, vem que: a2=9 e b2=25, de onde vem imediatamente: a=3 e b=5.
Portanto, c2 = a2 + b2 = 9 + 25 = 34 e então c = √ 34.
Logo, a distancia focal da hipérbole sendo igual a 2c , será igual a 2√ 34.

3 – Determine as equações das assíntotas da hipérbole do exercício 1.


Resposta: y = (5/4).x ou y = (-5/4).x
NOTA: entende-se por assíntotas de uma hipérbole de centro na origem, como as retas que
passam na origem (0,0) e tangenciam os dois ramos da hipérbole num ponto impróprio situado
no infinito.
Dada a hipérbole de equação:

Francisco do Rosário Domingos 241


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Prova-se que as assíntotas, são as retas de equações:


R1: y = (b/a).x e R2: y = -(b/a).x
Veja a figura abaixo:

Francisco do Rosário Domingos 242


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Parábola

1 - Introdução

Se você consultar o Novo Dicionário Brasileiro Melhoramentos - 7ª edição, obterá a seguinte


definição para a parábola:
"Curva plana, cujos pontos são eqüidistantes de um ponto fixo (foco) e de uma reta fixa
(diretriz) ou curva resultante de uma secção feita num cone por um plano paralelo à geratriz.
Curva que um projétil descreve."

Esta definição não está distante da realidade do rigor matemático. (Os dicionários, são, via de
regra, uma boa fonte de consulta também para conceitos matemáticos, embora não se consiga
neles - é claro - a perfeição absoluta, o que, de uma certa forma, é bastante compreensível,
uma vez que a eles, não cabe a responsabilidade pela precisão dos conceitos e definições
matemáticas).

2 - Definição

Considere no plano cartesiano xOy, uma reta d (diretriz) e um ponto fixo F (foco) pertencente
ao eixo das abcissas (eixo dos x), conforme figura abaixo:
Denominaremos PARÁBOLA, à curva plana formada pelos pontos P(x,y) do plano cartesiano,
tais que
PF = Pd onde:
PF = distância entre os pontos P e F
PP' = distância entre o ponto P e a reta d (diretriz).

Importante: Temos portanto, a seguinte relação notável: VF = p/2

Francisco do Rosário Domingos 243


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3 - Equação reduzida da parábola de eixo horizontal e vértice na origem

Observando a figura acima, consideremos os pontos: F(p/2, 0) - foco da parábola, e P(x,y) - um


ponto qualquer da parábola. Considerando-se a definição acima, deveremos ter: PF = PP'

Daí, vem, usando a fórmula da distancia entre pontos do plano cartesiano:

Desenvolvendo convenientemente e simplificando a expressão acima, chegaremos à equação


reduzida da parábola de eixo horizontal e vértice na origem, a saber:
y2 = 2px onde p é a medida do parâmetro da parábola.

3.1 - Parábola de eixo horizontal e vértice no ponto (x0, y0)

Se o vértice da parábola não estiver na origem e, sim, num ponto (x0, y0), a equação acima
fica:
(y - y0)2 = 2p(x-x0)

3.2 - Parábola de eixo vertical e vértice na origem

Não é difícil provar que, se a parábola tiver vértice na origem e eixo vertical, a sua equação
reduzida será: x2 = 2py

3.3 - Parábola de eixo vertical e vértice no ponto (x0, y0)

Analogamente, se o vértice da parábola não estiver na origem, e, sim, num ponto (x0, y0), a
equação acima fica: (x - x0)2 = 2p(y - y0)

Exercícios resolvidos

1 - Qual a equação da parábola de foco no ponto F(2,0) e vértice na origem?

Solução: Temos p/2 = 2 ∴ p = 4


Daí, por substituição direta, vem:
y2 = 2.4.x ∴ y2 = 8x ou y2 - 8x = 0.

2 - Qual a equação da parábola de foco no ponto F(4,0) e vértice no ponto V(2,0)?

Solução: Como já sabemos que VF = p/2, vem, 2 = p/2 ∴ p = 4.


Logo, (y - 0)2 = 2.4(x - 2)2 ∴ y2 = 8(x-2) ∴ y2 - 8x + 16 = 0, que é a equação da parábola.

3 - Qual a equação da parábola de foco no ponto F(6,3) e vértice no ponto V(2,3)?

Francisco do Rosário Domingos 244


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Solução: Como VF = p/2, vem: 4 = p/2 ∴ p = 8.


Daí, vem: (y - 3)2 = 2.8(x - 2) ∴ y2 - 6y + 9 = 16x - 32 ∴ y2 - 6y - 16x + 41 = 0, que é a
equação procurada.

4 - Qual a equação da parábola de foco no ponto F(0,4) e vértice no ponto V(0,1)?

Solução: Como VF = p/2, vem: 3 = p/2 ∴ p = 6. Logo,


(x - 0)2 = 2.6(y - 1) ∴ x2 = 12y - 12 ∴ x2 - 12y + 12 = 0, que é a equação procurada.

Exercício proposto

Determine a equação da parábola cuja diretriz é a reta y = 0 e cujo foco é o ponto F(2,2).
Resposta: x2 - 4x - 4y + 8 = 0

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Hipérbole Equilátera

1 – INTRODUÇÃO

Vimos no capítulo anterior a equação da hipérbole cujo gráfico reproduzimos abaixo:

onde:
F1 e F2 = focos da hipérbole.
F1F2 = distância focal da hipérbole
A1 e A2 = vértices da hipérbole
A1A2 = eixo real ou eixo transverso da hipérbole
B1B2 = eixo não transverso ou eixo conjugado da hipérbole

Sendo P um ponto qualquer da hipérbole, vimos que a relação básica que a define é dada por:
PF1 - PF2= 2a , onde 2a é a distância entre os seus vértices.

Da relação anterior, chegamos à equação reduzida da hipérbole, reproduzida a seguir:

onde b2 = c2 – a2 , conforme ilustrado na figura acima, sendo:


a = medida do semi-eixo transverso da hipérbole
b = medida do semi-eixo não transverso da hipérbole
c = medida da semi-distância focal da hipérbole

Vimos no arquivo anterior que as assíntotas de uma hipérbole são as retas


y = (b/a).x e y = (- b/a).x

Francisco do Rosário Domingos 246


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2 – DEFINIÇÃO

Chama-se HIPÉRBOLE EQUILÁTERA a toda hipérbole cujos semi-eixos de medidas a e b são


iguais.
Assim, fazendo a = b na equação acima, obteremos:

De onde vem finalmente que:

x 2 – y 2 = a2
que é a equação reduzida de uma hipérbole equilátera.

