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ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES
4.1 TIPOS DE ESTOQUES
Diversos são os tipos de estoques que as empresas trabalham. Eles podem ser armazenados em
diversos, ou único almoxarifado, mas necessitam ser administrados. Os estoques representam os
materiais que a empresa ou instituição mantem com a finalidade de vender ou fornecer
suprimentos para o processo produtivo. Todas as empresas e instituições necessitam manter
estoques.
Conforme Chopra e Sunil (2003, p. 52), o estoque funciona como regulador do fluxo dos
negócios. Exerce forte impacto no tempo que transcorre entre o momento que o material entra
na cadeia de suprimento e o momento que a deixa, ou seja, o tempo de fluxo do produto. “O
tempo de fluxo do produto é o tempo que transcorre entre o momento em que o material entra
na cadeia de suprimento e o momento em que a deixa”.
Normalmente a velocidade de como as mercadorias são recebidas não se iguala à velocidade de
tempo em que são utilizadas, por isso há necessidade de uma certa quantidade estocada com a
função de amortecedor (segurança). Quando a quantidade que entra é um número maior que a
da saída, o nível de estoques aumenta e vice-versa. Quando essas quantidades se igualam o
estoque será constante.
O grande objetivo da filosofia Just - in-Time é conseguir a igualdade dessas velocidades.
Para Martins e Campos Alt, (2001, p. 136) os estoques constituem parcela de grande
importância dentro da empresa, tem papel. São classificados para efeitos contábeis, em cinco
categorias:
Estoques de matérias-primas;
Estoques de produtos em processo;
Estoques de produtos acabados;
Estoques em trânsito;
Estoques em consignação
Muitas empresas apresentam estoques equivalentes a 2 ou 3 meses de venda e, pior do que isso,
20% a 30% dele composto por itens obsoletos e até 50% constituído de itens de baixo valor e
giro, conhecido tecnicamente como slow movers (ou slow moving).Por outro lado, essas mesmas
empresas apresentam problemas no atendimento de seus Clientes, nos itens de alto valor (classe
A) e médio valor (classe B), incorrendo em rupturas. E isso quando não apresentam os mesmos
problemas para os itens de menor valor (classe C).
Outras que melhor administram seus estoques têm dificuldades com a variabilidade da demanda
e com os lead-times de seus Fornecedores, gerando uma custosa sobrecarga nos estoques de
segurança.
A combinação de fatores que afetam os níveis de estoques é gigantesca, e maior ainda são os
impactos sobre a lucratividade e valor da empresa. Estoques mal administrados oneram o capital
de giro da empresa, geram baixo nível de serviço aos Clientes internos e externos e contribuem
diretamente para a queda da lucratividade. Estima-se que os custos financeiros e operacionais
com estoques mal gerenciados gerem 2% a 3% de custo logístico adicional à empresa, em
termos de receita de vendas.
Por sua vez, os custos financeiros e operacionais com a manutenção dos estoques atingem cifras
que representam até 20% a 30% dos valores em estoques. O fato de ainda estarmos na
“infância” da gestão dos estoques faz com que tenhamos inventários de 2 a 3 vezes superiores
aos norte-americanos e japoneses. Pagamos um alto preço pelo desconhecimento de técnicas de
gestão de estoques, pela não utilização de ferramentas estatísticas (algumas muito básicas e de
fácil compreensão), pela baixa aplicação tecnológica, por não investirmos na capacitação
técnica dos gestores de estoques e pela visão restrita da cadeia logística (supply chain).
A gestão de estoques é competência ‘vital’ para qualquer empresa, e poderá trazer benefícios
inimagináveis. Trabalhos recentes e pesquisas realizadas apontam que se podem reduzir em até
30% os estoques em um prazo ao redor de 18 meses, sem comprometer o atendimento aos
Clientes. O sucesso de uma boa gestão de estoques dependerá do apoio da alta gestão da
empresa, da redução no número de itens comercializados, em ajustes nos lead-times de
Fornecedores e na utilização de ferramentas e conceitos para a gestão.
Portanto, arregacem as mangas e garimpem as oportunidades existentes na sua empresa.
Antes de finalizar, um conselho: além de investir no hardware e software, capacite tecnicamente
o Zéware! Sem a figura do gestor de estoques, ferramentas e processos terão a sua eficácia
comprometida.
No caso do custo de capital, o dinheiro não está disponível para ser aplicado em outros
investimentos, o que pode representar em alguns casos, o custo de uma oportunidade perdida. O
menor custo seria os que se deixa de ganhar por não poder investir com taxas mais altas, aquele
dinheiro que está empatado em estoques. Representando o capital por P e a taxa de juros
corrente por i, podemos escrever:
Custo do Capital = P i
(4.1)
O armazenamento de estoques necessita de espaço, equipamentos e funcionários. Quanto maior
o estoque maior será esse custo.Manter estoque envolve também o custo de risco, como a
obsolescência, danos, pequenos furtos e deterioração.
