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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0024.13.296122-8/003 Númeração 2961228-


Relator: Des.(a) Bitencourt Marcondes
Relator do Acordão: Des.(a) Bitencourt Marcondes
Data do Julgamento: 11/02/2020
Data da Publicação: 28/02/2020

EMENTA: AGRAVO INTERNO. APELAÇÃO CÍVEL. MUNICÍPIO DE BELO


HORIZONTE/MG. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL.
INAPTIDÃO DE CANDIDATO APROVADO EM CONCURSO PÚBLICO.
EXAME PRÉ-ADMISSIONAL DE SAÚDE. PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. PERÍCIA JUDICIAL
FAVORÁVEL À PRETENSÃO. NOMEAÇÃO PARA TOMAR POSSE NO
CARGO DE PROFESSOR MUNICIPAL. POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO
DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA. PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS DO ART. 300 DO CPC. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E
NÃO PROVIDO.

1. Apesar de a submissão de candidata a exames preliminares de saúde


apresentar-se absolutamente legal, pois a Constituição outorga à
Administração poderes para estabelecer critérios objetivos para a investidura
em cargo público, mostra-se ilegítimo o ato de eliminação, quando,
observado o contraditório, refutam-se os motivos por esta invocados para o
reconhecimento da inaptidão daquela.

2. Não obstante a parte autora ter sido considerada inapta, após aprovação
em concurso público, na fase admissional de exames de saúde levada a
cabo pelo Município de Belo Horizonte/MG, forçoso reconhecer que a perícia
judicial, ao atestar sua plena habilitação para o exercício das funções de
professor, tem o condão de ensejar a antecipação dos efeitos da tutela
recursal, de modo a compelir a Administração a franquear sua imediata
nomeação para o cargo.

AGRAVO INTERNO CV Nº 1.0024.13.296122-8/003 - COMARCA DE BELO


HORIZONTE - AGRAVANTE(S): MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE -
AGRAVADO(A)(S): CRISTINA LOPES SANT ANA

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ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 1ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, VENCIDO O 1º VOGAL.

DES. BITENCOURT MARCONDES

RELATOR.

DES. BITENCOURT MARCONDES (RELATOR)

VOTO

Trata-se de agravo interno interposto pelo MUNICÍPIO DE BELO


HORIZONTE contra decisão proferida por este Relator, que antecipou os
efeitos da tutela recursal pleiteada no recurso de apelação, a fim de
condenar o ente a franquear a nomeação da candidata CRISTINA LOPES
SANT'ANA, ora agravada, para o cargo de professor em que fora aprovada,
uma vez refutados os motivos que levaram a Administração a reconhecer
sua inaptidão mental no exame pré-admissional de saúde, mediante prova
judicial produzida sob o crivo do contraditório.

Em suas razões de insurgência (f. 276/279), a municipalidade pugna pela


revogação da tutela provisória, ao argumento de que a análise administrativa
da aptidão da autora fora realizada 05 (cinco) anos antes da perícia judicial,
de modo que esta não teria condições de retratar o estado psicológico da
autora ao tempo da realização do exame admissional, ferindo o princípio da
isonomia em relação aos demais candidatos. Arremata dizendo que não
poderia ser concedida a medida, porquanto não há nos autos comprovação
inequívoca do direito da autora ou da verossimilhança das alegações.

Contraminuta às f. 283/286, pelo desprovimento do agravo interno.

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I - DO OBJETO DO RECURSO

Compulsando os autos, depreende-se que a controvérsia a ser dirimida


neste momento processual cinge-se a perquirir o suposto direito (conferido
em sentença) de a autora ser nomeada, de pronto, para o cargo de professor
municipal do 1º e 2º Ciclos do Ensino Fundamental dos quadros do
MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE/MG.

É que, não obstante sua aprovação no certame, a candidata foi


posteriormente considerada inapta para a posse, após a realização de
exame pré-admissional de saúde, conforme resumidamente descrito à f. 91.

