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Capitulo 9 A Contabilidade Nacional

11º B Apontamentos do professor João Tovar

Unidade 9 – Economia 11C


9.1 Noção de Contabilidade Nacional
9.2 Conceitos necessários à Contabilidade Nacional
9.3 Ópticas de cálculo do valor da produção
9.3.1 Cálculo do valor da produção pela Óptica do Produto
9.3.2 Cálculo do valor da produção pela Óptica do Rendimento
9.3.3 Cálculo do valor da produção pela Óptica da Despesa
9.4 Limitações da Contabilidade Nacional
9.5 As Contas Nacionais portuguesas

9.1 Noção de Contabilidade Nacional


A Contabilidade Nacional fornece informação, através das Contas
Nacionais, que permite responder a diversas questões,
nomeadamente às seguintes:
• O que é produzido por cada país?
• Quem ou quais os agentes que produziram?
• Qual ou quais os gastos necessários à produção?
• Qual ou quais os destinos dessas produções?
• Quanto é que produzem os principais agentes económicos e quais as sua
principais operações

A Contabilidade Nacional
• A Contabilidade Nacional é uma representação quantificada da
economia de um país que obedece a normas convencionadas e
codificadas.
• A Contabilidade Nacional fornece uma representação simplificada e
quantificada do funcionamento de uma economia num determinado
período de tempo. Através da Contabilidade Nacional ficamos a conhecer os
principais responsáveis e as operações realizadas pelos mesmos na actividade
económica, bem como os mecanismos essenciais para preverem a sua evolução futura.
• A Contabilidade Nacional aparece como uma técnica que procura dar à
economia de cada país uma representação quantificada e completa, mas
suficientemente simplificada para se poder conhecer e distinguir
facilmente os principais aspectos da vida económica nacional. A
Contabilidade Nacional, para dar uma visão simplificada da economia, considera a
actividade económica como uma maqueta onde são identificados os principais actores
económicos responsáveis pela actividade económica e as relações económicas
estabelecidas entre eles. As operações entre os actores económicos aparecem
quantificadas num sistema articulado.
• Contabilidade Nacional responde às necessidades de informação dos
agentes económicos (Família, Empresas, Estado...) sobre a realidade
económica do país.

O Estado, quando toma decisões sobre o aumento ou a redução dos


impostos directos, elabora previsões sobre o efeito destas alterações no
comportamento de variáveis económicas como a poupança, o investimento
ou o consumo. Para efectuar essas previsões, recorre a dados obtidos pela

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Contabilidade Nacional e assim poderá conhecer e compreender o
funcionamento da economia num determinado período do tempo.

Os dados fornecidos pela Contabilidade Nacional permitem-nos fazer


comparações no espaço (entre países) e no tempo (ao longo dos anos para
um mesmo país).
A Contabilidade Nacional tem por objectivos:
• Proporcionar a informação necessária para estabelecer comparações
entre economias, comparações no espaço;
• Estudar a evolução de uma economia ao longo dos tempos,
comparações no tempo;
• Fornecer os dados necessários à previsão económica e à tomada de
decisão.
• Fornecer ao Estado informações sobre os dados macroeconómicos do
país (e do estrangeiro) para que este possa elaborar a política
macroeconómica do país

Conceitos necessários à contabilidade nacional


A Contabilidade Nacional utiliza conceitos e metodologias próprias estabelecidos internacionalmente a
fim de garantir a comparação dos resultados apresentados pelos diferentes países.

Sectores institucionais
• O processo de cálculo adoptado pela Contabilidade Nacional em Portugal
segue o modelo da União Europeia, o denominado Sistema Europeu de
Contas Nacionais e Regionais, SEC95. Este utiliza vários conceitos,
começando por identificar os sectores institucionais e os ramos de
actividade e por estabelecer as diferenças entre território económico e
unidades institucionais residentes e não residentes.
• O actual sistema de contas, SEC 95, utiliza a classificação institucional
para agregar e classificar os diversos centros de decisão e testes na
actividade económica, criando sectores institucionais

Na classificação e agregação dos vários centros de decisão,


podemos utilizar dois critérios diferentes:
• Critério institucional, que põe em evidência o comportamento
económico dos centros de decisão, considerando que os sectores
institucionais resultam da desagregação da economia do país em grupos
homogéneos de unidades institucionais residentes.
Cada grupo homogéneo de unidades institucionais constitui um sector
institucional. As unidades institucionais são entidade: que apresentam
os mesmos objectivos e comportamentos económicos, desempenhando
na actividade económica idênticas funções
• Critério funcional, que põe em evidência os processos ou funções
desempenhadas pelos centros de decisão.
Os centros elementares de decisão económica são designados por
unidades institucionais e agrupados em sectores institucionais.

Consideremos, como exemplo, as famílias Lopes e Pereira. Ambas


apresentam objectivos idênticos (aumentar o seu bem-estar), comportando-

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se da mesma forma (satisfazer o maior número de necessidades ao menor
custo) na actividade económica. Através deste exemplo, verificamos que
cada unidade institucional, família A, B ou C, apresenta comportamento
económico idêntico às restantes famílias e, por isso integra se no mesmo
sector institucional - Famílias.

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O SEC 95 identifica cinco sectores institucionais:
• Sociedades Não Financeiras, que agrupam todas as sociedades
públicas e privadas residentes no país, com comportamentos diferentes
dos seus proprietárias. São produtoras de bens e de serviços mercantis
(comercializáveis) não financeiros;
• Sociedades Financeiras, que agrupam o conjunto de sociedades e
quase-sociedades, residentes no país, prestadoras de serviços de
intermediação financeira e/ou exercendo actividades auxiliares de
natureza financeira1;
• Administrações Públicas, que agrupam todas as unidades residentes,
produtoras de bens e de serviços não mercantis (não comercializáveis)
destinados ao consumo individual e colectivo. As Administrações
Públicas possibilitam a redistribuição do rendimento e da riqueza
nacional;
• Famílias, que são os indivíduos ou grupos de indivíduos residentes no
país com a função principal de consumidores e as quase-sociedades
financeiras ou não financeiras sem actividades distintas dos seus
proprietárias;
• Instituições Sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias (ISILSF)
que agrupam entidades jurídicas ou sociais criadas com o fim de
produzir bens ou serviços sem fins lucrativos. Estas instituições fornecem
bens e serviços às Famílias gratuitamente ou preços pouco significativos
e verificam em simultâneo os seguintes requisitos:
○ pelo menos 50% dos seus recursos correntes resultarem da,
contribuições voluntárias das famílias, das transferências
provenientes das administrações públicas e dos rendimentos de
propriedade;
○ exercerem uma actividade não mercantil destinada ao cor sumo
individual das famílias;
○ não serem controladas, nem maioritariamente financiadas por
uma unidade de outro sector institucional.
• O Resto do Mundo, que não representa um sector com as
características dos anteriores, uma vez que é constituído por um grupo
de unidades institucionais com objectivos e comportamentos diferentes.
O Resto do Mundo agrupa as unidades institucionais não residentes
que efectuam transacções com unidades residentes num país.