Veja a seguir, o gráfico de uma hipérbole equilátera x2 – y2 = a2 referida ao plano cartesiano


xOy:

As retas y = x e y = - x , são as assíntotas da hipérbole equilátera x2 – y2 = a2 .

NOTAS:
a) Observe que para a = 0, teríamos x2 – y2 = 0 ou fatorando o primeiro membro:
(x – y) . (x + y) = 0, de onde conclui-se:
x – y = 0 OU x + y = 0, e, em conseqüência,
y = x OU y = -x
cujo gráfico é a reunião das retas y = x (bissetriz do primeiro e segundo quadrantes) e y = -x
(bissetriz do segundo e quarto quadrantes), e, portanto não representa uma hipérbole.

b) Já sabemos da aula anterior que a excentricidade de uma hipérbole é dada por e = c/a
onde b2 = c2 – a2 . Como nas hipérboles equiláteras, temos a = b, substituindo, vem
imediatamente que c = √2 . a, de onde conclui-se que a excentricidade de uma hipérbole

Francisco do Rosário Domingos 247


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equilátera é igual a
e = c / a = √2a / a = √2

c) Como na hipérbole equilátera os semi-eixos transverso e não transverso possuem a mesma


medida, ou seja, a = b, concluímos que as suas assíntotas serão as retas y = (a/b).x = (a/a).x
=x
e y = (-b/a).x = (-a/a).x = - x , conclusão fundamentada na observação do item 1 acima.

Portanto, as assíntotas da hipérbole equilátera são as retas y = x e y = -x, que são retas
perpendiculares, pois o produto dos seus coeficientes angulares é igual a -1.
Conclui-se pois, que as assíntotas da hipérbole equilátera, são retas perpendiculares entre si.

d) Já sabemos do item (c) acima, que as assíntotas da hipérbole equilátera são as retas y = x
ou y = -x , expressões equivalentes a y – x = 0 ou y + x = 0.

Já sabemos que a distância de um ponto P(x0 , y0) à uma reta r de equação ax + by + c =


0, é dada pela fórmula:

Concluímos então, que a distância de um ponto P(x, y) qualquer da hipérbole equilátera às


assíntotas será dada por:

e respectivamente.

Observe que os numeradores acima devem ser tomados em módulo, uma vez que referem-se a
distâncias.

Se considerarmos dois novos eixos coordenados X e Y, coincidentes com as assíntotas x – y = 0


e x + y = 0, as coordenadas do ponto P(x, y), passarão a ser P(X, Y), com:

Voltando à equação reduzida da hipérbole equilátera, dada por x2 – y2 = a2 (referida aos eixos
coordenados Ox e Oy) e fatorando o primeiro membro, vem: (x – y) . ( x + y) = a2 .

Podemos escrever a seguinte expressão equivalente a x2 – y2 = a2 :

Francisco do Rosário Domingos 248


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cuja veracidade é percebida facilmente, bastando efetuar o produto indicado no primeiro


membro.

Substituindo, vem finalmente:


X.Y = a2/2

Fazendo a2/2 = K = constante, podemos escrever X.Y = K , que é a equação da hipérbole


equilátera referida aos eixos y = x e y = -x, que são as assíntotas da hipérbole equilátera
x2 – y2 = a2

Portanto, em resumo podemos afirmar:


1 – a equação da hipérbole equilátera referida aos eixos coordenados x e y é dada por
x2 – y2 = a2 . As assíntotas neste caso, são as retas y = x e y = - x.

2 – a equação da hipérbole equilátera referida às suas assíntotas x – y = 0 e x + y = 0 é dada


por
X.Y = a2/2 = K. As assíntotas neste caso, são os eixos coordenados Ox e Oy, ou seja, as retas
y = 0 e x = 0, respectivamente.

Veja a seguir, exemplo de gráfico da hipérbole equilátera x.y = k, com k > 0, onde os eixos
coordenados OX e Oy são as assíntotas.

As equações da forma x.y = k, onde k é uma constante, tem como representação geométrica
no plano xOy, portanto, curvas denominadas hipérboles equiláteras.

Um exemplo prático de uma lei física cuja representação gráfica é uma hipérbole equilátera, é a
lei de Boyle - Mariotte, estudada nos compêndios de Física e Química.

A lei de Boyle-Mariotte, estabelece que sob temperatura constante, o volume ocupado por uma
certa massa de gás, é inversamente proporcional a sua pressão.
Seja V o volume de um gás submetido a uma pressão P, a uma temperatura constante.
A lei de Boyle-Mariotte, estabelece que P.V = constante = k.
Por analogia com a equação X.Y = K, podemos concluir que o gráfico do volume V em função

Francisco do Rosário Domingos 249


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da pressão P, de um gás submetido a uma temperatura constante, será uma hipérbole


equilátera.

As cônicas – hipérbole, parábola, elipse e a circunferência, possuem todas elas, um aspecto


singular: podem ser obtidas através da interseção de um plano convenientemente escolhido
com uma superfície cônica, conforme mostrado na figura a seguir:

Antes de prosseguir, não resisto a fazer mais uma afirmação verdadeira:


A circunferência é, na realidade, uma elipse perfeita, cuja excentricidade é nula.

Nota: Os admiradores da elipse, poderão eventualmente afirmar equivocadamente: a


circunferência é uma elipse imperfeita! Eu, prefiro a primeira assertiva, pois é a correta!.

Brincadeiras à parte, prossigamos!

No caso da elipse já sabemos que:

excentricidade = e = c/a
Como é válido na elipse que a2 = b2 + c2 , vem que:

Ora, como c < a , vem imediatamente que e < 1. Também, como a e c são distâncias e

Francisco do Rosário Domingos 250


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portanto, positivas, vem que e > 0. Em resumo, no caso da elipse, a excentricidade é um


número situado entre 0 e 1 ou seja:
0 < e < 1.

Observa-se que a elipse é tanto mais achatada quanto mais próximo da unidade estiver a sua
excentricidade.

Raciocinando opostamente, se o valor de c se aproxima de zero, os valores de a e de b tendem


a igualar-se e a elipse, no caso extremo de c = 0, (o que implica e = 0) transforma-se numa
circunferência. A circunferência é então, uma elipse de excentricidade nula.

No caso da hipérbole , já sabemos que c2 = a2 + b2 e, portanto,

Neste caso, c > a, o que significa que a excentricidade de uma hipérbole é um número real
maior do que a unidade, ou seja e > 1.

Observe na fórmula acima que se as medidas a e b forem iguais, ou seja


a = b, teremos uma hipérbole equilátera, cuja excentricidade será igual a e = √ 2, resultado
obtido fazendo a = b na fórmula acima.

