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Este documento resume um texto sobre como a moda no século XIX aprisionava o corpo feminino de acordo com padrões masculinos. A autora também analisa como o filme Época da Inocência retrata as mulheres como objetos segundo a visão machista da época. Apesar de mudanças na silhueta dos vestidos ao longo do século, o corpo feminino permaneceu sob controle masculino.
Descriere originală:
RESENHA: MODA E ARTE NA REINVENÇÃO DO CORPO FEMININO NO SÉCULO XIX E FILME ÉPOCA DA INOCÊNCIA
Este documento resume um texto sobre como a moda no século XIX aprisionava o corpo feminino de acordo com padrões masculinos. A autora também analisa como o filme Época da Inocência retrata as mulheres como objetos segundo a visão machista da época. Apesar de mudanças na silhueta dos vestidos ao longo do século, o corpo feminino permaneceu sob controle masculino.
Este documento resume um texto sobre como a moda no século XIX aprisionava o corpo feminino de acordo com padrões masculinos. A autora também analisa como o filme Época da Inocência retrata as mulheres como objetos segundo a visão machista da época. Apesar de mudanças na silhueta dos vestidos ao longo do século, o corpo feminino permaneceu sob controle masculino.
RESENHA: MODA E ARTE NA REINVENÇÃO DO CORPO FEMININO NO
SÉCULO XIX E FILME ÉPOCA DA INOCÊNCIA
O papel da mulher na sociedade, desde os mais primórdios tempos que se
possa comentar, sempre foi uma espécie de objeto cuja função não ia muito além de servir para o deleite masculino. Ao ler o texto XXX fui tomada de uma mistura de interesse histórico e raiva, além de um pouco de tristeza por aprender que, se hoje em dia sofremos a pressão da sociedade machista diariamente, nossas antepassadas a sentiam diretamente na pele ao serem obrigadas a viver numa prisão- e vestirem-se como uma. A história da moda, por mais ‘luxuoso’ que este termo possa parecer, também remete a uma história de guerra e tortura em que os espectadores masculinos, para seu proveito, criaram ordens e costumes nos quais a mulher não tinha voz. A supremacia masculina no texto começa com o evento da Revolução Francesa e Industrial, que conferiram aos homens o status de “superiores” pela ascenção da burguesia. Trajando roupas mais leves e práticas, ficou a cargo da mulher ser a vitrine do marido, tendo que esbanjar ostentação em trajes desconfortáveis e luxuosos. A Revolução Industrial na Inglaterra e o início da burguesia fomentaram a indústria da moda. Na mesam época surgiu a máquina de costura e o espaço público dos magasins. O século da alta costura deu início aos novos espaços de sociabilidade burguesa como bailes e saraus, bem como vemos no filme Época da Inocência. O mesmo é, várias vezes, ambientado em jantares luxuosos. A roupa nessa época era um marketing pessoal para casamento e um sinalizador da posição social. A mulher era vestida pelo homem e para o homem. O corpo e a indumentária feminina ao longo dos anos não teve uma “libertação” verdadeira: dos primeiro Império ao segundo houveram apenas mudanças que o aprisionaram mais ou menos. Durante a Revolução Francesa, o abandono do luxo em detrimento do espírito republicano foi apenas uma tentativa falha de libertar o corpo feminino da prisão das roupas. Os bloomer foram um fracasso total e só foram realmente utilizados com as crinolinas para esconderem o corpo da mulher no caso da armação de crina resolver levantar-se. Era repudiada qualquer mudança nos costumes, ainda mais se estas fossem aproximar as mulheres dos homens. O texto ainda dá o exemplo das esculturas da rainha Vitória montada no cavalo, com o longo vestido pendendo para o lado, quase enconsando no chão apesar da altura do animal. Não somente a roupa era uma espécie de prisão, como as poucas vezes em que era mostrado um pouco de pele, isto só servia para o encanto masculino. A modelagem, toda pensada para esculpir o corpo da mulher em parâmetros da época, sufocava cinturas, exibia colos (mas apenas durante eventos sociais) e aprisionava nádegas em estruturas metálicas. O texto faz a cronologia das anáguas para a crinolina até chegar nas anquinhas. No filme, a época das saias mostradas era dessa última que, ao invés de formar uma circunferência em torno da mulher, deixava a frente da saia plana e o que não havia de volume na frente era compensado atrás, com pregas no derriére, avantajando de forma despoporcional as nádegas femininas. Após o advento das anquinhas, surgiu um movimento em protesto contra as roupas “recheadas” pelos malefícios à saude que as mesmas causavam, mas estas ainda assim não haviam sido abolidas. Do mesmo modo com que analisamos a história das roupas a partir dessa visão masculina que as mesmas sempre tiveram, o filme também é visto com esse ponto de vista, sendo as mulheres como secundárias, objetos e vitrines. O longa inteiro se passa com a indecisão e infidelidade do protagonista Newland Archer, enquanto a Condessa Olenska parece ilustrar o ideal masculino de paixão e sensualidade e a mocinha May seria o ideal “para casar”, a mulher que aceita de cabeça baixa o que a sociedade machista decidia, como um animal adestrado e obediente. Apesar disso, tive a impressão de que na personagem havia um pouco de cinismo e dissimulação, e acredito que no século XIX várias mulheres, apesar de obedecerem aos costumes sociais da época, talvez tivessem consciência dos mesmos. Outro elemento mostrado pelo texto como símbolo de recato é o chapéu de abas que, preso por um laço no pescoço, impede a mulher de ter uma visão melhor do ambiente. O mesmo é usado pela personagem May durante o filme. Após as anquinhas, com o início da particiação feminina nos esportes, a calças que haviam sido um fracasso voltaram para resistir. Coco Chanel também foi pioneira na utilização das calças durante o século XX. A I Guerra Mundial também mudou os valores do século XIX, trazendo a importância de roupas mais práticas e menos pomposas. No capítulo da Moral das Roupas, vemos o paradoxo entre uma sociedade que reprimia a sexualidade da mulher e ao mesmo tempo que a trazia a mostra através da indumentária. A roupa, ao mesmo tempo que cobre o corpo, também serve para evidenciá-lo. Também há uma passagem sobre os diferentes tipos de nudez na pintura e sua relação com a visão masculina de sempre, sobre como as pinturas de nu se relacionam com o espectador homem. Analisando o texto em relação ao filme, concluí que o advento da moda e da indústria indumentária, bem como os costumes sociais e comportamentos, foram sempre definidos a partir da visão machista e, apesar de Ximenes encontrar um caráter libertador em sua conclusão, acredito que ele seja bastante ilusório. A roupa da mulher só deu a ela certa liberdade no momento em que a mesma se encontrou inserida nas atividades de esporte e trabalho, porém ainda assim a mulher de certa forma sempre foi refém da indumentária. Acredito que essa verdadeira libertação só tenha sido vigente no século que vivemos agora, mas ainda permanecem certos tipos de prisão (por exemplo o sutiã). Referência Bibliográfica
XIMENES, Maria Alice. Moda e Arte na Reinvenção do Corpo Feminino no
Século XIX. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009.
ÉPOCA da Inocência. Direção: Martin Scorsese. Produção: Columbia
"Gibi de Menininha - Historietas de Terror e Putaria": Treze Quadrinistas Mulheres Transgredindo Os Lugares-Comuns de Uma Estética Feminina Idealizada.