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br]
ISSN 1981-6278

Editorial

Ontologias, Web semântica e saúde


DOI: 10.3395/reciis.v3i1.238pt

Stefan Schulz
Frederico Freitas Centro Médico Universitá-
Universidade Federal de rio de Freiburg, Freiburg,
Pernambuco, Recife, Brasil Alemanha
fred@cin.ufpe.br stschulz@uni-freiburg.de

Com uma longa tradição de estudo no ramo da da Web referencia uma ou mais ontologias (por exemplo,
filosofia, que remonta há pelo menos remotos 23 sé- dizendo que um determinado trecho da página é um
culos, o termo “Ontologia” transformou-se num dos nome de professor, referenciando este conceito de uma
termos mais em moda no mundo da informática de hoje, ontologia sobre Academia), ela está atribuindo signifi-
sendo aplicado em sistemas de muitos outros campos, cado ao conteúdo da página de forma que um software
incluindo-se, entre os principais, biologia e medicina. poderá usar as outras definições da ontologia que definem
Enquanto o termo “Ontologia” outrora denotava um as relações e restrições a priori relacionadas ao conceito
ramo da metafísica, “ontologias” são hoje entendidas referenciado e interpretará outras partes da página den-
como vocabulários formais que descrevem as premissas tro do contexto definido pela ontologia. Por exemplo,
básicas de um determinado domínio. ao achar uma lista de alunos de doutorado na página
Há pelo menos uma razão principal para todo este do professor, o software poderá interpretar que aqueles
interesse por parte dos informatas. Segundo Tim Bernes- alunos são orientados pelo professor, que trabalham em
áreas que o professor pesquisa (e que podem também
Lee, um dos principais responsáveis pela sedimentação
estar na página do professor), e que estão matriculados
da própria internet, as ontologias constituem o com-
no programa de pós-graduação ao qual o professor per-
ponente e a motivação principais da Web semântica,
tence. Digno de nota é o fato de que estas informações
uma Web em que os programas e sistemas são capazes
podem não estar literalmente presentes na página Web.
de “entender” e processar dados das páginas, de acordo
Portanto, processar informações usando ontologias, que
com o contexto. Mas o que são ontologias e como elas
provêem excelente contexto para o entendimento das
ajudam os sistemas a conseguir processar os dados com
informações, tanto para usuários humanos quanto para
tal profundidade?
agentes de software, vem se tornando uma tendência
Em palavras práticas, ontologias padronizam sig- em várias áreas e tipos de aplicações. A Web semântica,
nificado através de identificadores semânticos, os quais por exemplo, deve ter um forte impacto sobre os sítios
podem representar o mundo real e conceitual. Ontolo- comerciais da Web; ontologias também servem como
gias constituem-se em definições de conceitos, classes, vocabulário em uma troca de mensagens entre os ditos
propriedades, relações, restrições e axiomas sobre um agentes inteligentes, entidades de software que podem
determinado domínio (por exemplo, neurologia). raciocinar sobre conhecimento, permitindo que estes
Ao longo dos artigos deste suplemento são apre- agentes possam negociar pedidos de compras em nome
sentados vários exemplos de ontologias, que variam em de suas empresas – e já existem protótipos acadêmicos
complexidade, expressividade etc. Então, se uma página simulando esta situação.

