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3º Milênio

de desarmonia, principalmente no relacionado desenvolvimento neuropsicomotor aparente-


com a linguagem, na qual a pobreza sintática mente normal nos 6 primeiros meses de vida, (3)
conbtrasta com a preciosidade de vocabulário perímetro cefálico normal ao nascimento, (4)
(Lebovici, 1991), podendo ser observadas desaceleração do crescimento cefálico entre 5
dificuldades na utilização da primeira pessoa meses e 4 anos de idade, (5) déficit severo do
pronominal, fato esse em função de distúrbio na desenvolvimento da linguagem expressiva e
construção da própria identidade, vendo-se sinais receptiva, acompanhado de grave retardo
bizarros como atividade ritualística e psicomotor (6) movimentos estereotipados de
estereotipias . mãos, (7) aparecimento de apraxia ao andar entre
Transtornos Desintegrativos, chamados as idades de 1 e 4 anos (8) tentativa diagnóstica
anteriormente de Psicoses Desintegraticvvas entre 2 e 5 anos.
(Ajuriaguerra, 1977), correspondem a quadros Critérios de Suporte: (1) Disfunção
em que existe um desenvolvimento normal, ou respiratória, (2) anormalidades ao EEG, (3)
próximo ao normal, nos primeiros anos de vida, convulsões, (4) espasticidade, (5) distúrbios
seguido por baixa nos padrões sociais e de vasomotores periféricos, (6) escoliose, (7) retardo
linguagem, conjuntamente com alterações nas no crescimento.
emoções e no relacionamento (Corbett, 1987). Critérios de Exclusão: (1) evidência de retardo
Habitualmente essa diminuição na sociabilidade no crescimento intrauterino, (2) organomegalia
e da linguagem duram pequeno período sendo ou outros sinais de doenças de depósito, (3)
posteriormente acompanhadas pelo retinopatia ou atrofia ótica, (4) microcefalia ao
aparecimento de hiperatividade e estereotipias nascimento.
com comprometimento intelectual em muitos
casos, comprometimento esse não obrigatório.
Incluem as antigas demências de Heller. Essas Endereço para Correspondência
condições aparecem, muitas vezes, seguidas a
Rua Otonis 697 Vila Mariana, Cep: 04025-
quadros encefalíticos de tipo sarampo, ou na
002, São Paulo - SP.
ausência de quadros detectáveis que atinjam
SNC, não podendo ser consideradas entretanto,
como meros déficits intelectuais uma vez que
Referências Bibliograficas
mostram quadro muito mais florido. Coleman Ajuriaguerra, J. – Manual de Psiquiatria Infantil;
(1976) refere quadros símiles a partir de infecções Barcelona; Toray-Masson; 1973
virais como herpes, citomegalovirus, rubeola e ASSUMPÇÃO, Jr., F. B. - “Brief report: a case of
sarampo bem como a quadros de metabolismo chromosome 22 alteration associated with autistic
purínico, de cálcio e de magnésio. syndrome.” J Autism Dev Disorders, 28(3): 253-
Síndrome de Rett pode ser reconhecida, 256, 1998.
quando típica, entre 6 e 18 meses de idade Assumpção, Jr., F. B. - “Brief report: a case of
apresentando quadro clínico caracterizado por chromosome 22 alteration associated with autistic
baixos padrões comunicacionais, uso das mãos syndrome.” J Autism Dev Disorders, 28(3): 253-
e movimentos estereotipados em período de 256, 1998.
desenvolvimento normal. Gradativamente Assumpção, F.B.J., Sprovieri, M.H. Introdução ao
observa-se desaceleração do crescimento Estudo da Deficiência Mental. São Paulo, Ed.
cefálico, anomalias de marcha (ataxia/apraxia) Memnon,1991.
convulsões, padrões respiratórios irregulares e Bloomquist, H. K. - “Frequency of the fragile X
escoliose. Acomete indivíduos do sexo feminino syndrome in infantile autism.” Clin Genet, 27: 113-
(Olson, 1987; Perrot-Beaugerie, 1990; Percy; 117, 1985.
1990) sendo ligada ao cromossoma X. Embora Bolton, P.; Rutter, M. - “Genetic influences in
traços autísticos sejam presentes, constitui-se em autism.” Int Rev Psychiat, 2: 67-80, 1990.
quadro bem diverso no que se refere ao próprio Bowman, E.P. – Asperger’s syndrome and
quadro clínico bem como ao prognóstico e autism: the case for a connection. Brit J Psychiat
tratamento. 152(3):377-382; 1988.
Apresenta enquanto Catwell, D.P.; Baker,L.; Rutter,M. Family factors.
Critérios Obrigatórios: (1) período pré e peri In M.Rutter & E. Schopler (eds), Autism: A reappraisal
natal aparentemente normal, (2) of concepts and treatment, New York, Plenum Press.

