Sunteți pe pagina 1din 63
Roxane Rojo LETRAMENTOS MULTIPLOS, escola e inclusao social mare Feo eu ‘RNB. ;OTECA sis81/UFU 1000397630 ‘imeem SUMARIO eet ccaviruvo a (© insucesto escolar no Brasil do século XX — Um processo de exclusdo social ccapfruto 2 Lotramento escolar, resultados & problemas — 0 insucesso escolar no Brasil do séeulo XX1 captruio 3 Letramentos da populacéo brasileira — AAlfabetismo funciona, nivels de sfabetismo letramento(s) capiruto 4 Alabetizagio — O dominio das relagdes ‘ire 0s sons da fala eas letras da escrta ccapiruto 5 Alfabetismos) — Desenvolvimento de vmpeténeias de Teiturae escita ‘capiruto 6 {ntraments) —Préticas de Tetramento ‘om diferentes contextos Pr 123 Anexo PROLOGO ‘Como alfabetizar letrando? Como desenvolv alunos sem delxar de dar atengio ao processo, Tetramentos fomentar? Quais géneros de dis como? Quanto da exciusio escolar e socig se deve aos insucessos na ‘llabetizagio ¢ no desenvolvimento dos I Perguntas como estas, vindas de prot {gressose em processes de formacao ini tserever este livr, baseadlo em reflexes lonmago de professores. Posteriormente, a oportunidad de { sladase de elaborar exercicis e materiais ‘ Ietramento levou-me a organtzar essas ‘wato final que tomou o volume. Inicio a discussao sobre a alfabetizacio} sles processos de insucesso ou fracasso} ‘no sécuto e sua relagio com a exclusao tio para dimensionar a importincia que a ac lotrar toma num pefs como o nosso de tanta undo a parr de alguns dados sobre anal ‘solar no séeulo XX no Brasil, desenvolvo, sobre a8 relagbes da escola com a poptlagéo! pra a exelisio social, A conclusdo & que ca tos deste s6culo XXI, enfrentar dois probler ‘a tical nt ft ar oh lure tomara experiéneia na escola um percurso significative em termos de leteamentos e de acesso ao conhecimento © &informagéo. Para ihstar estes fatos da exclusio escola, uma experiénela inte- ressante que fiz com meus alunos - que acabavam de experimentar 0 ‘sucesso escolar de serem aprovados em um dos vestibulares mais concor- Fidos e exigentes do pals —folfazé-los refletir sobre sua propria historia familia. A matoria deles mostrow-se surpresa ao constatar que 880 @ pt ‘eira geragso da familia com uma escolaridade de mais longa duracio fe que seus avs eram analfabetos ou néo tinham completado © ensino fundamental Com iso, puderam se identificar como brasleiros numa cultura recente de escolaridade de mais lnga duracdo, ée popularizacio ‘de impressos ede democratzagio dos letramentos. sso levou muitos de- lesa experimentarem a vontade de assumir uma postura protagonista em. relagio ao muito que a escola pode fazer para minorar a exclusao socal [Embora se tenha ampllado 0 acesso universal da populacae ao en- sino fundamental e médio nos iltimos anos, ainda podemos considerat © aluno do final do ensino médio como pertencente a uma camada de ‘escolaridade de longa duracéo, como participante de processos de letra mento escolar também de longa duracéo. [No entanto, os resultados obtidos pelos alunos braslairos nas di ferentes avallagbes de percurso (SAEB, SARESP, Prova Brasil, ENEM, PISA) nio séo satisfatorios, Esses exames e seus resultados s40 temati- zados no capitulo 2 Para além de nossa exporidncia cotidiana das salas de aula ¢ da im- pressio de desinteresse, desinimo o ressténcia dos alunos das cama- das populares diante das propostas de ensino e letramento oferecidas pelas prticas escolares, resultados concretos e mensuriveis configuram ‘um quaaro de ineficdcia das préticas didticas que nos leva a perguntar: ‘como alunos de relativamente longa duracio de escolaridade puderam desenvolver eapacidades leitoras tao limitadas? A que praticas de leltura « propostas de letramento estiveram submetides por cerea de dez anos? ‘Agque textos e géneros tiveram acesso? Trata-se de ineficicla das propos: {st De desinteresse e enfado dos alunos? De ambos? © que fazer para Cconsituirletramentos mais compativeis com a cidadania protagonistat (Outros resultados que interessam sio os do Indicador Nacional de Alfabetisme Funcional (INAF, 2001) que avalia os niveis de allabetismo funcional da populacdo brasileira entre 15 e 64 anos, assim como as pré~ ticas de letramento em que se envolve e os acorvos impressos de que tispde. Esses resultados s8o abordados no capitulo 3. ‘Quanto is priticas de letramento da populacio brasileira, Abro\ (2003) taz alguns dados sobre o acesso aos bens clturais dos entrevis- ‘tados recenseados em 2001. Segundo a autora, contrariamente ao pro- palado,o brasileiro lé e gosta de ler, quando pode, para se distri. $6 ho 1é que a cultura valoizada e a escola esperam que lea. Os dados Imostram que 67% das entrevistados de diferentas classes socials, ne ‘ose escolaridade gostam de ler para se distraire também que, como era ‘dese esperar, hd uma relagio direta entre escolarizacao e gosto pela lei- tora, Quais livros as pessoas possuem e leem? Da amostra, 65% possuem viclondries. Surpreendentemente, 34% dos analfabetos tem diclonério ‘im casa, Também 59% possuem livros diaticos; 88%, livos infantis & 15%, encelapéelias. A iteratura, segundo a autora, no parcce estar em ita: passe de livros Iiterdeios 6 relativa & condicdo econimica e, por ‘tes, ®ida do pais, Por exemplo, nas classes C/D, concontradas no tee Centro Oeste, 46% dos entrevstados possuem a Biblia ¢ livros ‘agrados 08 religiogos, aids o impresso citado como 0 mais lide. J& a posse de romances literatura de aventura, poicial ou ficgao em geral ‘sti concentrada nas classes A/B e na populacao jovem (30%). Desses lvens, 20% prefere ler eescrever poesia, Para completar 0 retralo do acesso a bens culturais do brasileiro, \ brew faz saber que 89% da populacdo da amostra nunca fi ao teatro, ‘nos 81% assiste TV e 78% ouve rédio; 78% munca foi a um museu e 1% nunca fi ao cinema, sendo que 59% nunca aluga filmes; também i nunca vata show @ 45% nunca vai a exposigoes ou feras. (0 que esses dads implicam para os letramentos na escola im primeiro lugar, que, assim como fol relativamente capaz de po pularizar © democratizar of impressos, urge que a escola se preocupe fon © acess a outos espagos valorizads de cultura (museus, iblite fs, altos, expetdculos a outras midias(analdgicas e digitalis ‘Em segundo lugar, € também urgente que reveja suas praticas de nto, pais 0s resultados — tanto escolares, como em termos de in- dos © multo lat ticadores de alfabetisma da populacao ainda s8o elit tnsuficientes para a grande maioria da populagao (74%), Finatmente, um dos papéis importantes da escola ~ como agéncla ccosmopolita (Souza-Santos, 2005) ~ no mundo contemporaneo & o de tstabelocer a relagéo, a permeabilidade entre as cultures e letramentos Tocais/glabais dos alunos ea cultura valoizada que nela crcula ou pode ra etcular, Esse talvez sje, inclusive, um eaminho para @ superacso Go insucesso escola @ da exclusdo social. Como ¢ em que ditegio faz8- sio temas abordados nos outros rés capitlos do livro. Nesses, passoa desenvolver e sustentar minha propria Compreensdo dos conceitos de alfabetizacto, allabetismo e letramento ‘cntendio.no plural — letramentoS -, um conjunto muito diversiicade de prétens socials situadas que envolvem sistemas de signos, como a escri- ta ou ontras modalidades de inguagem, para gerar sentidos. Entendo a alfabetizagdo como a “agao de alfabetizar, de ensinar a Jere a escrever", que leva o aprendiz a conhecero allabeto, a mecanica {a escrita/leitura,a se tomar alfabetizado, Embora algumas pessoas se tlfabetizom fora da escola, «escola & a principal agéncia alfabetizadora ‘ aalfabetizacio, enquanto processo de ensinar @ ler aescrever, é uma tipica prtica de letramento escolar, que apresenta as caracteristicas su- blinhadas por Lahire (1995): objetivar a linguagem em textos escrits, fdespertar da conscléncia para os fatos da inguagem, analisar a ingua~ {gem em sua composigdo por parts frases, palavrasslabas, letras). No apftulo 4, expoaho a complexa rede de conhecimentos e capacidades nnecessérios ao dominio da escria alfabética. 46 alfabetismo 6 um coneceito bastante complexo, sécio-historica- monte determinado, Complexo, em primeiro lugat, porque envolve an- tous capacidades de leitura como as de escrita. Em segundo lugar, essas ‘Capacidaaes so miitiplas e variades, Para ler ndo basta conhecer 0 al fabeto edecodifica letras em sons da faa, E preciso compreender 0 que ‘sto 6, acionar 0 eonhecimento de mundo para relacioné-lo com ‘os temas do texto, inclasive © conhecimento de outros textos/éiseursos {intertextuaizan, prever, hipotetizar, infers, compararinformacdes, Ge- feralizer.E preciso também interpretar, critica, dialogar com 0 texto: Ccantrapor a ele seu préprio ponto de vista, detectando o ponto de vista ‘oa ideologia do autor, stuando 0 texto em seu contexto, Além disso, 0 ‘que se define como afabetismo muda de uma €poca para outa, poraue ‘tas definigoes refletem as mudangas socials. No capital 5, diseutimos fom detelhe as competéncias e capacidados envolvidas no dominio da leitura ¢ produgio de textos esrios. 0 capitulo 6 6 dedicado aos letramentos. As prticas socials de le- rramento que exercemos nos diferentes contextos de nossas vidas Véo ‘onstituindo nossos nels de alfabetismo ou de desenvatvimento de ei- tira ede escrita; dentre elas, as prticas escolares. Mas no exchusiva- tnonte. E possvel ser no escolatizado ¢ analfabeto, mas participar de ydticas de letramento, sendo, assim, letrado de uma certa maneira. O ‘mo letramento busca recobrit os uses e préticas sociais de linguagem que eavolvem a eserita de uma ou de outra maneira, sejam eles valor- ‘los ou néo-valoizados, locas ou globals, recobrindo contextos soci ‘tiversos (familia, grea, trabalho, miias, escola etc), numa perspectiva jwioldgica, antropolégica e sociocultural Nesse capitulo, abordamos as linigoes inicais de letramento, ainda bastante préximas do conceito lis alfabetismo; as erticas dos novos estudos do letramento a estas defi- rigs: a passagem do conceito de letramonto inicial ao plural, ican. 1 complexidade ¢ multipicdade de préticas (letramentos multiplos, sigumes dominantes (came oletramento escolar, juridico,acacémico, i tevin, burocrétics), otras marginais e desvalorizadas, como.as prticas lls letramento cotidianas ou atisticas das culturas locaise populares. Defends que um dos objetivos prineipais da escola & possibiitar que os alunos participem das varlas préticas socias que se wtilzam da Intra da eserita (letramentos) na vida da cidade, de maneira ética, tritlea e democralica, Para fazé-lo,é preciso que a educagao inguistica eve em conta, de maneita ética e democrtica + os letramentos multissemisticos + os letramentos critics e protagonistas + os lelramentos maltiplos. iti Cabe também a escola potencializaro diélogo molticultura,trazendo entro de seus muros nao somente a cultura valorizada, dominante, ‘nica, mas também as culturas locas e populares ea cultura de massa, pera tomé-las vores de um dislago,abjetos de estudo e de critica O INSUCESSO ESCOLAR NO BRASIL DO SECULO.XX Um proceso de excluséio social 0 professor poderd se perguntar como esta multiplicidade tao gran- de de prticas textos que podem e devem ser objtos de estudo e cr tien poderd ser abordada na organizagéo curricular e do espaco-tempo escolar. Como organiza, na escola, a abordagem de tal multiplicidade ‘de priticas? Que eventos de letramento ¢ textos salecionar® De que es feras? De que midiast De quais culturas? Como abords-ios? Alguns conceitos podem ser organizadores da selegio e progres- so do ensing desses objetos. Prinaipalmente, o conceito de letramen- {os mitiplos, se operacionalizado pelo conceito de esferas de circulacto dos textos ¢ de géneros discursivos, Ao organizar programas de ensino, #0 professor pode considerar que géneros de que esferas (e com que pr ticas letradas,capacidades de letura e produgio agregadas) devem/po- ‘dem ser selecionados para abordagem e estudo, organizando uma pro- qressao curricular. xx Desejo que a leitura deste lvro seja nao somente dil, mas também agradsvel, Roxane Reso Sao Paul, maio do 2009 rte ie silica Souya est cursando a 2 sérle do 1° gra. Seu pa, ex-operirn de constr ‘io civil, no quaifiado, esta apsontade. Ele e sua mulher, dona de casa, to analabetes, dominam com difcudade a lingua francesa e tém im ‘coahecimento bastante restito do sstemn escola (de se funelonamento cotta, do dosompenko de seus fos, das aulas que frequentam... 0 casa teve onze thos ¢ vive aa peileis de uma grande cidade, Sova ‘st indo muito bem na escola (Bemard Lahre,Sueesso escolar now meios populares as rardes do iprovével, p. 1). 1 dosta mancira que Bernard Lahite, um sociélogo da educagio francés, comega seu inferessanta livo Sucesso escolar nes meios popu ares — as raz6es do improvave, dedicad a estudar casos de sucesso escolar que tinham tudo para dar em fracasso escolar, mas que, impon- ‘deravelmente, acabaram como casos de sucesso, O caso de Souyla na Franca lembra muitos casos e contextos familiares brasilelros, conti ‘mados inclusive por pesquisas regulares de leramento' no Brasil, coma 60 caso da pesquisa responsavel pelo INAF — Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional, levado anualmente a cabo pelo IBOPE para 0 Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ago Educativa® Poems, por exemplo, comparar 0 caso de Souyla com o brasilel= rissimo e comum caso de 26 Moreno, narrado por Ana Maria Galva (2003: 146-147): ZéMoreno, negro, “daqueles que vio afr de maractut, nasce em 1995, fem um engonho em Nazaré da Mata eldade da zone da mata peroamt- ana, onde o indice de analabetsmo era, em 1940, entre a poptlagto comm mais do 5 anos, de 81% enro os homens @ 87% enlze at mulheres (IBGE, 1830). Ente os alfabenzados, que entrevistado denomina “bambarbaas"™ ‘9 sis, estavam seu pl encarregado do engento, eeu tosses dois Perronagens marearam profundamenta a trajl6na de vida de Zé Movene, ‘Como eles, 9 menino também queria saber ler para pode participar male ativamente dos “sores” am que ocora a letra caetvae ealizada dos fotnetos de corde. Ere a expertincia do praze de ler que mova Z6 Moreno Tote cones werd data» profundado mals ants one, por enquane examen como a parlpago nas pics sca qu, de siguns ater, eva¥eth tetra eae ean 909, Nora eapeto, Rit og.) (182, Leramento ao Ryall Sto Palo lab, eS « procurar os meios formas de exolrizagio. Chogou a frequent a eseaa, tas, segundo seu depoimento, nel, onde “sé azia aprender bobagem", ‘sé va Carta do ABC e nem toda] 2 Maveno mlgiou para ao Recife as 1 anos, depois de trabalar em pe ‘qwenoe servis — como em uma pari, por exemple ~ ot taxita durante ‘maior parte de sua vids. O flo de ser taxista the perma conversar com ‘muta gene, “conhecero mundo". O ato de ser homem e de mora em ut ‘centro urhano importante tam posubiitou sua asercio em esfras onde ss prticns de ltramento eram permanentes, Na época em que fo entovis- ado, 24 Moreno era um lito “Mente” assduamente, bin revists, orn, romances plicias,histras em quadrnhos, “poesia matuta® (no suporte iro 08 no suparteflheto),possula livros e outros materias do Titra ne ‘pequena cast onde morav,reeonkeda signos da cultura leada como, por fexempo,o indice eo pret de um bo, e dstinguia gnerositerdrox como a prose «poesia Como se dew sua traetcia come