Resumindo, observe que sendo e a excentricidade de uma cônica:

Cônica e
Circunferência 0
Elipse 0<e<1
Hipérbole e>1

Quanto à parábola , podemos dizer, que a sua excentricidade será igual a 1? Em a realidade, a
excentricidade da parábola é igual a 1; Vamos desenvolver este assunto a seguir:

Considere o seguinte problema geral:

Determinar o lugar geométrico dos pontos P(x, y) do plano cartesiano que satisfazem à
condição PF = e . Pd, onde F é um ponto fixo do plano denominado foco e d uma reta
denominada diretriz, sendo e uma constante real.

Veja a figura abaixo, para ilustrar o desenvolvimento do tema:

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Temos então, pela condição dada, PF = e.Pd, onde e é uma constante real.
Usando a fórmula de distancia entre dois pontos, fica:

Quadrando e desenvolvendo ambos os membros da expressão acima, vem:

(x – f)2 + y2 = e2 .(x – d)2


x2 – 2.f.x + f2 + y2 = e2 (x2 – 2.d.x + d2)
x2 – e2.x2 – 2.f.x + e2.2.d.x + y2 + f2– e2.d2 = 0
x2(1 – e2) + y2 + (2e2d – 2f)x + f2 – e2.d2 = 0

Ou finalmente:

x2(1 – e2) + y2 + 2(e2d – f)x + f2 – e2d2 = 0

Fazendo e = 1 na igualdade acima, obteremos


y2 + 2(d – f).x + f2 – d2 = 0

Fazendo d = - f, vem:
y2 – 4fx = 0 ou y2 = 4fx, que é uma parábola da forma y2 = 2px, onde
f = p/2, conforme vimos no texto correspondente.

A constante e é denominada excentricidade.

Francisco do Rosário Domingos 252


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Vê-se pois, que a excentricidade de uma parábola é igual a 1.

Já conhecemos o sistema de coordenadas cartesianas, noção introduzida por René Descartes –


filósofo e matemático francês, 1596 – 1650, criador dos fundamentos da Geometria Analítica.

Vamos agora, conhecer o sistema de coordenadas polares, as quais vinculam-se com as


coordenadas cartesianas, através de relações trigonométricas convenientes.

Seja O um ponto do plano e considere uma semi-reta de origem O. Denominemos o ponto O de


pólo e a semi-reta, de eixo polar.

Um ponto qualquer P neste sistema, poderá ser univocamente determinado, através da


distância do ponto P ao ponto O , e do ângulo θ formado entre o segmento de reta OP e o eixo
polar.

Adotando-se por convenção, o sentido trigonométrico para o ângulo θ , ou seja, o sentido anti-
horário, no qual os ângulos são considerados positivos, podemos construir a figura abaixo:

Observe que o ponto P de coordenadas cartesianas P(x,y), pode ser também ser expresso pelas
suas coordenadas polares correspondentes P(ρ,θ), onde, pela figura acima, pode-se escrever:
x = ρ.cosθ
y = ρ.senθ

A distancia OP = ρ é denominada raio vetor e o ângulo θ é denominado ângulo


polar.
Quadrando as duas expressões acima e somando membro a membro, vem:
x2 + y2 = ρ2.cos2θ + ρ2.sen2θ = ρ2(cos2θ + sen2θ) = ρ2
Observe que cos2θ + sen2θ = 1, a relação fundamental da Trigonometria.
Analogamente, temos que tgθ θ = y/x , no triângulo retângulo da figura acima.
Em resumo, teremos:
x2 + y2 = ρ2 , com ρ ≥ 0, já que OP = ρ é uma distância e portanto, um valor positivo ou nulo,
e,
tgθ = y/x

Francisco do Rosário Domingos 253


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Exemplos:

a) considere o ponto P(1,1). As suas coordenadas polares serão P(√2,π/4), pois:


ρ2= 12 + 12 = 2 ∴ ρ = √2
tg θ = y/x = 1/1 = 1 ∴ θ = π/4 radianos.

b) considere o ponto P(1,0). As suas coordenadas polares serão P(1,0), pois:


ρ2 = 12 + 02 = 1 ∴ ρ = 1
tg θ = y/x = 0/1 = 0 ∴ θ = 0 radianos.

c)considere o ponto P(0,1). As suas coordenadas polares serão P(1, π/2), pois:
ρ2 = 02 + 12 = 1 ∴ ρ = 1
tg θ = y/x = 1/0. Sabemos que não existe a divisão por zero , mas podemos verificar neste
caso que o ponto P(0,1) situa-se no eixo dos y e, portanto, θ = 90º = π/2 radianos.

Vamos agora, desenhar alguns gráficos de curvas expressas através das suas coordenadas
polares.

1 – Esboçar o gráfico da curva ρ = 2θ.


Inicialmente, vamos construir uma tabela, onde vamos atribuir valores a θ (em radianos) e
calcular o valor correspondente de ρ.

θ (em graus) 0 30º 45º 60º 90º 135º 180º 270º 360º
θ (em radianos) 0 π/6 π/4 π/3 π/2 3π/4 π 3π/2 2π
ρ = 2θ 0 π/3 π/2 2π/3 π 3π/2 2π 3π 4π
ρ = 2θ (aprox.) 0 1,05 1,57 2,10 3,14 4,71 6,28 9,42 12,56

Plotando (locando ou marcando) os pontos obtidos acima, obteremos a curva a seguir,


denominada Espiral de Arquimedes.
De uma forma geral, a equação polar da forma ρ = a.θ onde a é uma constante, representa
uma curva denominada Espiral de Arquimedes.

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2 – Esboçar a curva ρ = 2(1 + cosθ).


Analogamente, obteremos a curva abaixo, denominada cardióide.

De uma forma geral, as equações da forma ρ = 2a(1 + cosθ) onde a é uma constante, são
curvas denominadas Cardióide.

3 – Esboçar a curva ρ = 2/θ.


Analogamente, obteríamos a curva abaixo, denominada Espiral Hiperbólica.

De uma forma geral, as equações da forma ρ = a/θ onde a é uma constante, são curvas
denominadas Espirais hiperbólicas.

4 – Esboçar a curva ρ2 = 4.cos(2θ).


Analogamente, obteremos a curva abaixo, denominada Lemniscata de Bernoulli.

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De uma forma geral, as equações da forma ρ2 = a2.cos(2θ), onde a é uma constante,


representam curvas denominadas Lemniscata de Bernoulli.

5 – Esboce a curva ρ = 4.
Verifique você mesmo, que teremos neste caso, uma circunferência de raio 4.
Nota: as figuras acima foram executadas pelo meu filho Rafael Marques,14.