19
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

1979. pp.269-296. Kerbeshian, J.; Burd, L.; Randall, T.; Martsolff,


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20
3º Milênio

No geral a reposta as várias modalidades de


CAPITULO III estímulos sensoriais è pobre e pouco usual. As
habilidades no convívio social e na linguagem estão
bem reduzidas, além da presença de vários tipos de
ASPECTOS NEUROLÓGICOS DO movimentos estereotipados.
AUTISMO INFANTIL O desenvolvimento motor normalmente se
processa dentro das etapas previstas, porém a criança
é mais quieta e desinteressada em explorar o ambiente
Rodrigo Carneiro de Campos
ao seu redor, bem como fixar o olhar e acompanhar
as pessoas. Há extrema ansiedade com situações
novas ou mudanças de ambiente.
INTRUDUÇÃO As alterações neurológicas no autismo sugerem
disfunções no córtex associativo.
Uma síndrome caracterizada por deficiência em
se comunicar, comportamento repetitivo, tendência
a isolamento e manipular pequenos objetos foi des- ASPECTOS ETIOLÓGICOS
crita por Kanner em 1943. A partir de então muito
Como já foi mencionado, vários fatores tem sido
tem sido escrito sobre autismo, porém a definição
implicados na gênese e aparecimento do autismo
em termos neurológicos ainda não está completa-
infantil (AI).
mente estabelecida permanecendo como transtorno
Dentre as causas ambientais, as que provocam
invasivo do desenvolvimento(TID) associado à fenô-
sofrimento fetal agudo ou crônico são os que têm
menos comportamentais com uma grande diversi-
sido mais relacionados.
dade de fatores etiológicos genéticos, biológicos e
A participação de fatores genéticos já possui bases
ambientais.
bastante sólidos devido à alta taxa de prevalência de
Os critérios clínicos para diagnóstico estão no
autismo em gêmeos monozigóticos, a prevalência
DSM- IV(Diagnostic and Statistical Manual of Mental
no sexo masculino e a presença de fatores
Disorders) da Associação Americana de Psiquiatria e
relacionados ao autismo em patologias
fazem parte deste grupo além do autismo que é o
geneticamente definidas.
protótipo destas doenças, outras quatro categorias
Alguns estudos relacionam aspectos
entre elas as síndromes de Rett e de Asperger.
imunológicos tais como a presença de auto-
A prevalência de autismo é aproximadamente de
anticorpos e disfunção do sistema imunológico.
1:2000 e quando associado à síndrome de Aspenger a
As infecções congênitas principalmente a
prevalência praticamente dobra, com predomínio no
rubéola e doença de inclusão citomegálica ,e
sexo masculino na proporção de 3 a 4:1.
algumas infecções viróticas pòs-natais têm sido
Na tentativa de se estabelecer uma base
relacionados com o autismo.
neurológica para o autismo infantil várias condições
tem sido relacionadas, entre elas podemos citar
sofrimento fetal, infecções viróticas, infecções NEUROPATOLOGIA
congênitas, imunizações, alterações hereditárias tais
Estudos anátomo-patológicos evidenciaram
como esclerose tuberosa e espasmos infantis como
alterações microscópicas na organização e
veremos a seguir.
Do ponto de vista clínico, os sinais aparecem proliferação celular localizadas nos circuitos do
antes dos três anos, sendo que a maioria apresenta sistema límbico, cerebelar, hipocampo, lobo temporal
alterações sutis desde os primeiros meses e lobo frontal. Foram vistos redução no tamanho das
ralacionados com choro e movimentação células neuronais do complexo hipocampal, amigdala
diminuída, aversão ao contato quando é e corpo mamilar, além de alterações da árvore
carregado, vontade e contentamento em ficar dendrìtica do hipocampo. Estas anormalidades são
sozinho. encontradas em menor número nos pacientes com
Se os sinais aparecem após o segundo ano de síndrome de Aspenger.
vida, o que é menos comum, a concomitância de O cerebelo pode apresentar hipoplasia global
sintomas objetivos tais como convulsões, ou seletiva do vermis neocerebelar associada ou não
macrocrania e exame neurológico alterado é mais à outras mal formações do sistema nervoso central.
freqüente. A alta incidência de aumento do perímetro
Nestes casos algumas patologias ou condições cefálico nos pacientes com autismo (25-30%) parece
que podem falsiar o diagnóstico de autismo. De- estar ligado ao fenômeno da morte celular
vemos portanto excluir desordens específicas no programada nas fases iniciais do processo de
desenvolvimento da linguagem, retardo mental, neurogênese , que não ocorrendo provocaria um
afasia adquirida (síndrome de Landau -Kleffner), aumento da população neuronal e consequente
síndrome do X-frágil, baixa acuidade auditiva e megaloencefalia.
visual, além de alguns erros inatos de metabolis- Embora as alterações localizadas sejam claras, o
mo como por exemplo a fenilcetonúria. envolvimento de áreas associativas, no que diz

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Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

respeito às sinapses, organização neuronal, de fluxo sangüíneo e perfusão dos lobos temporais em
conecções entre diversos circuitos e distribuicão do crianças com espasmos infantis que desenvolveram
fluxo sangüíneo , parecem desempenhar importante autismo posteriormente.
papel no contexto geral do autismo. Análise cromossômica de alta resolução deve ser
Trabalhos experimentais têm demonstrado estreita feita em pacientes com suspeita de autismo
relação entre distúrbios do tipo sócio-emocionais e principalmente naqueles associadas à dismorfismos
anormalidades das estruturas mesiais do lobo temporal. somáticos mesmo que discretos.