Ramo de Actividade

Ramo de actividade é o conjunto de unidades de produção homogéneas,

A cada ramo de actividade corresponde um conjunto de unidades de


produção homogéneas, isto é, unidades de produção utilizadoras do mesmo
ou idêntico processo produtivo. A cada ramo de actividade corresponde um

1 Ver T4, página 31

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produto, estabelecendo-se uma relação biunívoca entre ramo de actividade
e produto obtido no processo produtivo. O conjunto de unidades de
produção homogéneas designa-se por ramo de actividade económica.

Exemplos de um ramo de actividade


Para melhor compreendermos a noção de ramo de actividade, tomemos como exemplo as
unidades de produção de cristais no país Todas as empresas produtoras de peças de cristal
utilizam o mesmo processo de produção e obtém um produto idêntico, pecas de decoração
para o lar. Nestas circunstâncias, estamos perante o mesmo ramo da actividade económica,
independentemente de produzirmos: candeeiros, copos, garrafas, miniaturas de animais, etc.

Nos casos em que uma única unidade institucional produz dois produtos
diferentes (a compota de morango e o frasco), estamos em presença de
dois produtos e dois ramos de actividade económica. O valor da produção
da compota é registado num ramo, enquanto o valor do frasco é registado
noutro ramo da actividade económica.

T5 (P32) Ramo, Unidade e Sector


Os sectores institucionais agrupam unidades institucionais que apresentam
um comportamento similar: a mesma função principal e os mesmos
recursos principais.
Dado que as unidades institucionais podem exercer diversas actividades (são exemplo, uma
empresa produtora de automóveis pode ser, em simultâneo, fabricante de ferramentas),
neste caso, as empresas são decompostas em unidades de produção homogéneas, que
correspondem a uma actividade (o mesmo produto ou o mesmo grupo de produtos).
O ramo é o agrupamento de todas as unidades de produção homogéneas de um território
que produzem um mesmo produto consequentemente uma empresa (unidade institucional)
pode estar parcelarmente presente em diferentes ramos de actividade, por intermédio das
suas unidades de produção homogéneas
No caso português, o sistema de Contabilidade Nacional comporta sessenta ramos da
actividade, correspondendo a cada ramo u produto, ou seja, sessenta produtos.

Território Económico / Unidades Residentes num país

No cálculo do Produto do país utilizam-se os conceitos de território


económico e de unidade residente no país.

Considerámos que as unidades institucionais estão no território


económico de um país quando se situam no espaço delimitado pela
fronteira geográfico (território terrestre, espaço aéreo e águas territoriais
nacionais). Para além deste espaço, teremos de incluir os enclaves
territoriais no estrangeiro (embaixadas, consulados, bases militares, etc.) e
outras instituições que o país possui ou cuja gestão efectua noutro país
(jazigos geológicos situados em águas internacionais, etc.).

Admitamos que o senhor Liones, cidadão do Reino Unido, é um proprietário em Portugal da


empresa de equipamento desporto «SPORT, Lda.». Esta empresa produz anualmente sapatos
ténis no valor de 20 milhões de euros, que comercializa em partes iguais no mercado
nacional e estrangeiro. A parcela correspondente ao senhor Liones, apesar de ser
propriedade de um cidadão estrangeiro, continua, a ser registada no nosso Produto Interno
e não no Produto Interno inglês, pois a produção foi efectuada no território económico
português.

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A Contabilidade Nacional considera que as unidades institucionais, são
residentes quando tem uma actividade económica reconhecida no país por
um período igual ou superior a um ano2.

Exemplo de produto nacional e produto interno


Podemos retomar o exemplo do senhor Liones, de nacionalidade inglesa. Em 2007, veio
trabalhar na sua empresa, em Portugal, durante quatro meses e aí auferiu 5500€.
O salário do Sr. Liones é registado no Produto Nacional do Reino Unido, porque o senhor
Liones não é residente em Portugal (permanentemente apenas quatro meses no nosso
país)3.
O trabalho desenvolvido pelo senhor Liones é registado no nosso produto interno, pois o
valor foi obtido no território económico português.

2 Ver T6 página 33

3 Ver T6 e T7 página 33

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Produto Interno / Produto Nacional
• O Produto Interno mede toda a criação de riqueza realizada pelo
trabalho e pelo capital nos limites da fronteira económica de Portugal,
independentemente do local de residência do trabalhador ou do dono do
capital
• O Produto Nacional mede toda a produção realizada por residentes em
Portugal, independentemente do local onde habitam ou onde detém o
capital

Pelo exposto verifica-se que conceito de residência não coincide com o conceito de
nacionalidade: não é necessário ter a nacionalidade de um determinado país para ser
considerado residente; esta mede-se pelo tempo de permanência no país ser superior ou
igual a um ano.

9.3 Ópticas de cálculo do valor da produção

Produto, rendimento e despesa


A actividade económica de um país é medida através do cálculo do valor da
produção de um desse país, que se pode obter por três ópticas
equivalentes: a óptica do Produto, a óptica do Rendimento e a óptica
da Despesa
A Contabilidade Nacional agrupa os fluxos realizados pelas
unidades institucionais no desenrolar da actividade económica em:
• operações de criação, troca e utilização de bens e serviços - As
operações sobre bens e serviços garantem a igualdade entre a origem
dos bens e dos serviços (recursos) utilizados pela economia e as
aplicações dadas aos mesmos (empregos). O total dos recursos de
uma economia é constituído pelo produto mais as importações e este
montante é igual ao total dos empregos. A sociedade emprega os
recursos no consumo final, no investimento e nas exportações.
Verificamos desta forma que o Produto de um país é igual à sua Despesa
e que, por sua vez, é igual ao Rendimento4.
• operações de repartição do valor acrescentado pelas unidades
produtoras residentes;
• operações de análise da capacidade e da necessidade financeira das
diversas unidades institucionais, operações financeiras.