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1 - Sistema linear

É um conjunto de m equações lineares de n incógnitas (x1, x2, x3, ... , xn) do tipo:
a11x1 + a12x2 + a13x3 + ... + a1nxn = b1
a21x1 + a22x2 + a23x3 + ... + a2nxn = b2
a31x1 + a32x2 + a33x3 + ... + a3nxn = b3
.................................................................
.................................................................
am1x1 + am2x2 + am3x3 + ... + amnxn = bn

Exemplo:
3x + 2y - 5z = -8
4x - 3y + 2z = 4
7x + 2y - 3z = 2
0x + 0y + z = 3

Temos acima um sistema de 4 equações e 3 incógnitas (ou variáveis).


Os termos a11, a12, ... , a1n, ... , am1, am2, ..., amn são denominados coeficientes e b1, b2, ... , bn
são os
termos independentes.
A ênupla (α 1, α 2 , α 3 , ... , α n) será solução do sistema linear se e somente se satisfizer
simultaneamente a todas as m equações.

Exemplo: O terno ordenado (2, 3, 1) é solução do sistema:


x + y + 2z = 7
3x + 2y - z = 11
x + 2z = 4
3x - y - z = 2
pois todas as equações são satisfeitas para x=2, y=3 e z=1.

Notas:
1 - Dois sistemas lineares são EQUIVALENTES quando possuem as mesmas soluções.
Exemplo: Os sistemas lineares

2x + 3y = 12
S1:
3x - 2y = 5
5x - 2y = 11
S2:
6x + y = 20

são equivalentes, pois ambos admitem o par ordenado (3, 2) como solução. Verifique!

2 - Se um sistema de equações possuir pelo menos uma solução, dizemos que ele é POSSÍVEL
ou COMPATÍVEL.

3 - Se um sistema de equações não possuir solução, dizemos que ele é IMPOSSÍVEL ou


INCOMPATÍVEL.

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4 - Se o sistema de equações é COMPATÍVEL e possui apenas uma solução, dizemos que ele é
DETERMINADO.

5 - Se o sistema de equações é COMPATÍVEL e possui mais de uma solução, dizemos que ele é
INDETERMINADO.

6 - Se os termos independentes de todas as equações de um sistema linear forem todos nulos,


ou seja
b1 = b2 = b3 = ... = bn = 0, dizemos que temos um sistema linear HOMOGÊNEO.

Exemplo:
x + y + 2z = 0
2x - 3y + 5z = 0
5x - 2y + z = 0

2 - Exercícios Resolvidos

2.1 - UEL - 84 (Universidade Estadual de Londrina)


Se os sistemas

x+y=1
S1:
x - 2y = -5
ax - by = 5
S2:
ay - bx = -1

são equivalentes, então o valor de a2 + b2 é igual a:

a) 1
b) 4
c) 5
d) 9
e) 10

Solução:

Como os sistemas são equivalentes, eles possuem a mesma solução. Vamos resolver o sistema
S1:
x+y=1
x - 2y = -5

Subtraindo membro a membro, vem: x - x + y - (-2y) = 1 - (-5). Logo, 3y = 6 ∴ y = 2.


Portanto, como x+y = 1, vem, substituindo: x + 2 = 1 ∴ x = -1.
O conjunto solução é portanto S = {(-1, 2)}.

Como os sistemas são equivalentes, a solução acima é também solução do sistema S2. Logo,
substituindo em S2 os valores de x e y encontrados para o sistema S1, vem:
a(-1) - b(2) = 5 ⇒ - a - 2b = 5

Francisco do Rosário Domingos 258


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a(2) - b (-1) = -1 ⇒ 2 a + b = -1
Multiplicando ambos os membros da primeira equação (em azul) por 2, fica:
-2 a - 4b = 10
Somando membro a membro esta equação obtida com a segunda equação (em vermelho),
fica: -3b = 9 ∴ b = - 3
Substituindo o valor encontrado para b na equação em vermelho acima (poderia ser também na
outra equação em azul), teremos:
2 a + (-3) = -1 ∴ a = 1.
Portanto, a2 + b2 = 12 + (-3)2 = 1 + 9 = 10.
Portanto a alternativa correta é a letra E.

2.2 - Determine o valor de m de modo que o sistema de equações abaixo,


2x - my = 10
3x + 5y = 8, seja impossível.

Solução:
Teremos, expressando x em função de m, na primeira equação:
x = (10 + my) / 2
Substituindo o valor de x na segunda equação, vem:
3[(10+my) / 2] + 5y = 8

Multiplicando ambos os membros por 2, desenvolvendo e simplificando, vem:


3(10+my) + 10y = 16
30 + 3my + 10y = 16
(3m + 10)y = -14
y = -14 / (3m + 10)

Ora, para que não exista o valor de y e, em conseqüência não exista o valor de x, deveremos
ter o denominador igual a zero, já que , como sabemos, NÃO EXISTE DIVISÃO POR ZERO.

Portanto, 3m + 10 = 0 , de onde conclui-se m = -10/3, para que o sistema seja impossível, ou


seja, não possua solução.

Agora, resolva e classifique os seguintes sistemas:

a) 2x + 5y .- ..z = 10
.............3y + 2z = ..9
.....................3z = 15

b) 3x - 4y = 13
.....6x - 8y = 26

c) 2x + 5y = 6
....8x + 20y = 18

Resp:
a) sistema possível e determinado. S = {(25/3, -1/3, 5)}

Francisco do Rosário Domingos 259


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b) sistema possível e indeterminado. Possui um número infinito de soluções.


c) sistema impossível. Não admite soluções.

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Método de eliminação de Gauss ou método do escalonamento

Karl Friedrich Gauss - astrônomo, matemático e físico alemão - 1777/1855.

O método de eliminação de Gauss para solução de sistemas de equações lineares, também


conhecido como escalonamento, baseia-se em três transformações elementares, a saber:

T1 - um sistema de equações não se altera, quando permutamos as posições de duas equações


quaisquer do sistema.

Exemplo: os sistemas de equações lineares


2x + 3y = 10
5x - 2y = 6

5x - 2y = 6
2x + 3y = 10
são obviamente equivalentes, ou seja, possuem o mesmo conjunto solução. Observe que
apenas mudamos a ordem de apresentação das equações.

T2 - um sistema de equações não se altera, quando multiplicamos ambos os membros de


qualquer uma das equações do sistema, por um número real não nulo.

Exemplo: os sistemas de equações lineares


3x + 2y - z = 5
2x + y + z = 7
x - 2y + 3z = 1

3x + 2y - z = 5
2x + y + z = 7
3x - 6y + 9z = 3
são obviamente equivalentes, pois a terceira equação foi multiplicada membro a membro por 3.

T3: um sistema de equações lineares não se altera, quando substituímos uma equação
qualquer por outra obtida a partir da adição membro a membro desta equação, com outra na
qual foi aplicada a transformação T2.