NEUROFARMACOLOGIA TRATAMENTO ANTICONVULSIVANTE


Ao longo de anos vários substratos farmacológicos As crises convulsivas nos pacientes com autismo
vêm sendo associados à base bioquímica do autismo. podem aparecer em qualquer idade e respondem bem à
Os estudos mais consistentes indicam o maioria das drogas antiepilépticas (DAE) habituais, e de-
envolvimentos da serotonina em alguns dos sintomas vem ser escolhidas de acordo com o tipo de crise, idade
do largo espectro que compõe o autismo. Há um aumento do paciente , sintomas psiquiátricos associados e as
do nível da serotonina circulante, com metabolismo interações medicamentosas com outras drogas eventu-
assimétrico demonstrado pelo estudo de PET (Positron almente usadas pelo paciente.
Emission Tomography), disfuncão de sua carreação Carbamazepina e ácido valpróico são
plaquetária e auto anticorpos para os seus receptores , anticonvulsivantes que possuem efeitos psicotrópicos
podem estar relacionados na gênese do autismo. positivos. Pacientes que apresentam alterações específi-
Outros neurotransmissores tais como dopamina, cas no EEG, mesmo sem crises convulsivas apresenta-
noradrenalina e endorfina parecem ter algum papel ram melhora nos sintomas comportamentais após o uso
adjunvante. do ácido valpróico.
O fenobarbital não deve ser usado devido a seus
efeitos relacionados com a hiperatividade, depressão e
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA diminuição do potencial cognitivo.
Toda criança com traços ou suspeitas de AI deve ser A fenitoína apresenta efeitos estéticos indesejáveis
submetida à testes neuropsicológicos específicos. tais como hipertrofia gengival e hirsutismo.
A avaliação neurofisiológica é importante. O As novas DAE têm indicação nos casos de sintomas
eletroencefalograma (EEG) é alterado e aproximadamen- autísticos associados à esclerose tuberosa que respondem
te 50% dos pacientes variando de 35-65% na literatura, bem ao uso de vigabatrina e ao topiramato, a primeira
porém os achados são diversos e inespecíficos não tra- com relato de atrofia ótica irreversível em até 20% dos
duzindo diretamente a natureza da disfunção cerebral casos em alguns estudos , o que nos tem feito restringir
subjacente, exceto nos pacientes que apresentam crises bastante o seu uso.
convulsivas o que acontece em cerca de um terço dos Todas as drogas anticonvulsivantes possuem efeitos
pacientes com autismo. colaterais e devem ser monitorizadas regularmente ao
As crises podem ser de diversos tipos variando com a longo do tratamento.
idade e a localização da disfunção, prevalecendo as crises
parciais complexas típicas dos lobos temporal e frontal.
É importante que os estudos de EEG sejam feito
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durante a fase de sono e se possível quando há cooperação Rua Terra Nova 126/401, B. Sion, Cep: 30315-
do paciente, em sono , vigília e transição sono-vigília para 470, Belo Horizonte - MG
que as alterações temporais possam ser evidenciadas
facilitando tambèm o diagnóstico de crises subclínicas.
Os potenciais evocados auditivo e visual são
Referências Bibliográficas
ferramentas mais úteis na identificação de déficits sensoriais 1-Bachevalier J. Medial temporal lobe structures
que levam a um quadro de baixa resposta ao ambiente. and autism: a review of clinical and experimental
Os estudos de neuroimagem, principalmente a findings. Neuropsychologia 1994;32.
ressonância nuclear magnética (RNM) podem evidenciar 2-Bauman ML. Brief report: neuroanatomic
alterações estruturais mais grosseiras relacionados ao AI, observations of tho brain in pervasive developmental
como hipoplasia cerebelar e hipertrofia de hipocampo disorders. J Autism Devel Disorder 1996; 26.
porém estas alterações são inespecíficas. 3-Bolton PF, Griffith PD. Association of tuberous
Nos casos de associação do autismo com a esclerose sclerosis of temporal lobes with autism and atypical
tuberosa, os estudos de imagem mostraram estreita autism. Lancet 1997:349.
relação entre a presença de tuberes no lobo temporal e o 4-Chess S. Autism in children with congenital
surgimento de crises convulsivas e alterações rubella. J Autism Child Schizophr 1971; 1: 33-47.
comportamentais mais intensas presentes no AI , sendo 5-Chugani HT, da Silva E, Chugani Dc. Infantiles
que estes pacientes tiveram um prognóstico global pior spasms. III prognostic implications of bitemporal
do que aqueles que não tinham acometimento temporal. hypometabolism on positrom emission tomography.
Os estudos funcionais pelo PET apontam alteraçoes Ann neurol 1996, 39 p.

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3º Milênio

6-Couchesne E, et al. Abnormal neuroanatomy mento neuropsicomotor, incluindo perda na interação