leilor? Além da precira alfabetizagio Ini segundo as palavas do entrovistado, foto “profesor mundo" quem Ihe ensinon que tudo Entre Zé Moreno e Souyla hé mais diferencas que somelhancas, Na huistéria de letramentos de Zé Moreno, as figuras masculinas letradas ‘opal tla — s80 marcantes eo despertam para as otras ¢, mais tar ‘te, para os lives, Souyla convive com analfabetos. Para Zé Moreno, a ‘cola fondle irelevante e ele logo a abandonou (ou foi abandonado ior ela), Na histéria de Souyla,talvez ela venha a ser fundamental. No ‘so de Zé Moreno, rest saber de quem é 0 fracasso: se de Zé Moreno ‘ose dos “bamabambans* da escola No Brasil dos séculos XIX e XX, a trajtéria de Zé Moreno 6 exom- lar Durante 0 século XX quase todo, atéa dcada de 1990, arelacao da ‘seola €om os meles populares ¢ de exclusao e de fracasso. Os dados S80 Innpressionantes. Ferraro (2002: $3) vai apontar duas “dinémicas opostas inlfabetisno" convivendo simultaneamente no Brasil dos séculos XIX XX: "A queda secular da taxa porcentual de analfabetismo eo aumento, lumbém secular, do mtimero absoluto de analfabetos”. Paradoxal, ndo? \Vojamos os dados na tabela 1. Nela constatamos que, portanto, ha um de «xescimo progressvo das taxas de analfabetismo no pais, que se manteve ‘estével em toro dos 80% da populagdo no séeulo XIX e inicio do XX, mas a «que comega a deelinar por volta dos anos 1940 e que se acclora no final sdoséeuo, de 1990 a 2000, chegando a 167% da populacdo. No entanto, Ldoctéscimo 6 desproporcional ao creseimento populacional. Os gritics { ‘© 2 também retirados de Ferraro (2002: 35), mostram essa dinamica Tahola: S.oluigo do nmore de anatabetos e da ta de anafabetiro ete {ponlagbode'S anos ov mai, 10 anos ou mis ¢ 18 enos au mals, Segundo (2 conse cemograteos, Bras 1872 » 2000" f cod ‘rdtico 4 Tendécie secur das ats de anaabetsmo env 3 popuacdo do 5 ‘aos ou mais, 10 as ou ase 15 anes OU mal, segunda os cones domes fos, real, 1872 22000, TOE ML FRBETOS ‘rite 2 Tendinoa sacl do nimor de snaabets etre ¢papuseso de S ‘108 mai 0 anos ov aise 15 ano als, segundo o cenaes derog (he Bra 1672 9 2000. rome | ao = gin bo tala naan eco [Embora as taxas de analfabetismo decrescam progressivamente, 05 clos censtéros também nos indicam que nossa populacio analfabeta crosce de crea de sete miles de pessoas (acima de § anos de dade, em. 1180, para 32.7 milhbes de analfabetos em 1980. A reversio do processo somente se anuncia a partir de 1990, Mas seré mesmo uma reversdo? ‘Tomando esta iltima década do século XX, podemos nos roferr as pesqjulsas relativas &reprovagdo, A evasio @ ao fracasso escolar. O tra batho de Leon & Menezes-Filho (2002) pode nos ajudar a ter uma ideia sabre aque aconteceu nessa derradeiza década, Trabalhando com dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME/ INGE}, relativas ao periodo que val de 1984 a 1997, por exemplo, fos autores mostraim que as taxas de reprovagio concentram-so nas sésles mais avancades do ensino fundamental (5*a 8° séres), que es- tio ostreitamente relacionadas com @ evasdo e consequente exclusao fescolar e que obedecem a *destines” e razbes regulares. Vejamos os ‘réficos 3 a 5, retirados do trabalho de Leon & Menezes-Filho (2002: 421-422), ‘roo DA 1AxA De RerROWACLO PR SER DO ESO DAMEN + @ Ph ceatn-se, segundo os ators, come pesquisa domicar do periodate ‘neil relada nos gees tropaltanss Ge Belo Horan, Porto Age, Rec hoax sae sho as const 8m Do Ho Stoic ewan oa axADe esto So. ars ROO MASSES DO (0s qratieos reproduzidos nos mostram, em primeiro lugar (grafico 1), que a eprovagéo se concentra na segunda metade do ensino funda ‘nwntal, sobretudo na 5* série, docrescendo nas séries subsequentes, Se Iowa entrvistande-os ovamente por mais quatre see. |] Aanalvefelada shal concent se no comportamento dosent aps a requ das nbd 10-420 0 a A>séuie reprova cerca de 30% de amostra analisada na década, ‘erie fica entre 40% « 45%, Mostra também que a tendéncia de docinio ‘lo percentual de roprovagio, embora semelhante em todas as séries, 6 Ini acontuada e irtagular na 4® série, talvez efeito dos impactos das politieas de progressao continuada e cicls, que atingiram, sobretudo, nesses anos, 0 1" @0 2 ciclos do ensino fundamental, [Em relagdo ao grtico 4, nas palavras dos autores (pp. 421-422), © percentual de estudantes que abandonam @ escola entre a 4* © a7" série 6 bastante srular, ocorrendo a prinepaldiferenca na evesio apés {8 série, que correrponde & conclusdo do ensino fundamental. £ bas- {tantevsivelo efeito diploma: os estudantos prossequem na escola até a ‘conclusio do ciclo escolar, Pode-se notar que a queda na tara do cvasio ‘correu principaliente apés a conclusdo da 8° sérle,sugerinds uma propensio maior dos estudantes em prosseguir os estudos no ensino mnédio, ao invés de interromper seus exturos no momento de conclusio ‘do ensino fundamental (Ou seja, se 0 fracasso escolar néo se anuncia, @ tendéncia do alunado é a de prosseguir nos estudos. J4 se ele se efetiva, por melo {da reprovagio, a tendéncia de evasio como mostra o grafico 5 é ‘bem mafor, Os autores concluem: "Pode-se inferir que a reprovagao um dos principals determinantes da evasio escolar e do baixo nf vel de acsimulo educacional no Brasil, como ressaltado por Ribeiro 19979" (p. 422), [Nao foram outras as razies que determinaram a indugio pelo go- ‘verno federal — irregular inconstante e constantemente combatida pela ‘opinido publica comandada pela midia — das poliicas de cicls e de progressio continaada; com isso, busca-se garantir uma maior perma- héneia na escola, uma no exchusio escolar. Resta saber seo fracasso escola, apse principalmente 4 a 5 anos de escolaridade, 6 wm fracasso 4 aluno au do ensino e da escola. Leon & Menezes-Filho (2002: 430) — que, note-se,séo economistas ‘eno edicacores — apresentam-nos ainda dados interessantissimosso- bre quem fracassa e 6 exeluido, Ve 108 atabela 2 ‘bla 2: Caress mids ds apse apmiodes as dhesassétes Glas (01 soja, se-vood 6 pobre, homem, esté acima da faixa eléia da sé- vie, 6 chefe de femfia trabatha, tem pais que cursaram apenas a 1+ ‘wolade do ensino fundamental, vocé fem altas chances de set reprova- ‘lo e excluido da escola. Quanto mais allo o nivel de escolaridade, mais nilas suas chances de excluséo e fracasso. Se ainda por cima, no ensino ‘uo, voeé nao mora com seus pais, enlao... esqueca? ssa 6 4 reaidade excludente da escola no Brasil — homens tra- Juthadores e chefes de familia devem estar no mundo do trabalho nao ‘inalficado, mao de obra barata, e néo mals na escola. Isso aconteceu ‘mosmo na dtima década do século passado, onde 0 acesso universal Ws ensino fundamental foi garantide, mas ndo, como vimos, @ perma- 16 o sucesso escolar dos meios populares. Sao o que mostram os Jos de Ferraro (2002: 41) relatives, no censo demogrético do IRGE ‘is 1996, aos anos de permanéncia escolar da populacdo € aos niveis ‘is alfabetismo, neste caso, calculades pelo tempo de permanéncia na « tabela 3) lnpeacar que ot dados aq exbidor no et wats do onto dew "nit oo ce arbentrral Os estado do (NA por xen ‘inue afta ner et grands celeste, com x populate pes list Pt ov om pequenor mips on sone rors desguakaes eons tn at ti pert enn een oi Rr 23 Taba 3: Dstibuigho polenta das pessoas de 10 20 OU mas, gor anes do ‘nto, segundo os grup Ge ade, Bas 2986, comportamentos props a esol) a8 formas esclares de relagbes soci [CJ Esto portant sozinhose com que alhaios ciate das exigencias exo- Teves. Quando volta para casa, razem un proboma (estlar que a cons telagéo de pestoas que os cefen nie pode ajudéls a rocolver:caregam, ‘ouinos, problemas insolivels Portanto, em relago a titulo dest capitulo — 0 nsucesso escolar no hast do século XX —uin processo de exclusde socal lamentavelmente ‘emos de admitr que, embora na década final do século passado 0 pais {ena eambaleado alguns patsos na direcio da mudanca do quado de “cxclusio escolar (e de seus impactos nos letramentos), temos pelo menos tolade da populagio ainda muito longe da realidade de uma escoaridade ‘ie longa duragao, que possa ser tomada como uma experiencia sgnificai- ‘ute rea, ao inves de um percurs de fracasso eexclusao. Temos também, torcosumente, de conclu que nos cabe agora nos primérdios deste século XI enffentar esses dois problemas: evitar 4 exclusio escolar ¢ tomar a ‘nperitcla na escola um percurso significtivo em termos de letramentos tle acesso ao conhecimentoe& informagdo—o que temos chamado, bas lune genericamente, de “melhorar a qualidade de ensino" Para terminar esta primeira reflexdo, nas duas primeires aividades ‘Conelui o autor (pp. 42-43), a partir desta tabela, que da Jesteliveo, vamos fazer dois exerccios de reflexdo; pensar nos brasilei- populagéo de 15 anos ou mais a qual vom cerca de 107.1 milhdes de pes- J "** awe somone naguile que nde romos. one [nu] todas com ide para trem concuido todos os ito anos doensind Fundamental apenas 25,8 milhdesohaviam conseguida, oque crresponde 133.4% ou a 1/9 do total. Aca dessa propero tomos apenas os grupos fe 20. 24 até 40. 44 anos, mas nunca stinginde 50% (ls nem 45%) 0 ‘oreentual com ensino fendamentalcondufdo on com realizacio do m= ‘imo consitcional.Invertendo a perspectiva de anise, deftontamo-n08 ft meso tempo com o baiisimo nivel da edueacao escolar brasileira © ‘como enorme desatiocolocado 3 educa de jovenso adultos, ineompre= ‘ensivelmenterelogada para segundo plano (nfaseadiconada}, ATIVIDADE 1 1 Levando em conta as aspects lista na colura 1. tabela 2 (ded, S056 ‘hee de fia, se rabalna ou et desemoregado, se mora sem os pas © ® ‘colridace da ne do pa ou do chefe da fa @ lng areqio e 0 mince Em resumo, Bernard Lahire (1995: 19} assim quaifica este process: = ‘io de do desprecvis, dado cust © auld qu sgn a expunsio ctu oc angamer ar anancipr empl Sa © ‘os casos de “racastos"escolaes so casos de soldo dos alunos no univer: so escolar mute pouce daqullo que intenorzaram através da csrutura de ‘oexstncla fair Ibex posit eneentar as regs do jogo escolar 05. ‘pos do orienta comntiva os tpos de prtias de inguagem, os ios aoa eraser tana ats SotoD estar 500000 no to Sar ep ‘toes a com mais de 1.000.000 ean ero em cooiagto ti eat ¢ prin nn Fl te astanes ou res wn gan -avrteead, epainerto ct, comparanco 8 cond mpg empregadae ‘utr atimos geracbs ces fans. semprego) deanna fal tas 9 petra de excites © el de xtrads «conden CSodesom es. doses pas.sise teenie) doses tes se ster? 2. _Seputercompare seu dopeimento com ode cus pesoas de ua comma tetera conversando um paucocom ela respeto, ara poder ref um pou 9 sore opel do brasieo que vores epresertam em trmos de excalarade ATIVIDADE 2 4 Vejamos como An Maria Gabo! deserove a exparénsa esolr de letra Fauna, que se Henin como near 25a ea concn uso de pd ‘0 uur dr aon eae ra ha tra de a aa ‘ego metoglanaao Ret Heer ea exo fte pete dea ta: ‘eros fa ates para as dscns da ca eon bla densa ce, recs res ts cobtadods om ahs « prepara pare arses (eats et eros aatbrices, Nesta athe, mbm encom ene mpuad Mr dso, era ele tee esa halen acs, more a rnora nals ezrases, tare branes Estep dea, Ibe ora, Par scr ue costa una pe sie om geal 0 a fl, exauscerdowe ds veo ds pts Purabese,oorara » presen oa teredo~ came comum acs "noe trem apa co ee ata ‘am sos, om sia Wate lr devi corer dau lo cn 8 ture exo? {| Sve mde, qe au pratcanern sor 6 wrpeenda Comes, tom 55 anos 8 equonlu a eso en Un sc pedo ra bl gam 80.08 ‘aro dtsmese, quanta Banos Nance nunca kal. media s0u "mesa abora qve nos relat ato de 26 Moreno, C1. Gao (2: 149-145. faloum meso cm in sero ato “admis tr hos nde ‘ae em 18 pea cos] rer do Eads io ria uo has ches pendence ~ poder isa abide pte cama com cs namereos Sua ne per uo de, oh nem essen Hoe ect uso ergo e ‘cues, 0, Maia José consi, ze, exer st peeo nome consierse ‘reese que quando tease um fho'a ool ona escola paraque ee tive um ro ‘eto, Fabiana crascev ore oo sua neque und aa acute Sop da ‘eeudode rosseua: sala ve sda etm oes made ecto “enous lo soubsze ema ha sudo pone ura es Me ete Fatans toe ro eclc om aus tea de elvan Como ef de sua ie, que ats vas corse le Ge este tu fog osc” sca ‘resi dhersaspequerasnstuites pater cao a rerio ue ‘sea consol de mar ports ene fo afobetraca tae un nies een tm escalates taal qu amie tru afta deez doe "busca de posses fr farrrvarts moma sve gon vou ee eric Nos dos Ons ans do 2” gu, un os nos dos exo de in mi, ‘eemtcend a ptncalade da men uererdo aut nos om anaes. ‘ola parr de rane pre ec zeretn qld, pincsinete pre apt Doves Rcatoae do seme ue ma steer es esd he ‘esr onsfrads ura te anes laps starred exo rs ene as sles ates quo hava equenta, Deen, o etn, esa Ne ‘seca este muta meso conse seomparnars ue Nea, ese ‘ter pra‘o cus jaomo No ana Sept, deo on esa com ore! Se Wistba e un dos cos co uso, com am tha une vlco ros ra, consegul pemsneera ect agin uma aa ri. aso we, anon he. uo paajomatia na ners Cate, Cesarean acre drt dls ‘es mas rio pide corse ae de mara, Na rea em uses esl, fo fe exo, mes fa meet ple mesmo peso a eras “ges de soe pra nove 8 Fda Dea Ye ou orm cus marae ‘oneargo— pessoa, raiment reszou ne eneno spe ‘ca se stu su tomato coo las Sue Mtn oe vi? Faia lbvase, ‘resol att 067 anes, ros eam sua mem cts dos pts, ae rn, ‘indo je eta et en a aa pata dome fr toma raided princpal Inedogio que ale ase ape desta. Nese abet, base deer songre ‘ito muilos tes Opa, ers pips oma ond rau orate do a, ut deta ong, todos os ds. sev eaten, omen aes ron 6S ernest bona’ Cone "mos igoronte" pcan entender osc eno ng que ho aperi, rs se um crn um papel inpxtant ee eee alas annem neste capitul ‘ination inn nen ewmnta wesc” | LETRAMENTO ESCOLAR, Ents smtit t xla apes upper er nos coTo Ooo ee ie comenasspesonosres era | RESULTADOS E PROBLEMAS ape ar 0 insucesso escolar no Brasilydo século XI “Teno ldo a trajtiris de letramentos de Fabiana, responds: Quale os eomentos da histria de i Fabana eve word consi oie Tce aa = Neste captie oer soderam ter olaorado para ts : ‘1880 0U 8 eu ESB pare tum menor envvimento com 2 le trams vatorizads como oletramentoacadémico ou altura de csseos a Meraturay? ei ee (uals os elementos que wie cors+ Ointment dasa deni da de ores ao sic90 de Fatia-_ ee dea oan cn penn ra, ave, como Souya, embora num Faun ei, peru improve continua prog Gino coma roslearencs? tmnt vote deena ol ©) Qualais)voct ena qve foforem) — eidenuo da nde de Fear, no 6? a ftortes) preponderates) pare sucesso final ¢ andoexcus80d® yao dace ete o prom dl Fabiana? Voo® conhode OutosC2- erg ala ala Ciriani. > 508 asim? Coment, leper erro esa de casas vena ua oxeacig oom in gen de tng poderam mudarnosentdodefac+ ec yor expr) a aces Fl ttara vvénda prazerosa daietura evades do impress de dives nt © do-sesso aos conhecimertos? da Meat, do a ju, ral (oer, ara cet ‘ara ve evecare a enemies Vimos, no capitulo 1, que, na stima década, 0 Brasil conseguiu ga- rantiro acoso universal de todos os alunos de 7@ 11 anos a vagas no ens ‘fundamental pablico. Embora isso no seja ainda 0 que reza a Const tuioio — que fala em garantia de educagao basa para todos —, pois no Ind ainda acesso universal aa ensino médio que esta incluido na educacio ‘nisca, fol um avango em termos de garantias consitucionais& educardo, ‘Acompanhado por outros programas, como os da universalizacio do aces> 0 a livis (PNLD, PNLEM, PNBE}' 0 da merenda escolar, o bolsa fami, ‘que implica manutengdo das criangas na escola, ¢ também de um pro- ‘gressvo aumento do acesso ao ensino méioe superior [por exemplo, por meio do ProUni - Programa Universidade para Todos — o das cotas para hhegros ou para estudanles de baixa rend), dentre outros, este acesso velo minorar os processos dle exclusio ¢fracasso escolar ‘Mas vimos também que, embora haja acesso, ndo ha permanéncia ce que ha gargalos nas séres iniciais de ciclos enas séries-diploma, tanto ro ensino fundamental # como no ensino médio. Essa populagdo que Conquistou 0 acesso, ainda no conguistou, entrotanto, a escolaridade. {de mais longa duragio. E isto significa outro tipo de fracasso e exclusio ‘scolar, que se traduz pela reprovacio, pela evasao e pelos parcos re- sultados em termos de aprendizagem, conhecimentos e letramentos que. ‘oensing em geral tem alcangado no Brasil. Essa é a razio que justiica politias piblicas como ade ciclos e de progressio continuada, a de re- Serva de colas, mas que sio objetos de contravérsia na sociedade e na rmidia, como indica, por exemplo, a terminologia pejorativa frequente- mente usada de “aprovacao automatica” -Esses so outros tipos de fracasso/exclusao, pois esses resultados al~ tamente insufcientes do ensino, multas vezes traduzidos —seja no dis- ‘curso das pessoas, seja no ato da reprovacio — como problemas de de- senvolvimento ot aprendizagem dos alunos e ndo do ensino, impedem. 