Exemplo: os sistemas
15x - 3y = 22
5x + 2y = 32

15x - 3y = 22
...... - 9y = - 74
são obviamente equivalentes (ou seja, possuem o mesmo conjunto solução), pois a
segunda equação foi substituída pela adição da primeira equação, com a segunda multiplicada
por ( -3 ).

Vamos resolver, a título de exemplo, um sistema de equações lineares, pelo método de Gauss
ou escalonamento.

Francisco do Rosário Domingos 261


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Seja o sistema de equações lineares:


. x + 3y - 2z = 3 .Equação 1
2x . - .y + z = 12 Equação 2
4x + 3y - 5z = 6 .Equação 3

SOLUÇÃO:
1 - Aplicando a transformação T1, permutando as posições das equações 1 e 2, vem:
2x .-...y + z = 12
x ..+ 3y - 2z = 3
4x + 3y - 5z = 6

2 - Multiplicando ambos os membros da equação 2, por (- 2) - uso da transformação T2 -


somando o resultado obtido com a equação 1 e substituindo a equação 2 pelo resultado obtido
- uso da transformação T3 - vem:
2x - ..y + z = 12
.....- 7y + 5z = 6
4x + 3y - 5z = 6

3 - Multiplicando ambos os membros da equação 1 por (-2), somando o resultado obtido com a
equação 3 e substituindo a equação 3 pela nova equação obtida, vem:
2x - ..y + ..z = ...12
.....- 7y + 5z = ....6
........5y - 7z = - 18

4 - Multiplicando a segunda equação acima por 5 e a terceira por 7, vem:


2x -.....y + ....z =....12
.....- 35y +25z =... 30
.......35y - 49z = -126

5 - Somando a segunda equação acima com a terceira, e substituindo a terceira pelo resultado
obtido, vem:
2x - .....y + ....z = ..12
.....- 35y + 25z = ..30
...............- 24z = - 96

6 - Do sistema acima, tiramos imediatamente que: z = (-96) / (-24) = 4, ou seja, z = 4.


Como conhecemos agora o valor de z, fica fácil achar os valores das outras incógnitas:
Teremos: - 35y + 25(4) = 30 ∴ y = 2.
Analogamente, substituindo os valores conhecidos de y e z na primeira equação acima, fica:
2x - 2 + 4 = 12 ∴ x = 5.
Portanto, x = 5, y = 2 e z = 4, constitui a solução do sistema dado. Podemos então escrever
que o conjunto solução S do sistema dado, é o conjunto unitário formado por um terno
ordenado (5,2,4) :
S = { (5, 2, 4) }

Verificação:

Francisco do Rosário Domingos 262


Apontamentos de Matemática Essencial

Substituindo os valores de x, y e z no sistema original, teremos:


5 + 3(2) - 2(4) = 3
2(5) - (2) + (4) = 12
4(5) + 3(2) - 5(4) = 6
o que comprova que o terno ordenado (5,4,3) é solução do sistema dado.

Sobre a técnica de escalonamento utilizada para resolver o sistema dado, podemos observar
que o nosso objetivo era escrever o sistema na forma
ax + by + cz = k1
dy + ez = k2
fz = k3
de modo a possibilitar achar o valor de z facilmente ( z = k3 / f ) e daí, por substituição,
determinar y e x. Este é o caminho comum para qualquer sistema.

É importante ressaltar que se em z = k3 / f , tivermos:


a) f ≠ 0 , o sistema é possível e determinado.
b) f = 0 e k3 ≠ 0 , o sistema é impossível, ou seja, não possui solução, ou podemos
c) dizer também que o conjunto solução é vazio, ou seja: S = φ .
d) f = 0 e k3 = 0 , o sistema é possível e indeterminado, isto é, possui um número infinito de
soluções.

Não podemos escrever uma regra geral para o escalonamento de um sistema de equações
lineares, a não ser recomendar a correta e oportuna aplicação das transformações T1, T2 e
T3 mostradas anteriormente.

Podemos entretanto observar que o método de escalonamento consiste basicamente em


eliminar a primeira incógnita a partir da segunda equação, eliminar a segunda incógnita em
todas as equações a partir da terceira e assim sucessivamente, utilizando-se das
transformações T1, T2 e T3 vistas acima.

A prática, entretanto, será o fator determinante para a obtenção dos bons e esperados
resultados.
Agora, resolva os seguintes sistemas lineares, usando a técnica de escalonamento:

Sistema I : Resp: S = { (3, 5) }


4x - 2y = 2
2x + 3y = 21

Sistema II : Resp: S = { (-1, 2, 4) }


2 a + 5b + .3c = ...20
5 a + 3b - 10c = - 39
...a + ..b + ....c = .....5

Sistema III : Resp: S = { (2, 3, 5) }


..x + .y .- ..z = ...0
..x - 2y + 5z = 21
4x + .y + 4z = 31

Francisco do Rosário Domingos 263


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Sistemas Lineares IV

Regra de Cramer para a solução de um sistema de equações lineares com n equações e n


incógnitas.
Gabriel Cramer - matemático suíço - 1704/1752.

Consideremos um sistema de equações lineares com n equações e n incógnitas, na sua forma


genérica:

a11x1 + a12x2 + a13x3 + ... + a1nxn = b1


a21x1 + a22x2 + a23x3 + ... + a2nxn = b2
a31x1 + a32x2 + a33x3 + ... + a3nxn = b3
....................................................= ...
....................................................= ...
an1x1 + an2x2 + an3x3 + ... + annxn = bn

onde os coeficientes a11, a12, ..., ann são números reais ou complexos, os termos independentes
b1, b2, ... , bn , são números reais ou complexos e x1, x2, ... , xn são as incógnitas do sistema
nxn.

Seja ∆ o determinante da matriz formada pelos coeficientes das incógnitas.

Seja ∆ xi o determinante da matriz que se obtém do sistema dado, substituindo a coluna dos
coeficientes da incógnita xi ( i = 1, 2, 3, ... , n), pelos termos independentes b1, b2, ... , bn.

A regra de Cramer diz que:

Os valores das incógnitas de um sistema linear de n equações e n incógnitas são dados por
frações cujo denominador é o determinante ∆ dos coeficientes das incógnitas e o numerador é
o determinante ∆ xi, ou seja:
xi = ∆ xi / ∆

Exemplo: Resolva o seguinte sistema usando a regra de Cramer:


x + 3y - 2z = 3
2x - y + z = 12
4x + 3y - 5z = 6

Francisco do Rosário Domingos 264


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Para o cálculo dos determinantes a seguir, é conveniente rever o capítulo Determinantes


clicando AQUI. Para retornar, clique em VOLTAR no seu browser.