in a nonretarded person with autism:unusual findings social e na comunicação, além de apresentarem com-
with magnetic ressonance imaging. Arch neurol 1987; portamentos, interesses e atividades estereotipadas.
44:335. Existem muitas dúvidas com relação aos limites que
7-Courcherne E. Neuroanatomic imaging in separam algumas doenças das outras, sendo que o
autism. Pediatrics 1991; 87:781. quadro mais marcante desse grupo é o do autismo
8-Ivarsson S A, et al. Autism as one of several infantil.
disabilities in two children with congenital No quadro de autismo, a tríade de anormalidades
cytomegalovirus infection. Neuropediatrcs (na interação social recíproca, na linguagem e na
1990;21:102-103. presença de padrões de interesse repetitivos), se
9-Lewine JD, et al. Magnetoencephalographic manifesta antes de 3 anos de idade e se mantém ao
patterns of epileptic form activity in children with longo da vida.
regressive autism spectrum disorders. Pediatrics Os casos considerados típicos são encontrados
1990;104:405-418. na população com uma prevalência de3 a 5 por
10-Kanner L. Autistic disturbances of affective 10000. Se os casos atípicos forem incluídos,
contact. Nerv Child 1943;2:217 principalmente os que se associam com retardo
11-Mason-Brothers A, et al. The UCLA-University mental grave, a prevalência sobe para 10 a 20 por
of Utah epidemiologic survey of autism: prenatal, 10000. Existe predomínio no sexo masculino, com
perinatal, and postnatal factors. Pediatrics uma taxa de 3 a 4:1 e não foram encontradas
1990;86:514-519. variações geográficas ou sócio-econômicas. Apenas
12-Maziade M; et al. Prolongation of brainstem em 10 a 25% dos casos alguma doença bem definida
auditory-evoked responses in autistic probands and é diagnosticada, sendo as mais comuns a esclerose
their unaffected relatives. Arch Gen. Psychiatry 2000 tuberosa e a síndrome do X frágil. No entanto, o
Nov;57(11):1077-83 reconhecimento de que o autismo está associado a
13-Ritvo ER, et al. Concordance for the syndrome algum grau de retardo mental em 75% dos casos e a
of autism in 40 pairs of afflicted twins. Am J psychiatry epilepsia em cerca de 30%, leva à conclusão de que
1985;142:74-77. existam bases orgânicas para essa condição.
14-Trottier G; Srivastava L; Walter CD. Etiology of Até 30 anos atrás, acreditava-se que fatores
infantile autism: a review of recent advances in genéticos tivessem pouca ou até nenhuma
genetic and neurobiological research. J Psychiatry. importância na etiologia do autismo, porém em 1977
Neurosci 1999 Mar;24(2): 103-15. foi publicado o primeiro estudo em pares de gêmeos,
15-Wolf H., Goldberg B. Autistic Children grown que demonstrou uma concordância (proporção de
up: a eight to twenty four years follow-up study. Can pares em que ambos os membros são afetados) entre
J. Psychiatry 1986; 71:550. gêmeos monozigóticos muito maior do que em
16-Zilbovicius M, et al. Delayed maturation of dizigóticos, chamando a atenção para o papel da
the frontal cortex in childhood autism. Am J Psychiatry genética. Estudos posteriores confirmaram o achado,
1995:152. com taxas de concordância variando de 60 a 95%
17-Zimmerman A, Frye V, Potter N. Immunological para os monozigóticos e de 0 a 23% para os
aspects of autism. Int Pediatr 1993;8:199-204. dizigóticos. A comparações entre os diversos estudos
se torna difícil porque foram usados diferentes
métodos de coleta de dados. O achado de 23% de
concordância em dizigóticos provavelmente é
explicado por bias, já que, considerando que a
porcentagem de genes idênticos entre os membros
do par é a mesma que existe entre irmãos nascidos
de gestações diferentes, a taxa de concordância
CAPITULO IV esperada é 3%. Embora alta, a concordância entre
monozigóticos não é de 100%, o que determina a
influência de outros fatores.
ASPECTOS GENÉTICOS DOS Para ajudar a separar a contribuição de fatores
genéticos e ambientais na ocorrência de doenças que
PORTADORES DE TRANSTORNOS
apresentam tendência a agregação familiar, estudos
INVASIVOS DO DESENVOLVIMENTO em adotados são de muita utilidade. Entretanto, não
há relato de nenhum estudo dessa natureza realizado
Letícia Lima Leão com autistas
Marcos José Burle de Aguiar Estudos em famílias de autistas encontraram
taxas de recorrência entre irmãos variando de 3 a 7%,
Os transtornos invasivos do desenvolvimento o que representa quase 100 vezes a ocorrência na
(TID) são um grupo de doenças que se caracterizam população geral. Em parentes de segundo e terceiro
por deficiências em múltiplas áreas do desenvolvi- graus foram encontradas taxas de 0,18 e 0,12%

