Unicuique suum Non praevalebunt Ano XLI, número 51 (2.139), sábado 18 de Dezembro de 2010 Cidade do Vaticano Preço € 1,00. Número atrasado € 2,00
Mensagem para o Dia Mundial da Paz
Liberdade religiosa caminho para a paz
A defesa da liberdade religiosa não «é uma questão A política confessional que interessa apenas aos crentes. É uma da fraternidade aquisição de civilização política e jurídica» que diz respeito ao homem na sua integridade e se alarga a «toda a família dos povos da terra», escreveu Bento GIOVANNI MARIA VIAN XVI na mensagem para o Dia Mundial da Paz que se celebra a 1 de Janeiro de 2011, sobre o tema «Liberdade O antigo dito latino que exorta a religiosa, caminho para a paz» — apresentada na preparar as armas em função da manhã de quinta-feira, 16 de Dezembro, na Sala de paz — si vis pacem para bellum — de certa forma ressoa na mensa- Imprensa da Santa Sé. gem de Bento XVI para o dia Na conclusão de um ano marcado pela discri- mundial que será celebrado a 1 de minação e «por terríveis actos de violência e de Janeiro próximo. Mas são armas intolerância religiosa», o Pontífice olha com preo- diversas das que são «destinadas a cupação sobretudo para o destino da comunidade matar e a exterminar a humanida- cristã, o grupo religioso que hoje «sofre o maior de», como ressaltava Paulo VI: são número de perseguições devido à sua fé». A men- necessárias de facto «sobretudo as sagem não se limita a uma defesa dos cristãos amea- armas morais, que dão força e çados nas diversas áreas do mundo, mas de todos os prestígio ao direito internacional». homens — seja qual for a confissão à qual pertençam — E entre estas é urgente hoje a li- «devem poder exercer livremente o direito de pro- berdade religiosa, sobre a qual o fessar e de manifestar, individual ou comunitaria- Papa reflecte a partir dos horríveis mente, a própria religião, em público ou em privado, actos de violência e intolerância sem encontrar obstáculos se eventualmente quiser que sucedem sobretudo no Iraque, aderir a outra religião ou não professar religião al- mas não só. guma. Na mensagem papal a análise considera a situação internacional PÁGINAS 4, 5 E 6 no seu conjunto e afirma amarga- mente que nalgumas regiões do mundo «não é possível professar e expressar livremente a própria reli- gião». Noutras, ao contrário, a in- Audiência geral No Angelus a bênção das imagens do Menino Jesus tolerância e a violência afirmam-se através de «formas mais silencio- sas e sofisticadas de preconceito e Verdadeira imagem A paciência do agricultor de oposição em relação aos crentes e aos símbolos religiosos». de Cristo Na visita à paróquia recordou que Cristo mudou o mundo Sem se perder em ênfases retóri- cas e sem demasiados exemplos, «Encontrei o Amor, o Amor que infelizmente não seria difícil deixou-se ver». As últimas palavras enumerar, Bento XVI inicia com pronunciadas por santa Verónica Giuliani são a síntese mais eficaz da uma afirmação incontestável: «Os sua «apaixonada experiência cristãos são actualmente o grupo mística», que teve o seu ápice religioso que sofre o maior núme- nalguns dons sobrenaturais ro de perseguições devido à pró- relacionados com a paixão de pria fé». Como no Iraque, onde Cristo. O Papa recordou-as durante precisamente em Bagdad o «ata- a audiência geral de quarta-feira, 15 que vil» contra a catedral sírio-ca- de Dezembro, na Sala Paulo VI tólica assassinou dois sacerdotes e falando da clarissa capuchinha da exterminou cerca de cinquenta região italiana das Marcas da qual se fiéis, mas também noutros países celebra nestes dias o 350º aniversário asiáticos e africanos, aos danos das de nascimento, e repropondo os minorias religiosas. Enquanto que fundamentos do seu pensamento. na Europa muitas forças traba- lham para renegar a história e os símbolos religiosos da maioria dos O convite a redescobrir «o valor da constância e da paciência» na expectativa cidadãos. Espezinhando pluralis- do Senhor foi feito pelo Papa aos fiéis que participaram no Angelus de mo e laicidade, com o resultado domingo, 12 de Dezembro, na Praça de São Pedro. Durante a manhã Bento XVI de fomentar ódio e preconceito. visitou a paróquia romana de São Maximiliano Kolbe, onde, celebrando a Negar a liberdade religiosa e missa, recordou que «não são as grandes promessas que mudam o mundo, mas obscurecer a dimensão pública da a luz silenciosa da verdade, da bondade de Deus». religião gera uma sociedade injus- ta e vai contra a paz. A afirmação PÁGINAS 8/9 é acompanhada de uma crítica ra- dical do relativismo moral, que «é na realidade a origem da divisão e da negação da dignidade dos seres Audiência ao presidente da Cinco novos embaixadores humanos». E não aceitando fun- Federação Luterana mundial apresentam credenciais damentalismo e laicismo — que a mensagem define «formas especu- Novas possibilidades Para uma convivência lares e extremas de rejeição» do pluralismo e da laicidade — o Pa- de aproximação harmoniosa CONTINUA NA PÁGINA 4 PÁGINA 3 PÁGINA 7 PÁGINA 10