7 hogramaa govermament responsive pola dstbuio do lio esalar: PNLD) rogram Siclonal do Lr Dien que desu ratatameat dinate a PNLEM— Progra aldo Livro de Ensino Mi, corelato do PNLD pera o nivel ‘mati © PNBE— ogramn Nacrsl da Bisoten Escolar que dt seta dificultam muitas vezes néo somente 0 sucesso a inclusdo escola, mas a eidadania protagonista. E disso que trataremos neste capitulo, om que, num primeiro momento, discutiremos brevemente os sintomas ‘te insucesso das propostas de letramento escolar, principalmente em termos de letramentos e de capacidades de leltura, visiveis nos utimos ‘nos por melo dos exames © avaliagbes nacionais ¢ internacionels. Em ‘oguida, examinaremos os letramentos no Brasil, por meio dos resul- lados do INAF analisados em Ribeiro (2002), Finalmente, efletiremos sobre a cultura da eserita ea cultura da escola — ou, como diz Bernard \ahire (1993), em seu livrojustamente dedicado as desigualdades esco- lates, a5 formas sociais escrturais de funcionamento da linguagiem e do lotramento na escola, Veremos ainda camo as propostas académicas & jovernamentals mals recentes para curriculos e ensino tendom a abrir ‘pago para as formas socais ols, aproximando-se da cultura oral @ fnular. Chegaremos @ uma contradigio iresolvida —e, até o momen- In refletida— que este confronto de propestas cra e sugeriremos uma ura poss(vel de superagéo, em favor de processes mais eficazes de Ivtramento das eamadas populares. [No caso brasileiro, como vimos, embora se tenha ampliado 0 aces- + universal da populagdo ao ensino fundamental @ médio nos it~ anos, ainda podemos considerar 0 aluno do ensino médio como iverlencente a uma camada de escolaridade de longa duragao”. Logo, dao natin o TIE, obra par do censo dear de 2000, ae iw avang igual da popula eaoartzda na tna dana do stelo™3. ina fandamentl aa Ire no ls (728 ans), 1007, 865% dae even ivan mae 187, 831%, 0 na cela 1 es) cm 1S, w cla is oven, 7, 82%, No recenseuments de 700, lenders, anamena a na) chap eid nial O49 sod in rps ste 0% denen aun, Em 208, a populace atl reentende plo Ite tr 70 panna wm 2003, etna se 1759018 peoes, Os dads do = no ensino fundamental. No que se refere ao ensino med (15 «17 ano) também ‘evga poesia do sesso das adlescener& esol: Os ddr do IGE ne Oca eaolar da 9003 (NEP) sea 10.54 jovens acd mo ‘oma partieipante de processos de letramento escolar também de lon- ‘iw duracao, Mais recentemente, of alunos da educagio bésica (ensino funda ‘mental e médio) tém participade de diverses programas/sistemas de valiagio, sendo 08 mais importantes dentre eles o ENEM (Exame Na- ional do Ensino Médio} © 0 SAEB (Sistema de Avaliacéo da Educacao Bésica}? —governamentais — e o estrangeiro PISA (Programa Intema- ional de Avaliagdo de Estudantes)'. Estes exames e processos de avalia- fo Sudese ede 4 no Norden, 9s} comespondente ace" eos do enino Andaman a" sean nen) 33% capac em ana ue ade ‘coladade ae ong duraio anda sa tana. . Olstedo MEINE? dene 0 ENE como tm examc ndividual de carder vtus ‘eosinn meio em anon anariore. Seu ftv pina ¢ poss ma retenca js ett camptnin hdn eoiue9 Ee 2 prova doENEM 6 nterdscpinar conistulzade Enquonia os Years promo: ‘stedante dante de stage poblemae pedo dale do qi saber coectton le ‘abe apl-stp/warw nom nep govt acoso om 1/0220), eat pina co mea ate ftp/fwwrinepgorterbselsec deus tase quo Sutema de Aveo de Eaasio Basta (SAEB),confone eabeoce Porras 951, de 21 de arg de 205, € compost por dls proceso: a Avaliacbo ‘Naconal da Edicago isn (ANE) e'2Avalinghe Naconal de Rondmento Esl (ARES, A ANE 4 ralads por amodragem dared de enann en ca sidase ti Federain ent foco nas gester dos sistemas educacionas Porat es esas ‘Ssh Ah croc GoSAER mur iin NES Univeral reabeo name de Prov Bas em ane clgngies A Prova Bra fin ‘incom detahament do SAED na patna de 205. 1 ropes da ODL ~ Organize prea Coopragi « Doentleient Econ ‘nc, tuber cham Gro dos Riss orang lobe ctv declrado ‘Pb os governosnembros 9 desenvolvimento de melres pier nar Sree candice esos ilpdmaoseaongagesD 617en tras SOTA 1711 Rotini) © PISA « um progam itemaconal de ealagio compara, ca ‘nciplSnaidde & produit indesdores sobre eftldade dos sistemas edo ‘ai, crallandoodestipao deamon na ata dos 1 anos adem que supra peo trin da ecolandade sca nbrigatn na sion ox pac |] No ra. 0 iS ccourdenade plo NEP —intuto Nacional de Enudore enqusas Eacacont Ati Tatas: As avalages Go PISA incuem cadetooe de prove «qoestonaton © ‘seanecom a cada ts anon, com tases danas om er rea tra mates © ‘co pretendem, com suas especifcidades — que nao temos aqui espaco para comentar —, medir os resultados da educacio bésica em termos de ‘construgéo de capacidades e competincias pelos alunos. Uma das com- peténcias centraisavalladas diz respeito a um especto fundamental dos letramentos: as capacidades leitoras (© PISA tem uma concep¢o cogaltiva de leitura como extragdo de in- {ormagio erelagdo entre informagies extraidas de textos em diferentes é- heros inguagens, tals como folhete,gréficos e mapas retirados de ales, ‘liagramas, 08 quaisconstituem préticas de leitura escoares ena escoares. ‘Segundo Jurado (2002: 7), 0 programa selecionou "és capacidades bsteas Tocalizagia, ientincacao e recuperacéo de informaca, interpretagéo.e ‘ollexdo — subdivididas em 5 nivel, exigidas na leitura e compreensio de ‘ima diversidade de géneros". O nivel 4 de leitura, por exemplo, a exigea ‘pacidade de letra erteae de compreensio responsiva 0 ENEM eo SAEB aproximam-se mais de uma concepcio discurs: ‘w de letra, na medida em que incorporam descnitores ou hablidades © rmpeténcias que dizem respeito no somente ao contedde e & materia- Iulade tngusstica dos textos (eas capacidades cogaitivas de leitura men- “inadas na grade do PISA), mas também a sua situagio de producio. Por ‘cxemplo, exigem “estabelecer relagios entre eles [os diferentes textos] © ‘ns contextohistorco, socal, politico ou cultural, tferindo as escolhas dos Temas, gine discursivese recursos expressivos dos autores" (ENEM) ot econhecer diferentes formas de tratar uma informacio na comparacio ss extes que tratam do mesmo tema, em funco das condigoes em que ele "produzido e daquelas em que ser recebido" (descitores do SAEB), (6s resullads configuram, em geral, problemas. Na falta de esparo, “comentaremos aponasofato de que, no Relat PISA 2000, dentre alunos ‘he 15 anos de 32 pases diferentes, os braileiras foram os que abliveram os bons resultados nas capacidadas de etura Jurado (2002: 9] mostra que: is inca ao, fro rece pinpalmenta sore ma ess ens. 200, rove ns lea e203, re pineal fame em 2505, «evel ‘ea etna eh gore ae Ca repet, Jurado (2005) Jurado & Roo 2000, entre osjovens na aia de 15 anos que frequentam a escola, aproximada- mente 10% nao chegaram a aleangar onal delatura 30% chegaram 20 hivel 1, 35% cousegutzam aleangaro nivel 2; 19%, o nivel 3; 5%, onivel 4; ‘sromente 1% das nosto ovens chogow a0 nivel. Exes dao efletom 0 tipo deensine ques ovens tém recebldo, A malor parte dos ovens aalia- doa (65% entre o ives 1 2) al conseguem "localiza informagies que podem serinferdas em um texto; econhecera iia principal mm texto, compreendendoas relasées ou construndo um sentido, constuir uma com aracao ou vias conexdes entre o texto e otros conhecimentos extraldos E alnda asim, os dads apontam que, no que se relere & ocaiagio de i= formagies os resultados so alnda pires quando esté em jogo a esta de srsfces, mapas, dlagramss. sto porque muitos destes géneros tem powca ‘reulagso na een e quando citclam no so objets de ensino. Se considerarmos que os outros dois exames so mais ambiciosos quanto a8 capacidades letras, nao fearemos muito otimistas quanto ‘0s resultados especificos © aos levamentos desenvalvides pela escola publica no Brasil 0s resultados especificamente relaivos as capacidades de leitura sto bastante dificels de avaliar no ENEM, pois seus indicadores ba- selam-so em alividades (de linguagem) complexas e 0s exames exigem. proficiéncia de leitura tanto na prova de redagao, que se basela, para 4 ampliacéo de repertno, na leitura intertextual e interdiscursiva de liversos textos e fragmentos em géneros variados", como na parte das, _questées objetivas, que exigem capacidades de leitura por veressofst ceadas, om géneros e linguagens diversas, Alguns indicadores podem, no entanto, ser apontados. A média ge ral da prova de redagso do ENEM/2001 fot apenas regular (92,58 em. 100), Em 2007, com a participagdo de 2.738.610 de estudantes, a situa- ‘¢éo néo fol muito diferente: 4 média da prova de redacdo subiu para apenas 55,99 om 100 © a das questdes objtivas ficou em 51,52 em 100. 1B prcmolaier qu do ENE edo PISA pra trains col pt ‘As come abn fro he em a muss exames vestbulares BIBLIOTECA ‘6m 2001, os alunos conseguem médias maiores em “competéncias” li- ‘yadas ao dominio das normas e formas da lingua escrita padrao © ob- em méaias abalxo da nota de corte (50), nas “competéncias” 1 (48,96) © (46,75), sendo a primeira referente ao desenvolvimento tematlco dos lextos — ¢, portanto, A eapacidade de se apropriar « de reproduzir 0s siscurses anteriormente lidos —e ao dominio do tipo de texto (disser~ luo argumentativa no dominio didatico-cientiic) (compoténcia 1 @ a segunda concermente & capacidade de apresentarsolugies altemativas para problemas controversos, isto é, A mais complexa das capacidades “argumentativas: a negociagao (competéncia v} Para 2007, ainda nio ha clatério completo, mas na 8" edigéo do Exame, ent 2005, 0relatéro de ‘monstra que, na prova de redagéo, Na competncia dominio da norma clad inguin esta), a mia nao ‘al fo de 6429. Nas compoténcias 1, me, a médias nacionas foram bem urimas: 57,36, 5457 55,87, sespectivamente(qrafica 1) so derpontra ‘que os concutese rests do ensino mdi tim discuKade para aplicar ‘concets das wis drs de conbecmento ao desenvolverem um ea cot peténcia bem como para relacionaromgonzare interpret informe fats, opinions argumentos em defen de wm pont devil compettncsa Consata-se, também, qu so deficient os conhaciments doe ecanismos Lngustcos necessiis para a construct da arqumentogo(competinca 0). "Mas a competinda v —elaborr proposta de intervengo paca problema shordado, demonstrando respito aos ites hunanos —foia que regio rnéeig nacional malsbasa (47,32, oque sere queospartpants do Enem io esto suficientemente preparades pare discarrespostas aos problemas ‘cas congruents com o expt © promogto dos dies burns, Isso vem domonstrar que a escola —tanto pblica como privada, neste parece estar ensinando mals regras,narmas e abediéncia a padres ‘inguisticos que o uso Nexvele elecional de canceitos, a nterpretacio cr- 1 posicionada sobre fatose opinides, a capacidade de defender posi ‘de protagonizar solugées, apesar de a “nova” LDB j6 ter doze anos, (0s dados do SAEB/2001" ndo sao mult diferentes, Orelatrioates- lw que 82,11% dos alunos da 3" série do ensina médio que prestaram cmmaoesoumpeupeos memos ‘vexame encontzam-se no nivel 5, caracterizado por capacidacles de loitura muito simples, tais como: localizar informasoes explictas e im- plicitas em fragmentos de textos narratives simples; infers, tanto em. provérbios como em noticias de jomal, o sentido de palavras e expres- ses le maior complexidade, levando-se em conta o grau de abstia- ‘cio; infer 0 sentido de palavras ou expressoes em textos narrativos simples, relatos jomnalistics, histérias e poemas;identificaro tema de textos narratives, informativos e poétices; interpretar textos publicité- ‘ios com auxilio grico, correlacionando-o com enunciados verbal ‘gréficos sobre boletins meteoralégicos, @ identificar a finalidade de texto informativo em revista de divulgacao cientfia, Segundo orela~ trio, esses adolescontes so, ainda, capazes de estabelecer relago eno tese¢ agumento em pe ‘tues textos jrmaiticns de basa complexdad ede reconhecero ee to de sentido decorente da exploracio de recursos morfossntticos. Sem via, ov sunos da" srle do ensino médio tuados no nivel S possum ‘mais consolidadas as habilidades de eta, no entant ainda nao se ape ‘sentam come lstores etiens, apts a patcipar das prétcas sis de lel ‘ur do mundo letrado, Os anos poscionados no nivel 6 (203%) 4 so ‘capuzns de identiiear recursos dscursivs mais sofstieadosutlizades poo tulon no nivel 7 (91%) eno nivel 8 (144%) apresentam habiidades do} lestara mais compativeis com e série cursada. Em contrapartia, vale rs saltar que abalzo do nivel 5, em que se situa a media da 3" série do ensin} rmédio,encontrant-e 41,21% dos alunos que nao demonstram habiidades Ge leitura compalives coma a serie curs (Relatorio SAEB/2001-Lingu portuguesa, MECIINER,p 108) Isso quer dizer que 41% —quese a metade —dos jovens do final dé censino médio apresentam capacidades de letura abaixo das citadas n relatério para o nivel 5, que, por si ss, |d s80 extremamente simples bsicas, além de exercidas sobre textes curtos e muito pouco complexos Alem disso, orelatrio admite que apenas 5,35% dos javens apresental capacidades de leitura compativeis com o que sera de se esperar ao 1 riino do ensino médio, Estes resultados sio bastante compativels com {o Relatrio PISA/2000. Vejamos a tabela 1 Cy Tabla a — Feqénca e pecortual do alunes nos estos de canst decom potonaas — Lg poruguesa 3 so do ensno cio rast — 2001" spe oka ones Su da een co SHE. Para além de nossa experiéncia cotidiana das salas de aula eda im- iossao de desinteresse, desdnimo e resistincia dos alunos das eama- ‘tos populares em relagao a propostas de ensino ¢ letramento oferecidas as prticas escolares, resultados concretose mensurévels como esses ijuram um quadro de ineficécla das prticas didaticas que nos leva ® perguntar: como alunos de relativamente longa duragao de escolari- ppuderam desenvolver capacidades leitoras tao limitadas? A que sainiesssnneauncneeneennaeiiins