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Agrotóxicos e contaminação
ambiental no BrasiT
Introdução
sobre contam inação ambiental por agrotóxicos e seus resíduos no Brasil contém
uma quantidade considerável de dados sobre contam inação do ar, das águas e
problem ática da contam inação ambiental por agrotóxicos no Brasil. Como re
da agricultura.
mais remotas. Traços de DDT, BHC, aldrin, heptacloro, entre outros, podem ser
detectados na atm osfera sobre o A tlân tico Sul e Oceano A n tá rtico (Weber &
M ontone, 1990), em amostras de solo, água, gelo e neve na A n tá rtica (Tanabe
et al., 1983), e em elevadas altitudes nos Andes Chilenos (Ciudad & M oyano,
1988). A contam inação alcança as águas subterrâneas extraídas para consum o
humano (Lara & Barreto, 1972a) e mesmo águas tratadas e oferecidas para
consumo nas cidades (Caceres et al., 1981), ainda que em níveis considerados
seguros. Esse problema, que afeta a qualidade de um recurso tão valioso quanto
porque as inform ações são atualm ente m uito escassas ou ausentes para a m ai
ambiente, portanto ainda constituem im portantes contam inan tes, o que ju stifica
m egaaqüífero B o tu catu , que se estende por todo o sul do Brasil e extensas áreas
tem sido con sta tad a com o baixa (Sinelli et al., 1988); e o com portam ento da
nas extensas áreas de cana de açúcar que cobrem as áreas de recarga no Esta
minação das águas subterrâneas fo i desenvolvido para todo o Estado de São Pau
vulnerabilidade.
220 ’ ' ' M éto d o s A lte rn a tiv o s de C ontrole F itossa n itá rio ::
início dos anos 60. Resíduos de aldrin e dieldrin apareciam em níveis detectáveis
nas águas, enquanto sua acum ulação na cadeia tró fic a resultava em níveis de
foram d e tectad os resíduos desses p rod uto s, enquanto DDT,g^g| alcançava até
77ppb.
Provavelmente um dos corpos d'água mais bem estudados, em nos
(Caceres et al., 1980; Celeste & Caceres, 1987) resultaram em níveis bastante bai
xos de contam inação (máximo 5,3ppb de BHC), embora aparentemente estivesse
ocorrendo acúmulo na represa, já que os níveis de resíduos ali eram maiores que
de 1,4ppb (DDT), sendo que os níveis médios eram normalmente menores que
os níveis mais elevados (Caceres et al., 1987). Outros estudos em áreas agríco
resíduos abaixo dos lim ites de tolerância para água potável (0,9ppb de BHC em
lagos) (Berbert et al., 1989; Berbert & Cruz, 1984); enquanto no Estado do
averiguar o estado de contam inação em uma das bacias hidrográficas mais im-
A g ro tó x ic o s e c o n tam in a çã o am b ie n ta ! no Brasil ' ' 221
com postos organoclorados (Avelar et al., 1991; Lopes et al., 1992). Somente
territó rio A rgentino, a 600km da foz, o Rio Paraná apresentava níveis muito
postos dorados nas águas, sedimentos e organismos do Rio da Prata dem ons
traram que os níveis de resíduos decrescem das áreas industrializadas para esta
de 1 ,02ppb, enquanto em sedim entos, essa contam inação atingia 103ppb, su
Rio de Janeiro dem onstrou que os níveis de resíduos de com postos dorados
eram com paráveis àqueles observados nas costas do Mar do Norte, Europa
exceção da Baía de Sepetiba, onde atingia 80ppb. Poluentes tipicam ente industriais
(PCBs e PAHs) apareciann enn níveis inferiores no Rio de Janeiro em relação ao Mar
conseqüência imediata a acum ulação de resíduos nos organismos, já que esses com
gico. Por exem plo, embora a contam inação das águas da represa do Lobo não fosse
Tietê que corre ao longo da cidade de São Paulo (Yokomizo et a l., 1980) e 41 ppb no
litoral de Santos, onde a contam inação por BHC era mais alarm ante, atingindo 940
ppb (Lara et al., 1 9 8 0 a ).