A Lei Municipal nº 7.169/96, em seu art. 7º, III, prevê que o ingresso no
quadro de pessoal da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte será feito de
acordo com as normas constitucionais, e estabelece, dentre as condições
para o ingresso, a exigência de boa saúde física e mental (art. 7º, III).

Desse modo, a avaliação da aptidão da candidata, por meio de exames


preliminares de saúde, se me apresenta absolutamente legal, pois a
Constituição outorga à Administração poderes para estabelecer critérios
objetivos para a investidura em cargo público.

No entanto, é preciso consignar que, ao fixar exigências e ao proceder às


avaliações dos candidatos, a Administração deve-se pautar pelo princípio da
razoabilidade, que decorre do princípio da legalidade, ambos informadores
da atividade administrativa.

Sem embargo, as exigências estabelecidas para ingresso aos cargos


públicos, mesmo que previstas em lei, não podem ser desarrazoadas. Ao
contrário, devem exprimir critérios objetivos estritamente necessários ao
desempenho do cargo a ser preenchido, sob pena de ofensa ao princípio da
ampla acessibilidade aos cargos públicos.

Na espécie, nos termos do laudo de exame psicológico de f.

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84/85, verifica-se que a autora foi eliminada do certame, regido pelo Edital nº
01/2009 (f. 28/45), em razão de ter sido diagnosticada com histórico de
oscilações de humor, quadro de depressão recorrente e traços de
personalidade histriônica, que, por terem levado a servidora a se afastar por
alguns períodos do cargo de auxiliar de biblioteca, sugeririam vulnerabilidade
incompatível com a regência de classe, ambiente estressante.

Tais conclusões, nos termos da perícia administrativa, foram


responsáveis por descredenciar a autora para o cargo de professor.

Sucede que, ao longo do processado, constatou-se, em perícia judicial,


sua plena condição de saúde física e mental para o exercício do cargo de
professor, senão vejamos o teor da conclusão do expert e de suas respostas
aos principais quesitos elaborados por ambas as partes (f. 218/221):

(...)

VIII - CONCLUSÃO

Pelo que ficou evidenciado neste laudo pericial e considerando o disposto na


legislação vigente, conclui a perita:

Os elementos acima analisados permitem concluir que a Autora não


apresenta qualquer tipo de restrição física ou mental que a incapacite para a
prática de atividades de Professora, para as quais foi aprovada no Concurso
Público.

IX - QUESITOS DA AUTORA

(...)

5. Queira o Sr. Perito informar se no presente momento a autora se encontra


com capacidade física e psicológica para exercer atividades no cargo que
possui e para o qual foi novamente aprovada em concurso.

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Resposta: Sim

6. Queira o Sr. Perito informar se no presente momento a autora possui


alguma patologia psiquiátrica.

Resposta: Não restou comprovada.

7. Queira o Sr. Perito informar se no presente momento a autora possui


alguma fragilidade emocional anormal.

Resposta: Não restou comprovada.

8. Queira o Sr. Perito informar se há alguma limitação de jornada a ser


exercida ou recomendada a autora.

Resposta: Não.

(...)

X - QUESITOS DO RÉU

1. Após exame médico da autora, confirme o perito se esta apresenta


oscilações no humor, quadro de depressão recorrente e traços de
personalidade histriônica.

Resposta: Não restou comprovada.

2. Informe o perito se um quadro positivo quanto ao que se questiona no


quesito anterior se agravaria na regência de classe e no ambiente
estressante de uma sala de aula.

Resposta: Não se aplica.

3. Informe o perito se um quadro positivo quanto ao que se refere o primeiro


quesito traz vulnerabilidade e risco funcional a pessoa que exerce as funções
do professor.

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Resposta: Não se aplica.

4. Informe o Perito se a situação de saúde da autora permite sua admissão


nas funções profissionais de professor municipal.

Resposta: Sim

(...)

7. Informe o Perito, sob fundamentação, se a autora preenche o pré-requisito


médico ao exercício das funções de professor, tal o de estar em gozo de boa
saúde física e mental.