F1 Fluxos monetários5
O esquema da página 34, permite estabelecer a igualdade entre o valor
obtido no processo produtivo, Produto do país, o valor distribuído pelos
factores intervenientes no processo produtivo, Rendimento do país, e o
valor despendido pelos sectores institucionais existentes no país, Despesa
do país. Apesar do resultado final obtido pelas três ópticas ser o mesmo,
cada uma transmite diferentes informações:

4 Ver T8 e F1, página 34

5 Ver T8 e F1, página 34

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• a óptica do Produto permite-nos conhecer o valor do produto por
sector institucional e/ou sector da actividade;
• a óptica do Rendimento permite-nos conhecer o valor atribuído como
remuneração dos factores de produção;
• a óptica da Despesa permite-nos conhecer os gastos efectuados pelos
diferentes sectores institucionais.

9.3.1 Cálculo da produção pela Óptica do Produto

Para calcularmos o valor da riqueza criada anualmente numa economia, é


necessário evitarmos contabilizar várias vezes os mesmos bens e serviços
utilizados nos processos produtivos, ou seja não se pode contabilizar
simultaneamente o consumo intermédio e o consumo final.

Para compreendermos melhor os erros que se podem cometer quando do processo de


cálculo do valor da produção e evitados, vamos utilizar os seguintes factos relativos ao
exemplo da produção de amêndoas:
• os agricultores do Algarve apanham anualmente 1000 toneladas de amêndoas, que
comercializam por 10000€;
• a amêndoa é na totalidade adquirida pela empresa «Silva & Ayres» pelo valor referido.
Esta unidade institucional descasca-a e ensaca a em sacos de 20 quilos;
• a amêndoa ensacada é adquirida na totalidade pela empresa «Pascoamèndoa, Lda.» por
12 500€;
• após a transformação em amêndoas de Páscoa, a empresa Pascoamêndoa vende-as aos
hipermercados por 14 500€.
• Os hipermercados vendem as amêndoas por 15 200€.

Admitindo que o país Betalandia apenas produziu amêndoas, em 2004, e que o cálculo do
valor da produção do país é realizado por adição do valor das vendas, de todas as unidades
institucionais intervenientes, obtemos 52 200€. Por decomposição do valor, temos que:
• 10 000€ do valor de venda da amêndoa com casca para o agricultor;
• 12 500€ do valor de venda da empresa «Silva & Ayres». Este valor corresponde ao valor
de venda da amêndoa com casca pelo agricultor (10 000€) mais o valor do descasque
ensacamento (2500€);
• 14 500€ é o preço de venda da empresa «PascoamêndoLda.». Este valor corresponde ao
valor de venda da amêndoa com casca pelo agricultor (10 000€), mais o valor do
descasque e ensacamento (2500€) e a transformação da amêndoa de Páscoa (2000€);
• 15 200€ é o preço de venda pelos hipermercados. Este valor corresponde ao valor de
venda da amêndoa com casca pelo agricultor (10 000€), mais o valor do descasque e
ensacamento (2500€), seguido da transformação na amêndoas Páscoa (2000€) e da sua
comercializarão ao consumo dor final (700€).

Através da decomposição anterior, constatamos que é registada várias


vezes, o valor de venda do mesmo bem em fase de transformação. Desta
forma são cometidos ao longo deste processo de cálculo do valor do produto vários erros, registando-se
quatro vezes o valor de amêndoa, três vezes o valor do descasque e ensacamento, duas vezes o valor da
transformação em amêndoa de Páscoa e uma vez o valor da sua comercialização ao consumidor final.
Este exemplo permite-nos constatar a existência do problema da múltipla contagem

O problema da múltipla contagem consiste em registar várias vezes o


valor do mesmo bem ou processo de transformação ao longo do cálculo do
valor do Produto.

Existem dois métodos calcular o Produto sem se cometerem erros


associados ao problema da múltipla contagem:

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• método dos valores acrescentados;
• método dos produtos finais.

O cálculo do Produto do país utilizando o método dos valores


acrescentados obedece aos passos seguintes:
1. Calcular o valor acrescentado de cada unidade institucional;
2. Calcular o Produto do país através da soma dos valores acrescentados
de todas as unidades institucionais participantes nos processos
produtivos.

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Valor acrescentado
• O valor acrescentado de cada unidade institucional corresponde à
diferença entre o valor dos bens e dos serviços produzidos numa
unidade institucional e o valor dos bens e dos serviços consumidos pela
mesma unidade ao longo de processo produtivo.
• O valor acrescentado representa a capacidade de criar riqueza por
parte de cada unidade institucional.
• O valor acrescentado traduz a capacidade de criação de riqueza por
cada unidade institucional, daí que ao valor das vendas seja necessário
retirar o valor das compras, para obtermos o valor correspondente à
capacidade de produção dessa unidade em particular.

Q1 Valor acrescentado
Unidades Produçã Consumo intermédio (em Valor
institucionais o euros) acrescentado

Agricultores 10000 0 10000

Silva&Ayres 12500 10000 2500

PascoaAmendoa 14500 12500 2000

Hipermercados 15200 14500 700

Total 15200

Da análise de Q1, verificamos que a soma dos valores acrescentados pelas diferentes
unidades institucionais corresponde ao valor da produção do país, ou seja, o Produto do país
Betalândia foi 15200€, em 2004.

Produto=Valores acrescentados das unidades institucionais

Passando a utilizar o método dos produtos finais, verificamos que:


1. é necessário identificar os produtos finais, bens de consumo final, isto é,
bens que satisfazem directamente as necessidades individuais e
colectivas;
2. proceder à soma de todos os valores referentes ao consumo final.

Identificamos, através da aplicação do método dos produtos finais ao


exemplo anterior, um único bem de consumo final nesta economia, as
amêndoas de Páscoa. Este bem foi comercializado pelo valor de 15200€, o
que corresponde ao valor de produção da Betalândia em 2004, aliás,
idêntico ao valor obtido utilizando o método dos valores acrescentados.
Podemos concluir que os dois métodos são alternativos, pois
permitem para o mesmo país ou região, no mesmo período de tempo, obter
o mesmo valor da produção ou produto do país.

Produção e Produto
• O valor da produção corresponde ao valor das vendas dos bens e dos
serviços produzidos durante um determinado período de tempo.

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• O Produto representa o valor da riqueza criada por todas as unidades
institucionais num determinado período de tempo.

No ano anterior, aprendemos que a produção é a actividade em económica socialmente


organizada com o objectivo de obter bens e s viços através da combinação dos factores de
produção Utilizando a noção de produção, verificamos que a empresa «Silva & Ayres»,
proceder ao descasque e ao ensacamento da amêndoa, obtém como receita da produção 12
500€, mas o valor acrescentado pela: mesma é de apenas 2500€. Este valor corresponde à
participação da empresa «Silva & Ayres» no processo produtivo, é o seu produto, o que, no
entanto, é diferente do valor obtido pela venda da produção.