parâm etros de qualidade da água fo ra m analisados, dem onstran do que som ente
Brasil por resíduos de agrotóxicos pode ser considerada com o moderada, salvo exce
ções em áreas altam ente poluídas, e é com parativam ente menor que a presente nos
para os corpos d'á gua, dos agrotóxicos e seus resíduos aplicados aos solos. Conse
qüentemente, m uita atenção se dedica para a com preensão do com portam ento des
que procurava entender os efeitos de longo prazo dos primeiros (Lord et al., 1978a),
e posteriorm ente os m ecanism os envolvidos no m ovim ento dos com postos no solo
em áreas tropicais, onde o com portam ento poderia ser diverso daquele observado em
climas tem perados (Lord et al., 1978b; Lord et al., 1979). Mais tarde, empregaram-
se refinadas técnicas radiom étricas para elucidar a influência das diferentes proprie
dades físico-químicas dos solos na dinâmica dos agrotóxicos (Andréa & W iendI, 1995;
Helene et al., 1 981; Luchini et al., 1 984; Luchini et al., 1981; M onteiro et al., 1989;
Musum eci, 1 9 9 1 ; M usum eci et al., 1 9 8 9 ; M usum eci & O stiz, 1 9 9 4 ). Em uma
48 6 amostras, sendo que DDT em solo cultivado com cana-de-açúcar atingia o nível
1988).
ção de numerosos estudos empregando bioensaios (Blanco et a l., 1989; Blanco &
Oliveira, 1989; Ostiz & M usum eci, 1989; Peck et al., 1 995). Com esses estudos
necer ativos no solo por até mais de 10 meses (Blanco & Oliveira, 1987), enquanto
outros eram desativados em menos da metade desse período (Blanco et al., 1988).
trando que certos herbicidas permanecem ativos por longos períodos (Machado Neto
& Victoria Filho, 1995), o que poderia explicar a detecção de resíduos em algumas
culturas (Campanhola et al., 1982), além de efeitos tóxicos residuais no solo influen
ciando a colonização de fungos micorrízicos (Cardoso & Lambais, 1993), a mesofauna
por agrotóxicos é a formação de resíduos ligados, que não são extraídos do solo por
meios convencionais (Ostiz & Khan, 1994), e portanto são de difícil detecção, mas
podem permanecer no solo por longos períodos e poluir o ambiente edáfico (Andréa
et al., 1989). Estes resíduos acumulam-se nos solos e, em últim a instância, são
operações sanitárias com o gado, vem sendo estudada no Brasil desde 1971, quando
estudo, 17% das amostras de gordura bovina encontravam-se acima de limites acei
comparação com 1 ,Oppm então proposto para o Brasil (Lara & Barreto, 1972b ).
apresentavam uma tendência a conter níveis mais altos de resíduos (Maia & Brant,
para DDT quanto para BHC, no período 1 986-87 (Rauber & Hennigen, 1988). Um
amostras analisadas, sendo que somente o com posto mirex ocorreu acima do limite
aceitável (Salioni et al., 1994).
gos enco ntrava m -se entre 10 e 100 vezes abaixo dos lim ite s, e a m aravalha
mentos de várias origens em São Paulo nos anos 70, indicavam que a ingestão diária
correspondia a 0,4m g/kg peso/dia, e que a maior parte dessa carga originava-se de
produtos alimentícios de origem animal (Lara & Barreto, 1972b). Os resultados desse
nos países do hemisfério norte, onde o DDT era o resíduo mais im portante, ao invés
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leite (Santos et al., 1988) indicaram que, embora deva-se dispensar uma grande
atenção ao manejo dos animais a fim de garantir a qualidade dos produtos, a contami
continham resíduos de BHC, atingindo até 55ppb, enquanto amostras de queijo alcan
çavam 1 .SOOppb, níveis muito superiores aos máximos estabelecidos pela OMS (4ppb
para leite e 100 para derivados) (Alm eida & B arretto, 1971). Em um novo
monitoramento realizado em 1979, ainda era possível detectar resíduos em todas as
estudo anterior, 88,6% das amostras ainda ultrapassavam os limites aceitáveis (Lara
mentos subseqüentes (Lara et al., 1985), sendo que em um estudo realizado em três
cidades do Estado de São Paulo em 1984 nenhuma amostra excedia os limites acei
táveis (Yokomizo et al., 1984b), sendo que o valor mediano máximo era de 0,02ppm
em gordura de leite.