Somatório dos custos relacionados à armazenagem = CA
(4.2)
Todos esses fatores de custos decorrentes da necessidade de manter um item em estoque
(carregar), também são conhecidos como custos de carregamento que será considerado como
custo o unitário de manutenção.
Custo unitário de manutenção Cm C A P i
(4.3)
O custo de manutenção dos estoques do período é proporcional à quantidade de estoque médio
do período de planejamento, ao custo de decorrente da necessidade de manter estoque.
Q
CM C m
2
(4.4)
O estoque médio E M , representa a média entre o estoque inicial, considerado como o tamanho
do pedido igual a Q e o estoque final, considerado nulo.
Q0 Q
EM
2 2
(4.5)
Qual é o custo de se manter um estoque? Os valores variam de setor
para setor e de empresa para empresa. Os custos de capital podem
variar dependendo das taxas de juros, do crédito da empresa na praça
e das oportunidades de investimentos que a empresa pode ter. Os
custos de armazenamento variam com o lugar e o tipo de
armazenamento necessários. Os custos de risco podem ser muito
baixos ou podem estar perto de 100% do valor do item para produtos
perecíveis. O custo de estocagem é geralmente definido como uma
porcentagem em valores monetários por unidade de tempo
(geralmente um ano). Os livros didáticos tendem a utilizar um valor d
20 -30% em setores industriais. Essa estimativa é realista em muitos
casos, mas não é válida para todos os produtos. Por exemplo, a
possibilidade de obsolescência de itens passageiros ou de moda é alta,
sendo os respectivos custos de estocagem mais altos (ARNOLD,
1999, 274).
Os custos inversamente proporcionais – custos de pedir - são aqueles que diminuem com o
aumento do estoque médio ou vice-versa. Esses são os custos denominados de custos de
obtenção (no caso de itens comprados), custos de preparação (no caso de fabricação própria).
Neste caso quanto maior o número de vezes se comprar ou fabricar, menor será a quantidade de
itens estocados, por outro lado maiores serão os custos de obtenção ou preparação. O custo da
emissão de um pedido não depende da quantidade pedida.O número de pedidos é dado pelo
quociente entre a demanda e quantidade de cada pedido.
Tubino, (2000, p.112), considera que fazem parte desses custos, os seguintes itens: mão-de-obra
para emissão e processamento das ordens de compra ou fabricação, materiais e equipamentos
utilizados para a confecção das ordens, custos indiretos dos departamentos de compras ou do
PCP para confecção das ordens, como luz, telefone, aluguéis etc. Em caso de fabricação, são
considerados os custos preparação dos equipamentos para a produção. “ O custo de preparação
é proporcional ao custo de uma preparação de compra ou fabricação do item e ao número de
vezes em que este item foi requerido durante o período de planejamento”.
O número de pedidos é dado pelo quociente entre a demanda e quantidade de cada pedido e o
custo total de pedir pode ser apresentado algebricamente por:
D
CP C p
Q
(4.6)
Onde:
CP = Custo total de pedidos para atender a demanda no período analisado
C p = Custo de cada pedido
D = Demanda do período
Q = Quantidade constante solicitada em cada pedido
Custos independentes – não importa a quantidade de estoques, os custos não se alteram.
Incluem todos os custos que não são variáveis com a mudança do tamanho do pedido.
Somando os três fatores relacionados a custo, temos o custo total decorrente da necessidade de
manter o material estocado no período: CT = CM + CP + CI.
Q D
CT C m C p CI
2 Q
(4.7)
Na nova era dos mercados competitivos e globalizados, o aspecto Custo vem cada vez mais
assumindo uma importância significante na busca frenética das empresas por maior eficiência e
produtividade. Porém, ao objetivarem a redução de custos, as empresas vem focando no
tradicional custo do produto e se esquecem ou dimensionam mal os Custos relacionados à
Logística.
Só para se ter uma idéia, este tipo de custo em geral assume a segunda posição em termo de
valores, só perdendo para o próprio custo da mercadoria (porém em alguns casos, os Custos
Logísticos são até maiores do que o próprio custo do produto, como no caso do sal). Portanto,
saber identificar e mensurar esse tipo de custo pode muitas vezes significar a própria existência
da empresa.
Quando falamos em Custos Logísticos, a primeira idéia que vem na cabeça é o Custo com Frete
ou Transportes. Apesar deste ser o mais significativo, os Custos Logísticos não se resumem
somente à isso. Podemos identificar Custos na Armazenagem, nos Estoques, no Processamento
de Pedidos e é claro no Transporte.