Teremos:

Portanto, pela regra de Cramer, teremos:

x1 = ∆ x1 / ∆ = 120 / 24 = 5
x2 = ∆ x2 / ∆ = 48 / 24 = 2
x3 = ∆ x3 / ∆ = 96 / 24 = 4

Logo, o conjunto solução do sistema dado é S = { (5, 2, 4) }.

Observe que resolvemos este mesmo sistema através do método de escalonamento, em


Sistemas Lineares III. É conveniente rever aquela solução clicando AQUI. Para retornar, clique
em VOLTAR no seu browser.

Agora, resolva este:


2 x + 5y + 3z = 20
5 x + 3y - 10z = - 39
x+y+z=5

Resp: S = { (-1, 2, 4) }

Francisco do Rosário Domingos 265


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Polinômios e Equações Algébricas

I - Polinômios

1 - Definição:

Seja C o conjunto dos números complexos ( números da forma a + bi , onde a e b são


números reais e i é a unidade imaginária tal que i2 = -1) .

Entende-se por polinômio em C à função:


P(x) = aoxn + a1xn-1 + a2xn-2 + ... + an-1x + an , onde os números complexos ao , a1 , ... , an
são os coeficientes , n é um número natural denominado grau do polinômio e x é a variável do
polinômio.

Exemplo :
P(x) = x5 + 3x2 - 7x + 6 (ao = 1 , a1 = 0 , a2 = 0 , a3 = 3 , a4 = -7 e a5 = 6 ).
O grau de P(x) é igual a 5 .

Nota: Os polinômios recebem nomes particulares a saber:


Binômio : possuem dois termos. Exemplo : r(x) = 3x + 1 (grau 1).
Trinômio: possuem 3 termos: Exemplo : q(x) = 4x2 + x - 1 ( grau 2).
A partir de 4 termos, recorre-se à designação genérica : polinômios.

1.1 - Valor numérico do polinômio

Sendo m um número complexo ( lembre-se que todo número real é também um número
complexo) , denominamos valor numérico de um polinômio P(x) para x = m , ao valor P(m)
ou seja o valor que obtemos substituindo x por m .

Exemplo: Qual o valor numérico do polinômio p(x) = x3 - 5x + 2 para x = -1?


Teremos, substituindo a variável x por x = -1 ⇒ p(-1) = (-1)3 - 5(-1) + 2 = -1 + 5 + 2 = 6 ∴
p(-1) = 6.

1.2 - Raiz (ou zero) de um polinômio

O número complexo m é raiz ou zero do polinômio P(x) quando P(m) = 0 .

Exemplo: i é raiz do polinômio P(x) = x2 + 1 , pois P(i) = 0 .


Lembre-se que i2 = -1, ou seja , o quadrado da unidade imaginária é igual a -1.
O número natural 2 é raiz do polinômio P(x) = x3 - 2x2 - x + 2 , pois P(2) = 0 (verifique!) .

1.3 - Soma dos coeficientes de um polinômio

Para calcular a soma S dos coeficientes de um polinômio P(x) , basta calcular o valor numérico
do polinômio para x = 1 ou seja, calcular P(1).

Francisco do Rosário Domingos 266


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Exemplos:
a) P(x) = 2x4 + 3x2 - 7x + 10 → S = P(1) = 2 + 3 - 7 + 10 = 8.
b) Qual a soma dos coeficientes de S(x) = x156 + x?
Ora, substituindo x por 1, encontramos S = 2. (Lembre-se que 1156 = 1).

IMPORTANTE: Às vezes, um polinômio pode vir expresso como uma potência do tipo (x + a)n
, denominado binômio de Newton (Isaac Newton - físico, astrônomo e matemático inglês,
1642 - 1727) . Ainda assim, a propriedade anterior é válida.
Por exemplo, qual a soma dos coeficientes do polinômio P(x) = ( 2x - 3)102 ?
Ora, substituindo x por 1, vem: S = (2.1 - 3)102 = (2-3)102 = (-1)102 = 1 (lembre-se que toda
potência de expoente par é positiva).

Outro exemplo:
Qual a soma dos coeficientes do polinômio T(x) = (5x + 1)4 ?
Ora, temos para x = 1 : S = T(1) = (5.1 + 1)4 = 64 = 6.6.6.6 = 1296

2 - Identidade de polinômios

2.1 - Polinômio identicamente nulo (ou simplesmente polinômio nulo) é aquele cujo valor
numérico é igual a zero para todo valor da variável x . Indicamos P ≡ 0 (polinômio nulo) .
Para um polinômio P(x) ser um polinômio nulo é necessário e suficiente que todos os seus
coeficientes sejam nulos (iguais a zero) .

2.2 - Polinômios idênticos - São polinômios iguais .


Se P e Q são polinômios idênticos , escrevemos P ≡ Q . É óbvio que se dois polinômios são
idênticos , então os seus coeficientes dos termos correspondentes são iguais .
A expressão P ≡ Q é denominada identidade .

Exercício resolvido:

Sendo P(x) = Q(x) + x2 + x + 1 e sabendo que 2 é raiz de P(x) e 1 é raiz de Q(x) , calcule o
valor de P(1) - Q(2) .

Solução:
Ora, se 2 é raiz de P(x), então sabemos que P(2) = 0 e se 1 é raiz de Q(x) então Q(1) = 0.
Temos então substituindo x por 1 na expressão dada : P(1) = Q(1) + 12 + 1 + 1 ∴
P(1) = 0 + 1 + 1+ 1 = 3. Então P(1) = 3. Analogamente , poderemos escrever :
P(2) = Q(2) + 22 + 2 + 1 ∴ 0 = Q(2) + 7 , logo Q(2) = -7. Logo P(1) - Q(2) = 3 - (-7) = 3 + 7
= 10.
Resp: 10

Francisco do Rosário Domingos 267


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3 - Divisão de polinômios

Efetuar a divisão de um polinômio P(x) por outro polinômio D(x) não nulo , significa determinar
um único par de polinômios Q(x) e R(x) que satisfazem às condições:

1) P(x) = D(x) . Q(x) + R(x) . (Analogia → 46:6 = 7 e resto 4 ∴ 46 = 6.7 + 4) .


2) gr R(x) < gr D(x), onde gr indica o grau do polinômio.

Notas:
1) se R(x) = 0 , então dizemos que P(x) é divisível por D(x) .
2) se gr P > gr D então gr (P : D) = gr P - gr D .
3) não se esqueça que o grau do resto é sempre menor que o grau do divisor .
4) se gr P(x) < gr D(x) então Q(x) = 0 e R(x) = P(x) .

3.1 - Resto da divisão pelo binômio x - a.