O Produto do país é uma medida da riqueza criada e é calculada através


da soma dos valores acrescentados realizados por todas as unidades
institucionais, durante um determinado período de tempo. O valor do
Produto é diferente do valor da produção, pois este último integra o valor
dos consumos intermédios.
O produto pode ser calculado das seguintes formas:
• Produto líquido ou produto bruto;
• Produto interno ou produto nacional;
• Produto a preços de mercado ou produto a custos de factores;
• Produto a preços constantes ou produto a preços correntes.

Produto líquido e Produto Bruto

A produção de um qualquer bem provoca desgaste no capital (equipamentos, viaturas,


instalações ...) e obriga a proceder a reparações e a substituições do capital, garantindo a
continuidade do processo produtivo. O custo associado ao desgaste ou obsolescência dos
meios de trabalho tem de ser contabilizado e poderá ou não ser incorporado no cálculo do
Produto.

O custo associado ao consumo do capital fixo (CCF) é, por vezes, designado


por amortização dos meios de trabalho, sendo obtido através do preço de
substituição do equipamento repartido pela sua vida económica. Quando,
no cálculo do valor do Produto, não temos em conta o desgaste dos meios
de trabalho, dizemos que o Produto foi calculado em termos brutos.
Sempre que se verifica o contrário do afirmado anteriormente, o cálculo do
Produto é realizado em terá mos líquidos.

O Produto é Bruto quando no seu processo de cálculo não foi deduzido o


consumo de capital fixo.

Admitamos que a empresa «Altivo & Fino», produtora de calçado, produziu 100000 pares de
sapatos num dado ano e que os comercializou por 20000€. Os consumos intermédios
utilizados na produção dos sapatos, excluindo o consumo de capital fixo, foram de 5000€.
Para aumentar a produtividade, a referida empresa tinha adquirido uma máquina de coser o
calçado pelo valor de 10000€ com a duração prevista de 5 anos.

Comecemos por calcular o Produto do país em termos brutos. Neste caso, teremos:
• Produto Bruto = valor das vendas - consumo intermédio
• Produto Bruto = 20000€- 5000€ = 15000€

Para obtermos o Produto Liquido, teremos de descontar o consumo de capital fixo.


Assim, teremos:

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• Amortização anual=valor de aquisição do equipamento número de anos
de utilização
• Amortização anual=10000€ 5=2000€

Então, o Produto Liquido:


• Produto Liquido = Produto Bruto - consumo (anual) de capital fixo
• Produto Liquido = 15000€ - 2000€= 13 000€

A partir dos valores anteriores verificamos que o Produto Bruto foi de 15000€ e que o
Produto Liquido foi de 13000€.

Para converter o Produto Bruto em Produto Liquido utiliza-se a expressão:


• Produto Líquido = Produto Bruto - Consumo de Capital Fixo

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Produto Interno e Produto Nacional
• Produto Interno, quando o valor do produto tem por base a riqueza
obtida pelas unidades institucionais situadas no seu território económico;
• Produto Nacional, quando o valor tem por base a riqueza obtida pelas
unidades institucionais residentes, independentemente do território
económico onde foi gerada essa riqueza.

Vejamos alguns exemplos que permitem compreender as diferenças entre Produto Interno e
Produto Nacional:
• os emigrantes a trabalhar no país de acolhimento há mais de um ano são considerados
residentes nesse país e o valor da sua produção é registado nos Produtos Interno e
Nacional desse país;
• os proprietários de terrenos e/ou edifícios situados num determinado país são
considerados residentes no mesmo para qualquer acto relativo a esses imóveis e as
rendas provenientes dos arrendamentos são registadas no Produto Nacional desse país;
• os turistas, os artistas, etc. são unidades residentes no país que habitam e, como tal, os
valores das suas transacções são registados no Produto Nacional desse país.

O Produto Interno e o Produto Nacional de um país diferem no valor do saldo


dos rendimentos do trabalho, da propriedade e da empresa com o Resto do
Mundo.

Admitamos o caso do país Lusilândia:


• o valor do Produto Interno do país Lusilândia foi de 12 milhões de euros em 2003;
• 100 nacionais da Lusilândia trabalharam durante 5 meses na Betalândia e receberam
100 mil euros;
• 5 nacionais da Bertanha imigraram para a Lusilândia em 2002 e aí permanecem, tendo
auferido 50 mil euros em 2003;
• a empresa «A & B» da Betalândia criou há 7 meses, na Lusilândia, uma filial, tendo
obtido, durante o período mencionado, uma riqueza de 200 mil euros.
• o Produto Interno da Lusilândia, em 2003, foi de 12 milhões de euros.

Realizados os cálculos, verificamos que o Produto Nacional da Lusilândia foi de 11 950 000€.

Produto da Lusilândia
Comecemos por identificar os fluxos que são registados como rendimentos provenientes
do Resto do Mundo no Produto Nacional:
• 100 nacionais da Lusilândia trabalharam durante 5 meses na Betalândia e receberam
100 mil euros;
• 5 nacionais da Bertanha imigraram para a Lusilândia em 2002 e aí permanecem, tendo
auferido, em 2003, 50 mil euros.

Os fluxos são registados como rendimentos enviados para o Resto do Mundo no Produto
Nacional:
• a empresa «A & B» da Betalândia criou há 7 meses, na Lusilândia, uma filial, tendo
obtido, durante o período mencionado, uma riqueza de 200 mil euros.
• O Produto Interno da Lusilândia foi de 12 milhões de euros em 2003.

Assim, teremos:
Produto Nacional = Produto Interno +Saldo dos rendimentos do trabalho, da
propriedade e da empresa com o Resto do Mundo
Produto Interno = 12 000 000€
Produto Nacional = 12 000 000 + (100 000 + 50 000 – 200 000) = 11 950 000€

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Produto a preços de mercado e produto a preço de factores

O preço à saída das unidades produtoras é designado por custo de


factores (cf) e o preço pago pelo consumidor recebe o nome de preço de
mercado (pm).

Produto pm = Produto cf + impostos indirectos - subsídios à exploração.

PIB pm = PNBcf + impostos indirectos - subsídios à exploração;

PNBcf = PNBpm - impostos indirectos + subsídios à exploração.