23
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

respectivamente. Acredita-se que a carga familiar seja de Ito. Essas associações poderiam se justificar por
subestimada porque as famílias com uma criança vários mecanismos, tais como desvio em via
autista tendem a restringir o número de filhos devido neurobiológica comum, mesmos genes de
às dificuldades em cuidar dessa criança. Outro fator suscetibilidade e algumas outras hipóteses, ainda sem
importante é que os indivíduos acometidos, por falta qualquer estudo conclusivo.
de interação social, raramente têm filhos, O modo de herança exato do autismo ainda é
inviabilizando a observação da transmissão vertical. desconhecido, o que poderia ser atribuído a vários
A queda acentuada na recorrência entre parentes fatores como expressividade variável (o mesmo
de primeiro e segundo graus e a disparidade nas taxas genótipo pode produzir fenótipos de maior ou menor
de concordância entre gêmeos monozigóticos e gravidade), penetrância reduzida (a doença não se
dizigóticos, sugerem a probabilidade de diversos manifesta em 100% dos indivíduos que têm o
genes atuando em combinação. Análises genótipo), pleiotropia (capacidade que alguns genes
quantitativas baseadas nos estudos de gêmeos e de têm de exercer efeitos em múltiplos aspectos da
famílias são compatíveis com hereditariedade acima fisiologia ou anatomia) e heterogeneidade etiológica
de 90%. e genética (diversos genes podem determinar a
Entre pais e irmãos de autistas, foram encontra- doença, mas apenas um ou poucos são responsáveis
das altas taxas (15 a 20%) de dificuldades na comu- pelos casos individualmente).
nicação e interação social, além de comportamentos A taxa de recorrência de 3% entre irmãos, não é
estereotipados mais leves do que o esperado para compatível com os padrões de herança autossômico
enquadrá-los nos critérios usados para diagnóstico dominante e autossômico recessivo, em que seriam
de TID, mas que têm sido considerados como consti- esperadas 50% e 25% respectivamente. Herança
tuintes do denominado “fenótipo ampliado do recessiva ligada ao X também pode ser excluída
autismo”, que parece ser geneticamente determina- através dos dados populacionais, já que, assumindo
do, reforçando a idéia de herança multigênica. a prevalência em homens como 3,75/10000, o
Observa-se também maior prevalência de achado de 1,25/10000 em mulheres é muito maior
anomalias cromossômicas (5 a 12%) como deleções, do que o que seria esperado nessa forma de herança
translocações, inversões e sítios frágeis, em pessoas de acordo com o equilíbrio de Hardy-Weimberg.
com autismo. Com exceção dos cromossomos 14 e Entretanto, a razão do predomínio no sexo masculino
20, todos ou outros já foram envolvidos e nenhum permanece desconhecida.
padrão pode ser definido. O modelo atualmente proposto inclui 2 a 10 loci,
A associação mais discutida é com a síndrome provavelmente com 3 loci epistáticos (alelos de risco
do X frágil, que atualmente tem sido considerada requeridos simultaneamente para a doença ocorrer).
responsável por 3 a 5% dos casos. Indivíduos com X Os estudos realizados encontraram evidências para
frágil apresentam altas taxas de anormalidades na associação ou ligação em diferentes cromossomos
comunicação e sociabilização, mas só uma pequena (2, 4, 6, 7, 10, 13, 15, 16, 17, 19, 22 e X), mas nenhum
parte preenche adequadamente os critérios para gene candidato foi identificado até hoje com maior
diagnóstico de autismo. precisão. A ligação mais importante foi encontrada
Outra anomalia que tem sido muito estudada na região 7q, seguida da região 16p. Embora grande
envolve o cromossomo 15 (duplicação intersticial na número de triagens genômicas e estudos de ligação
região 15q11-13 que parece depender da transmissão para as desordens autísticas sejam relatados, a
materna), sugerindo existir genes do autismo nessa comparação dos resultados e a possibilidade de meta-
região e a possibilidade de imprinting genômico (a análise, são dificultados por diversos fatores
expressão de um gene ocorre de forma diferente caso relacionados a variações na metodologia, como o
ele tenha sido herdado da mãe ou do pai). Algumas uso de diferentes marcadores genéticos e análises
alterações relatadas com certa freqüência, foram estatísticas.
encontradas nas regiões 16q23 e 7p11.2. Ainda não Alguns problemas que dificultam a realização
foi determinado em que porcentagem deleções de estudos mais conclusivos sobre a herança são:
submicroscópicas ocorrem no autismo ou se há incertezas na definição do fenótipo, taxas
associação com taxas mais altas de pequenas equivocadas em parentes mais distantes e fertilidade
alterações não detectáveis pela citogenética. reduzida. Outro fator que pode interferir nas
O autismo tem sido associado com diversas conclusões é a existência de fenocópias (quadros
doenças mendelianas monogênicas, incluindo a clínicos muito semelhantes ao autismo, mas que não
fenilcetonúria não tratada e a neurofibromatose, mas são determinados por fatores genéticos), não
a associação que tem evidências mais fortes é com a existindo características clínicas ou marcadores
esclerose tuberosa em que cerca de 25% dos biológicos, que permitam identificar com segurança
acometidos têm autismo e provavelmente 2 a 3% os casos que não são de etiologia genética.
dos autistas têm esclerose tuberosa. Outras doenças Atualmente, as informações do aconselhamento
que já foram descritas em associação com o autismo genético no autismo são limitadas ao risco de
são: síndromes de Williams, Sotos, Moebius, recorrência, que para irmãos varia de 3 a 7%, não
Goldenhar, Associação CHARGE e a Hipomelanose havendo qualquer possibilidade de diagnóstico pré-