A conta m in açã o de pastagens e do am biente em geral por
minação de frutas e hortaliças, que em m uitos casos são consum idas in natura
resíduos (entre outros) não são autorizados, porém aparecem nas amostras anali
sadas (Araújo et al., 1999; Gebara et al., 1999; Oliveira & Toledo, 1995; Ungaro
(sendo uma acima dos lim ites tolerados), enquanto em 99 não foram detectados
resíduos (Ungaro et al., 1980).
et al-, 1 983; Ungaro et al., 1985). Vale notar que os programas de m onitoram ento
várias regiões do Brasil (Oliveiras & Schneider Neto, 1983; Soares, 1985) apon
taram uma tendência de queda nos níveis gerais de contam inação (Vigilância,
1 9 8 4 b ), porém m uitos resíduos foram reclassificados com o não autorizados
(Gebara et al., 1995; Guindani & Ungaro, 1988; Ungaro et al., 1987; Zandoná &
Zappia, 1993), devido a alterações na legislação.
para estas culturas, na maioria dos casos os lim ites de resíduos não são excedi
dos (Cabrera et al., 1999; Lemes et al., 1993; Raetano & Batista, 1995), ainda
que seu uso seja intenso. Os principais resíduos detectados tendem a ser aque
les aplicados durante a fru tifica ção e maturação das culturas (Zavatti & Abakerli,
lim ites m áxim os de resíduos podem ser ultrapassados (Fernandes Moreira &
Sabino de Oliveira, 1997).
pragas (Rigitano & Souza, 1994). Vários trabalhos avaliaram os níveis de resídu
os de aldicard em batatas tratadas com o com posto nas mais diversas formas.
legislação (Batista et al., 1988; Batista et al., 1981; Ribas et al., 1975). 0
fosforados (etion e fenitrotion) não foram detectados resíduos na polpa das frutas
procedendo do Brasil ocorreram resíduos não perm itidos pela legislação local, nem
po dos ditiocarbam atos freqüentem ente apontam para a presença de resíduos nos
havia resíduos em 63% , sendo que 24% apresentavam resíduos até 50% acima da
tolerância (Reis & Caldas, 1991). Esses resultados são preocupantes, uma vez que esses
compostos (mancozeb, maneb, propineb, tiram e zineb) apresentam como principal resí
duo a etilenotiouréia, um com posto carcinogênico m uito estável (Toledo & Oliveira,
1988).
Produtos agrícolas menos perecíveis, que são normalmente armazena
dos com baixa umidade por longos períodos, bem como aqueles empregados para extra
entre o tratam ento e a colheita foi estabelecido em 60 dias (Berbert & Cruz, 1983).
que este período de segurança poderia reduzir-se para apenas dois dias (Berbert, 1988).
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abaixo do lim ite de detecção (0,02ppm ) (Rigitano et al., 1989). Da mesma form a,
ao solo (22% ), apresentando um a meia vida de aproxim adam ente duas semanas
(Andréa et al., 1983).
horas. Essa recuperação dim inuiu para 37% após 180 dias de estocagem, e o
cozimento não teve efeito na quantidade recuperada (Sampaio et al., 1991). A con
m ilho, soja, girassol e arroz dem onstraram que resíduos de clorados, mas não de
fosforados, podem perm anecer nos óleos e margarina (Tonhasca Jr., 1985).