Os Custos relacionados à armazenagem são aqueles que são aplicados nas estruturas e
condições necessárias para que a empresa possa guardar seus produtos adequadamente. Faz
parte deste tipo de Custo, o aluguel do armazém, os custos com aquisição de paletes, custo com
pessoal do armazém, etc.
Já os Custos com Estoques são aqueles que são gerados a partir da necessidade de estocar os
materiais. Nesta categoria, com certeza o mais expressivo é o Custo de Oportunidade do Capital
Parado, que nada mais é do que o valor que a empresa perde imobilizando o capital em estoque
em vez de aplicar esse valor no mercado financeiro, ganhando a remuneração dos juros. Existem
outros Custos com Estoques como as perdas e roubos, a própria depreciação dos materiais, etc.
No que diz respeito aos Custos relacionados à emissão de pedidos, seus valores são
inexpressivos em relação aos demais. Todos os gastos relacionados à emissão de pedidos na
empresa devem ser computados para essa categoria. São considerados Custos com Emissão de
Pedidos: O salário do comprador, o aluguel do espaço destinado ao setor de compra, os papéis
usados na emissão do pedido, etc.
Por fim e que na verdade é o mais importante de todos, temos os Custos com Transportes.
Freqüentemente calculado, este custo geralmente dá origem às despesas com fretes que a
empresa vê na nota fiscal ou que já está incluído no preço. Todas as despesas relacionadas à
movimentação de materiais fora da empresa podem ser consideradas Custos com Transportes.
Enquadram-se aqui os custos com a depreciação dos veículos, pneus, combustíveis, custo de
oportunidade dos veículos, manutenção, etc.
Uma vez identificado quais são os Custos Logísticos, as empresas devem atentar para aqueles
que geralmente não são computados por serem quase imperceptíveis.
Quanto maior for o juro no país, maior será o Custo de Oportunidade. Em se tratando de Brasil,
onde os juros são altíssimos, os Custos de Oportunidade associados à Logística são
relativamente altos se comparados com outros países.
As empresas devem conhecer profundamente seus próprios Custos Logísticos, para que passem
a ter condições de estabelecerem metas de diminuição e repassar os ganhos para a Cadeia como
um todo. Assim, outras empresas pertencentes à Cadeia absorvem as novas práticas, reduzem
seus Custos Logísticos, contribuindo para a competitividade da Cadeia.
Resta para as empresas entender que este é um caminho sem volta e que somente através da
integração e da diminuição dos Custos.
4.2.2 Pressões para manutenção de baixos níveis de estoques
Os estoques, segundo os japoneses são considerados desperdícios, pois os estoques acarretam
uma série de custos para a organização. A filosofia Just-in-time defende estoques nulos (one
piece flow) – fluxo de uma peça de cada vez. Nesse caso de lote unitário, são necessárias tantas
preparações quantas forem as unidades das demandas.Esta situação não ocorre ainda na prática.
Atualmente diversas metodologias podem ajudar a manter um nível ideal: 5 S, por exemplo,
podem ajudar, ensinando como manter o local de trabalho limpo e organizado, o aumento da
produtividade, eliminação de setores que não agregam valor ao produto, gerenciamento por
atividades e outras metodologias.
4.2.3 Pressões para a manutenção de altos níveis estoques
O alto nível de estoques provavelmente significa pronto atendimento e prazos curtos de entrega.
Os vendedores preferem esse nível, pois é assim que teriam maior flexibilidade para
negociações. Não atendimento, com prazo e quantidade requisitada, traz prejuízo para a
empresa.
Os principais itens responsáveis por elevados estoques são: matéria-prima e material em
processo não necessário ao balanceamento ótimo do ciclo de produção e produto acabado que
não possa ser vendido ou acima do nível necessário para satisfazer a futura demanda e a
capacidade de produção.
A manutenção de estoques traz vantagens e desvantagens às empresas.
Vantagens no que se refere ao pronto atendimento aos clientes e
desvantagens no que se refere aos custos decorrentes de sua
manutenção. Compete ao administrador de materiais encontrar o ponto
de equilíbrio adequado à empresa em certo momento, embora os
benefícios decorrentes do pronto atendimento sejam mais difíceis de
ser avaliados do que os custos decorrentes ( MARTINS E CAMPOS
ALT, 2001, p. 152)..
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1 - A empresa KTM comercializa um item cuja demanda anual é de 8.000 unidades. Determine o
número de pedidos de compra que se deve emitir por ano para uma compra.
a) Em lotes de 1.000 unidades. b) Em lotes de 2.000 unidades. c) em lotes de 800 unidades.