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Entre as áreas mais comuns de aplicação de ontolo- Medicine, FMA (Modelo Fundacional de Anatomia),
gia estão medicina e biologia, existindo, inclusive, alguns bem como as iniciativas UMLS (Sistema Unificado de
centros quase que exclusivamente dedicados ao estudo Linguagem Médica), a OBO Foundry (Fundação de
desta tecnologia. Nos Estados Unidos, o Departamento Ontologias Biomédicas Aberta”) em geral e a Ontologia
de Informática Médica da Universidade de Stanford, Gênica (GO) em particular.
criou o mais empregado editor de ontologias, o Protégé. O artigo “Bases ontológicas e conceituais para um
Existe também uma organização virtual, o Centro Na- modelo do conhecimento científico em artigos biomédi-
cional de Pesquisas em Ontologias Biomédicas (National cos”, escrito por Carlos Marcondes e co-autores, propõe uma
Center for Biomedical Ontologies), que envolve os grupos classificação de artigos científicos da área de Medicina.
de pesquisa das universidades de Stanford, Victoria e Cada classe possui um modelo de anotação semântica,
Buffalo, além da Mayo Clinic, em Rochester. Na Europa, anotações estas que devem ser efetuadas usando onto-
existem o Grupo de Pesquisa em Ontologias em Medicina logias, de forma que o conhecimento expresso nos arti-
e Ciências Biológicas no Instituto de Informática Médi- gos consiga ser processado e “entendido” por sistemas
ca, Estatística e Epidemiologia, em Leipzig, e o Grupo computacionais. Antes da proposição, o artigo traz uma
de Pesquisa em Informática Médica no Centro Médico discussão que justifica a existência do modelo a partir de
Universitário de Freiburg, ambos na Alemanha, e o Grupo
teorias de Metodologia Científica e Filosofia da Ciência e
em Informática Biológica e Saúde, na Universidade de
da análise de uma base de 75 artigos médicos. O modelo
Manchester, na Inglaterra, estão entre os que mais pes-
habilita a recuperação semântica de informações de arti-
quisam em ontologias biológicas e Web Semântica. A
gos, permitindo buscá-lo através de conceitos e relações,
complexidade do conhecimento médico e biológico torna
ao invés de palavras-chave como acontece nos engenhos
difícil a confecção de sistemas tradicionais, pois para
de busca tradicionais.
assistir tarefas médicas, os sistemas precisam de muito
conhecimento e capacidade de inferência. Esta talvez seja O artigo “Vantagens e limitações de ontologias
a principal razão da aplicabilidade e conseqüente sucesso formais no domínio biomédico”, elaborado por Stefan
do uso de ontologias nestas áreas. Discorremos um pouco Schulz e co-autores, dentre os quais Barry Smith, filósofo
mais acerca destas necessidades no primeiro artigo. Ape- e autor de vários livros e artigos bastante conhecidos
nas cabe ressaltar que o volume de pesquisas produzido sobre bio-ontologias e diretor de várias organizações
ligando ontologias, Web semântica e saúde justificaram o relacionadas ao assunto, como a própria Fundação OBO,
lançamento deste número temático e aceitamos a tarefa, serve como excelente introdução para os formalismos
convencidos de que a RECIIS é, de fato, um veículo em matemáticos usados em ontologias biomédicas, propondo
que todos estes tópicos de pesquisa são contemplados. uma série de critérios para delimitar o conceito de onto-
A comunidade que pesquisa nestes tópicos respondeu à logia de recursos de representação de conhecimento de
chamada de trabalhos satisfatoriamente e os editores se uma forma mais abrangente. As vantagens e desvantagens
sentem agradecidos com as contribuições que nos foram de cada representação são cuidadosamente discutidas, a
enviadas. partir de tesauros, fonte de conhecimento freqüentemen-
Das submissões recebidas para este Suplemento, te disponível na área biomédica, até a expressiva lógica
foram selecionados cinco artigos pelos revisores, que, de descrições - o mais expressivo formalismo de repre-
juntados a este artigo introdutório dos editores convida- sentação de conhecimento padronizado pelo Consórcio
dos, compõem os seis artigos deste Suplemento Temático. da Web (W3C). A discussão gira, primordialmente, em
Durante a confecção do número temático, procuramos torno da relação custo-benefício em adicionar-se expres-
ordenar os artigos de forma a ir apresentando gradativa- sividade à forma de representação em uso. Exemplos
mente os conceitos e práticas em ontologias biomédicas simples usando lógica de descrição são introduzidos, em
em grau crescente de complexidade, uma vez que os dois complexidade gradativa, desta forma ajudando o leitor a
primeiros temas do Suplemento – Ontologias e Web ter uma idéia concreta de como são representados con-
semântica - ainda não são muito difundidos no Brasil. ceitos biomédicos complexos e de como estes conceitos
Abaixo, descreveremos brevemente cada um dos artigos são usados durante o processo de raciocínio automático,
do Suplemento. bem como possíveis resvalos de modelagem que podem
O primeiro artigo, intitulado “Levantamento das levar a raciocínios automáticos incorretos.
atuais terminologias e ontologias em biologia e medici- O artigo seguinte, “Uma análise ontológica do
na”, tem por objetivo apresentar conceitos introdutórios eletrocardiograma” por Bernardo Gonçalves e co-auto-
sobre ontologias e sistemas terminológicos em biologia res, traz a descrição de uma ontologia cuidadosamente
e medicina, proporcionando uma visão abrangente do construída para possibilitar o raciocínio sobre um do-
assunto pela descrição de sistemas mais difundidos e/ou mínio complexo, específico e desafiador em termos de
emblemáticos. Após uma breve discussão sobre o uso representação, a execução de um eletrocardiograma. A
de terminologias em contraste com o uso de ontolo- ontologia foi elaborada empregando-se duas ontologias
gias, são apresentados os sistemas CID (Classificação biomédicas bastante ricas e populares, a OBO e a FMA
Internacional de Doenças), SNOMED CT (Nomencla- - já descritas no primeiro artigo – e a ontologia de topo
tura Sistematizada de Termos médico-clínicos), MeSH UFO (Ontologia Fundacional Unificada). Esta ontologia
(Descritores de Saúde), openGalen (Arquitetura Geral de topo empresta bases sólidas para a representação de
para Linguagens, Enciclopédias e Nomenclaturas in elementos complexos presentes direta ou indiretamente