pwraticas de leitura propostas de letramento estiveram submetidos por toiea de dez anos? A que textos @ géneros tiveram acessot Trata-se tte iefiedcia das propostas? De desinteresse e enfado dos alunos? De ambos? Que fazer pata constituirletramentos mais compativeis com a ‘idadania protagonistat Seré que 0s alunos de ensino médio que conhecemos — nossos f+ tos, nosses alunos, nossos vizinhos — representam 0 integram essas estaisticas? Como eles leem textos de mediana complexidade, verbais € ‘multimodais? Para alimentar essa reflexdo, €proposta abaixo mais uma atividade, que encerra o capitulo, Bote) poesee 0 ste do ENEM, no onerego: tav/winacemben ge fettxPocon-com cease niT ‘eos descrtores de competneia ehabiidades meacas plo exame. Levando em conta ave os ltramentos esolares mals soins soa ‘mente exigdos peo exame, pois Tose a stuardes de akag etiam ce de mao a voritarseo partner {eapa de errr ete ge Inguger vb, sal tos, mapas, pn tyitoos, ene oureseenucats: = jnteancl teaser da tepeacio: — comprenndo or lemrtneiplits construe do tea, come oan texturs, erlonaidad, sure ere ‘auizagao ove: ‘agarandso tgs elinguagons env elborndo transformando ee ‘Seven esos parease elsts Pogo lgum aluno de enna médo que conhera que resola as dias a 10s do exame de 2007% apresentas a segue (adaptadas}. Se voc8 for profes >rou professor, analige alitura de seus alunos, do $6 de aspectosfsicos se consti a cultura de um povo. Hé muito mal, contigo nas trees, no folore, nos saberes, nas lingua, nas es tas © om dverscs outs aspectes e manifestapdes transnitdos oal _Bestutmente,reerados coletvamente © mosicades ao longo do tempo. ‘essa poredo intanghel da heranca cultural dos pews d&se 0 nome de tenn cutural ater nteret: ‘Como vimos, a humanidade levou milénios para inventar @relagio ‘onl um grefismo e um som e deslocou-se da representacio do signif- ‘oda das palavras para o isolamento de um som do significante das mes- hs, que, por convengéo, universaliza-se para representar esse som & hone signifteado motivad. As consoantes, sonoramente mais salientes ‘rom maior nimero, foram isladas primeiro, ao contrério do que supde wor abet coubeci— na verdad, um blo — er em sr cine asco 30 stor, Fs nvemad cn gat cade de comer ga cst 4 maloria das cartthas e dos professores, que insistem em apresentar} Drimelro as vogis para a erianga, como bem mostrou Emilia Ferreiro, esse 106 um processo simples e breve de assaciagéo som-grafi. um pro. ccesso mais ou menos longo e bastante complexo de construc de cow nhecimento sobre essas convengées. ATIVIDADE 7 Lara 1€.6, em dtacos 2), Palas esorias por elas caiocas do Jardins de areximadamer anos (Rd chido escorrega sapato mochita quadrade boneea Aid NU ISCUEG —APTO.-MSLA—CUUADADRO._ BOCA. a2 AT FSOA SAAD. - ‘83 SCHIO ESOOPECA SPATO. MUSXLA CONDRADO FUNECA) 1b) Palas esertas por crianga caioes de CA (RY/AM,aproximadamente Dbanana— 50 mamdo—oc0 — laranja—ace facaxl— boo para pa aacato— abe! melancia—E amelie Eco ——jaca—ac 2 ood dra que esses alunos estio mas proms do ictograme, do deogem ‘ma, do slate ou doafabeto? a: ns wt Mais iim do sbirio 3. Yoot considera que essas crian 425 J8 se encontram alfabet odes, ov sea, J descobriram ‘adoquadamente as relagbes fo nol6gloas entre sons da fla (fo femas) ¢ letras oa escrta (gra femasy? Justtique Vorb pe cs «enon ‘emo i Ena Rema oa dca de ues tas compan oso uma arin cave ose pesos Ne ‘Stent aang i gente ‘tea, AE estar ato Ista apenas aaa eli fe concen das caren ete sles tia). 4. Paraque voce acha que AM (exe ob) usa osimbolo¢ 70 que voce acha que ele esté marcando com 12550 simboio? € simples iengio? Voce pide ter nota que a xiang + ‘fam naslzacso spans tant, ‘neo Ia, a No ia per, abacste, aa i ano for te vabalto deans fonligcs gue 9 “hipotes sbi", como da Pere. Matra tanbén que a lagan exert do portaguée do Brel et vias ane fase grafr a asia: goer, fomo em "banana area ct no tom olde slabs (rani, tla a) marca ems ns congo na ‘asm, mel"), dente ont. Os exemplos da atividade 7 nos rmostram que a exiangas também passam, como bem mostrou cons \rutivismo ferreiriano, por wm longo « exigente processo de idas e vin- ‘as, reonganizagées do pensamento, vara constrir 0 conhecimento des- sas Telagbes entre fonemas e grafe- ‘nas no portugués oral e eseito do Iasi. E880 por varias razdes, sen- ‘que quero aqui ressaltartés + os tiposderelaies fono-orto- _raficas do portugues do Brasil (Morais, 20028; 2002), + as rlagbes entre lingua oral e lingua eserita sociolinguistica;e + esutura da sfaba do portugués do Bre (fonclocia) ‘A abordagem destes tr tens olocaréem questi, como veremos, mui lusilas erongas que carthas e professor apresentaun sobre aellabetizacao, -Jimencionamos vérias vezes, ¢0 exemplo da atividade 7 mostrou, ‘que essas relacdes nao sao nem simples nem transparentes, como que- vem fazer erer as cartiIhas, quando as organizam do “mais simples” een le para 0 “mais complexo", apresentando as vogais primelro, pois s80 ‘apenas cinco, seguidas das silabas simples, das que apresentam irre- ‘gularidades e, somente no finalzinho do ano e de maneira répida, as silabas complexas (aigrafes, encontros consonantals, consoantes en: final de silabas), Morais (20023; 2002b) mostra-nos com clareza e, inclusive, sugestdes de atividades, que as coisas nao séo t4o simples assim. Po ‘exemplo, os professores ecartlhas costumam fazer os alunos crerem no} mito de que “ha uma letra para cada som" ("regularidade do sistema’) Mas, se pensarmos no nosso alfabeto, veremos que isto & verdade em pouguissimos casos abcdefghijlmnopqrstuvxz PB 1 TD u FV ‘Temos, isso sim, alguns tipos de relagao entre letras e sons da falas + cau urea ps un son, em poucos casos: ppara/p/b para para (WP pata f/f para f/x para {para fu para fu + AUS LEAS PABA UM SORES ~5 GX 85,86 2 XC ~ 21% 8 ‘20 assim por diane + ios Sons un TE: 8 fl =I Fd X= 18 a, ce assim por dante pon on aa ALTA 1 YOGA ABET, FECAADASE NASAZADAS (ae F628). mt, renunes a eo Sua par a ale “ee Nag ame en conn rue 0 oq conan (oid eodas vos pau agutn canes que qualquer grate rebut ratio at de dscriminagso suv, ee Portanto, para além dessas poucas regulares diretas, como as cha- ‘ma Morais (2002a) — p/b, Ud, i, u-, hi um aumento consideravel da complexidade das relagdes entre sons e letras. Noentanto, nem tudo Imregular. Hé regularidades, que Moraes (2002a) chama de regulares contextuals, bem conhecidas dos professores, ¢ também as regulares ‘morfolgico gramaticas, {As regularescontextuais so aquelascujareqularidade fica defini- | ano contexto da palavra ou daslaba em que ocorrem: éo caso do xr | ‘edo.s dobrados intervocaicos do uso do m antes de pe b para gralar » nasalidade e don nos outos casos (que nao ditongo nasal) do ws0 do cedog antes dea o.we do qu-gus antes dee | Regularidade contextual aqui quer dizer que hasta 0 aluno aprender | ima regra: toda vez que acontecer o contexte silabico X, a letra sera | sss ou assado. Essas regularidades (reas) sao bastante trabalhadas ce assim por diant. as séres inielais, 14 as regulares morfoligico-gramaticas, nem tanto. Definidas por vsjctos lgados & categoria gramatical da palavra (morfologia), env ‘om nao fonemas ou slabas, mas morfemas (por derivacio, compos! ‘co, Por exemple + adjotivos de orgem escrevem-se com s (portuguesa + substantves deivados de adjtivos escrevemse com z(beleze) ‘+ coletvos em /aw/escrevem-se com (milharal ‘+ subsiantivostrmiados com o sutixo /sescrover-s com ¢(chatco, + formas verbais da 3° pessoa do singular do passad escrevern-se ‘com u (canton) + formas verbais da pessoa do plural do futuro escrevem-se com A: todas as ouras com m facordario,acordaram} + fhexdes do imperelto do subjuntivoescrevem-se com ss (canta); + nfnitivos escrevem-se com rembora em muitas variedades do por- {ugués do Bras esse tno soja pronunciado (eantar + desivacies mantém alletra do radical medicina) etc? ssnemen (AAT ‘eral espn em Morals (202 2002, prceber, 4 regularidade (regra}, nesses casos, de nstrugao paralola de conceites gramaticais bastante mais solsticados (derivagdo de palavras, radical, tempos, modos e pessoa d verbo, classes do palavras) que se dé durante as séies do ensino funda: ‘mental, sendo que essas rogularidades sdo por vezesensinadas, mas, mai ‘comumente, s80 aprendidas por observagio, demorando ase estabileat ‘Todo o resto € irregular, ou soja, foram convengies determinadas. pela evolugdo historica da ortografia da lingua, as quais 0 aluno néo| tom acesso © que, para ele, dependerio exclusivamente de memoriza- (fo. E so muitas ‘A! (equ, cade, aio, cessino, piscina, cresge, giz forge, excto) PY (grata, 6) ‘af (webu, casa, exame) J (enxada, enehente) 2b fora, hoje) ei oft ekgaro, seguro; bonito, busi ‘Vt Lilo, Jutho) «i, a, ou (reducéo)(calxa, madelra, vassoura) Extabelecer, com Seguranca, as relacies complexas envolvdas no qu podemos chamar de ortografizagdo 6 um processo dic longo, que toma odo ensino fundamental e que se ostende por toda a vida, quando se trata {de vocabularo novo para nés, Por outro lado, outro mito que deveria ser expulso das salas de aula de alfabetizago 60 de que se escreve como se fala e que se fala de uma ‘inica maneira. Ao contrétio, hi muits falares (alta e socials) no Bra- sil, © escrita se aproxima apenas de um deles (0 portugués padrao / ‘norma cult urbana, mas, mesmo assim, nem a ele corresponde integral- ‘mente, Dependendo da regio, classe e grupo socal do falante, a escita staré mulo distante de seu modo de falar e seria mais fall se apreseny ‘ada como outra modalidade, que capta aspectos de outra variedade. E 0 © Por exempla de que patra com som que vém do prego esrevem-s¢ com x «e latimcom ch Como 0 alin nia conhece hago oto, Sopa ope de 2 Comiderando ques ponunca igure, unt, a, adr, vs GQ svsorouinvenannen vase ue aconteceria com um falante da variedade caipira paulista, que poss volmente, em seu registro cotdiano e em seu daleto, fala "as arvte smo hols” e-encontra esrito “as drvores somos nds". Nesses casos, mas vale ‘nalisar as diferengas sociolingufsticas que desvalorizer 0 falar do alin vo favor da escrita © da lingua padrio"™ Finalmente, outro mito que permeia as préticas alfabetizantes ‘0 de que a silaba padrio do partugués do Brasil 6 a sflaba simples, ‘insoantesvogal (cy). As cartilhas e professores passam o ano apresen- ‘undo slabas simples, deixam para oitimo més ou bimestre a apresen- lgo de outras estruturassldbicas e depois se espantam de que o aluno sereva “anivesaro" por “aniversério" Iso s6 prova quo ole aprenden “ue fol ensinado, Ao contrério, o portugues escrito e falado do Brasil apresenta muitas vwsteasestruturas silabicas — v, wy, ve, ey, cov, eve ete. —, quase tao Ivoquentes quanto a estrutura cv", Basta fazermos o simples exerccio de ‘ontabilizar as estruturasslabicas das palavras do pardgrafo acima: cor \omente teremos uma mora cv, mas sequida de pert pela estrtura cv ‘com bea incidéncia de ccv, vogas isoladas¢ ve. Por que nao apresentar, slosde o inci, uma amos mas ica da estrutura silica do portugues? EEnfim, como vemos, mesmo no campo relativamente “simples” da slabetizagio — se comparado ao do allabetismo —, pois que se resume ‘uw comstrugdo do conhecimento sobre arelacio entre os sons e a letras, ‘v que esta envolvido nao é nem simples, nem transparente © exige um lunge trabalho de construgae por parte dos alunos e de ensino pelos pro- Jessores. Nao é por outra razio que muitas estantes foram enchidas de livros e muito papel fet gasto na discussao sobre qual 0 melhor método ‘io ensing na alfabetizacio, [No Basil, até os anos 1960, imperou absoluta a erenga de que a construgdo desse conhecimento alicercava-se apenas numa simples as- i aves, veo de aia no enero bipeww youtube com/watchv= sociagn de uma letra um som (assoelacioniamo),o que vimos, na andli- se acima, que absolutamente nao se sustenta, sendo o processo bastante ‘ais complexo, Nessa perspectiva, estando a crianca pronta (prontidao), isto 6, tendo desenvolvide acuidade visual ¢ auditiva e motnicidade fina para poder grafar,bastaria associat um desenho a um som. Simpliicando bastante, © que se discutia entao era qual 0 melhor método para levar @ essa associagdo: se os mélodes analitices, como ométodo global, que vio ‘do todo para a andlisee divisao das partes —isto 6, da palavra pera sua ‘decompesigéo em slabas e fonemas — ou sos métodos sntéticos, como 19 método sildbico © 0 fonstco, que vio da parte para 0 todo, isto é, do fonema/letra, para aslaba, a palavra, a frase, Esse predaminio da visdo associacionista é que fez a escola sim- plificar 0 processo, organizando as amostras de escrita por passos do mais “simples” para 6 mais "complexo”,relirando assim as oportu- nidades de aprendizagem dos alunos e obtendo resultados equivo- cados, tardios e artiticais, como, por exemplo, os textos cartlhescos. Também a artificialidade do processo afastava os alunos do interesse de aprendizagem, provocando retengio, evasdo @ exclusio. Como J disia Mafalda, personagem dos quadrinhos de Quino, diante dos "Minka mame me mime. Minha mamde me ama” da carllha © da professora: "Parabéns, professora, pois vejo que tons uma excelente ‘mde! Mas seré que agora, por favor, pode nos ensinar coisas real. mente importantes?” Nos anas 1980 e 1990 do século passado, esse tipo de erica foi feita ao associacionismo, tanto pela perspectiva construtivista,no Brasil repre- sentada pela obra de Emilia Ferreiro, Ana Teberosky e Jesus Palécios, {que alrmava o papel atvo da crianca na construcio no de associagies, ‘mas de uma representagao da lingua pela escrta, como pela perspectiva socioconstrtivista, que no Brasil resgata a obra de Vygoisky, ue res salt «importincia da interacio com outras pestons mais experientes na cconstrugio desses conhecimentos. Para terminarmos este capitele, propomos mais uma atividade de and- lise de eserita ce crianga, de maneira a aplicar os conceitos dscutidos Ra ‘eo seguinte testo de um aluna de ensno fundamental dared privada: a tase de um aluno de 2" sri de ma escola da cidade de Sto Paul, tidocomo Lum alune fracoe encaminnad para stendimento exteescoe(xmevamente, avis partulaes em squid, pscopedago} "Ele fol para propa o ET. tomate cals 90 um buraco Ele dso a I ‘machuguel# minha pera, Eles der risada todos os mininefearo ‘assaranos porque ols flarSo enchendoderdo um sorvete para Ele estou do corvete ele peu mao cowveto ele no aguentou tomatude (08 corvete Ele cordeu dai Ele tinha que | pra paga mals no tna dolnero mats chegou espacconave do ET. tomate e pagou o corete © {ol enbora eo Mario ffocaficou isto mals Ele queria e]unto com eles ‘fo para casa do ET tomate oe cou content Retome a categorizagso das corespondéncias foro ortogéficas propos por Moraes (20022) ( CORRESPONDENGHS Fono-ORTOGRFONS TRREGULARES) (DIRETAS] (GONTEXTUNS) (MORFOLOGICO-GRAMATICAS. ‘categorize os “eros” ertogrfcns desse alunos peo tipo de corespond cla fono-rtogréfic eveja em que tipo de process (grado — dire, con textual, gyamatical ou memorizagio) ele mas incie. Use # tabela Proceso principal: ‘De acord com a categorzagio que vob fez, 4 que tipo de conteudos e ortogaiavooé daria prioisoge Yet do pando fo do i {20 ersinar a alunos como esse? tio «0 fini or dorado © 0 Quen deaiodespopola? Im no ean 9 oma Nada justia «esgnatzagio do a com