24
3º Milênio

natal. Não há também dados na literatura que morphology examination in autism. American Journal
permitam dizer qual é o risco para filhos dos of Medical Genetics, 2000; 91: 245-253.
acometidos, devido às dificuldades para reprodução. ON LINE MENDELIAN INHERITANCE IN MAN, OMIN
Acredita-se que esse risco esteja entre 5% (que é (TM) Center for Medical Genetics, Johns Hopkins
determinado para irmãos) e 50% (que é o esperado University (Baltimore, MD) and National Center for
em doenças autossômicas dominantes). Outra área Biotechnology Information, National Library of
de incerteza é se nas famílias em que o autismo está Medicine (Bethesda, MD), 1996. World wide web URL
associado a retardo mental profundo, o risco de http:// www3.ncbi.nlm.nih.gov/omin.
recorrência é o mesmo encontrado para os casos que Piven, J The broad autism phenotype: A
apresentam retardo leve ou ausente. complementary strategy for molecular genetic studies
O autismo e os outros transtornos invasivos do of autism. American Journal of Medical Genetics, 2001;
desenvolvimento, parecem ter mecanismos genéticos 105: 34-35.
comuns, sendo que os genes do autismo conferem Rutter, M Autism research: Prospects and priorities.
suscetibilidade às variantes mais leves. Journal of Autism and Developmental Disorders, 1996;
A partir da identificação dos fatores genéticos 26(2): 257-275.
envolvidos no autismo, haveria um ganho na Rutter, M Genetic studies of autism: from the
compreensão das bases neurológicas e da 1970s into the millenium. Journal of Abnormal Child
fisiopatologia , haveria maior facilidade na realização Psychology, 2000; 28(1): 3-14.
de estudos para identificar fatores ambientais e como Simonoff, E & Rutter, M Autism and other
conseqüência final obter melhores possibilidades de behavioral disorders. In: Rimoin, MD; Connor, JM;
prevenção e tratamento, além de maior exatidão no Pyeritz, RE (eds.) Emery and Rimoin’s Principles and
aconselhamento genético. Practice of Medical Genetics, 1997. New York: Churchill
Para que novas pesquisas sejam bem sucedidas, Livingstone Inc. 1791- 1805.
é necessário combinar estratégias clínicas, Simonoff, E Genetic counseling in autism and
epidemiológicas e de ciências básicas, contando com pervasive developmental disorders. Journal of Autism
os avanços que vêm ocorrendo em cada um desses and Developmental Disorders, 1998; 28(5): 447- 456.
campos. Spiker, D et al Genetics of autism: Characteristics
of affected and unaffected children from 37 multiplex
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Av. Guaicuí, 73, Ap. 1402 – B. Luxemburgo Szatmari, P et al High phenotypic correlations
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868. no da comunicação, embora a fala seja relativamente
Lauristsen, MB & Ewald, H The genetic of autism. normal. Há ainda interesses e habilidades específicas,
Acta Psychiatrica Scandinavica, 2001; 103(6): 411-427. o pedantismo, o comportamento estereotipado e
Lord, C et al. Quantifying the phenotype in autism repetitivo e distúrbios motores. A Síndrome de
spectrum disorders. American Journal of Medical Asperger (SA) é uma das entidades categorizadas pela
Genetics, 2001; 105: 36-38. CID-10 (4) no grupo dos Transtornos Invasivos, ou
Miles, JH & Hillman, RE Value of a clinical Globais, do Desenvolvimento – F84 e que todas elas

25
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

inciam invariavelmente na infância e com modava, outro foi encaminhado para avaliação por-
comprometimento no desenvolvimento além de que não demonstrou reação ao falecimento da
serem fortemente relacionadas a maturação do mãe); voz com pouca ou sem modulação
SNC. Pode-se dizer também que desse grupo (robotizada); fala rebuscada sem a compreensão
(Autismo Infantil, Autismo Atípico, a Síndrome de devida dos termos; persistência no assunto de seu
Rett e outros menos relevantes) a SA é o transtorno interesse; dificuldade de compreender piadas; com-
menos grave do continuum autístico (23). Como preensão superficial de significados abstratos (p.ex:
já foi claramente definida em outro capítulo deste diferença entre colega e amigo); dificuldade de
livro, não me aterei a tais questões. compreensão do significado de frase quando o di-
ferencial é o tom da voz; ruminações e preocupa-
PREVALÊNCIA ções ilógicas, para os não afetados; percepção de
que é diferente dos colegas e irmãos (a partir da
O trabalho de Ehlers & Gillberg (5) , realizado
pré-adolescência); conhecimento desproporcional
nas escolas de 1 o grau de uma cidade com
em algum assunto – interesse específico (que pode
predominância de classe média, revelou taxa de
variar com o tempo); pedantismo ( pelo dicionário
0,36% da população em geral na proporção de 4
Aurélio: “aquele que ostenta erudição que não pos-
homens para 1 mulher. Importante fornecer
sui, de forma afetada, livresca, rebuscada”); sinto-
parâmetro que autismo infantil é de 5:10.000 que
mas obsessivos (que inclusive o incomodam); hu-
todo o grupo F-84 possui prevalência de 27:10.000
mor deprimido; memória muito boa, as vezes fo-
(22).
tográfica; dificuldade na narrativa de fatos vividos,
etc.
DIAGNÓSTICO
Para o clínico, não pesquisador, basta seguir os Escalas
pontos críticos: Iniciar com os itens da CID-10, se o quadro for
de grau leve ou houver dúvidas no 1º passo, fazer o
Na anamnese CARS (18). Descartado o AI proceder ao ASSQN
Solitários; ausência do “melhor amigo”; ausên- (6). Para uma melhor qualidade realizar o ADI-R
cia de atraso de linguagem(nos quadros clássicos); (13)1.
brincar com pouca imaginação / fantasia limitada;
pouco brincar de faz-de-conta; ausência das per- Quais são os Diagnósticos Diferenciais mais
guntas do porquê das coisas; dificuldade de seguir importantes?
a regra nas brincadeiras em grupo pois tem a ten- Autismo infantil (AI), transtorno esquizóide de
dência de sempre determinar a regra; pouco inte- personalidade e esquizofrenia infantil. O
resse em pessoas / crianças, exceto quando estão diagnóstico diferencial mais polêmico é entre AS e
na órbita de seu interesse específico; interesses e Autismo de Alto Funcionamento ou Alto
habilidades específicas; interesses focados em coi- Desempenho (AAF). Também a hipótese de super-
sas, como mecânicas, eletrônicas e não em gente; dotado é frequente, assim como distúrbios de
história de serem estabanados e com dificuldade comportamento não especificados.
para escrever; histórico de perguntas inadequadas
as pessoas não conhecidas; histórico familiar de Quais são as diferenças fundamentais entre SA e o
quadros similares, usualmente na linhagem mas- AI?
culina. Essa delimitação é importante quando o
quadro de AI é de grau leve, ou sem histórico de
Ao exame atraso na linguagem, algum tipo de habilidade, QI
Andar desajeitado; postura bizarra de braços e limítrofe, avaliação em idade anterior a 6-8 anos.
mãos; pouco olhar para o interlocutor; mímica facial Na prática siga a “máxima”: O autista está isolado
e corporal pobre e dissociada da conversa; em seu próprio mundo. O Asperger está em nosso
afetividade superficial; afetividade plana (um paci- mundo, porém vivendo seu estilo próprio de forma
ente referia que nada o irritava e que nada o inco- isolada.

