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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

MILENA CHARTIOT

RESENHA: MODA E ARTE NA REINVENÇÃO DO CORPO FEMININO NO


SÉCULO XIX E FILME ÉPOCA DA INOCÊNCIA

O papel da mulher na sociedade, desde os mais primórdios tempos que se


possa comentar, sempre foi uma espécie de objeto cuja função não ia muito
além de servir para o deleite masculino. Ao ler o texto XXX fui tomada de uma
mistura de interesse histórico e raiva, além de um pouco de tristeza por
aprender que, se hoje em dia sofremos a pressão da sociedade machista
diariamente, nossas antepassadas a sentiam diretamente na pele ao serem
obrigadas a viver numa prisão- e vestirem-se como uma. A história da moda,
por mais ‘luxuoso’ que este termo possa parecer, também remete a uma
história de guerra e tortura em que os espectadores masculinos, para seu
proveito, criaram ordens e costumes nos quais a mulher não tinha voz. A
supremacia masculina no texto começa com o evento da Revolução Francesa
e Industrial, que conferiram aos homens o status de “superiores” pela ascenção
da burguesia. Trajando roupas mais leves e práticas, ficou a cargo da mulher
ser a vitrine do marido, tendo que esbanjar ostentação em trajes
desconfortáveis e luxuosos. A Revolução Industrial na Inglaterra e o início da
burguesia fomentaram a indústria da moda. Na mesam época surgiu a máquina
de costura e o espaço público dos magasins. O século da alta costura deu
início aos novos espaços de sociabilidade burguesa como bailes e saraus, bem
como vemos no filme Época da Inocência. O mesmo é, várias vezes,
ambientado em jantares luxuosos. A roupa nessa época era um marketing
pessoal para casamento e um sinalizador da posição social. A mulher era
vestida pelo homem e para o homem. O corpo e a indumentária feminina ao
longo dos anos não teve uma “libertação” verdadeira: dos primeiro Império ao
segundo houveram apenas mudanças que o aprisionaram mais ou menos.
Durante a Revolução Francesa, o abandono do luxo em detrimento do espírito
republicano foi apenas uma tentativa falha de libertar o corpo feminino da
prisão das roupas. Os bloomer foram um fracasso total e só foram realmente
utilizados com as crinolinas para esconderem o corpo da mulher no caso da
armação de crina resolver levantar-se. Era repudiada qualquer mudança nos
costumes, ainda mais se estas fossem aproximar as mulheres dos homens. O
texto ainda dá o exemplo das esculturas da rainha Vitória montada no cavalo,
com o longo vestido pendendo para o lado, quase enconsando no chão apesar
da altura do animal.
Não somente a roupa era uma espécie de prisão, como as poucas vezes em
que era mostrado um pouco de pele, isto só servia para o encanto masculino. A
modelagem, toda pensada para esculpir o corpo da mulher em parâmetros da
época, sufocava cinturas, exibia colos (mas apenas durante eventos sociais) e
aprisionava nádegas em estruturas metálicas. O texto faz a cronologia das
anáguas para a crinolina até chegar nas anquinhas. No filme, a época das
saias mostradas era dessa última que, ao invés de formar uma circunferência
em torno da mulher, deixava a frente da saia plana e o que não havia de
volume na frente era compensado atrás, com pregas no derriére, avantajando
de forma despoporcional as nádegas femininas. Após o advento das
anquinhas, surgiu um movimento em protesto contra as roupas “recheadas”
pelos malefícios à saude que as mesmas causavam, mas estas ainda assim
não haviam sido abolidas.
Do mesmo modo com que analisamos a história das roupas a partir dessa
visão masculina que as mesmas sempre tiveram, o filme também é visto com
esse ponto de vista, sendo as mulheres como secundárias, objetos e vitrines. O
longa inteiro se passa com a indecisão e infidelidade do protagonista Newland
Archer, enquanto a Condessa Olenska parece ilustrar o ideal masculino de
paixão e sensualidade e a mocinha May seria o ideal “para casar”, a mulher
que aceita de cabeça baixa o que a sociedade machista decidia, como um
animal adestrado e obediente. Apesar disso, tive a impressão de que na
personagem havia um pouco de cinismo e dissimulação, e acredito que no
século XIX várias mulheres, apesar de obedecerem aos costumes sociais da
época, talvez tivessem consciência dos mesmos. Outro elemento mostrado
pelo texto como símbolo de recato é o chapéu de abas que, preso por um laço
no pescoço, impede a mulher de ter uma visão melhor do ambiente. O mesmo
é usado pela personagem May durante o filme.
Após as anquinhas, com o início da particiação feminina nos esportes, a calças
que haviam sido um fracasso voltaram para resistir. Coco Chanel também foi
pioneira na utilização das calças durante o século XX. A I Guerra Mundial
também mudou os valores do século XIX, trazendo a importância de roupas
mais práticas e menos pomposas.
No capítulo da Moral das Roupas, vemos o paradoxo entre uma sociedade que
reprimia a sexualidade da mulher e ao mesmo tempo que a trazia a mostra
através da indumentária. A roupa, ao mesmo tempo que cobre o corpo,
também serve para evidenciá-lo. Também há uma passagem sobre os
diferentes tipos de nudez na pintura e sua relação com a visão masculina de
sempre, sobre como as pinturas de nu se relacionam com o espectador
homem.
Analisando o texto em relação ao filme, concluí que o advento da moda e da
indústria indumentária, bem como os costumes sociais e comportamentos,
foram sempre definidos a partir da visão machista e, apesar de Ximenes
encontrar um caráter libertador em sua conclusão, acredito que ele seja
bastante ilusório. A roupa da mulher só deu a ela certa liberdade no momento
em que a mesma se encontrou inserida nas atividades de esporte e trabalho,
porém ainda assim a mulher de certa forma sempre foi refém da indumentária.
Acredito que essa verdadeira libertação só tenha sido vigente no século que
vivemos agora, mas ainda permanecem certos tipos de prisão (por exemplo o
sutiã).
Referência Bibliográfica

XIMENES, Maria Alice. Moda e Arte na Reinvenção do Corpo Feminino no


Século XIX. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009.

ÉPOCA da Inocência. Direção: Martin Scorsese. Produção: Columbia


Pictures. 1993. 139 min.

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