Resposta: Sim. A autora não apresenta restrição física ou mental que a


incapacite para a prática de atividades de Professora, para as quais foi
aprovada no Concurso Público.

(...)

Não se ignora que a 1ª Seção Cível deste Tribunal, ao apreciar o IRDR nº


1.0024.12.105255-9/002, assentou o entendimento de que o Poder Judiciário
não pode anular o ato administrativo de reprovação do candidato em exame
psicológico legalmente realizado, como base em laudo pericial novo,
produzido judicialmente; mas pode ser realizada perícia, judicialmente, que
fique restrita à reavaliação psicológico do candidato no momento da
realização do exame oficial, limitada aos exames das fichas técnicas para
detectar vícios interpretativos ou legais.

Em que pese, à primeira vista, possa se pensar que a tese seja capaz de
erigir óbice à pretensão deduzida, há de se dimensionar que o pano de fundo
do julgamento em questão consistia em averiguar a possibilidade ou não de
submissão a novo teste psicológico/psicotécnico, quando previsto como
etapa eliminatória do

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certame, dos candidatos contraindicados que se socorrem ao Poder


Judiciário.

Isso porque, certamente, a perícia judicial não teria o condão de


reproduzir o mesmo ambiente de pressão em que se desenvolvem esses
exames em condições de igualdade para todos os candidatos e que se
mostra imprescindível à apuração de traços positivos e negativos de
personalidade, os quais podem implicar a inaptidão para o exercício das
funções inerentes ao exercício do cargo.

Aliás, as próprias condições psicológicas do candidato contemporâneas à


realização do teste psicológico/psicotécnico já não serão mais idênticas ao
tempo da prova pericial. Daí se falar em ofensa ao princípio da isonomia, na
medida em que permitir a realização de novo exame significaria conceder um
tratamento privilegiado ao candidato contraindicado.

Para melhor ilustrar os limites da controvérsia objeto de exame do IRDR,


confira-se sua ementa:

EMENTA: IRDR. EXAME PSICOTÉCNICO. ANULAÇÃO JUDICIAL.


IMPOSSIBILIDADE. POSSÍVEL QUESTIONAMENTO DE ILEGALIDADE,
NÃO DE CRITÉRIOS ADOTADOS PELA BANCA PARA REPROVAÇÃO.
PERÍCIA POSTERIOR LIMITADA AO REEXAME DAS FICHAS TÉCNICAS
DO EXAME PRIMITIVO: POSSIBILIDADE. PRESERVAÇÃO DA ISONOMIA
DO TEMPO DO EXAME DE ORIGEM. - A validade do exame psicológico
condiciona-se a sua eficácia técnica (objetiva e científica) em detectar tanto
os traços de personalidade valorados positivamente pela Administração,
quanto os fatores de contraindicação para o exercício do cargo. - A
eliminação de candidatos pela via do exame psicológico é válida quando,
concomitantemente, possa ser constatada a previsão legal, cientificidade e
objetividade dos critérios adotados para o julgamento da Administração. -
Deve-se respeitar a avaliação pericial realizada no âmbito do concurso, em
respeito mesmo à isonomia para com os demais candidatos que, na mesma
data e sob a mesma pressão, submeteram-se aos testes e foram aprovados.
O exame realizado quando da realização do concurso teve como objeto de
análise os

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métodos utilizados para a avaliação dos demais candidatos, sendo todos


eles, especificamente, e no mesmo dia, validamente avaliados na sua
respectiva condição psicológica contemporânea àquela data - o que não
pode ser invalidado pelo Judiciário, salvo se demonstrada a ilegalidade da
aplicação do teste (aplicado sem previsão legal, por exemplo). - Assim,
admite-se a perícia judicial apenas para um reexame da avaliação
psicológica do candidato no momento da realização dos testes oficiais,
devendo estar limitada à verificação de eventuais vícios de (i)legalidade nos
testes primitivos, promovidos durante o concurso. (TJMG - IRDR - Cv
1.0024.12.105255-9/002, Relator(a): Des.(a) Wander Marotta , 1ª Seção
Cível, julgamento em 20/03/2019, publicação da súmula em 27/03/2019)

No caso dos autos, contudo, nota-se que a negativa de nomeação da


agravada deu-se, repisa-se, em sede de exame pré-admissional, única e
exclusivamente realizado com a finalidade de apurar sua aptidão física e
mental para a posse e o exercício das funções inerentes ao cargo de
professor municipal do 1º e 2º Ciclos do Ensino Fundamental dos quadros do
MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE/MG.