resíduos em alim entos, os a grotóxicos precisam prim eiram ente ser aplicados,
tarefa que em suas mais variadas form as sempre resulta em certa exposição, tanto
ção da população em geral a alim entos contam inados por agrotóxicos e metais
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ocupacional de trabalhadores rurais (Almeida et a l., 1980), são o que realmente re
(Almeida & Svetiicic, 1972; Machado Neto, 1992). M orm ente, problemas de design
regiões do globo, o uso por pessoal ocupado pode alcançar valores considerá
veis. No Estado de São Paulo, que representa o uso mais intensivo no Brasil
rural atinge 32,2kg/ano (Garcia & Alm eida, 19 9 1 ), cifra que indica um nível
potencial de exposição extrem am ente alto caso o manuseio não seja cauteloso
(Carvalho et al., 1988; Possas et al., 1988). Com e fe ito , os níveis de dieldrin em
trabalhadores expostos a aldrin podem atingir valores sem elhantes àqueles cita
A zevedo, 1 9 8 2 )).
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de c o n ta m in a ç ã o c rô n ic a p o r a g ro tó x ic o s , a q u e stã o é c o n tro v e rs a . Em um
1984).
(30% ) e medicam entos (30% ), com 52% das exposições sendo acidentais, 24,5%
por 8,5% dos casos, o cam po por 6,4 % , e 67,3% dos casos de internação se davam
devido a pulverização de jardins em área urbana (Oliveira & Gomes, 1990), uso de
trabalhador rural, quanto na legislação, não só no Brasil (Lara, 1986; Trapé et al., 1984),
mas também nos países vizinhos (Bogliani, 1993; Garbino, 1982; Lazen, 1992). Não
restam dúvidas, contudo, que muito há por fazer, especialmente junto aos pequenos
veis, pouco contribuem para amenizar um problema que nos influencia em ocio
abaterá. A vulnerabilidade das crianças se deve não só ao fato de seus hábitos alimenta
res praticamente imprevisíveis serem virtualmente ignorados quando do estabelecimen
to dos limites de tolerância a resíduos em alimentos (Lavorenti & Giannotti, 1990), mas
m uito altos (1 -66ppb de lindane; 15-1,752ppb de uma espécie de DDE), mas a média
to ta l (1 3ppb) era com parativam ente menor que observada em países da Europa e
Estados Unidos (Lara et al., 1982). Estudos mais recentes no interior do Estado apon
tam para níveis médios estáveis (Sant'Ana et al., 1989), mas demonstram que mães
expostas a com postos clorados podem apresentar níveis extremos (0,149 ppm), re
sultando em uma ingestão diária de DDT pelo lactente até três vezes superior ao
tas, essa ingestão diária atinge 60% do aceitável (Matuo et al., 1992).
Estudos realizados em outros estados como o Paraná (Vannuchi et
al., 19 9 2 ), Rio Grande do Sul (Beretta & Dick, 1994) e M ato Grosso (Oliveira &
Dores, 1998), bem como dados referentes à Argentina (DDT total 0 ,1 4ppm em 1971,
0,61 ppm em 1981) (Landoni, 1990) e Chile (DDT 3 a 190ppb, lindane 1 a 29ppb)
(Marcus & Robert, 1991), confirmam a presença ubíqua de resíduos em leite mater
no. Sendo o leite materno indispensável para o sadio desenvolvimento das crianças, a
sociedade não pode medir esforços para alcançar uma drástica e rápida redução
dessa contaminação.
m entos (Kucinski, 1986) não expressa, por si só, todos os problemas associa
al., 1994; Ghini, 1993; Ternes, 1985); e a despeito da atenção devotada para o desen
Dulley & Miyasaka, 1994; Embrapa., 1995; Faeth, 1994; Flores et al., 1991a; Flores et
al., 1991b; Puignau & Viglizzo, 1997; Quirino et al., 1999; Verde & Viglizzo, 1995), a
produtos banidos e sobre ambientes frágeis, mesmo quando alternativas parecem estar
disponíveis (Ruas Neto et al., 1994), com o normalmente ocorre especialmente no com
bate a mosquitos, sob a égide de programas de saúde (Treakie, 1990).