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em eletrocardiogramas, tais como relações parte-todo uni- elaborada dentro do grupo de pesquisa dos autores. A
versais e relações temporais de produção, caracterização ferramenta está fundamentada em técnicas especificas
e geração, classificando-as com suas meta-características de uma subárea específica de estudo de Inteligência
adequadas, sejam elas simétricas ou anti-simétricas, Artificial, conhecida como Processamento de Lingua-
reflexivas ou irreflexivas e transitivas ou intransitivas. gem Natural, que se debruça sobre o processamento
Portanto, a elaboração da ontologia ECG constitui um de textos do ponto de vista lingüístico, acarretando,
bom exemplo de como empregar princípios de modela- portanto, em um processamento muito mais profundo
gem bem fundamentados para garantir que o racioci- das informações textuais. Estas técnicas são usadas para
nador automático não derive conclusões errôneas por extrair elementos que irão compor uma ontologia. Este
falta de conhecimentos básicos, como as conseqüências tipo de abordagem é particularmente interessante por
de um conceito ser parte de outro. Ao fim do artigo, são automatizar o processo de produção de conhecimento
sugeridas algumas formas de aplicação do conhecimento para as ontologias, acelerando o processo de obtê-las.
disponibilizado. As autoras descrevem experimentos iniciais com corpus
Os últimos dois artigos são dedicados à construção sobre pediatria. Os experimentos mostraram que de fato
de ontologias, mas não sobre o ponto de modelagem. O abordagens baseadas em aprendizado podem ser úteis na
artigo “Aspectos metodológicos no reuso de ontologias: etapa de construção da terminologia para uma ontolo-
um estudo a partir das anotações genômicas no domínio gia, não garantindo, porém, a cobertura necessária para
dos tripanosomatídeos”, de Maria Luiza Campos e co- incluir toda a terminologia contida no corpus.
autores, discute em linhas gerais o reuso de ontologias, Como últimas palavras, gostaríamos de agradecer
descrevendo ainda seus experimentos na área biomédi- aos revisores, Guilherme Ataíde, Werner Ceusters, Ro-
ca, a descrição do genoma de tripanosomatídeos. Foi nald Cornet, Marcos Galindo, Rosario Girardi, Giancarlo
empregado um alinhador, cuja função é comparar duas Guizzardi, Robert Hoehndorf e César Tacla, por reali-
ontologias, mostrando as correspondências entre os ele- zarem um trabalho sério e de boa qualidade, sem o qual
mentos destas ontologias, uma tarefa correlata à tarefa a produção deste número temático provavelmente não
de reuso. Os autores findam o artigo com uma lista de seria possível. Os editores convidados dedicam ainda um
conclusões acerca de seu experimento específico, ou seja, agradecimento aos editores científicos da RECIIS, Carlos
em que casos o alinhador correspondeu às expectativas Saldanha Machado e Josué Laguardia, por nos guiarem
dos autores. durante todo o processo de produção da edição, com
Finalmente, o artigo “Extração automática de várias dicas úteis, sendo muito atenciosos e respondendo
termos compostos para construção de ontologias: um quase imediatamente a uma longa lista de dúvidas nossas
experimento na área da saúde”, confeccionado por surgidas ao longo do trabalho, além de brindar-nos com
Lucelene Lopes e Renata Vieira, discorre sobre uma a oportunidade de publicá-lo.
ferramenta de aprendizado automático de ontologias,