enamine estrescla Capitulo 5 ALFABETISMO(S) Desenvolvimento de competéncias de leitura e escrita Ascot ¢ um unions de cutar seta podemes nos eur s 0 mes populares nao datum nite do Dont de vista de sue tags coma exert Por det da, ‘e'escondam deren, ebsmos sos na rele sm. laterentes modos de represntoto dos to de tan de ‘tn, 85-201 Quando terminamos 0 capitulo 3 (atividade 6), vocé criou uma defi nigao para o conceito de allabetismo, Possivelmente, baseou-se na defi igo de Soares (2003 [1995}:28) que utilizamos no capitulo: lfabetismo “a estado ou condicao de quem sabe ler e eserever" ‘Vimos,entretanto, que, embora esta definicio pareca simples, o com: ceito de atfabetismo é muito complex, por que esse estado assume pelo alfabetizado néo é tinico nem previsivel, na medida em que envolve umn 4rande conjunto de compoténcias e habildades, tanto de letura como de eserta. Por isso mesmo, comecou-se a falar em niveis de allabetismo. O alfabetismo ce uma pessoa pode se restringir a capacidades simples do alfabetizado de decoriticar palavras ¢ frases, localizando "informagéex ‘explicitas em textos muito curtes, euja coniiguragdo auxila o reconheck ‘mento do conteddo solicitado” (alfabetismo rudimentar, nivel 1, segundo 98 nivels de afabetismo do INAF) ou pode incorporar competencies @ ‘apacidades muito complexas envolvidas na plena compreensao relacion nal de um texto (alfabetismo pleno ou nivel 3, para o INAF, Neste capitulo, aprofundaremos o conceito de (niveis de) afabetis: ‘mo, detalhando as competénciase habiliades neles envolvides, eo dite. rnciaremos do conceito de letramento, Como a concelto de alfabetismo envolve tanto as capacidades de leitura coma asd escritaeestas no s30 ‘05 mesmas, embora interigadas,faremos, primeiramente, uma discussao das competéncias e habilidades de leturg e, em sequida, as de eserita, © SE Nnewwpm.or.r/im_papina papimpgs §.92.0800.008ver=or,scesso mina 0 2 tenlaremos nos ater relereac as competincs abiliades evs em conta os desctres dor eas naconay, oto SAE (ove Br ¢ EER COMPETENCIAS E HABILIDADES DE LEITURA® Lerenvolvediversos procedimentoscapacials (perceptuais, moto- ‘as, cognitivas afetivas, scias, cscursvas lingusticas), todas dependen- tos da situacio e das finaidades de letra, akuumas dels denominadas, om algumas teoras de leitua,estratégias (cognitivas, metacagitivas) Podemos chamar de procedimentos um conjunto mals amplo de fa- vores dertuais que envolvem as praticas de leitura’, que vao desde ler ‘ia esquerda para a direita ede cima para baixo no Ocidente! falhear 0 liv da direita para. a esquerda e de manera sequencial e nao salteada; scanear as manchetes de jonal para encontrar a editoriae os textos de ‘ioresse; usar caneta marca-texto para iluminarinformagdes elevantes ‘numa letura de estudo ou de trabalho, por exemplo! _Embora esses procedimentosrequeiram capacidades (perceptuais, mo- loras ote). ndo constituom diretamente o que é normalmente denominado, as teoras,capacidades (cognitvas,lingustico-dscursvas) de leitura, © conhecimenta sobre 0 conjunto de capacidades de todas as or ‘ions que so requeridas nas diversas praticas de letura vem crescendo scontuadamente com 0 desenvolvimento das pesquitas e teorias sobre ‘otra que tiveram lugar da segunda metade do século passado até hoje, ‘cumulou-se, nos iltimos cinquenta anos, muita informacio a respite. 1 ossas informagées dependem dos focos dessas pesquisas ¢ teoras. Podemos dizer que, no inicio da segunda metade do aéculo XX, ler ‘ra visto — de mancira simplista — apenas como um procosso percop- “Tea esd et oo 2) a asia, eo no cpt no nda "era espe, Kanan (16, 19690, 1092) CSinmadon de proocon dela po Chater & Bourdieu (1985) Charter © poets su pclae to son Chrie (0), some pers erne Pareto Pape no papel nated computador Esa 6 lal © associative de decoditicagao de grafemas (escrita) em fonemas (lala), para se acessar 0 significado do texto. Nesta perspectva, apren- ‘dora Ter encontrava-se altamente equacionado a alfabetizacao, Dito de outra maneira:allabetizar-se, conhecero alfabeto, envolvia Liseriminagéo perceptual (visio) © meméria dos grafemas (letras, sim- Doles, sinais, que devia ser associada, também na meméria, a outras percepgbes jauditivas) dos sons da fala (fonemas). Uma vez construidas fessas associagées, uma ver alfabetizado, o individuo poderia chegar da letra & silaba e palavra, e dels, a frase, ao period, ao pardgralo oo texto, acessando assim, linear e sucessivamente, seus significados. E 0 que se denominou na escola fuénela de leitara. Nessa teoria, a8 capaci- ddades focadas eram as de decodiicagio do texto, portal importante para © acesso a letura, mas que absolutamente néo esgotam as capacidades envolvidas no ato de le. ‘io capacidades de decadicaséo" ‘+ comproenderdiferencas entre escrita € outas formas grea (ou tos sistemas de representacio} dominar as convengies grea, conhecer oalabeto, compreender a natureza allabétiew do nosso sistema de esrita, ‘dominaras relagdes entre grafemas e fonemas saber decodificar palavrase texts escrits saber ler reconhecendo globalmente as palavras ‘ampliar a sacada do olhar para porpdes maiores ce texto que meras palavras esenvolvendo assim fuénciae rapider de leitura [No desenvolvimento das pesquisas # estudos sobre 0 ato de ler, ao longo desses cinquerta anos, muitasoutras capacidades nele envolvidas foram sendo apontadas e desveladas: capaciades de ativagéo, reconheci- mento ¢resgate de conecimento armazenado na meméria, capacidades Os dosaoes dest tm dstura de decoaiag) fran, eax na soi, trade ‘Se moter tttalada Aabetsando Como 2 Onetaies pare opanna do ‘seta (CEALE] da Foca de Educa FAE| da UFMG, para «Serta Et ‘ual de Edoearo de Minus Goris SEE MG, l6gicas,capacidades de interagio soca etc. leitura passa, primeiro, a ser ‘enfocada nao apenas como um ato de decodificacao, de wansposicao de ‘um eéaigo (eset) a outro (arab, mas como umm ato de cognigao, de com preenado, que envolve conhecimento de mundo, conhecimento de prétieas| ‘ociaise conhecimentoslingusticos, muito além dos fonemas« qraemas. ‘Num primeiro momento, tratou-se da compreensdo do texto, do que hele estava posto, ou pressupasto, Nessa abordajem, Cujo foca estava no fexto eno lito, na extracdo de informagses do texto, descobritani-se ‘muitas capacidades mentais de leitura, que foram denominadas estraté ‘aa (cognitivas, metacognitivas) do leitor. Posteriormente, passou-se a ver 0 ato de ler como uma interagdo centre 9 ieitor eo autor. O texto deixava pistas da intencio e dos sig ficados do autor e era tum mediador desta parceria interacional, Para ‘aptar estas intencdes e sentidos, conhecimentos sobre prticas eregras ~ociaiseram requeridos. ‘Sho capacidades de compreenséo (estategias)" ‘+ Ativagdo de conhecimentos de mundo: previamente leitura ou dh- ‘ante ato de ler, o let esti colocando constantemente em relagso seu conhecimento ample de mundo com aquele exigi e ulizado ‘elo ator no texto, Caso essa sincroniidad fale, havera uma la- ‘euna de compreensio, que seri preenchida por outas estratégias, ‘em eral de caraterinferencial + Antecipasdo ou prego de conteddas ou de propredades dos tex- tos: leitr no aborda o texto como mma folha em branco, A partir a stuagdo de etur, de suas inalidades, da esfera de comunicacio fern que ela se dl do suport do text (vr, jrma evista, outdoor lc} de sua dlsposigdo na pagina; de seu tuo, ce fotos, legendas felustagies, eto levanta hipéteses tanto sobre o contetido como sobre a forma do texto ou do trecho sequinte de texto que estard ‘ese wat, os dsertores fram rezados dos cas de avaiagbo dos eras ‘ulti de nga prague (a ees, PNLD/209) tal come Bgurat naka de evonn (Bras MECISED, 205) Ver em ww Inde. gov Uap endo, Esta estratéga opera durante toda a letra & também res- pponsavel por uma velocdade maior de processamento do texto, pois ‘© lator no precsaré estar preso a cada palavra do texto, podendo ancipar muito de seu contedido. Como dia Frank Smith (L080), trata-se de um “jogo de adivinhagio" ‘+ Checagem de hipsteses ao longo da leitur, no entant,oleitorche- ‘ard constantemente essas suas hipéteses, conirmando-a8 ou des- confirmando-as e, consequentemente, buscando novas hipsiteses ‘mais aclquadas. Se assim ndofosse, o lito ra por um camino ea texto, por outro, + Localized efouretomedla (cpa de informagdes: em cesta priticas e etre (para estudar, para trabalhar, para buscar informagoes et lenciciopédias, obras de referénei,na interes), oleitor est constan- temente buscando ¢lcalizandoinformagéo relevant, para armaze- nila — por melo de cpa, ecerte-coe,luminagio ou sublinhada —e, postorionmente, reutlizé-la de maneira eorganizada. uma es: tralia basica de muitas pritcasdeleitura (mas nio de otras, como 4 Jeitura de entretenimento ou de frugéo), mas tambéas no opera sozinba, sem a contribuigdo das outras que estamos camentando, + Comparacdo de informecses: ao longo da letra, 0 letor est cons- ‘antemente comparando informagdes de vérias ordens, avindas do texto, de outros texts, de seu conhedimento de mundo, de manera a ‘constr os sentdos do tox que est lendo, Pe avidads espec- «as camo as de resumo ou sinlose do text, esa comparagao€ essen ‘dal para medirrelovancia das informagies que deverda ser rtidas. + Generalzagdo (conclusbes gerais sobre fat, fenémeno,situagdo- ‘problema ete,,apds anise de informagSes pertinentes)- uma das estratégias que mais contibui para a sinteseresultante da eit ra 6 a generalizagio exercida sobre enumeragies, rodundéncias, repetigdes, exemplos, explicagdes ete. Ninguém guarda tum texta fictmente na memétia, Podemos quardar alguns de seus trechos ‘ou citagdes que mais nos impressionaram, mas em geral armaze- ‘amos informacées na forma de generaizagées responsavets, et pee 1) € uma proposta toea teas yertnine no eas que emeceem 2 século xk 2 ropita ots, ietas Ge cangi, texto dt ‘Unesco, asi como a prepa instr, at st ar ntencio de operant erate 1 estan para 9 toma da diver. Os ‘omalzagto ea estado texto (aan, two delingua pao obedinc ao formato do snare. Sno atm, 6 ua prope be feua a texto eros cannon nace, ‘stn do clo XB Matas pe fens retagio cea pot nap ba pea fo em stare produto em slg a ftros Tetoes mets de cnelagoouBoadade tex escolar to paras avalad pare as clas desire pas betes corral Pusla ndohexpnrgio dete tetera: "fe ou indo ativan de contecnento on thea de otros eto recon ant claa~aprseoga dos ets ¢ apenas trade". Voeo pode tr tama asad ‘Semativa qua, ots aia, a preneupod pt 6 desaotinents do wma un doe pcos do plancaments. No ean, m0 Ingo ebpatia sje pa © panda lotgarsragt de olan ea pata eros. rovisto, Nove quo maramente pasar e and revieo, Nao amb, os pow cont coractes proton 1) Tem fore base no oe emvolimento © reper teriagdo de tomas. Preocupase oom a noimalzagdo de 65 cite @ com a est ra do texto Encaminnaproosamen 10s de planejamento, tora revisio, ©) Esclarece para 0 ex rminado a stungéo de Producio do txt, isto 6, sus lores, sur te, eieuo, finalsade. 1 uma proposta ave so sein nas relages de parte 60. andise te 1 sobe 9 proposta do ENEM/2007, labore una proposta de produ tx: tual dgda a alunos de uma des sées do ensino ‘damental e que lve em cont 0s quatro conjuntos de capacidades men ionados 80 ral deste capt: nomalizar, comunicr txtualizar entre ‘ualar,além de encamintar os provedimentas de planemento,edtoragéo cerwisio, No préximo e ditimo capitulo — Capitulo 6: Letramento(s: préti- cas de letramento em diferentes contextos —, abordaremos as sces- sivas transformagées do conceito de letramentols)e sas relacbes com © conceito de alfabetismo e definiremos trs enfoques dos letramentos ecessarios ao tratamentos dos textos na escola contemporaine: 8 le- {ramentos muitipios © multiculturais, os lettamentos multissemidticns 08 letramentos crtios Capitulo 6 LETRAMENTO(S) Praticas de letramento em diferentes contextos Letamenta nde é pura esimpesmenie un conn de abide inétuts& «Conant de rear soi lignes etree aesetvem que ae neue ‘ohn see canteto sca Seats, 1008 7) Pode semar que acl emt peti dot ‘prtica soc, mas com apenas wm tipo de pratica de fevtamena, aabedzors, 0 process de aulsian de ‘hagas abet, numeric), proceso gerne ‘orehid en eee de uma competsnle nda cena pra o sees « promopaa na esol Jo otras ‘incon de omen com efor, 2 get ra como Igor rebar manta ove de ermento mato ‘here Retnan 1995-20, [Nossa personagem, professora Dora, entra na sala de aula, faz a ‘chamada e em sequida pede a Tadeu que abra olivro na pégina 27 e lela ‘otexto.em vor alta — priticas de letramento, Josias, 22 anos, vestido com uma calga eaqui esfarrapada © uma. ‘camiseta regata branca cheia de buracos, aproxima-so de mou carro pa- ado no sinale pendura no espelho um saquinho de balas de hortela em. ‘que ha grampeado um bilhete com os seguintes dizeres: "Sou pal de familia © estou desempregado, Vendo balas para sustentar meus filo. ‘Compre um saquinho, Somente RS 2,00". Lele bilhete e compro as ba- ag — praticas de lotramento. ‘Surana esté sem dinheito vivo na carteira e precisa comprar remédios, De duas uma: ou vai ao caixa automatico e segue as instrugies ne tela, digitando cédigos alfanumeérios para retirar dinero vivo, ou va deta- ‘mente a farmcia € usa 0 cartao decrédio oude débito, também seguindo as instrugdes da tela no terminal e dgitando cédigosalfanurnéricos, pera realizar a compra sem precsar do diheiro— prticas de ltramente, ‘Tocedor de atabaque num tereiro de umbanda em Via Medeiros ‘na zona norte de Sao Paulo, Renato Dias ficou intrigado, cert noite, com. fas frases balbuciadas, em aparente transe, por um quia espiritual, Dis- seram-lhe que talver fosse uma lingua indigena. Uma das entidades da ‘umbanda é o caboclo, que representa o indio brasileiro, Independente- mente de quaisquer conviccbes religosas, aquela cena acabou se mate- rializando no prime co de rap com as letras em tap de que se tem no- Ula, ‘Fique interessado na sonoridade daquelas palavras, diz Renato, «que se prepara para langar, neste més, as misicas de ‘Kaumoda', que, em ‘upi, significa ume entidade espiritual maligna. O projto 6 fo possivel ‘gragas a uma inusitada mistura de um terre de umbanda com o rigor académico da Universidade de Sao Paulo" — pritieas de letramento, Mas afinal que conceito 6 esse tao complexa e diversificada que re cobre desde a letura escolar em vor alta de um texto escrito até um co {e sap em tup, assessorado por um professor da USP, passatdo pelo uso de meioseletnicos e digits? ‘Como diz Kleiman (1995: 15-16), “o conceito de letramento come: sou a ser usado nos meios académicos numa tentativa de separar os studs sobre o impacto social da eserita’ (Kleiman, 198a) dos estucios sobre a alfabetizacio, cujas conotagdes escolares destacam as compe: temclasIndividuais no uso ena pratica da eserta” Usamos até aqui o conceit de alfabetismo para designar a conjunto ‘de competéncias & habilidades ou de capacidades envolvidas nos atos de letura ou de escrita dos individuos, conjunto esse que se diferencia « particulariza de um pare outro individuo, de acordo com sua histéria 4e praticas socais,e que pode, como vimas, ser medio e definido por nivels de desenvolvimento de letura ede eserta, como fazem 0 INAF (6 exames nacionals Altaetismo 6 um conceit bem mais antigo, Segundo Ribera (1007: 145), © tormo