Teorema do resto : o resto da divisão de P(x) por x - a é igual a P(a) .


Demonstração : Podemos escrever P(x) = (x - a) . Q(x) + R(x) ;
Logo, fazendo x = a vem imediatamente que P(a) = (a - a) . Q(a) + R(a) , de onde se conclui
que
P(a) = R onde R é o resto da divisão .

Conseqüência: Se P(a) = 0 , então R = 0 ( R = resto ) e portanto , P(x) é divisível por


x-a.
Essa afirmação é conhecida como teorema de D’Alembert (Jean Le Rond D’Alembert (1717 -
1783) , célebre matemático francês, que teve o seu no nome tirado da Igreja de St. Jean
Baptiste le Ronde, perto da Notre Dame de Paris , em cujos degraus foi encontrado
abandonado quando criança! ).

II - Equações Algébricas

Sendo P(x) um polinômio em C , chama-se equação algébrica à igualdade P(x) = 0 . Portanto ,


as raízes da equação algébrica , são as mesmas do polinômio P(x) . O grau do polinômio , será
também o grau da equação .
Exemplo: 3x4 - 2x3 + x + 1 = 0 é uma equação do 4º grau .

Propriedades importantes :

P1 - Toda equação algébrica de grau n possui exatamente n raízes .


Exemplo: a equação x3 - x = 0 possui 3 raízes a saber: x = 0 ou x = 1 ou x = -1. Dizemos
então que o conjunto verdade ou conjunto solução da equação dada é S = {0, 1, -1}.

Francisco do Rosário Domingos 268


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P2 - Se b for raiz de P(x) = 0 , então P(x) é divisível por x - b .


Esta propriedade é muito importante para abaixar o grau de uma equação , o que se consegue
dividindo P(x) por x - b , aplicando Briot-Ruffini.
Briot - matemático inglês - 1817/1882 e Ruffini - matemático italiano - 1765/1822.

P3 - Se o número complexo a + bi for raiz de P(x) = 0 , então o conjugado a - bi


também será
raiz .
Exemplo: qual o grau mínimo da equação P(x) = 0, sabendo-se que três de suas raízes são os
números 5, 3 + 2i e 4 - 3i.
Ora, pela propriedade P3, os complexos conjugados 3 - 2i e 4 + 3i são também raízes. Logo,
por P1, concluímos que o grau mínimo de P(x) é igual a 5, ou seja, P(x) possui no mínimo 5
raízes.

P4 - Se a equação P(x) = 0 possuir k raízes iguais a m então dizemos que m é uma


raiz de grau de multiplicidade k .
Exemplo: a equação (x - 4)10 = 0 possui 10 raízes iguais a 4 . Portanto 4 é raiz décupla ou de
multiplicidade 10 .
Outro exemplo: a equação x3 = 0, possui três raízes iguais a 0 ou seja três raízes nulas com
ordem de multiplicidade 3 (raízes triplas).
A equação do segundo grau x2 - 8x + 16 = 0, possui duas raízes reais iguais a 4, (x’ = x’’ = 4).
Dizemos então que 4 é uma raiz dupla ou de ordem de multiplicidade dois.

P5 - Se a soma dos coeficientes de uma equação algébrica P(x) = 0 for nula , então a
unidade é raiz da equação (1 é raiz).
Exemplo: 1 é raiz de 40x5 -10x3 + 10x - 40 = 0 , pois a soma dos coeficientes é igual a zero .

P6 - Toda equação de termo independente nulo , admite um número de raízes nulas


igual ao menor expoente da variável .
Exemplo: a equação 3x5 + 4x2 = 0 possui duas raízes nulas .
A equação x100 + x12 = 0, possui 100 raízes, das quais 12 são nulas!

P7 - Se x1 , x2 , x3 , ... , xn são raízes da equação aoxn + a1xn-1 + a2xn-2 + ... + an = 0 ,


então ela pode ser escrita na forma fatorada :
ao (x - x1) . (x - x2) . (x - x3) . ... . (x - xn) = 0
Exemplo: Se - 1 , 2 e 53 são as raízes de uma equação do 3º grau , então podemos escrever:
(x+1) . (x-2) . (x-53) = 0 , que desenvolvida fica : x3 - 54x2 + 51x + 106 = 0 . (verifique!).

Relações de Girard - Albert Girard (1590-1633).

São as relações existentes entre os coeficientes e as raízes de uma equação algébrica .


Para uma equação do 2º grau , da forma ax2 + bx + c = 0 , já conhecemos as seguintes
relações entre os coeficientes e as raízes x1 e x2 :
x1 + x2 = - b/a e x1 . x2 = c/a .

Para uma equação do 3º grau , da forma ax3 + bx2 + cx + d = 0 , sendo x1 , x2 e x3 as raízes ,


temos as seguintes relações de Girard :
x1 + x2 + x3 = - b/a

Francisco do Rosário Domingos 269


Apontamentos de Matemática Essencial

x1.x2 + x1.x3 + x2.x3 = c/a


x1.x2.x3 = - d/a

Para uma equação do 4º grau , da forma ax4 + bx3 + cx2 + dx + e = 0 , sendo as raízes iguais
a
x1 , x2 , x3 e x4 , temos as seguintes relações de Girard :

x1 + x2 + x3 + x4 = -b/a
x1.x2 + x1.x3 + x1.x4 + x2.x3 + x2.x4 + x3.x4 = c/a
x1.x2x3 + x1.x2.x4 + x1.x3.x4 + x2.x3.x4 = - d/a
x1.x2.x3.x4 = e/a

NOTA: observe que os sinais se alternam a partir de ( - ) , tornando fácil a memorização das
fórmulas

Agora que você estudou a teoria, tente resolver as questões a seguir:

1 - UEFS-91/1 - Sejam três polinômios em x:


P = -2x3 - 2x2 + 2x -1 ; Q = ( 2x2 + 3) ( x - 1 ) e R = -4x + 3 .
Dividindo-se P - Q por R, encontram-se quociente e resto respectivamente iguais a:
Resp: x2 + (3/4)x + 13/16 e -7/16

2 - UEFS-92/1- Sejam P = 5x - 2 , Q = ( 4 + 25x2 )2 e R = 5x + 2; então (PR)2 - Q é:


Resp: - 400x2

3 - UEFS-92/1 - Se o resto da divisão de P(x) = x3 + ax + b por Q(x) = x2 + x + 2 é 4, então a


+ b vale:
Resp: 3

4 - UEFS-93/1 - O conjunto verdade da equação 18x3 + 9x2 - 2x -1 = 0 está contido em:


a) [-2,-1)
*b) [-1,1)
c) [1,2)
d) [2,3)
e) [3,4)

5 - UEFS-94/1 - A soma das raízes da equação 2x4 - 3x3 + 3x - 2 = 0 é:


Resp: 3/2

Francisco do Rosário Domingos 270


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Produto de Stevin

Produto de Stevin

É o produto de qualquer número de binômios do 1º grau, da forma


(x+ a), onde a é um número real ou complexo.