Admitamos que uma empresa produtora de queijo produziu, em 2003, o equivalente a


12000€ (preço à saída da empresa). Esta empresa recebeu durante este período um subsídio
de 1500€. Como sabemos, o queijo é um produto sobre o qual recai o imposto sobre o valor
acrescentado à taxa de 5%. Para calcularmos o Produto a preços de mercado, supondo que
só existia esta empresa, teremos de realizar as seguintes operações:
• Produto a preços de mercado = Produto a custo de factores + impostos
indirectos - subsídios
• Produto a preços de mercado = 12000+12 000x0,05–1500=
12000+600–1500= 11100€

Para converter o Produto Interno Bruto a custos de factores no Produto


Interno Bruto a preços de mercado soma-se ao PIB cf os impostos
indirectos e subtrai-se os subsídios de exploração.

De acordo com a óptica do Produto:


PIBpm = VAB pb + impostos sobre produtos - subsídios sobre os produtos.

Produto a preços Correntes e Produto a preços Constantes

O Produto a preços constantes permite comparar a evolução registada


na quantidade produzida ou consumida no país, eliminando a evolução
ocorrida nos preços (inflação), durante o período em análise. Para se medir
a evolução real (ou em volume) do PIB tem que se eliminar o aumento dos
preços, construindo valores a preços constantes.

Podemos construir séries de dados relativos ao Produto a preços constantes


utilizando os preços de um determinado ano, considerado, como base.
Temos, no entanto, de escolher esse ano. Este deverá ser um ano normal
em termos económicos, ano em que não houve quebras significativas na
produção ou um crescimento anormal da mesma (por exemplo, condições
climatéricas muito favoráveis para a agricultura).

O Produto, quer seja PIBpm, PNLcf ou outro agregado, pode ser construído
utilizando os preços de um ano considerado base para valorizar as
quantidades produzidas nos anos seguintes. Estes valores permitem-nos
comparar, durante o período em análise, a evolução registada na
quantidade produzida sem a interferência dos preços.

PIB EM TERMOS DE BENS


Se a economia produzisse apenas um bem final, digamos, um tipo de automóvel, seria fácil
calcular o PIB real. Precisaríamos apenas de contar o número de carros produzidos em cada

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ano e chamar a esse número PIB real. Ou se desejássemos ter uma medida em termos de
moeda, poderíamos seleccionar o preço dos carros de um ano e usá-lo para multiplicar pelo
número de carros produzidos noutros anos. Tomemos como exemplo os valores do quadro:
Anos Nº de carros PIB (euros)

2001 10 100 000

2002 12 144 000

2003 13 169 000

O PIB nominal passou de 100 000 para 144 000 euros de 2001 para 2002. Mas será que o PIB
real aumentou? Podemos defini-lo pelo número de automóveis: passou de 10 para 12,
aumentou 20%. Ou podemos defini-lo multiplicando o número de automóveis produzidos a
cada ano por um preço comum, digamos o preço do automóvel em 2001, 10 000 euros. Esta
abordagem resultaria no PIB real em euros de 2001.

O PIB real de 2002 em euros de 2001 seria de 120 000 euros, o que corresponde a um
aumento de 20%.

Consideremos que o Instituto de Estatística, a pedido do Banco Central da


Betalândia, tem de construir a série do PIBpm de 1998 a 2003, com base no
ano de 1998. O Instituto de Estatística da Betalândia, tal como o Instituto
Nacional de Estatística em Portugal, utiliza neste processo de cálculo a
seguinte expressão: Produto=n=1np1998nq1998n
• p preço do bem n, em 1998
• q- quantidade do bem n em 1998

Tomando, como exemplo, o Produto de 2002 a preços de 1998, teremos:


PIBpm=n=1np1998n×q2002n

Podemos construir os mesmos valores a preço correntes, utilizando os


preços do próprio ano para valorizar as quantidades dos respectivos anos.
Teremos assim:
Produto=n=1np2002nq2002n

Utilizando valores a preços correntes, não podemos distinguir se a sua


evolução foi imputável à variação nos preços ou nas quantidades.

Observemos, representativo dos valores do Produto a preços constantes e a


preços correntes, em Portugal.

Depois de analisarmos o gráfico F2 ,da página 43 concluímos que: o Produto a preços


constantes (real) registou um crescimento mais moderado do que o Produto a
preços correntes (nominal). Tal facto resulta de o Produto a preços constantes apenas
registar a evolução na quantidade produzida, ao contrário do Produto a preços correntes.
Este último, além da evolução na quantidade, regista, também, o crescimento médio de
preços. Assim, não é possível identificar a origem do aumento no valor do Produto.

9.3.2. Cálculo da Produção pela óptica do rendimento

Óptica do Rendimento:
Produto = Remunerações do trabalho e do capital

Na óptica do Produto estudamos a proveniência do Valor Acrescentado obtido anualmente no


país, isto é, a origem do Produto. Na óptica do Rendimento vamos estudar a

Contabilidade Nacional Página 15


forma como o Valor criado pela produção é utilizado na remuneração dos
factores intervenientes no processo produtivo.

T17 (44) Rendimento


Imagine uma economia estudantil de confecções de rissóis, tendo-o a si com empresário.
Contrata vários amigos para fazer a massa e arrenda a cozinha a outro amigo.
Os seus factores de produção são: os amigos (trabalho) e a cozinha (capital) Uma vez
confeccionados os rissóis, chega a vez da remuneração dos factores. De alguns rissóis aos
amigos como remuneração do seu trabalho. Estes rissóis são seu salário. Também é
necessário guardar aqui uma parte de cada rissol para pagar a contribuição para a
Segurança Social Esta parte é também considerada remuneração do trabalho, uma vez que o
pagamento é efectuado em nome do trabalhador Deve também guardar um rissol para si,
como recompensa justa d gestão habilidosa. Também este rissol é remuneração do trabalho.
Alguns rissóis vão para o dono da cozinha: estes constituem a remuneração do capital. Os
que restam são o verdadeiro lucro. O conjunto das remunerações dos factores, incluindo o
lucro, se o houver, totalizam o número de rissóis confeccionados e são o Produto da
economia estudantil
Então temos:
Produto = salário +rendas +lucros

Contabilidade Nacional Página 16


Segundo a óptica do Rendimento, o valor do Produto é igual à soma
das remunerações do trabalho e do capital, que são:
• remunerações do trabalho salários e vencimentos,
• remunerações do capital ou excedente bruto de exploração
• rendimentos do capital (lucros, rendas e juros);
• outros rendimentos de propriedade pagos pelas empresas produtoras.