1
Veja em Http://www.autismo. med.br

26
3º Milênio

As diferenças fundamentais são: presença de fantasias, as vêzes muito elaboradas


(sintoma importante em pessoas de mais idade); há
o brincar de faz-de-conta; e a interação social é menos
AI SA comprometida, notadamente com os pais (êsse
sintoma é o mais importante quando examinamos
Gravidade do caso +
crianças menores).
Retardo Mental (11) +
Quais as diferenças entre AS e o Autismo de
Alterações cognitivas +
Alto Funcionamento?
Atraso significativo da fala + Diagnóstico difícil onde há quem diga que é o
mesmo quadro (17,19). O “ponto” fundamental de
Usa a 3ª pessoa pronominal
diferença é que o AAF possue QI executivo maior que
(êle, ou seu nome) no lugar da 1ª (eu) + o verbal e atraso na aquisição da linguagem. Na prática
clínica a distinção fará pouca diferença pois o
QI executivo mais alto + tratamento é basicamente o mesmo, porém será
Diagnóstico possível antes dos fundamental se o objeto for pesquisa
3 anos e idade +
A partir de quais sintomas existe a suposição de
Diagnóstico de certeza só após serem super-dotadas?
6 anos e idade (9) + A partir da “erudição” que aparentam, das
Inteligência verbal + habilidades precoces, do auto-didatismo, da
hiperlexia (16) freqüentemente presente (capacidade
Pedantismo + de aprender a ler muito cedo – a partir de 2 anos).
Diagnóstico diferencial importante pois agrada os
Busca ativa de interação social +
pais e usualmente é estabelecido por quem não possui
Dá a impressão de possui experiência com esse grupo de Transtornos.
um estilo antigo, excêntrico +
Distúrbios de comportamento não
Pode dar a impressão de super-dotado + especificados.
Pais com quadro similar + Em minha prática clínica tenho tido a experiência
de examinar crianças que estavam em tratamento
Quais as diferenças mais importantes entre AS com o postulado diagnóstico acima. Usualmente as
e a Esquizofrenia Infantil? (15,21) psicoterapias não estavam evoluindo a contento pois
A esquizofrenia infantil é mais rara e mais grave. haviam comportamentos inesperados a todo
A presença de delírio é fundamental para o momento que desnorteavam os terapeutas e as
diagnóstico da Esquizofrenia Infantil (EI), que famílias. Freqüentemente essas crianças “passam”
formalmente só poderá ser detectada após os 7 - 8 por inúmeros tratamentos sem um diagnóstico
anos de idade, época em que a criança inicia o formal chegando a adolescência com, ao menos,
desenvolvimento do pensamento lógico-formal. importante desajuste social.
Alucinações, que podem ser encontradas em idades
mais precoces são comuns e freqüentes que podem Como é o tratamento?
ser detectadas mesmo quando a criança ainda não O tratamento otimizado parte do princípio
fala (é comum a descrição por familiares de que a fundamental de identificar co-morbidades
criança muda sua expressão fisionômica e reage psiquiátricas, neurológicas, neuro-psicológicas, o
como se algo estivesse ocorrendo, saindo do lugar, desenvolvimento de programas pedagógicos,
gritando, se agarrando aos outros, etc). A EI está orientação à família e a escola. Importante não relevar
comumente relacionada a QI limítrofe ou baixo (20). o tratamento dentário (2).
Não estão presentes as habilidades especiais. Não há
comprometimento da interação social nas idades A partir do diagnóstico, deve-se buscar otimizar
precoces, assim como não é comum atrasos de suas capacidades ao invés da cura dos
linguagem. Na idade adulta a dica é sempre a comprometimentos, que são natos. Para isso é
ausência de delírios e alucinações. importante precisar o QI executivo, o QI verbal, realizar
testes neuro-psicológicos (cognição, memória,
Quais as diferenças básicas entre a SA e o atenção, planejamento, execução, etc,), descobrir
Transtorno de Personalidade do tipo Esquizóide, sem suas dificuldades na escola, no mundo social e na
rebaixamento de QI? comunicação, assim como as dificuldades familiares
Verifica-se no histórico do portador de Transtorno para lidar com a situação. Ou seja, deve-se construir
de Personalidade quatro questões fundamentais (24): um “pool” de trabalho em torno da situação.
sensibilidade aumentada (não presente no portador É importante que a pessoa afetada aprenda: a
de SA) com frequente ideação paranóide; criatividade/ melhorar sua comunicação social (como abordar