Para dois binômios, teremos:


(x + a)(x + b) = x2 + (a + b) x + ab

Para três binômios, teremos:


(x + a)(x + b)(x + c) = x3 + (a + b + c)x2 + (ab + ac + bc)x + abc

A memorização destas fórmulas é fácil e útil para agilizar cálculos.


Observe que existe uma clara lei de formação, a qual facilita a memorização. Claro que você
pode obter as fórmulas acima, simplesmente multiplicando os binômios, mas numa prova de
vestibular, isto significaria perda de precioso tempo.

Exemplos:

1) (x+3)(x+5) = x2 + (3 + 5)x + 3.5 = x2 + 8x + 15

2) (x+10)(x+4) = x2 + 14x + 40

3) (x - 7)(x+4) = x2 - 3x - 28

4) (x - 6)(x - 7) = x2 - 13x + 42

5) (x+3)(x+4)(x+5) = x3 + (3+4+5)x2 + (3.4+3.5+4.5)x + (3.4.5)


= x3 + 12x2 + 47x + 60

6) (x+1)(x-3)(x+8) =
x3+(1-3+8)x2 + (1.-3 + 1.8 - 3.8)x - 3.1.8)
= x3 + 6x2 - 29x - 24

7) (x+5)(x+3)(x+2) = x3 +(5+3+2)x2 +(5.3+5.2+3.2)x +(5.3.2)


= x3+10x2+31x+30

8) (x-3)(x-2)(x+7) = x3 + (-3-2+7)x2 +(-3.-2 -3.7 -2.7)x +(-3.-2.7)


= x3 + 2x2 - 29x + 42

Poderíamos generalizar a fórmula de Stevin, para o produto de n binômios da forma


(x+a).Deixaremos de fazê-lo, por absoluta falta de praticidade para o Vestibular.

Francisco do Rosário Domingos 271


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Exercícios propostos:

Calcule os seguintes produtos de Stevin:

a) (x+10)(x-90)

b) (x+2)(x-15)(x+6)

Respostas:

a) x2 - 80x - 900

b) x3 - 7x2 - 108x - 180

Nota:
Simon Stevin,físico, engenheiro e matemático holandês (1548 - 1620).

Francisco do Rosário Domingos 272


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Equações recíprocas

Seja a equação racional inteira a0.x n + a1.x n-1 + a2.x n-2 + ... + an = 0, ordenada
segundo as potências decrescentes de x , com a0 , a1 , ... , an números reais sendo a0  0 e n
inteiro positivo.
Diz-se que esta equação é recíproca se e somente se os termos eqüidistantes dos extremos,
forem iguais ou simétricos. Sendo iguais, teremos uma equação recíproca de 1ª espécie e,
sendo opostos, teremos uma equação recíproca de 2ª espécie.

Exemplos:
2x5 + 3x4 - 5x3 - 5x2 + 3x + 2 = 0 - equação recíproca de 1ª espécie
2x5 - 3x4 - 5x3 + 5x2 + 3x - 2 = 0 - equação recíproca de 2ª espécie.

Ao se deparar com uma equação recíproca, deve-se sempre verificar imediatamente


se 1 ou -1 são raízes da equação, pois isto permitirá abaixar o grau da equação,
através de uma divisão do primeiro membro da equação, por x ± 1, o que facilitará
sobremaneira a resolução da mesma.

Seja resolver a equação recíproca 2x5 - 3x4 - 5x3 + 5x2 + 3x - 2 = 0 .


Trata-se de uma equação recíproca de 2ª espécie.
Observe que 1 é raiz da equação pois: 2.15 - 3.14 - 5.13 + 5.12 + 3.1 - 2 = 0 .

Vamos dividir o primeiro membro da equação dada por x - 1, de modo a abaixar o grau da
equação. Utilizaremos o método de Briot-Ruffini:

2 -3 -5 5 3 -2
1 2 -1 -6 -1 2 0

Briot - matemático inglês - 1817/1882 e Ruffini - matemático italiano - 1765/1822.

A equação dada pode então ser escrita na forma fatorada, como:


(x - 1). (2x4 - x3 - 6 x2 - x + 2) = 0
Logo, 2x4 - x3 - 6 x2 - x + 2 = 0

Dividindo ambos os membros por x2 , vem:


2x2 - x - 6 - 1/x + 2/x2 = 0
2x2 + 2/x2 - x - 1/x - 6 = 0
2(x2 + 1/x2) - (x + 1/x) - 6 = 0

Observe agora, que:


(x + 1/x)2 = x2 + 2.x.(1/x) + 1/x2 =x2 + 1/x2 + 2

Portanto,
x2 + 1/x2 = (x + 1/x)2 - 2

Substituindo na equação em negrito acima, fica:


2[(x + 1/x)2 - 2] - (x + 1/x) - 6 = 0

Francisco do Rosário Domingos 273


Apontamentos de Matemática Essencial

2(x + 1/x)2 - 4 - (x + 1/x) - 6 = 0

Fazendo x + 1/x = y , vem:


2y2 - 4 - y - 6 = 0
2y2 - y - 10 = 0

Resolvendo esta equação do 2º grau, vem: y = 5/2 ou y = -2 .


Substituindo em x + 1/x = y, vem:
x + 1/x = 5/2 ∴ 2x2 - 5x + 2 = 0 ∴ x = 2 ou x = 1/2.
x + 1/x = -2 ∴ x2 + 2x + 1 = 0 ∴ (x + 1)2 = 0 ∴ x = -1 ou x = -1.

Portanto, o conjunto verdade ou conjunto solução da equação recíproca proposta será:


S = {1, -1, -1, 2, 5/2} = {-1, 1, 2, 5/2}
Observe que -1 é uma raiz de ordem de multiplicidade 2 ou seja, -1 é uma raiz dupla.

Agora resolva as seguintes equações recíprocas:

a) 12x4 - 4x3 - 41x2 - 4x + 12 = 0


Sugestão: comece dividindo ambos os membros por x2 .
b) 20x5 - 169x4 - 591x3 - 591x2 - 169x + 20 = 0
Sugestão: observe que -1 é raiz; logo, comece dividindo o primeiro membro por x - (-1) = x +
1.

Respostas:
a) S = {2, 1/2, -2/3, -3/2}
b) S = {-1, 5, 1/5, 4, 1/4}

Francisco do Rosário Domingos 274

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