Assim, obteremos o valor da produção do país segundo a Óptica do


Rendimento utilizando a seguinte expressão:
O Rendimento Nacional será igual ao Produto Nacional Bruto a preços de
mercado e obtém-se da seguinte forma:
• Rendimento Nacional Bruto = Remunerações do trabalho +
Excedente bruto de exploração + Impostos sobre a produção e a
importação – Subsídios sobre a produção e a importação + Saldo dos
rendimentos do trabalho, de propriedade e da empresa com o Resto do
Mundo
• Rendimento Nacional Bruto = PIBpm + Saldo dos rendimentos do
trabalho, da propriedade e da empresa com o Resto do Mundo
A óptica do Rendimento permite conhecer o Rendimento Disponível dos
Particulares, isto é, o rendimento colocado à disposição das famílias de
um país e que está na base das decisões de consumo e de poupança.

O cálculo do Rendimento Disponível dos Particulares obriga-nos a introduzir


o conceito de transferências, isto é, pagamentos realizados pelo Estado às
famílias sem que estas forneçam algum serviço em contrapartida.
•As transferências realizadas entre o Estado e as
famílias nacionais são designadas por
transferências internas.
•As transferências externas resultam de
recebimentos ou de pagamentos efectuados pelas
famílias sem contrapartidas imediatas ao Resto do
Mundo. É o caso das remessas dos imigrantes ou
dos emigrantes e dos donativos recebidos ou
concedidos às famílias. As receitas provenientes
dos fundos estruturais são registadas como
transferências externas das famílias.

PIBpm = Remunerações do trabalho + Excedente


bruto de exploração + Impostos sobre a produção
e a importação – Subsídios sobre a produção e a
importação

Rendimento / Transferências

Ao abordar o problema da distribuição dos frutos da produção


pelos vários agentes económicos é importante referir uma
distinção fundamental entre duas fontes alternativas de ganhos: o rendimento e a
transferência.

Contabilidade Nacional Página 17


O conceito de rendimento está intimamente ligado à actividade
produtiva, visto que corresponde ao dinheiro recebido como remuneração
dos factores (recursos naturais, trabalho e capital) propriedade dos agentes
económicos. Todas as rendas, os salários, os juros e os lucros que uma
família (ou país) recebe constituem o total dos seus rendimentos. Mas o
dinheiro de que dispõe para utilização não se reduz ao rendimento.

Depois de recebido o rendimento, o agente paga e recebe dinheiro devido a


outras actividades, que nada têm a ver com a produção. Na verdade, ele
passa, ou vê-se obrigado a passar parte desse ganho para outros, por meio
de impostos, de multas, de ofertas, etc., mas por outro lado recebe
subsídios (abono de família, reforma, etc.) e ofertas (as remessas de
emigrantes para a família) que trazem dinheiro. A estes movimentos
pecuniários desligados da produção chamamos transferências. Estas
ligam-se menos ao funcionamento dos mercados e mais a factores político-
sociais (o sistema fiscal e de segurança social, os esforços de redistribuição
a favor dos mais pobres, etc.)6.
Da análise de Q2, página 46, verificamos que, em termos nominais em 2006:
• a taxa de crescimento do Rendimento Disponível dos Particulares acelerou em 2006
(3,9%) face a 2005 (3,1%);
• a taxa de crescimento das remunerações do trabalho registou uma desaceleração em
2006 (4,2%) face a 2005 (4,4%) depois de ter registado uma acentuada recuperação
entre 2003 e 2005;
• a taxa de crescimento dos rendimentos de empresas e propriedade registou uma
estagnação em 2006 face a 2005 (0,0% contra 0,1%);
• a taxa de crescimento das transferências correntes registou uma aceleração em 2006
face a 2005 (7,8% contra 5,0%). As transferências externas foram a componente mais
dinâmica desta rubrica (16,2% em 2006 contra – 11,7% em 2005);
• a taxa de crescimento dos impostos directos registou uma aceleração em 2006 (6,7%)
face a 2005 (5,3%), tendo este aumento sido, em parte, compensado pela desaceleração
registada pelas contribuições sociais em 2006 face a 2005 (4,1% contra 5,0%);
• a aceleração do Rendimento Disponível dos Particulares em 2006 ficou a dever-se,
sobretudo, ao forte crescimento registado pelas transferências correntes, quer internas,
quer externas, e à desaceleração das contribuições sociais;
• a taxa de crescimento do consumo privado desacelerou em 2006, face a 2005 e 2004,
mantendo-se, no entanto, em termos nominais, acima dos valores do Rendimento
Disponível; pelo terceiro ano consecutivo se registou uma desaceleração da taxa de
poupança.

9.3.3 Cálculo do valor da produção pela Óptica da Despesa

Na óptica da Despesa vamos conhecer a forma como os sectores


institucionais aplicam (gastam ou investem) os seus rendimentos
resultantes do processo produtivo. A óptica da Despesa, através do
conhecimento das suas componentes, indica-nos a utilização dada a cada
produto pelos diferentes sectores institucionais.

6 Ver F3, página 46

Contabilidade Nacional Página 18


As componentes da Despesa são:
• o consumo total - O consumo total (CT) representa as despesas de
consumo num país e subdivide-se em consumo privado (C) e em
consumo público (G).
○ O consumo privado corresponde ao conjunto das despesas das
famílias realizadas na satisfação das suas necessidades, com
excepção da aquisição de habitação. Assim, temos as despesas com os
transportes, o vestuário, o calçado, a diversão, a alimentação, etc.
○ O consumo público, é constituída pelos gastos correntes do
Estado, necessários ao funcionamento da Administração Pública e
à satisfação das necessidades colectivas da população. São
exemplos de consumo público as despesas relacionadas com o fornecimento
gratuito dos serviços de educação, de recolha de lixo, de manutenção do jardins
públicos, de defesa nacional, etc.
• o investimento;
• as exportações;
• as importações.

O valor do investimento (I) inclui todos os bens que não apresentam uma
utilização final e corresponde às despesas com equipamentos, instalações,
matérias-primas, habitações, aumento das existências das empresas... que
asseguram a produção futura. O Investimento subdivide-se na formação
bruta de capital fixo (FBCF) e na variação de existências (VE).
• A formação bruta de capital fixo inclui todas as despesas efectuadas
pelas empresas e pelo Estado na aquisição de meios de trabalho: como
equipamentos, instalações, máquinas, e a aquisição de habitação pelas
famílias. A formação bruta de capital fixo é a componente da Despesa
que faz aumentar a capacidade de produção da economia e que
possibilita a eliminação do capital obsoleto.
• O valor da variação de existências traduz as alterações do valor das
existências em armazém de produtos acabados, de produtos e em curso
de fabrico e de matérias-primas e subsidiárias. Este valor é calculado
através da diferença entre as existências no final do período em análise
e no inicio do mesmo, podendo assumir valores positivos ou negativos.