alfabetismo functonal foi cunhado nos Estados Unides ne dade {4 1500 oulzado palo exéreto norte-americano durante Segunda Ger 1 Indicando a capacidade de entender instrgies exit necesicas pare ‘reaizacio de areas militares (Castell, Luke & MacLesnan, 1966). A pa lrde ent, o terme passou a ser utizeclo para designara capacdade de | Ea etalon atinnstnstma8 hm inl acy an nsec oes emp aie Oe saa OF tiara eur @ exert pata tne pragmsticos em contxtos ctiianos, tlomestios ou de teabalho, muitas vere colocado em cantaposieao a uma ‘oneepggo mais radlconale académice [Entdo, podemos dizer que as pritics socais de letramento que exer- cemos nos diferentes contextos de nossas vidas vo constituindo nossos niveis de alfabetismo ou de desenvolvimento de leitura ede escrta; dentre clas, as praticas escolares. Mas néo exchusivamente, como mostram nos- 0s exemplos. E possivel ser ndoescolarizado e analfabeto, mas participa, sobreludo nas grandes cdades, de préticas de letamento, sendo, assim, Telrad de uma cesta mancira. Nada exclu, por exemplo, que Josias, no nosso segundo exemplo, nunca tenha frequentado a escola seja anal- faeto, tendo pedido para alguém escrever e imprimir os bilhetes, Ainda assim, ele recorre a patica letvadas em suas vendas, cobra e faz 0 toe. Podemos também dizer que, nos textos e pesquisa da década de 1980 Brasil alfabetismo eletremento (assim, no singular racobriram signifi ‘acs muito semelnantes e préximos,sendo, or vezes usados iniferente- mente ox como sindnimos nos textos. Scares (2003 [1985}41), por exemplo, chega a afimmar que “o neologismo [letramento} parece desnecessri, j6 ‘quea palavra vemécula alfabetismo |. tem o mesmo sentido de literacy". Como se ve, 08 vos sentides da palavea literacy em inglés (alfabetizacio, letramento,allabetismo) tém um papel nessa aparentesinonima, [No entanto, vale a pena insstr na distingio: o termo allabetisma. tem um foco individual, bastante ditado pelas capacidades © competén- das (cognitivas e inguisticas)escolarese valorizadas de leiturae escri- ta (letramentos escolares e académicos), numa perspectiva psicolégica, fenquanto o termo letramento busca recobrit 08 us0s e praticas sociais de linguagem que envolvem a escrita de uma ou de outra maneira, se jam eles valorizados ou nao valorizados, ocais ou globais, recobrindo. contextos saciais diversos (fama, igreja, trabalho, midias, escola et.) ‘numa perspectiva socil6gica, antropoldgica e sociocultural Isso ficou bastante mais claro para os estudiosos do letramento, a parti da obra dvisora de éjuas de Street (1984), que inaugura os novos festudos do ltramento(stu/sis) e que foi divulgada no Brasil, sobretudo ‘por Kleiman (1995). Nela, Street propunha uma divisdo entre dots enfo- Oe etal «ques do letramento nos estudos, para os quai ele escolheu as denomi- nagoes de enfoque auténomo e enfoque Ideologico do leamento”. Sequndo Street (1983: 5), o enfoque autdnomo vé 6 letramento “em termos téenicos, tratando-o como independente do contexto social, uma vvaridvel auténoma cujasconsequancias para asociedadee acognicaosi0 derivadas de sua natureza intrinseca”, Ou se, 0 canta (escolar| com a leitura ea escrita, pele pr6pria natureza da eserita, fara com que o in- Aividuo aprendesse gradualmente habilidades que o levariam a estagios universais de desenvolvimento (nvels| 0 que, até aqui, denominamos nivels de allabetismo. E é 0 que Bartel (2005: 69) quaifca de 0 retrato {a educagao a partir do enfoque auténome, no qual essas habilidades rosultariam "no pensamento racional individual, no desenvolvimento in- {eleetual, no desenvolvimento social ena mobilidade econdmica”. ‘Ao contrério do modelo autonamo dominante, 0 enfoque ideoligico vas préticas de letramento como indissoluvelmente ligadas is estruturas calturais ede poder da sociedade e recanhece a variedadte de prticascul- ura associadas a leitura © & seta om diferentes contextos” (Street, 193 7),0 “significado do lelramento” varia através dos tompos e das culturas @ lento de uma mesma cultura. Por isso, prtieas to diferentes, em contex- les tho diferenclados, sao vistas como letramento, embora diferentemente valorizadas e designando a seus partcipantes poderes também diversos. ultra distingéo interessante, igada a reflexio de Street (1984), 6 vita por Soares (1908), quando fala de uma versdo iraca e de uma vor 10 forte da eonceito de letramento, Para ela, a versio fraca do conceit leramento, que estaria ligada ao enfoque autnomo, é {neoliberal ¢ ‘tara ligada a mecanismos de adaptacéo da populacio as necessida- los ¢ exigéneias sociais do uso de letura e escrita, para funcionar ex sociedade. € uma visio adaptativa que esta na raiz do conceito de alla- htisme funcional e de muitos reclamos indlgnados a respeito dos res: ‘udlos dos exames e mediges de competénciase habilidades: como ser ‘dado, funcionar em sociedade de maneira adequada, sem dominar as ompeténcias requeridas? © que faz a escola que nao as desenvolve? |i « versio fore do letramento, para Soares (1998), mais préxima sla enloque ideoldgico e da visto paulo-freiriana de alfabetizacao, seria Tevolucionara,erlica, na medida em que colaboraria nio para « adap- lagi do cidade as exigenclas socials, mas para 0 tesgate da autoest ‘na, para a construséo de identidadles fortes, para a potencializagdo de hyteres (empoderamento, empowerment) dos agentes socials, em sua Cultura local, na cultura valorizada, na contra-hegemonia global (Sousa ‘Santos, 2005) Para tanto, leva em conta os miilipls leramentos, sejam. valorizados ow nao, glabals ou locas oni {Le acord com a lcussio feta sobre os enfoque dos) tremens), pre ha 0 quadro com 88 cag ababo, avassndo em qual nha e colin voce rou toto eile call abl cra a fang a responsabil| sabres linguists neces fo wn de eel Ponlor quate menor fo 0 fe Itamento des comunidad que ive os anos Com Sdsunda os derentes iva ae coecinento prev, cae scat pomover sun snplca fon qu, pogresivament zante ots nos do ena ‘name ida an Ge oot etd etapa iret “Ene un von pasa fr = cupatingn reqaeia pe potion de qusegur coma roc tember at of fe reas pr ves express pune fom tata. eo aes uma fie de pe pe igi, Numa ote bse fo as queer eges rlgins, potter, cts e Marra pedo «acess e paricaci | sce danios dts ma fr a paticlar de Itramento © 0 fi ements gu concen deities pubs, pat Tarmania insiicoe ence va, @ campetne sags io pewegiados™ (Ose, 1098 24 ole ado. er aie cream scale, de semi apes, como ce ie de produ texte ores ae caer pee eesiSEe GB, 961, al se iconaca maroc nena Femieiracacsec Se ete acne cameras Sper cena ee peace | estas oes Snape || nop fren sna, | anes vn ee iets tara | Pas rree avec acetal “Tatinentos sao pls als pres © stuadas, que eaminam oralidede © esc exodcionados peo tp dep pala nase expect habs tngusteos dos gape A cago 4, d¢ Ong, fl qualicada coma tm enfoque adnan em verso for, poise eset, de mane atoms to & por sla merns, done ne fons, cogigao ea Ungungest hunana ua ego, de Oso, sea ‘si Fac enlogoe elanome, pir eativin «atone d exerted ‘is eles cam stuido yoda heerga scale cm esses, ‘ind asin, enfocsotramente como uma competenlseoquda pra fundonat So detrenada ste Ang 3, tad PCN de eso tae [NRASILISERMAEC, 1900 f considera una vera rca efogn eli, embora ale wm denicraizag socal ecalrl inde vw encolacom 0 papel 101. Asim, 4s abordagens mai recentes dos letramentos', em es- ppecial aquelas ligadas aos novos ridos do letramento (NEL/S), tom apontado para a heteroge: heidade das préticas socials de Testu, eserita e uso da ingua/in ‘goagem em geral em sociedades letradase tém insistido no eardter soctocultural e stuado das préti= fees de letramento, Esta posicio, ‘como nota Street (2003: 77), {aor sabres Sngusteos necssiriex Dre oexeeia da idan, 08 3a Senda rte do enfogoe tea, na ‘ume formes de inchs ret o Ya Joes elt habit gto cil en que sto peatedor”e onl ‘er etasatbigee develo conto implica oreconhecimenta dos méiliplosletramentos qe varia no tempo tno expaco, mas qe aio também contestados nas relactes de poder, As fim. os his ndo pressupdem cosa alguma como garantida em rela aos fettamentos e 3 prieasrociais com que se asociam, problematizand faguilo que conta como letramento em qualquer tempo-espaco interto= (gando-se sobre “quai eanentor”siodominantes equa si marginal ‘dos ou de resstncla (nfaseaiona), [esse movimento, a conceit de Tetramento passa a ser plural: leta- rmentoS. Hamilton (2002: 4) chama os letramentos dominantes de *ins- titucionalizados” e os distingue dos letramentos loeais “vemnaculares" {ou ‘autogeradas"), Entretanto, nao os vé como categorias independen= tes ou radicalmente separadas, mas interligades, Para a autora, os letra rmentos dominantes estio associedos a organizacées formals tais como ‘escola, as igrejes,@ local de trabalho, o sistema legel, © comércio, a8 butocracias, Os letramentos dominantes preveem agentes (professores, autores de livros diéticos, especialistas, pesqulsadores, burocratas, pa Gres © pastores, advogados e juizes) que, em relacéo ao conhecimento, ‘iio valorizados legal culturalmente, sto poderosos na proporcéo da ‘poder da sua instituigaa de origem, Jé 0s chamados letramentos “verna fulares" nao sio regulados, controlados ou sistematizados por instil (bes ou organizagies socials, mas tém sua origem na vida colidiana, nas culturas locals, Como ta frequentemente sao desvalorizados ou despre- zados pela cultura oficial eso praticas, muitas vezes, de resistencia, res 1 Umexemolo de desorezo pels letmentos case margnazados 6 0 que 8 oscoainstituige fell vem ispensando ao nteretés ou logue. €comurn ‘vermos professores ea mii reclamando” da migragBo des inguagem s- ‘al a mia clal para otras esterase comunicagdo, come umn ataque & ling portuguese" Veja, por exemple, 2 posgSo 6a Pro Elenice a espe, publicada nojomalsartsta A Trbuna, em 30/05/2005: ‘Para a professor Elonice Redigues Loren, de lingua portuguese, toratura © producto textual, o problema eats na earéncia do dominio a lingua mater. “As pessoas nao leem, ndo procuram ampli seu ‘ocabulii,eram na rnin na concordincla das frases © das pa- lavas tém iteuldade de conectar eas ede nterratar textos" Para lonce, portant, a preocupacte 6 “adotr”o Intemetés come nico ‘recurs exert alternative, exatamente por ser simpficado © pobre ‘6 regrasgramatcas ¢ nguisticas. [No hi condlgdes de tlerar © destespeito ao idome, pincpalmente dentro da sale de aula. Uma ‘cols 6 usar gilaselnternetésnalnformalidade e com amigos. uta 6 evar esses viclos para toa a comunloagdo" argumontaElenlos. (Retirado do htt://waw.novonilenoint.by/léloma/20050830.Nim, _acesco em 21/02/2008, énfase acctonada). ‘Come vemos, Internets 6 casicado como desrespeto ao aioma, vio, um ‘so de tingua esera simpiteado “pobre de regras gramaticalselinguisicas™ vo 9 Isso pudess exist. Ne verdad, o internets € una linguagem social ‘spt & rapide do escrta dos giners cigiats em quo creula— bate apo em ‘at, comurcagto sina por escrito em ftramentas como MSN e biog. op estes dois exemploe de interés: um dogo no MSN um email era os por jovens a amigos: >) intemetés ceve ser estutdo nas sales de aula de ings, come un modo situado oe unconamenta da nguagen. ) [VO-VEIN AKI EM KAZA GM KEM E KOO? TRAZ XOCOLATE E+ CERVEIA? AXO Q NAUM TENHO + BLZ? ) Danie Koch bizmik 222 Pdr bie ent 777 Danie: manerox, mas ‘sewers val avida 7? ede ten iu a praia saigo com ms agus Dorie: iho, valew! Justique sua esposa (s novos estudos do letramento tém se voltado em especial para os |etramentos locas ax vernacular, de maneira a dar conta da heretogene\- ‘dade das prticas nao valorizadas , portato, pouco invetigadas. No en ‘anto, abe também uma revisdo des letramentos dominantes na contem- poraneidade, em especial ds leamentas escolares, por diversas razbes. Em primeiro gar, porcausa de como se apresenta omundo contem- porineo, Pademos dizer que, por efeito da globalizacéo, mundo mudou ‘ilo nas duas dtimas décadas, Em termos de exigéncas de novos le lramentos, & especialmente importante destacar as mudancas relativas ‘40$ melos de comunicagao e & circulagio da informacéo. O surgimento «4 ampliacio continua de acesso is tecnologias digitals da comunicagao e ‘lainformagéo (computadores pessoas, mas também celulares, tcadores ‘lemp3, 18 digas, entre outras|implicaram pelo menos quatro mudan- ‘as que ganham importincia na rellexio sobre os letramentos ‘ctdeveterpeeeidequeum despite tipismecansines 6 da abe ‘scr de polovtey ma tab ta acento, sinus renin oan ral 3. Tete montar um gssétio com as palawas do internets suas cor respondentes da escrta padréo. Qual ¢ princpal mecanismo que opera no Internets, na sua op i? Por qu? A que necessca- : es atenae? 4. Consideepaias come v3 bol cu “emetos” come +6, 0h 2) © oe Lembrendo a breve nist- 9 da esta que zemos no cap ‘ul, oo considera ess eer camo mals peoxna do atabero, do ‘abso ou co Idoogramaypito omar Jstique sa espa, 5. Considerando as propedces co Intometés que analsou vec dria ‘ue: “+a vertginosa inteniicagdoe a diversiica da crculag da infor _magdo nos meios de comunicacio analigics digas, que, por sso ‘mesmo, distancian-se hoje dos meios impresses, muito mais moro- 0s seletvos,mplicando, segundo alguns autores (¢, por exemplo, ‘Chater, 1997; Beaudouin, 2002), mudancas signicativas nas ma- ‘niras de ler, de produzir ee fazer circular textos nas sociedades | diminuigdo das dstancias espaciais —tanto em temos geogri- 0%, por efeto dos transportes rps, como em termos cultures © informacionais, por efeto da mida digitale analgica, desenraizan- {io ae popilagies 6 deseonstuindo identidades, + a diminuigGo das distancia temporais ou a contragdo do tempo, ddeterminadas pela valocdade sem precedentes, a quase insantar ‘eidade dos transportes, da informagio, dos produtos culturas das ‘mia, caracteristcas que também colaboram para mudangas nas praticas de letramento, + multssemsiose ou a multiphicidade de modos de signiicar que as possbiidades multimiidticase hipermidaticas do texto eletronico ‘peranda,sinpifas 0 wo do ‘ever ua ented de grap 0 inteats ssa rein do ‘esta labia fe epeenaso a lags orl as Servados& tanscng Loncc, Cre mPa, exige, da te de quem eseve, bastante an agus» cose onli, 8) 0 imemetés deve permane- cr fora das sais de au, tevaacaloguecoa br aden papretcoo-SGumalrian 204, acs er 2/022008 ‘razom para oat de litura:jé no basta mais leitura do toxto verbal ‘sito — 6 predso relacand-o com wn conjunto de signos de ouras modalidades de lnguagem (imagem estitica, imagem em movimen- 'o, musica, fala) que o ceream, ou interealam ou impregeam; esos ‘extos multisemidtcn extrapolaram oslimites dos amblentesdigitals ¢ invadiram também os impressos (jamais, revista, livros didticos) Por outro lado, a escola —em especial, a pica — também mudou bastante, come vimos, nos uitimos einquenta anos no Brasil, mas no zna mesma diregio. Buscou-se — e atingiu-se, na década de 1990 — a luniversalizagdo do acesso a educa¢ao pablica no ensino fundamental ‘ehoje se busca a mesma ampliagio e universalizacio de acesso no en- sino médio e superior, para melhor qualificagio da mao de obra. Como também vimos, acesto néo quer dizer permanéncia e nem qualidade de ensino, Ainda assim, a ampliagao de acesso tem impactos visivels, ‘nos letramentos escolares: o ingresso de alunado e de protessorado