mas gerais de poluição observados em toda Am érica Latina (Barra et a l., 1995; Bar
roso & Silva, 1992; M iguel, 1 9 91 ; Prego, 1 9 88 ; Rocha et al., 1 9 73; Siqueira et al.,
1983; Spadotto et a l., 1 998). Deve-se ainda considerar a atual tendência de aumen
Latina, tanto em termos da variedade de produtos e volume total empregado, que alcan
çou 1.879 produtos registrados, com um volum e total de 105 milhões de kg em 1983
(Quantos, 1984a). Essa posição resulta não apenas do tam anho do setor agrícola do
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fensivos Agrícolas (PNDA) (Futino & Salles Filho, 1991; Futino & Silveira, 1991; Silveira
& Futino, 1990; Thomas, 1988). Esse Plano causou um explosivo aumento na produ
ção dom éstica de a g ro tó xico s, fazendo do Brasil um exp o rta d o r líquido em 1981
estrutura p ro d u tiv a (de s u b stitu içã o de im portações) não tivesse sido alterada
(Alves, 1986a). Tal visão, e n tre ta n to , deve ser tida com o enviesada, pois assu
me que o co m p o rta m e n to do m ercado teria sido o m esm o, em uma situação de
campo, já que o governo desm ontava os program as o ficia is, perm itindo o con
com postos banidos em o u tros países, prolongando a vida econôm ica dos produ
sença de resíduos tam bém foram estabelecidos ta rdiam ente (Potabilidade, 1 977;
Brasil, 1986; Stellfeld et al., 1981). Em 1986 um artigo revisando a legislação vigen-
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te clamava por um novo código (Alves, 1986b). 0 conjunto de leis a prevalecer havia
dos registros. Mais importante, permitia que entidades civis solicitassem o cancela
mento de registros (Menezes, 1986). Uma boa lei, contudo, não garante que proble
1.865m l/h para 167 ml/h (Machado Neto et al., 1 992). Porém, agricultores ago
nizam e perecem vítim as de agrotóxicos com uma freqüência ce rtam ente m uito
maior que o admissível (Lorand et al., 1984), tanto por acidentes com o por
exposição crônica, legalmente não evitável. Quarenta por cento dos agricultores
ram observados em 44% das mulheres e 56% dos homens (com parado com 5 e
nada menos que 71% das mulheres sofreram abortos espontâneos (Araújo &
contam inação e mortes são causadas por uso im próprio - sendo p o rta n to um
uso (Ferrari, 1985). Somente com uma efetiva e engajada participação da com u
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nidade inform ada, e com o veem ente apoio dos agentes sociais envolvidos, a
lhões de pessoas. Como aceitar tal procedim ento, quando m uitos agrotóxicos
proibidos em vários países são legalmente usados entre nós? (Dinham, 1997;
mente que esses custos são m uito altos - a presença de agrotóxicos e resíduos nos
tão som ente, por preços com petitivos. 0 trabalhador rural e o pequeno agricultor
está claro que as causas principais dos impactos dos agrotóxicos encontram-se um
cas orientando a produção, as vendas e o uso dos agrotóxicos (Ruegg et al., 1 987).
Afinal, trata-se de um problema que envolve tantos quantos 375.000 casos de enve
nenamento no mundo, com até 10.000 mortes por ano! (Buli & Hathaway, 1986).
aspectos relativos ã contaminação por agrotóxicos, tão somente, mas que a pro
não são uma forma efetiva e definitiva de controlar pragas, porque induzem resis
envenenam a população tanto nos campos como nas cidades. Esses argumentos
podem ser considerados válidos para todo o mundo, embora em regiões em desen
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rece viável a curto term o, face ao modelo agrícola estabelecido e do qual depen
sobre o ambiente e a saúde, fica evidente que mudar é preciso, e que há meios
para tanto. Enquanto sociedade organizada devemos primeiramente assumir a agenda
partir para o particular. Quando aprendemos que o crédito oficial foi o mecanismo
mundo estejam disponíveis em nosso meio. M uitas outras mudanças como essas,
umas simples, outras mais difíceis, devem ocorrer. É premente que nossos represen
tantes dialoguem sobre uma política comum para o tratamento da questão do impac-
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sil instrui o enunciado de uma série de recom endações que com põem uma agenda
pactos ambientais.
6) Proibir im ediatam ente o com ércio em toda a região de produtos banidos nos
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