Sobre os autores
Fred Freitas
É PhD pela Universidade de Santa Catarina, Brasil, e atualmente é afiliado ao Centro de Informática da Univer-
sidade Federal de Pernambuco, Brasil (CIn/UFPE). Conduziu pesquisas por quase um ano no Departamento de
Informática da Universidade de Karlsruhe, como integrante do projeto Brasil-Alemanha “A semantic approach
to data retrieval” (Abordagem semântica da recuperação de dados). Publicou diversos artigos em conferências
e semiários de renome, como IJCAI e outros patrocinados pela ACM (Association on Computer Machinery) e
pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronical Engineering). Co-presidiu duas séries de seminários: O WONTO
(Workshop on Ontologies and their Applications/Seminário de Ontologias e Suas Aplicações), no Brasil, e o BA-
OSW (Building Applications with Ontologies for the Semantic Web/Construção de Aplicações com Ontologias
para a Semantic Web), em Portugal. Co-editou Edições Especiais sobre temas relacionados do JBCS (Journal of
Brazilian Computer Society) e do JUCS (Journal of Universal Computer Science). Colabora, atualmente, com a
Universidade de Paul Cesanne em Marselha, e INRIA, Montbonnot, na França, e as Universidades de Karlsruhe,
Freiburg e Mannheim, na Alemanha. Suas áreas de interesse incluem ontologias, sistemas multiagentes, repre-
sentação de conhecimento, mediação, e mineração de texto.

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Stefan Schulz
É formado em medicina pela Heidelberg University, Alemanha, e é pesquisador sênior e professor do Instituto
de Biometria Médica e Informática da Medicina do Centro Médico Universitário Freiburg, onde chefia o Grupo
de Pesquisas em Informática na Medicina. Seu trabalho se concentra em terminologias e ontologias biomédicas,
representação do conhecimento biomédico, recuperação de documentos médicos multilíngües, mineração de
texto e dados em repositórios de documentos clínicos, aprendizado eletrônico na Medicina, e informática da
saúde em países em desenvolvimento.
Após executar trabalhos clínicos em cirurgia e medicina interna, obteve seu diploma de doutorado na área da
higiene tropical, onde efetuou um estudo de campo parasitológico em São Luís, Brasil. Após obter qualifica-
ção técnica em computação médica, mudou-se para a Universidade de Freiburg, onde participou de projetos
de desenvolvimento de software clínico e educacional, e de diversos projetos de pesquisa na área da extração
de informações, terminologias biomédicas, engenharia da linguagem médica, e tecnologias semânticas. Tem
desempenhado papéis de liderança em diversos projetos financiados pela União Européia. Stefan Schulz é au-
tor de mais de cem publicações revisadas por especialistas, e recebeu vários prêmios. Tem oferecido repetidas
contribuições a projetos de pesquisa na área da informática de saúde brasileira desde 2001, como pesquisador
convidado da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

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