A análise de Q4, página 48, permite afirmar que a formação bruta de capital fixo decresceu
ao longo do período de 2001 a 2004 e que esse decréscimo ocorreu em todos os ramos de
actividade identificados, excepção dos produtos agrícolas, silvicultura, pesca e aquicultura
nos outros produtos. Este comportamento da formação bruta de capital fixo está associado a
um período de menor crescimento Produto, à reduzida capacidade do país em atrair
investimento estrangeiro e ao reduzido crescimento do investimento público.

O valor das exportações (X) de um país corresponde às despesas


efectuadas por não residentes em relação à produção realizada nesse país,
isto é, as exportações são as vendas ao exterior de bens de serviços
produzidos internamente.

As importações (M) de um país representam as despesas com aquisições


de bens e de serviços efectuadas pelas unidades residentes no país ao

Contabilidade Nacional Página 19


Exterior. A diferença entre as exportações e as importações designa-se por
exportações líquidas.

Contabilidade Nacional Página 20


A procura Interna e a Procura Global

Procura Interna de um país corresponde aos gastos realizados por todos


os residentes em relação à produção efectuada nesse território económico e
engloba o consumo total e o investimento7.

A Procura Interna, como podemos observar em Q5, página 49, tem registado crescimento
moderado devido ao lento aumento do consumo público e privado e ao decréscimo no
investimento entre 2001 e 2003.

Podemos obter a Procura Global se à Procura Interna acrescentarmos a


procura efectuada pelos não residentes em relação aos bens e serviços
nacionais, isto é, as exportações de bens e de serviços Resto do Mundo.

A Procura Global em Portugal representa o conjunto de despesas


realizadas por residentes ou não residentes na aquisição de bens e de
serviços produzidos no nosso território económico.
• Procura Global = Consumo Total + Investimento + Exportações
• Procura Global = Procura Interna + Exportações

A Despesa Interna de um país representa os gastos das unidades


institucionais realizados no interior da sua fronteira económica em relação à
produção interna deduzida do valor das importações.
• Despesa Interna = Procura Global – Importações
• Despesa Interna = Consumo Privado + Consumo Público +
Investimento + Exportações – Importações

A Despesa Nacional representa os gastos efectuados por todas as


unidades institucionais residentes no país. A Despesa Nacional obtém-se da
seguinte forma:
• Despesa Nacional = Consumo Privado + Consumo Público +
Investimento + Exportações – Importações + Saldo dos rendimentos do
trabalho, da propriedade e da empresa com o Resto do Mundo
• Despesa Nacional = Despesa Interna + Saldo dos rendimentos do
trabalho, da propriedade e da empresa com o Resto do Mundo

9.4 Limitações da Contabilidade Nacional

7 Ver T20, página 49

Contabilidade Nacional Página 21


Contabilidade Nacional Página 22
O Calculo do Produto apresenta algumas limitações nomeadamente
as seguintes:
• Não regista o valor da produção da economia informal. Toda a
produção realizada pelo sector informal da economia não é objecto de
registo e, como esta apresenta um peso significativo em algumas das
economias, mesmo nas mais desenvolvidas, o valor da produção
apresenta-se subavaliado;
• Não regista o valor da produção da economia subterrânea ou
economia oculta, como é o caso das actividades ilícitas,
nomeadamente do tráfico de droga, contrabando ou prostituição;
• Não são contabilizadas todas as produções destinadas ao
autoconsumo, actividades como as realizadas pelas donas de casa nas
suas casas, a bricolage e a jardinagem;
• Não tem em conta a natureza dos bens obtidos e a sua
importância social. O que interessa é o aumento da produção e não o
tipo de produção (armas ou alimentos) e as condições de produção
(utilização de mão-de-obra infantil, horários de 16 horas diárias) ou seja
não contabiliza as externalidades (positivas ou negativas)
• Não avalia os problemas ambientais resultantes dos diferentes
processos produtivos nem valoriza os processos menos poluentes.
• Não regista o valor dos bens e dos serviços produzidos no
passado.
• Não registas as externalidades
• A Contabilidade Nacional não contabiliza as externalidades (positivas e
negativas) ou seja não contempla os efeitos negativos ou positivos
associados aos variados processos de produção dos bens e dos serviços..

Externalidades
Os benefícios e os prejuízos indirectos resultantes do processo produtivo
são designados externalidades e não são registados no cálculo do Produto

Estes benefícios e prejuízos são por vezes designados por falhas


funcionamento do mecanismo de mercado (não efectua a aplica
eficiente dos recursos) e representam uma das limitações da Contabilidade
Nacional (não regista o impacto do processo produtivo de bem ou de um
serviço numa sociedade)8.

Externalidade é o impacto (positivo ou negativo) causado por um processo


produtivo sobre o bem-estar da sociedade sem que esta tenha contribuído
directamente para o mesmo.

As externalidades podem ser:


• Positivas: quando existem benefícios indirectos em resultado de um
processo produtivo. É o caso da utilização de novas técnicas de produção

8 Ver T22 e T23, página 55

Contabilidade Nacional Página 23


inicialmente descobertas por uma indústria aeroespacial e,
posteriormente, aplicadas à indústria farmacêutica;
• Negativas: quando existem associadas a efeitos negativos para a
sociedade em resultado de um processo produtivo. É o caso da poluição
causada por algumas suiniculturas, que degradam a qualidade de vida
dos habitantes dessa região, ao contribuírem para a contaminação dos
solos agrícolas.

Contabilidade Nacional Página 24


T23 – (P55)- Externalidades
Na presença de externalidades, o interesse da sociedade em relação ao resultado vai além
do bem-estar de compradores e dos vendedores do mercado: inclui também o bem-estar das
demais pessoas afectadas. Como compradores e vendedores, esquece-mos os efeitos
externos das decisões que tomamos e o mesmo acontece com o mecanismo de mercado.
Este não contabiliza os efeitos positivos ou negativos resultantes dos processos produtivos
na sociedade. A libertação para a atmosfera de dioxina pela indústria do papel não é
registada como um custo e, desta forma, a indústria continua a poluir, a menos que o
governo impeça a empresa produtora de papel de o fazer através de multas.
T24 Limitações do PIB (P56)
O PIB é uma medida «Incompleta» utilizada na análise do desenvolvimento dos países
porque não regista na totalidade as actividades. Os valores obtidos na economia doméstica,
na economia subterrânea ou na economia informal não são registados no cálculo do valor do
produto, mas contribuem para o bem-estar da população. O PIB não faz distinção quanto à
natureza dos bens e dos serviços produzidos. O PIB não fornece qualquer indicação sobre a
estrutura produtiva e social do país.
O PIB per capita é uma média e como tal não revela na realidade as condições de vida
das populações, uma vez que oculta as disparidades na distribuição do rendimento. É,
portanto, indispensável completar a utilização deste indicador PIB per capita - com
informação proveniente de outros indicadores em termos quantitativos e qualitativos.
………………………………………………………….