Ou seja, não houve aplicação de testes psicológicos/psicotécnicos e por


mais que suas condições clínicas contemporâneas ao ato administrativo
diferissem do momento em que realizada a perícia judicial, não se pode
olvidar que o lapso temporal entre o exame médico preliminar de admissão e
a perícia médica realizada nos autos é inerente à própria tramitação
processual e à imperiosa observância ao devido processo legal.

Como se não bastasse, instruindo a inicial, foram juntados laudos


contemporâneos ao exame admissional, que, conquanto unilaterais e
insuficientes para a concessão da liminar vindicada, constituíam indícios
técnicos de que a Administração, ao avaliar a candidata, efetivamente
poderia ter se equivocado (f. 98/100).

Diante disso, a realização de perícia para fins de impugnar sua

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contraindicação no exame pré-admissional, por não consubstanciar qualquer


tratamento privilegiado em detrimento dos demais candidatos, se me
apresenta perfeitamente legítima, sob pena de violação do direito de ação da
agravada, que de outro modo não teria condições de desconstituir a
presunção de veracidade de que gozam os atos administrativos em geral.

Cumpre registrar, ainda, que esta 1ª Câmara Cível, sob minha relatoria,
já teve a oportunidade de reconhecer a ilegalidade do ato administrativo que,
ao longo do certame para Provimento de Vagas ao Curso Técnico em
Segurança Pública da Polícia Militar de Minas Gerais, importou na eliminação
do candidato por ter sido diagnosticado como portador de hipertensão arterial
ao longo do certame, com base em perícia judicial que apontou sua plena
aptidão física1.

Naturalmente, as aferições que ensejaram a conclusão do expert quanto


à normotensão do candidato e foram determinantes para autorizar sua
matrícula no Curso Técnico em Segurança Pública também não foram
contemporâneas àquelas a que se sujeitavam todos os demais participantes
e que levaram à sua eliminação do concurso. Independentemente disso, esta
Turma Julgadora convenceu-se da possibilidade de revisão do ato
administrativo, mediante a realização de prova pericial, não havendo que se
falar em ofensa à isonomia.

Feita a distinção entre a presente ação e a matéria fática subjacente à


tese fixada pela 1ª Seção Cível no julgamento do IRDR nº 1.0024.12.105255-
9/002, reputo que as razões de decidir ali alcançadas, embora vinculantes
(art. 927, III, do CPC), não se aplicam à hipótese.

Nesse contexto, uma vez refutados os motivos que levaram a


Administração a reconhecer a inaptidão da autora, mediante prova judicial
produzida sob o crivo do contraditório, a qual encontra ressonância nos
laudos particulares apresentados ao tempo da propositura da ação, deve-se
reconhecer a probabilidade do direito da candidata.

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Quanto ao perigo da demora, decorre do fato de a agravada permanecer


injustamente privada do exercício das funções para o cargo em que foi
aprovada, sem poder usufruir dos benefícios da carreira.

Assim, preenchidos os requisitos do art. 300 do CPC, o desprovimento do


recurso e a confirmação da decisão que antecipou os efeitos da tutela
recursal e franqueou a nomeação da candidata para o cargo de professor em
que fora aprovada, caso o único empecilho permaneça correspondendo ao
objeto de discussão da presente demanda, são medidas que se impõem.

Por fim, com o intuito de evitar o ritual de passagem estabelecido no art.