27
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento

socialmente pessoas, que devem dar ao outro a vez prevalência é de 0,36% na população em geral. No
na conversa, que devem olhar para as pessoas quando tocante as questões neurobiológicas há suposição
conversam com elas, que devem despedir-se, etc); de comprometimento de inúmeras estruturas como
que o outro tem intenções que são diferentes das suas lobo frontal, o córtex pré-frontal, o lobo temporal, a
e que deve saber quais são e como fazer para saber amígdala, o cerebelo, assim como prejuízo em cascata
(p.ex.: perguntando); a relatar uma situação vivenciada; dessas estruturas. Porém chama a atenção o trabalho
a lidar com a equação ansiedade / frustração evitando (20) onde utilizando ressonância magnética funcional
comportamentos catastróficos; a identificar situações durante a identificação de expressões faciais
novas; a desenvolver estratégias para solução de encontrou uma menor atividade no gyrus fusiforme
problemas cotidianos (p.ex.: alguém pergunta: como (lobo temporal) e mais atividade no gyrus temporal
vai? – explicar que a pergunta refere-se a se a pessoa inferior. Sabe-se que nessa área há mais atividade
está sentindo-se bem e não se ela está indo a pé, de quando controles normais são estimulados na
ônibus ou não está indo mas chegando – compreensão discriminação de objetos, ao contrário do gyrus
literal das palavras, distúrbio da pragmática); a fusiforme que fica mais ativa na discriminação do
desenvolver uma auto-suficiência; a promover uma rosto humano. Essa descoberta é síntone com o
crítica de seu desempenho para manter sua estima comportamento desse grupo que não possui uma
elevada; a generalizar o conhecimento; etc. capacidade de meta-representação (Teoria da Mente)
A família deve ser esclarecida sobre a gravidade (3) e se referencia, reage e responde com maior
da doença do filho, a “lógica” da SA, seus pontos de facilidade ao “mundo dos objetos” que ao “mundo
fragilidade e as habilidades, a importância da da pessoas”.
participação, a vida adulta e as possibilidades no
trabalho. Uma questão importante é a criação de
Associações de Pais que promovam a divulgação da
PROGNÓSTICO
Síndrome para a sociedade e que defendam seus Mesmo que seja o quadro mais leve dos TID, é
interesses (p.ex.: criação de Cooperativas de Trabalho). sempre reservado pois implica na capacidade da
Referente a escola, lembre-se que não necessitam de pessoa aprender a adaptar-se ao meio social.
Escolas Especializadas, o que implica que a
comunidade da Escola regular precisará ser orientada
para promover a convivência com as discrepâncias e Endereço para correspondência:
bizarrices do portador de SA, suas dificuldades camargos@pobox.com / www.autismo.med.br
executivas (p.ex.: incapacidade ou extremo
comprometimento de escrita, necessitando de uma Bibliografia
máquina de escrever ou um computador),
pedagógicas, psicológicas, etc. 1. Asperger, H. Die “Autistichen Psychopathen” im
Do ponto de vista psiquiátrico o tratamento é Kindesalter. Archiv. für Psychiatrie und
sintomático, sendo significativo a presença de Nervenheilkunde 1944;99(3):105-15
depressão, quadros obsessivos e quadros psicóticos 2. Bäckman B, Pilebro C. Augmentative
em alguma fase da vida. Martin (14) pesquisou que Communication in Dental Treatment of a Nine-
em 109 portadores de SA, 35 (32,1%) usavam algum Year-Old Boy with Asperger Syndrome. ASDC J
tipo de anti-depressivo (29 - 82,86% usavam IRSS – Dent Child 1999; 66:6, 419-20
fluoxentina 17, sertralina 6, fluvoxamina 6). A 3. Baron-Cohen S. Mindblindness – An Essay on
amostragem também revelou maior uso de anti- Autism and Theory of Mind. London: MIT Press.
psicóticos atípicos (14 em 18 - risperidona 12, 1997.
olanzapina 2) enquanto nos portadores de AI era mais 4. Classificação de Transtornos Mentais e de
utilizado os neurolépticos. Estabilizadores do Humor: Comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes
Valproato - 7, Lítio - 2, Carbamazepina - 1. Agonista Médicas. 1993.
alfa-adrenérgico - 5, Beta-bloqueadores - 2 (ambos 5. Ehlers S & Gillberg C. The epidemiology of Asperger
utilizados para hiperatividade). Syndrome. A total population study. J Child
A propedêutica neurológica também é necessária, Psychol Psychiat 1993; 34(8): 1327-50
mesmo salientando que o diagnóstico é clínico. 6. Ehlers S, Gillberg C, Wing L. A Screening
Questionnaire for Asperger Syndrome and other
High-Functionning Autism Spectrum Disroders in
ETIOLOGIA
School Age Children. J Autism Development
Ainda desconhecida. Disorders 1999; 29:2: 129-41
7. Folstein SE, Santangelo SL. Does Asperger
ASPECTOS NEUROBIOLÓGICOS Aggregate in Families? In Klin A, Volkmar FR,
Sparrow SS. (Eds). Asperger Syndrome. New York:
Há (7) três trabalhos sobre a prevalência familiar Guilford Press, 159-171.
(8,22) focados em SA que demonstram nos pais taxas 8. Gillberg, C. Asperger Syndrome in 23 Swedish
de 2% a 11% e até 4% em irmãos - lembrar que a children [Review]. Dev Med Child Neurol 1989;

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