das ‘lasses populares nas escolas piblicastrouxe para os intramuros escola res letramentos locais ou vernaculares antes desconhecidos e ainda hoje gnorados, como o rap eo funk, por exemplo. Isso cria uma stuagio de conflto entre pratias letradas valorizadas e nio valorizadas na escola, ‘como apontam os trabalhos de Kleiman (1905, 1908), por exemplo, Hamilton (2002: 8) vai apontar para ofato de que muitos dos let mentos que sd influentes e valorizados na vida cotidiana das pessoas e «que tém ampla ciculagéo sdo também ignorados e desvalorizados pelas Intituigées educacionais: “Nao contam como letramento ‘verdadeiro™” ‘Um exemplo éo intemetés que abordamos na atividade 13, usado inten- samente pelos jovens fora da escolae,nela,ignorado ou execrado como dogradagio da lingua, Da mesna maneira, as redes socials einformais «que sustentam essas praticas lettadas (por exemplo, as redes e comu- nidades virtuais de que jovens de todas as classes socials participa) ppermanecem desconhecidas e apagadas nas escoles, quando nao tem. seu acesso prolbido, como é 0 caso da proibigdo de acesso ao Orkut ea ‘sem multas excolas e-universidades conectadas, Essas mudangas fazem vera escola de hoje como um universo onde ‘convivem letramentos miltiplos ¢ muito diferenciados, cotidianos e inst tucionais, valorizados © ndo valoizades, locas, globalse universas, vor AG, sonnssnnnssranena rose naculates ¢ autdnomos, sempre em contato e am confit, sendo alguns rejeltados ou ignorados © apagadose outros constantemente enfatizades. Por fim, nessas eircunstancias, o que sigificetrabalhar a leitura e « escrta pata o mundo contemporineo? Ou, como diz Hamilton (2002), ‘como esbogar poitcas de letramento ao longo da vida que realmente sustentem ¢ desenvolvam os recursos, processos ¢ melas que existem © so requeridos na vida cidada contemporinea? ‘Um dos objetivos principals da escola é justamente possiblitar que ‘seus alunos possam partiipar das varias prticas sociais que se utilizar da lelturae da eserita(letramentos) na vida da cidade, de manelraética, texitica e demoeratiea. Para fazé-1o,¢ prociso que a edueagaolinguistica leve em conta hoje, de maneita ética e democratica ‘+ os multiletramentos ou letramentos multiples, desxand de ignorar ‘ou apagar os letramentos das cultura locals de seus agentes (profes- Sores, alunos, comunidade escolar) e clocando-os em contato com fs letramentos valorizades, universas ¢ istituconals; como dia Seuza-Santos (2005), assumindo seu papel cosimopoi + oslettamentos multisseml6ticos exigidos pelos textos contompord- ‘eos, ampllandoa nocio de letramentos para o campo da imagem, {a musica, das cutras semioses que nio somonte & escrta. O co- hecimento ¢ as capacidades relativas 4 outros melos semisticos festao ficando cada vex mais necesséiot no uso da linguagem, tendo em vista 0s avancos teenoldgicos: as cores, as imagens, 08 sons, o design ete, que esta disponiveis na tela do computador « ‘em mulos mateiai impressos que tém transformado oleramento ‘wadicional (da letra/ivro) am um tipo de letramento insuficiente ‘pata dar conta dos letramentos necessérios para agit na vida con- temponinea (Moita-Lopes & Ro, 2004 “outa Sos (205; 74 aponta paca a lodsliacd o elgg centage nies basa no nceonto ba plete doloclesaizao entra ao neue ‘te etn dengan caesar conteein a de io ptstnini cumunda uta com "cago tensacona” mas anced Inaiscocrets Dente eis, aaa. ] “ibe aeontere amen peso arr eat cunpet, ocl pe cess om Mp eebiac-com/roo + 0 letramentos eriicos@ protagonist roquerios para o tat ico slo dliscurss em uma sociedad saturada de textos e que néo pode lidar com eles demaneirainsantinea, amor ealienada, come afi ‘mam Moita Lopes & Rojo (2004; 37-38), 6 preciso levar em conta fat de qu alinguagem ndo ocorre em um véewo socal e que, portant ‘textos raise esetos nao tm sent em simestus, as intrlocutares es. ‘iors leitores, por exemple) stuados no mundo scl com seus valores jets pltcos,histriasodasojo constroem seus sgiicados para ait na ida socal. Os signitcados sao contextalizador, ssa compreensio 6 ‘extremamente importante no mundo altamente remiotzado da globaliza ‘lo, uma ver que possibilita situar os dacutss w que somos expostos © recuperar su situacionalidade social ou su context do produ einer. retagdo: quem eserovou, com que propésto, onde fo publicade, quando, ‘quem era o interlocutor projetado ete. Tal eorizagio tem uma implcagao pric, porque posite trabolar em sla de eu com uma vada de in ssuagers que forecearifces para os aluns aprenderem, a pric een lat a fazer escothaséteas entre or ascursos enn gue cculam, ls posi Ita aprender a problematizar 0 dsexrea hegeménice da globalizaga © 08 sigiicados anitcos que desrespeltem adiferenga, (ase ediconae) Essas ilplas exigéncias queo mundo contemporineo apresenta& {escola véo multiplicar enormemente as prdticas textos que aela devern Circular ser abordados. O letramento escolar tal como 0 conhecemos, voltado principalmente para as priticas de leiturao eserita de textos em. ‘génetos escolares (anotacdes,resumos, esenbas, enstios, dssertecdes, escrigoes, narrardes w relates, exercicios, instrucbes, questionétios, entre outros) e para alguns poucos géneros escolarizados advindos de ‘outros contexts {lterésio, jomalistieo, publictério) néo sera suficiente para atingir as trés metas enunciadas acima. Seré necessérlo ampliar € \democratizar tanto as priticas e eventos de letramentos que tém lugar na escola como o universo ea natureza dos textos que nela citculam, Mas precisamos ainda, para isso, aprofundar um pouco mais oconcelto de leramentos maliplos ou multettamentos e ode letramentos ertcos. © conceito de letramentos multiples 6 ainda um conceito complexo © muitas vezes ambiguo, pois envolve, além da questo da mulisse- ‘lose ou multimodalidade das micas digitais que Ihe dew origem, pelo ‘menos dues facetas: a muliplicidade de prdicas de letramenta que cit cculam em diferentes esferas da sociedade © a multiculturalidade, sto 6, © fato de que diferentes culturas locals vivem essas préticas de mane! diferente. Por exemplo, um analfabeto habitante de zona rural que, toda ia, ne hora do “angelus", as seis ca tarde, senta-se em posigdo de re. Veréncia © “Ie” a Biblia, folheando lentamente e olhando atentamente, fem atltude de prece, © 0 pastor da igreja pentecostal que Ié a Biblia na 1, entremeando a leitura de sew inflamade diseurs, para persuadir os fiéis, ambos, de maneiras muito diferentes — inclusive em termos de alfabetismo — estéoinseridos em priticas ettadas da esfera rligisa, Como organizar, na escola, a abordagem de tal multipicidade de Priticas? Que eventos de letramento e que textos selecionar? De que esleras? De que midias? De quais culturas? Como abordé-lost Dols conceitos bakbtinianos podem ausxiiar nossa reflexdo: 0 can ceo de esfera de alividade ou de ctculagao de discursose 0 conceto de {géneros discursivos (Bakhtin 1992 [1952-53/1979)), Na vida cotidiona, ‘eulamos por diferentes esters de aividades(doméstica e familia, do ‘rabatho, escolar, académica, joralistiea, publictéra, burocratica, re. ligiosa, artistic ete}, em dlferentes posigdes sociais, coma produtores ou receptores/consumidores de discursos, em génerds variades, midis Aiversas e-em culturas também diferentes, © lia da professora D. Nand, com que comeramos © capitulo 3, mostra bem isso: ele se inicia para ela, come dona de casa, na esiera «loméstiea ou cotitiana,deixando bilhete para sua diarstae telefonan \1o 8 oficina autorizada; neste meio tempo, ela liga av e toma contato rom a esferajomalistica, como consusidora de noticias, e com a pub. ‘itéria, como consumidora de produtes; em seguida, como consumidora, ‘se desioca para a esfora burocrdtiea do coméicio,fazendo um depésita bnancério pelo computador e deslocando-se por meio de transporte pi biico, para adentrar, em seguida, como protessora, a esfera escolar. Re- lomando a sua casa, embora cansada, ainda tem energia para essumit © papel de espectadora de produtos da estera do entretenimiento (midi ico), vendoa novela televsiva, para, depois, como namorada, dialogar ‘om seu parceiro pelo mss na esferasntima ¢,finalmente, volta esfera ‘scolar, dessa vez como aluna, para fazer atvidades on-line de seu curso semnipresencial, Portanto, as esferas de atividade © de circulagdo de discurtos nao so estanques e separadas, mas ao contriro,interpenotram-se o tempo todo em nossa vida cotidiana, erganizando-a e organizando nossas po- sigbese, logo, nossos direitos, deveres e discursos em cada uma dela, ‘Talvezo diagrama abaixo possa captar vagamente esse nosso movimen- ta constante pelasesferas de atividade {mtn atistica\ ublicitaria Figura 4 eas de atidade soll ou de culo dos cscursos Segunda Baketin (1902 [1952-59/1979}), cada uma dessas esferas de atividade humana ¢ também uma estera de eirculagio de discursos ‘ede utlizagio da Kingua e “cada esfera de utilizagéo da Kingua elabora, ‘us tipos relativamente estéveis de enunciados, sendo isso que deno- ‘minamos géneros do diseurso"(p. 279). Ou seja, hé géneros admitidos @ no admitdos,proprios de cada esfera Para o autor, o texto ou enunciado reflete as condigies expecta ¢o8fnalidades de cada una dessas este. ras, ndo sé por seu contetdo(temstcn por seu estilo verbal, ou sj, pol sel operada nos recursos a Kngua — recursos lexical, tasealogcas@ VAC) somennsnen serra sramaticas sal p. 279), ‘mas também, esobretudo, por sua consrugdo campaico- [Neste sentido, o Jovem usa internets no at @ em seus e-mails, no seu blog e em bilhetes escolares para colegas obedecend 3s condicbes ‘especticas de creulagao da lingua em uma esfera de comunicag. Mas o$ letramentos milipos também podem ser entendlidos na pens- poctiva multicultural (mulietramentos), ou seja, diferentes culeas, nas diversas esferas, terdo praticas¢ textos em géneros dessa esera também sliferenciados. Deverdo as priticas, o textos as hnguaajens cas variedades 4a lingua néo valorizadas, locais ou “vernaculates", como quer Hamiton (2002), ser abordadas na escola? Por qué? Para qué® Uma resposta pode ser conduzida pela andlise do mundo globalizado em que vivemos hoj Arica & globalizacéo cultural jé fora denunciada e prenunciada nos estudos sobre a industria cultural ¢ a comunicagéo de massas. A ‘existéncia de meios de comunicagéo capazes de colecar uma mensagem sao aleance de grande mimero de individuos nao basta para caracterizar ‘oxistincia de uma industria cultural e de uma cultura de massa. in- ‘dstria cultural 6, justamente,fruto da sociedad industializada, de tipo capitalist Mera ou, ainda, da sociedade dita de consumo [No campo das culturas, & considerada como condicdo para a exis- lencia dessa industria uma oposicéo entree cultura dita superior ou va- lovizada, como a patiimoniada pela escola, e ade mass, difundida nos ‘melos de comunicacao, apesar dos equivocos envalvidos nessa divisao. Almitida essa divisio, pode-se falar na exsténcla de uma cultura su: peror, outra média (mideut), de valor cultural, mas néo estético, ¢ uma ‘oxcoira, de masea {masscull, inferior) A segunda distingue-se da orcoi- ‘1, basicamente, por sua pretensio de apresentar produtos que se que- vom superiores, mas que so, de fato, formas desbastadas daqueles. Aa Juss que @ masscult se contenta com fornecer produtos (mereadorias) vom qualquer pretensio ou Alibi cultural. possvel, ainda estabele~ ‘corse uma oposigao entre a cultura popular ou focal, entendida como ‘os walones ancestais de um povo ou de uma comunidade espectica, € 1 cullura dita pop, outra designagao de cultura de massa. Os mesmos ‘excessus de valorizacao da cultura superior diante da de massa, também ‘io encontados na defesa da popula diante da pop. Com seus predutos, a indistria cultural busca o reforgo das normas socias,repetidas até a exaustio.e sem discussio. Em consequénci, tem, ‘uma outra fungéo: a de promover 0 conformismo, a alienagio. Ela fa- rica seus produtos, cujafinalidade € a de serem trocados por moedas promove a deturpagio e a degradacao do gosto popular simplitica ao ‘maximo seus produtos, para obter uma atiude sempre passiva do con- sumidor, assume uma atitude paternalista, dirgindo 0 eonsumidor ao invés de colocar-se a sua disposicio cultura de massa da globalizacio 6 padronizada, monofénica, h- rmogénea e pasteurizada, a ponto de alguns estudiosos da globalizacio falarem de Mundo Mc, de "medonaldizagao" da cultura, tendo como ‘centro dominantee iradiador 0 ocdente, branco, masculine, heterosse- xual, norte-americano: cultura da rapidez, da instantaneidade (fastfood, zapping, clipping) ¢ do excesso (lat food, megalépoles, stress, hiperta- {do}, Por sso se tomnam tao importantes hoje as maneiras de incrementa na escola © fora dela, os letramentos criticos, capazes de lar com os textos e discutsos naturatizados, neutralzades, de maneira a perceber sous valores, suas intoncées, suas estratégias, seus efeitos de sentido, ‘Assim, o text jé no pode mais ser visto fora da abrangéncia dos dis- cursos, das ideologias das sgnificacies, como tanto & escola quanto as teorias se habituaram a fazer ‘Como j dizia Bakhtin (1992 [1952-53/1979)}, a compreensio de um Aiscurso & atv, 6 uma acao de réplica e nao de repeticao (©censino as iscipnas verbs conhoco dus modaidaes bisicas sco. teres de ransmisndo que esimilag daca de orem (do txt, dasse9Fam {dos exemple}: de co" *com suas propraspalavas.(..] objetivo da ‘asiilagdo da palavra de outro aekguio um sentido ainda mais prfundo ‘e mas importante no processo de fommagdo ideoligca do omen, no sen ‘ido exato do terme, Aqui a palavra do out se apresenta no mals na ‘qualidade de nformagies, indicagies, reas, modelos ee. — ela procure Aefinirasprpris bases de nssn ait deatgica wm rlagh a i {de aos comportamento, la surge agul come apa econo ‘tplaveainermamente persuasiva (Dakin, 1988 (10344/1079) 142). Além disso, como frisa Sousa Santos (2005: 26), a globalizacio rage fortemente — quando nao provoca ou intensifica — com outros 10 hhomenos de depreciagao”e de diminuicio da qualidade de vida no pla heta,tais como 0 aumento dramtico das desigualdades © da exciusio centre/de paises, povos, classes, etnias © individuos, a superpopulacao, & tatéstrofe amblenial, o8 conlifos éinices, a migragdo internacional mas ‘iva, a proliferagdo de querras civs, 0 erime globalmente organizado, o incremento consequente da violéncia, a democracia apenas formal ‘desprovida de sentido, o solamente. Sousa Santos (2005: 27) afirma ain- fda que, embora a globalizagio esteja longe de ser consensual e seja “lum vasto eintenso campo de conflitos entre grupos sociais, Estados e interesses hegeménicos, por um lado, ¢ grupos sociais, Estados e inte esses subalternos, par outro", 0 campo hegemonico ata com base em tum coasenso entre os mais influentes e poderosos membros: consenso de Washington ou consenso neoliberal, responsével pelas caracteristicas ‘iominantes da globalizagéo. A isso, @ autor val denominar globalizagao ‘ou coligagio hegeménica [No entanto, como todo fendmeno sécio-historico, a globalizagae he- ‘goménica gesta seu polo contréro, a localizagdo, 0 que leva muitos au lives a falarem de glocalizagéo au de g-locallzagdo. Anda nos termos de Sousa Santos (2005: 26) a sociedade contempordnea parece combina» universalinago ¢ eliminagio do frontelras nacionsis, por um lado, particuleriamo, a divesidado lca, Identidade ética e 0 reso ao comniterismo, per out, © movimento de locaizacéo 6 visvel tanto no campo pottico-eco- hhomico, nas “novas" formas de organizacéo da sociedade civil em orga~ hizagoes ndo-governamentas (oNcs), associacbes, cooperatives, dentre ‘otros, como principalmente, no campo cultural e das identidades, por ‘essa tpi youlbe-com/eatehv=hROBIGSAU pera ver ua para ge nolo das wdentiticagdes comunitirias agregadas a interesses comuns ou pronucio das culturas locals. Fendmenos desse tipo séo encontrades Tanto nas comunidades locals, como, principalmente, nas virtuals. Sendo ‘ns ambientes digitalis interativos e pouco controlados, prestamse a no- ‘as formas de sociabilidade, Assim, as armas da globalizagiofortalecem fs lacos e as contra-hegemonias da localizagdo, A Isso, Sousa Santos (2005) vai chamar de globatizaedo ou coligagdo contra-hegeménica. [Na verdade, hé duas formas de resisténcia: a localizagao assumida — ou seja o foment a iniciativas locas de varios tips ao redor do mun- do, por meio de “espacos de sociablidade em pequena escala, comuni- titios [.