1.025 do CPC/2015, a multiplicação de embargos de declaração
prequestionadores e os prejuízos deles decorrentes, nos termos do art. 8º
(em especial, dos princípios da razoabilidade e da eficiência), e do art. 139,
inciso II (princípio da duração razoável do processo), ambos do CPC/2015,
para fins de "prequestionamento ficto", desde logo considero incluídos neste
acórdão os elementos que cada uma das partes suscitou em suas razões e
contrarrazões de recurso.

II - CONCLUSÃO

Ante o exposto, nego provimento ao agravo interno.

Sem custas.

É como voto.

DES. WASHINGTON FERREIRA (1º VOGAL)

Senhor Presidente,

Peço vênia ao ilustre Relator para dele divergir, pelos fundamentos que
passo a expor.

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De acordo com o artigo 37, incisos I e II, da Constituição da República de


1988, os cargos, empregos e funções públicas, são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos previstos legalmente, estendendo-se
aos estrangeiros na forma da lei.

Já a investidura dependerá de prévia aprovação em concurso público de


provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
do cargo ou emprego, tudo na forma estabelecida por lei, ressalvando-se as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração.

A Autora/Agravada foi considerada inapta, de forma justificada, pelo setor


responsável (f. 82/83).

O embasamento legal para a sua inaptidão encontra-se nos itens 5.6,


5.7.1, 5.7.1.1 e 5.8 (f. 31), que, por sua vez, fazem menção expressa,
também, à Lei Municipal nº 7.169/96, que rege o tema.

Essa prova, por si só, é suficiente para o convencimento de que a Autora,


ao tempo da realização da perícia médica, não preencheu os requisitos
necessários para nomeação e posse no cargo pretendido.

A perícia realizada em juízo (f. 217/222) é, a toda evidência, posterior ao


exame a que se submeteram, em iguais condições, todos os candidatos
convocados. Assim, essa prova seria insuficiente, frente a todo o conjunto
probatório, para afastar o exame realizado dentro dos parâmetros definidos
no edital do concurso público, os quais não foram impugnados, a tempo e
modo oportunos, pelo candidato.

Os critérios objetivos para a avaliação psicológica estão expressamente


previstos na lei municipal supramencionada, inexistindo motivos para que
seja determinada, por ora, a imediata nomeação da Autora/Agravada.

Destaca-se, por oportuno, que na ocasião do julgamento do IRDR nº


1.0024.12.105255-9/002, a 1ª Seção Cível deste egrégio TJMG

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fixou a tese de que "O Poder Judiciário não pode anular o ato administrativo
de reprovação do candidato em exame psicológico legalmente realizado,
como base em laudo pericial novo, produzido judicialmente; mas pode ser
realizada perícia, judicialmente, que fique restrita à reavaliação psicológica
do candidato no momento da realização do exame oficial, limitada ao exame
das fichas técnicas para detectar vícios interpretativos ou legais":

IRDR. EXAME PSICOTÉCNICO. ANULAÇÃO JUDICIAL.


IMPOSSIBILIDADE. POSSÍVEL QUESTIONAMENTO DE ILEGALIDADE,
NÃO DE CRITÉRIOS ADOTADOS PELA BANCA PARA REPROVAÇÃO.
PERÍCIA POSTERIOR LIMITADA AO REEXAME DAS FICHAS TÉCNICAS
DO EXAME PRIMITIVO: POSSIBILIDADE. PRESERVAÇÃO DA ISONOMIA
DO TEMPO DO EXAME DE ORIGEM. - A validade do exame psicológico
condiciona-se a sua eficácia técnica (objetiva e científica) em detectar tanto
os traços de personalidade valorados positivamente pela Administração,
quanto os fatores de contraindicação para o exercício do cargo. - A
eliminação de candidatos pela via do exame psicológico é válida quando,
concomitantemente, possa ser constatada a previsão legal, cientificidade e
objetividade dos critérios adotados para o julgamento da Administração. -
Deve-se respeitar a avaliação pericial realizada no âmbito do concurso, em
respeito mesmo à isonomia para com os demais candidatos que, na mesma
data e sob a mesma pressão, submeteram-se aos testes e foram aprovados.
O exame realizado quando da realização do concurso teve como objeto de
análise os métodos utilizados para a avaliação dos demais candidatos, sendo
todos eles, especificamente, e no mesmo dia, validamente avaliados na sua
respectiva condição psicológica contemporânea àquela data - o que não
pode ser invalidado pelo Judiciário, salvo se demonstrada a ilegalidade da
aplicação do teste (aplicado sem previsão legal, por exemplo). - Assim,
admite-se a perícia judicial apenas para um reexame da avaliação
psicológica do candidato no momento da realização dos testes oficiais,
devendo estar limitada à verificação de eventuais vícios de (i)legalidade nos
testes primitivos, promovidos durante o concurso. VV EMENTA: IRDR -
CONCURSO PÚBLICO - PMMG -EXAME PSICOLÓGICO - EXCLUSÃO DO
CERTAME - REALIZAÇÃO DE PROVA PERICIAL - APTIDÃO
COMPROVADA - NULIDADE DO ATO