O PIB é por vezes utilizado como medida do desenvolvimento de um país e,


nesse caso, costuma calcular-se o PIB per capita. Este indicador permite
estabelecer comparações entre países, mas fornece uma indicação
quantitativa limitada. Países com valores do Produto idênticos podem
apresentar níveis de bem-estar completamente diferentes9.

O PIB per capita como indicador de desenvolvimento apresenta


diversas limitações, nomeadamente as seguintes:
• O PIB per capita é uma média e como tal não revela na realidade as
condições de vida das populações, uma vez que oculta as disparidades
na distribuição do rendimento.
• O PIB per capita não tem em conta as diferenças de preços entre países,
por exemplo com 100 dólares em Melgaço pode-se comprar mais bens
do que com os mesmos dólares em Oslo
Daí que este indicador, para além de ser calculado em dólares, o seja,
também, em dólares paridade de poder de compra, isto é, uma unidade
que representa o mesmo poder de compra em todos os países. Assim, o
país que apresenta maior valor monetário em dólares paridade de poder
de compra tem maior poder de compra e, consequentemente, maior
bem-estar. No nosso exemplo, os dois países apresentam valores do PIB
muito idênticos, mas condições de vida diferentes;
• O PIB per capita não tem em conta diversos aspectos tais como a taxa
escolarização, a taxa de natalidade e a violação dos Direitos Humanos…
etc

9 Ver Q6, página 56

Contabilidade Nacional Página 25


Podemos concluir que o cálculo do Produto de um país é um razoável
instrumento de avaliação da situação económica do país, mas muito
limitado para compreendermos o nível de bem-estar social cultural das
populações, pelo que além do PIB devemos utilizar outros indicadores para
medir o grau de desenvolvimento de um país

Contabilidade Nacional Página 26


9.5 As Contas Nacionais portuguesas

Através da análise da informação contida nas páginas 56 e seguintes


verificamos que

• As contas regionais definitivas divulgadas pelo INE apontam para um PIB a preços de
mercado de 144 128 milhões de euros em 2004, o que representa um crescimento em
termos nominais de 4% e de 1,5% em termos reais. Esta realidade sobressai ainda mais
se a compararmos com os dados de 2003, pois verificamos que nesse ano o PIB
decresceu 0,8%, em termos reais.
• Da análise de Q7 e Q8, página 56, constatamos que, em 2004, tal como em anos
anteriores, cerca de 2/3 do PIB português foram obtidos nas regiões de Lisboa e do Norte
(28,0 + 36,9 = 64,9%). As regiões de Lisboa e do Norte do país contribuem com 64,9%
do Valor Acrescentado Bruto e representam 61,2% do emprego nacional.
• Através da análise de F8 e F9, página 58, observamos que as actividades agrícolas, caça
e silvicultura, pesca e aquicultura apresentam maior contributo para o Valor
Acrescentado Bruto (VAB) nas regiões do Alentejo, R. A. dos Açores e Algarve. Nas
regiões de Lisboa e do Norte verificamos que são os serviços financeiros e o comércio as
actividades com maior capacidade de emprego e de criação de valor.
• Constatamos também que são os serviços de carácter não mercantil (Administração
Pública, educação, saúde, etc.) que apresentaram maior peso no VAB de todas as regiões
e um dos maiores contributos em termos de emprego. Nas regiões Norte e Centro do
país, a indústria, incluindo a energia, representa mais de 20% do VAB e do emprego.

Os gráficos F10 e F11, da página59, permitem-nos conhecer a realidade portuguesa no


contexto da União Europeia. Assim, da observação de F10 e F11, da página 59, verificamos
que:
• o PIB per capita português, em 2004, correspondia a cerca de 32% do da UE-25 e a cerca
de 78% do da UE-27;
• em 2004, apenas a região de Lisboa apresentava um PIB per capita superior à média da
UE;
• Em 2006, Portugal foi o país da UE-25 que apresentou a taxa de crescimento do PIB mais
baixa.

T31 convergência versus divergência


A análise do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em Portugal permite estabelecer dois
períodos distintos.
• Entre 1996 e 2005, registou-se um crescimento intenso, com uma taxa média anual
ligeiramente acima de 4,0% (tomando como referência o ano civil, isto é, o ano
terminado em cada quarto trimestre). Note-se, porém, que nos dois últimos anos deste
período já se verificara um abrandamento, permanecendo as taxas de variação anual
abaixo daquela média.
• Numa segunda fase, desde 2001 até ao final de 2005, registou-se uma clara
desaceleração, verificando-se mesmo uma recessão em 2003, ano em que o PIB diminuiu
1,1%.

A comparação do crescimento da economia portuguesa neste período, face ao crescimento


da União Europeia a 25 Estados-membros (UE-25), apresenta um diferencial favorável a
Portugal até 1999, praticamente nulo em 2000 e 2001, e negativo a partir de então,
chegando a atingir – 2,4 pontos percentuais (p.p.) em 2003.

Embora com algum desfasamento entre as economias europeias, registou-se um


abrandamento geral do crescimento económico, entre o final da década de 90 e os primeiros
anos da década seguinte. Note-se que, na fase descendente, o diferencial de crescimento de
Portugal, face à UE-25, passou a ser negativo, o que coloca o problema da sustentabilidade

Contabilidade Nacional Página 27


do crescimento da economia portuguesa. Na verdade, em Portugal registou-se uma evolução
mais agravada, uma vez que do abrandamento se passou para a recessão.

INE, Anuário Estatístico de Portugal, 2005 (adaptado)

Da análise de F12, página 60, podemos verificar que:


• o PIB per capita em paridade de poder de compra relativamente ao Produto da União
Europeia cresceu até 1999, representando nesse ano cerca de 80% do da UE;
• a partir de 1999/2000, o PIB per capita decresceu inicialmente de forma moderada, mas
a partir de 2002 decresceu de forma acentuada.

Através do gráfico F13, página60, podemos constatar que, entre 1996 e 1999, o PIB português
cresceu, em média, mais do que o da UE a 25 Estados-membros. Situação inversa ocorreu
entre 2002 e 2005.

De facto, da análise dos documentos anteriores, podemos afirmar que


Portugal, nos últimos anos, tem acentuado a sua divergência em
relação aos países da UE. T31

Contabilidade Nacional Página 28

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