},regidos por légicas cooperativas ¢ participaivas e a globali= ‘ago ou caligacdo contra-hegeménica” (Sousa Santos, 2005: 72), que nao se baseia no ineremento e na protecae do local enralzado — embora no negue seu valor estratégico, designando-o como localizagao contra: hegeménica —, mas no que ele chama de as “inlciatives, onganizagbes fe movimentos integrantes do cosmopolitsme e do patriménio comum {da humanidade, com vacagéo transnecional”, mas ancoradas em “Tutas locais concretas.[..] © global acantece localmente,E preciso fazer com, ‘que 6 local contra-hegemidnice também aconteca globalmente" (p. 74) Logo, duas armas a favor da construgio da coligagao contra-he- geménica seriam justamente a escola e as tecnologias digitais. Por um. lado, novamente aqui, s#o cruciais os letramentos eriicos que tratam os textos/emunciados como materialdades de discursos, carregados de apreciagées e valores, que buscam efeitos de sentido e cos e ress0- nincias Ideoligicas. E preciso, portanto, um reenfocar do texto, fora de escola, mas prineipalmente nela, por sua vocagéo cosmopolia, por sua ‘epacidade de agenciamento de populagées locaisna direso do univer sal, dos pariménios da humanidade. Mas também 6 muito importante um possivel outro camiaho: rar inoigbaderctproce entre a diferentes Itas locas, aprofundar b que tm em comun de modo a promover onteresse em lianas transo tals ear capactdades para que essa possam eftivamente ter lugar © prosper (Sousa Santos, 200: 74, DAE een eee les Neste sentido, 0 papel da escola na contemporandlaie #018 0 de colocar em didlogo —ndo isento de confit, polfOmio 4 Ui bbakhtinlanos —os textos/enunciados/discurss das diversas cull i cals com es clturas vatorizadas,cosmopolitas,patrimonials das quale @ ‘Quardld, néo para serra cultura global, mas para crir cligagOs (0 trashegemdnicas, para tanslocelizarhnas locas. Como gosto do iva para transformar patriménios em fratrimnlos. Nesse sentido, a excol pode formar um cidadléo flexivel, emocrétio e protagonista, que s0}0 ‘lticltural em sua cultura e poligloa em sua lingua ‘Cabe, portanto, também escola potencializaro lélogo multiclt ral trazendo para dentro do seus muros no somente a cultura valoiza fa, dominante, candnica, mas também asculturas locals e populares © & ‘cultura ee massa, para tomé-las vazes de um dialogo, objetos ce estudo (de erfticn, Para tal, 6 preciso que a escola se interesse por e admita as ‘ulturas locais de alunos e professore. Cutturas locals Cutturas escolares Figura 2 Muito emul ou warsevamentos ret Em 2008, uma eseoa de samba d020ralste pasta, Grémi Retreat ‘Ctra Ecole de Samba Nené de Via Matide, ou a0 Sambédromo de S80 Paulo um enredo ern Homenagem Luls da Camara Cascudo,o rtesso qe ro gosta de ser charnado de flea Lei a eva do semta-erede Nené do ila Matise Sabor ené, Aino Beare Suu) {Um yoo da agua como munca se vi! Também somos folelore do nosso Brail-140 anos aprendende com Cchmara Cateudo Pra encantara aenide ‘aie ver sitar te Via Mate coite sum Seka tact aceeande htp/ptvlipediaorg/ wk eat eEAX de Via ata, oni ton se et ee ae ‘mcr rs! hei cml Carn ‘out omivakrysnsicageteatereneated Se vost a coo Proposer pe Lips as acoso ama do Sto Pao. Pare Sor, scese Mp? (medio de a, sent © pensar (6 potigusy) Camara Cascudo mosteu para 0 mundo O ati popular Basi da misegenacio, nosso paw estend as mos ‘Yams mesioar Costumes do norceste..Okete, cabo da peste ‘Ym pro foe dana posite evanta ‘Bo: Bumb no Norte, Paintin, © panto robre Pro mausothad tem ez forte © paié pode satvar Ferradurasecarraneas.. Pause ‘Quem fo ue debi o espana se quebrar? No Cento Oeste rdo pesque sem ora (porque) Assombragéo vate pegar No sul bringuel De cara aga e amsretinns repre num indo canto que owe 1 0 S20 se encentou No &ehua, nem fandango Eperguntou: Que som é esse? Que cacénca erente Protea pelos deuses Mo responda quem ver it sou Nend! De cling, blucade € carnaval Mnpa esola de samba & evn! Batra de bamba ora a8 jon © bala ‘nossa bandeira, manta sagred0 Gueto azul trance, mito respetad Agora vamos ee 8. Que sementos da cut valoaa ese samnbeevedo ervolve? Ed cura popular, das cut 6. Umdestie de escola de samba fia ation & cultura popular rast. um everto mutissemigtice, Cao «pio aan fo osleto do deste do escola? maracfu recat ral, cabot, Musica eleta(cantada eect ‘eva gf lndasbrasiaseseus ‘a).no samba. Qual mis? Nigar, bmn sew Bl a esse ano, 0 cammalsco da fandango, sar janis escola fel Auguste de Olek, um exerense ci al fund ® yu da miscn da ea do stm primeira nagdo de meracatu do “endo, wach per fr mencignado ‘oa. Com que athidades lea. Haguagensplstins © visas sae ds elevementes a teve dese tr dar sans Hagungers Corpor commenter Haas epee el tee coma 8 ORCS come enema eat te spc vr dtame waa oat fetes a Torre coneeet Pree aa ee a lun enero de aiidades asco: a to a wate fan0r eno a ‘met epesentade na elar ee ‘Que tnguagens enramna co ses. que se pdera proper para ating este mosro objeto, {As aedader dover, iia 10 ‘cro logo entre us cles cls ila na escola hoje é muito mais falar ea de mune talhar com @ alfabetizacao os allabetismos: 6 trabalhar com os letramentos muitos, com as turas miitiplas — a leitura na vida ¢ a leitura na escola — © que os citos de ners discursivase suas esferas de cirulagdo podem nos dar a organizar esses texts, eventos epréticas de letrament. ‘Como conelusae, podemes di 1 que trabalhar com a letra © E enfocar, prtanto, os usos e priticas de linguagens (miitiplas semioses), para produrif, compreender ¢ responder a efeitos de seati- do, em diferentes contexlos e midias, Tata-se, entéo, de garantir que 0 fensino desenvolva as diferentes formas de uso das nguagens (verbal, corporal, pléstica, mista, grtfica tc) e das linguas (alar em diversas variedacleselinguas, ouvir ler, escrever), Para partcipar de taispraticas com proficincia e consciéncia cidada, 6 preciso também que 0 aluno desenvolva certas competénctas bésicas para o trato com as linguas, as Lnguagens, as midias o as multiplas praticasletradas, dle maneira cit ‘a, ética, democritica e protagonista, Assim sando, como respondeamos is questes proposta neste capitulo? Retomando-as, nos perguntamos: 0 que significa trabalharaleitura «© aescrita para o mundo contemparaneo®, ou, como diz Hamilton (2002), como eshocar politicas de letramento ae longo da vide que realmente sustentem ¢ desenvolvam os recursos, processos e metas que existem & ‘io requeridos na vida cidada contemporaine? A resposta a essa primeira pergunta reside principalmente na dis: posicdo em trabathar: + 0 letramentos mutissemistcns, ou seja, a leitura ea produio de textos em diversas inguagens e semioses(vexbal oral eescrita, mu sical, imagetca [imagens estiticas e em movimento, nas fotos, no ‘Gnvama, nos videos, na Tv, corporal e do movimento [nas dancas, performances, esperte, atvidades de condicionamentolisico], ma- lematica digital etc), ja que essas maliplas inguagens e as caps ‘idades de leiturae produgio por elas exigidas so constitutivas dos textes contemporéneos, Iso encaminha,é lao, para a necessidade ‘do um trabalho intrdiscipinar, jd que no somes formades para en: Sindlas todas. Por outro lado, & importante também hoje abordar as diversas midiase supartes em que os texts citculam, & que ha tempos oimptessoe o papel dexaram de sera principal fonte de in- formacio formacéo, Assim, impée-se tabalhar com os impresses, mas também com as midias analégicas (rv, ro, vidoos, cinema, fotografia) e,sobretudo, com as digitalis, J que a digitalizacto & 0 futuro da informagio eda communicacao, + Os letramentos multicuturas ou multletramentas, ons, abordar fs produtoscuturasletrados tanto da cultura escolar e da dominan- te, como das diferentes cutturas locals e populares com as quai elu- nose professores esto envalvdos, assim como abardarericaraen- te os produtos da cultura de masea, Essa trangulagso que a escola pude fazer, enquanto agénéa de Ietramento patiimonial @ cosmo- palit, entre as cultura locas, global e valorizada 6 paticularmente limportante —em especial no Brasil— quando reconhecemos a rele- ‘nga de se formar im aluno ético e democtico, cco e isento de precanceitase dispostoa ser “multicultural em sua cultura” ea lidar com as diferengas sociocuturals, “+ Os letraments ericos, sea, abordar esses textos eprovtuos das “diversas midas e cultures, sempre de maneia critica ecapez de des- ‘velar suas finalidade, intengSes ¢ ieologias. Nesse sentido, 6 im- portante presenga na escola de wma abordagem nao meramente formal ou cnteudisa dos textos, mas discursiva, loalizando o texto fem seu espaca hisérco e ideolégico e desvelando sous efeitos de ‘sentido, repicando a ele e com ale dalogando. Como essa muliplicidade tao grande de prticas e textos quo po- «lone devom ser abjetos da estudo e critica Levanta problemas para @ nizagio curricular eda expago-tempo escola, perguntamo-nos tan- ‘amo organizar, na escola, a abordagem de tal multiplicidade de bem: praticas? Que eventos de letramento e textos selecionar? De que esfe- fas? De que midias? De quais culturas? Como abordé-los? Vimos que alguns conceitos podem ser organizadores da selecao € nwoaressdo do ensino desses objetos. Principalmente, o conceito de Te Iramentos maltpios, se operacionalizado pelo conceite de esferas de ci ‘lado ds textos e de géneros discuralvos que nelas vive. Ou sea, a0 nnizar programas de ensino, o profesor pode considerar que géne- row cle que esferas (e com que préticas letradas, capacidades de leitura produce agregadas) devem/podem ser selecionados para abordagem ‘stu, organizando uma progresséo cursicular. A questio & que, para respontlera essa questdo, 6 preciso ter principos norteadores Nesta questio, os PCN de ensino fundamental w/ingua portuguese fomecem algumas pistas quando distinguem necessidades de ensino © possibildades de aprendizagem, revozeando 0 conceito vygotskiano de zona proximal de desenvalvimento (zr) As possbilidedes de apren- dizagem responciem a pergunta sobre quais objetos de ensina o aluno Podera aprender, de quais poderé se apropiriar nesse momento do seu desenvolvimento (zr). Nao posso querer ensinar a leitura de um edito- Fal complexo se meu alino ainda ndo 1é uno noticia simples. E preciso avoriguar sou trato com os objetos de ensino propostes, diagnostcay, para venificar aquile que é ensinavel [No entanto, entre os muitos “ensinaves", tenho de escother alguns essa escolha poderd ser regida pelo principio das necessidades de en- sino, que respondem & pergunta: para esses alunos, dessa escola, dessa comunidade de priticas, visando formar um cidadéo com tais caracte- Htieas, que gneros eesforas escolher dentre os ensinaveis? Na depen: déncia dos critérios que escalher (aqui mencionamos protagonismo, ticidade, democraca,étca, multicultralidade) eda comunidad de pra licas & que a escola @ 0s alunos pertencam, poderemos restringir nosso universo de escolha dentre os “ensinaveis":serd mals importante ensinar agora uma carta de amor® Ou uma carta de leitor? Ou um requerimento? Essos escolhas nunca so neutras, nom impunes, pois © tempo esco- lar que tomo com um objeto de ensino ndo sera dedicado a outro: cada escolha presentifica um dentre muitos outros perdidos. Mas nada em edueagdo nunca é neutro e nossa tareta éjustamente a de fazer escolhas # encaminhamentos conscientes. Lerewurro) REFERENCIAS BIBLIOGRAFI ‘on.8 0 3 or ein eign pr (5000 nad Cane aa de np Pte Caenodo CNLF see Vi ar Eso de Linguo ‘gent nian coders ws YS "Sree ee Sn kp i aa "Khamenei n ao ten oa ei ga "Sodan vv, at Campane CASS eto ‘uh oti aig ua ate ager aan rp) Etat "bere ogee oem cna SP: Put al 206 so Sela ara de yf tg Lin Ha BR He Sits & Cum fa) Sting ip Lung, ee Paging {nam Nom er Rone Open Unt Pro 2.1718 ‘vy, Lente ween ey mi eet, Ds, testa in Row two fone Presa eae a mee At Nomunds came ppc pts Sta: 1986 na erie pn Campin: Poses Ane, 28 ‘deren axe betas ne mae | Oviedo inte ane epoca oe aie a sata Campinas Meee oe ebm ol oa: pia be econ a ro Atta enn emp Ings Cos Me eee 8, Stee eli in popu — Aen mgorv Sa aA, 785 ‘are tape ses Saag the lee ina ns en PL La Manse A. Rar ams acre wea pa eve Pe janis sa Fst 3,3 rasa DP PEA MPO, ee Dep ‘st pli dempe cc um ep “ics St i re te, 0 sai Ran RAE Lape, mre. BRASSERIE, mcaninsenaana fle ea A Bona Men — Ot: ore enter So ese At 20 ‘Gam: .m The Wren Paper Te Conca on Civ: pwns Wt nd eg. (1 ainda er elo ge palo Camps: Pp, P82, ‘Rom MG Osapeto a ans Anas Nace on, Campa Osc Dn sem Afton nat cecal metoien pa epi So pages origi. nk a uneeabnrpoe ou RI tne especies Slain sa Tat eu tl le ‘enn nin i ta at StI CENESE Pn ‘rence fprapeeshaa erp ~~ eso tenn Dt 3b Dp cu 18 era EMG hao tne ev canton Ue ra BUF Se Dayal npc lean aga gence os nk sonic te Szaser ghana Apne inset ey Sue re! Aan w ry nd Paces oe apt Kaan lS Cataract Cae, Cn surentncins moans ANEXO Glossario do MSN [Existem também os chamados emoticons carinhas ou siglas que sto, «olocados para demonstrar sentimentos, como :XD (envergonhado) ;p (ostrando a lingua) 3 rostinho alegre (feliz): rostinho triste (ste, s {contusop. LINGUISTA RESSALTA ASPECTO POSITIVO ‘Segundo a doutoraem letras pola PUC-U, Masia Aparecda Ribelo,pes- ‘ulsadora das noves conformagies discurivas,o chamado “internets” j Inluencia até univestros de comunicacio socal. “Teno alunes que abo- lcam o tie os aconos", dz. Ainda asim. ela prfere nio “demonizar” a hnguagem des chats “Acho que o mundo vita! einensonot os ‘8. As pesoas eno escevendo multo ras, ompendo corn a incomes baidade que Kafe aponto como tm dos male da era moderna", creda. Para ela ne ntemel ocore una comunicag intetingustca, onde id pode ser trocado-e a penssvdade no uso da lingua &entaginica a cnt porlamento quo so espora em sala de aula ou mesmo na redagio de un ‘mall. “Foran cade segmentos de uusrioe da lingua, empliand a=dis- tncias etre os falantes de um mesmo idama. Date lameato em guetos cada vez menores” firma, Mas ist, segundo a linguist, ndo tem aver camo dlaleto viral “Pessoasallamente ezades, como 0 doutore acadé= mos fam, escrovem e sto entenddos por um deal muito pequeno” (tet mpweaetgecom inp ent ama

S-ar putea să vă placă și