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ADMINISTRATIVO. 1. A utilização de critérios específicos pela


Administração Públi ca para aferição da capacidade de exercício das funções
inerentes ao cargo é permitida, mormente na carreira Militar. 2. A
comprovação por laudo pericial imparcial, em que foi assegurado o
contraditório e ampla defesa, do preenchimento dos requisitos previstos no
Edital, leva à anulação do ato administrativo ilegal, sem que implique afronta
aos princípios da legalidade, isonomia e separação dos Poderes, mas como
forma de resguardar a inafastabilidade da jurisdição e razoabilidade.
SÚMULA: TESE FIXADA: O Poder Judiciário não pode anular o ato
administrativo de reprovação do candidato em exame psicológico legalmente
realizado, como base em laudo pericial novo, produzido judicialmente; mas
pode ser realizada perícia, judicialmente, que fique restrita à reavaliação
psicológica do candidato no momento da realização do exame oficial,
limitada ao exame das fichas técnicas para detectar vícios interpretativos ou
legais. (TJMG - 1ª SEÇÃO CÍVEL - IRDR nº 1.0024.12.105255-9/002 -
Relator: Des. WANDER MAROTTA. j. 20/03/2019. Publicação da Súmula em
27/03/2019) - (destaque)

O TJMG certificou, em 05/11/2019, o trânsito em julgado, ocorrido em


05/09/2019, do acórdão supramencionado.

Com efeito, em linhas gerais, esse é o entendimento que já venho


adotando, permissa vênia. Assim, tenho que as diretrizes estabelecidas na
referida tese já afastam, por ora, a possibilidade de imediata nomeação da
Autora/Agravada, notadamente se considerado que a perícia judicial, in casu,
não se limitou ao exame das fichas técnicas para detectar vícios
interpretativos ou legais, realizando, na verdade, novo juízo de aptidão da
candidata em 2017, quando já transcorridos mais de cinco anos do exame
impugnado.

Com efeito, permitir a imediata nomeação da Autora/Agravada poderia


acarretar danos irreversíveis à Administração Pública, especialmente ao
realizar pagamentos de natureza eminentemente alimentar e impassíveis de
repetição.

Ante o exposto, renovando vênia ao eminente Relator, DOU

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PROVIMENTO AO RECURSO para reformar a decisão agravada e indeferir


o pedido de antecipação dos efeitos da tutela recursal formulado pela
Autora/Agravada.

É como voto.

DES. EDGARD PENNA AMORIM (PRESIDENTE E 2º VOGAL)

Peço vênia ao em. Primeiro Vogal para acompanhar o em. Relator que, a
meu aviso, bem promoveu o "distinguish" entre o paradigma do IRDR e o
caso presente, no qual a parte autora já não mais disputava com nenhum
outro candidato vaga, por exemplo, em curso de formação, senão que tinha
que ter sua higidez física e mental devidamente apurada
administrativamente, o que não se revelou, conforme prova pericial produzida
sob o crivo do contraditório.

SESSÃO DE 11/02/2020

DES. EDGARD PENNA AMORIM (PRESIDENTE E 2º VOGAL)

O presente feito vem adiado da sessão de 12/11/2019, na forma do art.


942 do CPC/2015, após Relator e 2º Vogal negarem provimento ao recurso,
e o 1º Vogal o prover.

DES. BITENCOURT MARCONDES (RELATOR)

VOTO

QUESTÃO DE ORDEM

Senhor Presidente, pela ordem!

Registro que, em que pese haver sido apontado, em sessão pretérita, a


necessidade de julgamento estendido, na forma do art. 942 do CPC/2015,
analisando melhor a questão, entendo que, in casu, inviável a adoção de
referida técnica de julgamento.

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Com efeito, o dispositivo em questão se refere, expressamente, ao


julgamento não unânime havido em sede de apelação, sendo certo que o
presente agravo interno foi interposto contra decisão unipessoal que
antecipou os efeitos da tutela recursal pleiteada de forma incidental.

Desse modo, a toda evidência, a divergência em comento não se deu no


âmbito do julgamento da apelação propriamente dita, mas do pedido de
tutela de urgência, daí porque, a meu juízo, não seria cabível o julgamento
estendido, razão pela qual a hipótese é de proclamação do resultado final do
julgamento, qual seja: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO,
VENCIDO O 1º VOGAL".

DES. WASHINGTON FERREIRA (1º VOGAL)

Coloco-me de acordo com o eminente Relator para rejeitar a


aplicabilidade do artigo 942, do CPC de 2015, pois a hipótese não se adequa
àquelas previstas pelo regramento processual para o julgamento ampliado.

É como voto.

DES. EDGARD PENNA AMORIM (PRESIDENTE E 2º VOGAL)

Sobre a questão de ordem suscitada pelo em. Relator quanto ao


descabimento da aplicação da técnica de julgamento prevista no art. 942 do
CPC no presente caso - que discute por ora apenas o pedido de antecipação
da tutela recursal formulado incidentalmente na apelação - ponho-me de
acordo com S. Ex.ª.

DES. EDGARD PENNA AMORIM (PRESIDENTE E 2º VOGAL):

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO, VENCIDO O 1º


VOGAL".

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1 EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO


ORDINÁRIA. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA MILITAR. EXAME
PRELIMINAR DE SAÚDE. ELIMINAÇÃO DO CANDIDATO. APTIDÃO
FÍSICA RECONHECIDA POR PERÍCIA JUDICIAL. ILEGALIDADE DO ATO.
SENTENÇA CONFIRMADA. ORDEM PARA MATRÍCULA NO CURSO
TÉCNICO EM SEGURANÇA PÚBLICA EM ANDAMENTO OU A INICIAR.
POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO.

1. A acessibilidade aos cargos públicos é condicionada ao preenchimento


dos requisitos fixados em lei, conforme dispõe o art. 37, I, da Constituição
Federal. Nesse contexto, a Lei nº 5.301/69 - Estatuto Dos Militares de Minas
Gerais - prevê que o ingresso na carreira militar será feito de acordo com as
normas regulamentares próprias, e estabelece, dentre as condições para o
ingresso, a exigência de saúde e aptidão física (art. 5º, incisos VII e IX).

2. Apesar de a submissão do candidato a exames preliminares de saúde


apresentar-se absolutamente legal, pois a Constituição da República outorga
à Administração poderes para estabelecer critérios objetivos para a
investidura em cargo público, mostra-se ilegítimo o ato de eliminação,
quando, por meio de prova pericial, refutam-se os motivos por esta invocados
para o reconhecimento da inaptidão física daquele.

3. Reconhecida a ilegitimidade do ato administrativo que culminou na


eliminação do candidato do certame para ingresso no quadro de praças da
Polícia Militar, surge para a Administração o dever de franquear sua
matrícula no Curso Técnico em Segurança Pública em andamento ou a
iniciar, em igualdade de condições com os demais candidatos.

(TJMG - Apelação Cível 1.0024.10.198928-3/002, Relator(a): Des.(a)


Bitencourt Marcondes , 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 06/03/2018,
publicação da súmula em 16/03/2018)

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